Revista Combustíveis & Conveniência Ed.120

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ÍNDICE 33 n Reportagem de Capa

n Meio Ambiente

48 • Mais luz

36 • Mais um ano de sucesso

n Conveniência

52 • Queda de braço n Revenda em Ação

56 • De Norte a Sul

n Entrevista

10 • n Mercado

Luis Alves de Lima Filho, diretor da Rede de Postos de Serviços da BR Distribuidora

20 • GLP em discussão 23 • Em crescimento 24 • Bom para quem? 26 • Novo fôlego 30 • Mais tempo 32 • Entre gigantes n Na Prática

44 • No limite 46 • Mais rigor no controle do transporte

17 • Paulo Miranda 04 • Virou Notícia

66 • Crônica

4OPINIÃO

4SEÇÕES

61 • Perguntas e Respostas

43 • Jurídico Felipe Goidanich 55 • Conveniência Ricardo Guimarães

4TABELAS

19 • Roberto Fregonese

60 • Atuação Sindical

62 • Evolução dos Preços do Etanol 63 • Comparativo das Margens e Preços dos Combustíveis 64 • Formação de Preços 65 • Preços das Distribuidoras Combustíveis & Conveniência • 3


44 VIROU NOTÍCIA Divulgação

Raízen e Sem Parar

De Olho na ECONOMIA 13% Representou o crescimento do lucro operacional da Petrobras (total de R$ 11,1 bilhões) no segundo trimestre do ano ante o primeiro trimestre. Esta evolução foi decorrente do aumento de preços de diesel e gasolina no início do ano, da elevação da produção nas refinarias, entre outros fatores.

A Raízen adquiriu 10% de participação na Serviços e Tecnologia de Pagamentos (STP), dona dos sistemas de cobrança Sem Parar e Via Fácil. Com a aquisição, as duas empresas pretendem estender para os postos de combustíveis da rede

19% Foi o recuo do lucro líquido da Petrobras no segundo trimestre em relação ao primeiro trimestre de 2013. Graças à contabilidade de hedge, o impacto cambial foi amenizado e o lucro líquido da estatal atingiu R$ 6,201 bilhões.

Shell, a tecnologia de cobrança já conhecida nos pedágios, presente

7%

em mais de 50 concessionárias de rodovias e em 167 estacionamentos

Foi o aumento das vendas de combustíveis da Ipiranga no segundo trimestre do ano em comparação com o mesmo período de 2012. Foram vendidos 2,668 milhões de m3 de gasolina, etanol e gás natural veicular (GNV), ou seja, 10% a mais em relação a igual período do ano passado.

de shoppings e aeroportos. O valor do negócio é de R$ 250 milhões e ainda depende de avaliação e aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Parceria com EUA Durante visita oficial a Brasília, no início de agosto, o secretário de Energia dos Estados Unidos, Ernest Moniz, reafirmou o interesse de seu país em fortalecer parcerias com o Brasil no setor energético. Com esse objetivo, serão consideradas oportunidades decorrentes da reto-

14,5% Foi a elevação da receita líquida da Raízen Combustíveis no segundo trimestre do ano quando comparada a igual trimestre do ano passado. A receita líquida de R$ 11,8 bilhões, acumulada entre abril e junho, foi impulsionada pelo aumento de 5,8% do volume total de combustíveis vendidos.

mada dos leilões de petróleo e gás, além da ampliação de programas de eficiência energética e de biocombustíveis no país, bem como abertura

Municipalização da Cide?

de acordos que sejam comuns ao

A Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) poderia ser

setor de produção e abastecimento

usada como fonte de recurso para reduzir a tarifa de ônibus. Pelo menos, é o

de combustíveis. Esta aproximação

que diz um estudo preliminar divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

ainda dependerá de outras reuniões

O levantamento utilizou como base uma simulação, considerando que um

a serem realizadas ao longo do ano

aumento do preço do litro da gasolina em R$ 0,50 geraria um subsídio de

com o Ministério de Minas e Energia.

R$ 1,20 no preço das passagens. Assim, isso levaria a uma deflação de 0,26%.

4 • Combustíveis & Conveniência


Divulgação ANP

Sem cigarros

Ping-Pong

Rosângela Moreira

Superintendente de Biocombustíveis e de Qualidade de Produtos da ANP

Freestock

Quais os benefícios que as novas especificações da gasolina devem trazer a partir de 2014?

Com a retomada dos trabalhos do Congresso, os parlamentares aguardam entrar na pauta de votação do plenário do Senado, até o final deste mês, o projeto que proíbe a venda de cigarro em bancas de jornais, mercados e postos de gasolina. De autoria do senador Paulo Davim (PV-RN), o texto tem como objetivo restringir os locais de venda do cigarro para impor mais dificuldades ao consumo e, de certa forma, contribuir para o controle do tabagismo, explicou o senador. O projeto foi aprovado pela Comissão de Assuntos Sociais e tramita no Congresso desde maio do ano passado.

Abuso de poder A Redecard, credenciadora de cartões que tem como acionista majoritário o grupo Itaú Unibanco, foi julgada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) por abuso de poder. A superintendência do órgão considerou que a credenciadora impõe “condições comerciais abusivas e cria dificuldades ao funcionamento das empresas que atuam no mercado brasileiro de facilitação e acompanhamento de transações comerciais pela internet”.

A ANP vem promovendo melhorias na qualidade dos combustíveis por meio de inúmeras medidas, como a redução do teor máximo de enxofre na gasolina para torná-la menos poluente. A Resolução ANP nº 38, de dezembro de 2009, estabelece que, a partir de 1º de janeiro de 2014, a gasolina comercializada deverá possuir, no máximo, 50 mg/kg de enxofre – hoje, o teor máximo é de 800 mg/kg. A resolução também determina a redução dos hidrocarbonetos aromáticos e olefínicos e do benzeno (este apenas para a gasolina Premium), além de incluir os parâmetros teor de fósforo, silício e hidrocarbonetos saturados. Outra medida é a determinação de que toda gasolina comercializada no país deverá atender a um nível mínimo de desempenho para a formação de depósitos em válvulas de admissão, o que poderá ocorrer por meio da adição de detergentes e dispersantes suficiente para retardar essa formação. Quais são os critérios para a adição de detergentes e dispersantes? As regras serão estabelecidas pelo regulamento que substituirá a Resolução ANP nº 38/2009, após a finalização do processo de revisão desta. Uma das regras será a inclusão de característica que determina um limite máximo de depósito em válvulas de admissão, o qual deverá ser atendido para toda a gasolina automotiva comercializada no território nacional. Na resolução, não há previsão para especificações dos aditivos a serem incluídos na gasolina. Como serão determinadas? Trata-se de um produto cuja composição pode variar conforme o fornecedor e age retardando a formação de depósitos nas válvulas de admissão dos motores. No Brasil, foi desenvolvida uma metodologia para avaliação de gasolinas com diferentes teores de etanol anidro combustível (NBR 16038:2012). O método indicado permite avaliar se o funcionamento do aditivo é adequado, e será exigido quando do registro junto à ANP. O regulamento que trata dos requisitos que deverão ser atendidos para o registro dos aditivos para combustíveis é a Portaria ANP nº 41/99. Qual o impacto das novas especificações para o posto de combustível? O revendedor deverá sinalizar essa mudança para o consumidor? O revendedor continuará trabalhando com as mesmas gasolinas. A diferença será que toda gasolina comercializada no país terá qualidade e nível de desempenho superiores à ofertada atualmente. As distribuidoras continuarão diferenciando suas marcas por meio da gasolina aditivada, que é a comum acrescida de pacote de aditivos próprios (como já ocorre hoje). Com relação ao consumidor, nada será alterado, pois o mercado continuará comercializando as gasolinas Comum, Comum Aditivada, Premium e Premium Aditivada.

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44 VIROU NOTÍCIA

Próximos leilões

No início de agosto, a ANP comemorou 15 anos com evento realizado na Escola Naval de Guerra, na Urca, zona sul do Rio. A Agência aproveitou a data para assinar os contratos com os vencedores da 11ª Rodada de Licitações. A cerimônia também foi marcada pela entrega de Títulos de Distinção a pessoas ou instituições que contribuem para o desenvolvimento do setor e do Prêmio de Inovação Tecnológica. “É um momento muito especial para nós. Há exatos 15 anos, a Agência assinava seus primeiros contratos de exploração – todos com a Petrobras. De lá para cá, dobramos os números: atingimos a marca de 15 bilhões de reservas provadas e produzimos 2,2 milhões de barris por dia de petróleo e gás natural. Também aumentamos nossa participação no PIB brasileiro: de 2%, em 1998, para 12%. É um crescimento bastante vertiginoso”, exaltou a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard em seu discurso de abertura.

Magda Chambriard confirmou ainda a realização, em outubro, do 1º Leilão do Pré-Sal – o campo de Libra – e, em novembro, da 12ª Rodada, com foco em gás natural em terra. Na 11ª Rodada de Licitações, realizada em maio deste ano, 142 blocos foram arrematados, mas somente 24 contratos de concessão foram assinados, que totalizaram R$ 1,1 bilhão em bônus de assinatura.

Não ao preconceito Combater a desigualdade racial e promover a conscientização de 26 mil frentistas, em mais de 4 mil postos da bandeira BR, em aproximadamente 900 municípios brasileiros, mobiliza o programa Capacidade Máxima, da Petrobras Distribuidora. Lançado em agosto, o programa vai oferecer treinamento aos frentistas em ônibus transformados em salas de aula. O material é composto por cartilha e vídeo. Após assistir ao vídeo sobre a promoção da igualdade racial, os profissionais receberão a cartilha Igualdade racial é pra valer. A cartilha esclarece o que é preconceito, discriminação, racismo e injúria racial, além de trazer outras informações para a promoção da igualdade racial. O material utiliza uma linguagem simples e objetiva para tratar da legislação, do Estatuto da Igualdade Racial, e incentiva ações afirmativas. 6 • Combustíveis & Conveniência

Claudio Ferreira

Aniversário

Atenção, revendedor! A partir do dia 16 de setembro, os revendedores que quiserem cadastrar seus postos de rodovia como pontos de parada, para dar respaldo à Lei 12.619, conhecida como Lei do Caminhoneiro, poderão preencher uma ficha de inscrição no site do Ministério dos Transportes: www.transportes.gov.br. A iniciativa faz parte do programa do Ministério que visa oferecer uma série de incentivos à revenda como suporte à legislação. Nesta primeira fase, o órgão pretende conhecer as condições atuais dos postos em relação à infraestrutura, tais como: estacionamento, lanchonete, restaurante, hospedagem, oficina mecânica etc. Em fase posterior, o órgão pretende indicar sinalização para quem estiver no programa e estabelecer uma classificação similar ao modelo de hotéis (padrão estrelas), conforme a estrutura oferecida. Também faz parte da iniciativa, no futuro, oferecer possíveis linhas de financiamentos aos postos cadastrados para reformas ou ampliar a área do estacionamento. Mesmo o posto que hoje não oferece estacionamento, mas tem a intenção de construir, poderá participar do programa, preenchendo a ficha de inscrição disponível no site.


Etanolduto Em agosto, o Governo do Estado de São Paulo inaugurou o Sistema Logístico de Etanol Ribeirão Preto-Paulínia, em Ribeirão Preto. O sistema é um etanolduto de 206 km de extensão, primeiro trecho de um duto que passará ainda por Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro, totalizando 1.300 km de extensão. O Estado de São Paulo ofereceu isenção de ICMS para o etanol que servirá como lastro no trecho entre Paulínia e Ribeirão Preto. Com o início das operações do etanolduto, 95 mil caminhões por ano deixarão de trafegar nas rodovias. Quando finalizado, o etanolduto terá capacidade de transportar até 21 milhões de metros cúbicos de etanol por ano e de armazenamento de mais de 800 milhões de litros do combustível.

Incentivo ao etanol A Câmara dos Deputados aprovou a MP 613/13, que permite que os produtores de etanol e a indústria química sejam beneficiados com o crédito presumido reduzindo a alíquota do PIS/Pasep e Cofins. O relator da MP, o senador Walter Pinheiro (PT-BA), defende a importância da medida, como forma de viabilizar o etanol como“opção economicamente atraente para os consumidores”. Também foi aprovada a emenda que garante aos produtores de etanol o uso de saldos de créditos dos tributos (PIS/Pasep e Cofins) para compensar outros impostos ou pedir ressarcimento.

PELO MUNDO por Antônio Gregório Goidanich

Venezuela A presidente da Fenegás, Maria Herminia Perez Villareal, deverá receber o Prêmio Coopetrol, versão Internacional, durante a Expopetro 2013, evento promovido pelo Sulpetro e Coopetrol, em Gramado.

Maria Herminia Perez será a terceira pessoa de nacionalidade venezuelana a receber o Prêmio Coopetrol. Domingos Negrin e Miguel Bravo Lugo foram agraciados em edições anteriores.

Brasil O Prêmio Coopetrol está em sua 15 a edição. Foram premiados, conforme as nacionalidades: um argentino, um uruguaio, um chileno, um equatoriano, um mexicano, um dominicano, um costa-riquenho, dois peruanos, dois brasileiros, três venezuelanos, um porto-riquenho e um espanhol. Maria Herminia é a primeira mulher a recebê-lo.

Paraguai A Asociación de Proprietários y Operadores de Estaciones de Servicio del Paraguay (APESA) será a anfitriã do próximo congresso da Claec, a ser realizado em Assunção, de 23 a 25 de outubro de 2013.

A Apesa tem um brilhante histórico de representação e luta classista desde os tempos do ex-presidente

Francisco Solano Lopez Ceceres. Após um período de menos brilho, a entidade volta com intensa movimentação sob o comando de Ausberto Ortelado.

Uruguai A Unión de Vendedores de Nafta del Uruguay, presidida por Daniel Añon de Leon, prossegue em intensa campanha em prol da segurança pública naquele país. A Unvenu estará presente em Gramado.

Peru A mais antiga entidade de representação do setor na América, a Asociacion de Grifos y Estaciones de Sevicio de Peru (AGESP), hoje presidida por Rocio Zorrilla, promove intensa campanha de esclarecimento e informação dos problemas da categoria.

Costa Rica Antonio Galva, presidente da Câmara de Expendedores de Combustíveis, tem pautado trabalho ostensivo em prol dos interesses do setor.

Argentina A Cecha segue sua atuação a favor da sobrevivência da classe de empresários de combustíveis, mormente no interior do país. A instituição se fará representar em Gramado.

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CARTA AO LEITOR 44 Mônica Serrano

A Fecombustíveis representa nacionalmente 34 sindicatos, defendendo os interesses legítimos de quase 40 mil postos de serviços, 370 TRRs e cerca de 52 mil revendedores de GLP, além da revenda de lubrificantes. Nossa missão é acompanhar o mercado de revenda de combustíveis, com a meta de fomentar o desenvolvimento econômico e social do setor, contribuindo assim para melhorar a qualidade de vida da nação. Tiragem: 25 mil exemplares Auditada pelo Presidente: Paulo Miranda Soares Presidente de Honra: Gil Siuffo 1º Vice-Presidente: Roberto Fregonese 2º Vice-Presidente: Mário Luiz P. Melo 3º Vice-Presidente: Walter Tannus Freitas 4º Vice-Presidente: Adão Oliveira da Silva 5º Vice-Presidente: José Carlos Ulhôa Fonseca 6º Vice-Presidente: Maria Aparecida Siuffo Schneider 1º Secretário: José Camargo Hernandes 2º Secretário: José Augusto Melo Costa 3º Secretário: Emilio Roberto C. Martins 1º Tesoureiro: Ricardo Lisboa Vianna 2º Tesoureiro: Manuel Fonseca da Costa 3° Tesoureiro: Mário Duarte Conselheira Fiscal Efetiva: Maria da Penha Amorim Shalders Conselheiro Fiscal Efetivo: Flávio Henrique B. Andrade Conselheiro Fiscal Efetivo: Luiz Felipe Moura Pinto Diretor de TRR: Álvaro Rodrigues Antunes de Faria Diretor de Postos de Rodovia: Ricardo Hashimoto Diretor de Meio Ambiente: João Batista Porto Cursino de Moura Diretor de GNV: João Batista Porto Cursino de Moura Diretor de Conveniência: João Victor Renault Diretoria: Aldo Locatelli, Alírio José Gonçalves, Álvaro Rodrigues A.Faria, Carlos Henrique R.Toledo, Dilleno de Jesus T. da Silva, Flavio Martini S.Campos, João Batista P.C.Moura, João Victor C.R.Renault, José Vasconcelos da R. Junior, Mário Shiraishi, Omar A.Hamad Filho, Ricardo Hashimoto, Roque André Colpani, Ruy Pôncio Conselho Editorial: José Alberto Miranda Cravo Roxo, José Luiz Vieira, Luiz Gino Henrique Brotto, Marciano Francisco Franco e Ricardo Hashimoto Edição: Mônica Serrano (monicaserrano@fecombustiveis.org.br) Editora-assistente: Gisele de Oliveira (assessoria.comunicacao@fecombustiveis.org.br) Redação: Rosemeire Guidoni (roseguidoni@uol.com.br), e Hylda Cavalcanti Capa: Alexandre Bersot, sobre foto do Wikimedia Commons Economista responsável: Isalice Galvão Publicidade: Gerente comercial: Celso Guilherme Figueiredo Borges (celsoguilherme@fecombustiveis.org.br) Telefone: (21) 2221-6695 Programação visual: Priscilla Carvalho (priscilla.carvalho@fecombustiveis.org.br) Fecombustíveis Av. Rio Branco 103/13° andar - Centro-RJ - Cep.: 20.040-004 Telefone: (21) 2221-6695 Site: www.fecombustiveis.org.br/revista E-mail: revista@fecombustiveis.org.br

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Cada vez maior Quando esta edição chegar até você, certamente será com alguns dias de atraso. Mas é por uma boa causa, “seguramos” o fechamento da revista para trazer a você, leitor, a cobertura completa da Expopostos & Conveniência 2013. Quem participou do evento pôde comprovar a extensão do crescimento da feira. Seguramente, em comparação com os anos anteriores, foi a maior. Estiveram presentes 180 expositores, com participação recorde de público, cerca de 20 mil visitantes do Brasil e do exterior. Já se passaram 11 anos desde a 1ª edição, este ano, além da feira, que trouxe as novidades tecnológicas do setor, lançamentos de produtos e serviços, o Fórum promoveu palestras com executivos de renome, como o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles e Dan Munford, CEO da Insight Research e membro permanente do Comitê Internacional da Nation Association of Convenience Stores (NACS). A cobertura completa dos debates e palestras sobre o mercado de conveniência, logística do diesel S10, qualidade dos lubrificantes, entre outros temas de interesse da revenda, podem ser conferidos na matéria de capa. A concentração de mercado também faz parte da cobertura desta edição. A reportagem de Gisele de Oliveira, editora-assistente, apresenta os números atuais do domínio das bandeiras das três gigantes (BR Distribuidora, Ipiranga e Raízen - que utiliza a marca Shell) e as repercussões deste tema para a revenda. No mercado de conveniência, nossa repórter Rose Guidoni traz um tema delicado: a pressão das distribuidoras sobre os postos embandeirados para abertura de lojas de conveniência de suas franquias. Não é raro, nas ocasiões de renovação de contrato, que a loja de conveniência seja oferecida como parte do negócio. Na seção Meio Ambiente, a repórter Hylda Cavalcanti mostra os benefícios das lâmpadas LEDs para iluminação dos postos de combustíveis, que contribui para a economia de energia, melhora a iluminação e não polui o meio ambiente. Também nesta edição, entrevistei o novo diretor da Rede de Postos de Serviços da BR Distribuidora, Luis Alves de Lima Filho, já conhecido da revenda pela trajetória de carreira vinculada ao setor. Luis Alves apresentou seus planos para a nova gestão e respondeu as dúvidas que fazem parte do dia a dia do revendedor. Boa leitura! Mônica Serrano Editora



44 Luis Alves 4 Diretor da Rede de Postos de Serviços da BR Distribuidora

Nova direção Por Mônica Serrano Bastante conhecido entre os revendedores, Luis Alves de Lima Filho é o novo diretor da Rede de Postos de Serviços da BR Distribuidora. Para a revenda, a expectativa em torno da nova gestão é grande, pelo vasto conhecimento que o diretor agregou sobre o setor ao longo de 28 anos de carreira no segmento. Alves almeja conquistar uma posição de liderança para a BR Distribuidora também na área

de franquias, com foco em dois segmentos: lojas de conveniência e mercado de lubrificantes. O objetivo é atingir o primeiro lugar no market share para as marcas BR Mania e Lubrax + . Luis Alves evitou comentar sobre o reajuste da gasolina e do óleo diesel, pleiteado pela Petrobras. Entretanto, respondeu aos questionamentos da revenda sobre o formato de contratos das lojas de conveniência para os conveniados das bandeiras. Ele enfatizou que, numa relação de parceria entre

BR e revenda embandeirada destoa a abertura de uma loja de outra marca e a implantação da franquia só é feita após uma ampla análise mercadológica, averiguadas as particularidades de cada região e do ponto de venda. O contrato é de comum acordo, entre ambas as partes, para que não haja frustração entre franqueador e franqueado. Outros temas que trazem um ponto de interrogação sobre a revenda também foram abordados nesta seção. Confira a seguir os

Fotos: Somafoto/Claudio Ferreira

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principais trechos da entrevista de Luis Alves concedida à revista Combustíveis & Conveniência, na sede da BR Distribuidora, no Rio de Janeiro. Combustíveis & Conveniência: Como novo diretor para a área automotiva da maior distribuidora do país, quais são suas metas para a condução desta área? Luis Alves As metas são claras: perseguir o aumento de market share com rentabilidade, zelando pela saúde financeira de todos os elos da cadeia, através do crescimento sustentável, da ética, da responsabilidade social, ambiental e econômica, oferecendo aos consumidores uma rede de excelência com produtos e serviços de 1ª qualidade. As franquias BR Mania e Lubrax + estão presentes nos nossos projetos de forma marcante. C&C: Houve alguma outra alteração na Diretoria da BR Distribuidora? O que motivou essa modificação e de que maneira isso pode impactar na Revenda? LA: A Diretoria de Operações e Logística também está com novo diretor, numa movimentação normal dentro dos quadros da companhia, com destaque para sua história na área de revenda. Minha carreira foi feita dentro da BR Distribuidora. A maioria dos problemas é conhecida. São 28 anos no mercado automotivo e essa experiência facilita a interlocução com os participantes do setor, com os revendedores e franqueados, então me sinto muito à vontade para fazer esse trabalho. C&C: Para começar, quais são as prioridades de sua gestão?

LA: Colocar a BR num lugar de destaque no mercado de lubrificantes, ocupando a liderança na venda de lubrificantes no país e atingir o 1º lugar do market share da BR Mania, que hoje ocupa o 3º lugar. Pretendemos aumentar a nossa participação em número de lojas de conveniência. A meta é abrir 100 lojas por ano até 2017. Este ano, devemos fechar com 850 lojas. C&C: Qual é a estratégia para atingir essa meta? LA: Nas lojas de conveniência, por meio da capacitação de nossos empregados e o próprio modelo de formatação de nossa franquia, hoje tem mais de 140 produtos com marca própria. Outro foco será a implantação dos centros avançados de lubrificação, que é o Lubrax +. A nossa meta é arrojada, transformar os Lubrax Centers, que é o modelo antigo, nos Lubrax + (franquia). Nesse processo, são mais de 1000 migrações por fazer. Atualmente, temos um número bastante razoável, mais de 450.

C&C: Como são os atuais contratos para as lojas BR Mania? Tais documentos permitem alguma flexibilidade ao revendedor, como por exemplo, a inclusão de serviços ou produtos fora do mix predeterminado pela bandeira? Como é a política da BR, no caso de postos revendedores que, eventualmente, não tenham interesse nos negócios de conveniência, ou optem por lojas independentes? LA: Os contratos das franquias da Petrobras Distribuidora observam as diretrizes estabe-

4FICHA TÉCNICA Recomendação de leitura: Liderança baseada em valores Autores: Carmem Migueles e Marco Tulio Zanini Editora: Campus Combustíveis & Conveniência • 11


44 Luis Alves 4 Diretor da Rede de Postos de Serviços da BR Distribuidora Colocar a BR num lugar de destaque no mercado de lubrificantes, ocupando a liderança na venda de lubrificantes no país e atingir o 1º lugar do market share da BR Mania, que hoje ocupa o 3º lugar

lecidas pela Lei de Franquias e incorporam as características particulares do mercado de distribuição de combustíveis, uma vez que as franquias se localizam dentro dos postos BR. O contrato estabelece obrigações e direitos da companhia e do franqueado, visando regular a relação e consolidar a parceria com o franqueado. A BR faz uma ficha de avaliação do negócio e do ponto de venda. Se após a análise houver constatação de que o negócio não será lucrativo para o revendedor e franqueador, não faremos a parceria. É óbvio que a área comercial está orientada a fazer o melhor negócio para o revendedor e para a companhia, senão não tem sustentabilidade. É frustrante para o revendedor e para o franqueador, abrir e fechar um negócio. Sabendo que há particularidades regio12 • Combustíveis & Conveniência

nais de consumo, a franquia flexibiliza a comercialização de alguns produtos regionais em seu sistema, desde que estes não conflitem com os produtos de food service BR Mania. Em relação ao tamanho de loja não é problema para a BR Mania, pode-se fazer desde uma loja menor até uma loja maior. Estudos recentes mostram que a BR Mania gera incremento de até 20% no volume de venda de combustíveis. Todas as vantagens de ter uma franquia BR Mania são demonstradas aos parceiros através de nossos profissionais de vendas, que contam com toda uma estrutura e subsídios internos para auxiliá-los na negociação. Então, se tiver que nascer um negócio e a ficha de avaliação do ponto disser que o faturamento é viável para o revendedor, ele vai ser o primeiro a querer fazer comigo. Meu interesse é no ponto, eventualmente, vou fazer a vinculação contratual mesmo sem loja. Na BR, trabalhamos no modelo de parceria. Se cabe uma loja independente para o revendedor, cabe uma BR Mania. Se o posto é uma marca BR, a loja vai ser independente? Que parceria é essa? A loja de conveniência ajuda o dono do posto a viabilizar o negócio como um todo. C&C: A partir de janeiro, estão previstas novas especificações para a gasolina comercializada, como a redução do teor de

enxofre para 50 mg/kg. Também está prevista a adição de detergentes dispersantes à gasolina. Tais mudanças deverão afetar o preço do combustível? LA: A nova gasolina S50 será fornecida pela Petrobras, assim como ocorre com os demais derivados de petróleo. Até o momento não recebemos informações sobre o preço do produto. Estamos com os postos preparados para recebê-lo. C&C: O aumento da demanda de combustíveis, juntamente com as dificuldades logísticas têm refletido na falta de combustíveis em alguns locais do Brasil. A ANP tenta contornar esta situação ao estimular a discussão de novas regulamentações que visam a formação de estoques para suprir o consumo. Essa medida da ANP para garantir o abastecimento é suficiente? Haverá combustível para atender a demanda neste segundo semestre? LA: Nos últimos anos, a demanda por combustíveis cresceu em patamares superiores ao da economia. Apesar disso, de forma geral, os problemas no abastecimento de combustíveis foram pontuais, em regiões que apresentam dificuldade na infraestrutura logística, caso do Norte e Nordeste que são próprios de quem recebe o produto por cabotagem, em função de manifestações nas rodovias ou condições climáticas imprevisíveis. Em geral, as dificuldades


logísticas dizem respeito à falta de frota de caminhões e envolvem os problemas de infraestrutura do país. Entretanto, a BR está preparada para atender a demanda do segundo semestre, da nossa parte não vai faltar combustível. C&C: Atualmente, o S10 tem 15% do total das vendas de óleo diesel. Quais são os planos da BR em relação ao S10? Há produto para todos, inclusive os que não têm motor Euro 5? LA: O diesel S10 é considerado um produto estratégico para a BR, que já investiu cerca de R$ 200 milhões, desde 2011, em sua implementação e consolidação. Além dos caminhões Euro 5, nos quais o consumo de diesel BTE é obrigatório, verificamos que uma parcela dos consumidores do S10 é de proprietários de caminhões que não têm motor Euro 5. Desta forma, há disponibilidade de S10 para todos os consumidores, e o produto pode ser encontrado em 3.580 postos BR distribuídos em todo o país.

adequação da infraestrutura logística à demanda esperada. C&C: Há alguma expectativa/ estratégia da BR para elevar as vendas de GNV? LA: A partir da crise de fornecimento de gás natural ocorrida em 2007 houve uma grande retração no mercado de GNV no país, com exceção de alguns mercados específicos, como o do Rio de Janeiro, que incentiva o consumo através de redução no IPVA dos veículos convertidos para GNV. O que vemos agora é um grande esforço de algumas concessionárias de gás natural no sentido de manter o volume atualmente comercializado, bem como uma grande expectativa do mercado sobre uma definição da estratégia que o país adotará para garantir a disponibilidade e o preço desse combustível. Tal esforço pode ser evidenciado por meio de lançamentos de campanhas de incentivo à conversão de veículos e acordos com os governos estaduais para a obtenção de redução da carga

tributária, possibilitando, assim, um menor preço ao revendedor e ao consumidor final. No caso de São Paulo, a Comgás tomou a iniciativa de incentivar o uso do GNV pela desoneração de impostos, mas como foi uma medida recente ainda não fechamos um ciclo para avaliar o impacto. A BR, por sua vez, se preparou para enfrentar esse momento de mercado promovendo um saneamento na rede de postos de GNV a partir da reavaliação de custos operacionais e da otimização dos ativos envolvidos, o que culminou com a implementação de uma nova política comercial, que disponibilizou, inclusive, novas opções de modelos de negócios para esse produto. No mercado como está hoje, nosso plano foi sanear a nossa rede porque não tem ficado bom, nem para o revendedor, nem para BR. Assim, a empresa tem sido bastante criteriosa na avaliação de novas oportunidades a fim de garantir efetiva sustentabilidade ao negócio, acreditando na possibilidade

C&C: A BR pretende estipular algum tipo de critério para comercialização do Arla-32 a granel para a revenda? Haverá um perfil ou volume mínimo do produto que o posto terá que vender? LA: A comercialização do Arla-32 é regulada pelo Inmetro, e a venda do Flua (Arla-32 da BR) a granel seguirá as regras determinadas pelo órgão regulador (Portarias 389/2013, 139/2011 e 388/2011). O Inmetro determinou que o tanque para venda de Arla-32 a granel nos postos deve ter capacidade mínima de 3 mil litros. O pedido mínimo do posto para a BR será determinado após a conclusão de um estudo que estamos fazendo sobre a Combustíveis & Conveniência • 13


44 Luis Alves 4 Diretor da Rede de Postos de Serviços da BR Distribuidora preparada para lidar com esses aumentos? LA: A BR apoiou o programa do biodiesel antes mesmo da obrigatoriedade da mistura no diesel. No entanto, aumentos no percentual da mistura devem ser avaliados quanto à disponibilidade de oferta de matéria-prima, armazenagem e transporte, dado que, por exemplo, um aumento na mistura dos atuais 5% para 7% significa aumentar em 40% a demanda de B-100. Dessa forma, as propostas de aumento do teor de biodiesel devem ser criteriosamente formuladas e analisadas, considerando os fatores citados (oferta, infraestrutura, impacto para o consumidor), com incrementos graduais e planejados com antecedência. Isso requer estudo e não temos informações sobre as implicações técnicas.

de, em médio prazo, termos um novo cenário favorável ao negócio de GNV no país. C&C: As empresas de distribuição estão buscando cada vez mais parcerias, ou aquisições, com distribuidoras menores para ampliar sua participação de mercado. A BR é líder em vendas de combustíveis. Quais são os planos para manter esta liderança de mercado? LA: A BR sempre está atenta às oportunidades de mercado, visando consolidar sua liderança. A estratégia básica de todo negócio de distribuição é oferecer produtos e serviços de excelência. Como dissemos, o foco vai ser o mercado de franquias. C&C: O Anuário da ANP mostra que houve um aumento de concentração no mercado de distribuição de combustíveis nos últimos anos. Como a BR avalia a questão? Isso não prejudica os demais elos da cadeia e, consequentemente, o consumidor final? LA: Observamos que há várias distribuidoras atuando nesse segmento, com variedade de robustez empresarial, e entendemos que a livre concorrência existente no país não deixa margem para prejudicar o consumidor final. Não considero nenhum prejuízo para o consumidor, basta ver o lançamento dos programas de fidelização, a competitividade e o sobe e desce de participações entre as distribuidoras, cada uma está brigando pelo seu espaço. E quem tiver mais competência, melhor apresentação de qualidade nos produtos e serviços, vai liderar o mercado. A BR continua atenta às oportunidades. 14 • Combustíveis & Conveniência

C&C: O volume de postos revendedores está em torno de 40.000. Como se sabe, nem sempre são bem distribuídos de acordo com as necessidades do abastecimento. O senhor concorda que deveríamos ter uma lei federal, como a que está em trâmite no Congresso, para disciplinar a abertura de novos postos ou as leis do mercado são suficientes para fazer esta regulação? LA: Acreditamos nas regras estabelecidas pelo mercado da livre concorrência e pautamos nossas ações estratégicas dentro desse conceito. C&C: Os produtores de biodiesel estão, por meio de uma Frente Parlamentar, propondo o aumento do teor de biodiesel para patamares que variam de 7% no curto prazo a 20% no médio prazo. O senhor é a favor do aumento do percentual da mistura? A BR está

C&C: Muitos revendedores reclamam que algumas distribuidoras não têm uma política de preços clara. Os postos revendedores da mesma bandeira têm preços diferentes na mesma região de influência, às vezes, na mesma avenida. Qual a visão da BR sobre esta questão? LA: É o próprio mercado que determina o preço a ser praticado. Além disso, a BR possui regras claras quanto à prática de preços para sua rede de postos. Todo mercado é pautado pela demanda do próprio mercado. O preço de bomba é livre, é estipulado pelo revendedor, não cabe à distribuidora falar sobre isso. Como todo negócio, é uma economia de escala, comparadas as mesmas condições de um posto ao lado do outro, com volumes semelhantes, não há porque ter grande diferença de preços. Postos que consomem


maior volume, a tendência é ter menor preço. C&C: Sobre a questão de preços, a revenda tem reclamado sobre o fato de as distribuidoras formarem seus preços com base no preço de bomba do revendedor. A maioria concorda que esse critério é justo, porém qual é o limite para a margem da companhia? Este assunto pode ser abordado com mais transparência a este critério? LA: A BR não faz preço com base no preço de bomba do revendedor. O critério da empresa é definido de acordo com a sua política comercial. Esse procedimento não se aplica à BR. Cada distribuidora adota sua política de preços específica, de acordo com a estratégia de atuação no mercado, custos e planos de investimento. A BR preza pela sustentabilidade do negócio do revendedor e da distribuidora. Como fazemos parte de uma cadeia, é importante que todos os elos se mantenham financeiramente saudáveis.

Quem tiver mais competência, melhor apresentação de qualidade nos produtos e serviços, vai liderar o mercado. A BR continua atenta às oportunidades

Esse é nosso conceito amplo de parceria: uma troca permanente de expertise que visa o crescimento integrado da nossa rede, e que vem se mostrando vitorioso ao longo do tempo. Todas as companhias têm o seu plano de marketing. Nós temos o nosso e o nível de adesão já chegou a 90% e não vejo nenhuma crítica ao programa em si. O PIM visa elevar a venda do revendedor, fidelizar os clientes através do programa de fidelidade, treinar os nossos revendedores. Se ele está numa bandeira, ele tem que escolher o plano da bandeira a que ele está vinculado.

C&C: O que podemos esperar para o segundo semestre em relação às vendas de combustíveis? Encerraremos 2013 em melhores condições do que o ano passado? LA: O segundo semestre é historicamente muito demandado, e a nossa expectativa é fechar o ano de 2013 com crescimento bem superior ao PIB, em cerca de 8%. O que mais tem nos beneficiado é o aumento da faixa de renda. Temos, também, o aumento da frota de veículos, a previsão de safra agrícola recorde, todos esses fatores contribuirão para termos um crescimento acima do país. n

C&C: Outra insatisfação da revenda se refere ao Plano Integrado de Marketing (PIM) cuja adesão é cara. O revendedor, muitas vezes, fica com pouca liberdade de escolha. A sua gestão está disposta a rever as condições do PIM (plano mais acessível e liberdade para entrar ou não) para o ano que vem? LA: A BR investe muitos recursos na elaboração e montagem do PIM, que foi demandado por significativa parte da revenda. Possuímos a grande maioria da nossa rede dentro do plano, que possui condições flexíveis de pagamento e oferece retorno de resultados para nossos clientes. Combustíveis & Conveniência • 15


44 SINDICATOS FILIADOS

ACRE José Magid Kassem Mastub Rua Pernambuco nº 599 - Sala 4 Bairro: Bosque Rio Branco-AC Fone: (68) 3226-1500 sindepac@hotmail.com www.sindepac.com.br ALAGOAS Carlos Henrique Toledo Av. Jucá Sampaio, 2247, Barro Duro Salas 93/94 Shopping Miramar Maceió-AL Fone: (82) 3320-2902/1761 Fax: (82) 3320-2738/2902 scvdpea@uol.com.br www.sindicombustiveis-al.com.br AMAZONAS Luiz Felipe Moura Pinto Rua Rio Içá, 26 - quadra 35 Conj. Vieiralves Manaus-AM Fone: (92) 3584-3707 Fax: (92) 3584-3728 sindcam@uol.com.br BAHIA José Augusto Melo Costa Av. Otávio Mangabeira, 3.127 Costa Azul Salvador-BA Fone: (71) 3342-9557 Fax: (71) 33429557/9725 sindicombustiveis@sindicombustiveis. com.br www.sindicombustiveis.com.br CEARÁ Vilanildo Fernandes Rua Visconde de Mauá, 1.510 Aldeota Fortaleza-CE Fone: (85) 3244-1147 sindipostos@sindipostos-ce.com.br www.sindipostos-ce.com.br DISTRITO FEDERAL José Carlos Ulhôa Fonseca SHCGN-CR 704/705, Bloco E entrada 41, 3º andar, sala 301 Brasília-DF Fone: (61) 3274-2849 Fax: (61) 3274-4390 sindicato@sindicombustiveis-df. com.br www.sindicombustiveis-df.com.br ESPÍRITO SANTO Nebelto Carlos dos Santos Garcia Rua Vasco Coutinho, 94 Vitória-ES Fone: (27) 3322-0104 Fax: (27) 3322-0104 sindipostos@sindipostos-es.com.br www.sindipostos-es.com.br GOIÁS Leandro Lisboa Novato 12ª Avenida, 302 Setor Leste Universitário Goiânia-GO Fone: (62) 3218-1100 Fax: (62) 3218-1100 sindiposto@sindiposto.com.br www.sindiposto.com.br MARANHÃO Orlando Pereira dos Santos Av. Colares Moreira, 444, salas 612 e 614 Edif. Monumental 16 • Combustíveis & Conveniência

São Luís-MA Fone: (98) 3235-6315 Fax: (98) 3235-4023 secretaria@sindcombustiveis-ma.com.br www.sindcombustiveis-ma.com.br MATO GROSSO Aldo Locatelli R. Manoel Leopoldino, 414, Araés Cuiabá-MT Fone/Fax: (65) 3621-6623 contato@sindipetroleo.com.br www.sindipetroleo.com.br MATO GROSSO DO SUL Mário Seiti Shiraishi Rua Bariri, 133 Campo Grande-MS Fone: (67) 3325-9988 / 9989 Fax: (67) 3321-2251 sinpetro@sinpetro.com.br www.sinpetro.com.br MINAS GERAIS Paulo Miranda Soares Rua Amoroso Costa, 144 Bairro Santa Lúcia Belo Horizonte-MG Fone/Fax: (31) 2108- 6500/ 2108-6530 minaspetro@minaspetro.com.br www.minaspetro.com.br PARÁ Alírio José Duarte Gonçalves Av. Duque de Caxias, 1337 Bairro Marco Perímetro: Trav. Mariz e Barros/Trav. Timbó Belém-PA Fone: (91) 3224-5742/ 3241-4473 secretaria@sindicombustiveis-pa. com.br www.sindicombustiveis-pa.com.br PARAÍBA Omar Aristides Hamad Filho Rua Rodrigues de Aquino, 267 5º andar - Centro João Pessoa-PB Fone: (83) 3221-0762 - Fax: (83) 3221-0762 sindipet@hotmail.com www.sindipetropb.com.br PARANÁ Roberto Fregonese Rua Vinte e Quatro de Maio, 2.522 Curitiba-PR Fone/Fax: (41) 3021-7600 diretoria.sindi@sindicombustiveis-pr. com.br www.sindicombustiveis-pr.com.br PERNAMBUCO Fernando Cavalcanti Rua Desembargador Adolfo Ciríaco,15 Recife-PE Fone: (81) 3227-1035 Fax: (81) 3445-2328 sinpetro@sindicombustiveis-pe.org.br www.sindicombustiveis-pe.org.br PIAUÍ Robert Athayde de Moraes Mendes Av. Jockey Club, 299, Edificio Eurobusiness 12º, sala 1212 Teresina-PI Fone: (86) 3233-1271 Fax: (86) 3233-1271 sindpetropi@gmail.com www.sindipetropi.org.br

RIO DE JANEIRO Ricardo Lisboa Vianna Av. Presidente Franklin Roosevelt, 296 São Francisco Niterói–RJ Fone/Fax: (21) 2704-9400 sindestado@sindestado.com.br www.sindestado.com.br RIO DE JANEIRO - MUNICÍPIO Manuel Fonseca da Costa Rua Alfredo Pinto, 76 - Tijuca Rio de Janeiro-RJ Fone: (21) 3544-6444 sindcomb@infolink.com.br www.sindcomb.org.br RIO GRANDE DO NORTE Antonio Cardoso Sales Rua Monte Sinai - Galeria Brito salas 101/102 Natal-RN Fone: (84) 3217-6076 Fax (84) 32176577 sindipostosrn@sindipostosrn.com.br www.sindipostosrn.com.br RIO GRANDE DO SUL Adão Oliveira Rua Cel. Genuíno, 210 - Centro Porto Alegre-RS Fone: (51) 3228-7433 Fax: (51) 3228-3261 presidencia@sulpetro.org.br www.sulpetro.org.br RIO GRANDE DO SUL – SERRA GAÚCHA Paulo Ricardo Tonolli Rua Ítalo Victor Berssani, 1.134 Caxias do Sul-RS Fone/Fax: (54) 3222-0888 sindipetro@sindipetroserra.com.br www.sindipetroserra.com.br RONDÔNIA Volmir Ramos Xinaider Travessa Guaporé, Ed. Rio Madeira, 3º andar, salas 307/308 Porto Velho-RO Fone: (69) 3223-2276 Fax: (69) 3229-2795 sindipetroro@uol.com.br sindipetroro@hotmail.com www.sindipetro-ro.com.br RORAIMA Abel Salvador Mesquita Junior Av. Surumu, 494 São Vicente - Boa Vista - RR Fone: (95) 3623-8844 sindipostos.rr@hotmail.com SANTA CATARINA Lineu Barbosa Villar Rua Porto União, 606 Bairro Anita Garibaldi Joinville-SC Fone: (47) 3433-0932 / 0875 Fax: (47) 3433-0932 sindipetro@sindipetro.com.br www.sindipetro.com.br SANTA CATARINA - BLUMENAU Julio César Zimmermann Rua Quinze de Novembro, 550/4º andar Blumenau-SC Fone: (47) 3326-4249/Fax: (47) 3326-6526 sinpeb@bnu.matrix.com.br www.sinpeb.com.br

SANTA CATARINA - FLORIANÓPOLIS Valmir Osni de Espíndola Av. Presidente Kennedy, 222 - 2º andar Campinas São José-SC Fone: (48) 3241-3908 sindopolis@gmail.com SANTA CATARINA - LITORAL CATARINENSE E REGIÃO Roque André Colpani Rua José Ferreira da Silva, 43 Itajaí-SC Fone: (47) 3241-0321 Fax: (47) 3241-0322 sincombustiveis@sincombustiveis. com.br www.sincombustiveis.com.br SÃO PAULO - CAMPINAS Flávio Martini de Souza Campos Rua José Augusto César, 233 Jardim Chapadão Campinas-SP Fone: (19) 3284-2450 recap@recap.com.br www.recap.com.br SÃO PAULO - SANTOS José Camargo Hernandes Rua Dr. Manoel Tourinho, 269 Bairro Macuco Santos-SP Fone: (13) 3229-3535 Fax: (13) 3229-3535 secretaria@resan.com.br www.resan.com.br SERGIPE Flávio Henrique Barros Andrade Rua Raimundo Fonseca, 57, Bairro Treze de Julho Aracaju-SE Fone: (79) 3214-7438 Fax: (79) 3214-4708 sindpese@infonet.com.br www.sindpese.com.br SINDILUB Laércio dos Santos Kalauskas Rua Trípoli, 92, conj. 82 Vila Leopoldina São Paulo-SP Fone: (11) 3644-3440/ 3645-2640 sindilub@sindilub.org.br www.sindilub.org.br TOCANTINS Eduardo Augusto Rodrigues Pereira 103 Sul, Av. LO 01 - Lote 34 - Sala 07 Palmas-Tocantins Fone: (63) 3215-5737 sindiposto-to@sindiposto-to.com.br www.sindiposto-to.com.br TRR Álvaro Rodrigues Antunes de Faria Rua Lord Cockrane, 616 8º andar, salas 801/804 e 810 Ipiranga-SP Fone: (11) 2914-2441 Fax: (11) 2914-4924 info@sindtrr.com.br www.sindtrr.com.br Entidade associada ABRAGÁS (GLP) José Luiz Rocha (41) 8897-9797 abragas.presidente@gmail.com


OPINIÃO 44 Paulo Miranda Soares 4 Presidente da Fecombustíveis

De olhos abertos Tenho muito orgulho em participar do setor da rença em seu negócio. revenda. Desde que comecei como proprietário de Portanto, não basta postos, acompanhei o amadurecimento do setor apenas montar uma que, aos poucos, ganha cada vez mais profissioloja de conveniência, é preciso conhecer quais nalização. Prova disso é o sucesso da Expopostos são as necessidades & Conveniência, evento que começou modesto, de sua clientela, saber cresceu e hoje representa a maior feira da América quem é seu cliente e oferecer produtos adequados Latina. Revendedores do Brasil inteiro e de outros para o que ele precisa. países tiveram a oportunidade de participar e coAs boas ideias sempre fazem a diferença. nhecer o que há de mais moderno e inovador em Quem não gosta de levar um pão quente para produtos e serviços para aprimorar seus negócios. casa depois de sair do trabalho? É o produto cerO ambiente da feira promoveu o encontro entre os empresários do setor, que compartilharam suas to, na hora certa, atendendo o desejo de quem experiências, trocaram informações e buscaram passa pela loja. O posto se tornou um ambiente soluções para determinadas questões. fomentador de negócios. De um lado, você oferece Esta proximidade é de vital importância para comodidade e praticidade para o freguês e, de o fortalecimento da categoria. Nós, no papel de outro, gera renda para seu negócio. líderes sindicais, defendemos o estreitamento Não poderia deixar de comentar, neste de relações para que possamos, cada vez mais, espaço, outro assunto que envolve diretamenatender as demandas do te os revendedores: o revendedor. As necessida- As lojas de conveniência são um exemplo aumento de preços da gasolina e do óleo diesel des do segmento não estão de mercado em potencial que têm ainda este ano. Cada apenas na defesa junto ampliado sua participação na revenda. Este vez mais, aumenta a aos órgãos reguladores mercado ainda tem muito para crescer no diferença de preços dos ou Congresso Nacional. Brasil, no que se refere à exploração de combustíveis no Brasil e Estamos presentes no dia a dia também como novos nichos de mercado. Quem consegue no exterior e quem está enxergar isso, pode se dar muito bem pagando essa conta é a empresários, promovendo Petrobras. Na tentativa eventos, fomentando o de segurar a inflação, o conhecimento, oferecendo governo adotou a política de contenção de prenovas ferramentas que podem estar ao alcance de todos para trazer uma gestão mais eficiente ço, descapitalizando a estatal gradativamente. do negócio. Juntos, evoluímos a cada ano que Como todos sabem, a situação da Petrobras passa e a Expopostos & Conveniência 2013 estem se agravado. Com o câmbio elevado, o governo tem sido pressionado pelo impacto no pelha essa evolução. preço não só dos combustíveis, mas de vários Hoje em dia, para ser empresário da revenda, produtos importados necessários ao processo é preciso ampliar sua visão para encontrar novas de produção do país em diversos segmentos. alternativas de negócio. As lojas de conveniência A inflação está batendo à nossa porta. são um exemplo de mercado que têm ampliado Faço um alerta para os revendedores, pois sua participação nos postos. Este mercado ainda estamos na iminência de um anúncio de elevação tem muito para crescer no Brasil, no que se refere de preços de combustíveis (até o fechamento à exploração de novos nichos de mercado. Quem desta edição, o governo não tinha divulgado o consegue enxergar isso, pode se dar muito bem, reajuste) e o ideal é que tenhamos estoques maioprincipalmente se tiver a oferecer produtos prontos que facilitam o dia a dia de quem não tem tempo a res. Fiquem de olhos e ouvidos abertos para não perder. Neste cenário, trazer para a loja a mulher serem pegos despreparados e, em consequência que trabalha fora e passa em frente ao seu posto disso, ficarem descapitalizados. Vamos esperar todos os dias na volta para casa pode fazer a difeo reajuste. O momento é de atenção. Combustíveis & Conveniência • 17


Confira as principais ações da Fecombustíveis durante o mês de agosto de 2013: 01 -

Reunião do Conselho de Representantes da Fecombustíveis,

em Manaus/AM;

01 e 02 - 10º Encontro de Revendedores de Derivados de Petróleo e Lojas de Conveniência da Região Norte, em Manaus/AM;

14 -

Participação de Ricardo Hashimoto, Diretor de Postos de

Rodovias da Fecombustíveis no “7o Encontro Empresarial Na Mão Certa”, realizado pela Childhood Brasil e o Programa Na Mão Certa, em painel sobre a Lei 12.619 (profissão de Motorista) e a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes;

15 e 16 - Participação da Fecombustíveis no “4º Encontro Nacional do Gás LP (Enagás)”, no Rio de Janeiro/RJ;

21 - Participação da Fecombustíveis em reunião com o novo diretor da Rede de Postos de Serviços da BR Distribuidora, Sr. Luis Alves de Lima Filho;

21 - Participação da Fecombustíveis em reunião do Ministério de Minas e Energia, na “Sala de Situação do Óleo Diesel S-10 e Arla-32”;

21 - Participação da Fecombustíveis em reunião com a Superintendência de Abastecimento da ANP, sobre a Audiência Pública 8/2012 (Revisão da Portaria 116);

27 a 29 - Participação da Fecombustíveis na “Expopostos & Conveniência 2013”;

29 -

Participação da Fecombustíveis em Audiência Pública ANP

nº 22/2013 sobre as especificações da gasolina comercial destinada aos veículos automotores homologados;

30 - Participação da Fecombustíveis no “II Encontro IBEF de Combustíveis”, no Rio de Janeiro/RJ. 18 • Combustíveis & Conveniência


OPINIÃO 44 Roberto Fregonese 4 Vice-presidente da Fecombustíveis

Em monitoramento

O pleito da estatal será atendido, em breve, Com a recente disparada do dólar, a situao governo deve anunciar o valor de reajuste. ção das contas da Petrobras ficaram bem mais complicadas, pois a defasagem entre o preço dos O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, tem combustíveis no Brasil comparado com o exterior afirmado que nenhum aumento de preços é bom, faz novamente acender a luz amarela no governo mas se considerarmos que a gasolina já acumula e, principalmente, na estatal. uma defasagem de R$ 0,40 por litro e o diesel, de Só nos últimos quatro meses, quando a R$ 0,46 por litro, tal discrepância deteriora ainda moeda norte-americana começou sua escalada, mais o caixa dos produtores brasileiros, principala diferença de preços em mente da Petrobras que, reais por litro quintuplicou. além disso, ainda tem Somente a gasolina passou elevado endividamento O fato de querer fazer política com pre- em moeda estrangeira, de R$ 0,08 por litro, em abril, ço de energia tem colocado a Petrobras o que a coloca em risco. para mais de R$ 0,40 em em situação difícil. O governo começou agosto, ou seja, a defasagem O fato de querer fazer a segurar os preços dos derivados com o política com preço de é grande e as refinarias objetivo de conter a inflação, mas, hoje energia tem colocado a da Petrobras já trabalham os preços continuam altos e a estatal com mais de 23% de seu Petrobras em situação preço de realização abaixo não tem caixa suficiente para continuar difícil. Depois que o godo praticado pelo mercado verno começou a segurar a mantê-los no patamar atual. internacional. os preços dos derivados O diretor financeiro da com o objetivo de conter a companhia, Almir Barbassa, inflação - a partir de 2010 defendeu a necessidade de serem reajustados os -, agora, os preços continuam altos e a estatal não preços dos derivados de petróleo com urgência. tem caixa suficiente para continuar a mantê-los no A situação da Petrobras piora cada vez mais. O patamar atual. Diante deste panorama, o governo nível de endividamento da companhia em relação vai atendero pedido da Petrobras. ao seu patrimônio, que já supera, de longe, os O que nos resta é ficar monitorando os moníveis fixados pela estatal. vimentos do mercado.

Combustíveis & Conveniência • 19


44 MERCADO

GLP em discussão Encontro Nacional de Gás LP colocou em foco temas de questionamento do setor, como a revisão da Portaria 297, a verticalização, o combate à informalidade, a fiscalização e as perspectivas para o negócio Por Mônica Serrano Um velho conhecido dos lares brasileiros, o botijão de gás circula pelas ruas do país da mesma forma, no mesmo tipo de embalagem, há cerca de 70 anos. Desde então, o mercado de gás liquefeito de petróleo (GLP) cresceu, se expandiu, novos revendedores entraram e hoje totalizam 53,5 mil. No ano passado, foram comercializados 7,1 milhões de toneladas e 92% dos municípios brasileiros são abastecidos pelo produto. Mas qual foi a inovação que o GLP trouxe ao mercado nos últimos anos?

Com esse questionamento, Marcelo Silva, especialista em regulação da ANP, abriu o painel de debates sobre fiscalização e inovação no mercado GLP, na 4ª edição do Encontro Nacional do Gás LP (Enagás), que aconteceu em 15 e 16 de agosto, no Rio de Janeiro. Segundo o especialista, o setor não tem investido em inovação, pesquisa e tecnologia de forma a promover uma gestão mais eficiente do negócio. “Se tivéssemos um botijão que levasse dois quilos a mais de gás, numa embalagem que fosse três quilos mais leve, por exemplo, quanto economizaríamos em óleo diesel,

pneu? Quanto de gás levaríamos a mais? Não vejo essa discussão sendo aprofundada”, comentou. Na área de tecnologia, o segmento não tem usufruído das possibilidades de inovação que poderiam contribuir para implementação de melhorias, como a implantação de um chip no botijão que trouxesse rastreabilidade, permitisse conhecer o consumidor e promovesse dinamismo ao segmento. Além de incitar a discussão sobre modernização, que levaria à redução de custo e gestão mais eficiente, Silva trouxe um balanço dos resultados desde a implantação do Programa Gás Legal.

Revenda de GLP se reúne para discutir as questões do setor

Fotos: Divulgação Sindigás

20 • Combustíveis & Conveniência


De 35.853 revendas autorizadas, em setembro de 2010, expandiram para 53.566, em julho de 2013, ou seja, um crescimento de 49,4%. A expansão em relação aos municípios foi visível, com o incentivo do programa. Quando começou em 2010, 74,5% do total de municípios do país eram cobertos e foram para 92,2%, em julho, chegando próximo à meta traçada pelo Gás Legal, com a cobertura de abastecimento de GLP em 100% de municípios nacionais até 2014. No âmbito do negócio, apesar da expansão da quantidade de revendedores, o número de revendas desativadas desde o início de 2013 indica sinal de alerta. De 1º de janeiro a 14 março deste ano, foram desa-

tivadas 188 revendas em todo o Brasil, enquanto que, de 15 março até 22 julho, 644 revendas encerraram suas atividades. “Isso demonstra que o mercado não está bom e o que é preciso fazer para melhorar? Devemos refletir sobre isso para garantir o investimento do setor”, alertou. Ao mesmo tempo em que o Programa tem trazido efeitos positivos para o segmento, há situações que demonstram algumas fragilidades. De todo o Brasil, a situação no Nordeste é a mais complicada, em comparação aos demais estados brasileiros, com 292 municípios sem revenda, ou seja, 56,6% do total do país. Em contrapartida, Silva apontou que no âmbito da economia, o Nordeste tem crescido economi-

camente e atraído investimentos para o local. Segundo o IBGE, no período de 2004 a 2011, a classe média cresceu 50% na região Nordeste. De cada 10 brasileiros que entraram na classe C (renda domiciliar média de R$ 2.295), três são nordestinos. “Estamos diante de uma nova fronteira econômica. Os empresários devem estar atentos para ver onde as fronteiras estão sendo abertas”. Boa parte dos problemas do segmento de GLP debatidos no evento apontam para a falta de profissionalização do setor, a dificuldade de combater a informalidade, o fortalecimento da categoria para buscar, em conjunto com as entidades sindicais representativas do segmento, o caminho em defesa


44 MERCADO de seus interesses e melhoria do setor. Está na pauta das discussões a revisão da Portaria 297/2003, que regula a atividade do segmento há dez anos, sendo avaliada a necessidade de atualização e adequação da norma para os agentes do mercado GLP. “Estamos num momento em que os pontos são convergentes para a 297. A revenda tem que saber o que ela quer para o segmento. Precisamos definir o que é bom ou não para o mercado revendedor, definir uma causa de valor para que possamos representá-los, buscando o apoio necessário”, disse José Luis Rocha, presidente da Abragás. Rocha acrescentou que o momento é oportuno para discutir a verticalização do mercado para estabelecer, a partir da revisão da Portaria 297/03, novos parâmetros para atividade comercial de GLP, se referindo à atuação das distribuidoras no mercado varejista. A Abragás defende que atividade das distribuidoras deva ser delimitada somente ao mercado de atacado, de forma similar ao que é determinado para o segmento downstream de combustíveis. Da parte das distribuidoras de GLP, Sergio Bandeira de Mello, presidente do Sindigás, convocou a maior participação da organização dos empresários. “Só vamos obter resultados, se os senhores estiverem organizados em associações, caso contrário não adianta debater regulações”, comentou. O superintendente de Abastecimento da ANP, Aurélio Amaral, afirmou que a revisão da Norma 297 está na agenda regulatória da Agência em 2014, embora o processo para delinear as regras comece a partir de agora. “Não é um processo rápido, estamos 22 • Combustíveis & Conveniência

Evolução das vendas de GLP no Brasil em 2013

Fonte: ANP

elaborando um questionário e em cima dessas perguntas, vamos definir as próximas regras. Enquanto órgão regulador estamos aqui para ouvir o que podemos fazer pelo mercado”, comentou. Em meio aos debates, o promotor Maviael de Souza Filho, do Ministério Público de Pernambuco, levantou a questão sobre a dificuldade de controle de atuação de clandestinos e irregulares. “Vemos a olhos nus pessoas que transportam GLP em motos ou envolvidas com o comércio ilegal. Por que entregar um produto a alguém que não segue as regras?”, questionou. Segundo Souza, a fiscalização da ANP de forma contínua demanda de mais parcerias com Procons, Detrans, Superintendência Regional do Trabalho e Secretaria de Meio Ambiente. A informalidade não abarca apenas o comércio ilegal, mas também a falta de cumprimento à legislação trabalhista e a transgressão das questões ambientais, como depósito de botijões em locais inadequados, que colocam em risco a vida da população. Mais

do que fiscalizar, o promotor defendeu a mudança de cultura dos empresários que praticam a “Lei de Gerson”, para uma conduta ética e de respeito para com o consumidor. “Podemos colocar chip no botijão, mas a revolução do setor será pela mudança de mentalidade do empresário”. n

Sergio Bandeira de Mello, presidente do SINDIGÁS na abertura da ENAGÁS


MERCADO 33

Em crescimento Por Gisele de Oliveira O cenário parece ser meio tenebroso: a China reduzindo seu ritmo de crescimento; aumenta a preocupação com o desenrolar da crise na Síria, que tem impacto direto no preço do petróleo; a retomada de crescimento do PIB norte-americano, que consequentemente, traz o aumento do dólar aqui; aliado a outros efeitos internos, como aumento dos juros e reavaliação do PIB brasileiro. Apesar disso, executivos e membros do governo ainda estão otimistas e acreditam no crescimento do país. Em relação às vendas de combustíveis, o panorama se mostra extremamente positivo. Estes e outros temas foram debatidos no II Encontro IBEF de Combustíveis realizado em 30 de agosto, no Centro de Convenções da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. O crescimento pujante do mercado de combustíveis foi um dos principais pontos abordados durante o debate. De acordo com o diretor da ANP, Florival Rodrigues de Carvalho, no início dos anos 2000, o consumo crescia, em média 1% ao ano; enquanto que, no final da primeira década (entre 2008 e 2010), esse crescimento passou para 6% ao ano, em média, três vezes mais que o crescimento do PIB. O resultado foi um gargalo no abastecimento de combustíveis do país, com o setor passando a importar gasolina para atender

Gisele de Oliveira

Mesmo com previsões de baixo crescimento do país, executivos estão otimistas em relação ao mercado de combustíveis da revenda varejista

a forte demanda. O conselheiro do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), Armando Guedes, fez um alerta para que alguma medida seja tomada logo, pois o setor enfrenta uma defasagem clara entre oferta e demanda e isso pode se agravar com o problema na Síria. Ele destacou ainda que, ao longo dos anos, deixou de se investir em infraestrutura e logística no país, o que aumenta o risco do setor. Apesar dos problemas da produção nacional, o executivo é otimista com o mercado brasileiro. “Os países estão em busca de petróleo e nós temos isso. Temos um programa de investimentos grande, que vai gerar trabalho para todos os brasileiros, e uma grande capacidade de produção de grãos e alimentos. Acredito que, em 2050, o Brasil será realmente a bola da vez”, previu Guedes.

Na foto, Sadi Leite (ao centro) entre Reynaldo Aloy, do IBEFRio, e Eduardo Leão, da Unica. Debate abordou os desafios do mercado de combustíveis no país

Esse cenário positivo não poderia ser melhor para os revendedores, que sentiram na pele a perda de competitividade do etanol frente à gasolina nos últimos anos. Muitos investiram na implantação de tanques para atender a demanda e tiveram que fazer conversões pela queda nas vendas. Tudo por conta da crise que se abateu no setor de agronegócio. “A demanda de etanol caiu violentamente nos últimos anos, enquanto o volume de venda da gasolina cresceu 12%. Isso trouxe para alguns revendedores uma certa frustração por conta dos investimentos feitos decorrentes do boom da frota flex no país. Porém, já podemos sentir as mudanças por conta das medidas adotadas pelo governo. Em alguns estados, o patamar de competitividade do etanol já foi rompido e isso é bom”, avaliou Sadi Leite, consultor da Fecombustíveis. n Combustíveis & Conveniência • 23


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Bom para quem? Acordo firmado entre oito estados denominado Protocolo ICMS 48/2012 depende de legislação específica. Somente o Paraná aprovou a nova lei. De um lado, ela é positiva por combater a sonegação de impostos das distribuidoras de combustíveis, de outro, traz mais exigências para o segmento da revenda Por Rosemeire Guidoni

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Sindicombustíveis-PR, Roberto Fregonese. No entanto, vale destacar que a lei também afeta os demais agentes do mercado. Ou seja, postos revendedores passarão a ter de cumprir as mesmas exigências, caso necessitem alterar sua inscrição estadual (em função de uma eventual mudança no quadro societário ou por alteração de endereço da empresa, por exemplo). Além disso, a medida afeta também a abertura de novas empresas, que passam a ter de

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Derivada do Protocolo ICMS 48/2012, acordo firmado entre Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, a Lei 17.617, aprovada pelo estado do Paraná, determina mais rigor para a concessão, alteração, renovação e cancelamento de inscrição no Cadastro de Contribuintes do ICMS para todas as empresas que atuam no segmento de combustíveis. Isso inclui desde fabricantes, importadores ou distribuidores de combustíveis, até TRRs (transportadores revendedores retalhistas) e postos revendedores. O protocolo ICMS 48/2012 foi um compromisso assinado pelos estados com o intuito de combater a sonegação fiscal, mas não é auto-aplicável. Ou seja, sua eficiência depende de legislação específica. Por enquanto, apesar de o protocolo ter sido assinado em 2012, apenas o Paraná instituiu tal lei, em junho. De acordo com Luiz Alberto Giombelli, advogado tributarista do Sindicombustíveis-PR, a Lei tem como objetivo principal minimizar a sonegação no setor de

distribuição de combustíveis e, principalmente, de etanol, pois eleva as exigências para abertura de novas empresas (passa a ser necessária a apresentação de garantias e comprovação de tancagem, entre outros aspectos), o que acaba impedindo a abertura e fechamento indiscriminado destes agentes. “Esta lei vem no sentido de fazer com que o mercado de combustíveis fique menos vulnerável à ação de sonegadores”, afirmou o presidente do


Estado de São Paulo, que, ao combater os agentes irregulares do mercado, acabou também atingindo alguns revendedores tradicionais e honestos, que perderam a inscrição estadual em função de algum erro operacional ou mesmo por conta de questões fora de seu controle, como, por exemplo, algumas especificações do combustível que não podem ser aferidas no posto. Por este motivo, o presidente do Sindicombustíveis-PR alerta os revendedores de sua base para ter maior atenção com sua documentação, com o controle contábil do empreendimento e também com a operação. “A nova legislação foi feita para inibir a ação de agentes irregulares, mas se não houver cuidado, pode atingir também quem trabalha de forma honesta”, afirmou. Além das garantias e certificados de registro da atividade (concedido pela ANP), a Lei estabelece que, as empresas (no caso das distribuidoras) devem comprovar a propriedade da base de armazenamento e distribuição, e que, em todos os casos, (aqui incluem-se os postos varejistas) a autoridade

pública pode requerer outros documentos, bem como realizar entrevista pessoal com os sócios e administradores, antes de fornecer o cadastro estadual. “Imaginemos o fato de o contribuinte não comparecer à entrevista, ou mesmo prestar informações consideradas incompletas, ou ainda que as informações não possam ser confirmadas pelo Fisco. Tais situações, isoladamente, não seriam motivos razoáveis para o indeferimento de renovação ou alteração do pedido a inscrição estadual”, ponderou Giombelli. “Devemos lembrar, no âmbito de direito administrativo, que a autoridade deve respeitar os princípios fundamentais da administração pública, tais como a razoabilidade, proporcionalidade, impessoalidade e moralidade, sendo neste aspecto, por exemplo, inconcebível que o não comparecimento à entrevista pessoal leve ao indeferimento de pedido de inscrição estadual, sendo esta e outras exigências desproporcionais em confronto direto aos princípios administrativos já indicados”, completou. n

Stock

atender a todas as exigências da nova legislação. Embora traga aspectos positivos para o mercado de combustíveis como um todo, e tenha como objetivo maior impedir práticas desleais que geram perdas aos cofres públicos, a Lei é vista com reservas por Giombelli. “A aplicação das exigências como garantias para débitos futuros ou quitação de pendências pode impossibilitar a continuidade das atividades, assemelhando-se a `sanção política´ para o pleno exercício da atividade empresarial, situação não admitida pela Constituição Federal”, escreveu ele em um artigo, analisando a legislação. Além deste aspecto, o especialista comenta também que alguns dos pontos contidos na legislação “parecem desproporcionais, concedendo a autoridade administrativa poderes acima dos limites legais para decidir sobre a autorização, concessão, renovação ou reativação de inscrição estadual”. Em entrevista à Combustíveis & Conveniência, o advogado ressaltou que, atualmente, a Fazenda já tem diversos instrumentos que permitem o controle mais detalhado das operações, como por exemplo, a nota fiscal eletrônica e a manifestação de destinatário. Em sua avaliação, o cruzamento das informações eletrônicas poderia contribuir para minimizar a elisão fiscal, sem que houvesse a necessidade de aumentar o rigor para a abertura de empresas. “A grande preocupação é que a lei coloca nas mãos da autoridade pública um poder quase ilimitado”, afirmou. Para Fregonese, os postos revendedores de combustíveis devem ter cuidado redobrado. “Já vimos este filme”, comentou, mencionando o excesso de rigor da Secretaria de Fazenda do

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Novo fôlego Desde 1o de agosto, a revenda paulista já está pagando um preço menor pelo GNV. A redução de R$ 0,13 (para postos localizados na área da Comgás) foi resultado de um requerimento feito à Secretaria da Fazenda pelas concessionárias que atuam no estado, pedindo a revisão da base de cálculo do ICMS Por Rosemeire Guidoni

Divulgação Comgás

Não é de hoje que a revenda enfrenta problemas com a comercialização do GNV. O combustível, que sofre concorrência direta do etanol e da gasolina, há tempos vem sendo deixado de lado pelo consumidor. Em São Paulo, a situação dos postos revendedores chegou a ser considerada crítica, pois, em muitos casos,

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as vendas não chegavam sequer a cobrir os investimentos feitos. De acordo com Luis Henrique Guimarães, diretor-presidente da Comgás, o que desestimulou a expansão do GNV foram os reflexos da crise de energia no final de 2007, que gerou notícias de desabastecimento do setor. Aos olhos do consumidor, a incerteza do abastecimento somada à necessidade de adaptação dos

veículos para instalação do kit de conversão, tornou o gás veicular desinteressante. Porém, segundo Guimarães, o combustível nunca deixou de ser competitivo. “O GNV, atualmente, gera uma economia média de 50% e, em nenhum momento de sua história, ficou abaixo deste índice. O combustível merece ser tratado como combustível social, por emitir menor quantidade de poluentes e minimizar a dependência externa por gasolina”, destacou. Para mostrar aos consumidores que o GNV é um combustível vantajoso, a Comgás promoveu em agosto o rally da economia, comparando o gás veicular com a gasolina e o etanol. A comparação com o diesel não fez parte da campanha, mas o resultado também seria favorável ao GNV: a autonomia de um veículo a diesel (uma caminhonete pick-up por exemplo) é de até 11 km ou 12 km por litro, enquanto que se fosse movido a GNV seria entre 9 km a 10 km por metro cúbico. Considerando que o custo médio do litro de diesel em São Paulo é de R$ 2,30, e o metro cúbico do GNV é de R$ 1,59, o quilômetro rodado com diesel custaria R$ 0,191, e com GNV R$ 0,159, ou seja, quase 20% menos. Esta comparação é válida também para os VUCs (veículos urbanos de carga) e para todo o transporte de carga leve.


No entanto, apesar da economia, seja por falta de iniciativas públicas para estimular o consumo, ou mesmo por desconfiança do motorista, as vendas do GNV vêm caindo desde 2008. O reflexo da queda do consumo foi sentido de perto pelos revendedores do produto, que passaram a pleitear iniciativas para reestimular o mercado. Em São Paulo, por ser produtor de etanol, a concorrência com o biocombustível foi maior, prejudicando ainda mais o desempenho do gás. Desde então, algumas poucas iniciativas vêm sendo adotadas, com resultados ainda tímidos, no sentido de reconquistar o consumidor. A mais recente arma para tentar reverter as perdas foi a

revisão da margem de valor agregado (MVA), que trouxe como resultado a redução de R$ 0,13 do preço do GNV da Comgás para o posto a partir de 1º de agosto, uma queda de 10,48%. A MVA é a base de cálculo para a substituição tributária do ICMS para o GNV, e foi revista de maneira a reconhecer os preços e margens reais praticadas pelo mercado. Importante destacar que, no estado de São Paulo, além da Comgás (que possui o maior número de postos revendedores), outras duas concessionárias também fazem a distribuição do produto: a Gás Natural São Paulo Sul e a Gás Brasiliano. A redução da MVA foi válida para todo o estado, e, segundo a Arsesp (agência que regula o setor no estado de

São Paulo), representou uma diminuição no preço de venda, com impostos, do gás natural pelas distribuidoras aos postos de combustíveis. Além desta redução, as concessionárias planejam promover ações para mostrar ao consumidor que o GNV é competitivo. “Nós contamos com o revendedor para conseguir revitalizar o GNV”, disse Guimarães.

Distribuidoras: poucos planos Para apresentar as mudanças ao setor, a Comgás realizou um evento, no início de agosto, com a presença da rede de revendedores e de representantes das distribuidoras Ipiranga, BR e Ale, que também atuam na distribui-


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Paulo Pereira

ção do gás para a rede de postos revendedores. Vale destacar que as novas iniciativas da Comgás ganharam força depois que a Cosan comprou 60,1% de suas ações. Guimarães, inclusive, veio da Cosan e assumiu o comando da Comgás após esta negociação. Para conhecer os planos das distribuidoras de combustíveis para revitalização do mercado de GNV, a reportagem da Combustíveis & Conveniência procurou todas as empresas associadas ao Sindicom, mas apenas a Ale Combustíveis e a BR Distribuidora se pronunciaram. Na avaliação de Renato Rocha, diretor de marketing e varejo da Ale, faltam incentivos fiscais, que poderiam ajudar a alavancar as vendas do produto. “Um bom exemplo é o que o governo do Rio de Janeiro está fazendo (75% de desconto no IPVA de veículos têm o kit de conversão)”, destacou. A Ale, que tem postos que comercializam GNV nos estados de Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do

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Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, considera que o mercado está estável, mas tem muitas possibilidades de crescimento. “O apoio do governo é fundamental para permitir que o crescimento seja acelerado. Outro ponto que impacta diretamente no desenvolvimento do setor é a política do etanol”, afirmou Rocha. De acordo com o executivo, a Ale está atenta às oportunidades para sua rede de postos. “Estamos analisando os pontos comerciais que coincidam com a malha de gasoduto das concessionárias, passando aos nossos revendedores as expectativas futuras do setor”, afirmou. Já Luis Alves de Lima Filho, diretor da Rede de Postos de Serviços da BR Distribuidora, afirmou em entrevista exclusiva à Combustíveis & Conveniência (confira reportagem completa na pág. 10) que a companhia se preparou para enfrentar esse momento de retração do mercado, promovendo um saneamento na rede de postos de GNV a partir da reavaliação de custos

operacionais e da otimização dos ativos envolvidos. “Isso culminou com a implementação de uma nova política comercial, que disponibilizou, inclusive, novas opções de modelos de negócios para esse produto. Nosso plano foi sanear a nossa rede, porque os resultados não têm sido bons nem para o revendedor, nem para BR”, disse. Assim, segundo ele, a distribuidora tem sido bastante criteriosa na avaliação de novas oportunidades, a fim de garantir efetiva sustentabilidade ao negócio. Porém, Alves acredita que, em médio prazo, o cenário se torne mais favorável ao negócio de GNV no país. “No caso de São Paulo, a Comgás tomou a iniciativa de incentivar o uso do GNV pela desoneração de impostos, mas, como foi uma medida recente, ainda não fechamos um ciclo para avaliar o impacto. São Paulo tem um concorrente direto do GNV, o etanol. Apesar de estarmos em plena safra de etanol, com preços menores, não sabemos se as ações pela Comgás terão um efeito benéfico”, apontou.


Nos planos da Comgás, figuram iniciativas para estimular as conversões, mudanças na política tributária e ações de marketing voltadas ao consumidor. Confira a seguir a entrevista concedida por Luis Henrique Guimarães, diretor-presidente da Comgás. C&C: Quais os planos da Comgás para revitalizar o mercado de gás veicular? LHG: Estamos com projetos em andamento nos segmentos de táxi, frota e profissionais autônomos que utilizam o veículo como ferramenta de trabalho. Um dos nossos projetos tem a parceria com concessionárias de veículos 0 km que já ofertam o veículo novo com kit GNV, mantendo a garantia do mesmo. Este caso é inovador no mercado, pois elimina a barreira referente à garantia e burocracia da documentação do veículo. Outra contribuição para este segmento é que conseguimos junto à Secretaria de Fazenda a revisão da MVA (margem de valor agregado), que trouxe como resultado prático a redução de R$ 0,13 do preço do GNV da Comgás para o posto a partir de 1º de agosto, que representou decréscimo de 10,48% no preço. C&C: Como a redução do MVA vai impactar o mercado de GNV? LHG: A redução no preço é um atrativo para os usuários de qualquer combustível. Apostamos que essa diminuição impacte diretamente no volume de gás distribuído para o segmento. C&C: O mercado de revenda de combustíveis sempre cobrou ações mais efetivas da Comgás,

no sentido de revitalizar o GNV. Em sua gestão isso deve ocorrer? LHG: Acreditamos que cada empresa desta cadeia contribuirá para a reconquista do mercado. Acredito que, nestes primeiros seis meses, a revenda já começa a sentir o impacto, com a redução da MVA e com os painéis de preços já instalados (que destacam o preço por km rodado) em vários postos. Estamos só começando, e contamos com a revenda para promover o produto nos pontos de venda. C&C: Quais os planos para elevar o volume de conversões? LHG: As conversões só crescerão se o consumidor sentir confiança na recuperação desse mercado, e é para isso que estamos trabalhando. Além das ações junto às concessionárias e à Secretaria da Fazenda, também estamos trabalhando institucionalmente para resolver algumas distorções, já que o gás natural é o único combustível da matriz brasileira que não sofreu qualquer tipo de desoneração de impostos nos últimos anos. A gasolina e o diesel zeraram a Cide, o etanol zerou o PIS/Cofins e o GLP não sofre aumento na refinaria desde janeiro de 2003. Estamos trabalhando na redução do IPVA e IPI para os veículos 3 flex (GNV, gasolina e etanol). C&C: A Comgás tem alguma iniciativa voltada ao esclarecimento dos consumidores de GNV? LHG: Recentemente lideramos um evento com o apoio do Sindicato de Taxistas Autônomos que denominamos como Rally da Economia. Utilizamos três veículos

Divulgação Comgás

Novos projetos

idênticos e percorremos 380 km para apurar os rendimentos e custo de cada combustível. O resultado foi que o GNV apresentou uma economia de 45% em relação à gasolina e 41% em relação ao etanol. Na média, para percorrer 100 km, um carro que utiliza GNV irá gastar R$ 13,00. Para fazer o mesmo percurso com um carro movido a gasolina, ou etanol, serão necessários R$ 27,00. C&C: Em sua avaliação, estas novas iniciativas podem ser um modelo a ser replicado nos demais estados, de forma a estimular o mercado de gás veicular? LHG: Respeitando as particularidades de cada estado e regiões, o GNV tem uma representatividade importante na maioria das concessionárias e a similaridade entre os estados é muito alta. As ações estruturadas pela Comgás certamente migrarão para outras regiões, assim como iremos nos inspirar em boas práticas de outras concessionárias. Por meio da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), estamos discutindo as melhores práticas e trabalhando para tornar o GNV um produto de relevância na matriz de transporte no Brasil. n Combustíveis & Conveniência • 29


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Mais tempo Em audiência pública realizada no fim de agosto, ANP acena com a possibilidade de mudar o prazo de início de vigência da nova formulação da gasolina para junho de 2015 Por Gisele de Oliveira Os agentes pediram e a ANP deve atender ao pleito. O prazo para início de vigência das novas regras para formulação da gasolina deve passar para junho de 2015. Porém, a previsão para entrar em vigor em janeiro de 2014 não foi totalmente descartada pela Agência, que pretende utilizar o período para aplicar os testes de aditivação, com o objetivo de obter as melhores condições de uso dessa nova gasolina. A mudança foi bem recebida pela maioria dos agentes, que questionavam que não haveria tempo hábil para efetuar todas as modificações necessárias em termos de infraestrutura de aditivação, além de avaliar resultados da nova mistura. Para a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a possibilidade de estender o prazo decepcionou, já que os produtores estariam preparados para fazer essa aditivação. Do ponto de vista ambiental, a espera traz impacto negativo, pois as emissões continuariam, segundo a associação das montadoras. “Vimos aqui sugestões de prazos muito maiores do que junho de 2015. Se observarmos os impactos que essa extensão irá trazer do ponto de vista ambiental, os ganhos estão sendo previstos pelo Proconve (programa que faz o controle das emissões), com avanços 30 • Combustíveis & Conveniência

já estabelecidos. Pretendemos considerar a aditivação em 2015 para garantir o alcance dos testes ao longo de 2014 e termos as melhores condições possíveis no mercado”, disse a superintendente de Biocombustíveis e Qualidade de Produtos da ANP, Rosângela Moreira, durante a audiência pública para debater o assunto, promovida no final de agosto, no Rio de Janeiro. Durante a audiência, Rosângela ressaltou os ganhos da nova formulação da gasolina, que sairá de 800 partes por milhão (ppm) de teor de enxofre para 50 ppm. Em 1998, por exemplo, o nível de teor de enxofre chegou a 1900 ppm, o que a superintendente considerou um significativo avanço na redução das emissões de gases poluentes. As mudanças na composição da nova gasolina abrangem também a redução dos teores de benzeno, dos hidrocarbonetos aromáticos e olefínicos, bem com serão definidos novos parâmetros para o silício, o fósforo e os hidrocarbonetos saturados. Tais medidas atendem os critérios fixados na Fase L-6 do Proconve, estabelecida pela Resolução Conama nº 415, de 24 de setembro de 2009, que impôs limites mais restritos para os níveis de emissões de motores ciclo Otto.

Transporte Um dos assuntos que preocupou os agentes presentes, principalmente as distribuidoras, na audiência pública foi a adição de detergente dispersante nos casos em que o recebimento do combustível for feito via portos por cabotagem. Segundo o Sindicom, além de não serem responsáveis pela aditivação de um produto básico, que fica a cargo do produtor, essa medida poderia abrir brechas para possíveis fraudes. “Do jeito que foi proposto, as distribuidoras poderiam comprar o produto fora da especificação e o formularia ”, justificou o diretor de Abastecimento e Regulação do sindicato, Luciano Libório. Em relação à qualidade, o sindicato não acredita que o transporte por cabotagem da nova gasolina deva trazer problemas para o produto. Isto porque estudos feitos indicam que não há formação de emulsão do aditivo à água. O Brasilcom, entidade que reúne as distribuidoras regionais, concorda. Para a associação, do ponto de vista da fiscalização, será mais difícil garantir a qualidade do produto via cabotagem, o que daria margens para que um distribuidor irregular formulasse a gasolina fora das especificações estabelecidas. Para a Petrobras, porém, há também problemas físicos para realizar a aditivação por cabotagem. De acordo com a


calibração do equipamento – que deve ser calibrado e certificado regularmente. Em relação à garantia da qualidade do combustível, a Federação sugeriu ainda a inclusão de critério técnico para fins de fiscalização, exigindo do

posto revendedor que ateste as características possíveis de verificação nos testes de qualidade previstos na Resolução ANP 9/2007, como aspecto, cor e teor de anidro. Hoje, pela minuta de resolução, não há nenhum item referente à questão. n

Paulo Pereira

estatal, muitos portos do país possuem limitações físicas para realizar este tipo de operação, como são os casos de São Luís (MA) e Belém (PA) e o Porto de Suape, em Pernambuco. A Petrobras chamou a atenção ainda para o transporte dessa nova gasolina via dutos, pedindo que sejam feitos estudos para garantir a integridade e segurança dos mesmos para evitar acidentes, já que muitos dutos trafegam em áreas metropolitanas. No período de consulta pública, a Fecombustíveis enviou algumas sugestões de alteração na minuta de resolução. Entre as ações defendidas está a solicitação da clara definição de amostra representativa. A justificativa é que, se o boletim de conformidade será emitido a partir da análise dessa amostra representativa do produto, seria necessário que a ANP definisse o que é essa amostra e como ela deveria ser feita. Além disso, caso a mistura da gasolina C ocorra em linha de carregamento automatizado, o boletim de conformidade, baseado na análise de amostra representativa, não seria o instrumento hábil para garantir os resultados da qualidade do produto formada no caminhão-tanque. Por isso, a análise deveria ocorrer em cada carregamento. Outra alteração solicitada pela Federação diz respeito à emissão do boletim de conformidade, que deveria conter todos os resultados das análises exigidas no Regulamento Técnico para o controle da qualidade e ainda constar o valor programado no medidor de vazão para a dosagem de etanol anidro combustível à gasolina A, assim como seu tipo, modelo e data de validade de

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Entre gigantes

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Até o final da década de 1990, a estrutura de mercado de combustíveis no Brasil era de controle total do governo, com pouca participação de empresas privadas neste setor. Com os novos rumos na economia do país naquele período – implantação do real, controle da inflação, necessidade de grandes investimentos para suportar o crescimento etc –, a abertura do mercado de combustíveis para o setor privado se tornou inevitável. Porém, se no início da década de 2000, o desafio era abrir o setor para a entrada de investidores, ao longo dos anos, o que se viu foi um movimento no sentido inverso, de concentração de mercado, principalmente no segmento da distribuição. Ora motivado por fusões entre empresas, ora por estratégias de companhias que não enxergaram no país uma boa oportunidade de investimento, colocando seus ativos à venda, o fato é que, novamente, as vendas de combustíveis pelas distribuidoras voltaram a ficar nas mãos de grandes companhias. De acordo com o Anuário Estatístico Brasileiro de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis 2013, divulgado recentemente pela ANP, em 2012, mais de 50% das vendas de combustíveis (diesel, gasolina C e etanol), concentram-se nas grandes companhias – BR Distribuidora, Ipiranga e Raízen. O maior volume é verificado nas vendas com óleo diesel (76,78%), seguida pela gasolina C (66,83%)

Divulgação Shell

Por Gisele de Oliveira

Agência Petrobras

Mercado de distribuição está cada vez mais concentrado nas mãos de grandes companhias, que buscam novas parcerias e aquisição para ampliar sua fatia no segmento


Gráfico 3.2 – Participação das distribuidoras nas vendas nacionais Gráfico 3.2 – Participação das distribuidoras nas vendas nacionais de ó

e etanol (56,93%). Em 2003, embora a BR Distribuidora e a Ipiranga estivessem no topo do ranking de vendas, havia mais companhias atuando no mercado. Em parte, esse movimento é explicado pelas estratégias das companhias estrangeiras no Brasil. Muitas vislumbravam um mercado promissor, reavaliaram o negócio no país e optaram por vender seus ativos, como foi o caso da Atlantic, Repsol, Texaco e Esso. Por outro lado, o maior rigor da ANP no combate às fraudes e sonegações de combustíveis contribuiu para a saída de investidores e o aumento da concentração de mercado em grandes distribuidoras. A tendência é de que as vendas de combustíveis permaneçam concentradas em grandes distribuidoras. “Esse movimento não é exatamente uma novidade no segmento de combustíveis. Em outros setores da economia também podemos notar a concentração de mercado. No caso dos bancos, por exemplo, também estão nas mãos de alguns poucos grupos”, explica o presidente executivo do Sindicom, Alísio Vaz. Segundo ele, o menor número de competidores no mercado não significa menos concorrência. “Empresas fortes trazem mais segurança, pois elas têm musculaturas que permitem desenvolver melhores produtos aos clientes e novas tecnologias”. A coordenadora de Defesa da Concorrência da ANP, Lucia Bicalho, também reforça a tese de que o aumento na concentração de mercado não envolve apenas a sua estrutura, mas questões referentes a ganhos de eficiência, como melhorias na capacidade gerencial, na logística de distribuição de produtos e na capacidade de armazenamento. Porém, ela garante que a Agência

Outras¹ 13,5% SP Outras¹ Tobras 0,8% 13,5% 0,9% SP Tobras Participação das distribuidoras 0,9% Total 0,8% nas vendas nacionais de óleo – 2012nas vendas nacionais Gráfico 3.2 – Participação das diesel distribuidoras Ciapetro 1,3% Total BR 1,6% Ciapetro 1,3% Sabba BR39,4% 1,6% Outras¹ 1,9% Sabba 39,4% 13,5% Alesat SP Tobras 1,9% Volume total de Alesat 0,8% 0,9% 3,2% Volumevendas: total de Total 3,2% vendas: 55,9 milhões m3 Ciapetro 1,3% 3 BR 55,9 milhões m 1,6% Sabba 39,4% 1,9% Raízen Alesat Volume total de Raízen 14,4% 3,2% vendas: 14,4%

55,9 milhões m3

¹Inclui Raízen outras 121 distribuidoras. ¹Inclui outras 121 distribuidoras. 14,4%

Ipiranga Ipiranga 23% 23%

¹Inclui outras 121 distribuidoras.

Ipiranga 23%

Participação das distribuidoras nas vendas nacionais de gasolina Participação dasnas distribuidoras Participação das distribuidoras vendas nacionais de gasolina C C 2012 nas vendas nacionais de gasolina C – 2012 2012 21,4% 21,4%

BR BR

Participação das distribuidoras nas vendas nacionais de gasolina 29%29%C 2012 Royal Fic Royal Fic

1,1% 1,1% SPSP 1,2% 1,2% Sabba Sabba 1,5% 1,5% Royal Fic Ciapetro Ciapetro 1,1% 1,5% 1,5% SP 1,2% Total Total Sabba 2%2% 1,5% Alesat Alesat Ciapetro 5,4% 5,4% 1,5% Total 2%

Outras¹ Outras¹ 21,4%

BR 29%

Volume total Volume total de de vendas: vendas: 39,698 milhões 39,698 milhões Outras¹ m3 m3 Volume total de vendas: 39,698 milhões m3

IPP IPP

Alesat 5,4%

20,4% 20,4%

Raízen Raízen 16,5% 16,5%

¹Inclui outras 144 distribuidoras. ¹Inclui outras 144 distribuidoras.

IPP

20,4%

Participação das distribuidoras nas vendas nacionais de etanol hidratado – 2012

Gráfico 4.8 Participação das distribuidoras nas vendas nacionais de etanol Gráfico 4.8 Participação das distribuidoras nas vendas nacionais de etanol Raízen hidratado – 2012 hidratado 16,5% – 2012

¹Inclui outras 144 distribuidoras.

Raízen Raízen 18,8% 18,8%

Gráfico 4.8

Ipiranga Ipiranga 17,6% 17,6%

Participação das distribuidoras nas vendas nacionais de etanol Magnum hidratado – 2012 Magnum 2,6%

BR BR 20,5% 20,5%

BR 20,5%

¹Inclui outras 141 distribuidoras.

¹Inclui outras 141 distribuidoras.

¹Inclui outras 141 distribuidoras.

Raízen 18,8%

Volume total de Volume vendas:total de vendas:m3 9,850 milhões 9,850 milhões m3 Volume total de vendas: 9,850 milhões m3

Outras¹ 29,4% Outras¹

29,4%

Ipiranga 17,6%

2,6% Petromais Petromais 2,4% 2,4% Eldorado Eldorado 2,3% 2,3% Petroluna Magnum Petroluna 2,6%2,2% 2,2% Petromais Alesat 2,2%2,4% Alesat 2,2% Eldorado MM Original 2,3% 2,1% MM Original Petroluna 2,1% 2,2% Alesat 2,2%

MM Original 2,1%

Fonte: ANP/SAB Outras¹ 29,4%

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44 MERCADO está atenta aos movimentos do mercado de combustíveis, com o objetivo de garantir a concorrência e o desenvolvimento do segmento. “Nesse sentido, são de extrema importância as ações da Agência tanto em seu aspecto preventivo, buscando evitar o surgimento de estruturas de mercado que prejudiquem o processo concorrencial; quanto a seu aspecto repressivo, por meio do exame de condutas anticompetitivas em um mercado relevante”, informou Lucia. Na avaliação do presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda Soares, do ponto de vista da concorrência, a concentração de mercado, seja em qualquer setor, não deve ser encarada como bem-vinda, principalmente para o consumidor. De acordo com ele, o ideal é ter um mercado melhor distribuído, com diversos competidores atuando. “Se temos três empresas que, em alguns casos, chegam a controlar quase 80% das vendas de combustíveis, isso é ruim para o mercado. Só não temos de fato um oligopólio porque a Petrobras tem uma política voltada mais para o consumidor, o que acaba fazendo o contraponto. Mas precisamos ficar mais atentos para saber até que ponto isso vai afetar o mercado como um todo”, observa Soares.

grande companhia fiscaliza postos de combustíveis de sua bandeira, por meio de motoboys que anotam os preços praticados nas bombas e, assim, podem definir as “tabelas” para os revendedores. Alguns deles defendem maior transparência na política de preços, a partir da divulgação do valor entre o piso e o teto praticados pelas distribuidoras. Apesar desse quadro, não é simples provar de que há formação de preços vinculados. Exemplo disto é que, há alguns anos, o Ministério Público de Uberlândia (MG) chegou a denunciar na Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE) contra a prática de preços discriminatórios pelas distribuidoras na cidade mineira, mas acabou sendo arquivado por falta de provas. “É importante esclarecer que um aumento da concentração não afeta diretamente a capacidade das empresas de fixarem preços acima dos níveis competitivos. Recentes estudos focados na dinâmica da concorrência em mercados oligopolísticos apontam para a busca por vantagens competitivas dos

Sinal de alerta

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Dados do anuário da ANP revelam que, em nove anos, número de postos por bandeira cresceu 25,5% no país Divulgação Shell

Se para boa parte do mercado essa concentração não é negativa, entretanto muitos revendedores não podem dizer o mesmo. Casos recentes indicam a falta de uma política clara de preços por parte de algumas distribuidoras, onde os valores de custos são definidos com base no preço de bomba, criando um novo parâmetro. A prática relatada por alguns revendedores tem sido tão constante que uma

agentes econômicos, não levando em consideração somente a sua estrutura de mercado. Além disso, os preços praticados pelos revendedores de combustíveis sofrem também influência de fatores associados ao padrão de concorrência local, como renda per capita da população, frota de veículos, volume de vendas por produto por posto e preço dos concorrentes, entre outros; e não somente de custos de aquisição do produto”, explica Lucia Bicalho. Procuradas pela equipe de reportagem da Combustíveis & Conveniência, das três grandes distribuidoras que concentram as vendas de combustíveis no país, somente a BR Distribuidora falou sobre o assunto. O diretor da Rede de Postos de Serviços da companhia, Luis Alves de Lima Filho, foi categórico ao afirmar que a empresa “não faz preço com base no preço de bomba do revendedor. O critério da BR é definido segundo a sua política comercial”. Ele disse ainda que a companhia possui regras claras para sua rede de postos.


O vai e vem da distribuição Desde a abertura do mercado de combustíveis, no início dos anos 2000 para cá, o segmento de distribuição viveu um movimento similar ao de outros setores da economia brasileira. Da euforia com a chegada de novos investidores às mudanças na política econômica e de governo, a verdade é que, ao longo desses anos, as distribuidoras buscaram estratégias para adequar seu negócio aos novos rumos do país, como a saída do mercado brasileiro ou fusões com outras companhias. Foi o caso da norte-americana Texaco Inc., vendida lá fora em 1997 para a também norte-americana Chevron, que optou por vender, em 2008, a rede de postos de combustíveis no Brasil para o Grupo Ultrapar, da Ipiranga. Situação similar aconteceu com a própria Ipiranga, que teve seus ativos vendidos em 2007 para a Petrobras e Grupo Ultrapar. Outra que também desistiu do mercado brasileiro nos últimos anos foi a ExxonMobil, detentora da rede de postos Esso. A rede passou para o controle da Cosan, em 2008, que dois anos depois saiu do mercado devido à criação da joint venture Raízen – a fusão entre Cosan e Shell. E o movimento continua no segmento, como a própria Raízen que fechou parceria com a Bonatto, no Mato Grosso do Sul, e a ALE que busca ampliar sua fatia no mercado de distribuição no país. Procurada pela equipe de reportagem da Combustíveis & Conveniência, a Raízen preferiu não comentar a parceria com a Bonatto. Nos últimos nove anos, o número de postos por bandeira passou de 31.435 estabelecimentos para 39.450. Segundo os dados do Anuário Estatístico da ANP, em 2003, a divisão por bandeira era da seguinte forma: 5.296 eram da BR Distribuidora; 3.955, da Ipiranga; 2.475, da Texaco; 2.088, da Esso; 1.960, da Shell; e 1.073, da Agip. No ano passado, o mercado estava dividido assim: 7.863, da BR Distribuidora; 5.612, da Ipiranga; 3.850, da Raízen; e 1.479, da ALE. Se, por um lado, houve aumento na concentração de postos por bandeira, por outro, também aumentou a quantidade de número de postos bandeira branca no mesmo período. Em 2003,

eram 10.142 postos sem bandeira, enquanto no ano passado, o número subiu para 16.674. Apesar da concentração no mercado, para o diretor da BR Distribuidora, Luis Alves, existem várias distribuidoras atuando no segmento, o que não deixa margem para prejudicar o consumidor final. “Não vejo nenhum prejuízo para o consumidor final, basta ver o lançamento dos programas de fidelização e a competitividade entre as distribuidoras, cada uma brigando pelo seu espaço. Quem tiver mais competência, melhor apresentação de qualidade nos produtos e serviços, vai liderar o mercado”, observou. Segundo ele, a empresa continua atenta às oportunidades, com o objetivo de consolidar sua liderança. Para isso, tem como estratégia oferecer produtos e serviços de qualidade, mas, principalmente, buscar maior participação no mercado de franquias (Leia mais na seção Entrevista desta edição na página 10). Da mesma forma atua a Ipiranga. Por e-mail, a companhia respondeu que “está sempre atenta aos movimentos do mercado e, portanto, avalia constantemente as oportunidades. Porém, o foco permanece na expansão e modernização da rede”. Com mais de 6,4 mil postos, a empresa disse que tem intensificado suas ações na diferenciação, baseada na ampliação da oferta de produtos, serviços e conveniência para os consumidores, com o objetivo de reforçar a marca e aumentar sua participação no mercado. Outra também que acompanha o mercado é a ALE. Sua aquisição mais recente foi no ano passado, quando comprou cerca de 60 postos da Ello-Puma. “Essa adição a nossa rede de postos melhorou nosso posicionamento no Nordeste, o que demonstra a continuidade de nossa estratégia de crescimento”, comentou o diretor de Operações da companhia, Eduardo Dominguez. Na comparação com as três distribuidoras que lideram o ranking das vendas de combustíveis em 2012, a ALE aparece em quarto lugar, com 3,20% de participação nas vendas de óleo diesel e 5,40%, de gasolina. Nas vendas de etanol, a companhia está em oitavo lugar, com 2,18% de participação. n

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Mais um ano de sucesso

Fotos: Paulo Pereira

O tradicional evento da revenda completou 11 anos, retornou à São Paulo e reuniu revendedores, distribuidores, autoridades e empresários do Brasil e do exterior

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Por Mônica Serrano, Gisele de Oliveira e Rose Guidoni Considerada a maior feira da América Latina, a Expopostos & Conveniência 2013 já se tornou tradição no aquecido mercado de produtos e serviços do setor de varejo de combustíveis e lojas de conveniência. Em sua 11ª edição, realizada na cidade de São Paulo, a exposição deste ano contou com o maior número de participantes de sua história, 180 expositores, e bateu recorde de público, com aproximadamente 20 mil visitantes, um crescimento de 81% em relação ao ano passado. Os três dias de evento reuniram revendedores, distribuidores e fornecedores em busca de novidades em equipamentos e troca de informações. Um período para estreitar relacionamentos, realizar parcerias e fomentar negócios. Alísio Vaz, presidente- executivo do Sindicom, em seu discurso na cerimônia de abertura do evento, enfatizou que, apesar do momento de incertezas do país, o setor continua evoluindo acima do PIB nacional. Segundo Vaz, o crescimento da venda de combustíveis cresce em torno de 4% e 5%. A área de lubrificantes, por exemplo, evolui acima disso, na faixa dos 6%. Neste panorama, para os empresários que investem e querem se manter competitivos não faltam oportunidades. “Nos empenhamos em realizar este evento, pois a Expopostos traz oportunidades de conhecimento, de contato e de relacionamento. Também apresenta as novidades em equipamentos, lojas de conveniência, food service e lubrificantes, entre outros. Sendo assim, promovemos o contato

com o que tem de melhor e mais avançado para crescermos juntos nesse mercado”. Na continuidade da cerimônia, Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustíveis, destacou o comprometimento da revenda em relação ao tratamento com o meio ambiente.“Este setor é extremamente responsável, talvez sejamos o único grupo no Brasil que evoluiu neste quesito. Assinamos junto à ministra do Meio Ambiente, Isabella Teixeira, o primeiro acordo nacional de logística reversa. Com isso, os revendedores usam tecnologia de primeiro mundo para a preservação dos recursos naturais. Diria que a metade dos postos está integrada com a proteção ambiental. Já investimos cerca de R$ 8 bilhões e a boa notícia é que vamos gastar mais R$ 8 bilhões”, comentou Miranda. Os esforços do setor ao longo dos últimos 15 anos para manter um mercado legal e organizado foram recompensados, comentou o executivo, se referindo à luta dos dirigentes sindicais no combate à ilegalidade. “Somos um setor transparente, está tudo visível para que as autoridades possam acompanhar nosso dia

a dia”, disse ele. O mercado regulado, atendendo às normas e regulamentações dos órgãos fiscalizadores, tem reflexo no amadurecimento do setor. O resultado, segundo o presidente, é que, hoje, a revenda possui um índice de não conformidade de primeiro mundo, em torno de 2%. A importância da indústria de máquinas e equipamentos no dia a dia dos postos de combustíveis foi o mote do discurso do presidente da Abieps, Volnei Pereira. Segundo ele, este segmento movimenta cerca de R$ 1,5 bilhão por ano e emprega milhares de pessoas. Esses equipamentos, na maioria das vezes, são ocultos ou passam despercebidos pelo consumidor, embora sejam essenciais para o funcionamento integrado do posto de serviços.“Há um conjunto de sistemas no subsolo que ligam a bomba até o momento de abastecimento. Toda essa infraestrutura, juntamente com sistemas de estoques e automação trabalha interligada com a operação. Tudo isso faz parte da indústria nacional que representamos”, enfatizou Pereira.

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Sustentabilidade em alta A Feira movimentou cerca de R$ 150 milhões em negócios. Este ano, o destaque da exposição foi a sustentabilidade. Foram apresentados ao mercado vários equipamentos com o objetivo de preservar o meio ambiente, seja minimizando o risco de contaminação do solo, seja economizando recursos naturais, ou ainda reduzindo a emissão de gases poluentes. O aspecto ambiental é hoje uma das maiores preocupações do mercado de equipamentos. “Seja por força da legislação, ou mesmo em função da maior conscientização do setor, cada vez mais o mercado caminha no sentido de aproveitar melhor os recursos naturais”, afirmou Laércio Lopes, diretor técnico de indústria da Abieps. De fato, boa parte dos expositores da feira sinalizava esta tendência. Entre os destaques do evento, várias empresas exibiram estandes com sistemas de iluminação LED, que prometem menor consumo

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de energia elétrica, além de maior durabilidade. Elas apresentaram soluções para a área dos postos, inclusive em painéis luminosos de preços, e lojas de conveniência. Embora seu custo ainda seja maior, tais lâmpadas não aquecem o ambiente – vantagem para as lojas de conveniência, que podem reduzir o uso de ar condicionado. Também com o intuito de minimizar o consumo de recursos naturais, alguns expositores trouxeram equipamentos que permitem a coleta e reuso da água de lavagem de veículos, e também a coleta de água de chuva. De acordo com a Metalsinter, o equipamento para captação e reuso de água de lavagem permite um aproveitamento de quase 100% do total de água utilizada. Neste segmento, a Kärcher também marcou presença, com seu sistema de reuso de água e lavadoras automáticas para automóveis e caminhões. A empresa aproveitou a Feira para lançar a CWP, nova linha para lavagem automática de automóveis. Ainda na área ambiental, a Arxo trouxe para o mercado um sistema de recuperação de vapores, o Rec Vap. Além da economia para o revendedor – os gases voltam em forma de líquido para o tanque. O produto atende à questão de saúde ocupacional, já que minimiza o contato dos frentistas com o produto, além de evitar a emissão de gases poluentes. Outro ponto alto na área ambiental foram as empresas coletoras de resíduos, como Supply Service e Resi Solution, que apresentaram aos revendedores seus sistemas de coleta, separação e reciclagem.

O Grupo Zeppini aproveitou a Feira para mostrar o lançamento do tanque aéreo de 3 mil litros, integrado com um dispenser e bomba medidora, para venda de Arla-32 a granel. “A partir de agora, com o aumento da demanda pelo Arla, a expectativa é de que muitos postos revendedores passem a se interessar pelo equipamento”, destacou Paulo Rogério Fernandez, diretor executivo da empresa. No segmento de bombas de abastecimento, a novidade ficou por conta das telas de LCD instaladas nos equipamentos. A tecnologia permite que o proprietário do posto escolha o conteúdo a ser transmitido nesta tela. As novas bombas foram apresentadas pela Wayne e pela Gilbarco Veeder-Root. A Gilbarco trouxe ainda para o evento a Red Jacket, uma bomba submersa que promete maior economia de energia elétrica e também no custo de manutenção e o sistema de monitoramento Informenet, que permite a gestão da empresa a distância de até pelo celular. Outras empresas também apresentaram sistemas semelhantes, como a Intercamp, com o tradicional sistema de automação Posto Fácil, e a Linx Seller, nova empresa formada em 2013, depois que a Linx, que atuava com tecnologia de gestão para o varejo, adquiriu ativos de software da Seller, empresa especializada em sistema de gestão de postos e lojas de conveniência. Para Carlos Py, diretor da empresa, a gestão a distância é a grande melhoria do segmento.


Conveniência é destaque Ainda há muito espaço para crescer o mercado de conveniência no Brasil, tanto em expansão física como em modelo de negócio. Dan Munford, CEO da Insight Diretor Research, empresa especializada no varejo de conveniência, e membro permanente do Comitê Internacional da Nation Association of Convenience Stores (NACS) apresentou os casos de sucesso das lojas de conveniências na Europa e nos Estados Unidos, no primeiro dia do Fórum Internacional de Postos de Serviços, Equipamentos, Lojas de Conveniência e Food Service. “Nos Estados Unidos e em países da Europa, os operadores de posto de gasolina estão se tornando petro-empresários, ou seja, profissionais que possuem ativos de postos de gasolina, mas perceberam que conseguiam ganhar mais dinheiro com lojas de conveniência do que vendendo somente combustíveis. São empreendedores”, afirmou. Como prova de seu argumento, Munford apresentou exemplos de postos de combustíveis que voltaram sua atenção para as lojas de conveniência, sejam os que desenvolveram marcas próprias ou firmaram parcerias com marcas reconhecidas no mercado. Um dos casos, a marca irlandesa Apple Green se tornou referência na Irlanda por oferecer produtos e serviços de alta qualidade na loja, refletindo também em vendas no posto de combustíveis. “A marca é conhecida por oferecer preços baixos, mas também por ter o melhor cafezinho da estrada, comida fresca, desenvolver trabalhos de caridade e ser ambientalmente

correta. Eles foram responsáveis por criar as primeiras estações de serviços nas estradas. É disso que estamos falando: criação de superposto, capazes de oferecer produtos e serviços que atendam à população local”, disse Munford em sua palestra. O mais importante, explicou o executivo, é conhecer a cultura local e adotar o melhor modelo de loja de conveniência para seu negócio. Sobre a competição com outros estabelecimentos, como mercados de bairro e supermercados, Munford admitiu que é difícil competir com esses varejistas porque eles oferecem muitos produtos que a conveniência não comporta. “Por outro lado, é importante ter em mente que as lojas oferecem rapidez e comodidade para as pessoas cada vez mais ocupadas. Mas é preciso oferecer um preço justo para ter um negócio sustentável”, orientou. O representante da NACS reforçou os pontos-chave para o sucesso de uma loja de conveniência: um ambiente limpo e organizado, bom atendimento e qualidade dos produtos. Outro fator que deve ser observado é o treinamento de pessoal. Segundo Munford, não adianta recrutar pessoas para fazer as

duas funções ou tirá-las do posto e destinar para a loja, sem um treinamento porque não trará o resultado esperado.

Importância do Food Service Seja no mercado internacional ou nacional, o food service tem aumentado sua participação no mercado de conveniência. No período de 2009 a 2012, o número de refeições fora do lar aumentou em 50%. O dado é da Nielsen, empresa especializada em pesquisas sobre tendências e hábitos de consumo. De acordo com o diretor da empresa, Olegário Araújo, que mediou o debate sobre Tendências do Food Service, vários fatores impulsionaram esta mudança de hábitos. “Passamos atualmente por grandes transformações demográficas e de consumo, com questões de mobilidade urbana e com a maior presença da mulher no mercado de trabalho. Tudo isso leva a um aumento da procura por serviços de alimentação fora do lar”, destacou. De fato, a pesquisa apresentada por Zilda Knoploch, pesquisadora da Enfoque Pesquisa, constatou o aumento da presença feminina como frequentadora das lojas de conveniência. Realizado

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44 REPORTAGEM DE CAPA nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Recife, o levantamento, encomendado pelo Sindicom, mostra que essas mulheres já perceberam as vantagens das lojas de conveniência e são unânimes ao dizer que todo posto deveria ter uma. “O grande diferencial para elas é a comodidade e a reunião de várias atividades ao mesmo tempo em um único ambiente. A loja pode ser uma lanchonete, um ponto de encontro ou um mercado de emergência”, apontou Zilda. Natália Cid, responsável pela área de conveniência da Raízen, acrescentou que o consumidor atual tem menos tempo e dispõe de maior renda, e que isso é um facilitador para o crescimento dos serviços de alimentação dentro das lojas de conveniência. Segundo ela, as lojas de conveniência vêm observando uma elevação do consumo de food service em vários momentos, como café da manhã e madrugada. Luis Henrique Guterres, representante da Ipiranga, acrescentou que o consumidor busca o básico, porém com qualidade. “Para uma loja se destacar com seu serviço

de food service, é essencial ofertar produtos de qualidade, ter um mix adequado ao perfil do consumidor, garantir a higiene e bom atendimento, e oferecer um ambiente agradável”, afirmou. “O food service é a categoria mais importante na conveniência”.

Mais eficência Por falar em consumo, o varejo mundial está passando por uma profunda transformação. De acordo com o consultor Nelson Barrizzelli, sócio da AGC Intl e professor da Faculdade de Economia e Administração da USP, o consumidor atual detém mais informações e passou a ser considerado “multicanal”, conceito que inclui desde compras em loja física até via internet. Na área específica de postos de combustíveis e lojas de conveniência, o especialista destacou que a principal tendência é a fusão de serviços de alimentação com abastecimento. “Em diversos países, os grandes varejistas estão investindo em postos de abastecimento de combustíveis. Ao mesmo tempo, passam a oferecer, dentro de

Cenário econômico Além dos assuntos focados no setor, Fórum apresentou outros temas globais, com o destaque ao panorama econômico nacional e internacional, ministrado pelo renomado Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central e atual presidente do Conselho Consultivo da J&F Investimentos. Segundo Meirelles, apesar de a crise que atingiu a economia global como um todo, sobretudo Europa e Estados Unidos, o cenário é de recuperação. “Os países desenvolvidos estão começando a se beneficiar de melhores perspectivas econômicas. Já os países em desenvolvimento, o cenário permanece difícil. No Brasil, a situação econômica 40 • Combustíveis & Conveniência

suas lojas, serviços considerados como conveniência. Ou seja, a concorrência para este mercado vem de empresas que, tradicionalmente, não operam com combustíveis, mas que estão um passo à frente dos revendedores de combustíveis”, observou, lembrando que os postos têm esta condição privilegiada. “Os revendedores precisam agora investir em bons serviços para atender a outras necessidades de compra destes clientes”, disse. Barrizzelli destacou ainda que a eficiência é essencial para este tipo de atividade. Segundo ele, um dos caminhos para conseguir mais eficiência e redução de custos seria investir em automação e no autosserviço. Porém, isso, ao menos por enquanto, ainda não é permitido no Brasil, em função de lei federal que proíbe o chamado sistema de abastecimento self service. De qualquer maneira, Barrizzelli destacou que cada empresário deve buscar meios para manter a eficiência aliada a baixos preços. “Este é o segredo para manter a competitividade”, finalizou.

pode ser uma oportunidade para realizar todas as reformas estruturais necessárias para aumentar o crescimento”, destacou. Para Meirelles, com a estabilização da economia brasileira, depois de 25 anos de problemas inflacionários, dificilmente o país voltará para o patamar da crise da década de 80. O atual nível de elevação do câmbio afeta a macroeconomia, mas a avaliação deve ser num horizonte de longo prazo. “Na medida em que há reajuste na parte de câmbio, não adianta nos precipitarmos com análise do dia a dia, o que interessa é a tendência dos próximos anos. Há transferência de renda para os setores exportadores, já os importadores ganham menos. Aí o combate à inflação é importante”, disse.


Parceria com revendedores A famosa Lei dos Caminhoneiros foi um dos temas do painel “Postos de Rodovias: desafios”, apresentado por Ricardo Hashimoto, diretor de Postos de Rodovias da Fecombustíveis. As discussões acerca dos pontos de parada nas rodovias brasileiras levaram o Ministério dos Transportes a realizar um minucioso levantamento sobre o número de postos nas rodovias federais, como iniciativa para averiguar quais são as condições nas estradas para o futuro atendimento à legislação. Nessa fase preliminar, o Ministério tomou por base indicar os pontos de parada e a infraestrutura oferecida pelo estabelecimento como restaurante, mecânico, área de estacionamento, lanchonete etc. O projeto visa definir os trechos das rodovias em que a polícia rodoviária terá condições de multar. Apresentada por Everton do Carmo, analista de infraestrutura do Ministério dos Transportes, a pesquisa selecionou 17 trechos prioritários, com extensão de 13 mil km, do total dos 65 mil km de rodovias pavimentadas, a partir do cruzamento de três variáveis: fluxo de caminhões, número de acidentes e ocorrências de roubos. Além da pesquisa, faz parte do projeto do Ministério dos Transportes atuar em parceria com

Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustíveis (centro), ao lado de José Albanese (dir.) e Everton do Carmo (esq.), do Ministério dos Transportes

o revendedor. São várias iniciativas de estímulo para inserir a revenda neste programa. Ciente das dificuldades em ampliar as áreas de estacionamento e investir na adequação da infraestrutura para oferecer condições para atender à Lei 12.619, o órgão poderá oferecer linhas de financiamentos aos proprietários de postos que estiverem dispostos a investir, por meio de parcerias com o BNDES e outras instituições financeiras. Os revendedores poderão fazer sua inscrição no programa, de 16 de setembro em diante (Confira as informações na seção Virou Notícia).

Paralelo à Expopostos, os jornalistas e presidentes dos Sindicatos Filiados à Fecombustíveis se reuniram para discutir o uso das redes sociais. Neste evento, o jornalista Heródoto Barbeiro apresentou palestra sobre a força das novas mídias

Alísio Vaz, presidente do Sindicom, prestou uma homenagem póstuma ao idealizador da Expopostos, o ex-funcionário da BR Petrobras, Carlos Vieira, que foi representado pela esposa, Luisa Combustíveis & Conveniência • 41


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Discussões em pauta S10 em falta

Etanol ou gasolina?

O painel “Logística do S10” trouxe à tona o problema da falta de abastecimento do produto na ponta final da cadeia, afetando fortemente a revenda e o consumidor. Segundo Rubens Freitas, superintendente adjunto de Abastecimento da ANP, o consumo do S10, em julho, registrou 800 milhões de litros. Desse total, 300 milhões de litros foram vendidos aos consumidores cativos, ou seja, proprietários de veículos com motor Euro 5, e os demais 500 milhões de litros foram consumidos por veículos que não têm necessidade de utilizar o S10. Como representantes da revenda, Ricardo Hashimoto e Paulo Miranda Soares, da Fecombustíveis, questionaram o atraso da entrega do produto pelas distribuidoras e a disponibilidade do produto somente no início do mês. Luciano Libório, diretor de Abastecimento e Regulamentação do Sindicom, explicou as dificuldades de disponibilizar o produto de imediato. “A distribuidora faz planejamento e o pedido é feito com 45 dias de antecedência. Quando ocorre um crescimento expressivo, não se consegue dimensionar essa variação de demanda. Como a dinâmica do S10 tem 60% do volume importado, esse produto está vindo de muito longe, estamos falando de uma logística de 40 dias. A Petrobras tem uma programação de entrega para o início do mês e não consegue antecipar cinco ou seis dias”. Da parte da ANP, Freitas, reforçou que a Agência tem tomado as providências para não faltar combustíveis a partir das regulamentações que exigem estoques médios semanais para a produção e distribuição e demonstrou preocupação com a situação atual. “O planejamento de vendas tem que ser mais aprimorado. Se não estava prevista tamanha demanda, tem que importar. Não pode faltar combustível no país, essa é a regra. Temos que fazer todo o esforço para que essa situação não ocorra”, finalizou.

Ao abrir o painel “Etanol ou gasolina: como o consumidor decide pelo combustível do seu carro flex”, Adhemar Altieri, da Unica, apresentou a campanha “Etanol, o combustível completão”. Altieri afirmou que o etanol é competitivo atualmente em quatro estados (São Paulo, Paraná, Goiás e Mato Grosso), justamente onde há o maior número de produtores e a tributação é mais favorável. Aurélio Amaral, superintendente de Abastecimento da ANP, citou um levantamento da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) que, embora seja de 2010, só foi divulgado recentemente. Segundo este estudo, 67% dos consumidores ainda escolhem entre etanol ou gasolina em função do preço; 7% pela bandeira; e 5% pela qualidade. Amaral abordou as resoluções editadas pela ANP para regular a cadeia do etanol, dando previsibilidade ao mercado. “Os estoques são uma garantia de que o produto estará disponível, independente da época de safra ou entressafra, e os contratos reduziram a volatilidade de preços”, afirmou. A Medida Provisória 613, que desonera o PIS/Cofins do etanol, também foi mencionada por Amaral como uma das alternativas para incentivar o segmento. Para Paulo Miranda, o grande benefício da desoneração de tributos é a redução do mercado irregular. Ele disse ainda que os estados deveriam unificar as alíquotas de ICMS. “Não estamos defendendo que a alíquota seja 12% como em São Paulo, ou qualquer outro índice. O ideal é que seja a mesma em todos os estados”, afirmou. O presidente da Fecombustíveis ressaltou ainda que o setor produtivo deveria ser mais próximo da revenda. “O consumidor quer preço e falta uma política junto com a revenda”.

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Qualidade de lubrificantes O painel sobre a qualidade e melhora da classificação dos lubrificantes foi apresentado por Marcelo Capanema, gerente de Tecnologia, Pesquisa e Desenvolvimento América Latina da Petronas. O executivo, que também é membro do Grupo Técnico e de Regulamentação do Sindicom, fez uma abordagem técnica sobre a evolução das especificações dos lubrificantes e defendeu a oferta de profissionais mais qualificados na ponta final da cadeia, com o objetivo de orientar o consumidor sobre o uso do melhor lubrificante. De acordo com o executivo, embora tenham acompanhado o avanço tecnológico, somente agora, com a nova resolução da ANP sobre as novas especificações da gasolina, é que os níveis de desempenho dos lubrificantes devem alcançar um novo padrão de tecnologia, permitindo um salto de 22 anos na evolução das especificações. O diretor executivo do Sindilub, Rui Ricci alertou para o fato de que, apesar da reposição de carros antigos por modelos mais novos ser maior, ainda assim muitos compram os carros com mais de dez anos de uso.“Temos a responsabilidade de abastecer toda a gama de consumidores. No entanto, estamos definindo categorias de lubrificantes com padrões muito elevados para veículos de mais de 15 anos. Existem mais de 120 ou 140 fabricantes de pequeno porte que não têm tecnologia para atender essas novas especificações e terão sérias dificuldades em se manter no mercado.” n


OPINIÃO 44 Felipe Deborah Klein dosGoidanich Anjos 4 4 Advogada Consultor da Jurídico Fecombustíveis da Fecombustíveis

Do regime de preços liberados a atuação dos Procons e Ministérios Públicos É salutar que os A partir da vigência da Portaria nº 59, do órgãos de fiscalização Ministério da Fazenda, de 29 de março de 1996, adotem medidas para que liberou do regime de controle estatal os preços impedir e punir os cartéis, da gasolina e do álcool, o Brasil iniciou o ciclo do que têm como condição fim do tabelamento dos preços dos combustíveis. básica a existência de Atualmente, como é de conhecimento geral, um “poder de mercado”. Contudo, no caso do os preços dos combustíveis, em todas as etapas comércio de combustíveis, a formação de cartéis da cadeia econômica, não estão mais sujeitos ao varejistas parece pouco provável, em virtude da regime de preços tabelados. Ou seja, o governo grande competição entre postos de serviços, cafederal optou pelo modelo de preços liberados, visando viabilizar o controle através da máxima racterizados como atividade de pequeno porte, de econômica da oferta e procura na relação comercial difícil comando centralizado e, principalmente, pelas entre os agentes, o que é natural e próprio de um dificuldades de fiscalização dada à pulverização ambiente capitalista. geográfica, entre outras restrições. Com relação ao segmento da revenda varejista O que não se pode admitir é que os MPs e de combustíveis, que faz Procons passem a fazer a relação comercial direta comparações entre preços O que não se pode admitir é que com os consumidores, a médios praticados em muos MPs e Procons passem a fazer forte concorrência existente nicípios distintos ou avaliar comparações entre preços médios na maioria dos municípios somente preços de aquisição do país resultou em benepraticados em municípios ou avaliar e de venda dos combustífícios aos consumidores, veis para concluir, de forma somente preços de aquisição e que têm sempre opções equivocada, que os postos de venda dos combustíveis para diferenciadas de preços estão obtendo margens de concluir, de forma equivocada, que e vantagens ou benefícios os postos estão obtendo margens de lucro abusivas e, por isso, concedidos pela revenda. vêm praticando infrações lucro abusivas Porém, em se tratando de ao Código de Defesa do combustíveis de produtos Consumidor (CDC). Isto é, homogêneos, o preço praticado na bomba ainda é os revendedores atuam dentro dos limites legais e, o maior chamariz para o consumidor. por interpretações equivocadas da legislação, são Nesta perspectiva de forte concorrência na tratados como criminosos por conta do aumento revenda de produtos homogêneos, somado ao de preços ou por mera comparação dos valores fato de que os postos são obrigados a exibir os praticados em outros mercados. preços dos combustíveis comercializados, em Seria conveniente que os MPs e Procons painel, na entrada do posto (artigo 10, inciso VII entendessem que a própria estrutura do mercado da Portaria ANP 116/00), parece evidente que os de revenda de combustíveis tende a favorecer preços praticados entre os concorrentes serão em preços similares, sendo relevante destacar que geral similares ou iguais. o mero paralelismo de conduta não pode ser Diante do contexto acima exposto, parece interpretado como infração à ordem econômica incompreensível ao revendedor a atuação de e ao direito dos consumidores, pois somente a Ministérios Públicos (MPs) e Procons de todo o prática previamente combinada entre concorrentes país que, por variados meios, adotam medidas (cartel) visa e consegue alcançar o objetivo de que impedem ou prejudicam o exercício do direito aumentar arbitrariamente os lucros e trata-se de constitucional de livre iniciativa, insculpido no arhipótese aplicável aos artigos 36, inciso III, da Lei 12.259/2011 e artigo 39, inciso V e X do CDC. tigo 170, caput, da Constituição Federal de 1988. Combustíveis & Conveniência • 43


44 NA PRÁTICA

No limite Ainda dá tempo de atender aos requisitos exigidos pela NR-20. A norma estabelece uma série de critérios preventivos para garantir a saúde e segurança nos postos de combustíveis Por Gisele de Oliveira Os revendedores que ainda não se adequaram à Norma Regulamentadora nº 20, do Ministério do Trabalho e Emprego, que estabelece requisitos mínimos para gestão da saúde e segurança no trabalho contra acidentes com líquidos combustíveis e inflamáveis, precisam tomar as providências para não serem autuados. Em vigor desde março do ano passado, os revendedores precisam adotar uma série de critérios, que vão desde projeto de instalação a capacitação de pessoal para evitar, ou minimizar, acidentes de trabalho. O prazo para implantação, em princípio, termina este mês e, caso algum critério seja descumprido, o posto pode ser penalizado pelo auditor fiscal do trabalho, podendo arcar

com multas que podem chegar até R$ 200 mil. O fiscal pode, em um primeiro momento, dar um prazo para que o estabelecimento se enquadre nos novos requisitos. Porém, se for reincidente ou caso seja constatada alguma não conformidade, a multa pode ser aplicada. “É importante ressaltar que, muitas vezes, o prazo para adequação não é suficiente para que o item seja atendido. Por isso, a recomendação é quanto antes o revendedor ajustar o posto às novas regras, melhor”, orienta Ricardo Shamá, consultor e um dos participantes do grupo tripartite que elaborou a NR-20. Pela norma, que é baseada nas diretrizes da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para as áreas de segurança e saúde ocupacional, o revendedor deve

Somafoto/Marcus Almeida

NR-20 estabelece requisitos mínimos para gestão de saúde e segurança no trabalho em atividades que envolvem líquidos combustíveis e inflamáveis, como os postos de combustíveis

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fazer uma revisão de análise de riscos da instalação, se houver. Caso contrário, deve providenciar essa análise antes de iniciar as adequações previstas na norma, segundo explicou Shamá. Confira a seguir os principais itens da NR-20.

Segurança operacional É responsabilidade do empregador elaborar, documentar, implementar, divulgar e manter atualizados os procedimentos operacionais que contemplem aspectos de segurança e saúde no trabalho de acordo com as especificações do projeto de instalação e as recomendações das análises de risco. Além disso, devem ser revisados ou atualizados a cada três anos, ou decorrentes de recomendações do sistema de gestão de mudanças, das análises de risco ou de acidentes de trabalho, de modificações ou ampliações de instalação ou de solicitações da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) ou Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT).


Prevenção de vazamentos e incêndios É responsabilidade do empregador elaborar, e revisar, plano que deve contemplar todos os meios e ações necessários para minimizar os riscos de ocorrência de vazamento. No caso específico de tanques que armazenam líquidos combustíveis e inflamáveis, os mesmos devem ter sistemas de contenção de vazamentos ou derramamentos, dimensionados e construídos de acordo com as normas técnicas nacionais.

Projeto de instalação As instalações devem ser projetadas considerando os aspectos de segurança, saúde e meio ambiente que impactam sobre a integridade física dos trabalhadores, previstos em convenções e acordos coletivos e demais regulamentações pertinentes em vigor. No projeto, devem ser observadas as distâncias de segurança entre instalações, edificações, tanques, máquinas, equipamentos, áreas de movimentação e fluxo e vias de circulação interna, além de incluir mecanismos de controle para interromper ou reduzir possíveis vazamentos, incêndios ou explosões. Também devem constar no projeto de instalação a planta geral de locação das instalações; características e informações de saúde, segurança e meio ambiente relativas aos inflamáveis e líquidos combustíveis nas fichas sobre segurança de produtos; plantas, desenhos e especificações técnicas dos sistemas de segurança; e identificação das áreas classificadas para especificação dos equipamentos e instalações elétricas. Vale destacar que todo o projeto de instalação existente deve ser atualizado por profissional habilitado a partir de uma análise de risco, assim como modificações ou ampliações que podem afetar a segurança e a integridade física dos funcionários.

Capacitação dos trabalhadores O empregador é responsável por toda a capacitação exigida pela NR-20 aos funcionários, e deve ser realizada durante o expediente normal do estabelecimento. O programa dos cursos deve seguir critérios de acordo com o tipo de atividade desempenhada pelo funcionário. O trabalhador também deve participar de cursos de atualização.

Inspeção em segurança e saúde no trabalho Os estabelecimentos devem ser periodicamente inspecionados e documentados com suas respectivas recomendações implementadas, com estabelecimento de prazos e de responsáveis pela sua execução. Esses relatórios devem ficar disponíveis para autoridades competentes e trabalhadores.

Manutenção e inspeção das instalações As instalações devem possuir plano de inspeção e manutenção, abrangendo os seguintes itens: equipamentos, máquinas, tubulações e acessórios, instrumentos; tipos de intervenção; procedimentos de inspeção e manutenção; cronograma anual; identificação dos responsáveis; especialidade e capacitação de pessoal; procedimentos específicos de segurança e saúde; e sistemas e equipamentos de proteção coletiva e individual. Além disso, devem ser revisados e atualizados periodicamente, considerando o previsto em normas e em manuais fornecidos pelos fabricantes. n Combustíveis & Conveniência • 45


44 NA PRÁTICA

Mais rigor no controle do transporte Desde o início de agosto, está em vigor o Conhecimento de Transporte Eletrônico (CT-e), uma nova obrigação fiscal que integra o Sistema Público de Escrituração Digital (SPED). A nova regra é válida somente para transportadoras, mas se o posto tiver formalizado uma empresa nesta categoria deverá cumprir a obrigação

O Conhecimento de Transporte eletrônico (CT-e) é o novo modelo de documento fiscal eletrônico, instituído pelo Ajuste Sinief 09/07, de 25/10/2007, utilizado exclusivamente para a prestação de serviços de transporte de cargas. Emitido e armazenado eletronicamente, o CT-e substitui alguns documentos fiscais em papel, como o Conhecimento de Transporte Rodoviário de Cargas, modelo 8, e a Nota Fiscal de Serviço de Transporte, modelo 7, quando utilizada em transporte de cargas, além de outros documentos específicos para transporte ferroviário, aquaviário e aéreo de cargas. Sua finalidade é elevar o controle na circulação de mercadorias, minimizando a ocorrência de operações ilegais. Luiz Rinaldo, diretor da Plumas Contábil, considera positiva a emissão do CT-e, uma vez que o transporte de abastecimento passará a ser realizado com maior controle, o que é bom para o mercado como um todo. Porém, é importante ressaltar que a emissão do CT-e só é obrigatória para empresas transportadoras de cargas. 46 • Combustíveis & Conveniência

No caso do transporte de combustíveis, os postos que recebem o produto da sua distribuidora, seja por transporte próprio da bandeira ou terceirizado (modalidade conhecida

Divulgação Scania

Por Rosemeire Guidoni e Hylda Cavalcanti

como CIF), passarão a receber também o documento, que deve ser armazenado para fins contábeis. A obrigatoriedade começou em agosto, e o posto revendedor deve cobrar da empresa que


realizou o transporte a emissão do documento. Os que possuem transporte próprio (quando o caminhão é de propriedade do posto revendedor) também não precisam emitir o documento. Para o segmento de revenda de combustíveis, a obrigatoriedade só existe se a empresa (posto ou rede de postos) tiver formalizado uma transportadora. “Quando o veículo estiver no nome da empresa e fizer transporte próprio, não é necessário emitir o CT-e. Porém, no caso de uma rede de postos que tenha optado por formalizar uma transportadora, com CNPJ distinto dos postos, para fazer o transporte de combustíveis, o CT-e passa a ser obrigatório”, explicou José Camargo Hernandez, presidente do Sindicombustíveis Resan, que representa os postos do litoral paulista. O consultor contábil Marcelo Moreira, da Interconsulty, explicou ainda que, mesmo que figure no

objeto social do posto a atividade de transporte de combustíveis, não existe obrigatoriedade de emissão do CT-e. Afinal, o estabelecimento não pode emitir o documento para si próprio.

Obrigações do transportador O CT-e deve ser emitido a cada viagem intermunicipal ou interestadual. Assim, considerando um posto revendedor (ou rede de postos) cuja transportadora carregue em base no mesmo município, não há necessidade de emissão do documento. Caso o posto proprietário do veículo preste serviços de transporte para estabelecimentos com outra razão social, mesmo que de propriedade da mesma pessoa física ou grupo, deverá credenciar-se para a emissão do CT-e. A penalidade para quem não emitir o documento é de 50% do valor da operação ou da prestação de serviço.

Como fazer a emissão Para emitir o CT-e, a empresa deverá estar credenciada na Secretaria da Fazenda do estado em que está estabelecida, segundo a Portaria CAT 55/09. O CT-e deverá conter as seguintes informações: w Dados dos documentos fiscais relativos à carga transportada;

w Identificação por chave de PASSO-A-PASSO acesso composta por código numérico gerado pelo emitente, 1 Ommolesto CNPJ do emitente,dolenisnúmero e ci exeros dolum delesed série do CT-e; tatie commolobore dolendreril vercillam, quamcon veros numsan; w Ser elaborado no padrão XML (Extended Language); 2 Ut Markup et, velit aciduisi orero dolore vercillam, quamcon veros numsan w Possuir numeração sequencial vercillam, quamcon veros denumsan; 1 a 999.999.999, por estabelecimento e por série, devendo 3 Ommolesto ser reiniciada quando atingido dolenisesse limite; dolum delesed ci exeros tatie commolobore dolendreril vercillam, quamcon w Assinatura digital do emitente. n veros numsan;

4

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Combustíveis & Conveniência • 47


44 MEIO AMBIENTE

Stock

Mais luz Inserir práticas sustentáveis nos postos de combustíveis também inclui a iluminação. A revenda começa a investir em projetos para troca na área dos postos por lâmpadas LED, que podem gerar uma redução nos custos de energia de até 70% Por Hylda Cavalcanti Econômicas, duráveis e não poluem o meio ambiente. A troca de iluminação para lâmpadas LED tem sido adotada em alguns postos de combustíveis, trazendo contribuições em relação às práticas sustentáveis. A iniciativa é vista como recurso para reduzir o consumo e a conta de energia, aumentar a durabilidade em relação à manutenção de equipamentos 48 • Combustíveis & Conveniência

como bombas de gasolina, etanol e diesel e ainda transmite segurança aos clientes pelo local se tornar mais iluminado. Cerca de 98% dos materiais que compõem a lâmpada LEDs são recicláveis e não há metais pesados em sua composição, como mercúrio, o que as torna menos agressivas à vista humana e faz com que não demorem ao serem acesas novamente, quando desligadas.

Conforme informações da Associação Brasileira da Indústria de Equipamentos para Postos de Serviços (Abieps), com a troca da iluminação, a economia gerada pela redução de energia com as lâmpadas LEDs costuma ser de 70% do valor gasto com as lâmpadas incandescentes. Além disso, as LEDs possuem vida útil 12,5 vezes maior, o que permite que possibilitem, a tais postos, ter de volta o dinheiro gasto com


Claudio Ferreira

a substituição.“Isso quando se tratam de trocas pela LED em si. Quando falamos em instalação de LEDs por meio de luminárias, os ganhos são ainda mais vantajosos, pois uma luminária permite uma economia, em média, de R$ 4 mil durante 50 mil horas, o que gera menos gastos na conta de luz”, explicou Edgard José Laborde Gomes, assessor da diretoria da Abieps. Gomes não quis falar no custo das lâmpadas e luminárias, que são mais altos do que o das lâmpadas incandescentes e das fluorescentes comuns e, segundo ele, depende dos gastos feitos por cada cliente – já que esse valor varia conforme o modelo e tipo de projeto a ser feito em cada posto. O apelo sustentável das lâmpadas LEDs também tem sido ampliada para as lojas de conveniência. “Além da diminuição do consumo ela, reduz ilhas de calor nas lojas. Hoje em dia, todas as geladeiras existentes dentro das lojas, por exemplo, absorvem muita energia. Com as lâmpadas LEDs, diminui-se também o consumo de energia dessas geladeiras e, em consequência, de ar condicionado, o que leva a vantagens em cadeia para os postos”, enfatizou Gomes. Outra novidade oferecida recentemente passou a ser a utilização de LEDs também nas bombas de abastecimento, o que permite, juntamente com a economia de luz, maior tempo para realização da manutenção destes equipamentos, que costumam passar por autorizações do Inmetro. Segundo Gomes, como as LEDs possuem mais tempo de durabilidade, a mudança de tais lâmpadas nas bombas não representará diferença no

custo destes equipamentos, mas permitirá economia de cerca de 70% nos custos com manutenção.

Economicamente viável Sigla para o termo light-emitting diode (ou, em português, diodo emissor de luz), as lâmpadas LEDs são consideradas, no mundo inteiro, as mais viáveis para a realização desse tipo de troca pela sua economia de energia e ecossustentabilidade. Adotada por vários segmentos da economia, a instalação em pontos de iluminação dos postos tem se mostrado eficiente no mercado de combustíveis, em estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Distrito Federal. Para o engenheiro elétrico Flávio Rodrigues, da Operadora Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e professor da Universidade de Brasília (UnB), no caso de determinados tipos de comércio – como o de combustíveis – o investimento feito com a troca de iluminação vale a pena. “É uma perfeita relação custo/bene-

fício”, acentuou, ao acrescentar que a qualidade da iluminação e a economia a ser observada depois na conta de luz pode fazer significativa diferença na competitividade das empresas e, até mesmo, criar um apelo comercial maior. O especialista só chamou a atenção para um item: a importância de ser escolhida a tecnologia adequada para cada local.

Revenda faz a troca No caso dos postos de combustíveis, um dos exemplos de experiência bem-sucedida é o Auto Posto Ceci, em São Paulo. Com a reforma de iluminação, o posto trocou todas as lâmpadas da pista. Para melhorar a intensidade luminosa, foram adotadas 14 fontes de luz LED no lugar das lâmpadas metálicas, por um sistema intitulado Retrofit, responsável por levar ao aproveitamento de 100% do fluxo e lentes que distribuem a luz emitida de maneira uniforme. O objetivo é evitar penumbras em locais mais distantes do ponto de luz. Combustíveis & Conveniência • 49


44 MEIO AMBIENTE O gerente do posto, Joaquim Francisco Gallo, percebeu a diferença no dia a dia, pois além da redução no consumo de energia, ocorreu aumento do número de clientes. “Houve efetiva mudança na movimentação de pessoas procurando o posto e também a loja de conveniência já no primeiro mês. Muita gente chegou a comentar, inclusive, como sentiu um contraste em relação aos outros locais de iluminação da rua”, contou ele. Cada lâmpada metálica com 460W representa uma potência instalada de 6.440 W. Com a troca por LEDs de 135 W, a potência instalada passou a ser de 1.890 W, gerando uma economia de 71%. Gallo afirmou que foram gastos R$ 1,2 mil por cada lâmpada substituída e que espera uma diminuição no custo de manutenção, pois enquanto a metálica tende a queimar após 12 mil horas de funcionamento, as luminárias LEDs têm duração média de 50 mil horas. “O retorno, em termos de capital, a gente só

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início à troca de lâmpadas em dois deles, em Brasília. “Pelo menos uns 40 concorrentes já fizeram a mudança em Brasília (DF) e Goiânia (GO) e só contabilizam avanços. O uso da lâmpadas LEDs traz uma vantagem bem significativa”, opinou. Da parte dos consumidores, a expectativa é de que o cenário dos postos de abastecimento, com a mudança da iluminação, venha a ser cada vez mais positivo, cômodo e seguro no futuro. “Em época de tantos assaltos é necessário ter cuidado para abastecer o veículo à noite. Se tenho que abastecer, minha preferência será sempre pelo posto mais iluminado”, disse o estudante de administração Alexandre Bezerra.

Projeto da Ipiranga Um dos maiores usos dessas práticas de substituição de iluminação dos postos é observado na Ipiranga, por meio do chamado projeto de ecoeficiência. O projeto foi criado com objetivo inicial de manter um padrão arquitetônico

Divulgação Ipiranga

Posto Ecoeficiente da Ipiranga conta com rede de 235 postos

perceberá em médio e longo prazos, mas os benefícios já vieram”, explicou o gerente. Segundo o projetista e designer da Lâmpadas Golden (empresa responsável pelo projeto do posto), Felipe Marcili, o estabelecimento passou a ter aumento do nível de iluminância da ordem de 28%. Sem falar que o projeto foi elaborado de modo a contar com a simpatia dos consumidores. De acordo com Marcili, pelos cálculos feitos anteriormente, será possível obter o retorno do investimento em 36 meses para um produto que vai durar quase quatro vezes este período. “O projeto desenvolvido propôs a aplicação de um sistema que pudesse utilizar os mesmos pontos existentes com uma tecnologia limpa e eficaz, reduzindo o consumo de energia e aumentando a vida útil do mesmo”, explicou Marcili. No Distrito Federal, o empresário João Ribeiro, sócio-proprietário de quatro postos, que comercializam combustíveis pela BR Distribuidora, se prepara para dar


quanto ao dimensionamento dos espaços, fluxo de veículos na pista de abastecimento e de pessoas. O crescente surgimento de soluções e tecnologias voltadas para a preservação do meio ambiente, porém, levou a equipe a repensar soluções mais eficientes em consumo de energia e outras questões como água materiais, geração de resíduos e preservação do solo. E atualmente, está instalado em mais de 1,6 mil estabelecimentos dos 6,5 mil que compõem a rede, mais franquias e bases de distribuição, fora os outros locais do país onde encontra-se em pleno desenvolvimento.

“É um projeto inovador e pioneiro que tem gerado um efeito em cascata, porque comprova na prática os benefícios ao meio ambiente e a sustentabilidade para realização do trabalho. Temos sido procurados por várias franquias que estão montando modelo similar ao nosso”, afirmou João Oliveira, gerente do posto Calltech, de Brasília. Em relação à iluminação, o número de lâmpadas é o mesmo de um posto convencional, porém as luminárias (lâmpadas + reatores) empregadas no Posto Ecoeficiente iluminam o necessário para as atividades do posto gastando 34% a menos de energia com

iluminação. O Posto Ecoeficiente aproveita a luz natural e a integra com a artificial, reduzindo o período de lâmpadas acesas nos horários em que a luz natural é mais abundante. Segundo dados divulgados pela empresa, somente no item “eficiência energética da iluminação artificial”, a Ipiranga efetuou, nos últimos dois anos, a troca de lâmpadas, reatores e luminárias em 3.161 postos, número que está tendo continuidade. Já em relação aos chamados Postos Ecoeficientes – hoje, a rede conta com 235 inaugurados e 476 com obras em andamento ou prestes a começar. n

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44 CONVENIÊNCIA

Queda de braço Nem sempre o posto revendedor comporta uma franquia de loja de conveniência. Porém, não é incomum que, nas ocasiões de renovação de contrato, a loja seja oferecida como parte essencial do negócio, levando a uma verdadeira pressão entre a bandeira e o empresário

Stock

Por Rosemeire Guidoni

52 • Combustíveis & Conveniência

Para quem atua no mercado de conveniência, constatar que os custos de instalação e operação de uma loja de conveniência franqueada são altos não é nenhuma novidade. Claro que o preço do negócio inclui outros elementos, como em qualquer franquia: treinamento, know how de operação, apoio na seleção de fornecedores, softwares de gerenciamento, e apoio em serviços, como o de nutricionista (que deve responsabilizar-se por toda a área de alimentação), entre outros. Porém, invariavelmente, o preço do metro quadrado para instalação de uma loja franqueada é mais alto do que o de uma similar licenciada ou independente e, no caso da franquia, ainda é necessário o pagamento de um percentual mensal a título de royalties, que variam entre 3% e 6% em média (enquanto nas licenciadas o custo mensal é fixo, e nas independentes este investimento não existe). Em função do alto investimento, é de se imaginar que nem todo posto revendedor comporte um negócio deste tipo. Seja por causa da localização, do perfil de consumidores potenciais do local ou mesmo do próprio desinteresse do empresário em operar este novo negócio, tão distinto da venda de combustíveis,


vulgação de seus dados. Mas todos, sem exceção, afirmam que a prática é comum por parte das companhias. Durante a apuração da matéria, nossa reportagem soube, inclusive, de revendedores que sofreram represálias da bandeira por optar por uma loja independente ou ainda escolher não ter loja de conveniência em seu empreendimento. E o problema não vem de hoje. Um ex-revendedor, que saiu do mercado há pouco mais de quatro anos, afirmou que sempre houve pressão das bandeiras para que os postos operassem com suas marcas. “Talvez, atualmente, exista mais flexibilidade porque surgiram as opções independentes e as bandeiras dos sindicatos, mas, mesmo assim, as grandes distribuidoras insistem na instalação de suas lojas franqueadas. E o resultado nem sempre é positivo para o posto. O empresário não consegue manter um negócio que não agrega lucro”, afirmou.

Segundo os revendedores, as altas taxas de royalties constituem o elemento que mais compromete o lucro da loja. Uma empresária de bandeira BR contou, por exemplo, que assumiu recentemente dois postos na capital paulista. Em um deles, a bandeira não abriu mão da loja e ela investiu mais de R$ 200 mil para instalação de uma BR Mania. No outro, não era época de renovação de contrato e ela manteve a loja independente que já operava no estabelecimento, com custos bem menores. Segundo a revendedora, comparando as duas lojas, o alto investimento da BR Mania, somado aos royalties mensais, não significa lucros na mesma proporção. “Mas não sei se vamos conseguir fugir da instalação de uma franquia na loja independente quando chegar a época de renovar o contrato”, afirmou. Todas as distribuidoras associadas ao Sindicom foram consultadas a respeito dos seus

Chan

muitas vezes, os resultados da loja ficam muito aquém da expectativa do posto e da bandeira. E, talvez, por este motivo, boa parte das lojas Brasil afora não deslanchem como deveriam, o que leva muitos empresários a acreditarem que as lojas de conveniência não são lucrativas. Apesar de as estatísticas do setor darem conta de que o mercado de conveniência está em expansão – segundo dados da Gouveia de Souza, houve um aumento de 13,9% no número de lojas espalhadas pelo país, totalizando 6.904 unidades, em 2012 –, o aumento da quantidade de lojas ainda é considerado muito pequeno diante dos mais de 40 mil postos de combustíveis em operação no Brasil. Sem dúvida, o baixo número de lojas demonstra um grande potencial de crescimento para o segmento de conveniência, mas, possivelmente, também possa ser explicado pela ausência de formatos de negócios mais viáveis para o posto. O problema é a forma como as bandeiras têm tratado a instalação das lojas de sua rede, em geral, atrelando sua marca à renovação de contrato ou outra negociação. “De fato, é uma prática comum das bandeiras a insistência para instalação da loja quando da negociação de outro aspecto da operação do posto”, contou um revendedor Ipiranga, que temendo represálias, preferiu manter seu nome em sigilo.

Pacto do silêncio Este empresário não é o único a querer manter seu nome sob sigilo. O tema é tão controverso e polêmico que nenhum dos entrevistados pela Combustíveis & Conveniência autorizou a di-

Dados da Gouveia de Souza mostram que houve um aumento de 13,9% no número de lojas espalhadas pelo país, totalizando 6.904 unidades em 2012 Combustíveis & Conveniência • 53


44 CONVENIÊNCIA contratos para a elaboração desta matéria. Apenas a BR, responsável pela franquia da BR Mania, e a Ale Combustíveis, que não atua com franquias de sua rede Entreposto, mas sim com licenciamento, retornaram nossa solicitação. As demais empresas, nossa reportagem não conseguiu sequer apurar dados sobre taxas cobradas ou formato (franquia ou licenciamento) da rede de lojas. Até recentemente, a Select, da Raízen, operava nos dois formatos, franquia e licenciamento; e a informação divulgada pela própria empresa era de que a franquia seria destinada a lojas maiores, com melhor potencial de vendas, e o licenciamento para opções reduzidas. Esta alternativa foi adotada pela empresa em meados de 2011, quando a Select ainda era uma marca da Shell. Com a chegada da Raízen, houve reformulação do negócio, no entanto, a empresa passou a rever esta opção de licenciamento. “Minha loja era independente, mas quando a Shell instituiu o licenciamento acabei optando por transformá-la em uma Select. Agora, a empresa vem tentando negociar a troca do licenciamento por uma franquia”, afirmou outro empresário do setor, que também preferiu não ser identificado. Luis Alves de Lima Filho, diretor da Rede de Postos de Serviços da BR Distribuidora, defende que a instalação de uma franquia de conveniência agrega valor ao negócio. “Estudos recentes mostram que a BR Mania gera incremento de até 20% no volume de venda de combustíveis. Todas as vantagens de se ter uma franquia BR Mania são demonstradas aos revendedores. Então, se tiver que 54 • Combustíveis & Conveniência

nascer um negócio e a ficha de avaliação do ponto disser que o faturamento é viável para o revendedor, ele vai ser o primeiro a querer fazer comigo”, afirmou. De acordo com o executivo, a BR trabalha no modelo de parceria. “Se cabe uma loja independente para o revendedor, cabe uma BR Mania. Se o posto é uma marca BR, a loja vai ser independente? Que parceria é essa? A loja de conveniência ajuda o dono do posto a viabilizar o negócio como um todo”, disse. Para Alves, é frustrante para o revendedor e para o franqueador, abrir e fechar um negócio. “É necessário que a parceria tenha sustentabilidade”, destacou. (Veja mais na seção Entrevista desta edição). No caso da Ale, que opera as lojas da rede Entreposto por meio de licenciamento, as taxas são reduzidas e mais acessíveis para o revendedor. Segun-

do Renato Rocha, diretor de marketing e varejo da empresa, o diferencial competitivo da marca é justamente o fato de não haver cobrança de royalties. “Nosso formato é menos burocrático e consiste em um pagamento de uma única taxa de licenciamento e uma manutenção fixa mensal, ajustada anualmente pelo IGP-M. A taxa de manutenção é de aproximadamente 1,5% do faturamento bruto da loja, lembrando que esse percentual é uma média da rede de lojas da bandeira”, explicou o executivo. Ele informou ainda que o licenciamento permite maior flexibilidade aos revendedores que desejam agregar produtos regionais e outros serviços. “Porém, temos a preocupação em garantir a identidade visual da marca em todos os pontos de venda, com mobiliário padronizado, pastilhas e adesivação interna, entre outros itens”, destacou.

Sutil diferença A linha que separa os postos que comportam lojas com custos e potencial para instalação de uma franquia e aqueles em que a operação independente é a melhor escolha, é muito sutil. Isso explica também porque muitas lojas licenciadas, das redes criadas pelos sindicatos, não foram para frente. As marcas próprias 1 Minuto (criada pela SP Combustíveis) e Como Convém, do Sindicato de Postos do Estado do Rio de Janeiro, estão, no momento, se reposicionando no mercado e pararam de licenciar novas unidades. Apenas a Aghora Conveniênica continua com fôlego para novas unidades. De acordo com Ricardo Guimarães, responsável pela marca, o licenciamento é uma opção mais interessante para o revendedor, por significar custos menores. Além disso, em cidades menores ou mesmo periferias das grandes cidades, o perfil do público consumidor é distinto daquele que consome nos grandes centros. Isso significa que, na maior parte dos casos, a loja vende marcas mais populares (que muitas vezes não fazem parte do mix das franquias), investe em serviços diferentes para atingir este público (cópias de documentos ou recarga de celular, por exemplo) e, invariavelmente, tem renda menor. Ou seja, é preciso adaptar o negócio à sua realidade e ao seu contexto. n


OPINIÃO 44 Ricardo Guimarães4 Diretor da Aghora Conveniência

Modelos de lojas Franquia O crescimento acentuado, especialmente qualitativo do mercado de conveniência no Brasil, reflexo de uma É o modelo mais operação de loja cada vez mais profissional com foco tradicional e o primeiro no resultado e na eficiência, tem atraído a atenção disponível no mercado, em de todos que estão envolvidos neste segmento. De que as obrigações e deveres um lado, a indústria tem priorizado o setor como um das partes são claramente importante canal de varejo, desenvolvendo produtos definidas em contrato com e estratégias de marketing específicos. Do outro lado, uma abordagem padronizada (a adoção de operação os clientes, cada vez mais, estão percebendo as lojas rígida faz com que a pouca flexibilidade dificulte a de conveniência como uma opção muito interessante sua implantação em um universo maior de pontos). de compras, pois conseguem aliar alguns fatores que São lojas com custo de implantação elevado, pois hoje se tornaram muito valiosos: rapidez, segurança, foram originalmente desenvolvidas para um mercado comodidade e, principalmente, preço justo. de alto poder aquisitivo e de alto faturamento. Seus Esta exuberância do mercado, evidentemente, projetos demandam grandes intervenções arquitetôé vista pelas redes organizadas de conveniência, nicas, incluindo aqui obras para adaptação ao padrão sejam lojas ligadas às distribuidoras de combustíveis exigido e de aquisição de mobiliário e equipamentos ou independentes, como uma excelente oportunipadronizados. Há a cobrança de royalties mensais previsto neste modelo de nedade de negócios. Todas as grandes distribuidoras que, gócio. Acrescente-se também Independente do modelo adotado, em sua maioria, adotam o o revendedor deve ter em mente que algumas exigências, tais como: modelo de franquia, tratam cada vez mais o consumidor buscará manutenção de lojas abertas as suas lojas como prioria alimentação fora de casa e as lojas 24 horas, grande número de dade e buscam de forma devem estar preparadas para atender equipamentos nas lojas etc. O somatório dos custos sistemática a ampliação de estas demandas de implantação e de opesua base. Quais são então as ração implica em um nível opções disponíveis no mercado para de loja de de investimento elevado por parte dos franqueados conveniência? que pode, em várias situações, inviabilizar o retorno 1 - Montar uma loja por conta própria; financeiro do empreendimento. 2 - Aderir ao modelo de franquia; Licenciamento 3 - Aderir ao modelo de licenciamento. Normalmente acaba sendo a opção mais econôConta própria mica dentre as demais É um modelo que oferece as mesmas vantagens da franquia, em que o licenciador Nem sempre é a opção mais econômica. O é responsável por desenvolver os projetos e layouts, revendedor, que não possui experiência no segadquirir os equipamentos e mobiliários mais adequados, mento, acaba desenvolvendo projetos e layouts disponibilizar acordos comerciais vantajosos e todo que não seguem os conceitos de varejo, adquirindo o suporte para a operação, incluindo treinamentos equipamentos e mobiliários inadequados que, para toda a equipe. como consequência, implicarão em um produto A diferença fundamental é que, mesmo final ruim. Além disto, terão uma enorme dificulostentando um padrão visual e layout moderno dade em desenvolver fornecedores e acabarão e atrativo, são lojas com custos de implantação não conseguindo as negociações comerciais reduzidos (cerca de 40% quando comparado a vantajosas que as redes organizadas possuem. uma franquia tradicional). Outra dificuldade é contratar, capacitar e Independente do modelo adotado, o revendedor desenvolver os seus colaboradores por não terem deve ter em mente que, cada vez mais, o consumidor acesso aos programas de treinamento e desenvolbuscará a alimentação fora de casa e as lojas devem vimento que as redes organizadas disponibilizam estar preparadas para atender estas demandas. a seus associados. Combustíveis & Conveniência • 55


44 REVENDA EM AÇÃO

Fotos: Walmir Lima

De Norte a Sul Manaus reúne revendedores dos extremos do país, de Roraima ao Rio Grande do Sul. Foram dois dias intensos de debates, palestras e troca de informações para o setor

Por Mônica Serrano Pela quarta vez, Manaus sedia o 10º Encontro de Revendedores de Derivados de Petróleo e Lojas de Conveniência da Região Norte. O evento ocorreu nos dias 1o e 2 de agosto e trouxe importantes contribuições para a revenda varejista. A cerimônia de abertura lotou o auditório, com cerca de 350 participantes. “Estamos recebendo pessoas dos quatro cantos do Brasil, da nascente do Rio Ailã, no Monte Caburaí, em Roraima; ao Arroio Chuí, no Rio Grande do Sul. São homens e mulheres que vêm buscar soluções para suas demandas e deixaram seus negócios para estarem aqui”, disse o anfitrião Luis Felipe Moura Pinto, presidente do Sindcam, na abertura do evento. Entre os temas de interesse da revenda, Paulo Miranda Soares, 56 • Combustíveis & Conveniência

presidente da Fecombustíveis, informou que o projeto de unificação das alíquotas do ICMS voltou à pauta do Congresso. “Temos uma guerra fiscal, com alíquotas diferentes de estado para estado. Convivemos com o contrabando de combustíveis entre as fronteiras, de estado com alíquota menor para estado com alíquota maior. A forma definitiva de resolver isso seria um apoio maciço de todos à reforma tributária”. Paulo Miranda fez uma análise positiva da revenda nos últimos anos. Atualmente, o setor é referência em meio ambiente em comparação a outros segmentos, atuando devidamente no tratamento de resíduos sólidos, além de seguir uma série de procedimentos para manter a segurança em relação à prevenção de acidentes. Outro ponto de destaque do presidente foi o

salto da indústria automobilística de 2007 para cá, o que foi ruim para a população pelo aumento do congestionamento, e bom para a revenda pelo crescimento do consumo de combustível. Nesse panorama de evolução, a importação de derivados de combustíveis pela Petrobras vai continuar, mas não vai faltar gasolina. O problema, já conhecido dos revendedores, é o sistema logístico que tem comprometido a entrega de óleo diesel e gasolina, em alguns locais do país. Em nove mandatos na Câmara dos Deputados, o deputado federal Simão Sessim (PP-RJ) criou familiaridade com a revenda. Como parlamentar, ele conduziu a Comissão Especial do Código Brasileiro de Combustível e vivenciou de perto os problemas dos revendedores. “A revenda está no elo final da grande cadeia, faz a ligação direta com o consumidor,


por isso enfrenta injustiças e incompreensões porque recebe problemas que não são os dela em relação ao preço e à qualidade do produto. É preciso ter respeito a essa classe”. No contexto da revenda regional, Sessim elencou as dificuldades logísticas da Região Norte. O combustível, particularmente o biodiesel, chega a Manaus depois de percorrer longas distâncias, acumula umidade, ocasionando problemas ao consumidor e à revenda. “A Região Norte é a mais complicada. Aqui não produz um litro de gasolina. O transporte de cabotagem tem uma base privada. Essa base conveniada à Petrobras ainda precisa de muito trabalho na logística e produção”.

Há esperança A principal atração do primeiro dia de evento foi a palestra do ex-ministro Ciro Gomes. Comunicativo, não poupou críticas ao sistema econômico-político nos contextos nacional e internacional. O vasto conhecimento e o encadeamento dos fatos prenderam a atenção da plateia, do começo ao fim da palestra. Apesar da crise financeira mundial e do pífio crescimento do Brasil, Gomes afirmou: “nosso país tem solução”. O ex-ministro fez uma retrospectiva da economia mundial, com especial destaque às recentes crises financeiras internacionais. A primeira delas, que atingiu o mercado norte-americano em 2008, foi a crise no mercado hipotecário em decorrência do excesso de crédito, da falta de regulação dos bancos na concessão de financiamentos de imóveis e da especulação estimulada pelas operações de derivativos

do mercado financeiro. “Quando quebrou o sistema americano, observamos que a livre competição pregada pelo neoliberalismo só vale para a hora de faturar, os executivos colocaram dinheiro no bolso. E, se o sistema financeiro ‘micar’, quem socorre é o estado nacional”. Com o sistema norte-americano quebrado, a Europa sofreu as consequências , uma vez que vários países da zona do euro foram os mercados secundários e terciários dos derivativos americanos. A crise americana expôs as políticas fiscais dos países na Europa e no mundo. Com isso, a situação se agravou em países com elevado endividamento, como a Grécia e Irlanda, e daí por diante assistimos à crise europeia, que perdura até hoje. Da parte do Brasil, o ex-ministro destacou que o principal problema é a crise que entra no país pelo caminho financeiro e cambial. Na opinião de Ciro Gomes, o Brasil vai terminar o ano deficitário em US$ 70 bilhões em transações correntes - resultado de todas as operações do Brasil com o exterior, ou seja, é o conjunto de contas, que inclui receitas e despesas. Ciro destacou que o dólar é o valor relativo que contamina todos os outros preços. No Brasil, o dólar está presente nas importações de produtos, por exemplo, embutido no preço do pão, pelo trigo importado, no remédio - cerca de 86% dos insumos para produzir os medicamentos são importados. Ele também criticou: “Se tem brutal demanda por dólar, ele sobe e os preços relativos sobem. Essa é a única ameaça inflacionária brasileira que pesa sobre a nossa economia, o resto é mentira”, disse.

Ciro Gomes apresentou palestra sobre o cenário da economia nacional e mundial

Apesar da crise financeira mundial e do pífio crescimento do Brasil, Gomes afirmou: “nosso país tem solução” Segundo Gomes, o Brasil tem conserto, desde que se faça um projeto com base em três diretrizes. A primeira delas é elevar o nível interno de investimentos, não pelo aumento de crédito puxado pelo consumo - de acordo com o palestrante esse ciclo morreu -, o salário mínimo não pode mais crescer, o crédito não pode expandir mais, pois as famílias estão endividadas, e o bolsa-família não tem condições de ser ampliado. O segundo movimento é celebrar, no papel, uma coordenação estratégica entre governo, empresariado e academia; e o terceiro é pela educação. “Não vamos a lugar Combustíveis & Conveniência • 57


44 REVENDA EM AÇÃO nenhum com esse nível de escolaridade”, finalizou.

Para a revenda O segundo dia de evento, Julio Panzariello, diretor da JS Treinamentos, mostrou o quanto as lojas de conveniência são pouco exploradas no país. Enquanto que nos Estados Unidos 90% da rede de postos têm lojas de conveniência, no Brasil são menos de 20% do total de postos filiados ao Sindicom, segundo o anuário da entidade. “Com o mercado cada vez mais competitivo, as lojas de conveniência geram oportunidades para o posto”, comentou.

Panzariello afirmou que para uma loja ser bem-sucedida depende da maneira como se opera o negócio, muitas vezes, há falta de controle, falta de treinamento e funcionários pouco qualificados, que influenciam no resultado do negócio. Entre as dicas para obter resultados das lojas de conveniência, ele destacou: fazer um planejamento, traçar metas, montar uma boa base de dados para o controle do negócio, contratar um gerente para a loja - muitas vezes, o gerente do posto é o mesmo da loja de conveniência -, treinar os funcionários e atuar com preço adequado ao local.

Desde que foi instituído, o PMQC atua no diagnóstico sistemático da qualidade dos combustíveis, comercializados no território nacional

Leonardo Jardim, Noel Santos e Rubens Freitas representaram a qualidade, fiscalização e o abastecimento da ANP, respectivamente

58 • Combustíveis & Conveniência

O meio ambiente também foi alvo de palestra por Julio Cesar Maldonado, diretor de Operações e Inovação da Metalsinter. Ele apresentou algumas das recomendações para o posto operar dentro das questões ambientais, como atender às exigências do Conama 273, fazer a troca e instalar equipamentos homologados e ecológicos e cuidar da manutenção dos filtros de óleo diesel. Maldonado reforçou aos revendedores o cuidado e a necessidade de manter as boas práticas com relação ao meio ambiente para evitar a contaminação do solo, da água, os riscos de explosividade e preservar a saúde. Uma vez que não se cumpram as regras ambientais, o posto pode arcar com penalidades. “Os custos para recuperar uma área contaminada são muito mais elevados, se comparados aos investimentos com ações preventivas”, alertou.

Painel ANP A apresentação da ANP envolveu três áreas de atuação: qualidade, fiscalização e abastecimento. A primeira palestra, ministrada por Leonardo Jardim, representando a Superintendência de Biocombustiveis e Qualidade de Produtos da ANP, demonstrou a estrutura de atuação do Programa de Monitoramento da Qualidade dos Combustíveis (PMQC), coordenado pela Superintendência desde 1998, que passou a ter abrangência nacional em 2005. Desde que foi instituído, o PMQC atua no diagnóstico sistemático da qualidade dos combustíveis, comercializados no território nacional, a fim de garantir a qualidade do produto, em prol do consumidor. Por meio da identificação de focos de não conformidade, o Progra-


ma auxilia a atuação das ações de fiscalização da Agência além fornecer subsídios para as ações dos Ministérios Públicos, Procons e Secretarias de Fazenda - órgãos conveniados à ANP. Ao longo dos anos, a atuação interligada das áreas, de qualidade e fiscalização trouxe resultados favoráveis para a redução do índice de não conformidade dos combustíveis automotivos, que passou de 8,7%, em 2001, para 2,1%, em junho de 2013, o que representa igual patamar de países de primeiro mundo. De todas as áreas da federação, a Região Norte preocupa a ANP. Os patamares de não conformidade dos combustíveis estão bem acima da média nacional, com 5,5% para o óleo diesel, 2,5% na gasolina e 4%no etanol; ante 3,1% no óleo diesel, 1,4% na gasolina e 1,5% no etanol, em junho. “No ano passado, fizemos um trabalho de fiscalização in loco para verificar o que ocorria. De dez postos visitados, sete apresentaram problemas de armazenamento e a manutenção da filtração não estava sendo feita nos prazos recomendados”, comentou Noel Santos, representante de Carlos Orlando da Silva, superintendente de Fiscalização da ANP. O balanço da fiscalização da ANP do primeiro semestre no Brasil mostra que, do total 7.905 de postos fiscalizados, foram registrados 1.549 infrações, 317 interdições e 164 apreensões. Já na Região Norte foram constatadas 93 infrações, 25 interdições e 17 apreensões. Para apresentar o sistema logístico de abastecimento, Rubens Freitas, superintendente adjunto de Abastecimento da ANP, descreveu as dificuldades de abastecimento da Região

Norte. “A Refinaria de Manaus (Reman) não consegue atender todo o mercado e o combustível, precisa ser complementado por outras refinarias do país, via transbordo, que entra pela costa do Nordeste para chegar a Manaus e, assim, seguir para o Acre e Rondônia”. De acordo com

Freitas, a situação da distribuição tende a melhorar com a chegada do terminal de Itacoatiara, pela capacidade de armazenamento de 160 milhões de litros. Atualmente, a Região Norte possui 36 bases de distribuição, cuja capacidade concentra 300 milhões de litros de combustíveis. n

O astronauta brasileiro, Marcos Pontes, relatou sua trajetória de vida e recomentou: “nunca subestime o poder de um sonho”

Julio Panzariello, diretor da JS Treinamentos fez palestra sobre lojas de conveniência Combustíveis & Conveniência • 59


44 AGENDA SETEMBRO 9º Ciclo de Encontros Regionais e Seminário BPCC de Gerente e Chefes de Pista

Data: 20 Local: Salvador (BA) Realização: Sindicombustíveis-BA Informações: (71) 3342-9557 16º Congresso Nacional de Revendedores de Combustíveis e 15º Congresso de Revendedores de Combustíveis do Mercosul

Data: 26 a 29 Local: Gramado (RS) Realização: Sulpetro-RS Informações: (51) 3228-7433 OUTUBRO Reunião com Revendedores de Guanambi

Data: 11 Local: Guanambi (BA) Realização: Sindicombustíveis - BA Informações: (71) 3342-9557

NACS Show

Data: 12 a 15 Local: Georgia World Congress Center (Atlanta/EUA) Realização: NACS Informações: www.nacsonline.com 3ª Expo Conveniência

Data: 24 Local: Caxias do Sul (RS) Realização: Sindipetro/Serra Gaúcha Informações: (54) 3222-0888 NOVEMBRO 15o Simpósio Estadual dos Postos de Combustíveis e Serviços do Estado do Espírito Santo

Data: 7 e 8 Local: Vitória (ES) Realização: Sindipostos-ES Informações: (27) 3322-0104

Festa de Confraternização 50 anos do Sindicombustíveis - BA

Data: 8 Local: Salvador (BA) Realização: Sindicombustíveis-BA Informações: (71) 3342-9557 Festa do Revendedor

Data: 22 Local: Curitiba (PR) Realização: Sindicombustíveis-PR Informações: (41) 3021-7600 Workshop com a Revenda

Data: 28 Local: Campo Grande (MS) Realização: Sinpetro-MS Informações: (67) 3325-9988/9989 Para a publicação de eventos na agenda da Combustíveis & Conveniência, enviar os dados para monicaserrano@ fecombustiveis.org.br ou assessoria. comunicacao@fecombustiveis.org.br . Alguns eventos ainda poderão ser modificados nas próximas edições.

44 ATUAÇÃO SINDICAL Bahia

Atividade da revenda em debate O cenário encantador da Chapada Diamantina foi um dos combustíveis para engrenar os debates que aconteceram no Encontro de Lençóis, no dia 16 de agosto, promovido pelo Sindicombustiveis-BA em continuidade ao IX Ciclo de Encontros Regionais. O evento foi uma oportunidade única de desfrutar um final de semana de negócios e lazer num dos paraísos naturais da Bahia, coração da belíssima Chapada Diamantina, região central do Estado. Os temas debatidos envolveram questões relacionadas ao dia a dia da revenda. O revendedor pôde conhecer e discutir alguns serviços oferecidos pela entidade, como: seguro de vida em grupo, seguro de transporte, roubo e 60 • Combustíveis & Conveniência

responsabilidade ambiental, auxílio alimentação, entre outros. A assessoria jurídica do Sindicombustíveis expôs os aspectos legais que envolvem a revenda, destacando a imposição da ANP no que se refere aos agravamentos e reincidências de infrações. “A reincidência pode determinar a suspensão ou a revogação do registro do posto revendedor e o agravamento pode duplicar, triplicar ou mesmo quadruplicar o valor mínimo imposto com a multa da infração”, alertou o advogado do entidade, Jorge Matos. A Norma Regulamentadora 20 (NR-20) foi o ponto alto das discussões. Melqui Moreira, engenheiro ambiental, falou sobre o tema, ressaltando a importância do atendimento às

novas exigências de segurança impostas pela norma, desde março deste ano. O coordenador regional e chefe de fiscalização Nordeste da ANP, Ubirajara Silva, também participou do evento e alertou sobre os cuidados na manipulação do diesel S-10, um produto de fácil contaminação e risco de não conformidade. Ele ressaltou a importância de se manter a amostra-testemunha. “É a defesa do revendedor e pode servir para a defesa administrativa e para qualquer outro processo”, disse. Os próximos eventos do Ciclo Regional estão previstos para Guanambi e Salvador, nos meses de setembro e outubro. (Carla Eluan)


44 PERGUNTAS E RESPOSTAS Os novos caminhões fabricados com motor Euro 5, que estão em circulação desde 2012, utilizam o combustível de baixo teor de enxofre, o diesel S10. No entanto, alguns motoristas deste tipo de veículo têm solicitado aos postos para abastecer com o diesel S1800 ou S500 ao invés do S10. Como é de conhecimento, a utilização de combustível inadequado causa danos ao veículo e, neste caso, o posto de combustível poderá responder judicialmente, se constatadas avarias no motor. Qual é a orientação para a revenda quando o motorista de veículos com motor Euro 5 pede para abastecer com o diesel S500 ou S1800? ANP: Estamos dizendo para os postos que não vendam outro tipo de diesel que não o S10, inclusive, para o próprio bem do posto de abastecimento. Isso porque, lá na frente, determinado motorista pode mostrar uma nota fiscal de compra de diesel diferente e tentar requerer indenização do posto por ter lhe vendido esse combustível inadequado, que tenha danificado o caminhão. O posto não vai ter como provar que abasteceu a pedido do próprio motorista. Jurídico: O frentista deve indicar o adesivo, que deverá estar colado em local de destaque na bomba abastecedora de qualquer tipo de óleo diesel, contendo a informação: “Aos proprietários de veículo a diesel fabricados a partir de 2012 não abastecer, em nenhuma hipótese, com óleo diesel S-500 e/ou S-1800, sob pena de causar danos ao motor”, conforme Resolução ANP 63/2011.

A ANP pretende tomar alguma providência para evitar o abastecimento com o diesel inapropriado para os veículos com motor Euro 5? ANP: A princípio nos parece que não há muito que fazer porque é uma escolha do motorista, mas nossa área

LIVRO 33

técnica está avaliando a questão. Cabe aos postos colocar à disposição dos consumidores o combustível correto.

Havendo abastecimento com produto inadequado o revendedor poderá ser responsabilizado juridicamente? Jurídico: Sim, mesmo que o consumidor tenha solicitado o abastecimento com o diesel impróprio, se atendido o seu pedido e constatado posterior problema no motor, o revendedor poderá ser acionado juridicamente. Havendo declaração de mecânico ou outro perito de que a origem do problema foi o abastecimento incorreto, a defesa do revendedor ficará prejudicada.

Como o revendedor poderia se precaver diante de uma possível reclamação judicial? Jurídico: Buscar cumprir o que determina a Resolução ANP 63/2011 e informar adequadamente o consumidor. Se, por um lado, o posto não poderia deixar de atender as demandas do consumidor retendo estoques, em razão do que dispõe o Código de Defesa do Consumidor e a Portaria ANP 116/00; por outro, em razão de existir uma especificação de combustível para aquele determinado tipo de veículo, o revendedor estaria perdendo a venda a fim de garantir a segurança do consumidor, como real motivo, excluindo a hipótese de retenção de estoques. Como ainda não temos um posicionamento oficial do Procon e da ANP, a defesa do revendedor será muito mais viável, visto justo motivo pelo não abastecimento do que se defender em razão de danos ao motor do veículo por abastecimento inapropriado. Informações fornecidas por Aurélio Amaral, superintendente de Abastecimento da ANP, e Deborah Amaral dos Anjos, advogada da Fecombustíveis. Combustíveis & Conveniência • 61

Título: O Ouro dos Tolos Autor: Gillian Tett Editora: Campus O mundo ainda se recupera da crise financeira que colocou Estados Unidos e diversos países da Europa em praticamente estado de recessão. Embora algumas nações já começam a dar sinais de retomada de crescimento, como os Estados Unidos, o cenário financeiro mundial ainda exige cuidados e muita atenção. Para ajudar a entender melhor o que de fato aconteceu nesse período, o livro O Ouro dos Tolos conta a desconhecida e surpreendente história de quem estava no centro do desastre ocorrido em 2008. São relatos profundos e entrevistas exclusivas de um grupo estritamente fechado de banqueiros e de elementos-chave que compõem o mercado financeiro, escritos de forma objetiva e direta pela premiada jornalista do Financial Times Gillian Tett. Vencedora do Wincott – um dos maiores prêmios britânicos para jornalismo financeiro – em 2007 e eleita a melhor Jornalista de Negócios do Ano, a autora leva os leitores aos bastidores, privacidade da elite financeira e sigilosos níveis do universo chamado “mundo das sombras” dos banqueiros. Com tradução de Afonso Celso da Cunha, O Ouro dos Toloes é tanto uma rara jornada que entra no misterioso e competitivo mundo das altas finanças, quanto uma vital contribuição para entender como a pior crise desde a Grande Depressão foi preparada.


44 TABELAS em R$/L

Período

São Paulo

Goiás

Período

São Paulo

Goiás

15/07/2013 - 19/07/2013

1,290

1,265

15/07/2013 - 19/07/2013

1,098

0,975

22/07/2013 - 26/07/2013

1,277

1,253

22/07/2013 - 26/07/2013

1,083

0,968

29/07/2013 - 02/08/2013

1,266

1,255

29/07/2013 - 02/08/2013

1,089

0,970

05/08/2013 - 09/08/2013

1,242

1,236

05/08/2013 - 09/08/2013

1,084

0,963

12/08/2013 - 16/08/2013

1,221

1,268

12/08/2013 - 16/08/2013

1,080

0,947

Média Julho 2013

1,271

1,272

Média Julho 2013

1,115

0,978

Média Julho 2012

1,233

1,273

Média Julho 2012

1,060

0,921

Variação 15/07/2013 - 16/08/2013

-5,3%

0,2%

Variação 15/07/2013 - 16/08/2013

-1,6%

-2,9%

Variação Julho/2012 - Julho/2013

3,1%

-0,1%

Variação Julho/2012 - Julho/2013

5,2%

6,2%

Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos

HIDRATADO

ANIDRO

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL (CENTRO-SUL)

Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL (NORDESTE) Período

Alagoas

Pernambuco

Período

em R$/L

EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL ANIDRO

Alagoas

Pernambuco

Julho 2013

1,379

1,427

Julho 2012

1,250

1,264

Variação

10,3%

12,9%

Julho 2013

1,614

1,760

1,6

HIDRATADO

Em R$/L

ANIDRO

1,4

Julho 2012

1,532

1,581

Variação

5,4%

11,4%

1,2 1,0 0,8 0,6 0,4

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL HIDRATADO (em R$/L) 1,6

1,6

1,4

1,4 1,2

1,2

1,0

1,0

0,8

0,8

0,6

0,6

0,4

São Paulo

0,2

Goiás

0,0

1,0 0,8

São Paulo

0,2

Goiás

12

z/ 12 ja n/ 13 fe v/ 13 m ar /1 3 ab r/1 3 m ai /1 3 ju n/ 13 ju l/1 3

de

t/1 2

v/

no

/1 2

t/1 2

ou

se

ag o

l/1 2 ju

12 o/

l/1 2

ag

ju

se t/1 2 ou t/1 2 no v/ 12 de z/ 12 ja n/ 13 fe v/ 13 m ar /1 3 ab r/1 3 m ai /1 3 ju n/ 13 ju l/1 3 EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL HIDRATADO

62 • Combustíveis & Conveniência 1,2

0,4

0,0

1,6 1,4

EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL HIDRATADO

Em R$/L

Em R$/L

Goiás

se t/1 2 ou t/1 2 no v/ 12 de z/ 12 ja n/ 13 fe v/ 13 m ar /1 3 ab r/1 3 m ai /1 3 ju n/ 13 ju l/1 3

l/1 2 ag o/ 12

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL ANIDRO (em R$/L) EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL ANIDRO

Em R$/L

São Paulo

Fonte: 0,2 CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos 0,0 ju

Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos


TABELAS 33 em R$/L - Julho 2013

Comparativo das margens e preços dos combustíveis Distribuição

Gasolina

Revenda

Preço Médio Pond, de Custo da Gas, C 1

Preço Médio Ponderado de Venda

Margem Média Ponderada da Distrib,

Preço Médio Ponderado de Compra

Preço Médio Ponderado de Venda

Margem Média Ponderada da Revenda

2,330

2,453

0,123

2,453

2,863

0,410

2,328

2,456

0,128

2,456

2,817

0,361

2,320

2,454

0,134

2,454

2,796

0,342

Branca

2,340

2,409

0,069

2,409

2,752

0,343

Outras Média Brasil 2

2,337

2,457

0,120

2,457

2,787

0,330

2,330

2,442

0,112

2,442

2,806

0,364

15 %

Variação da Margem em relação à Margem Brasil (%)

20 % 15 %

12 %

10 %

Outras

5%

0%

9% 6%

Branca

-5 %

3%

-10 %

20,0

-15 %

13,7

10,2

7,2

-39,0

Outras

Branca

0% -3 %

-20 %

-6 %

-25 %

-9 %

-30 %

12,8

-0,5

-5,4

BR

Ipiranga

-5,8

-9,1

-12 %

-35 % -40 %

Raízen

Ipiranga

BR

Outras

Raízen

Outras

Branca

Distribuição

Diesel

Branca

Revenda

Preço Médio Pond, de Custo do Diesel 1

Preço Médio Ponderado de Venda

Margem Média Ponderada da Distrib,

Preço Médio Ponderado de Compra

Preço Médio Ponderado de Venda

Margem Média Ponderada da Revenda

1,942

2,074

0,132

2,074

2,371

0,297

1,940

2,091

0,151

2,091

2,359

0,268

1,932

2,083

0,151

2,083

2,336

0,253

Branca

1,917

1,983

0,066

1,983

2,252

0,269

Outras Média Brasil 2

1,925

2,081

0,156

2,081

2,346

0,265

1,932

2,053

0,121

2,053

2,327

0,274

Variação da Margem em relação à Margem Brasil (%)

30 %

10 %

Outras

8% 20 %

6% 10 %

4%

0%

Branca

2%

-10 %

0%

-20 %

-2 %

29,0

25,0

24,7

9,2

-45,5

-30 %

-4 %

8,0

Branca

Outras

-2,2

-3,5

-2,1

-7,8

-6 %

-40 %

-8 %

-50 %

Outras

Raízen

Ipiranga

BR

Branca

BR

1 - Calculado pela Fecombustíveis, a partir dos Atos Cotepe 12/13 e 13/13. 2 - A pesquisa abrange as capitais dos Estados da BA, MG, PA, PE, PR, RJ, RS, SP e o Distrito Federal. 3 - O fator de ponderação para cálculo de margem e preço médios é o nº de postos consultados pela ANP.

Ipiranga

Branca

Outras

Raízen

Combustíveis & Conveniência • 63


44 TABELAS

FORMAÇÃO DE PREÇOS

em R$/L

Gasolina

Ato Cotepe Nº 15 de 08/08/2013 - DOU de 09/08/2013 - Vigência a partir de 16 de agosto de 2013.

UF

75% Gasolina A

25% Alc. Anidro (1)

75% CIDE

75% PIS/ COFINS

Carga ICMS

Custo da Distribuição

Alíquota ICMS

Preço de Pauta (2)

AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

1,110 0,972 1,018 1,044 0,969 0,977 1,045 1,037 1,044 0,971 1,073 1,045 1,058 1,000 0,975 0,972 0,984 1,007 0,980 0,978 1,046 1,038 0,982 1,033 1,006 1,016 1,085

0,410 0,364 0,405 0,404 0,370 0,370 0,313 0,320 0,310 0,374 0,330 0,315 0,313 0,400 0,366 0,366 0,371 0,314 0,313 0,366 0,409 0,412 0,335 0,318 0,366 0,310 0,313

0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000

0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196

0,815 0,781 0,757 0,721 0,770 0,772 0,749 0,795 0,847 0,780 0,753 0,735 0,803 0,832 0,758 0,761 0,695 0,820 0,939 0,779 0,763 0,753 0,733 0,720 0,788 0,643 0,758

2,532 2,313 2,376 2,365 2,306 2,315 2,303 2,349 2,397 2,320 2,352 2,292 2,370 2,428 2,296 2,296 2,247 2,337 2,428 2,319 2,414 2,399 2,247 2,267 2,357 2,165 2,351

25% 27% 25% 25% 27% 27% 25% 27% 29% 27% 25% 25% 27% 28% 27% 27% 25% 28% 31% 27% 25% 25% 25% 25% 27% 25% 25%

3,260 2,892 3,026 2,884 2,852 2,860 2,994 2,944 2,920 2,888 3,012 2,941 2,975 2,972 2,808 2,819 2,780 2,930 3,028 2,884 3,050 3,013 2,934 2,880 2,918 2,572 3,030

Diesel

Nota (1): Corresponde ao preço da usina com acréscimo de PIS/COFINS e custo do frete. Nota (2): Base de cálculo do ICMS

UF

95% Diesel

5% Biocombustível

95% CIDE

95% PIS/ COFINS

Carga ICMS

Custo da distribuição

Alíquota ICMS

Preço de Pauta (1)

AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

1,481 1,304 1,364 1,346 1,302 1,285 1,438 1,407 1,430 1,305 1,467 1,410 1,425 1,312 1,307 1,303 1,322 1,391 1,349 1,212 1,399 1,390 1,380 1,403 1,347 1,373 1,355

0,102 0,102 0,102 0,102 0,102 0,102 0,102 0,102 0,102 0,102 0,102 0,102 0,102 0,102 0,102 0,102 0,102 0,102 0,102 0,102 0,102 0,102 0,102 0,102 0,102 0,102 0,102

0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000

0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141

0,463 0,392 0,404 0,401 0,410 0,383 0,288 0,280 0,356 0,385 0,437 0,374 0,349 0,413 0,389 0,393 0,399 0,274 0,299 0,385 0,427 0,436 0,308 0,280 0,396 0,291 0,306

2,186 1,939 2,010 1,990 1,955 1,910 1,968 1,929 2,028 1,932 2,146 2,027 2,016 1,968 1,938 1,939 1,963 1,907 1,891 1,840 2,069 2,068 1,931 1,925 1,986 1,906 1,904

17% 17% 17% 17% 17% 17% 12% 12% 15% 17% 17% 17% 15% 17% 17% 17% 17% 12% 13% 17% 17% 17% 12% 12% 17% 12% 13,5%

2,722 2,306 2,374 2,360 2,412 2,250 2,397 2,332 2,370 2,262 2,571 2,201 2,328 2,427 2,286 2,314 2,346 2,280 2,299 2,264 2,511 2,564 2,569 2,330 2,332 2,422 2,270

Nota (1): Base de cálculo do ICMS * Nos preços de custo acima poderão ser encontradas pequenas diferenças, em decorrência dos valores de frete (percurso entre o produtor de biodiesel e a base de distribuição) e alegislação tributária ainda indefinida para o B5 e o B100.

64 • Combustíveis & Conveniência


TABELAS 33

preços dAs DISTRIBUIDORAS Menor

Belém (PA) Gasolina Diesel Etanol

Macapá (AP) Gasolina Diesel Etanol

BR 2,510 2,061 N/D

2,488 2,181 2,106

2,591 2,297 2,213

2,472 2,106 2,255

Porto Velho (RO)

2,646 2,257 N/D BR

Raízen 2,596 2,598 2,190 2,216 N/D N/D

2,590 2,236 N/D

2,599 2,257 N/D

2,454 2,181 1,664

2,272 2,030 1,394

Gasolina Diesel Etanol

2,447 2,154 2,004

BR 2,505 2,066 1,561

BR

2,366 1,982 1,983

ipp

Taurus 2,360 2,525 2,100 2,230 1,610 1,792

Gasolina Diesel Etanol

Porto Alegre (RS)

Raízen 2,491 2,551 2,126 2,292 2,172 2,312

2,584 2,232 1,852

Alesat 2,579 2,587 2,126 2,138 1,559 1,601

Florianópolis (SC)

2,575 2,181 2,285

2,515 2,168 N/D

2,483 2,221 1,498

Gasolina Diesel Etanol

Gasolina Diesel Etanol Fonte: ANP

IPP

2,498 2,149 N/D

2,550 2,285 1,555

BR

2,339 1,980 1,479

2,501 2,164 2,057

2,373 2,109 2,017

2,502 2,089 2,074

2,332 2,032 N/D

IPP

IPP 2,531 2,219 1,719

Raízen 2,526 2,551 2,110 2,117 1,547 1,548

2,528 2,122 1,684

Raízen 2,318 2,530 2,014 2,068 1,376 1,657

2,469 2,109 2,038

Raízen 2,373 2,507 2,078 2,149 2,026 2,083

2,477 2,041 N/D

Raízen 2,370 2,456 1,963 2,033 1,953 1,953

BR

IPP

2,535 2,330 1,600

2,539 2,120 1,591 IPP

2,517 2,064 1,674

Gasolina Diesel Etanol

Raízen 2,385 2,446 2,000 2,072 2,071 2,188

2,398 2,000 2,032

Gasolina Diesel Etanol

2,379 2,093 1,990

Gasolina Diesel Etanol

Alesat 2,427 2,558 2,039 2,117 2,129 2,280

Gasolina Diesel Etanol

2,450 2,116 2,185

Gasolina Diesel Etanol

2,416 1,895 1,826

Gasolina Diesel Etanol

2,474 2,053 2,020

2,409 1,895 2,117

ipp

BR

2,450 2,130 1,569

2,459 1,958 2,073

Gasolina Diesel Etanol

N/D N/D N/D

Raízen 2,551 2,583 2,340 2,357 1,542 1,634

Gasolina Diesel Etanol

Campo Grande (MS)

2,570 2,135 2,292

2,437 2,112 2,044

2,733 2,398 2,319

2,545 2,280 1,505

2,459 2,101 2,096

Gasolina Diesel Etanol

Equador 2,680 2,772 2,310 2,396 1,997 2,159

Gasolina Diesel Etanol

2,558 2,195 2,174

2,613 2,287 2,205

2,324 2,055 2,077

Raízen 2,587 2,697 2,201 2,346 2,217 2,234

Idaza

2,352 2,052 2,114

Gasolina Diesel Etanol

2,652 2,299 2,501

2,503 2,132 2,164

2,470 2,171 2,138

Raízen 2,561 2,608 2,252 2,288 2,158 2,235

N/D N/D N/D

BR

Maior

Raízen 2,430 2,470 2,027 2,115 1,986 2,311

2,426 2,029 2,029

2,555 2,161 2,317

Menor

2,488 2,160 2,304

Gasolina Diesel Etanol

n/d

Maior BR

2,499 1,999 N/D

Atem's 2,420 2,425 2,120 2,130 2,250 2,431

BR

2,546 2,206 1,968

Total 2,457 1,916 N/D

2,450 2,113 2,317

BR

2,547 2,199 N/D

Rio Branco (AC)

Curitiba (PR)

Menor

Maior

2,570 2,050 N/D

2,484 2,116 2,259

Gasolina Diesel Etanol

Goiânia (GO)

Menor

IPP

Equador 2,489 2,650 2,055 2,148 1,965 2,100

Cuiabá (MT)

2,577 2,270 2,006

BR

2,410 2,115 2,208

Gasolina Diesel Etanol

2,480 1,989 N/D IPP

Gasolina Diesel Etanol

Gasolina Diesel Etanol

Maior IPP

2,570 2,089 N/D BR

Boa Vista (RR)

Manaus (AM)

Menor

São Luiz (MA)

Palmas (TO) Gasolina Diesel Etanol

Maior

em R$/L - Julho 2013

Teresina (PI)

BR

Fortaleza (CE)

Natal (RN)

Maceió (AL)

Raízen 2,459 2,548 2,101 2,197 2,090 2,228

2,525 2,056 2,262

Raízen 2,473 2,508 1,967 1,990 2,231 2,296

2,475 2,003 2,127

2,400 2,025 2,033

Raízen 2,341 2,511 2,121 2,322 2,033 2,174

2,366 2,060 1,968

IPP

IPP

BR

IPP

2,570 2,120 2,243

Raízen 2,432 2,545 2,100 2,127 2,158 2,286

2,511 N/D 2,134

2,526 2,143 1,979

2,340 1,855 1,800

2,532 2,088 2,280

2,474 2,045 2,002

Gasolina Diesel Etanol

Raízen 2,508 2,743 1,941 2,134 1,730 2,048

2,512 1,935 1,730

Gasolina Diesel Etanol

2,413 2,109 1,550

Gasolina Diesel Etanol

2,190 1,951 1,330

Gasolina Diesel Etanol

2,448 2,109 2,010

Salvador (BA)

Vitória (ES)

IPP

BR

Brasília (DF)

BR

2,511 N/D 2,174

2,522 2,145 2,159

Raízen 2,449 2,538 2,111 2,141 2,023 2,290

2,716 2,251 1,987

2,513 1,945 1,750

2,562 2,224 1,798

Raízen 2,431 2,579 2,126 2,166 1,629 1,831

2,439 2,139 1,599

2,440 2,108 1,602

2,214 1,922 1,389

2,519 2,127 2,063

Raízen 2,419 2,525 2,082 2,125 2,074 2,105

BR

BR

IPP

IPP

Raízen 2,350 2,536 1,965 2,192 1,860 2,059

Belo Horizonte (MG)

São Paulo (SP)

2,590 2,093 2,398

2,610 2,124 2,188

IPP

Rio de Janeiro (RJ)

2,534 2,164 2,104 BR

2,460 2,009 2,135

BR

2,385 2,007 2,046

2,486 2,062 2,204 BR

2,500 2,064 2,271

Aracaju (SE)

2,446 2,067 2,099

2,532 2,203 2,156

BR

2,449 2,149 2,149

IPP 2,439 2,063 2,026

Raízen 2,370 2,431 2,093 2,118 2,080 2,125

IPP

Total

Maior

2,409 2,090 2,114

BR

João Pessoa (PB)

Recife (PE)

Total

Menor

IPP

Foram consideradas as três distribuidoras com maior participação de mercado em cada capital, considerando os dados disponibilizados pela ANP.

BR

BR

2,389 2,064 1,600

2,820 2,130 2,069 IPP 2,636 2,223 1,843

Raízen 2,245 2,457 1,905 2,093 1,379 1,748 2,419 2,113 2,069

IPP

2,500 2,129 2,075

Combustíveis & Conveniência • 65


44 CRÔNICA 44 Antônio Goidanich

O tempo e a perspectiva Todos os tenistas sentados ao sol, no bar do clube, em conversa após o jogo, riem quando o Doutor chega de sobretudo e manta. A maioria está de bermuda e camisa polo. Uns poucos com jaqueta de abrigo. Refrigerantes e cervejas servidas sobre a mesa denunciam o verão. Nada de vinho ou conhaque. Alguém se preocupa: - O que houve, velho? Estás doente? O Doutor senta na ponta da mesa, enfia as mãos nos bolsos do sobretudo e explica: - Não. Tive um compromisso de manhã e não pude vir jogar. - E essa roupa toda? - Quando saí de casa às oito da manhã estava quatro graus. E ouvi a previsão do tempo que teria chuva e frio. - E tu ainda acredita nesses caras da previsão do tempo? - Eu tenho que acreditar. Como tudo o mais, é sempre questão de perspectiva e tempo. - Nada. São como os políticos: ou não sabem nada ou mentem. Todos se põem a pensar alto. - Como essa gente do governo mente. Anunciaram a autossuficiência de petróleo e nunca importamos tanto. Inauguraram um número enorme de obras que não se realizaram. Anunciaram outras tantas. Prometeram honestidade e a corrupção come solta. - Corruptos são os do PSDB. Esse caso do metrô de São Paulo é um escândalo. - E a Refinaria de Pasadena é o quê? - E o balcão de negócios da reeleição do FHC? - E o mensalão não existiu? E o Celso Daniel? O Doutor interrompe o duelo. Faz cara de saco cheio, respira fundo. Tira a mão direita do bolso do sobretudo para ajudar nos gestos: - Seria bem melhor se pudéssemos falar de coisas positivas. Elogiar realizações. - É Doutor. Mas não dá. - Um dos parceiros, normalmente silencioso, intervém. Vira jogral. - Tudo é repeteco. É só lembrar o que circulou na imprensa em diversas épocas. Os militares anunciaram e construíram a Transamazônica. Onde está? O Sarney fez projetos, selos, pedágios 66 • Combustíveis & Conveniência

e foi aquele desastre. O Collor anunciou a caça aos Marajás e foi o que se viu. - Esse, pelo menos, foi punido. - É. Tem a seu favor o fato de ter sido cassado. Mesmo sendo absolvido no STF. - O FHC anunciava e negava pela imprensa e a imprensa apoiava. Os escândalos de alguns Ministérios foram terríveis. Ministros, hoje de volta ao cenário, eram execrados como corruptos. O Lula fez um discurso na campanha, mas no poder, alguns acham que abraçou o projeto FHC. As práticas denunciadas como corruptas foram repetidas. - Como disse o Marcilio, o que é bom se anuncia, o que é ruim se encobre. A Refinaria de Pernambuco não era viável. O governo anunciou um acordo bilateral com a Venezuela, que viabilizaria a construção. - Anúncio bombástico. Festejado. Agora descobre-se que a Venezuela jamais colaborou. Anúncio bombástico da ilusão e a realidade vem à luz arrancada como confissão de um ex-presidente da Petrobras. - Alguns dizem que todo político mente, que só dizem a verdade na oposição quando denunciam a corrupção alheia. A esta altura, a maioria estava tiritando de frio e pedindo conhaque. Procurando abrigo nas maletas. O sol sumira. O Doutor ajeita a manta e sorri. - Parece que está fácil fazer previsão do tempo. Tem todos os climas e temperaturas no mesmo dia. Tudo questão de tempo (em algumas horas) e perspectiva.




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