ÍNDICE 33
n Reportagem de Capa
n Na Prática
30 • Parece, mas não é 33 • Evolução constante 35 • Tempo de economizar
40 • Efeito cascata
n Meio Ambiente
46 • Cuidados redobrados n Conveniência
50 • O que esperar para este ano? n Revenda em Ação
58 • União e aprendizado n Entrevista
10
• Carlos Thadeu de Freitas Gomes, economista-chefe da CNC
n Mercado
54 • Atuação Sindical
28 • José Carlos Ulhôa Fonseca
57 • Perguntas e Respostas 66 • Crônica
39 • Jurídico Felipe Goidanich 53 • Conveniência Lyana Bittencourt
62 • Evolução dos
Preços do Etanol
63 • Comparativo das
4TABELAS
04 • Virou Notícia
17 • Paulo Miranda
4OPINIÃO
4SEÇÕES
18 • Fiscalização em destaque 21 • Os nós da logística 24 • Consumidor mais consciente
Margens e Preços dos Combustíveis
64 • Formação
de Preços
65 • Formação
de Custos do S10
66 • Preços das Distribusidoras Combustíveis & Conveniência • 3
44 VIROU NOTÍCIA
Mais anidro
DE OLHO NA ECONOMIA
Desde 16 de março, o teor da mistura de etanol anidro à gasolina passou para 27%, conforme o pleito do setor sucroalcooleiro. Somente a gasolina premium permanece com 25% até que os resultados dos testes de durabilidade nos motores de carros movidos somente a gasolina sejam divulgados. “O aumento da mistura deve elevar a demanda pelo etanol anidro em torno de 1 bilhão de litros. O setor sucroenergético está preparado para atender a esse aumento e isso irá elevar o caixa das usinas”, disse Marcos Antonio Françóia, diretor da MBF Agribusiness.
6,8%
Foi a alta da taxa de desemprego no trimestre encerrado em janeiro deste ano, em comparação ao mesmo período anterior (de nov/2013 a jan/2014), segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O rendimento médio dos trabalhadores ficou em R$ 1.795,53 entre novembro do ano passado e janeiro deste ano.
1,22%
Foi o leve recuo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), inflação oficial do país, de fevereiro depois da elevação de janeiro, de 1,24%. A gasolina impactou 0,31 ponto percentual no resultado, sendo responsável por um quarto do IPCA, em função do aumento das alíquotas do PIS/Cofins em 1º de fevereiro.
Novo conselheiro O presidente do Conselho de Administração da Copersucar, Luís Roberto Pogetti, foi eleito o novo presidente do Conselho Deliberativo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), no lugar do ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, que deixou o cargo em fevereiro.
Stock
2,5%
Foi a queda do Índice de Confiança do Empresário do Comércio de fevereiro ante janeiro, de acordo com a pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Pelo segundo mês consecutivo, o resultado está no patamar mais baixo (100,6 pontos) desde o início da pesquisa.
4 • Combustíveis & Conveniência
Agência Petrobras
Foi a queda que o Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) atingiu em março deste ano ante fevereiro e de 11,9% em comparação a março de 2014, segundo a CNC. Seis dos sete quesitos pesquisados estão nos menores valores (emprego atual, renda atual, compra a prazo, nível de consumo atual, perspectiva de consumo e momento para duráveis).
Stock
6,1%
Autoconsumo
A ANP publicou, no dia 12 de março, a Resolução ANP 9/2015, que regula a atividade de quem produz biocombustíveis para fins de pesquisa e de autoconsumo. Agora, quem tiver usinas de pequeno porte cuja produção seja voltada para essas duas finalidades,
Alex Loyola
terá de se cadastrar junto à Agência. A norma se aplica a uma ou mais plantas – pertencentes a um mesmo fabricante – cuja capacidade de produção esteja entre 300 e até 3 mil litros diários. No caso do biodiesel, isso representa uma capacidade produtiva entre 108 mil até 1,08 milhão litros anuais. Porém, vale destacar que a Resolução proíbe, em seu artigo 21, a comercialização do biocombustível produzido para consumo próprio ou para fins de pesquisa.
Financiamento automotivo em queda Os veículos zero quilômetro vendidos no Brasil em fevereiro por meio de alguma forma de parcelamento somaram 105,3 mil unidades, volume 28,2% menor que o de janeiro e 29,9% abaixo do registrado em fevereiro de 2014, de acordo com a Cetip, que opera o Sistema Nacional de Gravames (SNG). No caso dos usados, houve um recuo de 17,9% em relação a janeiro e de 12,7% ante fevereiro de 2014. No caso dos caminhões novos, a venda a prazo, em fevereiro, foi 25,9% menor em comparação a janeiro e 67,2% abaixo do mesmo mês do ano passado. No caso dos veículos pesados usados, a retração foi de 11,3% ante janeiro e de 22,9% em relação a fevereiro de 2014. O menor volume de vendas a prazo em fevereiro afetou também as motocicletas. Segundo a Cetip, o número de parcelamentos foi 11,3% menor ante janeiro e 21,6% abaixo de fevereiro do ano passado. As usadas financiadas somaram 8,1 mil unidades em fevereiro, volume 11,6% inferior ao de janeiro e 11,5% abaixo do apresentado no segundo mês de 2014.
Ping-Pong Paulo Abi-Ackel Deputado (PSDB-MG) e relator do Projeto de Lei 5.502/13, que se tornou Lei 13.106/15 A presidente Dilma Rousseff sancionou, em 17 de março, a Lei nº 13.106/15, de autoria do senador Humberto Costa (PT-PE), que tipifica como crime a venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos. A Lei de Contravenções Penais já tipificava a venda de bebidas alcoólicas a menores como crime. Por que a necessidade de outra lei? A Lei de Contravenções Penais tipificava a venda com pena de prisão simples de dois meses a um ano ou multa. A nova tipificação estabelece agora que a venda de bebidas alcoólicas para crianças e adolescentes é crime. Há uma diferença grande entre contravenção e crime com reflexo, sobretudo, na dimensão da pena, que passa a ser muito maior. A criminalização desse comércio é uma resposta à grave situação de uso de bebidas alcoólicas por crianças e adolescentes. Segundo Pesquisa Nacional de Saúde do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2013, cerca de 34,5% dos usuários de álcool entrevistados afirmaram ter tido o primeiro contato com a bebida entre 15 e 17 anos. Outros 12,5%, antes dos 15 anos. Esses dados, por si só, são alarmantes e a proposta pode impedir que jovens se tornem dependentes do álcool no futuro. Por isso, o Projeto de Lei 5.502/13, aprovado pela Câmara, diferentemente da Lei de Contravenções Penais, criminaliza, torna crime o ato de fornecer, servir, ministrar ou entregar bebida à criança ou ao adolescente, mesmo que gratuitamente. Na prática, como a venda de bebidas alcoólicas para menores será fiscalizada? A fiscalização será feita pelos poderes constituídos e responsáveis legais, como o Judiciário, as Varas da Infância e da Juventude, pelos Conselhos Tutelares, pelas Polícias Militar e Civil e, também, pela sociedade, a mais interessada em ver cumprir esta nova legislação. Como os comerciantes devem proceder? Simplesmente cumprir a lei, não vender bebidas alcoólicas a menores de 18 anos. Quais as penalidades impostas, tanto para os comerciantes quanto para quem for pego comprando? A pena para quem descumprir a nova lei será de detenção de dois a quatro anos, além de multa que varia de R$ 3 mil a R$ 10 mil. O estabelecimento comercial será fechado até que o valor seja pago. A partir da sanção, quando a proibição passa a valer? A lei entrou em vigor na data de sua publicação no Diário Oficial da União, em 18 de março e alterou o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90) e revogou o Inciso I do Artigo 63 do Decreto Lei 3.688/41, a Lei das Contravenções Penais. Combustíveis & Conveniência • 5
44 VIROU NOTÍCIA
Lei dos caminhoneiros Sancionada em 2 de março, a Lei dos Caminhoneiros começa a valer no dia 17 de abril. De acordo com o Ministério dos Transportes, a data vale para todos os artigos da lei, incluindo a isenção do pagamento de pedágio sobre o eixo suspenso de caminhões que circulam vazios, o aumento das tolerâncias máximas nas pesagens de veículos de transporte de cargas e passageiros e a conversão das penas de multa por excesso de peso em penas de advertência.
Maior fiscalização do transporte de carga Neste ano, todos os veículos registrados na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para fazer frete serão recadastrados e ganharão chip e adesivo para que possam ser fiscalizados automaticamente numa rede com cerca de 200 pontos de vistoria no país. A intenção, segundo a agência, é retirar do sistema os veículos que estejam cometendo irregularidades. A partir de maio, os primeiros novos pontos de fiscalização estarão em teste no Rio Grande do Sul. Em junho, os primeiros caminhões devem ganhar o novo equipamento. O país tem 3,2 milhões de caminhões, dos quais quase metade está apta a fazer fretes. Os demais podem operar apenas para a própria empresa, sem registro da ANTT. Porém, a quantidade de veículos é maior do que a demanda, o que reduz o valor do frete. Para resolver a questão, os caminhoneiros defendem maior regulação. Entre as propostas do setor, estão a criação de uma tabela com valor mínimo de frete e vale-diesel.
Novas alíquotas Desde 16 de março está em vigor as novas alíquotas de ICMS para gasolina e etanol hidratado no estado de Minas Gerais. De acordo com a Lei nº 21.527, publicada em dezembro do ano passado, a alíquota de ICMS para gasolina passou a ser de 29%, enquanto para o etanol hidratado caiu para 14%.
Scania
6 • Combustíveis & Conveniência
Mais flex
PELO MUNDO por Antônio Gregório Goidanich
O Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR) divulgou levantamento sobre a frota de veículos no estado em 2020. Os números mostram que a frota flex deve superar os modelos a gasolina em cinco anos no estado. Em 2020, serão mais de 3,5 milhões de carros bicombustíveis circulando no Paraná. Atualmente, os veículos flex respondem por 30,8%, ou quase 2 milhões de unidades. Já os modelos a gasolina registraram queda de 60% para 49,6% de participação na frota total de veículos do Paraná.
Custo do almoço Na opinião de quase totalidade dos pensadores e filósofos quase nada existe no mundo que não produza consequências. A curto, médio ou longo prazos. Mas as consequências são como fatalidades. Acontecerão. Na simplificação mais comum em nossa sociedade atual, se diz que não existe almoço grátis. Alguém deverá pagar pelo almoço, mesmo que seja alguém que não o aproveitou. Que dele não usufruiu. Aliás, como curiosidade, em meio às manifestações dos caminhoneiros ocorridas nos últimos dias apareceu uma faixa com os dizeres: “Não somos culpados pela roubalheira na Petrobras”. Afirmação verdadeira. Para os caminhoneiros e para o consumidor brasileiro em geral. Mas o que acontece é que restou a necessidade do pagamento do almoço. Melhor seria dizer almoços. Melhor ainda banquetes. Tão fartos e voluptuosos que elevaram a US$ 20 bilhões o custo de construção da inacabada refinaria Abreu Lima. Custos esses previstos, inicialmente, para US$ 2,5 bilhões. Um singelo acréscimo de mil por cento. Certamente, alguns usufruíram dos banquetes. Mas quem vai pagar a conta, na verdade, não usufruiu. Lógica injusta?
Só até o automático
48ª Edição da CLAEC
Somafoto
O governo do estado de São Paulo lançou, em março, a campanha “Não passe do limite! Complete o tanque só até o automático!”. O objetivo é orientar os condutores, frentistas, gerentes e proprietários de postos de combustíveis que atuam no estado sobre os danos provocados pela emissão de vapores da gasolina durante o abastecimento de veículos. A iniciativa prevê ainda ações educativas e entregas de materiais informativos em unidades de saúde e autoescolas.
Primeira fase concluída A Petrobras iniciou, em março, a operação da unidade de coque da
Nos dias 18 a 20 de março foi realizada, na Guatemala, a 48ª reunião da Comissão Latino Americana de Empresários de Combustíveis (CLAEC). Uma oportunidade mais para atentar aos possíveis banquetes que podem estar sendo programados. Banquetes estes que se passarem despercebidos engordarão a pequena parcela de sabidos e corruptos em detrimento dos reais interesses de povos e nações. Nossa categoria econômica faz parte do contexto nacional de cada país. E fatalmente ajudará a pagar os banquetes. Se não reagir no tempo certo. Se não voltar a ligar-se mais ao natural aliado, o consumidor. Se não voltar a confiar menos nos governos.
Refinaria do Nordeste, também conhecida como Abreu e Lima, localizada em Pernambuco. Com isso, todos os equipamentos de produção da primeira fase da refinaria estão em operação. Além do coque, a Rnest produzirá gás combustível, GLP, nafta, óleo diesel e gasóleo pesado.
Sem autorização A Petrobras não havia solicitado à ANP pedido de autorização para construir as refinarias Premium I e II, no Mara-
nhão e Ceará, respectivamente. A afirmação foi feita pela diretora-geral da Agência, Magda Chambriard, durante audiência pública na Câmara dos Deputados que analisa o cancelamento da duas unidades. A diretora disse ainda que não é de responsabilidade da ANP obrigar empresas a realizarem investimentos em empreendimentos que considerem inviáveis economicamente. As informações são da Agência Câmara Notícias. Combustíveis & Conveniência • 7
CARTA AO LEITOR 44 Mônica Serrano
Crise e oportunidade A Fecombustíveis representa nacionalmente 34 sindicatos, defendendo os interesses legítimos de quase 40 mil postos de serviços, 370 TRRs e cerca de 52 mil revendedores de GLP, além da revenda de lubrificantes. Nossa missão é acompanhar o mercado de revenda de combustíveis, com a meta de fomentar o desenvolvimento econômico e social do setor, contribuindo assim para melhorar a qualidade de vida da nação. Tiragem: 25 mil exemplares Auditada pelo Presidente: Paulo Miranda Soares Presidente de Honra: Gil Siuffo 1º Vice-Presidente: Mario Luiz Pinheiro Melo 2º Vice-Presidente: José Carlos Ulhôa Fonseca 3º Vice-Presidente: Adão Oliveira da Silva 4º Vice-Presidente: Walter Tannus Freitas 5º Vice-Presidente: Maria Aparecida Siuffo Schneider 6º Vice-Presidente: José Camargo Hernandes 1º Secretário: Roberto Fregonese 2º Secretário: Emilio Roberto C. Martins 3º Secretário: José Augusto Melo Costa 1º Tesoureiro: Ricardo Lisboa Vianna 2º Tesoureiro: Manuel Fonseca da Costa 3° Tesoureiro: Armando Matheussi Conselheiro Fiscal Efetivo: Luiz Felipe Moura Pinto Conselheiro Fiscal Efetivo: Julio Cezar Zimmermman Conselheiro Fiscal Efetivo: João Victor C.R. Renault Diretor de TRR: Álvaro Rodrigues Antunes de Faria Diretor de Postos de Rodovia: Ricardo Hashimoto Diretor de Meio Ambiente: João Batista Porto Cursino de Moura Diretor de GNV: Gustavo Sobral Diretor de Conveniência: Paulo Tonolli Diretoria: Aldo Locatelli, Carlos Eduardo Mendes G. Junior, Eduardo Augusto R. Pereira, Flávio Martini de Souza Campos, José Batista Neto, Luiz Henrique Martiningui, Mário Seiti Shiraishi, Mozart Augusto de Oliveira, Nebelto Carlos dos Santos Garcia, Omar Aristides Hamad Filho, Orlando Pereira dos Santos, Ovídio da Silveira Gaspareto, Rui Cichella, Vilanildo Jorge Gadelha Fernandes Conselho Editorial: Emílio Martins, Francisco Franco, José Alberto Miranda Cravo Roxo, Mario Melo, Ricardo Hashimoto e Roberto Fregonese Edição: Mônica Serrano (monicaserrano@fecombustiveis.org.br) Editora-assistente: Gisele de Oliveira (assessoria.comunicacao@fecombustiveis.org.br) Redação: Rosemeire Guidoni (roseguidoni@uol.com.br) e Adriana Cardoso Capa: Alexandre Bersot (com imagem iStock) Economista responsável: Isalice Galvão Publicidade: Gerente comercial: Celso Guilherme Figueiredo Borges (celsoguilherme@fecombustiveis.org.br) Telefone: (21) 2221-6695 Programação visual: Girasoli Soluções Fecombustíveis Av. Rio Branco 103/13° andar - Centro-RJ - Cep.: 20.040-004 Telefone: (21) 2221-6695 Site: www.fecombustiveis.org.br/revista E-mail: revista@fecombustiveis.org.br
8 • Combustíveis & Conveniência
O ideograma para representar o significado de crise, em japonês, é o mesmo de oportunidade. A crise nos abre a possibilidade de avaliação diante de uma situação mal conduzida, fazendo as correções necessárias, podendo, a partir daí, surgir a oportunidade para construção do novo. Nesse sentido, ambas palavras estão intrinsicamente ligadas. E o Brasil e a Petrobras estão passando por crises. A começar pelo esquema de corrupção que corrói e traz sérios danos à sociedade onde quer que se instale. Estamos vendo dia após dia vários capítulos de um sistema corrupto, que envolve funcionários de alto escalão, políticos e empresas privadas, que corroeu a Petrobras por anos e vai deixar profundas cicatrizes, aliado aos problemas financeiros na empresa. No país, também vivenciamos crises em dose tripla: econômica, hídrica e de energia elétrica. Não resta dúvida que chegou a hora de agir no sentido de sanear as contas,cortar os gastos, punir os corruptos, atuar com transparência e ética, corrigir os desacertos e restaurar o equilíbrio macroeconômico para trazer de volta o crescimento do país. Nesta edição, trazemos na Matéria de Capa os desdobramentos da crise da Petrobras,o revés pelo qual a empresa passa, com o impacto da corrupção nos investimentos da empresa, o alto endividamento, a venda de parte de seus ativos, a falta de investidores e a interrupção dos projetos. Uma ampla reportagem escrita a quatro mãos por Gisele de Oliveira e Rosimeire Guidoni. Também trazemos na Entrevista do mês, um panorama completo da macroeconomia nacional. A situação é crítica, mas não é catastrófica. O Brasil já passou por crises piores, já quebrou e, no momento, o retrocesso foi de um ou dois anos. Confira a reportagem com o ex-diretor do Banco Central e economista-chefe da CNC, Carlos Thadeu de Freitas Gomes. A matéria Conveniência mostra que a atual situação econômica do país pode afetar o consumo das lojas de conveniência, mas os empresários que usarem a criatividade e mantiverem um bom relacionamento com o cliente conseguirão passar pelo período com menos solavancos, vale a pena conferir a matéria de Adriana Cardoso. A seção Mercado traz entre os destaques: os gargalos do sistema logístico do país a partir da greve dos caminhoneiros; os 25 anos do Código de Defesa do Consumidor e o balanço da fiscalização da ANP. O revendedor poderá obter boas dicas de como economizar energia e água, com a leitura da reportagem Na Prática (Adriana Cardoso). E ainda ficar atento às principais dificuldades que envolve o sistema Sped com a matéria escrita por Gisele de Oliveira. Também na mesma seção, trazemos um alerta para a revenda sobre a fiscalização de entidades que já autuaram postos, mas não têm esse direito. Confira em Meio Ambiente, a reportagem de Rosemeire Guidoni sobre a necessidade de aumentar a frequência de limpeza dos tanques, dando a destinação correta dos resíduos após o aumento do teor do biodiesel ao diesel para 7%. Boa leitura! Mônica Serrano Editora
44 SINDICATOS FILIADOS ACRE Sindepac Delano Lima e Silva Rua Pernambuco nº 599 - Sala 4 Bairro: Bosque Rio Branco-AC Fone: (68) 3226-1500 sindepac@hotmail.com www.sindepac.com.br ALAGOAS Sindicombustíveis - AL James Thorp Neto Av. Jucá Sampaio, 2247, Barro Duro Salas 93/94 Shopping Miramar Maceió-AL Fone: (82) 3320-2902/1761 Fax: (82) 3320-2738/2902 scvdpea@uol.com.br www.sindicombustiveis-al.com.br AMAZONAS Sindcam Luiz Felipe Moura Pinto Rua Rio Içá, 26 - quadra 35 Conj. Vieiralves Manaus-AM Fone: (92) 3584-3707 Fax: (92) 3584-3728 sindcam@uol.com.br BAHIA Sindicombustíveis - BA José Augusto Melo Costa Av. Otávio Mangabeira, 3.127 Costa Azul Salvador-BA Fone: (71) 3342-9557 Fax: (71) 3342-9557/9725 sindicombustiveis@sindicombustiveis. com.br www.sindicombustiveis.com.br CEARÁ Sindipostos - CE Vilanildo Fernandes Av. Engenheiro Santana Junior, 3000/ 6º andar – Parque Cocó Fortaleza-CE Fone: (85) 3244-1147 sindipostos@sindipostos-ce.com.br www.sindipostos-ce.com.br DISTRITO FEDERAL Sindicombustíveis - DF José Carlos Ulhôa Fonseca SHCGN-CR 704/705, Bloco E entrada 41, 3º andar, sala 301 Brasília-DF Fone: (61) 3274-2849 Fax: (61) 3274-4390 sindicato@sindicombustiveis-df. com.br www.sindicombustiveis-df.com.br ESPÍRITO SANTO Sindipostos - ES Nebelto Carlos dos Santos Garcia Rua Vasco Coutinho, 94 Vitória-ES Fone: (27) 3322-0104 Fax: (27) 3322-0104 sindipostos@sindipostos-es.com.br www.sindipostos-es.com.br GOIÁS Sindiposto José Batista Neto 12ª Avenida, 302 Setor Leste Universitário Goiânia-GO Fone: (62) 3218-1100 Fax: (62) 3218-1100 sindiposto@sindiposto.com.br www.sindiposto.com.br MARANHÃO Sindicombustíveis - MA Orlando Pereira dos Santos Av. Colares Moreira, 444, salas 612 e 614 Edif. Monumental
São Luís-MA Fone: (98) 3235-6315 Fax: (98) 3235-4023 secretaria@sindcombustiveis-ma.com.br www.sindcombustiveis-ma.com.br MATO GROSSO Sindipetróleo Aldo Locatelli R. Manoel Leopoldino, 414, Araés Cuiabá-MT Fone/Fax: (65) 3621-6623 contato@sindipetroleo.com.br www.sindipetroleo.com.br MATO GROSSO DO SUL Sinpetro Mário Seiti Shiraishi Rua Bariri, 133 Campo Grande-MS Fone: (67) 3325-9988 / 9989 Fax: (67) 3321-2251 sinpetro@sinpetro.com.br www.sinpetro.com.br MINAS GERAIS Minaspetro Carlos Eduardo Mendes Guimarães Junior Rua Amoroso Costa, 144 Bairro Santa Lúcia Belo Horizonte-MG Fone/Fax: (31) 2108- 6500/ 2108-6530 minaspetro@minaspetro.com.br www.minaspetro.com.br PARÁ Sindicombustíveis - PA Ovídio da Silveira Gasparetto Av. Duque de Caxias, 1337 Bairro Marco Perímetro: Trav. Mariz e Barros/Trav. Timbó Belém-PA Fone: (91) 3224-5742/ 3241-4473 secretaria@sindicombustiveis-pa. com.br www.sindicombustiveis-pa.com.br PARAÍBA Sindipetro - PB Omar Aristides Hamad Filho Av. Minas Gerais, 104 Bairro dos Estados João Pessoa-PB Fone: (83) 3224-1600 Fax: (83) 3221-0762 sindipet@hotmail.com www.sindipetropb.com.br
RIO DE JANEIRO Sindestado Ricardo Lisboa Vianna Av. Presidente Franklin Roosevelt, 296 São Francisco Niterói–RJ Fone/Fax: (21) 2704-9400 sindestado@sindestado.com.br www.sindestado.com.br RIO DE JANEIRO - MUNICÍPIO Sindcomb Maria Aparecida Siuffo Pereira Schneider Rua Alfredo Pinto, 76 - Tijuca Rio de Janeiro-RJ Fone: (21) 3544-6444 sindcomb@infolink.com.br www.sindcomb.org.br RIO GRANDE DO NORTE Sindipostos - RN Antonio Cardoso Sales Rua Monte Sinai - Galeria Brito salas 101/102 Natal-RN Fone: (84) 3217-6076 Fax (84) 32176577 sindipostosrn@sindipostosrn.com.br www.sindipostosrn.com.br RIO GRANDE DO SUL Sulpetro Adão Oliveira Rua Cel. Genuíno, 210 - Centro Porto Alegre-RS Fone: (51) 3930-3800 Fax: (51) 3228-3261 presidencia@sulpetro.org.br www.sulpetro.org.br RIO GRANDE DO SUL – SERRA GAÚCHA Sindipetro Serra Gaúcha Luiz Henrique Martiningui Rua Ítalo Victor Berssani, 1.134 Caxias do Sul-RS Fone/Fax: (54) 3222-0888 sindipetro@sindipetroserra.com.br www.sindipetroserra.com.br RONDÔNIA Sindipetro - RO Rafael Alexandre Figueiredo Gomes Travessa Guaporé, Ed. Rio Madeira, 3º andar, salas 307/308 Porto Velho-RO Fone: (69) 3229-6987 Fax: (69) 3229-6987 sindipetrorondonia@gmail.com
PARANÁ Sindicombustíveis - PR Rui Cichella Rua Vinte e Quatro de Maio, 2.522 Curitiba-PR Fone/Fax: (41) 3021-7600 diretoria.sindi@sindicombustiveis-pr. com.br www.sindicombustiveis-pr.com.br
www.sindipetro-ro.com.br
PERNAMBUCO Sindicombustíveis - PE Alfredo Pinheiro Ramos Rua Desembargador Adolfo Ciríaco,15 Recife-PE Fone: (81) 3227-1035 Fax: (81) 3445-2328 sinpetro@sindicombustiveis-pe.org.br www.sindicombustiveis-pe.org.br
SANTA CATARINA Sindipetro - SC Robson de Souza Rua Porto União, 606 Bairro Anita Garibaldi Joinville-SC Fone: (47) 3433-0932 / 0875 Fax: (47) 3433-0932 sindipetro@sindipetro.com.br www.sindipetro.com.br
PIAUÍ Sindipetro - PI Robert Athayde de Moraes Mendes Av. Jockey Club, 299, Edifício Eurobusiness 12º, sala 1212 Teresina-PI Fone: (86) 3233-1271 Fax: (86) 3233-1271 sindpetropi@gmail.com www.sindipetropi.org.br
SANTA CATARINA - BLUMENAU Sinpeb Julio César Zimmermann Rua Quinze de Novembro, 550/4º andar Blumenau-SC Fone: (47) 3326-4249 Fax: (47) 3326-6526 sinpeb@bnu.matrix.com.br www.sinpeb.com.br
RORAIMA Sindipostos - RR Abel Salvador Mesquita Junior Av. Surumu, 494 São Vicente Boa Vista - RR Fone: (95) 3623-8844 sindipostos.rr@hotmail.com
SANTA CATARINA - FLORIANÓPOLIS Sindópolis Paulo Roberto Ávila Av. Presidente Kennedy, 222 - 2º andar Campinas São José Florianópolis-SC Fone: (48) 3241-3908 sindopolis@sindopolis.com.br SANTA CATARINA – LITORAL CATARINENSE E REGIÃO Sincombustíveis Giovani Alberto Testoni Rua José Ferreira da Silva, 43 Itajaí-SC Fone: (47) 3241-0321 Fax: (47) 3241-0322 sincombustiveis@sincombustiveis. com.br www.sincombustiveis.com.br SÃO PAULO – CAMPINAS Recap Flávio Martini de Souza Campos Rua José Augusto César, 233 Jardim Chapadão Campinas-SP Fone: (19) 3284-2450 recap@recap.com.br www.recap.com.br SÃO PAULO - SANTOS Sindicombustíveis - Resan José Camargo Hernandes Rua Dr. Manoel Tourinho, 269 Bairro Macuco Santos-SP Fone: (13) 3229-3535 Fax: (13) 3229-3535 secretaria@resan.com.br www.resan.com.br SERGIPE Sindpese Mozart Augusto de Oliveira Rua Raimundo Fonseca, 57 Bairro Treze de Julho Aracaju-SE Fone: (79) 3214-4708 Fax: (79) 3214-4708 sindpese@infonet.com.br www.sindpese.com.br SINDILUB Laércio dos Santos Kalauskas Rua Trípoli, 92, conj. 82 Vila Leopoldina São Paulo-SP Fone: (11) 3644-3440/ 3645-2640 sindilub@sindilub.org.br www.sindilub.org.br TOCANTINS Sindiposto - TO Eduardo Augusto Rodrigues Pereira 103 Sul, Av. LO 01 - Lote 34 - Sala 07 Palmas-Tocantins Fone: (63) 3215-5737 sindiposto-to@sindiposto-to.com.br www.sindiposto-to.com.br TRR Álvaro Rodrigues Antunes de Faria Rua Lord Cockrane, 616 8º andar, salas 801/804 e 810 Ipiranga-SP Fone: (11) 2914-2441 Fax: (11) 2914-4924 info@sindtrr.com.br www.sindtrr.com.br Entidade associada ABRAGÁS (GLP) José Luiz Rocha (41) 8897-9797 abragas.presidente@gmail.com www.abragas.com.br
Combustíveis & Conveniência • 9
44 Carlos Thadeu de Freitas Gomes 4 economista-chefe da CNC
Remédio amargo Fotos: Marcus Almeida/Somafoto
Por Mônica Serrano O Brasil vive hoje uma crise de credibilidade. A política adotada pelo governo federal a fim de estimular a economia não foi bem-sucedida e trouxe consequências. O não repasse dos custos dos preços administrados para o consumidor, como as tarifas de energia elétrica e de transportes, a contenção de preços dos combustíveis no mercado interno, as intervenções no 10 • Combustíveis & Conveniência
mercado de câmbio, o estímulo ao consumo com a redução de impostos e isenção de tributos, tudo isso junto resultou em desequilíbrio e enfraquecimento da economia. Para recuperar o país economicamente, o governo está implementando os ajustes fiscais a duras penas, ele não tem mais como financiar os preços administrados, os bens de consumo estão subindo, a população está perdendo seu poder de compra e o desemprego vai aumentar. Para
o final do ano, a inflação deve chegar na faixa de 8,5%, o dólar pode terminar o ano em R$ 3,5 e o PIB encerrar o ano negativo em -1 e -2%. Apesar das previsões nada animadoras, Carlos Thadeu de Freitas Gomes, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), esclarece que todo este contexto é provisório e a tendência é que os indicadores econômicos demonstrem os efeitos das medidas hoje adotadas em
patamares mais equilibrados a partir do ano que vem e afirmou: “a situação econômica nacional não é tão ruim como já foi no passado”. Graduado em economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mestre em economia pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e ex-diretor do Banco Central, Carlos de Freitas Gomes concedeu entrevista exclusiva à Combustíveis & Conveniência, na CNC, no Rio de Janeiro. Confira abaixo os principais trechos da entrevista. Combustíveis & Conveniência: Como o senhor avalia o panorama atual da economia brasileira? Carlos Thadeu de Freitas Gomes: Estamos diante de um panorama de ajustes porque os preços ficaram congelados por muito tempo e agora estão subindo, inclusive o dólar, e quando o dólar sobe, os preços relativos da economia também são afetados. Mas é um panorama temporário e não definitivo. Nestes últimos anos, o governo praticou uma política anticíclica que foi longe demais, deu muito estímulo ao consumo com incentivos tributários, segurou os preços administrados, principalmente os da gasolina para que a inflação não aumentasse, fez intervenções no mercado de câmbio para evitar que o dólar tivesse uma alta muito forte, tudo isso para minimizar os efeitos da crise mundial no Brasil, que ocorreu entre 2007 e 2008. Só que a intervenção nos preços administrados foi longe demais. Hoje, o problema é de ordem econômica. Na política do governo estava tudo fora do lugar, em função de muitas causas, ao não repassar para o consumidor todo o custo como forma de evitar
Apesar de todos os problemas que o Brasil tem, com todos os riscos e dificuldades, hoje, o governo está vivendo na realidade e não está vendendo mais ilusões que aumentasse o desemprego, evitar que as pessoas perdessem o poder de compra para tentar minimizar o custo social da crise. Porém, à medida que fomos longe demais, o Brasil começou a consumir muito mais do que podia e nosso déficit em conta corrente na balança de pagamentos está quase ao redor de US$ 90 bilhões, ou seja, o que o Brasil deve em relação ao exterior foi para o consumo e não para investimentos. Exemplo típico é que as pessoas começaram a viajar mais para o exterior porque o dólar estava barato, então, tudo isso tinha que ser corrigido porque os déficits externo e interno aumentaram. No ano passado, o déficit público nominal chegou a 6% e estava na faixa de 3%. A relação juros/PIB aumentou muito no ano passado, nosso saldo primário foi negativo, houve muitos gastos que foram feitos via incentivos fiscais e que pioraram as nossas contas, com isso, deveu-se dar um freio para fazer a arrumação. É isso o que está acontecendo no Brasil. C&C: O governo aumentou a arrecadação dos tributos, mas não há a contrapartida por parte do governo. Por quê? CFG: O corte de gastos no Brasil é muito difícil. Para cortar de verdade teriam que ser feitas as reformas tributária e da previdência, aí, sim, haveria um corte definitivo. O que o governo tem feito agora é segurar os gastos de caixa. Por exemplo, o orçamento está aprovado, então, ele teria que
liberar os recursos do orçamento para os ministérios, só que o governo não está liberando, o que tem gerado problemas, pois vários ministérios estão sem dinheiro para os gastos mais simples e, com isso, ele está conseguindo fazer alguma poupança. O custeio da folha de pessoal do governo está em 4,5% do PIB e significa que não aumentou desde meados do governo Lula. Para fazer corte de despesa não é com a demissão de funcionários que o governo consegue. O que está acontecendo é que houve preferência da transferência de recursos para as transferências sociais, que é a política social do governo para diminuir a desigualdade no Brasil. Neste governo, aumentaram as transferências sociais, como reajuste de salário mínimo, a previdência, os programas sociais. O governo ainda não está entrando no corte da área social, o que reduziria as despesas. C&C: O plano real nos colocou em uma rota de baixo crescimento econômico e carga tributária elevada? CFG: Como programa de estabilização econômica, o plano real foi um sucesso, contudo, faltou uma reforma fiscal que pudesse colocar o país na rota de crescimento econômico autossustentável. C&C: O país vive uma crise de credibilidade? CFG: A crise de credibilidade está sendo vivida porque Combustíveis & Conveniência • 11
44 Carlos Thadeu de Freitas Gomes 4 economista-chefe da CNC foram feitas promessas que não foram cumpridas, que o Brasil ia voltar a crescer e o poder de compra da população diminuiu. Os preços voltaram a subir muito rapidamente porque não tem mais como o governo financiar os preços administrados e vieram os problemas climáticos, como a seca, a falta de água e agora todo esse custo está sendo passado para o consumidor. Tudo isso gera crise de confiança, a inflação voltou, os preços administrados aumentaram, o dólar e a taxa de juros subiram. Hoje, o Brasil vive uma crise de credibilidade porque o governo não tem como ter uma agenda positiva, o próprio Congresso está envolvido em apagar o fogo todo dia. Ocorreram vários desequilíbrios na economia. Os preços estavam em níveis baixos, o dólar estava sendo controlado por intervenções cambiais, tudo isso não ajudou a política de incentivo ao crescimento econômico e, realmente, fracassou. O próprio governo reconhece que não teve sucesso em incentivar a economia. Agora, ele está começando a mudar de rumo, tentando fazer as correções necessárias. Por exemplo, se não corrigir o nosso déficit daqui a pouco não teremos investidores, podemos perder nosso rating externo, o dólar pode disparar e as famílias ficarão mais pobres ainda. Devido a isso é que o governo Dilma Rousseff resolveu colocar o pé no freio e agora não tem alternativa. Passando a fase de ajustes de preços relativos na economia, tem que ter um pacote de reformas mais amplas, como a fiscal, previdência, tributária e trabalhista que não foram colocadas em prática. Hoje em dia, não há uma agenda positiva, não 12 • Combustíveis & Conveniência
se discutem as reformas porque o governo está apagando fogo. Acho que vai ser difícil implementar alguma coisa enquanto este fogo não for apagado. Esse fogo envolve a parte política, a crise da Petrobras, os preços administrados, que vão continuar subindo neste ano, mas que no próximo devem cair, envolve a alta do dólar e o desemprego, que está aumentando agora, mas, depois, começa a melhorar. Enquanto não apagar o fogo no curto prazo, vai ser difícil ter uma agenda positiva no médio e longo prazos.
Qualquer governo que entrasse hoje, mesmo que a presidente Dilma Rousseff não continuasse sua gestão, teria que fazer o ajuste, não tinha alternativa
C&C: A situação do Brasil é considerada muito crítica? CFG: A situação econômica nacional não é assim tão ruim como já foi no passado. O que
quero dizer é que, no passado, o Brasil já quebrou várias vezes, o maior risco que eu vejo hoje é o Brasil voltar a quebrar em moeda estrangeira, em dólar. Atualmente, o país está muito bem em dólar, o nosso passado mostra que, toda vez que não há controle das contas internas, o país quebra em moeda estrangeira, então, estávamos começando a perder o controle das contas internas porque a dívida estava entrando em uma trajetória não sustentável. Um exemplo típico, se o país paga sua dívida com juros reais (sem inflação) de 6% ao ano e só cresce 0,5% ao ano, isso impede o país de pagar a sua conta porque os juros aumentam muito mais do que o seu crescimento. Se não há arrecadação e o país só está se endividando, daqui a pouco ele quebra. Nós ainda estamos longe disso. Nesses últimos anos, acumulamos reservas cambiais, nossa dívida está alta, mas não está exacerbada. Tem muitos países que já quebraram, como, por exemplo, a Grécia. No momento, temos um ou dois anos perdidos, mas não décadas. O risco de não fazermos o ajuste agora será mais décadas perdidas. Apesar de todos os problemas que o Brasil tem, com todos os riscos e dificuldades, hoje, o governo está vivendo na realidade e não está vendendo mais ilusões. C&C: Como as recentes denúncias e a investigação feita na Petrobras afetam a economia brasileira? O rebaixamento do grau de investimento da Petrobras pode trazer uma crise de confiança também para outros segmentos da economia? CFG: A Petrobras responde hoje por cerca de 10% dos investimentos totais da economia,
se ela não está investindo e/ou se as empresas que trabalham para ela estão demitindo, é óbvio que vão afetar e muito a economia e isso é consequência da crise na empresa. Todos os escândalos de corrupção são péssimos, mas o da Petrobras está afetando a vida de cada pessoa que depende dos investimentos, como o empregado da Comperj, que está perdendo o emprego. Temos que reconhecer que não tem saída fácil, tem que cortar gastos e investimentos para que ela possa, ao menos, voltar a captar recursos. Hoje, a empresa tem uma dívida enorme e ela só pode pagar se captar recursos. Então, a Petrobras pode ser um problema do Brasil à medida que ela não consiga voltar a fazer investimentos. Eu acredito que ela vá superar esse problema assim que tiver o balanço auditado porque a estatal tem ativos, tem lastro, que é o petróleo, para voltar a investir.
Do ponto de vista das grandes empreiteiras, na hipótese de quebrarem, o país corre o risco de uma crise sistêmica de investimentos, mas não quebrará como no passado, já que não há crise cambial. Já os investimentos ligados ao setor de petróleo e gás estão sendo afetados com a crise da Petrobras, mas não acredito que haja expansão para outros segmentos. O investidor não residente sabe que o país não vai quebrar amanhã, nem depois de amanhã, devido às medidas de ajuste que estão sendo feitas. Quem investir aqui, sabe que vai receber de volta o principal. Nossa situação de solvência é muito boa ainda, o Brasil é credor líquido em dólar, ou seja, ele tem mais dólar em reserva do que o valor da dívida. O grande problema do Brasil é que temos tido muita volatilidade e incerteza, com isso, quem está ajustando a economia é o dólar e, consequentemente,
a taxa de juros. Porém, à medida que o dólar encontrar seu ponto de equilíbrio, as taxas de juros vão começar a cair. C&C: Quando o dólar vai atingir seu ponto de equilíbrio? CFG: Quando o Banco Central começar a entender que deve acabar com as intervenções cambiais que tem feito. O dólar vai encontrar seu ponto de equilíbrio e aí vai atrair muito investidor porque ele atingirá a cotação máxima. O Brasil oferece uma alta rentabilidade em renda fixa e, hoje, o país está barato, ao ficar barato e ser solvente (não há risco do investidor perder o principal) ele atrai investimentos. C&C: Com o real fraco, qual é o impacto para a balança comercial e para o mercado interno? CFG: Quem exporta está numa situação favorável, as empresas estão recebendo
4FICHA TÉCNICA Recomendação de leitura: Inflação e Crises - O Papel da Moeda Autor: Affonso Celso Pastore Editora: Elsevier Brasil
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44 Carlos Thadeu de Freitas Gomes 4 economista-chefe da CNC mais reais por dólar. O país que deixa a moeda se depreciar sai da crise mais rápido, como é o caso do Brasil, por outro lado, há um custo mais elevado para o consumidor, as pessoas perdem o poder de compra. Para aqueles que importam também vão arcar com o custo do ajuste. Mas é um ajuste temporário, o dólar não vai subir definitivamente. C&C: Qual é a expectativa sobre os principais indicadores econômicos para o final do ano? CFG: A expectativa de inflação é encerrar o ano na faixa de 8% a 8,5%, mas, em 2016, ela pode cair para 6% e o fato de cair já leva à redução dos juros, melhorando o ambiente de confiabilidade. Já o câmbio deve ficar ao redor de R$ 3,50, a taxa de juros pode chegar a 13% ou 14%, em termos de PIB, vamos ter um resultado fraquíssimo, -1% ou -2%. Provavelmente, o desemprego vai aumentar, como está hoje em 6,9% ainda está baixo, tendo em vista as crises passadas, tanto é que a inadimplência está baixa no Brasil. As pessoas ainda estão pagando sua dívida em dia, mas quando o desemprego aumentar, a renda vai diminuir, e vai subir a inadimplência. Então, estamos vendo um período crítico em todos os sentidos. Se houver algum sucesso, por parte do governo, em mostrar à sociedade que a correção da dívida pelas medidas fiscais é o mínimo que se pode fazer para gerar uma poupança um pouco melhor no ano que vem, aí vamos de novo entrar no processo autossustentável de crescimento econômico, mas, se não fizer este ajuste agora, o 14 • Combustíveis & Conveniência
A demanda por combustíveis vai ser menor este ano, assim como as compras de bens duráveis risco é embarcar numa trajetória maligna da dívida e o país voltar a ter problemas cambiais muito mais sérios. Qualquer governo que entrasse hoje, mesmo que a presidente Dilma Rousseff não continuasse sua gestão, teria que fazer o ajuste, não tinha alternativa. C&C: Qual é a expectativa para o varejo e o mercado de combustíveis? CFG: O varejo este ano vai ser muito fraco, praticamente não vai crescer, mas o comércio de combustíveis ainda se aguenta. O consumidor ainda não está cortando seus gastos com combustíveis porque precisa abastecer seu carro e não vivemos mais o período de hiperinflação quando o preço da gasolina subia todo o dia, toda a semana. O preço foi corrigido e o consumidor ainda está com emprego. A demanda por combustíveis
depende da renda, que está caindo, e depende da inflação, pois, quando os preços sobem, há perda do poder de compra e o consumo cai. Por conta disso, a demanda por combustíveis vai ser menor este ano, assim como as compras de bens duráveis. Vai ter uma redução de consumo de modo geral e, consequentemente, os empresários também vão ganhar menos. Até então, as vendas de combustíveis têm crescido devido ao aumento vegetativo da população, desemprego baixo e a renda real de salários no ano passado cresceu 2%. Com esta evolução, a demanda de combustíveis continuou. Para este ano, apesar da expectativa de queda no consumo dos combustíveis e de outros bens, esta é uma situação temporária de ajustes. Quem esperar, vai ganhar lá na frente. No ano que vem, o cenário será melhor. n
Confira as principais ações da Fecombustíveis durante o mês de março:
03 - Participação de Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustíveis, em reunião do Sindicom, no Rio de Janeiro/RJ;
12 - Reunião do Conselho de Representantes da Fecombustíveis, realizada em Gaspar/SC;
13 e 14 - Participação da Fecombustíveis no 3º Encontro Sul Brasileiro da Revenda de Combustíveis e das Lojas de Conveniência, em Gaspar/SC;
18 a 20 - Participação do presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda Soares, na 48ª reunião da Comissão Latino Americana de Empresários de Combustíveis (CLAEC), na Guatemala;
18 a 22 - Participação do vice-presidente da Fecombustíveis, Mario Melo, na 30ª Convenção Nacional TRR, em Foz do Iguaçu/PR.
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OPINIÃO 44 Paulo Miranda Soares 4 Presidente da Fecombustíveis
Outubro é o prazo do licenciamento ambienTenho passado os últimos dias reflexivo e preocupado com o prazo dado pela ANP para os postos se tal. Para oferecer uma adequarem à Resolução 41/2013 sobre a questão dos solução, se ventila a licenciamentos, até 19 de outubro. Após esta data, a possibilidade de implefiscalização da ANP passará a efetuar as penalidades para mentação do Consorpetro, quem não apresentar a Licença de Operação ambiental um consórcio viabilizado e o Atestado de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB). pelos sindicatos de São No ano passado, a Fecombustíveis apresentou à Paulo e Paraná, para auxiliar os pequenos revendedoANP um levantamento realizado em todos os estados res que não têm recursos para fazer as obras exigidas da Federação para identificar os locais com as situações pelos respectivos órgãos ambientais estaduais, Cetesb mais morosas pelos órgãos públicos para concessão e IAP. Pelo Consorpetro, o prazo para apresentar os dos licenciamentos. Alguns estados contavam com licenciamentos pode ser estendido, dependendo da pouquíssimos funcionários para expedir a licença situação de cada posto. Neste sistema, cabe ao órgão ambiental, caso do Mato Grosso do Sul e Tocantins. ambiental analisar a situação de cada revendedor e Em Contagem, por exemplo, de 93 postos da cidade, priorizar os casos mais graves, bem como agilizar o 68 não tinham licenciamento ambiental, com alguns processo de concessão do licenciamento. Porém, se a processos em andamento que duravam seis anos. ANP endossar este sistema, pode ser uma alternativa A concessão do AVCB para suprir tanto a dilatação do Não é justo que o revendedor, também passou a ficar mais prazo como auxiliar os postos burocrática. Depois do trágico cumpridor de suas obrigações, feche de pequeno porte que não têm incêndio na Boate Kiss, ocor- sua empresa por culpa da morosidade recursos para fazer as devidas rido no Rio Grande do Sul, do sistema público. Por outro lado, a adequações ambientais. Estamos contando com o em alguns estados, é quase ANP vai ter que cumprir o seu papel, impossível conseguir obter o fiscalizar e penalizar quem não estiver apoio da ANP para encontrar documento em até um ano, com os licenciamentos em dia e esta as soluções viáveis, mas alerto os revendedores para fazerem conforme determina a Resopena pode ser injusta e pesada a sua parte, cobrando e preslução 41/2013. Após muitas reuniões e o apelo da Federação sionando os órgãos responsáveis em suas regiões. sobre a dificuldade em obter os licenciamentos, a A Fecombustíveis também tem buscado novas ANP concedeu mais um ano para a adequação dos tecnologias que sejam mais eficientes para substituir postos à Resolução. os tanques de aço hoje utilizados no Brasil. Andei Portanto, revendedores, outubro é o prazo para pesquisando e há países na Europa que encontraram a ANP começar a fiscalizar. A Agência, ciente do prosoluções viáveis para o meio ambiente, a partir do reaproveitamento de tanques já existentes. Se conblema da revenda, também está preocupada, já que muitos postos poderão ter seus registros revogados e seguirmos encaminhar algo neste sentido, os altos nos chamou para conversar. Como forma de minimizar custos com o licenciamento ambiental para fazer a um panorama nebuloso à revenda, após reunião com troca de tanques, exigida a cada 15 ou 20 anos, e o a Fecombustíveis, a ANP se dispôs a cobrar agilidade descarte dos tanques serão minimizados. dos órgãos públicos, em estados cujos processos são Por enquanto, esta é uma possibilidade que mais burocráticos. Pernambuco foi o primeiro estado começa a ser implementada agora. Hoje, nosso foco que a Agência visitou para tentar encontrar um caminho são os licenciamentos. Não é justo que o revendedor, viável, juntamente com a prefeitura e o órgão ambiental. cumpridor de suas obrigações, feche sua empresa Além da morosidade dos órgãos públicos em por culpa da morosidade do sistema público. Por outro conceder os licenciamentos, parte dos revendedores, lado, a ANP vai ter que cumprir o seu papel, fiscalizar e principalmente os pequenos e médios, encontra dificulpenalizar quem não estiver com os licenciamentos em dia e esta pena pode ser injusta e pesada. Precisamos dade de dispor de recursos para comprar um tanque concentrar nossas ações nisto. novo, por exemplo, o que também inviabiliza o término Combustíveis & Conveniência • 17
44 MERCADO As infrações ocasionadas por não conformidades nos combustíveis foram detectadas em 226 amostras de gasolina, 114 de etanol e 108 de diesel
Rogério Capela
Fiscalização em destaque A Superintendência de Fiscalização da ANP realizou intenso trabalho ao longo de 2014. Foram mais de 18 mil ações que tiveram por objetivo fazer valer o cumprimento das resoluções, efetuando as devidas autuações para quem estivesse em desacordo com as regras do órgão regulador
Por Mônica Serrano No balanço de fiscalização da ANP do ano passado, as ações de fiscalização registraram 18.730 em todo o Brasil. A atuação da Agência abrangeu, especialmente, as revendas de combustíveis e de GLP, em 1º e 2º lugares, respectivamente; e na 3ª colocação vieram as distribuidoras de combustíveis. 18 • Combustíveis & Conveniência
Um dos setores mais fiscalizados, a revenda foi alvo de 11.973 ações de fiscalização, das quais 2.822 resultaram em infrações,, o que correspondeu a 24% do total. Já 17% dos revendedores de GLP foram autuados, totalizando 4.346 ações. De 1.003 distribuidoras fiscalizadas, 52% cometeram infrações. Para fiscalizar a revenda de GLP, a ANP atua em parceria com outras entidades, como, por
exemplo, a polícia, no combate às irregularidades deste mercado. Vale lembrar que este segmento possui uma grande quantidade de agentes, o que abre espaço para a atuação de revendas irregulares. Segundo a assessoria de imprensa, a ANP não detém competência legal para adentrar em residências ou em firmas que não se sujeitam à sua regulação sobre as quais pesem denúncias de
comércio clandestino de GLP. Assim, ao se deparar com esse tipo de denúncia, a ANP tem de buscar, necessariamente, a parceria da polícia que, em geral, se responsabiliza pela apreensão do produto. Além da revenda de GLP, a ANP fiscaliza os demais agentes de mercado em parceria com órgãos públicos, dos quais resultaram, no ano passado, 67 forças-tarefa em conjunto com Ministérios Públicos Estaduais e Federal, Secretarias de Fazenda, Polícias Civil e Militar, entidades de classe etc. As três principais infrações detectadas, em 2014, tiveram como principais motivações: 1) construir ou operar instalações em desacordo, com 577; 2) adquirir ou destinar produto de fonte diversa da autorizada, com 541; e 3) não prestar informações ao consumidor, com 508. As infrações ocasionadas por não conformidades nos combustíveis foram detectadas em 226 amostras de gasolina, 154 análises de etanol e 108 de diesel não atenderam às especificações de qualidade da ANP. A atuação da fiscalização em conjunto com a Programa de Monitoramento da Qualidade dos Combustíveis tem resultado em melhora dos índices de não conformidade. “Os resultados obtidos em 2014 nos levam a uma avaliação positiva. Os índices de não conformidade dos combustíveis foram 1,2% para a gasolina, 2,6% para o diesel e 1,6% para o etanol. Além disso, mais de 3.600 processos administrativos foram julgados somente em 1ª instância”, informou a ANP. No ano passado, a ANP detectou 4.476 infrações,
realizou 724 interdições, 248 apreensões e 499 desinterdições - situação que ocorre quando houver adoção de medidas cautelares, desde que seja solucionada a causa que motivou a transgressão. No universo das penalidades e agentes reincidentes, a ANP publicou, no ano passado, a Resolução nº 64, de 05/12/14, que altera os critérios de desconsideração de reincidência e que trouxe como benefício a desconsideração das penalidades para fins de reincidência a partir do pagamento das multas à vista. Recentemente, foi publicada a Resolução 12/2015, alterando e ampliando o prazo para o pagamento da multa à vista em 13 de abril, situação
que favorece os agentes em débito com a Agência, zerando a situação de reincidência. Anteriormente, segundo o texto original da Resolução 64/2015, a regra era que o pagamento das multas à vista fosse feito até 27 de fevereiro. Com o apelo da Fecombustíveis, a ANP atendeu ao pedido de extensão do prazo. Destaca-se que, a partir do momento que o agente econômico cometer novas transgressões, no caso de se tornar reincidente, sofrerá as penas previstas pela Lei nº 9847/99. 2014 também marcou o primeiro ano em que a fiscalização da ANP começou a ir a campo para fazer valer o cumprimento
Ações de fiscalizações
1.358 3.917 3.818 7.420 2.217 Fonte: ANP
Total: 18.730 ações
Em 2013: 18.386 ações Combustíveis & Conveniência • 19
44 MERCADO da Resolução nº 44/13, que exige a obrigatoriedade de coleta da amostra-testemunha pela distribuidora, no caso das retiradas de combustíveis pelos caminhões-tanque na modalidade FOB. Após a resolução entrar em vigor, foram registradas 134 autuações de março de 2014 a janeiro de 2015 contra distribuidoras que descumpriram a Resolução 44/2013. Este número corresponde a cerca de 26% das mais de 500 autuações aplicadas a essa categoria de agente econômico. Esta Resolução gerou muita resistência por parte das grandes distribuidoras quando entrou em vigor. Algumas bases acumularam longas filas de caminhões-tanque na hora de abastecimento por conta da demora em coletar a amostra-testemunha de cada compartimento do caminhão. A ANP disse que, para este ano, a atuação será a mesma e “continuará realizando operações com este objetivo. O diálogo com a distribuição é
no sentido de encontrar mecanismo que reduza o tempo de carregamento de caminhões-tanque nas bases, ou seja, de busca de otimização”. A Agência reforçou uma mensagem para a revenda sobre a importância da participação do setor para o bom cumprimento da Resolução, exigindo a coleta da amostra-testemunha. “A partir do momento em que o revendedor não exige ou renuncia voluntariamente à amostra-testemunha pela distribuidora nas retiradas FOB em troca de maior agilidade no despacho de caminhões-tanque nas bases de distribuição, ou ainda, não procede à coleta nas entregas CIF, estará abdicando de um direito que pode lhe proteger em contenciosos sobre vícios de qualidade”. De fato, a amostra-testemunha é o único meio que a ANP tem para identificar a origem da não conformidade, não penalizando o revendedor se, no caso, tiver sido originada na base de distribuição.
De olho nos prazos Outro assunto que mereceu destaque no ano passado foi a Resolução 57/2014, que modificou alguns artigos da Resolução ANP nº 41/2013. A partir deste ano, a fiscalização da ANP passará a autuar os postos que descumprirem a regra. A revenda deve ficar atenta aos prazos. O primeiro é o artigo que estabelece a fixação de novo adesivo, que passa a ser obrigatório a partir de 21 de abril, que deve constar CNPJ do posto e endereço completo do posto a ser afixado. A mesma Resolução estabeleceu o prazo de um ano, que vence em
principais motivações de infrações
19 de outubro deste ano, para os revendedores em operação apresentarem a Licença de Operação e o Certificado de Vistoria do Corpo de Bombeiros (confira o artigo do presidente na pág. 17 sobre o tema). O tempo é curto e a fiscalização da ANP vai cumprir o seu papel para verificar quem se adequou às regras. n
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MERCADO 33
Agência Petrobras
Os nós da logística Caminhoneiros bloquearam diversas estradas federais e estaduais para reivindicar a queda de preços do óleo diesel e dos pedágios e o baixo valor do frete. Os protestos afetaram o abastecimento de combustíveis e trouxeram à reflexão os gargalos do sistema logístico Por Gisele de Oliveira A segunda quinzena de fevereiro e o início de março foram de preocupação para parte da revenda em função dos protestos dos caminhoneiros que bloquearam diversas rodovias no país. As manifestações foram contra o aumento no preço do diesel, em função do reajuste do PIS/Cofins sobre o combustível e o baixo custo do frete. Iniciados no Mato Grosso, os bloqueios, que se espalharam rapidamente pelo país, trouxeram à tona outro entrave para o crescimento do país: a infraestrutura logística. Diversos setores da economia, como a indústria automotiva e agrícola, foram afetados pelos protestos espontâneos. A revenda também sentiu na pele os efei-
tos das manifestações e muitos postos revendedores localizados em cidades nas regiões Oeste e Sul do país, onde os bloqueios ocorreram com mais intensidade, ficaram com estoques limitados ou até sem produto para vender ao consumidor final. E um dos motivadores para que isso acontecesse é a atual infraestrutura logística de transporte de cargas no Brasil. A logística é, talvez, um dos elos mais importantes da cadeia produtiva de um país, já que é, através dela, que são feitos todos os controles de fluxos de insumos e produtos com o objetivo de transportar e entregar as mercadorias em tempo hábil e em conformidade. Assim, se houver falha nesse processo, sobrecarrega todo o restante da cadeia. E foi exatamente isso o que aconteceu.
Sem boas condições de trabalho, custos elevados e baixa remuneração, os motoristas de caminhão vêm, ao longo dos anos, sofrendo com a falta de planejamento para o transporte de cargas no país. Os aumentos na alíquota de PIS/Cofins para o óleo diesel e dos pedágios, aliados à queda no preço do frete, foram a gota d’água para o início dos protestos. O país conta com um modelo de infraestrutura logística considerado por especialistas do setor como incompleto e mal implementado, o que contribui para a ineficiência do transporte de cargas. “Temos um problema de planejamento e de gestão, que, juntos, gera um vácuo de infraestrutura e que afeta diversos setores da economia, como o de combustíveis e do agronegócio, entre outros”, disse Marcus D’Elia, sócio-executivo do Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS) e responsável pelo segmento de petróleo e gás, em recente entrevista à Combustíveis & Conveniência. Segundo ele, o setor enfrenta um grave problema, com risco de desabastecimento em alguns segmentos da economia, como o de combustíveis, nos próximos anos em função dos gargalos em diversas áreas da logística. Faltam investimentos em portos, ferrovias, dutos e hidrovias para que a movimentação de derivados possa ser escoada de maneira eficiente ao interior do país. No total, o executivo estima investimentos da ordem de R$ 53 bilhões somente para permitir a movimentação de combustíveis pelo país adentro. De maneira geral, incluindo os demais setores produtivos e que dependem da infraestrutura logística, a necessidade de investimentos soma quase R$ 1 trilhão, segundo Combustíveis & Conveniência • 21
44 MERCADO o Plano Nacional de Transporte e Logística 2014 da Confederação Nacional de Transportes (CNT). O montante inclui recursos para tornar a malha atual brasileira integrada, utilizando as diversas redes para movimentação de cargas e de pessoas, para reduzir a dependência das estradas. Entre os projetos estão as integrações Eixo Litorâneo, com R$ 178 bilhões; o Eixo Nordeste-Sul, com R$ 167,8 bilhões; e o Eixo Norte-Sul, com R$ 123,6 bilhões. Em todos, a maior parte dos recursos seguirá para obras de construção de ferrovias, pavimentação e duplicação de estradas. Para se ter uma ideia da urgência desses investimentos, estudo feito pela Escola de Negócios da UFRJ (Coppead), a pedido da CNT, revela que, no caso do transporte por navegação interna, por exemplo, apenas 35% das vias são efetivamente utilizadas para este fim. “Os outros 65% só poderiam ser viabilizados economicamente a partir de intervenções nos rios e construções de infraestrutura em terra – terminais hidroviários”, diz o documento. Vale lembrar que, atualmente, somente na região Norte, as hidrovias possuem maior participação na matriz de transporte regional.
Modais logísticos
perdeu em produtividade, já que a infraestrutura disponível é menor do que as existentes em países em desenvolvimento e de grandes extensões territoriais, além de ser de péssima qualidade, perigosa e mais poluente e oferecer pouca ou quase nenhuma segurança. Além disso, segundo a pesquisa, há ainda o baixo custo cobrado pelo frete rodoviário, que acaba sendo uma barreira para o desenvolvimento de outros modais.
Aliás, a distribuição espacial logística de transporte também contribui para a ineficiência do setor. De acordo com o mapa Logística dos Transportes no Brasil, divulgado em novembro do ano passado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o transporte de cargas é feito predominante pelo modal rodoviário, responsável por cerca de 61% da distribuição logística do Brasil. A rede ferroviária concentra apenas 21% do total transportado no país. Já o transporte aquaviário, que inclui hidrovias e terminais portuários fluviais e marítimos, responde por 14%. A concentração em uma única malha para fazer circular as mercadorias e produtos é prejudicial para o desenvolvimento econômico, ainda mais para um país com dimensões continentais como o nosso. Com o aumento do consumo nos últimos anos, o Brasil passou a ter uma demanda crescente por melhorias nos sistemas de transportes com o objetivo de diminuir os custos logísticos e tornar a produção nacional mais acessível no mercado interno. No estudo da Coppead, ao optar por concentrar o transporte de cargas na malha rodoviária, o país
Os principais pontos da Lei dos Caminhoneiros a Pedágio - passa a ser gratuito por eixo suspenso para caminhões vazios; a Multas - perdão das penalidades por excesso de peso recebidas nos últimos dois anos; a Responsabilidade - a partir de agora, o contratante do frete, e não mais o motorista do caminhão, passa a ser o responsável por excesso de peso e transbordamento de carga; Valter Campanato/Agência Brasil
Caminhoneiros interditaram diversas rodovias federais e estaduais do país para protestar contra o aumento do preço do diesel e o baixo custo do frete 22 • Combustíveis & Conveniência
a Jornada de trabalho - estabelecida jornada de 8 horas, podendo ser prorrogada por até duas horas extras ou prevista em convenção coletiva, por até 4 horas extras; a Pontos de descanso - as condições de segurança, sanitárias e de conforto deverão obedecer normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego. A lei prevê ainda os possíveis locais para repouso, como, por exemplo, postos de combustíveis, estações rodoviárias, hotéis ou pousadas.
Frete em foco O frete, por sinal, é um dos fatores mais importantes para o bom funcionamento do transporte rodoviário de cargas. Atualmente, o valor médio pago pelos fretes rodoviários é muito baixo em comparação aos custos incorridos no negócio. O resultado é desastroso para quem trabalha no setor, que precisa conviver com práticas comerciais danosas em função do excesso de oferta no mercado - basta ter carteira de habilitação e possuir um caminhão para trabalhar no setor - e de jornadas de trabalho, o que também provoca alto índice de acidentes e mortes. Há ainda a questão do envelhecimento da frota de caminhões, que, sem uma política clara de estímulos para a renovação, acaba por influenciar no preço do frete. “Hoje, para se ter um preço aceitável, teria que aumentar, no mínimo, em 50% o valor do frete. Aí o governo diz que não pode porque esse custo vai ser repassado para o consumidor
final e nós ficamos no prejuízo. A verdade é que, lamentavelmente, o governo nunca se preocupou com infraestrutura logística do nosso país”, lamenta José da Fonseca, presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam). Na tentativa de resolver o problema e evitar mais desgastes com outros setores da sociedade, o governo se apressou para anunciar medidas que pudessem atender aos objetivos dos caminhoneiros. Um deles foi sancionar a Lei 13.103, a chamada Lei dos Caminhoneiros. Porém,adecisãonãofoibemrecebida por alguns segmentos da categoria, que acreditam que a legislação trará mais prejuízo ao setor, como rodovias menos seguras, viagens mais demoradas, pedágios mais caros e aumento de custos para os caminhoneiros, segundo informou por meio de nota a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR). Para Rodolfo Rizzotto, coordenador do SOS estradas, (veja mais sobre o impacto da Lei 13.103
para a revenda em Perguntas e Respostas), a aprovação da nova lei representa um retrocesso e não ajuda a resolver a questão do frete. “Ela vai praticamente obrigar os motoristas a trabalharem mais, descansarem menos e não cria nenhuma garantia de aumento da remuneração do frete. Haja vista a paralisação recente dos caminhoneiros, que continuaram pedindo uma tabela mínima de frete mesmo depois de sancionada a lei. As consequências serão mais horas de motorista disponíveis nas estradas para uma demanda que não deverá aumentar, principalmente com a crise que já estamos vivendo. Logo, o valor do frete deverá baixar, criando ainda mais problemas para as transportadoras e caminhoneiros autônomos, sem contar o desemprego que está implícito na nova lei, ao permitir usar o mesmo motorista para dirigir mais horas. Por fim, teremos um grande aumento de acidentes decorrentes da fadiga dos motoristas”, concluiu.
Falhas no abastecimento O setor de combustíveis sofreu com os protestos de caminhoneiros no início deste ano. Postos revendedores localizados no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul foram os que mais sentiram os bloqueios parciais ou totais em estradas federais e estaduais do país. Alguns chegaram a ficar sem produto para vender. “Foi uma situação muito delicada porque não havia uma liderança específica para o governo negociar e toda a população acabou sentindo os efeitos dessa crise. Soubemos casos de revendedor que chegou a ficar sem produto na bomba”, relatou Robson de Souza, presidente do Sindipetro-SC.
Já as distribuidoras, por meio do Sindicom, montaram uma sala de acompanhamento para receber as informações de locais afetados pelos protestos, além de enviarem cartasatodas as autoridades pedindo ostensivo da polícia rodoviária federal e da força de segurança nacional para garantir o transporte de caminhões-tanque das bases até os postos. “Enquanto os bloqueios eram parciais e era possível buscar rotas alternativas, como em Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Bahia, por exemplo, as companhias aumentaram o número de caminhões e fizeram a entrega. Quando os bloqueios ficaram mais intensos e não havia rota alternativa, como
no Mato Grosso, houve falha no abastecimento”, contou Luciano Libório, diretor de Abastecimento e Regulamentação do Sindicom. O diretor-executivo do sindicato, Jorge Luiz Oliveira, lembrou ainda a dificuldade para a retomada do fluxo de abastecimento normal de combustíveis após o fim dos protestos. “Quando existe um movimento como este, existe um tempo natural de realimentação da rede. Não é automático.” No intuito de normalizar o atendimento o mais rápido possível, as distribuidoras intensificaram suas operações, com bases operando aos domingos e em horários estendidos e mais caminhões rodando. n Combustíveis & Conveniência • 23
44 MERCADO
Consumidor mais consciente Em 2015, o Código de Defesa do Consumidor completa 25 anos. Neste período, os consumidores se tornaram mais exigentes, passaram a ser mais atentos e conscientes de seus direitos. As empresas, por sua vez, também precisaram mudar sua postura, investindo em transparência e qualidade dos serviços
Neste ano, o Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078), em vigor desde setembro de 1990, completa 25 anos. Ao longo deste período, muita coisa mudou na relação das empresas com seus clientes. Hoje, não basta mais se antecipar às necessidades do consumidor e oferecer produtos e serviços diferenciados; é necessário também investir na transparência de informações, na qualidade dos serviços e produtos e no preço justo das mercadorias. Afinal, o consumidor está mais consciente de seus direitos e qualquer deslize das empresas pode levar a uma denúncia ou reclamação junto aos órgãos de defesa. “Hoje, o consumidor está amparado pelo Código e mais atento a seus direitos, e as empresas passaram a investir mais em qualidade”, destacou a diretora executiva do Procon SP, Ivete Maria Ribeiro. No caso dos postos de combustíveis, segundo ela, as principais reclamações dos consumidores são referentes a preço 24 • Combustíveis & Conveniência
Agência Brasil
Por Rosemeire Guidoni
Agência Brasil
Consumidor está atento ao prazo de validade dos produtos
e desconformidade de produto. Porém, vale destacar que todos os produtos ou serviços fornecidos pelo posto são alvo de fiscalização do órgão. Na loja de conveniência, por exemplo, outros aspectos também são verificados, como validade de produtos e atendimento à legislação sanitária. Na pista, outras questões também são relevantes para o consumidor, como, por exemplo, a clareza de informações de preços e a procedência de produtos. A ANP, inclusive, lista uma série de cuidados para proteger o consumidor de combustíveis. No entanto, a Agência lembra que os preços dos combustíveis
são livres desde 2002 e que a legislação não prevê qualquer tipo de tabelamento, valores máximos ou mínimos. A orientação para o consumidor é consultar a pesquisa semanal de preços divulgada pelo site da ANP. Apesar disso, uma das principais queixas do consumidor junto aos órgãos de proteção é relativa a preços considerados abusivos. De acordo com Ivete, via de regra, isso ocorre quando há um aumento de preços em outro elo da cadeia e o consumidor considera que o posto elevou os preços num percentual não proporcional ao aumento divulgado. Em casos em que vários estabelecimentos
em uma mesma região praticam um percentual muito semelhante de aumento também ocorrem denúncias, por suspeita de combinação de preços. A diretora do Procon informou que todas as denúncias são investigadas. “Os Procons fazem fiscalização de rotina e também quando ocorre denúncia”, explicou. Uma situação alvo de reclamações por parte dos consumidores é a cobrança de valores diferentes em compras pagas com cartão de crédito e compras pagas com dinheiro. Apesar de o varejo defender a cobrança diferenciada, porque afinal existe cobrança de taxa por parte das administradoras Combustíveis & Conveniência • 25
44 MERCADO
Neste início de ano, postos revendedores de várias localidades do país foram autuados pelos Procons locais, pois consideraram que houve aumento de preços de forma abusiva, acima do repasse da elevação dos impostos pelo governo federal. A situação não é nova, já que o aumento considerado abusivo é uma das principais reclamações dos consumidores em relação ao segmento e, a cada vez que há um aumento de preços na refinaria, ou elevação de tributos, novas denúncias são encaminhadas aos órgãos de defesa do consumidor. Ao receber a denúncia, o órgão faz a fiscalização para constatar se houve ou não a elevação considerada abusiva. No entanto, o tema é polêmico, visto que os preços no Brasil são livres e o consumidor dispõe de instrumentos de pesquisa de preços (como o site da ANP) onde pode consultar valores e escolher onde abastecer. Para o assessor jurídico da Fecombustíveis, Arthur Villamil Martins, especializado em direito da concorrência, a visão de preços abusivos dos Procons é de que, se houver aumento além do repasse dos aumentos de custo (aumento das distribuidoras, novos custos/tributos, dentre vários outros custos inerentes à operação de um posto), o posto poderia estar elevando seus preços sem justa causa, o que seria abusivo. “Esta ótica é equivocada, pois engessa a liberdade empresarial do revendedor. Ou seja, dá a entender que a empresa jamais poderia ampliar sua margem de lucro por meio do aumento de preços, já que os aumentos somente poderiam ocorrer proporcionalmente ao aumento dos custos de operação do negócio. Além disso, o especialista ressaltou que a economia de mercado prevê preços livres que se formam de acordo com a oferta e a demanda, em um ambiente de competição e de desenvolvimento empresarial. Sob o ponto de vista jurídico, Villamil entende que somente se pode falar em preço abusivo caso seja definido um contraponto chamado de “preço justo”. “E qual seria o preço justo? Seria um único preço, o justo? Se fosse assim, teríamos que voltar para o regime de tabelamento, extremamente prejudicial para a economia nacional, inclusive para o consumidor”, ponderou. Para o advogado, preço abusivo seria apenas aquele decorrente de um cartel (que sempre será injusto pois não decorre da lógica de mercado), ou, em situações muito isoladas e especiais, o preço malicioso imposto por um fornecedor diante de premente necessidade de vulnerabilidade de um consumidor, como, por exemplo, no caso de uma situação de emergência. 26 • Combustíveis & Conveniência
de cartões e a legislação atual não permite diferenciação de valores. O pagamento efetuado com cartão em parcela única equivale ao pagamento à vista, o que significa que o valor cobrado não pode ser distinto para pagamento em dinheiro, cartão de crédito ou débito. Assim, sem alteração da legislação, o revendedor deve ficar atento e considerar o pagamento em cartão de crédito como pagamento à vista. Além disso, a informação sobre os meios de pagamento aceitos no estabelecimento, bem como valores praticados, deve ser de fácil visualização pelo consumidor. É importante garantir a transparência de informações, para evitar problemas. Além de o consumidor estar mais consciente, hoje, existem diversos meios de divulgação A coleta de embalagens de lubrificantes conta pontos perante o consumidor ambientalmente consciente
Arquivo
Autuações
Atualmente, a legislação não permite cobrança diferenciada para pagamento com cartão de crédito ou débito e dinheiro
que podem ser utilizados, como as redes sociais. E nestes casos, mesmo que o consumidor não tenha razão, muitas vezes a imagem do estabelecimento fica manchada. “É importante que as empresas conheçam o Código do Consumidor, especialmente o artigo 6º e seus incisos, que tratam da transparência de informações, preços e qualidade. O fornecedor de produtos e serviços deve agir preventivamente e treinar seus funcionários para que procedam da mesma forma”, destacou Ivete Ribeiro, do Procon. Stock
Serviços diferenciados e sustentabilidade Não foi somente em relação a seus direitos que o consumidor evoluiu. Hoje, as pessoas buscam também serviços diferenciados, produtos que atendam às suas necessidades de emergência e praticidade. Por isso, serviços diversos prestados por postos revendedores são considerados geradores de tráfego para o abastecimento. É o caso de serviços de alimentação, conveniência, lavanderia, lotérica ou outros existentes na área no posto. “Nosso posto tem mais de 50 anos e, neste período, o consumidor evoluiu, passou a buscar serviços diferentes, mais especializados. Tivemos de nos modernizar para não perder clientes”, contou o empresário Martinho de Arruda Botelho,
sócio e diretor de operações do Posto Castelo Plaza, localizado na rodovia Washington Luis, em São Carlos (SP). No caso dele, que possui um posto de estrada, a modernização veio, principalmente, nos serviços de alimentação voltados aos viajantes. Além disso, o posto prima pela limpeza dos sanitários, pelo bom atendimento voltado a caminhoneiros e oferece até mesmo uma pousada aos viajantes. A questão da sustentabilidade também é outro aspecto cada vez mais valorizado pelos consumidores. Um exemplo recente que demonstra isso é a preferência cada vez maior por serviços de lavagem de veículos “ecológica”, que reduz o uso
de água. Várias franquias estão apostando no serviço, de olho no consumidor mais consciente sobre a importância de reduzir o consumo. Outras iniciativas, como reúso de água, aproveitamento de energia solar e iluminação inteligente também contam com a simpatia do consumidor. A própria logística reversa, obrigatória, é cada vez mais valorizada pelos consumidores, que querem ter certeza de que os fornecedores/ fabricantes de produtos estão dando um destino adequado aos resíduos gerados. No caso do posto, a coleta de embalagens de lubrificantes conta pontos perante o consumidor ambientalmente consciente. Ter uma imagem sustentável é um diferencial no ambiente competitivo. n Combustíveis & Conveniência • 27
OPINIÃO 44 José Carlos Ulhôa Fonseca 4 vice-presidente da Fecombustíveis
Indignação população que, cada vez A nação brasileira está atordoada, indignada, mais percebe que pode e sentindo-se impotente no exercício de sua cidadania. deve exigir os seus direitos? Este é o sentimento da grande maioria de brasileiros Dentre todas as nos últimos tempos. necessidades urgentes, Momento difícil e necessário para o exercício de sabemos que a educação uma manifestação legítima, tendo em vista os atuais é o maior instrumento para o exercício pleno da demoacontecimentos que nos transtornam e que nos revoltam. Os noticiários nos massacram de forma impiedosa cracia, capaz de incutir na sociedade, nos cidadãos, mostrando com todas as letras a sujeira que estava novos valores e mudar hábitos e costumes arraigados. debaixo do tapete colocada por aqueles que, ao conEstamos fartos de saber que povo educado é povo ordeiro e sabedor de seus direitos e deveres. trário, deveriam exercer seu papel de forma honesta, A educação, portanto, precisa ser a grande priomas não o fizeram. Impressiona o cinismo, os conchavos, os esqueridade nacional. Não obstante, isso deve ocorrer de maneira concomitante às novas políticas que o mas e estratégias mirabolantes para a concretização Brasil precisa, bem como a formação estratégica da corrupção. Uma verdadeira organização criminode uma poupança nacional, de investimentos em sa solapa nosso país. Tira dos brasileiros o básico: infraestrutura, entre outras. hospitais aparelhados, escolas modernas, ambos E o setor patronal, que com profissionais valorizados contribui para o desenvolvie competentes, segurança Temos que dar um basta e maniconfiável e atuante, transporte mento, que gera empregos e festar, em todos os níveis, de forma digno, enfim um Estado que renda, não pode ficar passivo ordeira e civilizada, nossa indignação, ao caos moral e institucional respeita e devolve aos seus pois, se assim não agirmos, o futuro instalado no país. cidadãos os tributos que lhes são retidos impiedosamente e estará profundamente comprometido Temos que dar um basta que, em nosso país, configuram- e seremos julgados impiedosamente nisto e manifestar, em todos pelas gerações dos novos tempos os níveis, de forma ordeira e -se, hoje, numa das maiores civilizada, nossa indignação, cargas tributárias do mundo. pois, se assim não agirmos, Não há como tapar o sol o futuro estará profundamente comprometido e com a peneira: a avalanche de tributos que nos achatam seremos julgados impiedosamente pelas gerações corroem nossa força produtiva. E se não fossem os dos novos tempos. desvios e a roubalheira, seria perfeitamente suficiente É comum ouvirmos sobre o receio de muitos, para transformar nosso país numa grande nação. do medo de retaliações que o empresário sofra ao Chegamos ao fundo do poço? Perguntariam alguns. estampar publicamente a sua indignação, como se Temos como consertar os estragos e em quanto tempo? tudo devesse continuar nas mãos dos aproveitadores Indagariam outros. O que podemos fazer para mudar de plantão, como se aqui fosse o quintal exclusivo de o panorama político e institucional por qual passamos alguns privilegiados praticantes de maracutaias, hoje, agora? Questionaria a maioria. disseminadas em todos os quadrantes institucionais. Na verdade, são perguntas do cotidiano que se Até quando ficaremos acomodados? As manifazem todos os brasileiros conscientes, lúcidos, independentes e honestos! festações ocorridas no dia 15 de março nos levam a Seria uma reforma política imediata? Uma revisão crer que algo está mudando. Se não reagirmos, será em nosso Código Penal de forma a torná-lo célere, com quando nos transformarão naquilo que condenamos punições adequadas para enfrentar a gravidade dos fatos nos exemplos de alguns países fronteiriços! que, hoje, grassam à margem da lei? Passaria também Chega! Vamos reagir, vamos dar um basta, vamos por uma reforma tributária e criação de instrumentos construir um novo amanhã com mais educação, saúde gestão mais modernos e transparentes? Ou por uma de, segurança e justiça efetiva e rigorosa, seja com o reforma educacional compatível com os anseios de uma governo que estiver no poder, não importa. 28 • Combustíveis & Conveniência
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44 NA PRÁTICA
Parece, mas não é A revenda de todo o país convive quase que diariamente com ações de fiscalização, o problema é que nem todas as entidades que se apresentam como fiscalizadoras podem notificar ou autuar postos. Confira os casos que aconteceram em diferentes estados do país
Agência Petrobras
Postos foram fiscalizados por entidades que não têm poder de fiscalização e, em alguns casos, houve autuação
Por Mônica Serrano Não é novidade que a revenda brasileira é um dos setores mais fiscalizados do país. A lista de órgãos é notoriamente extensa e abrange ANP, Inmetro, Procons, Corpo de Bombeiros, Ministério do Trabalho e Emprego, órgãos ambientais estaduais e municipais, prefeituras, entre outras. Como se não bastasse a lista longa, alguns postos vêm sofrendo ações de fiscalização do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), Conselho Regional de Química (CRQ) e Conselho Regional de Veterinária 30 • Combustíveis & Conveniência
(CRV). Um detalhe importante é que tais órgãos não têm poder de fiscalização sobre os postos. Os casos mais recentes ocorreram em Minas Gerais, no ano passado, com a fiscalização do CREA. A mesma entidade também fiscalizou postos em Alagoas, Bahia e no Rio Grande do Sul. “Achei muito estranho quando o CREA veio aqui no ano passado, inclusive perguntei se eles não teriam que fiscalizar os engenheiros. Até então, nunca tínhamos sido fiscalizados por esta entidade. Pediram para apresentarmos a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) das empresas
que fazem manutenção dos extintores de incêndio, testes de estanqueidade e manutenção das bombas “, disse Nora Paiva Ribeiro, gerente do Auto Posto Esperança, de Varginha (MG). Assim como o Auto Posto Esperança, quase todos os postos de Varginha foram notificados pela entidade. O CREA-MG também fiscalizou alguns postos em Belo Horizonte. O posto Torque Diesel foi um deles e o CREA solicitou uma lista de documentos referentes à manutenção de equipamentos, cujo trabalho tanto pode ser realizado por engenheiros como por profissionais técnicos. Neste estabelecimento,
Em Alagoas, o CREA realizou força-tarefa em, aproximadamente, 50 postos da capital. Assim como em Minas, solicitaram aos postos as ART de empresas que prestavam serviços de manutenção de bombas, extintores de incêndio, entre outros. Aqueles que não apresentassem a documentação seriam multados. Após tomar conhecimento do fato, com a intervenção do Sindicombustíveis - AL, a fiscalização foi suspensa. “O CREA não tem competência para fiscalizar entidade privada. Após a reunião com o sindicato, tudo foi devidamente esclarecido e deixaram de notificar os postos da região”, disse Luiz Henrique Cavalcante Mello, assessor jurídico do sindicato.
Claudio Ferreira/Somafoto
Fiscalização em Alagoas
CREA x CRQ Já no Rio Grande do Sul, tanto o CREA como o CRQ da 5ª região solicitaram aos revendedores uma série de comprovações das responsabilidades técnicas por serviços feitos para os estabelecimentos. A finalidade era multar os postos que não apresentassem a ART ou a Anotação de Função Técnica (AFT) dos serviços prestados por profissionais registrados naqueles conselhos. A fiscalização gerou conflito de interesses dos respectivos conselhos, ocasionando multas para a revenda. Segundo Felipe Goidanich, advogado do Sulpetro e assessor jurídico da Fecombustíveis, no caso do CRQ, muitos postos gaúchos foram alvo de processos administrativos, que
Claudio Ferreira/Somafoto
não houve problemas. Porém, houve casos de postos que foram notificados com autos de infração. Procurado, o Crea-MG informou que a ação nos postos teve como objetivo verificar a existência de profissional habilitado responsável pelas manutenções, inspeções e assistência técnica das atividades relacionadas à engenharia. Arthur Villamil, assessor jurídico da Fecombustíveis e advogado do Minaspetro, que acompanhou a atuação do CREA-MG, disse que o posto revendedor de combustíveis não desempenha atividades inerentes à profissão de engenheiro ou de agrônomo, portanto, não está subordinado à fiscalização, ao registro e à ART junto ao CREA. Mesmo que alguns equipamentos necessitem de manutenção periódica, feita por profissional qualificado, o trabalho pode ser desempenhado por técnicos devidamente capacitados, sem a exigência da supervisão de engenheiro ou de que seja feito por um profissional de engenharia. “Este é o entendimento unânime dos tribunais brasileiros, que têm entendido completamente ilegal a exigência de anotação de responsabilidade técnica para serviços dessa natureza”, esclareceu. “Se o CREA, qualquer que seja o local em que atue, continuar a exercer fiscalização sobre os postos, esta prática pode ser considerada abusiva e a revenda poderá questionar a conduta da entidade judicialmente”, completou Villamil. Após reunião convocada pelo Minaspetro com o CREA-MG, foi comprovado que não há legitimidade jurídica para a entidade solicitar documentos aos postos.
Alguns serviços de manutenção técnica de equipamentos, como ART e última nota fiscal referente aos serviços de manutenção das bombas de abastecimentos e calibradores, foram solicitados pelo CREA Combustíveis & Conveniência • 31
44 NA PRÁTICA
Stock
Stock
resultaram na aplicação de multa pecuniária, por apresentarem a ART de engenheiros químicos registrados no CREA, ao invés de ART de químicos registrados no CRQ, para o exercício da atividade de revenda de GNV e também para o transporte de combustíveis. O Sulpetro chegou a ajuizar ação declaratória contra o CRQ na qual obteve sentença definitiva que julgou “procedente o pedido para reconhecer a inexistência de relação jurídica capaz de obrigar os substituídos pelo Sindicato a manterem em seus quadros funcionais, em caráter permanente, profissionais inscritos junto ao Conselho Regional de Química da 5ª Região, declarando, por consequência, a insubsistência dos autos de infração que lhes foram impostos em razão da falta de anotação de responsabilidade técnica perante o referido Conselho”. Nesse contexto, nem o CREA e nem o CRQ têm competência
para fiscalizar os postos de combustíveis, já que o enquadramento da atividade do estabelecimento é que determina se a empresa está sujeita a fiscalização do CREA ou do CRQ. “No caso dos postos de combustíveis, a atividade preponderante (comércio varejista de combustíveis automotivos) não está elencada no rol taxativo previsto em lei”, disse Goidanich. Ele também enfatiza que não há nenhuma disposição legal que confira competência para o CREA ou CRQ exigir a apresentação de documentos, lavrar autos de infração ou aplicar sanções aos postos de combustíveis pelo simples fato de que a competência dos Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia se limita às atividades das profissões de engenheiro, arquiteto e engenheiro-agrônomo e dos Conselhos Regionais de Química às de químico.
Tripla fiscalização Na Bahia, além do CREA e do CRQ , os postos sofreram ações de fiscalização até do Conselho Regional de Veterinária (CRV), que alegava fiscalização nos postos que comercializavam rações de animais e, portanto, seriam obrigados a terem registro junto ao Conselho de veterinários. “Foram poucos os postos autuados pelo CRQ e CRV, contudo, o CREA lavrou muitos autos de infração sob o fundamento de que o posto estaria funcionando sem responsável técnico pela manutenção de ar comprimido,
Na área de segurança, também houve solicitação da ART e projeto de prevenção e combate a incêndio e pânico, manutenção de extintores e contrato de prestação de serviços de instalação e manutenção de sistemas de alarmes e vigilância eletrônica 32 • Combustíveis & Conveniência
O que é ART? Anotação de Responsabilidade Técnica é um documento que responsabiliza os profissionais pela execução de obras ou prestação de serviços de engenharia, de agronomia e das demais profissões regulamentadas e fiscalizadas pelo CREA. Representa, de certa forma, um certificado de garantia para o contratante, além de ser um documento que integra processos éticos e judiciais pela não satisfação do cliente pelos serviços prestados, podendo ser utilizado em situações que ameacem o cumprimento das regras estipuladas nos contratos. bombas de combustíveis, compressores de estação de GNV, elevador hidráulico, estrutura metálica, extintores, para-raios, subestação elétrica, tanques de combustíveis, testes de estanqueidade e vasos de pressão”, disse Jorge Matos, advogado do Sindicombustíveis Bahia. Tal situação ocorreu há cerca de dois anos, porém, atualmente, os conselhos (CREA, CRQ e CRV) não têm mais atuado na fiscalização de postos. De acordo com Matos, o setor jurídico do sindicato baiano orienta os associados no sentido de que a fiscalização deve ser recebida e informada quanto ao procedimento a ser realizado, alertando a existência de incompetência por se tratar de atividade vinculada à cadeia de combustíveis e que dispõe de órgãos específicos de fiscalização. Esclarecer àqueles que tencionam fiscalizar que os serviços abrangidos pelos conselhos são efetuados por empresas terceirizadas e, estas, dispõem de responsável técnico. n
NA PRÁTICA33 O Sped trouxe uma grande mudança para efetuar os controles fiscais das empresas, mas, até hoje, muitos contribuintes, como os revendedores, sentem dificuldades
Stock
Evolução constante Desde que entrou em vigor no país, o Sped passa por frequentes atualizações e em estágios diferentes nos estados brasileiros, o que dificulta a adaptação dos revendedores às novas exigências fiscais e contábeis Por Gisele de Oliveira O avanço tecnológico trouxe para o dia a dia das empresas um ambiente mais integrado, onde a troca de informações e os processos estão cada vez mais eficientes e, portanto, em evolução constante. E toda essa dinâmica não se refere apenas ao ambiente interno da empresa, também se estende na comunicação com fornecedores, clientes e órgãos do governo. Na área contábil, o Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) trouxe uma grande mudança para efetuar os controles fiscais das empresas, mas, até hoje, muitos contribuintes, como os revendedores, sentem dificuldades na hora de declarar os dados em função das constantes mudanças de sistemas. Quando o Sped entrou em vigor, em 2007, o sistema foi
considerado uma alternativa viável para padronizar e compartilhar informações contábeis e fiscais através da certificação digital das operações realizadas pelos contribuintes, tornando, assim, o processo de cruzamento de dados mais ágil para identificação de fraudes e sonegação fiscal. Além disso, outros benefícios com o uso do Sped foram apresentados, como a redução de custos e de emissão e armazenamento de documentos em papel e diminuição do tempo gasto com a presença de auditores fiscais nas empresas. No entanto, como toda novidade, a implantação do sistema não foi fácil e, mesmo hoje em dia, os contribuintes esbarram em dificuldades porque o Sped passa por atualizações frequentes dos softwares. Todas essas atualizações acontecem porque cada estado possui autonomia para estabelecer
o cronograma de implantação do sistema e, portanto, a forma que será gerenciada e arrecadada a tributação. Atualmente, os contribuintes convivem com três legislações fiscais novas e diferenciadas, além da regulamentação atual que deve ter ainda uma sobrevida. E mais mudanças devem vir por aí na legislação. Está previsto para o segundo semestre a expansão da Nota Fiscal do Consumidor Eletrônica (NFC-e) em outros estados brasileiros. Até agora, já adotam a NFC-e os estados do Acre, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Sergipe. Em São Paulo, por exemplo, a expectativa é com a entrada em vigor do SAT-CF-e para alguns segmentos, como o da revenda (Leia Box). Outra novidade a caminho é nova geração do Emissor Combustíveis & Conveniência • 33
44 NA PRÁTICA de Cupom Fiscal (ECF), que exige a presença de um módulo fiscal blindado (MFB) ao equipamento. O vice-presidente de Software Houses da Associação Brasileira de Automação Comercial (Afrac), Edgard de Castro, acredita, no entanto, que as principais dificuldades já foram superadas, pois os problemas estavam relacionados, principalmente, a rotinas operacionais, muitas vezes manuais, e sistemas que não tratavam ou armazenavam as informações necessárias adequadamente. “As atualizações, na maioria das vezes, aconteceram como forma de incrementar a declaração das informações. Além disso, se o posto tivesse um software com manutenção periódica e serviços contábeis atualizados, não deveria ter problemas de inconsistências nas gerações dos arquivos de Sped”, comentou Castro, que também é vice-presidente de Abieps. Por isso, a melhor maneira de manter-se atualizado ainda é contratar um escritório contábil ou consultor, ambos com experiência no segmento de combustíveis. Outra dica é ter um sistema de automação comercial atualizado e com manutenção mensal e um suporte tributário para informações fiscais dos produtos, caso o contador não forneça esse serviço. Vale lembrar que, graças ao processo digital, a Receita Federal tem maior controle sobre as operações comerciais realizadas dentro do país, já que consegue identificar rapidamente qualquer detalhe não informado ou inconsistência por meio do confronto de dados recebidos por outros agentes, como ANP, Inmetro, administradoras de cartões de crédito 34 • Combustíveis & Conveniência
Nova exigência fiscal para os postos em São Paulo A partir de 1º de julho deste ano, os postos de combustíveis no estado de São Paulo passarão a conviver com mais uma obrigatoriedade fiscal. É a implantação do Sistema Autenticador e Transmissor de Cupons Fiscais Eletrônicos (SAT-CF-e), que irá substituir o atual ECF com o objetivo de documentar, de forma eletrônica, as operações comerciais do varejo de combustíveis no estado paulista. Para os demais comerciantes, a Secretaria de Fazenda (Sefaz) estadual permitirá que as informações relativas às vendas sejam transmitidas pelo ECF. Ou seja, se um estabelecimento comercial que não for posto de combustíveis possuir um ECF dentro de cinco anos, não será obrigatória a substituição pelo SAT a partir de julho. Porém, se por algum motivo, o comerciante precisar de um novo equipamento, este deverá ser automaticamente atendido pelo SAT. Para a Afrac, a medida prejudica os postos, que não terão a possibilidade de conviver com os dois sistemas, mesmo que tenham adquirido um emissor de cupom fiscal recentemente. Por isso, a entidade solicitou à Sefaz que o prazo fosse revisto, permitindo à revenda o mesmo critério estabelecido para os demais setores do comércio varejista. Até o fechamento desta edição, ainda não havia resposta definitiva da Secretaria sobre a questão. Enquanto isso não acontece, é importante que os revendedores fiquem atentos ao assunto e, nos casos em que a atividade de venda de combustíveis e loja de conveniência tenham CNPJ diferentes, a substituição do ECF para o SAT-CEF-e deverá ser feita somente para a atividade de venda de combustíveis, enquanto que, na loja de conveniência, a declaração de dados poderá continuar sendo feita pelo ECF. “A principal vantagem do sistema SAT é que ele reduz o volume de atividades acessórias realizadas por contadores para validação de vendas junto à Secretaria de Fazenda, além da própria redução de custo com aquisição e manutenção de equipamentos”, contou Wilmar Poli, gerente comercial da Divisão de Automação Comercial da Dimep, empresa especializada no desenvolvimento de soluções tecnológicas para o ramo de automação comercial. Segundo ele, o custo com software SAT mais impressora de cupom não fiscal sai em torno de R$ 1,7 mil. No ECF, o preço varia entre R$ 1,7 mil a R$ 2,4 mil, além dos custos com a lacração física – solução que impede a abertura do módulo fiscal – a cada intervenção feita. Outro benefício é o fato de que o novo sistema não possui prazo de validação e problemas com armazenamento de informações, como é o caso do ECF. etc. E todo esse controle gera penalizações e multas de acordo com as legislações estaduais. “O importante é o revendedor aproveitar o momento e se adequar ao novo modelo
proposto, pois a ideia é tornar o processo menos burocrático, automatizando algumas rotinas, para que a empresa tenha cada vez mais foco na gestão do negócio”, disse Castro. n
NA PRÁTICA33
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Tempo de economizar Com os pesados reajustes na conta de luz, juntamente com o nível de água dos reservatórios abaixo do ideal em alguns estados, vale a pena o revendedor repensar seus hábitos de consumo e adotar uma nova conduta para reduzir os gastos com água e energia elétrica
Por Adriana Cardoso A forte estiagem que atingiu, especialmente, a região Sudeste do país no ano passado, associada à falta de planejamento dos governos em obras de infraestrutura, resultou numa redução drástica nos níveis dos reservatórios, tanto para distribuição de água como para energia elétrica. Assim, a falta d’água não secou apenas a torneira, mas fez com que as usinas termelétricas – movidas a diesel e carvão mineral e, portanto, mais poluentes – fossem utilizadas como nunca antes na história deste país. Como o custo de produção delas é mais caro, a fatura foi parar no colo dos cidadãos. Além disso, o governo deixou de intervir no controle de preços das tarifas administradas pela União, caso da energia elétrica.
Em tempos de elevação de custos e escassez de recursos naturais, nada melhor do que buscar meios de economizar água e energia, não só para benefício do bolso, mas também pelo aspecto ambiental da proposta. Os especialistas ouvidos pela Combustíveis & Conveniência apontam os caminhos para a revenda de combustíveis nesse sentido: uns mais simples, outros mais sofisticados. “Em primeiro lugar, deve-se identificar onde estão os pontos críticos. No caso do posto, são na iluminação, na refrigeração, nos eletrodomésticos e compressores. A partir daí, pode-se fazer mudanças”, explicou Ennio Peres da Silva, coordenador do laboratório de hidrogênio e de planejamento de sistemas energéticos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Dependendo do caso, esse trabalho pode ser feito com a ajuda de um especialista. Mas o próprio revendedor pode fazer uma conta aproximada e descobrir o gargalo. De acordo com Silva, para se chegar à quantidade de energia gasta, deve-se multiplicar a potência de cada equipamento com o tempo de uso. Para exemplificar, ele usa o chuveiro elétrico: “A potência máxima que um chuveiro pode desempenhar é 7,5 quilowatts. Fazemos esse uso normalmente no inverno. Quanto maior a potência usada, maior o gasto. Se o tempo for grande, o custo vai ser maior ainda. Sendo assim, podemos reduzir o consumo de duas formas: na potência e no tempo de uso”, aconselhou. Essa conta básica serve para todos os equipamentos, incluindo as lâmpadas. Neste Combustíveis & Conveniência • 35
44 NA PRÁTICA caso, o caminho é pela substituição das lâmpadas pelas mais econômicas. Há vários postos que fizeram a substituição da iluminação pelas lâmpadas LED, porém, o preço de aquisição é maior. Antes de fazer qualquer modificação, é preciso avaliar a relação custo-benefício. “De nada adianta fazer um investimento para economizar se a economia que se vai fazer no tempo de vida do equipamento não vale a pena”, alertou o professor.
Se não é possível mudar a tecnologia do produto, diz ele, o melhor é reduzir o tempo de consumo. “Se o dia está claro, não ligar a luz e, quando fazê-lo, não acender todas de uma vez. Sensores de presença também são uma boa alternativa”, orientou. O diretor de Postos de Rodovia da Fecombustíveis, Ricardo Hashimoto, diz que vem tentando reduzir a iluminação do pátio. “Mas fica difícil vender gastando menos energia”, sintetizou ele,
lembrando que tem feito o máximo para diminuir o consumo de água. “Já não lavamos mais a cobertura e pedimos até aos clientes mais antigos que não desperdicem”, afirmou.
Projeto redução de gastos Guilherme de Oliveira Camargo, consultor de eficiência energética do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de Santa Catarina (Senai), desenvolveu um
Instalar sensores de presença e adotar a iluminação natural são pequenas atitudes que contribuem para diminuir os gastos com energia
Paulo Pereira
36 • Combustíveis & Conveniência
A conta de luz chegou mais salgada em março, com o reajuste das bandeiras tarifárias em até 83%
Paulo Pereira
projeto chamado Diagnóstico de Eficiência Energética para uma grande rede de combustíveis do estado. O consumo da rede, segundo ele, é alto por conta, especialmente, dos compressores de GNV, que podem ultrapassar 90% dos gastos de energia de
um posto, dependendo do volume comercializado. Somado a isso, a matriz energética de Santa Catarina é basicamente térmica, com muitos impostos agregados, o que fez com que o reajuste batesse na casa dos 62%. Com o diagnóstico, foram feitas várias sugestões, como
Conta pesada Desde o início de março, a conta de luz está, em média, 23,4% mais salgada em todo o país. Em São Paulo, o aumento médio das tarifas da Eletropaulo é da ordem de 31,9%. No Rio de Janeiro, o reajuste da Light está na casa dos 22,5%. No total, 58 distribuidoras de eletricidade do país tiveram reajustes autorizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O órgão regulador criou as bandeiras tarifárias, uma espécie de sinalização semafórica com as cores verde, amarela e vermelha, para identificar o tipo de sistema que está sendo usado naquele mês. Esse sistema permite o repasse mensal aos consumidores de parte do gasto extra das distribuidoras com o aumento do custo da eletricidade. O reajuste das bandeiras tarifárias foi bem salgado no terceiro mês do ano: de até 83%. A vermelha, por exemplo, passou de R$ 3 para R$ 5,50 cada 100 quilowatt-hora (kWh) consumido. Já a bandeira amarela subiu de R$ 1,50 para R$ 2,50 para cada 100 kWh. Quando a conta de luz traz a bandeira verde, significa que as condições de geração de energia estão favoráveis e, portanto, não há nenhuma cobrança a mais.
coleta de água de chuva bem como seu aquecimento por meio de um sistema de aquecimento solar (a água quente facilita mais a limpeza), instalação de energia fotovoltaica ou eólica (há postos a beira-mar) e, na loja de conveniência, o uso de uma tinta granalha de vidro, que reflete os raios solares deixando o ambiente mais fresco, diminuindo, assim, a necessidade do uso do ar condicionado. “Quanto ao problema do GNV, a solução seria incentivar o abastecimento fora do horário do pico do custo de energia (das 18h30 às 21h30). A precificação diferenciada seria um caminho para reduzir os gastos com energia”, apontou. As bombas de combustível e o ar comprimido estão entre os campeões de gastos dos postos e, como não dá para parar de vender combustíveis, o jeito é ficar de olho na manutenção dos equipamentos. “O ar comprimido custa de sete a dez vezes o custo de energia elétrica e, portanto, é extremamente importante verificar se há vazamentos”, disse Camargo. O professor Ennio Peres da Silva confirma que os compressores são mesmos os vilões do consumo. “O problema são os vazamentos. Quando ele está ligado, puxa muita energia e, se há vazamentos, ele fica ligando e desligando toda hora, aumentando o consumo. Antes de trocá-lo, é melhor verificar se não há vazamentos de ar na linha”, aconselhou. Combustíveis & Conveniência • 37
44 NA PRÁTICA Sobre o uso de matrizes alternativas de energia, como a solar, Silva vê mais vantagens para o uso residencial do que comercial. “O posto teria que gerar uma quantidade de energia muito grande. Uma área de, aproximadamente, 200 m 2 de painéis gera um pico de energia de 3kWh. Um posto precisa mais do que isso, o que tornaria os custos elevados”, estimou. O pacote com todas as mudanças propostas pelo consultor do Senai cus taria em torno de R$ 500 mil (para 12 postos), com previsão de recuperação do investimento em 36 meses, para o caso de ser feito pelo próprio dono. Se todas as mudanças propostas forem implantadas, a conta de luz pode cair pela metade. Agora, o projeto está em fase de busca de subsídios. Pelo levantamento do consultor, dos 5,4 mil postos de combustíveis de Santa Catarina, 2 mil comercializam GNV.
Oficinas Por meio do Programa de Gestão Ambiental, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP) ministra oficinas com dicas básicas de economia de água e energia. No caso dos postos de combustíveis, a consultora do Sebrae-SP, Dorli Martins, diz que os telhados têm o tamanho ideal para construção de cisternas para captação de água de chuva. “A água captada por essas cisternas pode servir para 38 • Combustíveis & Conveniência
abastecer as descargas dos banheiros e para lavagem de carro, por exemplo, e não são caras”, afirmou. Num posto com área de cobertura de 500 m2, Dorli calcula que o investimento no sistema gira em torno de R$ 3,5 mil a R$ 4 mil, propiciando uma economia média de 30% no consumo. A mudança de alguns hábitos também é fundamental. “Usar mangueiras com redutor de vazão e desligá-la enquanto lava e esfrega o automóvel ou o piso; deixar os recipientes de molho antes de enxaguá-los nas lojas de conveniência; reúsar a água para lavar pisos e banheiros são pequenas mudanças que geram economia”, salientou Dorli. Além da troca de lâmpadas pelos modelos mais econômicos, a consultora lembra a importância de manter freezers, geladeiras e equipamentos de ar condicionado regulados e com a manutenção em dia. Dentro do possível, usar telhas translúcidas no telhado e cores claras nas paredes e tetos para aproveitar melhor a iluminação natural. Embora fevereiro tenha registrado os maiores índices pluviométricos da história em São Paulo, as chuvas não foram suficientes para aumentar os níveis dos reservatórios a níveis seguros. Tudo indica que a situação que enfrentamos agora deve perdurar por mais tempo e as crises hídrica e elétrica servem de alerta para todos. Sendo assim, toda economia é bem-vinda. n
Dicas para economizar água e energia Iluminação a Troque as lâmpadas incandescentes pelas fluorescentes, que são mais econômicas. Se for vantajoso, opte pelas de LED; a Instale sensores de presença; a Use, ao máximo, a iluminação natural e, quando for acender as luzes, faça aos poucos; a Utilize cores claras nas paredes e no teto. Equipamentos a Verifique periodicamente a regulagem de geladeiras, freezers e ar condicionado; a Faça a limpeza e manutenção de equipamentos para evitar perda de eficiência ou mau funcionamento; a Modifique a temperatura do ar condicionado no decorrer do dia; a Se possível, instale jatos de ar na porta do estabelecimento. São baratos e evita a perda de ar frio quando a porta é aberta; a Verifique periodicamente se há vazamento de ar nos compressores; a De modo algum, utilize ar comprimido para limpeza. Água a Instale cisternas para captação de água de chuva; a Utilize água de reúso para limpezas em geral; a Use redutores de vazão em mangueiras. Desligue-as enquanto ensaboa ou esfrega o chão; a Deixe louças de molho e enxágue-as rapidamente; a Na medida do possível, instale torneiras com sensores em lavabos e pias.
Fontes: Ennio Peres da Silva, professor da Unicamp; Dorli Martins, consultora do Sebrae-SP; e Guilherme de Oliveira Camargo, consultor do Senai-SC
OPINIÃO 44 Felipe Klein Goidanich 4 Consultor jurídico da Fecombustíveis
Exigência sem fundamento legal
Nessa linha, a civiJá foi abordado neste espaço que seria conveniente a ANP adotar a exigência da quitação de lista Maria Helena Diniz dívida da empresa antecessora, para deferimento do (in Curso de Direito Civil Brasileiro. Saraiva : São pedido de autorização para o exercício da atividade revendedor varejista de combustíveis, somente nos Paulo. 1997. Vol.1. p. casos em que há indícios de fraude ou de sucessão 142) preleciona: de empresas. Isso porque não existe suporte legal “A pessoa jurídica é uma realidade autônoma, para a exigência que vem desde a extinta Portaria capaz de direitos e obrigações, independenteANP 116/00. mente dos membros que a compõem, com os A atual Resolução 41/2013, que regulamenta quais não tem nenhum vínculo, agindo por si a atividade de postos de combustíveis, também só, comprando, vendendo, alugando etc., sem traz em seu bojo exigências sem fundamento legal, qualquer ligação com a vontade individual das como a abaixo reproduzida: pessoas físicas que dela fazem parte. Realmente, “Art. 8º Será indeferida a solicitação de autoseus componentes somente responderão por seus débitos dentro dos limites rização à pessoa jurídica: do capital social, ficando (...) Não existe fundamento legal para a a saldo o patrimônio indiV - de cujo quadro de ANP indeferir pedido de autorização vidual. Essa limitação da sócios participe pessoa física de posto revendedor somente pelo ou jurídica que tenha sido responsabilidade ao patrifato de que, no quadro de sócios, sócio de pessoa jurídica mônio da pessoa jurídica é participe pessoa física que tenha que não tenha liquidado uma consequência lógica sido sócia de pessoa jurídica que débito, inscrito no Cadin, de sua personalidade juríem data anterior ao do dica, constituindo uma de não tenha liquidado débito inscrito requerimento, constituído suas maiores vantagens.” no Cadin em data anterior a do após decisão administraTanto o Código Civil requerimento como o Código Tributário tiva definitiva, decorrente permitem a transferência do exercício de atividade da responsabilidade pelo pagamento de débitos regulada pela ANP, de acordo com a Lei nº 9.847, da pessoa jurídica para os administradores e, exde 26 de outubro de 1999;” A partir da premissa acima, a ANP exige, para cepcionalmente, sócios à época dos fatos apenas concessão do Certificado de Posto Revendedor, o no caso em que estes tenham agido com abuso pagamento de dívidas inscritas no Cadastro Informados poderes ou infração da lei, do contrato ou do estatuto social. tivo de créditos não quitados do setor público federal Portanto, não existe fundamento legal para (Cadin) de outras empresas, inclusive as que operaram a ANP indeferir pedido de autorização de posto em endereço diverso, pelo simples fato de que um revendedor somente pelo fato de que, no quadro dos sócios da empresa solicitante da autorização foi de sócios, participe pessoa física que tenha sido sócio de outra que tem dívida vencida com a ANP. sócia de pessoa jurídica que não tenha liquidado Porém, há que se salientar que, no direito débito inscrito no Cadin em data anterior a do brasileiro, impera o princípio da existência indivirequerimento. Trata-se de uso indevido das atridualizada da pessoa jurídica, o que significa dizer que a pessoa jurídica é reconhecida pelo direito buições legais para coação do revendedor inocente como sujeito de direitos e obrigações, tendo sua ao pagamento da dívida de terceiros, o que não existência distinta de seus membros. tem tido respaldo no judiciário.
Combustíveis & Conveniência • 39
44 REPORTAGEM DE CAPA
Efeito cascata Os desdobramentos da Operação Lava Jato e a situação financeira delicada estão levando a Petrobras para um cenário nebuloso, sem previsão para o fim das turbulências no curto prazo Por Gisele de Oliveira e Rosemeire Guidoni Alvo do maior escândalo de corrupção do país, a Petrobras está afundada numa crise sem limites. A empresa perdeu o grau de investimento, deixou de compor o Índice Dow Jones Mundial de Sustentabilidade (DJSI), o mais importante índice internacional de sustentabilidade, está altamente endividada e afugentou investidores, como reflexo da falta de credibilidade. A gigante nacional vai reduzir de tamanho, pois recentemente colocou à venda parte de seus ativos na tentativa de ganhar fôlego para se capitalizar. A situação da estatal vem se complicando e não é de hoje. O caixa da empresa ficou comprometido com o passar dos anos pelo impacto da sua política de preços com a intervenção do governo como forma de controlar a inflação. Em função da forte demanda por óleo diesel e gasolina no mercado interno, motivada, principalmente, pelos incentivos concedidos para aquisição de automóveis e pelo bom desempenho do setor de commodities, a empresa passou a importar cada vez mais combustíveis, já que suas refinarias operavam com sua capacidade no limite. Assim, enquanto o preço do petróleo cru 40 • Combustíveis & Conveniência
e seus derivados estavam em alta no mercado internacional, a Petrobras importava os produtos, mas não repassava estes custos para os demais elos da cadeia. Como resultado, criou-se uma defasagem de preços entre os mercados interno e externo, atingindo em cheio a companhia. “A Petrobras importa combustíveis desde 2009, 2010 em função da política de preços adotada antes. Isso criou um rombo na empresa em torno de R$ 50 bilhões”, comentou Adriano Pires, sócio-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). O cenário para a Petrobras chegou a melhorar um pouco no segundo semestre de 2014, quando os preços dos óleos crus no mercado externo caíram de US$ 100/barril para US$ 50/barril. De novembro a janeiro, segundo o CBIE, os ganhos estimados à estatal com a diferença de preços entre os dois mercados alcançaram R$ 5,3 bilhões. Porém, voltou a ficar ruim a partir de fevereiro deste ano devido à recuperação do preço do petróleo lá fora, que subiu cerca de 36% em relação a janeiro deste ano; e ao câmbio elevado no país, com o dólar ultrapassando a marca dos R$ 3 - o mais alto dos últimos dez anos. Prova de como esses dois fatores voltaram a pesar negativamente para a Petrobras é que
cálculos feitos pelo CBIE, com base em dados da segunda semana de março, indicam que o preço da gasolina nas refinarias brasileiras estava 0,6% acima do preço internacional. Em janeiro, a diferença à favor da estatal atingiu pico de 67,8%. No caso do óleo diesel, ainda há ganhos para a petroleira, com o preço do combustível fóssil nas refinarias nacionais 11% acima do verificado no Golfo do México.
Pré-sal
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Não bastasse toda a desordem na política de preços, o baixo preço do petróleo no mercado internacional também traz impactos diretos para a exploração e produção, considerando que o principal plano da companhia está voltado para os campos do pré-sal. Tomando como base todas as perdas já registradas, somadas ao alto endividamento da empresa (a dívida bruta chegou a R$ 307 bilhões no final do segundo trimestre de 2014), a Petrobras teria que recorrer a mais empréstimos no mercado para conseguir manter a exploração, o que poderia se tornar inviável caso o preço do petróleo atingisse um patamar abaixo de US$ 50 o barril, uma vez que o ganho não compensa o custo de produção, segundo Roberto Luis Troster, doutor em economia pela Universidade de São Paulo (USP) e ex-economista-chefe da Federação Brasileira de
Bancos (Febraban). “O custo de financiamento da Petrobras aumentou muito porque os juros aumentaram. Além disso, o preço do petróleo no mercado internacional baixou, o que fez com que muitos dos projetos da Petrobras ficassem inviáveis”, explicou.
Desinvestimentos A atual crise institucional e financeira fez a Petrobras rever sua política de investimentos. Para manter a viabilidade dos projetos na camada do pré-sal, reduzir sua dívida e preservar seu caixa, a empresa colocou à venda parte de seu patrimônio, que inclui uma fatia da BR Distribuidora, postos de combustíveis no exterior, usinas térmicas e participações em distribuidoras de gás natural e em campos de petróleo. A estatal espera captar US$ 3,7 bilhões com a operação no biênio 2015 e 2016. A venda de ativos no segmento de distribuição (a bandeira BR no exterior e parte da BR no Brasil) é benéfica para a empresa, de acordo com Troster. “Desmobilizar o capital, neste momento, é importante para recompor as perdas. A venda de postos da bandeira no exterior é interessante, pois a transação será feita em dólar e o câmbio, neste caso, seria muito favorável. E com certeza existem muitos grupos interessados na compra”, afirmou. Para Troster, embora seja interessante para grupos internacionais, a Combustíveis & Conveniência • 41
44 REPORTAGEM DE CAPA
transação também pode atrair empresas que já atuam no país. “O Cade poderia julgar se haveria concentração com uma outra distribuidora adquirindo parte da rede BR. Na verdade, são necessárias regras para controle da concorrência”, destacou. Procurado pela reportagem, o Bradesco BBI, responsável pela venda da BR, não se manifestou sobre o assunto. Questionada, a BR Distribuidora informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que os
Importações seguem em alta Os preços do barril de petróleo em queda no mercado internacional e a política de preços praticada no mercado brasileiro pela Petrobras ampliaram a participação de empresas importadoras e exportadoras de combustíveis no país. De acordo com a ANP, no ano passado, foram emitidas 21 autorizações a mais do que em 2013, número que pode ser atribuído, em parte, pelas condições atuais do mercado interno. Emboranãotenhamconfirmado a compra de derivados por meio de empresas importadoras, acredita-se que as distribuidoras estariam importando pequenas cargas para aproveitar as oportunidades geradas no exterior. No entanto, o cenário, que era favorável às distri42 • Combustíveis & Conveniência
David Siqueira/Stock
Até o início deste ano, os baixos preços do barril de petróleo no exterior eram vantajosos para estatal, que manteve os preços dos combustíveis alto no mercado interno. Agora, com o câmbio elevado, o cenário voltou a ficar ruim para a empresa
postos de bandeira BR no exterior não têm ligação com a Petrobras Distribuidora (que só atua no Brasil), cabendo sua gestão aos ativos da Petrobras em cada país. No Brasil, a decisão sobre o tema cabe ao conselho de administração da holding, que ainda não se pronunciou oficialmente.
Após sucessivas análises, a estatal anunciou a decisão de abandonar a construção das refinarias Premium I e II, localizadas no Maranhão e Ceará, respectivamente. Em nota, a Petrobras atribuiu o cancelamento dos projetos das refinarias aos resultados econômicos não favoráveis até o momento,
buidoras nos meses de novembro e dezembro de 2014, já começa a dar sinais de reversão, o que é bom para a Petrobras. Isto porque, com os preços da gasolina e diesel seguindo rumo ao equilíbrio na comparação com o internacional, a tendência é que as distribuidoras percam a vantagem em importar e, consequentemente, retornem a adquirir os produtos das refinarias da Petrobras. “O mercado, hoje, está voltando para trás, fazendo com que essa defasagem de preços zerasse outra vez. A previsão é que as distribuidoras parem novamente de importar, caso o real continue a se desvalorizar frente ao dólar e o preço do barril de petróleo volte a subir”, previu Pires, do CBIE. Há outro fator complicador para atender à demanda por combustíveis no país a atual infraestrutura portuária, que é
controlada, em grande parte, pela Petrobras e é adequada às suas necessidades atuais. Existem outros terminais, de uso privado e de mais fácil acesso para as distribuidoras, mas não teriam condições de atender grandes volumes de importação. “Por lei, as companhias distribuidoras têm acesso garantido aos terminais da Petrobras, mas a operação é muito difícil de realizar”, comentou explicou Eraldo Porto, consultor da Assessoria Consultores em Energia. Na análise de Pires, a Petrobras não se preparou para ser uma importadora de combustíveis. “A preocupação é saber se vamos conseguir absorver quantidades cada vez maiores de importação de combustíveis, se haverá essa disponibilidade no mundo e se teremos dinheiro para pagar isso, além de condições para internalizar”, disse.
mesmo considerando as otimizações de redução de custos feitas anteriormente; à ausência de parceiros interessados na implantação; e à avaliação de que o aumento do consumo de derivados pode ser atendido pelas refinarias em operação, pois estas estão sendo otimizadas para ampliar sua capacidade de refino. Também pesou na decisão o início do primeiro trem da Refinaria do Nordeste (ou Abreu e Lima), em Pernambuco, em dezembro passado, e a construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Para a Petrobras, a decisão de interromper os projetos é uma possibilidade de mostrar ao mercado de que está empenhada em resolver os problemas de caixa. “A empresa está endividada demais, com questionamentos de credibilidade em todas as esferas e precisando criar um escudo protetor contra as influências políticas exageradas dos últimos anos. Com isso, essa empresa não me parece estar em condições de desviar capital novo para priorizar a construção de refinarias”, afirmou Edmilson Moutinho, professor do Instituto de Energia e Meio Ambiente da USP. Na avaliação do professor, a Petrobras de focar sua atenção nos ativos mais rentáveis, como no upstream, é acertada, pois os investimentos na área ainda despontam como mais atrativos em relação aos de downstream (atividades de transporte, distribuição e revenda de combustíveis, que demandam capitais menores, de longo prazo e com perfis de menor propensão ao risco). Para ele, somente se desfazendo de projetos na área de downstream que a estatal conseguirá retomar a credibilidade no mercado e o setor de abastecimento poderá receber novos investidores.
“As políticas atuais adotadas pela Petrobras não são compatíveis para a atração de outros investidores. Nenhum refinador minimamente eficiente e com foco nesse negócio
pode conviver com as experiências da refinaria de Pernambuco e do Comperj”, observou Moutinho. Com o caixa da Petrobras limitado, a saída seria atrair novos
Impacto no país A crise vivida pela Petrobras se mistura à delicada situação política e econômica que o país enfrenta. O ano iniciou com um ajuste fiscal, que, entre outros impactos, trouxe a elevação nos preços dos combustíveis. A inflação aumentou, a população está consumindo menos, a atividade industrial está reduzida, existe a perspectiva de aumento das taxas de desemprego e o câmbio é o maior dos últimos dez anos. Depois do rebaixamento da Petrobras pela agência de avaliação de risco Moody´s, o grande receio do mercado é que o Brasil também possa perder, em 2015, o grau de investimento. Aliás, a própria agência já divulgou que as investigações de corrupção na Petrobras podem afetar negativamente vários segmentos dos setores público e privado no Brasil. A perda da nota de crédito traria impactos graves para o país, pois significaria a redução do número de investidores que podem comprar papéis brasileiros e dificultaria ainda mais a rolagem do déficit externo. Além disso, a saída de dólares tenderia a aumentar a cotação da moeda norte-americana frente ao real e o país teria de pagar juros mais altos para se financiar no exterior. Para o professor Edmilson Moutinho, da USP, o rebaixamento do grau de investimento da Petrobras tem como efeito colateral o aumento do custo de capital e a redução do acesso às fontes de mais longo prazo e mais baratas do mercado global de capitais. “São reduzidas as oportunidades de financiamento e o acesso ao tipo de capital mais conveniente para investimentos em downstream. Os melhores investidores financeiros não podem aceitar o histórico de baixa transparência e de perda de credibilidade”, ressaltou. Na avaliação do economista Walter de Vitto, da consultoria Tendências, a investigação na Petrobras traz reflexos a outros segmentos. “Com o envolvimento de empreiteiras, o setor de infraestrutura naturalmente é afetado, o que pode trazer impactos indiretos, como, por exemplo, nas obras para construção de rodovias ou hidroelétricas. Além disso, algumas construtoras envolvidas no esquema da Petrobras estão colocando seus ativos à venda. Neste ambiente de instabilidade, os investimentos são cortados, o que leva a outras questões, como o baixo consumo e o aumento das taxas de desemprego”, afirmou. Combustíveis & Conveniência • 43
44 REPORTAGEM DE CAPA Agência Petrobras
Sem muito alarde, a Petrobras iniciou, no final do ano passado, a operação da Refinaria do Nordeste, em Pernambuco. O empreendimento também está na lista de projetos superfaturados da investigação Lava Jato
investidores para a área de refino. “O problema é que, nos últimos quatro anos, o governo interviu muito no mercado, o que gerou desconfiança. O ideal seria deixar o mercado funcionar mais livremente para atrair refinarias privadas”, analisou Adriano Pires, do CBIE. O fato é que, atualmente, somente a Petrobras atua neste segmento e suas refinarias operam no limite de sua capacidade, tornando a operação mais propensa
a acidentes, como os incêndios ocorridos na Reduc, no Rio de Janeiro, e na Repar, em Araucária, no Paraná, no final de 2013. Embora a estatal afirme que o aumento da capacidade é fruto da melhor performance obtida com a otimização dos processos de refino, do ponto de vista tecnológico, há quem diga que essas alterações não são tão benéficas assim. Para Moutinho, a adequação das refinarias atendem apenas à
extensão da vida útil desses ativos e aos novos perfis de consumo, inclusive de especificação de produtos, e, portanto, perdem padrão tecnológico. “A instalação inicial dessas refinarias são da década de 1980, são antigas e vêm passando por adequações e expansões constantes. São unidades que se assemelham àqueles ‘puxadinhos’ de casas que passam por diversas reformas”, explicou o professor, ressaltando ainda que “a gestão de ativos antigos e com diversidade tecnológica em seu interior impõem dificuldades adicionais de manutenção e prevenção de acidentes, podendo, em função da situação financeira delicada da companhia, ter seus programas de manutenção afetados”. Diante dessas condições e com a tendência de aumento da demanda por combustíveis no mercado interno, o volume de importações deve continuar crescendo nos próximos anos. A ANP estima que esse volume pode chegar próximo de 1 milhão de barris por dia até 2025, caso não haja investimentos em refino.
Entenda a crise Em março do ano passado, a Polícia Federal começou a investigar um suposto esquema de corrupção na Petrobras, envolvendo diretores da empresa, grandes empreiteiras e políticos. A operação recebeu o nome Lava Jato, em alusão a um dos grupos envolvidos na irregularidade, que fazia uso de uma rede de lavanderias e um posto de combustíveis no Distrito Federal para movimentar o dinheiro irregular. Uma das primeiras prisões foi a do doleiro Alberto Youssef, que já havia sido preso nove vezes por contrabando e pelo envolvimento no caso Banestado, por remessas ilegais de dinheiro. Logo depois, Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento da Petrobras, foi preso também. Costa era investigado pelo Ministério Público Federal por irregularidades na compra da refinaria de Passadena, no Texas, em 2006, e, ao ser preso, fez um acordo de delação 44 • Combustíveis & Conveniência
premiada, que prevê a redução de pena em troca de informações sobre os crimes. Assim, após as prisões, os vínculos entre o doleiro, o ex-diretor, empreiteiras e políticos passou a ser revelado. De acordo com a Polícia Federal, a Petrobras contratava empreiteiras por licitações fraudadas. Estas, por sua vez, combinavam entre si qual delas seria a vencedora da licitação e superfaturavam o valor da obra. Parte desse dinheiro extra era desviado para pagar propinas a diretores da estatal, que, em troca, aprovavam os contratos superfaturados. O desvio é estimado em mais de R$ 10 bilhões pela Polícia Federal e o rombo pode ser muito maior, considerando os cálculos de investimentos errados por conta da corrupção. O repasse ilegal era feito pelas empreiteiras ao doleiro Alberto Youssef, acusado de distribuir as propinas. A investigação também apurou que
A Petrobras tem peso importante para a economia do país, respondendo por 13% do PIB no ano passado. Com isso, a crise atual tem tido efeitos diretos para o desenvolvimento econômico do Brasil
Tânia Rego/Agência Brasil
políticos de vários partidos se beneficiavam do esquema, recebendo de 1% a 3% do valor dos contratos. Em meio a tantas acusações, a credibilidade da Petrobras acabou comprometida. Além de a empresa ter acumulado prejuízos em função da venda de combustíveis no Brasil por preços inferiores aos do mercado internacional, ainda pesava sobre seus resultados toda a mancha do esquema de corrupção revelado. O balanço do terceiro trimestre de 2014, que deveria ter sido divulgado em novembro do ano passado, foi adiado por duas vezes devido às investigações. No fim de janeiro deste ano, a companhia divulgou os resultados aos seus acionistas, mas sem a revisão e aprovação de auditores independentes. O balanço, porém, não relatou nenhuma perda relacionada às denúncias, decepcionando o mercado. A Petrobras passou a ser considerada uma das mais endividadas do mundo, e a situação ficou ainda mais grave frente à quantidade de processos de indenização movidos por poupadores norte-americanos, proprietários de ações da empresa, que passaram a pleitear indenizações na justiça, alegando que a corrupção lesou milhares de cidadãos. As ações da empresa sofreram o impacto de tudo isso e despencaram. Em 2008, as ações da empresa valiam em torno de R$ 41 e chegaram a R$ 8,50 em meados de março deste ano. A situação da companhia piorou um pouco mais quando, em fevereiro deste ano, a agência de classificação de risco Moody´s anunciou a perda do grau de investimento da Petrobras, agora considerada de grau especulativo. Isso ocorreu em função da preocupação com as investigações de corrupção, atraso na divulgação do balanço auditado e aumento do endividamento. Pouco antes, a agência Fitch também havia revisto o nível de risco (rating) da Petrobras de BBB para BBB-, mantendo a classificação em observação negativa. Segundo a Fitch, a revisão refletiu o au-
mento da incerteza em relação à capacidade da empresa em fazer os ajustes contábeis em seus ativos imobilizados a tempo, aumentando o risco de aceleração da dívida pelos credores. Foi também em fevereiro que, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, renunciou ao cargo, juntamente com outros cinco diretores da empresa. Ela estava à frente da companhia desde fevereiro de 2012 e acabou tendo seu nome envolvido nas denúncias quando a ex-gerente de abastecimento da empresa, Venina Velosa da Fonseca, afirmou que a então presidente havia sido alertada das irregularidades. No dia 6 de fevereiro, Aldemir Bendine, que até então presidia o Banco do Brasil, foi escolhido pelo conselho de administração da empresa para ficar à frente da Petrobras. As investigações da Operação Lava Jato continuam, e, até o fechamento desta edição, a Petrobras ainda não havia divulgado os resultados auditados do terceiro trimestre do ano passado. Até o momento, 64 pessoas já foram presas pelo envolvimento com as irregularidades e, em março, o Supremo Tribunal Federal divulgou uma lista com os nomes de suspeitos de envolvimento no caso. São 34 deputados e ex-deputados e 12 senadores, incluindo o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o presidente de Câmara, Eduardo Cunha; além de ex-ministros de governos anteriores. Porém, a fase de inquéritos deve durar por, pelo menos, um ano, até que a Procuradoria Geral da República considere ter provas concretas para que os acusados se tornem réus. n Combustíveis & Conveniência • 45
44 MEIO AMBIENTE
MCM Postos
Cuidados redobrados A frequência de limpeza dos tanques subterrâneos de armazenamento de diesel aumentou com a introdução de percentuais maiores de biodiesel. O revendedor deve ficar atento para evitar contaminação de seu produto e também se certificar de que os resíduos do tanque estão tendo destinação correta Por Rosemeire Guidoni A limpeza de tanques de combustíveis é necessária sempre que houver alteração do produto armazenado para evitar contaminação do novo combustível. No passado, esta necessidade de limpeza de tanques era menos frequente, mas, em função das alterações recentes nos combustíveis – especialmente do diesel, que passou a conter biodiesel em sua mistura –, o procedimento passou a demandar maior atenção. 46 • Combustíveis & Conveniência
Isso ocorre porque o biodiesel é um produto altamente higroscópico (tem alto poder de absorção de água) e, caso permaneça no tanque por períodos superiores a um mês, pode causar a formação de borras e sedimentos, tanto no tanque subterrâneo quanto nos reservatórios dos filtros. Além do teor de biodiesel, atualmente em 7%, outro agravante do problema é o diesel com baixo teor de enxofre, já que o enxofre naturalmente tem propriedades detergentes e, ao ser reduzido no combustível, facilita a formação dos sedimentos.
Com isso, há muitos casos de revendedores que precisam redobrar seus cuidados de manutenção para evitar problemas nos seus equipamentos e também desconformidade no produto. E o custo para esta limpeza pode ser elevado: dependendo da tecnologia empregada, o valor pode variar de R$ 300 a R$ 3.000 por tanque. Isso sem contar o fato de que o posto é considerado gerador do resíduo e, portanto, responsável pela sua adequada destinação, de acordo com o estabelecido na Lei 12.305/2010 (Plano de
Resíduos Sólidos). De acordo com o consultor ambiental Edgard Laborde Gomes, todos os resíduos gerados nos postos são classe I, ou seja, considerados como resíduos perigosos e, consequentemente, precisam ser corretamente descartados em locais apropriados e autorizados pelo órgão ambiental. “A responsabilidade é sempre do gerador do resíduo”, frisou Laborde. Portanto, ao contratar uma empresa para fazer a limpeza do sistema, é essencial verificar se ela possui autorização do órgão ambiental para destinação de resíduos perigosos, além de solicitar um comprovante de destinação adequada destes resíduos. Embora não sejam frequentes, vários relatos de revendedores em diversos locais do Brasil destacam a maior necessidade de limpeza do sistema e o aumento do volume de sedimentos retirados dos tanques. Isso, porém, na avaliação da Associação Brasileira da Indústria de Equipamentos para Postos de Serviços (Abieps), pode ser evitado com os procedimentos de manutenção periódica. “Com o aumento do percentual
de biodiesel, há um período de adaptação que precisa ser observado. Novos prazos e períodos de ocorrência de formação de água e sedimentos podem acontecer, mas, em princípio, basta manter a manutenção periódica obrigatória constantemente, como a drenagem dos tanques com as bombas manuais, substituição dos elementos filtrantes dos filtros com periodicidade adequada (o instrumento de medição manômetro ou vacuômetro deve estar operando e ser monitorado), e esgotamento constante dos reservatórios dos filtros, principalmente os prensas”, explicou Eduardo Hiluey, Secretário Executivo da entidade. Segundo ele, a limpeza dos tanques só é necessária quando for detectada uma alta concentração de borra, água ou sedimentos no tanque subterrâneo ou nos reservatórios dos filtros. A Abieps informou também que o manômetro dos filtros prensa é o instrumento mais adequado para monitorar o meio filtrante. “As substituições com maior frequência dos papelões filtrantes, bem como muita
água na drenagem manual do tanque, são um grande alerta de que a qualidade do produto está fora da normalidade”, afirmou Hiluey.
Qualidade A despeito da maior necessidade de procedimentos de manutenção, que encarecem a operação, a questão da qualidade do produto preocupa a revenda. Afinal, caso o produto esteja desconforme, o estabelecimento pode ser penalizado pela ANP, mesmo que a contaminação (ou desconformidade) não tenha sido causada no posto, enquanto o produto estava armazenado. De acordo com o Boletim de Monitoramento da Qualidade dos Combustíveis, divulgado pela Agência em fevereiro deste ano, o diesel registrou um índice de não conformidade de 4,2% em janeiro – aumento de 0,6 ponto percentual em relação ao mês anterior. Em comparação com o mesmo período de 2014, a alta no índice de desconformidade é ainda mais acentuada – de 1,93 pontos percentuais. Metalsinter
Os sedimentos e borras retirados dos tanques precisam ser corretamente destinados em locais apropriados e autorizados pelo órgão ambiental
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Dicas para a revenda Para os postos revendedores, fica o alerta em manter o cuidado com os procedimentos de limpeza, fazer um rigoroso controle de estoques (para que o diesel não permaneça muito tempo no tanque), fazer drenagem diária dos tanques com bombas manuais, substituir os elementos filtrantes com maior frequência, esgotar o reservatório dos filtros e fazer a limpeza por recirculação do tanque subterrâneo em média a cada 60 dias. Claro que é um ônus extra, já que todos estes procedimentos passaram a ser realizados com maior frequência. O cuidado com o meio ambiente também deve fazer parte da rotina da revenda. Ao contratar um prestador de serviços para limpeza, o posto deve verificar a autorização do órgão ambiental e solicitar comprovantes que atestem o descarte apropriado dos resíduos. Tais ações são essenciais para garantir a qualidade do produto que está sendo comercializado, bem como preservam o meio ambiente. Das 15.178 amostras analisadas pelos técnicos da Agência entre novembro e janeiro, 399 apresentaram irregularidades, sendo (no caso do diesel) o quesito teor de biodiesel, a principal causa das reprovações, em 40,6% das amostras com problemas. Em seguida, aparecem o enxofre e o ponto de fulgor, com, respectivamente, 19,9% e 15,9% das rejeições. Vale destacar que nenhum destes problemas pode ser identificado nos ensaios possíveis de serem realizados no posto revendedor.
No período, o aumento de problemas de qualidade no diesel foi observado pela ANP em 11 estados brasileiros. O boletim mostrou que o Pará foi o estado onde a elevação de amostras não conformes entre os trimestres foi mais pronunciada. Já São Paulo e Tocantins foram os que computaram a menor alta no período analisado – de apenas 0,1 ponto percentual. As Unidades Federativas que apresentaram aumento nos índices de não conformidade em relação ao trimestre anterior foram: Alagoas (de 3,9% para 5,8%), Bahia (de 3,9% para 4,2%), Goiás (de 4,3% para 5,8%), Maranhão (de 3,8% para 5,1%), Minas Gerais (de 4,4% para 5,1%), Mato Grosso (de 3,1% para 5,6%), Pará (de 8,7% para 16,2%), Paraíba (de 4,1% para 8,7%), Rio de Janeiro (de 6,6% para 7,3%), São Paulo (de 2,2% para 2,3%) e Tocantins (de 3,6% para 3,7%). O biodiesel é um produto altamente higroscópico, ou seja, absorve a umidade do ar, ocasionando um ambiente propício para a proliferação de micro-organismos, o que resulta em formação de borras e sedimentos nos tanques
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Limpeza Apesar de o aumento das não conformidades não ter, em princípio, relação direta com a frequência de limpeza do sistema, sabe-se que a presença de água ou outros sedimentos pode comprometer a qualidade do produto, por isso, todo cuidado é necessário. “Uma das armas mais poderosas contra a autocontaminação do produto é um rigoroso controle de estoques. O diesel parado se contamina muito rapidamente, então, uma gestão de estoques inteligente melhora a qualidade do produto e reduz a manutenção periódica”, observou Hiluey, da Abieps. Porém, ele ressaltou que o revendedor tem de ficar atento à qualidade do combustível que está recebendo. “Observe visualmente o aspecto do produto, faça a medição conforme determinações da ANP, faça o teste e sempre guarde a amostra-testemunha”, orientou. Vale lembrar ainda que existem diversos métodos para limpeza dos tanques, mas deve-se ter muita atenção com processos de hidrojateamento ou qualquer outro que promova a introdução de água no tanque, pois a presença de água maximiza os problemas relacionados à formação de borras. Um bom exemplo de tecnologia de limpeza é a recirculação do produto realizada por um equipamento que possua meios filtrantes para retirada de água e sedimentos, considerada a mais rápida e eficiente. Outro ponto importante é sempre realizar um novo teste de estanqueidade após a limpeza do tanque para garantir que o sistema esteja sem vazamentos. n
44 AGENDA MAIO 14º Congresso dos Revendedores de Combustíveis de Minas Gerais Data: 7 e 8 Local: Belo Horizonte (MG) Realização: Minaspetro Informações: (31) 2108-6500 Workshop com a Revenda Data: 22 Local: Amambai (MS) Realização: Sinpetro Informações: (67) 3325-9988
JUNHO Encontro Nacional e IV Encontro dos Revendedores de Combustíveis do Centro-Oeste Data: 17 e 18 Local: Brasília (DF) Realização: Sindicombustíveis-DF e demais Sindicatos do Centro-Oeste Informações: (61) 3274-2849
AGOSTO Expopostos & Conveniência 2015 Data: 4 a 6 Local: São Paulo (SP) Realização: Fecombustíveis, Abieps e Sindicom Informações: (21) 2221-6695 Workshop com a Revenda Data: 21 Local: Dourados (MS) Realização: Sinpetro Informações: (67) 3325-9988
Encontro de Revendedores da Região Norte Data: 27 e 28 Local: Rio Branco (AC) Realização: Sindepac e demais Sindicatos do Norte Informações: (68) 3226-1500
SETEMBRO 180 Congresso Nacional de Revendedores de Combustíveis e 170 Congresso de Revendedores de Combustíveis do Mercosul Data: 24 a 27 Local: Gramado (RS) Realização: Sulpetro Informações: (51) 3930-3800
OUTUBRO NACS Show Data: 11 a 14 Local: Las Vegas (EUA) Realização: NACS Informações: www.nacsonline.com
NOVEMBRO Workshop com a Revenda Data: 27 Local: Campo Grande (MS) Realização: Sinpetro Informações: (67) 3325-9988
Para a publicação de eventos na agenda da Combustíveis & Conveniência, enviar os dados para monicaserrano@fecombustiveis.org.br ou assessoria.comunicacao@fecombustiveis.org.br . Alguns eventos ainda poderão ser modificados nas próximas edições. Combustíveis & Conveniência • 49
Paulo Pereira
44 CONVENIÊNCIA
Redobrar a atenção ao negócio pode ser o caminho para vencer as dificuldades se a crise rondar o segmento de conveniência
O que esperar para este ano? O mercado de conveniência, apesar de ser um dos setores do varejo em expansão e com elevado potencial de crescimento, pode ser afetado pelo panorama econômico nacional. O momento é oportuno para o empresário estimular sua criatividade, manter o foco no cliente e aproveitar as oportunidades de negócio que surgem a todo instante Por Adriana Cardoso O segmento de conveniência manteve-se pujante nos últimos anos. No ano passado, segundo dados do Sindicom, o número de lojas de conveniência passou para 7.730 lojas, crescimento de 11% na comparação com 2013. Entre 2009 e 2013, o crescimento do número de lojas no período foi de 22,87%. Ao analisar o varejo como um todo, pesquisa realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) indicou que o número 50 • Combustíveis & Conveniência
de lojas de conveniência cresceu entre 2009 e 2012 em 141% no período. Outra pesquisa, também do Sebrae, apontou que os serviços de alimentação, especialmente aqueles voltados ao consumo domiciliar, estão entre os negócios mais promissores deste ano. Segundo Claudio Felisoni de Angelo, presidente do Programa de Administração de Varejo da Fundação Instituto de Administração (Provar/FIA), o setor de conveniência ganhou mercado, mais especificamente a partir de 1994, com a estabilidade da
moeda e a inflação mais baixa. Porém, a atual situação econômica do país pode impactar o comércio como um todo. “Os fatores complicadores da economia, com inflação em alta, elevada taxa de juros e desemprego inibem o movimento ascendente do varejo como um todo”, observa, enfatizando que “este é o pior momento da economia brasileira desde a estabilidade”. Para minimizar os efeitos do enfraquecimento da economia, um dos caminhos é ajustar os serviços ao que o cliente quer. “Quanto mais eu estiver
Adriano Trentini
Divulgação Aghora Conveniência
Além do mix de produtos de acordo com o gosto do cliente e o atendimento de qualidade, em tempos de vacas magras, o fator preço é preponderante na hora da escolha
O cliente que vai abastecer o veículo acaba comprando um produto ou utilizando algum serviço da loja, como os caixas eletrônicos
ajustado ao comportamento de compra do meu cliente, melhor. O comportamento de quem abastece num posto é diferente do que abastece em outro posto. A diferenciação só é possível conhecendo para quem se vende”, alertou. Além do sortimento, rotatividade de produtos de acordo com o gosto do cliente e atendimento de qualidade, em tempos de vacas magras, o fator preço é preponderante na hora da escolha, ressaltou Felisoni. Por essa razão,
ganha mercado quem dispor de valores mais em conta. É justamente no período de crise, quando a economia não vai bem, que o empresário deve ficar atento ao negócio para não estagnar, na avaliação de Alexandre van Beeck, sócio-diretor da consultoria GS&MD – Gouvêa de Souza. “Não dá para ficar parado, caso contrário, as previsões se realizam. Não se pode perder o foco no investimento de médio e longo prazos. Precisa ser feito e está sendo feito. Vejo Stock
a indústria se movimentando para isso”, disse. Como revendedor experiente e diretor de conveniência da Fecombustíveis, Paulo Tonolli vislumbra uma janela de oportunidades para arrefecer, no segmento de conveniência, os possíveis impactos que se espera de uma economia que caminha na incerteza. Mesmo com custos de operação elevados, especialmente por conta da necessidade de abastecimento quase diária pela falta de espaço físico para fazer estoque de produtos, as lojas de conveniência funcionam como um chamariz para fidelizar clientes. Existe a percepção de que o cliente que vai abastecer o veículo acaba comprando um produto ou utilizando algum serviço da loja,como os caixas eletrônicos. O movimento contrário também ocorre: quem vai à loja de carro acaba usando algum serviço do posto, como as duchas ou lubrificação.
Conhecer as preferências e hábitos de consumo do cliente que frequenta a loja pode fazer a diferença para manter as vendas Combustíveis & Conveniência • 51
44 CONVENIÊNCIA A percepção de Tonolli caminha junto com o que mostram as pesquisas do Sebrae e do Sindicom. “O ramo de conveniência é pujante, de forma bem mais expressiva do que foi há dez anos. Vimos o setor despontar e cada vez mais auxiliar a revenda a obter mais rentabilidade”, disse. Neste ano, para Tonolli, a conveniência continuará em franca evolução pelo fato de que as pessoas, cada vez mais, tendem a deixar de ir ao supermercado para comprar muitos produtos, preferindo a comodidade e ofertas disponíveis nesse tipo de pequeno e ágil comércio.
Vizinhança Com foco na expansão de mercado, as grandes redes de supermercado decidiram ampliar suas redes e investiram nas chamadas lojas de vizinhança, abrindo estabelecimentos de menor porte em bairros de classe média e média alta de grandes cidades, especialmente nas regiões Sul e Sudeste do país. Esse filão tem crescido, mas não assusta como concorrente das lojas de conveniência. Tonolli afirmou que as lojas de vizinhança “influenciam muito pouco na nossa atividade”, pois os postos de combustíveis oferecem muito mais facilidades ao cliente, sendo um diferencial. “O cliente vem para abastecer e, depois, pode estacionar o carro, sacar dinheiro, carregar o celular, além de comprar uma série de produtos que oferecemos para sua comodidade.” 52 • Combustíveis & Conveniência
O que motivou o crescimento O analista da Unidade de Gestão Estratégica do Sebrae Nacional, Marco Aurélio Bedê, atribui o surgimento da chamada “nova Classe C” no Brasil como um dos motivos para impulsionar o setor de varejo e o segmento de lojas de conveniência. “Metade dos empreendedores brasileiros está na classe C. Pesquisa do Sebrae revelou que 55,2% estão nessa classe socioeconômica. Na última década, mais de 40 milhões de pessoas saíram das classes D/E para as classes C e A/B e, consequentemente, essa nova classe média tornou-se a grande empreendedora de pequenos negócios e a principal consumidora de produtos e serviços oferecidos por esses mesmos pequenos negócios, que são 99% das empresas do país”, avaliou. Paralelamente a esse fator socioeconômico, o ritmo de vida mais atribulado dos últimos anos contribuiu para a ascensão das lojas de conveniência, onde se pode encontrar de tudo um pouco num período que pode chegar a 24 horas todos os dias, principalmente nos grandes centros urbanos. Para Beeck, da consultoria GS&MD – Gouvêa de Souza, o setor de conveniência como um todo continua crescendo, tanto aqui como no resto do mundo, e é um caminho sem volta. “A tendência é que, cada vez mais, o comércio ofereça serviços agregados à sua atividade original. Por exemplo: eu vou à loja (de conveniência) de bicicleta e encontro lá um serviço conjugado de reparos de bicicleta. Isso motiva o cliente a voltar mais vezes, pois sabe que encontrará lá esse serviço”, citou. Como exemplo fora do Brasil, ele menciona a rede de supermercado Whole Foods, onde se pode encontrar uma série de produtos e serviços com um apelo sustentável. “Eles têm diversas áreas, como açougue, padaria, produtos prontos orgânicos para consumir, tudo num mesmo espaço.” Outro bom exemplo é a rede de cafeterias americana Starbucks. “O brasileiro está na rua e precisa de um lugar onde possa ter acesso à informação ou falar com mais calma. O Starbucks é muito mais do que tomar um café. O cliente vai lá e tem acesso à internet via wi-fi, pode recarregar o celular”, contou. Aqui no Brasil, Beeck acredita que algumas redes já estão entendendo esse novo cenário, de que o brasileiro está cada vez mais urbano, despendendo mais tempo do que nunca fora de casa e que, por isso, precisa encontrar formas de resolver todos os seus problemas com agilidade e facilidade. “Lojas de conveniência como as da Ipiranga e BR já estão se movimentando nesse sentido, ampliando o escopo de serviços de alimentação, com a inclusão de padarias, lasanhas e pizzas prontas, além de disponibilizar outros tipos de serviços.” n
OPINIÃO 44 Lyana Bittencourt 4 Diretora de Marketing e Relacionamento do Grupo Bittencourt
Ambiente econômico incerto e desafiador vez mais novos produtos A mídia brasileira, escrita, digital e falada, fazem parte do mix das tem divulgado diariamente previsões para os lojas de conveniência e negócios no Brasil, de todos os tipos, na maioria os pequenos negócios pessimistas e outras em forma de alertas, o que de alimentação, cada tem causado no pequeno e médio empresário um vez mais próximos dos consumidores. Os food receio grande de fazer qualquer investimento, trucks são um exemplo disso, estão virando fato que merece uma reflexão mais racional por moda, uma vez que permitem estar onde o parte dos executivos à frente dessas empresas. cliente está, ou seja, estão revolucionando o É certo que toda cautela é pouca, porém, deixar segmento. É a mobilidade sendo praticada no de realizar os investimentos necessários para ramo de alimentação de forma física e não só que o negócio consiga continuar crescendo digital. e atender melhor os clientes pode não ser a Ao analisar o segmento de lojas de conmelhor decisão. Em momentos de incertezas, algumas ações veniência enxergo muitas oportunidades para e comportamentos tornam-se mais emergenserem exploradas nesse momento considerado tão desafiador. Realizar ciais, por exemplo, o foco pesquisa para entender o no negócio, nas áreas e Em momentos de incertezas, algumas que ele mais gostaria que nos produtos que geram ações e comportamentos tornamtivesse na loja, que outros melhor rentabilidade, nos -se mais emergenciais, por exemplo, produtos ou serviços podem custos e nas pessoas, o foco no negócio, nas áreas e nos ser incluídos no portfólio acrescidas de atitudes produtos que geram melhor rentasem que exijam grandes inovadoras, fazendo de bilidade, nos custos e nas pessoas, investimentos, além de forma diferente e melhor fazer ações em conjunto as atividades. Estes serão acrescidas de atitudes inovadoras, os pilares para sustentar fazendo de forma diferente e melhor com seus fornecedores. A criatividade deve ser o negócio e conseguir as atividades praticada no sentido de enfrentar os desafios de criar experiências positivas empreender em uma ecopara o consumidor no momento que ele entra nomia tão incerta e com cargas tributárias tão na loja, na maioria das vezes, sem tempo e elevadas. É o momento para se rever o portfólio cansado após um dia de trabalho exaustivo. Por de produtos e serviços e, se precisar, eliminar, exemplo, o que um pai de família pode comprar ou modificar formatos, substituir matériaspara ajudar a esposa no jantar? -primas e redefinir fornecedores. Uma análise Há espaços a serem explorados pelas lojas fria e racional deve ser feita em toda a cadeia de conveniência e em qualquer lugar que tenha e stakeholders. Atitudes que são totalmente um bom fluxo de pessoas, por exemplo, nas diferentes do que ficar na inércia, paralisados proximidades das escolas, universidades e dos frente às ameaças. hospitais, o que já vem acontecendo com outros Levando em consideração o cenário acima negócios. E, por que não em locais frequentados apresentado e analisando uma recente pesquisa por mulheres? Salões de beleza, lavanderias, divulgada pelo Sebrae sobre os negócios que academias? Vale a criatividade e a quebra de mais cresceram no País e os mais promissores paradigmas. para 2015, vimos que as lojas de conveniência O ano de 2015 vai ser desafiador sim, porém, tiveram maior crescimento desde 2009 e os usar a criatividade e pensar fora da caixa pode pequenos negócios de alimentação são os mais fazer a diferença na rentabilidade do negócio promissores para 2015. No caso de alimentação, e em sua sustentação no mercado. realmente, o mercado tem comprovado, cada Combustíveis & Conveniência • 53
44 ATUAÇÃO SINDICAL
Nova parceria com foco no social A Fecombustíveis acaba de firmar uma parceria com a Organização Não Governamental (ONG) Amai-vos para apoiar ações de responsabilidade social pela divulgação do selo Contém Amor, desenvolvido pela ONG, nos estabelecimentos da revenda. O selo foi lançado em meados 2012 com o objetivo de é estimular as empresas participantes a adotarem uma conduta socialmente responsável por meio da exposição do selo em seus produtos ou serviços. Por exemplo, parte da venda de um produto vinculado ao selo é destinado à logo ONG Amai-vos e os FECOMBUSTÍVEIS recursos arrecadados são enviados às ESTE POSTO entidades parceiras, como asilos, creches, associações especializadas no atendimento de pessoas com deficiência ou portadores de necessidades especiais. No caso da revenda, a proposta visa divulgar banners e distribuição de folhetos explicativos do Contém Amor em cada posto que adotar o selo de responsabilidade social e todo o mês será destinada uma contribuição de valor mínimo para a ONG, que ainda será definida. Os custos do material de divulgação e o detalhamento das doações financeiras serão
Tony Piccolo, idealizador e diretor geral do Amai-vos, ressaltou que a ONG “é uma plataforma de comunicação e serviços inteligentes com conteúdos culturais ligados a amor e direitos humanos, sendo considerada uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), título fornecido pelo Ministério da Justiça do Brasil, que garante o cumprimento de seus deveres administrativos e de gestão transparente”. Fundada há 14 anos, a ONG Amai-vos reúne 80 instituições privadas de www.amaivos.com.br | fb.com/institutoamaivos variadas vertentes, que produzem conlogo teúdo informativo SINDICATO AMAIVOS INSTITUTO sobre os mais diversos assuntos, desde CONTÉM AMOR parceria | validade 2015 sociais e culturais a espirituais. O site divulgados posteriormente por Amai-vos (www.amaivos.com. cada Sindicato Filiado. A adesão br) também disponibiliza 18 ao selo é voluntária e o revendetipos de serviços online que contam com especialistas em dor interessado em participar da suas áreas de atuação (médico, ação social deve procurar seu professor, conselho tutelar, sindicato local. orientação vocacional etc) que O presidente da Fecomrespondem às dúvidas dos inbustíveis, Paulo Miranda Soares, destacou a importância do ternautas sobre determinados envolvimento da revenda em temas. Basta acessar o site, iniciativas de responsabilidapreencher um formulário com a sua questão e, em até 72 de social, sendo uma maneira horas, a resposta é recebida. de os postos ganharem mais Todo o conteúdo disponível e visibilidade na vertente social, os serviços online do site são contribuindo para a construção gratuitos e de livre acesso. de uma sociedade melhor.
este posto
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Entidades Confira abaixo alguns projetos e entidades sociais que recebem recursos financeiros do Amai-vos, provenientes do selo Contém Amor.
Adaptsurf O Instituto Adaptação e Surf é uma associação sem fins lucrativos que promove a inclusão e integração social das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, garantindo igualdade de oportunidades e acesso ao lazer, esporte e cultura, através do contato direto com a natureza. Oferece aulas gratuitas de surf, bodyboard, kitesurf e stand up paddle para pessoas com deficiência física e múltipla (mais de um tipo de deficiência), visual, auditiva ou intelectual.
Aspa O projeto Ação Social Padre Anchieta foi criado na década de 60 pelo Padre Manoel Barbosa e junto com os moradores da Gávea com o objetivo de atender a comunidade, desenvolvendo um trabalho de promoção social, cultural e educacional para a população menos favorecida da comunidade da Rocinha. O projeto surgiu com mães crecheiras, pessoas que não tinham aonde deixar seus filhos, que se organizaram para cuidar das crianças, enquanto as outras mães iam trabalhar. Com o passar do tempo, a creche cresceu acompanhando o progresso da sociedade e se adaptando às exigências legais para funcionar.
Autonomia aquática Teve início em outubro de 2006 por iniciativa da educadora física Andréa Monteiro, que, nesta época, cursava a faculdade de fisioterapia e estagiava no Centro de Reabilitação Infanto Juvenil. O projeto é voltado a pessoas portadoras de necessidades especiais com até 18 anos de idade. Entre as atividades físicas oferecidas estão a prática de watsu (modalidade de fisioterapia variante do shiatsu, praticada na água e indicada no tratamento de doenças neurológicas e musculares) e caiaqueterapia.
Cáritas A Cáritas Brasileira atua na defesa dos direitos humanos e no desenvolvimento sustentável solidário na perspectiva de políticas públicas, com uma mística ecumênica. Seus agentes trabalham junto aos excluídos e excluídas, muitas vezes em parceria com outras instituições e movimentos sociais. Atualmente, a Cáritas Brasileira tem quatro diretrizes institucionais: defesa e promoção de direitos; incidência e controle social de políticas públicas; construção de um projeto de desenvolvimento solidário e sustentável; fortalecimento da Rede Cáritas.
Creche Coração de Maria Creche comunitária implantada em Niterói-RJ, com o objetivo de atender crianças cujas mães precisavam trabalhar fora para aumentar a renda familiar,
garantindo-lhes seus direitos, como educação, alimentação, saúde, higiene e lazer.
Instituto da Criança O Instituto da Criança é uma organização do terceiro setor que promove o empreendedorismo social. Propõe-se a responder à questão recorrente sobre o que cada um pode fazer para contribuir em processos de transformação social e para o desenvolvimento sustentável. O Instituto da Criança possui abrigos, creches e casas de assistência a pessoas vítimas de paralisia cerebral, além de realizar programas educacionais e projetos de desenvolvimento comunitário. Além disso, apoia empresas no exercício da responsabilidade social.
Junior Achievement Fundada em 1999, a Associação Junior Achievement Rio de Janeiro é uma das mais antigas organizações voltada à educação para o empreendedorismo. A instituição considera que a educação para o empreendedorismo deve ser iniciada ainda no ensino fundamental e médio, e considera esta cultura essencial para que os jovens possam alcançar seus objetivos pela própria iniciativa, revertendo a sua falta de perspectiva em relação ao futuro e contribuindo para a geração de riquezas e o crescimento sócio econômico e cultural do país. Fonte: Amai-vos Combustíveis & Conveniência • 55
44 ATUAÇÃO SINDICAL
A 30ª Convenção Nacional TRR, realizada em Foz do Iguaçu, pelo Sindicato Nacional do Comércio Transportador Revendedor - Retalhista de Combustíveis (SindTRR) bateu o recorde de participantes. Ao todo, foram 465 pessoas representando 17 Estados. Durante a solenidade de abertura, no dia 19 de março, o presidente Alvaro Faria fez uma retrospectiva desse período, lembrando a importância da boa relação mantida com os órgãos reguladores, o que permitiu mostrar o tamanho e a importância da atividade. O presidente destacou o trabalho do órgão regulador, desde o ano de 2007, com destaque para a Resolução nº 8, que regulamentou a atividade, bem como outras importantes Resoluções, dentre elas a 12 e a 34, que definiram o Ponto de Abastecimento e o Grande Consumidor, eliminando assim uma grande discussão que havia no mercado. Para Faria, nesses 30 anos os princípios da atividade do Sindicato continuam os mesmos, respeito à ética e normas vigentes, conduzindo suas ações no sentido de colaborar com os órgãos públicos e criar uma relação de harmonia que permita um mercado justo e competitivo. Representando a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, o diretor Valdir Barroso destacou os números registrados pelo setor em 2014, com aumento de 6,5% na comercialização de óleo diesel, e reafirmou a importância do setor que presta um 56 • Combustíveis & Conveniência
Ana Azevedo
Convenção TRR
Alvaro Faria, presidente do SindTRR, durante a cerimônia de abertura da Convenção, destacou a importância da boa relação mantida com os órgãos reguladores
serviço de “valor inestimável, com uma história de trabalho e confiança”. Mais uma vez o Sindicato investiu em uma programação bastante diversificada. A conversa com as distribuidoras e com os agentes da ANP ganhou um novo formato. “A decisão de criar um talk show foi para dinamizar mais as discussões. No formato anterior cada um vinha expunha um formato preconcebido, já formatado. Com o novo modelo os participantes tiveram que responder perguntas feitas pela plateia e outras enviadas antecipadamente ao Sindicato. Ficou muito mais dinâmico, pois focamos os pontos de maior interesse dos associados”, explicou Faria. A Convenção abordou ainda a sucessão familiar. A palestrante internacional Maria Manuela Loureiro, da empresa
Unilco demonstrou que existem muitas similaridades entre o Brasil e a Europa no tratamento do tema; o diretor do Inmetro, Alfredo Lobo, apresentou as ações em desenvolvimento para coibir as fraudes no Arla 32, e uma palestra com Marcos Pontes, o primeiro astronauta brasileiro a ir ao espaço, que contou um pouco da sua trajetória, mostrando que é possível correr atrás dos sonhos. A programação incluiu ainda atividades exclusivas para o público feminino. Foram entregues os prêmios para as melhores distribuidoras em nível regional e nacional, sendo a Raízen a grande vencedora, com três regiões (Centro-Oeste, Sudeste e Norte) mais os prêmios nacionais de Atendimento Operacional e de Política Comercial, Comunicação e Operações. (Ana Azevedo)
44 PERGUNTAS E RESPOSTAS A nova Lei 13.103, conhecida como Lei dos Caminhoneiros, foi publicada no Diário Oficial da União em 3 de março. Confira a seguir os principais pontos da nova legislação e o que muda para a revenda. A nova Lei pode melhorar ou piorar a condição atual dos caminhoneiros? Praticamente, ela obriga os motoristas a trabalharem mais e descansarem menos e não cria nenhuma garantia de aumento da remuneração do frete. Ela vai aumentar a jornada de 8 horas, mais 2 horas extras para 10 horas mais 2 horas extras, sendo assim, altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que foi conquistada a duras penas pelos trabalhadores. A redução do descanso obrigatório contínuo de 11 horas para 8 horas contribui para a fadiga dos motoristas e piora na qualidade de vida. Aumentar o tempo de direção contínua de 4 horas para 5h30 é praticamente obrigar o motorista a dirigir sem reflexos e como se estivesse embriagado. O que a nova Lei muda para o revendedor? Acredito que serão mais valorizados pelos governos, com linhas de crédito e menos burocracia, afinal, a lei depende da existência de pontos de parada para se tornar real. No caso específico dos ônibus, ao prever as paradas obrigatórias, no máximo, a cada 4 horas de direção contínua, abre-se a possibilidade de definir melhor onde serão os pontos de parada obrigatórios para atender essa clientela. Qual é a sua visão sobre a regulamentação dos pontos de parada? O revendedor pode se beneficiar disso? É preciso cuidado com o Art. 10 que cita no inciso IV - a permissão do uso de bem público nas faixas de domínio das rodovias sob sua jurisdição, vinculadas à implementação de locais de espera, repouso e descanso e pontos de paradas, de trevos ou acessos a esses locais. Infelizmente, os governos costumam ser prepotentes e não nos surpreenderia se obrigassem os pontos de rodovia a cederem espaço para áreas de descanso gratuitas. Por outro lado, o mesmo artigo determina que as concessões de rodovias poderá ter essa obrigação. Nesse caso, a ganância das concessionárias e seus investidores pode estimular que entrem
LIVRO 33
no negócio das paradas com condições especiais, pois podem construir e conseguir as autorizações com muita facilidade. Entretanto, muitos concessionários de rodovias já entenderam que, no caso de área de alimentação e combustível, é melhor cada um no seu quadrado. Por isso, acredito que os grupos ou operadores mais preparados terão oportunidade de se associarem às concessionárias de rodovias. Os postos de rodovias entram na regra em que se proíbe cobrar pelos pontos de descanso, conforme prevê o Artigo 9º? Na nossa avaliação não. A Lei diferencia ponto de espera e ponto de repouso e descanso. Especifica os locais em que é proibido cobrar no parágrafo 1º do Art. 9º quando diz: § 1º É vedada a cobrança ao motorista ou ao seu empregador pelo uso ou permanência em locais de espera sob a responsabilidade de: I - transportador, embarcador ou consignatário de cargas; II - operador de terminais de cargas; III - aduanas; IV - portos marítimos, lacustres, fluviais e secos; V - terminais ferroviários, hidroviários e aeroportuários. Os pontos de parada e postos de combustível são considerados pontos de repouso e descanso, conforme define o § 2o do mesmo artigo. Portanto, não estão obrigados em não cobrar. Está na mesma categoria das rodoviárias, hotéis, que podem cobrar pelo estacionamento. Há alguma ideia sobre quais serão os critérios de homologação dos pontos de parada? Diz o bom senso que serão locais com estacionamento seguro, instalações sanitárias, chuveiros, área de alimentação, dentro do padrão do que já oferecem os melhores postos de rodovia. Entretanto, não poderá ser um padrão muito rígido pela realidade de cada região. Quanto à homologação o que o governo não pode fazer é estabelecer a obrigação de receber caminhões no estacionamento sem nenhuma receita direta ou indireta para o ponto. Muitos pontos de rodovia não terão interesse em ser homologados nessa condição. Informações fornecidas por Rodolfo Rizzotto, coordenador do SOS Estradas, programa de segurança nas estradas Combustíveis & Conveniência • 57
Livro: O Código da Inteligência Autor: Augusto Cury Editora: Sextante O avanço tecnológico transformou as sociedades modernas em uma bomba-relógio pronta para explodir. Nosso dia a dia é cada vez mais corrido e parece que o tempo é insuficiente para dar conta de tudo aquilo que precisamos fazer, seja no trabalho ou em casa. Somos treinados para dirigir carros, manipular computadores e máquinas etc., mas nem sempre paramos para pensar em como tudo isso interfere em nossas vidas. Acompanhar esse ritmo intenso nem sempre é fácil, principalmente porque não fomos educados para ter o controle emocional de nossa vida a ponto de neutralizar o bombardeio diário de compromissos e responsabilidades. A partir da análise do funcionamento de cada código da inteligência socioambiental - conjunto de atitudes capazes de estimular as pessoas a libertarem a criatividade, expandirem a arte de pensar, desenvolverem a saúde psíquica e buscarem a excelência profissional -, Augusto Cury descreve ações que contribuem para a superação de inseguranças e limitações ao abordar armadilhas da mente que aumentam o estresse Com 1,2 milhão de exemplares vendidos, o livro O Código da Inteligência traz para o leitor, de maneira simples e acessível, o processo de construção dos pensamentos e de formação dos grandes pensadores, além de abordar hábitos dos bons profissionais em comparação aos dos profissionais excelentes. O autor aposta ainda em uma linguagem inovadora para auxiliar no desenvolvimento de potencialidades intelectuais, saúde física e psíquica de cada um.
44 REVENDA EM AÇÃO
União e aprendizado Evento no Sul do país, em Gaspar-SC, reuniu dirigentes de estados de todo o Brasil, estimulou a ampliação do conhecimento e o fortalecimento da categoria para as conquistas do setor
Fotos: Julius
Julio Cesar Zimmermann, presidente do Sinpeb, durante a cerimônia de abertura
Por Mônica Serrano O 3º Encontro Sul Brasileiro de Revendedores de Combustíveis e Lojas de Conveniência em Santa Catarina, transcorreu às vésperas do protesto de parte da população contra o governo de Dilma Rousseff, em 13 e 14 de março, no Fazzenda Park Hotel, na cidade de Gaspar - SC. Apesar do clima geral de preocupação, acentuado pela crise do país, os empresários presentes puderam ampliar o conhecimento sobre a dinâmica de negócio da revenda e tiveram momentos de confraternização e troca de experiências. A união da categoria foi a tônica dos discursos na cerimônia de abertura. 58 • Combustíveis & Conveniência
O anfitrião do evento, Julio Cesar Zimmermann, presidente do Sinpeb (Santa Catarina/Blumenau), destacou a presença dos demais presidentes dos Sindicatos Filiados à Fecombustíveis, que vieram de estados longínquos e de diferentes regiões para prestigiar o encontro. “Agradeço a participação maciça de quase todos os sindicatos do nosso Brasil. Do Acre e Pará, no Norte, e também do Nordeste, Sudeste, todas as regiões que estiveram presentes e estão dando seu apoio para que este evento se torne cada vez mais forte”, disse. Giovanni Alberto Testoni, presidente do Sincombustíveis - Santa Catarina/Litoral e região, destacou que a união e o otimismo
podem auxiliar o revendedor a superar os obstáculos sobre o atual cenário adverso do país. “Acredito na revenda e nos revendedores, apesar de tudo o que está acontecendo no país. Só com a união de todos, o pensamento no futuro, muito trabalho e muita luta conseguiremos passar pelas dificuldades. Acreditem em seu negócio e vamos em frente”, disse. A atuação da liderança sindical em defesa da categoria e o trabalho, muitas vezes, desconhecido pelo revendedor, ancorou o discurso de Robson de Souza, presidente do Sindipetro - Santa Catarina. “Trabalhamos muito pelos revendedores, peço que valorizem o nosso trabalho e também o da a nossa Federação, onde discutimos
e debatemos situações em âmbito Brasil. Muitas vezes, o revendedor está distante e não sabe o que está acontecendo, mas nós estamos sempre trabalhando pela revenda. É um momento difícil, de crise, tivemos problemas com o Procon e com o Ministério Público, mas unidos conseguimos superar os desafios”, destacou. O discurso de Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustíveis, acentuou a dedicação da liderança sindical em defesa do setor. “É um trabalho que exige sacrifício, deixamos o nosso negócio de lado para defender a categoria em todas as esferas, junto aos governos municipal, estadual e federal. Estamos constantemente no Congresso Nacional, discutindo projetos de lei que, em alguns casos, certamente, acabariam com o nosso negócio”, comentou. Segundo Paulo Miranda, há cerca de 200 projetos de lei no Congresso que atingem diversos segmentos do setor de petróleo Um deles, que teve forte atuação da Fecombustíveis no sentido de mostrar os efeitos negativos da proposta para a revenda e sociedade, foi o projeto de lei que previa que o calibrador de pneus deveria ser regulado pelo Instituto de Pesos e Medidas (Ipem). Caso o projeto fosse à frente, geraria mais despesas ao revendedor e, consequentemente, esse custo poderia ser repassado ao consumidor, assim como ocorre em países desenvolvidos. Após conversa entre o presidente da Fecombustíveis e a deputada idealizadora do projeto, houve entendimento. “Esses projetos são feitos por parlamentares bem
intencionados, mas que não que conhecem a nossa atividade. A deputada tinha boas intenções, mas não imaginou os custos que seriam gerados para a revenda”, disse. O trabalho da liderança sindical exige tempo, dedicação e inteligência, já que se trata de um trabalho essencialmente político , explicou Paulo Miranda. Apesar de todo o esforço da liderança sindical, ainda há muitos revendedores que não conhecem a dimensão do trabalho e relutam em se associar. Segundo o presidente, tem revendedor com cinco postos e só um é filiado e ele quer que o advogado do sindicato atenda a todos. “Sempre falo para o revendedor, a sua casa é o seu sindicato, aqui você é defendido. A entidade está, no seu dia a dia, trabalhando por você”, concluiu.
Conveniência em destaque A experiência bem-sucedida da rede Mime no setor de conveniência foi apresentada pelo diretor da rede, Paulo Chiodini, na primeira palestra do encontro de revendedores. Fundada em 1977, a rede é composta por 29 postos, dos quais 23 da bandeira Shell, quatro BR, um Ipiranga e um Ale.
Porém, um dos pontos fortes do empreendimento são as lojas de conveniência. O empreendimento completo vai além da revenda e abrange o transporte de gás natural comprimido, distribuição de produtos alimentícios e bebidas para o pequeno varejo, parceria com a Raízen no embandeiramento de postos e um pequeno hotel em Blumenau, que conta com uma loja, onde é servido o café da manhã para os hóspedes. Chiodini destacou quatro momentos para o canal de varejo/conveniência: crescimento, amadurecimento, food service e qualidade. No Brasil, mesmo com um vasto campo para crescer, a conveniência está atravessando o momento da qualidade. “Vemos franquias inovadoras e lojas independentes mais estruturadas onde percebemos muitas mudanças, reformas e ampliações. Temos que estar atentos às renovações da loja”, disse. A primeira loja de conveniência da rede Mime, a matriz em Jaraguá do Sul, foi inaugurada em 1993 e passou por uma remodelagem em 1998, quando foi incluído o serviço de padaria e, atualmente, passará por uma nova reformulação. O espaço será duplicado, (terá mais 120 lugares), será instalado um balcão de food
3º Encontro Sul Brasileiro de Revendedores de Combustíveis e Lojas de Conveniência, em Santa Catarina, reuniu revendedores, parceiros e líderes do setor Combustíveis & Conveniência • 59
44 REVENDA EM AÇÃO de preparar o futuro service e será criada sucessor para o cargo uma minicentral de e utilizar os instruprodução de alimentos para atender esta mentos legais para unidade e mais 14 deixar o patrimônio lojas da cidade. “A devidamente orgarenovação é necessánizado na hora da ria em nosso negócio, divisão de bens, em nas instalações, no caso de falecimento mix de produtos, do sócio-proprietário. Segundo Tsukanas novidades e as inovações são sempre moto, de cada 100 com foco no food fortunas brasileiras, service”, destacou. apenas 18 foram Segundo ele, só herdadas. Ou seja, esta loja vendeu, no 82 foram construíano passado, 240 das e poucas tivemil pães de queijo, ram sucessores. As 25 mil sanduíches, estatísticas sobre 300 mil salgados e empresas familiares 60 mil cafés. também indicam O diretor tamo despreparo das gerações seguintes, bém enfatizou a de cada três empreimportância das promoções nas lojas sas familiares, duas de conveniência para (66%) não chegarão chamar a atenção do à próxima geração. cliente. E mostrou “O que mais que as ações de diferencia no negócio familiar entre pais e marketing bem filhos é que os pais trabalhadas geram Julio Zimmermann entrega placas em homenagens ao funcionário Dilson Schramm (no alto) pelos 38 anos de dedicação ao Sinpeb; e a Paulo passaram por necesresultado. Para exemplificar, só no Fernando de Azambuja Boamar (acima) pelo trabalho desenvolvido para a sidade, tiveram que melhora da qualidade dos combustíveis nos postos da região ano passado, a rede lutar para construir o vendeu um milhão patrimônio, enquanto de pães de queijo e o desafio que os filhos ganharam tudo de gestão, estabelecendo prioridades para este ano é comercializar dois mão beijada. A gente precisa e reposicionando o foco de suas milhões. A campanha promociopensar um pouco na necessidade ações. “Não se esqueçam que que faz o jovem correr atrás para chegou o momento da qualidade. nal vai começar neste mês e vai se desenvolver”, alertou. Temos que fazer a nossa parte, abranger também as escolas da O professor também recosomente assim, vamos obter cidade. “Distribuímos um deseresultados”, concluiu. nho animado nas escolas para mendou que a melhor decisão crianças até a 4ª série e, quando que os pais podem ter é permitir Sucessão familiar ela devolve na loja, ganha um que os filhos trabalhem em pão de queijo ou sanduíche. Esta outras empresas, para que eles O segundo dia de palestra ação vai entrar na promoção do aprendam a ter responsabilidade, teve o tema sucessão familiar, pão de queijo”, disse. disciplina, a lidar com o chefe ministrada por Rogério Tsukamoto, Para finalizar, Chiodoni difícil e, com isso, ganharem consultor e professor da Fundação chamou a atenção do revendeexperiência de vida para poder Getulio Vargas (FGV-SP). sair deste trabalho e cuidar bem O professor abordou a imdor presente para começar um de si e do negócio da família. n processo de autocrítica em sua portância de pensar na sucessão, 60 • Combustíveis & Conveniência
TABELAS 33 em R$/L
Período
São Paulo
Goiás
Período
São Paulo
Goiás
09/02/2015 -13/02/2015
1,507
1,518
09/02/2015 -13/02/2015
1,393
1,304
16/02/2015 - 20/02/2015
1,494
1,534
16/02/2015 - 20/02/2015
1,386
1,301
23/02/2015 - 27/02/2015
1,430
1,521
23/02/2015 - 27/02/2015
1,317
1,275
02/03/2015 - 06/03/2015
1,406
N/D
02/03/2015 - 06/03/2015
1,283
1,217
09/03/2015 - 13/03/2015
1,393
1,438
09/03/2015 - 13/03/2015
1,275
1,155
Média Fevereiro 2014
1,521
1,516
Média Fevereiro 2014
1,369
1,254
Média Fevereiro 2015
1,553
1,523
Média Fevereiro 2015
1,385
1,298
Variação 09/02/2015 13/03/2015
-7,5%
-5,3%
Variação 09/02/2015 13/03/2015
-8,5%
-11,4%
Variação Fevereiro/2014 - Fevereiro/2015
2,1%
0,4%
Variação Fevereiro/2014 - Fevereiro/2015
1,2%
3,5%
HIDRATADO
ANIDRO
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL (CENTRO-SUL)
Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos
Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos
Período
Alagoas
Pernambuco
Fevereiro 2014
1,693
1,723
Fevereiro 2015
1,633
1,642
Variação
-3,5%
-4,7%
Período
em R$/L
Alagoas
Pernambuco
EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL ANIDRO
Em R$/L
HIDRATADO
ANIDRO
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL (NORDESTE)
1,9 1,8
Fevereiro 2014 São Paulo
Fevereiro 2015
1,7 1,6
Variação
1,409
Goiás
1,402
Alagoas
1,389
1,345
-1,4%
-4,1%
1,5
Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos
Fonte: CEPEA/Esalq 1,4 Nota: Preços sem impostos 1,3
15 v/
n/
EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL HIDRATADO
EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL ANIDRO Em R$/L
Em R$/L
1,6
São Paulo
Goiás
Alagoas
1,5
1,8
1,4
1,7
1,3
5 /1
v/ fe
ja n
15
0,9
São Paulo
Pernambuco
Goiás 5
1,0
1,2
/1
1,1
1,3
fe v
1,2
1,4
15
1,5
n/
1,6
ja
1,9
fe
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL HIDRATADO (em R$/L)
ja
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL ANIDRO (em R$/L)
15
1,2
EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL HIDRATADO Em R$/L
1,6 1,5 1,4 1,3
Combustíveis & Conveniência • 61
44 TABELAS em R$/L - Fevereiro 2015
Comparativo das margens e preços dos combustíveis Distribuição
Gasolina BR Ipiranga Raízen
Preço de Custo 1
Preço de Venda
Margem (R$/L)
Com bandeira
2,710
2,867
0,157
Margem (%)
Preço de Compra
Preço de Venda
Margem (R$/L)
Margem (%)
5,5%
2,867
3,362
0,495
14,7%
Sem bandeira
2,713
2,847
0,134
4,7%
2,847
3,262
0,415
12,7%
Com bandeira
2,688
2,876
0,188
6,5%
2,876
3,297
0,421
12,8%
Sem bandeira
2,633
2,831
0,198
7,0%
2,831
3,215
0,384
11,9%
Com bandeira
2,701
2,879
0,178
6,2%
2,879
3,315
0,436
13,2%
Sem bandeira
2,720
2,876
0,156
5,4%
2,876
3,319
0,443
13,3%
Com bandeira
2,675
2,783
0,108
3,9%
2,783
3,220
0,437
13,6%
2,719
2,742
0,023
0,8%
2,742
3,255
0,513
15,8%
Com bandeira
2,699
2,868
0,169
5,9%
2,868
3,321
0,453
13,6%
Sem bandeira
2,708
2,785
0,077
2,8%
2,785
3,258
0,473
14,5%
2,701
2,848
0,147
5,2%
2,848
3,305
0,457
13,8%
Outras distribuidoras Sem bandeira
Resumo Brasil
Revenda
Resumo Brasil
Distribuição
Diesel S500 BR Ipiranga Raízen
Preço de Custo 1
Preço de Venda
Margem (R$/L)
Com bandeira
2,329
2,398
0,069
Margem (%)
Preço de Compra
Preço de Venda
Margem (R$/L)
Margem (%)
2,9%
2,398
2,783
0,385
13,8%
Sem bandeira
2,298
2,334
0,036
1,5%
2,334
2,758
0,424
15,4%
Com bandeira
2,329
2,448
0,119
4,9%
2,448
2,770
0,322
11,6%
Sem bandeira
2,294
2,356
0,062
2,6%
2,356
2,727
0,371
13,6%
Com bandeira
2,303
2,424
0,121
5,0%
2,424
2,740
0,316
11,5%
Sem bandeira
2,300
2,337
0,037
1,6%
2,337
2,760
0,423
15,3%
Com bandeira
2,306
2,360
0,054
2,3%
2,360
2,711
0,351
12,9%
2,339
2,332
-0,007
-0,3%
2,332
2,689
0,357
13,3%
Com bandeira
2,320
2,415
0,095
3,9%
2,415
2,764
0,349
12,6%
Sem bandeira
2,322
2,335
0,013
0,6%
2,335
2,714
0,379
14,0%
2,321
2,385
0,064
2,7%
2,385
2,746
0,361
13,1%
Outras distribuidoras Sem bandeira
Resumo Brasil
Revenda
Resumo Brasil
Distribuição
Diesel S10 BR Ipiranga
Preço de Custo 1
Preço de Venda
Margem (R$/L)
Com bandeira
2,444
2,520
0,076
Revenda Margem (%)
Preço de Compra
Preço de Venda
Margem (R$/L)
Margem (%)
3,0%
2,520
2,928
0,408
13,9%
Sem bandeira
2,444
2,484
0,040
1,6%
2,484
2,914
0,430
14,8%
Com bandeira
2,423
2,535
0,112
4,4%
2,535
2,920
0,385
13,2%
Sem bandeira
2,420
2,511
0,091
3,6%
2,511
2,827
0,316
11,2%
Com bandeira
2,445
2,569
0,124
4,8%
2,569
2,916
0,347
11,9%
Sem bandeira
2,434
2,515
0,081
3,2%
2,515
2,862
0,347
12,1%
Com bandeira Outras distribuidoras Sem bandeira
2,438
2,503
0,065
2,6%
2,503
2,896
0,393
13,6%
2,430
2,382
-0,048
-2,0%
2,382
2,760
0,378
13,7%
Com bandeira
2,438
2,538
0,100
3,9%
2,538
2,920
0,382
13,1%
Sem bandeira
2,430
2,437
0,007
0,3%
2,437
2,805
0,368
13,1%
2,437
2,524
0,087
3,4%
2,524
2,905
0,381
13,1%
Raízen
Resumo Brasil
Resumo Brasil
A pesquisa abrange as capitais dos Estados da BA, MG, PA, PE, PR, RJ, RS, SP e o DF com relação à gasolina. Os dados do S500 não consideram as capitais do PA e PE e os dados do S10 não consideram o Distrito Federal. O fator de ponderação para cálculo de margem e preço médio é o nº de postos consultados pela ANP. (1): Calculado pela Fecombustíveis, a partir dos Atos Cotepe 02/15 e 03/15
62 • Combustíveis & Conveniência
TABELAS 33
FORMAÇÃO DE PREÇOS
em R$/L
Ato Cotepe n° 05, de 09/03/2015 - DOU de 11/03/2015 - Vigência a partir de 16 de março de 2015.
Gasolina
UF AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO
UF
73% Gasolina A
27% Etanol Anidro (1)
Diesel S500
(2)
1,158 0,498 0,000 1,041 0,448 0,000 1,068 0,493 0,000 1,072 0,491 0,000 1,013 0,455 0,000 1,062 0,455 0,000 1,087 0,384 0,000 1,104 0,392 0,000 1,086 0,382 0,000 1,022 0,459 0,000 1,121 0,403 0,000 1,094 0,387 0,000 1,089 0,384 0,000 1,053 0,487 0,000 1,049 0,451 0,000 1,023 0,451 0,000 1,039 0,456 0,000 1,057 0,386 0,000 1,024 0,384 0,000 1,026 0,451 0,000 1,102 0,497 0,000 1,092 0,500 0,000 1,027 0,408 0,000 1,088 0,390 0,000 1,081 0,451 0,000 1,058 0,382 0,000 1,070 0,384 0,000 CUSTO DA DISTRIBUIÇÃO - BRASIL (4)
93% Diesel
7% Biocombustível (5)
AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO
73% CIDE
93% CIDE (2)
1,655 0,159 0,000 1,499 0,164 0,000 1,540 0,159 0,000 1,529 0,159 0,000 1,452 0,164 0,000 1,511 0,164 0,000 1,613 0,148 0,000 1,592 0,153 0,000 1,614 0,148 0,000 1,463 0,164 0,000 1,659 0,148 0,000 1,575 0,148 0,000 1,553 0,153 0,000 1,499 0,159 0,000 1,504 0,164 0,000 1,475 0,164 0,000 1,484 0,164 0,000 1,557 0,145 0,000 1,514 0,153 0,000 1,421 0,164 0,000 1,583 0,159 0,000 1,572 0,159 0,000 1,472 0,145 0,000 1,583 0,145 0,000 1,551 0,164 0,000 1,530 0,153 0,000 1,524 0,159 0,000 CUSTO DA DISTRIBUIÇÃO - BRASIL (4)
73% PIS/ COFINS (2) 0,352 0,352 0,352 0,352 0,352 0,352 0,352 0,352 0,352 0,352 0,352 0,352 0,352 0,352 0,352 0,352 0,352 0,352 0,352 0,352 0,352 0,352 0,352 0,352 0,352 0,352 0,352
93% PIS/ COFINS (2) 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277 0,277
Carga ICMS 0,936 0,894 0,897 0,798 0,937 0,878 0,889 0,915 1,012 0,920 0,866 0,882 0,992 0,952 0,864 0,880 0,813 0,921 1,078 0,897 0,877 0,883 0,881 0,833 0,879 0,793 0,850 2,710
Carga ICMS 0,564 0,463 0,485 0,480 0,502 0,471 0,345 0,336 0,432 0,474 0,494 0,523 0,430 0,504 0,465 0,475 0,485 0,331 0,365 0,474 0,522 0,527 0,300 0,331 0,483 0,332 0,379 2,370
Custo da Distribuição
Alíquota ICMS
Preço de Pauta (3)
2,944 2,734 2,809 2,713 2,756 2,746 2,712 2,763 2,831 2,753 2,741 2,714 2,817 2,844 2,715 2,705 2,659 2,715 2,837 2,725 2,827 2,826 2,668 2,661 2,763 2,584 2,656
25% 27% 25% 25% 27% 27% 25% 27% 29% 27% 25% 25% 29% 28% 27% 27% 25% 28% 31% 27% 25% 25% 25% 25% 27% 25% 25%
3,745 3,311 3,590 3,191 3,470 3,250 3,554 3,389 3,490 3,409 3,462 3,527 3,422 3,399 3,199 3,258 3,250 3,289 3,476 3,321 3,509 3,530 3,525 3,330 3,257 3,170 3,400
Custo da distribuição
Alíquota ICMS
Preço de Pauta (3)
2,655 2,404 2,462 2,446 2,395 2,423 2,383 2,358 2,472 2,378 2,577 2,523 2,413 2,440 2,411 2,391 2,410 2,310 2,310 2,337 2,542 2,535 2,194 2,336 2,476 2,292 2,339
17% 17% 17% 17% 17% 17% 12% 12% 15% 17% 17% 17% 15% 17% 17% 17% 17% 12% 13% 17% 17% 17% 12% 12% 17% 12% 13,5%
3,319 2,726 2,856 2,825 2,952 2,771 2,878 2,798 2,883 2,789 2,903 3,076 2,866 2,966 2,735 2,793 2,854 2,757 2,805 2,790 3,070 3,100 2,498 2,760 2,840 2,763 2,810
Combustíveis & Conveniência • 63
44 TABELAS
Formação de custos do S10
em R$/L
A revista Combustíveis & Conveniência passou a divulgar, desde outubro do ano passado, a formação do custo do diesel S10, tendo em vista o aumento da participação deste produto no total de diesel comercializado no Brasil. Em 2013, a participação do S10 no mercado total de diesel correspondeu a 18%, enquanto que no primeiro semestre de 2014 passou para 24%. As informações sobre o custo do S10 estão disponíveis somente em 13 estados. Desde a produção, o preço do S10 é mais elevado do que o diesel comum. Por ser um produto altamente suscetível à contaminação, a revenda e distribuição mantêm cuidados especiais no transporte, manuseio e armazenamento do produto, o que acarreta custos adicionais. O S10 passou a ser comercializado no país desde janeiro de 2013. É o diesel com menor teor de enxofre, com apenas 10 partes por milhão (ppm), sendo menos prejudicial ao meio ambiente. Apesar de poder ser utilizado em qualquer veículo a diesel, seu abastecimento é obrigatório para aqueles com motor Euro 5. UF
93% Diesel
7% Biocombustível
Diesel S10
(5)
93% CIDE (2)
93% PIS/ COFINS (2)
Carga ICMS
Custo da Distribuição
Alíquota ICMS
Preço de Pauta (3)
AM
1,631
0,159
0,000
0,277
0,485
2,552
17%
2,856
BA
1,582
0,164
0,000
0,277
0,502
2,525
17%
2,952
CE
1,618
0,164
0,000
0,277
0,471
2,531
17%
2,771
DF
1,743
0,148
0,000
0,277
0,345
2,514
12%
2,878
ES
1,660
0,153
0,000
0,277
0,336
2,427
12%
2,798
MA
1,565
0,164
0,000
0,277
0,474
2,481
17%
2,789
MG
1,641
0,153
0,000
0,277
0,430
2,502
15%
2,866
PA
1,593
0,159
0,000
0,277
0,504
2,534
17%
2,966
PE
1,547
0,164
0,000
0,277
0,475
2,463
17%
2,793
PR
1,655
0,145
0,000
0,277
0,331
2,408
12%
2,757
RJ
1,629
0,153
0,000
0,277
0,365
2,424
13%
2,805
RS
1,627
0,145
0,000
0,277
0,300
2,348
12%
2,498
SC
1,681
0,145
0,000
0,277
0,331
2,434
12%
2,760
SP
1,661
0,153
0,000
0,277
0,332
2,423
12%
2,763
CUSTO DA DISTRIBUIÇÃO - BRASIL (4) Nota (1): Corresponde ao preço da usina com acréscimo do frete. Nota (2): Decreto 8.395,de 28/01/2015 Nota (3): Base de cálculo do ICMS Nota (4): Média ponderada considerando o volume comercializado em 2014. Nota (5): Corresponde ao preço do leilão com acréscimo do frete.
64 • Combustíveis & Conveniência
2,452
TABELAS 33
preços dAs DISTRIBUIDORAS Menor
Belém (PA) Gasolina Diesel Etanol
Macapá (AP) Gasolina Diesel Etanol
BR 2,896 N/D 2,246
Manaus (AM) Gasolina Diesel Etanol
2,946 N/D 2,256
2,726 2,498 2,310
Cuiabá (MT)
2,973 2,679 2,491
2,673 2,467 2,618
Menor
Maior
3,163 2,796 2,494
Atem’s 3,106 3,106 N/D N/D N/D N/D BR
IPP 3,021 2,631 2,448
Raízen 3,100 3,159 N/D N/D 2,401 2,401
N/D N/D N/D
N/D N/D N/D
Equador 2,640 2,850 2,400 2,640 2,387 2,387 Raízen 2,688 3,022 2,434 2,673 2,342 2,545 IPP 3,085 2,400 N/D
3,085 2,400 N/D
3,244 2,913 2,545
BR
2,900 2,766 1,760
Raízen 2,736 2,945 2,619 2,755 1,695 1,778
2,705 2,480 1,681
3,002 2,771 2,118
Taurus 2,580 2,925 2,390 2,665 1,768 2,105
2,657 2,536 1,849
2,581 2,431 1,835
Gasolina Diesel Etanol
Alesat 2,946 3,086 2,426 2,497 2,009 2,019
Gasolina Diesel Etanol
2,582 2,154 1,744
Gasolina Diesel Etanol
2,880 N/D N/D
Gasolina Diesel Etanol
2,587 2,381 2,115
BR
2,663 2,399 1,810
2,932 N/D N/D
2,883 2,489 2,113
2,984 2,389 2,328
2,484 2,129 2,160
IPP
IPP 2,946 2,426 N/D
2,954 2,475 N/D
2,954 2,451 1,965
2,560 2,193 1,704
Raízen 2,950 2,510 2,007
2,910 2,640 2,327
2,905 2,450 2,201
Raízen 2,998 2,450 2,346
2,929 2,296 2,426
2,550 2,212 2,135
Raízen 2,969 2,406 2,375
BR
IPP
3,001 2,787 2,094
3,046 2,452 2,064 IPP
2,972 2,402 1,961
2,969 3,017 1,844 IPP
BR 2,945 2,452 2,037
BR
Porto Alegre (RS)
Raízen 2,686 3,018 2,496 2,727 2,378 2,594
Raízen 2,891 3,105 2,594 2,756 N/D N/D
Gasolina Diesel Etanol
Florianópolis (SC)
2,990 2,682 2,210
2,692 2,394 2,298
N/D N/D N/D
Equador 2,877 3,097 2,628 2,775 2,305 2,405
Idaza
Campo Grande (MS)
N/D N/D N/D
N/D
Atem’s 2,630 2,900 2,400 2,570 N/D N/D
Equador 2,730 3,100 2,418 2,625 2,308 2,420
2,881 2,590 2,480
3,037 2,748 2,560
2,721 2,480 2,210
2,630 2,480 1,630
Curitiba (PR)
2,783 2,574 2,397
2,961 2,650 2,618 BR
2,630 2,400 2,190
2,926 N/D 2,246
IPP
Gasolina Diesel Etanol
Goiânia (GO)
2,896 N/D 2,246
BR
Rio Branco (AC) Gasolina Diesel Etanol
Menor N/D
IPP
Porto Velho (RO) Gasolina Diesel Etanol
Maior IPP
BR
Boa Vista (RR) Gasolina Diesel Etanol
Menor
São Luiz (MA)
Palmas (TO) Gasolina Diesel Etanol
Maior
em R$/L - Fevereiro 2015
BR
Maior SP
2,840 2,525 2,189
Raízen 2,565 2,872 2,582 2,617 2,317 2,530
2,741 2,505 N/D
2,741 2,505 N/D
2,961 2,649 2,288
2,655 2,436 2,160
2,950 2,735 2,360
2,688 2,488 2,090
Raízen 3,006 2,686 2,283
3,023 2,730 2,269
2,885 2,379 2,109
2,902 2,456 2,231
2,846 2,334 2,132
Raízen 2,937 2,516 2,132
Raízen 2,460 2,805 2,280 2,487 1,841 1,850
Alesat 2,554 2,680 2,324 2,367 1,974 2,029
2,609 2,337 1,860
Total
Raízen 2,554 2,847 2,401 2,652 2,013 2,214
2,647 2,321 1,919
2,537 2,391 2,189
Gasolina Diesel Etanol
2,645 2,436 2,113
Gasolina Diesel Etanol
2,528 2,275 2,130
Gasolina Diesel Etanol
Gasolina Diesel Etanol
2,680 2,328 1,910
Gasolina Diesel Etanol
Alesat 2,750 2,871 2,440 2,509 N/D N/D
Gasolina Diesel Etanol
2,616 2,468 1,989
Gasolina Diesel Etanol
2,561 2,323 2,018
Gasolina Diesel Etanol
2,824 2,337 2,481
BR
Fortaleza (CE)
BR
BR
IPP
2,764 2,529 2,034
BR 2,846 2,510 2,005 BR
IPP
3,009 2,552 2,129 BR
2,877 2,497 2,260
2,612 2,333 2,191
2,941 2,721 2,188
Raízen 2,572 2,985 2,479 2,691 1,938 2,330
2,666 2,404 2,145
2,907 2,543 2,190
2,943 2,323 2,135
2,521 2,215 1,830
3,009 2,565 2,295
2,554 2,271 1,943
Raízen 2,977 2,589 2,171
2,903 2,397 2,484
2,702 2,379 2,302
2,914 2,454 2,454
2,923 2,413 2,341
Raízen 2,950 2,659 2,474
Gasolina Diesel Etanol
Raízen 2,695 3,151 2,179 2,517 2,086 2,456
2,615 2,208 2,010
3,193 2,521 2,559
2,547 2,200 2,086
Gasolina Diesel Etanol
2,586 2,350 1,903
2,931 2,537 2,123
Raízen 2,628 2,957 N/D N/D 1,911 2,067
2,671 2,354 2,049
2,947 2,577 2,327
Gasolina Diesel Etanol
2,365 2,210 1,647
2,885 2,457 1,896
2,320 2,150 1,570
2,816 2,564 1,889
2,395 2,170 1,581
Raízen 2,907 2,496 1,885
Gasolina Diesel Etanol
3,024 2,499 2,387
3,110 2,519 2,488
Raízen 3,029 3,120 2,499 2,520 2,387 2,488
3,027 2,499 2,387
Aracaju (SE)
Salvador (BA)
Vitória (ES)
BR
IPP
BR
Belo Horizonte (MG)
BR
São Paulo (SP)
IPP
BR
IPP
BR
2,874 2,603 2,351 IPP
BR
IPP
Rio de Janeiro (RJ)
Brasília (DF)
2,610 2,383 2,109
2,771 2,475 N/D IPP
IPP
BR
João Pessoa (PB)
Maceió (AL
Maior
2,614 2,292 N/D
Gasolina Diesel Etanol
Recife (PE)
Menor
Raízen 2,554 2,900 2,240 2,543 2,329 2,370
2,528 2,349 2,270
Natal (RN)
Maior
2,802 2,541 2,270
Gasolina Diesel Etanol
Teresina (PI)
Menor
BR 3,181 2,535 2,490 IPP
IPP
3,115 2,520 2,488 Fonte: ANP
Foram consideradas as três distribuidoras com maior participação de mercado em cada capital, considerando os dados disponibilizados pela ANP. O diesel corresponde ao S500, com exceção de Palmas, Belém, Florianópolis, Fortaleza, Recife e Aracaju, que apresentam o preço do S10
Combustíveis & Conveniência • 65
44 CRÔNICA
A fé e a dúvida - Sem fé não há esperança. - Sem confiança não há futuro. - O nosso líder nos levará à glória! - O nosso presidente nos levará à salvação! - Aleluia! Aleluia! - Nosso líder aumentou nossa riqueza! - Nunca antes estivemos tão felizes! - Aqui é a bem-aventurança! - Amém! Aleluia! Aleluia! Os autofalantes reboam as palavras gritadas. A cerimônia ocorre. Transmitida pela televisão. Os comunicadores repetem e explicam parte do entusiasmo de pregador e assembleia. - Nunca antes. Nunca antes. Na mesa do restaurante do clube, ao lado da piscina, os velhos olham tudo aquilo. As reações são diversas. Alguns quase eufóricos. Outros com certa raiva. O Doutor se confessa cheio de dúvidas. - Sei não!!! Perdemos a Copa.
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- Tomando sete da Alemanha. Mais três da Holanda. Alguém reage furioso e recebe apoio: - Acaso. Circunstância. O que interessa é o pré-sal. - Os ativos da Petrobras. A maior empresa do mundo. - As novas refinarias. - Os empréstimos dos bancos de fomento. - As ferrovias e aquavias. - O preço estável do combustível. - Vamos realizar a Olimpíada. - Escutem a palavra do pregador. O apóstolo da prosperidade. Ignorem os alarmistas. Morte aos incrédulos! Doutor comenta para os velhos: - Isso é regra. Quanto mais dura a realidade, maior a necessidade de fé. Quando até o mentiroso tem que acreditar na própria mentira. Mas foi assim que Napoleão perdeu a guerra.