Revista Combustíveis & Conveniência - Ed. 182

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MERCADO

Marcelo Casal Jr / Agencia Brasil

Crise sem data para acabar Pandemia caminha para o quarto mês no Brasil e já causa enormes estragos, não só no número de vítimas, mas na economia. Para analistas, recuperação será lenta e passa pela atração de investimentos estrangeiros. POR ADRIANA CARDOSO

Até que se encontre uma vacina ou um remédio para curar a Covid-19, a doença continuará entre nós, impactando fortemente o modo como vivemos e a já combalida economia brasileira. Caminhando para o quarto mês desde que a crise sanitária teve início no país, o estrago já está feito, conforme mostraram os primeiros indicadores econômicos divulgados após a pandemia. Dados da Pnad Covid (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Covid) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que o universo de pessoas sem emprego no país, até a segunda semana de maio, ultrapassava os 36 milhões, incluindo aquelas que não procuraram emprego por causa da pandemia, mas que gostariam de trabalhar.

Além disso, o setor de serviços sentiu fortemente o baque da quarentena em abril, quando registrou queda de 11,7% no volume de negócios, ante o mês de março, segundo dados também do IBGE. Foi o resultado negativo mais intenso desde o início da série histórica, em janeiro de 2011. Também em abril, na pior queda histórica desde 1957, a produção de carros caiu 99%, quando apenas 1.800 unidades foram produzidas. Embora a pandemia seja uma crise sanitária mundial, a exemplo da gripe espanhola vivida há cerca de um século (leia box), os analistas ouvidos para esta reportagem acreditam que a recuperação do país será mais difícil, uma vez que a economia brasileira já vinha cambaleando desde 2014, ensaiava uma recuperação, mas foi impactada quando o vírus chegou aqui. Em momentos como esse, quando o setor privado fica de mãos ata-

das e nada pode fazer, cabe ao Estado tomar as rédeas para controlar a situação, a exemplo do New Deal, plano de recuperação econômica instituído pelo governo americano para solucionar a crise de 1929. O foco do programa era a injeção de recursos públicos na economia para ajudar em sua recuperação. Para o economista Waldir Pereira Gomes, especialista em teoria econômica e professor aposentado da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), muito do que se vê na crise de hoje é parecido com a Grande Depressão da década de 1930, quando houve um colapso da Bolsa de Valores de Nova York, resvalando para o mundo todo, incluindo o Brasil. “Os Estados Unidos estão chegando aos mesmos níveis de desemprego de 1929, quando de cada quatro americanos um estava Combustíveis & Conveniência • 17


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