PUBLICAÇÃO DO SISTEMA FECOMÉRCIO MATO GROSSO DO SUL | ANO 7 | EDIÇÃO Nº 46 | NOVEMBRO / DEZEMBRO | 2018
Empresas spin-off surgem como alternativa para empreender
MERCADO
CENÁRIOS MS
ENTREVISTA
A arte de ser diferente.
Em Alcinópolis, memórias milenares convivem com o crescimento urbano.
Luis Justo, CEO do Rock in Rio.
EXPEDIENTE
QUADRIÊNIO 2018-2022 COMPOSIÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO DA FEDERAÇÃO DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL DIRETORIA PRESIDENTE - EDISON FERREIRA DE ARAÚJO 1º VICE PRESIDENTE - JOSÉ ALCIDES DOS SANTOS 2º VICE PRESIDENTE - ADEILTON FELICIANO DO PRADO 3º VICE PRESIDENTE - VALTER MARIO SILVA CASTRO VICE PRESIDENTE - OTÁVIO DE ARAÚJO PHILBOIS VICE PRESIDENTE - SUEIDE SILVA TORRES VICE PRESIDENTE - DANIEL DA SILVA AMADO FELÍCIO 1º SECRETÁRIO - DENIRE CARVALHO 2º SECRETÁRIO - FABIANO JOSÉ LOPES 3º SECRETÁRIO - AMAURI OZORIO NUNES 1º TESOUREIRO - SEBASTIÃO JOSÉ DA SILVA 2º TESOUREIRO - PAULO JOSÉ SCHIMITIZ 3º TESOUREIRO - ANTONIO MARCOS DALAVALE DIRETORIA - SUPLENTES VALDIR JAIR DA SILVA /MARCIO BARBOSA DE CARVALHO / RICARDO MASSAHARU KUNINARI /LENI FERNANDES / AMADEU CLAUDIO ZILIOTTO / LEILA DENISE KEMP /BENJAMIN CHAIA EDSON LUIZ NUNES / CELSO CASAGRANDE / ROSALINA FEITOSA DOS SANTOS SILVA / CÉLIA DE SOUZA DA SILVA / HERMAS RENAN RODRIGUES / TELMA CRISTINA FERNANDES HENRIQUES
EDIÇÃO SATO COMUNICAÇÃO CONTATO@SATOCOMUNICACAO.COM.BR FACEBOOK: SATO COMUNICAÇÃO - INSTAGRAM: GRUPO SATO EDITORA-CHEFE - LUCIANA MODESTO DRT/MS 142 REPORTAGEM - ANA LÚCIA ABRÃO DRT/MS 266, FABIANE SATO DRT/MS 042, JULIO MENDES MTB/MS 1216, EVELISE COUTO MTE 948 MS, ALINE OLIVEIRA DRT/MS 044 E LUCIANA MODESTO DRT/MS 142. PRODUÇÃO - LARISSA MORETI REVISÃO - SATO COMUNICAÇÃO PUBLICIDADE - COMUNICAÇÃO FECOMÉRCIO/MS FOTOS - MÁRIO BUENO MTB/MS 166 PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO - EI • ELABORAÇÃO DE IDEIAS DIRETOR DE CRIAÇÃO - WILSON MATHEUS COMERCIALIZAÇÃO DEPARTAMENTO DE RELAÇÕES COM O MERCADO – FECOMÉRCIO MS RUA ALMIRANTE BARROSO, 52, BAIRRO AMAMBAÍ, CEP: 79008-300 CAMPO GRANDE/MS FONE: 67 3311-4440 / 3042-0112 | 67 99825-0112 / 99267-9267 COMERCIALREVISTA@FECOMERCIO-MS.COM.BR
TIRAGEM DA REVISTA: 4.000 MIL EXEMPLARES
CONSELHO FISCAL - EFETIVOS CLÁUDIO GEORGE MENDONÇA /LUIZ TADEU GAEDICKE /CARLOS QUEIROZ DE ALMEIDA CONSELHO FISCAL - SUPLENTES OSWALDO FERNANDES / JONAS CHAVES JÚNIOR / ADILSON AMORIM PUERTES DELEGAÇÃO CONFEDERATIVA – EFETIVOS EDISON FERREIRA DE ARAÚJO / JOSÉ ALCIDES DOS SANTOS DELEGAÇÃO CONFEDERATIVA – SUPLENTES DANIEL DA SILVA AMADO FELÍCIO / VALTER MÁRIO SILVA CASTRO SINDICATOS DA BASE FECOMÉRCIO/MS
SIND. COM. VARJ. DE AMAMBAI / SIND. COM. DE A PA R E C I D A D O TA B O A D O / S I N D. C O M . VA R J . AQUIDAUANA / SIND. COM. VARJ. CAMPO GRANDE / SIND. COM. VARJ. DE CORUMBÁ / SIND. DESPACHANTES NO EST. DE MS / SIND. COM. ATAC. E VARJ. DE DOURADOS / SIND. COM. VARJ. NAVIRAÍ / SIND. COM. VARJ. PARANAÍBA / SIND. COM. VARJ. PONTA PORÃ / SIND. REP. COM. AUTÔN. E EMP. DE REP. COM. MS / SIND. COM. VARJ. MAT. CONST. CG / SINDSUPER / SIND. VARJ. PROD. FARMACÊUTICOS DE MS / SIND. COM. VARJ. TRÊS LAGOAS / SIND. EMP. CENTRO DE FORM. CONDUT. DE VEÍCULOS DO MS / SIND. REV. VEÍC. AUT. DE CG / SIND. PROP. SALÕES DE BARBEIROS, CABELEIREIROS, INSTITUTO DE BELEZA DE MS / SIND. CO M. VA R J. D E N O VA A N D R A D I N A / S E AC/M S SINDICATO DA EMPRESAS DE ASSEIO E CONSERVAÇÃO DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL. SUPERINTENDENTE FECOMÉRCIO-MS Valmira Gomes Carvalho DIRETOR REGIONAL DO SENAC/MS Vitor Mello DIRETORA REGIONAL DO SESC/MS Regina Ferro
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PALAVRA DO PRESIDENTE Reinventar-se. Para quem quer evoluir no mercado, não há outro caminho. É preciso ser criativo e inovador para alcançar resultados surpreendentes. Caso contrário, todas as empresas estarão fadadas a entrar na triste estatística de empresas que fecham suas portas. É difícil? Podemos dizer, com certeza, que nos tempos atuais, não é! As inúmeras ferramentas, instituições, empresas e profissionais focados nisso provam o quanto isso é possível e realizável. Essa edição, como todas as que produzimos para você, traz matérias que abordam estratégias para inovar, para ser diferente, para ousar. Desde o nosso destaque de capa, em que abordamos as empresas spin-off, até dicas simples de como incrementar as vendas com o whatsapp business e com o google , que vai muito além de um simples buscador da web. Estas e outras ferramentas, podem ajudar o empreendedor a alavancar negócios, otimizar tempo e captar clientes. Na área de finanças também abordamos a inovação, com matéria sobre as fintechs, startups de serviços financeiros que surgiram para alterar a dinâmica do mercado com soluções mais baratas, práticas e acessíveis. Na área de gestão, falamos sobre o mapeamento de processos e as melhorias que ele pode trazer para as empresas ao facilitar a visão dos procedimentos passo a passo, apontando os gargalos e melhorando a produtividade da empresa, além de trazer dicas valiosas para manter um fluxo de trabalho eficiente. Também abordamos as práticas para o combate à corrupção e como a integridade está ligada ao sucesso do negócio. Com um programa de compliance adequado, por exemplo, é possível garantir lucratividade e transparência nos processos. Desejamos uma boa leitura.
NESTA EDIÇÃO
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CAPA
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MERCADO
Empresas spin-off surgem como alternativa para empreender.
A arte de ser diferente.
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CRIATIVIDADE
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VENDAS
Google para alavancar negócios.
11 WhatsApp Business aproxima empresas de clientes e facilita negociações.
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ENTREVISTA Luis Justo, CEO do Rock in Rio.
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FINANÇAS A revolução das fintechs.
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CENÁRIOS MS Em Alcinópolis, memórias milenares convivem com o crescimento urbano.
32
GESTÃO COMPETITIVA Compliance: como garantir a integridade e os lucros do negócio.
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SENAC MS Varejo 4.0: as mudanças de um novo mercado trazidas por um novo consumidor.
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GESTÃO DE PESSOAS Como o mapeamento de processos pode ser uma ferramenta bastante útil nas empresas.
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PASSO A PASSO
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IPF / PESQUISA
Tempo é dinheiro.
Quando o prato do dia se torna um bom negócio.
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TURISMO Observação de aves é atividade interessante e promissora em MS.
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LEGISLAÇÃO
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SESC MS
Como fica a questão da atividade-fim após decisão do STF.
Educação do Sesc MS traz novidades para 2019.
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ORIENTAÇÃO
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FECOMÉRCIO
Lei do troco: o que você precisa saber?
Pelo bem comum.
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INOVAÇÃO A evolução do mercado cria novas técnicas de marketing para os negócios.
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ARTIGO Sua empresa e o “risc(ã)o”.
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CAPA Por: Luciana Modesto e Larissa Moreti Fotos: Mário Bueno
Empresas spin-off surgem como alternativa para empreender O termo saiu dos seriados e agora tem inspirado empreendedores para novos negócios. O chamado spin-off pode parecer novo, mas nada mais é do que lançar no mercado uma nova empresa a partir de pesquisas ou de uma demanda identificada em um negócio já existente. No mundo dos seriados, fica fácil explicar: quando um personagem de uma série de filmes faz muito sucesso, em alguns casos ele acaba ganhando um novo seriado. Foi assim com Better Call Saul, que trouxe o advogado Saul Goodman para uma nova série após o sucesso que foi Breaking Bad. Alguns anos antes, isso já acontecia, quando Barrados no Baile inspirou outros dois novos seriados como Melrose Place e 90210. Foi assim com o empresário Eduardo Fornari, proprietário do Vermelho Grill, do Vermelho Beef e do Vermelho Express. Cada empresa tem um público diferente e a atuação é pensada em atender as demandas que fizeram o empresário ir além da primeira empresa, o Vermelho Grill, que existe desde 1999 na capital e conta com uma filial em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
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“Meu pai, Clóvis Fornari, é veterinário de formação e queria fazer um restaurante que tivesse uma carne que fosse produzida pensada no consumidor final e não só pensando nas normas e exigências de frigoríficos, que não prestavam atenção, naquela época, em carnes de qualidade, e sim em obedecer ao peso e outros critérios”, lembra. A qualidade dos pratos passou a ser o maior diferencial do restaurante e isso conquistou o paladar de muitos brasileiros e mesmo estrangeiros que visitavam a capital a negócios. O segredo para a qualidade foi focar na diversidade de pratos a partir de diferentes cortes. “Esse mundo do churrasco foi se transformando nos últimos tempos e saindo daquela versão tradicional de fazer só um ou outro corte, para explorarmos mais o animal como um todo. Esse sempre foi o nosso objetivo, nosso propósito: utilizar o máximo dos cortes que tem aptidão para assar, para fazer em uma churrasqueira”, conta. E Eduardo estava no caminho certo, já que no Brasil e no mundo todo começaram a surgir vários chefs assadores, especialistas em inúmeras formas de preparo.
E como o empresário já estava com a mão na massa, ou melhor dizendo, com a mão na carne, a ideia foi passar a vender os cortes para que as pessoas pudessem preparar em casa. “A gente já tinha a carne de qualidade, já tinha um trabalho bem-feito antes e por que não vender essa carne in natura?”, pensou. E assim surgiu o Vermelho Beef, em 2015. O grande diferencial, além de todo o conjunto da carne de qualidade, da procedência, da preocupação e bem-estar animal, foi proporcionar o trabalho de cortes e limpeza, que a empresa chama de toalete. “O cliente pode, mesmo num churrasco pequeno, para poucas pessoas, servir vários tipos de carne, porque os cortes são praticamente individuais, embalados individualmente em gramaturas pequenas, como se fossem porções. Então a gente pôs à prova o que a gente já fazia”, afirma. O conhecimento e a prática não foram os únicos ingredientes na hora de abrir um novo negócio. A iniciativa de uma nova empresa foi pensada e planejada. “O mercado da carne, do churrasco, é grande, não tem classe social, atende todo mundo, e a gente sabe que tem um bom produto”. Claro que como o novo empreendimento acabou pegando carona no nome do anterior, tudo ficou mais fácil. Outra estratégia foi manter a nova empresa bem próxima ao restaurante. “A conveniência estar ao lado do restaurante foi determinante, porque é fácil de cuidar, de estar no nosso olho, fora que temos clientes em potencial almoçando e jantando todos os dias no restaurante”, conta.
Outro empreendimento novo que surgiu do negócio inicial foi a Vermelho Express, que é a versão mais enxuta do Vermelho Grill no Shopping Campo Grande. A ideia foi oferecer a mesma qualidade do preparo do restaurante em um ambiente onde as pessoas precisam de mais praticidade e rapidez.
EDUARDO FORNARI, PROPRIETÁRIO DO VERMELHO GRILL, DO VERMELHO BEEF E DO VERMELHO EXPRESS.
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CAPA
DENISE MACEDO E A SÓCIA DEISE ALVES.
Novos (e potenciais) clientes A empresária Denise Macedo da Silva, proprietária do Studio Denise Macedo, é formada em Educação Física e chegou a fazer três anos de Fisioterapia. Mas quando percebeu um mercado já saturado nessas áreas começou a investir no segmento de beleza e fez um curso técnico de cabeleireira no Senac, em Campo Grande. Em 2013 abriu seu próprio salão, uma salinha pequena com lavatório e cadeira. Foram cinco meses antes de começar a atender na sua própria casa. “Como eu tinha noção de que tinha acabado de concluir o curso e não tinha experiência, eu cobrava barato das clientes. Meu negócio foi crescendo, uma cliente falava para outra, eram amigas minhas”, lembra. O valor mais acessível permitiu que Denise fosse construindo sua carteira de clientes. O preço não era seu único diferencial. A qualidade do seu serviço trouxe ainda mais público. E, conforme o número de atendimento crescia, o movimento do salão também se voltou para uma diferenciação de segmento: o de noivas. "Foi aí que a gente viu o mercado de acessórios finos. Uma cliente minha, Deise Alves, teve essa visão e me ofereceu uma sociedade. Conversando, ela falou que queria que fosse dentro do salão e com o nome do salão, porque ela queria aproveitar a marca que já era conhecida”, conta. Assim nasceu a empresa DM Acessórios Finos, exclusivamente para noivas, madrinhas e formandas. O foco é direcionado para produtos como coroas, tiaras de noivas, pentes de cabelo para madrinha, cordões, joias, flores, semijoias, entre outros. A empresária já sabia, desde o começo, que o novo negócio tinha tudo para dar certo. “As noivas chegam no salão para fazer o teste sem acessório. Elas não pensam nisso. Antes, a gente indicava lojas para elas irem comprar, elas compravam e voltavam para o salão. Agora, já temos essa comodidade: quando a gente prepara o penteado, a gente já mostra os acessórios”, comemora.
A DM ACESSÓRIOS NASCEU PARA ATENDER UMA DEMANDA QUE SURGIU STUDIO DENISE MACEDO.
Nem sempre. Como qualquer novo negócio, o planejamento, o estudo do público, da concorrência e do mercado são primordiais para a expansão. “A partir do momento em que o empresário decide observar bem de perto e trocar ideias mais concretas com o cliente, além de se conectar de fato com o mercado, surgem novas oportunidades”, explica Ana Carla Castello, consultora do Sebrae/MS. Antes de tudo, o empresário precisa saber o que levar em consideração na hora de separar um negócio de outro ou mesmo avaliar se é viável criar uma nova empresa e manter duas. “Quando podemos aproveitar o mesmo modelo de negócio atual sem sobrecarregar ou comprometer o que está sendo feito, ou mesmo a equipe, é possível utilizar o formato da mesma empresa. No entanto, se o foco for apenas segurar os custos, mas comprometer o que está sendo realizado agora, certamente o cliente vai sentir e buscar outras opções. Neste caso, é melhor estudar a abertura de outra estrutura” pontua. Alguns itens merecem atenção do empreendedor que quer seguir esse caminho. “São os custos de manutenção do empreendimento, pessoal preparado e disponível para trabalhar, que precisam ser considerados para decidir o desmembramento. Não existe uma fórmula exata”. É preciso muita avaliação, questionamento direcionado, pesquisa em empreendimentos similares ou complementares, busca de perfis de clientes naquele segmento, possíveis fornecedores de produtos e serviços e muita, mas muita anotação, para uma análise mais profunda”, diz Ana Carla.
Novos caminhos E quando uma oportunidade de negócio surge a partir de um empreendimento que já existe, parece muito mais fácil conduzir a nova empresa rumo ao sucesso, não é verdade? ANA CARLA CASTELLO.
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MERCADO Por: Luciana Modesto e Larissa Moreti Fotos: Mário Bueno
DÉBORA QUIRINO IBRAHIM, PROPRIETÁRIA DA QUINTA VALENTINA, EM CAMPO GRANDE.
a arte de ser diferente Empresas encontram seu diferencial para trilhar o caminho do sucesso Em um mercado tão competitivo, descobrir um diferencial pode ser estratégico nos negócios. A arte de se destacar na concorrência requer planejamento, inovação e muito estudo. Entender quais são os verdadeiros clientes de uma empresa e descobrir o que o consumidor quer, oferecendo uma solução para isso, é o primeiro passo para o sucesso. O caminho para conquistar o coração (e o bolso) do cliente é conhecê-lo bem de perto e saber ouvi-lo sempre, cultivando para uma relação duradoura. Quem apostou em ser diferente foi a empresária Débora Quirino Ibrahim, proprietária da Quinta Valentina em Campo Grande, quando abriu sua empresa em abril. A ideia inicial era montar uma loja de sapatos infantis, mas ao perceber um mercado bem saturado nesse segmento, ela ajustou a rota e foi em busca de algo mais inovador. A escolha por sapatos continuou, mas o foco foi entender as necessidades que ainda não eram atendidas pelas lojas convencionais. “Aqui em Campo Grande existia uma carência de atendimento personalizado, de mimar o cliente. As mulheres gostam
de se encontrar com as amigas, tomar chazinho no final da tarde”, conta a empresária. Sem vitrines e num formato de showroom, o negócio, que também acredita na receita básica de valor acessível e qualidade, foca em atender cada cliente de forma especial. “As clientes avisam que estão vindo e eu preparo o espaço com a numeração delas”. Outras estratégias também fazem sucesso entre as consumidoras. “Montamos o que chamamos de shoebag: a gente vai até a cliente, deixamos a mala personalizada e buscamos no outro dia”, explica. No local há ainda o espaço chamado de conversation, onde a cliente é recebida como se estivesse em casa. Ao chegar, o roteiro inclui cremes e massagens para cuidados especiais com os pés. Entender que cada cliente é único faz a diferença na hora de fidelizar. “Cada cliente é diferente, cada uma a gente trata de uma maneira especial, elas se sentem especiais. Buscamos escutar o que elas querem. Fazemos elas perceberem que estamos prestando atenção nela, não tentamos empurrar ou vender uma mercadoria”, complementa.
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MERCADO
SÉRGIO BRITO, PROPRIETÁRIO DA PADARIA PADARELLI.
relação de confiança Apostar na honestidade dos clientes foi o diferencial que o empresário Sérgio Brito encontrou ao abrir a padaria Padarelli na capital. Embora cada consumidor precise ser tratado como diferente, lá todos são iguais quando se trata de confiança. “Quando você vai montar um comércio, normalmente se preocupa com a parte da segurança, de não ser roubado, coloca grades, câmeras, pessoas para fiscalizar. Isso em função das pessoas desonestas. A gente acredita que eles são a minoria da população. A grande maioria das pessoas que moram nos bairros, na cidade, são pessoas simples, honestas. Então por que não fazer um negócio voltado para essas pessoas? ”, questiona. No local, o cliente fica à vontade para se servir ou mesmo para embalar seus próprios produtos e levar para casa. Nada é fiscalizado. No caixa, o consumidor paga pelo que diz ter consumido e vai embora. “As pessoas se espantam, mesmo as honestas e muitos ainda perguntam 'vocês não vão ter prejuízo? ' 'É assim mesmo? ' 'Vocês não vão anotar nada? ' 'Não tem comanda? '. A relação de honestidade se tornou um atrativo. Sérgio conta que principalmente os clientes que vêm de outras cidades, param para filmar o lugar. Viramos uma atração por essa característica de confiar 100% no cliente”, diz. Além de fidelizar os clientes com esse tipo de tratamento, a estratégia deu tão certo que quem vai pela primeira vez, volta
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e traz mais pessoas. “Notamos que cada cliente voltava e trazia um amigo, um conhecido, para mostrar como funciona”. Sérgio comemora que o diferencial da empresa acaba gerando a melhor propaganda: aquela feita no boca a boca. Claro que de nada vale esse tratamento com os clientes se o produto não for bom e não tiver um preço justo. “A gente montou um negócio em que conseguimos alinhar qualidade e valor. Temos um preço bom, um produto bom e total confiança no cliente. Isso salta aos olhos da população. O pessoal fica admirado e é um diferencial significativo”.
CARLOS HENRIQUE RODRIGUES DE OLIVEIRA, TÉCNICO DO SEBRAE/MS.
foco nas diferenças Quem quer abrir uma empresa ou mesmo para quem já se lançou no mundo dos negócios, o caminho para o sucesso pode ser trilhado de forma mais eficiente se a vantagem competitiva for o foco na hora de vender ou prestar um serviço. O técnico do Sebrae/MS, Carlos Henrique Rodrigues de Oliveira explica que a receita é rever e revisitar alguns conceitos e práticas para alcançar a desejada vantagem competitiva. “Essas duas palavrinhas são fáceis de confundir e o empresário pode achar que tem, mas em alguns casos não representa o todo. Vantagem competitiva é aquilo que a empresa tem como algo realmente diferente no que realiza ou oferece e que não seja fácil de se copiar. O processo pode ser bastante trabalhoso e buscar a inovação é algo que vale a pena investir”, afirma. Carlos orienta que não há uma fórmula mágica. “A busca sempre se faz em trazer a solução ao cliente. Isso não está errado, mas a forma de se chegar no resultado é que pode ser diferente e trazer maneiras inovadoras de se realizar”. O que o empresário precisa é ter realmente a validação do cliente. Validar a proposta com o cliente passa pela implementação de pesquisas, seja por questionários, visita a campo, conversar diretamente com o cliente para entender qual é sua real
necessidade e desejo. “Assim, o que se planeja inicialmente para atender/solucionar o problema do cliente pode levar a caminhos que não foram nem previstos e imaginados inicialmente”, alerta. Outro alerta é para que as empresas deixem para trás a busca pelo público-alvo. “Esse é o famoso 'todo mundo que eu puder alcançar'. Mas também é sabido que, tanto para iniciar um novo negócio quanto para rever e otimizar o já existente, segmentar de fato o público com o qual irá atuar se faz cada vez mais necessário”. O que o técnico explica é que nos vários estágios de planejamento, crescimento e consolidação da empresa, o ideal é traçar as possíveis “personas” que vai atingir, que são bem mais específicas que o grande e desconhecido público-alvo. Nesse caso é encontrar cada cliente e conhecê-lo mais profundamente. Conhecendo o cliente e sabendo ouvi-lo, ficará mais fácil validar se o que a empresa oferece está de acordo com sua necessidade. A grande dica é, depois de conhecer e ouvir os clientes, saber investir no relacionamento. “Usar o banco de dados de forma coesa e que tenha continuidade no relacionamento, atuação em pós-venda, ofertar produtos e serviços que fazem sentido e que criam conexão com seu público”, aconselha.
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CRIATIVIDADE Por: Larissa Moreti *com supervisão de Sato Comunicação Fotos: Mário Bueno/Divulgação
Para alavancar Negócios Anúncios, divulgação, agenda e compartilhamento de arquivos são alguns dos serviços disponíveis para empreendedores Segundo dados do StatCounter Global Stats, no Brasil, 96,37% das buscas são feitas no Google, o que mostra que ele é a porta de entrada utilizada por quase toda a população do País na hora de procurar soluções – sejam elas para tirar dúvidas pontuais ou encontrar produtos e serviços. Ou seja: é fundamental para um negócio estar presente nele. Muito além de funcionar como um oráculo moderno, o Google também oferece um amplo conjunto de ferramentas pagas e gratuitas que servem para facilitar intensivamente o dia a dia na vida pessoal e inclusive impulsionar os negócios. Existe uma gama de serviços dedicados principalmente a empreendedores e outros com funções que podem ser adaptadas para fins empresariais, otimizando tempo e reduzindo custos.
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Produtividade “O Google possui muitas funcionalidades e posso dizer que, nos dias de hoje, é o melhor amigo do empreendedor, desde que ele aceite essa amizade, claro: tenha o interesse e reserve um tempo para se dedicar aos cadastros básicos, que inclusive são gratuitos”, afirma a consultora e administradora Sandra Areco. Para quem quer começar, o primeiro passo é se registrar no Google Meu Negócio, ferramenta sem custo que permite às pessoas encontrarem informações sobre uma empresa no buscador e no Google Mapas. “Com isso, o empresário já posiciona seu endereço e informa os contatos, como telefone, email e site. Tem coisa melhor do que deixar seu 'cartão de visita' à disposição de um potencial cliente dentro da ferramenta de busca mais utilizada no mundo, e ainda sem pagar nada?”, destaca Areco.
Segundo a consultora, é importante que o empresário faça esse processo por conta própria ou, caso peça ajuda, se atente para que seja utilizado um e-mail do Google ao qual ele tenha fácil acesso. Dessa forma, se surgir a necessidade de atualizar informações, não haverá dificuldade em se conectar. Outra ferramenta gratuita disponível são os formulários do Google, que podem ser usados para fazer pesquisas com os consumidores ou captar informações cadastrais para montar uma base de possíveis clientes. Já o Google Drive serve como um depósito virtual onde o empreendedor pode fazer o upload de arquivos, fotos, documentos e outros, e acessá-los em qualquer dispositivo com o aplicativo instalado. “É muito bom não precisar ligar o computador somente para encaminhar um e-mail com um documento em anexo, quando eu posso fazer isso diretamente pelo celular que está sempre comigo”, ressalta Areco. O serviço de calendário do Google se encaixa bem na rotina de empresas com um número maior de funcionários: na plataforma, é possível elaborar agendas compartilháveis que ajudam a programar reuniões, verificar a disponibilidade dos colegas e criar lembretes. A ferramenta também se integra com o Gmail, o Drive e outras soluções do Google para facilitar e estimular a produtividade. A consultora cita também o YouTube, que o empresário pode alimentar com conteúdo relevante para os clientes e usar como estratégia para trazer produtos e serviços do negócio ao seu público-alvo. “O YouTube é uma ferramenta fantástica. Podemos postar vídeos, tutoriais e até mesmo fazer transmissões ao vivo de eventos, o que aproxima muito o cliente e faz com que as pessoas se identifiquem com a solução com que o empreendedor trabalha”, afirma.
Investimento e resultados Quando buscamos algo no Google, quase sempre estamos tentando resolver um problema. Se uma empresa for a primeira a aparecer ou estiver em evidência nos resultados, tem mais chances de captar um cliente interessado no que ela oferece. Para essa finalidade, existe o Google Ads, que cria anúncios assertivos de texto, vídeo, gráficos e aplicativos segmentados para o público do negócio, já que são mostrados somente a quem buscou pelas palavras cadastradas dentro da campanha. A conta é gratuita e a exibição dos anúncios não é cobrada: o usuário só paga quando alguém clica ou assiste a propaganda no YouTube. “Se for bem trabalhada, essa ferramenta dá um retorno incrível e com baixo investimento em comparação a outros meios de divulgação. A grande diferença é que no Google é o cliente que te procura. Se procurou é porque precisa e se precisa, é porque vai comprar. Então faz sentido você ser a
CONSULTORA SANDRA ARECO TRAZ DICAS ESTRATÉGICAS PARA EMPRESAS SE DESTACAREM NO GOOGLE.
'resposta certa' para a pergunta que a pessoa fez ao Google”, explica Areco. Já o Google Merchant Center é uma ferramenta que auxilia a disponibilizar dados e produtos da loja no Google, que podem ser usados no Shopping – plataforma que reúne itens de diversas lojas online – e outros serviços da multinacional. Para quem trabalha com e-commerce, essas funções aumentam as possibilidades de vendas no site. Os valores dos anúncios são flexíveis e cobrados de acordo com o orçamento do empreendedor. A consultora considera importante a frequência, que deve utilizar uma estratégia específica para o modelo de negócio. “O mais importante não é estar em primeiro lugar no Google quando eu, empreendedor, pesquiso, mas sim ser a resposta certa para a pergunta que o meu potencial cliente faz, até porque o Google organiza as respostas (pagas ou não) de acordo com o perfil de quem está fazendo a busca”, esclarece.
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CRIATIVIDADE
MATHEUS PALHANO USA FERRAMENTAS DO GOOGLE PARA FORTALECER A MARCA.
Fortalecimento de marca O BF///MS começou como um portal com fotos e informações sobre veículos off-road, e hoje já possui marca de roupas, calçados, acessórios e revendedores espalhados pelo Brasil. A empresa utiliza o Google Meu Negócio, o Ads e estratégias de SEO (Search Engine Optimization), ou otimização para mecanismos de busca, como forma de posicionar a marca em todos os canais disponíveis. “Começamos trazendo informação, conteúdo dos leitores, depois vestuário e agregando valor. Agora, a gente usa o Google para mostrar a marca mesmo, como ferramenta de remarketing. O cliente vê uma camiseta e a gente trabalha isso com ele, com anúncios e conteúdo”, explica Matheus Palhano, um dos sócios-proprietários do BF///MS. O empreendedor afirma que a empresa buscou os serviços da multinacional após identificar a necessidade de estar presente em todas as mídias digitais, e investe em média mil reais por mês com o Google. Primeiro, trabalhou com um funcionário interno para ter a experiência dentro do negócio, e depois optou por contratar uma agência especializada. Para Palhano, os serviços são um pouco confusos pela quantidade de funções disponíveis, o que leva o empreendedor a ter que fazer algum tipo de capacitação ou buscar profissionais qualificados para trabalhar com as ferramentas. A estratégia utilizada pelo BF///MS no Google não é focada em vendas, mas sim em destacar e firmar o nome do negócio no ambiente digital. Com isso, conseguiram também bons resultados orgânicos – aqueles obtidos sem investimento. “Nossa estratégia não é de vendas, porque as vendas que temos pelo Google não compensam o investimento. Nós usamos mais para a marca estar sempre presente e o público sempre lembrar dela. Existem vendas que ocorrem sem nós sabermos por causa do Google, de pessoas que pesquisaram e conheceram por lá”, ressalta. CLEIDSON LIMA, À FRENTE DO MUSEU DO VIDEOGAME.
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Público conectado Criado em 2011, em Campo Grande, o Museu do Videogame Itinerante já passou por 15 estados do Brasil e tem cerca de 300 consoles para exposição. Mais de 7 milhões de visitantes já conheceram a mostra e o Ministério da Cultura o elegeu o museu mais criativo do País. O tipo de negócio atrai muitos jovens e tem tudo a ver com a internet, o que exigiu que o diretor e curador Cleidson Lima buscasse soluções para criar essa presença online. “A estratégia de divulgação focada em internet acontece desde 2014, quando o Museu do Videogame Itinerante ainda se chamava Campo Grande Game Show. Devido ao perfil do negócio, a internet acabou ajudando muito na pulverização do nome do museu em todas as mídias sociais”, explica. Segundo o empresário, esse trabalho de divulgação online chamou a atenção de veículos de comunicação tradicionais e ajudou a disseminar a marca do museu.
O empresário incluiu as despesas com divulgação online no plano estratégico, com investimentos fixos em ações de posicionamento de marca nas buscas do Google e na divulgação do negócio em redes sociais, como Facebook e Instagram. “O custo x benefício é fantástico, se utilizar a estratégia certa. Caso contrário, devido às constantes mudanças nos algoritmos desses serviços, acaba se tornando dinheiro jogado fora”. Pela falta de tempo e pessoal próprio para trabalhar com as ferramentas, Cleidson optou por contratar uma agência especializada que cuida dos anúncios e estratégias. “Eles não só identificam e escolhem as melhores ferramentas em determinados períodos do ano, como também administram muitas postagens e anúncios do museu para públicos específicos. Com isso, conseguimos chegar a pessoas estratégicas sem ter que despender muito investimento”, afirma.
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VENDAS Por: Evelise Couto Foto: Mário Bueno
Oportunidade na palma da mão WhatsApp Business aproxima empresas de clientes e facilita negociações
Um dos aplicativos mais populares do mundo é o WhatsApp. No primeiro bimestre de 2018, o app atingiu a marca de 1,5 bilhão de usuários ativos por mês e, nada menos que 60 bilhões de envios todos os dias. O app foi comprado pelo Facebook em 2014 e, desde então, recebeu várias novidades: ganhou uma versão para desktop, notificações de leitura, o recurso de apagar as mensagens e até a possibilidade de postar stories, como no Instagram. No entanto, uma das novidades que mais chamou a atenção foi uma versão para negócios do aplicativo, chamada WhatsApp Business. O app é uma mão na roda para pequenas e médias empresas e tem recursos extras para ajudar a vida dos empreendedores que já utilizavam a versão original para fazer vendas e atender seus clientes pelo smartphone. Alvaro Vasques, CEO da agência Opt3, com mais de 15 anos de atuação no mercado online, explica que a funcionalidade do WhatsApp Business é bem similar à versão convencional, com alguns adicionais como perfil da empresa e a opção de respostas automáticas. "Ele já vinha sendo utilizado, e muito, para fins comerciais, mesmo que a criação da versão original não tenha sido com esse fim. A versão business foi uma forma de oferecer às empresas funcionalidades mais profissionais", pontua. No app, é possível criar uma página de perfil com as informações do negócio, como endereço, e-mail, site e descrição dos serviços, adiantando ao cliente o que a empresa oferece. Além disso, com ele os empresários têm
ALVARO VASQUES, CEO DA AGÊNCIA OPT3.
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acesso a métricas, ou seja, números que permitem entender melhor o comportamento dos clientes. É possível, por exemplo, verificar os tipos de mensagens que são mais lidas, ajudando assim na hora de definir as estratégias de marketing. A corretora de imóveis Sandra Maria Ribeiro passou a utilizar o WhatsApp Business no início do ano, logo que o app foi lançado. De lá para cá conseguiu perceber muitas vantagens, principalmente no que diz respeito ao relacionamento com o cliente. "Como o aplicativo permite a utilização de mensagens automáticas, criamos uma saudação inicial e uma mensagem de orientação. Os clientes recebem também mensagens automáticas quando entram em contato conosco em horários em que a empresa não está funcionando. Outro ponto positivo é que nem sempre conseguimos responder com urgência todas as mensagens que recebemos, porém eles recebem uma mensagem automática, avisando que em breve atenderemos e informando sobre nosso horário de trabalho, o que não deixa de ser um atendimento prévio", conta. Sandra explica ainda que em sua área de atuação o Whatsapp Business tem sido bastante utilizado e, se explorado de maneira inteligente, pode ser uma ferramenta poderosa e definitiva na hora de fechar negócios. "O app facilitou a comunicação, deixando-a também mais econômica. Conseguimos nos comunicar, inclusive, com clientes que residem no exterior, encaminhamos fotografias e documentos, em tempo real, de forma prática e rápida", conta.
SANDRA MARIA RIBEIRO CORRETORA DE IMÓVEIS
Canal direto Uma das vantagens do WhatsApp Business para o empresário Henrique Lima é a possibilidade do cliente ter um canal direto com a empresa. À frente da casa de suco e fast food saudável Double Juice, ele afirma que essa proximidade traz muitos benefícios ao seu negócio. "Trabalhamos bastante com o sistema de delivery. Os pedidos são, em sua grande maioria, feitos por meio do nosso aplicativo do restaurante, mas os clientes acabam entrando em contato com a gente pelo WhatsApp para ter informações sobre tempo de espera, se o pedido já está a caminho e também para dar um feedback sobre nosso serviço", explica. Um diferencial do uso de Henrique é que ele utiliza o WhatsApp Business com um número de telefone fixo, recurso pouco conhecido pelos usuários, mas que tem trazido bons resultados para o empresário. "As pessoas até estranham quando divulgamos nosso número de WhatsApp e falamos um número fixo. Sempre explicamos que isso é possível com a versão para empresas. É um canal certificado e oficial da Double Juice", pontua.
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DICAS para utilizar o
WhatsApp Web a favor dos seus negócios
1.Preencha seu perfil com atenção: quanto mais informações você disponibilizar para o cliente, melhor. Informe o nome de sua empresa, o telefone, o site (caso tenha), uma descrição breve sobre o negócio, localização, email para contato e horários de funcionamento.
2.Utilize as mensagens automáticas. Existem três tipos que você pode programar: mensagens de ausência, mensagens de saudação e respostas rápidas. Com esse último tipo, é possível configurar, por exemplo, uma mensagem automática como "de nada", sempre que um cliente enviar um "obrigado", ao final do atendimento.
3.Use as tags (etiquetas) para classificar o tipo de conversa que você está tendo com um cliente. Isso ajuda muito a organizar o atendimento, uma vez que você pode classificá-los de maneira personalizada como Reclamações, Dúvidas, Venda, etc.
4.Tenha bom senso. Não bombardeie seus contatos com anúncios. Isso, no final das contas, pode gerar um efeito contrário e você pode acabar sendo bloqueado pelo cliente no aplicativo.
5.Uma boa dica é separar o número pessoal do comercial. O WhatsApp Business pode ser instalado no mesmo aparelho onde já existe a versão tradicional, no entanto, você pode vinculá-los a números de telefones distintos. PABLO MANERA E O SÓCIO HENRIQUE LIMA.
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ENTREVISTA Por: Luciana Modesto e Larissa Moreti Fotos: Sebrae/MS
Luis Justo CEO do Rock in Rio
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O grande show Luis Justo torna Rock in Rio palco de grandes experiências para os negócios Luis Justo resgatou e transformou um dos maiores espetáculos de rock do mundo em uma experiência incrível para milhares de pessoas. CEO do Rock in Rio, Luis ousou e implementou inúmeras estratégias que consolidaram o evento como referência não apenas em um show, mas como uma marca reconhecida internacionalmente por ultrapassar as barreiras do entretenimento e inspirar empreendedores na mágica de encantar o cliente. Engenheiro de Produção com MBA em Gestão de Negócios, Luis começou sua carreira bem cedo. Atuou no mercado financeiro e em uma consultoria multinacional e tornou-se, aos 28 anos, CEO da Osklen, uma das mais respeitadas marcas de moda do mundo. Há 10 anos é palestrante e divide sua experiência em gestão, liderança, empreendedorismo, inovação, branding e internacionalização. Em agosto deste ano, durante a Feira do Empreendedor, em Campo Grande, Luis trouxe sua bagagem de conhecimento, compartilhando suas inspiradoras experiências. Durante sua estadia, em entrevista à Comércio & Cia, o empresário falou um pouco mais sobre como o Rock in Rio pode motivar empreendedores a inovar no mundo dos negócios.
Quando você assumiu o Rock in Rio, ele já era um evento consolidado. Qual foi o principal desafio que você encontrou de cara, na hora de gerir um evento desse porte? O Rock in Rio estava voltando para o Brasil depois de dez anos fora. Já estava há dez anos em Portugal. Em 2011 era o ano de retorno. E naquela época questionamos o quanto a marca era relevante. Isso a gente percebeu logo, que o evento realmente ainda tinha essa força. Mas como reestruturar para um projeto ainda mais ambicioso de crescimento que a gente tinha, de expansão internacional, para outros países, como a gente fez depois indo para os Estados Unidos? Foi um desafio, de cara, essa volta do evento para o Brasil e uma percepção de como a gente poderia prepará-lo para ter outros voos ainda maiores. Você pode mensurar a movimentação econômica que esse evento promove? O Rock in Rio, a cada edição, movimenta mais de R$ 1 bilhão na economia do Rio de Janeiro, isso somando impostos,
movimentação turísticas de hotéis e tudo mais. Esse é mais ou menos o impacto que a gente traz a cada dois anos para o Brasil através do evento. Quantas pessoas trabalham para realizar o evento? Durante o Rock in Rio, são 20 mil pessoas diretamente envolvidas na operação do evento, isso desde estar trabalhando diretamente no Rock in Rio e através de terceirizados que estão trabalhando dentro do evento, especificamente. Por ser um evento periódico, como funciona essa seleção? Eles passam por um treinamento? O principal pilar do Rock in Rio é a entrega da experiência, e a experiência é feita obviamente através das pessoas. A gente tem uma preocupação, mesmo com as pessoas que estarão trabalhando exclusivamente em um ou dois dias do evento. Elas passam, às vezes, por mais tempo de treinamento para estar de frente para o público e gerando essa experiência do que trabalhando. Isso é
fundamental. A gente tem todo um programa sim de treinamento, seja para a nossa equipe que permanentemente precisa estar se atualizando, vendo novas tecnologias que podemos aplicar no evento, e para aquela que está diretamente envolvida com o público para poder promover essa experiência. O Rock in Rio já tem uma tradição, já tem um modelo de negócios. Como você acredita que é possível alinhar a inovação com o tradicional, o que já deu certo com o que é preciso tentar fazer? Existe uma clareza no Rock in Rio que é a intenção de qual é a nossa proposta de valor. A partir do momento em que a gente define a nossa proposta de valor, como falei aqui que é proporcionar essa experiência inesquecível para o nosso cliente, ela vira um drive para tudo que a gente vai fazer do ponto de vista inclusive de inovação que a gente vai trazer para o evento. Quando a gente traz um conteúdo diferente isso é marcante. Como o que a gente fez na edição passada, de um show de drones, que voaram por trás do Palco
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Luis Justo
ENTREVISTA
Mundo, sincronizados com a música e fazendo desenhos no céu. A tecnologia estava ali presente, mas como uma ferramenta para entregar essa proposta de valor. Da mesma forma como às vezes algo simples ligado à forma de você lidar com o cliente, dando um brinde se ele está trazendo para você uma informação de como melhorar o seu evento, isso tudo a gente olha, em como essa experiência vai ser entregue de uma forma ainda melhor. Então, desde uma forma mais artesanal e rústica, até usando uma tecnologia de ponta, tudo vai ser feito em favor de melhorar a experiência do nosso cliente.
Para finalizar, qual a sua percepção sobre a cadeia produtiva de eventos? Qual a sua análise sobre a situação atual , para onde pode ir? Eu acredito que, além da indústria de eventos, por si só, ser uma indústria ou comércio que seja empregador, indutor de turismo, o negócio de fato é relevante como impacto econômico - o Rock in Rio em um único evento gera mais de R$ 1 bilhão para a cidade. O negócio tem a i n d a u m s e g u n d o e fe i t o m u i t o importante que é o efeito de construção de marca e de imagem de um País, de uma região. O evento tem um poder de comunicação. Falando também de números, só em mídia espontânea gerada no Rock in Rio na última edição, foram R$ 2,4 bilhões atrelados e associado ao evento. Isso constrói também a imagem de uma cidade, constrói a imagem de um País, obviamente se você tem um padrão de excelência na execução desse evento.
Inovação Rock in Rio Rock in Rio acontece a cada dois anos. Trazer inovações para um evento tradicional não é simples. Manter a marca girando e engajar o público para que o evento continue na "mente e na alma"
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CEO do Rock in Rio
daqueles que estiveram em algum momento nos shows é o desafio da equipe. Justo capitaliza o modelo da Disney para garantir inovação mesmo nos anos em que não há Rock In Rio. E preza a excelência e o cuidado com os amantes da marca. Para isso, o time cria produtos e serviços que reforçam a experiência.
Rock in Rio Club Programa de fidelidade com benefícios como entrada na Cidade do Rock meia hora antes em uma fila exclusiva, ingressos durante a pré-venda para quaisquer dias sem filas, acesso ao Preview do Rock in Rio (evento de inauguração da Cidade do Rock em que é possível conhecer o espaço do festival antes do público em geral), descontos em produtos oficiais do Rock in Rio e a chance de participar de experiências exclusivas no evento (visitas ao camarim, backstage, meet&greet, etc).
Rock Street Criada em 2011, quando Luis Justo assumiu a gestão do show, é uma rua temática que leva aos palcos do festival. A cada edição comemora algum local significativo para a música. Em 2017, a homenagem foi para a África. A música brasileira figurou no espaço em 2015.
Rock District Trata-se de um espaço que simula um bairro e conta com atrações como a Wall of Fame, muro onde várias celebridades deixaram suas mãos gravadas, Calçada da Fama, em homenagem a grandes nomes da música, Fame Street, que terá exibições de números de dança, e o Boulevard, palco principal que conta com diversos shows durante todos os dias do festival.
Rock Scent
Gourmet Square
Um aromatizador de ambientes exclusivo, criado a partir de elementos que representam o festival, com itens que reproduzem a sensação do Rock in Rio. Esse aromatizador está presente em pontos estratégicos do evento e fica à venda na loja de produtos oficiais.
Uma área com mil metros quadrados e cerca de 500 lugares sentados, em um ambiente climatizado, que oferece desde comida vegana, passando pela culinária japonesa a pratos brasileiros, como feijoada e comidas nordestinas.
Lama do Rock in Rio/1985
Game XP
Vendida na loja oficial do festival, a lama do primeiro Rock in Rio da história foi retirada da obra da Vila dos Atletas dos Jogos Olímpicos de 2016, terreno que recebeu a Cidade do Rock na época, é vendida na loja oficial durante as edições.
Aqui, um parque com arenas voltadas ao mundo dos games. Conta com a maior tela de games do mundo, transmissão de disputas com os melhores gamers do Brasil narradas e comentadas ao vivo, além de shows, exposições, estandes, freeplay e experimentação de games.
Tecnologias da edição 2017 Pulseira com RFID
Brinquedos
O ingresso do show contou com tecnologia RFID, que transmite dados por meio de radiofrequência.
Basta encostar a pulseira do evento e se divertir na montanha russa, roda gigante ou tirolesa. É possível agendar o passeio nos brinquedos de acordo com a disponibilidade de horários.
IOT Internet das coisas
Show dos drones
O aplicativo dá boas-vindas e depois envia mensagens personalizadas, transmitidas aos usuários com dados e informações impor tantes sobre o evento.
Foram 100 drones que dançavam conforme a música, formando imagens e coreografias.
Banheiros monitorados sem filas Banheiros equipados com sensores de presença, espalhados por todo o evento. Em cada entrada, televisões indicavam quais estavam ocupados e a localização dos banheiros livres.
OPTree Um gerador fotovoltaico transforma a luz solar em energia elétrica, onde o visitante tem acesso a carregadores de celular abastecidos pela luz solar.
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FINANÇAS Por: Larissa Moreti Fotos: Divulgação
A R E V O LU Ç Ã O D A S
$ Startups financeiras ganham mercado ao oferecerem serviços transparentes, intuitivos e mais baratos impac to Finnovista e o Banco I nteramer icano de Desenvolvimento (BID ), realizado em maio de 2018, indicou a existência de 377 startups financeiras no Brasil e um aumento de 22% no número em oito meses. O diferencial está na acessibilidade: os serviços podem ser adquiridos com pouca burocracia, costumam ser 100% digitais e possuem atendimento personalizado e tarifas mais
FOTO: FERNANDO TORRES
Taxas, juros, cálculos – lidar com finanças costuma ser uma tarefa pouco agradável e fonte de dor de cabeça para muita gente. Um estudo feito pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) apontou que três em cada dez (31%) brasileiros se sentem inseguros ao gerenciar o próprio dinheiro. Para facilitar essa dinâmica necessária, surgem as fintechs: startups de tecnologia que oferecem soluções financeiras transparentes e inovadoras. “O movimento de fintechs no Brasil começou há poucos anos e tem acelerado cada vez mais. Atualmente, existem centenas de fintechs que atuam em diferentes verticais, como, por exemplo, crédito, câmbio, meios de pagamento, bitcoins, investimentos e seguros, entre outros”, explica Bernardo Pascowitch, diretor da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs) e CEO e fundador do Yubb, buscador de investimentos online e gratuito. Segundo o empresário, a ineficiência no mercado financeiro por parte das instituições tradicionais e a regulação governamental cada vez mais favorável às inovações trazidas pelas fintechs criaram um cenário vantajoso para o surgimento deste tipo de empresa no país. O último Mapa de Fintechs, levantamento do blog Finnovation junto com a plataforma de
BERNARDO PASCOWITCH, DIRETOR DA ABFINTECHS.
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Foco na experiência
Emprestar recursos legalmente às empresas, com rendimentos maiores do que os oferecidos pelos bancos para quem investe e custos menores para quem adquire: essa é a proposta da Kavod Lending, fintech de financiamentos coletivos que já transacionou mais de R$ 3,2 milhões. “Viemos para democratizar as taxas de investimento e financiamento no mercado brasileiro, com maior velocidade e informações confiáveis. Somos a única plataforma que exige garantias reais das empresas e isto é benéfico aos investidores por trazer maior segurança e menor risco de inadimplência”, esclarece Fábio Neufeld, CEO e um dos fundadores da Kavod. Criada em outubro de 2016, a fintech participou de um programa de aceleração e recebeu aporte de um investidoranjo, o que permitiu a realização da primeira operação em agosto do ano seguinte. Na plataforma, qualquer pessoa pode emprestar recursos a pequenas e médias empresas que estão em busca de crédito para investir em seus negócios, gerir capital de giro ou renegociar dívidas. Para Neufeld, as fintechs mexem com todos os integrantes do mercado – consumidores e instituições financeiras – e ajudam a melhorar a experiência do usuário. “Elas trazem mais transparência e menos aquela sensação que sempre temos quando vamos ao banco: que, de alguma maneira que não sabemos como, isso vai custar caro”. Parte dessa impressão vem dos sites e aplicativos desenvolvidos com interfaces modernas e amigáveis ao cliente, que tornam a gestão financeira uma prática descomplicada e intuitiva. “O caminho para o mercado brasileiro ainda é longo. Algumas iniciativas dos maiores bancos privados do país, como Cubo e InovaBra, são legais, mas ainda focam demasiadamente nas fintechs que já estão grandes e que podem resolver, primordialmente, problemas dos respectivos bancos. Para o futuro, eu vejo muito mais abertura e cooperação entre instituições financeiras tradicionais e fintechs”, analisa o empresário.
FOTO: SEBRAE MS
Com tantas opções disponíveis, é difícil encontrar aquela mais adequada a cada tipo de negócio e situação. Foi com esse problema em mente que surgiu o NaConta, fintech que funciona como um hub de soluções financeiras. “Percebemos que a experiência na busca e contratação destes serviços é muito ruim. Os clientes não entendem a linguagem das instituições financeiras, e têm dificuldade de comparar as diferentes opções oferecidas no mercado”, destaca Gabriel Barros, economista e responsável pela estratégia de dados do NaConta. Na plataforma, o empreendedor pode encontrar e contratar diretamente soluções de bancos, cooperativas, seguradoras, contadores e até de outras fintechs em um único lugar sem sair da empresa, otimizando tempo. De acordo com o economista, as startups financeiras têm um modelo de negócios mais enxuto que, além de permitir trabalhar com preços competitivos, garante uma experiência customizada ao consumidor. “A grande diferença é como elas entregam valor para o cliente. O Nubank, caso mais conhecido no Brasil, rompeu com o modelo tradicional ao oferecer cartão de crédito sem anuidade e um processo de relacionamento com o cliente totalmente digital. Não possui agências, é possível abrir a conta e fazer qualquer solicitação diretamente pelo aplicativo”, exemplifica.
Para todos os tipos de cliente
FOTO: DIVULGAÇÃO
razoáveis. “Há uma grande quantidade de fintechs que atuam na área B2B (voltadas às pessoas jurídicas) e podem facilitar a vida do empresário por meio da oferta de crédito a juros mais baixos, câmbios a taxas mais acessíveis, investimentos mais rentáveis, meios de pagamento mais baratos, e diversas outras soluções”, afirma Pascowitch. Além disso, as fintechs são seguras: segundo o empresário, elas utilizam as tecnologias mais avançadas do mundo e são reguladas pelos mesmos órgãos das instituições tradicionais, como o Banco Central, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), que atuam na proteção das pessoas e na transparência dos mercados.
GABRIEL BARROS E O SÓCIO PEDRO PESSOA.
FÁBIO NEUFELD, CEO E UM DOS FUNDADORES DA KAVOD.
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MIRANTE DA SERRA DO BARRO BRANCO
CENÁRIOS MS Por: Aline Oliveira Fotos: Divulgação
NA TRILHA DO DESENVOLVIMENTO Em Alcinópolis, memórias milenares convivem com o crescimento urbano A cidade de Alcinópolis, na região do Alto Taquari (norte do Estado, a 377 km de Campo Grande), é um jovem município com 26 anos de emancipação. O que muitos não sabem é que a cidade abriga um dos maiores sítios arqueológicos do Centro-Oeste, sendo eleita a capital estadual da Arte Rupestre do Mato Grosso do Sul, com desenhos em alto relevo de civilizações que viveram na localidade há milhares de anos. Esse cenário, exemplo de preservação ambiental, abriga uma população de pouco mais de cinco mil habitantes, que têm na pecuária e setor de serviços as principais atividades econômicas. Dados oficiais divulgados pela Prefeitura de Alcinópolis em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/MS) apontam que a pecuária e o comércio representam a maior parte da arrecadação do ICMS do município, com participação de 54,99% e 26,07%, respectivamente, no Produto Interno Bruto (PIB) estadual.
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O município tem implementado ações e parcerias para o fomento do comércio, do turismo e da produção agrícola local. “Estamos investindo em projetos para estimular a produção agrícola e direcionando o apoio ao pequeno produtor rural, por meio da contratação de consultorias que atuam na produção de frutas, verduras e legumes. Além disso, estamos concretizando um convênio com o Sebrae/MS, a fim de implantar o projeto 'Cidade Empreendedora', com foco na área do turismo”, pontua o prefeito Dalmy Crisóstomo da Silva. Para contribuir com o desenvolvimento rural, a prefeitura investiu ainda na reforma de pontes, manutenção de estradas e construção de mataburros, “mas é um trabalho contínuo e que precisa de acompanhamento constante”, diz o prefeito. No comércio, o prefeito tem apoiado a criação da Associação Comercial local, que deve impulsionar de forma significativa as ações e projetos para o segmento.
SÍTIO ARQUEOLÓGICO GRUTA DO PITOCO.
PREFEITO DE ALCINÓPOLIS.
Beleza milenar As atrações naturais da cidade fazem do turismo uma alternativa de desenvolvimento da região. O município conta com 24 sítios arqueológicos catalogados até o momento, datados de 10 mil anos, além das unidades de conservação, belezas naturais e biodiversidade. De acordo com a secretária municipal de Desenvolvimento, Agricultura, Pecuária, Turismo e Meio Ambiente, Bruna Barbosa, o roteiro para turismo é diversificado e inclui: a Trilha do Pôr-do-sol (Serra do Bom Jardim), Parque Natural Templo dos Pilares (sítio arqueológico), Serra do Bom Sucesso (Gruta do Pitoco, Casa de Pedra e Arco de Pedra), sítio arqueológico do Barro Branco e Parque Estadual Nascentes do Rio Taquari, o qual protege as nascentes mais importantes afluentes do Rio Paraguai, no Pantanal. “No ano passado, entre turistas que vieram a lazer, grupos acadêmicos, escolares e pesquisadores, tivemos cerca de 700 visitantes. Em agosto deste ano, superamos esse número e a expectativa é que alcancemos mais de mil visitantes até o final do ano em nossas unidades de conservação e Sítios Arqueológicos”, afirma. Os turistas que chegam a Alcinópolis vêm de várias regiões de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e outras localidades, interessados principalmente em conhecer os marcos de antigas civilizações. Entre as ações desenvolvidas pela administração municipal estão um projeto para estruturação do receptivo e a ampliação das trilhas nos parques e serras.
SÍTIO ARQUEOLÓGICO TEMPLO DOS PILARES.
TURISTAS NO SÍTIO ARQUEOLÓGICO TEMPLO DOS PILARES.
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CENÁRIOS MS
CICLISTAS NO PARQUE NATURAL MUNICIPAL TEMPLO DOS PILARES.
Unindo forças O empresário Waldemar Barbosa Filho, que contabiliza quase 20 anos dedicados ao setor comercial, iniciou com a venda de madeira beneficiada e, recentemente, ampliou sua madeireira, com a diversificação de produtos, como a comercialização de ferragens e material de construção. Atento à necessidade de fortalecer o comércio local, decidiu criar uma Associação Comercial que está em fase final de implantação. “Minha motivação para implantar a associação veio da experiência no comércio e por entender que quando uma categoria une forças consegue melhores resultados no negócio. A atividade pecuária é a principal fonte de renda, porém temos que buscar alternativas para o desenvolvimento do comércio, que vão desde incentivos fiscais até qualificação da mão de obra local”, pontua. Barbosa destaca que a associação dará início às atividades no último trimestre deste ano, mas preferiu concluir a etapa de validação da entidade antes de convidar os empresários locais a aderirem à iniciativa. “A expectativa até o momento é começar a funcionar com pelo menos 30 empreendimentos, mas acredito que temos condições de aumentar o número de associados. Como é uma situação nova, as pessoas precisam acompanhar o trabalho para terem motivação de participar”, analisa.
1-PINTURA RUPESTRE EM FORMATO DE UMA MÃO LOCALIZADA NO SÍTIO ARQUEOLÓGICO GRUTA DO BARRO BRANCO. 2-PINTURA RUPESTRE DO QUE SUPOSTAMENTE SEGUNDO ARQUEÓLOGOS SERIA DE UMA MULHER EM TRABALHO DE PARTO, LOCALIZADA NO SÍTIO ARQUEOLÓGICO PATA DA ONÇA.
3-PINTURAS RUPESTRE NO PARQUE NATURAL MUNICIPAL TEMPLO DOS PILARES. 4-PINTURAS RUPESTRE NO SÍTIO ARQUEOLÓGICO PATA DA ONÇA (MNMSBJ).
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TRILHA DO PÔR-DO-SOL
A empresária Sávia Cristina Beraldo Costa Luciano, moradora da cidade há 24 anos e proprietária da Farmácia Modelo, é uma das grandes entusiastas para a criação da entidade. “Vou participar da Associação e serei a secretária, pois entendo o quanto é importante a força do associativismo. Quando cheguei aqui, era muito diferente da realidade atual, acompanhei o crescimento ao longo dessas duas décadas e acredito que temos condições de crescer ainda mais”, argumenta. Na avaliação da empresária, o turismo pode ser um grande diferencial para movimentar o comércio local, já que as visitações impactam em todas as atividades comerciais, mas chama a atenção para outro setor que considera fundamental para a região. “Seria muito bom que tivéssemos algum segmento da indústria para gerar mais empregos e, assim, favorecer a diversificação do setor de comércio e serviços”, conclui. Outra empresária que fixou moradia em Alcinópolis é a paulista Sandra Colombi. Proprietária de uma loja de produtos veterinários, a Casa do Pecuarista, atua no setor há 30 anos e também acompanhou o crescimento do município. Para Sandra, as questões tributárias precisam ser revistas, a fim de que os comerciantes locais consigam ter competitividade com os produtos de outras localidades. “A maioria das mercadorias que comercializo vem de fora, porque na região, ou mesmo no Estado, contamos com poucas opções de medicamentos veterinários. Acredito que é um nicho que pode ser explorado a fim de oferecer melhores condições para o comerciante e o consumidor final”, observa.
MONUMENTO MÃO DE DEUS LOCALIZADO NA SERRA DO BARRO BRANCO.
SANDRA COLOMBI, PROPRIETÁRIA DA CASA DO PECUARISTA.
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GESTÃO COMPETITIVA Por: Larissa Moreti *com supervisão de Sato Comunicação Foto: Mário Bueno
Compliance: como garantir a integridade e os lucros do negócio Programa de gestão previne riscos e contribui para o aumento da competitividade Ética, integridade e transparência são conceitos que sempre buscamos exercer na vida pessoal para manter o equilíbrio e o bom convívio social. Nos negócios, não poderia ser diferente: todos devem cumprir leis e se preocupar com a probidade de seus processos. É para isso que existem os programas de compliance, um instrumento de gestão estratégica que assegura a lucratividade e a longevidade da empresa, como explica Marco Aurélio Borges de Paula, advogado, consultor e Presidente da Comissão de Compliance e Governança da OAB/MS.
Costumo comparar a empresa e o compliance à construção de um carro de corrida para uma competição. Há regras que são preestabelecidas entre os participantes para que haja uma disputa justa. E há também as normas e os valores éticos de cada organização. Sem a existência de um sistema que garanta a conformidade da empresa a essas normas internas e externas, ela não ganhará o campeonato”, afirma o consultor, que lançou neste ano um livro sobre o tema intitulado “Compliance, Gestão de Riscos e Combate à Corrupção.
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Exercer funções legais e éticas agrega valor ao negócio e tem impacto direto nos lucros. O World's Most Ethical Companies®, estudo realizado pelo Instituto Ethisphere em 2018 que homenageia as empresas mais éticas do mundo, descobriu que, nos últimos três anos, as organizações listadas alcançaram crescimento e lucratividade acima da média. O compliance também auxilia a resguardar os negócios ao identificar riscos e criar mecanismos de proteção customizados para a atuação do empreendimento. “Os gestores precisam analisar o impacto que determinada ação ou inação pode trazer em termos estratégicos e qual é a probabilidade desse evento ocorrer. Empresas de diferentes setores da economia possuem riscos diferentes”, explica Marco Aurélio. Além disso, segundo o advogado, o compliance interfere em outros processos empresariais ao exercer papel central na promoção e manutenção de uma cultura ética, com tomada de decisões que assegurem e consolidem a identidade da instituição; e estejam de acordo com sua missão, visão e valores. “Desde a atração dos melhores talentos à qualidade das relações internas; ao aumento de investimento externo e parcerias estratégicas; e à maior confiança dos consumidores – tudo isso é impactado pela implementação efetiva de um programa de compliance”.
Na prática Cada programa de compliance é diferente, pois precisa se adaptar à realidade da empresa, mas existem alguns princípios que guiam um sistema eficiente para garantir a integridade e ética do negócio. Segundo Marco Aurélio Borges, é imprescindível que o gestor principal da organização se comprometa com o processo. “O líder máximo da organização deve praticar aquilo que prega, deve ser o patrocinador e principal comunicador dos valores da organização”, declara. Mapear os riscos que podem afligir a empresa é o próximo passo, identificando o que deve ser aplacado e de que maneira. É após esta etapa que entra a elaboração de um código de conduta para nortear todas as pessoas envolvidas no empreendimento – não só funcionários atuando dentro da organização. “As normas contidas nesse documento também devem ser levadas com clareza ao público externo com quem a empresa se relaciona, isto é, aos prestadores de serviços e fornecedores”, destaca o consultor. É o chamado due diligence reputacional, em que o responsável pelo compliance investiga profissionais e empresas que estão sendo contratados, a fim de diminuir riscos de atos de terceiros que podem atingir a empresa. O Código de Conduta precisa ser claro e compreensível para que sensibilize os colaboradores a se envolverem no processo e reconhecerem a importância de exercer comportamentos éticos dentro da organização. “O maior e mais importante desafio para aplicar o compliance é o processo de aculturamento, isto é, de inclusão dos valores da empresa na
MARCO AURÉLIO BORGES DE PAULA, ADVOGADO.
sua cultura organizacional no seu dia a dia. Os treinamentos e uma política de comunicação eficaz fazem toda a diferença para a massificação desse processo”, garante Marco Aurélio. Segundo o advogado, os treinamentos têm que ser interativos e elaborados de maneira a apresentar aos funcionários os benefícios de aplicar o sistema na empresa. “As pessoas precisam acreditar que todos ganharão com a efetiva implementação do programa de compliance, que isso facilitará a vida de todos. Só assim a empresa entregará valor aos seus clientes”.
Os benefícios desse sistema para a sua empresa
Detecção antecipada de eventuais desvios, principalmente os de conduta; Devida resposta da empresa aos dilemas éticos que ela tem; Fortalecimento da responsabilidade corporativa da empresa; Prevenção contra fraudes financeiras; Correção efetiva de não conformidades; Garantia de sustentabilidade do negócio; Aumento da eficiência na gestão e no desempenho; Ganhos concretos em reputação.
Podemos ajudar na melhoria da Gestão da sua Organização
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SENAC MS Por: Ana Lucia Abrão Fotos: Mário Bueno
Varejo 4.0 As mudanças de um novo mercado trazidas por um novo consumidor A inovação e a tecnologia estão cada vez mais presentes na vida das pessoas, desde a forma de sacar dinheiro no banco até de assistir à TV, coisas simples do dia a dia já não são mais como há poucos anos. E com o mercado de varejo não poderia ser diferente. Mais do que novos mercados e produtos, as empresas agora se deparam com novidades no comportamento do consumidor. No cenário atual, o “bom atendimento” não é mais ser recebido com um sorriso no rosto por um vendedor cordial e solícito. O novo mercado demanda uma experiência inovadora com necessidades e desejos diferentes das anteriores. Estamos falando do Varejo 4.0, derivado do Marketing 4.0, termo cunhado por Philip Kotler, aclamado “papa” do Marketing, que trata da passagem do marketing tradicional para o digital, e de toda a mudança ocorrida na sociedade que levou a isso. Diante dessa realidade, o Senac, por meio de seu programa Senac Varejo, vem se aproximando desse mercado composto por termos como startups, bitcoins e chatbots. Em agosto, a instituição participou da Feira do Empreendedor, promovida pelo Sebrae, trazendo conteúdo relevante sobre essas tendências e várias startups cujos produtos já contribuem e incentivam esse modo de agir e pensar. A mudança que exerce maior influência sobre o Varejo 4.0 é o comportamento do consumidor. Como explica o CEO da Novatrix, o especialista em Tecnologia e empreendedor Jeff Prestes, as novas gerações se relacionam com tudo de uma maneira nova e o empreendedor deve estar atento. “Esse comportamento obviamente influencia na maneira como eles compram serviços e produtos, na forma como se relacionam não só com as marcas, mas também na hora de fazer uma compra e de se relacionar com o comércio”, aponta Prestes.
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Até a forma de pagamento está mudando. Segundo o especialista, as criptomoedas (moedas digitais) já são uma realidade em diversos segmentos. “Hoje tanto as carteiras de bitcoin quanto de ether, que é a segunda criptomoeda mais utilizada, já estão disponíveis. Quem quiser, pode pesquisar na internet, tem softwares gratuitos para criar a carteira de maneira segura e poder receber. É só colocar um endereço e o cliente que tiver essas criptomoedas já vai entender e fazer a transferência do valor”, detalha. No mercado 4.0, a nova geração, que é o futuro consumidor, tem outro perfil, de querer as coisas na hora, pois está muito acostumado a tudo ser muito dinâmico. Assim, o empreendedor que pretende trazer essas tecnologias para o seu dia a dia pode também fazer uso dos chatbots, que são robôs que conversam com os usuários, como no Facebook ou no Google. Esses chatbots permitem que o cliente seja atendido em horários em que os colaboradores da empresa não estão disponíveis, como à noite, por exemplo. E o cliente, quando é prontamente atendido, aumenta a probabilidade de fechar negócio. E para tudo isso já existem soluções a custo zero no mercado.
Jeff Prestes, CEO da Novatrix
Além do comportamento e maneiras de comprar, o próprio modo de empreender mudou. Quem explica é o PMO e cofundador da Oasis Lab Innovation Space, Edson Machado. A Oasis Lab é um espaço de 1600m² em São Paulo, voltado apenas para inovação no varejo. “Além de recrutarmos startups no Brasil inteiro, fazemos um estudo que chamamos de mandala, com 194 startups exclusivas para varejo para as quais fazemos curadoria. Hoje temos 35 delas residentes no nosso espaço”. Atualmente a base de dados da Oasis Lab possui 8 mil startups, conforme informa Machado. O curador aponta que o varejo 4.0 é uma tendência, e o que se percebe é que o varejo tradicional ainda não está preparado. “Diante disso, junto com as startups, fazemos todo um trabalho de educação dentro das empresas, para trabalhar a cultura e, principalmente, a liderança. Em um mundo digital com pessoas analógicas, o maior inimigo da inovação é a própria empresa. O grande desafio é começar a criar um novo consumidor e um novo mercado, por meio de educação e de conscientização”. Machado dá o exemplo dos Shopping Centers, locais de muito comércio agregado, que devem, num futuro bem próximo, passar a ser áreas de experiências e de convivência, porque hoje as pessoas já conseguem comprar pelos canais
Edson Machado, PMO e cofundador da Oasis Lab
online e retirar na loja. O especialista acredita que em breve as lojas físicas se transformarão em pequenos centros de distribuição, fazendo um contato entre fabricante e consumidor, porém sem que isso seja uma necessidade real. Será um adicional para os consumidores que quiserem uma experimentação, uma vivência com a marca ou produto. Dessas novas experiências, um dos destaques apresentados pelas startups no estande do Senac durante a feira foi o The Canceller, do Reclame Aqui. É um robô de voz, que liga para call centers ou para empresas com quem o cliente tem contrato de serviços e cancela o contrato em nome dele. Ou seja, aquele trabalho difícil e complexo de ligar para o call center e cancelar, o robô faz. O projeto está em fase final de implementação e já ganhou quatro leões em Cannes, sendo um deles o leão de bronze para inovação. A responsável pelo The Canceller é a startup Pay 4 Brain, um laboratório de inovação tecnológica voltado ao desenvolvimento e uso de novas tecnologias, com foco em inovação. De acordo com o CEO da Pay 4 Brain, Felipe Almeida, uma das coisas que fazem com muita propriedade é “receber desafios de tecnologia ou de negócios, desenvolver tecnologias ou novos usos dessas tecnologias existentes e devolver para a empresa um produto acabado”.
Felipe Almeida, CEO da Pay4Brain
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SENAC MS
SIMULADOR DE NEGÓCIOS, UMA DAS ATRAÇÕES DA FEIRA.
Além do The Canceller, a startup tem outros projetos e é também Global Partner do Facebook, desenvolvendo uma série de produtos em conjunto com outras empresas para essa rede. “Inovação é cultura, então você tem que prever o que vai acontecer, ou pelo menos tentar prever e agir para que as coisas aconteçam da forma como você pretende ou que você idealiza. Prever e agir de forma preventiva, já é por si só uma inovação”. Para o empreendedor que pretende usar essas tecnologias, muitas delas já estão aí, e grande parte é, inclusive, gratuita. Almeida cita o exemplo do Google Assistance, lançado no Brasil há pouco tempo pelo Google, que oferece uma série de possibilidades dentro da própria página do Google. É importante saber como usar essa tecnologia para efetivamente melhorar os negócios e trazer a melhoria que o empresário pretende. “Pode ser uma melhoria operacional, um aumento de ganho ou uma redução de custo, mas tecnologia a gente usa para isso. Os grandes varejistas hoje têm equipes focadas em levar a experiência de seus clientes para outro nível. E isso é muito importante. Acredito que o pequeno e
FAGNER MACIEL, GERENTE DE CONTAS DA FX DATA.
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médio tenham que passar a olhar para isso com um pouco mais de atenção”. E se a proposta for trazer as ferramentas que sempre existiram no varejo online para atuarem no mundo físico? Essa é a ideia da FX Data, empresa que fornece uma solução de retail analytics - ou análise de varejo - em que tudo começa com o fluxo de visitação e, a partir desse dado, são fornecidos indicadores como taxa de conversão, frequência, lealdade e marketing ROI do seu estabelecimento, rede ou shopping, que podem ser facilmente consultados e avaliados a partir da medição de performance do dashboard. A FX Retail Analytics é uma ferramenta criada para auxiliar tanto o empreendedor quanto as empresas que já estão no mercado na melhoria de seus negócios, fornecendo dados sobre o fluxo de pessoas no varejo físico e auxiliando na tomada de decisão, como explica o gerente de contas da empresa, Fagner Maciel. “Por exemplo, com o uso dessa ferramenta, o empresário consegue saber os dias em que ocorre uma maior movimentação de pessoas na sua loja, então sabe que precisa ter uma escala com número aumentado de funcionários para atender a essa necessidade. ” Já a Alfred Delivery produziu uma plataforma para mostrar quanto a tecnologia pode ser útil também para a comodidade e personalização de seus usuários. Chamado por seus criadores de “mordomo de bolso”, a proposta é resolver as correrias do dia a dia, como compras de mercado, farmácia, papelaria, pet shop, cápsula de café, presentes, pagamento de contas, entre outras. O funcionamento é simples: o usuário faz o seu pedido utilizando a plataforma, que pode estar no próprio celular, e o Alfred Delivery aciona seus entregadores, que vão até o estabelecimento, realizam a compra e entregam em até 1 hora na porta da casa do usuário (ou outro endereço que ele indique). Caso prefira, o consumidor pode também agendar um horário para receber sua encomenda. O pagamento é realizado por cartão de crédito dentro da própria plataforma.
Myrco Micali, CEO da Alfred Delivery
De acordo com o CEO da Alfred, Myrco Micali, além da entrega, há ainda outras facilidades. “A pessoa pode rastrear o entregador, conversar com ele via chat, acompanhar sua localização no mapa, os estágios do pedido, tudo isso de forma bem simples, no celular na palma da mão, nada complicado. Então se a pessoa precisa daquela banana, nós vamos lá e compramos a banana que ela realmente precisa, como se fosse uma extensão dela na rua”, detalha. Outra frente que o Alfred atende é a dos próprios empreendedores, que colocam seu produto para venda na plataforma e a ferramenta cuida de toda a logística de entrega. A ideia é atingir, também, os pequenos empreendedores. A startup atua hoje em Ribeirão Preto (SP), e já passou por um processo chamado Founder Institute, no Vale do Silício, além de programas de aceleradoras de startups como a Sevna e o InovAtiva Brasil. Para colocar o projeto em andamento, fizeram parcerias com diversos estabelecimentos do município, como rede de farmácias, supermercado, restaurantes, etc. Esses são alguns exemplos do que a inovação está trazendo para o mercado e que já estão disponíveis, bastando aplicar ao negócio, conforme as características e necessidades de cada um. E a proposta do Programa Senac Varejo 4.0 é justamente a de aproximar os empreendedores das novas tendências e tecnologias a fim de melhorar cada vez mais o seu negócio. A Diretora de Educação Profissional do Senac MS, Jordana Duenha, reforça ainda que esse é o caminho que o Senac quer ajudar as empresas do MS a trilhar: “Temos
atualmente nas nossas Escolas inúmeros jovens empreendedores e criativos dispostos a desenvolver soluções novas para um novo momento do segmento do comércio de bens, serviços e turismo. Dessa forma, estamos investindo no desenvolvimento de programas e novas metodologias de aprendizagem que contribuam com a formação, a mentoria e o desenvolvimento de novas ideias, transformando-as em soluções concretas para as nossas empresas. Além disso, estamos investindo na ampliação das nossas unidades físicas e nos preparando para iniciar a oferta de educação superior, potencializando ainda mais essa oportunidade através do fomento a projetos de pesquisa e inovação aplicada”, destaca Jordana.
Fique por dentro: Criptomoedas - moeda digital descentralizada que se utiliza da tecnologia de blockchain e da criptografia para transações de compra e venda - são exemplos: bitcoins e ether. Bitcoin - Primeira moeda digital 100% descentralizada do mundo. Atualmente é a mais utilizada. Ether - Moeda digital ligada à plataforma Ethereum, uma plataforma baseada na tecnologia Blockchain, só pode ser usado dentro dela. Atualmente é a segunda mais utilizada. Blockchain - Sistema que transfere as moedas digitais entre os membros, registra e guarda para sempre todas as transações feitas.
Jordana Duenha, Diretora de Educação Profissional do Senac MS
Chatbots - Programa de computador que simular um ser humano na conversação com usuários. Ou seja, são “robôs que conversam”.
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GESTÃO DE PESSOAS Por: Ana Lucia Abrão e Larissa Moreti Fotos: Mário Bueno
Otimizando negócios O mapeamento de processos pode ser uma ferramenta bastante útil para a gestão de pessoas dentro das empresas Das diversas ferramentas gerenciais para empresas, o mapeamento de processos está entre as mais práticas e eficientes. Em qualquer negócio, existem vários processos acontecendo ao mesmo tempo, dos mais simples aos mais complexos. O mapeamento consiste em uma visão passo a passo que permite enxergar em quais pontos as atividades podem ser melhoradas para redução de custo e tempo, padronizando e melhorando a eficiência da empresa. Assim, o gestor consegue perceber de forma clara tanto a visão geral do processo, quanto quais são os gargalos, onde estão e, até certo ponto, como resolvê-los, melhorando a produtividade da empresa. O consultor de gestão empresarial nas áreas de mapeamento de processos, financeiro e planejamento estratégico do Sebrae/MS, Gustavo Schmidt, define, de maneira simplificada, que o mapeamento trata-se de descrever e desenhar as tarefas que são realizadas. “Todos dizem que tempo é dinheiro, e um dos principais objetivos de organizar os processos é administrar o tempo das execuções das tarefas, otimizando e aproveitando ao máximo a mão de obra de todos, inclusive dos gestores, reduzindo assim custos e retrabalho”. Segundo o consultor, alguns dos principais benefícios trazidos pela ferramenta são a eliminação do retrabalho, padronização das atividades; redução da quantidade de pessoas e realocação para atividades mais estratégicas; documentação do conhecimento; identificação dos gargalos, tanto de gestão quanto de produção; identificação dos responsáveis por realizar cada tarefa; cálculo do custo,
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estimando os recursos - mão de obra e insumos; melhor controle dos objetivos e execução das atividades por meio de checklists; maior entendimento de cada atividade dentro do processo com o uso do fluxograma e redução do tempo de treinamento. Para elaborar o mapeamento, o primeiro passo é realizar um diagnóstico, a fim de definir quais são as áreas e/ou setores da empresa que precisam de uma atenção maior, geralmente definida de acordo com o envolvimento financeiro que ela gera, a desorganização e necessidade de melhoria observadas, e importância que exerce em outros departamentos. Conforme aponta Schmidt, as áreas que mais comumente
GUSTAVO SCHMIDT, CONSULTOR DO SEBRAE/MS.
recebem essa ferramenta são a financeira, faturamento, recursos humanos, produção, compras, estoque e atendimento, mas a aplicação pode ser ampliada para todos os setores, conforme as necessidades. Antes restrito às grandes empresas, hoje praticamente todos os segmentos buscam aprimoramento para diminuir o tempo de respostas diante do mercado, principalmente devido à alta competitividade, e o mapeamento é uma das formas de alcançar esse objetivo. “Sempre foi e sempre será importante uma empresa identificar suas falhas e implantar melhorias constantes de forma sistemática e definida com estratégia e conhecimento, e o mapeamento vem para demonstrar essas informações”, completa o consultor. Schmidt destaca que existe uma vontade dos microempresários e empresas de pequeno porte em ter esse mapeamento definido, porém, segundo ele, é um trabalho que requer muito dos líderes e uma determinação extra da equipe para poder desenvolvê-lo. Esforço esse que vale a pena. “Se uma empresa tem os processos sem mapeamento e organização, quando há divergências entre responsabilidades dos colaboradores existe uma margem para que cada pessoa realize a tarefa que acredita ser a melhor. Esta é uma empresa que precisa investir em um mapeamento de processos. ” Qualquer empresa se preocupa com seus resultados, afinal, precisa ter lucro. De acordo com o que Schmidt observou em seus atendimentos e experiências, existe uma desorganização muito grande nos setores. “Os empresários querem ter resultados positivos em ambientes negativos e desorganizados. Precisamos entender que no meio do caos não há possibilidade de saber para onde estamos indo, e muitas empresas estão nesta situação. Um negócio que tem a gestão estruturada consegue visualizar de forma clara e objetiva onde estão seus gargalos, tanto de produção como de gestão, e desta forma consegue planejar e realizar novos projetos sem grandes dificuldades. ” A empresária e proprietária do restaurante Sabor em Ilhas, Erika Nana Ishikawa Katayama, sabe a importância de utilizar esse tipo de ferramenta. Desde a abertura do empreendimento, em julho de 2004, já implantou várias práticas nos processos gerenciais. “Alguns tiveram êxito e permanecem, enquanto outros não deram certo, e assim continuamos com o objetivo de melhoria contínua. Tudo isso é possível graças ao mapeamento de todo o processo gerencial, que permite uma visão abrangente e esclarecedora dos caminhos trilhados na empresa. Executando os processos de forma padronizada e documentada, conseguimos evoluir e melhorar a nossa gestão”. De acordo com Erika, todos os processos do restaurante são mapeados, e passam por aprimoramentos conforme a necessidade. “Para o controle da produção, investimos em um sistema de gestão que controla desde a necessidade de compras até o consumo final, temos apenas que alimentar o sistema. Com isso, sabemos exatamente a quantidade necessária de compra para a produção diária, o custo e a per capta de cada prato do buffet, o que evita o desperdício e diminui o custo operacional”, exemplifica. Apesar de ser uma empresa familiar, cada membro da diretoria é especialista em alguma área e todos estão sempre
ERIKA NANA ISHIKAWA KATAYAMA, PROPRIETÁRIA DO SABOR EM ILHAS.
em busca de aperfeiçoamento para que estejam aptos a fazer os planejamentos. Os cursos já realizados pela equipe vão desde o Empretec a MBA em Gestão Empresarial, MBA em Marketing, Gastronomia, entre outros. O restaurante já recebeu premiações como a do Festival Bar em Bar nos anos de 2013, 2015 e 2016 e o prêmio Mérito Lojista na categoria Restaurantes, além de ser o vencedor estadual do MPE Brasil Competitivo (Prêmio de Competitividade para Micro e Pequenas Empresas), também em 2016. Em 2017, participaram da etapa nacional do desafio, alcançando o segundo lugar. Em breve, iniciarão as atividades de um novo empreendimento, o Sabor em Ilhas Kids, com espaço destinado à diversão das crianças. Segundo o consultor, existem pontos a serem pensados antes de elaborar o mapeamento. Após definido onde haverá a atuação direta, os fatores mais importantes que precisam ser considerados para elaborar um mapeamento de processos eficiente são:
•Identificar quem são as pessoas envolvidas diretamente, que conhecem as rotinas atuais;
•Conhecer os processos atuais e mapeá-los; •Saber onde começa e onde termina a atuação dessa atividade. Sem essa definição clara, corre-se o risco de tentar mapear tudo e acabar não mapeando nada;
•Analisar os processos atuais e propor as melhorias; •Apresentar as alternativas de soluções para melhorar o custo-benefício, prazos de execução e quantidade de pessoas envolvidas nas atividades;
•Priorizar as atividades principais a serem modificadas; •Utilizar a tecnologia para automatizar e padronizar o que for necessário;
•Definir
os resultados e benefícios finais que esse mapeamento trará para a empresa.
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PASSO A PASSO Por: Júlio Mendes e Aline Oliveira Foto: Mário Bueno
Tempo é DINHEIRO Como a boa gestão das atividades pode impactar seu negócio? Comprometimento e foco são dois itens indispensáveis em qualquer tipo de trabalho, tendo em vista que as atividades diárias, semanais ou mensais são definidas para atingir um objetivo, seja ele de curto, médio ou longo prazo. Mas como alcançar metas de forma eficaz? Definir quais as prioridades e as estratégias para gerir melhor o tempo e o fluxo das ações pode ser decisivo para o sucesso de uma empresa, impactando diretamente na qualidade dos produtos e serviços oferecidos. Em um primeiro momento, o empresário pode elencar quais atividades devem ser feitas de início. Depois, outros itens - não menos importantes - também devem receber atenção. E por fim, entra na lista aquilo que não foi priorizado, mas que é significativo no processo de trabalho. De acordo com o consultor empresarial, Alberto Silva Escote, diretor técnico da Escote Consultoria e Assessoria, o planejamento traçado deve ser seguido corretamente. “A eficiência do trabalho depende do grau de comprometimento e foco que se tem. A pessoa dedicada e focada nos resultados sempre terá mais efetividade em suas ações e muito provavelmente os resultados positivos aparecerão mais rapidamente”, comenta. Mesmo se algo não sair como o esperado, se o trabalho foi executado dentro do prazo, sempre há tempo para corrigir o que está errado, alega Escote. Portanto o monitoramento constante é fundamental para identificar essas possíveis falhas e corrigi-las tornando o resultado mais adequado. E para orientar o empresário a utilizar melhor o tempo a seu favor, o consultor separou dicas valiosas. Confira a seguir. ALBERTO SILVA ESCOTE
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Saiba dicas para manter um fluxo de trabalho eficiente: 1- Foco: Quando se fala em foco no resultado, o que se espera é que produto final seja o melhor possível, atendendo a necessidade dos seus clientes ou até mesmo superando suas melhores expectativas. Quando se executa as atividades com dedicação e cuidando para que todos os detalhes sejam observados, com certeza o resultado final será sempre positivo.
2- Planejamento: Em todo planejamento, seja de um negócio, de um projeto ou de uma tarefa específica, existem etapas a serem cumpridas. É fundamental que inicialmente seja verificado se todos os recursos necessários a sua execução estão disponíveis. Ou, se não estão, quando serão providenciados. Um check list de todos os recursos é fundamental. Uma dica que pode ser bastante útil é desenhar um fluxograma de processos, listando o caminho a ser percorrido durante o processo produtivo, estabelecendo procedimentos padrão e/ou corrigindo quando necessário. Também é importante estarem sinalizadas as etapas cumpridas e qual o próximo passo a seguir.
3- Prazos: Outra questão relevante são os prazos para cada atividade. A dica é: se forem atividades diárias, esse prazo pode ser medido em horas ou minutos. Já em tarefas que exigem demanda maior, o limite pode ser estipulado conforme estimativa de prazo médio para a realização das mesmas, levando em consideração se haverá dependência de terceiros, por exemplo.
4- Gestão de Processos: É fundamental para o sucesso de qualquer trabalho. É como uma receita de bolo, cada ingrediente deve estar disponível e cada passo da receita deve ser seguido corretamente para que o produto final (bolo) seja o mais perfeito possível. Mas também como em todo planejamento, precisamos considerar as variáveis do ambiente externo, os imponderáveis que podem interferir ou impactar no resultado final. Para enfrentar esses imponderáveis, o bom planejador deve estar preparado, conhecendo seus potenciais e suas limitações para enfrentar tais desafios.
5- Grau de dedicação: Cada etapa de trabalho exige um grau de dedicação dependendo da sua complexidade. Etapas que exigem mais planejamento e negociação necessitam do envolvimento de mais pessoas na sua execução, o que certamente exige tempo maior de empenho. No entanto, uma vez realizada, o tempo de realização para um novo ciclo pode ser menor, haja vista que já foi acumulada uma experiência anterior. Podemos exemplificar isso pelos projetos piloto que, por vezes, são realizados para que se conheçam todas as variáveis envolvidas naquele processo. Uma vez identificadas as variáveis e feitas as correções necessárias, a aplicação do projeto provavelmente exigirá menos tempo de dedicação, já que muitos dos erros cometidos no projeto inicial não voltarão a ocorrer. Quanto ao tempo necessário, com certeza isso dependerá do que se pretende realizar. Tarefas e desafios maiores exigirão muito mais horas de dedicação. O bom planejador deve estar preparado, conhecendo seus potenciais e suas limitações para enfrentar tais desafios.
6- Estabelecer critérios: É fundamental que se estabeleçam critérios para a realização de cada tarefa, desde as mais simples como verificar os e-mails do dia, até as mais complexas, por exemplo, estipular um momento do dia para o planejamento das ações estratégicas.
7- Definir metas: Uma questão é fundamental quando se aborda a gestão do tempo: todos devemos focar nas nossas metas. Uma vez que você tem uma meta clara e objetiva, tudo o que envolve seu dia a dia tem mais sentido. Não devemos ser prolixos e perder tempo discutindo a reinvenção da roda, mas sim, focar nos resultados que desejamos alcançar. Quando o gestor e toda a equipe estão empenhados no cumprimento das metas, todo o ciclo produtivo será mais eficaz, convergindo para um resultado comum e que será mais vantajoso para todos na organização.
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IPF/PESQUISA Por: Júlio Mendes e Aline Oliveira Fotos: Mário Bueno
Quando o prato do dia vira um bom negócio Crescimento no setor de restaurantes e lanchonetes leva Campo Grande a estar entre as cidades brasileiras com o prato feito mais barato do Brasil Os hábitos modernos, a correria do dia a dia e a falta de tempo fizeram com que as pessoas passassem a comer cada vez mais fora de casa. Por um lado, elas precisam se adaptar à nova realidade e pensar em soluções para sanar esse problema. Por outro, os empreendedores do ramo alimentício têm a oportunidade de expandir seus negócios e ofertar produtos e serviços a este nicho. O resultado é o aumento do número de estabelecimentos voltados a alimentação fora do lar, seguido de uma informação bastante animadora: Campo Grande foi eleita a quarta cidade brasileira com prato feito mais barato do Brasil. As tendências apresentadas também resultaram no fato de Campo Grande apresentar um dos menores preços do prato
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feito, com valor médio de R$ 23,68 em 2018, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador (ABBT), perdendo apenas para Belém (PA), São José dos Campos (SP) e Vila Velha (ES). Quanto ao valor cobrado em pratos feitos e serviço de self service, a média campo-grandense é a menor do país, custando R$ 26,23. A região Centro-Oeste foi contabilizada como a segunda de menor preço. Conforme a economista do IPF-MS, Daniela Dias, um aspecto relevante diz respeito ao Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), que está relacionado, por exemplo, ao preço de alimentos e bebidas. “O que se percebe no mês de julho, conforme divulgação atualizada do IBGE, é que houve
uma queda no valor de 1,55%. O acumulado do ano é de 0,84% e apesar de parecer pouco, se comparado a outras cidades, só perde para São Luiz (MA), que obteve um percentual de 0,63%”, explica. A praticidade também é um fator que favoreceu os preços baixos para o consumidor. Comer fora de casa tem sido a opção preferida do consumidor em razão da pressa e da facilidade de não perder tempo preparando a comida. De acordo com pesquisa do Sebrae Nacional, a partir de informações do Instituto Tecnológico de Panificação e Confeitaria (IPTC), a população gasta em média 38% da renda mensal com alimentação fora do lar. Este resultado, conforme a economista do IPF, é muito próximo do que se pratica nos países ricos. “Se acompanharmos a trajetória, o faturamento das empresas do segmento cresceu cerca de 50% entre 2007 e 2017”. Atualmente, existem 1.905 estabelecimentos voltados ao segmento de restaurantes e lanchonetes, referente ao ano de 2017, segundo a Vigilância Sanitária Estadual. Em 2016, os números totais eram de 1.537 e a trajetória de 2006 a 2016 aponta crescimento de 69,46%, considerando que no período inicial existiam 907 empreendimentos cadastrados, conforme o Ministério do Trabalho e Emprego. Somente as lanchonetes representam atualmente um total de 638 estabelecimentos, bares representam 123 unidades e outros comércios 123, além dos restaurantes somarem 776 empreendimentos. Daniela destaca que, por meio dessas informações, foi possível identificar a evolução do número de ofertas da alimentação fora do lar. “Isso acontece porque existe uma demanda, sem contar as iniciativas personalizadas, como a Rua Bom Pastor, que apresenta estabelecimentos com alimentos diferenciados e gourmetizados. Aliado a isso, temos as opções de cozinhas internacionais, como árabe, mexicana, asiática, entre outras, visto que foi observada uma demanda por parte dos consumidores”, argumenta. Outro importante fator a ser destacado é o impacto do turismo. Isso porque, apesar da Cidade Morena estar despontando no turismo nacional, ainda está aquém quando
comparada a outros municípios brasileiros. “Para confirmar esta afirmativa, temos os dados da Infraero referentes ao ano de 2017, apontando que a Capital ocupou o 25º lugar no movimento de aeronaves (embarques e desembarques), representando 1,23% do total nacional. O movimento de passageiros aumentou de 2016 para 2017, e chegamos a 18º lugar, o que representa 1,42% no nível nacional”. A economista reitera que, apesar dos dados ainda serem baixos, existe uma tendência regional para que o setor se fortaleça, gerando um dinamismo ainda mais significativo a bares, restaurantes, lanchonetes e similares. Vale ressaltar, que nas cidades turísticas de Mato Grosso do Sul, o preço da alimentação é mais alto se comparado ao da Capital, aponta.
De olho no consumidor Cada vez mais atentos aos anseios dos consumidores, os empresários locais têm buscado alternativas para ampliar os serviços oferecidos e atrair ainda mais o público. É o caso do chef de cozinha André Nardo, um dos proprietários dos restaurantes Divino Prato e Domus Bistrot. Há 14 anos no mercado, o empresário tomou a decisão de investir no segmento por influência de seu pai. Atualmente, em seus dois restaurantes, o chef tem observado o aumento de pessoas que optam por comer fora de casa. “Acredito que as pessoas hoje buscam comodidade, rapidez e bom custo-benefício em seu dia a dia. Dito isso, os restaurantes que conseguirem satisfazer essas necessidades, certamente conseguirão aumentar sua demanda de maneira considerável”, opina. Para agregar valor ao seu negócio, Nardo conta que estabelece boas relações comerciais com seus fornecedores, com o objetivo de impactar na qualidade final do que é oferecido ao cliente. “Sermos sustentáveis é fundamental para estabelecermos boas relações com nossos fornecedores, fazendo com que esses se desenvolvam e, consequentemente, continuem nos abastecendo com a melhor matéria-prima, dentro de nossos custos pré-estabelecidos”.
O CHEF ANDRÉ NARDO, PROPRIETÁRIO DOS RESTAURANTES DIVINO PRATO E DOMUS BISTROT.
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IPF/PESQUISA Sonho de criança que se tornou realidade Odair José Camargo, 43 anos, é proprietário do Felipe Restaurante há 21 anos e atualmente conta com duas unidades em Campo Grande. A mais conhecida se localiza na Rua Barão do Rio Branco, entre a avenida Rui Barbosa e Rua 13 de maio. O segundo ponto fica no Shopping Estação (ao lado do Camelódromo) na Avenida Afonso Pena. Ele conta que sempre teve o sonho de ter um restaurante pois, quando criança, visitava a tia no estado do Rio Grande do Sul e ficava encantado com esta modalidade de comércio. Em 1996 trabalhava em uma lanchonete e continuava a acalentar o projeto de tocar um restaurante. O patrão concedeu o ponto e, em 1998, Odair iniciou a primeira fase do negócio em um salão pequeno que comportava três jogos de mesa com quatro cadeiras e um balcão. “Sempre trabalhei com refeições de valor popular, tanto que na época custava R$ 1,75 reais. O prato feito é padronizado com arroz, feijão, duas opções de carne e saladas. Hoje, minha média diária de vendas é de 700 a 750 refeições diárias, somente aqui na Barão do Rio Branco”, relata. O negócio cresceu tanto que o empresário precisou mudar de local e optar por um espaço maior, mas sempre procurou ficar na mesma rua, para não perder a clientela. Com a chegada do segundo ponto e demais clientes, decidiu incrementar as opções com o serviço de self service e churrasco. “Procurei manter o mesmo padrão e cobramos R$ 10 reais na refeição com carne assada. Outra estratégia que procuro manter é ter menor porcentagem de lucro nas bebidas, para oferecer um preço mais baixo. Como compro em grande quantidade acabo sendo bonificado, o que equilibra os ganhos”, esclarece. O negócio de Odair é familiar e conta com o trabalho da esposa, Lucineia Castro Lemes, a mãe e o pai. “As pessoas me perguntam como consigo manter o funcionamento e a alta circulação de clientes, e eu digo que não tem mistério. É preciso oferecer um preço popular, com alimentos frescos e de qualidade e, acima de tudo, a administração tem que ser do proprietário, por isso eu e minha esposa controlamos o fluxo de caixa”, observa. Outra recomendação feita pelo proprietário é procurar
ODAIR JOSÉ CAMARGO É PROPRIETÁRIO DO FELIPE RESTAURANTE, COM DUAS UNIDADES ATUALMENTE.
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RESTAURANTE SERVE PRATOS A PREÇOS POPULARES.
manter o controle das despesas e evitar o endividamento. “Algumas pessoas investem muito e querem retorno rápido, eu fui na contramão, melhorando o espaço conforme o lucro aumentava. O empreendedor tem que entender que ter o próprio negócio exige muita dedicação e trabalho, além de não criar a expectativa de que vai ter retorno rápido”, aconselha. Questionado sobre os fornecedores da região, Odair ressalta que trabalha com duas marcas locais e que ainda não conseguiu um fornecedor de alimentos porque falta investimento e oferta da parte dos produtores. “Com certeza eu daria preferência para fornecedor local de verduras e legumes, por exemplo. Mas é um segmento que necessita se profissionalizar mais para atender demandas dos restaurantes".
PERFIL DOS SEGMENTOS O IPF-MS, em parceria com o Sebrae/MS, está trabalhando na elaboração de uma pesquisa feita por segmentos, cujo objetivo é estudar o comportamento da população local e de algumas cidades do Estado, analisando, por exemplo, questões relacionadas com a alimentação dentro e fora do lar e com isso o abastecimento regional. A iniciativa está na fase de coleta de informações secundárias e primárias, para que então seja possível o cruzamento de resultados e consequentemente de divulgação de informações que auxiliem nas tomadas de decisões empresariais. Para a economista do IPF, trata-se de uma iniciativa importante, pois dará destaque para as tendências e comportamento do consumidor sul-mato-grossense, que vêm mudando ao longo das décadas. “Se existe essa mudança, o empresário precisa estar ciente, para que não corra o risco de perder clientes e consequentemente ficar à margem do mercado. As informações compiladas nesse projeto darão mais robustez sobre a percepção do comportamento e interesses do consumidor”, finaliza.
TURISMO Por: Evelise Couto Foto: Divulgação
Observação de aves é atividade interessante e promissora em MS
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TURISMO
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uem mora em Mato Grosso do Sul sabe que a vida silvestre se mistura aos prédios, ao trânsito e ao dia a dia de quem anda apressado pelas ruas das cidades. São duplas de araras rasgando o céu, tucanos empoleirados nos galhos das árvores, bem-te-vis entoando suas canções nos postes de luz, todos elementos que tornam a vida dos sul-mato-grossenses muito privilegiada com esse contato tão próximo à natureza. Enquanto muita gente não consegue parar para ver tanta diversidade, outros, no entanto, se organizam para observar com cuidado e atenção essas belezas, praticando Observação de Aves ou, como diz o termo em inglês, Birdwatching. Essa é uma atividade de ecoturismo que possibilita observar as aves em seu ambiente natural, sem interferir no seu comportamento ou no seu ambiente. O Brasil é o segundo País com maior diversidade de aves no mundo. São 1.919 espécies até a última lista, publicada em 2015 pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos. Isso torna o País um destino muito visitado por praticantes desse tipo de turismo e, principalmente, o Mato Grosso do Sul. "É muito comum recebermos turistas estrangeiros que vêm observar aves no Cerrado e no Pantanal. Atualmente, muitos brasileiros viajam pelo País para a prática do birdwatching, mas ainda não superam os estrangeiros. Nosso desejo é que mais brasileiros percebam a riqueza de espécies que possuímos, que as conheçam e valorizem cada vez mais nosso patrimônio natural", afirma Simone Mamede, bióloga e sóciadiretora do Instituto Mamede de Pesquisa Ambiental e Ecoturismo, uma microempresa liderada por mulheres cientistas, pesquisadoras e empreendedoras na área de biologia da conservação e ecoturismo. Em parceria com a também bióloga Maristela Benites, o instituto tem três frentes de atuação: pesquisa ambiental; formação, educação ambiental e ciência cidadã; e ecoturismo. Nessa última, elas trabalham exclusivamente com turismo de observação de vida selvagem e vivências na natureza. Desde sua criação, o instituto atua com o turismo de Observação de Aves e promove essa cultura por meio de vivências turísticas como o "Busca ao Lifer" e "bike birding", que foi premiado pela Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa) em 2015 com o segundo lugar entre os projetos turísticos sustentáveis no Brasil. "O bike birding consiste em um pacote turístico de observação de aves que utilizase da bicicleta como meio de transporte menos poluente, silencioso e que permite o maior contato com as aves e com a natureza de forma geral. A nossa proposta de turismo é proporcionar a circulação de renda entre os diversos atores, seja guia, agência ou comunidade visitada, proporcionar felicidade da experiência do visitante e ao mesmo tempo assegurar a proteção das áreas", explica Simone.
CORUJA-BURAQUEIRA.
MUTUM-DE-PENACHO MACHO.
MARISTELA BENITES (À ESQUERDA) E SIMONE MAMEDE (À DIREITA).
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FOTO: SIMONE MAMEDE FOTO: SIMONE MAMEDE
QUERO-QUEROS.
UDU-DE-COROA-AZUL.
UIRAPURU-LARANJA.
FOTO: DIVULGAÇÃO
A analista técnica do Sebrae/MS, Isabella Fernandes, afirma que o nicho de Observação de Aves no ecoturismo é promissor. "Ele tem ganhado muitos adeptos e com certeza é uma área interessante para investir e se capacitar. Os turistas têm encontrado vários benefícios, entre eles, a conexão com a natureza, o aguçar da curiosidade científica, e até mesmo a possibilidade de uma terapia natural", pontua. Segundo a Avistar, ONG aliada ao segmento, o número de turistas que há 10 anos era de 2 mil pessoas, hoje chega a 35 mil, e a projeção é crescente. Entre eles a maior parte ainda é de origem inglesa, mas o brasileiro já tem despertado interesse no segmento, o que proporciona oportunidade de um bom trabalho com o turismo interno. Para quem pretende investir no turismo ecológico, Isabella recomenda um bom planejamento e preparo em gestão. "Inerente ao empreendedorismo, é preciso entender que no ecoturismo é importante ter uma relação muito forte com a natureza. Ela é o principal ativo para empreender nesse segmento e, se não for preservada, essa fonte pode esgotar. É fundamental respeitar a capacidade de carga do atrativo e trabalhar o sistema de gestão de segurança para os turistas. Essas são ações importantes para o bom e duradouro desenvolvimento da atividade", pontua. Outro aspecto importante é a capacitação e atualização de quem pretende trabalhar com o segmento. Ela explica que a Associação Brasileira de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta) promove ações de capacitação e atualização no tema. "Para quem empreende ou atua na área, estar atualizado com as ações da Abeta é fundamental", pontua.
FOTO: SIMONE MAMEDE
Investimento
ISABELLA FERNANDES, ANALISTA TÉCNICA DO SEBRAE/MS.
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TURISMO
Encontro Entre os dias 23 e 25 de novembro acontece o "Avistar Campo Grande”, um encontro de observador de aves. Neste ano, o evento será promovido pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Sectur), Instituto Mamede de Pesquisa Ambiental e Ecoturismo, Avistar Brasil e outros parceiros como Instituto Arara Azul, Clube de Observadores de Aves (Coa - Campo Grande), Fundação de Turismo do Mato Grosso do Sul (Fundtur-MS) e Museu das Culturas Dom Bosco. O objetivo, segundo explica a bióloga Maristela Benites, é reunir os observadores de aves livres, inspirar e compartilhar experiências, estimular o turismo de observação de aves, o fluxo turístico na capital e a qualificação do segmento e, ainda, oportunizar ações de educação ambiental. "Esperamos com isso difundir conhecimento, contribuir na gestão e planejamento urbano e na ampliação de políticas públicas em favor de uma Campo Grande mais sustentável, mais amiga da natureza", explica. Quem tiver interesse em participar, deve inscrever-se por meio do email avistarcgr@gmail.com. As inscrições custam R$ 50,00 e estudantes pagam R$ 25,00.
Quero ser um observador de aves! Maristela e Simone explicam que qualquer pessoa pode se tornar um observador de aves, basta gostar da natureza, acordar cedo, falar baixo, ser silencioso, usar roupas com cores neutras e ser perceptivo, ou seja, estar atento aos sons e movimentos das aves. É possível participar das passarinhadas (saídas para observação de aves) que antecedem o evento Avistar entrando em contato com a equipe organizadora. Eles informarão sobre os locais e dias das expedições. Quem gosta de fotografias e tiver uma câmera para registrar as espécies, pode levar. Os organizadores sempre levam binóculos, luneta e guia de campo (um livro ilustrado das aves) para compartilhar entre todos.
GAVIÃO-CARIJÓ.
UM ENCONTRO DE OBSERVADORES DE AVES.
Fique atento! FOTO: SIMONE MAMEDE
Em novembro, o turismo está em alta no Sebrae! O Sebrae Inspira traz o tema Turismo e Economia Criativa fomentando o empreendedorismo, o conhecimento e a ação nos negócios de grandes segmentos da economia. CURICACA.
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LEGISLAÇÃO Por: Ana Lúcia Abrão e Evelise Couto Foto: Mário Bueno
REFORMA
TRABALHISTA COMO FICA A QUESTÃO DA ATIVIDADE-FIM APÓS DECISÃO DO TST A terceirização é uma forma de contratação já estabelecida no mercado de trabalho. Com a Reforma Trabalhista, consolidada pela Lei Nº 13.467, de 13 de julho de 2017, algumas regras sobre essa modalidade de contratação sofreram alteração. Antes só permitida para atividades-meio, ou seja, aquelas que não são o objeto principal do negócio, o modelo passou a ser permitido também para atividades-fim, as relacionadas diretamente ao objetivo da empresa. Em agosto passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu por 7 votos a 4 que a terceirização de atividades-fim é constitucional, dando aval ao emprego de terceirizados em atividades que identificam a área de atuação da empresa. O entendimento do Tribunal Superior do Trabalho (TST) de que a responsabilidade em caso de desrespeito a normas previdenciárias e trabalhistas é da contratante, foi mantida.
DANIEL AMADO DIRETOR DA FECOMÉRCIO-MS E PRESIDENTE DO SINDICATO DAS EMPRESAS DE ASSEIO E CONSERVAÇÃO DE MATO GROSSO DO SUL (SEAC)
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Para o diretor da Fecomércio/MS e presidente do Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação de Mato Grosso do Sul (Seac/MS), que é também responsável pela representação da Federação na Câmara Brasileira de Serviços (CBS), órgão consultivo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Daniel Amado Felício, a decisão do STF de que a terceirização é lícita em todas as etapas do processo produtivo assegura o princípio da livre iniciativa e da liberdade de empreender, respeitando os princípios constitucionais e livrando o País de uma amarra burocrática. “Para que possamos ter um ambiente propício ao investimento e à produção, com consequente sucesso econômico e social, é fundamental que os princípios constitucionais sejam respeitados. De outra forma, cria-se desordem e insegurança jurídica a partir de interpretações genéricas por parte da justiça do trabalho acerca das atividades empresariais”, observa. Empresário da área de terceirização de facilities há vinte anos, Felício explica que, dada a natureza continuada e a dedicação exclusiva de mão de obra, existe uma relação de trabalho com a empresa contratante (diferente de relação de emprego, que é do prestador do serviço) na execução das tarefas. O diretor considera que a terceirização possibilita um ambiente de produção em rede, ou seja, mais flexível. “Isso cria uma dinâmica econômica muito favorável que estimula o empreendedorismo com maior geração de negócios. Tais possibilidades de atuação em diferentes atividades, segmentos e níveis de especialização garantem uma economia em movimento com muitas oportunidades de trabalho. Só vejo vantagens”.
Para Felício, a terceirização é, na realidade, um modelo de gestão estratégica na busca pela eficiência, produtividade e competitividade. “A terceirização enquanto prestação de serviços a terceiros pressupõe a especialização em determinada atividade e é adotada por empresas de todos os portes e segmentos como uma forma de organização do processo produtivo. Esse tipo de aliança estratégica garante o foco no negócio e contribui com o desempenho da empresa, trazendo sem dúvida benefícios sinérgicos na cadeia de valor através de revisão estrutural, foco no negócio, controle de headcount, investimento e inovação em processos, gestão de recursos humanos e insumos, com otimização de custos. ” A orientação para as empresas que optarem por essa forma de contratação é de que, antes de mais nada, entendam as necessidades de seu negócio e planejem muito bem quais etapas e/ou processos produtivos serão terceirizados. O segundo passo é a empresa estudar o mercado e entender quem ela quer como parceiro para agregar valor ao negócio. Uma escolha errada pode gerar uma experiência ruim, pois trata-se de uma relação triangular recorrente e de natureza continuada em que o tomador do serviço responde de forma subsidiária pelas obrigações trabalhistas e previdenciárias. Felício alerta sobre a importância de ser bastante criterioso ao escolher quem serão os parceiros e indica alguns pontos a serem observados neste momento: a experiência e o diferencial técnico inovativo, informações sobre a saúde financeira e a capacidade de execução, o histórico junto a fornecedores e clientes, o tempo de mercado com o mesmo CNPJ e até a estrutura física e funcional do prestador de serviço. “É bom
lembrar que o tomador do serviço deve se certificar de que a expertise e o poder diretivo pertençam ao prestador do serviço, com domínio dos processos e direção dos trabalhos, evitando assim ferir alguns princípios, como os da subordinação e pessoalidade”. Além disso, existe uma relação de trabalho com a empresa contratante, porém não relação de emprego, ou seja, não gera vínculo empregatício, respeitadas algumas condições e princípios contidos no ordenamento jurídico. “Em condições normais, e de acordo com a Lei, há responsabilidade subsidiária no caso da prestadora de serviços não honrar com os compromissos. A Lei também equipara o trabalhador terceirizado àquele próprio em relação a condições de segurança, higiene e salubridade, já que o trabalho é realizado nas dependências da contratante”, destaca Felício. Para a pessoa contratada como terceirizada, a relação de emprego que se estabelece é a mesma de um trabalhador comum. De acordo com o diretor, “o terceirizado também é celetista e tem assegurado os mesmos direitos garantidos na CF, CLT e instrumentos coletivos, com uma vantagem que só ele tem: a dupla garantia, já que o tomador também é responsável pelas obrigações na falta do prestador. Além disso, qualquer abuso a direitos pode ser contido pelo judiciário. O que se espera é que, tanto os empresários quanto os trabalhadores, cada um cumprindo a sua parte, sigam na direção das boas práticas, da capacitação frequente, da melhoria da produtividade, da ética e da transparência das relações, com responsabilidade e de acordo com as leis trabalhistas vigentes.”
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SESC MS Por: Júlio Mendes Fotos: Mário Bueno
APRENDIZAGEM aliada a modernidade Educação do Sesc MS traz novidades para 2019, com proposta pedagógica que aprofunda o ensino por competência Adquirir conhecimentos de forma dinâmica, participativa e coerente com a atualidade. Este é um dos pilares da proposta de educação oferecida pelo Sesc em Mato Grosso do Sul. Com ferramentas que aliam aprendizagem e modernidade, a instituição promove o desenvolvimento de crianças e adolescentes por meio da Educação Infantil e Ensino Fundamental. E para o ano de 2019, haverá novidades: ampliação de espaços e o aprofundamento do ensino por competência. No Estado, o Sesc conta com duas unidades: Sesc Escola Horto, em Campo Grande, com 1393 alunos, do nível I (com 3 anos de idade) até o 9º ano do Ensino Fundamental; e o Sesc Escola Três Lagoas, com 386 alunos, do nível I até o 6º ano do Ensino Fundamental. Juntas, as unidades possuem 137 profissionais. Segundo a assessora de educação do Sesc MS, Nádia Salles, no próximo ano, a avaliação complementar dos alunos será feita por meio dos indicadores e competências de cada disciplina. A organização curricular na escola está estruturada a partir das competências que o aluno desenvolverá da Educação Infantil ao Ensino Fundamental. O conteúdo educativo contempla o desenvolvimento de habilidades, atitudes e valores necessários para uma vida
cidadã, responsável, com convivência solidária, gerindo uma vida com autonomia. E para isso, o auxílio tecnológico tem sido peça-chave na evolução do aprendizado, com a utilização da plataforma Google for Education, cujo objetivo é de que os alunos passem a usar mais ferramentas online no processo ensinoaprendizagem, em que poderão compartilhar recursos com colegas.
NÁDIA SALLES, ASSESSORA DE EDUCAÇÃO DO SESC MS.
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EDUCAÇÃO INFANTIL É UM DOS DESTAQUES DAS ESCOLAS DO SESC EM MATO GROSSO DO SUL.
LOUSA DIGITAL AUXILIA NO APRENDIZADO DOS ALUNOS.
Em 2019, haverá a inclusão do material didático da Rede Pitágoras, que leva em conta contextualização, diálogo, problematização, entre outros fatores, que facilitarão o estudo e a distribuição de avaliações por parte do professor. Outro diferencial oferecido pelo Sesc MS em Campo Grande é a Lousa Digital, nas salas de aula do 6º ao 9º ano, como forma de incentivar a interatividade, dinamizar novidades, para que o aluno desenvolva uma nova forma de aprender. Além disso, esse formato de mídia em sala de aula auxilia o professor no acompanhamento sistemático do aluno, o que traz agilidade ao processo de aprendizagem. Outro diferencial é o ensino bilíngue, que será consolidado por meio da aplicação, pelo segundo ano, das provas de proficiência de Cambridge. A metodologia utilizada pelo Sesc é desenvolvida para o contexto brasileiro, onde os alunos desenvolvem os conceitos científicos em sua própria língua e os reforçam em um segundo idioma ou vice-versa, com
ATIVIDADES RECREATIVAS FAZEM PARTE DA GRADE CURRICULAR.
atividades complementares. As aulas do idioma interagem com as outras disciplinas, onde o aluno aprende sobre história, matemática ou geografia na língua inglesa, enriquecendo seu vocabulário. Com a inserção dos novos métodos, há uma grande perspectiva de alcançar resultados tão positivos quantos os alcançados em 2018, onde, segundo Nádia, a maioria dos alunos estiveram aptos a realizarem a prova mais avançada para a faixa etária: Flyers (YLE). Os alunos também continuarão a ser incentivados a se inscreverem, de forma gratuita, para a participação em Olimpíadas e Maratonas escolares. “Em 2018, tivemos 14 alunos aptos a prestarem a 2ª fase da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) e dois alunos, um de Campo Grande e outro de Três Lagoas, receberam premiação do 3º lugar regional entre Centro-Oeste, Norte e Nordeste na Maratona do Conhecimento Pitágoras”, comenta a assessora.
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SESC MS
Obras e mais inovações Prevista para ser finalizada até março, o Sesc Escola Horto passa por uma reforma que promete trazer melhorias e mais comodidade para pais, alunos e professores. Segundo o gerente do núcleo de arquitetura do Sesc MS, Mauro Lucio Abdala Júnior, as obras incluem espaços modernos, visando conforto e acessibilidade. Mauro explica que será construído um recuo com rampa para embarque e desembarque de alunos. Além disso, a escola será contemplada com um novo Ginásio Poliesportivo e aumento de vagas do estacionamento. No interior do prédio, haverá um pátio coberto para recreação e a biblioteca também passará por modificações em sua infraestrutura, bem como a sala de vídeo. Outra novidade é a construção da sala “Cooking Class”, voltada para a utilização do ensino bilíngue. O espaço oferecerá uma experiência prática de aprendizado com o uso de conteúdo teórico. Dessa forma, o aluno aprenderá algumas noções de cozinha, em um ambiente leve e divertido, porém, em inglês. A ideia é que os estudantes possam aumentar seu vocabulário e praticar a oralidade.
ESCOLA CONTA COM ESPAÇO PARA PRÁTICAS ESPORTIVAS.
Quer conhecer mais sobre o ensino oferecido pelo Sesc MS? Então acesse:
www.escola.sescms.com.br BIBLIOTECA PASSARÁ POR MODIFICAÇÕES EM SUA INFRAESTRUTURA EM 2019.
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ORIENTAÇÃO Por: Evelise Couto Fotos: Mário Bueno
Lei do troco O que você precisa saber? conhecimento do consumidor aos seus direitos, por isso, incluímos na lei a obrigatoriedade dos estabelecimentos comerciais fixarem cartazes informando a necessidade da devolução do troco integral", explica Mochi.
CREDITO: LUCIANA NASSAR ALMS
Atenção, comerciante, sabe aquele hábito que muita gente tem de dar o troco para o consumidor em balas? Ou, ainda, de não passar para ele aquele um centavinho de troco quando o produto custou R$9,99? Pois agora, esses costumes, quase culturais, têm tudo para desaparecer e, quem insistir nesses hábitos terá de responder à Justiça ou pagar multa. Em julho deste ano foi publicada a Lei do Troco, uma lei estadual que visa divulgar um dos direitos mais desrespeitados pelos comerciantes: a devolução integral e em espécie do troco diretamente ao consumidor. A Lei 5.223 é de autoria do presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Junior Mochi (MDB), e do ex-deputado estadual Flávio Kayatt (PSDB). Ela vem para complementar a Lei 4.588, de 14 de novembro de 2014, que passa a contar com um artigo determinando que os estabelecimentos comerciais fixem um cartaz informativo sobre a proibição da substituição por mercadorias do troco devido aos clientes. "Além disso, na falta de cédulas ou moedas para a devolução do troco, o fornecedor do produto ou serviço deverá arredondar o valor, sempre em benefício do consumidor. O objetivo do cartaz é facilitar o acesso e o
JUNIOR MOCHI, DEPUTADO ESTADUAL.
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Guia rápido para comerciantes 1) NIKOLA PELLAT, SUPERINTENDENTE DO PROCON/MS.
O deputado afirma que, até o momento, a lei tem sido bem aceita pelos comerciantes, uma vez que estão aderindo à divulgação desse direito do consumidor, deixando-os cientes da possibilidade de receber o troco em dinheiro ao invés de aceitar outros produtos sem prévio consentimento. Mas o que pode acontecer se o comerciante violar esse direito do consumidor? Segundo Nikollas Breno de Oliveira Pellat, superintendente para Orientação e Defesa do Consumidor do Procon em Mato Grosso do Sul, há punições para quem insistir em não cumprir a Lei do Troco. "Ainda recebemos denúncias de estabelecimentos que flagrantemente não repassam o troco nem arredondam o valor em benefício do consumidor. Caso se depare com esse tipo de situação, o consumidor pode realizar uma denúncia diretamente na sede do órgão do Procon/MS ou pelo número 151 do nosso Disque Denúncia", afirma. A equipe de fiscalização do Procon primeiramente atua de forma educativa, orientando as empresas quanto aos seus deveres no momento de entregar o troco ao consumidor. Existindo denúncias acerca do descumprimento da referida legislação, encaminha-se aos estabelecimentos denunciados uma equipe de fiscalização, com o objetivo de verificar se a empresa está cumprindo as disposições constantes da legislação. Se for constatado que o estabelecimento comercial está descumprindo a Lei do Troco, ele será autuado e posteriormente multado.
O troco nunca deverá ser substituído por produtos de seu estabelecimento, sendo sempre repassado em espécie.
2) Os
estabelecimentos comerciais devem ter fixados um cartaz informando sobre seus direitos acerca da Lei do Troco.
3) Esse cartaz precisa ter uma dimensão mínima de 297x420mm e deve estar em local de fácil visualização pelos consumidores, onde ocorrem os pagamentos ou recebimentos em dinheiro.
4) Caso faltem cédulas ou moedas para a devolução do troco, o comerciante deve arredondar o valor do produto de modo que beneficie o consumidor.
O comerciante que não respeitar a lei 5) poderá ser autuado e pagar multa de 100 Uferms, o que equivale a aproximadamente R$ 2.684,00.
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FECOMÉRCIO MS Por: Júlio Mendes Fotos: Divulgação
P E L O
BEM COMUM
Pacote com 70 medidas estimula boas práticas contra corrupção
As empresas têm papel protagonista na sociedade, pois criam soluções, ofertam produtos e geram emprego e renda para às famílias. Mas para alcançarem o sucesso, os empreendimentos precisam do diálogo constante e claro com clientes, fornecedores e colaboradores. Contudo, mais do que isso, há também a responsabilidade social e a função transformadora das empresas em auxiliar na construção de um País mais justo e livre de um mal que assola a sociedade há muito tempo: a corrupção. Com esse intuito, o Sistema Fecomércio-MS apoia o debate e a implantação do pacote com as Novas Medidas contra a Corrupção, lançado neste ano. Foram compiladas as melhores práticas nacionais e internacionais, com a colaboração de vários setores da sociedade brasileira, culminando na criação de 70 medidas, incluindo anteprojetos de lei, propostas de emenda à Constituição, projetos de resolução e outras normas voltadas ao controle da corrupção. A ONG Transparência Internacional, em conjunto com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), foi responsável por organizar esse pacote. Um grupo de especialistas, comprometido em contribuir com a agenda anticorrupção, iniciou a retomada da reflexão sobre reformas sistêmicas para eliminar práticas corruptivas da sociedade, tendo em vista seus níveis alarmantes e nocivos. As propostas surgiram a partir de pontos já discutidos, agregando perspectivas e conteúdo para uma agenda renovada de reformas. Entre as medidas, estão propostas de reforma legislativa, administrativa e institucional, com o objetivo de promover um debate público orientado às causas sistêmicas da corrupção e de oferecer soluções permanentes para o seu enfrentamento a longo prazo. As Novas Medidas contra a Corrupção trazem aprimoramentos, preveem regras de responsabilização para agentes públicos, incluindo promotores e juízes, sem avançar sobre as liberdades necessárias para o exercício de sua função, e fortalecem as instâncias de controle sem criminalizar a atividade política. De acordo com o consultor da Transparência Internacional, Guilherme France, os temas foram atribuídos a redatores,
especialistas, advogados, representantes do Ministério Público, entre outros, que foram responsáveis por escrever minutas, projetos de lei, propostas de emenda à Constituição, resoluções e normativas para implementar a ideia. Tudo foi revisado por outros especialistas, que analisaram, criticaram, apontaram falhas, defeitos e sugeriram aprimoramentos, até chegarem a um produto final. As resoluções ficaram disponíveis no sistema Wikilégis por cerca de dois meses, onde a população pôde sugerir mudanças e alterações em cada artigo. Conforme o consultor, mais de mil pessoas participaram desse processo. “Buscamos o máximo de críticas possíveis, para evitar qualquer tipo de excesso. Tínhamos alguns critérios que ampararam nosso trabalho, como respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais, impacto direto anticorrupção e o não corporativismo. E com isso, diversas propostas deixaram de fazer parte do pacote porque entendemos que não estavam maduras o suficiente para apresentarmos à sociedade”, pontua. Após o processo de revisão e sugestões de novas ideias, foram apresentadas, em junho deste ano, as novas medidas contra a corrupção. Ao todo, o pacote traz 70 itens, divididos em 12 blocos. O objetivo é que essas propostas façam parte da agenda anticorrupção em 2019. As propostas precisarão ser
GUILHERME FRANCE, CONSULTOR DA ONG TRANSPARÊNCIA INTERNACIONAL.
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O pacote com as 70 medidas anticorrupção é dividido em 12 blocos: discutidas, votadas no Congresso Nacional e sancionadas pela presidência. “Acreditamos que o congresso tem toda legitimidade para propor alterações às propostas, mas o espírito do pacote tem de ser respeitado, bem como a efetiva aprovação das medidas em larga medida e a implementação posteriormente”, explica Guilherme. Na capital sul-mato-grossense, o Observatório Social de Campo Grande é uma das instituições que apoiam a iniciativa, visando contribuir para a melhoria da gestão pública. Segundo o coordenador da entidade, Hélio Sayama, é fundamental que as entidades civis locais se unam para o enfrentamento à corrupção. “É importante que o cidadão observe quem são os políticos eleitos e qual o papel que exercem”, opina. Sayama complementa, dizendo que é preciso esforço para que as ações propostas pela campanha atinjam o maior número de pessoas possível. “Houve uma tentativa, anteriormente, para implementar o que foi chamado de 10 medidas anticorrupção, mas foi derrubada. Agora, essas 70 propostas, dentro dos mais variados segmentos, trazem sugestões para combatê-la, de forma que o cidadão comum também abrace essa causa, para que ele avalie o compromisso dos parlamentares com a democracia”. O presidente do Sistema Fecomércio, Edison Araújo, acredita que essas medidas poderão ser fortes aliadas dos empresários, pois estimulam uma competitividade mais justa. “É importante que o empresário entenda que os consumidores buscam, cada vez mais, empresas que prezam pela ética e transparência em seus empreendimentos. Em um cenário onde novas denúncias surgem a cada dia, a corrupção vem sendo enfrentada no Brasil por meio de mecanismos de controle e fiscalização”, argumenta. Araújo também reitera que, caso as medidas sejam efetivamente colocadas em prática, o ambiente de negócios no Brasil será favorecido, visto que as contratações serão mais coerentes. “No caso de compras públicas, licitações e contratos, tudo isso será feito de forma mais leal, estimulando a disputa sadia entre as empresas”, analisa.
1- Sistemas, Conselhos e Diretrizes Nacionais Anticorrupção;
2- Participação e controle social; 3- Prevenção da corrupção; 4- Medidas anticorrupção para eleições e partidos políticos;
5- Responsabilização de agentes públicos; 6- Investidura e independência de agentes públicos;
7- Melhorias do controle interno e externo; 8- Medidas anticorrupção no setor privado; 9- Investigação; 10- Aprimoramento da resposta do Estado à corrupção no âmbito penal e processual penal;
11- Aprimoramento da resposta do Estado à corrupção no âmbito da improbidade administrativa;
12- Instrumentos de recuperação do dinheiro desviado.
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INOVAÇÃO Por: Ana Lúcia Abrão e Evelise Couto Fotos: Mario Bueno
Os novos termos do
Marketing A evolução do mercado cria novas técnicas para os negócios Inovação e estratégia são duas palavras que estão constantemente no dia a dia dos empreendedores - ao menos os que almejam crescer e ampliar seus resultados. E isso passa pelo Marketing - saber trabalhar o Marketing da empresa, seus conhecimentos e ferramentas, como se posicionar e como se diferenciar no seu segmento. Trata-se de conhecer o mercado em que atua para traçar estratégias realmente eficazes. Nesse contexto, a cada dia surgem novos termos e maneiras de trabalhar o marketing, e quem está no mercado precisa estar atento, até para saber também o que não usar na sua empresa. Existem casos diversos, nem tudo serve para todos os negócios, mas experimentar é sempre uma oportunidade de descobrir novos caminhos e maneiras para alavancar vendas e se destacar. Além disso, quando bem utilizado, pode se tornar uma ferramenta para inovação. Quem explica é o consultor do Sebrae, Leandro Buainain Lins: quando uma empresa ou empresário procura conhecer o mercado em que está inserido, ou seja, seus clientes, concorrentes, diferenciais, deficiências, ameaças, oportunidades, passa a enxergar maneiras de se diferenciar e inovar para prosperar. “Assim como é importante a empresa separar recursos para capital de giro, benfeitorias, entre outras áreas que façam parte seu planejamento, é importante separar um recurso para o marketing, que pode ser utilizado das mais diversas formas”, aponta. Segundo Lins, as empresas que prosperam quase sempre têm um setor dedicado ao marketing, são empresas que buscam continuamente melhorar seus produtos e/ou serviços com foco no cliente. “A dica é: não importa o grau de maturidade da empresa, ouça sempre seu cliente”, revela.
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O marketing tem evoluído muito e, cada vez mais, surgem novos conceitos e formas de utilizá-lo. Se no início era restrito às grandes corporações, hoje temos até o marketing pessoal, que é a forma como cada pessoa se mostra para o mundo. E, se quando falamos em marketing, falamos em inovação, cada empresa interessada em crescer e aumentar seus números deve ter conhecimento sobre o que está surgindo no mercado. Assim, o consultor apresenta alguns dos termos mais falados da atualidade: LEANDRO BUAINAIN LINS, CONSULTOR DO SEBRAE.
LOVE MARKETING – O love marketing é uma evolução natural do marketing devido à mudança nos meios de comunicação e na sociedade. Antes as campanhas eram massificadas, com uma agenda, visando exclusivamente o lucro e alguns diriam até manipuladoras. O love marketing propõe campanhas mais individualizadas, em tempo real, criando valor e empoderando o cliente, algo que vem sendo possível devido a ferramentas como internet, redes sociais, big data e uma preocupação maior da sociedade com a qualidade de vida e valorização do indivíduo. INBOUND MARKETING - Também chamado de marketing de atração, é feito completamente online com o intuito de atrair desconhecidos para que virem visitantes em blog's, redes sociais, vídeos e outras plataformas e, ao entrarem em contato com esse conteúdo, criarem leads que possam ser convertidos em consumidores e esses consumidores promoverem sua marca, produto e/ou serviço. LIVE MARKETING - Também tem outras denominações como marketing participativo, de engajamento, de experiência, entre outros. A ideia é encorajar consumidores a entrarem em contato com a marca e participar da evolução dela (como a Azul Linhas Aéreas fez no começo, em que os passageiros escolheriam o nome da companhia).
Porém, no live marketing, a ideia é fazer essa interatividade entre consumidor e marca serem muito mais fortes, utilizando meios físicos e plataformas digitais. MARKETING DE GUERRILHA - Esse tipo de marketing surgiu como uma forma das pequenas empresas se diferenciarem em ações criativas de baixo custo, geralmente junto aos consumidores. Com a internet, o diferencial é que quando uma campanha de marketing de guerrilha é bem sucedida, viraliza e atinge um universo muito grande de pessoas. GEOMARKETING - É uma abordagem que permite a adaptação dos 4P's do Marketing (preço, praça, produto, promoção) ao modo como o mercado se organiza em um espaço físico, usado com frequência, mesmo que sem premeditar, por muitas empresas quando querem divulgar para o público de uma determinada região geográfica. MOBILE MARKETING - São ações de marketing realizadas através de celulares ou dispositivos móveis. OUTBOUND MARKETING - São as formas mais tradicionais de anúncios como tv, rádio, jornal, revistas, etc.
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ARTIGO
SUA EMPRESA E O
Risc(ã)o
Por:
Marco Aurélio Borges de Paula Presidente da Comissão de Compliance e Governança da OAB/MS. Consultor de Compliance em Campo Grande. Mestre em Direito Econômico pela Universidade de Coimbra, Portugal.
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COMÉRCIO & CIA NOVEMBRO / DEZEMBRO 2018
Chamo de “riscão” o grande risco de corrupção. A sua empresa pode até não ter relação contratual com a Administração Pública, mas ela, ainda assim, está exposta aos mais variados riscos decorrentes da corrupção, como o risco de sofrer uma pesada sanção administrativa prevista na Lei n.º 12.846/13, a chamada Lei Anticorrupção. Que tal a sua empresa ser multada em até 20% do seu faturamento bruto porque o seu despachante, agindo em seu nome, prometeu propina ao agente do Detran para acelerar a regularização documental da sua frota? Quão grande será o prejuízo que ela sofrerá com a divulgação, em diversos meios de comunicação, da decisão que a condenou por um ato de corrupção praticado, em seu nome e benefício, pelo seu advogado? Será incomum que terceiros (despachantes, advogados, contadores etc.) ajam de modo ilícito, na interação com o setor público, para agradar, no curto prazo, os seus tomadores de serviços? Bem, eu suponho estar sendo lido por um empresário que, ao invés de apostar no sucesso fácil das atividades ilícitas, prefere o caminho mais difícil, porém sustentável, do trabalho árduo e do investimento em pessoal, em propaganda, em qualidade, bem como em um estilo de negócio urdido de valores, com o que, talvez, já tenha sedimentado, ao longo do tempo, uma boa reputação aos olhos dos stakeholders. Ocorre que de nada adiantará você simplesmente argumentar que possui uma empresa ética e que não quis que o seu despachante prometesse (ou que o seu advogado desse) “vantagem indevida” ao agente público, pois a Lei 12.846 é muito clara ao atribuir responsabilidade objetiva (independentemente de dolo ou culpa) às empresas pelas condutas ilegais que os seus terceiros praticam em seu nome e benefício, contra a Administração Pública. De fato, essa lei mudou, substancialmente, o cenário de risco para as empresas, sobretudo para as de pequeno e médio porte, por serem mais frágeis aos impactos financeiros e de imagem causados por uma condenação de corrupção. Imagine que, nos últimos vinte anos, você tenha se doado plenamente à sua empresa, à ampliação do seu capital físico, humano e reputacional, mas, por um descuido na escolha ou na fiscalização de um terceiro, tudo o que foi construído caia agora por terra em poucos minutos, com uma somatória de sanções e uma “viralização” de publicações contra o status moral da sua organização. Pense no pai de família que não é diligente ao contratar a babá de sua pequena filha. Um erro, nesse momento, pode ser irreparável. Hoje, o grande risco da sua empresa está, sem dúvida, nas pessoas (físicas ou jurídicas) contratadas para representá-la junto aos órgãos públicos, isto é, nas pessoas com as quais ela mantém uma relação geograficamente distante. Para se ter uma idéia do tamanho do “riscão”, fala-se que “99% das propinas são pagas por terceiros” (Trevor Schumacher). Diante desse panorama, você já não pode mais descuidar do que ocorre além dos limites da sua organização, pois ela é tão responsável pelos terceiros quanto o é pelos seus funcionários. Portanto, o mesmo rigor com que a sua empresa age na contratação, no treinamento e no monitoramento destes, ela deve fazê-lo quanto àqueles, de modo a mitigar o risco de corrupção. Não é à toa que cada vez mais empresas investem em programas de compliance como forma de prevenir, detectar e responder às violações das normas anticorrupção, tendo, por exemplo, um sistema de Diligência Prévia de Terceiros. A adoção de práticas preventivas como essa está absolutamente na ordem do dia dos empresários que agem como “bom pai de família”, isto é, que zelam pela eficiência sem abrir mão da integridade e da longevidade do seu negócio.
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