Revista Combustíveis & Conveniência - Ed. 153

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ÍNDICE 33 n Reportagem de Capa

n Meio Ambiente

44 • O gargalo dos documentos n Conveniência

48 • Sua loja está preparada para o consumidor maduro?

n Revenda em ação

52 • Celebração em dose dupla n Entrevista

10 • Gilberto Braga, Professor de Finanças do Ibmec/RJ

36 • Preocupação com a logística n Mercado

18 • Balanços do setor: no azul 23 • Venda da Liquigás preocupa revenda 26 • Novo equipamento de coleta 28

da amostra-testemunha • Relações delicadas

n Na Prática

32 • Efeito da crise: menor rotatividade

61 • Evolução dos

60 • Perguntas e Respostas

35 • José Camargo Hernandes

66 • Crônica

43 • Jurídico Klaiston D’ Miranda

Preços do Etanol

62 • Comparativo das

4TABELAS

58 • Atuação Sindical

16 • Paulo Miranda Soares

4OPINIÃO

4SEÇÕES

04 • Virou Notícia

Margens e Preços dos Combustíveis

63 • Formação

de Preços

64 • Formação

de Custos do S10

65 • Preços das

Distribuidoras Combustíveis & Conveniência • 3


44 VIROU NOTÍCIA

DE OLHO NA ECONOMIA

Atenção: arla irregular

abril a junho deste ano, segundo a Confederação

Em agosto, o Instituto Nacional de Metodologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) realizou ensaios em amostras de Arla 32, como parte do Programa de Verificação da Conformidade. Foram testadas amostras de diferentes fornecedores de todo o país e, entre elas, o instituto encontrou desconformidades em três marcas disponíveis no mercado. As devidas licenças foram suspensas cautelarmente, e os fabricantes devem retirar os produtos dos pontos de venda. Além disso, foi aberto um processo administrativo contra as empresas, que podem receber multas de até R$ 1, 5 milhão.

Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo

Os registros suspensos foram:

(CNC). Apesar do resultado negativo, é a menor

• Catálise, envasilhado 20 L, fabricado pela Destaque Produtos Químicos EIRELI-ME;

US$ 28,2 bilhões Foi o superávit (exportações menos importações) da balança comercial brasileira, de janeiro a julho, conforme divulgação do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). Considerando as duas primeiras semanas de agosto, o montante sobe para US$ 30,5 bilhões.

0,5% Foi a queda nas vendas do varejo acumulada de

queda trimestral desde o terceiro trimestre de 2014. Segundo a CNC, mesmo com a reação, o setor ainda se encontra longe da recuperação.

68 mil Representa a perda de estabelecimentos do comércio varejista com vínculo empregatício, entre abertura e fechamento de lojas, no balanço dos primeiros seis meses do ano, conforme levantamento da CNC, com base em estatísticas do Ministério do Trabalho e Previdência Social. Considerando o mesmo período do ano passado, 27,8 mil lojas foram fechadas.

R$ 724.673 bilhões Foi o volume de arrecadação federal no acumulado de janeiro a julho, o que representa queda de 7,1% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo divulgação da Receita Federal, em agosto. Em relação a julho, os recursos arrecadados pelo governo federal somaram R$ 107.416 bilhões, ou seja, 5,8% menos em comparação ao mesmo mês de 2015.

4 • Combustíveis & Conveniência

• Extron, envasilhado 20 L, produzido pela Extron Indústria e Comércio de Lubrificantes Ltda; • Air Clean, envasilhado 20 L, produzido pela Rodoquímica Indústria, Comércio e Transporte de Prod. Químicos Ltda.

Óleo usado Uma empresa transportadora, com sede em Lençóis Paulista (SP), foi flagrada transportando 14 mil litros de óleo usado. O produto havia sido coletado em postos de combustíveis do interior do Mato Grosso do Sul e estava sendo transportado para São Paulo sem a documentação exigida. A transportadora foi multada em R$ 10 mil por transporte ilegal de produto perigoso, e os responsáveis pela empresa deverão responder por crime ambiental, que prevê até quatro anos de reclusão. Vale lembrar que os geradores do produto também são considerados


Ping-Pong responsáveis pela destinação adequada. Assim, importante reforçar: sempre verifique a documentação da empresa coletora, e certifique-se de que o produto está sendo destinado de forma correta – ou seja, encaminhado ao rerrefino.

Mercedes: licença remunerada Com a queda nas vendas de veículos pesados, agravada pela crise econômica que afeta todo o mercado, a Mercedes-Benz concedeu, a partir do dia 15 de agosto, licença remunerada a todos os funcionários da fábrica de São Bernardo do Campo (SP). Permanecem trabalhando somente aqueles com funções essenciais (bombeiros e seguranças, por exemplo). Em 24 de agosto, a Mercedes anunciou um programa de demissão voluntária (PDV), que tem como meta o desligamento de 1,4 mil funcionários. Os colaboradores que aderirem ao PDV receberão indenização de R$ 100 mil.

Elídio de Souza Freire Júnior

Coordenador de contas eleitorais e partidárias do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro

As regras para as doações de campanhas eleitorais 2016 sofreram mudanças em todo o Brasil. Quais são as mudanças para as doações feitas por pessoa jurídica? Nas eleições deste ano, as pessoas jurídicas não poderão doar recursos para a campanha eleitoral, tanto recursos financeiros como doações de bens móveis ou imóveis, bem como serviços ou cessões temporárias de móveis e imóveis. A partir de agora, quem poderá fazer essas doações? Somente pessoas físicas poderão efetuar doações para partidos políticos e candidatos, desde que essas pessoas físicas não exerçam atividade comercial decorrente de permissão pública. Quem mais pode fazer doações? Também podem efetuar doações entre si partidos políticos e candidatos. O TSE também proibiu a doação por meio das chamadas “vaquinhas virtuais”. O que caracteriza “vaquinha virtual”? Em síntese, é o financiamento coletivo por meio de aplicativo em site especializado, cujas doações seriam, posteriormente, transferidas aos candidatos e partidos políticos, que, de acordo com o conteúdo da consulta respondida

A unidade de São Bernardo do Campo produz caminhões, chassis para ônibus e tem 9,8 mil trabalhadores. Desde fevereiro a Mercedes já mantinha um grupo de cerca de 1,4 mil pessoas em licença remunerada. A nova medida afeta toda a fábrica, inclusive setores administrativos.

pelo TSE, as técnicas e serviços de financiamento coletivo envolvem a figura

Setor de transporte em crise

obrigatoriamente, identifica o doador pelo nome e CPF, emite o recibo eleitoral

Com o enfraquecimento da demanda pelos serviços de transporte, as dificuldades do setor são cada vez maiores. Conforme dados divulgados pela NTC&Logística (Associação Nacional de Transporte de Cargas e Logística), 65,4% das transportadoras de cargas estão com caminhões parados. A média é de 11,2% da frota que está sem rodar. Além disso, no primeiro semestre de 2016, 77% dos empresários relataram queda de de-

de organizador, pessoa jurídica ou física, que arrecada e repassa os valores recebidos a quem é financiado, e que a própria natureza da doação eleitoral não permite a existência de intermediário entre o eleitor e o candidato. Isso vale também para doações online? Por quê? Não, porque as doações online realizadas pela internet, na qual partidos políticos e candidatos disponibilizam mecanismo em página eletrônica que, para cada doação realizada, utilizando-se, para isso, terminal de captura de transações para doações por meio de cartões de crédito e de débito. Quais são as penalidades para quem fizer doações (pessoa jurídica) e descumprir as novas regras? De início, os recursos arrecadados de pessoas jurídicas deverão ser imediatamente devolvidos ao doador, sendo vedada a sua utilização ou a sua aplicação financeira. A norma não prevê penalidades, mas essa devolução não impede, se for o caso, a desaprovação das contas, quando o candidato se beneficiou, ainda que temporariamente, dos recursos ilícitos recebidos, assim como, em tese, permite a apuração de abuso do poder econômico ou representação por captação e gastos ilícitos. Combustíveis & Conveniência • 5


44 VIROU NOTÍCIA

Nota de Falecimento Pioneiro na implantação de lojas de conveniência no Brasil, Flavio Franceschetti, consultor de lojas de conveniência do Sindicom e colaborador da revista Combustíveis & Conveniência, faleceu em 24 de agosto, na cidade do Rio de Janeiro.

Divulgação Sindicom

sempenho financeiro das companhias. A entidade destaca que, apesar da frota parada, os custos fixos, como licenciamento e seguro de veículos, permanecem incidindo sobre o setor. “Lidamos também com questões como a depreciação do caminhão, que continua perdendo valor, além do capital imobilizado, ou seja, o veículo está parado, em alguns casos as prestações ainda sendo pagas, e não tem mercado para que ele possa ser revendido”, explicou Lauro Valdivia, assessor técnico da entidade.

Novas provetas Para assegurar a qualidade metrológica dos resultados dos testes de medição do teor de etanol anidro à gasolina, realizados nos postos de combustíveis, o Inmetro publicou a Portaria 528/2014, em 5 de dezembro de 2014, que estabelece um novo modelo de proveta de 100 ml. Alguns problemas de precisão e qualidade nas provetas de 100 ml utilizadas nos postos foram identificados pela ANP, que solicitou ao Inmetro a necessidade de se estabelecer novos requisitos técnicos e metrológicos das provetas para medir o teor do etanol anidro à gasolina. “O modelo atual tem requisitos metrológicos específicos que visam assegurar que a proveta tenha a qualidade metrológica necessária à realização da medição do teor de etanol anidro em gasolina. Os resultados das medições serão mais confiáveis, minimizando o risco de autuações indevidas dos postos revendedores e também contri-

buindo para a comercialização de gasolina dentro dos padrões estabelecidos pela ANP”, esclareceu Marcelo Castilho de Freitas, chefe da Divisão de Articulação e Regulamentação Técnica Metrológica (Diart) do Inmetro. Segundo Freitas, entre os problemas da antiga proveta destacam-se os relacionados ao detalhamento de escala; a falta de definição de erros máximos admissíveis; comprimentos de marcas que poderiam afetar a leitura do instrumento; erros de indicação significativos que poderiam influenciar o resultado da medição do teor de etanol na gasolina, podendo causar prejuízos aos postos revendedores que agem de maneira correta e não adulteram a gasolina; e erros de indicação não lineares, o que dificulta eventuais correções nos resultados das medições realizadas pela proveta, podendo prejudicar o resultado da análise do teor de etanol na gasolina.

Mais custos Com a substituição dos equipamentos, uma das questões que a revenda tem se deparado é o custo das novas provetas, que está muito acima do atual. Freitas explicou que o custo mais elevado da nova proveta em relação à antiga se deve à necessidade de fornecer a proveta com o certificado de calibração por laboratório acreditado pelo instituto, despesas referentes à aprovação de modelo e verificação pelo Inmetro e custos de produção da nova proveta, que tem uma confiabilidade metrológica e qualidade maiores. “Além disso, questões de mercado também podem influenciar esse custo, pois existe muita procura e pouca oferta do instrumento de medição aprovado. Provavelmente, esse custo deve reduzir à medida que outros modelos forem sendo aprovados e verificados pelo Inmetro”, disse. 6 • Combustíveis & Conveniência

Em 18 de agosto de 2015 foi aprovado o primeiro modelo da nova proveta, mas outros dois estão em fase de aprovação. O prazo para a revenda fazer a substituição das provetas vai até 3 de dezembro de 2016. Na hora da compra, o revendedor deve verificar se a proveta possui modelo aprovado pelo Inmetro e os certificados de calibração e verificação. “Para verificar se o instrumento de medição é aprovado pelo instituto sugerimos que o empresário consulte o site http://www.inmetro.gov.br/ legislacao ou a Ouvidoria do Inmetro (ouvidoria@inmetro. gov.br)”, recomendou Freitas. Mais informações sobre o assunto, confira o Perguntas e Respostas, na página 60.


Três ou duas casas? Um tema que tem gerado dúvidas entre os revendedores é a exposição de preços nos painéis e nas bombas. O que fazer quando há legislações estaduais que determinam a exibição dos preços em duas casas decimais, que contrariam a determinação da ANP em três casas decimais? Felipe Goidanich, consultor jurídico da Fecombustíveis, afirma que é da competência exclusiva da ANP regular as atividades relativas ao abastecimento nacional de combustíveis, incluindo a regra de precificação de combustíveis, descrita pela Resolução ANP 41/2013, que determina, que os preços por litro de todos os combustíveis automotivos comercializados pelos postos deverão ser expressos com três casas decimais no painel de preços e nas bombas medidoras. Por se tratar de uma entidade reguladora do setor, na hierarquia jurídica, a determinação da ANP estaria acima das legislações estaduais e municipais. Apesar de alguns Procons estaduais exigirem duas casas decimais, conforme as leis locais, após o abastecimento, o preço final nas bombas de todo o Brasil exibe duas casas decimais, sem nenhum prejuízo para o consumidor. No entanto, no âmbito das legislações estaduais, considera-se também válida e adequada a recomendação do Sindicombustíveis-PR, que indica aos seus associados adotar duas casas decimais e manter o “zero” na terceira. Esta sugestão pode ser adotada, temporariamente, até que haja uma resolução definitiva nos tribunais.

PELO MUNDO por Antônio Gregório Goidanich

Olimpíadas e Olimpiadas Diariamente, nos jornais, nas rádios e na televisão há uma quantidade enorme de notícias inconsistentes, incompletas ou distorcidas. Notícias estas que passam praticamente despercebidas. Nossa imprensa é muito pouco crítica e absolutamente descuidada em relação à importância dos fatos ocorridos e noticiados. Mesmo a destruição flagrante da Petrobras, pela administração deletéria dos últimos anos, não chocou ou comoveu nossos comunicadores a ponto de se porem de sobreaviso ou ligarem sensores críticos em relação a manifestações ou movimentos da empresa. Assim como a compra de Pasadena ou a construção da refinaria Abreu e Lima não alertaram os grilos da imprensa. Os números escandalosos das importâncias financeiras envolvidas não criavam estranhezas. As gritantes incongruências e as inverdades ditas ou ocultadas nunca causaram coceiras aos repórteres e comentaristas. E segue assim. Noticia-se que a venda dos ativos argentinos da Petrobras trará aos cofres da estatal um número x de milhões de dólares. E está tudo dito. Ninguém pergunta quanto foi gasto na aquisição dos referidos ativos. Da necessidade ou importância das atitudes de então e de agora. Se foi bom ou mau negócio. Confia-se no taco dos diretores e conselheiros. Tanto ontem como hoje.

Nota de Esclarecimento Em matéria publicada na revista Combustíveis & Conveniência, edição 151, sob título Paraíba recebe a revenda, Rui Cichella, presidente do Sindicombustíveis-PR, esclarece que não defendeu a volta da verticalização e não acredita no retorno desse sistema, mesmo que fosse derrubada a lei que proíbe a verticalização, pois não vê como interessante para as principais distribuidoras, hoje, assumirem a venda direta de combustíveis para o consumidor.

Absurda a irresponsabilidade do chamado quarto poder. Na verdade, o primeiro na capacidade de criar reações populares. Sempre um tanto contido e acomodado em relação aos suportes econômicos dos patrocinadores e anunciantes. Anunciantes que se estendem da Petrobras e Banco do Brasil até a Casa da Moeda e o TSE, o garantidor da democracia conforme a campanha publicitária em desenvolvimento. E. T. Os leitores que acharem que o título do artigo não tem clara relação com o texto talvez tenham inteira razão. Combustíveis & Conveniência • 7


CARTA AO LEITOR 44 Mônica Serrano

Mudanças à vista A Fecombustíveis representa nacionalmente 34 sindicatos, defendendo os interesses legítimos de quase 40 mil postos de serviços, 370 TRRs e cerca de 59 mil revendedores de GLP, além da revenda de lubrificantes. Nossa missão é acompanhar o mercado de revenda de combustíveis, com a meta de fomentar o desenvolvimento econômico e social do setor, contribuindo assim para melhorar a qualidade de vida da nação. Tiragem: 25 mil exemplares Auditada pelo Presidente: Paulo Miranda Soares Presidente de Honra: Gil Siuffo 1º Vice-Presidente: Mario Luiz Pinheiro Melo 3º Vice-Presidente: Adão Oliveira da Silva 4º Vice-Presidente: Walter Tannus Freitas 5º Vice-Presidente: Maria Aparecida Siuffo Schneider 6º Vice-Presidente: José Camargo Hernandes 1º Secretário: Roberto Fregonese 2º Secretário: Emilio Roberto C. Martins 3º Secretário: José Augusto Melo Costa 1º Tesoureiro: Ricardo Lisbôa Vianna 2º Tesoureiro: Manuel Fonseca da Costa 3° Tesoureiro: Armando Matheussi Conselheiro Fiscal Efetivo: Luiz Felipe Moura Pinto Conselheiro Fiscal Efetivo: Julio Cezar Zimmermman Conselheiro Fiscal Efetivo: João Victor C.R. Renault Diretor de TRR: Álvaro Rodrigues Antunes de Faria Diretor de Postos de Rodovia: Ricardo Hashimoto Diretor de Meio Ambiente: João Batista Porto Cursino de Moura Diretor de GNV: Gustavo Sobral Diretor de Conveniência: Paulo Tonolli Diretoria: Aldo Locatelli, Carlos Eduardo Mendes G. Junior, Eduardo Augusto R. Pereira, Flávio Martini de Souza Campos, José Batista Neto, Luiz Henrique Martiningui, Mozart Augusto de Oliveira, Nebelto Carlos dos Santos Garcia, Omar Aristides Hamad Filho, Orlando Pereira dos Santos, Ovídio da Silveira Gaspareto, Rui Cichella, Vilanildo Jorge Gadelha Fernandes Conselho Editorial: Emílio Martins, Marciano Francisco Franco, José Alberto Miranda Cravo Roxo, Mario Melo, Ricardo Hashimoto e Roberto Fregonese Edição: Mônica Serrano (monicaserrano@fecombustiveis.org.br) Editora-assistente: Gisele de Oliveira (assessoria.comunicacao@fecombustiveis.org.br) Redação: Rosemeire Guidoni (roseguidoni@uol.com.br) e Adriana Cardoso Capa: Alexandre Bersot com imagem da iStock Economista responsável: Isalice Galvão Publicidade: Gerente comercial: Celso Guilherme Figueiredo Borges (celsoguilherme@fecombustiveis.org.br) Telefone: (21) 2221-6695 Programação visual: Girasoli Soluções Fecombustíveis Av. Rio Branco 103/13° andar - Centro-RJ - Cep.: 20.040-004 Telefone: (21) 2221-6695 Site: www.fecombustiveis.org.br/revista E-mail: revista@fecombustiveis.org.br

8 • Combustíveis & Conveniência

Passamos por mais um momento histórico da política nacional com o impeachment de Dilma Rousseff, e novas mudanças estão por vir. Não se pretende aqui adotar posição política sobre o julgamento ou às acusações as quais a presidente respondeu. Mas cabe uma reflexão do quanto que os erros de má gestão podem interferir na vida das pessoas, dos empresários e de uma nação como um todo. Traçando um paralelo com o universo do empresário, não prever as consequências das ações de gestão, ou mesmo não planejar suas estratégias, também tem seus impactos no empreendimento. Um bom gestor tem que se avaliar constantemente, pois ele responde tanto pela eficiência de seu negócio, como também pelo ambiente de trabalho e pela satisfação de seus funcionários. Gerenciar os negócios com responsabilidade requer planejamento do que se pretende alcançar, traçar objetivos e os passos que irá percorrer até chegar no alvo, com respeito aos parceiros, e ter um olhar humano em relação à gestão de pessoas. É uma grande responsabilidade. Além disso, estar atento às mudanças de mercado também faz parte desta visão de gestor. Neste contexto, as transformações no mercado downstream se intensificaram com a crise econômica. Este mercado em movimento obriga os empresários a se adaptarem a cada situação que se apresenta. Trazemos diferentes matérias que abordam mudanças no setor de downstream. A Matéria de Capa, por exemplo, mostra que a logística dos combustíveis está passando por mudanças e a preocupação de vários agentes é com relação ao suprimento de combustíveis, tanto no presente como no futuro (Gisele de Oliveira e Mônica Serrano). Em Na Prática, Adriana Cardoso mostra que a crise econômica trouxe como consequência a redução do turnover. Com isso, os revendedores podem investir na formação de uma boa equipe, já que o período de alta rotatividade passou. Mudanças também estão previstas nas relações de trabalho, com a discussão sobre a reforma trabalhista na seção Mercado, redigida por Gisele de Oliveira, com a colaboração de Altair Alves. Outra matéria de Mercado destaca os receios da revenda de GLP, desde que a Liquigás foi colocada à venda, uma vez que há chance de aumentar a concentração de mercado. Em Conveniência, a repórter Rosemeire Guidoni mostra que o consumidor com mais idade ainda é um cliente pouco explorado nas lojas de conveniência. Outro destaque desta edição são os resultados de balanços da Petrobras e das grandes distribuidoras. Na contramão do mercado, todas, sem exceção, acumulam lucros. Vale a pena conferir. Na Entrevista do mês, trazemos reportagem exclusiva com o professor de Finanças do Ibmec/RJ, Gilberto Braga, que analisa a situação econômica do país e fala que o revendedor deve se reinventar no futuro. Boa leitura! Mônica Serrano Editora


44 SINDICATOS FILIADOS ACRE Sindepac

MARANHÃO Sindicombustíveis - MA

RIO DE JANEIRO Sindestado

SANTA CATARINA - FLORIANÓPOLIS Sindópolis

MATO GROSSO Sindipetróleo

RIO DE JANEIRO - MUNICÍPIO Sindcomb

Aldo Locatelli R. Manoel Leopoldino, 414, Araés Cuiabá-MT Fone/Fax: (65) 3621-6623 contato@sindipetroleo.com.br www.sindipetroleo.com.br

Maria Aparecida Siuffo Pereira Schneider Rua Alfredo Pinto, 76 - Tijuca Rio de Janeiro-RJ Fone: (21) 3544-6444 secretaria@sindcomb.org.br www.sindcomb.org.br

SANTA CATARINA – LITORAL CATARINENSE E REGIÃO Sincombustíveis

MATO GROSSO DO SUL Sinpetro

RIO GRANDE DO NORTE Sindipostos - RN

Delano Lima e Silva Rua Pernambuco nº 599 - Sala 4 Bairro: Bosque Rio Branco-AC Fone: (68) 3226-1500 sindepac@hotmail.com www.sindepac.com.br

Orlando Pereira dos Santos Av. Jeronimo de Albuquerque, 25 Ed. Pátio Jardins, 5º andar / sl. 518 e 520 Calhau – São Luís-MA Fone: (98) 98749-1700 / 98453-7975/ 98433-5941 sindcomb@uol.com.br www.sindcombustiveis-ma.com.br

ALAGOAS Sindicombustíveis - AL James Thorp Neto Av. Jucá Sampaio, 2247, Barro Duro Salas 93/94 Shopping Miramar Maceió-AL Fone: (82) 3320-2902/1761 Fax: (82) 3320-2738/2902 scvdpea@uol.com.br www.sindicombustiveis-al.com.br

AMAZONAS Sindcam Luiz Felipe Moura Pinto Rua Rio Içá, 26 - quadra 35 Conj. Vieiralves Manaus-AM Fone: (92) 3584-3707 Fax: (92) 3584-3728 sindcam@uol.com.br

BAHIA Sindicombustíveis - BA José Augusto Melo Costa Av. Otávio Mangabeira, 3.127 Costa Azul Salvador-BA Fone: (71) 3342-9557 Fax: (71) 3342-9557/9725 sindicombustiveis@sindicombustiveis. com.br www.sindicombustiveis.com.br

CEARÁ Sindipostos - CE Antonio Machado Neto Av. Engenheiro Santana Junior, 3000/ 6º andar – Parque Cocó Fortaleza-CE Fone: (85) 3244-1147 sindipostos@sindipostos-ce.com.br www.sindipostos-ce.com.br

DISTRITO FEDERAL Sindicombustíveis - DF Daniel Benquerer Costa SHCGN-CR 704/705, Bloco E entrada 41, 3º andar, sala 301 Brasília-DF Fone: (61) 3274-2849 Fax: (61) 3274-4390 sindicato@sindicombustiveis-df. com.br www.sindicombustiveis-df.com.br

ESPÍRITO SANTO Sindipostos - ES Nebelto Carlos dos Santos Garcia Rua Vasco Coutinho, 94 Vitória-ES Fone: (27) 3322-0104 Fax: (27) 3322-0104 sindipostos@sindipostos-es.com.br www.sindipostos-es.com.br

GOIÁS Sindiposto José Batista Neto 12ª Avenida, 302 Setor Leste Universitário Goiânia-GO Fone: (62) 3218-1100 Fax: (62) 3218-1100 sindiposto@sindiposto.com.br www.sindiposto.com.br

Edemir Jardim Neto Rua Bariri, 133 Campo Grande-MS Fone: (67) 3325-9988 / 9989 Fax: (67) 3321-2251 sinpetro@sinpetro.com.br www.sinpetro.com.br

MINAS GERAIS Minaspetro

Carlos Eduardo Mendes Guimarães Junior Rua Amoroso Costa, 144 Bairro Santa Lúcia Belo Horizonte-MG Fone/Fax: (31) 2108- 6500/ 2108-6530 minaspetro@minaspetro.com.br www.minaspetro.com.br

PARÁ Sindicombustíveis - PA

Ovídio da Silveira Gasparetto Av. Duque de Caxias, 1337 Bairro Marco Perímetro: Trav. Mariz e Barros/Trav. Timbó Belém-PA Fone: (91) 3224-5742/ 3241-4473 secretaria@sindicombustiveis-pa. com.br www.sindicombustiveis-pa.com.br

PARAÍBA Sindipetro - PB

Ricardo Lisboa Vianna Av. Presidente Franklin Roosevelt, 296 São Francisco Niterói–RJ Fone/Fax: (21) 2704-9400 sindestado@sindestado.com.br www.sindestado.com.br

Antonio Cardoso Sales Rua Monte Sinai - Galeria Brito salas 101/102 Natal-RN Fone: (84) 3217-6076 Fax: (84) 3217-6577 sindipostosrn@sindipostosrn.com.br www.sindipostosrn.com.br

RIO GRANDE DO SUL Sulpetro

Adão Oliveira Rua Cel. Genuíno, 210 - Centro Porto Alegre-RS Fone: (51) 3930-3800 Fax: (51) 3228-3261 presidencia@sulpetro.org.br www.sulpetro.org.br

RIO GRANDE DO SUL – SERRA GAÚCHA Sindipetro Serra Gaúcha Luiz Henrique Martiningui Rua Ítalo Victor Berssani, 1.134 Caxias do Sul-RS Fone/Fax: (54) 3222-0888 sindipetro@sindipetroserra.com.br www.sindipetroserra.com.br

RONDÔNIA Sindipetro - RO

Omar Aristides Hamad Filho Av. Minas Gerais, 104 Bairro dos Estados João Pessoa-PB Fone: (83) 3224-1600 Fax: (83) 3221-0762 sindipet@hotmail.com www.sindipetropb.com.br

Rafael Alexandre Figueiredo Gomes Travessa Guaporé, Ed. Rio Madeira, 3º andar, salas 307/308 Porto Velho-RO Fone: (69) 3229-6987 Fax: (69) 3229-6987 sindipetrorondonia@gmail.com www.sindipetro-ro.com.br

PARANÁ Sindicombustíveis - PR

RORAIMA Sindipostos - RR

Rui Cichella Rua Vinte e Quatro de Maio, 2.522 Curitiba-PR Fone/Fax: (41) 3021-7600 diretoria.sindi@sindicombustiveis-pr. com.br www.sindicombustiveis-pr.com.br

PERNAMBUCO Sindicombustíveis - PE

Alfredo Pinheiro Ramos Rua Desembargador Adolfo Ciríaco, 15 Recife-PE Fone: (81) 3227-1035 Fax: (81) 3445-2328 recepcao@sindicombustiveis-pe.org.br www.sindicombustiveis-pe.org.br

PIAUÍ Sindipetro - PI

Robert Athayde de Moraes Mendes Av. Jockey Club, 299, Edifício Eurobusiness 12º, sala 1212 Teresina-PI Fone: (86) 3233-1271 Fax: (86) 3233-1271 sindpetropi@gmail.com www.sindipetropi.org.br

Abel Salvador Mesquita Junior Av. Surumu, 494 São Vicente Boa Vista - RR Fone: (95) 3623-8844 sindipostos.rr@hotmail.com

SANTA CATARINA Sindipetro - SC

Reinaldo Francisco Geraldi Rua Porto União, 606 Bairro Anita Garibaldi Joinville-SC Fone: (47) 3433-0932 / 0875 Fax: (47) 3433-0932 sindipetro@sindipetro.com.br www.sindipetro.com.br

SANTA CATARINA - BLUMENAU Sinpeb

Julio César Zimmermann Rua Quinze de Novembro, 550/4º andar Blumenau-SC Fone: (47) 3326-4249 Fax: (47) 3326-6526 sinpeb@bnu.matrix.com.br www.sinpeb.com.br

Paulo Roberto Ávila Av. Presidente Kennedy, 222 - 2º andar Campinas São José Florianópolis-SC Fone: (48) 3241-3908 sindopolis@sindopolis.com.br

Giovani Alberto Testoni Rua José Ferreira da Silva, 43 Itajaí-SC Fone: (47) 3241-0321 Fax: (47) 3241-0322 sincombustiveis@sincombustiveis. com.br www.sincombustiveis.com.br

SÃO PAULO – CAMPINAS Recap

Flávio Martini de Souza Campos Rua José Augusto César, 233 Jardim Chapadão Campinas-SP Fone: (19) 3284-2450 recap@recap.com.br www.recap.com.br

SÃO PAULO - SANTOS Sindicombustíveis - Resan José Camargo Hernandes Rua Dr. Manoel Tourinho, 269 Bairro Macuco Santos-SP Fone: (13) 3229-3535 Fax: (13) 3229-3535 secretaria@resan.com.br www.resan.com.br

SERGIPE Sindpese

Mozart Augusto de Oliveira Rua Raimundo Fonseca, 57 Bairro Treze de Julho Aracaju-SE Fone: (79) 3214-4708 Fax: (79) 3214-4708 sindpese@infonet.com.br www.sindpese.com.br

SINDILUB Laércio dos Santos Kalauskas

Rua Trípoli, 92, conj. 82 Vila Leopoldina São Paulo-SP Fone: (11) 3644-3440/ 3645-2640 sindilub@sindilub.org.br www.sindilub.org.br

TOCANTINS Sindiposto - TO

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Combustíveis & Conveniência • 9


44 Gilberto Braga 4 Professor de Finanças do Ibmec/RJ

Tempo de reconstrução

Fotos: Somafoto/ Marcus Almeida

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Por Gisele de Oliveira Alguns sinais da economia demonstram que o país está melhor hoje do que no ano passado. A simples troca de governo, desde que a presidente Dilma Rousseff foi afastada, já trouxe um ambiente de negócios um pouco mais favorável e há expectativa de que o atual governo deve destravar alguns cenários de investimentos. Com um Estado pesado, caro e ineficiente, a expectativa do país se volta para as reformas previdenciária, trabalhista, política, minirreforma tributária, a questão da dívida dos estados e da limitação dos gastos públicos. O ideal seria se o país tivesse uma nova Constituição, onde seria repensado o papel do Estado. Esta é a avaliação do professor de Finanças do Ibmec/RJ, Gilberto Braga, que concedeu entrevista à revista Combustíveis & Conveniência, na sede de seu escritório no Rio de Janeiro. O professor conversou também sobre os desafios da Petrobras para recuperar a confiança perdida após os escândalos da operação Lava-Jato, a necessidade da venda de ativos da estatal e a expectativa para os postos de combustíveis, que terão que se reinventar nos próximos dez anos. Confira a seguir os principais trechos da entrevista: Combustíveis & Conveniência: A economia começou a dar os primeiros sinais de melhoria. O senhor acredita que o país deve voltar nos trilhos a partir de quando? Gilberto Braga: A tendência é que tenhamos uma inflação declinante, cujos meses de inflação de 2016 tenderão a ser, daqui para frente, menores que os do ano passado. Portanto, no acumulado do ano, a gente vai

tendo índices menores em 2016 do que em 2015. Isso mostra que o aumento de preços vai perdendo força e que, paulatinamente, o pior momento da economia já teria passado. A simples troca de governo já trouxe um ambiente de negócios um pouco mais favorável e a confirmação do governo Temer deve destravar alguns cenários de investimentos que estavam aguardando essa confirmação do ambiente político. Então, isso projeta que, para 2017, já deveremos ter uma inflação dentro da meta do governo e, para 2018, deve chegar no centro da meta, dentro de uma perspectiva de que não tenhamos nenhum acontecimento externo que possam ofuscar o ritmo das reformas internas. Nesse sentido, é bastante razoável esperarmos um governo de transição que se proponha a fazer os ajustes necessários na economia, o que não significa, necessariamente, bem-estar econômico para a população e melhoria ascendente de renda como tivemos em alguns momentos no passado, mas significa que estamos curando as nossas mazelas econômicas. C&C: Algumas reformas são consideradas prioritárias para a retomada do crescimento econômico, como ajuste fiscal e reformas trabalhista e da previdência. Quais são as principais dificuldades para que isso ocorra? GB: Acho que o fato de o governo Temer ter se colocado como um governo de transição e de que ele não vai tentar ser reconduzido facilita a possibilidade de que medidas impopulares sejam trabalhadas no Congresso, o que é um ganho para o país porque essas medidas, normalmente, são abandonadas quando o ca-

lendário chega perto das eleições majoritárias. Então, questões como reforma previdenciária, reforma política, minirreforma tributária, a questão da dívida dos estados e da limitação dos gastos públicos, embora não se possa prever ainda qual é o rumo final dessas medidas, elas certamente serão debatidas. Espera-se que alguma coisa saia desse processo. Qualquer coisa que for decidida, certamente, será, para a economia e para o andamento do país, melhor do que o cenário que nós temos hoje, embora isso possa ferir alguns direitos e desagradar alguns grupos que, eventualmente, sejam prejudicados. C&C: O noticiário nacional vem reiteradamente apresentando algumas propostas do que o governo deve fazer no caso das reformas trabalhista e da previdência? O senhor acredita que elas são suficientes para resolver o problema das contas públicas? GB: Temos um Estado pesado, caro e ineficiente. Então, todas essas reformas, do ponto de vista econômico, são indispensáveis para o país. É óbvio que elas precisam ser negociadas, e existem direitos que precisam ser respeitados, o que não pode é, em conta de manutenção de privilégios ou de onerar o Estado excessivamente, não se fazer nada. É difícil dizer se elas serão suficientes porque não se sabe o que vai ser a resultante desse processo negocial, mas é fato que a Previdência está quebrada. Com a longevidade cada vez maior da população, ela se torna ainda mais difícil no futuro, até porque a questão da empregabilidade no país mudou. Hoje, nós temos uma base invertida em Combustíveis & Conveniência • 11


44 Gilberto Braga 4 Professor de Finanças do Ibmec/RJ que você tem menos pagantes em termos financeiros entrando no sistema do que pessoas se aposentando, custam mais caro do que a contribuição dos que estão chegando. Então, é uma conta que não fecha. É preciso fazer essa conta ficar equilibrada e, se não mexer em direitos e em processos, essa conta jamais convergirá para algo viável no futuro. Tanto faz, do ponto de vista macroeconômico, aonde serão essas mexidas, acredito que há flexibilidade com relação a isso. O importante é que o resultado seja alcançado. Isso acontece também com as questões trabalhistas, quando você compara o Brasil com o resto do mundo numa economia globalizada. É difícil você falar que o produto chinês é mais barato do que o brasileiro, quando um empregado chinês custa um terço para o empregador de lá do que custa

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para um empresário brasileiro. É preciso corrigir distorções que, talvez, não precisem ser tão radicais, mas é indiscutível que o custo trabalhista brasileiro é excessivo em relação a todas as economias com as quais o Brasil compete nos mercados globais. A partir desse pressuposto, é a mesma conclusão [na comparação com a Previdência], não importa o que vai ser feito, mas tem que ser feito. C&C: Na sua avaliação, que outras reformas precisam ser feitas para que a economia do país retome seu crescimento? GB: O ideal é que nós tivéssemos uma nova Constituição, onde nós repensássemos o papel do Estado. A Constituição de 1988, chamada de cidadã, criou uma série de direitos, avançou em relação a essas questões, só que ela colocou basicamente tudo aquilo que foi uma inovação como responsabilidade do Estado. Nós temos um Estado pesado e ineficiente, onde toda a educação é do Estado, toda a saúde é do Estado, tudo aquilo que são direitos básicos da população, hoje, são obrigações do Estado. Então, o Estado criou, ao longo desses anos na atual Constituição, uma elevação de carga tributária e novos tributos que recaem sobre o cidadão, que fica insatisfeito com a corrupção e a má gestão no setor estatal. Essas demandas precisam ser repensadas. Talvez um Estado mais barato e com menos obrigações possa ser mais eficiente para a sociedade brasileira. A partir de uma nova Constituição a gente pode discutir a necessidade de uma reforma tributária porque, hoje, a arrecadação de tributos visa a atender esse rol

de obrigações. Na medida em que você desonere o Estado de ser responsável por uma série de obrigações onde ele não consegue fazer bem - não consegue dar escola ampla, geral e irrestrita até a pós-graduação para as pessoas; não consegue ter um sistema de saúde que garanta um atendimento mínimo de urgência e de qualidade à população. De forma geral, as pessoas que, a partir de um determinado ponto, têm o recurso ou elas vão contratar algum tipo de saúde privada ou ensino privado. Ou seja, você arca com parte do custo do qual você já contribui para o Estado, então isso faz com que a ineficiência da gestão pública torne o Estado muito caro para o cidadão porque você já paga muito e o Estado utiliza mal os recursos e não dá em condições que você acha que merece para usufruir. Então isso faz, de uma forma macroeconômica, a necessidade de repensar qual é o papel do Estado na sociedade brasileira, quais obrigações ele precisa ter e que tipo de contribuição a sociedade tem que dar para esse Estado. Talvez, se a gente redimensionar o Estado, a gente consiga ter uma carga tributária menor, liberando mais recursos para as atividades produtivas para o próprio cidadão, que tem que pagar menos Imposto de Renda sobre o seu salário, e você tem um Estado que funcione de forma mais leve e seja eficiente naquilo que tem obrigação de fazer. Hoje, a gente tem um Estado superpoderoso e que exerce seu poder, normalmente, para cobrar do cidadão, mas não devolve para a população aquilo que ele arrecada em serviços e em obras.


C&C: Essa ineficiência do Estado é fruto basicamente da corrupção ou de má gestão de recursos? GB: É um conjunto de fatores. Você tem a corrupção, que pesa bastante porque, quando você dependura tudo debaixo do Estado, inegavelmente facilita a corrupção. Você tem a própria modelagem de gestão pública que exige uma burocracia pesada para tudo. Então, você coloca como função do Estado alguma coisa, você cria uma agência reguladora e uma estatal normalmente para atuar naquele segmento e isso faz uma ramificação em que onera a sociedade sobremaneira. De uma certa forma, os setores que foram privatizados no país, com todas as críticas que se possam fazer à privatização, resultaram na média em serviços para a população mais eficientes, melhores e mais baratos do que se estivessem ainda sendo providos pelo Estado. É o caso, por exemplo, da telefonia. Antes da privatização, comprar uma linha telefônica era um bem tão caro que era declarado no Imposto de Renda e hoje em dia você tem linhas de celular e de telefone fixo sobrando a ponto de as pessoas terem quatro, cinco linhas de celular, uma de cada operadora, para gastar menos. C&C: A equipe econômica do governo interino apresentou meta fiscal para 2017, com um rombo de R$ 139 bilhões. O governo terá realmente chances de cumprir essa meta? GB: É uma meta realista. A gente pode, primeiro, perceber uma mudança de comportamento da equipe Temer em relação à equipe econômica de Dilma Rousseff, em que as metas

anteriores eram anunciadas e o mercado não achava que elas fossem críveis; enquanto que o governo Temer anuncia meta que o mercado entende que elas são mais realistas, embora o mercado considere que essa meta também possa ter alguma gordura. De alguma maneira, é aquela coisa de “vamos colocar na conta de quem está saindo todo o custo da herança”. É uma meta que tem uma margem para que parte das reformas, por exemplo, não sejam realizadas, mas é muito mais factível do que as anteriores. Do ponto de vista das contas públicas, fica a discussão sobre a aprovação ou não das reformas. Então, considerando o estágio do momento em que elas foram propostas, onde um governo interino com uma série de indagações em relação a sua capacidade política de impor essas reformas econômicas que são necessárias para o equilíbrio das contas públicas, é uma meta contabilmente aceitável. Mas, do ponto de vista dos interesses da nação, ainda assim não é bom que

tenhamos contas desequilibradas, mas isso pode ser entendido como parte desse processo de ajustamento do governo. C&C: O governo vem sinalizando a possibilidade de, em algum momento, aumentar impostos. Um deles seria a Cide para os combustíveis. Quais os efeitos práticos dessa medida para a economia? GB: Eu acho que o aumento de carga tributária só pode ser admitido dentro de um conjunto de medidas que a sociedade enxergue que a economia vai reagir no médio prazo. Acredito que o grande problema dos tributos no Brasil é que todos eles têm sempre uma intenção maravilhosa quando são propostos, são sempre instituídos com carga tributária baixíssima e, ao longo do tempo, são desvirtuados de seus propósitos e a carga tributária progressivamente aumenta em função das necessidades arrecadatórias. Então, se o governo propuser um aumento tributário dentro de um conjunto de outras medidas, acho até que Combustíveis & Conveniência • 13


44 Gilberto Braga 4 Professor de Finanças do Ibmec/RJ a sociedade brasileira consiga suportar, se ela enxergar que isso faz parte de um conjunto para fazer com que a economia retome o seu crescimento em pouco tempo. Se for simplesmente arrecadação para fazer pagamento das contas públicas sem uma reforma do Estado, isso certamente vai ser rechaçado por toda a sociedade brasileira, que não aguenta mais pagar tributos. C&C: Em relação à Cide para os combustíveis, o senhor concorda com um possível aumento do imposto? GB: Entendo que a Cide tem um efeito perigoso porque, se por um lado, é inegável que ele aumenta a arrecadação e é

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cobrado na bomba de combustível, portanto, o cidadão que é usuário do serviço de combustíveis não pode fugir dele; por outro lado, ele tem o condão de desestimular o uso do veículo e encarecer, de alguma forma, o seu uso, inclusive o profissional no mercado. Ele é dúbio nesse sentido porque aumenta os custos sociais e, num certo sentido, ele trava o uso dos carros, o que não é bom para a sociedade também. Na inflação, a Cide tem impacto relevante, embora o governo tenha, nos últimos anos, utilizado o imposto para amortecer os efeitos inflacionários. Então, entendo que a Cide sobre os combustíveis, do ponto de vista tributário, é

uma anomalia porque a Cide foi pensada como uma intervenção de domínio econômico e a rigor os combustíveis entraram dentro de um ajuste político de última hora quando ela foi criada. Na prática, funciona como um imposto regulador, quando na verdade é uma contribuição social e o governo não utiliza para os fins ao qual ele foi criado. C&C: Nos últimos anos, a Petrobras vem sofrendo com a corrupção deflagrada pela LavaJato, interferência do governo nos preços dos combustíveis e má gestão da administração de obras e projetos. Como o senhor avalia a situação atual da Petrobras? A atual gestão tem condições de tornar a companhia competitiva no mercado? GB: Os desafios da Petrobras são grandes. Ela precisa enfatizar sua reestruturação interna, a ênfase em governança corporativa, com a criação de uma diretoria específica. Esta atitude foi muito bem vista pelo mercado, mostra que a companhia está avançando na revisão de suas práticas internas; e a transparência e a conformidade são dois pilares que a companhia tem dado demonstrações inequívocas que predominarão na sua forma de fazer negócios. Esse processo de recuperação é relativamente lento e precisa ser feito para que mude o ambiente interno. Agora, a Petrobras, do ponto de vista do mercado de petróleo, também sofre com a deterioração dos preços no mercado internacional. Então, independentemente dos problemas políticos, ela já viveria uma crise por conta de que vários poços do pré-sal tinham como referência preços do petróleo internacionais que caíram para um


terço do seu preço-alvo. Portanto, se tornaram, provisoriamente, inviáveis. Isso já forçaria a uma revisão de custos e do seu plano de investimentos. C&C: Essa sinalização que vem sendo dada pela atual gestão da Petrobras já refletiria essa mudança no cenário internacional. Na sua avaliação, portanto, a companhia está indo no caminho certo? GB: Acredito que a venda dos ativos é indispensável para a Petrobras, não só porque existem ativos demasiados, que a companhia não tem condições de tocar todos esses projetos, como também pelo alto grau de endividamento. Portanto, a venda dos ativos é necessária para diminuir a necessidade de recursos externos, via banco ou via mercado, para os quais, nesse momento, não seriam interessantes para a empresa. Então, esses projetos podem ter alguma atratividade para a iniciativa privada ou podem ser tocados em parceria, diminuindo, assim, a necessidade de recursos próprios. C&C: Isso não poderia ser classificado como uma privatização da companhia ou de parte da companhia? GB: Não, porque os ativos que a empresa considera mais estratégicos, mais importantes e mais valiosos certamente não serão concedidos à iniciativa privada e não serão vendidos, mas existem uma série de variações de negócios dentro da Petrobras que fogem da sua vocação natural para os quais ela poderia se desfazer, como, por exemplo, a Braskem. Qual é a necessidade de a Petrobras ser dona de metade da Braskem? Assim como a malha de gasodutos e projetos em energia.

C&C: Em relação à BR Distribuidora, qual sua avaliação sobre a decisão da Petrobras buscar um parceiro para a subsidiária? GB: Considero extremamente positiva a venda de parte da BR Distribuidora para o mercado. Isso não apenas levaria a uma vigilância do mercado em relação aos negócios da BR, já que é uma companhia extremamente grande dentro da Petrobras e que é tocada como uma empresa fechada. Isso faz com que todos os recursos na expansão da rede sejam internos, que poderão ser obtidos através dessa venda para a iniciativa privada. Ainda não decidiram como será feito esse negócio, venda total do controle ou de parte dele, mas acho importante a Petrobras ter um parceiro nesse negócio. C&C: Como o senhor avalia o mercado de combustíveis nos próximos anos dentro dessa nova realidade econômica? GB: Acredito que é um mercado que tende a se modificar completamente nos próximos anos. A tendência internacional sinaliza que o uso do carro tende a perder importância na medida que você tenha transportes públicos modais eficientes. Isso já é possível ver, por exemplo, pela experiência do Rio de Janeiro com as Olimpíadas, em que a população foi forçada a usar o transporte público e tivemos uma nova linha de metrô articulada com o VLT (veículo leve sobre trilhos) e BRT (transporte rápido por ônibus) que funcionaram bem. Isso mostra também que, como já se vê nas principais capitais europeias, as novas gerações não veem o carro como um símbolo de poder de consumo, de status; então, muitos com

recursos para ter automóveis preferem andar de bicicleta e outras fontes alternativas. Então, o carro vai perdendo aquela glamorização que tinha para aquela geração que tem mais de 40 anos. É preciso entender que esses hábitos mudam e que fontes alternativas de energia certamente alimentarão os meios de transporte do futuro. É preciso que o posto de gasolina tradicional se reinvente para além de simplesmente fornecer combustíveis, ele tenha um leque cada vez maior de serviços, não apenas com lojas, que se tornaram referência com produtos alternativos competitivos efetivamente de conveniência, como também ter fontes energéticas alternativas para você abastecer o seu carro elétrico, para você encher o pneu da sua bicicleta, para você fazer outras coisas. Então, os postos tendem a se tornar um complexo de serviços mais amplo e até mesmo de entretenimento e ponto de reunião, quase como um minishopping com oferta de produtos e serviços e não simplesmente voltado para combustíveis. Acredito que, nos próximos dez anos, isso é inevitável no mercado brasileiro. n

4FICHA TÉCNICA Recomendação de leitura: Trópicos utópicos – Uma perspectiva brasileira da crise civilizatória Autor: Eduardo Giannetti Editora: Companhia das Letras Combustíveis & Conveniência • 15


OPINIÃO 44 Paulo Miranda Soares 4 Presidente da Fecombustíveis

Motivo de preocupação para que as devidas O abastecimento nacional tem preocupado a providências sejam totodos nós: ANP, revendedores, principalmente os dos postos bandeiras brancas, companhias distrimadas para evitar uma situação crítica, como buidoras e especialistas em geral. Todos sabem as tantas outras que já dificuldades que a Petrobras tem hoje e que vai levar enfrentamos, mas o no mínimo dez anos para superar a situação atual. A socorro nunca chega a partir do momento que a Petrobras decidiu reduzir tempo e acaba causando de tamanho e focar suas atividades na exploração prejuízos ao revendedor. Você pode imaginar um e produção, muitas mudanças estão a caminho. posto sem combustível por uma semana? Desde o desenho do setor de distribuição, com a Hoje, quando a Petrobras diz que vai sair de venda da BR, do mercado da revenda de GLP, que algumas atividades, que podem envolver as operanão sabemos se ficará ou não mais concentrado com a venda da Liquigás, até uma mudança radical ções logísticas, nos preocupa de que forma isso será na logística dos combustíveis, no caso da cabotafeito. Apoiamos a Petrobras no sentido de que ela realmente deve dar foco à produção e à exploração, gem, que hoje é feita de maneira completa pela mas se ela sair da cabotagem, ou mesmo resolver Petrobras, mas que deve ficar restrita até a porta passar adiante toda sua infraestrutura logística de da refinaria e daí em diante a responsabilidade dutos e navios, que seja feita caberá às distribuidoras. Até o momento, a Petrobras não Não gostaríamos de ter surpresas. com cautela e responsabilidade assume as mudanças, mas Já estamos atravessando um período para não onerar e sobrecarregar a dinâmica do mercado. temos informações de fontes difícil com a redução nas vendas Algumas vezes, a falta de sérias que afirmam que virão. e não seria nada bom que uma transparência acarreta preocuSabemos o quanto nosso sismudança na logística pudesse causar pação sobre como este processo tema logístico é complexo, envolve falta de combustíveis nos postos, ou será feito. Os contratos comerciais uma dinâmica que às vezes falha, temos portos comprometidos pela ainda deixasse a população na mão com as distribuidoras vão ser sua infraestrutura que não comporta em dezembro ou janeiro, quando a renovados em novas condições, maioria se programa para navios de grande porte; outros não mas ninguém sabe quais serão viajar ou tirar férias conseguem receber um grande elas. A renovação estava prevista volume de entregas por falta de para este mês, mas foi adiada tancagens. Volta e meia, algum problema acontece que para o final do ano. E o final do ano está aí, em interfere no abastecimento. No final do ano passado três meses chegamos a dezembro. e começo de 2016, parte dos postos sofreram com Não gostaríamos de ter surpresas. Já estamos a falta de gasolina em Minas Gerais, Espírito Santo e atravessando um período difícil com a redução nas alguns estados do Nordeste. Até no Mato Grosso houve vendas e não seria nada bom que uma mudança postos que registraram falhas na entrega ou receberam na logística pudesse causar a falta de combustíveis produtos em menor quantidade. A falta de suprimento nos postos, ou ainda deixasse a população na mão neste período foi atribuída pela Petrobras aos atrasos em dezembro ou janeiro, quando a maioria se na chegada de navios de cabotagem em Suape (PE), programa para viajar ou tirar férias. Cabedelo (RN) e Tubarão (ES). Outro fator de preocupação, são os custos No Norte e Nordeste, a coisa é muito mais comdessa logística, que devem ser repassados das distribuidoras para a ponta final da cadeia. Hoje, plicada. Todos os anos, sem exceção, mesmo com mal damos conta das nossas obrigações como a crise econômica que reduziu o consumo, temos empresários. Aqueles que não conseguirem abproblemas no Acre, Rondônia e Pará. Há casos de postos ficarem uma semana sem uma gota de sorver mais custos, acabarão repassando para gasolina. Nosso país tem dimensões continentais e os seus clientes e, novamente, vamos enfrentar é inevitável ocorrer alguma falha pontual. Fazemos a revolta da população e dos órgãos de defesa o que está ao nosso alcance, comunicamos a ANP do consumidor. 16 • Combustíveis & Conveniência


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44 MERCADO

Balanços do setor: no azul A despeito da crise econômica do país e da queda nas vendas de combustíveis, os resultados do segundo trimestre deste ano, apontados pelas empresas distribuidoras de combustíveis no Brasil, são positivos. Mas o que está por trás destes números? Por Rosemeire Guidoni A queda no volume de combustíveis comercializados no Brasil, no segundo trimestre deste ano, atingiu 4,7%, considerando a média dos produtos (veja box). Somente no mês de junho, conforme a agência reguladora, a retração foi da ordem de 5,3%. Ao mesmo tempo, o setor automotivo também reporta queda nas vendas de veículos. Conforme levantamento da Federação Nacional dos Veículos Automotores (Fenabrave), as vendas de maio caíram 21,2% na comparação com maio de 2015. No acumulado do ano (até maio), o consumo foi 26,63% menor do que o mesmo período de 2015. O pior desempenho foi no segmento de pesados, cujas vendas recuaram 32,3% na comparação com o ano anterior. Estes números refletem a atual situação de desaceleração econômica do país. Em função da crise, houve elevação do 18 • Combustíveis & Conveniência

endividamento e inadimplência, deterioração do mercado de trabalho e queda no orçamento das famílias. Apenas no mês de julho deste ano, a inadimplência do consumidor atingiu alta de 4,9%, de acordo com dados nacionais da Boa Vista SCPC. E este consumidor, mais endividado ou com renda comprometida, tem evitado despesas com seu veículo, o que explica parte da retração do consumo de combustíveis.

Bons resultados No entanto, a despeito de todo este cenário negativo, os negócios das empresas do setor de petróleo parecem estar indo muito bem. Na segunda semana de agosto, a Petrobras, o Grupo Ultra e a Cosan divulgaram seus balanços relativos ao segundo trimestre deste ano, mostrando números positivos mesmo diante da crise. Na avaliação de analistas, os bons resultados podem ser explicados por várias razões: ganhos em escala, caixa feito pelas

empresas durante os períodos de pré-alta de combustíveis e redução de despesas, entre outros. “Com a queda nos volumes de combustíveis comercializados, houve também redução de custos, pois as empresas tiveram de produzir menos e transportar um volume menor de produtos”, apontou o analista Victor Luiz de Figueiredo Martins, da Planner Consultoria. Os resultados favoráveis parecem não ter chegado à revenda de combustíveis, que observa diariamente a queda nas vendas e o aumento de seus custos de operação. Isso, na análise de Martins, é consequência do maior volume de produtos comercializados pelas distribuidoras. “Realmente, a performance das empresas de distribuição foi melhor do que o varejo de combustíveis. Mesmo vendendo menos, o volume comercializado pelas distribuidoras é muito grande, elas ganham escala e isso faz diferença no resultado final. O realinhamento


Shutterstock

de preços também contribuiu para o bom resultado, assim como o aumento do número de revendas”, disse o analista, referindo-se ao embandeiramento de novos postos promovido por algumas redes. No caso dos dados apresentados pela Petrobras, a redução de custos operacionais também foi uma das razões do crescimento, já que houve venda de ativos e corte de despesas, além do plano de desinvestimentos. A empresa ainda se beneficiou da queda dos preços internacionais do petróleo, já que, atualmente, os valores praticados pela Petrobras, na refinaria, estão superiores ao mercado externo. “Houve um conjunto de fatores que culminou em resultados positivos, mas a boa gestão das empresas também tem sua parcela de responsabilidade. Além disso, vale lembrar que, na verdade, não está ocorrendo uma redução da frota, mas, sim, uma diminuição de seu ritmo de

crescimento. Ou seja, não temos menos veículos em circulação. A frota continua crescendo, porém, em ritmo mais lento do que no passado”, afirmou Luiz Francisco Caetano, também da Planner.

Aquém das projeções Após três trimestres seguidos de resultados no vermelho, a Petrobras obteve lucro líquido de R$ 370 milhões no segundo trimestre de 2016. Este resultado ficou abaixo das expectativas do mercado. De acordo com o diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores da empresa, Ivan Monteiro, a razão disso é que as previsões não levaram em conta o impairment (ajuste de desvalorização de ativos) do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), o provisionamento para o Programa de Demissão Voluntária (PDV) e a devolução de campos à ANP. “Esses três fatos mais do que justificam a diferença em relação à média apontada pelos analis-

tas”, explicou Monteiro, durante a divulgação dos resultados para os investidores. De acordo com informações divulgadas no dia 11 de agosto, o resultado do lucro líquido do segundo trimestre também foi determinado por uma redução de 30% nas despesas financeiras líquidas; pelo crescimento de 7% na produção total de petróleo e gás natural; pelo incremento da receita, com aumento de 14% nas exportações de petróleo e derivados e redução de custos com importações de gás natural; por despesas com o novo programa de demissões voluntárias (PDV), estimadas em R$ 1,2 bilhão; e pelo ajuste de ativos do Comperj. Já no primeiro trimestre de 2016, a estatal registrou prejuízo de R$ 1,2 bilhão. Considerando os primeiros seis meses do ano, a Petrobras permanece acumulando prejuízo, de R$ 876 milhões. Outro aspecto positivo dos resultados do segundo trimestre da Petrobras foi a queda de 19% do endividamento bruto da empresa em relação ao final de 2015, enquanto o endividamento líquido caiu 15%. Ao final de junho, o endividamento total da companhia era de R$ 397 bilhões ante R$ 493 bilhões no final do ano passado. O recuo aconteceu, principalmente, em função da valorização do real em relação ao dólar no período, de 17,8%. Para os analistas, uma das razões de a empresa estar conseguindo recompor seu caixa é sua política de preços. “Os preços no mercado internacional caíram e, hoje, os valores praticados pela Petrobras na refinaria estão mais elevados”, apontou Caetano. O analista lembrou, porém, que esta prática tem levado outras Combustíveis & Conveniência • 19


44 MERCADO empresas a importar combustíveis, já que os preços externos estão mais interessantes do que os praticados internamente. “É uma opção da empresa. Ela vende mais caro e, com isso, está conseguindo repor perdas acumuladas no passado, embora diminua o market share”, disse. Com a redução da demanda interna, a Petrobras está, inclusive, exportando. E o saldo da balança de petróleo (exportação menos importação) no segundo trimestre já subiu para 219 mil barris por dia (bpd). Na avaliação do analista, a Petrobras caminha para uma posição positiva. “Quando a empresa perdia dinheiro, o endividamento cresceu muito. Hoje, com uma gestão mais adequada, redução das empresas operacionais, venda de ativos, o panorama mudou”, afirmou. Em relação aos números divulgados, no segundo trimestre, a produção total de petróleo e gás natural foi de 2,8 mil barris de óleo equivalente por dia (boed), um

aumento de 7% na comparação com os três meses anteriores. A produção de derivados no Brasil, no entanto, recuou 2%, totalizando 1,9 mil barris por dia, enquanto as vendas no mercado doméstico atingiram 2,1 mil bpd, um aumento de 3%. “A produção cresceu no Brasil. Tivemos um bom segundo trimestre. Muito deste crescimento tem tanto uma contribuição do pré-sal quanto da Bacia de Campos, mas tivemos 11 poços marítimos conectados nesse período”, afirmou Solange Guedes, diretora de Exploração e Produção da estatal, durante a apresentação para os acionistas. A comercialização de diesel, principal mercado para a Petrobras em termos de volume, somou 811 mil barris diários, retração de 12% ante os 923 mil barris por dia vendidos no segundo trimestre de 2015, mas 1,6% acima dos 798 mil barris por dia negociados no primeiro trimestre deste ano. A redução já era de se esperar, visto que o diesel está diretamente ligado

à atividade econômica. Já as vendas de gasolina alcançaram 541 mil barris diários, alta de 0,7% ante os 537 mil barris diários comercializados entre abril e junho do ano passado, porém, 4% abaixo dos 564 mil barris diários do trimestre imediatamente anterior. Ao ser incluído na conta gás natural, alcoóis, nitrogenados renováveis e outros, o total comercializado pela Petrobras no mercado brasileiro chegou a 2,5 milhões de barris por dia. O volume é 10% menor que os 2,8 milhões de barris do segundo trimestre de 2015, mas supera em 0,3% os 2,6 milhões de barris por dia do primeiro trimestre.

Ipiranga deu lucro A Ultrapar registrou lucro líquido de R$ 346,2 milhões no segundo trimestre, o que representou alta de 10,8% na comparação anual. Segundo Thilo Mannhardt, presidente do grupo, o período marcou uma importante conquista para o

Bons resultados marcam a temporada de balanços do segundo trimestre de 2016 das principais distribuidoras do setor, que caminham na contramão da crise, mesmo com a queda nas vendas de combustíveis Shutterstock

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cializados apresentou queda de 8% em relação ao mesmo período de 2015. O consumo de combustíveis para veículos leves (Ciclo Otto) apresentou queda de 11% em relação ao segundo trimestre de 2015, e o diesel teve redução de 5% no período. Porém, o Ebitda da Ipiranga atingiu R$ 718 milhões no segundo trimestre de 2016, o que representou um crescimento de 25% em relação a igual período do ano anterior. De acordo com a empresa, o resultado reflete a estratégia de inovação em serviços e conveniência. Na análise de Caetano, além do realinhamento de preços, outro motivo do bom resultado foi o aumento da rede de postos. “A Ultrapar e a Ipiranga são empresas reconhecidas pela capacidade de expandir os lucros mesmo em momentos desafiadores da economia, como o atual. Houve queda de volume, mas isso não interferiu nos resultados, principalmente em função dos aumentos dos preços de diesel e da gasolina, promovidos pela Petrobras em setembro de 2015”, afirmou. O aumento de preços do etanol, em relação a 2015, também impactou positivamente as vendas, pois muitos motoristas substituíram o etanol pela gasolina.

Mercado de combustíveis Segundo dados da ANP, o volume total de combustíveis vendidos no Brasil, no segundo trimestre deste ano, caiu 4,7% na comparação com o mesmo período do ano anterior. O principal motivo foi a queda no consumo de diesel, de 3,9%, e nas vendas de combustível para aviação, que diminuíram 9,7%. As vendas do Ciclo Otto (gasolina + etanol) foram 2,6% menores em relação ao mesmo período do ano anterior. A mesma comparação em gasolina equivalente, ajustando o etanol pela eficiência energética (72,2%), teve volume 1,5% menor, com aumento da participação da gasolina no mix.

Agência Petrobras

Ultra. “Atingimos o 40º trimestre consecutivo de crescimento de Ebitda [lucros antes dos juros] na comparação anual. Estes dez anos seguidos de crescimento são a prova da natureza resiliente dos nossos negócios e da prontidão de nossas equipes para superar desafios e aproveitar oportunidades, tanto em anos de expansão econômica no Brasil como em momentos de desaceleração. A confiança no nosso modelo de negócios pôde ser demonstrada por duas iniciativas estratégicas anunciadas recentemente. Em junho, assinamos o contrato de aquisição da rede Ale e, na última semana, a parceria com a Chevron em lubrificantes”, afirmou, durante a apresentação dos resultados, no dia 10 de agosto. Vale lembrar que o balanço da Ultrapar consolida os resultados das várias empresas do grupo: Ipiranga, Ultragaz, Oxiteno, Ultracargo e Extrafarma. Na Ipiranga, a receita líquida totalizou R$ 16,6 milhões no segundo trimestre deste ano, 4% acima da receita líquida do mesmo período de 2015. O valor dos produtos vendidos pela Ipiranga somou R$ 15,5 milhões no segundo trimestre, aumento de 3% em relação a 2015. Já o volume de produtos comer-

Após três trimestres seguidos de resultado no vermelho, a Petrobras obteve lucro líquido de R$ 370 milhões no segundo trimestre de 2016

Cosan impressiona O resultado consolidado da Cosan, no segundo trimestre de 2016, também cresceu expressivamente na comparação com o mesmo período do ano passado, apesar do cenário econômico. O lucro líquido da empresa atingiu R$ 281,6 milhões, resultado mais de 17 vezes superior em relação ao mesmo período do ano passado, quando atingiu R$ 16,4 milhões. De acordo com informações divulgadas pelo grupo, a razão foi a ampliação das redes de distribuição de combustíveis, gás natural e lubrificantes, além de volumes maiores de vendas de açúcar e etanol a preços melhores. O Ebitda ajustado atingiu R$ 1 bilhão no segundo trimestre, um crescimento de 22% em reCombustíveis & Conveniência • 21


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Concentração O segmento de distribuição está cada vez mais concentrado. Além da compra da Ale pelo grupo Ultra, em junho, cuja conclusão ainda depende do aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), parte da BR Distribuidora foi colocada à venda. Em julho, a Petrobras anunciou que a subsidiária está na lista dos ativos que estão à venda e que espera concluir a operação até o início do próximo ano. A empresa decidiu vender o controle da BR e ficar com apenas 49% das ações ordinárias, mas manterá a maioria do capital total. Agora, a companhia busca uma precificação da distribuidora, que faturou R$ 118 bilhões no ano passado e possui a maior rede de postos de combustíveis do país. Para o analista Victor Martins, existe a possibilidade de que o Grupo Ultra ou a Cosan se interessem pela compra, o que poderia acentuar ainda mais a concentração do mercado. Já na opinião de Luiz Francisco Caetano, da Planner, a maior possibilidade é de que algum grupo internacional se interesse pelo negócio. Contrários à venda, os funcionários da BR Distribuidora entraram em greve no dia 15 de agosto, com previsão de paralisação por cinco dias. Até o fechamento desta edição, a greve não havia afetado o abastecimento.

Divulgação Raízen

lação ao mesmo período do ano passado. O principal responsável pelo crescimento do Ebitda ajustado foi a antecipação do início da moagem na safra 2016/17, que gerou um aumento da quantidade de cana moída no trimestre e, consequentemente, uma maior disponibilidade de produto próprio para venda com melhores preços. Na Raízen Combustíveis, detentora da marca Shell, a expansão da rede de postos revendedores contribuiu para o aumento do volume de vendas. O Ebitda ajustado da Raízen Combustíveis alcançou R$ 597 milhões (+17%) no período, beneficiado pela venda de ativos e por uma recuperação fiscal. A receita líquida da Raízen Combustíveis atingiu R$ 16,5 bilhões no segundo trimestre, um crescimento de 11,4% na comparação com mesmo período de 2015 e em linha com o primeiro trimestre deste ano. As vendas de combustíveis da Raízen cresceram 0,6%. No Ciclo Otto (gasolina + etanol), as vendas permaneceram estáveis em relação ao segundo trimestre de 2015. Segundo a empresa, a razão disso foi a aceleração na conversão de postos e à maturação dos postos embandeirados nos últimos trimestres. As vendas de diesel cresceram 2% na mesma comparação, principalmente pela adição de novos contratos B2B (sigla em inglês que significa transação comercial entre empresas), enquanto o mercado brasileiro caiu 4%. “Este resultado demonstra que a empresa manteve o foco na venda e lucratividade, em ações de merchandising e melhoria de sua rede de postos”, afirmou Martins. n

Expansão da rede de postos revendedores contribuiu para aumento no volume de vendas de combustíveis da Raízen Combustíveis


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Venda da Liquigás preocupa revenda A concentração de mercado é um dos principais receios da revenda de GLP, uma vez que as principais distribuidoras concorrentes estariam interessadas em adquirir a segunda maior companhia do setor Por Adriana Cardoso

Agência Petrobras

Desde que a Petrobras divulgou que a Liquigás está à venda, em junho, os revendedores de GLP do país estão preocupados com o futuro do setor. Atualmente, as cinco maiores distribuidoras, juntas, concentram 94% do total de mercado e, se uma destas companhias adquirir a subsidiária da Petrobras, este segmento pode ficar ainda mais concentrado. Segunda maior distribuidora, a Liquigás detém 23% do mercado (atrás da Ultragaz),

com aproximadamente 4.700 revendedores autorizados no país. Até o momento, a comercialização está aberta, a imprensa tem divulgado nomes de várias empresas interessadas, com a maioria do próprio setor, daí a atenção da revenda de GLP ser redobrada. Segundo reportagens veiculadas na imprensa, quatro das principais concorrentes seriam potenciais compradoras da Liquigás: Ultragaz, do Grupo Ultra, a Supergasbras, a Nacional Gás e a Copagaz. Além das concorrentes diretas também

estariam no páreo o fundo Gávea Investimentos e a empresa turca Aygaz. Assim que surgiram os primeiros boatos da venda da Liquigás, revendedores decidiram se unir e fundar a Associação Brasileira dos Revendedores da Liquigás (Abreliqui), com o intuito de discutir problemas comuns e estratégias para proteger seus negócios. Marco Antônio Castañeda, presidente da Abreliqui, explica que a revenda não se posiciona contra a venda da Liquigás.

A Liquigás, segunda maior distribuidora do país, detém 23% do mercado, com aproximadamente 4.700 revendedores autorizados

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Agência Petrobras

Concentração de mercado

Na opinião de José Luiz Rocha, da Abragás, seria melhor que a compra da Liquigás fosse feita por um grupo de fora do setor de GLP

Tudo depende de quem será o comprador. “A proposta da associação é a preservação dos direitos adquiridos pela revenda. Por exemplo, compartilhamos área de atuação com outras bandeiras. Se a Ultragaz compra a Liquigás, quem compartilha (espaço) pode sofrer um possível descredenciamento, pois podem buscar sinergia dentro da sua própria estrutura”, explicou Castañeda, revendedor Liquigás há 25 anos em São Paulo. “Queremos garantia de faturamento e continuar existindo como revenda. Entendemos que temos nossos direitos”, disse.

Na mesma linha de pensamento, José Luiz Rocha, presidente da Abragás, entidade representante dos revendedores de âmbito nacional, também se preocupa com a concentração de mercado. “Não somos contra a venda da Liquigás. O que não concordamos é que seja vendida para uma dessas empresas que já atuam (no setor), por questões de concentração. Atualmente, temos cinco empresas detendo 94% do mercado e, se ocorrer a venda para uma delas, teremos esse percentual nas mãos de quatro ou até menos”, disse. O mundo ideal, na opinião de Rocha, seria que a aquisição

Market Share das Distribuidoras de GLP (1º Trimestre/2016) Outras distribuidoras 14,8%

Grupo Ultra 23,5%

Grupo Nacional 19,5%

Liquigás 21,9% Grupo Supergasbras 20,4% Fonte: ANP

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No ponto de vista de Arthur Villamil, assessor jurídico da Fecombustíveis especializado em Direito da Concorrência e Direito Econômico, se a negociação da Liquigás vai resultar em concentração de mercado depende do comprador. Para efeitos de comparação, ele usou um exemplo do setor bancário. “Se o Itaú (primeiro no ranking) comprar o Bradesco (segundo colocado) aniquila-se a concorrência. O mesmo aconteceria no setor de GLP se um grupo concorrente grande comprasse a Liquigás. Se o comprador for uma empresa estrangeira ou uma companhia que não atua no setor de GLP, a venda poderia até ajudar a oxigenar o segmento. Villamil não tem dúvidas de que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) reprovaria a venda se a oferta fosse feita, por exemplo, por um consórcio de empresas do mesmo ramo, por haver problemas concorrenciais. Ou então, o Cade aprovaria, mas imporia determinadas condições. “Na fusão da Sadia com a Perdigão, o Cade impôs como condição para aprovar a operação a venda de alguns investimentos da BRF Brasil Foods para terceiros, o fechamento das operações no Sul e a supressão de algumas marcas para evitar a concentração de mercado em alguns nichos”, disse.


da companhia fosse feita por um grupo fora do ramo de GLP “para manter a rede e a marca intactas, sem mexer com o revendedor, porque o grande problema é que o revendedor da Liquigás está sendo ‘vendido’ junto”. Atualmente, há cerca de 4.700 revendedores Liquigás no país, muitos dos quais estão com os contratos com a distribuidora prestes a vencer. Fernando Bandeira, presidente do Sindicato dos Revendedores de GLP do Estado de Santa Catarina (Sirgás), disse que há aproximadamente dois meses alguns associados foram procurados por representantes comerciais da empresa para renovarem seus contratos, que tem validade de cinco anos. “Estamos solicitando que eles não renovem os seus contratos, até que a gente saiba o que vai acontecer”, disse. E não é somente a revenda que se preocupa com a negociação. Em 7 de julho, foi realizada uma audiência pública convocada pelo deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), que também vê com preocupação a venda da Liquigás pelo risco de carteliza-

Marco regulatório: compasso de espera A venda da Liquigás é mais um sinal amarelo no caminho da revenda de GLP este ano. O setor aguarda há mais de um ano, a publicação do novo marco regulatório, desde que foi realizada a audiência pública pela ANP, que discutiu a atualização da Portaria 297/2003 (revenda). A audiência pública discutiu entre diversos temas, dois assuntos de interesse da revenda: o fim da verticalização e a revenda independente. “Hoje, nós disputamos o mesmo cliente com a distribuidora, que também tem veículo na rua (para vender GLP). É uma disputa desproporcional, especialmente ao pequeno revendedor”, criticou Rocha, da Abragás, se referindo ao mercado de GLP verticalizado. Para o advogado Arthur Villamil, seria preponderante que o marco regulatório proibisse a atuação da distribuidora na ponta do varejo, “especialmente num cenário em que se pode ter ainda mais concentração de mercado”.

ção na formação de preços se for privatizada. A resistência à privatização também ocasionou, em 15 de agosto, uma greve dos funcionários da BR e da Liquigás contra a venda das empresas, que integram o plano de desinvestimentos da Petrobras, cuja previsão é arrecadar US$ 15,1 bilhões no biênio 2015-2016. Atualmente, a estatal acumula dívida de R$ 397,8 bilhões e a venda de

ativos é uma das prioridades da gestão do presidente da companhia, Pedro Parente. A Liquigás acumula faturamento anual de R$ 3,8 bilhões e vende 1,7 milhões de toneladas de GLP por ano. É líder no envase de GLP no país no segmento de gás de cozinha, com aproximadamente 25 milhões de botijões de 13 quilos, espalhados por domicílios do território nacional, exceto Acre, Amazonas e Roraima. n

A Liquigás acumula faturamento anual de R$ 3,8 bilhões e vende 1,7 milhões de toneladas de GLP por ano Combustíveis & Conveniência • 25


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Novo equipamento de coleta da amostra-testemunha Divulgação/ANP

ANP premia os melhores projetos de inovação e reconhece trabalho de servidores da agência que criaram um sistema automático para coletar a amostra-testemunha nas bases das distribuidoras, permitindo a otimização de tempo e garantindo o cumprimento da Resolução 44/2013, que estabelece a obrigatoriedade de coleta da amostra-testemunha pelas distribuidoras, na modalidade FOB

Magda Chambriard, diretora-geral da ANP, durante a abertura do Prêmio de Inovação Tecnológica

Por Mônica Serrano

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Divulgação/ANP

No final de julho, a ANP realizou a entrega do Prêmio de Inovação Tecnológica para incentivar e reconhecer projetos inovadores direcionados ao desenvolvimento da indústria do petróleo. Neste ano, além dos vencedores das três categorias, a agência reguladora homenageou os servidores da ANP que desenvolveram o amostrador de combustíveis, um novo equipamento elaborado para coletar a amostra-testemunha enquanto o caminhão-tanque é abastecido na base da distribuidora. “Com isso, pretendemos dar agilidade à coleta da amostra-testemunha e também garantir um tratamento igualitário aos TRRs, à revenda e às distribuidoras. O nosso protótipo está sendo construído e, em setembro

ou outubro, poderá ser testado numa base de distribuidora”, disse Magda Chambriard, diretora-geral da ANP, durante a cerimônia da premiação. O sistema automático de amostragem, ou amostrador de combustíveis, busca minimizar os problemas presentes na amostragem manual atualmente

utilizada nas distribuidoras de combustíveis, durante a coleta de amostra-testemunha. Ele é inserido na tubulação de carregamento dos combustíveis da distribuidora e coleta a amostra-testemunha, contínua e proporcionalmente à vazão da mistura. Seu uso deverá minimizar o tempo das coletas


de amostras e de homogeneização da mistura, carregada por meio da aplicação de técnicas de engenharia de controle e de um misturador estático. O autor do sistema, Diego Rocha Rebelo, especialista em Regulação da Superintendência de Fiscalização da ANP, explica que o projeto passou por um estudo preliminar que envolve a mistura de combustíveis, uma vez que, hoje, a coleta da amostra-testemunha é feita manualmente. “Nossa estratégia seria otimizar melhor o tempo de carregamento em linha. O misturador coleta pequenas quantidades ao longo do carregamento, que vão caindo num reservatório”, disse Rebelo. Segundo Aurélio Amaral, diretor da ANP, o sistema de amostragem realiza coleta contínua e proporcional à vazão da mistura combustível que é carregada. Ou seja, integra continuamente, durante o tempo de carregamento, a vazão de amostragem obtida de modo a gerar uma amostra representativa do volume que é carregado no compartimento do caminhão-tanque. A sonda de amostragem coleta, em cada instante de tempo, um volume infinitesimal, homogeneizado previamente por misturador estático. “Prova-se matematicamente que os percentuais dos combustíveis na amostra-testemunha são idênticos (dentro de uma margem de erro plenamente aceitável) aos percentuais dos combustíveis carregados nos compartimentos do caminhão-tanque”, afirmou o diretor.

Próxima etapa O amostrador de combustíveis vai passar por um período de testes, que se inicia

Amostra da discórdia A obrigatoriedade de coleta da amostra-testemunha pelas distribuidoras, na modalidade FOB, foi uma determinação da Resolução ANP 44/2013. Para a revenda, esta regra representou uma conquista porque era uma antiga demanda do setor. Antes da Resolução 44/2013, a revenda assumia integralmente a responsabilidade pelas desconformidades dos combustíveis, sendo penalizada, muitas vezes, de forma injusta. Até então, não se sabia com exatidão qual seria a origem da não conformidade e, com a norma, a ANP inseriu rastreabilidade para identificar o real culpado. Por parte das distribuidoras, a obrigatoriedade não foi bem recebida. Houve resistência, principalmente das grandes companhias, que alegavam que fazer a coleta da amostra-testemunha em cada compartimento do caminhão-tanque gerava lentidão e aumento de custos. Quando a Resolução entrou em vigor, em março de 2014, os primeiros problemas apareceram, particularmente em Goiânia (GO) e Betim (MG). As filas dos caminhões-tanques eram gigantescas, devido à demora para realizar o procedimento da coleta da amostra-testemunha, e o impacto à revenda foi inevitável, com espera de até 24 horas para carregar o caminhão-tanque. Já nas bases das pequenas e médias distribuidoras não foram detectados tantos problemas. Mesmo com as dificuldades, a ANP manteve em vigor a Resolução. O Sindicom, órgão que representa as grandes distribuidoras, moveu uma ação na Justiça contra a ANP na tentativa de revogar os artigos 3º, 4º e 10º da Resolução 44/2013, que obrigam a coleta da amostra-testemunha pelas distribuidoras. Porém, em 19 de setembro de 2015, a 22ª Vara Federal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro concedeu decisão favorável à ANP. Por sua vez, o Sindicom apelou da sentença, que, hoje, se encontra em trâmite no Tribunal Regional Federal - 2ª Região. Com o novo equipamento, a discórdia entre a ANP e o Sindicom deve ser encerrada.“O equipamento poderá concorrer para a atenuação de eventuais resistências, dada a automação e consequente redução de custos que promove”, disse Amaral.

em outubro, para validação do protótipo, sob a coordenação da Unidade Regional de Fiscalização de Minas Gerais, onde foi desenvolvido o sistema. Após validado, Amaral informou que a etapa seguinte será instalá-lo na base de distribuição Raízen/ Ipiranga, localizada em Betim (MG) na estação de carregamento de gasolina C e diesel B.

“Após ser testado e aprovado em campo, sobrevirão entendimentos com o setor de distribuição para a montagem de novas unidades do equipamento e escolha de outros locais de instalação”, disse Amaral. O desenvolvimento do projeto está sendo acompanhado pela Fecombustíveis. n Combustíveis & Conveniência • 27


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Relações delicadas As questões trabalhistas sempre foram alvo de intenso debate entre empregados e empregadores, que consideram as obrigações legais excessivas e onerosas. Agora, com a troca efetiva de governo, a necessidade de uma reforma na legislação trabalhista ganha foco Por Gisele de Oliveira A necessidade de uma reforma na legislação trabalhista ganhou força nos últimos meses no governo interino de Michel Temer – até o fechamento desta edição, a Comissão Especial do Impeachment no Senado havia aprovado o relatório que recomenda o julgamento da presidente afastada Dilma Rousseff pelos crimes de responsabilidade fiscal durante seu

governo. Mesmo na condição de um governo de transição, a revisão da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) é vista como um importante instrumento para a retomada do crescimento da economia do Brasil. Considerada ultrapassada por diversos especialistas - as regras que norteiam a CLT datam de 1943, com emendas pontuais estabelecidas pela Constituição de 1988 -, a verdade é que a atual lei trabalhista se transformou numa

colcha de retalhos na tentativa de acompanhar a evolução da sociedade nos quase últimos 80 anos desde sua criação. Prova disso é a existência de regras que não fazem mais sentido nos dias de hoje, como, por exemplo, o descanso obrigatório de 15 minutos concedido às mulheres depois do expediente normal antes de iniciar a hora extra. À época em que foi estabelecida, a medida visava proteger as mulheres que carregavam pesos nas

Stock

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consequentemente, a geração de novos empregos e renda. “Essa modernização tem fundamental importância para que se inicie um processo de busca pela manutenção do emprego através da criação de um ambiente de negócios favorável, diminuindo a burocracia, o custo da produção, aumentando a competitividade e fortalecendo o diálogo entre trabalhadores e

Jornada de trabalho é um dos itens que mais trazem dificuldades nas relações trabalhistas

Paulo Pereira

fábricas, o que não ocorre com frequência atualmente. “As leis evoluem em ritmo muito mais lento que a sociedade, motivo pelo qual a CLT já não protege mais adequadamente as relações do trabalho do mundo atual. Por isso, o momento, embora conturbado no cenário político, é muito propício para discussão de mudanças, sobretudo para a criação de regras que protejam e privilegiem a negociação entre empregadores e empregados”, observou Fabio Medeiros, sócio da área Trabalhista e de Tributação do Trabalho do escritório de advocacia Machado Associados. Segundo o advogado, essa desatualização aumenta ainda mais a pressão no Poder Judiciário, que acaba por decidir questões cuja lei trabalhista não corresponde aos dias atuais. O resultado são milhares de ações trabalhistas distribuídas em tribunais, que, por sua vez, não conseguem atender à sociedade de forma adequada. Somente em 2016, o especialista estima que serão mais de 3 milhões de novas ações trabalhistas, o que reforça a importância de rever a legislação atual. Para o empresário, legislação atrasada é sinônimo de insegurança jurídica. Mais do que isso, transforma de maneira negativa o ambiente de negócios, já que não há um conjunto de regras claras que beneficiem tanto o empregador quando o empregado. Como resultado, não há estímulos para novos investimentos, seja na expansão do negócio ou em novos empreendimentos, o que afeta,

empregadores”, defendeu Patrícia Duque, chefe da Divisão Sindical da Confederação Nacional de Bens, Serviços e Turismo (CNC). É essa insegurança jurídica apontada pelos especialistas que dificulta a relação entre empregador e empregado atualmente. Como não há um entendimento claro sobre as normas trabalhistas, ou muitas delas estão desatualizadas, muitos casos

acabam parando na Justiça por não haver consenso entre as partes envolvidas. Isso sem contar que, ainda nos dias de hoje, não é permitida, no país, a negociação entre empregador e empregado, mesmo quando há a atuação direta de entidades sindicais representativas, segundo Patrícia. Ela cita como exemplo a negociação coletiva que permite a redução do horário de almoço para meia hora, com a consequente liberação do funcionário 30 minutos mais cedo. Para o trabalhador que vive nas grandes cidades, sair meia hora mais cedo significa evitar horas de trânsito no retorno para casa. Porém, o judiciário trabalhista entende de forma diferente e vem, de forma recorrente, anulando tais acordos definidos em convenções coletivas. A jornada de trabalho é um dos itens que mais trazem dificuldades nas relações trabalhistas ultimamente, já que, em diversos setores, a determinação de tipos e controles de jornada não estão previstas na legislação vigente pois nem existiam. Além disso, nos momentos de crise como o de agora, a flexibilização de obrigações trabalhistas se faz necessária para a manutenção do emprego e a proteção da própria existência das empresas. “Essas são situações que nem a lei, nem o judiciário, conseguem resolver a contento. São temas que apenas a negociação entre empregadores e empregados, representados por seus sindicatos, poderia solucionar”, disse Medeiros. Combustíveis & Conveniência • 29


44 MERCADO Excesso Na revenda, as dificuldades também existem e são muitas. Por ser um setor cuja atividade principal tem relação direta com o manuseio de líquidos inflamáveis e perigosos, as obrigações trabalhistas se tornaram um peso grande nos custos dos revendedores ao longo dos anos. Além da CLT, há ainda o cumprimento de normas regulamentadoras, consideradas excessivas pela categoria na maioria dos casos. Recentemente, casos pontuais de excesso na fiscalização foram relatados por revendedores de todo o país, como o cumprimento pelo fornecimento de máscara aos funcionários e a realização de exames do ácido trans, trans-mucônico com base no benzeno, por exemplo. Outro caso também relatado como de fiscalização excessiva envolve um posto de combustíveis em Minas Gerais. O estabelecimento recebeu uma notificação do sindicato dos frentistas por não atender à norma que estabelece o espaço mínimo para a construção de banheiro no local aos

funcionários. De acordo com a notificação, que mencionava uma possível denúncia ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a construção do banheiro deveria obedecer a 1,5 metro quadrado de área para cada empregado. Outro exemplo é de um posto localizado em Brasília, que foi notificado por um fiscal do MTE porque não havia uma cobertura que ligasse a ilha de bombas até a copa para os frentistas em dia de chuva. Essas duas situações exemplificam diversas outras que ocorrem diariamente nos postos de combustíveis do país e que o revendedor nem sempre está preparado. “É preciso melhorar o ambiente de negócios propício ao desenvolvimento econômico, com a criação de uma lei mais simples e menos burocrática para o empresário, que é o principal gerador de empregos do país”, afirmou Paulo Miranda Soares, presidente de Fecombustíveis. E é nesse emaranhado de dificuldades que as ações trabalhistas ganham força e chegam aos milhares no judiciário. São

Insegurança jurídica dificulta a relação entre empregador e empregado atualmente e, muitos casos, vão parar na Justiça por não haver consenso entre as partes envolvidas

reclamações como falta de pagamento de horas extras, adicional por insalubridade, verbas de rescisão de contrato, reconhecimento de vínculo empregatício, não recolhimento do Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS), falta de registro de ponto adequado, entre outros; além de pedidos de indenizações por danos e assédios morais. De acordo com Patrícia Duque, da CNC, isso ocorre em função do alto custo empregatício no país, que faz com que a empresa acabe por ficar em uma situação difícil e não arque com as condições financeiras para cumprir todas as suas obrigações, aumentando, assim, a inadimplência e estimulando a informalidade. Na avaliação de Klaiston D’Miranda, consultor jurídico da Fecombustíveis, as questões trabalhistas acontecem em função dos muitos detalhes que cercam a legislação e nem sempre o revendedor conhece todos esses detalhes. Ele cita, por exemplo, a contratação de um profissional para o cargo de gerente, mas que, no dia a dia, não exerce, de fato, o cargo de gerente, ou seja, executa ações que não são próprias de chefia. “O gerente é a pessoa que vai substituir o revendedor em sua ausência, tem procuração do proprietário do posto e assume todas as obrigações do posto, está isento de bater ponto. Se ele tiver atribuição diferente disso, seu cargo não pode ser de gerente”, explicou.

Organização

Pixabay

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Por essas e outras situações, o consultor reforça a importância de o revendedor possuir uma planilha organizada quando o assunto é questão trabalhista. Se não for


possível contar com um profissional da área de recursos humanos no posto ou contratar um escritório especializado no assunto para auxiliá-lo, o empreendedor pode ainda buscar apoio no seu sindicato local, que, certamente, possui uma equipe própria que entenda de relações trabalhistas. “Na maioria das vezes, o empregado só entra na justiça quando não pagam os direitos dele. Existem outros tipos de empregados que recorrem à justiça, como aqueles que brigam no ambiente de trabalho ou os que já entram na empresa pensando que, quando sair, vão acionar a justiça para obter dinheiro extra, mas esses são minoria”, disse D’Miranda. Apesar de ser minoria, isso não significa que o empregador não deve se preocupar com esse tipo de profissional. Os especialistas afirmam que a justiça do trabalho foi criada para garantir o cumprimento da legislação trabalhista e defender condições dignas de trabalho, mas admitem que, atualmente, a justiça se transformou numa indústria de reclamações trabalhistas. Isso acontece porque as empresas ficam receosas quanto aos fundamentos das decisões nos tribunais, que, geralmente, seguem o princípio da proteção ao trabalhador (ou princípio da proteção ao hipossuficiente), já que seria o elo mais fraco da relação. No entanto, observou Patrícia, no Brasil, a grande maioria dos empregadores são microempresários, o que torna tênue a distinção entre quem é o hipossuficiente na relação empregatícia. Porém, segundo ela, a justiça do trabalho vem sofrendo mudanças positivas, em especial no que diz respeito ao crescente número de condenações por litigância de má-fé ao trabalhador que pleiteia verbas que já foram devidamente pagas. “Isso é uma pequena resposta dos magistrados para inibir essa onda de judicialização das relações de trabalho”, concluiu Patrícia. n

Reforma em debate Por Altair Alves Em tempos de discussão da reforma trabalhista, o jornal O Globo promoveu um debate, com o apoio da CNC, com renomados especialistas nas questões trabalhistas: José Pastore, sociólogo e professor da Universidade de São Paulo (USP); e José Márcio Camargo, professor da PUC-Rio e economista-chefe da Opus Gestão de Recursos. Com a crise econômica nacional, há mais de 11 milhões de desempregados no país. Pastore enfatizou a relação direta entre investimentos e demanda de mão de obra para gerar segurança para o empresário contratar. Segundo ele, no Brasil, atualmente, faltam duas coisas: investimentos e segurança para empregar. O professor Camargo enfatizou que, para crescer, o país precisa aumentar sua produtividade e elevar investimentos, especialmente no capital humano, físico e progresso tecnológico. “Sem ganhos de produtividade, não tem crescimento a longo prazo”, disse. Camargo apontou que, com o sistema tributário e os custos trabalhistas, o país não atrai investimentos e a legislação do trabalho não incentiva a empregabilidade no país. Criada em 1943, a CLT é considerada rígida, elaborada em um contexto que não reflete a realidade atual e precisaria passar por atualização. “Quando o empregado é contratado, não se pode negociar nada, está tudo na Lei”, contou. Pastore destacou alguns itens da legislação que não teriam fundamento, como, por exemplo, a hora noturna, que, segundo a CLT, é de 52 minutos e 30 segundos, e não de 60 minutos; um funcionário de 50 anos não pode tirar férias em dois períodos, enquanto os que estão abaixo dessa idade podem; na promoção de um funcionário, deve ser considerado o tempo de trabalho na companhia e não seu desempenho/mérito; e as mulheres têm descanso obrigatório de 15 minutos, depois do período normal, antes de iniciar uma hora extra. O debate também mostrou a enorme proporção do papel da Justiça do Trabalho, com o julgamento das ações trabalhistas, quase numa escala industrial, cujos acordos viraram rotina. “A Justiça do Trabalho deveria somente fiscalizar os contratos”, definiu Camargo. Para José Pastore, as relações trabalhistas entre empresários e trabalhadores poderiam ser mais flexíveis, admitir a negociação entre as partes, diferente da legislação, contudo, sem desrespeitá-la. Adotar a terceirização quando houver necessidade, como forma de adaptação ao mercado de trabalho e de incentivo à geração de empregos; e implementar a arbitragem trabalhista para a resolução dos conflitos entre empregados e empregadores, a fim de desafogar a Justiça do Trabalho. Combustíveis & Conveniência • 31


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Efeito da crise: menor rotatividade Um dos grandes problemas da revenda era a alta rotatividade de funcionários. Porém, com o elevado desemprego no país, os funcionários de postos estão mais comprometidos e o revendedor tem a chance de investir na qualificação da mão de obra Por Adriana Cardoso

Arquivo

A crise econômica e o consequente aumento do desemprego, que atingiu 11,3% no segundo trimestre em comparação ao mesmo período do ano passado, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), trouxe um fato novo para a revenda: aumentou a retenção de funcionários nos postos. Antes da crise, os proprietários de postos de todo o país sofriam com a alta rotatividade de empregados. Atualmente, com a rotatividade em queda, especialistas recomendam aproveitar o momento para investir na formação de uma boa equipe para elevar a qualidade

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de atendimento. “No geral, tenho percebido que a rotatividade está menor, inclusive, recomendo aos empresários que agora é a hora de capacitar ou trocar de funcionários, porque tem muita gente boa disponível no mercado”, disse Patrícia Zuccari, consultora de Administração e Gestão de Pessoas do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP). A rotatividade sempre foi alta na revenda, especialmente nos anos em que a economia estava numa maré positiva. Os postos de combustíveis perdiam muitos trabalhadores para outros setores, como a construção civil, um dos setores que mais demandou mão de obra na boa fase econômica. Não faz muito tempo, cerca de três anos, algumas redes de postos, especialmente no Sul do país, cobriram as vagas com mão de obra imigrante, principalmente de haitianos. Na atual conjuntura, com 11,6 milhões de brasileiros desempregados, quem está empregado faz de tudo para garantir sua segurança. O reNa atual conjuntura, com 11,6 milhões de brasileiros desempregados, quem está empregado faz de tudo para garantir sua vaga no trabalho

vendedor de Guarulhos (SP) e conselheiro da Fecombustíveis, José Alberto Miranda Cravo Roxo, teve percepção de melhora, inclusive, do nível do trabalhador. “Há mais estabilidade. Como estamos numa região bastante industrializada, a partir do fim do ano passado, passei a contratar gente remanescente da indústria, muito mais qualificada do que eu que tinha antes”, contou. Em sua maioria, os novos trabalhadores da rede de Cravo Roxo têm cursos técnicos profissionalizantes, o que facilita na hora do treinamento. “Eles já chegam aqui com conhecimento de ferramentas e produtos que vendemos. Antes, era difícil contratar gente com esse nível”, disse. O revendedor também comentou que a falta de disponibilidade de emprego também permitiu reduzir o número de demissões mensais. “Antes, era forçado a demitir ao menos um empregado por mês, especialmente por faltas. Hoje, em seis meses, demiti um funcionário. Os novos contratados são muito mais comprometidos, pois têm receio de perder o emprego de novo.”


Somafoto/Marcus Almeida

Crise favorece estabilidade de funcionários nos postos de combustíveis do país

Com funcionários mais envolvidos, Cravo Roxo passou a dar incentivos aos seus funcionários, que, além de salário e benefícios, oferece comissões na venda de lubrificantes.

Como reter

Oferecer bonificações e prêmios são alguns incentivos que ajudam a estimular a equipe

numa empresa pequena, como é o caso da maioria dos postos, pode fazer a diferença. “Ele precisa sentir que, à medida que a empresa cresce, ele também vai ganhar, por meio de metas e premiações. Os funcionários precisam ser estimulados sempre com novos desafios, a fim de tirá-lo da zona de conforto”, frisou.

Seleção adequada O bom administrador tem que ter em mente que, no âmbito da gestão de pessoas, é preciso manter uma linha de conduta que sirva para todos as fases econômicas, sejam boas ou más. Isso porque investir numa equipe significa despender tempo, dinheiro e energia e perder colaboradores implica prejuízos. “Independente do momento, é preciso manter a equipe mobilizada sempre, senão, a todo o momento, a equipe será trocada e, com isso, perde-se um capital muito importante, que é o conhecimento daquilo que foi construído”, explica Sílvio Laban, consultor de varejo e coordenador geral dos programas de MBA Executivo do Insper.

Stock

Segundo Patrícia, consultora do Sebrae, além de criar estímulos e oferecer um bom treinamento para os funcionários, é necessário que o proprietário saiba definir que tipo de profissional quer reter em seu estabelecimento.“Primeiro, é preciso listar o que se espera do colaborador, como o conhecimento, a atitude. De um frentista ou atendente de loja de conveniência, espera-se simpatia, proatividade e uma boa comunicação com a clientela.” A partir da definição do perfil do profissional, buscar o tipo de treinamento adequado para atingir seu objetivo e estabelecer metas para que o desempenho da equipe seja avaliado (leia box). “Alguns gerentes de postos de combustíveis estabelecem metas de vendas; criam promoções em horários que não são muito movimentados nas lojas de conveniência; premiam os frentistas por venda de óleos; e, com isso,

obtêm resultados melhores do que os concorrentes”, relatou. Marcelo Borja, da Borja T&C, com vasta experiência em treinamentos de funcionários da revenda, afirma que muitos revendedores acreditam que só pagar o piso da categoria é o suficiente. “Isso faz parte do passado. Hoje, as pessoas precisam produzir mais e querem ser recompensadas por isso. Estabelecer metas e alvos, premiar com ativos tangíveis (comissão) e intangíveis (destaque do mês, jantar e passeios), compõem um grande atrativo para reter colaboradores no negócio”, contou. Nessa equação, Borja também coloca condições de trabalhos e relação de respeito com o colaborador, como pagamento de todos os benefícios, cumprimento de normas de segurança e de trabalho (NRs), uniformes e instalações adequadas. Além de cumprir com todas as obrigações e encargos trabalhistas, realizar reuniões, encontros, treinamentos de capacitação e motivação transformam o local de trabalho em um ambiente melhor. Patrícia também destaca a motivação, especialmente

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44 NA PRÁTICA

Como montar uma boa equipe

1

Estabeleça metas: comunique claramente o que você quer para que possa cobrar depois;

2

Avalie o desempenho: identifique os erros e acertos. Verifique especialmente o que está mais deficiente;

3

Capacite/treine: a partir da constatação do problema, ofereça treinamento adequado para a correção da dificuldade;

4

Reconheça: ofereça bonificações, prêmios, dê incentivos para estimular a equipe;

5

Envolvimento: faça com que a equipe se sinta parte da empresa. 34 • Combustíveis & Conveniência

um bom relacionamento com o cliente”, disse.

Liderança é importante Patrícia, do Sebrae, complementa que, por trás da formação de uma boa equipe, é fundamental que haja um bom líder. “A liderança é o principal entrave para reter talentos, especialmente nas pequenas empresas”, observou. Sendo assim, o líder deve comunicar-se bem, ter um bom relacionamento com a equipe, ser uma pessoa agradável e possuir uma boa comunicação escrita, verbal e até mesmo corporal. “Um bom líder é uma pessoa que pensa estrategicamente no longo prazo. O líder não pode ter medo de falar com o funcionário, pois isso traz insegurança”, disse a consultora. Em suma, um líder não deve ser nem muito permissivo, nem muito autoritário. “O próprio gestor deve avaliar o seu papel. Se não tiver condições de desempenhar esta função, ele deve delegar a administração dos funcionários para alguém de sua confiança”, destacou.

Ações da revenda A Rede JB, no Rio de Janeiro, criou, há alguns anos, o programa “Indique e Ganhe”, para estimular funcionários a indicarem mão de obra para a rede de sete postos na capital. “Se a pessoa indicada ficar quatro meses, ele ganha R$ 100 e, se ficar oito, ele ganha R$ 200 (total)”, contou Ana Moura, gerente geral. A rotatividade, segundo Ana, também diminuiu na rede nos últimos seis meses. “Tínhamos muita dificuldade de reter gente no período de experiência. A maioria não se adaptava e aca-

Agência Petrobras

Mesmo em empresas pequenas, onde as possibilidades de carreira são restritas, é possível criar um ambiente agradável e estimulante, formando uma equipe, levando-se em conta o perfil adequado que se busca para as determinadas funções. “Não é porque há muitos desempregados no mercado que se deve contratar qualquer um. De nada adianta contratar alguém qualificado, mas sem o perfil adequado para a função. Um frentista, por exemplo, não tem só o trabalho de puxar o bico da bomba e encher o tanque. Há uma série de outros requisitos necessários, como

Cumprir com todas as obrigações trabalhistas, realizar reuniões, encontros, treinamentos de capacitação e motivação transformam o local de trabalho em um ambiente melhor

ba saindo porque trabalhar em posto é uma tarefa árdua, você tem que ficar em pé e trabalhar fins de semana e feriados.” O que vem acontecendo é que muita gente que saiu está voltando e com mais qualificação. “Ex-frentistas que trabalharam com a gente no passado, que saíram para fazer faculdade, por exemplo, foram recontratados e estão muito mais comprometidos”, relatou Ana, que lidera 400 funcionários. O reflexo da crise, de acordo com a gerente, é que a rede tem recebido muito mais currículos e indicações. Além disso, a maior rotatividade antes também se devia ao fato de que, como havia mais oferta de trabalho, acabavam sendo forçados a contratar gente que não se enquadrava no perfil. “Todas as terças-feiras chamamos potenciais candidatos para entrevista e aplicação de testes em nosso departamento de RH. Aqueles que se encaixam no perfil que buscamos, ficam cadastrados em nosso banco de dados. Temos muito mais opções agora”, contou. n


OPINIÃO 44 José Camargo Hernandes 4 Vice-presidente da Fecombustíveis

Tecnologia que sufoca emissões de poluentes A febre do momento é caçar pokémons. Para e reduzir o aquecimento quem nunca viu ou ouviu falar sobre os desenhos global. Diante desta animados japoneses, o que basta saber é que eles pressão planetária, já estão de volta e parecem ter assumido a missão há estudos que garande provar à humanidade, de uma vez por todas, que o mundo virtual se misturou com a realidade. tem que o Brasil, que O novo jogo Pokémon GO, exclusivo para smartnada avançou quando o assunto é veículo elétriphones, vem, literalmente, conquistando legiões de fãs de todas as idades. Mais um exemplo de co, terá, em menos de 15 anos, entre 4 milhões e que estamos reféns da tecnologia e a humanidade 10 milhões de carros movidos a eletricidade. se rendeu ao universo paralelo que se apresenta Nossa curiosidade cresceu ainda mais quando pela tela do celular. vimos o anúncio da realização de um salão internaO que a nova mania virtual tem a ver com a vida cional de veículos elétricos em São Paulo no início de um empresário ligado à revenda de combustíveis, de setembro. Em busca de estudos, pesquisas dono de um estacionamento, loja de conveniência e mesmo de regulamentação quanto ao uso de ou de qualquer outro segmento econômico? Como energia elétrica para este fim, mergulhamos num diriam os jovens: “o papo é reto”. Estamos vivenuniverso desconhecido para a revenda. Nem mesmo as districiando mais um exemplo da importância dada pela buidoras de combustíveis sociedade às ferramentas reconhecem, publicamente, Será que podemos comparar toda virtuais, eletrônicas e, soestarem estudando os imessa revolução com o abismo que bretudo, aos aplicativos pactos dos veículos elétricos ainda há no Brasil entre veículos con- no setor em curto, médio e ligados às redes sociais. vencionais, híbridos e elétricos? Em longo prazos. Você está preparado para quanto tempo esta tecnologia terá O governo federal, por toda esta tecnologia? sua vez, está engatinhando O quanto você domina impacto em nossos negócios? no processo, ainda na fase das possibilidades trazidas de consulta pública por por um simples smartphone? parte da Agência Nacional Quanto de tecnologia você de Energia Elétrica (Aneel) para definir o modelo de já incorporou no seu dia a dia? Sua empresa está regulamentação que norteará as concessionárias parada no ultrapassado mundo analógico ou já de energia quanto ao investimento em eletropostos, está conectada à realidade virtual? por exemplo. Outro fato é que a tecnologia vem atropelando Nós, revendedores, sequer podemos, neste o modo como vivemos até então. Guardadas as momento, ter um ponto de recarga de veículos devidas proporções, o Pokémon Go e toda sorte elétricos para exploração comercial. Não se pode de aplicativos passaram a interferir diretamente vender energia elétrica terceirizada. no modo tradicional de viver e de fazer coisas Distantes da nossa rotina dominada pelo corriqueiras. Impressiona a rapidez com que a diesel, etanol, gasolina e lubrificantes, os elétritecnologia avança. Será que podemos comparar toda essa revocos são uma realidade bem real mundo afora. Está em nossas mãos querermos conhecer o lução com o abismo que ainda há no Brasil entre futuro e nos distanciarmos do analfabetismo veículos convencionais, híbridos e elétricos? Em digital e tecnológico. Como eu, tenho certeza de quanto tempo esta tecnologia terá impacto em que os demais pequenos e médios empresários nossos negócios? brasileiros nunca se sentiram tão sufocados por O fato é que o mundo precisa ser passado a tanta tecnologia. limpo, literamente, devido à necessidade de controlar

Combustíveis & Conveniência • 35


44 REPORTAGEM DE CAPA

Preocupação com a logística Discussões em andamento sobre possíveis mudanças no sistema logístico de entrega de combustíveis entre Petrobras e distribuidoras e a necessidade de preparo do sistema logístico no presente para garantir o futuro do abastecimento no país motivam reflexão entre agentes e especialistas do setor Por Gisele de Oliveira e Mônica Serrano

Portos precisam de investimentos para suprir a demanda de importação de combustíveis para evitar problemas de abastecimento no futuro, quando o país voltar a crescer

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No Brasil, o abastecimento de combustíveis e a infraestrutura logística têm sido motivo de atenção constante da ANP e dos agentes envolvidos na distribuição e revenda de combustíveis. Nos anos de crescimento econômico, que impactaram o consumo de maneira positiva, as falhas de abastecimento eram recorrentes, tendo como justificativa o aumento da demanda por combustíveis e um sistema logístico deficitário. No momento atual, mesmo com a crise e a redução do consumo dos combustíveis, a questão do abastecimento permanece um ponto de interrogação. No final

de 2015 e início de 2016, ocorreram falhas de abastecimento e alguns postos ficaram sem combustíveis. A pergunta que não quer calar: o que podemos esperar daqui para frente? Há, de fato, duas preocupações: a questão do suprimento no curto prazo e no longo prazo, quando o país voltar a crescer. A questão mais emergente é a mudança de foco da Petrobras, que passa a priorizar a exploração e produção de petróleo e está se preparando para transferir parte das suas atividades de entrega de combustíveis para as distribuidoras. Ainda não

há nada oficial, mas nos bastidores, este é um dos assuntos discutidos entre os agentes. Atualmente, a Transpetro é a subsidiária da Petrobras que atua no sistema logístico nacional de combustíveis, que faz o transporte do produto bruto, da produção para a refinaria, e do produto refinado da porta da refinaria para as bases de distribuição, via diferentes modais, como dutos, cabotagem e transportes terrestre e aquático. A empresa possui mais de 14 mil quilômetros de oleodutos e gasodutos, tem 47 terminais (20 terrestres e 27 aquaviários) e 56 navios.

Divulgação Porto de Suape

Combustíveis & Conveniência • 37


44 REPORTAGEM DE CAPA Até o momento, a Petrobras não anunciou a venda da Transpetro, mas a operação de cabotagem, que responde pela entrega de combustíveis via navios para o Norte e Nordeste, pode passar por mudanças. O contrato entre a Petrobras e as distribuidoras, previsto para ser renovado neste mês, foi prorrogado para o final do ano. Segundo Marcos D’Elia, sócio na Leggio Consultoria para a área de Petróleo & Gás, a estatal já estaria sinalizando que pretende transferir para as distribuidoras toda a responsabilidade por contratar, programar e realizar o transporte de produtos da refinaria até as bases das companhias. A questão é que, caso ocorra, isso poderá trazer ainda mais incertezas no abastecimento,

além de provocar um aumento de custos nos produtos. De acordo com ele, essa incerteza foi determinante para que a Petrobras recuasse da ideia até que se encontre um modelo de operação que garanta o abastecimento de combustíveis no país. “A ideia é que, conforme os contratos com as distribuidoras sejam renovados, eles já sinalizem para um modelo de transição para o que a Petrobras pretende implantar como novo modelo de operação”, adiantou. Consultado sobre as possíveis alterações, o Sindicom afirmou que hoje existem discussões em andamento sobre as mudanças no modelo de fornecimento de combustíveis pela Petrobras na cabotagem. “Existe um movimento de abertura de operações de

Agência Petrobras

A conclusão das obras da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) vai ajudar a suprir a cadeia de abastecimento de combustíveis, porém, não é a solução

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cabotagem pelos distribuidores que pode ter pilotos de operação em 2017. Mas, estão em fase de desenvolvimento e ainda é cedo para mensurar eventuais impactos”, disse José Lima de Andrade Neto, presidente do Sindicom. De acordo com Carlos Miranda de Almeida, diretor do Grupo Dislub Combustíveis, que atua na distribuição de combustíveis no Nordeste e parte da região Norte, as mudanças, aos poucos, já começaram, e a Petrobras tem transferido alguns custos de logística para as distribuidoras. “Inclusive, as distribuidoras já estão assumindo custos que antes eram de responsabilidade da Petrobras”, disse. Como exemplo, ele citou que as distribuidoras têm arcado com o custo adicional de descarga do navio, quando o prazo ultrapassa o período predeterminado. “Qualquer atraso que ocorra, se os terminais não conseguirem receber no período de vazão que ela contratou, assumimos os custos. Existem indícios claros da Petrobras de que, na nova redação do contrato, serão definidos novos polos. Esse contrato, que deveria valer a partir de setembro, vai valer a partir de novembro”, disse. As mudanças, relatou Almeida, estão gerando insegurança para as companhias. Ele criticou a falta de transparência em relação à política de preços. “A política de preços da Petrobras não é uma coisa clara. Ela agrega custo adicional ao serviço que presta. Por exemplo, o combustível comprado na porta da refinaria de Manaus é mais caro do que o que vem de navio. Teoricamente, o produto vendido na porta da refinaria deveria ser mais barato. Não tem uma política que justifique


Agência Petrobras

o preço que está sendo cobrado em alguns locais”, disse. A questão dos custos adicionais em relação ao transporte dos combustíveis para a distribuição é algo que preocupa. Segundo Almeida, algumas distribuidoras já estão repassando estas despesas, enquanto outras não. “No setor de combustíveis, as margens são muito pequenas. Se há adicional de custo, ou se repassa ou vai ter prejuízo. Alguns reflexos não apareceram na ponta final da cadeia pelas vantagens do produto importado”, disse. Ele explica que, com a importação de combustíveis a preços mais baixos do que os comprados via Petrobras, acaba compensando os eventuais aumentos de custos cobrados pela estatal, ou seja, uma coisa compensa a outra, o que explica o não repasse de custos para a revenda. No entanto, na hipótese de as distribuidoras terem que assumir mais responsabilidades e aumentar mais suas despesas com o transporte de combustível da porta da refinaria para o transporte de cabotagem, há a possibilidade de acabar estimulando o aumento das importações. E, nesse aspecto, Almeida levanta mais questões. “Existe um número de tancagens para mercado que não está disponível para todos, só para Petrobras. Ou seja, está sempre indisponível. O mercado tem limitação de volume de importação de produto. Essas tancagens, com ou sem Petrobras, deveriam ser suficientes para atender a demanda atual. Não se tem espaço suficiente”, alertou, considerando também a limitação da infraestrutura de alguns portos para o atracamento de navios.

Com a mudança de foco da Petrobras, que passa a priorizar a exploração e produção de petróleo, a logística de entrega de combustíveis pode passar por mudanças, com geração de impacto para as distribuidoras

Em relação aos custos que poderão advir em eventual mudança do sistema Petrobras, Maurício Lima, sócio-diretor do Instituto Ilos, analisa que as distribuidoras terão que se mobilizar para a contratação do navio em conjunto para minimizar as despesas. “O navio é o mesmo para várias distribuidoras. Imagina a Petrobras sair do processo. Custo é o grande ponto, quando se consegue compartilhar o transporte, consegue-se reduzir os custos. Acredito que terão que compartilhar, eventualmente, criar um pool em que uma distribuidora seja responsável de alguma forma, não vejo outra saída”, disse. Consultada, a Petrobras confirmou somente que os contatos comerciais estão em período de renegociação, porém, a questão da logística do sistema de cabotagem não foi esclarecida. “As modalidades de venda na cabotagem não serão alteradas e permanece-

rão conforme contrato atual. Os contratos comerciais estão em processo de renegociação”, foi a resposta encaminhada via assessoria de imprensa. Para Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustíveis, a grande preocupação é com o futuro que está prestes a ocorrer, a partir da renovação de contrato comercial da Petrobras com as distribuidoras e as consequências das mudanças em relação ao sistema logístico para recebimento dos combustíveis nos postos. “Não queremos que faltem combustíveis nas bombas, principalmente no final do ano, quando há aumento da demanda. Além disso, não temos mais como arcar mais custos. já estamos passando por momentos difíceis para manter o nosso negócio”, disse.

Deficiências do sistema Na avaliação de Marcus D’Elia, da Leggio Consultoria, duas são as deficiências encontradas, hoje, na área de logística para o Combustíveis & Conveniência • 39


44 REPORTAGEM DE CAPA Agência Petrobras

“Precisaríamos de investimentos em tanques, portos, terminais associados a portos, em modais para movimentação de produtos, mas que foram feitos de forma incremental. Com a crise econômica, as empresas adiaram esses investimentos”, ressaltou o executivo, que calcula recursos de R$ 30 bilhões para garantir o abastecimento de combustíveis via portos, ferrovias, terminais terrestres, dutos e hidrovia, num prazo entre 12 e 15 anos.

Suprimento nacional

Transpetro possui mais de 14 mil quilômetros de oleodutos e gasodutos, tem 47 terminais e 56 navios, mas, até o momento, a Petrobras não anunciou a sua venda

setor de combustíveis: a evidente limitação dos portos, tanto para receber produtos via importação quanto para tancagem, e a própria logística para escoamento de combustíveis país afora, já que o modal mais utilizado pelo setor é o transporte terrestre. Essas deficiências, segundo ele, fazem com que haja gargalos logísticos em praticamente todas as regiões do país, aumentando ainda mais a pressão sobre o risco de falta de abastecimento quando a demanda por com40 • Combustíveis & Conveniência

bustíveis retomar seu ritmo de crescimento, prevista para 2017. Antes da crise econômica, na qual o país ingressou, a expectativa era de que esses gargalos ficassem maiores em 2020. Agora, com a queda no volume de vendas, a estimativa passou para 2025, segundo D’Elia. Ainda assim, é uma previsão preocupante, considerando que estamos, praticamente, no final de 2016 e os investimentos em logística pouco – ou quase nada – andaram nos últimos anos.

O sistema de abastecimento de combustíveis sempre foi monitorado de perto pela ANP, tanto que, em 2012, a Superintendência de Abastecimento criou o Grupo de Fluxos Logísticos, que fez um raio-x do sistema logístico de combustíveis no país, abrangendo refinarias, unidades de processamento de gás natural, dutos, terminais aquaviários e terrestres, bem como bases de distribuição primárias e secundárias. A ANP traçou um panorama completo dos principais gargalos da cadeia nacional de abastecimento e, hoje, uma das preocupações da agência reguladora é com relação ao futuro do abastecimento, a partir da volta do crescimento do país. Segundo estimativas da ANP, num cenário de dez anos, com o país em crescimento e o retorno da demanda por combustíveis, o Brasil deve ter um déficit de 1,2 milhão de barris por dia, informou Magda Chambriard,diretora-geral da ANP, em palestra realizada no Instituto Brasileiro de Petróleo, em abril deste ano. Para suprir este déficit, a diretora informou, durante o evento, que há dois caminhos.


O primeiro seria pelo aumento de importações, ou seja, o foco seria melhorar a infraestrutura dos portos, que hoje não conseguem dar vazão a um grande volume de combustíveis vindos do exterior, e o segundo seria pela construção de refinarias e finalização das obras que estão em andamento. Em sua análise, o caminho mais provável deve ser um mix das duas opções. Em qualquer uma das hipóteses, será necessário realizar investimentos. Hoje, embora algumas empresas (operadoras de terminais e distribuidoras de combustíveis) já estejam ampliando sua capacidade de armazenagem, segundo a ANP, ainda há muitas oportunidades de ampliação no parque de tanques em bases de distribuição e também em fontes de produção nacional e

modos de transporte, que contribuirão para reduzir ou mesmo eliminar os gargalos logísticos relacionados à infraestrutura de combustíveis no país. Em relação às fontes de produção nacional, os investimentos na conclusão de projetos existentes - Trem 2 na refinaria Rnest, em Ipojuca (PE); e Trem 1 na refinaria Comperj, em Itaboraí (RJ) -, bem como a construção de duas novas refinarias no território nacional, poderiam estancar a atual dependência externa por combustíveis no segmento de transportes (gasolina, óleo diesel e querosene de aviação). Na visão da ANP, os locais estratégicos das refinarias seriam no Maranhão, para suprimento do Norte e Nordeste; e no Triângulo Mineiro, direcionada para

fornecimento da gasolina de Minas Gerais e região Centro-Oeste. A produção do Comperj entraria como complemento do suprimento da região Sudeste. Quanto aos modos de transporte, a ANP esclarece que as licitações que estão sendo promovidas pela Secretaria de Portos trarão investimentos na infraestrutura portuária, reduzindo os custos de transporte na costa brasileira. Inicialmente, será licitado o novo Porto de Vila de Conde em Barcarena/ PA (em substituição ao Porto de Miramar em Belém). Na sequência, serão licitados os portos públicos na região Nordeste. O modo ferroviário, embora pouco explorado, já mostrou sinais de investimentos com a Ferrovia Norte Sul (São Luís/MA a Porto Nacional/TO) e

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44 REPORTAGEM DE CAPA com a ligação de Rondonópolis/ MT com Paulínia/SP. Por fim, segundo a ANP, há oportunidades de ampliação na malha dutoviária de combustíveis, que pode vir associada à construção de novas refinarias.

Investimentos Atualmente, o percurso da importação direta passa por três portos estratégicos para entrada dos derivados no país: Itaqui (MA), Suape (PE) e São Sebastião (SP). Porém, há necessidade de expandir a entrada de derivados para outros locais de abrangência, no futuro, a partir do aumento de importações, conforme destacou Magda em palestra, que seriam Vila do Conde (PA), Pecem (CE), Santos (SP) e São Francisco do Sul (SC), considerado opção mais folgada para a região Sul, uma vez que o Porto de Paranaguá (PR) é congestionado na época de safra de grãos pelas exportações nacionais.

No caso dos portos, que se apresentam como o principal modal para recebimento de produtos, visto que o país deve manter sua dependência de diesel e gasolina nos próximos anos, os investimentos são mais do que necessários. O país já enfrenta dificuldades em alguns portos, com gargalos reconhecidos no setor, como Santos (SP), Paranaguá (PR) e Vitória (ES). E é preciso buscar alternativas para desafogar esses portos, com mais investimentos em novos pontos do país para atender o abastecimento de combustíveis no futuro. A questão é como despertar o interesse de investidores, sem uma clara definição de planejamento e de futuro por parte do governo para as áreas de refino de combustíveis e de logística. “Hoje, o que se sabe é que a Petrobras vai concluir a Refinaria Abreu e Lima (Rnest) e o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), o que

Atuação da ANP Para garantir o suprimento do abastecimento nacional, a ANP tem atuado em duas frentes. Na primeira, com visão de médio e longo prazos, a Agência forneceu subsídios para a ampliação da produção nacional de combustíveis, por meio da construção de duas novas refinarias, próximas das regiões mais deficitárias de combustíveis. A ANP também tem subsidiado a Secretaria de Portos no processo de licitação de portos públicos. Na outra frente, com visão de curto prazo, a ANP estabeleceu a formação de estoques de segurança de combustíveis para distribuidores e produtores, por meio da publicação das Resoluções ANP nº 45/2013 (gasolina, S10 e S500), nº 5/2015 (GLP) e nº 6/2015 (querosene de aviação). Na visão de curtíssimo prazo, a ANP publicou a Resolução nº 53/2015, que trata da mitigação de riscos iminentes no abastecimento regional. “Essas ações têm garantido o abastecimento de combustíveis no curto prazo e embasado as decisões que trarão investimentos para a garantia no médio e longo prazos”, disse Francisco Nelson Castro Neves, superintendente de Abastecimento da ANP. 42 • Combustíveis & Conveniência

vai garantir o abastecimento de diesel no país. Porém, no caso da gasolina, a tendência, nos próximos dez anos, é de que haja problemas no fornecimento em função das limitações já detectadas nos portos” disse D’Elia. Para o consultor, não existe uma coordenação clara por parte do Ministério de Minas e Energia que direcione os investimentos neste setor. Atualmente, os investimentos dependem muito mais da perspicácia das distribuidoras do que do planejamento de longo prazo do governo. Por parte das grandes distribuidoras, o Sindicom informa que têm ocorrido investimentos na logística de distribuição de combustíveis de forma consistente, nos últimos anos, e continuam ao longo deste ano. “Existem projetos de construção de novas bases, além de expansões em diversas localidades pelo país com foco no aumento da capacidade de armazenagem e movimentação em plataformas de carregamento e descarga”, disse Lima Neto, do Sindicom. O Sindicom defende que o investimento em logística deve ser do setor privado, cabendo ao governo criar regras simples e estáveis que permitam o planejamento e aplicação dos recursos. “Diretrizes gerais fazem parte da elaboração da política de governo, mas a sua execução e variantes ao longo do tempo devem ser permitidas com algum grau de liberdade. Com regras claras, conhecedores das projeções de demanda futura, os agentes do mercado serão estimulados, naturalmente, à investir em refino, etanol, infraestrutura portuária para importação e cabotagem”, comentou Lima Neto. n


OPINIÃO 44 Klaiston D’ Miranda 4 Consultor Jurídico da Fecombustíveis

Lei das gestantes Vejamos, ficar perto No mês de maio, a então presidente Dilma ou circular na área de Rousseff promulgou a alteração do Artigo 394 da abastecimento ou luConsolidação das Leis do Trabalho (CLT), com a seguinte redação: brificação, a princípio, “Faço saber que o Congresso Nacional decreta pela Lei não é contato, e eu sanciono a seguinte Lei: todavia, o contato por o Art. 1 A Consolidação das Leis do Trabalho produtos químicos se dá também pelas vias respiratórias e pela pele. CLT, aprovada pelo Decreto Lei nº 5.452, de 1º Verifica-se com isso a grande importância de de maio de 1943, passa a vigorar acrescida do um LTCAT bem elaborado. Somente um laudo seguinte art. 394A: técnico avaliado por um engenheiro de segurança Art. 394A. A empregada gestante ou lactante do trabalho pode constatar riscos, não somente será afastada, enquanto durar a gestação e a à mulher grávida, mas a todo e qualquer outro lactação, de quaisquer atividades, operações ou empregado da empresa. locais insalubres, devendo exercer suas atividades O afastamento da grávida/lactante que a lei em local salubre.” impõe é do local de trabalho onde exista insaluA Lei 13.287 entrou em vigor na data de sua publicação, em 11 de maio de bridade para outro local 2016. Trata-se, portanto, de salubre. Não se trata aqui, precisão legal que tem como de afastamento da empresa Constatada a gravidez e objetivo principal proteger ou pelo INSS, pois gravidez caracterizada a insalubridade a saúde da mulher durante não é doença. do local de trabalho através os períodos de gestação e A gravidez é uma prova do LTCAT, o empregador deve, lactação, sabendo-se que que deve ser feita pela emimediatamente, alocar a grávida as condições insalubres pregada, no ato da entrega para ambiente de trabalho no ambiente de trabalho do atestado de gravidez à salubre na empresa até o final do podem causar prejuízos ao empresa. Importante que aleitamento feto ou à criança que está no se registre que o empreperíodo de amamentação. gador não pode exigir o Antes de aprofundarteste de gravidez. Constatada a gravidez e caracterizada a insamos na premissa principal, é necessário que se registre que atividades insalubres são aquelas que lubridade do local de trabalho através do LTCAT, o expõem a saúde do trabalhador a algum risco, empregador deve, imediatamente, alocar a grávida principalmente em razão de contato com agentes para ambiente de trabalho salubre na empresa até e produtos químicos. Assim, à luz da Lei em eso final do aleitamento. Quanto ao aleitamento, o prazo é de até seis meses de idade do filho ou até o pécie, a mudança de local de trabalho opera de período de recomendação médica. Se a empregada duas maneiras: continuar amamentando por mais de seis meses, 1) Se comprovado por laudo técnico (LTCAT) permanece o afastamento do local insalubre. que a funcionária tem contato com substâncias Concluímos que inexistindo outra função insalubres, esta deve ser reconduzida imediatapara o empregador alocar a grávida/lactante, mente para outro local de trabalho, que pode ser este deverá criar um ponto de trabalho em local o escritório ou a loja de conveniência; salubre. A grávida não poderá aguardar este 2) Não comprovado este contato com produtos período em casa. químicos, por recomendação médica. Há vários anos, os médicos do trabalho, constaPor sua vez, a legislação trabalhista exige que todas as empresas do Brasil que funcionem em tada a gravidez, já vêm determinando o afastamento atividade de risco ou insalubre são obrigadas a ter da empregada grávida/lactante da área insalubre arquivado o LTCAT. para a área salubre. Combustíveis & Conveniência • 43


44 MEIO AMBIENTE

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O gargalo dos documentos Em muitos municípios brasileiros, a emissão dos documentos necessários para a operação de postos revendedores está esbarrando em um problema sério: as prefeituras só liberam o alvará de funcionamento mediante a apresentação da licença de operação, ou vice-versa. Com isso, o revendedor fica de mãos atadas e sujeito às penalidades aplicadas pela ANP Por Rosemeire Guidoni Desde 20 de outubro do ano passado, a ANP passou a fiscalizar as Licenças de Operação Ambiental (LO), o alvará de funcionamento e o Atestado de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), conforme estabelecido pela Resolução ANP 57/2014. E o segmento da revenda foi alertado com antecedência de um ano a respeito da nova cobrança. Porém, ainda há muitos empreendimentos 44 • Combustíveis & Conveniência

sem um ou mais documentos exigidos. A culpa, no entanto, não é apenas da revenda. Em inúmeras situações nos mais diversos municípios brasileiros, um dos órgãos públicos estabelece a exigência da licença concedida por outro para emitir o documento. Em outras palavras, algumas prefeituras exigem a LO para emitir o alvará de funcionamento, ou o órgão ambiental exige o AVCB e alvará para conceder a licença de operação.

Não há lei que impeça tais órgãos públicos de vincular a emissão de licenças a outras autorizações; porém, o bom senso mostra que isso só vem dificultar as coisas. “As omissões do Estado não podem travar o processo de licenciamento ambiental do setor. Hoje, a licença ambiental está sendo encarada como solução para a emissão de outros documentos – ou seja, se o posto tem a LO, está tudo adequado, pode ter o alvará de


funcionamento. Isso não é correto”, alertou o advogado Bernardo Souto, consultor ambiental da Fecombustíveis. Segundo ele, em tese, as prefeituras não poderiam fazer tal exigência, mas os próprios municípios criam regras e acabam vinculando a emissão de documentos. E, com isso, muitos postos revendedores acabam ficando irregulares. É o que está acontecendo com o revendedor José Alberto Miranda Cravo Roxo, de Guarulhos (SP). Um de seus postos tinha LO concedida pela Cetesb e alvará de funcionamento. Porém, em 2009, o empresário resolveu promover uma reforma no estabelecimento, alterando a construção e dividindo o terreno para dar espaço a um centro comercial. A licença prévia da Cetesb veio em 2010, aprovando

a mudança dos equipamentos, e logo em seguida a licença de instalação. Neste período, a obra ficou pronta e Cravo Roxo entrou com o pedido de alvará de funcionamento junto à prefeitura. O tempo passou e o alvará não veio porque o município exigiu a licença de operação. A LO provisória, por sua vez, foi concedida em maio de 2015, com período de 120 dias. Vencido este prazo, o revendedor solicitou a licença de operação definitiva, que não foi concedida porque uma das placas estava inadequada. O problema já foi corrigido, mas até agora a licença definitiva não veio. E nem o alvará de funcionamento. Curiosamente, Cravo Roxo possui outro posto revendedor na mesma cidade e, apesar dos tanques mais antigos (e que logo terão de ser

substituídos), possui LO e alvará de funcionamento. “O alvará de funcionamento, muitas vezes, é um documento mais complexo, pois as prefeituras precisam aprovar questões como parcelamento do terreno, edificações, entre outras. Mas em muitas cidades, se o posto não tem alvará, pode ficar sem o licenciamento também”, destacou Souto. Sem os documentos, o estabelecimento fica sujeito às penalidades impostas pela ANP, que incluem até mesmo a perda da licença de operação. De acordo com a assessoria de imprensa da agência, quando a fiscalização se depara com um estabelecimento que não possui algum destes documentos, os fiscais notificam e aplicam multa de R$ 5 mil. A partir disso, o posto

Semas

Em alguns estados, a simplificação dos licenciamentos ambientais facilitou a emissão das licenças e a regularização dos estabelecimentos

Combustíveis & Conveniência • 45


44 MEIO AMBIENTE

Fique atento Apesar destas iniciativas, é fato que a emissão dos documentos, em boa parte do país, é lenta e sujeita ao surgimento de problemas inesperados, que podem atrasar ainda mais o processo. Por isso, além de garantir a adequação das instalações, é essencial que o revendedor fique atento aos prazos. A licença de operação, ou sua renovação, deve ser solicitada 120 dias antes do vencimento. É importante também ficar atento ao prazo de validade da licença. Até recentemente, no estado Pará, por exemplo, a LO tinha validade de apenas um ano. Após vários debates e pleitos do Sindicombustíveis-PA, o documento passou a ter validade de quatro anos. Já o AVCB, na grande maioria dos estados brasileiros, tem validade de apenas um ano. Ou seja, para não correr risco de ficar sem o documento válido, a solução é já entrar com pedido de renovação logo após receber o documento. Outra precaução é contar com um responsável técnico capacitado e autorizado pelo órgão ambiental local. Antes de contratar, vale verificar com seu sindicato os profissionais capacitados em sua região, e ainda consultar o conselho de classe destes técnicos, para se certificar se não existe nenhuma restrição. 46 • Combustíveis & Conveniência

tem um prazo de 30 dias para apresentar os documentos. Caso não seja apresentado, o processo é encaminhado para a Superintendência de Abastecimento e pode culminar na revogação da autorização de funcionamento. No entanto, a prática demonstra que o prazo de 30 dias, via de regra, é insuficiente para que o posto consiga resolver a pendência do documento. Segundo a ANP, o protocolo comprovando que o estabelecimento deu entrada ao pedido do documento é levado em consideração pelo agente da fiscalização. “O fiscal fica com uma cópia do protocolo e cita a apresentação deste no relatório de fiscalização. Posteriormente, a ANP encaminha esta cópia para o órgão ambiental, para saber se o posto está atendendo às exigências. Caso não esteja, é aberto o procedimento para a revogação da licença de funcionamento”, destacou a assessoria de imprensa do órgão regulador. Conforme dados da agência, até o início de agosto, 40 autorizações de funcionamento já haviam sido canceladas. Além disso, havia 489 processos de revogação instaurados para verificação de irregularidades quanto à licença de operação e 255 processos de revogação em andamento para verificação de irregularidades quanto a LO.

Simplificação é o caminho De acordo com especialistas, a simplificação dos processos de emissão de licenças ambientais é um dos caminhos para facilitar a vida do revendedor. Uma proposta da Associação Brasileira das Entidades Estaduais

de Meio Ambiente (Abema) é que o licenciamento tenha um formato autodeclaratório. Ou seja, as informações necessárias para obtenção da licença são fornecidas pelo responsável técnico do empreendimento e o estabelecimento fica sujeito à fiscalização, mas já obtém a licença. Se a fiscalização detectar alguma divergência entre as informações prestadas e a real situação do estabelecimento, a licença é suspensa, o posto autuado ou fechado e o responsável técnico é denunciado ao seu conselho profissional. Este formato já foi adotado pelos estados da Bahia, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, o que facilitou a emissão das licenças e a regularização dos estabelecimentos. No Rio Grande do Sul, a mudança é recente: a portaria que institui o procedimento digital online para renovação das licenças foi assinada no dia 2 de junho. O objetivo da medida é facilitar as emissões dos documentos para os estabelecimentos que estiverem com a documentação completa


para análise técnica. Além desta mudança, a emissão de licenças em todo o estado passou a ser feita pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). Até então, os postos localizados na cidade de Porto Alegre tinham que pedir o documento à Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam). A partir de 2 de junho, os processos em andamento na Smam serão automaticamente transferidos para a Fepam. A simplificação é uma alternativa encontrada pelos órgãos ambientais para facilitar a emissão de licenças, já que é inegável que existe um desaparelhamento nestas entidades, que por si só já prejudica a agilidade na emissão dos documentos. No entanto, apesar do esforço para agilizar a obtenção das LOs, a simplificação não resolve os problemas com as prefeituras municipais quanto aos alvarás de funcionamento. “Isso ainda vai ser uma grande dificuldade com a qual o revendedor terá de se preocupar”, alertou Souto. n

Documentação em dia Além destes cuidados, o posto deve manter toda a documentação relacionada ao meio ambiente em ordem para facilitar o licenciamento, o que inclui o Parecer Técnico sobre Avaliação Preliminar e Investigação Confirmatória, Parecer Técnico sobre o Plano de Intervenção para Reutilização de Área Contaminada (quando houver necessidade de descontaminação da área) e demais documentos que comprovem a correta destinação de resíduos, entre outros. Por isso, vale consultar o órgão ambiental de sua região para verificar quais são as exigências. Para a fiscalização da ANP, os documentos necessários são: 1) Alvará de Funcionamento ou outro documento expedido pela prefeitura municipal referente ao ano de exercício; 2) Licença de Operação ou documento equivalente expedido pelo órgão ambiental competente; 3) Certificado ou documento equivalente, expedido pelo Corpo de Bombeiros competente; 4) Inscrição Estadual ou CNPJ; 5) Certificado Nacional de Borda-Livre, emitido pela Capitania dos Portos, em caso de posto marítimo. Junto aos documentos, também devem ser incluídos os boletins de conformidade do combustível automotivo dos últimos seis meses, solicitados no ato de recebimento do produto, as três últimas notas fiscais de aquisição de cada um dos combustíveis automotivos e a planta simplificada do estabelecimento, ou sua cópia, devidamente atualizada. É obrigatório ainda manter atualizada a Ficha de Informações de Segurança de Produto Químico (FISPQ) de todos os combustíveis comercializados, que fornece informações sobre vários aspectos dos combustíveis quanto à segurança, à saúde e ao meio ambiente.

O posto deve manter toda a documentação relacionada ao meio ambiente em ordem para facilitar o licenciamento

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44 CONVENIÊNCIA Senado Federal

Informações claras nas embalagens dos alimentos são cada vez mais importantes para os consumidores maduros, mais propensos a problemas de saúde ou com restrições alimentares

Sua loja está preparada para o consumidor maduro? As mudanças comportamentais e o aumento da expectativa de vida no Brasil está fomentando uma nova geração de consumidores. Hoje, pessoas com mais de 60 anos permanecem ativas profissionalmente, estudam, praticam atividades físicas e viajam. E as empresas que ignoram este público estão deixando de lado um significativo potencial de consumo Por Rosemeire Guidoni Hoje, o Brasil já conta com 21 milhões de habitantes com mais de 60 anos. Diferentemente de um passado recente, boa parte destas pessoas permanece ativa profissional e socialmente, praticam atividades físicas, 48 • Combustíveis & Conveniência

frequentam cursos e buscam alternativas de lazer. Em termos de hábitos de consumo, o perfil não é diferente. Para Roni Ribeiro, sócio da Gagarin, uma empresa de pesquisa e consultoria focada no consumidor maduro (acima de 50 anos), uma pessoa entre 60 anos e 65 anos, muitas vezes,

está no seu auge em termos de potencial de consumo. “As empresas que ignoram esse público estão alienando uma parte considerável do seu potencial”, afirmou. Segundo ele, a elevação da expectativa de vida em mais de dez anos ao longo das últimas três décadas impactou


diretamente na perspectiva do que era ter 60 anos, em 1980, e o que é hoje. “Consideramos que o termo ‘idoso’ coloca todos em um mesmo barco. Não podemos considerar uma pessoa de 65 anos que trabalha, viaja, faz academia, tem vida intensa fora de casa, como pertencente ao mesmo grupo no qual estão pessoas com 85 anos, aposentadas, muitas vezes já com algumas limitações motoras, com hábito mais caseiro”, explicou Ribeiro. “E veja, temos pessoas com 85 anos, na primeira condição; e com 65, na segunda. Então, precisamos nos questionar: o que é idoso? A indústria, de modo geral, sempre focou seus produtos para pessoas até 50 anos, 60 anos.

Quando ela se dá conta de que é necessário expandir esse leque, a primeira coisa é entender que há necessidades diferentes para consumidor, seja de 60, 65, 75, 85 anos”, acrescentou.

Acessibilidade e sortimento De modo geral, a indústria já se deu conta do potencial que este público representa. Há algumas iniciativas como embalagens fracionadas e com informações mais específicas (tanto relativas a ingredientes quanto ao uso e aplicação do produto), impressas em letras maiores para facilitar a leitura, por exemplo. Mas no que diz respeito ao varejo, muitas mudanças ainda precisam ser pensadas. “Há tanto questões Claudio Czapski

Carrinho com lupa ainda não chegou ao Brasil, mas é usado em países da Europa para atender à necessidade do consumidor acima de 60 anos

relativas à adaptabilidade dos espaços, quanto aspectos relacionados à comunicação da loja e disposição das informações. Um primeiro ponto sobre espaço é que, no Brasil, a questão da acessibilidade precisa melhorar muito. Um segundo ponto é que lojas com visual muito clean (por exemplo, pisos claros e lisos) se tornaram uma tendência para boa parte do varejo. Pensando nas pessoas com idade mais avançada, isso significa um ambiente mais arriscado, escorregadio”, pontuou Ribeiro. Para Cláudio Czapski, superintendente da ECR Brasil, uma associação que reúne empresas integrantes da cadeia de abastecimento, o varejo está começando a acordar para a necessidade de segmentação. “É importante entender as necessidades de diferentes grupos de consumidores, não só por idade, mas também por estilo de vida, como, por exemplo, pessoas que moram sozinhas, atletas de diferentes modalidades, pessoas com restrições alimentares, entre outros. Com isso, é possível identificar as oportunidades que cada grupo pode trazer para o varejo”, explicou. Segundo ele, é importante dispor de ferramentas (como CRM) ou, no mínimo, uma observação criteriosa tanto de clientes como de não clientes. “Em uma loja de conveniência, a grande maioria de clientes potenciais são aqueles que abastecem no posto. É importante observar o percentual dos que entram na loja e o seu perfil (sexo, idade, tipo de carro, que é um indicativo de faixa de renda, entre outros). Dos que frequentam a loja, vale observar o que compram, sendo até fácil para a pessoa que atende ou recebe fazer algumas Combustíveis & Conveniência • 49


44 CONVENIÊNCIA

Alguns pontos são essenciais para garantir o bom atendimento ao consumidor maduro. Veja as dicas do consultor Marcelo Borja: n Clareza na informação: ao realizar o abastecimento, é importante falar com calma, pausadamente e em tom audível. Além do ruído habitual do posto, em muitas situações, estes clientes podem ter alguma dificuldade auditiva e não escutam direito um vendedor que fala baixo ou tem dificuldades para se expressar. n Finalizar o atendimento mostrando os serviços executados: em geral, este consumidor é um pouco mais “desconfiado” que os demais clientes. Por isso, vale o cuidado também na hora de apresentar o que foi feito em seu veículo. n Pagamento com cartão: Alguns clientes podem ter dificuldade em sair do carro. Assim, se for possível, levar a máquina do cartão até ele, além de um agrado e gentileza diferenciados, este cliente pode continuar abastecendo em seu posto por pequenos gestos de atenção. Porém, nunca permita que esta atenção seja exagerada e crie desconfiança no cliente. n Troca de óleo: muitos clientes aposentados têm mais tempo do que a maioria dos que buscam a troca de óleo no posto. Assim, este é um bom momento para que o especialista em lubrificantes faça um checklist no carro, calibrando pneus, checando água e óleo, verificando fluídos, pois ele está mais disponível e perceberá este diferencial. n Loja de conveniência: clientes maduros são ótima companhia. Cheios de histórias para contar, frequentam as lojas com bastante assiduidade em busca de alimentos ou comidas rápidas para sua refeição. Tomar um cafezinho diariamente é quase uma rotina para este cliente. Por isso, o treinamento dos funcionários deve focar os detalhes: saber seu nome, suas preferências e até o horário em que visitam a loja são detalhes que a equipe deve conhecer.

perguntas, como o que gostaria de encontrar na loja”, orientou. Para o especialista, as mudanças devem começar pelo sortimento da loja. “Itens mais tradicionais e/ou específicos, como produtos destinados a dietas especiais (hipertensos, diabéticos, entre outros), além de etiquetas com letras maiores. No exterior, já há até lupas nos carrinhos de compra. Outro cuidado é evitar expor produtos para este público nas prateleiras mais baixas. O mesmo vale para serviços, pensando em como facilitar a compra do idoso, que, talvez, já não enxergue tão bem, não ouça perfeitamente e não consiga pegar itens pesados”, observou. Para atender melhor este público, Czapski considera que a área de food service, uma das mais rentáveis da loja, deve demandar algumas mudanças. “As adaptações deveriam vir não apenas em função do aumento Agência Brasil

Atendimento diferenciado

Outro aspecto a ser observado na loja é que estes clientes, muitas vezes, têm dificuldades para enxergar com clareza o total de uma compra. Assim, podem ser surpreendidos positivamente se o funcionário repetir o valor da compra e dos produtos adquiridos. n Relacionamento com a equipe: saber e chamar o cliente pelo nome torna todas as pessoas especiais. Mas quando se trata de um público que sente muitas vezes a solidão do dia a dia em sua casa, este detalhe faz toda a diferença. Treinar a equipe para este item, além de vender mais, transforma o trabalho em algo mais humano, com a sensibilidade de prestar serviços e atenção aos mais idosos. 50 • Combustíveis & Conveniência

Hipermercado de Brasília disponibiliza primeiro terminal de consulta pública “Além do Rótulo”, que traz informações sobre propriedades nutricionais, qualidade e segurança dos alimentos


da faixa etária, mas porque, via de regra, os consumidores, hoje, se preocupam mais com a saúde. As lojas de conveniência de postos oferecem muitos snacks, massas folhadas e frituras, itens condenados por quem busca a saudabilidade. Uma opção interessante seria investir em frutas (ao natural, saladas de frutas ou sucos naturais), sanduíches com ingredientes saudáveis ou light, e saladas”, apontou.

Instalações adequadas Outro ponto essencial, na avaliação dos especialistas, é a limpeza das instalações e dos funcionários. “Se o ambiente aparenta estar mal cuidado, certamente, potenciais clientes sequer sairão de seus carros, muito menos arriscarão comprar alimentos ali preparados”, alertou Czapski. Por isso, é essencial manter o piso limpo, funcionários uniformizados, iluminação clara, equipamentos com as-

pecto de novos e bem cuidados, transmitindo uma imagem de prestação de serviço eficiente e profissional. “O posto, de certa forma, é o cartão de visita, ou a via de acesso à loja, e o próprio frentista pode estimular o ingresso à conveniência, por exemplo, oferecendo um copo de água mineral, um chiclete ou qualquer brinde, seja para quem abastece ou usa o serviço de lavagem, troca de óleo ou similar, já que este cliente terá mais tempo para ficar na loja, aumentando a probabilidade de compra”, pontuou.

Atendimento é fundamental Outro aspecto essencial é investir no bom atendimento. Isso, claro, vale para qualquer situação, mas, no caso de consumidores com mais idade, é ainda mais importante. Muitas vezes, estes clientes não têm habilidades com as novas tecnologias de

pagamento ou necessitam de orientações mais detalhadas acerca dos produtos e serviços que estão consumindo. Marcelo Borja, da Borja T&C, destaca que os cuidados no atendimento devem começar na pista. “Por isso, a orientação e treinamento dos funcionários é essencial”, ressaltou. Em sua opinião, é importante apresentar informações com clareza, seja antes da compra ou depois (no caso de um serviço prestado, como troca de óleo), atender com gentileza, conhecer seus hábitos e seu nome (clientes frequentes) e sempre garantir uma atenção diferenciada (veja box). “Muitos empresários do setor já começaram a perceber o potencial de consumo deste público. É importante que, ao dar atenção a este consumidor, além de vender mais, é preciso humanizar os serviços”, afirmou. n

Adequação é essencial Segundo Roni Ribeiro, da Gagarin, alguns quesitos merecem atenção especial para garantir o bom atendimento ao consumidor maduro: n Portfólio: grande parte do sortimento das lojas de conveniência é focada no consumidor jovem. Embora isso não esteja errado, as lojas podem também pesquisar quais produtos interessariam ao consumidor maduro. Isso vai além de produtos da categoria alimentos. Serviços de lavanderia, espaço para café, entre outros, podem atrair este público. n Adequação dos espaços: será que as lojas atuais são acolhedoras? É importante prestar atenção ao piso, corredores, iluminação, disposição dos produtos, acomodações, limpeza, sanitários adequados. Combustíveis & Conveniência • 51


44 REVENDA EM AÇÃO

Celebração em dose dupla Pela quarta vez, Belém foi palco do encontro da região Norte, que aliou momentos de reflexão sobre as questões da revenda, confraternização e comemoração dos aniversários da cidade e do sindicato

Por Mônica Serrano Em clima de dupla comemoração transcorreu o 13º Encontro de Revendedores de Derivados de Petróleo e Lojas de Conveniência da Região Norte, pelos 40 anos do Sindicombustíveis-PA e pelo 400º aniversário de Belém, que sediou, pela quarta vez, o tradicional evento da revenda de combustíveis. A atual edição abordou o tema da legalidade. O evento, que ocorreu nos dias 4 e 5 de agosto, foi sucesso de público, com cerca de mil participantes, que visitaram a feira e as palestras. Na cerimônia de abertura, o anfitrião Ovídio Gasparetto, presidente do Sindicombustíveis-PA, enfatizou a importância de se manter o foco no negócio, em meio à crise da economia nacional. “Para muitos, o momento gera muito pessimismo, mas nosso entendimento é no sentido contrário, é a hora de focar todos os nossos esforços na excelência de atendimento, qualidade e atenção ao cliente. Mais 52 • Combustíveis & Conveniência

do que nunca, nosso foco deve ser o cliente, englobando produtos e serviços.” Gasparetto mostrou ao público o quando a revenda de combustíveis evoluiu no quesito qualidade, uma vez que os níveis de não conformidade, divulgados pela ANP, atingiram patamar de primeiro mundo ao longo dos anos. “Apesar de ser pouco divulgado pela imprensa, isso é motivo de muito orgulho para nós. Curiosamente, notícias boas como esta são pouco veiculadas na mídia”, criticou. Os diferentes tratamentos dos órgãos competentes em relação ao setor de combustíveis também foram abordados. Ele comparou os limites de tolerância permitidos na composição dos produtos dos setores de alimentos e de combustíveis. Na relação de componentes estranhos, a Associação Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) permite pelos de roedores e fragmentos de insetos misturados aos produtos alimentícios, enquanto que, no setor de combustíveis,

uma partícula em suspensão é motivo de autuação no posto. As companhias aéreas aumentam seu preço do dia para a noite e nada acontece. “Uma passagem de Belém para o Rio de Janeiro com um mês de antecedência é R$ 200, já se for comprada no dia anterior da viagem pode subir para R$ 4 mil. Eu acho que está sendo injusto ter dois pesos e duas medidas. Se isso acontecesse em nosso setor, o revendedor estaria na cadeia”, disse. No aspecto ambiental, Gasparetto enalteceu o trabalho das Secretarias de Meio Ambiente estadual e municipal que, com o apoio da ANP, realizaram uma força-tarefa para que os postos de combustíveis obtivessem as licenças ambientais, e os resultados colocaram Belém num patamar ambiental dos mais avançados do país. “Belém, hoje, não tem um único tanque que não seja ecológico. Estamos à frente de muitas outras capitais que deveriam ter chegado neste ponto antes de nós”, ressaltou.


Palestras técnicas

Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustíveis, destacou a atuação da imprensa, que dissemina a má imagem da revenda. Além da imprensa, muitos órgãos e parlamentares que elaboram as leis não têm uma visão clara do setor. “Temos tido um trabalho grande em mostrar o funcionamento do setor. Sempre que pode haver modificação de preços no posto eu procuro o Procon, mostro as planilhas para evitar que, ao precificar o produto com um aumento, não sejamos

penalizados por preços abusivos”, disse o presidente. Segundo Paulo Miranda, há um deputado no Congresso Nacional que está fazendo um projeto de lei para punir quem pratica preço abusivo, cujo intuito é punir os postos de combustíveis. Porém, estabelecer critérios para comprovar o que seria preço abusivo é extremamente complexo. “Se eu for em um restaurante mais simples, peço um filé mignon, arroz e fritas, pago R$ 40 e a mesma refeição em um restaurante mais sofisticado custa R$ 120. Eu tenho um alfaiate que faz um terno por R$ 800, e em uma loja vou pagar R$ 2 mil ou R$ 3 mil. Isso seria preço abusivo?”, questionou.

Jornalista Joice Hasselmann, colunista e ativista contra a corrupção, disse que a única saída da Petrobras é a privatização

A programação do evento também reuniu duas palestras técnicas sobre fiscalização nos postos. A primeira foi o treinamento para frentistas, conduzido por Celso Guilherme Figueiredo Borges, gerente de Relações Públicas da Fecombustíveis, e a segunda foi direcionada aos gerentes da revenda, ministrado por José Antonio Rocha, secretário-executivo da Fecombustíveis. Também discursaram na abertura José Lima Neto, presidente do Sindicom; Aurélio Amaral, diretor da ANP; Carla Martins, vice-prefeita de Belém; e Luiz Fernandes Rocha, secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade do estado do Pará.

Contra a corrupção A palestra de destaque do primeiro dia do encontro foi ministrada pela jornalista Joice Hasselmann, colunista de política e ativista contra a corrupção, sobre o momento político e econômico do país. Com fortes críticas ao governo Dilma Rousseff, Joice responsabilizou o projeto de poder do PT pela atual crise no país. “O Brasil está imerso numa crise sem precedentes porque o nosso país foi saqueado para manutenção de um projeto político que fez mal ao país, que tentou implantar base do socialismo em um país capitalista e é claro que não podia dar certo. Hoje, vemos o que aconteceu com a Petrobras, que foi dilapidada. Tudo isso foi fruto da política econômica e a crise instalada está no bolso de Combustíveis & Conveniência • 53


44 REVENDA EM AÇÃO

Da esq. para dir.: Luciano José Fernandes, da ANP; Paulo Miranda, da Fecombustíveis e André Luiz Silva, da BR Distribuidora

Região Norte Os desafios da logística da região Norte foram explanadas no painel que contou com a participação de André Luiz Silva, gerente regional Norte da BR, e Luciano José Fernandes, coordenador geral do escritório da ANP em Manaus, que teve mediação de Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustiveis. Paulo Miranda abriu o painel mencionando sua preocupação com a logística de combustíveis, que vai passar por mudanças, em relação às entregas de combustíveis. A Petrobras vai atender todas as companhias distribuidoras indistintamente até o ponto A, daí por diante (no caso da cabotagem), as distribuidoras deverão assumir as entregas de gasolina e diesel. “Nosso receio é faltar combustíveis nos postos”, alertou. André Luiz, da BR, apresentou os problemas de logística da região Norte e destacou vários gargalos que atingem trechos do Rio Madeira, que reflete na logística de combustível local, como nível do rio mais baixo, bancos de areia, constantes quedas de pontes, além das manifestações nas rodovias, inclusive por indígenas, que bloqueiam não só as estradas, mas a calha por onde passa a balsa. Outras questões apontadas foram a exploração ilegal do garimpo de ouro no Rio Madeira e o Porto de Miramar (PA), que tem uma capacidade de vazão limitada e problemas com o atracadouro, em função de suas dimensões, para o recebimento dos combustíveis. Com atuação há oito anos na ANP, o engenheiro químico Luciano José Fernandes assumiu, recentemente, a coordenação do escritório da ANP para a região Norte. Ele ressaltou que o desafio logístico na região também é uma preocupação da agência reguladora. “A ANP tem procurado se aproximar cada vez mais do armazenamento e da distribuição para entender e colaborar com o aperfeiçoamento do arcabouço regulatório. Qualquer problema de abastecimento, as distribuidoras têm que dar um sinal para providenciarmos o que pode ser feito com antecedência. É assim que a regulação atua”, disse. Fernandes informou que uma das soluções para a região Norte é fazer investimentos, aumentar capacidade de tancagem e ter transbordo de navio para balsa de forma segura. “Somos corresponsáveis por enxergar soluções. O papel da ANP é estar aberta ao diálogo para resolver os problemas de abastecimento”, destacou. 54 • Combustíveis & Conveniência

todos nós. Com isso, chegamos ao pré-impeachment de Dilma Rousseff”, concluiu. A crise da Petrobras foi outro assunto colocado em pauta pela jornalista. De acordo com Joice, a única chance da Petrobras se recuperar é pela privatização. “É um assunto difícil, o povo foi manipulado para não entender o que é privatização, quando na verdade é a salvação”, comentou. A jornalista chamou a atenção dos empresários e do público para terem uma participação mais ativa como cidadãos, cobrando das autoridades políticas condutas mais éticas. “Temos que chegar no final do ano com o teto dos gastos públicos aprovado e a reforma da previdência encaminhada”, concluiu.

Alerta sobre cartel Um dos assuntos mais delicados da revenda, que gera muitas dúvidas ao revendedor, é o direito da concorrência, especialmente quando o tema abordado é cartel. Algumas situações, aparentemente inocentes do ponto de vista do revendedor, como uma conversa com outro colega da revenda sobre o negócio, pode acabar gerando um processo de cartel. O painel Direito da Concorrência, apresentado por Arthur Villamil, assessor jurídico da Fecombustíveis, mostrou o aparato legal que rege o direito da concorrência, as penalidades que envolvem um processo de cartel e quais situações podem gerar uma investigação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), as consequências dos processos instaurados contra o revendedor pela Lei 12.529/2011 (administrativo) e Lei 8.137/1990 (criminal), que levam à revogação do registro do posto pela ANP.


Segundo Villamil, a primeira peculiaridade da Lei 12.529/2011 é a responsabilidade objetiva, o que significa que a infração independe de culpa, dolo ou da intenção do agente. A segunda peculiaridade da Lei é de perigo de dano. “No caso de cartel, se meia dúzia de revendedores se reúnem e conversam que o mercado está ruim, que precisam fazer alguma coisa, mesmo que combinem preço, mas no dia seguinte não mexam no preço, isso também representa infração à ordem econômica”, disse. Cartel é qualquer tentativa de artificializar preços, inclusive de diminuir preços. O revendedor é expressamente proibido de combinar, ajustar ou influenciar concorrentes a adotarem preços artificiais, aqueles que não são naturais, decorrentes da oferta e demanda de mercado.

Motivacionais A experiência bem-sucedida da Disney, referência mundial em atendimento e entretenimento, foi o destaque do painel “A Magia de Encantar Clientes”, com o palestrante Alexandre Espíndola. A última palestra “Lições de uma Vida”, apresentada por Marcos Pontes, astronauta brasileiro, abordou sua trajetória desde a infância na cidade de Bauru, interior de São Paulo, até chegar à NASA. Villamil também frisou que as associações ou sindicatos não têm a função de melhorar o mercado, nem de ensinar os empresários a formar preços e muito menos evitar ou amenizar uma guerra de preço. Outro alerta de Villamil é que não se pode falar de preço da distribuidora com o concorrente. “Esse tipo de conversa pode ser uma forma de tentar manipular mercado, pode configurar um indício de manipulação da margem. Mesmo que sejam conversas lícitas, para

tentar negociar com a companhia um melhor preço. O problema é que nem sempre se consegue provar que realmente o que se busca é a tentativa de ser mais competitivo”, comentou. O revendedor também não pode fazer tabelas indicativas de preços, margens e distribuir para a concorrência. “Sugestões de margens de lucro, viabilidade financeira, ponto de equilíbrio do negócio, você não pode contar seus segredos comerciais para o seu concorrente”, advertiu.

Momento de reconhecimento Em comemoração aos 40 anos de Sindicombustíveis-PA, o presidente Ovídio Gasparetto organizou uma festa, que homenageou todos os ex-presidentes do Sindicato. Gasparetto solicitou a participação especial de Maria Antonieta Andrade, ex-superintendente de Qualidade da ANP, para a entrega do troféu ao seu antecessor, Mario Melo. Um dos momentos de destaque foi a homenagem ao presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda Soares, em reconhecimento à dedicação de anos de trabalho em prol dos legítimos interesses da revenda. No telão foram apresentados depoimentos de vários líderes sindicais e vice-presidentes da Fecombustíveis. No final do vídeo, as três filhas (uma delas revendedora) e o filho deram seu apoio incondicional ao presidente. A esposa Cássia Funghi Soares, presença e apoio constantes ao longo de sua trajetória, finalizou os depoimentos e compareceu ao palco para prestar sua homenagem. Emocionado, Paulo Miranda agradeceu a homenagem e lembrou que “o combustível do líder sindical é o reconhecimento do seu trabalho, porque ao defender os interesses de toda categoria, estamos também defendendo o nosso negócio”.

Acima Paulo Miranda Soares (meio), ao lado de Ovídio Gasparetto (dir.) e Mario Melo (esq.); abaixo Mario Melo com o troféu, ao lado de Maria Antonieta Andrade e Ovídio Gasparetto

Combustíveis & Conveniência • 55


44 REVENDA EM AÇÃO

Lançamento do livro No dia 5 de agosto, após o encerramento do 13º Encontro de Revendedores de Derivados de Petróleo e Lojas de Conveniência da Região Norte, ocorreu o lançamento do livro A Falácia do Biodiesel no Brasil, de autoria do advogado Pietro Maneschy Gasparetto. O livro aborda os prejuízos decorrentes da utilização do biodiesel, bem como os danos socioambientais gerados pelo processo produtivo. Confira a seguir a entrevista concedida à Combustíveis & Conveniência pelo autor. C&C: Como surgiu a ideia de escrever um livro sobre o biodiesel? PG: A ideia surgiu a partir de artigos e defesas escritos dentro da atuação no setor. Desde o início da inclusão do biodiesel na matriz energética brasileira passei a acompanhar inúmeras reclamações de revendedores, em especial de nossa região Norte muito afetada devido ao clima. Primeiro, surgiu a ideia de escrever artigos sobre os prejuízos aos consumidores e revendedores em função das características do biodiesel. Paralelamente, verificamos também a existência de estudos

que questionam os reais benefícios do biodiesel sob o ponto de vista ambiental, em função dos prejuízos ambientais e sociais gerados em sua produção. Ao ingressar na pesquisa da matéria, passei a questionar os efetivos benefícios do biodiesel em face dos prejuízos sofridos pelos consumidores. C&C: Qual foi a base de pesquisa para elaboração do livro? PG: O tema do biodiesel ainda possui poucos materiais de fácil acesso. A parte técnica e científica sobre o biodiesel foi encontrada em livros sobre o tema e estudos veiculados em sites específicos. Já os aspectos práticos, como reações químicas, formação de borra, prejuízos aos consumidores e preocupações da revenda são oriundos de publicações específicas, em grande parte retiradas da própria revista da Fecombustíveis, conhecimento de casos específicos de consumidores, análise de manuais de montadoras que não recomendam a utilização de biodiesel em seus produtos e Resoluções e Portarias da ANP e inclusive ofício. Os aspectos relativos aos prejuízos ambientais e sociais gerados com a produção

Pietro Maneschy Gasparetto em noite de autógrafo

do biodiesel decorrem de estudos nacionais e internacionais, citando como exemplo estudo publicado na revista americana “Science Magazine”, estudo do dr. Otavio Cavalett, da Unicamp, relatórios do Greenpeace e artigos publicados em revistas especializadas em direito ambiental. Também foi analisada toda a legislação que envolve o setor. C&C: Qual é sua análise sobre o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB)? PG: Defendo veementemente que desde o início (antes da inclusão do biodiesel na matriz energética brasileira e criação do PNPB) deveriam ter sido realizados estudos aprofundados sobre as consequências do uso do biodiesel, tanto aos consumidores, quanto socioambientais. Vejo nítida transferência aos revendedores e consumidores do ônus de serem “cobaias” deste novo combustível. Não pairam dúvidas de que isso foi uma decisão mais política do que técnica. C&C: Quais são as livrarias que disponibilizam o livro? PG: Em breve estará disponível sob encomenda na Saraiva, mas, por enquanto, pode ser adquirido através do e-mail: pietro@advpa.com.br. n

56 • Combustíveis & Conveniência


44 AGENDA SETEMBRO

Encontro dos Revendedores do Centro-Oeste

Data: 25 e 26 Expo Conveniências

Local: Cuiabá

Data:15

Realização: Sindipetróleo

Local: Caxias do Sul (RS)

Informações: (65) 3621-6623

Realização: Sindipetro Serra Gaúcha Informações: (54) 3222-0888

OUTUBRO NACS Show

Data: 18 a 21

NOVEMBRO Encontro de Revendedores da Região Sudeste

Data: 23 e 24 Local: Campinas (SP)

Local: Atlanta (EUA)

Realização: Recap, Resan, Sindilub e demais

Realização: NACS

sindicatos da Região Sudeste

Informações: www.nacsonline.com

Informações: (19) 3284-2450

Para a publicação de eventos na agenda da Combustíveis & Conveniência, enviar os dados para monicaserrano@fecombustiveis.org.br ou assessoria. comunicacao@fecombustiveis.org.br . Alguns eventos ainda poderão ser modificados nas próximas edições.


44 ATUAÇÃO SINDICAL Mato Grosso

Encontro de Revendedores de Combustíveis do Centro-Oeste Nos dias 25 e 26 de outubro, Cuiabá será o centro das atenções da revenda nacional, pela terceira vez, ao sediar o 5o Encontro de Revendedores de Combustíveis Centro-Oeste/Brasil, que traz como tema central a “Economia Criativa”. Para esta quinta edição, a organização tem o objetivo de fortalecer o segmento com informações sobre a economia, discutir as expectativas, dificuldades e propostas. Além de palestras, integra a programação a feira com exposição de serviços e produtos voltados ao segmento econômico que utiliza derivados de petróleo e biocombustíveis em suas atividades.

A expectativa de público para o evento é de aproximadamente 500 pessoas, sendo empresários, proprietários de postos de combustíveis, diretores e gerentes de empresas do agronegócio, transportadoras, empresas de ônibus, construtoras, indústrias, TRRs, aviação agrícola, prestadores de serviço, autoridades e órgãos fiscalizadores, entre outros. Data: 25 e 26 de outubro Local: Federação das Indústrias do Estado do Mato Grosso (Fiemt) Endereço: Av. do CPA (Historiador Rubens de Mendonça), nº 4193 Cuiabá - MT

Sindicato promove reunião com revendedores Em continuação ao projeto Ciclo de Encontros Regionais, que visa levar serviços e informações aos revendedores de Mato Grosso, no mês de junho, os encontros ocorreram em Pontes e Lacerda, Mirassol D’Oeste e Cáceres. Já em julho, foram realizados encontros em Cuiabá, Primavera do Leste e Rondonópolis. No total, foram realizados 10 encontros de 16 programados para este ano. Além das questões relacionadas à revenda de combustíveis, tais como serviços prestados pelo Sindicato, aumento dos custos operacionais e dúvidas sobre legislações e fiscalização, a reunião também debateu os reflexos do agravamento das questões econômicas e políticas para o setor. O presidente do Sindipetróleo, Aldo Locatelli, reconheceu que a atual conjuntura é agravada pela concorrência acirrada. Destacou o comprometimento financeiro e 58 • Combustíveis & Conveniência

a necessidade de cortar custos e melhorar a infraestrutura e o atendimento para melhor receber e fidelizar clientes. Ressaltou também a necessidade de não adiar a renegociação de dívidas. “Infelizmente, diversos setores enfrentam esse cenário de recessão e aumento de custos. Nossa melhor alternativa é continuar trabalhando e manter as esperanças de que dias melhores virão”, disse Locatelli. “A presidência já foi substituída e ainda estamos em momento de espera dos resultados dos desdobramentos desta troca. Por isso, precisamos nos focar na gestão exemplar, já que estamos num setor extremamente regulado, como se apresenta o setor da revenda”, disse o diretor-executivo do Sindicato, Nelson Soares Junior. Os encontros regionais têm contado com a presença do Instituto de Pesos e Medidas de

Mato Grosso (Ipem-MT), órgão delegado do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Também estão sempre presentes, ressaltando o suporte jurídico ao revendedor, os advogados Samira Martins, Saulo Gahyva e Fernanda Cançado. Com exemplos de ações e forma de atuação, os assessores se revezam nas reuniões para levar mais informações ao revendedor. “O objetivo é repassar alertas de como agir preventivamente e seguir corretamente as leis”, comentou Samira, advogada do Sindipetróleo. Nas reuniões também há espaço para relembrar temas recorrentes envolvendo ANP, Sefaz, Ipem, Procon, Ibama e outros órgãos reguladores . O revendedor também conhece um pouco mais sobre as empresas parceiras e benefícios. (Simone Alves)


Alagoas

Vitória: validade da licença ambiental é ampliada para seis anos

Sindicombustíveis - AL

Sindicombustíveis-AL e Instituto do Meio Ambiente de Alagoas durante reunião sobre a Instrução Normativa

O dia 16 de junho ficará marcado para a revenda alagoana como o de grande conquista para a categoria. Após pleito realizado pelo Sindicombustíveis-AL, junto ao Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA/AL), foi publicada a Instrução Normativa nº 04/2016, a qual estabelece a ampliação da validade da Licença de Operação (LO) para a atividade econômica da revenda de combustíveis automotivo e seus acessórios (atividades secundárias). Ou seja, desde a data da publicação da Instrução Normativa, os postos de combustíveis do estado passaram a receber a licença ambiental/ LO com validade de seis anos. A ampliação da LO é considerada um benefício tanto para a revenda, que sempre passou por dificuldades para atender aos

requisitos mínimos de segurança e defesa do meio ambiente no ato de renovação da licença ambiental em tão curto espaço de tempo; quanto para o órgão ambiental, que reduz a sobrecarga com a grande demanda dos processos, cujo prazo de renovação era a cada dois anos. É importante ressaltar que, para a Licença de Operação permanecer válida durante seis anos, os postos deverão, a cada dois anos, realizar o pagamento de taxa de revalidação ao IMA/ AL, apresentando ao órgão o comprovante de pagamento da taxa e o Relatório de Avaliação de Desempenho Ambiental (RADA), contendo o relato das condicionantes vencidas no período, com os manifestos de destinação de resíduos e da limpeza das caixas separadoras água/óleo.

Este procedimento deve ser realizado com, no mínimo, 30 dias para completar o 2º ano e o 4º ano da LO. Caso deixe de realizar o pagamento da taxa e entrega dos documentos acima citados a cada dois anos, a licença ambiental perderá a validade. Outro ponto importante é que a exigência da antecedência mínima de 120 dias da data de expiração da LO para dar entrada na renovação do documento continua a ser obrigatória ao final do período de seis anos da licença ambiental. A ampliação da validade da LO veio facilitar a vida do revendedor alagoano e reduzir a burocracia enfrentada para a obtenção do documento. Uma vitória do Sindicombustíveis-AL, que atendeu ao anseio de seus associados. (Mírian Nascimento) Combustíveis & Conveniência • 59


44 PERGUNTAS E RESPOSTAS

LIVRO 33

A revenda nacional deve

ter tampa e base fabri-

Livro: Horizontes para

se adequar à Portaria Inmetro

cadas em vidro boros-

a Liderança

528/2014, que estabelece

silicato, devem ter boca

novas provetas de vidro de

esmerilhada em ângulo

100 ml para os testes aplicados

reto com o eixo e devem

no posto sobre a medição do

ter estabilidade quando

teor de etanol anidro à gasoli-

colocadas em uma superfície

na. Confira abaixo as principais

plana. Atualmente, a tampa

dúvidas sobre o assunto:

e a base poderiam até ser de

da fator importante para um bom

plástico, o que possibilitava

ambiente de trabalho e, conse-

pequena imprecisão no resul-

quentemente, um impulsionador

tado das medições de volume.

para a produtividade da equipe.

Qual é o prazo para trocar as

tônica nos locais de trabalho. Isto

provetas?

porque a relação interpessoal tem

Qual é a determinação da Portaria Inmetro 528/2014 para os postos revendedores? A referida Portaria aprovou o Regulamento Técnico Metrológico (RTM) sobre provetas graduadas de vidro de 100 ml com boca esmerilhada e tampa, que o posto revendedor de combustíveis deve, obrigatoriamente, possuir em seu estabelecimento para medição do teor de etanol anidro na gasolina estabelecido pela ANP, por meio da Resolução nº 09, de 07 de março de 2007. Esta resolução é válida para todo território nacional? Sim. Os postos que hoje utilizam provetas de 100 ml certificadas pelo Inmetro deverão comprar estas provetas novas? Qual seria

Autor: Lucila Mara Sbrana Sciotti Editora: Senac São Paulo A relação interpessoal é considera-

Pelo menos, essa deveria ser a

Até 3 de dezembro de 2016.

muito mais a ver com os modelos

Quem não comprar as provetas

mercado de trabalho, suas crenças

novas pode sofrer autuações pelo

e atitudes dentro desse universo.

mentais que cada um tem sobre o

Inmetro? Quais seriam as penalidades/ multas (valor das multas)? Sim, caso o posto revendedor não possua, em perfeito estado de funcionamento, a nova proveta, estará sujeito a ser autuado pelo Inmetro e sofrer as penalidades previstas no artigo 8º, da Lei 9.933/1999, que

O que poucos compreendem, ou muitos preferem acreditar assim, é que a gestão dessa relação não é única e exclusivamente do chefe imediato, sem levar em consideração que as atitudes de cada um trazem impactos diretos no ambiente de trabalho.

podem ser desde a advertência

Para tornar o local de trabalho

até a aplicação de multa pecu-

mais saudável e, consequente-

niária, de acordo com o artigo

mente, mais produtivo, Lucila

9º da mesma Lei, e pode variar

Mara Sbrana Sciotti aborda essas e

entre o mínimo de R$ 100 até

outras questões no livro Horizontes

o máximo de R$ 1,5 milhão.

para a Liderança – Para onde nos

E também poderá ser

levam nossos modelos, crenças e

a diferença entre os materiais

autuado e multado pela ANP

ações. Além dos questionamen-

utilizados atualmente nos postos

com fundamento no artigo 3º,

tos sobre imagens e conceitos de

e as novas provetas?

inciso XVIII da Lei 9.847/99,

liderança, sobre nós mesmos e

Sim, deverão adquirir a

cujo valor da multa pode variar

companheiros de trabalho, o livro

nova proveta denominada de

do mínimo de R$ 5 mil ao

“proveta graduada de vidro de

máximo de R$ 50 mil.

100 ml com boca esmerilhada e tampa”.

procura mostrar que existe uma dinâmica nas relações interpessoais, mesmo que ninguém perceba,

Informações fornecidas por

e que a gestão de pessoas não

A diferença é que as novas

Felipe Goidanich, consultor jurídico

envolve apenas a figura de um

provetas devem necessariamente

da Fecombustíveis

coordenador de negócios.

60 • Combustíveis & Conveniência

Combustíveis & Conveniência • 60


TABELAS 33

em R$/L

Período

São Paulo

Goiás

Período

São Paulo

Goiás

11/07/2016 - 15/07/2016

1,617

1,701

11/07/2016 - 15/07/2016

1,466

1,352

18/07/2016 - 22/07/2016

1,622

1,723

18/07/2016 - 22/07/2016

1,539

1,392

25/07/2016 - 29/07/2016

1,696

1,775

25/07/2016 - 29/07/2016

1,559

1,417

01/08/2016 - 05/08/2016

1,708

1,753

01/08/2016 - 05/08/2016

1,572

1,430

08/08/2016 - 12/08/2016

1,734

1,740

08/08/2016 - 12/08/2016

1,569

1,421

Julho de 2015

1,367

1,334

Julho de 2015

1,203

1,064

Julho de 2016

1,639

1,719

Julho de 2016

1,502

1,369

Variação 11/07/2016 12/08/2016

7,2%

2,3%

Variação 11/07/2016 7,0% ETANOL ANIDRO 12/08/2016

5,1%

Variação Julho/2015 Julho/2016

19,9%

HIDRATADO

ANIDRO

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL (Centro-Sul)

Em R$/L 2,2

Variação Julho/2015 São Paulo Julho/2016

2,1

28,9%

24,8%

2,0

Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos Nota 2: Os dados da Região Nordeste não foram divulgados em decorrência da insuficiência de informações para o período em questão.

28,7%

1,9

Goiás Fonte: CEPEA/Esalq Nota: 1,8 Preços sem impostos 1,7 1,6 1,5 1,4

jun/16

jlul/16

jun/16

jlul/16

mai/16

abr/16

mar/16

fev/16

jan/16

dez/15

nov/15

out/15

set/15

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL HIDRATADO (em R$/L)

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL ANIDRO (em R$/L) ETANOL ANIDRO

Em R$/L

ago/15

1,2

jul/15

1,3

ETANOL HIDRATADO

Em R$/L 2,1

2,2 2,1 2,0

São Paulo

1,9

1,9

Goiás

1,7

São Paulo Goiás

1,8 1,5

1,7 1,6

1,3

1,5 1,4

mai/16

abr/16

mar/16

fev/16

jan/16

dez/15

nov/15

out/15

set/15

ago/15

jlul/16

jun/16

mai/16

abr/16

mar/16

fev/16

jan/16

dez/15

out/15

nov/15

set/15

jul/15

0,9 ago/15

1,2

jul/15

1,1

1,3

ETANOL HIDRATADO

Em R$/L 2,1 1,9

São Paulo Goiás

1,7 1,5 1,3

Combustíveis & Conveniência • 61


44 TABELAS em R$/L - Julho 2016

Comparativo das margens e preços dos combustíveis Distribuição

Gasolina BR Ipiranga Raízen

Preço de Custo 1

Preço de Venda

Margem (R$/L)

Margem (%)

Preço de Compra

Preço de Venda

Margem (R$/L)

Margem (%)

Com bandeira

2,993

3,177

0,184

5,8%

3,177

3,694

0,517

14,0%

Sem bandeira

2,993

3,166

0,173

5,5%

3,166

3,624

0,458

12,6%

Com bandeira

2,993

3,206

0,213

6,6%

3,206

3,651

0,445

12,2%

Sem bandeira

2,993

3,216

0,223

6,9%

3,216

3,582

0,366

10,2%

Com bandeira

2,993

3,177

0,184

5,8%

3,177

3,635

0,458

12,6%

Sem bandeira

2,993

3,174

0,181

5,7%

3,174

3,596

0,422

11,7%

Com bandeira

2,993

3,096

0,103

3,3%

3,096

3,490

0,394

11,3%

2,993

3,029

0,036

1,2%

3,029

3,573

0,544

15,2%

Com bandeira

2,993

3,180

0,187

5,9%

3,180

3,653

0,473

12,9%

Sem bandeira

2,993

3,070

0,077

2,5%

3,070

3,581

0,511

14,3%

2,993

3,156

0,163

5,2%

3,156

3,638

0,482

13,2%

Outras distribuidoras Sem bandeira

Resumo Brasil

Revenda

Resumo Brasil

Distribuição

Diesel S500 BR Ipiranga Raízen

Preço de Custo 1

Preço de Venda

Margem (R$/L)

Margem (%)

Preço de Compra

Preço de Venda

Margem (R$/L)

Margem (%)

Com bandeira

2,485

2,651

0,166

6,3%

2,651

3,025

0,374

12,4%

Sem bandeira

2,485

2,553

0,068

2,7%

2,553

2,924

0,371

12,7%

Com bandeira

2,485

2,672

0,187

7,0%

2,672

3,002

0,330

11,0%

Sem bandeira

2,485

2,674

0,189

7,1%

2,674

2,986

0,312

10,4%

Com bandeira

2,485

2,653

0,168

6,3%

2,653

2,967

0,314

10,6%

Sem bandeira

2,485

2,649

0,164

6,2%

2,649

3,045

0,396

13,0%

Com bandeira

2,485

2,675

0,190

7,1%

2,675

2,956

0,281

9,5%

2,485

2,555

0,070

2,7%

2,555

2,920

0,365

12,5%

Com bandeira

2,485

2,656

0,171

6,4%

2,656

2,994

0,338

11,3%

Sem bandeira

2,485

2,569

0,084

3,3%

2,569

2,933

0,364

12,4%

2,485

2,625

0,140

5,3%

2,625

2,973

0,348

11,7%

Outras distribuidoras Sem bandeira

Resumo Brasil

Revenda

Resumo Brasil

Distribuição

Diesel S10 BR Ipiranga

Revenda

Preço de Custo 1

Preço de Venda

Margem (R$/L)

Margem (%)

Preço de Compra

Preço de Venda

Margem (R$/L)

Margem (%)

Com bandeira

2,584

2,770

0,186

6,7%

2,770

3,181

0,411

12,9%

Sem bandeira

2,584

2,818

0,234

8,3%

2,818

3,175

0,357

11,2%

Com bandeira

2,584

2,784

0,200

7,2%

2,784

3,159

0,375

11,9%

Sem bandeira

2,584

2,778

0,194

7,0%

2,778

3,088

0,310

10,0%

Com bandeira

2,584

2,796

0,212

7,6%

2,796

3,168

0,372

11,7%

Sem bandeira

2,584

2,783

0,199

7,2%

2,783

3,155

0,372

11,8%

Com bandeira Outras distribuidoras Sem bandeira

2,584

2,690

0,106

3,9%

2,690

3,039

0,349

11,5%

2,584

2,595

0,011

0,4%

2,595

2,965

0,370

12,5%

Com bandeira

2,584

2,777

0,193

6,9%

2,777

3,163

0,386

12,2%

Sem bandeira

2,584

2,659

0,075

2,8%

2,659

3,021

0,362

12,0%

2,584

2,759

0,175

6,3%

2,759

3,142

0,383

12,2%

Raízen

Resumo Brasil

Resumo Brasil

A pesquisa abrange as capitais dos Estados da BA, MG, PA, PE, PR, RJ, RS, SP e o DF com relação à gasolina. Os dados do S500 não consideram as capitais do PA e PE e os dados do diesel S10 não abrangem o Distrito Federal. O fator de ponderação para cálculo de margem e preço médio é o nº de postos consultados pela ANP. (1): Calculado pela Fecombustíveis, a partir dos Atos Cotepe 12/2016 e 13/2016. Não está incluso o frete de entrega do produto.

62 • Combustíveis & Conveniência


TABELAS 33

FORMAÇÃO DE PREÇOS

em R$/L

Ato Cotepe nº 15 de 08/08/2016 - DOU de 09/08/2016 - Vigência a partir de 16 de Agosto de 2016

Gasolina

UF AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

UF

73% Gasolina A

27% Etanol Anidro (1)

Diesel S500

(2)

1,233 0,589 0,073 1,127 0,564 0,073 1,143 0,584 0,073 1,147 0,583 0,073 1,099 0,571 0,073 1,147 0,571 0,073 1,151 0,476 0,073 1,217 0,484 0,073 1,150 0,473 0,073 1,097 0,575 0,073 1,185 0,495 0,073 1,165 0,479 0,073 1,151 0,476 0,073 1,139 0,579 0,073 1,123 0,567 0,073 1,097 0,567 0,073 1,114 0,572 0,073 1,136 0,478 0,073 1,119 0,476 0,073 1,086 0,567 0,073 1,177 0,588 0,073 1,168 0,591 0,073 1,102 0,500 0,073 1,162 0,482 0,073 1,168 0,567 0,073 1,129 0,473 0,073 1,145 0,476 0,073 CUSTO DA DISTRIBUIÇÃO - BRASIL (4)

93% Diesel

7% Biocombustível (5)

AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

73% CIDE

93% CIDE (2)

1,760 0,200 0,047 1,579 0,200 0,047 1,646 0,200 0,047 1,639 0,200 0,047 1,553 0,200 0,047 1,609 0,200 0,047 1,704 0,178 0,047 1,683 0,183 0,047 1,706 0,178 0,047 1,599 0,200 0,047 1,751 0,178 0,047 1,693 0,178 0,047 1,644 0,183 0,047 1,619 0,200 0,047 1,584 0,200 0,047 1,578 0,200 0,047 1,620 0,200 0,047 1,649 0,177 0,047 1,620 0,183 0,047 1,525 0,200 0,047 1,689 0,200 0,047 1,677 0,200 0,047 1,564 0,177 0,047 1,682 0,177 0,047 1,631 0,200 0,047 1,647 0,183 0,047 1,660 0,200 0,047 CUSTO DA DISTRIBUIÇÃO - BRASIL (4)

73% PIS/ COFINS (2) 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279 0,279

93% PIS/ COFINS (2) 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231 0,231

Carga ICMS 1,009 1,078 0,967 0,925 1,064 1,111 1,007 0,982 1,135 0,976 0,959 0,888 1,133 1,112 1,113 1,094 0,994 1,061 1,248 1,110 1,005 0,983 1,158 0,880 1,054 0,857 1,135 3,015

Carga ICMS 0,593 0,512 0,566 0,900 0,537 0,532 0,470 0,359 0,451 0,555 0,566 0,553 0,461 0,557 0,549 0,543 0,542 0,344 0,398 0,558 0,561 0,554 0,354 0,354 0,541 0,347 0,533 2,541

Custo da Distribuição

Alíquota ICMS

Preço de Pauta (3)

3,182 3,121 3,046 3,006 3,086 3,180 2,986 3,034 3,110 2,999 2,991 2,883 3,111 3,181 3,155 3,109 3,031 3,026 3,194 3,115 3,122 3,092 3,112 2,875 3,140 2,811 3,108

25% 29% 25% 25% 28% 29% 28% 27% 30% 27% 25% 25% 29% 28% 29% 29% 27% 29% 32% 29% 26% 25% 30% 25% 29% 25% 29%

4,034 3,717 3,869 3,699 3,800 3,830 3,595 3,637 3,784 3,614 3,837 3,551 3,906 3,972 3,838 3,771 3,682 3,660 3,899 3,829 3,865 3,930 3,860 3,520 3,636 3,428 3,915

Custo da distribuição

Alíquota ICMS

Preço de Pauta (3)

2,830 2,567 2,689 3,015 2,567 2,618 2,630 2,502 2,612 2,631 2,772 2,701 2,566 2,652 2,609 2,597 2,639 2,447 2,479 2,559 2,727 2,708 2,372 2,490 2,648 2,455 2,669

17% 17% 18% 25% 17% 17% 15% 12% 15% 18% 17% 17% 15% 17% 18% 18% 17% 12% 13% 18% 17% 17% 12% 12% 18% 12% 18%

3,487 3,009 3,146 3,600 3,160 3,130 3,135 2,991 3,003 3,086 3,328 3,251 3,071 3,274 3,048 3,017 3,190 2,870 3,065 3,101 3,299 3,260 2,950 2,950 3,003 2,895 2,960

Combustíveis & Conveniência • 63


44 TABELAS

Formação de Preços UF

93% Diesel

7% Biocombustível

em R$/L

93% CIDE (2)

Diesel S10

(5)

93% PIS/ COFINS (2)

Carga ICMS

Custo da Distribuição

Alíquota ICMS

Preço de Pauta (3)

AM

1,713

0,200

0,047

0,231

0,581

2,771

18%

3,230

BA

1,638

0,200

0,047

0,231

0,571

2,686

17%

3,360

CE

1,677

0,200

0,047

0,231

0,539

2,692

17%

3,170

ES

1,728

0,183

0,047

0,231

0,359

2,548

12%

2,991

GO

1,795

0,178

0,047

0,231

0,478

2,729

15%

3,186

MA

1,655

0,200

0,047

0,231

0,574

2,706

18%

3,188

MG

1,687

0,183

0,047

0,231

0,476

2,624

15%

3,177

PA

1,670

0,200

0,047

0,231

0,569

2,715

17%

3,345

PE

1,605

0,200

0,047

0,231

0,548

2,629

18%

3,043

PR

1,701

0,177

0,047

0,231

0,354

2,509

12%

2,950

RJ

1,689

0,183

0,047

0,231

0,421

2,571

13%

3,242

RS

1,654

0,177

0,047

0,231

0,374

2,482

12%

3,117

SC

1,734

0,177

0,047

0,231

0,366

2,554

12%

3,050

SP

1,737

0,183

0,047

0,231

0,367

2,564

12%

3,057

CUSTO DA DISTRIBUIÇÃO - BRASIL

2,597

(4)

Nota (1): Corresponde ao preço da usina com acréscimo do frete. Nota (2): Decreto 8.395,de 28/01/2015 Nota (3): Base de cálculo do ICMS Nota (4): Média ponderada considerando o volume comercializado no primeiro semestre de 2016. Nota (5): Corresponde ao preço do leilão com acréscimo do frete.

PREÇOS MÉDIOS DOS LEILÕES DE BIODIESEL

Norte

em R$/L

Nordeste

Jul-Ago/2016: ND Set-Out/2016: 2,600

Jul-Ago/2016: 2,696 Set-Out/2016: 2,611

Centro-Oeste

Jul-Ago/2016: 2,391 Set-Out/2016: 2,433 Sudeste

Jul-Ago/2016: 2,464 Set-Out/2016: 2,519

Brasil

Jul-Ago/2016: 2,407 Set-Out/2016: 2,399

Sul

Jul-Ago/2016: 2,372 Set-Out/2016: 2,313 Fonte: ANP

64 • Combustíveis & Conveniência


TABELAS 33

preços dAs DISTRIBUIDORAS Menor

Belém (PA) Gasolina Diesel S10 Etanol

Macapá (AP) Gasolina Diesel S500 Etanol

BR 3,366 2,728 2,594

Manaus (AM) Gasolina Diesel S500 Etanol

Cuiabá (MT)

Menor

Maior

3,379 2,982 2,949

3,250 2,824 2,831

3,298 2,929 2,697

Gasolina Diesel S500 Etanol

2,942 2,885 2,077

Gasolina Diesel S500 Etanol

3,262 2,749 2,176

Gasolina Diesel S500 Etanol

3,121 2,636 2,092

Gasolina Diesel S10 Etanol

3,045 2,846 2,685

Gasolina Diesel S10 Etanol

3,296 2,705 2,886

Campo Grande (MS)

Gasolina Diesel S500 Etanol

3,277 2,728 2,639

Gasolina Diesel S500 Etanol

3,240 2,714 2,596

Gasolina Diesel S10 Etanol

3,056 2,570 2,490

Gasolina Diesel S500 Etanol

Raízen 3,207 3,207 2,742 2,742 N/D N/D

Gasolina Diesel S10 Etanol

3,181 2,830 2,798

Gasolina Diesel S500 Etanol

3,040 2,540 2,280

3,311 3,248 N/D

3,356 2,912 3,150

Atem's 3,190 3,280 2,830 2,915 2,697 2,697

N/D N/D N/D

3,422 2,980 2,895

N/D N/D N/D

Equador 3,185 3,360 2,780 2,900 N/D N/D

3,082 2,821 2,980

Raízen 3,282 3,083 3,286

Equador 3,320 3,320 2,955 2,955 2,949 2,949 Raízen 3,333 3,450 2,908 3,006 2,427 2,855

3,363 2,921 2,895

3,150 2,990 2,040

Raízen 3,205 3,289 2,891 3,025 2,040 2,203

3,110 2,900 2,080

3,125 2,981 2,352

Taurus 2,950 3,075 2,830 2,997 2,097 2,340

2,923 2,931 2,149

3,077 2,968 2,325

3,299 2,758 2,176

3,272 2,737 2,096

3,339 2,768 2,216

3,239 2,762 2,064

Raízen 3,258 2,820 2,157

3,185 2,636 2,202

3,129 2,569 1,945

3,288 2,570 2,367

3,125 2,540 2,070

Raízen 3,220 2,584 2,244

3,149 2,884 2,685

2,966 2,692 2,456

3,107 2,767 2,464

2,990 2,755 2,576

Raízen 3,111 2,850 2,578

3,485 2,748 2,893

3,240 2,550 2,660

3,384 2,660 2,886

3,308 2,582 N/D

Raízen 3,331 2,651 N/D

IPP

BR

IPP

IPP

BR

IPP

3,190 3,065 2,136 IPP

BR

BR

Porto Alegre (RS)

3,279 2,836 2,759

3,474 3,087 2,855

BR

Florianópolis (SC)

Gasolina Diesel S10 Etanol

N/D

IPP

Idaza

3,297 2,789 2,678

3,190 2,877 2,414

IPP

BR

3,442 2,918 2,905

3,503 3,042 3,113

Gasolina Diesel S10 Etanol

3,427 2,974 3,113

3,385 2,920 2,853

3,119 2,783 N/D

Raízen 3,390 3,492 2,904 3,046 2,752 2,920

Atem's 3,185 3,300 2,770 2,805 N/D N/D

BR

3,220 2,943 2,705

3,124 2,823 2,964

BR

Natal (RN)

Recife (PE)

Maceió (AL)

Maior BR 3,213 2,876 2,765

3,204 2,884 N/D

3,220 2,910 2,541

Raízen 3,225 2,913 2,541

3,406 2,929 2,991

3,311 2,832 2,755

Raízen 3,459 2,918 2,877

3,429 2,890 2,898

Raízen 3,307 3,343 2,747 2,876 2,677 2,677

3,234 N/D N/D

Alesat 3,234 N/D N/D

3,270 2,739 2,663

Raízen 3,293 3,293 2,825 2,826 2,638 2,638

3,247 2,714 2,675

Alesat 3,272 2,714 2,707

3,395 2,821 2,698

Raízen 3,227 3,342 2,788 2,865 2,615 2,664

3,208 2,684 2,520

IPP

BR

IPP

BR

João Pessoa (PB)

Menor

3,044 2,828 2,670

BR

Fortaleza (CE)

Maior

Sabba 3,080 3,121 2,815 2,907 2,753 2,753

Gasolina Diesel S10 Etanol

Teresina (PI)

Menor

3,165 2,921 3,050

3,421 2,768 2,588

3,261 3,226 N/D

3,159 2,839 2,865

IPP

3,210 2,650 2,588

3,378 3,339 N/D

Equador 3,030 3,118 2,720 2,850 2,750 3,145

Maior

3,270 2,623 2,590

BR

BR

3,201 2,817 2,827

3,050 2,990 2,000

Curitiba (PR)

Menor IPP

IPP 3,459 2,976 3,103

3,193 3,288 N/D

Gasolina Diesel S500 Etanol

Goiânia (GO)

3,242 2,623 2,590

IPP

Rio Branco (AC)

Gasolina Diesel S500 Etanol

3,388 2,728 2,748

3,370 2,813 2,875

Porto Velho (RO)

Gasolina Diesel S500 Etanol

Maior Total

BR

Boa Vista (RR) Gasolina Diesel S500 Etanol

Menor

São Luiz (MA)

Palmas (TO) Gasolina Diesel S500 Etanol

Maior

em R$/L - Julho 2016

BR

IPP

BR

IPP

BR 3,344 2,792 3,081

3,235 2,719 2,563

3,265 2,875 2,848

Raízen 3,118 3,253 2,833 2,908 2,487 2,830

3,030 2,646 2,550

3,050 2,646 2,550

3,256 2,626 2,377

3,036 2,580 2,331

3,335 2,762 2,770

3,086 2,619 2,381

Raízen 3,299 2,786 2,610

Gasolina Diesel S500 Etanol

Atlântica 3,168 3,203 2,620 2,624 N/D N/D

3,184 2,648 2,844

3,214 2,658 2,844

3,223 2,650 2,760

Raízen 3,267 2,854 2,764

Gasolina Diesel S500 Etanol

Raízen 3,276 3,627 2,629 2,784 2,535 2,784

3,373 2,648 2,631

3,800 2,917 3,068

3,300 2,646 2,530

Gasolina Diesel S500 Etanol

3,207 2,716 1,981

3,365 2,763 2,355

Raízen 3,213 3,312 2,684 2,702 2,100 2,293

3,157 2,616 2,018

3,372 2,780 2,330

Gasolina Diesel S500 Etanol

2,760 2,400 1,740

3,137 2,636 2,028

2,829 2,456 1,750

3,069 2,609 1,998

2,739 2,538 1,730

Raízen 3,162 2,708 2,010

Gasolina Diesel S500 Etanol

3,140 2,755 2,442

3,213 2,755 2,680

Raízen 3,109 3,184 2,754 2,806 2,500 2,669

3,107 2,817 2,507

Aracaju (SE)

Salvador (BA)

Vitória (ES)

BR

Total

Belo Horizonte (MG)

BR

São Paulo (SP)

IPP

BR

BR

IPP

BR

3,382 2,760 2,834 Total

BR

Rio de Janeiro (RJ)

Brasília (DF)

3,292 2,770 2,955

3,377 2,793 2,732

BR 3,558 2,768 2,817 IPP

IPP

3,202 2,824 2,578 Fonte: ANP

Combustíveis & Conveniência • 65


44 CRÔNICA 4 Antônio Goidanich

Realidade nacional subjacente Tio Marciano, o Galego Ruano e o Doutor, assim como todos os demais componentes da turma do clube, têm dificuldades em conviver com o inverno. A cada entrada das primeiras frentes frias anuais tecem comentários, rangem os dentes e declaram solenemente que se mudarão de Porto Alegre, definitivamente. - Até vou para o inferno, pelo menos deve ser quente. - Isto aqui não é ambiente propício a vida humana. - O ar condicionado, por mais forte que esteja, nunca aquece os pés. Podes botar fervendo, a cabeça e os pés estarão gelados. Os planos de preparar ambientes que propiciassem inteira concentração para acompanhar os jogos olímpicos Rio 2016 vêm ocupando a atenção de todos eles. Alguns já em uma idade que os obriga a negociar com Deus uma bonificação ou acréscimo de tempo de vida, que lhes permita vivenciar mais uma Copa do Mundo, Grand Slam ou Olimpíada.

66 • Combustíveis & Conveniência

- Pelo menos quero me distrair e esquecer impeachment, corruptos, abusadores da minha paciência, desvios de dinheiro, impostos indevidos, parcelamento de salários. - Não vai ser a Olimpíada que vai te distrair. É só rolo em cima de rolo. - Ciclovias que caem, obras inacabadas, promessas não cumpridas, inaugurações falsas, excrementos na baia, declarações idiotas, desmentidos sem sentido. - A clara demonstração de que nossas autoridades têm a plena certeza de que todos nós, brasileiros, somos uns perfeitos imbecis. O Doutor serve uma dose de Hennessy e aquece o cálice entre as palmas das mãos. Olha para os outros pensativamente, toma um gole, suspira e comenta: - Mas com os pés quentes seria bem mais fácil de suportar a conjuntura atual e a realidade nacional subjacente.




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