Revista Comércio & Cia - Edição 37

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PUBLICAÇÃO DO SISTEMA FECOMÉRCIO MATO GROSSO DO SUL | ANO 6 | EDIÇÃO Nº 37 | MAIO / JUNHO | 2017

Quer reduzir sua conta de energia? Confira dicas valiosas para poupar e lucrar

Vendas On-line

Donas do negócio

Cenários MS

Orientações para quem quer ampliar negócios

Número de empresas lideradas por mulheres cresce 24%

Ponta Porã está otimista quanto aos rumos da economia

DESIGNED BY JANNOON028 / FREEPIK




EXPEDIENTE

PRESIDENTE DA FECOMÉRCIO MS Edison Ferreira de Araújo DIRETORIA

EDIÇÃO Sato Comunicação contato@satocomunicacao.com.br Facebook: Sato Comunicação - Instagram: Grupo Sato

1° VICE-PRESIDENTE - José Alcides dos Santos

EDITORA-CHEFE - Luciana Modesto DRT/MS 142

2° VICE-PRESIDENTE - Adeilton Feliciano do Prado 1° SECRETÁRIO - Denire Carvalho

REPORTAGEM - Fabiane Sato DRT/MS 042, Julio Mendes MTB/MS 1216, Luciana Modesto DRT/MS 142 e Ana Lúcia Abrão DRT/MS 266

2° SECRETÁRIO - Fabiano José Lopes

REVISÃO - Ana Lúcia Abrão DRT/MS 266

1° TESOUREIRO - Sebastião José da Silva

PUBLICIDADE - Comunicação Fecomércio/MS

2° TESOUREIRO - Valter Mario Silva Castro

FOTOS - Mário Bueno MTB/MS 166 e Ellen Albuquerque DRT/MS 219

SUPLENTES DA DIRETORIA Sueide Silva Torres; Roberto Rech; Ricardo Massaharu Kuninari; Valdir Jair da Silva; Carlos Roberto Bellin; Benjamin Chaia; Celso Casagranda

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO - EI • Elaboração de Ideias

CONSELHO FISCAL - EFETIVOS Oswaldo Fernandes; Luiz Tadeu Gaedicke; Carlos Queiroz de Almeida CONSELHO FISCAL - SUPLENTES Fábio Ângelo Bigolin; Jonas Chaves Júnior; Adilson Amorim Puertes

DIRETOR DE CRIAÇÃO - Wilson Matheus COMERCIALIZAÇÃO Departamento de Relações com o Mercado – FECOMÉRCIO MS Rua Almirante Barroso, 52, Bairro Amambaí, CEP: 79008-300 - Campo Grande/MS Fone: 67 3311-4440 / 3042-0112 | 67 99825-0112 / 99267-9267 comercialrevista@fecomercio-ms.com.br

SINDICATOS REPRESENTADOS PELA FECOMÉRCIO/MS

SIND. COM. VARJ. DE AMAMBAI / SIND. COM. DE A PA R E C I D A D O TA B O A D O / S I N D. C O M . VA R J . AQUIDAUANA / SIND. COM. VARJ. CAMPO GRANDE / SIND. COM. VARJ. DE CORUMBÁ / SIND. DESPACHANTES NO EST. DE MS / SIND. COM. ATAC. E VARJ. DE DOURADOS / SIND. COM. VARJ. NAVIRAÍ / SIND. COM. VARJ. PARANAÍBA / SIND. COM. VARJ. PONTA PORÃ / SIND. REP. COM. AUTÔN. E EMP. DE REP. COM. MS / SIND. COM. VARJ. MAT. CONST. CG / SINDSUPER / SIND. VARJ. PROD. FARMACÊUTICOS DE MS / SIND. COM. VARJ. TRÊS LAGOAS / SIND. EMP. CENTRO DE FORM. CONDUT. DE VEÍCULOS DO MS / SIND. REV. VEÍC. AUT. DE CG / SIND. PROP. SALÕES DE BARBEIROS, CABELEIREIROS, INSTITUTO DE BELEZA DE MS / SIND. CO M. VA R J. D E N O VA A N D R A D I N A / S E AC/M S SINDICATO DA EMPRESAS DE ASSEIO E CONSERVAÇÃO DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL. SUPERINTENDENTE FECOMÉRCIO-MS Valmira Gomes Carvalho GERÊNCIA DE COMUNICAÇÃO Adriana Molina - MTB/MS 082 DIRETOR REGIONAL DO SENAC/MS Vitor Mello DIRETORA REGIONAL DO SESC/MS Regina Ferro

Veja mais em: www.fecomercio-ms.com.br

Sugestões & Opiniões revista@fecomercio-ms.com.br

TIRAGEM DA REVISTA: 5.000 MIL EXEMPLARES


PALAVRA DO PRESIDENTE Ser sustentável não é mais uma estratégia de marketing, mas de sobrevivência. A competitividade das empresas hoje está atrelada à economia de processos produtivos, de prestação de serviços e de vendas. Quanto mais o empresário consegue economizar, mais competitivo será o seu produto. E quem economiza, de quebra, consegue contribuir para a sustentabilidade no setor, poupando recursos no meio ambiente. Ganha o empresário, que sente no bolso a diferença, e ganha a sociedade, com o sonho de um mundo melhor bem mais perto da realidade. E por onde começar? Que tal pela sua conta de energia? Nessa edição temos dicas importantes e simples para poupar e até lucrar. E por falar em dicas, para dar uma força ao empresário, temos matérias que abordam orientações de como aumentar as vendas nas plataformas on-line, com depoimento de empreendedores daqui que estão ultrapassando as barreiras de nosso Estado e conquistando novos clientes em cada canto desse País. Quem também tem ultrapassado barreiras, são as mulheres no mundo dos negócios. Temos uma reportagem especial sobre como elas têm ganhado cada vez mais espaço no mercado, sendo donas do próprio negócio. Um levantamento do Sebrae aponta que Mato Grosso do Sul registrou aumento de 24% no número de empreendedoras. E quando as mulheres resolvem empreender junto com seus maridos? Como manter os negócios e o casamento de forma sadia? A resposta está em outra matéria que abordamos dicas e orientações por meio da vivência de casais que apostaram somar na vida e no trabalho. Dando sequência ao material sobre a atuação da Federação para alavancar o comércio, nessa edição trazemos uma reportagem falando da importância da representatividade para o fortalecimento de uma classe ou segmento, com depoimentos de gestores e presidentes de sindicatos. E, por fim, dentre tantos outros temas que cada página traz, convidamos os leitores para um passeio cultural na matéria sobre a Rota das Monções, um caminho traçado no Centro Oeste pelos bandeirantes no final do século XVII e início do século XVIII, em busca de índios para fazer de escravos e das riquezas da terra.

Boa leitura.


NESTA EDIÇÃO

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NEGÓCIOS Empreendedorismo feminino cresce 24% em MS.

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VENDAS

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CAPA

Orientações para quem quer ampliar negócios com vendas on-line.

Dicas valiosas para reduzir sua conta de energia e ainda lucrar.

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GESTÃO DE PESSOAS Qualificação para donos do negócio mantém equipe motivada.

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MERCADO FGTS movimenta economia e influencia mercado.

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ENTREVISTA Jaime Verruck fala sobre crescimento em MS.

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IPF/PESQUISA Sustentabilidade que gera resultados.

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ORIENTAÇÃO Casais contam experiências de trabalharem em conjunto.

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COMÉRCIO E SERVIÇOS Confira o impacto da aviação na economia e as novas possibilidades para o ramo.

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ARTIGO A estratégia e gestão de pessoas para os negócios.


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GESTÃO COMPETITIVA Empreendedorismo é ferramenta para melhorar eficiência da Gestão Pública.

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VENDAS

Diferenciação de preços de bens e serviços com nova Medida Provisória.

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SESC MS Sesc se consolida no cenário cultural de Mato Grosso do Sul.

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PASSO A PASSO Como registrar uma marca.

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GESTÃO Como a ética pode ser diferencial competitivo nas empresas.

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TURISMO Rota das Monções possibilita passeio pela história dos garimpos.

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FECOMÉRCIO MS Evento voltado a empresários e gestores estimula a representatividade do setor.

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SENAC MS A importância da capacitação para quem sonha com um negócio próprio.

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CENÁRIOS MS Ponta Porã está otimista quanto aos rumos da economia.

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NEGÓCIOS Por: Júlio Mendes

As donas do pedaço Nos últimos 10 anos, Mato Grosso do Sul registrou crescimento de 24% no número de empreendedoras

A EMPRESÁRIA LENI FERNANDES CONTA QUE UM DOS SEGREDOS DE SEU SUCESSO É MANTER SUA EQUIPE SEMPRE ALINHADA.

Elas são determinadas, corajosas, possuem muita vontade de trabalhar e, claro, são apaixonadas pelo mundo dos negócios. O empreendedorismo feminino têm ganhado cada vez mais força no Brasil e, em especial, em Mato Grosso do Sul. Nos últimos 10 anos, de acordo com dados divulgados pelo Sebrae, o Estado registrou aumento de 24% no número de mulheres à frente de pequenas e microempresas. Atualmente, o Estado possui 102 mil mulheres que são donas do próprio negócio, o que representa 25% do total de micro empreendimentos existentes. O comércio é o segmento em que há mais empreendedoras atuando, com 49% das empresárias, seguido pelo setor de serviços, com 40%. Ainda conforme o Sebrae, as mulheres somam quase metade dos empreendedores que iniciaram o próprio negócio no Brasil, sendo que 40% das empresas

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consolidadas no mercado são geridas por elas. Desde muito cedo, a empresária Leni Fernandes entende o valor e a importância do trabalho. Nascida em Terenos, ela conta que ainda criança já ajudava o pai com a venda de frutas. O tempo passou, Leni cresceu, estudou, trabalhou como balconista, e depois como gerente de um Banco durante 10 anos. Em um determinado dia, ela comprou uma peça de joia consignada, vendeu e adquiriu outra. E de pouco em pouco foi aumentando seu mostruário e observou que desta forma conseguia mais renda do que trabalhando em Banco. “Trabalhei como consultora de vendas durante sete anos. E em 1991, abri minha primeira loja, a 'Prata & Cia', e comecei a vender por atacado”, comenta a empresária, que em 2008, abriu outra loja, a Inel Classic, Joalheria e Ótica; e, em 2009, comprou a Badulaque, loja de acessórios. Atualmente, a


empresária comanda um grupo composto por 9 lojas e mais de 100 funcionários. “Eu empreendo e incentivo os outros a empreenderem também”, exalta, de forma bastante entusiasmada. Aliás, desânimo é uma palavra que não consta no vocabulário de Leni. Força, garra e determinação norteiam a vida da empresária, que busca passar tais valores também a sua equipe. “Em primeiro lugar, sempre busquei saber o que queria, qual a minha força, que tamanho queria ficar. E sempre procurar trabalhar com transparência, honestidade e somando na vida das pessoas. Para isso, hoje conto com a minha equipe, a qual procuro sempre entusiasmar”, conta. Para Leni, o maior desafio que enfrenta no momento é superar a si mesma. Assim, suas empresas contam sempre com novos projetos e metas a serem alçadas, bem como inovação em seus produtos e preços, buscando entender a real necessidade dos clientes. E quanto à crise? A empresária conta que tirou de letra. “Ela não nos afetou, passamos por um momento delicado em nosso País, mas remodelei todas as minhas empresas e focamos no cliente, que quer preço, mas também quer coisa bonita. O cliente está cada vez mais exigente e estamos sempre nos atentando a isso”, reconhece.

A MÉDICA VETERINÁRIA BIANCA RAVAGNANI VIU NO RAMO PET UMA OPORTUNIDA DE DE INVESTIR.

Quem também apostou as fichas em empreender foi a médica veterinária Bianca Menezes Ravagnani. Ela conta que trabalhou algum tempo em uma distribuidora de produtos veterinários e percebeu que já tinha conquistado vários clientes e que daria conta de ter sua própria empresa, pois já tinha conhecimento de mercado. “Então, resolvi ir para São Paulo conhecer alguns fornecedores e, assim, foi criada a Smart Pet, distribuidora de produtos para pequenos animais”, lembra Bianca. A empresária explica que o foco da empresa é em clínicas veterinárias e pet shops. Trabalham com produtos para estética animal, como perigot, bicho preguiça laços, homeopatia veterinária e produtos comestíveis, como The French Co e Gemon. Atualmente, a distribuidora conta com duas vendedoras, um motorista e Bianca na gestão.

Um dos desafios enunciados pela empreendedora é o fato de o mercado pet ser muito competitivo, bem como a rapidez com que a tecnologia surge e, consequentemente, o aumento da concorrência. Por isso, ela acredita que qualificação é sempre primordial. “Procuro estar sempre me reciclando e, quando necessário, conto com consultorias do Sebrae, participo de cursos e visito algumas feiras”, menciona. Para Bianca, superar os limites é possível. Ela enumera alguns termos “motivacionais” que sempre são ditos como acreditar nos sonhos, empreender, ser maior que os problemas. “Tenho certeza de que o trabalho mostra o caminho e gostaria muito de conseguir passar isso para outras mulheres. É possível fazer o seu negócio dar certo, basta acreditar e seguir em frente, com força de vontade e muito trabalho”, constata.

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NEGÓCIOS

“O empreendedorismo no Brasil, tanto por homens, quanto por mulheres, está praticamente igual, o que torna o Brasil um país que trabalha mais as questões de gêneros, e também um dos fatores que motivam a criação de políticas específicas para o empreendedorismo feminino”, explica a gestora do projeto de empreendedorismo feminino, Lucielle Gomes. LUCIELLE GOMES, DA UNIDADE DE ORIENTAÇÃO EMPREENDEDORA DO SEBRAE, E NEIRE APARECIDA COLMAN DE OLIVEIRA, GERENTE DO SEBRAE REGIONAL SUDESTE.

A DIRETORA TÉCNICA DO SEBRAE MS, MARISTELA DE OLIVEIRA, ACREDITA QUE A MULHER PASSOU A EMPREENDER MAIS POR CONTA DAS OPORTUNIDADES DE MERCADO.

A diretora técnica do Sebrae MS, Maristela de Oliveira França, destaca que a mulher passou a empreender mais no mercado de trabalho quando o cenário estava favorável, onde empreender era oportunidade e não necessidade. De três anos para cá, muitas passaram a ingressar no mercado, inclusive como empregadas, para incrementar a renda familiar. Apesar disso, os números continuaram mostrando que, no empreendedorismo, forças masculinas e femininas estão quase equivalentes. “Quase 40% de todos os negócios do Brasil são liderados por mulheres”, pontua.

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Em 2013, o Sebrae passou a trabalhar com uma linha de atuação, por meio do projeto Mulher de Negócios Empreendedorismo Feminino em pauta. Em formato de “Talk Shows”, são bate-papos e debates realizados em todo o Estado, onde mulheres de sucesso de cada região ou município são convidadas para inspirarem outras a abrirem o próprio negócio ou melhorarem a gestão de suas empresas. “Sabemos dos múltiplos papéis da mulher empresária, mas que também cuida da casa, do filho. A ideia principal é incentivar e profissionalizar a gestão da empresa”, observa Maristela.



VENDAS Por: Luciana Modesto Fotos: Ellen Albuquerque

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Plataformas de vendas on-line Dicas e orientações para quem quer ampliar negócios Daqui a cinco anos, 27 milhões de pessoas vão fazer sua primeira compra on-line, chegando a 44% dos internautas que preferem a comodidade e praticidade que a internet oferece para vendas, já que permite uma pesquisa rápida de preço e promoção. Os dados são de um estudo encomendado pelo Google junto à empresa Forrester Reserarch que aponta, ainda, que esse tipo de comercialização tem um crescimento médio anual de 12,4% ao ano. Em Mato Grosso do Sul, segundo informações do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Fecomércio de MS, as compras on-line vêm subindo gradativamente, passando de 2,5% na preferência pelas compras de presente de natal, por exemplo, em 2015, para 4% em 2016. Em um mercado que só cresce, como os empresários podem se preparar? A resposta

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principal é pesquisa. “Pesquise antes de começar! Analise o seu mercado, seus concorrentes, o ticket médio aplicado pelas outras lojas. Defina qual será o seu diferencial competitivo entrando no mundo online. Será o preço? A inovação do produto? A abordagem criativa? Uma vez certo de que você terá diferenciais, comece com uma plataforma para testar esse modelo de negócio”, aconselha o gerente de Novos Negócios na 80 20 Marketing, Leonardo Carlucci. Atualmente existem dezenas de plataformas que facilitam a estruturação de uma loja on-line. Entre as principais e mais populares no Brasil, estão Loja Integrada, NuvemShop, Jet, Tray, Rakuten, Woocommerce e mais robustas Vtex e Magento. “ Temos também uma plataforma desenvolvida por profissionais aqui de Mato Grosso do Sul, que se chama NovaOito”, complementa.


Para fazer uma escolha assertiva, é importante analisar e testar cada uma delas, que possuem planos gratuitos para testes. As características entre elas são bem parecidas e, por isso, o empresário deve avaliar o custo/benefício de cada uma. Para quem quer testar um modelo de negócio com menor custo possível - no mundo das startups chamamos isso de MVP - Minimum Viable Product - sugiro iniciar com o plano free da Loja Integrada”. Já para as grandes lojas, que terão um estoque e equipe específicas para trabalhar com a Loja Online, o o ideal é utilizar as plataformas Vtex e Magento, que possuem muitos detalhes e certamente atenderão as expectativas. Além dessas plataformas, existem aplicativos que facilitam a venda pelo Instagram, como o Instaby. Há também a forma mais comum dos empreendedores individuais iniciarem suas vendas pelo WhatsApp, a partir da divulgação do produto nas redes sociais. “Para este caso recomendo usar um sistema de pagamento, como o PagSeguro, que dará mais segurança na transação financeira, tanto para o comprador quanto para o vendedor”, ensina Carlucci. Escolhidas as ferramentas de vendas, agora é preciso pensar além. Isso porque ao optar por esse tipo de negociação o empresário deve ter em mente que a venda dele poderá ser nacional e mundial e precisa estar preparado para esse alcance. Vale definir um pequeno estoque para a loja on-line e ir ampliando conforme o crescimento. Outra recomendação é quanto ao produto entregue na plataforma física e on-line. “Não pode haver nenhum 'conflito' de vendas, ou seja, o produto foi vendido on-line e no mesmo dia também foi vendido na loja física. Devido às compras por boleto e cartão de crédito demorarem até 2 a 3 dias úteis para serem validadas, aquele produto da loja on-line ficará separado para a confirmação do pagamento, desta forma não haverá chances de ser vendido na loja física”. Outro ponto fundamental é a definição de preço e promoções. A regra é praticamente a mesma das plataformas off-line: análise de mercado e concorrência para aplicação de preços competitivos. Uma dica valiosa é dar destaque no online dos produtos mais vendidos no espaço físico. “Normalmente, quando as lojas físicas vão para o ambiente on-line, querem colocar todos os produtos de uma só vez. Aqui sugerimos colocar os mais vendidos da sua loja física ou aqueles que possuem menor preço”, afirma.

Se a opção é por produtos diferenciados no on-line, a formação de preços deve levar em consideração itens como o custo do produto, da embalagem, custos fiscais, de pagamento, como emissão de boleto e percentual da operadora de crédito, despesas fixas de operação e despesas variáveis, como o valor do frete de entrega. Com isso, a margem de lucro também deve ser acrescentada, mas, claro, sempre olhando para os concorrentes. Depois de fazer a venda, atenção às reclamações. “As devoluções podem acontecer constantemente e vale o empresário saber da 'Lei do E-commerce' (Decreto n° 7962/2013), que se refere principalmente à devolução e política de troca. O comprador possui até sete dias, a contar da data do recebimento do produto, para desistir da compra e efetuar a devolução, sem a necessidade de oferecer explicações”, alerta. Já para os casos de troca por defeito e troca sem defeito (por tamanho, numeração, etc) deve ser assegurado o prazo de até 30 dias para o envio. Para evitar dor de cabeça, a dica é que a loja virtual tenha publicados os detalhes de seu processo/política de troca, bem como os prazos de envio dos produtos. Desta forma o empresário se assegura de uma informação sobre o funcionamento da sua loja, explicando ao comprador sempre que necessário. Ainda restou dúvidas? Uma boa conversa com quem já está nesse tipo de mercado também pode ajudar. “Recomendo muito que o empresário converse com outros empresários que possuem uma loja on-line em funcionamento. Troque ideias, pergunte sobre experiências positivas e negativas”, finaliza.

LEONARDO CARLUCCI, GERENTE DE NOVOS NEGÓCIOS NA 8020 MARKETING.

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VENDAS

OSMAIR NOGUEIRA, GERENTE COMERCIAL DA SEMENTES SAFRASUL.

De MS para o mundo Em Mato Grosso do Sul, empresários atentos a essa nova forma de consumo já estão se preparando e contabilizando resultados. O gerente comercial da Sementes Safrasul, Osmair Nogueira, conta que a empresa apostou em uma loja virtual em 2010. Como suporte para o negócio, a Safrasul, que possui quase 20 anos de existência, utiliza ferramentas as redes sociais, como Facebook, além do WhatsApp e de campanhas de e-mailmarketing, Google Adwords e Remarketing. Estratégia que ajuda na plataforma on-line e, de quebra, contribui com o marketing institucional, posicionando a empresa no mercado. O resultado aparece nas vendas que ultrapassam os limites do Estado e chegam a São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul. A empresa trabalha com sementes de pastagem e gramados. “Destinamos para a loja virtual os produtos de maior valor agregado, em virtude do frete ser um fator importante no custo final de aquisição dos nossos produtos”, explica. Osmair conta que o preço na loja on-line foi pensado inclusive em relação à tributação. “Nossos produtos têm tarifação de ICMS com redução de base de cálculo quando o cliente possui Inscrição Estadual, seja de produtor rural, seja de comércio. Nas vendas on-line, nem sempre o comprador

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GERMANO RIBEIRO DE OLIVEIRA, PROPRIETÁRIO DA COIFFER MS.

possui uma destas inscrições, com isso, a tributação ocorre sem o benefício da redução da base de cálculo, impactando no preço final”. As vendas na loja virtual representam entre 1,5 a 2,0% do total do faturamento da empresa. “Parece pouco, mas esse tipo de venda tem fator importante inclusive nas vendas realizadas fisicamente. Muitos clientes visitam a loja virtual para buscar um parâmetro de preço, para iniciar o processo de negociação’’. O contato com os clientes da loja virtual é feito com muito zelo. “Assim que recebemos o pedido, nossa equipe entra em contato através do e-mail cadastrado, confirmando o pedido e, posteriormente, informando os dados da transportadora e o conhecimento do embarque para que ele possa monitorar a entrega”, diz. Muitas vezes, o WhatsApp é utilizado como recurso mais rápido para contactar o cliente. Quem também decidiu ampliar as vendas da loja física para o mundo virtual foi o empresário Germano Ribeiro de Oliveira, proprietário da Central de Distribuição Coiffer MS, especializado em vendas de produtos de beleza. Depois de experimentar vender por e-mail, telefone, redes sociais e WhatsApp, há um mês o empresário optou por obter um aplicativo que permitisse vendas de forma ainda mais rápida. Ao total, são mais de quatro mil clientes cadastrados em todos

os canais, com pedidos que chegam até o Estado de Mato Grosso. Mesmo com pouco tempo, o aplicativo já representa 20% das vendas totais. “É rápido, fácil e a compra pode ser feita a qualquer hora do dia ou da noite”, diz. O aplicativo permite um contato direto com o cliente. Isso porque o sistema pede um cadastro que para acessar é fornecido um código. Com o aplicativo, Germano espera que as vendas on-line possam chegar a representar 90% do total.

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CAPA Por: Luciana Modesto Fotos: Ellen Albuquerque e Mario Bueno

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Eficiência energética nas empresas Dicas valiosas podem reduzir sua conta e uso consciente ainda traz lucro

A matemática é simples: seu negócio cresce, sua conta de energia também. A boa notícia é que com algumas dicas, além de economizar, o empresário pode se tornar ainda mais sustentável e lucrar. Troca de lâmpadas, uso racional de refrigeradores e aparelhos de climatização e de arcondicionado, manutenção de fiação elétrica, ajustes de padrão e de perfil junto à concessionária e até mesmo ressarcimento de cobranças indevidas. A lista de possibilidades é grande e faz acender uma luz no fim do túnel quando o assunto é eficiência energética nas empresas. “A energia elétrica tem se tornado um importante item no custo de vida, seja em nossa residência, seja no setor produtivo do País. Assim, usá-la de forma racional e eficiente acaba sendo imperativo em um cenário complicado como o que vivemos”, diz Jenner Luíz Puia Ferreira, engenheiro eletricista e consultor na área de energia e regulação de mercado para Conselhos de Consumidores no País. O caminho para economizar é extenso, desde a escolha de equipamentos eficientes, como lâmpadas de led, condicionadores de ar com tecnologia inverter, motores de alto rendimento e equipamentos com selo A do Procel, até mudanças comportamentais como desligar equipamentos se não estiver no ambiente ou que não estejam sendo usados, além da segurança com a escolha da tensão correta de alimentação, 127/220V, para residências ou 380/440V para cargas maiores. O consultor explica, ainda, que as tarifas de energia possuem modalidades cujo correto enquadramento também pode significar redução no valor a ser pago, bastando para isso um bom gestor de energia com conhecimento sobre tarifação o auxilie para se adequar junto à concessionária. JENNER LUÍZ PUIA FERREIRA, ENGENHEIRO ELETRICISTA E CONSULTOR.

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LEAN SARTORI

E por falar em lâmpadas, elas podem ser um bom diferencial na economia. As incandescentes possuem eficiência de apenas 8%. Isso significa que 8% da energia elétrica usada é transformada em luz e o restante aquece o meio ambiente. Já uma lâmpada fluorescente compacta, que produz a mesma iluminação, tem eficiência de 32%. O engenheiro eletricista Lean Sartori explica que a empresa pode trocar estas lâmpadas, que utilizam 60W de energia por hora, por lâmpadas de LED que iluminam melhor e gastam somente 7W. Claro que a troca tem um custo. O preço da lâmpada eficiente é entre 10 a 20 vezes mais caro do que a comum, mas em poucos meses a economia justificará o investimento. A escolha de equipamentos Procel e instalações elétricas dimensionadas garantem, também, uma economia de 8,8% no consumo de energia elétrica. Apostar em energia renovável, como a energia solar, pode ser também um bom caminho. Com a instalação de placas

solares em telhados ou em áreas abertas, a energia gerada é suficiente para alimentar eletrodomésticos, equipamentos e máquinas, e mesmo em dias nublados o sistema funciona. Economia de energia que pode ser revertida em créditos junto às concessionárias de energia, já que o sistema produzirá energia e o que não for consumido pode ser injetado no sistema da distribuidora, sendo usado como crédito para abater o consumo nos meses subsequentes. O investimento é alto mas o retorno vai além do que se sente nas contas: redução da emissão de carbono, o que vai ajudar no combate aos efeitos da mudança climática. Sustentabilidade que vale muito aos olhos da sociedade. E se todo empresário fizer sua parte, no Brasil inteiro, todos ganham. “No atual cenário econômico não restam dúvidas de que o maior ganho é a redução do valor pago por esse insumo de produção, porém, há também ganhos ambientais pois permite a recomposição dos níveis de nossos reservatórios evitando o uso de fontes de energia mais poluentes como as térmicas”, diz Jenner Luíz Puia Ferreira. Como consequência do menor uso de fontes mais caras, o valor da tarifa acaba também sendo menor em função do sistema de bandeiras tarifárias, em vigor no país desde janeiro de 2015. Economia no bolso do empresário e aumento de sua competitividade. "Em tempos de concorrentes globais, não tenho dúvidas de que o uso racional de energia elétrica melhora a competitividade local, entretanto, o rótulo de empresa energeticamente eficiente ainda precisa ser mais bem assimilado pelo consumidor comum". E por falar em cidadão, o consultor sugere estratégias que podem ser adotadas. “Há espaço para que esse consumidor pague um preço premium por produtos que venham de empresas energeticamente eficientes, mas para isso há de se ter um maior nível de consciência ambiental a ponto de se enxergar a relação do uso racional de energia com o meio ambiente”, afirma.

Lucro e sustentabilidade Desde a ocorrência dos chamados “apagões” no Brasil, na década de 90, o empresário Hélio Carlos Nantes já acendeu a luz de alerta na padaria Monte Líbano. De lá para cá, o cuidado para reduzir o uso de energia elétrica faz parte da gestão da empresa. Na prática, algumas mudanças foram feitas. Os fornos de pães, que ficavam ligados o dia inteiro, agora são desligados quando não há produção. As lâmpadas são desligadas quando a iluminação natural é suficiente. Para Nantes, a maior mudança é a cultural. “Temos que orientar frequentemente nossos funcionários sobre as medidas que podem colaborar com a redução. Esse é o principal desafio, fazer com que todos entendam que cada simples gesto representa muito em economia”, conta. HÉLIO CARLOS NANTES, PROPRIETÁRIO DA PADARIA MONTE LÍBANO.

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CAPA Quem também comemora no bolso os resultados de se investir em eficiência energética é o empresário Sérgio Setsuo Uehara, proprietário da Atual Cosméticos. A simples troca de todas as lâmpadas fluorescentes por lâmpadas de LED em 2015 fez a diferença. “O retorno do investimento foi em 11 meses”, diz. Antes de fazer a troca, Sérgio conta que comprou alguns modelos para testar e reduziu o número total de lâmpadas porque as de LED eram mais eficazes. Outra medida que colaborou na redução das contas pagas foi a substituição dos aparelhos de ar-condicionado por aparelhos com sistema inverter, cuja tecnologia por si só permite diminuição em até 40% do consumo de energia elétrica, sem picos de energia e que ainda mantém a temperatura do ambiente estável. Em algumas salas, o arcondicionado foi substituído por climatizadores. “A média de consumo, que ultrapassava 2 mil kws, caiu para 1.200 kws”, comemora. SÉRGIO SETSUO UEHARA, DA ATUAL COSMÉTICOS.

Dinheiro de volta Por fim, se o empresário já tomou todas as medidas para economizar, a boa notícia é que ele ainda pode ter seu investimento de volta. Isso porque qualquer pessoa física ou jurídica pode pleitear a restituição do ICMS pago indevidamente sobre TUST e TUSD nas contas de energia. Os cálculos são feitos com base nos valores pagos nos últimos 60 meses, atualizado até os dias atuais.

PRESIDENTE DO CONCEN/MS, ROSIMEIRE COSTA.

Projeto com retorno certo Outra forma de buscar melhorias é com o desenvolvimento de projetos. Quem dá a dica é a presidente do Conselho de Consumidores de Energia Elétrica – (Concen/MS), representando a Fecomércio, Rosimeire Costa. Ela explica que a Lei de Eficiência Energética prevê que as empresas concessionárias, no

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caso a Energisa ou permissionárias, devem aplicar obrigatoriamente o percentual de 0,4% de sua receita operacional líquida em programas de eficiência energética no uso final, ou seja, tanto da energia utilizada pelas empresas e indústrias quanto para as unidades sem fins lucrativos, sendo que essas a fundo perdido. No segundo semestre será possível apresentar projetos utilizando valores desse fundo, através de chamada pública. “A empresa apresenta a demanda e, se for selecionada, conforme os critérios a serem seguidos, o projeto será executado pela Energisa e o valor desembolsado será pago pelo empresário em tantas vezes quanto for a sua economia de energia após a eficientização”, conta. A presidente explica que o Conselho tem o papel de interlocutor entre as maiores classes de consumo de energia elétrica e a alta direção da concessionária distribuidora. É constituído por lei federal e congrega as classes do comércio, indústria, rural, residencial e poder público. “O benefício para a empresa é que acompanhamos de perto o trabalho desenvolvido e temos acesso às informações sobre seu desempenho e, desta forma, podemos cobrar qualidade na prestação do serviço. Estamos atentos aos pedidos de reajustes anuais da tarifa e principalmente quanto aos investimentos que devem ser feitos ao longo dos ciclos de cinco anos ante o planejamento apresentado”, ressalta.


Projetos de Eficiência Energética em MS A Energisa Mato Grosso do Sul iniciou em abril de 2016 o projeto “Conta Cidadã” para clientes residenciais de Campo Grande. A iniciativa consiste na troca de lixo reciclável por desconto na conta de energia elétrica. O projeto faz parte do Programa de Eficiência Energética da Energisa e segue as normas da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Desde que foi implantado, o projeto já coletou 555 mil toneladas de material reciclável, e o resultado foi a distribuição de R$ 46.868,36 em bônus aos participantes. Outro projeto de Eficiência Energética desenvolvido no Estado é o Nossa Energia, que realiza visitas aos municípios da área de abrangência da concessionária, efetuando o cadastro de famílias de baixa renda na Tarifa Social de Energia Elétrica e oferecendo atividades à população, como ações educativas em escolas; palestras e apresentações teatrais e substituição de equipamentos antigos por outros modernos e eficientes. Com a iniciativa chamada de Energia Solidária, consumidores residenciais de energia de Campo Grande, Corumbá e Dourados puderam comprar uma nova geladeira ou ar-condicionado com 40% de desconto e ainda contribuir com uma entidade filantrópica. A compra estava condicionada à entrega do equipamento antigo, com mais de cinco anos de uso e sem o Selo Procel. Os aparelhos entregues pelos clientes foram retirados do mercado e enviados para reciclagem. Essa e outras ações de eficiência energética permitiram o recolhimento de mais de 66 mil equipamentos como lâmpadas e refrigeradores no ano de 2016.

As empresas que tiverem interesse em participar do Programa de Eficiência Energética, podem inscrever os seus projetos na Chamada Pública de Projetos da Energisa. As propostas apresentadas devem estar em conformidade com os Procedimentos do Programa de Eficiência Energética (PROPEE) aprovado pela Resolução Aneel nº 556, de 18/06/2013. Os projetos apresentados passarão por análise técnica-econômica, definidas pela Aneel. Outra ação da Energisa é promover orientações sobre o uso racional e seguro da energia elétrica, por meio de materiais educativos e palestras.

Quer ajuda? Com uma análise da conta de energia de sua empresa é possível concluir o que pode ser feito para reduzir os gastos com energia elétrica. Envie a conta atual de energia de sua empresa para o e-mail abaixo e ganhe uma análise de consultores parceiros da Fecomércio.

E-mail: sebastiao@fecomercio-ms.com.br *Os 100 primeiros contatos de empresas da categoria serão atendidos gratuitamente dentro de 30 dias. Após, os demais serão atendidos de acordo com a disponibilidade dos consultores.

Serviços: Padaria Monte Líbano Endereço: Rua Sebastião Lima, 848 - Jardim Monte Libano, Campo Grande/MS Telefone: (67) 3382-0450 Atual Cosméticos Endereço: Rua Dom Aquino, 825 - Campo Grande/MS Telefone: (67) 3383-3050

Engenheiro Eletricista e Consultor Jenner Luíz Puia Ferreira Telefone: (67) 99221-9977 Engenheiro Eletricista Lean Satori Telefone: (67) 99286-3215 Concen Endereço: Avenida Gury Marques nº 8000 - Bloco 2 - Campo Grande/MS Telefone: (67) 3398-4902

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GESTÃO DE PESSOAS Por: Luciana Modesto Fotos: Mário Bueno

Donos capacitados, equipes satisfeitas Treinar os donos do negócio garante motivação de gerentes e funcionários Segundo uma pesquisa da Endeavor, feita com cerca de três mil empreendedores, dentre as dificuldades mais recorrentes dos donos do negócio, a falta de conhecimento é a maior delas, com 28% do índice total, estando a cima de itens como falta de investimentos (26%) e problemas de fluxo de caixa (25%). Outro estudo do Sebrae, intitulado “Os Donos do Negócio no Brasil”, com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE, aponta que no Brasil, do total de donos de uma empresa, somente 10% possui o ensino superior completo. A maioria (47%) não chegou a completar o ensino fundamental. Em Mato Grosso do Sul, a quantidade de empreendedores com superior completo está um pouco acima, com 12%, mas o ensino fundamental incompleto ainda é maioria, com 42%. E porque nível de conhecimento dos donos de um negócio é importante? Porque segundo amostra brasileira de uma pesquisa realizada pela Harvard Business, 84% dos profissionais não deixam a empresa, mas os donos da empresa. Ou seja, funcionários e gerentes valorizam empreendedores altamente capacitados, inovadores e com visão de negócio. Para aqueles que acreditam que o sucesso de uma empresa está em uma equipe qualificada, a pesquisa alerta que a qualificação precisa ir além e alcançar quem está realmente à frente. Basta imaginar um campo de batalha em uma guerra. Se o estrategista erra, todos os soldados morrem. A comparação é feita pelo empresário e coach Thalis Zayede, diretor da Escola de Negócios e Vendas KLA em Campo Grande.”Nas empresas é THALIS ZAYEDE, DIRETOR DA ESCOLA DE NEGÓCIOS E VENDAS KLA.

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a mesma coisa. Quando um empresário não consegue passar para a sua equipe a sua visão, a empresa automaticamente padecerá”, aponta. Zayede complementa que “quando o empresário ou gerente participa junto com a equipe de um treinamento, o resultado é maximizado em mais de 60%”.


AO CENTRO, VALÉRIA, SÓCIA-PROPRIETÁRIA DA ÓPTICA DO DIVINO.

Quando o dono do negócio não se envolve, dificilmente sua equipe consegue, sozinha, inovar e ousar novas formas de gestão ou novas ferramentas para lucrar. Isso porque quando um funcionário vai defender uma ideia, precisa da visão empreendedora do empresário. “O empresário sempre será exemplo para toda a equipe. Se o empresário focar no lucro, a equipe focará no lucro, se o empresário for inovador, ele atrairá inovadores para junto de si e se o empresário for aberto a novos conhecimentos e estratégias, a equipe dele será inovadora e ousará arriscar mais em novas estratégias. O empresário precisa obrigatoriamente estar capacitado, pois não cabe a ele somente o papel de chefe e sim de líder, que é capaz de arrastar uma multidão que deseja lutar pela mesma visão que a sua”, diz Zayede. Se até esse trecho dessa matéria a importância da capacitação para um dono de negócio não ficou clara, vale apostar em uma pequena suposição: digamos que depois de investir pesado somente na equipe de trabalho e porventura a empresa tiver que fechar e os funcionários, altamente capacitados, forem absorvidos por outros empreendedores, como fica o dono do negócio? Seu currículo lhe garante empregabilidade? Seu conhecimento acompanhou o mercado?

qualificação técnica e atendimento ao cliente. Há 17 anos à frente de uma empresa com 40 anos de mercado, mesmo com uma equipe de quatro funcionários Valéria faz questão de priorizar a capacitação constante. “Nosso objetivo é ser referência em Óptica no Estado”, ressalta. O retorno da sua qualificação e do treinamento frequente dos funcionários garantem bons resultados. “Os benefícios são inúmeros, como antecipação de tendências do setor óptico, habilidade em negociação e vendas, prospecção e retenção de clientes, posicionamento e fortalecimento da marca e parcerias sólidas”, diz.

Na prática A empresária Valéria de Oliveira, sócia-proprietária da Óptica do Divino, sabe bem como é importante investir em

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GESTÃO DE PESSOAS

Plácido Menezes é proprietário da clínica odontológica Arquitetura do Sorriso e também entende que é preciso cuidar do conhecimento pessoal e de sua equipe. “Fizemos investimento em treinamento de equipe com uma empresa especializada na área de Recursos Humanos há cinco anos”, afirma. Pensando em melhorar a gestão e motivar seus colaboradores, a atualização pessoal de Plácido é contínua. “Fiz vários cursos presenciais e on-line em consultoria e gestão tanto na minha área como na área empresarial. Os cursos trouxeram benefícios para o funcionamento da empresa e para os funcionários”, explica. E apenas buscar informação não foi o suficiente para Plácido, que encontrou no autoconhecimento a melhor estratégia para evoluir. “Fiz o processo de Coaching, enxergando meus defeitos e minhas qualidades, sabendo lidar melhor com as situações do cotidiano empresarial. Com isso consegui colocar vários projetos em prática, que antes só ficavam na ideia ou mesmo na vontade”, finaliza. Serviços: K.L.A. Educação Empresarial Telefone: (67) 99963-4140 Óptica do Divino Av. Mato Grosso, 2255 - Cruzeiro Telefone: (67) 3027-7240

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Arquitetura do Sorriso Rua José Antônio, 1256 - Vila Rosa Pires Telefone: (67) 3029-5029

E quem ficou interessado em buscar mais conhecimento poderá participar da palestra "O Poder do Lucro no Mundo dos Negócios". A palestra é voltada para executivos, diretores e gerentes.

Basta escrever Palestra no assunto do e-mail que a vaga será sua! E-mail: thalis@grupokla.com.br


MERCADO Por: Ana Lucia Abrão Foto: Arquivo pessoal

ECONOMIA EM MOVIMENTO Saques das contas inativas do FGTS colocam mais dinheiro em circulação Com o objetivo de movimentar a economia e fazer circular mais dinheiro, o Governo Federal decidiu, no final de 2016, permitir a retirada de recursos de todas as contas inativas do FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviço até dezembro de 2015. A medida está regulamentada pela Medida Provisória n° 763, de 22 de dezembro de 2016. Antes, somente poderiam sacar esses saldos os trabalhadores que estavam há três anos ou mais sem carteira assinada, ou seja, fora do sistema do FGTS por esse período. Segundo a regra antiga, quem fica por 36 meses ou mais sem recolhimentos para o fundo pode fazer a retirada do saldo que está parado. A partir da nova medida, está liberado o saque das contas que ficaram inativas até dezembro de 2015, conforme calendário de aniversário do trabalhador. Após o período de saques, que termina no dia 31 de julho, a regra antiga volta a valer.

pois transfere recursos que estavam em posse da união para a mão das pessoas, gerando mais dinheiro em circulação na economia e ampliando o potencial de consumo e quitação de dívidas. “O comerciante pode esperar um aquecimento, mas o FGTS por si próprio vai representar apenas 1% do PIB, ou seja, não teremos uma recuperação integral da economia do Estado, mas gerará mais possibilidade de negócios”. Para Oliveira, a dica do ponto de vista do consumidor é realizar uma reserva para eventuais gastos, e do ponto de vista do comerciante é usar sua criatividade para levar o cliente à aquisição de bens em geral. “O segredo é usar a criatividade, vincular promoções ao uso do FGTS, como já tem loja de departamentos fazendo na televisão, tirando dúvidas e vendo se o cliente tem o direito de resgatar. Essas dicas podem gerar negócios e melhores resultados para as empresas. Com toda a certeza, a liberação do recurso trará um resultado imediato”.

De acordo com informações da Caixa Econômica Federal, aproximadamente R$ 564 milhões serão liberados de FGTS de contas inativas somente no Mato Grosso do Sul, beneficiando cerca de 540 mil trabalhadores. O valor corresponde a quase 1% do PIB gerado no Estado. Com base nesses valores, o IPF realizou um estudo para avaliar os impactos que essa medida pode causar, tanto em relação ao estímulo a pagamento de dívidas quanto ao impulso na economia. Conforme dados da CNC - Confederação Nacional do Comércio de fevereiro de 2017, apesar do número de endividados em Campo Grande atingir 60,8% da população, a inadimplência na Capital está inferior a 14% da população. Segundo o economista e consultor empresarial e de gestão, Tiago Queiroz de Oliveira, esse impacto será positivo, Serviços: Valores Consultoria - Tiago Queiroz de Oliveira (67) 9.9988-0768 | tiago@valoresconsultoria.com


ENTREVISTA Por: Júlio Mendes fotos: Nolli Corrêa

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Jaime Verruck

Secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar


Caminhos de desenvolvimento e oportunidades Uma missão árdua. Auxiliar no fortalecimento de setores como comércio, serviços, indústria, bem como estimular parcerias, fomentar micro e pequenas empresas, formular políticas voltadas para o meio ambiente, estimular projetos, difundir novas tecnologias voltadas para o desenvolvimento, e por aí vai. A lista de atribuições é grande, mas o objetivo é um só: assegurar o crescimento econômico e sustentável de Mato Grosso do Sul, envolvendo todas as cadeias produtivas. À frente dos trabalhos está a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico que, recentemente, agregou as pastas de Produção e Agricultura Familiar, dando origem à Semagro. Para conhecer o trabalho realizado por esta nova Secretaria, fruto da reestruturação administrativa feita pelo governador Reinaldo Azambuja, a revista Comércio & Cia entrevistou o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, e seu secretário adjunto, Ricardo Senna. Verruck é economista, mestre em Economia Rural pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), doutor em Desenvolvimento e Planejamento Territorial pela UCM (Universidade Complutense de Madrid) e possui cursos de formação executiva em Estratégias e Inovação pelo INSEAD/França e pela Universidade da Pensilvânia/EUA (Wharton), e pelo Programa CEO FGV. Senna, por sua vez, é economista formado pela UFMS, possui MBA em Gestão Empresarial Estratégica em Agribusiness pela Fundação Getúlio Vargas, mestrado em Economia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e doutorado em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Confira abaixo a entrevista.

O que a Semagro tem feito para estimular e fortalecer o setor de comércio e serviços no Estado?

Como a Secretaria tem se aproximado dessas micro e pequenas empresas?

Jaime Verruck - O setor de serviços é constituído, em sua maioria, por micro e pequenas empresas. Dessa forma, criamos o Programa Estadual de Apoio aos Pequenos Negócios, o Propeq. Trata-se de uma política pública voltada ao pequeno negócio, onde cerca de 70% a 80% desses pequenos negócios são da atividade comercial.

Ricardo Senna - Fizemos uma série de ações. Talvez as mais importantes sejam as Rotas do Desenvolvimento. Foram feitas sete edições em todas as regiões do Estado. Mas além disso, um resultado concreto de estímulo ao micro e pequeno empresário está nas compras feitas pelo Governo. No total de compras feitas pelo Estado, apenas 30% eram feitas de micro e pequenas

empresas. Em 2016, aumentamos esse total para 70%. Outro dado também relevante é que destes 70%, 54% de empresas são do Estado de Mato Grosso do Sul. Vale destacar que esta é uma política inédita para o pequeno negócio, com destaque nos segmentos de comércio, serviços, e turismo, onde temos atuado fortemente. Com as Rotas, atendemos quase 10 mil empreendimentos e fizemos várias atividades. Isso foi feito em 2015, que foi quando lançamos o Propeq (em junho de 2015), e de 22 a 24 de julho

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daquele ano, fizemos a primeira Rota do Desenvolvimento, em Nova Andradina e, de lá, rodamos todas as regiões.

Qual é a ideia das Rotas do Desenvolvimento? Ricardo Senna - Além de levarmos um conjunto de serviços da Secretaria para nossos parceiros, a ideia foi conhecer a demanda dos empresários do setor produtivo de cada uma dessas regiões. Fizemos vários diálogos, atendemos empresários e debatemos junto aos nossos parceiros as soluções para cada demanda colocada. Como fruto deste projeto, temos, por exemplo, a criação de legislações específicas de incentivos fiscais, e dessa demanda surgiram isenções que foram tratadas junto à Secretaria de Fazenda. Certamente esse foi um dos antídotos da crise. O Propeq pode ser considerado como um dos responsáveis pelo MS ter mantido o desempenho de geração de empregos. Jaime Verruck - No ano passado, fomos o segundo Estado com geração de emprego positiva. E lembrando que todo ajuste interno que foi feito permitiu que o Estado de Mato Grosso do Sul fosse um dos que conseguiram pagar salário em dia durante todo o período de 2016. Quando falamos em desenvolvimento, vem esse conjunto de fatores. Os pequenos negócios no comércio, ser viços e turismo são fundamentais nesse quesito. Pensando nisso, trabalhamos para desburocratização da abertura de novas empresas. Tínhamos um tempo médio de abertura de empresas no Estado de 36 dias. Hoje, estamos integrados com as associações comerciais, com os municípios, de tal forma que a abertura de uma empresa

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se dá em 17 dias. É importante destacar que, dentro do Propeq, um dos projetos que temos é o de simplificação e desburocratização de procedimentos. Ou seja, eliminar a burocracia para o setor produtivo. Temos a meta de, até o final do governo, chegar a cinco dias. A própria Junta Comercial, que está vinculada à Secretaria, trabalha nesse sentido também. Mato Grosso do Sul tem sido peça i m p o r t a nte n o fo r t a l e c i m e nto econômico de outros Estados, por meio de várias ações e parcerias. Quais os benefícios dessas relações e os impactos na economia local? Jaime Verruck - O que temos são parcerias no processo de desenvolvimento. Em relação ao setor de comércio, serviços e turismo, penso que o turismo é o mais forte nisso. Estamos trabalhando, inclusive, com a Sudeco, para o desenvolvimento do turismo na região Centro-Oeste. Estamos desenvolvendo o Observatório de Turismo e MS será referência. A ideia é trabalhar o turismo interno e o setor no Centro-Oeste também. Já existe uma iniciativa da própria Sudeco, que é o Brasil Central Tur. A parceria com os outros estados é fundamental para que possamos avançar no desenvolvimento do turismo, que representa maior fluxo de pessoas. Para isso foi criado o Consórcio Brasil Central, com a ideia de fortalecer a região. Esse projeto, que não está só no Centro-Oeste, mas também em Rondônia, Tocantins e Maranhão, trabalha o desenvolvimento integrado de toda a região. O Consórcio conta com reuniões sistêmicas a cada dois meses e trabalha questões tributárias, econômicas, de turismo, meio ambiente, etc. E não podemos deixar de citar a parceria

com o Estado de São Paulo. A maioria dos nossos produtos vão pra lá e muitas pessoas de lá vem pra cá também. A inter relação de MS com SP é fundamental para termos um trabalho alinhado e efetivo. Qual a importância do FCO - Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste para o impulsionamento da economia de MS? Jaime Verruck - Essa talvez seja a melhor fonte de financiamento que temos no âmbito do Centro-Oeste. Seja ela por disponibilidade de recursos ou por sua taxa de juros, que é extremamente competitiva. São duas vantagens competitivas. O FCO passa necessariamente pelo Governo e, para isso, temos o Conselho de Desenvolvimento Estadual, do qual a Fecomércio-MS e demais federações fazem parte. Todo financiamento tem que ser analisado e aprovado. Estamos com reuniões a cada 15 dias. Hoje o Estado não é um entrave no processo de liberação do FCO. Temos uma disponibilidade de recursos neste ano de mais de R$ 2 bilhões, sendo 50% para o meio rural e 50% para a área empresarial. No ano de 2016 tivemos uma retração de demanda por parte do empresariado, indústria, comércio, serviços e turismo, por causa de uma queda do PIB de 3,6% e por conta de uma perspectiva negativa da economia. Este ano, diferentemente, já temos R$ 450 milhões aprovados para a área empresarial. Existe uma confiança do empresário com relação a demanda. E é interessante o seguinte: cerca de 70% ou 75% desse recurso precisa ser aplicado em micro e pequena empresa. O foco do FCO, por mais que também financie os grandes, é o micro e pequeno empresário.


Como o empresário pode ter acesso a esse fundo para investir no próprio negócio? Jaime Verruck - Temos uma estrutura dentro da Secretaria que possibilita capacitação e conhecimento dos empresários. Realizamos fóruns e caravanas do FCO. O empresário precisa considerar que o repassador desse recurso é essencialmente o Banco do Brasil, então é preciso ter conta nesse banco. Depois disso, ele apresenta uma carta-consulta para a Secretaria, que vai avaliar o enquadramento e aí ele vai avançar. O que queremos é mostrar para o empresário que essa é uma linha de financiamento muito competitiva e dificilmente ele irá encontrar as mesmas vantagens em outras iniciativas. Aqui na Secretaria há uma estrutura específica de coordenação de crédito para fazer orientações aos empresários. Há investimentos em outras opções que possam intensificar a competitividade? Ricardo Senna- Há uma janela de oportunidades com a Fundação de Ciência e Tecnologia vindo para a S e c re t a r i a , o n d e t ra b a l h a m o s o direcionamento de editais de pesquisas científicas para o desenvolvimento da competitividade em setores como os da indústria e do agronegócio. É um alinhamento que faremos para que a ciência e tecnologia colaborem no aumento da competitividade. Uma das alternativas citadas pelo Governo Estadual para enfrentar a queda na arrecadação do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) é a revisão dos incentivos fiscais. Tais ajustes

devem ser discutidos com os empresários? Jaime Verruck - O País todo passa por uma queda na arrecadação. Tivemos recentemente uma surpresa, a redução do bombeamento de gás. Isso não estava no nosso planejamento, e acabou agravando a situação financeira do Estado. Para amenizar o impacto, o Governo adotou uma série de medidas. Tivemos uma redução administrativa em torno de R$ 34 milhões por mês. O Governo cortou na própria carne para evitar danos maiores. Depois, em um segundo momento, mexeu com o teto dos gastos, ou seja, estabeleceu, assim como é na empresa privada, que não podemos gastar mais do que arrecadamos, vinculando todos os gastos com a receita. E a terceira, que afeta o servidor público, que é a previdência. E depois vem o incentivo fiscal. As indústrias também terão que fazer um esforço para isso. O Governo, Semagro e a FIEMS discutem essa questão e estamos com a proposta praticamente alinhada, para que façamos alterações nos incentivos fiscais. Em momento algum faremos corte linear. Qualquer discussão a esse respeito passará pelas entidades que representam o setor, e já estamos trabalhando em conjunto para isso. Agora falando em logística, o governo tem estudado novas opções para viabilizar o transporte? Jaime Verruck - Contamos com o Programa Integrado de Logística e Transporte que mostra exatamente as grandes deficiências que temos no setor de logística. Primeiro, a questão da estrada vicinal. O Governo já criou um programa específico, através de recursos do Fundersul, para auxiliar

nessa questão. São 87 pontes construídas e o asfaltamento das estradas vicinais. O grande volume de produção e atividades ocorrem nessa lógica regional. Além disso, reabrimos o porto de Porto Murtinho. Não tínhamos saída no Rio Paraguai para commodities. Então, fizemos uma política pública específica, criando ali uma zona especial de exportação. Esse ano já serão transportadas 200 mil toneladas pela hidrovia. A outra questão que estamos trabalhando, na B R 262 e 267, é pressionar o Governo Federal para que seja feita uma terceira pista, de ponta a ponta, e o recapeamento de todas as vias. Já em relação a ferrovia, o grande impacto que tivemos no início do Governo foi a suspensão do transporte ferroviário na linha Bauru - Corumbá. Estamos fazendo um trabalho muito forte na questão da tentativa de reativação da ferrovia através da busca de investidores, lembrando que a ferrovia é federal e não estadual. E recentemente houve uma reunião na Bolívia, onde estamos com um projeto que chamamos de Ferrovia Bioceânica. E uma outra questão, que impacta comércio e serviços, são os voos. Quando entramos no Governo, havia possibilidade de suspensão de voos regionais em Corumbá. Fizemos uma alteração de política pública e incentivos fiscais com redução de ICMS e conseguimos retornar com o voo diário para Bonito e mantivemos o voo de Corumbá, que hoje vai direto a São Paulo. Quais ações são feitas para estimular os jovens ao empreendedorismo? Ricardo Senna - Dentro do Propeq, temos parceria com a Subsecretaria da

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Juventude. Entendemos que temos aí um filão de negócios em que os jovens podem contribuir significativamente. Um dos projetos onde estamos atuando é o Living Lab, com o Sebrae. Trata-se de um projeto voltado para o desenvolvimento de startups, de perfil de jovens empreendedores. Também temos o Propeq Música que vem para auxiliar os músicos que não deixam de ser pequenos empresários. Já entramos em contato com dois dos grandes escritórios de produção de música para avaliar quais caminhos podemos seguir para alavancar isso mais rapidamente. A ideia é conseguirmos articular um conjunto de capacitações, uma rede de relacionamentos, para que os músicos tenham mais noção de negócios na sua atividade. Jaime Verruck - Quando se abre uma micro empresa, há uma mortalidade de 80% em termos de negócio. No mundo da música, talvez esse índice chegue a 95%. É um desperdício de talentos exatamente porque não conseguem fazer nenhum tipo de gestão. A lógica do Propeq Música é estruturar os músicos enquanto negócio, para melhorar o nível de sucesso desse profissional. Quais os principais desafios enfrentados desde que assumiram a Semade (hoje, Semagro) e as expec tativas para os próximos meses? Jaime Verruck - Nosso primeiro desafio foi a reestruturação, alinhando o desenvolvimento econômico, ou seja, todo o setor produtivo, junto com o m e i o a m b i e n t e. E m b o r a m u i t o s acreditassem que eram dois setores

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RICARDO SENNA E JAIME VERRUCK COMENTAM SOBRE OS PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO PARA MATO GROSSO DO SUL.

conflitantes, provamos que não. Ambos os segmentos criam sinergia, porque quem vem demandando muito o meio ambiente é o mesmo empresário que nos procura para falar sobre financiamento, incentivos e outras políticas de apoio à competitividade. E isso permitiu a desburocratização dos processos, porque facilitou o diálogo. Logo, pudemos ouvir os empresários e conseguimos materializar isso nas políticas públicas e nas ações realizadas. Ricardo Senna - Conseguimos avançar no licenciamento ambiental, inclusive, reestruturando núcleos industriais em Campo Grande, Dourados, Fátima do Sul, e outros municípios, por exemplo. Isso é uma política de aumento de competitividade, em que você cria um local para instalar empresas. Houve atração de

investimentos e até o momento temos captados R$ 37 bilhões para isso. Claro que, em função até da própria crise, os i nve s t i m e n t o s p ro g r a m a d o s n ã o acontecem ao mesmo tempo. No caso do turismo, queremos dar um foco enquanto atividade econômica. Entendemos que, sob o ponto de vista do ecoturismo e turismo de negócios, temos um potencial enorme para fazer com que essa atividade seja uma alternativa econômica, e é isso que estamos alinhando. Na ciência e tecnologia, temos a perspectiva de alinhar a pesquisa científica ao desenvolvimento econômico. E na agricultura e pecuária, estamos falando de empresários do agronegócio, que terão o mesmo tratamento porque estão dentro da mesma diretriz, que é fomentar o setor produtivo e trabalhar pelo aumento da competitividade.


IPF/PESQUISA Por: Júlio Mendes

Sustentabilidade que gera resultados Atitudes simples ajudam a diminuir emissões de CO2, trazendo ganhos para o meio ambiente e também ao setor de comércio e serviços Estudos realizados pelo IPF/MS - Instituto de Pesquisa Fecomércio de MS apontam que pequenas ações podem trazer ao empresário redução de custos, complemento ao atendimento, atratividade de preços e, ainda, um olhar às questões ambientais, sendo possível reduzir a quantidade de CO2 emitido na atmosfera por meio de pequenas ações dentro da empresa. Mas, como isso seria possível? Os dados divulgados pela instituição mostram que o setor de comércio e serviços em Mato Grosso do Sul são responsáveis por quase 30,91% do consumo de energia, o que equivale a quase 22% do total de emissões de CO2 em MS. Dentro deste setor, o segmento que mais emite CO2 é o de Transporte, Armazenagem e Correio, responsável por 94% das emissões. Isso ocorre porque este ramo se comporta como setor chave na economia, sendo pressionado a consumir mais energia, principalmente aquela proveniente do Diesel. No entanto, de acordo com a pesquisa, o aumento de 1% na demanda do comércio acarretaria em um crescimento de 0,0758% do consumo de energia para viabilizar a prestação de serviços, e de 0,3616% nas emissões de CO2. O impacto parece pequeno, mas, em se tratando de questões ambientais, o resultado pode fazer toda a diferença em tempos onde o cuidado e preservação do meio ambiente estão em alta. Desta forma, como o empresário poderia olhar o seu negócio como uma forma de gerar renda e, ao mesmo tempo, ser sustentável? Uma das alternativas seria a redução de custos. “Isso não implica dizer que a economia deve deixar de crescer para diminuir as emissões de CO2. Porém, é possível aproveitar a importância dessas questões para trabalhar, inclusive, a imagem da empresa. Muito tem se falado do 'poluidor pagador', mas o empresário pode enxergar as

questões ambientais como estratégia também”, afirma a economista Daniela Dias, responsável pelo estudo. Antes de saber qual a melhor estratégia a adotar nesse sentido, é preciso entender o que é possível fazer para reduzir custos da empresa atrelando-os às questões ambientais. É necessário ter em mente que a lucratividade é a receita menos os custos, ou seja, reduzi-los equivale a um aumento nos lucros. Caso essa redução repercuta nos preços, pode haver mais atratividade para os consumidores. Com isso, outra pergunta: mas essa ação não pode reduzir a receita da indústria de papel, caso seja menos demandada em função do reaproveitamento? Segundo o estudo, não. “Cabe ressaltar que a maior parte do papel produzido destinase a outros países, apenas quando muitas empresas têm um comportamento semelhante poderá interferir nessa receita da indústria. Vale ressaltar, inclusive, que ações como essas interferem na formação de imagens mais positivas para o comércio do vestuário em função de seu fornecedor e para a própria empresa de transportes”, argumenta Daniela. A especialista enfatiza que o empresário não deve olhar para as questões ambientais como uma estratégia única, ele deve enxergá-las como um complemento, onde será possível pensar em preços mais atrativos, bem como criar uma imagem positiva da empresa perante os potenciais consumidores e seu papel social. “O atendimento, a preocupação ambiental e a possibilidade de reduzir custos podem funcionar como uma forma de agregação de valor ao negócio e como um mecanismo para trabalhar a imagem da empresa, de modo que o resultado final poderá repercutir em potenciais consumidores”, conclui a economista.

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ORIENTAÇÃO Por: Júlio Mendes Foto: Ellen Albuquerque

Juntos no amor e no trabalho Casais contam experiências de trabalharem em conjunto Trabalhar o dia inteiro, para depois chegar em casa e compartilhar com o cônjuge como foi o dia no serviço. Talvez, essa seja a rotina da maioria das pessoas mas, não a de casais que trabalham juntos. Unidos no amor e no expediente, marido e mulher precisam encontrar um ponto de equilíbrio para manterem suas vidas pessoais e profissionais sadias. Um estudo realizado pelo Isma-BR - International Stress Management do Brasil mostra que o relacionamento de casais que trabalham juntos pode ser mais agradável, devido à compreensão e ao menor desgaste emocional. A pesquisa aponta que 80% dos casais entrevistados que exercem alguma atividade profissional juntos lidam melhor com as angústias e com a carga horário do companheiro. A Kibela Moda Praia é uma loja que nasceu a partir desse pensamento. Criada em 2003 pelo casal Irlanda Cabral Coelho e Antônio Morgado Ferreira, o empreendimento surgiu por meio de um plano do casal, que buscava inovar e trazer novidades para os clientes no que diz respeito ao segmento da

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moda. “Dentro desse propósito, o crescimento da empresa foi natural, sentimos o apoio da comunidade e da clientela. É como se fosse um apelo para que avançássemos”, explica Irlanda, que na empresa ficou responsável pelo departamento de criação, produção, layout e marketing. Com planejamento e trabalho em conjunto, o casal conseguiu aumentar o número de lojas e expandir para outras cidades. De Campo Grande, foram para Dourados (MS), Cuiabá (MT) e Maringá (PR). As peças são voltadas para moda praia, fitness e ballet. Atualmente, o casal gerencia oito lojas, além da indústria de fabricação própria, contando com o apoio de 70 funcionários. “Graças a essa filosofia de trabalho, somos muito bem aceitos nas cidades onde atuamos. E pretendemos no futuro abrir mais lojas. Para isso, estamos planejando estruturar melhor nossa gestão, especialmente a área de Recursos Humanos, e então avançaremos”, conta Irlanda. Mas, por que decidiram trabalhar juntos? A ideia, segundo Irlanda, surgiu da necessidade uma parceria. “Eu precisava de


EQUIPE DA KIBELA MODA PRAIA EM CAMPO GRANDE-MS

um suporte para me ajudar na empresa, naquilo que eu ainda não dava conta dentro das minhas necessidades. E o Antônio havia chegado recentemente dos EUA e estava procurando uma oportunidade para recomeçar a vida no Brasil. Conversamos e começamos a trabalhar desde o dia 01 de dezembro de 2003 e alcançamos o sucesso juntos”, relata. O apoio de ambas as partes para prosseguir foi, e é fundamental. Irlanda conta que Antônio sempre acreditou nas ideias que ela trazia e que esse foi o primeiro passo para o crescimento da empresa. Ou seja, ela dava as ideias e ele a auxiliava e corria atrás para concretizá-las. No entanto, nem tudo é mar de rosas, pois há momentos em que pode haver bastante divergência de opiniões e posturas diferentes em determinadas situações. Contudo, a união sempre falou mais alto e o casal segue firme. Antônio, responsável pelo setor administrativo da loja, acredita que não há uma fórmula de sucesso quando o assunto é casais que trabalham juntos. Para ele, o segredo é procurar a cada dia superar os desafios, as dificuldades, os desânimos, levantar a cabeça e seguir sempre em frente, com objetivos de sempre levar ao crescimento da empresa. Dentro desse mesmo propósito, não se pode esquecer também da família, escola dos filhos, saúde, bem-estar, lazer, amor, carinho e atenção. “É importante que haja afeto e amor entre o casal, pois esta é a energia principal para que tudo isso possa acontecer. E, acima de tudo, estar presente na vida da empresa e na dos filhos. Esse é o grande desafio”, acredita Antônio. Ele também concorda que as divergências em opiniões atrapalham em determinadas situações, mas garante que isso faz parte de qualquer convivência. “Na verdade, eu não diria

que isso é um atrapalho, mas sim desafios naturais de uma relação. A diferença é que nossa convivência é muito mais intensa e desafiadora. O que ajuda é que estamos sempre juntos, e a cumplicidade entre nós é bastante notável, sendo isso muito importante dentro de um relacionamento conjugal e profissional”, reitera.

ANTÔNIO E IRLANDA: TRAJETÓRIA DE SUCESSO DO CASAL COMEÇOU EM 2003.

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ORIENTAÇÃO Por: Júlio Mendes

OS EMPRESÁRIOS HELENITA FERRI E RICARDO FERRI CONDUZEM, JUNTOS, A ESCOLA DO SUCESSO, COM TREINAMENTOS DE COACHING PARA PESSOAS FÍSICAS E JURÍDICAS.

Ricardo Ferri e Helenita Brum Ferri também aliam o amor que sentem um pelo outro à profissão. Casados há aproximadamente oito anos, juntos criaram a Escola do Sucesso, com foco no treinamento em autocoaching e líder coach. “Trabalhamos com treinamentos tanto para empresas quanto para pessoas físicas. Se uma empresa nos procura com alguma necessidade específica, criamos uma programação que atenda a tais objetivos e metas. O coach trabalha o estado atual dos indivíduos e os ajuda a alcançar determinado objetivo”, explica Helenita. A empresária, que concilia as atividades na Escola do Sucesso com outras duas franquias que gerencia com a família, diz também que o coaching auxilia no processo de autoconhecimento. “É como se fosse um personal de vida, que ajuda a atingir os seus objetivos. É um acompanhamento que auxilia no esclarecimento e tomada de decisões. O autocoaching, por exemplo, veio para ensinar as pessoas a identificar suas competências, por meio de ferramentas que podem ser usadas no dia a dia”, salienta. As turmas são abertas periodicamente. E, para manter o empreendimento, o casal aposta as fichas em estudos e planejamentos de metodologias que possam ser aplicadas em cada turma. Assim, a escola tem a missão de contribuir com conhecimentos que ajudem a despertar a mente do ser

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humano, descobrindo o seu potencial e a essência das pessoas na busca de um mundo melhor. “Vivo e respiro isso há quase 10 anos. Queria ajudar as pessoas e não tinha ferramentas para isso. Quando tive o contato com o coaching, eu vi que era isso que faltava. E que existe um método que pode fazer você mudar de vida”, relata Helenita. E foi com o pensamento em sintonia que ela e o marido, Ricardo, criaram a Escola do Sucesso. Para que negócios e casamento deem certo, é preciso sabedoria e paciência, alega Ricardo. “Paciência pelo fato de que, quando já conhece a pessoa, é mais fácil de você 'estourar', porque já espera que a pessoa entenda o que você esteja falando. E sabedoria para saber diferenciar a hora que é trabalho, e a hora que está em casa”, explica o empresário. No entanto, algo é inevitável: levar trabalho para casa. “A gente acaba trazendo muito. Porém, é gratificante, porque a admiração no relacionamento aumenta demais também. A pessoa vê seu valor não só como pai, como marido, mas como profissional, e ver o que a pessoa pode fazer fora do ambiente familiar é extremamente gratificante, além de saber que você trabalha com uma pessoa que você admira”, enfatiza Ricardo. Ele conta que o mais importante de tudo isso é poder admirar em todos os aspectos a pessoa com quem vive. E não poupa declarações à esposa. “Eu acho ela, sem dúvida


FOTO: DIVULGAÇÃO

nenhuma, a melhor gestora, melhor coach, melhor profissional que eu já conheci no mundo business, e eu tenho certeza que ela aposta todas as fichas em mim quando se trata de um coach e trainner no que tange o desenvolvimento de pessoas, e isso só acontece porque a gente trabalha junto”, argumenta. Como Helenita se dedica também a outras duas empresas, a Escola é gerenciada, em sua maior parte, por Ricardo, principalmente nos setores financeiro e atendimento aos clientes. Porém, ambos trabalham juntos na elaboração de materiais e metodologias para os participantes dos cursos. Helenita conta que para aliar casamento e negócios é preciso ter em mente quais as competências de cada um, e definir as atividades, ou seja, quem faz o que. Ter um organograma e trabalhar com planejamento estratégico é essencial, além de definir e ter em mente o qual a visão de futuro da empresa e onde querem chegar. “Planejamento estratégico e objetivos precisam ser claros. Os valores de ambos precisam estar congruentes um com o outro. É preciso, ainda, ter sintonia de pensamento para evitar conflitos. Caso contrário, é melhor não continuar trabalhando juntos”, orienta. O diálogo, segundo a profissional, é essencial. “Não tem problema cada um pensar diferente. Não é porque trabalhamos na mesma área que precisamos ficar falando de trabalho

HELENITA E RICARDO COM SEUS FILHOS.

em casa. É muito importante que os valores estejam alinhados, bem como as expectativas. O que um espera do outro? Entender e respeitar os limites do outro é fundamental. Quando a gente percebe isso, não é pelo fato de eu pensar de tal forma que todo mundo vai ter que me engolir. Diálogo é importante para manter as duas coisas. Hoje eu entendo que cada um é bom em uma coisa, e ambos se complementam”, conclui.

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COMÉRCIO E SERVIÇOS Por: Júlio Mendes Foto: Divulgação ABEAR

Aviação e seus benefícios Estudos apontam impacto da aviação no setor de Comércio e Serviços de MS e sugere novas possibilidades para o ramo Definir um destino. Traçar rotas. Separar pertences, escolher roupas adequadas, selecionar acessórios indispensáveis. Optar por uma mala em que caiba tudo isso. Efetuar check-in e se preparar para decolagem. São muitas as atitudes tomadas para que uma viagem seja realizada. Mas você já parou para pensar até que ponto isso pode influenciar a economia do local que será visitado? Uma análise feita pelo IPF/MS - Instituto de Pesquisa Fecomércio de MS, com base em dados divulgados pela Infraero, mostra o impacto da aviação no setor de Comércio e Serviços do Estado por meio do turismo. O estudo mostra que, tradicionalmente, os desembarques em Campo Grande ocorrem, principalmente, nos meses de janeiro, julho e dezembro. Não há fluxo significativo necessariamente em todas as datas comemorativas. Já em Corumbá, os desembarques tendem a seguir o mesmo fluxo durante todo o ano, independentemente do mês.

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Ainda conforme dados da Infraero, de 2012 a 2016 houve queda de 12,34% nos desembarques, e 11,36% nos embarques. “Percebe-se que esse desempenho menor se intensificou, principalmente, em 2015 e 2016, em partes enquanto reflexo da instabilidade econômica e, por outro lado, devido ao menor fomento ao turismo na região”, explica a economista do IPF/MS, Daniela Dias. Em 2016, praticamente todos os desembarques que ocorreram em Campo Grande foram domésticos, advindos de outras regiões ou unidades federativas brasileiras. Esse dinamismo ocorre desde 2012. No caso de Corumbá, em 2012 os desembarques internacionais chegaram a representar 35,62% e em 2016, praticamente não existiram. Diferentemente desse comportamento, em Corumbá houve aumento de 54,75% nos desembarques e 3,93% nos embarques. “Em meio a essas informações, é importante destacar que dentre os principais destinos dos turistas,


evidenciados na pesquisa de carnaval de 2017, realizada pelo IPF, estão Corumbá, Serra da Bodoquena e Bonito, o que pode se justificar em partes esse crescimento". Diante dos dados revelados, nota-se as oportunidades de fomentar e difundir ainda o turismo em Mato Grosso do Sul, seja pelo ecoturismo, pelo turismo de negócios ou outra modalidade. Segundo informações divulgadas no relatório “Voar por Mais Brasil”, da ABEAR - Associação Brasileira das Empresas Aéreas, há importante participação na economia por meio do turismo, no se que se refere a geração de emprego, renda e impostos. Por conta disso, em 2016, segundo dados do relatório, foram gerados 48,8 mil empregos e R$ 2,1 bilhões em produção, sendo que parte deste valor ocorreu sob a forma de tributos e a partir dos salários pagos, originados do turismo catalisado. Apesar disso, o estudo mostra que os resultados podem ser melhor explorados.o de desembarques em Corumbá”, reitera a economista.

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COMÉRCIO E SERVIÇOS Por: Júlio Mendes

“O turista traz consigo recursos a serem gastos no Estado e que impactam sobre diversos setores relacionados, como o de transportes, alojamento e alimentação, nas atrações culturais e turísticas e também no comércio de lembranças. Uma das formas para difundir ainda mais isso é por meio da divulgação, alcances das mídias sociais, investir em atratividades, atendimento e benefícios”, sugere Daniela Dias. Uma das alternativas que prometem dar um novo gás ao turismo, e consequentemente a geração de renda em Mato Grosso do Sul é o fato de, desde fevereiro deste ano, os atrativos de Bonito e Corumbá possuírem novas opções de locomoção para viagem. Isso porque a Azul Linhas Aéreas Brasileiras anunciou voos diários, com conexão direta entre São Paulo, Bonito e Corumbá, em vários horários. A novidade promete impulsionar o turismo na região, principalmente em relação ao setor de eventos, bem como comércio e serviços. O presidente do Bonito Convention Bureau, Rodrigo Coinete, acredita que a região passará a ser acessada pelos visitantes com mais facilidade e agilidade. Ele ressalta que, a captação de eventos será beneficiada. “Além de facilitar a vinda do turista de lazer nos períodos de férias, acredito que o impacto maior seja na captação de eventos. Temos congressos e reuniões que acontecem o ano inteiro, com participação de pessoas vindas de várias partes do Brasil”, afirma. Ainda segundo Coinete, os voos diários poderão auxiliar no aumento da competitividade do destino para a realização dos eventos. “Temos diversas instituições que querem trazer eventos para Bonito, mas que tinham um 'pé atrás' em

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relação ao transporte. Por isso, começamos o ano com o pé direito com essa notícia. Vamos focar as nossas ações usando essa grande novidade”, destaca. Já na visão do secretário municipal de Turismo de Bonito, Augusto Mariano, a iniciativa vai ajudar a interligar Bonito e Corumbá com o Brasil e o Mundo, favorecendo a cadeia produtiva do Turismo. “Nessa economia globalizada, onde as pessoas precisam de mais celeridade nas ações, os voos encurtam as distâncias. Para essa realização, o incentivo do Governo do Estado foi fundamental. Temos um aeroporto de ponta, e isso favoreceu as companhias a olharem nossa cidade com visão diferenciada”, acredita. Para o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, a medida impacta diretamente o setor de comércio e serviços. Ele conta que foi feita uma alteração de política pública e incentivos fiscais com a redução de ICMS e, desta forma, foi possível retornar os voos diários para Bonito e manter os voos de Corumbá. O secretário comenta que a ideia é intensificar os voos em Campo Grande também. “Estamos discutindo com as companhias. Precisamos melhorar o terminal. Possuímos boa pista, bom espaço e aeroporto bem localizado. Então inclusive no turismo, vamos melhorar o Centro de Atendimento ao Turista dentro do aeroporto, já temos uma emenda parlamentar, o objetivo é fazer um centro de atendimento ao turista dentro do aeroporto”, declara Verruck.


ARTIGO

Julio Carlotto GRUPO ADVIS Especialista em Gestão de Resultados Especialista em Lideres de Alta Performance

A estratégia e gestão de pessoas como fundamento para o crescimento e a perenidade do negócio Infelizmente na maioria das organizações os profissionais que respondem pela área de desenvolvimento de pessoas desconhecem, ou pouco conhecem, sobre a estratégia e os principais objetivos estratégicos do negócio, menos ainda sobre as principais metas, que se alcançadas, proporcionam geração e criação de valor para sócios, investidores ou acionistas. Isso acontece não por falta de conhecimento técnico desses profissionais quanto às principais demandas relativas a gestão de pessoas, os chamados Subsistemas de RH. Os mais difundidos e praticados são: recrutamento e seleção, avaliação de desempenho, treinamento e desenvolvimento, meritocracia baseada em remuneração e carreira, entre outros... Todas essas “boas práticas” são necessárias, importantes, complementares e pouco efetivas, se não estiverem plenamente alinhadas com os principais objetivos e metas do negócio. A efetividade fica mais prejudicada ainda se a percepção do profissional responsável pela área de recursos humanos não tiver o pleno entendimento quanto ao principal papel da gestão de pessoas, que é divulgar e facilitar as pessoas para agir e alcançar a estratégia, principalmente as lideranças e os potenciais talentos. Na maioria das vezes existe uma estratégia. O problema é que, quase sempre, esta estratégia não está clara para as pessoas que fazem parte da organização, sócios, investidores, e muito menos para os gestores e profissionais responsáveis por promover uma cultura voltada para alcançar objetivos e metas, com busca constante pelo alto desempenho. Mudar essa situação pode parecer difícil, mas não é, basta estabelecer uma análise profunda por meio de alguns questionamentos críticos descritos a seguir:

Existe uma crença da alta gestão que as pessoas são o principal diferencial competitivo do negócio? Que bem preparadas e inseridas, fazem a diferença para consolidar uma nova cultura voltada para resultados e alta performance? A empresa possui um planejamento estratégico alinhado com as principais necessidades de melhoria da gestão - visão interna, considerando objetivos que retratem as principais oportunidades e possíveis ameaças - visão externa?

As principais lideranças, o profissional de RH, e os profissionais responsáveis pelas áreas de apoio essenciais, compreendem claramente os seus devidos papéis?

Responder essas questões de maneira honesta é fundamental para perceber qual é o nível de maturidade organizacional da empresa e de seus principais profissionais. Se as respostas não forem claras ou minimamente atendidas, é muito importante buscar imediatamente os caminhos para reversão e alinhamento entre a estratégia e as pessoas chaves, principalmente lideranças e profissional responsável pela gestão de pessoas. Em resumo, a plena contribuição das lideranças e do profissional responsável pela gestão de pessoas depende de duas coisas: primeiro da visão ou entendimento sobre a estratégia do negócio – VISÃO ESTRATÉGICA – e segundo sobre a aderência da empresa quanto aos questionamentos críticos descritos acima – MATURIDADE ORGANIZACIONAL – É importante pensar profundamente nisso, e começar a transformação o mais breve possível... Bom trabalho a todos!

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GESTÃO COMPETITIVA

FOTO: DIVULGAÇÃO

Por: Júlio Mendes

Mais agilidade e resultados para o cidadão Empreendedorismo é ferramenta para melhorar eficiência da Gestão Pública

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entanto, é necessário vencer algumas barreiras. Para ele, o problema não é a falta de pessoas boas ou qualificadas para exercerem as funções, já que o brasileiro é povo cheio de ideias criativas. Porém, a desmotivação, excesso de controle e burocracia, falta de colaboração e ineficiência de TI (Tecnologia da Informação) podem ser algumas das dificuldades encontradas.

FOTO: DIVULGAÇÃO

“Você não cria um empreendedor, você desperta e se descobre enquanto empreendedor”. A afirmação do mestre em Engenharia e consultor da Elo Group, André Macieira, confirma um dos atuais objetivos da gestão pública em Mato Grosso do Sul, que é despertar o potencial empreendedor dos servidores públicos para que sejam protagonistas de mudança. Esse encorajamento trouxe bons resultados, tanto para as operações internas, quanto aos serviços oferecidos ao cidadão. Dentro dessa perspectiva, foi realizado, em março, o primeiro GovLab, com o intuito de melhorar a qualidade do serviço público. A ideia é transformar o governo por meio daqueles que constroem o serviço público diariamente, ou seja, os servidores, para despertar o potencial empreendedor dos servidores públicos, reconhecer as barreiras existentes para empreender e superá-las com modelos e ferramentas aplicáveis no dia-a-dia, renovar conhecimentos com o que há de mais novo em governo e impactar a instituição ao preparar seus integrantes para responder os desafios de forma humana, sistêmica e eficaz. O consultor André Macieira explica que empreender na gestão pública pode ser mais simples do que se imagina, no


FOTO: ELLEN ALBUQUERQUE

“Você não cria um empreendedor, você desperta e se descobre enquanto empreendedor”.

CONSULTOR DA ELO GROUP, ANDRÉ MACIEIRA.

Para solucionar essas questões, o desafio é descobrir o empreendedor que há dentro de cada pessoa, buscando novas formas de atender o cidadão, com agilidade e praticidade. Para isso, é preciso qualificação. “Sempre que o cara não se prepara e tenta fazer uma grande transformação, não dá certo. Temos de ser muito responsáveis. O impacto negativo que isso pode causar é muito superior, então, é preciso ter muito cuidado”, lembra o consultor. Macieira destaca que a agilidade dentro do governo está ligada a um planejamento detalhado e implementação de agenda clara, onde há colaboração entre os indivíduos. O que pode ajudar nesse sentido? A resposta é simples: mapas de entregas, materialização de tarefas, contexto de comprometimento com prazos e visão, ou seja, saber as metas as serem atingidas dentro dos períodos estipulados. As energias devem ser concentradas no engajamento. Engajar pessoas envolve métodos que determinem a criação de propostas em comum, desenhar e experimentar soluções novas, seguir um processo pré-definido, controle e transparência, talento vocação, capacidade, entre outros itens. “É preciso saber identificar esses fatores e saber aproveitá-los. As ferramentas estão aí para serem usadas”, salienta Macieira. Um exemplo de ação inovadora dentro da gestão pública e que já traz bons resultados para Mato Grosso do Sul é o projeto CNH Ágil. O projeto surgiu com o intuito de aumentar a eficiência do serviço oferecido pelo Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito) ao cidadão. Em andamento desde

2015, a meta era implantar um novo modelo de gestão, priorizando a modernização e a qualidade na prestação de serviços, com recursos tecnológicos e readequação de procedimentos. Assim, foi criado o Escritório de Processos, ligado a Diretoria de Tecnologia da Informação, tendo como primeiro projeto a CNH Ágil, que abrange o processo de renovação simples da carteira de habilitação. O uso da tecnologia no processo da virtualização do órgão tem por objetivo facilitar o acesso às informações pelo usuário, bem como possibilitar redução de custos e segurança na operacionalização dos processos internos e externos, acabando com filas e trâmites de papel.

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GESTÃO COMPETITIVA

“Dentro da Capital hoje, em qualquer agência do DetranMS, o tempo de emissão é o mesmo da CNH, 24horas a partir da aprovação do exame médico. É um serviço que já está disponível no Estado inteiro. Neste semestre, entramos na parte de virtualização do processo de CNH, ou seja, sem tramitação de papel. Isso ajudará principalmente no interior, que hoje ainda dependem de malotes para emissão da carteira, ou seja, isso dará mais celeridade ao processo”, explica Rose Ota, coordenadora do Escritório de Processos. Ela destaca que, dentro do escritório de processo, o objetivo é apoiar as unidades gestoras e trabalhar estratégias de organização. Sair do papel e colocar na prática as ideias estudadas. “Com esse projeto, algumas coisas foram simplificadas, por exemplo, e os próprios gestores estão mudando, estão tendo oportunidade de fazer acontecer e sendo estimulados também”, ressalta a coordenadora. Para o superintendente de gestão estratégica de MS, Thaner Nogueira, o centro das discussões sobre empreendedorismo são as pessoas. “Quando falamos de pessoas no serviço público, falamos do servidor. Se o servidor não tiver uma abordagem mais proativa, fica difícil falar em evoluções significativas na qualidade dos serviços oferecidos”, opina. Nogueira destaca que é preciso desenvolver e abrir espaço para o servidor se expor, para que ele apresente boas ideias, ou seja, buscar a opinião do servidor para aplicar soluções práticas que levem a um serviço de melhor qualidade. “O foco é o cidadão, pensando em buscar uma empatia com o que o público deseja em qualidade de

serviço. Além disso, é de suma importância para o aprendizado as trocas de experiências entre as mais variadas áreas do governo”, diz. O superintendente acredita que seria difícil conseguir envolver todos os servidores no empreendedorismo, mas que seria possível aproveitar pelo menos 30% do efetivo. “Esses 30% poderão levar as ideias empreendedoras no setor público adiante, e a partir disso, é possível criar um trabalho de novas lideranças no setor público, capaz de movimentar e fomentar algumas iniciativas inovadoras. Assim, criando um grupo forte que possa divulgar e ampliar ainda mais essas ideias, poderemos estimular outras pessoas”, analisa. Já para o secretário de finanças de Campo Grande, Pedro Pedrossian Neto, empreendedorismo é palavra-chave no que diz respeito ao momento atual vivido no Brasil. “Todos sabem que vivemos um ano de crise, e a solução é encontrar recursos escondidos nos talentos das pessoas. Nossa ideia é capacitar as pessoas e que cada um possa assumir sua responsabilidade no processo de mudança. Temos que assumir a responsabilidade no cotidiano e sermos nós a mudança que queremos empreender na sociedade e no nosso tempo”, conclui. O Gov.Lab foi promovido pelo Governo do Estado, MS Competitivo e Elo Group, com apoio de entidades parceiras como Prefeitura Municipal de Campo Grande, Assomasul, Sebrae e de instituições públicas de ensino como IFMS, UFMS e UEMS e do Conselho Regional de Administração (CRA).

Podemos ajudar na melhoria da Gestão da sua Organização

SAIBA COMO 42

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Fone: 67- 3211.5333 | e-mail: contato@mscompetitivo.org.br Facebook: Instituto MS Competitivo | http://ms.mbc.org.br


VENDAS Por: Ana Lucia Abrão

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Diferenciação de preços de bens e serviços Nova Medida Provisória permite que comerciante ofereça descontos nos pagamentos feitos a vista De acordo com a Medida Provisória nº 764, de 26 de dezembro de 2016, “fica autorizada a diferenciação de preços de bens e serviços oferecidos ao público, em função do prazo ou do instrumento de pagamento utilizado”. Isso significa dizer que, a partir de então, comerciantes podem diferenciar os valores à vista dos pagamentos feitos a prazo, como no caso do cartão de crédito. Conforme com o consultor de Relações Sindicais da Fecomércio MS, Fernando Camilo, a medida é vantajosa tanto para o comerciante, que pode oferecer um preço mais atrativo para o cliente que pagar à vista, quanto para o consumidor, que terá os encargos que seriam pagos à operadora de cartão de crédito revertidos em desconto, caso a opção seja feita à vista. “Nas vendas a prazo, evidentemente são colocados encargos, que normalmente são cobrados do cliente. Só que anteriormente não se podia praticar dois preços, a não ser nos casos de financiamento.” Tanto fazia ser no dinheiro quanto no cartão à vista, quanto no cartão a prazo, tinha que ser o mesmo valor. Segundo Camilo, essa é uma reivindicação antiga dos comerciantes e, desde o dia em que a medida entrou em vigor, já existem várias empresas fazendo essa oferta de valores diferenciados, de postos de gasolina a pequenos comércios. “Os reflexos já estão aparecendo, inclusive com aumento das vendas de liquidez imediata. Ainda não

O CONSULTOR DE RELAÇÕES SINDICAIS DA FECOMÉRCIO MS, FERNANDO CAMILO.

temos a porcentagem, mas pelas informações que recebemos, sabemos que vem acontecendo numa escala bem maior desde a implantação da MP”. Para o superintendente do Procon MS, Marcelo Salomão, a nova Medida Provisória pode ser benéfica para as duas partes, porque permite que haja uma negociação entre o comerciante e o consumidor. “Essa MP abre uma brecha para negociação, e a negociação é fundamental. O consumidor que paga a vista vai poder pedir um desconto, vai haver um diálogo maior por conta dessa medida”. Salomão ressalta que essa diferenciação não é obrigatória, a MP apenas autoriza que se faça, o comerciante é que vai optar se quer oferecer o desconto ou manter como era antes. Segundo ele, uma situação que pode acontecer e que o Procon está atento, é que o fornecedor precisa sempre deixar muito claro quais são os valores para as duas formas de pagamento. “Se ele optar pela diferenciação, tem que deixar bem claro para que o consumidor possa decidir qual forma de pagamento ele prefere.” O Procon vai atuar na orientação, disponibilizando informações no site, vai visitar comerciantes na qualidade de orientação e não de fiscalização, vai haver divulgação nos meios de comunicação. a gente acredita que possa haver uma relação bem harmônica.

SUPERINTENDENTE DO PROCON MS, MARCELO SALOMÃO.

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SESC MS

FOTO: DIVULGAÇÃO SESC MS

Por: Júlio Mendes

Morada Cultural

Morada dos Baís se consolida no cenário cultural de Mato Grosso do Sul vida ao lugar, de forma educativa e democrática a toda a população, tornando o local propício para o desenvolvimento de programações culturais. A iniciativa prevê, que além da classe artística, a população sul-mato-grossense e turistas, frequentem e consumam cultura.

FOTO: MARITHÊ LOPES

Cartão-postal de Campo Grande, a Morada dos Baís é um dos pontos turísticos mais conhecidos da cidade. Localizado na esquina da avenida Afonso Pena com a avenida Noroeste, no centro, o prédio mantém viva parte da história da Cidade Morena e, hoje, ajuda a propagar a cultura regional. Desde agosto de 2015, o prédio é administrado pelo Sesc MS, com espaço dedicado à diversas manifestações culturais. E os números têm mostrado um resultado gratificante: desde que a entidade assumiu a gestão, até fevereiro de 2017, mais de 60 mil pessoas já passaram pelo local. Potencializar, valorizar as manifestações e fomentar a cultura em um importante espaço público de Campo Grande foram algumas das motivações em reformular a Morada dos Baís, a transformando em um palco para discussões de ideias, difusão da arte sul-mato-grossense e aproveitamento do forte apelo cultural e histórico do prédio, que foi tombado em 1986 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Cultural. Ciente da grande responsabilidade que tem em mãos, o Sesc MS trabalha, dentro dos direitos e deveres que prezam a parceria entre a Instituição e o Governo, para dinamizar, dar

DIRETORA REGIONAL DO SESC EM MATO GROSSO DO SUL, REGINA FERRO.

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ACERVO DE LÍDIA BAÍS PODE SER CONHECIDO NA EXPOSIÇÃO

A diretora regional do Sesc em Mato Grosso do Sul, Regina Ferro, destaca que a missão da entidade é educar para conquista da qualidade de vida, por meio das áreas de saúde, educação, cultura, lazer e assistência. “Entendemos que a cultura é elemento fundamental para o crescimento pessoal e qualidade de vida das pessoas. O Sesc Morada dos Baís está em uma casa de importância histórica para o estado e disponibiliza acesso a diversidade cultural que pulsa dentro dela”, analisa. Regina conta que, a partir de 2015, a casa foi reestruturada. No Museu Lídia Baís, localizado dentro do prédio, o acervo com obras da artista foi ampliado, adquiridas e restauradas pelo Sesc MS, por meio de um trabalho de resgate que teve ainda em 2014. “Conseguimos manter obras dentro do estado, para que as novas gerações tenham acesso e ainda possamos preservar a história. Com isso, mantemos vivos os ideais e a memória dessa importante artista sul-mato-grossense, perpetuando o sonho de Lídia em transformar a Morada em local de valorização e visitação artística”, salienta a diretora. Também foram adquiridas peças originais de Jorapimo, Conceição dos Bugres e seu filho Ilton Silva, nomes de destaque no cenário estadual, além do acervo particular que o Sesc vem construindo ao longo do tempo. Regina alega que o objetivo é construir, com a participação da comunidade artística, um espaço que também será dinamizado para o estudo científico cultural, daqueles que fazem da arte um importante instrumento de disseminação da identidade sul-matogrossense.

FOTO: ELLEN ALBUQUERQUE

QUARTO QUE FOI DE LÍDIA BAÍS É UM DOS DESTAQUES DA MORADA.

FOTO: ELLEN ALBUQUERQUE

OBRAS DE CONCEIÇÃO DOS BUGRES AJUDAM A COMPOR O ESPAÇO.

FOTO: ELLEN ALBUQUERQUE

PÚBLICO TEM ACESSO A EXPOSIÇÕES ARTÍSTICAS.

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SESC MS

Além de manter vivo os tradicionais espaços da Morada, o local também tem caído no gosto popular através das apresentações culturais, por meio de várias linguagens, como artes cênicas, música, artes visuais, audiovisual e literatura. A gerente do Sesc Cultura, Andreia Simone Gomes da Silva, conta que, aos poucos, é construído um cenário que valorize essas expressões e os artitas regionais. Ela acredita que a Morada dos Baís facilita o acesso, proporcionando e trazendo o público para uma vivência maior da cultura. “Buscamos fomentar as produções regionais, formar uma plateia - hoje conseguimos uma média de 400 pessoas por show, e além disso incentivamos o diálogo entre os grupos artísticos. A Morada começou com uma proposta e hoje consegue movimentar todas as linguagens. Nesse sentido, temos eventos literários, exposições, oficinas de arte, cinema, entre outros.”, destaca Andréia. Os shows autorais também estão ganhando destaque na Morada dos Baís e conquistando cada vez mais público. “Abrimos espaço para os músicos iniciantes também, que muitas vezes acabam não conseguindo isso na cidade. O interessante é o diálogo promovido entre os que estão no começo da carreira com os mais antigos, que também vão prestigiar os colegas. E muitos músicos experientes, que vão pra fora do Estado, quando voltam também utilizam o espaço para suas apresentações”, acrescenta. A Morada dos Baís conta também com uma programação de filmes, exibidos todas as terças-feiras e aos sábados. Andréia explica que o catálogo de obras está dentro do que é

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FOTO: ELLEN ALBUQUERQUE

INSTRUMENTOS MUSICAIS QUE PERTENCERAM A LÍDIA BAÍS COMPÕEM O ACERVO DO MUSEU DEDICADO A ARTISTA.

A GERENTE DO SESC CULTURA, ANDREIA SIMONE, RELATA OS PROJETOS DESENVOLVIDOS NA MORADA DOS BAÍS.

proposto pelo projeto nacional Cine Sesc. Em seu acervo é possível encontrar filmes nacionais e internacionais, grandes obras da história do cinema, curtas metragens e até mesmo filmes infantis. Ao todo, são realizados quatro shows semanais, de quartafeira a sábado, três cafés literários por mês, bem como oficinas de arte, contação de histórias, sessão de cinema para adultos todas as terças-feiras, às 19h, e aos sábados com programação infantil, às 17h. Todas as atividades desenvolvidas pelo Sesc são gratuitas.


FOTO: DIVULGAÇÃO

Com a palavra, os artistas

O cantor, compositor e produtor musical Jerry Espíndola avalia positivamente o espaço, agora revitalizado e que acolhe produções artísticas regionais. “Acho que o espaço hoje é sem dúvidas um ponto de referência para o público curtir artistas conhecidos ou novos valores. É de grande valor principalmente para os artistas novos que ali tem um mínimo de qualidade de estrutura para realizar um bom show”, elogia. Espíndola conta que já se apresentou no local algumas vezes com seu trabalho solo, o Jerry&Barbados, e também com a banda Clube do Litoral, coletivo formado por cantores e compositores. “Além disso costumo comparecer aos shows de amigos ou artistas novos, e por vezes acabo participando com "canjas" em outros shows. Numa dessas canjas considero uma noite marcante a do show do Zé Pretim, o primeiro que ele fez depois de um longo tratamento contra as drogas.Foi um momento emocionante estar ali cantando com ele e vendo a sua vitória”, lembra. Já para Laila Pulchério, do Circo do Mato, o local possui localização privilegiada e está sendo explorado de forma muito adequada. “É um espaço belíssimo, com potencial incrível, no centro da cidade e que era pouco usado antes. Hoje, a classe artística comemora os ótimos resultados sendo colhidos na Morada dos Baís, vejo com bons olhos, e tomara que isso perdure por muito tempo. A cultura em Campo Grande estava precisando disso mesmo”.

Serviços: Shows - de quarta a sábado das 20h às 22h Bar - de quarta a sábado a partir das 18h30 Cine Sesc - terça-feira às 19h Cineclubinho - sábado às 17h Programação Infantil com contação de histórias e oficina de arte: Sábado às 15h30 Exposições de longa e curta duração e Museu Lídia Baís: Terça-feira a sábado das 14h às 20h

Endereço: Av. Noroeste, 5140 – Centro Telefone: (67) 3311-4458

De agosto de 2015 a fevereiro de 2017:

205 shows, 13 espetáculos teatrais, 16 leituras encenadas, 150 sessões de cinema,

16 lançamentos de livros, 12 exposições de artes visuais, 52 contações de historia, 37 oficinas de artes.

Mais de 60 mil visitantes durante todo o período.

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PASSO A PASSO Por: Luciana Modesto Fotos: Arquivo pessoal

MA

Sua

CA,seu

patrimônio Saiba o caminho para registrar sua marca e ter segurança nos negócios

O

sonho de um grande negócio começa a se concretizar quando a ideia passa a ter um nome. Seja comércio ou serviço, um nome vai definir a marca da empresa e sua escolha pode colaborar para seu sucesso. O que muitos empreendedores, ávidos para concretizar seu sonho de imediato, não se atentam é que sua marca pode trazer segurança (ou não) para o seu empreendimento. Uma escolha feita às pressas, sem pesquisa, pode trazer mais do que dor de cabeça. Se foi algo estrategicamente pensado, bingo. Agora, o próximo passo é certificar-se que nenhum outro sonhador acorde com sua ideia tão preciosa. Um registro de marca serve como uma certidão de nascimento. Então, de cara, já dá para sentir o quanto um registro pode ser importante para uma empresa, certo? O certificado de registro de marcas equivale a uma escritura, é como se fosse uma matrícula do imóvel e possui até valor de mercado. Vale lembrar, por exemplo, de marcas como Nike e Coca-Cola, mundialmente conhecidas e de valor muito superior aos limites físicos da empresa. Não registrar uma marca pode gerar prejuízos incontáveis. Segundo pesquisadores da Purdue University's Center for Education and Research in Information Assurance and Security (CERIAS), em um estudo feito em países como Alemanha, Japão, China, Índia, Brasil e Dubai, estima-se uma perda conjunta de US$ 4,6 bilhões em propriedade intelectual, e gastos aproximadamente de US$ 600 milhões no reparo dos danos causados. Quem se deparar com o uso de sua marca registrada por outra empresa, pode recorrer judicialmente e ainda ter o ressarcimento de prejuízos causados. Vale ressaltar que o cadastro do nome fantasia, feito na Junta Comercial, não assegura o registro da marca. E como cada sonho é único e ninguém quer ter o pesadelo de ver sua marca usada em outro empreendimento, a Revista Comércio & Cia preparou um passo a passo com orientações importantes, com a colaboração de Alessandra Piano, proprietária da empresa Certfica Marcas e Patentes. ALESSANDRA PIANO.

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Confira: Qual a importância de se ter uma marca registrada? Só é dono quem registra! Portanto se uma marca não for registrada ela poderá perder todos os direitos sobre ela, inclusive de uso de domínio de internet e redes sociais. Isto implicaria em prejuízo relevante à empresa, seria necessário modificar toda sua identidade visual e, portanto, perder todo o trabalho de divulgação de marca. Além disso, as marcas que não possuem registro não podem evitar o plágio, pois muito embora não haja obrigatoriedade no registro, os direitos só serão assegurados a quem o requerer. Uma marca é um bem intangível. O direito sobre este bem se comprova através de um certificado de registro que, dependendo do negócio, poderá ter um valor comercial inclusive muito maior que o próprio patrimônio físico de uma empresa. Um documento de registro de marca equivale-se por exemplo à escritura de um imóvel que poderá ser transferido a outra titularidade se assim for requerido.

O que pode ser considerado como marca para registro? Pode ser considerado como marca todo sinal ou nome que dê identidade a um produto ou serviço, podendo inclusive ser mista, ou seja, representada por um sinal e um nome.

Qual o primeiro passo? Estando disponível para registro, o primeiro passo seria realizar o protocolo de requerimento de registro.

Como e onde deve ser feito? Os pedidos de registo de marca só podem ser requeridos junto ao órgão público federal INPI - Instituto Nacional de Propriedade Industrial.

Qualquer pessoa pode registrar uma marca? Qualquer pessoa física ou jurídica pode registrar uma marca, porém a legislação exige que se comprove o direito de exploração da atividade comercial através de um CNPJ ou para os casos de pessoa física, através de um documento comprobatório que pode ser o de registro de classe, como CRO, OAB, CRECI, etc.

Qual a documentação necessária? Para os casos de pessoa física, documentos pessoais, documento comprobatório de profissão liberal, e comprovante de endereço. Já para os casos de pessoa jurídica, são o contrato social e cartão de CNPJ. Para ambos os casos, caso haja uma logo esta também deverá ser anexada ao processo de registro de marca.

Quanto tempo leva-se todo o processo? Em média dois anos.

Antes de registrar, qual o conselho? Antes de lançar uma nova marca no mercado, o primeiro passo é verificar a sua disponibilidade para registro, isso porque a legislação proíbe o uso de marca igual ou similar no mesmo ramo de atividade. Por isto antes de investir em uma identidade visual é preciso verificar se ela poderá ser usada. Vale fazer uma profunda pesquisa no mercado para saber se alguém já possui uma marca similar. Serviços: Certfica Marcas e Patentes Rua Luis Braile, nº 309, Bairro monte castelo - Cep: 79010-915 Fixo: (67) 3043.0027 e Whatsapp: (67) 98223.0019

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GESTÃO Por: Luciana Modesto Fotos: Mário Bueno

CONDUTA

ÉTICA Empresas com gestão íntegra investem em boas práticas contra corrupção

P

resente nos discursos, nas ruas, nas páginas dos jornais e nos ideais de quem busca uma sociedade mais justa e igualitária, o combate à corrupção entra para a gestão das empresas e pode fortalecer os negócios no Brasil. Independente do porte ou atuação, a prevenção e o trabalho contra qualquer tipo de fraude, quando fazem parte de uma empresa, podem consolidar ainda mais seu sucesso e ainda colaborar para transformações sociais importantes. Ganha o País e ganha o empresário já que cada vez mais os consumidores cobram valores como transparência, ética e responsabilidade. “Em tempos de crise econômica e de enfrentamento de grandes debates quanto à conduta moral de agentes políticos, públicos e empresários por que passa o País, torna-se de fundamental importância o fomento e a observância a práticas de gestão indutoras de boa conduta e de integridade, a fim de ajudar a todo o empresariado a ultrapassar barreiras, sempre fortalecendo o seu negócio e o País”, diz o superintendente da Controladoria Geral da União – Regional Mato Grosso do Sul – CGU-R/MS, José Paulo Julieti Barbiere. Pa ra fo m e nt a r a g e s t ã o é t i c a n a s e m p re s a s, a Controladoria-Geral da União, em parceria com o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, implementaram, em 2010, o Programa Pró-Ética. “Trata-se da conjugação de esforços entre os setores público e privado para promover no País um ambiente corporativo mais íntegro, ético e transparente. A iniciativa consiste em fomentar a adoção voluntária de medidas de integridade pelas empresas, por meio do reconhecimento público daquelas que mostram-se verdadeiramente comprometidas com a prevenção e o

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combate à corrupção e outros tipos de fraudes”, explica o superintendente. Os objetivos do programa vão desde o fomento, no âmbito do setor privado, a implementação de medidas de promoção da ética e integridade e contra a corrupção, conscientização de empresas sobre seu papel no enfrentamento da corrupção, redução dos riscos de ocorrência de fraude e corrupção nas relações entre o setor público e o setor privado, até o reconhecimento de boas práticas voluntárias nas empresas. A cada ano, o programa abre inscrições para empresas que buscam esse reconhecimento. Em 2016, 195 empresas de todos os portes e de diversos ramos de atuação participaram da seleção. Desse total, 91 enviaram o questionário de avaliação devidamente preenchido e no prazo estipulado. Depois da avaliação, 25 empresas foram aprovadas e reconhecidas como Empresa Pró-Ética 2016. Barbiere esclarece que, embora o reconhecimento possa não gerar qualquer benefício ou privilégio para as empresas em suas relações com o setor público ou sua inserção em uma espécie de lista de mais éticas do País, sua seleção traz muitas vantagens como o reconhecimento público de que estão comprometidas com a prevenção e o combate a atos de fraude e corrupção e a publicidade positiva de sua marca. “Vale destacar que a aprovação não é um salvo conduto, não significa que as empresas estejam livres de cometer irregularidades. Significa que elas estão adotando medidas razoáveis para prevenir a ocorrência desses atos e, também, caso eles ocorram, medidas para detectá-los, interrompê-los e sanar os danos por eles gerados”, complementa o superintendente. Mesmo as empresas não aprovadas contam com


SUPERINTENDENTE DA CONTROLADORIA GERAL DA UNIÃO - REGIONAL MS, JOSÉ PAULO JULIETE BARBIERE.

benefícios por participarem do Pró-Ética. “Todas as empresas avaliadas recebem um relatório com análise detalhada de suas medidas de integridade e com sugestões de aprimoramento. Desse modo, a empresa que ainda não está apta a figurar na lista anual do Pró-Ética poderá aproveitar a iniciativa para aprimorar seu programa de integridade”, finaliza.

Pró-ética O Pró-Ética avalia Programas de Integridade de pessoas jurídicas de direito privado, que consiste em um conjunto de medidas voltadas para a prevenção, detecção e interrupção de atos de fraude e corrupção. Os parâmetros de avaliação foram estabelecidos pelo Decreto nº 8.420/2015, que regulamentou a Lei Anticorrupção. A avaliação é feita pela SecretariaExecutiva do Pró-Ética, papel desempenhado pela Controladoria-Geral da União (CGU), com avaliadores que são auditores Federais de Finanças e Controles. O Comitê Gestor do programa é composto por entidades dos setores público e privado, notadamente reconhecidas no meio empresarial. São elas: Confederação Nacional de Indústrias (CNI), Federação Brasileira de Bancos (Febraban), BM&F Bovespa, Ministério de Desenvolvimento Indústria e Comércio (MDIC), Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), Instituto de Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e, recentemente, Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO).

Inscrições A iniciativa é anual. Os interessados devem se inscrever durante o prazo de inscrições. Todo o processo é voluntário e gratuito. De acordo com o Regulamento, podem participar do Pró-Ética todas as sociedades empresárias e simples, fundações, associações de entidades ou pessoas e sociedades estrangeiras, regularmente constituídas e que tenham sede, filial ou representação no território brasileiro. Para a edição de 2017, as inscrições foram recebidas no período de 1º de fevereiro a 28 de abril de 2017, com preenchimento de formulário eletrônico e encaminhamento de alguns documentos solicitados para avaliação. Não é cobrado das empresas qualquer valor para inscrição, avaliação ou para a divulgação da participação de empresas, quando aprovada, na lista anual do Pró-Ética.

Para saber mais, acesse:

www.cgu.gov.br/proetica

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TURISMO

s a d Rota s e õ ç n o M

Por: Ana Lucia Abrão

um passeio pela história dos garimpos

Roteiro une turismo à história da conquista do Centro-Oeste 52

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FOTO: YARA PEDRAZA


TURISMO

FOTO: ANDRÉ RACHID

FOTO: ROBBERT OBBINK

FOTO: ROBBERT OBBINK

FOTO: YARA PEDRAZA

Os rios Coxim, Jauru e Taquari guardam uma história de desbravamento. Diante de cenários deslumbrantes se descortina um passado de riquezas. Foi entre o final do século XVII e começo do XVIII que os bandeirantes, interessados em buscar índios para fazê-los de escravos, perceberam que havia grandes riquezas nessas terras e muitos deles instalaram nessas regiões seus garimpos. Essa é a história que a Rota das Monções percorre. Segundo o responsável pela Gerência Municipal de Turismo/Centro de Atendimento ao Turista, o turismólogo Ariel Albrecht, a Rota das Monções começou exclusivamente como um movimento de cultura, no início dos anos 90. Nessa época, o foco era realizar ações culturais, como seminários de arte e cultura, para discutir a temática das Monções e inspirar os artistas a reproduzirem aquela temática dentro das suas obras, na pintura, música, dança, artesanato ou qualquer outra forma de manifestação artística. O turismólogo conta que, algum tempo depois, surgiu a ideia de fazer passeios aproveitando o tema, visitando comunidades, levando os moradores da cidade para conhecer a questão dos garimpos, da pesca artesanal, etc. A

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partir disso, começaram a realizar pequenas expedições de prospecção, medindo, marcando distâncias, fazendo levantamentos fotográficos, entrevistando ribeirinhos. Foi então que o Cointra - Consórcio Intermunicipal para o Desenvolvimento Sustentável da Bacia do Rio Taquari chancelou a rota e, de passeio cultural passou a ser também um passeio turístico, inicialmente apenas como estudo e prospecção. Posteriormente foi criada a unidade de conservação e o programa passou então a contemplar três frentes de desenvolvimento: cultura, turismo e meio ambiente. “Dentro desse movimento histórico, algumas comunidades ainda existem e a gente tenta viver parte dessa história visitando essas comunidades e fomentando pequenos arranjos de turismo de base comunitária, o que gera também emprego e renda para essas pessoas”, aponta Albrecht. Em meio a essa união de meio ambiente, cultura e turismo, os visitantes escolhem entre três opções prédefinidas de roteiro, que podem durar de um a três dias. Existem também roteiros especiais quando a função é estudo, prospecção ou tem outros objetivos. Nesses casos, é feita uma adequação às necessidades do turista.


FOTO: YARA PEDRAZA

FOTO: ARIEL ALBRECHT

FOTO: ROBBERT OBBINK

FOTO: ARQUIVO

Programa de um dia: O foco da visita é conhecer um sítio histórico da comunidade de garimpeiros de Jauru, contando a história de como surgiu o garimpo na região. O programa resgata essa história. A visita de um dia é basicamente terrestre, com uma travessia fluvial apenas, para visita ao Letreiro Monçoeiro. Há uma visita ao garimpo, almoço com a comunidade, banho de rio à tarde e então retorno.

Programa de dois dias: Aqui o roteiro é 90 por cento fluvial, pelos rios Coxim, Jauru e Taquari. São feitas visitas a sítios arqueológicos, comunidades ribeirinhas isoladas, que possuem um conhecimento muito sólido das Monções. Por exemplo, a comunidade de Jauru, é uma comunidade de garimpeiros artesanais. Nessa opção de programa, os visitantes dormem em um vilarejo, entre os moradores, comem e conversam. É onde o turista vai sentir de perto a diferença na cultura deles e nos modos artesanais de produção.

Programa de três dias e duas noites: O dia da chegada é numa pousada em Rio Verde do Mato Grosso. O pessoal se adapta, toma um banho de cachoeira, bate um papo, analisa o mapa da rota, assiste a uma pequena palestra sobre a história do centro-oeste do Brasil e da rota norte. Nos outros dois dias, seguem o roteiro do pacote anterior.

Serviço: Gerência Municipal de Turismo Centro de Atendimento ao Turista Rua Antônio de Albuquerque, 100 Centro - CEP: 79.400-000 Coxim - MS / Pantanal - Brasil +55 (67) 3291-1143 ou 99959-6678 https://www.facebook.com/turismoe mcoxim (Português) https://www.facebook.com/tourismin pantanal (English) http://www.coxim.ms.gov.br

Para fazer o passeio ou obter mais informações, os interessados podem entrar em contato com o CAT - Centro de Atendimento ao Turista de Coxim - MS. COMÉRCIO & CIA MAIO / JUNHO 2017

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FECOMÉRCIO Por: Ana Lucia Abrão Foto: Ellen Albuquerque

A REPRESENTATIVIDADE NO SISTEMA

II Encontro de Representantes reuniu presidentes de sindicatos e gestores empresariais

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II ENCONTRO DE REPRESENTANTES DO SISTEMA FECOMÉRCIO MS

Entre as atribuições da Fecomércio, está garantir a representatividade do setor de comércio e serviços. E foi com esse objetivo que a entidade promoveu em março deste ano o II Encontro de Representantes do Sistema Fecomércio MS. Voltado a empresários e gestores empresariais, o evento contou com palestras, atividades práticas e muita troca de experiências sobre o cenário e a importância do setor. De acordo com o presidente do Sistema Fecomércio MS, Edison Araújo, esses empresários e gestores são a presença da Fecomércio nos mais variados assuntos nas esferas legislativa e executiva, com um papel de liderança em fóruns, comitês e outros espaços de debates. “É importante que esses gestores, presidentes de sindicatos e diretores, saibam como se posicionar e a melhor forma de conduzir o assunto, visando otimizar os resultados para a categoria, diante de temas que permeiam o setor comercial e afetam diretamente a população, consumidora dos serviços e produtos”. Para o Superintendente da Fecomércio MS, Reginaldo Lima, encontros como esse são essenciais para mostrar a importância de fazer uma boa representação, de ocupar espaços públicos onde são decididas questões que influenciam diretamente os empresários. “A proposta é capacitar esses representantes nossos que são presidentes de sindicatos, presidente do Sesc e do Senac a uma boa atuação, alinhar o entendimento para uma boa defesa de interesses, em prol da geração de um bom ambiente de negócios, que no fundo é o que queremos, para que possamos gerar resultados positivos.”

A chefe da AGR-CNC - Assessoria de Gestão das Representações da Confederação Nacional do Comércio, Wany Pasquarelli, falou para os participantes sobre o reconhecimento da Federação como um importante agente do comércio no Estado hoje. “Percebemos essa posição de destaque já nos resultados e ações que a Fecomércio têm alcançado. A questão da representatividade é um processo de mão dupla e a Federação reconhece a representatividade como um eixo principal da atividade-fim da instituição, que é a defesa dos interesses, (a execução de fazer realmente a proteção dos direitos, das defesas que um setor empresarial necessita para se defender) razão de existir dos sindicatos, da Federação e da Confederação.

CHEFE DA AGR-CNC, WANY PASQUARELLI.

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FECOMÉRCIO

ASSESSOR TÉCNICO DA AGR-CNC, CRISTIANO COSTA.

Para o assessor técnico da AGR-CNC, Cristiano Costa, muitas vezes existem interesses contraditórios, contrários aos interesses dos empresários, e essa é a grande importância da capacitação, fomentar a defesa do setor e conscientizar cada vez mais sobre a relevância da boa atuação. “Tanto o empresário, quanto a Fecomércio e os sindicatos precisam estar realmente preparados para defender os interesses do setor, porque cada dia mais, outros grupos de pressão, com interesses diversos, estão atuando para a construção de políticas públicas, construção de soluções principalmente com o governo, em defesa dos seus interesses junto aos poderes públicos, então é necessário entrar nessa luta pelos objetivos do setor.”

Os participantes também receberam orientações para atuar como porta-vozes da instituição. O responsável pela palestra foi o jornalista Ginez Cesar, que falou sobre a relação entre as instituições e a imprensa e sobre como melhorar e otimizar essa relação. “Por exemplo, no caso da Fecomércio, essa relação entre instituição e imprensa é muito intensa, a todo momento há a procura dos veículos de comunicação, e a Fecomércio acaba também se utilizando da imprensa para propagar suas notícias. Esse tipo de trabalho nada mais é do que estreitar a relação, permitindo que nosso relacionamento fique mais próximo, mais claro, e que as pessoas entendam o papel de cada uma das partes.”

ÁREA MANAGER DA DALE CARNEGIE, HENRY GOETTERT

Entre os palestrantes, o área manager da Dale Carnegie, Henry Goettert, falou sobre o tema Técnicas de Negociação. Segundo o consultor, uma negociação bem sucedida depende mais das atitudes e habilidades pessoais do que de um planejamento em si. “As técnicas de negociação estão muito mais dentro da capacidade pessoal do que dentro de um formato técnico, de um planejamento da negociação. Muitas vezes não estamos olhando de forma adequada, no interesse pessoal, do sindicato, da Fecomércio. Quando temos algumas limitações, se estamos fechados ao diálogo, por exemplo: 'eu penso assim e acabou, eu vou defender de qualquer jeito', dificilmente vamos conseguir defender, a negociação não vai acontecer da melhor forma”.


FONOAUDIÓLOGA ARIANE ALVES.

Complementando a palestra, a fonoaudióloga Ariane Alves falou sobre a comunicação e como ela rege a nossa sociedade. “Quis trazer um pouco de conhecimento de como melhorar a comunicação, entender como ela é dividida, a parte verbal, a não-verbal, para eles entenderem que já têm o conteúdo, e que podem melhorar a parte do como falar, com os recursos vocais, gesto, postura reta, sendo conciso no que fala.” A assessora de imprensa da Fecomércio, Neusa Pavão, palestrou sobre a relevância de alinhar o discurso dos sindicatos e da Federação, levando os valores e a missão da instituição, inclusive quando envolve redes sociais, que permitem também formas de posicionamento. “Estamos conversando com um público que é formador de opinião, que representa a Federação do Comércio em várias ações de interesse da Federação para o público externo”. Participou também do evento a jornalista Inara Silva, que falou sobre conexões e redes da sociedade. “Todos aqui são líderes e representantes de setor e, por mais que a gente muitas vezes nem pense sobre isso, estamos ali nos conectando com colegas, família, mas as pessoas que nós influenciamos, as pessoas com as quais nós nos relacionamos, podem estar conectadas ao nosso grupo. Então, a gente pode usar

OTÁVIO PHILBOIS, PRESIDENTE DO SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE CORUMBÁ/LADÁRIO.

JORNALISTAS NEUSA PAVÃO E INARA SILVA.

essa rede pensando nesse meio termo e focalizando no lado profissional ou de repente fazer um perfil privado, só para amigos e família, que eu coloco só quem eu quero que veja, existe essa possibilidade”. Entre os convidados, estavam o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Corumbá/Ladário, Otávio Philbois, que apontou a oportunidade de troca de experiências. “Obter informações privilegiadas de certa forma, oferecidas por pessoas que já viveram essas questões, só vem a somar ao conhecimento e à capacitação que nós temos que ter para exercer bem o cargo, com a melhor representação possível.” Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Três Lagoas, Sueide Silva Torres, além das palestras em si, o convívio com os presidentes de outros sindicatos também é um grande aprendizado. “Hoje nós estamos tentando fazer com que o sindicato chegue mais perto do representado, do comerciante. Não só do comerciante varejista, mas de toda a classe, porque assim a gente acaba ajudando todo o comércio da cidade. Fazer algo que traga resultados efetivos para o sindicato. É muito importante que nós tenhamos a consciência de como nos portar diante do representado, ou com a imprensa, por exemplo, sem nos deixar levar pelo entusiasmo nem colocar o posicionamento pessoal.”

SUEIDE SILVA TORRES, PRESIDENTE DO SINDICATO DO COMÉRCIO VAREJISTA DE TRÊS LAGOAS.

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SENAC MS Por: Ana Lucia Abrão

Produzindo empreendedores Cada vez mais, alunos e ex-alunos do Senac abrem negócio próprio O sonho de ser o próprio patrão e de ter autonomia estão entre as principais razões para o empreendedorismo brasileiro. Junta-se a isso um período de instabilidade econômica, em que o emprego formal se torna cada vez mais escasso, e a tradicional criatividade do povo brasileiro e se tem o resultado: O Brasil está hoje entre os países mais empreendedores do mundo, como destaca uma pesquisa realizada pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM)* sobre empreendedorismo no Brasil e no mundo, patrocinada pelo Sebrae. A pesquisa revela que, em cada dez brasileiros adultos, quatro já têm uma empresa ou estão envolvidos com a criação de uma. O estudo aponta, ainda, que ter o próprio negócio figura entre os principais sonhos dos brasileiros, com uma proporção de 34% da população de 18 a 64 anos no país em 2015, ano em que a última versão da pesquisa está disponível. Nesse ano, a taxa de empreendedorismo no país foi de 39,3%, o maior índice entre os 14 anos anteriores e quase o dobro do registrado em 2002, quando a taxa foi de 20,9%. Trazendo esses dados para o Mato Grosso do Sul, a quantidade é de 922 novas empresas, constituídas somente nos meses de janeiro e fevereiro de 2017, segundo dados da Jucems - Junta Comercial do Estado de Mato Grosso do Sul. Segundo o Relatório de Sobrevivência das Empresas no Brasil do Sebrae**, apresentado em outubro de 2016, são fatores determinantes para a sobrevivência/mortalidade das empresas: a situação do empresário antes da abertura (tipo de ocupação, experiência e motivação), o planejamento adequado, a gestão do negócio e a capacitação dos donos em gestão empresarial. Ou seja, o conhecimento é um fator de

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extrema importância, que pode ser determinante para o sucesso do negócio. Para os alunos do Senac - Ser viço Nacional de Aprendizagem Comercial - que resolveram abrir seu próprio negócio, esse conhecimento adquirido fez toda a diferença no sucesso do empreendimento. Tanto para quem fez o curso já visando empreender, quanto para quem enxergou durante ou mesmo após o curso uma chance de aplicar a teoria na prática. O técnico em logística Reginaldo Martins de Lima é um desses exemplos. Há aproximadamente um ano, criou a Ciclistas Entregas, no município de Três Lagoas, interior do Estado. Seguindo o conceito de sustentabilidade e usando todo o aprendizado que trouxe do curso técnico em logística do Senac (concluído em 2015), ele faz entregas de documentos e pequenos volumes com sua bicicleta. As encomendas costumam ser de faturas e outros documentos a flores e bombons, “qualquer coisa que possa ser levada em uma sacolinha”, Lima define. Ao fazer o curso, não era a intenção de Lima abrir um negócio, até que surgiu a ideia da Ciclistas entregas, que foi prontamente incentivada pelos seus professores. “Dentro do curso técnico em logística, você aprende tudo, desde administração de empresa, até movimentação de transporte de cargas. O aluno passa a ter uma visão de mundo diferente, não só na área do estudo, mas também na convivência com as pessoas em geral. É uma grande motivação para mim”, declara. * Empreendedorismo no Brasil 2015 - GEM (Global Entrepreneurship Monitor) http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/4826171de33895ae2aa12cafe998c0a5/$File/7347.pdf

** Relatório de Sobrevivência das Empresas no Brasil Sebrae - Outubro/2016 http://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/sobrevivencia-das-empresas-no-brasil-relatorio-2016.pdf


Na mesma linha, a maquiadora e cabeleireira Patrícia Paquer fez diversos cursos na área da beleza. Hoje tem um estúdio em Campo Grande que leva seu nome, com atendimento personalizado e atenção especial a cada cliente, que tem aquele momento exclusivo para ela. A inspiração veio da irmã mais velha, que frequentava os cursos do Senac como modelo para os alunos e, por isso, estava sempre bem maquiada e os cabelos impecáveis. O primeiro passo foi fazer um curso de cabeleireiro. A intenção era que fosse apenas um hobby, mais para tirar dúvidas do dia a dia, mas depois do Senac, as coisas foram acontecendo naturalmente, até que Patrícia resolveu abrir o estúdio. “Me encontrei totalmente. Profissionalmente, o Senac foi super importante na minha vida, tanto considerando a estrutura, quanto a organização e a seriedade com que eles tratam o conteúdo e os alunos”, aponta.

Já chef Nayara Giolando tinha uma vontade: levar novidades para a culinária self service em sua cidade. Fez o curso de Cozinheiro na unidade Turismo e Hospitalidade em Campo Grande e, em setembro de 2016 colocou suas ideias em prática no município de Dourados: abriu o restaurante Feito à Mão, com a proposta de uma gastronomia saudável, com pratos leves, funcionais e gourmet, uma apresentação diferenciada e melhorias constantes. “Os clientes encontram aqui o sabor da comidinha da vovó, é um sonho se realizando!” De acordo com Nayara, ela sempre gostou de cozinhar e sentia vontade de abrir o próprio negócio. “O Senac me impulsionou a pôr em práticas minha ideias. Foi lá que aprendi várias técnicas, aprimorei meus conhecimentos culinários e de empreendedorismo, conheci o mercado de trabalho e a realidade dos restaurantes. Com o Senac, aprendi a gerir tanto a parte prática de uma cozinha quanto a parte administrativa”.

NAYARA E SUA EQUIPE: A APRESENTAÇÃO DIFERENCIADA COMEÇA JÁ NO ATENDIMENTO.

A MAQUIADORA E CABELEIREIRA PATRÍCIA PAQUER, NO STUDIO QUE LEVA SEU NOME.

A CHEF NAYARA GIOLANDO, À FRENTE DO RESTAURANTE FEITO À MÃO, EM DOURADOS.

A PROPOSTA É SERVIR UMA GASTRONOMIA SAUDÁVEL, COM PRATOS LEVES E FUNCIONAIS.

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SENAC MS

Também na área da gastronomia, o ex-bancário Jorge Luis Capelli de Campos foi se capacitar para atender a vontade que sempre teve de abrir um bar ou restaurante. Fez o curso de cozinheiro profissional no Senac, passou por diversas cozinhas como estagiário e profissional, até que conseguiu unir os dois formatos no “Maó Buteco Gastronômico”, uma experiência que mistura bar e restaurante, em sociedade com um amigo. Para Campos, o aprendizado no curso foi essencial para a decisão de abrir o negócio. “Com o conhecimento adquirido e o incentivo dos professores e colegas foi possível colocar esse projeto em prática, de forma até um pouco ousada. E vem dando muito certo desde então.”

O EMPRESÁRIO JORGE LUIS CAPELLI DE CAMPOS E SEU SÓCIO ROBERTO SACRAMENTO COMANDAM O BUTECO GASTRONÔMICO MAÓ.

E quando a turma inteira de um curso resolve abrir uma empresa? Foi assim com o gerente de projetos e desenvolvedor Erick Silva. Ele e os outros nove alunos do curso Técnico em Programação de Jogos Digitais criaram a Baiacu Games, empresa de desenvolvimento de jogos online. Além do conhecimento da profissão em si, o curso trouxe também “a organização, a responsabilidade, que são coisas essenciais para viver o dia a dia”. Assim, ser empreendedor tem um significado mais amplo do que simplesmente abrir um negócio próprio. Envolve pesquisa, planejamento, capacitação, boas ideias, e claro, atitude empreendedora para enfrentar os desafios do mercado. Ao seguir esses passos, o empreendimento já está no caminho certo para prosperar e se consolidar com destaque no mercado. O GERENTE DE PROJETOS E DESENVOLVEDOR ERICK SILVA, QUE JUNTO COM SUA TURMA ABRIU A BAIACU GAMES.

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CENÁRIOS MS Por: Ana Lucia Abrão

Ponta Porã, união de culturas Na fronteira com o Paraguai, município está otimista quanto aos rumos da economia Na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai está localizado o município de Ponta Porã. A uma distância de 324 km da capital Campo Grande, tem sua população estimada em pouco mais de 88 mil habitantes, de acordo com o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O comércio muitas vezes se mistura ao do município vizinho, Pedro Juan Caballero, com população estimada em cerca de 115 mil habitantes.

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CENÁRIO MS

ECONOMIA DO MUNICÍPIO A AGRICULTURA COMO DESTAQUE.

parceiros da Associação Comercial nos empreendimentos e projetos para fomentar as atividades locais. Estamos abertos e receptivos a conversar e ouvir os empresários do setor. ” Para o prefeito, respeito e planejamento são as estratégias para encarar momentos de instabilidade econômica. “As palavras são criatividade, inovação e economia para crescermos, com ou sem crise. Estamos trabalhando com fé para renovar a esperança da nossa gente. Estamos dispostos a incentivar a cultura empreendedora da população e, juntos, superarmos os obstáculos gerados pela atual crise.Vivemos tempos difíceis, onde é necessário ser criativo e economizar, fazendo mais com menos.”

FOTO: ELLEN ALBUQUERQUE

O município nasceu da união das culturas guarani, espanhola e portuguesa e é bastante conhecido por suas fazendas produtoras de erva-mate. Na entrada da cidade, uma cuia de chimarrão e outra de tereré representam a união das culturas diversas. A economia está voltada para a agricultura e pecuária, sendo uma grande produtora de soja, trigo e milho, entre outros. De acordo com o prefeito de Ponta Porã, Hélio Peluffo Filho, a atual administração está empenhada em atrair novos empreendimentos para o município, sobretudo na área industrial, o que acaba fortalecendo o comércio. “Vamos melhorar a cidade, atrair mais turistas e, consequentemente, possíveis clientes para o nosso comércio. Somos

PREFEITO DE PONTA PORÃ, HÉLIO PELUFFO FILHO

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COMÉRCIO & CIA MAIO / JUNHO 2017

PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL, AMAURI OZORIO NUNES


FACHADA DA LOJA GÊNESIS, HÁ 21 ANOS NO MERCADO.

Para a ACEPP - Associação Comercial e Empresarial de Ponta Porã, o atual cenário é positivo. Segundo o presidente da Associação, Amauri Ozório Nunes, a queda no preço do dólar favorece o turismo de compras no Paraguai e, aumentando esse fluxo, aumenta o consumo nos postos de gasolina, nos hotéis, em bares e restaurantes do lado de cá. “Além disso, quando as pessoas do lado do Paraguai conseguem vender mais, acabam comprando no comércio de Ponta Porã também”, aponta Nunes. As ações realizadas em conjunto com a Câmara de Comércio do Paraguai, como Dia das Mães, Dia dos Pais, Black Friday, Natal e outras, acabam fortalecendo os dois lados do comércio, fazendo com que os impactos da crise sejam reduzidos de forma significativa. “As perspectivas da Associação Comercial para os próximos meses são de crescimento, principalmente com a liberação do FGTS das contas inativas, que será benéfica ao comércio de Ponta Porã tanto no recebimento das contas de clientes inadimplentes, quanto de clientes que farão compras no mercado, girando a economia e aumentando o consumo local”. A ACEPP, em conjunto com o Sindivarejo - Sindicato do Comércio Varejista de Ponta Porã, também realiza ações em parceria com instituições como o Senac, o Sesc e o Sebrae, visando tanto a capacitação dos colaboradores, quanto dos empresários. “Acreditamos que com a capacitação dos empresários e dos colaboradores nós conseguiremos alavancar nossas vendas em torno de 20 a 30%. Cada colaborador capacitado chega a gerar até 200% a mais do que um colaborador não capacitado”, exemplifica o presidente. Para os comerciantes e empresários do município, a visão também é de otimismo. O sócio-diretor da Lojas Genesis, Lucas Henrique de Melo. Há 21 anos no mercado, a Gênesis possui hoje, além da loja matriz, três filiais de calçados e mais uma de confecção. De acordo com Melo, o momento de crise é uma oportunidade de aprendizado para os empresários. Entre as estratégias para se manter no mercado, o comerciante cita a administração cuidadosa dos estoques, conhecimento da moda, equipe de venda qualificada e observação do resultado financeiro da empresa. “Não podemos deixar os resultados financeiros de lado, pensar que 'se está vendendo, está lucrando'. É mais do que isso, é cuidar de modo geral, tem que analisar o todo.”

LOJA VENEZA MANTEM TRADIÇÃO NO COMÉRIO MAS AGORA APOSTA NO E-COMMERCE.

Já o proprietário da Loja Veneza, Wilson Luiz Hanel, abriu as portas de seu comércio de móveis e eletroeletrônicos há mais de 30 anos. “O verdadeiro empreendedor só descobre que é um verdadeiro empreendedor na hora da dificuldade, quando enxerga a oportunidade entre as pedras do caminho. Se fosse fácil, todos seriam empreendedores.” Hansel conta que sua estratégia sempre foi ter muita vontade de vencer e arriscar de forma calculada. Como exemplo de risco calculado, recentemente, em meio à crise, a loja lançou sua versão virtual e agora atende também no ecommerce. “Como é um comércio mais tradicional, são consumidores que compram por necessidade, porque estão precisando daquele produto”. Para o proprietário, a melhor estratégia é buscar novidades, a atualização constante, com objetivo de encantar sempre o consumidor. "O cliente surpreendido logo percebe a diferença de entrar na loja e ser chamado pelo nome, ser convidado para um cafezinho, não precisar renovar o crediário a cada compra, de enfrentar a burocracia da concorrência, de atualizar cadastro, ter demora na entrega ou na montagem, etc. Afinal, ele já é nosso cliente, temos uma convivência diferenciada.”

Lucas Henrique de Melo Sócio-diretor da Lojas Genesis Serviços: Lojas Genesis - confecção e calçados Rua Marechal Floriano, 1751

Wilson Luiz Hanel Proprietário da Loja Veneza Serviços: Lojas Veneza - móveis e eletro Rua Marechal Floriano, 1808 - centro

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