PÓS-PANDEMIA
DESAFIOS NA EDUCAÇÃO
Pais e professores buscam soluções para reduzir atraso nos processos de aprendizagem das crianças
EXPEDIENTE
PROJETO 1o INFÂNCIA EM PAUTA
Concepção e Coordenação Geral: VALÉRIA XAVIER | Estratégia e
Relacionamento: ADRYANA JOCA
e DAYVISON ÁLVARES | Análise de Projetos: DAMARIS MAGALHÃES
| Coordenação de Projetos: LELA
PINHEIRO | Coordenador Editorial: GIL
DICELLI | Editora- executiva: PAULA LIMA
|
Editora-adjunta: ANA BEATRIZ CALDAS
| Designer: NATASHA ELLEN | Textos: AMANDA ARAÚJO e LETÍCIA DO VALE
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR)
Presidência: LUCIANA DUMMAR | Direção
Administrativo-Financeira: ANDRÉ
AVELINO DE AZEVEDO Gerência-
Geral: MARCOS TARDIN Gerência
Editorial E De Projetos: RAYMUNDO
NETTO | Gerência De Audiovisual: CHICO
MARINHO | Gerência Educacional:
DEGLAUCY JORGE | Gerência De Marketing & Design: ANDREA ARAUJO |
Análise De Projetos: AURELINO FREITAS e FABRÍCIA GOIS
O QUE VEM DEPOIS DA CRISE
O ensino remoto teve um papel fundamental em um contexto extremo de restrições em decorrência da pandemia. Por meio de computadores e celulares, crianças e adolescentes puderam, em certa medida, seguir com seus processos de aprendizagem em casa. Mas, nos primeiros anos de vida, não há comparação entre a formação presencial e a online, ainda mais considerando as desigualdades sociais que imperam no País.
A escola é, também, lugar de socialização e garantia de direitos fundamentais dos pequenos. Por isso, é preciso pensar em soluções para reduzir o impacto da Covid-19 na educação e promover a saúde integral das crianças após o isolamento.
Para esta edição do caderno Primeira Infância em Pauta, buscamos refletir sobre o papel dos pais e da comunidade na retomada das aulas presenciais e entender como se pode reduzir o atraso na alfabetização infantil. Também elencamos as principais dicas para que a educação seja cada vez mais inclusiva e transformadora - o único caminho possível para um futuro melhor.
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REALIZAÇÃO:
O projeto “Primeira Infância em Pauta: desafios e oportunidades para o desenvolvimento saudável pós-pandemia” tem como foco a produção e veiculação de conteúdos de fácil assimilação sobre os impactos da pandemia de Covid-19 na saúde emocional, mental e física de crianças de zero a seis anos de idade, apresentando possíveis caminhos para minimizar os efeitos negativos do prolongado isolamento social vivido nos últimos dois anos.
O principal objetivo do projeto é fomentar o debate qualificado, com participação de especialistas sobre a primeira infância, gestores públicos, educadores e sociedade civil, sobre os caminhos para propiciar o desenvolvimento sadio na primeira infância, já que é nesse período que que os vínculos e conexões afetivas mais importantes são estabelecidos, e o aspecto cognitivo tem seu crescimento mais acelerado.
PROGRAMAÇÃO
CADERNOS ESPECIAIS
19/12 - Impacto emocional e saúde mental da primeira infância pós-pandemia
20/12 - Desafios pós-pandemia da educação na primeira infância
PROGRAMAS DE TV
19/12 - Impacto emocional e saúde mental da primeira infância pós-pandemia
20/12 - Desafios pós-pandemia da educação na primeira infância
21/12 - Desenvolvimento infantil póspandemia
Confira todos os conteúdos do projeto no canal digital: fdr.org.br/primeirainfancia.
DÍVIDA DO ENSINO
REMOTO E O PAPEL DOS PAIS NO
PÓS-PANDEMIA A
Foram anos de convívio modificados pela Covid-19. Algumas das crianças da primeira infância, de 0 a 6 anos, inclusive, já nasceram nesse contexto. Colocaram os pés nas escolas pela primeira vez há pouco tempo - isto é, de forma presencial. Até lá, aprenderam cores, letras e objetos online, ou nem isso.
Restrições sociais afetaram todas as crianças e suas famílias, independentemente de onde vivem. “A saúde mental e o bem-estar de crianças e jovens foram muito ameaçados e de maneiras que podem ter repercussões duradouras. Sabemos que o estresse vivenciado pelas famílias, questões de saúde mental e sobrecarga de trabalho também modificaram a forma como os pais se relacionam com os seus filhos, inclusive aumentando práticas parentais negativas que envolvem o uso da violência, como tapas e palmadas”, explica Elisa Altafim, psicóloga e doutora em Saúde Mental.
Embora tenha cumprido um importante papel de ensino em um contexto extremo, no qual foi necessário o isolamento por motivos de saúde, o ensino remoto deixou a desejar no quesito socialização e autonomia da criança. “Criança é movimento”, cita a professora Jeannette F. P. Ramos. Assim, a falta de contato físico com os professores, colegas e espaços públicos deixou sequelas.
“Algumas dificuldades emergiram neste contexto, como a socialização e o sentido da linguagem e da fala.
Além do ensino remoto, bem antes disso, os avanços tecnológicos, por exemplo, o smartphone e o tablet no cotidiano das famílias, têm causado transtornos de ansiedade, de compulsão, de imaturidade relacional”, elenca Jeannette.
A tal “herança do ensino remoto” afetou a aprendizagem e a expressão oral e corporal, conforme pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal. Para 78% dos professores, os pequenos da pré-escola (4 a 5 anos) estão se desenvolvendo menos do que deveriam.
Além disso, a escola é um espaço protetor para a criança e promove acesso a serviços de alimentação e saúde. “Muitas vezes é a partir da esco-
la que a criança se conecta a serviços de assistência social e saúde. Inclusive, a ausência do acesso à escola está relacionada com um menor número de notificações de violência contra as crianças”, frisa Elisa. Como ambiente de aprendizagem, é também na escola onde os especialistas concordam que está a chave para recuperar o desenvolvimento das crianças. Isso com o apoio das famílias no acompanhamento dos pequenos. “A pandemia também despertou em muitas famílias a importância da relação direta pais-filhos e do brincar livre em espaços abertos. Por vezes, a educação das crianças vinha sendo, de forma equivocada, relegada aos professores e escolas”, avalia Jeanette.
“Muitas vezes é a partir da escola que a criança se conecta a serviços de assistência social e saúde”
É na escola que os pequenos exercitam habilidades cognitivas, físicas e socioemocionais. Pais precisam estar presentes e trabalhar junto aos professores
COMO OS PAIS PODEM AJUDAR OS FILHOS?
Participar do cotidiano, de forma verdadeira e frequente, é a sugestão da professora Jeanette Ramos. Os familiares são capazes de despertar a autoconfiança e o sentimento de segurança nos pequenos. “Os pais podem ajudar seus filhos se fazendo presentes na escuta afetiva, no diálogo sincero e verdadeiro, no sentar no chão para brincar juntos e na promoção de experiências das crianças junto à natureza, aos animais e outras crianças e famílias”, afirma. Algumas atividades para serem realizadas em família são cozinhar, banhar, brincar, deixar e buscar na escola.
QUANDO PROCURAR AJUDA?
Aprendizagem, desenvolvimento motor e expressão corporal, comunicação e linguagem, saúde mental, comportamento e agressividade, regressão no comportamento e alimentação e nutrição. Esses foram algumas áreas prejudicadas no desenvolvimento das crianças durante a pandemia, de acordo com o estudo “Desigualdades e impactos da Covid-19 na atenção à primeira infância”, da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, em parceria com o Unicef e o Itaú Social. Segundo a psicóloga Elisa Altafim, as famílias devem estar atentas aos comportamentos das crianças, como dificuldade de concentração, agitação, inquietude e brigas com outras crianças, tristeza, medo e preferência por brincar de forma isolada. A hora de procurar ajuda profissional especializada vai depender da frequência desses sentimentos. “É importante que os pais conversem também com os professores das crianças nas escolas para compreender como está o desenvolvimento”.
POLÍTICAS PÚBLICAS NECESSÁRIAS NO PÓS-PANDEMIA
Na sala de aula, o professor é o elo afetivo e cognitivo das crianças e do conhecimento. É o mediador entre pequenos e os objetos de conhecimento, como explica Anna Helena Altenfelder, presidente do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec). Sendo assim, o educador precisa ter "capacidade de olhar, escutar a criança e compreender seu processo e a partir disso trazer desafios propondo novas atividades".
Isso não se faz apenas com disposição ou zelo. São anos de conhecimentos específicos na formação do docente, e também ele precisa de apoio dos pais, mas, ainda mais, do Estado. "Investir na educação infantil é um imperativo ético e moral, uma questão de direitos assegurados pela Constituição Federal, previsto no Plano Nacional de Educação", ressalta Anna.
Como o ensino remoto na primeira infância teve inúmeras limitações, até mesmo para uma parcela pequena da população com acesso à internet e infraestrutura, a presidente do Cenpec acredita que não se pode falar em "herança" do ensino remoto - pelo menos na educação infantil. “O que existiu é que as crianças tiveram acesso de forma bem desigual. Foram apenas algumas atividades e muitas delas com pouca qualidade educativa ou mesmo incapazes de despertar o interesse e o envolvimento das crianças. O que aconteceu é que o direito das crianças, à educação infantil, assegurado na constituição federal e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, não foi totalmente garantido”, lamenta.
Para então compensar essa "dívida
do ensino remoto", a sociedade ainda vai precisar de políticas públicas para incluir os alunos nas pré-escolas e atender à demanda por vagas em creches, bem como estrutura física e material adequadas. Segundo ela, serão necessárias creches e escolas de educação infantil que considerem o número de crianças por turma, espaços como parques, salas de leitura com acervo adequado, internet de banda larga, assim como acessibilidade, saneamento básico e acesso à luz elétrica e à água potável.
"A primeira infância - e isto significa as crianças e suas famílias -, deve ser prioridade do Estado e da sociedade brasileira, uma vez que é condição essencial para um país sustentável, justo e desenvolvido social e economicamente", completa a presidente do Cenpec.
O Cenpec, enquanto organização da sociedade civil, participou da elaboração de dois documentos que sinalizam contribuições para a construção de uma agenda de educação básica:
> Educação Já (www. todospelaeducacao.org.br/iniciativaeducacao-ja)
> Agenda 227 (www. prioridadeabsoluta.org.br/areas-deatuacao/agenda-227)
“As crianças tiveram acesso de forma bem desigual. Foram apenas algumas atividades e muitas delas com pouca qualidade educativa”
SERVIÇOS
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PONTOS PARA PENSAR EM UMA
EDUCAÇÃO INTEGRAL E INCLUSIVA
Treinamento dos profissionais e preparo de um ambiente interativo são alguns pontos levantados para o desenvolvimento infantil ideal. Promover uma educação infantil interativa e com respeito às individualidades da criança tem se mostrado o principal caminho a ser seguido para um desenvolvimento inclusivo e adequado. No entanto, ainda são necessários muitos avanços para que as instituições tradicionais se encaixam nesse modelo. Para esclarecer o assunto, a professora e Cientista Chefe da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), Márcia Machado, aponta algumas mudanças necessárias. Confira:
1. ATENÇÃO AO PERFIL DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO
Cuidar e educar crianças em escolas e creches não são tarefas simples. É importante ter a garantia de que aquele profissional selecionado se encaixa verdadeiramente nas funções em questão. Trabalhar com crianças significa ter que estar atento às sutilezas negativas e positivas no comportamento delas e lidar da maneira adequada. É preciso investir no treinamento desses profissionais e na valorização do trabalho que eles desempenham.
2. CUIDADO COM QUEM CUIDA
Fala-se muito sobre a criança, mas é sobre o adulto que recai o papel do cuidado. Logo, é imprescindível, em qualquer serviço público ou privado, que haja acolhimento e acompanhamento profissional dessa equipe. Essa indicação se torna ainda mais importante no contexto da pandemia, cujos danos psicológicos ainda ressoam em muitas pessoas.
3. AMBIENTE ESTIMULANTE
Muitas vezes o espaço daquela instituição é onde a criança passa a maior parte do tempo. Por isso, garantir que seja um ambiente estimulante é fundamental para o desenvolvimento infantil. O planejamento pedagógico das escolas deve tentar acompanhar o que a ciência tem apontado e tudo tem que ser planejado. Algumas sugestões envolvem utilizar as próprias paredes da instituição para a expressão artística das crianças. Além disso, para se desenvolver bem, ela precisa de um ambiente livre e adequado para brincar e explorar sua coordenação motora. Espaços mais verdes e abertos são ideais. Outra ideia é o uso de brincadeiras lúdicas e educativas, com jogos e quebra-cabeças que também apresentam à criança aspectos como cores e animais.
4. TREINAMENTO ADEQUADO
A inclusão de crianças com deficiência e neurodivergentes passa pelo investimento em treinamento profissional. Esse preparo, além de teórico, deve envolver o contato e aprendizado com pessoas que apresentam vivências fora do que é considerado padrão. Conhecer verdadeiramente esses contextos é o que faz a diferença.
5. COMUNICAÇÃO COM OS PAIS
O modelo de reuniões entre pais e mestres é importante, mas muitas vezes não é suficiente. Uma opção é utilizar a tecnologia para aproximar responsáveis e escolas. Por meio da comunicação por e-mail ou WhatsApp, a instituição pode relatar semanalmente as principais atualizações sobre a criança, e permitir que o adulto acompanhe de perto e saiba como favorecer esse desenvolvimento. Escolas e pais devem ser aliados nesse cuidado.
6. LUTA PELA ACESSIBILIDADE
A acessibilidade na educação infantil passa por questões para além do ambiente escolar. Seja o planejamento urbano da cidade ou treinamento de profissionais, é preciso que as pessoas e os adultos responsáveis por crianças com necessidades além das tradicionais se apresentem e demandem os próprios direitos. Apesar dos avanços, exigir políticas das instituições responsáveis ainda se mostra essencial.
ALFABETIZAÇÃO
PANDEMIA DEIXA DESAFIO DE COMPENSAR ATRASO NO APRENDIZADO
É necessário percorrer diferentes fases da infância até a alfabetização. Quando as primeiras palavras são compreendidas, é comum que as crianças não parem de ler o que antes parecia ininteligível. Esse desenvolvimento integral da criança está ligado ao acesso à educação, mas também aos recursos necessários para que ela possa aprender.
Com a pandemia, não houve um ambiente ideal de aprendizagem para os pequenos, e no Ceará e no Brasil isso se traduziu em números. Um levantamento da organização Todos pela Educação aponta que 40,8% das crianças brasileiras entre 6 e 7 anos não sabiam ler ou escrever em 2021. Esse atraso prejudica não apenas as aprendizagens formais, mas a aquisição de habilidades socioemocionais, segundo o pediatra Álvaro Madeiro Leite. Por habilidade socioemocionais entende-se as trocas, experimentações, limites e regras disciplinares da escola e da vida.
“Perda de convívio é subtração de afetos, de respeito à diversidade, de fonte de tolerância, de autoconhecimento. Não alfabetizar-se é atrasar o domínio de um código da vida social imprescindível ao desenvolvimento social”, frisa Álvaro, que também é professor titular da Universidade Federal do Ceará (UFC). Outras habilidades que acabam comprometidas são: memória de trabalho, flexibilidade mental e controle inibitório, adequação em novos ambientes, com novas pessoas, resistência às frustrações e controle de impulsos.
Em 2019, a cada 100 crianças no Ceará, cerca de 93 estavam alfabetizadas na idade certa no Estado. O percentual de crianças não alfabetizadas subiu para quase 10% no início de 2022, conforme o secretário executivo de Cooperação com os municípios da Secretaria da Educação (Seduc), Márcio Brito. “Isso prova que a ausência da escola, principalmente para crianças pequenas que não tiveram acesso à pré-escola e
Se a sala de aula é lugar de interações, também é essencial abranger a diversidade da população. No caso das crianças com deficiência, as demandas passam pela formação inadequada de alguns profissionais de educação e tecnologias assistivas próprias para a acessibilidade delas. "Grande parte dos professores desconhecem o Braille e não dominam a Libras (Língua Brasileira de Sinais), que são essenciais para o processo de alfabetização das crianças com deficiência visual ou surdas. E quando se fala em surdocegueira, as dificuldades parecem ser maiores ainda", explica Izabeli Sales Matos, docente da Associação de Cegos do Estado do Ceará (ACEC).
COMO PAIS E MÃES PODEM AJUDAR OS FILHOS COM DEFICIÊNCIAS?
Pais, mães e familiares devem participar efetivamente do contexto escolar e de aprendizagem da criança com deficiência. A professora Izabeli Sales Matos enumera algumas sugestões para fortalecer os laços e melhorar essa relação:
> Incentivar nas tarefas domiciliares e aprender sobre as estratégias que são utilizadas na escola;
> Buscar entender as potencialidades e as necessidades dessa criança;
nem ao primeiro e ao segundo ano, impactou no processo de alfabetização”, frisa ele.
Assim, uma das estratégias que o Estado desenvolve é o diagnóstico do impacto do ensino remoto e a reconfiguração do ciclo de alfabetização. “Entendemos que há crianças de 8 e 9 anos que não foram alfabetizadas porque não tiveram acesso à escola e, não coincidentemente são crianças que estão em municípios de menor indicador social, vivem ou nas periferias ou na zona rural. Precisamos desenvolver políticas diferentes e com mais equidade”, explica Márcio.
Para ele, apenas um ano de retorno das crianças ao presencial não é suficiente, mas já há avanços. “O poder de reação da escola pública cearense é muito forte. E em se tratando das crianças pequenas, é muito mais rápido. Em 2023, a gente entende que pode estar retomando esse compromisso de todas as crianças alfabetizadas ao final do segundo ano”, planeja.
Para ela, é necessário que os profissionais da educação compreendam que crianças com deficiência podem ter ritmos e formas de aprendizagens variados. "Vale ressaltar que a criança aprende e evolui educacional e socialmente se for disponibilizada a ela condições e estratégias adequadas às suas necessidades. Então, a deficiência não seria do próprio sistema educacional, que nem sempre atende a essas demandas?", questiona.
Na Capital cearense, a rede municipal de ensino tem 10.872 estudantes com deficiência matriculados, segundo dados do Sistema de Gestão Educacional (SGE). Desse total, 52,6% (5.721) apresentam diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA), 41,3% (4.501) são diagnosticados com deficiência intelectual e 6% (650) são estudantes com deficiências sensoriais (surdez, cegueira, baixa visão) e deficiências múltiplas.
Segundo Mônica Costa, coordenadora de Diversidade e Inclusão da Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza (SME), para evitar bullying e distorções de idade ou série, esses alunos também são matriculados nas turmas de seus pares e podem contar com atendimento especializado de professores e dos monitores de aprendizagem conforme suas necessidades.
Para Izabeli, ainda há muito a se avançar em estratégias e serviços que favorecem a acessibilidade da criança visando sua autonomia e inclusão socioeducacional. "Crianças com deficiência, antes de terem a deficiência, são crianças, com potenciais, necessidades e dificuldades como outras quaisquer. São diferentes porque as pessoas são diferentes, e as deficiências são características que devem ser respeitadas”, completa.
> Aprender o Braille, no caso dos pais de crianças cegas. E compreender que estímulos são necessários para que essa criança possa se desenvolver de forma mais autônoma possível e segura;
> Compreender que a Orientação e Mobilidade é uma tecnologia que promove a autonomia na locomoção e que influencia na inclusão escolar dessa criança;
> A família da criança surda deve aprender a língua de sinais (Libras), além de outras formas adequadas de comunicação e interação;
> É fundamental que os pais compreendam sobre as especificidades que as deficiências podem apresentar;
> Acreditar no potencial educacional e aprendizagem da criança com deficiência.
Sem as trocas em sala de aula, crianças tiveram seus processos de alfabetização prejudicados.
Para reverter cenário, é necessário investimento nas interações necessárias também para as habilidade socioemocionais dos alunos
Amanda Araújo amandaaraujo@opovo.com.br
INCLUSÃO DAS CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIAPrimeira Infância em pauta