Revista Combustíveis & Conveniência Ed.92

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ÍNDICE 33 n Reportagem de Capa

n Revenda em Ação

38 • Cada vez mais virtual

46 • Gestão renovada n Meio Ambiente

50 • Mais segurança na sua obra n Conveniência

54 • É só pedir! n Entrevista

10 • Luis Henrique Guimarães, vice-presidente executivo comercial da Raízen

n Mercado

20 • Agora é oficial 24 • Em marcha lenta 26 • Mercado de GNV quer retorno de consumo 29 • Ainda sem solução n Na Prática

19 • Paulo Miranda

49 • Perguntas e Respostas

31 • Roberto Fregonese

58 • Atuação Sindical

37 • Jurídico Felipe Goidanich

66 • Crônica Amour toujours l’amour

57 • Conveniência Hélio Moreira

4TABELAS

04 • Virou Notícia

4OPINIÃO

4SEÇÕES

32 • Oportunidades à vista 34 • Pratique solidariedade

62 • Evolução dos Preços do Etanol 63 • Comparativo das Margens e Preços dos Combustíveis 64 • Formação de Preços 65 • Preços das Distribuidoras Combustíveis & Conveniência • 3


44 VIROU NOTÍCIA

Antes tarde... A ANP finalmente resolveu colocar em pauta a adição de um corante ao diesel marítimo para tentar coibir desvios de uso, já que o produto segue sem adição de biodiesel e, portanto, tem preço mais atrativo. A decisão foi motivada pelo ofício Fecombustíveis n° 076/2010, de 21 de dezembro passado, que cobrava uma posição da Agência, após a Resolução nº 52, de dezembro de 2010, mais uma vez ter deixado de fora o antigo pedido da revenda de adicionar um marcador ou corante ao diesel marítimo. A primeira reunião estava prevista para o dia 24 de fevereiro e iria contar com participação da Fecombustíveis, representantes dos produtores de diesel marítimo e do Sindicom, entre outros. A conferir!

Apertou no Cade O presidente interino do Cade, Fernando Furlan, mostrou que não está para brincadeira. A maioria dos conselheiros acompanhou o parecer de Furlan e condicionou a aprovação da compra pela Shell da Jacta Participações (unidade de combustível de aviação da Cosan) à venda dos parques de abastecimento nos aeroportos da Pampulha (Belo Horizonte), Viracopos (Campinas), Curitiba e Brasília. Se a recomendação não for concretizada em 90 dias (a contar de fevereiro), o Cade não irá autorizar a compra da Jacta pela Shell. A multinacional chegou a apresentar uma proposta na véspera do julgamento, mas Furlan a considerou insuficiente para evitar excesso de concentração de mercado no setor. Detalhe: tudo isso após o então presidente do Conselho, Arthur Badin, e do relator do pro-

DE OLHO NA ECONOMIA Investimento estrangeiro O investimento estrangeiro no Brasil está tão aquecido que um dos grandes bancos do país tem suado a camisa para alocar os ativos. Não há perspectiva de mudança para 2011. Agronegócio O agronegócio brasileiro vai bem, obrigado. A alta das commodities não deve ser interrompida antes do final do ano. Inflação Não será fácil controlar a demanda apenas com a taxa de juros. Com inadimplência e dólar em baixa, e salário e crédito em alta, os preços seguirão pressionados, o que pode levar o governo a adotar mais medidas restritivas. Mão de obra Achar trabalhador qualificado tem se tornando uma preocupação séria do mercado, que está tendo que pagar cada vez mais pelo mesmo nível de qualificação.

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cesso, César Mattos, terem dado sinal verdade à operação. Em 15 de dezembro, Furlan pediu vistas do processo e não ficou contente com o que viu. O Cade ainda vai analisar a joint venture entre Shell e Cosan no setor de distribuição de combustíveis.

Áreas contaminadas na berlinda A Lei estadual 13.577, de 9 de julho de 2009, que trata das áreas contaminadas no estado de São Paulo, deve ser promulgada em breve. Para tanto, a proposta para a sua regulamentação foi colocada em consulta pública, em fevereiro, por um período de 40 dias. De acordo com Fernando Rei, presidente da Cetesb, São Paulo é o primeiro estado a aprovar uma lei específica sobre áreas contaminadas e isso deverá balizar iniciativas similares no resto do Brasil, influindo inclusive no âmbito da União e de outros países da América Latina. São Paulo tem, atualmente, 2.904 áreas contaminadas, segundo o último levantamento da Cetesb. Desse total, 2.279 são de postos de combustíveis, 123 têm origem em atividades comerciais e 382 decorrentes de processos industriais. Além disso, 96 áreas foram causadas por disposição de resíduos e 24 decorrentes de acidentes ou de autoria desconhecida. Dessas, 110 são consideradas reabilitadas. Regulamentada, a nova lei vai conferir à Cetesb um instrumento de gestão mais efetivo, definindo as responsabilidades com mais clareza e estabelecendo critérios para a realização de avaliação preliminar, investigação confirmatória e outras providências.


Mais veículos particulares 44,3% da população brasileira têm no transporte público seu principal meio de deslocamento nas cidades. Na região Sudeste, o percentual atinge 50,7%. Apesar disso, a quantidade de ônibus em circulação no Brasil cresceu menos, de 2000 a 2010, que a quantidade de veículos particulares. Hoje, há um ônibus para cada 427 habitantes; em 2000 havia um para 649 pessoas. Em relação aos carros, a proporção hoje é de um automóvel para cada 5,2 habitantes, enquanto há dez anos era de 8,5. Os dados são do levantamento Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS), recém divulgado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea).

Bardahl nos postos ALE As parcerias, fusões e acordos seguem com força no mercado nacional. Agora foi a vez da ALE anunciar um acordo com a Promax, que fabrica os produtos Bardahl no Brasil, para garantir exclusividade da venda de aditivos entre seus revendedores. O contrato tem duração de três anos e envolve aditivos de combustível, de óleo e de radiador para automóveis. As duas empresas prometem investir R$ 1,5 milhão por ano em divulgação, treinamento e capacitação, entre outras atividades, para atingir a meta de 4 milhões de frascos de aditivo vendidos por ano na rede. É o mercado de aftermarket (aditivos vendidos em frascos) ganhando espaço!

Divulgação

Ping-Pong

Carlos Thadeu

Carlos Thadeu de Freitas Gomes é economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo e foi diretor do Banco Central. Como a economia mundial tem se comportado no pós-crise? Estamos passando por um período de grande desequilíbrio entre países ricos e emergentes. Estes últimos estão crescendo muito, enquanto que os países ricos ainda buscam saídas para se reerguer. É o caso dos Estados Unidos, que estão emitindo moeda à vontade em países emergentes. Como resultado dessa política, temos o dólar fraco e uma valorização das commodities em função da demanda muito forte por esses produtos por países em desenvolvimento, como China e Índia. Para o Brasil, esse cenário é benéfico, pois o país é exportador de commodities e possui reservas enormes – superiores às suas dívidas. Isso acaba atraindo maior interesse do investidor estrangeiro. Por outro lado, o excesso de moeda estrangeira no país traz consequências que precisam ser observadas. Uma delas é o real valorizado. É preciso aprender a lidar com essa realidade, criando compensações tributárias para evitar o cenário de bolha. Vale lembrar que o que estamos vivenciando agora refere-se ao descompasso do dólar. Quando ele voltar a seu lugar, isso vai mudar. Ou seja, a impressão de que estamos continuamente bem, pode não ser a realidade. Qual o impacto para o setor de combustíveis brasileiro com as commodities em alta? A valorização cambial absorve parte da alta das commodities, mas, por outro lado, já temos sinais de escassez de petróleo no mundo, enquanto sua demanda continua crescendo muito. Em especial no Brasil, esse cenário não significa que precisamos subir a gasolina, mas deve ser observado mais adiante. Em 2012, por exemplo, caso a situação permaneça como está, pode ser considerado um aumento no preço da gasolina. As medidas anunciadas pelo governo (corte no Orçamento, salário mínimo de R$ 545) vão surtir efeito? Vivemos um momento diferente daquele quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu. Naquela época, o país estava muito endividado e precisa cortar gastos. Agora, a situação é outra. A presidente Dilma Rousseff assume o governo com o país “bombando”, refletindo em uma gastação exagerada. Acredito que as medidas anunciadas até agora vão diminuir as pressões inflacionárias, além de tentar controlar uma maior queda do dólar. Como resultado, teremos uma pequena desaceleração da atividade econômica, reduzindo o PIB de 7,5% a 4,5%. Qual o reflexo dessas medidas para o comércio? As medidas não devem afetar tanto assim, já que o cenário é de real valorizado. Mas vale destacar que, para o setor de combustíveis, pode haver uma pequena redução no ritmo de crescimento das vendas de combustíveis devido às vendas de automóveis. As medidas fiscais anunciadas pelo governo atingiram em cheio a política de crédito para aquisição de veículos. E acredito que o governo acertou ao recuar com a venda de carros. Isso poderia causar um nível de inadimplência insustentável para o mercado.

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44 VIROU NOTÍCIA Divulgação

Vai ou fica? Há poucas semanas, era dada como certa a saída de José Sergio Gabrielli da presidência da Petrobras. Agora, já não se sabe ao certo. O que não falta nesta novela, como sempre, são interesses, de todos os lados. No Rio de Janeiro, já tem até taxista começando a arriscar uns palpites sobre o que vai acontecer nos próximos capítulos ao atual inquilino da avenida Chile.

Efeito pré-sal Ecofrota paulista roda com B20

Vangelis Thomaidis/iStock

A prefeitura de São Paulo deu início ao Programa Ecofrota, que prevê a utilização da mistura de 20% de biodiesel ao diesel comum usado no transporte público da cidade. A iniciativa pretende reduzir em 22% a emissão de material particulado, além de atingir 15% da meta anual de redução de combustíveis fósseis prevista na Lei Municipal das Mudanças Climáticas. O B20 será misturado ao diesel utilizado na cidade, o S50, com menor teor de enxofre. Ao todo, 1.200 ônibus utilizarão esta nova mistura e se juntarão a outras ações da Secretaria Municipal de Transportes relacionadas ao uso de combustíveis alternativos e ambientalmente corretos. Entre as outras medidas antipoluição da secretaria estão o uso do biodiesel da cana-de-açúcar, testes com veículos híbridos (diesel e eletricidade) e circulação de ônibus movidos a etanol.

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O preço de uma vaga em ponto de táxi em Santos (SP) parece estar seguindo os princípios da famosa exuberância irracional. Para começar a rodar no balneário paulista, é preciso capitanear a bagatela de R$ 100 mil, sem contar o carro e outras burocracias relacionadas ao metier. Dois outros valores do setor, apenas para se ter uma ideia da encrenca: uma corrida de ponta a ponta da cidade vale cerca de R$ 25 e uma corrida para o aeroporto de Congonhas em São Paulo não sai por menos de R$ 150. Quem já fez a conta na ponta do lápis garante que a poupança é melhor negócio.

Dragão noturno Hackers chineses invadiram os computadores de cinco multinacionais de petróleo e gás para roubar planos de licitação e outras informações críticas, segundo um relatório da empresa de segurança on-line McAfee. O estudo, que batizou o ataque de “Dragão Noturno”, não revela as cinco empresas vítimas da invasão e afirma que outras sete também foram atacadas.


Já ouviram falar de oferta? Com o aquecimento da economia interna, a pressão inflacionária e as soluções mirabolantes para enfrentar a competição com os chineses, um economista que está feliz com a conjuntura atual faz um comentário à boca miúda. “O interessante neste debate todo sobre a inflação não é o que estão falando, mas o que estão deixando de falar. Até agora não ouvi ninguém se preocupar em aumentar a oferta para, assim, atender à demanda superaquecida”. Segundo ele, esta seria a solução ortodoxa para o atual momento do país.

Gás do riso Parte dos taxistas das principais praças do país voltaram a sorrir com os preços (relativos) do gás. Com a escalada do preço do etanol, os motoristas que rodam com gás voltaram a sentir o alívio de, lá atrás, terem feito o investimento no sistema de conversão para GNV. Mas quem comprou carro novo quando o gás estava lá em cima e resolveu apostar no etanol está sentindo uma ressaca de quarta-feira de cinzas.

Aranguren é argentino Em geral, limito-me a preencher este espaço com 10 notícias que possam ser de interesse de quem acompanha o mercado de combustíveis. Mas, o momento está ocupado pela polêmica entre o ministro Guillermo Moreno e o presidente da Shell CAPSA (Compañia Argentina de Petróleo Sociedad Anonima). Nada de novo. Nos últimos sete anos, as brigas entre o ativo e trabalhador, mas atrevido e desbocado, ministro e o Petiso (baixinho) Aranguren têm sido repetitivas e já renderam cerca de 60 processos judiciais. Anos atrás até o presidente Kirchner se deixou arrastar e solicitou ao povo que não comprasse produtos da Shell. Foi o quanto bastou para que os piqueteiros profissionais da Plaza de Mayo, eventualmente desocupados, cercassem postos que ostentassem a marca da Shell e impedissem seu funcionamento. A Claec manifestou-se já que os grandes prejudicados eram os revendedores proprietários dos postos, pequenos comerciantes, argentinos de nascimento, que eventualmente tinham contrato com aquela bandeira. Nos debates do conselho da Claec, um dos representantes manifestou seu repúdio a que um funcionário de multinacional tivesse a pretensão de criticar uma atitude de um governo. Prontamente um representante uruguaio, reconhecido por seu equilíbrio, contestou: “Aranguren é argentino”. E, aí está a grande verdade. O emprego de uma pessoa não lhe tira seus direitos de cidadania. Muito menos o mais sagrado, o de opinar. Errado ou certo, com ou sem razão, não importa. No momento atual, entre outras pérolas, está a acusação que pesa sobre o sr. Aranguren: a de atuar como oposicionista. É de perguntar-se: é pecado ser oposicionista? Na Argentina, como no Brasil, é o que mais falta faz. Oposição séria, crítica e pensadora. Não meros apontadores de eventuais escândalos de comportamento. O mesmo valeria para a imprensa.

Divulgação BP

O petróleo é deles

PELO MUNDO por Antônio Gregório Goidanich

É grande o interesse de empresas estrangeiras por ativos de petróleo no Brasil. A confluência do efeito pré-sal, perspectiva de crescimento, estabilidade e, para ajudar de vez, os tumultos no Oriente Médio estão trazendo uma enxurrada de estrangeiros ao país para negociar participações em blocos de exploração. Só não se fecha mais negócios porque muitos interessados acreditam que vale a pena aguardar a próxima rodada da ANP.

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CARTA AO LEITOR 44 Morgana Campos

Novos tempos? A Fecombustíveis representa nacionalmente 34 sindicatos e a Fergás, defendendo os interesses legítimos de quase 38 mil postos de serviços, 365 TRRs e cerca de 35 mil revendedores de GLP, além da revenda de lubrificantes. Nossa missão é acompanhar o mercado de revenda de combustíveis com a meta de fomentar o desenvolvimento econômico e social do setor, contribuindo assim para melhor qualidade de vida da nação. Tiragem: 25 mil exemplares Auditada pelo Presidente: Paulo Miranda Soares Presidente de Honra: Gil Siuffo 1º Vice-Presidente: Roberto Fregonese 2º Vice-Presidente: Mário Luiz P. Melo 3º Vice-Presidente: Walter Tannus Freitas 4º Vice-Presidente: Adão Oliveira da Silva 5º Vice-Presidente: José Carlos Ulhôa Fonseca 6º Vice-Presidente: Maria Aparecida Siuffo Schneider 1º Secretário: José Camargo Hernandes 2º Secretário: José Augusto Melo Costa 3º Secretário: Emilio Roberto C. Martins 1º Tesoureiro: Ricardo Lisboa Vianna 2º Tesoureiro: Manuel Fonseca da Costa 3° Tesoureiro: Mário Duarte Conselheira Fiscal Efetiva: Maria da Penha Amorim Shalders Conselheiro Fiscal Efetivo: Flávio Henrique B. Andrade Conselheiro Fiscal Efetivo: Luiz Felipe Moura Pinto Diretor de TRR: Álvaro Rodrigues Antunes de Faria Diretor de GLP: Álvaro Chagas Diretor de Postos de Rodovia: Ricardo Hashimoto Diretor de Meio Ambiente: João Batista Porto Cursino de Moura Diretor de GNV: Gustavo Sobral de Almeida Diretoria: Aldo Locateli, Alírio José Gonçalves, Álvaro P.Chagas, Álvaro Rodrigues A.Faria, Carlos Henrique R.Toledo, Dilleno de Jesus T. da Silva, Eliane Maria de F. Gomes, Flavio Martini S.Campos, João Batista P.C.Moura, João Victor C.R.Renaut, José Vasconcelos da R. Junior, Mário Shiraishi, Omar A.Hamad Filho, Ricardo Hashimoto, Roque André Colpani, Ruy Pôncio. Conselho Editorial: Fernando Martins, José Alberto Miranda Cravo Roxo, José Luiz Vieira, Luiz Gino Henrique Brotto, Marciano, Francisco Franco e Ricardo Hashimoto Edição: Morgana Campos (morganacampos@fecombustiveis.org.br) Editora-assistente: Gisele de Oliveira (assessoria.comunicacao@fecombustiveis.org.br ) Redação: Rosemeire Guidoni (roseguidoni@uol.com.br) e Rodrigo Squizato (rodrigo@deletra.com.br ) Capa: Alexandre Bersot Publicidade: Gerente comercial: Celso Guilherme Figueiredo Borges (celsoguilherme@fecombustiveis.org.br) Telefone: (21) 2221-6695 Programação visual: Girasoli Forma e Conteúdo (contato@girasoli.com.br) Fecombustíveis Av. Rio Branco 103/13° andar. Centro RJ. Cep.: 20.040-004 Telefone: (21) 2221 6695 Site: www.fecombustiveis.org.br/revista E-mail: revista@fecombustiveis.org.br

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Se no final dos anos 80, em plena crise do Pró-álcool, alguém previsse que pouco mais de 30 anos depois a marca Esso seria explorada no Brasil por uma empresa produtora de açúcar e álcool (afinal, ainda não era etanol naquele período!) já seria difícil de acreditar. Imagine então se essa pessoa acrescentasse ainda que a mesma empresa despertaria o interesse de uma gigante do petróleo mundial. E, a cereja do bolo: que esse flerte não iria acabar numa simples aquisição, mas sim na formação de uma joint venture, criando outra empresa brasileira, a Raízen. Certamente, nosso “adivinho fictício” seria chamado de louco e colocado no rol de delirantes que previam o fim do mundo em 2000. O fato é que o mundo não acabou, mas o Tigre da Esso se prepara para arrumar as malas e deixar de vez os postos brasileiros, enquanto a Cosan e sua parceira Shell prometem revolucionar a comercialização de etanol, investindo pesado em pesquisa, produção e na abertura do mercado externo ao biocombustível nacional. No downstream, analistas apostam numa briga boa pela disputa com o Grupo Ultra pela vice-liderança do mercado. E no meio disso tudo estão os revendedores, ainda meio desconfiados com o que pode vir pela frente, mas prontos para serem cortejados. Numa conversa descontraída e bem humorada num final de tarde no Rio de Janeiro, o vice-presidente executivo da Raízen, Luis Henrique Guimarães, contou com entusiasmo sobre os planos para o setor e avisou: o segmento de postos de rodovia deve receber forte incentivo já no início das operações da nova companhia. Para dar uma ideia da importância que a Raízen deve dedicar aos postos, Guimarães não só achou uma brecha em sua tumultuada agenda desse período que antecede as operações conjuntas, como também trouxe com ele seus principais diretores. Tudo isso para que nenhuma dúvida deixasse de ser esclarecida. Ou pelo menos aquilo que eles podem revelar no momento, sem entregar o ouro para os concorrentes, que estão ansiosos para saber a estratégia desse “novo-velho” player, agora em versão “V-Power”, como brinca o próprio Guimarães. Na matéria de capa deste mês, a editora-assistente Gisele de Oliveira encarou a espinhosa missão de explicar o nó tecnológico e fiscal que cada vez mais tira o sono dos revendedores. Prova disso é que, quando apresentamos essa proposta de pauta em nossa reunião mensal, o conselho editorial foi taxativo: temos que fazer a matéria, mas não se iluda: já vamos estar defasados quando a revista chegar às mãos do revendedor. Isso reflete um pouco as dificuldades que postos e desenvolvedores de sistemas estão enfrentando, em meio a mudanças e indefinições envolvendo as novas regras ainda em formulação. Já a repórter Rosemeire Guidoni segue acompanhando a lenta recuperação do setor de GNV em São Paulo. Na seção conveniência, ela conta mais sobre uma ideia que vem chegando pouco a pouco aos postos, mas cujo raio de atuação não para de crescer: o serviço de delivery. Não deixe de conferir. Boa leitura! Morgana Campos Editora


44 AGENDA Março

Junho

Setembro

26ª Convenção Nacional TRR

7º Encontro de Revenderes do Nordeste

Comemoração dos 50 Anos do Sindicombustíveis-PE

Data: 15 a 20 Local: Lençóis Maranhenses e São Luís (MA) Realização: SindTRR Informações: (11) 2914-2441

Data: 9 a 12 Local: Fortaleza (CE) Realização: Sindipostos-CE Informações: (85) 3244-1147

Encontro dos Revendedores de Combustíveis e Lojas de Conveniência de SC

Data: 18 a 20 Local: Gaspar (SC) Realização: Sinpeb e demais Sindicatos de Santa Catarina Informações: (47) 3326-4249

Abril

Reunião com Revendedores de Pernambuco

Data: 27 Local: Petrolina (PE) Realização: Sindicombustiveis-PE Informações: (81) 3227-1035

Data: 29 e 30 Local: Vitória (ES) Realização: Sindipostos-ES Informações: (27) 3322-0104

Data: 3 Local: Recife (PE) Realização: Sindicombustíveis-PE Informações: (81) 3227-1035 Expopetro 2011

Data: 22 a 25 Local: Gramado (RS) Realização: Sulpetro Informações: (51) 3228-7433

Data: 26 Local: Imperatriz (MA) Realização: Sindcomb-MA Informações: (98) 3235-6315

Dezembro Encontro de Revendedores Regional e Confraternização

Julho

Outubro

Data: 03 Local: Caxias (MA) Realização: Sindcomb-MA Informações: (98) 3235-6315

7 Festa do Revendedor

4º Encontro de Revendedores de Combustíveis do Rio de Janeiro

Encontro de Revendedores Regional e Confraternização

a

12º Congresso de Postos Revendedores de Combustíveis de Minas Gerais

Data: 14 e 15 Local:Belo Horizonte (MG) Realização: Minaspetro Informações: (31) 2108-6500

13º Simpósio Estadual dos Postos de Combustíveis e Serviços

Encontro de Revendedores Regional e Confraternização

Data: 29 Local: Brasília (DF) Realização: Sindicombustíveis-DF Informações: (61) 3274-2849

Agosto Expopostos 2011

Data: 20 a 23 Local: Rio de Janeiro (RJ) Realização: Sindcomb-RJ Informações: (21) 3544-6444

Novembro

Data: 16 a 18 Local: Expo Center Norte (São Paulo) Realização: Abieps, Fecombustíveis e Sindicom Informações: (21) 2221-6695

Paranapetro

Data: 17 a 20 Local: Foz do Iguaçu (PR) Realização: Sindicombustíveis-PR Informações: (41) 3021-7600

Data: 17 Local: São Luís (MA) Realização: Sindcomb-MA Informações: (98) 3235-6315 Para a publicação de eventos na agenda da Combustíveis & Conveniência, enviar os dados para morganacampos@fecombustiveis.org.br ou assessoria.comunicacao@fecombustiveis.org.br. Alguns eventos ainda poderão ser modificados nas próximas edições.

44 SINDICATOS FILIADOS ACRE Delano Lima e Silva Rua Pernambuco nº 599 - Sala 4 Bairro: Bosque Rio Branco-AC Fone: (68) 3326-1500 sindepac@hotmail.com www.sindepac.com.br

GOIÁS Leandro Lisboa Novato 12ª Avenida, 302 Setor Leste Universitário Goiânia-GO Fone: (62) 3218-1100 Fax: (62) 3218-1100 spostos@terra.com.br www.sindiposto.com.br

ALAGOAS Carlos Henrique Toledo Av. Jucá Sampaio, 2247, Barro Duro Salas 93/94 Shopping Miramar Maceió-AL Fone: (82) 3320-2902/1761 Fax: (82) 33202738/2902 scvdpea@uol.com.br www.sindicombustiveis-al.com.br

MARANHÃO Dilleno de Jesus Tavares da Silva Av. Colares Moreira, 444, salas 612 e 614 Edif. Monumental São Luís - MA Fone: (98) 3235-6315 Fax: (98) 3235-4023 sindcomb@uol.com.br www.sindcomb-ma.com.br

AMAZONAS Luiz Felipe Moura Pinto Rua Rio Içá, 26 - quadra 35 Conj. Vieiralves Manaus-AM Fone: (92) 3584-3707 Fax: (92) 3584-3728 sindcam@uol.com.br

MATO GROSSO Aldo Locatelli R. Manoel Leopoldino, 414, Araés Cuiabá - MT Fone/Fax: (65) 3621-6623 contato@sindipetroleo.com.br www.sindipetroleo.com.br

PARANÁ Roberto Fregonese Rua Vinte e Quatro de Maio, 2.522 Curitiba-PR Fone/Fax: (41) 3021-7600 diretoria.sindi@sindicombustiveis-pr.com.br www.sindicombustiveis-pr.com.br

RIO GRANDE DO SUL – SERRA GAÚCHA Paulo Ricardo Tonolli Rua Ítalo Victor Berssani, 1.134 Caxias do Sul - RS Fone/Fax: (54) 3222-0888 sindipetro@sindipetroserra.com.br www.sindipetroserra.com.br

PERNAMBUCO Frederico José de Aguiar Rua Desembargador Adolfo Ciríaco,15 Recife-PE Fone: (81) 3227-1035 Fax: (81) 3445-2328 sinpetro@sindicombustiveis-pe.org.br www.sindicombustiveis-pe.org.br

RONDÔNIA Eliane Maria de Figueiredo Gomes Travessa Guaporé, Ed. Rio Madeira, 3º andar, salas 307/308 Porto Velho- RO Fone: (69) 3223-2276 Fax: (69) 3229-2795 sindipetroro@uol.com.br sindipetroro@hotmail.com

PIAUÍ Robert Athayde de Moraes Mendes Av. Jockey Club, 299, Edificio Eurobusines 12º, sala 1212 Teresina-PI Fone: (86) 3233-1271 Fax: (86) 3233-1271 sindpetropi@gmail.com www.sindipetropi.org.br

RORAIMA Abel Salvador Mesquita Junior Av. Benjamim Constant, 354, sala 3 Centro Boa Vista - RR sindipostosrr@ibest.com.br

MATO GROSSO DO SUL BAHIA Mário Seiti Shiraishi José Augusto Melo Costa Rua Bariri, 133 Av. Otávio Mangabeira, 3.127 Campo Grande - MS Costa Azul Fone: (67) 3325-9988 / 9989 Salvador-BA Fax: (67) 3321-2251 Fone: (71) 3342-9557 Fax: (71) 3342-9557/9725 sinpetro@sinpetro.com.br sindicombustiveis@sindicombustiveis.com.br www.sinpetro.com.br www.sindicombustiveis.com.br MINAS GERAIS CEARÁ Paulo Miranda Soares Guilherme Braga Meireles Rua Amoroso Costa, 144 Rua Visconde de Mauá, 1.510 Bairro Santa Lúcia Aldeota Belo Horizonte - MG Fortaleza-CE Fone/Fax: (31) 2108- 6500/ 2108-6530 Fone: (85) 3244-1147 minaspetro@minaspetro.com.br sindipostos@sindipostos-ce.com.br www.minaspetro.com.br www.sindipostos-ce.com.br PARÁ DISTRITO FEDERAL Alírio José Duarte Gonçalves José Carlos Ulhôa Fonseca Av. Duque de Caxias, 1337 SHCGN-CR 704/705, Bloco E Bairro Marco entrada 41, 3º andar, sala 301 Perímetro: Trav. Mariz e Barros/Trav. Timbó Brasília-DF Belém - PA Fone: (61) 3274-2849 Fax: (61) 3274-4390 Fone: (91) 3224-5742/ 3241-4473 sindicato@sindicombustiveis-df.com.br secretaria@sindicombustiveis-pa.com.br http://www.sindicombustiveis-df.com.br/ www.sindicombustiveis-pa.com.br

RIO DE JANEIRO Ricardo Lisboa Vianna Av. Presidente Franklin Roosevelt, 296 São Francisco Niterói – RJ Cep. 24360-066 Fone/Fax: (21) 2704-9400 sindestado@sindestado.com.br www.sindestado.com.br

ESPÍRITO SANTO Ruy Pôncio Rua Vasco Coutinho, 94 Vitória-ES Fone: (27) 3322-0104 Fax: (27) 3322-0104 sindipostos@sindipostos-es.com.br www.sindipostos-es.com.br

RIO GRANDE DO SUL Adão Oliveira Rua Cel. Genuíno, 210 - Centro Porto Alegre - RS Fone: (51) 3228-7433 Fax: (51) 3228-3261 presidenciacoopetrol@coopetrol.com.br www.coopetrol.com.br

PARAÍBA Omar Aristides Hamad Filho Rua Rodrigues de Aquino, 267 5º andar - Centro João Pessoa - PB Fone: (83) 3221-0762 - Fax: (83) 3221-0762 sindipet@hotmail.com

RIO DE JANEIRO - MUNICÍPIO Manuel Fonseca da Costa Rua Alfredo Pinto, 76 - Tijuca Rio de Janeiro - RJ Fone: (21) 3544-6444 sindcomb@infolink.com.br www.sindcomb.org.br RIO GRANDE DO NORTE José Vasconcelos da Rocha Júnior Rua Monte Sinai - Galeria Brito salas 101/102 Natal - RN Fone: (84) 3217-6076 Fax (84) 3217-6577 www.sindipostosrn.com.br sindipostosrn@sindipostosrn.com.br

SANTA CATARINA Lineu Barbosa Villar Rua Porto União, 606 Bairro Anita Garibaldi Joinville - SC Fone: (47) 3433-0932 / 0875 Fax: (47) 34330932 sindipetro@sindipetro.com.br www.sindipetro.com.br

SÃO PAULO - CAMPINAS Flávio Martini de Souza Campos Rua José Augusto César, 233 Jardim Chapadão Campinas - SP Fone: (19) 3284-2450 www.recap.com.br recap@recap.com.br SÃO PAULO - SANTOS José Camargo Hernandes Rua Dr. Manoel Tourinho, 269 Bairro Macuco Santos - SP Fone: (13) 3229-3535 Fax: (13) 3229-3535 secretaria@resan.com.br www.resan.com.br SERGIPE Flávio Henrique Barros Andrade Rua Benjamim Fontes, 87, b. Luzia Aracaju - SE Fone: (79) 3214-7438 Fax: (79) 3214-4708 sindpese@infonet.com.br www.sindpese.com.br SINDILUB Laércio dos Santos Kalauskas Rua Trípoli, 92, conj. 82 Vila Leopoldina São Paulo - SP Fone: (11) 3644-3440/ 3645-2640 sindilub@sindilub.org.br www.sindilub.org.br

SANTA CATARINA - BLUMENAU Julio César Zimmermann Rua Quinze de Novembro, 550/4º andar Blumenau - SC Fone: (47) 3326-4249 / 4249 Fax: (47) 33266526 sinpeb@bnu.matrix.com.br

TOCANTINS Eduardo Augusto Rodrigues Pereira 103 Sul, Av. LO 01 - Lote 34 - Sala 07 Palmas - Tocantins Fone: (63) 3215-5737 sindipostos-to@sindipostos-to.com.br

SANTA CATARINA - FLORIANÓPOLIS Valmir Osni de Espíndola Av. Presidente Kennedy, 222 - 2º andar Campinas São José-SC CEP: 88101-000 Fone: (48) 3241-3908 sindopolis@gmail.com

TRR Álvaro Rodrigues Antunes de Faria Rua Lord Cockrane, 616 8º andar, salas 801/804 e 810 Ipiranga - SP Fone: (11) 2914-2441 Fax: (21) 2914-4924 info@sindtrr.com.br www.sindtrr.com.br

SANTA CATARINA - LITORAL CATARINENSE E REGIÃO Roque André Colpani Rua José Ferreira da Silva, 43 Itajaí-SC Fone: (47) 3241-0321 ou 9657-9715 Fax: (47) 3241-0322 sincombustiveis@sincombustiveis.com.br ww.sincombustiveis.com.br

Entidade associada FERGÁS Álvaro Chagas Av. Luis Smânio, 552, Jd. Chapadão Campinas – SP Fone: (19) 3241-4540 fergas@fergas.com.br www.fergas.com.br

Combustíveis & Conveniência • 9


44 Luis Henrique Guimarães 4 vice-presidente executivo comercial da Raízen

Por Morgana Campos Juntar duas marcas tradicionais em uma só, agregando valor e sem perder a novíssima base de 4,5 mil postos revendedores, que lhe garantem um terceiro lugar no ranking nacional de vendas de combustíveis, encostando na vice-liderança. Essa é a tarefa nada fácil que a Raízen, empresa resultante da fusão entre a Cosan (detentora da marca Esso no Brasil) e a Shell, tem pela frente. As operações conjuntas devem começar ainda neste primeiro semestre e, até lá, a principal missão será olhar o que deu certo em cada rede para incorporar à nova empresa, no que diz respeito a serviço de lubrificação, lojas de conveniência, cartões, programas de fidelidade etc. Mas um importante ponto já está definido: o Tigre da Esso vai dizer adeus definitivamente ao Brasil. A projeção é que nos próximos 36 meses todos os postos da rede ostentem a marca Shell. Além disso, a Raízen promete uma forte ênfase no segmento de rodovias já no início das operações. “Quero agradecer a paciência do nosso revendedor nessa área e dizer que ele não vai se arrepender de ter continuado conosco; chegou a hora de colher os frutos dessa espera e ter o suporte necessário para poder crescer”, enfatizou Luis Henrique Guimarães, vicepresidente executivo comercial da Raízen e que ficará responsável pela área de postos. 10 • Combustíveis & Conveniência

Fotos: Claudio Ferreira/Somafoto

O adeus do Tigre


Confira a seguir os principais trechos da entrevista que Guimarães concedeu à Combustíveis & Conveniência na capital fluminense, que contou ainda com a presença dos diretores de varejo, João Alberto Abreu, Emílio Heindel Soares de Gouvêa e José Augusto Neves; e do diretor-executivo de marketing e estratégia, Leonardo Linden. Combustíveis & Conveniência: Quando de fato começam as operações conjuntas? Luis Henrique Guimarães: A meta é o primeiro semestre. É importante entender que o foco da companhia está nos 4,5 mil postos, independentemente da marca que ele ostenta. A Raízen é uma licenciada das marcas Esso e Shell, dentro dos contratos estabelecidos, com os tempos estabelecidos. Não vamos descuidar da marca Esso. O litro de etanol vendido no posto Esso e o do posto Shell têm o mesmo peso para a gente. Tomamos a decisão de concentrar em uma marca, a Shell, porque: 1) temos um contrato de longo prazo; 2) é um dos acionistas; e 3) é uma marca que a gente julga ter uma preferência muito relevante no mercado nacional. Na verdade, são duas marcas centenárias, com peso muito grande no Brasil, mas faz sentido concentrar em uma porque assim podemos aumentar investimentos em marketing. Mas a plataforma de apoio vem das duas companhias. Desde que a Comissão Europeia aprovou o negócio em 3 de janeiro, e a gente pôde olhar as operações em conjunto, estamos pegando o melhor dos dois lados. É muito mais do que somente aquilo que vai aparecer na fachada do

posto, é o que vai estar por trás, em termos de oferta de lojas, de lubrificantes, de cartões, de gasolina, de etanol aditivado, de produtos Premium, de time. C&C: Vai haver nova identidade visual para os postos? LHG: Os postos vão ter a bandeira Shell, já com a manifestação nova, o Evolution, lançado há dois anos. Continua o cronograma normal de renovação de imagem da rede, acrescentando os postos da Esso. A nossa previsão é de que os postos Esso ganharão a bandeira Shell em até 36 meses, em ondas regionais. Vamos honrar todos os contratos que existem hoje. Há compromissos assinados entre Cosan e Esso que estão sendo transferidos para a Raízen. C&C: Essa transferência é automática? LHG: Sim, é automática, com as mesmas cláusulas. Os contratos já preveem isso. Obviamente quando a gente for discutir o projeto de branding (embandeiramento), é como todo negócio: vamos trazer benefícios, implementar novidades. Acredito que em 99% dos casos vamos trazer ótimas novidades. Imagine o que é você poder ter o V-Power, que hoje é o produto aditivado com maior penetração de mercado; com a oferta de loja que vem da Esso/Cosan, que tem a maior venda média da indústria; com o suporte da equipe que tem o menor número de relação posto/funcionário. Já estamos conversando com os revendedores há algum tempo, então não se trata de nenhuma surpresa. A nova empresa tem maior escala e vai investir muito mais em marketing do que

Os postos vão ter a manifestação nova da Shell, o Evolution, lançado há dois anos. Continua o cronograma normal de renovação de imagem da rede. A previsão é de que os postos Esso ganharão a bandeira Shell em até 36 meses, em ondas regionais sempre investiu. São 4,5 mil postos nas melhores esquinas do Brasil. Não esqueça que as vendas médias da rede Shell e da rede Esso separadas, hoje, são os melhores índices de eficiência da indústria e deve haver alguma explicação por trás disso. Leonardo Linden: Importante deixar claro que a marca vai ser Shell, mas a proposta de valor será a melhor combinação das que existem hoje em cada uma das redes. Os programas que hoje existem individualmente precisam ser analisados para serem combinados e, a partir daí, potencializados.

4dica de leitura Empresas Feitas para Vencer (Good to great) Jim Collins

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44 Luis Henrique Guimarães 4 vice-presidente executivo comercial da Raízen

Nesses 36 meses em que vai haver o processo de migração da bandeira, quem estiver com a marca Esso pode ficar tranquilo, pois não vamos deixar de dar suporte. Esse é, inclusive, um compromisso contratual que temos com a Exxon Mobil. Vai continuar até a Stock Car, levando o nome da Esso

C&C: Então ainda não há uma definição sobre como ficam programas de fidelidade, cartões etc. das duas companhias? LHG: Diferentemente de uma compra, numa fusão não há vencedor, nem perdedor. Há uma combinação de iguais, que querem fazer um negócio maior. Não temos nenhuma preocupação em disputar se o programa da Esso ou da Shell é melhor. Estamos olhando objetivamente o que é melhor. É hora de ouvir, de aprender, de integrar. Não tem mais o que é da Shell ou da Esso, agora é tudo Raízen. Por isso, fizemos questão de lançar uma marca para a corporação como um todo, para acabar com essa divisão de quem vem de onde. Todos vão ter o crachá da Raízen, 12 • Combustíveis & Conveniência

com a cor roxa, representados na rua pelo vermelho e amarelo da marca Shell. C&C: Na prática, o que irá mudar para o revendedor? LHG: Quase nada. O gerente com quem ele falava não vai mudar (a não ser que seja um caso normal de performance, que mudaria de qualquer forma). Os contratos estão sendo cedidos para a nova entidade, então se houver algum adendo, do ponto de vista de mudar a razão social, será simplesmente cosmético. Os números que ele está acostumado a discar vão continuar os mesmos, vão falar com os mesmos atendentes. No futuro, vai haver uma migração ordenada para

consolidar num número único, num lugar único. O caminhão com a marca Esso vai continuar entregando no posto Esso e o com a marca Shell, no posto Shell. Quando ocorrer o rebranding, haverá algumas modificações, mas vamos fazer isso de forma super ordenada. Linden: O revendedor não precisa se preocupar com isso nesse momento, porque vai haver um processo de comunicação muito cuidadoso para que ele saiba o que irá mudar, quando e de que forma. Nesses 36 meses em que haverá o processo de migração da bandeira, quem estiver com a marca Esso pode ficar tranquilo, pois não vamos deixar de dar suporte. Esse é, inclusive, um compromisso contratual que temos com a Exxon Mobil. Vai continuar até a Stock Car, levando o nome da Esso. C&C: Como está o entendimento com a ANP sobre esta migração, com um posto Esso recebendo um combustível com a nota fiscal da Raízen e marca V-Power, por exemplo? LHG: Nos próximos dias já vamos retomar o diálogo com a ANP, agora que temos uma marca definida. Estamos criando algumas identidades visuais para colocar no escritório do revendedor, caso algum consumidor estranhe a marca Raízen na nota fiscal e ache que o posto está adulterando. Com esse material, ele vai poder mostrar que esta empresa, na verdade, representa as marcas Shell e Esso, que o produto é comprovado. Estamos tendo todo cuidado em comunicar o órgão regulador, avisar o revendedor e


produzir material para tranquilizar o consumidor. Sabemos que o trâmite burocrático é mais lento do que a velocidade com que estaremos trocando essas coisas e, portanto, vamos proteger o revendedor, de forma que ele não tenha nenhum problema legal, fiscal ou de qualquer outra natureza. C&C: O revendedor vai ter a opção de manter uma loja de conveniência ou um sistema de lubrificação independentes ou terá que aderir às franquias na nova proposta? Linden: Tudo passa pela nossa capacidade de agregar valor para o negócio do revendedor. Acreditamos que a nossa loja de conveniência traz esse valor e vai trazer ainda mais na hora que combinarmos as coisas boas da Shell com as da Cosan. Tenho absoluta confiança de que isso vai ser percebido. C&C: Mas se ele não quiser, terá a opção de seguir com uma marca independente? Linden: Se ele não quiser, já existem as lojas independentes, ele tem legalmente essa opção. O negócio é dele. Isso mais do que nunca nos obriga a oferecer algo que realmente agregue valor.

não há nenhuma diferença em relação aos ativos que a Cosan já possuía, não há consolidação. Na área de downstream existe a consolidação da rede Shell com a Esso, mas movimentos semelhantes já aconteceram antes desse, com aprovação, seguida apenas de algumas medidas de ajustes. Não vamos ser líderes em market share em nenhuma área. Estamos muito confiantes. Achamos que é algo bom para o país, para os consumidores e para os revendedores. Estamos trazendo novos investimentos, juntando o que há de melhor das duas empresas numa plataforma brasileira, porque a Raízen é uma empresa brasileira com uma missão global: ser a maior companhia de biocombustíveis e

energia renovável do planeta, com dois acionistas (Shell e Cosan) extremamente sólidos. C&C: Podemos esperar a Raízen bastante agressiva na distribuição e revenda de etanol, apesar dos problemas que existem neste setor? LHG: A consolidação no setor de açúcar e etanol que está acontecendo, liderada pela Cosan, mas também com outros players de porte significativo, como Dreyfus, Bunge, Petrobras, só traz vantagens para a sociedade, o consumidor e o revendedor. Porque vai melhorar o problema de sonegação, de saúde, segurança e meio ambiente. Óbvio que isso não acontece

Estamos criando algumas identidades visuais para colocar no escritório do revendedor, caso algum consumidor estranhe a marca Raízen na nota fiscal e ache que o posto está adulterando. Com esse material, ele vai poder mostrar que esta empresa representa as marcas Shell e Esso

C&C: Houve rumores de que o Cade poderia estabelecer restrições ao negócio. Qual a expectativa para esta questão? LHG: A Secretaria de Direito Econômico se manifestou favoravelmente ao negócio. A Comunidade Europeia aprovou sem nenhuma restrição. Estamos cumprindo o trâmite normal de um processo como esse: entregando os documentos, vão ocorrer as audiências etc. Na área de açúcar e álcool Combustíveis & Conveniência • 13


44 Luis Henrique Guimarães 4 vice-presidente executivo comercial da Raízen da noite para o dia, mas estamos otimistas de que vamos conseguir ajudar a indústria a se profissionalizar e a se tornar cada vez mais legal. Primeiramente vamos aplicar tudo isso dentro de casa, como já vínhamos aplicando, depois vamos motivar a indústria, via Unica e Sindicom, para garantir que o nível de competição seja equilibrado. Adoramos competir, mas não com quem usa cartas que não fazem parte do jogo. C&C: Shell e Esso vinham apostando no etanol aditivado. Ele vai ser o carro-chefe dessa nova companhia? LHG: Sem dúvida. O V-Power etanol já é um tremendo suces-

so. Agora a Raízen tem acesso à tecnologia de produção, ao que vem sendo pesquisado pela Cosan. Há vários projetos de cana especial que devem trazer muitas novidades para o consumidor. C&C: A Shell já havia anunciado sua intenção de expandir as atividades no Brasil, ao contrário de outras multinacionais. O que explica a estratégia diferente? LHG: A Shell foi uma das primeiras a entender que o negócio de upstream era importante no de downstream. Que era importante ter presença no país, com o Brasil se tornando um dos maiores produtores de petróleo do mundo. Além disso, temos um time que acreditou,

Mato Grosso e Mato Grosso do Sul nos interessam muito, até pela vocação agrícola da companhia como um todo. Acreditamos que o Brasil vai crescer mais no Centro-Oeste, Norte e Nordeste do que na média do país

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em 2005, que o negócio não estava perdido, depois de um mercado extremamente conturbado, com um nível elevado de sonegação. Eles acreditaram que valia a pena investir em diferenciação de marca e crescer. Acreditamos que o Brasil – ao lado da China, Índia e Rússia – é um país do qual não se pode ficar de fora. Contamos com pessoas, em vários níveis da organização, que conhecem o Brasil profundamente. E dispomos de uma liderança local que soube defender e vender o Brasil muito bem - e entregou resultados. Sem falar na qualidade da revenda. A revenda Shell nesses últimos anos foi se depurando, melhorando, tendo cada vez mais qualidade, acreditando no projeto, apesar de não ser a líder do negócio, e independentemente dos rumores. Do mesmo modo temos a Cosan, entrando num negócio que não conhecia. Investiram, mantiveram toda a equipe que era da Esso e mostraram que o problema não era das pessoas, mas sim da crença da organização maior - ou qualquer outro motivo que havia -, tanto que os resultados da Esso melhoraram drasticamente após a aquisição da Cosan. Temos produtos e pessoas para continuar crescendo no Brasil, agora com um sócio brasileiro, e investindo na única plataforma que acreditamos ser viável: o etanol de açúcar. O motivo do Grupo Shell investir nessa associação é que - depois de estudar, ganhar e perder dinheiro em 55 formas diferentes de energia renovável - percebemos que a forma comercialmente mais viável e que


já está madura hoje é o etanol da cana-de-açúcar. Do lado da Cosan, é acreditar que vai ter um parceiro internacional que ajudará a abrir mercado, a dar uma chancela internacional, porque não é mais o brasileiro “tupiniquim” querendo vender seu produto, mas sim a segunda maior petroleira do mundo acreditando no negócio de energia renovável. Foi uma combinação perfeita de interesses. C&C: Antes da joint venture com a Cosan, a Shell havia tentado aquisição de outras companhias? LHG: Tanto do lado da Cosan quanto da Shell, as duas companhias sempre olham oportunidades no mercado, do ponto de vista de complementaridade e valor. Obviamente, os negócios não acabaram indo numa determinada direção, o que foi até bom, pois permitiu que tivéssemos um casamento mais complementar. A Esso já havia realizado um trabalho muito bem feito de depuração da rede, eliminando pontos de venda que nunca teriam rentabilidade. A Shell vinha no mesmo caminho e hoje temos redes bastante otimizadas e, portanto, não vai dar trabalho juntar esse negócio. Não vamos perder o foco como ocorreu em outras aquisições. C&C: Agora vem a briga pela vice-liderança? LHG: Para ser sincero, isso é algo meio irrelevante neste momento. Queremos trabalhar para encantar o consumidor, para que nossos revendedores tenham a melhor proposta de valor, sejam os mais satisfeitos

O carro elétrico vai ter uma expansão, mas para isso há um desafio enorme de infraestrutura, de energia. O negócio é tratar de moto, carro e caminhão, e do consumidor que está dentro deles. Quem se focar nisso vai se dar bem. Até torço para a competição ficar inventando um monte de outras coisas, porque isso só nos ajuda

e que possam atender melhor aos consumidores. E, se no final das contas, a escolha do consumidor for a que nos traga para a vice-liderança, vamos ficar muito felizes.

motorizar e queremos ser a preferência desse novo consumidor. Vamos gastar dinheiro com isso, não vamos passar cheque só para dizer que somos a número dois.

C&C: Então, aquisições não serão prioridade? LHG: A gente olha tudo, conversa, avalia. Vamos adquirir o que fizer sentido e no valor correto. Buscamos bons negócios. Temos muito interesse em continuar crescendo no Brasil, pois achamos que esse mercado vai seguir com expansão de 4% a 6% ao ano. Há uma quantidade enorme de pessoas começando a se

C&C: Esse crescimento deve vir mais via aumento de galonagem ou de novos embandeiramentos? LHG: Prezamos o índice de eficiência. Não vamos sair montando negócios, nem adquirindo postos que não possam competir no mercado. Até porque vai ficar cada vez mais competitivo, porque cada vez mais temos players mais profissionais, o que torna mais difícil ganhar o jogo. Preferimos ter cinco mil postos Combustíveis & Conveniência • 15


44 Luis Henrique Guimarães 4 vice-presidente executivo comercial da Raízen com a média de venda muito superior à da indústria do que 18 mil abaixo da média. Temos sim a expectativa de que esses 4,5 mil postos vendam mais. Essa rede vai ser mais atrativa para o consumidor final e, portanto, esperamos crescer organicamente dentro da rede atual.

que iremos divulgar durante o Conversando com o Revendedor no final de março. Emilio Gouvêa: Temos hoje uma liderança muito forte com a V-Power gasolina junto a esse público de motocicletas. Essa é uma curiosidade: o motociclista é extremamente fiel ao V- Power gasolina.

C&C: Há alguma região do país que mereça um esforço adicional? LHG: Existem algumas áreas que ainda estão abaixo do que deveriam estar em termos de representatividade. O CentroOeste é uma área importante - Mato Grosso e Mato Grosso do Sul nos interessam muito, até pela vocação agrícola da companhia como um todo. Acreditamos que o Brasil vai crescer mais no Centro-Oeste, Norte e Nordeste do que na média do país. Temos uma posição muito forte no Sudeste, muito boa no Sul, onde vamos acelerar ainda mais. Estamos muito otimistas com o Brasil.

C&C: Quais os planos para a área de postos de estrada? LHG: Essa é uma área em que acreditamos muito, pois estamos combinando duas redes que não eram tão grandes e, portanto, onde havia muitos buracos. Com as duas redes juntas, aumentamos a capilaridade e a quantidade de pontos estratégicos, complementares. A primeira coisa para ter sucesso na estrada é ter rede, distribuída ao longo dos principais corredores. Nesse ponto começamos muito melhor do que éramos separadamente. A segunda coisa é ter oferta de produtos e, para isso, estamos trazendo uma série de novidades para o mercado na área de pagamentos, de controle de frota etc., que vamos divulgar no final de março. Você vai perceber um foco muito diferente da Raízen em relação à estrada do que era na Shell ou na Esso individualmente. Quero agradecer a paciência do nosso revendedor nessa área e dizer que ele não vai se arrepender de ter continuado

C&C: Há planos de política diferenciada para o segmento de motos? LHG: Nossa prioridade número um é integrar as duas redes. Mas já existem algumas iniciativas nessa área: em várias trocas de óleo já temos prancha específica para motocicleta. Há várias novidades

Da esquerda para a direita: Leonardo Linden, Luis Henrique Guimaraes, João Alberto Abreu, Emilio Heindel Soares de Gouvea e José Augusto Neves 16 • Combustíveis & Conveniência

conosco, chegou a hora de colher os frutos dessa espera e ter o suporte necessário para poder crescer. Obviamente não vamos resolver todos os problemas do dia para a noite, mas mudou o jogo. Como duas companhias separadas, não tínhamos capacidade de fazer muito mais, porque era relativamente pequeno em relação ao negócio cidade. Quando você compara o market share de Shell e Cosan, no geral, a


área de diesel é a que puxa para baixo. C&C: Fala-se que, no futuro, os postos vão depender cada vez menos da venda de combustíveis e apostar mais na exploração de outros serviços. Com qual cenário a Raízen trabalha? LHG: Na Raízen, acreditamos piamente que combustível é fundamental e a razão de existência do posto. Nunca vamos tirar o foco do com-

bustível. O posto do futuro vai ter combustível, e de alta qualidade, que é o que o consumidor está buscando. Além disso, há oportunidades de negócios que complementam aquela viagem do consumidor: a loja de conveniência, a troca de óleo, a lavagem etc., mas não podemos nos esquecer da pressão, que vai ficar cada vez maior, do custo imobiliário. Essa fase de terreno barato nas melhores esquinas acabou.

O carro elétrico vai ter uma expansão, mas para isso temos um desafio enorme de infraestrutura, de energia, tendo em vista o que aconteceu nas últimas semanas (em fevereiro, alguns apagões afetaram o país). O negocio é tratar de moto, carro e caminhão, e do consumidor que está dentro deles. Quem se focar nisso, vai se dar bem. Até torço para a competição ficar inventando um monte de outras coisas, porque isso só nos ajuda. n


Confira as principais ações da Fecombustíveis durante os meses de janeiro e fevereiro: Janeiro 07 – Solicitação à ANP de ajustes no “Perguntas e Respostas” da Pesquisa Semanal de Preços de Combustíveis, cujos resultados podem agora ser consultados on-line pelo celular, de forma a evitar mal entendidos e questionamentos por parte dos consumidores. Isso porque o lapso temporal existente entre a coleta e a divulgação dos dados abre espaço para haver diferenças entre o preço praticado em bomba e o que consta na pesquisa. A Agência acatou a sugestão e incluiu um esclarecimento na Cartilha que irá orientar aos atendentes do Centro de Relações com o Consumidor da ANP;

07 – Participação em reunião proposta pelo Ipem-SP aos representantes do setor de combustíveis para discutir parcerias, com o objetivo de reduzir os erros metrológicos encontrados nas bombas;

13 – Reenvio do ofício ao novo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, re-

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pudiando os cartões de natal que chegaram aos postos com os dizeres: “Cartel é crime, seja o primeiro a sair”;

Fevereiro 08 – Ofício ao superinten-

nião conjunta do Grupo Técnico de Óleo Diesel de Baixo Teor de Enxofre na ANP;

dente de Fiscalização da ANP, Carlos Orlando Silva, ratificando a solicitação da revisão dos procedimentos para divulgação da lista de estabelecimentos autuados;

27 – Reunião com o supe-

11 – Reunião do Conselho de

26 – Participação na 7º reu-

rintendente de Fiscalização da ANP, Carlos Orlando Silva, solicitando a revisão dos procedimentos para divulgação da lista de estabelecimentos autuados, em meio à ocorrência de inúmeras injustiças, particularmente nos casos em que o posto é absolvido no julgamento administrativo da ANP;

27 – Reunião no Inmetro para discutir a elaboração do marco regulatório do Arla-32;

31 – Envio de sugestões à minuta de Resolução da ANTT que irá regulamentar o art. 5º-A da Lei 11.442, de 05 de janeiro de 2007, sobre outros meios de pagamento da carta-frete, conforme previsto na Audiência Pública e no Aviso de Prorrogação.

Representantes da Fecombustíveis;

16 – Participação na Reunião da Comissão de Combustíveis na sede do IBP;

17 – Ofício à superintendente de Biocombustíveis e de Qualidade de Produtos da ANP, Rosângela Moreira de Araújo, questionando o porquê das principais sugestões apresentadas pela Fecombustíveis não terem sido incorporadas à Resolução ANP nº 08/2011. Em especial, a decisão de não acatar a proposta de modificação do comprovante de coleta de amostras, de forma a descrever com exatidão (no caso dos lubrificantes, graxas e aditivos) o produto coletado para análise: quantidade, volume da embalagem e o nome do artigo/fabricante.


OPINIÃO 44 Paulo Miranda Soares 4 Presidente da Fecombustíveis

Bons números e antigas preocupações aumentado vigorosaOs dados oficiais da ANP confirmaram aquilo mente, a revenda vaque a maior parte dos revendedores já haviam rejista perdeu espaço constatado em seu dia a dia: 2010 foi um ano de para outros segmentos. vendas bastante aquecidas, especialmente para Em termos volumétricos, o diesel e a gasolina. Ambos mostraram crescinosso crescimento tammento anual acima dos 7% previstos para o PIB. bém foi menos robusto, A comercialização de gasolina subiu 17,5% e a com incremento de 10,2%, ante taxas de 11,8% do diesel, 11,2%. A gasolina, inclusive, voltou a e 14% para grandes consumidores e TRRs, ressuperar o etanol na nossa matriz veicular. pectivamente. Se esta expansão se deu dentro Se por um lado a notícia é ruim do ponto de das regras do mercado, temos que rever nossos vista ambiental, por outro traz certo alívio em termos negócios e buscar formas de nos tornarmos mais concorrenciais. Afinal, é do conhecimento de todos, eficientes e competitivos. O que me preocupa, no incluindo autoridades e agentes do mercado, que a entanto, é a desconfiança de que grande parte maior parte das irregularidades do setor de combusdesse resultado se deve à atuação de Pontos de tíveis atualmente se concentram nesse segmento. E Abastecimento ilegais. elas incluem uma gama bastante variada: venda direta De acordo com os da usina para postos, distrinúmeros oficiais da ANP, buidoras barrigas de aluguel, Não há dúvidas de que montar um PA 2010 fechou com 5.590 venda sem nota, desvios de é muito mais fácil do que um posto: usos, entre outros. Situação menores exigências ambientais, menos PAs em todo o Brasil, um crescimento de 7,75%. bem diferente da constatada burocracia e, especialmente, pouca com a gasolina, que tem to- fiscalização. Como sabe que dificilmente No mesmo período, o total de postos varejistas dos seus tributos recolhidos será pego, o dono daquele PA, de rediretamente nas refinarias, pente, tem a “brilhante” ideia de vender aumentou 1,38% e o de TRRs caiu quase 13% (em que são poucas e controladas combustível para outros veículos, que parte, devido a processos pela Petrobras. não aqueles cadastrados para este fim. de recadastramento). Não E nem é preciso olhar assim com tanto cuidado E assim se instala a concorrência desleal há dúvidas de que montar um PA é muito mais fácil os números da ANP para do que um posto: menores exigências ambientais, perceber que tem algo de muito estranho no etanol. menos burocracia e, especialmente, pouca fiscaliAo contrário do que acontece em outros combustízação. Como sabe que dificilmente será pego numa veis, no etanol, distribuição e revenda apresentam fiscalização, o dono daquele PA, de repente, tem um comportamento totalmente peculiar. Os postos a “brilhante” ideia de vender combustível para bandeira branca comercializam quase 50% do etanol outros veículos, que não aqueles cadastrados vendido no país, enquanto esse percentual fica em para este fim. E assim se instala a concorrência 33% na gasolina e menos de 20% no diesel. Na desleal. No meu estado, Minas Gerais, posso citar distribuição, as grandes do setor não conseguem uns 200 exemplos de atuações irregulares, e tenho repetir a mesma competitividade que exibem em certeza que em outras regiões a situação não é outros setores. Quero deixar bem claro, no entanto, muito diferente. que nada impede distribuidoras regionais e postos Ações ilegais prejudicam o mercado, o consuindependentes de apresentarem administração midor e os cofres públicos. Combatê-las deve ser a eficiente e boas negociações, que se traduzam meta principal de agentes e autoridades do setor. O em preços mais atrativos nas bombas. Surpreende primeiro passo para isso é ter uma legislação mais apenas o fato de não conseguirem repetir essa eficiente, que não deixe brechas para irregularidamesma eficiência em outros combustíveis. des. E o resto se combate com fiscalização. Não é Também merece um pouco mais de atenção uma receita difícil, basta segui-la. o mercado de diesel. Apesar de as vendas terem Combustíveis & Conveniência • 19


44 MERCADO

Agora é oficial ANP registra crescimento de 8,4% para o mercado de combustíveis nacional e aponta primeira queda no consumo de etanol desde 2003 Por Morgana Campos

Gisele de Oliveira

Pela primeira vez em sete anos, as vendas de etanol hidratado diminuíram no Brasil, refletindo a melhor remuneração do açúcar e a menor competitividade do biocombustível em relação à gasolina. De acordo com os dados oficiais da ANP, o consumo de etanol hidratado caiu 8,5%, em relação a 2009, atingindo 15,074 bilhões de litros. No total, o volume de etanol

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comercializado (anidro + hidratado) chegou a 22,162 bilhões de litros, pouco abaixo, portanto, dos 22,756 bilhões de litros de gasolina, que voltou a ocupar a preferência dos consumidores. A comercialização de gasolina C (gasolina A + anidro) subiu 17,5% no período, levando a Petrobras, inclusive, a importar o produto. De acordo com dados da ANP, as compras externas de

gasolina A somaram 505,125 milhões de litros no fechado de 2010, ante os 22 milhões importados em 2009, com a maior demanda concentrada entre fevereiro e abril. De forma geral, no entanto, o mercado de combustíveis nacional registrou um excelente ano, com as vendas crescendo 8,4% e totalizando quase 118 bilhões de litros comer-

Da esquerda para a direita, o superintendente de Abastecimento da ANP, Dirceu Amorelli; o diretor Allan Kardec; e o superintendente adjunto, Rubens Freitas


cializados. “Esse é um número extraordinário e surpreendente. Esperávamos um número próximo dos 7%, acompanhando o desempenho do PIB”, explicou Allan Kardec Duailibe Barros Filho, diretor da ANP, durante o 7º Seminário de Avaliação do Mercado de Derivados de Petróleo e Biocombustíveis. Os dados oficiais do Produto Interno Bruto (PIB) ainda não foram divulgados, mas a expectativa é por expansão entre 7% e 7,5%. A maior contribuição positiva veio do querosene para aviação, com alta de 15,1%, totalizando 6,25 bilhões de litros, em meio à forte expansão da aviação civil no país. A gasolina para aviação também teve crescimento expressivo, de 11,3%, mas sobre uma base de consumo bem menor, de 70 milhões de litros.

GLP em alta, GNV em queda O GLP registrou expansão de 3,7% no ano passado, com o bom desempenho sendo puxado especialmente pelo forte aquecimento dos setores comercial e industrial. As vendas de P13 – o chamado botijão de cozinha – aumentaram 1,6%, enquanto a categoria “outros” experimentou alta de 9,7%. Para Sergio Bandeira

COMBUSTÍVEIS - CONSUMO APARENTE

Fonte: ANP

de Mello, presidente do Sindigás, os números ainda podem melhorar. “Precisamos de programas sociais específicos para o GLP, pois ainda temos quase 35% da matriz energética com uso de lenha em residências. Além disso, é necessário melhorar a percepção do GLP como combustível que não é apenas de fogão, que pode ser usado para aquecimento, por exemplo”, destaca. Já no GNV, a situação é mais desanimadora. O consumo caiu 4,8%, enquanto o crescimento da frota desacelerou para 2%, ante os 2,8% do ano anterior.

DE CONSUMO VEICULAR MATRIZ DO MATRIZ CONSUMO VEICULAR - 2010 2010 Biodiesel 2,4% GNV 1,4% Etanol Hidratado 12,2%

Gasolina A 27,9%

Etanol Anidro 6%

Diesel 50%

MATRIZ DO MATRIZ CONSUMO VEICULAR - 2009 DE CONSUMO VEICULAR 2009

Biodiesel 1,7% GNV 1,6% Etanol Hidratado 14,7%

Gasolina A 25,7%

Etanol Anidro 5,9%

Diesel 50,3%

Fonte: ANP

Combustíveis & Conveniência • 21


44 MERCADO

Lupa na mão Se os principais números não trouxeram nenhuma surpresa, outros merecem um olhar mais cuidadoso. Por isso, atenção a eles: 1) Diesel marítimo As vendas de diesel marítimo registraram expansão de 28,22% no ano passado, ante alta de 11% para o diesel rodoviário. É verdade que os volumes são bem diferentes: 736 milhões de litros de marítimo, frente a 48,503 bilhões de rodoviário. Mas o crescimento vigoroso e contínuo não passa despercebido no mercado. Especialmente quando lembramos que o diesel marítimo segue sem adição de biodiesel ou qualquer corante/ marcador, o que representa um convite a desvios de finalidade. Isso porque, como o biodiesel custa mais caro que o diesel, agentes mal intencionados podem usar o combustível marítimo para uso rodoviário, especialmente na região Norte e em áreas com atividade pesqueira - denúncia esta que a Fecombustíveis e seus Sindicatos Filiados têm reiteradamente levado à ANP. Depois de ter perdido a oportunidade de adicionar um corante ao diesel marítimo por ocasião da publicação da Resolução nº 52, de 29 de dezembro de 2010, a ANP montou agora um grupo de estudo para analisar o assunto. 2) Etanol e competitividade Com preços menos atrativo nas bombas, os problemas de sonegação do etanol até saíram 22 • Combustíveis & Conveniência

VENDAS DAS DISTRIBUIDORAS POR TIPO DE POSTO GASOLINA VENDAS DAS DISTRIBUIDORAS POR TIPO DE POSTO VENDAS DAS DISTRIBUIDORAS VENDA DASGASOLINA DISTRIBUIDORAS 2010 POR TIPO DE POSTO GASOLINA POR TIPO DE POSTO 2010 2010

GASOLINA 2010 Bandeira Branca Bandeira Bandeira 33% Branca Branca 33% 33% Vinculados Vinculados 67% Vinculados 67% 67%

DIESEL DIESEL DIESEL 2010 DIESEL 2010 2010 2010

Bandeira Bandeira Branca Bandeira Branca 18% Branca 18% 18%

Vinculados

Vinculados 82% Vinculados 82% 82% ETANOL ETANOL 2010 2010

ETANOL ETANOL 2010 2010

Vinculados 51%

Vinculados Vinculados 51% 51%

Bandeira Branca 49% Bandeira Bandeira

Branca Branca 49% 49%

Fonte: ANP

um pouco do foco no ano passado, o que não quer dizer que deixaram de existir. Mesmo não constituindo prova de qualquer irregularidade, analistas consideram pelo menos “curiosos” os números de market share no mercado de etanol. Afinal, a competitividade mostrada na comercialização de diesel e gasolina não se repete no etanol. A ALE, por exemplo, ocupa a quinta posição no ranking de vendas dos derivados de petróleo, mas não consegue sustentar o mesmo desempenho no etanol, caindo para 7º lugar. Ainda que se possa alegar que o etanol, com produção mais pulverizada que as das refi narias, abre espaço para

logísticas locais mais eficientes, é de estranhar que tradicionais distribuidoras regionais sequer apareçam entre as 15 mais bem colocadas. Entre os postos, os bandeira branca respondem por quase 50% de todo etanol comercializado, embora não mostrem o mesmo desempenho no óleo diesel (18%) e na gasolina C (33%). 3) Vendas por segmento Foi um movimento discreto, mas os postos perderam participação nas vendas de diesel, enquanto grandes consumidores e TRRs se expandiram. “Boa parte dessa perda de mercado registrada pelos postos deve-se à disseminação de Pontos de Abastecimentos clandestinos ou que não funcionam completamente dentro dos limites estabelecidos pela ANP”, destaca Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustíveis.n VENDA DE DIESEL POR SEGMENTO - 2009 VENDAS DE DIESEL POR SEGMENTO 2009

VENDAS DE DIESEL POR SEGMENTO 2009 Consumidor Final 31,5%

Consumidor Final 31,5% Postos 56,8% TRR 11,7%

Postos 56,8%

TRR 11,7%

VENDAS DE DIESEL POR SEGMENTO 2009

VENDA DE DIESEL POR SEGMENTO - 2010

VENDAS DE DIESEL POR SEGMENTO Consumidor final 2009 31,7% Consumidor final 31,7%

Postos 56,3% TRR 12%

TRR 12%

Postos 56,3%

Fonte: ANP



44 MERCADO

Em marcha lenta Redução significativa nas taxas cobradas pelas empresas de cartões ainda está concentrada nas grandes redes comerciais, enquanto pequeno e médio varejos se beneficiaram apenas das mudanças nos POS e alguns programas de vantagens

Por Rodrigo Squizato As mudanças promovidas pelo Banco Central no mercado de cartões de crédito a partir de 1° de julho de 2010 estão alterando o relacionamento entre as credenciadoras e os estabelecimentos comerciais. Tais mudanças, no entanto, ainda deixam a desejar, pois tiveram mais reflexo nos custos fixos relacionados às máquinas, do que nas taxas cobradas sobre cada transação, que é um dos principais problemas enfrentados pelo setor de combustíveis no Brasil. Outro detalhe importante é que são as grandes empresas do varejo que estão conseguindo obter melhores taxas nas transações, enquanto o pequeno empresário continua a ver sua margem indo embora cada vez que passa o cartão do cliente na leitora. Com o início do sistema de multimercado, em que todas as máquinas passaram a aceitar todas as bandeiras de cartões de crédito, os estabelecimentos comerciais tiveram, pela primeira vez, a possibilidade de escolher a credenciadora que lhe proporciona mais benefícios. Afinal, até então eram obrigadas a manter uma máquina para cada cartão, se não quisessem perder 24 • Combustíveis & Conveniência

os consumidores que tinham um, mas não outro dinheiro de plástico. Apesar dos problemas que persistem, uma das melhores provas de que as mudanças surtiram efeito pode ser conferida no balanço das empresas de cartões. No caso da Cielo, as informações mostram redução da receita com aluguel de POS e das receitas com a Merchant Discount Rate (MDR). A receita com aluguel de POS representava 26,2% da auferida pela empresa no final do segundo trimestre, sendo que, ao término do ano, significava apenas 21,7% do total. Na comparação com o trimestre anterior, foi registrada uma queda de 3% na receita total da base de POS instalada e de 4,6% em relação ao aluguel médio por POS instalado. No final das contas, a receita da Cielo com o aluguel de POS caiu R$ 20,2 milhões. Outro número que vale destacar é a redução de 66 mil POS instalados no país entre o fim de 2009 e de 2010. No que se refere à taxa de desconto, ou MDR, a Cielo amargou uma redução de R$ 26 milhões no terceiro trimestre em função da queda nas taxas brutas. No caso da Redecard, também houve redução na receita proveniente do aluguel de

equipamentos. Na comparação do quarto trimestre de 2010 com o de 2009, a empresa viu este tipo de receita cair R$ 26,9 milhões, ou 13,7%. Assim como ocorreu na Cielo, a Redecard também registrou queda na taxa de desconto do estabelecimento ao longo de 2010. Os balanços das duas empresas mostram que o aluguel médio por POS é de R$ 50 por mês na Redecard e de R$ 71,9/ mês na Cielo. Para encarar este novo mercado, a Cielo, por exemplo, criou um programa de benefícios e recompensas, o “100% Você”. “É um programa B2B que foi pensado, projetado e programado para este novo mercado”, afirmou à Combustíveis & Conveniência Cecilia Moraes de Abreu, diretora de Trade Marketing da Cielo. O projeto tem atualmente 56 mil empresas cadastradas, 46 mil delas ativas que interagem com a credenciadora via um portal na internet. “Escolhemos para participar dele os clientes que queremos reter na Cielo”, afirmou Cecilia. E completou: “Nesta fase em que estamos, a Cielo selecionou os clientes para fazer parte dele”. O programa tem duas vertentes. Uma é a das recompensas


que são resgatadas conforme se acumulam pontos (cada R$ 1 mil valem 100 pontos). Os prêmios dados vão de itens para uso pessoal a profissional. Nesta vertente há também as promoções que permitem aos participantes comprar, por exemplo, ingressos de teatro com pouquíssimos pontos. A outra forma de atuação do “100% Você” são os benefícios dados automaticamente aos que fazem parte dele. “Os participantes têm, por exemplo, desconto na loja virtual da C&C e da Kalunga”, afirmou Cecilia. O programa tem prazo de 12 meses e a primeira safra de participantes, que entrou em abril de 2010, completa este ciclo em março, quando poderão

ser convidados a continuar no programa. O ambiente competitivo também trouxe benefícios na taxa cobrada dos estabelecimentos comerciais pelas credenciadoras. A Cielo não divulga o valor da mudança por considerar a informação estratégica para o negócio, mas afirma que já negociou com cerca de 70% da base de grandes clientes e que, em certa medida, houve queda da taxa líquida de desconto (MDR) – a tarifa por transação cobrada aos estabelecimentos comerciais, excluindo a fatia que vai para os bancos emissores. A tendência, segundo a empresa, deve se manter ainda no primeiro e segundo trimestres

No final das contas, a receita da Cielo com o aluguel de POS caiu R$ 20,2 milhões. Outro número que vale destacar é a redução de 66 mil POS instalados no país entre o fim de 2009 e de 2010

de 2011 já que diversos clientes decidiram postergar para este ano os novos parâmetros negociados em função do temor de realizar mudanças em meio ao grande volume de transações geradas nos últimos meses do ano. n

Combustíveis & Conveniência • 25


44 MERCADO

Paulo Pereira

Preço da instalação e espaço ocupado pelos kits desestimulam consumidores

Mercado de GNV quer retorno de consumo Nos últimos anos, o setor de GNV vem enfrentando um período de expansão reduzida, por conta de uma aparente baixa competitividade do preço do combustível frente ao etanol e à gasolina. Para reverter esta tendência, é necessário promover ações de esclarecimento voltadas ao consumidor Por Rosemeire Guidoni Até 2008, o mercado de gás natural veicular (GNV) vinha se expandindo a taxas que oscilavam entre 10% e 12% ao ano. Em 2009, o setor cresceu apenas 3%, totalizando 1,6 milhão de veículos convertidos. Segundo dados do Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás e 26 • Combustíveis & Conveniência

Biocombustíveis (IBP), no ano passado, a taxa de incremento voltou a desacelerar, para 2%, e o total de novas conversões deve ficar em torno dos 30 mil. Esta queda do ritmo de crescimento preocupa o instituto, uma vez que a média anual era de 85 mil a 90 mil veículos novos convertidos para usar gás natural veicular.

As vendas também estão em queda, refletindo a falta de interesse do consumidor pelo combustível. De acordo com informações do site Gás Brasil, em 2009, 16% das vendas pelas distribuidoras de gás canalizado no país eram destinadas ao setor automotivo, enquanto que os demais 84% atendiam outras finalidades. Em 2010 o volume


de gás comercializado para o setor automotivo caiu para 11%, enquanto que os demais usos tiveram ampliação, passando a 89%. Segundo dados da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegas), no ano passado o consumo de GNV caiu quase 5%. Os motivos da queda são diversos, mas a principal razão é a aparente baixa competitividade do GNV frente aos combustíveis concorrentes, como etanol e gasolina. Com valores de bomba semelhantes ou mesmo pouco menores, o GNV perde pontos na preferência do consumidor por conta dos investimentos necessários para instalação do kit de conversão. Além disso, o espaço necessário para instalação do kit costuma representar um problema extra para muitos consumidores, especialmente taxistas, que muitas vezes precisam do porta-malas livre para melhor atender seus clientes. “A queda do consumo apenas reflete o desconhecimento dos motoristas. Existe um nível muito grande de desinformação no mercado”, afirmou R. Fernandes, coordenador do Comitê de GNV do IBP. Afinal, o GNV tem maior poder calorífico do que os demais combustíveis (ou seja, é possível rodar mais com GNV, em média, 13 quilômetros por metro cúbico), além de ser um combustível seguro e menos poluente. “Se o motorista fizer as contas na hora de abastecer, poderá constatar que, do ponto de vista econômico, compensa muito mais abastecer com GNV, mesmo considerando os investimentos necessários para conversão do veículo”, atestou. Para ilustrar, Fernandes cita uma conta simples. “Considerando os dados da ANP,

O caso de São Paulo Da mesma forma que no restante do país, o mercado de GNV em São Paulo também vem enfrentando um período de retração, que já dura quase três anos. No entanto, no estado a situação é um tanto peculiar. Conforme dados publicados pelo anuário da ANP, nos últimos dez anos, o preço do GNV em São Paulo (para o consumidor) é o mais baixo do Brasil. Apesar disso, o GNV, aos poucos, foi perdendo espaço para o etanol. O motivo é que no estado o etanol também tem baixo preço, seja por conta da forte presença de produtores, seja pela alíquota de ICMS reduzida (12%). Como o consumidor não faz a conta corretamente a respeito do rendimento do produto, o resultado é que as vendas de etanol cresceram e as do GNV caíram. Como consequência, os postos do estado, que fizeram altos investimentos para instalação de compressores, não estavam conseguindo comercializar volumes suficientes para amortizar suas dívidas. Diante desta situação, a Fecombustíveis - com o apoio dos sindicatos de Campinas e região (Recap) e de Santos e litoral (Resan), além da ABGNV e da Comgás (principal concessionária que atua no estado) começou a promover um trabalho de conscientização para tentar reverter a queda nas vendas do combustível. Como resultado, a Arsesp (agência reguladora do setor) autorizou uma nova forma de cálculo do preço do produto, utilizando o gás fornecido pela Petrobras por meio de leilão, com valor reduzido, que entrou em vigor em 10 de dezembro passado. Além disso, a agência instituiu um mecanismo que garante que não haverá oscilações de preços por pelo menos um ano, na área de abrangência da Comgás. Segundo Richard Jardim, gerente de GNV da Comgás, o aumento de vendas ainda não pode ser sentido, pois a mudança de preços aconteceu justamente em um mês de férias, quando geralmente o consumo é mais baixo. “Acreditamos que a partir de fevereiro o mercado já possa sentir algum aumento de vendas, por conta da redução de preços do produto”, disse. Entretanto, o setor sabe que não se trata apenas de reduzir preços. Para voltar a consumir o GNV, o consumidor precisa ter segurança e conhecer as vantagens do combustível. “Por este motivo, a Comgás já está estudando uma ampla campanha de marketing, em algumas mídias específicas, com intenção de mudar a imagem do combustível. A ideia é reforçar a imagem de combustível econômico, seguro e pouco poluente. As ações estão sendo desenvolvidas pela área de marketing da empresa e, em breve, serão divulgadas ao mercado”, afirmou. Combustíveis & Conveniência • 27


44 MERCADO IceFlyer/Wikimedia Commons

estado onde até recentemente o desempenho do combustível estava bem abaixo da média nacional (veja Box). “Não há justificativas para que os estados não invistam no incentivo ao uso do GNV. Os governos recebem mais royalties (caso do Rio de Janeiro e de São Paulo, por conta do gás da Bacia de Santos), a poluição nos centros urbanos é reduzida e com isso também diminuem os gastos públicos com doenças pulmonares”, acrescentou. Ônibus movido a GNV circulando em Paris. Uso em veículos pesados no Brasil poderia impulsionar o combustível

a média de preços dos combustíveis praticados em janeiro era de R$ 1,545 para o metro cúbico de gás natural veicular; de R$ 1,827 para o litro de etanol; e de R$ 2,598 para o de gasolina. Se um consumidor que roda 2,5 mil quilômetros mensais trocar a gasolina por GNV, a economia mensal será de R$ 363,76. Se trocar o etanol por GNV, a redução ainda é maior, o consumidor passa a economizar R$ 375,37

“Se trocar o etanol por GNV, a economia é de R$ 375,37 mensais. Como o investimento médio para instalação de um kit de conversão é de cerca de R$ 2,8 mil, o consumidor pode ter o retorno deste investimento em um prazo de sete meses, aproximadamente”, explica Fernandes, coordenador do Comitê de GNV do IBP 28 • Combustíveis & Conveniência

mensais. Como o investimento médio para instalação de um kit de conversão é de cerca de R$ 2,8 mil, o consumidor pode ter o retorno deste investimento em um prazo de sete meses, aproximadamente”, explicou. Na avaliação de Fernandes, somente com uma campanha maior de esclarecimento o consumidor terá condições de perceber esta diferença. “A reversão da imagem negativa do combustível tem de ser feita por meio de uma campanha de estímulo ao uso do GNV. O IBP planeja fazer isso ao longo de 2011, por meio de seminários e workshops. Mas somente isso não é suficiente, o ideal seria contar com o apoio de iniciativas governamentais”, disse, referindo-se à possibilidade de se criarem novas políticas para o combustível. Isso já acontece no Rio de Janeiro, por exemplo, onde os motoristas que convertem os veículos para GNV têm seu IPVA reduzido à metade. Esta, aliás, é também uma das reivindicações da Fecombustíveis junto à Secretaria da Fazenda paulista,

GNV em veículos pesados O IBP também defende o uso do GNV em veículos pesados, como ônibus e caminhões, em substituição ao óleo diesel, e Fernandes cita, inclusive, que já existem experiências para adaptar motores de locomotivas para GNV. “Hoje, o Brasil não tem capacidade para produzir todo o diesel necessário ao transporte pesado. De acordo com dados da ANP, no ano passado o país gastou quase US$ 5 bilhões com importações de diesel. É um contrassenso, se imaginarmos a quantidade de gás natural queimado pela Petrobras em suas plataformas diariamente (6,5 milhões de metros cúbicos por dia, conforme dados de setembro passado)”, destacou. No entanto, este tipo de mudança depende da criação de novas políticas para o setor, da vontade dos gestores e inclusive da criação de infraestrutura para levar o gás a todas as regiões do Brasil. “O IBP tem se dedicado a produzir estratégias para mudar o rumo do GNV. Recentemente, encaminhamos às autoridades governamentais um folheto de esclarecimento sobre o combustível”, afirmou. n


MERCADO 33 Luis Rock/iStock

Ainda sem solução

Após estender prazo para envio de sugestões, ANTT avalia as propostas para definir como será feito o pagamento dos serviços de cargas realizados por caminhoneiros autônomos Por Rodrigo Squizato A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) encerrou em 31 de janeiro o prazo para envio de sugestões para a minuta da Resolução sobre a remuneração e o pagamento dos serviços de carga de terceiros. A Resolução, com propostas para substituir a carta-frete, está atualmente na fase de compilação das sugestões recebidas durante o período de consulta e audiência pública, segundo a assessoria de comunicação da ANTT. Após este trabalho,

que está sendo desenvolvido pelo corpo técnico da Agência, o documento será enviado para aprovação da diretoria do órgão. Até o fechamento desta edição, a assessoria da ANTT não havia informado a data em que o processo de compilação deverá estar finalizado, nem quanto tempo a diretoria tem para ratificar o documento. A minuta original da Resolução foi questionada por diferentes entidades, entre elas a Fecombustíveis, o que levou à extensão do prazo de envio de sugestões até 31 de janeiro – a

data original era 31 de dezembro de 2010. Após analisar os aspectos relacionados ao tema e à minuta de Resolução, uma equipe de empresários e especialistas da Fecombustíveis elaborou uma proposta que procura preservar o espírito da lei — ou seja, melhorar a vida do caminhoneiro e reduzir a informalidade no pagamento entre transportadoras e autônomos — sem que isso garanta privilégio ou crie obrigatoriedades que, no mundo real das estradas brasileiras, dificilmente poderão ser seguidos à risca. Combustíveis & Conveniência • 29


44 MERCADO

30 • Combustíveis & Conveniência

o pagamento eletrônico, será necessário algo em torno de sete dias além do prazo existente hoje. Ou seja, na prática, o ínterim de recebimento pelo posto pode até quadruplicar, aumentando os custos financeiros. A medida, em seu primeiro formato, teve pontos que geraram questionamentos das partes envolvidas no processo. Entre eles, o fato de não contemplar ao menos um setor fundamental para o bom funcionamento do mercado de fretes de terceiros no país: os postos de combustíveis. Atualmente eles são peças-chave para o bom funcionamento deste mercado por dois motivos. Primeiro: são eles que prestam o serviço de apoio e abastecimento aos motoristas autônomos e seus veículos. Segundo: permitem ao caminhoneiro escolher qual a melhor relação custo-benefício no abastecimento, com base nos diversos prestadores de serviço disponíveis. Com a proibição do uso da carta-frete, como forma de pagamento do frete do transporte rodoviário de cargas

em junho de 2010, o governo buscou tirar o caminhoneiro autônomo da informalidade. A nova lei estabelece que o pagamento do frete do transporte rodoviário de cargas ao caminhoneiro autônomo deve ser feito mediante crédito em conta, mantida em instituição bancária, ou por outro meio de pagamento regulamentado pela ANTT. O objetivo era garantir mais direitos ao caminhoneiro como o recebimento em conta própria do valor do frete. Para a Fecombsutíveis, uma solução mais simples, e que atenderia ao objetivo do governo sem aumentar o já pesado custo de transporte no Brasil, seria transformar a carta-frete em um documento fiscal. Para isso, há diversos exemplos bem-sucedidos no Brasil, incluindo o setor de combustíveis. O que ainda não está claro é por que o meio eletrônico de pagamento foi eleito como solução para os problemas dos milhares de caminhoneiros autonômos, mesmo sendo incerto se ele será capaz de resolver esses problemas. n

George Woodapple/iStock

Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo, LavaRápido e Estacionamento de Santos e Região (Resan), José Camargo Hernandes, é notório que muitos caminhoneiros não terão acesso ao novo sistema porque têm pendências no CPF. “Infelizmente esta é a realidade”, afirma. Para Aldo Locatelli, presidente do Sindipetróleo-MT, o que a lei propõe não poderá ser colocado em prática, porque está ignorando a realidade da estrada, do caminhoneiro autônomo. Logo, irá apenas beneficiar as grandes transportadoras. Um exemplo é a liberdade de escolher onde se quer abastecer, afinal, com o meio de pagamento eletrônico em mãos, que era a única via prevista na minuta de Resolução, o caminhoneiro só poderia abastecer nos postos que aceitem aquela bandeira de cartão. Para Hernandes, outro problema sério ignorado é que, com a introdução de um novo agente no mercado, haverá, naturalmente, um aumento dos custos, porque essas empresas precisam ser remuneradas. Atualmente, a principal receita das empresas de cartão é uma taxa de desconto sobre o valor da transação. Este valor, em alguns casos, chega até a 3% e, obviamente, o posto não pode absorvê-lo como despesa, porque muitas vezes a margem líquida sobre o litro de diesel não atinge este valor. Além de aumentar o custo e limitar as opções do caminhoneiro, o modelo proposto também prejudica diretamente os postos. Ao descontar uma carta-frete, muitas vezes o estabelecimento consegue reaver o dinheiro depois de três a quatro dias. Com


OPINIÃO 44 Roberto Nome doFregonese articulista44Vice-presidente Cargo do articulista da Fecombustíveis

Em ritmo acelerado escassez de mão de Com carnaval apenas em março, podemos obra em muitos mudizer que o ano começou antes, quebrando o nicípios. Além disso, velho hábito de “enforcar” os dias úteis entre as o próprio consumidor férias de janeiro e o início da festa do Momo. O exige melhores preços mês de fevereiro está respondendo de forma muito e isto somente poderá ativa, talvez até em função de que temos nova ser conseguido com presidente da República, novos governadores na a diminuição de custos. Por isso, acho que seja maioria dos estados brasileiros. E isto está exiginprudente colocar o auto-atendimento em pauta, do um esforço extra, até porque, principalmente ao mesmo tempo que discutimos a flexibilização na esfera sindical, há inúmeros contatos a fazer, da jornada de trabalho. recomeçar tudo de novo, demonstrando aos novos Neste início do ano, começam a ser dados os governantes quem somos, quais são os nossos primeiros passos para a consolidação da joint venture problemas e discutindo o que podemos esperar entre a Cosan e a Shell, anunciada no ano passado, dos novos governos. mas que só deve entrar em operação neste primeiro Os problemas são sempre os mesmos, já bem semestre. Chegará ao mercado uma nova empresa, conhecidos da revenda: mercado irregular, a briga a Raízen, e a bandeira Esso vai de fato deixar os dos governos quanto ao ICMS, precatórios, conpostos. Devemos ficar atentos como vai se comportar centração, irregularidades na comercialização de o mercado, principalmente no tocante ao etanol, que etanol, impunidade, assaltos, insegurança etc. Isto cada dia mais exige mais para não falar dos probleprofissionalização e uma mas internos que a grande maior estabilidade. Não maioria dos sindicatos Sou da teoria de que todos pagam ou podemos esquecer que o terá de enfrentar, como as ninguém paga. Se o governo não conetanol figura como um dos negociações salariais que segue coibir a sonegação, que então principais responsáveis já despontam, em meio a a torne menos atrativa, reduzindo a pela desorganização do pressões inflacionárias crescarga tributária. O que não podemos mercado e produz uma centes, economia bastante sonegação estimada em aquecida e dificuldade em admitir é que muitos paguem e alguns mais de R$ 1 bilhão algumas regiões para se poucos enriqueçam na contravenção que deve ser combatida, encontrar mão de obra. pois traz perdas para os Para enfrentar todos cofres públicos, para o esses desafios, é necessária consumidor e para os revendedores honestos, que cada vez mais a profissionalização das entidades não conseguem competir e terminam fechando suas sindicais patronais para atender da melhor forma portas, abrindo assim espaço para que picaretas possível a todas as reivindicações que constam na dominem o mercado. pauta, dentre as quais destaco a jornada de traE nada melhor que neste início de novos goverbalho de 40 horas semanais. Sabemos que existe nos para criarmos uma nova frente e encararmos o no plano legislativo uma proposta para a redução problema. Não podemos continuar a sustentar um da jornada semanal de trabalho e consideramos mercado irregular deste tamanho, que desestabiliprudente que esta discussão possa ser esgotada za e leva o bom revendedor a ser expurgado pelo no Congresso, analisando o impacto para o setor mercado. Sou da teoria de que todos pagam ou produtivo e para a competitividade do país. Também ninguém paga. Se o governo não consegue coibir devemos começar a pensar sobre a possibilidade a sonegação, que então a torne menos atrativa, de implementação no país do sistema self-service reduzindo a carga tributária. O que não podemos – ou autosserviço, pelo qual o próprio consumidor admitir é que muitos paguem e alguns poucos abastece seu carro, como ocorre em vários países enriqueçam na contravenção. – uma vez que o bom momento econômico já traz Combustíveis & Conveniência • 31


44 NA PRÁTICA

Oportunidades à vista Resultado preliminar da pesquisa aponta que ainda há poucas áreas sem previsão de oferta do diesel de baixo teor de enxofre, o que pode abrir boas perspectivas de negócios para os postos da região Por Morgana Campos Daqui a exatos sete meses, tudo tem que estar pronto para que qualquer veículo novo (com o sistema Selective Catalytic Reduction) possa atravessar o Brasil de Norte a Sul, abastecendo com o diesel de baixo teor de enxofre (S50/S10), conforme determina o Plano de Abastecimento de Óleo Diesel de Baixo Teor de Enxofre. E foi justamente para saber como anda a intenção da revenda em oferecer este novo produto que a ANP realizou pesquisa em seu site até o dia 30 de novembro de 2010. Cerca de 61% dos postos existentes no país responderam à sondagem, sendo que 32% desse total declararam intenção de comercializar o combustível. Vale lembrar, no entanto, que a pesquisa representa apenas uma intenção, não um compromisso de que os estabelecimentos que responderam sim irão de fato comercializar o produto, nem que os postos que não manifestaram

interesse estejam proibidos de mudar de ideia. Segundo esse resultado bastante preliminar, existem algumas poucas áreas ainda “desabastecidas” pelo novo produto, basicamente: Norte e Centro de Minas Gerais; interior da Bahia, Ceará, Piauí e Maranhão; algumas regiões do Mato Grosso; e parte da região Norte (especialmente na área de floresta amazônica, onde as rodovias são escassas). E o que isso significa para quem tem postos nessas regiões? Depende. Num primeiro momento, uma oportunidade de negócios. Afinal, quem comercializar o diesel com baixo teor de enxofre nessas áreas pode ser, pelo menos inicialmente, o único fornecedor do produto, até que outros revendedores também se interessem. Importante lembrar que não estamos falando aqui apenas do município onde está situado o posto, mas sim de toda a área englobada num raio de 100 km, assumindo a premissa

Agência Petrobras

Em 2012 os veículos novos a diesel usarão S50, o qual será substituído pelo S10 a partir de 2013, quando o novo combustível passa a ser produzido no Brasil

32 • Combustíveis & Conveniência

de 25% de autonomia mínima dos novos veículos. Mas essa notícia também pode virarumproblemãoparaospostosdas áreas “desabastecidas”. Isso porque, caso se confirme o desinteresse da revenda em ofertar o produto nessas regiões, a ANP pode determinar a venda exclusiva de diesel S50/ S10 nesses municípios. Para os postos, significa ofertar um produto mais caro, justamente em lugares onde, em regra, o poder aquisitivo é menor. Sem falar na possibilidade de desequilíbrio concorrencial, já que alguns municípios próximos poderão continuar a vender o diesel tradicional. Implementar tal solução exigiria ainda um esforço adicional de distribuição e da Petrobras, já que implicaria uma demanda adicional de 2,6 milhões de metros cúbicos, ante a anteriormente calculada em quase 6 milhões de metros cúbicos para 2012. É bem verdade, no entanto, que a ANP optou pela cautela na hora de montar o mapa do abastecimento com base na pesquisa de intenção junto à revenda. Para evitar surpresas de última hora, especialmente levando em conta que há um acordo judicial em questão (veja Box), a Agência resolveu considerar na confecção de seu mapa apenas as respostas positivas dos postos que comercializam diesel atualmente (e, portanto, dificilmente vão querer desapontar sua clientela) e daqueles que somente precisarão remanejar tanques para receber o S50/S10, uma vez que a instala-


ção de tanques adicionais requer novo licenciamento ambiental, o que pode atrasar o cronograma de obras. Ou seja, é bem provável que em janeiro de 2012 uma quantidade muito maior de postos esteja

oferecendo o diesel com baixo teor de enxofre. Mas cautela nunca é demais. Até porque ninguém ainda conseguiu responder à pergunta que será decisiva para o interesse da revenda: quanto vai custar o novo combustível. n

Por dentro da questão A novela do diesel com baixo teor de enxofre começou com a Resolução 315/02 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), que estabelecia a obrigatoriedade da venda do S50 (diesel com 50 partes por milhão de enxofre) a partir de 1º de janeiro de 2009. Mas a data chegou e nada do novo combustível, nem dos veículos que ajudariam a reduzir a poluição do ar. E instalou-se a troca de acusações: a indústria automotiva alegava que não desenvolveu os novos motores porque não havia o diesel de baixo teor de enxofre no Brasil; já a Petrobras cobrava a especificação do produto, que só ficou pronta em novembro de 2007, o que, segundo os agentes, impossibilitava o cumprimento do cronograma original. Sem entendimento e diante de decisões judiciais que pretendiam forçar a oferta de combustíveis, foi assinado um acordo judicial em novembro de 2008, adiando o prazo para implementação do novo diesel para 2012. Os envolvidos na polêmica ganharam prazo, mas precisaram apresentar contrapartidas. A mais importante delas foi a antecipação da chegada da fase P7 do Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), prevendo o diesel S10 (com 10 partes por milhão de enxofre) para 2013, quase três anos antes do previsto. O acordo foi assinado entre o Ministério Público Federal, o estado de São Paulo, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, ANP, Petrobras, Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e 17 fabricantes de veículos e motores. O acordo previu a elaboração pela ANP do Plano de Abastecimento, do qual a Fecombustíveis é signatária, que detalha o cronograma de introdução gradual do S50 até a chegada do S10 e a substituição de outros tipos de diesel, como S2000 pelo S1800. De acordo com o Plano de Abastecimento, os veículos adaptados ao novo combustível devem poder “percorrer o território nacional sempre abastecendo com o óleo diesel com teor de enxofre de 10 partes por milhão”. Por isso, a importância da pesquisa de intenção de comercialização do produto junto à revenda, para que a ANP possa saber se o objetivo vai mesmo ser cumprido. Apesar de o S10 só estar disponível a partir de 2013, os veículos novos já estarão rodando em 2012 e receberão autorização das montadoras para abastecer com S50 somente neste ano de transição.

O QUE FAZER? Se você não respondeu à pesquisa ou declarou não ter interesse e mudou de ideia, fique esperto: a A ANP ainda não decidiu o que fazer com os postos inadimplentes com a pesquisa. Há a possibilidade de que sejam notificados para que informem seus planos. São mais de 14 mil postos nessa situação, sujeitos a penalidades, como determina a Resolução ANP nº 26 de 2010; aEnquanto isso, o revendedor já pode procurar a sua companhia distribuidora, no caso dos bandeirados, ou aquelas de quem compra com mais frequência, para os bandeiras brancas, e informar sua intenção de comercialização, até para saber qual será a oferta do produto na sua região, a que preço e com qual frequência; aNa hora de tomar a decisão, é importante lembrar que tanto o S10 quanto o S50 são mais suscetíveis à contaminação, por isso, os cuidados com drenagem e limpeza devem ser mais intensos. Tenha em mente que este combustível terá giro menor, podendo ficar estocado durante meses; aFaça uma pesquisa informal com seus principais consumidores para saber quando eles pretendem adquirir os veículos novos, o que dará uma ideia da demanda por S10 e S50; aLembre-se de que, para comercializar o novo combustível, será necessário atualizar seus dados cadastrais na ANP (http://www.anp.gov.br). Combustíveis & Conveniência • 33


44 NA PRÁTICA

Pratique solidariedade A maneira como uma empresa se relaciona com a comunidade de seu entorno é um dos principais exemplos dos valores com os quais está comprometida. Você sabe como colocar em prática uma ação socialmente responsável, e o que fazer para envolver seus funcionários e clientes? Agência Petrobras

Donativos são arrecadados na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro

Por Rosemeire Guidoni Neste início de ano, vários postos de combustíveis do Rio de Janeiro prestaram mais um exemplo de cidadania e comprometimento com a sociedade. Depois das fortes chuvas que afetaram várias cidades da região serrana do estado, um grupo de revendedores, organizado pelo sindicato que representa os 34 • Combustíveis & Conveniência

postos fluminenses (Sindestado), passou a coletar donativos para as vítimas. Segundo informações do Sindicato, em três semanas de campanha, foram recolhidas cerca de 25 toneladas de donativos, transportadas em cinco viagens de caminhão para Nova Friburgo, a região mais atingida pelas tempestades. Os donativos foram repassados à Defesa Civil local e às entida-

des religiosas. Ao todo, onze postos, todos localizados em locais de grande visibilidade e fluxo de clientes, participaram desta ação. Além do grupo organizado pelo Sindestado, outros cinco estabelecimentos empreenderam ação similar, com o apoio da BR Distribuidora, além de 70 pontos de revenda da Liquigás localizadas na região metropolitana do Rio.


nidade no entorno do posto vai muito além disso, e está ao alcance de todas as empresas. É possível contribuir com projetos educacionais ou culturais, com instituições filantrópicas, Organizações Não-Governamentais (ONGs) ou organizações comunitárias, além de ações para Campanha por donativos nos postos BR valorizar o meio ambiente (coleta seletiva, apoio a cooperativas, manutenMas não é somente quando ção de áreas verdes). Ao adotar acontece uma tragédia deste este tipo de postura, a empresa porte que os postos podem codemonstra sua capacidade de locar em prática ações sociais. valorizar a comunidade em que A preocupação com a comuAgência Petrobras

A bandeira, inclusive, procurou garantir o abastecimento dos postos de sua rede localizados na região mais afetada pelas chuvas. Esta não é a primeira vez que os postos se mobilizam para ajudar a população vitimada por enchentes. Há alguns anos, os revendedores de Santa Catarina também organizaram um fundo de emergência para contribuir com os desabrigados. Ações isoladas promovidas por empresários também acontecem em todo o país, todos os dias.

Combustíveis & Conveniência • 35


44 NA PRÁTICA está inserida, o que pode lhe render inúmeros benefícios indiretos, como melhoria da imagem, fornecedores mais responsáveis e maior comprometimento dos funcionários.

Responsabilidade social ou filantropia? Não se pode, no entanto, confundir responsabilidade social empresarial com filantropia. Segundo o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, a prática da filantropia acontece quando as ações estão voltadas para o ambiente externo da empresa, tendo como beneficiária principal a comunidade em suas diversas formas e organizações. Já a responsabilidade social empresarial é a forma de gestão que inclui a relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona. Refere-se também ao estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais. Vale destacar que, por responsabilidade social, entendemse as ações que as empresas praticam além das obrigações legais. Ou seja, no caso dos postos de combustíveis, por exemplo, as práticas e equipamentos relacionados à proteção ambiental são considerados como obrigações legais, e não comportamento socialmente responsável. A concessão de benefícios aos funcionários, se previstos em convenção coletiva, idem. n 36 • Combustíveis & Conveniência

PARCERIA COM A COMUNIDADE De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), é importante observar algumas dicas antes de resolver contribuir com alguma causa ou entidade: a Identifique os problemas da comunidade, observando quais são as prioridades; aParticipe de reuniões com lideranças locais para a discussão de problemas e encaminhamento de soluções; a Procure seu sindicato e proponha uma ação conjunta; aOutra alternativa é se reunir com empresários da mesma região, e buscar formas conjuntas de contribuir com a causa em questão; aAs empresas também podem fazer doações ou apoiar de alguma forma instituições sociais (educacionais, de complementação alimentar, de microcrédito) e ONGs que estejam atuando na área (ou atraí-las para trabalhar na comunidade); aOfereça áreas livres do seu empreendimento para a realização de eventos da comunidade; aNa compra de um novo equipamento, doe o antigo, de preferência para o uso coletivo. Uma boa ideia, por exemplo, é doar equipamentos usados, como computadores, para escolas; aDê preferência à contratação de funcionários que residam no entorno. Se possível, prefira serviços oferecidos por organizações comunitárias ou fornecedores locais. Esta também é uma forma de a empresa contribuir para a revitalização de uma comunidade; aÉ possível destinar recursos do imposto de renda para fundos municipais da criança e do adolescente, ou outros similares; aConscientize e mobilize seus funcionários. Estimule seus colaboradores a participarem de projetos comunitários; aÉ importante incentivar os seus parceiros e fornecedores a se tornarem empresas socialmente responsáveis. Dê preferência a trabalhar com empresas que tenham os mesmos valores éticos e ações sociais semelhantes às suas; aExija o cumprimento da legislação trabalhista, ambiental, previdenciária e fiscal. Isso poderá estar discriminado no contrato comercial entre sua empresa e o parceiro/fornecedor; aO parceiro/fornecedor não pode contratar crianças e nem utilizar práticas de discriminação ética, sexual, religiosa ou física no ambiente de trabalho; aExija uma conduta de concorrência legal, sem práticas que são consideradas abuso de poder econômico; aVale lembrar que a empresa que faz algum tipo de doação ou promove uma campanha com finalidade filantrópica pode ter uma pequena isenção de impostos. No entanto, no Brasil este valor não é significativo - o teto é de 6%, somando benefícios das leis de incentivo a cultura, esporte e projetos sociais. Nos Estados Unidos, por exemplo, as empresas abatem até 10% dos impostos.


OPINIÃO 44 Felipe Goidanich 4 consultor jurídico da Fecombustíveis

STJ limita juros na antecipação de recebíveis das transações com cartões aos juros incidentes Uma prática que tem se tornado cada vez sobre o capital que mais comum no comércio é a opção do empreempresta (adiantamensário por realizar, junto à empresa credenciadora to) a partir da data em do cartão de crédito, a denominada “operação que é disponibilizado de antecipação de recebíveis”, que nada mais é até o momento em que ocorre a efetiva quitação do que o recebimento imediato, ou em um prazo do mútuo – compensação entre o valor que foi menor, do valor da compra com cartão de crédito emprestado e aquele que a empresa que tomou realizada em seu estabelecimento. o empréstimo (pediu o adiantamento) tem para Como se sabe, em regra, o revendedor varejista receber da mutuante. efetua a venda com cartão de crédito e só recebe Portanto, a ‘taxa de desconto’, cobrada nas a quantia correspondendo à compra em 30 dias, operações de antecipação de pagamentos dos descontada a taxa de administração. valores das transações realizadas com cartões de Contudo, as empresas que prestam o serviço crédito, corresponde a juros compensatórios, não de credenciamento do cartão de crédito oferecem havendo como ser afastada às credenciadas a opção de a limitação em 1% ao mês antecipação dos pagamentos, O Ministro Relator Sidnei Beneti imposta nas instâncias pelo que é cobrada uma salientou em seu voto que a empresa ordinárias.” taxa de desconto. credenciadora do cartão de crédito, O acórdão do Recurso Recentemente, o Suno caso a Redecard S/A, não é instiEspecial n° 910.799-RS tem perior Tribunal de Justiça tuição financeira, razão pela qual não a seguinte ementa: manteve a decisão do “Direito civil. Recurso Tribunal de Justiça do estaria autorizada a cobrar juros a Estado do Rio Grande do taxa superior a 12% ao ano, de acor- especial. Ação de repetição Sul, que deu ganho de do com o Enunciado da Súmula 596 de indébito. Relação de consumo. Inexistência. ‘Taxa causa a um revendedor de do Supremo Tribunal Federal de desconto’. Cobrada em combustíveis, que pleiteava operações de antecipação de a repetição de indébito de pagamento dos valores das transações realizadas todos os valores cobrados pela antecipação de com cartões de crédito. Juros. Limitação. pagamento das vendas realizadas com cartão de (...) crédito, que superassem 1% ao mês. III.- A ‘taxa de desconto’ cobrada nas operaO Ministro Relator Sidnei Beneti salientou ções de antecipação de pagamento dos valores em seu voto que a empresa credenciadora do das transações realizadas com cartões de crédito cartão de crédito, no caso a Redecard S/A, não é corresponde a juros compensatórios. instituição financeira, razão pela qual não estaria IV.- Estando estabelecidos nos autos que a autorizada a cobrar juros a taxa superior a 12% ao empresa que cobrou a ‘taxa de desconto’ não é ano, de acordo com o Enunciado da Súmula 596 instituição financeira, incide a limitação dos juros do Supremo Tribunal Federal. à taxa de 12% ao ano Restou consignado no acórdão proferido pelo V.- Recurso Especial improvido.” STJ no julgamento do Recurso Especial que: Dessa forma, o revendedor de combustíveis “Assim, sendo os juros o ‘preço do dinheiro’, receberá de volta tudo que pagou a mais do que servindo como compensação, ou indenização 1% ao mês nas operações de antecipação de à parte que disponibiliza o capital à outra, por pagamento dos valores das transações realizadas tempo determinado, não há outra conclusão a ser com cartão de crédito, junto àquela empresa cretirada do presente caso senão a de que a ‘taxa de denciadora. desconto’ cobrada pela recorrente corresponde Combustíveis & Conveniência • 37


44 REPORTAGEM DE CAPA

Cada vez

mais virtual Sem uma organização fiscal e contábil estruturada, o risco de ter sua empresa engolida pela onda tecnológica é enorme. Você está preparado para essa nova realidade?

Por Gisele de Oliveira Não é de hoje que a tecnologia vem tornando os negócios cada vez mais eficientes e, consequentemente, menos propícios a irregularidades. O próprio Ministério da Fazenda instituiu, em 2007, o Sistema Público de Escrituração Digital (Sped). Considerado um avanço na relação entre o Fisco e os contribuintes, o Sistema consiste na modernização do trato das informações contábil e fiscal, tendo como principal ferramenta a certificação digital para garantia de validação das operações apenas no formato eletrônico. Para o governo, esse foi o caminho encontrado para padronizar e compartilhar as informações contábeis e fiscais, tornando o processo de cruzamento de dados mais ágil e, portanto, mais rápido na identificação de fraudes e sonegação fiscal. Além disso, há outros benefícios com o uso do Sped, como a redução de custos com a emissão e ar38 • Combustíveis & Conveniência

mazenamento de documentos em papel, diminuição do tempo despendido com a presença de auditores fiscais nas empresas, entre outros. Mas de 2007 para cá, como está a implantação desse sistema? Como o revendedor deve se preparar para esta nova realidade? Em um país com dimensões continentais como o nosso, implantar um sistema como este requer tempo e investimento. O desencontro de informações é inevitável. Prova disso é o nível de avanço entre os estados. Em muitos, o processo encontra-se bastante adiantado, enquanto em outros é mais lento. Isto porque cada estado tem seu cronograma de implantação do projeto. Assim, é bom manter-se informado junto ao seu contador sobre como anda o Sped em seu estado para evitar prejuízos. Mesmo com os diversos níveis de implantação do projeto, o Brasil está entre os três melhores do mundo quando o assunto é


tecnologia da informação, perdendo somente para Bélgica e Alemanha. A Receita Federal brasileira possui sistemas com capacidade de cruzamento de informações para mais de 150 milhões de dados por segundo. Um volume e tanto de operações comerciais. Portanto, é bom o revendedor ficar atento às mudanças para não ser pego de surpresa. “Muitos revendedores não emitem cupom fiscal de todas as vendas, alguns nem possuem computador para controle e gerenciamento do negócio. Por isso, é urgente a necessidade de os revendedores fazerem a automação dos postos”, alerta Luiz Rinaldo Lopes de Almeida, sócio-diretor da Plumas Assessoria Contábil. O analista tributário da TEC Soft – empresa que desenvolve soluções de informática para o setor de varejo e comércio –, Fabio Alexsandro, concorda e diz mais: “A partir de agora a organização fiscal e contábil passa a ser um fator muito importante para as empresas. Sem isso, o risco de cair na rede da Receita Federal é grande”. Para o analista, quem se adapta mais rápido às mudanças, tem mais chances no mercado. “Empresas adaptadas faturam

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“A partir de agora a organização fiscal e contábil passa a ser um fator muito importante para as empresas. Sem isso, o risco de cair na rede da Receita Federal é grande”, diz o analista tributário da TEC Soft, Fabio Alexsandro Combustíveis & Conveniência • 39


44 REPORTAGEM DE CAPA Não adianta ter apenas um microcomputador para tudo – contador, operações de pista etc. É preciso separar as atividades e ter pelo menos um computador exclusivo de back-up. Assim, se der algum problema com o outro micro, há o “reserva” mais rápido por possuírem processos definidos. Além disso, os resultados financeiros fiscais e contábeis se tornaram eficientes, reduzindo os riscos de fraude e sonegação”, complementa.

Tecnologia e pessoas Por isso, o conselho é investir na automação do seu negócio e

em pessoas. “O ideal é ter seu negócio totalmente automatizado, com software homologado pela secretaria. E o mais importante: não deixar para última hora, pois pode ser que as empresas de automação não tenham tempo para atender a todos”, orienta Almeida. Neste caso, é fundamental contar com uma infraestrutura física adequada para atender ao Sped. Não adianta ter apenas um microcomputador para tudo – contador, operações de pista, back-up etc. É preciso separar as atividades e ter pelo menos um computador exclusivo de back-up. Assim, se der algum problema com o outro micro, há o “reserva”. Além disso, ter um bom serviço de internet funcionando é importante. Segundo Alexsandro, grande parte dos problemas com o Sped é no cadastro, geralmente com informações incompletas

devido a falhas na conexão de internet. Outro fator que o revendedor deve prestar mais atenção é a gestão de pessoas. É preciso investir em capacitação de pessoal para que todos tenham entendimento do novo cenário. “Em muitos casos, não há um profissional técnico para executar as funções administrativas no posto. Por isso, é necessário que o empregador capacite esse funcionário para que ele possa ajudar o contador neste processo”, explica o analista tributário. Por falar em contador, é imprescindível que haja sintonia entre o revendedor e seu contador. É ele quem deve estar por dentro de tudo o que acontece quando o assunto é escrituração digital. E são muitos os detalhes que envolvem o processo de escrituração fiscal digital (veja Box). Mas o mais importante é manter

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sempre o sistema atualizado com as operações comerciais realizadas. Isso inclui as operações de uso/consumo também. Graças ao processo digital, hoje a Receita Federal consegue saber qualquer detalhe não informado, seja por descuido ou má-fé. Isto porque é feito o confronto de informações recebidas com outros agentes, como ANP, Inmetro, administradoras de cartões de crédito e por aí vai.

Penalidades

Ainda assim é sempre interessante procurar a Secretaria de Fazenda estadual e saber se há alternativa para este caso. No Mato Grosso, por exemplo, a Secretaria está estudando uma solução para aqueles que estão em locais onde o acesso à internet ainda não chegou. Já é um avanço.

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Deixar de informar ou atualizar corretamente seus dados comerciais tem um custo. E alto. Nacionalmente, é cobrada uma multa de 10% sobre o valor total da operação por falta de escrituração do documento fiscal de entrada e saída. Mas ainda existem as penalidades estaduais, já que as informações também são repassadas às secretarias estaduais de Fazenda. Nesses casos, é bom verificar o andamento de implantação do projeto para evitar prejuízos futuros. No Rio de Janeiro, por exemplo, desde maio do ano passado, é obrigatória a entrega de documentos pelo Sped Fiscal. Deixar de apresentar as informações pelo Sped, ou sua entrega após o prazo estabelecido, resulta em multa progressiva de acordo com o faturamento. Ou seja, para quem fatura até R$ 200 mil, a multa é de 0,25%. Acima de R$ 200 mil até R$ 4 milhões, a penalidade vai para 0,5% sobre o faturamento.

E nos casos onde não há acesso à internet, como proceder para evitar multas e outras penalidades? Fabio Alexsandro, da TEC Soft, é categórico neste sentido: “Não tem segunda opção. O revendedor precisa encontrar uma forma de enviar o arquivo para a Receita Federal, nem que tenha de ir até a cidade mais próxima com acesso à internet. O governo pode alegar ainda que existem meios de fazer a entrega do arquivo digital, já que há a internet rural, via satélite. Mas o custo é alto, em torno de R$ 40 mil”.

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44 REPORTAGEM DE CAPA

DIFICULDADE TAMBéM PARA DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARES A obrigatoriedade para cumprir as exigências do governo tem gerado uma forte busca por equipamentos e softwares. E a dificuldade aumenta na mesma proporção em que o governo publica atualizações dos modelos para escrituração digital. Ou seja, quase que em tempo real. De acordo com Edgard de Castro, vice-presidente-geral da Associação Brasileira de Automação Comercial (Afrac), as empresas de automação e de informática têm dedicado grande parte do tempo de seus analistas para atender às novas legislações e solicitações. Porém, ele acredita que a adequação técnica não é o maior problema do setor, mas sim o cadastramento dessas novas versões nos estados. “A quantidade de documentos e procedimentos diferentes em cada estado para registrar uma nova versão torna praticamente inviável esse modelo de cadastramento. Precisamos lembrar que software sofre alterações quase que diariamente, vide os mais comuns como Windows, Unix, Java etc. Imagine ter que cadastrar cada uma dessas versões na maioria dos estados do país”, atesta. Para tentar minimizar a questão, a Afrac propôs um serviço de cadastramento centralizado das informações, feito pela internet e utilizando certificados digitais para garantir o conteúdo informado. Assim, as informações ficariam armazenadas em um único ambiente, permitindo às Secretarias de Fazenda estaduais o acesso para consulta e transferência para suas respectivas bases de 42 • Combustíveis & Conveniência

dados. Por enquanto, contudo, o projeto ainda está em fase de cotações de produtos e serviços para verificar sua viabilidade. O executivo reforça que os fornecedores estão preparados para atender a maioria das solicitações, mas falta implementar as obrigações por grande parte dos estados, embora façam parte do Confaz e sejam signatárias dessas alterações. “Estamos prontos para atender à demanda, mas ainda faltam os governos estaduais implantarem, de forma definitiva, as legislações neste sentido”, diz Castro, que também é sócio da E-Premmier Informática e diretor da TKE Sistemas. Para os revendedores, a realidade também é complexa. Muitos nem sabem das novas exigências e, portanto, ainda não se adequaram ao novo cenário. Outros fizeram parte das mudanças, mas já estão desatualizados. Quer dizer, ainda há bastante o que fazer para se ajustar à nova realidade. “Embora muitos fornecedores estejam aptos a atender

a demanda, para os revendedores, a dificuldade é outra. Em alguns casos, será necessária a aquisição de equipamentos para a completa automação”, observa Luiz Rinaldo de Almeida, da Plumas Consultoria. E isso tudo significa custos, em sua maioria, elevados. O vice-presidente da Afrac conta que o tamanho do investimento que deverá ser feito tem ligação direta com a complexidade administrativa da empresa. “Se levarmos em conta que o Sped é composto por três grandes módulos, teremos alterações significativas em praticamente três grandes módulos de controle administrativo das empresas. Ou seja, o custo dessas implantações vai depender em muito do tamanho da empresa, complexidade de seus registros, idade de seus sistemas de gestão e da utilização de sistemas contábeis internos ou externos”, explica Castro. Em nota enviada à Combustíveis & Conveniência, a Secretaria da Fazenda do Mato


Saiba mais sobre o Sped

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Grosso (Sefaz-MT) acredita que os custos com a implantação de novos modelos do processo diminuam. No caso do modelo eletrônico para emissão de cupom fiscal, por exemplo, a expectativa da Sefaz-MT é de que seu custo fique em torno de R$ 300 a R$ 400. Isto porque o valor inclui apenas a aquisição do certificado eletrônico de validação. O software para emissão do cupom fiscal poderá ser adquirido pela internet de forma gratuita. Atualmente, diz a nota, os equipamentos para emissão do cupom fiscal estão estimados em R$ 3,2 mil. Mas é bom não se animar. Segundo Castro, como não há uma legislação específica para o sistema do CF-e, não é possível ter uma ideia precisa sobre valores. No entanto, ele acredita que esse custo não deve ser diferente do que vem sendo praticado no mercado, já que continua exigindo equipamentos básicos como computadores, impressoras, scanners de código de barras etc.

O Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) foi instituído pelo decreto nº 6.022, de janeiro de 2007, e faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Composto por três grandes subprojetos: Escrituração Contábil Digital (ECD), Escrituração Fiscal Digital (EFD) e Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) – Ambiente Nacional, o Sped significa controle total das operações fiscais e contábeis realizadas pelas empresas, possibilitando uma gestão mais estratégica. Além disso, o sistema atua como um meio para eliminar a concorrência desleal, já que seu alvo são os fraudadores e sonegadores fiscais e tributários. A partir do uso da certificação digital, o Sped considera apenas como documento oficial o eletrônico, que possui validade jurídica para todos os fins. Para isso, disponibiliza aplicativos para emissão e transmissão da escrituração digital e da NF-e. O sistema também oferece serviços para o contribuinte acompanhar sua escrituração digital. Um deles é o de consulta, que possibilita, por meio do Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte (e-CAC), verificar os membros do Sped que acessaram sua escrituração contábil digital. O outro é o ReceitanetBx, programa que permite ao contribuinte realizar download da escrituração contábil e fiscal digital enviada ao Sped.

O que é Sped Contábil? O Sped Contábil substitui a escrituração em papel pela escrituração digital. Estão obrigadas a adotar este sistema as empresas que possuem acompanhamento econômico-tributário diferenciado e que estão sujeitas à tributação do Imposto de Renda com base no lucro real. Para outras empresas, a ECD é facultativa. Já as classificadas como simples e as microempresas ou as de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional estão dispensadas da obrigação e, portanto, não precisam implantar o sistema caso não desejem. O funcionamento é feito a partir de um sistema de contabilidade, no qual a empresa gera um arquivo digital no formato especificado de acordo com a Instrução Normativa RFB nº 787/07. Este arquivo é submetido a um programa validador, disponível para download no site do Sped. Nele são realizadas todas as operações envolvendo a escrituração e a assinatura digital do livro para posterior transmissão ao sistema. Concluída essa etapa, é fornecido à empresa um recibo, que deve ser impresso para prática de ações posteriores. Vale ressaltar que, após a ECD, é bom adotar medidas para evitar a deterioração, extravio ou destruição do livro digital. Para isso, o próprio site do Sped sugere que sejam feitas cópias de todos os arquivos – livro digital, autenticação, requerimento e recibo de entrega. Combustíveis & Conveniência • 43


44 REPORTAGEM DE CAPA Conheça o Sped Fiscal

NF-e: o que você precisa saber

O sistema reúne as escriturações de documentos fiscais e outras informações de interesse da Receita Federal, além de registro de apuração de impostos referentes às operações e prestações praticadas pelo contribuinte. Assim como os outros, o Sped Fiscal é exclusivamente digital. Ou seja, todas as prestações são informadas digitalmente e transmitidas via internet. Para isso, a empresa deve gerar todo mês um arquivo digital, informando todos os documentos fiscais e outros dados de interesse dos Fiscos federal e estadual, referentes à apuração dos impostos ICMS e IPI. O documento também deve passar pelo programa de validação fornecido pelo Sped. Embora sua apresentação no ambiente Sped seja feita somente no final do mês, não deixe acumular informações até lá. Para isso, procure atualizar os dados no sistema diariamente. Outra dica importante é, antes de enviar para o ambiente Sped, imprima os relatórios de operação e de apuração e confronte as informações. Esse cuidado vai ajudá-lo a identificar erros, corrigi-los e evitar problemas com o Fisco.

A Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) é um documento fiscal eletrônico que substitui a atual sistemática de emissão de documento fiscal em papel. O projeto tem por objetivo simplificar as obrigações acessórias dos contribuintes e permitir, ao mesmo tempo, o acompanhamento em tempo real das operações comerciais tributadas pelo ICMS e IPI pelo Fisco. Além disso, o governo espera, com a NF-e, reduzir custos e entraves burocráticos, fortalecer o controle e a fiscalização de sonegações e, consequentemente, aumentar a arrecadação. O projeto está sendo desenvolvido de forma integrada pelas Secretarias de Fazenda dos estados e pela Receita Federal. Portanto, é importante verificar o estágio de implantação em seu estado. No estado de São Paulo, por exemplo, entrou em vigor, em dezembro de 2010, mais uma etapa do projeto. A medida estabelece a utilização compulsória da nota fiscal eletrônica para mais de 16 mil empresas dos setores industriais e de comércio atacadista, além de ser obrigatória a emissão em operações de comércio exterior, interestaduais e a todos os prestadores de serviços a órgãos públicos. Quem não cumprir os critérios e o calendário de obrigatoriedade fica proibido de comercializar produtos e serviços sob pena de apreensão das mercadorias. Além disso, o contribuinte fica sujeito a multa de 50% do valor da operação.

Novidades a caminho: CF-e Parte integrante do projeto Sped Fiscal, o Cupom Fiscal Eletrônico (CF-e), modelo 59, foi instituído pelo Ajuste Sinief nº 11, de 24 de setembro de 2010. O CF-e será utilizado pelos contribuintes do ICMS, em substituição à emissão do cupom fiscal emitido por Emissor de Cupom Fiscal (ECF). A novidade deste modelo é que a emissão e o armazenamento de todas as operações realizadas pelo varejo serão feitos exclusivamente por meio eletrônico. Pela norma, estão autorizados a instituir o cupom fiscal eletrônico os estados de Alagoas, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, São Paulo e Sergipe já a partir de janeiro deste ano. No entanto, o cronograma de implantação ainda não foi definido 44 • Combustíveis & Conveniência

pelas secretarias estaduais. São Paulo é o mais avançado neste sentido e deve servir de referência para os demais estados. Lá, por exemplo, já está sendo testado em um posto revendedor o Sistema de Autenticação e Transmissão de Cupom Fiscal Eletrônico (SAT-CF-e), que enviará em tempo real, a cada abastecimento, o controle das vendas, compras e estocagem para o Fisco estadual e também para a ANP. Mesmo sem um cronograma de implantação definido, a expectativa da Sefaz paulista é que o projeto tenha início, de forma gradual e voluntária, a partir do segundo semestre deste ano. Já a obrigatoriedade deve começar a valer, provavelmente, em 2012. Assim como no Mato Grosso, que atua em parceria com o estado

paulista. Por enquanto, obrigatório mesmo só a utilização do Emissor de Cupom Fiscal (ECF), ainda na versão não eletrônica, para todos os comerciantes mato-grossenses, independentemente do faturamento. Mais uma vez, vale a recomendação: enquanto o CF-e não chega, fique de olho na legislação fiscal vigente. Na maioria dos estados, o uso do ECF já é obrigatório, com penalidades previstas de acordo com os regulamentos estaduais. Em São Paulo, por exemplo, são aplicadas multas de 0,5% do valor da receita bruta no período e sobre o valor da operação correspondente e de 0,02% por dia de atraso. Já no Mato Grosso, o descumprimento da exigência fiscal implica multa de 1% do valor do faturamento.


Dicas preciosas para ajudar no cadastro e envio do Sped Com tantas atualizações no projeto feitas pelo governo, é natural que as dúvidas sejam mais frequentes. Mais uma vez, vale a máxima de estar sempre informado junto à Secretaria de Fazenda local para não incorrer em prejuízos. Além disso, como o processo é cheio de detalhes, fique atento para não cair em armadilhas e ter problemas com a secretaria estadual. Veja a seguir algumas dicas sobre o tema:

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Mantenha o sistema sempre atualizado. É isso que vai ajudá-lo na hora de preencher os dados no Sped, evitando confusões e, consequentemente, erros quando for enviar o arquivo à Secretaria;

2

Revise sempre o cadastro das operações de vendas e também as de uso/consumo. É trabalhoso, mas precisam ser feitas as notas de entrada para não cair na fiscalização. Lembre-se de que você não está fazendo um simples preenchimento de dados, mas informando ao Fisco as operações comerciais realizadas;

3

Não deixe para fazer o cadastro de informações no Sped no último dia. Embora o envio seja mensal, o encerramento das operações comerciais é diário; Atualize sempre o cadastro de clientes e fornecedores com informações como CNPJ, CPF, inscrição estadual e código do município. Inclua na lista de atualizações o cadastro de bombas, lacres e intervenções realizadas ao longo do período;

4

5

Tenha sempre um controle rígido do estoque, com atenção especial para o encerramento do Livro de Movimentação de Combustíveis (LMC). Não tente aplicar o “jeitinho brasileiro” caso surja algum problema na operação do posto ao longo do dia. O recomendado é ter mais de uma ECF instalada no estabelecimento, mas se isso não for possível, a solução mais viável seria - após efetuar as vendas durante o restante do dia - emitir notas fiscais (NFVC ou NF M-1 ou NF-e) no mesmo dia, pois o LMC é fechado diariamente e comparado dentro do Arquivo Sped Fiscal com as vendas e, caso isto não seja feito, gerará inconsistências, caracterizando uma sonegação;

6

Cuidado nas operações de vendas de serviços realizadas pelo posto, como lavagem, troca, lubrificação etc. Nestes casos, a orientação é emitir nota fiscal de serviços;

7

Mantenha atenção redobrada com vendas com cartões de crédito. Lembre-se de que o Fisco tem como confrontar informações, pois recebe dados de outros agentes como ANP, Inmetro e também de administradoras de cartões de crédito. O mesmo cuidado vale para operações com cheques pré-datados. Crie um item em seu arquivo para isso;

8

Peça sempre a nota fiscal ao fornecedor. É uma maneira de se proteger dos que sonegam impostos e, consequentemente, de evitar problemas com o Fisco. Por isso, peça o Documento Auxiliar da Nota Fiscal (Danfe). Ele serve

para consulta da NF-e, permitindo a você confirmar a efetiva existência da nota pelas unidades fiscais. Vale ressaltar que o Danfe não é uma nota fiscal, mas pode ser usado para a escrituração da NF-e. Assim, se você conseguir detectar antes a fraude, pode denunciar o fornecedor à secretaria e fugir de penalidades;

9

É importante adequar os sistemas e procedimentos operacionais internos para esta nova realidade, além de contar com uma equipe de profissionais treinada. E não é só isso. Conscientizar o administrador sobre a necessidade de uma gestão totalmente automatizada e eficiente faz parte deste processo; A dica mais importante é: seja totalmente fiel ao cadastrar as informações no Sped. Elas precisam ser o retrato da realidade operacional de seu posto. Sem isso, seu negócio fica vulnerável à fiscalização e, consequentemente, pode ser pego em alguma irregularidade.

10

4Links úteis Decreto nº 6022: http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/ Decretos/2007/dec6022.htm

Portal Nacional da NF-e: http://www.nfe.fazenda.gov.br/ portal/Default.aspx Sped: http://www1.receita. fazenda.gov.br/default.htm

Combustíveis & Conveniência • 45


44 REVENDA EM AÇÃO

Gestão renovada Os associados exigem cada vez mais de seus sindicatos. Mas o que eles têm feito para melhorar sua atuação tanto para as empresas representadas como dentro do setor de atuação? Por Gisele de Oliveira

Sindicombustiveis-PR

Desde a abertura do mercado brasileiro, o país passou por grandes mudanças tanto na área econômica quanto na relação empregador e funcionário. E as entidades sindicais também precisaram se adequar à nova realidade, revendo sua forma de atuação para não perder sua finalidade. Assim também foi com os Sindicatos de combustíveis, que deixaram de ser simples órgãos de representação e de reivindicação de classe para terem um papel de maior influência entre os associados e outros agentes do setor. Mas o que as empresas esperam de seu Sindicato? Além do trabalho incansável de batalhar

46 • Combustíveis & Conveniência

pelos interesses do grupo junto ao setor, que as entidades sindicais estejam capacitadas para oferecer um bom leque de serviços, e com qualidade. Aí incluem-se departamento jurídico, serviços de consultoria, de recursos humanos, entre outros. “Antes o Sindicato estava limitado a informar aos revendedores os preços de combustíveis, quando o governo liberava as altas. Isso acabou em 1996. Precisamos nos reestruturar para sobreviver no mercado”, lembra Roberto Fregonese, presidente do Sindicombustíveis-PR. Desde que assumiu o Sindicato, em 1993, Fregonese conta que foi preciso pensar em outra forma de relacionamento com o revendedor. Para isso, investiu

em ações como contratação de pessoal para fazer consultoria, além de outras medidas como integrar o Sindicato aos órgãos reguladores para detectar os principais problemas no setor e, juntos, buscar soluções justas para todos. A entidade também apostou em treinamentos para orientar o revendedor em diversas situações e ensiná-lo a gerir seu próprio negócio. O resultado deste trabalho pode ser visto em números. Em 1993, o Sindicato contava com três funcionários, ficava situado em um conjunto comercial alugado e tinha 172 associados. Hoje, são 1.300 associados pagantes, 78 funcionários e possui sede própria de 1.800 m² em Curitiba e subsedes no interior do estado – Cascavel, Londrina, Maringá, Foz do Iguaçu e Ponta Grossa. A entidade conta ainda com 11 consultores que percorrem todo o estado com o objetivo de tirar dúvidas dos revendedores sobre o mercado, além de buscar informações para possíveis ações junto ao setor. E tem mais. O Sindicombustíveis-PR se prepara para lançar um laboratório de excelência, com forte atuação na área ambiental. O local vai servir

Novo laboratório do Sindicato do Paraná vai realizar ensaios e até remediações ambientais


de espaço para realização de simples ensaios de óleo, graxas até de remediação ambiental. “Esse é o preço que pagamos ao fidelizar o revendedor. Quanto mais serviços oferecemos, mais somos exigidos”, observa.

Mas não é só no Paraná que houve mudanças na gestão. No Distrito Federal, por exemplo, o Sindicombustíveis-DF mudou sua forma de se relacionar com o revendedor por meio da implantação do Promosin, um programa de gestão participativa com o objetivo de fortalecer as ações do Sindicato na região. Iniciado em 2004, o programa colocou em prática uma série de atividades consideradas essenciais para o novo estilo de gestão que a entidade precisava. Entre as ações estão a contratação de assessorias de advocacia especializadas (cível, administrativa e trabalhista), a implementação de estrutura e melhoria de atendimento aos associados, o convênio com o sindicato laboral para a implantação de comissão de conciliação prévia, a definição de uma nova estrutura organizacional, entre outras. “Quando assumimos, havia muita expectativa de mudanças e isso ficou provado com a adesão expressiva de associados à pesquisa de opinião, realizada em 2003. Essa pesquisa serviu de base para que pudéssemos implementar o Promosin”, conta José Carlos Ulhôa Fonseca, presidente do Sindicombustíveis-DF, complementando que, ainda no primeiro semestre do ano, o projeto deve iniciar uma segunda fase. Uma das iniciativas de destaque do projeto é a Unidade

Sindicombustiveis-PR

Gestões reestruturadas

Oferecer cursos e treinamentos de qualificação é uma forma de manter os associados e trazer novos para o Sindicato

Móvel Sindical. Criada em 2007, ela oferece serviços do Sindicato aos postos de combustíveis, além de fazer um diagnóstico sobre o negócio do revendedor, evitando assim autuações e multas de órgãos fiscalizadores. Outra novidade prevista pela entidade é o projeto Posto Amigo do Turista. De olho nos eventos que virão para o país, em especial a Copa do Mundo e as Olímpiadas, a iniciativa prevê capacitar os frentistas para prestarem informações turísticas e de orientação geral ao público. Além disso, o programa vai distribuir folhetos de indicação de pontos de atração turística e outros serviços para os clientes. O Sindicato não ficou restrito às áreas de negócios. Ele também investe em campanhas sociais para melhorar a imagem da revenda local junto à comunidade. “Aproveitamos a grande capilaridade dos postos de combustíveis para realizar campanhas de responsabilidade social, voltados para

saúde e segurança dos postos e funcionários e também para a comunidade”, conta Ulhôa.

Fidelização de associados E o trabalho de manter os associados satisfeitos é o principal desafio dos sindicatos. Às vezes, nem sempre é possível contar com a adesão de novos associados às entidades, mas é preciso manter os já existentes. É o que acontece no Sindipetro Serra Gaúcha. Com cerca de 50% dos postos da região associados ao Sindicato, a adesão de novos empresários acontece de forma bem pequena. “O que conquistamos foi a satisfação dos sócios. Antes, ouvíamos muito ‘o que o sindicato está fazendo por nós?’ Agora, essa cobrança diminuiu muito”, ressalta Paulo Ricardo Tonolli, presidente do Sindipetro. Para fidelizar os revendedores à sua base, o Sindipetro está sempre avaliando os projetos, mantendo as ações que dão certo Combustíveis & Conveniência • 47


Sindicombustíveis-BA

44 REVENDA EM AÇÃO

Ações voltadas para a comunidade também ajudam a fortalecer a imagem do Sindicato

e readequando outros. Somente no ano passado foram oferecidos 22 cursos, fóruns, workshops e palestras, reunindo 618 pessoas. Ou seja, uma média de 28 participantes por atividade. Uma iniciativa que deve ser mantida este ano é o ciclo de palestras nas cidades de atuação do Sindicato. Os cursos, por meio do projeto Sindicato Itinerante, buscam oferecer qualificação aos revendedores e também conscientizar outros agentes do setor. É o caso do workshop “Que borra é essa?”, que abordou o problema do biodiesel para representantes de oficinas mecânicas e de concessionárias de automóveis. “Eles diziam que a revenda não estava comercializando um produto de qualidade. Convidamos um especialista no assunto e realizamos um evento para mais de 200 pessoas para explicar o que de fato está acontecendo”, explica Tonolli. O Sindicombustíveis-BA também aposta na realização de palestras e encontros para 48 • Combustíveis & Conveniência

manter os associados e atrair novos sócios para sua base. Para isso, o Sindicato manterá os encontros regionais no interior, além de trazer o evento para a capital e região metropolitana. Também estão previstas contratações de novos funcionários para ampliar o atendimento ao associado e treinamento para o quadro de funcionários da entidade. O objetivo com essas ações é aumentar a base de associados em 35%.

Direção Mas para os sindicatos oferecerem toda essa gama de serviços, é preciso ter um modelo de gestão eficiente. E neste sentido, os Sindicatos filiados à Fecombustíveis participam do Sistema de Excelência em Gestão Sindical (SEGS), programa oferecido pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A parceria, que começou em abril de 2008, visa justamente direcionar a gestão das entidades sindicais por meio

da adoção de práticas de gestão de excelência. Isso inclui melhoria na prestação de produtos e serviços, qualificação de mão de obra e acompanhamento de resultados, a partir do grau de desenvolvimento das entidades participantes nos seguintes aspectos: associativismo, representatividade, estrutura diretiva, gestão financeira e produtos e serviços. “Os sindicatos e Federações que participam do SEGS já apresentam resultados importantes de fortalecimento de imagem, seja pelo aumento de associados ou pela maior visibilidade na mídia. Mas o mais importante é a consciência dos líderes sindicais, que fez com que mais entidades aderissem ao programa”, diz Daniel Lopez, chefe do Departamento de Planejamento da CNC. E, mais uma vez, os números estão aí para reforçar o discurso. O total de entidades treinadas pelo SEGS passou de 397 em 2008, quando o programa foi implantado, para 603 em 2010. Em relação à evolução dos diagnósticos de gestão, a pontuação média ficou em 129,69 no ano passado. Em 2008, esse número alcançou 97,92 pontos. Para Lopez, os Sindicatos precisam estar atentos às necessidades das empresas que representam, oferecendo serviços que contribuam para o negócio dos associados: “Sindicatos existem para defender os interesses das empresas representadas. Para isso, precisam ter uma gestão profissional, ser pró-ativos na defesa dos interesses do grupo representado, ter pessoas e processos altamente qualificados, ter uma forte rede de relacionamentos e buscar sempre melhores resultados”. Fica a dica para o sucesso. n


44 PERGUNTAS E RESPOSTAS O ano começou em meio à polêmica do aumento do salário mínimo. O governo Dilma deu sua primeira demonstração de força e conseguiu aprovar o valor de R$ 545. Embora sindicalistas pedissem R$ 580. Polêmicas à parte, essa discussão tem algum impacto para os salários praticados pela revenda?

Como é composto o salário para a categoria? A composição do salário para a categoria é definida pela convenção coletiva de cada Sindicato e, geralmente, não é indexada ao salário mínimo. No entanto, em alguns estados, pode ser que o salário-base seja estipulado de acordo com o mínimo, além dos adicionais. É o caso da Bahia. Lá, como o salário-base segue o salário mínimo, a orientação é fazer o reajuste da base assim que for aprovado o valor do mínimo, deixando para abril, quando é realizada a convenção coletiva, a negociação dos adicionais.

Qual a diferença entre saláriobase e remuneração total? O salário-base é o salário básico da categoria e a remuneração total é o somatório do salário-base e os adicionais da categoria. O §1º do artigo 457 da CLT indica como complemento do salário básico as comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagem e abonos pagos pelo empregador.

É possível o salário estabelecido na convenção ficar abaixo do mínimo federal? Não. O artigo 7º, inc. IV, da Constituição Federal, estabelece que nenhum empregado, seja qual for a modalidade de remuneração, pode receber menos que o valor do salário mínimo fixado pelo governo federal. O artigo 117 da CLT também reforça essa tese ao vedar a fixação, em contrato de trabalho ou convenção, de remuneração inferior ao salário mínimo.

E o salário-base pode ser inferior ao salário mínimo? Tendo como definição legal o artigo 76 da CLT, o conjunto das parcelas salariais devidas ao trabalhador, incluindo aí os adicionais, não pode ser inferior ao mínimo federal. Ou seja, ainda que o salário-base percebido seja inferior ao salário mínimo, se a remuneração total do empregado alcançar ou ficar acima do mínimo federal, não há violação de lei.

Qual piso salarial deve-se aplicar: o da categoria previsto em convenção coletiva ou piso salarial estadual, caso este seja maior que o existente em convenção? Neste caso, a Lei Complementar 103/00 é clara ao permitir que seja instituído piso salarial estadual somente “para empregados que não tenham piso salarial definido em lei federal, convenção ou acordo coletivo de trabalho”. Para os demais casos, vale a convenção coletiva. Informações fornecidas pelo Jurídico da Fecombustíveis Combustíveis & Conveniência • 49

LIVRO 33

Livro: Empreendedorismo – Fundamentos e Técnicas para Criatividade Autor: Sandra Regina Holanda Mariano e Verônica Feder Mayer Editora: LTC Editora Desde a crise do petróleo em 1970, o Brasil se viu num turbilhão de mudanças e oportunidades na área econômica. Em especial nos últimos dez anos do milênio, quando a sociedade viu a economia nacional se reerguer e prosperar. Mas, talvez, a lição mais importante desse período foi perceber o valor de se apostar em uma ideia, correr riscos e inovar no mundo dos negócios. O resultado é que o país é considerado um dos polos mais criativos e empreendedores do mundo. Mas o que torna uma pessoa empreendedora e criativa? É isso que o livro Empreendedorismo – Fundamentos e Técnicas para Criatividade, da LTC Editora, traz para aqueles que buscam inovação em seu negócio. A obra é de autoria de Sandra Regina Holanda Mariano e Verônica Feder Mayer. Ambas com Doutorado pela UFRJ, sendo que Sandra é engenheira de Sistemas e Computação pela Coppe/UFRJ e Verônica fez Administração na Coppead/UFRJ. Com exemplos nacionais e internacionais adaptados à realidade brasileira, o livro apresenta algumas das principais técnicas de criatividade utilizadas para identificar oportunidades e resolver problemas nas organizações, além de mostrar os principais tipos de empreendedorismo. Nesta obra, as autoras oferecem um conteúdo estruturado e integrado aos atuais cursos de graduação e pósgraduação não só para professores, mas também para profissionais e empresários que tenham interesse sobre o assunto e suas técnicas de desenvolvimento da criatividade no ambiente de trabalho.


44 MEIO AMBIENTE

Mais segurança No dia 4 de janeiro entrou em vigor a Portaria 09/2011 do Inmetro, que estabelece requisitos para avaliação de conformidade dos serviços prestados por empresas instaladoras de SASC. Para os postos, o grande benefício da nova portaria é a maior segurança na execução das obras, minimizando o risco de vazamentos e contaminações do solo

Stock

50 • Combustíveis & Conveniência


na sua obra Por Rosemeire Guidoni Não é de hoje que as empresas que possuem Sistemas de Armazenamento Subterrâneo de Combustíveis (SASC) têm de lidar com um problema bastante delicado e que potencialmente pode causar enormes transtornos: o despreparo de algumas empresas que fazem a instalação e retirada dos tanques e demais equipamentos que compõem o SASC. Até recentemente, na falta de uma regra mais específica, os serviços de instalação em postos revendedores, por exemplo, podiam ser executados por qualquer empreiteira. Bastava o posto em questão comprar os equipamentos produzidos de acordo com as normas vigentes e mandar instalar. Depois da obra concluída, a empresa instaladora apresentava um laudo de estanqueidade e o posto revendedor estava pronto para obter a licença de operação junto ao órgão ambiental. Na teoria, tudo funcionava perfeitamente, mas na prática a coisa não era bem assim. Existem inúmeros relatos de instalações feitas por empresas terceirizadas e laudos assinados por engenheiros que não haviam de fato participado de todas as etapas da obra. E o resultado,

claro, nem sempre era o que o revendedor esperava. Tanques e demais equipamentos novos começavam a vazar, e o posto tinha de enfrentar nova obra para corrigir o problema e descontaminar o vazamento. Sem contar a perda do seu estoque de produtos. Além de preocupar as distribuidoras e os revendedores que enfrentavam este tipo de problema, a falta de preparo (ou de ética, em alguns casos) de alguns instaladores se tornou uma pedra no caminho dos fabricantes de equipamentos também. Afinal, quando ocorre um vazamento em um equipamento novo, dentro do prazo de garantia, o fabricante também pode ter alguma dor de cabeça até comprovar que a origem do problema não está no equipamento, mas sim na instalação incorreta. Por tudo isso, o mercado formou um grupo de trabalho, com participação de representantes da indústria, de empresas instaladoras, de bandeiras de distribuição e do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) para discutir maneiras de avaliar a conformidade dos serviços de instalação, além de permitir a rastreabilidade

das informações prestadas por estas empresas durante a execução da obra. O resultado foi a revisão da antiga Portaria nº 109/2005. “Esta portaria já estabelecia os requisitos mínimos para a atividade dos instaladores. Porém, não havia meios de averiguar se as empresas estavam executando tudo de acordo com a norma”, explicou Carlos Renato Gomes, diretor de serviços da Associação Brasileira da Indústria de Equipamentos para Postos de Serviços (Abieps). “A nova portaria aprimorou a regra antiga, estabelecendo a necessidade de que as empresas instaladoras forneçam documentos de cada etapa da obra, permitindo maior rastreabilidade e transparência”, completou. Além disso, a portaria 9/2011 estabelece a certificação compulsória dos instaladores, feita por organismos certificadores (no caso dos instaladores, a certificação é feita pelo laboratório Falcão Bauer, a NCC, Brasil Cert e CTBC). Nos primeiros 18 meses, a certificação deve ser semestral, e a partir de então, anualmente, a empresa precisa ser auditada, para verificar se as condições técnico-organizacionais que Combustíveis & Conveniência • 51


44 MEIO AMBIENTE Arquivo

Caso a obra esteja sendo executada pelo posto, sem a participação da bandeira (que normalmente conta com funcionários preparados para esta atividade), é recomendável contratar um engenheiro para acompanhar todo o processo

originaram a concessão inicial da certificação estão sendo mantidas.

Maior responsabilidade do órgão ambiental Para Bernardo Souto, consultor jurídico da Fecombustíveis, um dos aspectos mais positivos da portaria 9/2011 é o fato de que, a partir de agora, os órgãos ambientais terão a obrigação de só conceder licença de operação

4LEIA MAIS Para conhecer a portaria na íntegra, acesse http://www.inmetro.gov. br/legislacao/rtac/pdf/ RTAC001657.pdf 52 • Combustíveis & Conveniência

a estabelecimentos que tenham executado suas obras com empresas credenciadas pelo Inmetro. “Em alguns estados, como São Paulo, isso já era uma regra. Mas em muitas regiões ainda não. Em Minas Gerais, por exemplo, apenas em novembro de 2007 a obrigatoriedade de apresentação de certificado expedido pelo Inmetro, atestando a conformidade de equipamentos e sistemas, passou a ser obrigatória”, esclareceu. Agora, com a nova portaria, os órgãos ambientais de todo o Brasil terão a obrigação de vincular o licenciamento à certificação dos equipamentos e sistemas. “Porém, vale destacar que a certificação por si só não garante que não ocorrerão erros”, lembrou Souto. “A certificação comprova

que a empresa e a mão de obra estão aptas a instalarem aquele tipo de equipamento, e minimiza os riscos. Mas a maior segurança ainda é a realização de teste de estanqueidade no sistema antes de colocar qualquer produto”, orientou o consultor.

Como se resguardar de problemas Além do necessário teste de estanqueidade, o revendedor que contratar uma empresa instaladora deve ter o cuidado de guardar todos os documentos apresentados, e também conferir se a empresa consta como certificada no site do Inmetro. Caso a obra esteja sendo executada pelo posto, sem a participação da bandeira (que normalmente conta com funcionários preparados para


esta atividade), é recomendável também contratar um engenheiro para acompanhar todo o processo. “Não necessariamente vai acontecer algum problema se a instaladora contratada não for certificada. Porém, o risco de a empresa desconhecer determinados procedimentos de segurança, ou subcontratar mão de obra não especializada, é maior. E, caso algum problema apareça depois da obra finalizada, o transtorno será muito maior”, alertou Souto. Se houver um vazamento de combustíveis, em princípio, o revendedor é responsabilizado pelo órgão ambiental e tem de tomar as providências iniciais de correção do problema. O vazamento pode ser decorrente de várias coisas, desde falha na operação (e neste caso a responsabilidade seria do posto mesmo) até defeito nos equipamentos ou erro na instalação dos mesmos. “E neste caso, somente a perícia poderá atribuir a responsabilidade”, destacou

o consultor jurídico. De acordo com ele, apenas nos casos em que a bandeira é proprietária dos equipamentos, e fez a instalação e manutenção dos mesmos, é que o revendedor consegue responsabilizá-la mais facilmente. “Nas demais situações, somente a perícia técnica pode determinar a responsabilidade. E, enquanto isso não acontece, é o posto que tem de sanar o vazamento e rever a obra”, frisou. “O retrabalho é sempre mais caro”, disse Gomes, da Abieps. “Por isso, a nova portaria deve trazer um grande alívio não apenas para o segmento de instalação (que quer ter seu mercado preservado), mas também para a indústria e para os postos”. As empresas terão um prazo de 12 meses (contados a partir de 4 de janeiro) para se adequarem às regras da nova portaria, e a Abieps já está organizando um workshop para esclarecimento e divulgação das novas exigências ao mercado, com data prevista para 24 de março. n

Arquivo

Ao contratar empresas certificadas, reduz-se o risco de a instaladora não conhecer todos os procedimentos de segurança ou trabalhar com mão de obra não especializada

Responsabilidades e obrigações da empresa de instalação e retirada de SASC: aArcar com as responsabilidades técnica, civil e penal em relação aos serviços executados, sendo vetada a transferência destas responsabilidades; aEmitir o Atestado da Conformidade de Serviço Realizado; aImplementar um controle para a rastreabilidade dos Atestados de Conformidade, que deve ficar disponível para consulta pelo Inmetro por no mínimo cinco anos; aManter em seu corpo técnico um profissional de engenharia com atribuições técnicas, devidamente credenciado e registrado no CREA e também profissionais que demonstrem competência técnica para realizar instalação de SASC. Para utilização de serviços subcontratados, deve ser demonstrada competência técnica e treinamento de acordo com os requisitos da Portaria 9/2011; aAs subcontratações de serviços, ou seja, a terceirização da mão de obra de instalação ou retirada dos equipamentos, somente poderão ser realizadas com empresas que tenham obtido a certificação Portaria 09/2011 do Inmetro; aAs subcontratações não poderão representar a totalidade dos serviços realizados pela empresa contratante; aA empresa subcontratada deve comprovar o treinamento da mão de obra, mas a supervisão e responsabilidade técnica devem ser única e exclusivamente da empresa contratante. Combustíveis & Conveniência • 53


44 CONVENIêNCIA

É só pedir! Já pensou em colocar um serviço de entrega em sua loja? Além de ser um diferencial para conquistar novos clientes, o delivery pode contribuir positivamente para o aumento do faturamento. Mas, antes de mais nada, é necessário planejamento

Por Rosemeire Guidoni

54 • Combustíveis & Conveniência

D. Sharon Pruitt/Istock

A loja de conveniência do posto Via Dupla, localizado na cidade de Montes Claros (MG), é um exemplo de operação por vários motivos. Além de um faturamento considerado bastante expressivo para a região, a loja (uma BR Mania) é conhecida por inovar na forma de gestão e nos serviços. É lá, por exemplo, que se reúnem os integrantes do chamado “Clube do Champagne” (grupo que se encontra aos domingos para apreciar a bebida), ou ainda consumidores que assistem a palestras de sommeliers na área de convivência da loja e fazem a degustação de vinhos. Apesar de seu formato fugir à proposta da BR Mania, a loja já conquistou diversos prêmios da bandeira em reconhecimento ao seu desempenho. E uma das inovações do empreendimento é o serviço de delivery, que está completando três anos de existência. “No início, resolvemos atender apenas aos nossos clientes, que buscavam esta comodidade. Percebíamos que era comum, em determinados horários, que os clientes pedissem para alguém buscar um lanche rápido na loja, e vislumbramos aí uma oportunidade de prestar mais um serviço ao consumidor”, contou o empresário Julius Cesar Denucci. No princípio, o serviço

atendia apenas o entorno da loja no horário noturno. “Com o tempo, ampliamos nossa área e horários de entrega, e hoje atendemos praticamente todas as regiões de Montes Claros. Temos um cardápio formal para o delivery, mas procuramos, sempre que possível, atender a necessidade do cliente. Se a pessoa quer um lanche que não está disponível no cardápio, e podemos fazer, por que não?”, questiona o empresário. E com esta filosofia, o serviço de delivery do Via Dupla já responde por 16% do faturamento da loja. O ticket médio é de R$ 28 e a loja entrega de tudo – dos lanches tradicionais do cardápio até bebidas importadas e itens mais

Receitas precisam ser analisadas, pois alguns itens perdem a consistência ideal depois de embaladas por algum tempo

caros. O serviço, que começou de forma modesta, hoje conta com o atendimento de uma central de telemarketing (formada por três funcionários fixos), que é norteada por informações de um software específico, entregadores (que não são terceirizados) e veículos próprios (motos e uma Fiorino, para entregas de maior volume).

Especialização Mas chegar a este patamar de atendimento não foi tão simples. Segundo Denucci, o planejamento do serviço de entrega foi fundamental para o sucesso da empreitada. “Os softwares que


Arquivo pessoal

Do atendimento ao entregador, toda a equipe precisa estar bem treinada: conhecer o cardápio, informar os valores corretos e atender com cortesia

Management (CRM, ou gestão de relacionamento com o cliente), que formatou todo o sistema da loja do Via Dupla. Além da questão do tempo de entrega, o software que gerencia o serviço de delivery da loja também tem de fazer a baixa do item no estoque e atuar de forma integrada com a cozinha. “Foi um desafio e tanto conseguir integrar todas estas características no mesmo sistema”, disse Menezes. Arquivo pessoal

normalmente comandam os serviços de delivery fazem o cadastro de clientes e organizam roteiros de entrega. No nosso caso, tivemos de fazer uma adaptação, já que a variedade de itens era muito maior, e a forma de elaboração e o tempo de entrega também”, contou o empresário. “No caso de uma pizzaria, por exemplo, as variáveis são menores. O tempo necessário para assar uma massa de pizza costuma ser o mesmo, a única variável é o recheio. Mesmo assim, toda pizzaria sabe quais sabores têm mais saída e, por isso, é mais fácil organizar o serviço. No caso de uma loja de conveniência, as entregas variam de lanches produzidos na hora e disponíveis no cardápio a bebidas e itens prontos e já industrializados, passando por pedidos de itens elaborados de acordo com orientação do cliente. Ou seja, o tempo de entrega para cada item é muito distinto, e o software tem de equalizar estas variáveis”, explicou o consultor Paulo Roberto Menezes, especialista em Customer Relationship

Mas este planejamento, que aconteceu paralelamente ao treinamento da equipe, foi essencial para o sucesso do empreendimento. De acordo com o consultor, os gestores do negócio tiveram de aprender com a equipe a contornar as dificuldades. “Até mesmo as receitas tiveram de ser modificadas de acordo com o prazo previsto de entrega, pois alguns itens perdiam a consistência ideal depois de embalados por algum tempo. Além disso, a loja precisou aprender formas corretas de embalar cada tipo de produto, para preservar suas características originais, e as entregas tiveram de ser roteirizadas”, explicou. Hoje, a loja não cobra do cliente o serviço de entrega em um determinado raio de proximidade. Nas demais regiões, existe um preço para

Serviço de delivery do Via Dupla já responde por 16% do faturamento da loja e o ticket médio é de R$ 28 Combustíveis & Conveniência • 55


44 CONVENIÊNCIA entregas durante o dia e outro para a noite e madrugada. Denucci trabalha, inclusive, com pedidos feitos por meio do site da loja. “Mas para isso é necessário organização e vontade de atender aos pedidos do cliente. Muitas vezes, a entrega nem representa um faturamento para a loja. O consumidor pede cigarros, por exemplo, mercadoria em que a margem é muito baixa. Mas não deixamos de entregar, pois este mesmo cliente bem atendido pode fazer uma compra muito mais interessante comercialmente em outro dia”, destacou. “E mais, este consumidor se torna fiel à loja”.

E quando se trata de uma franquia? No caso de lojas que contam com um serviço adicional que funciona sob o formato de franquia (uma store in store, por exemplo as lojas que têm franquias de redes como a Casa do Pão de Queijo ou o Bob´s), é importante verificar com o franqueador se o serviço de entregas interfere no conceito de padrão da rede. Em geral, não há restrições, desde que a loja consiga garantir que o produto entregue mantenha as características originais. No caso de alimentos isso pode ser um tanto mais complicado, já que além da conservação térmica, há questões como variação de sabor e textura. Um pão de queijo recém-assado sem dúvida tem textura distinta de outro embalado e entregue algum tempo depois de sair do forno. Por este motivo, o franqueador sempre deve participar da decisão de entrega dos itens de sua marca. A loja do posto Azulino, de Belém (PA), por exemplo, conta com o serviço de delivery dos itens 56 • Combustíveis & Conveniência

Dicas para quem planeja implantar o serviço de entrega a Em primeiro lugar, avalie se o serviço de entregas será de fato um diferencial da loja. A opção de receber os produtos em casa ou no escritório é interessante para seu cliente? Vale observar que, se o produto tem um valor agregado muito baixo, o preço do serviço pode desmotivar sua utilização. Por isso, é fundamental analisar os custos que a empresa terá com a implementação do delivery: gasto inicial, compra e manutenção de veículos, funcionários, software, entre outros. Um consultor especializado pode fazer toda a diferença neste início de implantação do serviço; aDetermine a área que se pretende atingir. De início, é melhor restringir o serviço ao entorno da loja e, dependendo da aceitação, ampliar esta área; aIdentifique quem são os clientes do seu serviço de delivery. Casados, solteiros, pessoas que consomem um lanche rápido durante um dia atarefado no trabalho ou consumidores que preferem um prato em casa? Elabore um cardápio de entrega com base no perfil predominante de clientes; aPesquise na loja o que seu cliente gostaria de comprar por telefone; aDefina um preço justo de entrega conforme a região a ser atendida; aConte com a ajuda de um software específico que, além de fazer a gestão de clientes, possa determinar prazos de entrega e dar baixa dos itens no estoque; aTreine tanto a equipe de atendimento ao cliente quanto os entregadores. Os funcionários precisam conhecer o cardápio, informar os valores corretos, atender com cortesia. E a entrega tem de ser ágil, mas, ao mesmo tempo, garantir que os produtos (especialmente se forem alimentos) preservem as características originais; aTenha em mente que o retorno financeiro pode não ser imediato, mas que um cliente bem atendido volta e se torna fiel ao serviço. da franquia do Bob´s. “O formato de delivery é uma opção dada pela marca a seus franqueados, desde que a loja atenda aos parâmetros necessários para fornecer este serviço”, disse André Gonçalves, gerente-geral do Bob´s na rede Azulino. Porém, as entregas se restringem apenas aos itens da franquia, e não aos demais produtos disponíveis na loja. Os lanches e bebidas são acondi-

cionados em mochilas térmicas com divisórias e compartimentos separados para itens frios e quentes. A forma de embalar e o prazo de entregas obedecem rigorosamente aos padrões do Bob´s. “Se bem administrado, o delivery sem dúvida contribui para o incremento de vendas. No nosso caso, o delivery responde por 10% a 15% das vendas do Bob´s”, destacou Gonçalves. n


OPINIÃO 44 Hélio Moreira 4 Diretor da NewGrowing Design & Branding

Sua marca é o seu principal negócio. Invista!

nando a ela um rumo. Não existe bandeira branca para o mercado/ Assim, vamos começar consumidor. Seja qual for o ramo do empreendicom algumas dicas que mento, são necessários atributos, princípios e um podem ajudá-los a repenbom gerenciamento. Não estamos falando apenas sar o seu negócio ou mesmo reposicioná-lo, de criar um nome, um símbolo ou sinal gráfico se for o caso: usado para diferenciar um produto/serviço de oua Em primeiro lugar, entenda seu público-alvo tro. Estamos falando de marca, comportamento, e procure se posicionar. Talvez encontre clientes consumidor (público-alvo), concorrência e de tudo mais fiéis e dispostos a pagar mais pelos seus que está ao seu redor. Estar atento às inovações do produtos/serviços; mercado e proporcionar aos clientes uma marca aEstruture uma mensagem ou mapa da sua forte e moderna é imprescindível para que o cliente, marca. Ela pode ajudá-lo a garantir ativos mais ou futuro cliente, tenha uma percepção adequada valiosos para sua empresa no futuro; do negócio, e este possa prosperar. aCrie um nome eficaz. Os melhores são os O investimento na construção de uma identidade que representam a promessa é um recurso que irá trazer do negócio; retorno para a empresa. Não estamos falando apenas de criar aCrie sua própria idenA confiança no produto um nome, um símbolo ou sinal gráfi- tidade. Alinhe o conceito oferecido inicia-se com a apresentação da marca, co usado para diferenciar um produ- (promessa) ao nome, seu portanto, é necessário estar to/serviço de outro. Estamos falando público-alvo a um símbolo atento e observar pontos de marca, comportamento, consumi- e sinal gráfico que possam estratégicos. No entanto, dor (público-alvo), concorrência e de ajudá-lo a tornar-se mais tangível. Um dos sentidos não adianta investir na identudo que está ao seu redor. principais na guerra da tidade visual da empresa conquista é o visual. Se no início e, no decorrer dos apegue nele e acredite; anos, esquecê-la. A manutenção deve ser realizada aLeve todas as considerações acima ao cosempre que necessário, mas qual é o momento nhecimento do público externo, mas, antes de tudo, exato para mudar? deixe claro para o público interno: colaboradores, Na verdade o redesenho de marcas, ou o reparceiros e fornecedores. Um bom gerenciamento posicionamento total ou parcial da identidade, deve começa de dentro para fora. acontecer quando a identidade visual não corresponde Quais são seus atributos, diferenciais, sua mais ao processo evolutivo que a empresa teve, ou essência? Essas são perguntas constantes no dia mesmo quando a marca deseja comemorar uma a dia. Qual o rumo da minha marca? nova fase da empresa. A reformulação da imagem é Seja simples e direto. Não complique. Pontue mais indicada para marcas existentes que estejam no mapa mental da marca seus atributos, mas em processo de reposicionamento, envelhecidas nada superficial. Seja honesto com você mesmo. ou conceitualmente problemáticas. Defina o que pretende ser e o espaço que pretende Estamos no meio de uma concorrência ocupar. Crie uma metodologia para colocar tudo e uma infinidade de opções. Quem levará a isso em prática. O melhor mapa é aquele que te melhor? Provavelmente quem pensar diferente leva para o lugar desejado em boas mãos. Para e disponibilizar seu tempo para estudar essas sua empresa colher, antes, semear e adubar farão atitudes e aprimorá-las, ou contratar profissioparte do processo. Vai lhe dar mais segurança e, nais para ajudá-lo nesse processo. Para isso, com certeza, melhores resultados. é preciso gerar um mapa da marca, proporcioCombustíveis & Conveniência • 57


44 ATUAÇÃO SINDICAL Santa Catarina

58 • Combustíveis & Conveniência

Sinpeb

Autoridades, convidados, gerentes e empresários do setor do comércio varejista de combustíveis e derivados de petróleo estarão reunidos de 18 a 20 de março, no Fazzenda Park Hotel, localizado entre os municípios de Gaspar e Brusque, em Santa Catarina, para participar do 2º Encontro Sul Brasileiro de Revendedores de Combustíveis & Lojas de Conveniência. O evento será a oportunidade para trocar informações, experiências e de confraternização da categoria. Ainda estão previstos na programação painéis de debates, palestras e shows. O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Blumenau (Sinpeb), Júlio Zimmermann, lembra que o primeiro encontro, ocorrido em 2009, foi um sucesso. “Os sindicatos de Santa Catarina se uniram e elaboraram uma planilha para o evento, reunindo todos os presidentes de sindicatos dos combustíveis do país. A proposta era garantir a integração da revenda”, conta. O presidente explica que o encontro foi pensado para permitir aos revendedores mais uma oportunidade de se reunirem, “pois eles nem sempre conseguem acompanhar o que é promovido em outras cidades, como Curitiba e Gramado”. A realização do evento é do Sinpeb, Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Litoral Catarinense e Região (Sincombustíveis), Sindicato do Comércio Varejista de Derivado de Petróleo de Santa Catarina (Sindipetro-SC), Sindicato do

Divulgação

Evento reúne revendedores catarinenses

Público durante o 1º Encontro Sul Brasileiro de Revendedores de Combustíveis & Lojas de Conveniência

Comércio Varejista de Combustíveis Minerais de Florianópolis (Sindopolis) e Sindicato de Revendedores Varejistas de São

José e Região (Sindicomb). Mais informações pelo telefone (47) 3326-4249 ou www.sinpeb.com.br. (Cristina Cinara)


Combustíveis & Conveniência • 59


44 ATUAÇÃO SINDICAL Rio de Janeiro

O departamento Jurídico Cível do Sindcomb decidiu acompanhar os seus associados na análise das amostras/contraprovas levadas aos laboratórios indicados pela ANP, em processos de não-conformidade. Além de dar segurança aos revendedores associados envolvidos nos processos administrativos, o objetivo da iniciativa é aumentar o entrosamento do Sindicato com agentes que atuam no procedimento. Mesmo sem poder ingressar na sala de análise, a advogada cível Denise Salgado acompanha os químicos do laboratório e da distribuidora, e aguarda o resultado da contraprova imediatamente após o procedimento solicitado, antes mesmo da apresentação do laudo oficial, fornecido cinco dias mais tarde. Com isso, o departamento Jurídico ganha tempo e aprimora o embasamento nas defesas, quando necessárias. (Kátia Perelberg)

Sindcomb

Sindcomb acompanha análise de contraprovas na ANP

Ao acompanhar processo de análise na ANP, Sindcomb ganha tempo e conhecimento técnico para futuras defesas

Rio de Janeiro

Revendedores conseguem parcelar dívidas administrativas antigas Faltava pouco mais de uma semana para o encerramento das atividades fiscais do ano de 2010 quando o departamento Jurídico Cível do Sindcomb recebeu dezenas de pedidos de parcelamento de débitos administrativos, escorados no programa especial para o parcelamento, em até 15 anos, de taxas e multas devidas pelos contribuintes às autarquias e fundações já vencidas até 2008. Com base na Lei 2.249, os revendedores teriam descontos de até a totalidade das multas de mora e de até 40% dos juros, além de outros privilégios. Apesar de a lei ter sido promulgada ainda no primeiro semestre, os associados levaram os pedidos 60 • Combustíveis & Conveniência

com destino à Procuradoria Federal somente nos últimos dias do ano. “Um fator complicador era a burocracia que envolvia cada processo, com exigências desde o preenchimento de um extenso formulário, passando por autenticações e vários detalhes”, conta a advogada Mirela Tavares Ribeiro, que precisou pressionar a Procuradoria da República para obter, em tempo hábil, a liberação da primeira guia de pagamento, sem a quitação da qual o parcelamento seria indeferido. “Felizmente, conseguimos entregar a documentação a tempo e obter a aprovação do parcelamento das dívidas antigas dos associados”, comemorou. (Kátia Perelberg)


TRR

Entre os dias 15 e 20 de março, o SindTRR promove a 26ª Convenção Nacional TRR, que será realizada no Hotel Luzeiros e Hotel Pestana, em São Luís (MA). O evento tem como objetivo reunir os empresários do setor, autoridades e agentes reguladores, para discutir os temas atuais da atividade em um ambiente descontraído e com lazer. Neste ano, o SindTRR inovou e acrescentou um dia à programação para que os participantes possam desfrutar das belezas naturais de Lençóis Maranhenses, uma das mais belas paisagens do Brasil. (Adriana Vilares)

SindTrr

Lençóis Maranhenses recebe 26ª Convenção Nacional TRR

Combustíveis & Conveniência • 61


44 TABELAS em R$/L

Período

São Paulo

Goiás

Período

São Paulo

Goiás

10/01/11 a 14/01/11

1,233

1,312

10/01/11 a 14/01/11

1,104

1,019

17/01/11 a 21/01/11

1,228

1,293

17/01/11 a 21/01/11

1,108

1,016

24/01/11 a 28/01/11

1,234

1,289

24/01/11 a 28/01/11

1,112

1,032

31/01/11 a 04/02/11

1,241

1,277

31/01/11 a 04/02/11

1,113

1,078

07/02/11 a 11/02/11

1,271

1,306

07/02/11 a 11/02/11

1,145

1,094

Média Janeiro 2011

1,233

1,293

Média Janeiro 2011

1,109

1,018

Média Janeiro 2010

1,285

N/D

Média Janeiro 2010

1,171

N/D

3,1%

-0,4%

3,7%

7,3%

-4,0%

N/D

-5,3%

N/D

Variação 10/01/2011 a 11/02/2011 Variação Jan/2011 - Jan/2010 Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos

HIDRATADO

ANIDRO

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL (CENTRO-SUL)

Variação 10/01/2011 a 11/02/2011 Variação Jan/2011 - Jan/2010 Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL (NORDESTE) Alagoas

Pernambuco

Em R$/L 1,6

Janeiro 2011

1,307

1,312

Janeiro 2010

1,273

1,308

Variação

2,7%

1,4

HIDRATADO

ANIDRO

Período

1,2 1,0

PREÇOS DO ETANOL ANIDRO PeríodoEVOLUÇÃO DEAlagoas Pernambuco

Janeiro 2011

1,060

1,052

Janeiro 2010

1,074

1,143

Variação

-1,4%

-8,0%

0,8

0,3%

em R$/L

0,6

Fonte: CEPEA/Esalq Nota: Preços sem impostos

Fonte: CEPEA/Esalq 0,4 Nota: Preços sem impostos São Paulo

Alagoas

Pernambuco

0,2 0,0

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL ANIDRO (em R$/L) Em R$/L

EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL ANIDRO

EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO ETANOL HIDRATADO (em R$/L) Em R$/L

1,6

1,4

1,4

1,2

1,2

EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL HIDRATADO

1,0

1,0

0,8 0,8

0,6

0,6

0,4

0,4 São Paulo

Alagoas

Pernambuco

São Paulo

0,2

0,2

0,0

0,0

Nota: O CEPEA/Esalq não disponibilizou o preço médio doHIDRATADO produto em Alagoas no Em R$/L EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO ETANOL mês de julho e em Pernambuco nos meses de julho e agosto. 1,4 1,2 62 • Combustíveis & Conveniência 1,0 0,8

Alagoas

Pernambuco


TABELAS 33 em R$/L - Janeiro 2011

Comparativo das margens e preços dos combustíveis Distribuição

Gasolina

Revenda

Preço Médio Pond, de Custo da Gas, C 1

Preço Médio Ponderado de Venda

Margem Média Ponderada da Distrib,

Preço Médio Ponderado de Compra

Preço Médio Ponderado de Venda

Margem Média Ponderada da Revenda

2,214

2,286

0,072

2,286

2,625

0,339

2,203

2,294

0,091

2,294

2,613

0,319

2,199

2,294

0,095

2,294

2,584

0,290

2,192

2,285

0,093

2,285

2,580

0,295

Branca

2,212

2,240

0,028

2,240

2,522

0,282

Outras Média Brasil 2

2,229

2,304

0,075

2,304

2,597

0,293

2,208

2,278

0,070

2,278

2,585

0,307

Variação da Margem em relação à Margem Brasil (%)

40 %

12 %

30 %

10 %

20 %

8%

10 %

6%

Outras

0%

4%

-10 % -20 % -30 %

2%

36,9

31,7

30,2

7,4

2,8

-40 %

-60,1 Branca

0%

10,5

-2 %

-50 %

-4 %

-60 %

-6 % -8 %

-80 %

-10 %

Shell

Ipiranga Outras

BR

-3,7

BR

Branca

Ipiranga

Distribuição

Diesel

-4,7

-5,6

-8,3 Branca

Outras

-70 %

Esso

4,0

Shell

Outras

Esso

Branca

Revenda

Preço Médio Pond. de Custo do Diesel 1

Preço Médio Ponderado de Venda

Margem Média Ponderada da Distrib.

Preço Médio Ponderado de Compra

Preço Médio Ponderado de Venda

Margem Média Ponderada da Revenda

1,663

1,753

0,090

1,753

2,015

0,262

1,660

1,773

0,113

1,773

2,014

0,241

1,659

1,778

0,119

1,778

2,016

0,238

1,660

1,789

0,129

1,789

2,008

0,219

Branca

1,656

1,714

0,058

1,714

1,958

0,244

Outras Média Brasil 2

1,664

1,774

0,110

1,774

2,011

0,237

1,660

1,753

0,093

1,753

1,998

0,245

Variação da Margem em relação à Margem Brasil (%)

40 %

8%

35 %

6%

30 % 25 %

4%

20 % 15 %

2%

Outras

10 %

0%

5% -2 %

0% -5 % -10 %

38,7

27,7

21,4

17,7

-3,7

-37,4

-20 %

Branca

-4 %

Branca

-15 %

-6 %

6,8

-0,6

Outras -1,7

-3,0

-3,4

-10,4

-8 %

-25 % -30 %

-10 %

-35 % -40 %

-12 %

Shell

Esso

Ipiranga Outras

BR

Branca

BR

Branca Ipiranga

Esso

Outras

Shell

1 - Calculado pela Fecombustíveis, a partir do Atos Cotepe 24/10 e 1/11. 2 - A pesquisa abrange as capitais dos Estados da BA, MG, PA, PE, PR, RJ, RS, SP e o Distrito Federal. 3 - O fator de ponderação para cálculo de margem e preço médios é o nº de postos consultados pela ANP.

Combustíveis & Conveniência • 63


44 TABELAS

FORMAÇÃO DE PREÇOS

em R$/L

Gasolina

Ato Cotepe N° 03 de 07/02/11 - DOU de 08/02/11 - Vigência a partir de 16 de fevereiro de 2011

UF

75% Gasolina A

25% Anidro (1)

75% CIDE

75% PIS/COFINS

Carga ICMS

Custo da Distribuição

Alíquota ICMS

Preço de Pauta (2)

AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

0,793 0,763 0,792 0,793 0,776 0,767 0,834 0,797 0,833 0,761 0,832 0,832 0,814 0,774 0,763 0,755 0,760 0,780 0,773 0,767 0,793 0,793 0,797 0,791 0,760 0,795 0,793

0,401 0,367 0,396 0,395 0,373 0,373 0,337 0,345 0,335 0,377 0,355 0,340 0,337 0,391 0,369 0,369 0,374 0,338 0,337 0,369 0,400 0,403 0,359 0,342 0,369 0,335 0,337

0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173 0,173

0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196 0,196

0,761 0,764 0,683 0,713 0,756 0,714 0,695 0,746 0,722 0,716 0,717 0,708 0,728 0,831 0,682 0,720 0,675 0,729 0,847 0,646 0,713 0,712 0,649 0,670 0,702 0,606 0,715

2,325 2,262 2,240 2,270 2,273 2,222 2,235 2,257 2,258 2,222 2,273 2,248 2,248 2,366 2,183 2,213 2,177 2,216 2,325 2,150 2,275 2,277 2,174 2,172 2,199 2,104 2,214

25% 27% 25% 25% 27% 27% 25% 27% 26% 27% 25% 25% 27% 30% 27% 27% 25% 28% 31% 25% 25% 25% 25% 25% 27% 25% 25%

3,045 2,829 2,733 2,850 2,800 2,643 2,780 2,764 2,775 2,650 2,869 2,831 2,695 2,772 2,526 2,665 2,699 2,605 2,731 2,583 2,850 2,848 2,597 2,680 2,600 2,425 2,860

Diesel

Nota (1): Corresponde ao preço da usina com acréscimo de PIS/COFINS e custo do frete. Nota (2): Base de cálculo do ICMS

UF

95% Diesel

5% Biocombustível

95% CIDE

95% PIS/COFINS

Carga ICMS

Custo da distribuição

Alíquota ICMS

Preço de Pauta (1)

AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MT MS MG PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

1,053 1,021 1,067 1,053 1,041 1,033 1,099 1,058 1,099 1,020 1,099 1,099 1,083 1,041 1,021 1,019 1,021 1,106 1,043 1,018 1,053 1,053 1,130 1,095 1,021 1,076 1,053

0,125 0,125 0,125 0,125 0,125 0,125 0,125 0,125 0,125 0,125 0,125 0,125 0,125 0,125 0,125 0,125 0,125 0,125 0,125 0,125 0,125 0,125 0,125 0,125 0,125 0,125 0,125

0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067 0,067

0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141 0,141

0,422 0,341 0,380 0,375 0,305 0,319 0,249 0,244 0,247 0,339 0,380 0,357 0,240 0,354 0,338 0,345 0,349 0,255 0,264 0,350 0,376 0,407 0,260 0,247 0,343 0,235 0,248

1,807 1,694 1,779 1,759 1,678 1,684 1,681 1,634 1,677 1,691 1,812 1,789 1,655 1,727 1,691 1,697 1,703 1,693 1,639 1,700 1,760 1,792 1,722 1,675 1,697 1,643 1,633

17% 17% 17% 17% 15% 17% 12% 12% 12% 17% 17% 17% 12% 17% 17% 17% 17% 12% 13% 17% 17% 17% 12% 12% 17% 12% 12%

2,484 2,003 2,234 2,203 2,037 1,874 2,079 2,032 2,054 1,994 2,238 2,102 1,998 2,080 1,988 2,031 2,054 2,121 2,033 2,060 2,210 2,396 2,163 2,060 2,020 1,959 2,068

Nota (1): Base de cálculo do ICMS * Nos preços de custo acima poderão ser encontradas pequenas diferenças, em decorrência dos valores de frete (percurso entre o produtor de biodiesel e a base de distribuição) e a legislação tributária ainda indefinida para o B5 e o B100.

64 • Combustíveis & Conveniência


TABELAS 33

preços dAs DISTRIBUIDORAS Menor

Maior

Palmas (TO) - Preços CIF BR

Gasolina Diesel Álcool

N/D N/D N/D

N/D N/D N/D

Belém (PA) - Preços CIF

Menor

2,382 1,841 1,862

2,428 1,938 1,949

Macapá (AP) - Preços FOB 2,461 1,897 1,624

2,392 1,809 1,812

Gasolina Diesel Álcool

2,327 1,901 2,024

Porto Velho (RO) - Preços CIF BR

Gasolina Diesel Álcool

2,499 1,952 1,661

Gasolina Diesel Álcool

2,350 1,920 1,550

Gasolina Diesel Álcool

2,318 1,857 1,682

Gasolina Diesel Álcool

2,325 1,819 1,469

Gasolina Diesel Álcool

2,280 1,773 1,570

Gasolina Diesel Álcool

2,118 1,821 1,980

2,390 1,986 1,945

2,570 2,050 1,760

2,380 1,970 1,479

2,423 2,052 1,590

2,360 1,965 1,512

2,433 2,022 1,773

Taurus 2,258 2,370 1,885 2,020 1,670 1,761

2,312 1,941 1,620

2,355 1,819 1,563

2,261 1,719 1,470

2,324 1,802 1,704

2,232 1,782 1,603

2,327 1,839 1,997

2,279 1,790 1,992

2,292 1,917 1,992

2,191 1,758 1,843

BR

Goiânia (GO) - Preços CIF IPP

Curitiba (PR) - Preços CIF

BR 2,442 2,020 1,642 IPP 2,367 1,994 1,752 Shell 2,400 1,858 1,596

2,344 1,711 1,535

2,339 1,785 1,710

2,256 1,766 1,460

2,401 1,800 1,673

2,325 1,790 2,024

2,268 1,844 1,974

2,262 1,803 1,962

Cosan 2,257 2,302 1,769 1,858 1,907 1,969

Shell

BR

IPP

2,241 1,809 1,885

N/D N/D N/D

Equador 2,555 2,567 1,938 2,063 1,910 2,009

IPP

IPP

Porto Alegre (RS) - Preços CIF

N/D N/D N/D

BR

BR

Florianópolis (SC) - Preços CIF

N/D

Shell

Campo Grande (MS) - Preços CIF

N/D N/D N/D

Sabba 2,315 2,405 1,910 1,991 1,752 2,012

2,666 2,212 2,092

Idaza

Gasolina Diesel Álcool Fonte: ANP

N/D N/D N/D

Sabba 2,398 2,478 2,014 2,208 1,888 1,888

Cuiabá (MT) - Preços CIF

N/D N/D N/D

2,326 1,801 1,689

BR

2,272 1,845 1,974

Menor

Maior

Cosan 2,302 2,302 1,801 1,801 1,800 1,800

2,309 1,818 1,932

Cosan 2,262 2,334 1,771 1,808 1,990 2,013

Sabba 2,246 2,328 1,725 1,848 1,922 1,981

2,309 1,818 1,841

2,262 1,771 1,699

2,302 1,832 1,772

2,233 1,797 1,697

2,189 1,758 1,641

2,224 1,794 1,670

Alesat 2,199 2,248 1,754 1,890 1,649 1,679

Gasolina Diesel Álcool

2,243 1,831 1,681

Cosan 2,308 1,872 1,723

Gasolina Diesel Álcool

2,326 1,843 1,778

Gasolina Diesel Álcool

2,279 1,804 1,628

Gasolina Diesel Álcool

2,338 1,795 1,726

Gasolina Diesel Álcool

2,397 1,792 1,886

Gasolina Diesel Álcool

2,340 1,736 1,767

Gasolina Diesel Álcool

2,198 1,692 1,541

Gasolina Diesel Álcool

2,105 1,675 1,430

Gasolina Diesel Álcool

2,421 1,799 1,612

Gasolina Diesel Álcool

2,242 1,716 1,794

Gasolina Diesel Álcool

2,242 1,716 1,673

Gasolina Diesel Álcool

2,162 1,713 1,375

Gasolina Diesel Álcool

Teresina (PI) - Preços CIF

Fortaleza (CE) - Preços CIF

Natal (RN) - Preços CIF

IPP

BR

João Pessoa (PB) - Preços CIF IPP

Recife (PE) - Preços CIF

Maceió (AL) - Preços CIF

2,278 1,862 1,785

Alesat 2,256 2,318 1,782 1,804 1,710 1,805 BR

Shell 2,221 1,837 1,650

2,211 1,774 1,586

IPP

2,296 1,890 1,697

Cosan 2,270 2,332 1,825 1,857 1,775 1,775

2,236 1,843 1,704

2,363 1,804 1,814

2,230 1,705 1,595

2,444 1,838 1,955

2,355 1,762 1,870

2,526 1,854 1,921

2,285 1,687 1,660

2,319 1,918 1,781

2,219 1,745 1,631

2,272 1,827 1,641

2,110 1,611 1,420

2,427 1,831 1,710

2,431 1,800 1,611

Vitória (ES) - Preços CIF

Rio de Janeiro (RJ) - Preços CIF

BR

Brasília (DF) - Preços FOB

2,245 1,654 1,599

2,428 1,796 1,967

2,407 1,831 1,894

2,440 1,814 1,923

2,264 1,680 1,660

2,364 1,817 1,749

2,211 1,749 1,673

2,245 1,751 1,571

2,102 1,654 1,440

Foram consideradas as três distribuidoras com maior participação de mercado em cada capital, considerando os dados disponibilizados pela ANP.

Shell

2,431 1,801 1,700

N/D N/D N/D

2,483 1,865 1,997 BR

Shell

BR

2,474 1,836 1,845 Shell

IPP

Belo Horizonte (MG) - Preços CIF

2,236 1,843 1,704 Shell

2,549 1,832 1,870 BR

Shell

2,397 1,808 1,837 Shell

BR

IPP

2,299 1,840 1,720 BR

2,246 1,719 1,660

IPP

2,229 1,798 1,684 BR

2,365 1,946 1,748

2,368 1,876 1,876

Salvador (BA) - Preços CIF

2,328 1,848 1,775

2,118 1,712 1,606

2,295 1,814 1,740

BR

BR

2,246 1,725 1,683

2,399 1,893 1,887

Aracaju (SE) - Preços CIF

IPP

Shell 2,334 1,808 1,777

Shell

Shell

São Paulo (SP) - Preços CIF

Shell

Maior

Sabba 2,199 2,312 1,722 1,868 1,720 1,815

2,174 1,746 1,711

BR

N/D

2,499 1,952 1,661

BR

2,370 2,052 1,826

DNP 2,300 1,749 1,730

N/D N/D N/D

Sabba 2,509 2,509 1,978 1,989 1,643 1,687

Rio Branco (AC) - Preços FOB Gasolina Diesel Álcool

2,464 1,919 1,826

Menor

2,286 1,833 1,782

Gasolina Diesel Álcool

BR

2,380 1,866 1,958 N/D

2,542 2,119 2,249

Equador 2,311 2,400 1,868 2,000 1,865 1,982

Maior

BR

2,301 1,766 1,604

2,340 1,841 1,924

IPP

Equador 2,310 2,550 1,860 2,107 1,939 2,109

Manaus (AM) - Preços CIF Gasolina Diesel Álcool

2,469 1,895 1,960

2,461 1,919 1,620

BR

2,300 1,720 1,562 PDV

2,461 1,897 1,823

Boa Vista (RR) - Preços CIF

Menor

Maior

Total

IPP

BR

Gasolina Diesel Álcool

Menor

São Luiz (MA) - Preços CIF Federal 2,299 2,299 N/D N/D N/D N/D

BR

Gasolina Diesel Álcool

Maior

em R$/L - Janeiro 2011

2,466 1,784 1,902 IPP 2,360 1,875 1,884 Shell

N/D

2,248 1,848 1,587 N/D N/D N/D

Combustíveis & Conveniência • 65


44 CRÔNICA

Amour toujours l’amour O verão em geral passa sem que nada de relevante aconteça. Antigamente se dizia que o Brasil só passa a funcionar depois do carnaval. Ou seja, entre o Natal e o carnaval, que neste ano acontece em março, o país estaria literalmente parado, ou mergulhado na farra. Este ano já estamos em fevereiro e o que mais mobilizou imprensa e opinadores foi a senhora Temer. A beleza de Marcela. Sua juventude. Sua tatuagem no pescoço. No clube não poderia ser diferente. - Também, tudo mais que acontece é recorrente e rotineiro. - Tal como as enchentes, enxurradas e destruição. - Isto é recorrente. Todo verão é isso mesmo. - Eu diria até que é rotineiro também. A imprensa já mantém a pauta pronta. Programada. - Uma espécie de sazonalidade prevista. Eu acho até que algumas imagens e comentários foram gravados no ano passado e no anterior. - Videoteipe e repeteco. O assunto saíra da pauta. Nos anos anteriores, as enchentes haviam servido para desviar as atenções da imprensa de escândalos grandes ou pequenos. Neste ano nem sequer se fala mais em escândalos. São poucos. - Quem dera tudo que um presidente passasse a seus filhos fossem “Passaportes Vermelhos”. Desta forma, o que resta são cochichos e piadas. - Ainda bem que essa moça apareceu. Brasília está tomada de bagulhos. - Só dá Erenice, Idely Salvatti e etc... - Dizem que a Dilma mantém de propósito essas por lá. Assim ela fica uma “gatinha” na comparação. - O Temer deve ter sangue azul. De tanto Viagra. 66 • Combustíveis & Conveniência

- E deve ser muito bem dotado. - O dote é outro - o autor acompanha a frase com o movimento de polegar e indicador. O doutor se farta das piadas sem sentido. Acende o charuto na chama de um pedaço de cedro, após molhá-lo no copo de conhaque Frances. Tira uma longa baforada azul e reage: - Vocês são uns recalcados. Ficam ironizando o vice-presidente que tem uma mulher jovem e bonita porque não são capazes de arranjar nada. Parece que idade é crime. E que amor com diferença de idade é novidade. Esqueceram o Charles Chaplin? O....(a lista é grande e o espaço pouco). O homem está no auge. É vice-presidente da nação. Tem saúde de ferro. Uma mulher bonita. E um filho recém-nascido. Os companheiros calados escutam a peroração. Até que alguém junta coragem de perguntar: - Doutor, por que tanta agressividade? Antes que o Doutor se resolva a responder, um dos participantes mais velhos, o Galego Ruano ou o Tio Marciano, não deu para ver, intervém de forma definitiva. - É que ele arranjou uma namorada de uns trinta anos.




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