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No caminho da inovação

Empresas baianas de tecnologia se destacam no mercado nacional.

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por Vivianne Ramos

ABahia sempre foi uma importante expoente no mercado cultural e publicitário. Há alguns anos, tem mostrado sua força também no universo da inovação e tecnologia. A criação da Câmara de Inovação e Tecnologia da Fecomércio-BA, que está diretamente ligada ao Centro de Inovação e Tecnologia (Inovacom) é mais um passo importante nesta conquista. Ao todo, trinta instituições públicas e privadas cumprem uma agenda mensal de reuniões e atividades que fortaleçam o mercado.

Uma delas é a POS controle, que tem como objetivo facilitar o dia a dia, oferecendo processos mais eficientes e ágeis. Comandada por Emerso Barreto ao lado de mais três sócios, a empresa criada com foco nas operações do ramo de alimentos e bebidas, se fortaleceu quando foi a responsável pela operação de toda a venda das Olímpiadas realizadas no Rio em 2016. O software, instalado em uma máquina de cartão de crédito, permite selecionar produtos, fazer o pagamento e emitir a nota fiscal na mesma máquina, dispensando o uso de servidores, computadores ou impressoras.

O primeiro contato de Emerson com a tecnologia foi no final dos anos 80. Na época, os computadores ainda estavam começando a ser usados e eram muito diferentes dos que conhecemos hoje. Autodidata em programação, trocou o curso de Física pelo de Ciência da Computação e, assim, transformou o hobby em profissão. Vindo de uma família de empreendedores, teve o seu primeiro negócio ainda na época da faculdade. Agora, quase trinta anos depois, assiste o sucesso da POS no mercado nacional e também internacional.

Revista Sistema Fecomércio-BA - Qual é a principal missão da POS hoje?

Emerson Barreto - A POS CONTROLE tem a missão de simplificar as experiências de compra/venda das lojas físicas do varejo, criando ferramentas simples e de baixo custo, para que a equipe de vendas atenda os seus clientes com uma ferramenta em mãos onde o cliente não precise pegar filas para registrar seus produtos, fazer o pagamento e pegar o documento fiscal.

Hoje nosso sistema está dentro de todas as maquininhas smart de todas as empresas de cartões do Brasil e distribuímos nosso sistema através de revendas cadastradas com um conceito white label, ou seja: temos parceiros comerciais em diversos estados que comercializam nossa tecnologia utilizando a sua própria marca. RSF - A que você atribui os bons resultados da POS?

EB - Os resultados da POS CONTROLE vêm sendo superados a cada ano. Estamos crescendo nossos números de revendas e nossas revendas estão ampliando os números de pontos de venda móveis no varejo de forma surpreendente. Atribuímos este excelente resultado totalmente à nossa equipe de profissionais 100% envolvida e comprometida com nossos clientes e nossa solução.

RSF - O mercado baiano de inovação e tecnologia tem ganhado cada vez mais destaque. É um bom momento para investir no empreendedorismo e lançar uma startup, por exemplo?

EB - O mercado baiano sempre foi muito forte e criativo na área de tecnologia da informação. Diversas empresas baianas são referências nacionais e internacionais em suas áreas de atuação, como a e-Rural, Kinvo, JusBrasil, Antecipa e MobileX. Este é o melhor momento de empreender pois o mercado está em busca de soluções que simplifiquem nossa vida em todos os mercados e as mudanças são tão rápidas que nem notamos.

RSF - Neste último ano, passamos por diversos desafios. Quais adaptações foram feitas para manter a saúde do negócio? E o que será levado adiante?

EB - O empreendedor brasileiro foi forjado passando por crises financeiras, crises políticas, mudança de moedas, hiperinflação e agora pandemia. O ano de 2020 não foi fácil e o início de 2021 não está sendo diferente, mas aprendemos a nos adaptar de forma rápida e inteligente, e superar todas estas dificuldades.

Criamos ferramentas de lojas web integradas aos nossos PDVs Móveis em maquininhas de cartões de crédito e criamos soluções gratuitas para ajudar bares e restaurantes – o POS CARDÁPIO. Tudo isso de forma que, hoje, nossos clientes utilizam as maquininhas de cartões de crédito para fazer as vendas completas e imprimir as notas fiscais, mas também ele pode receber as vendas com os seus clientes utilizando seus próprios telefones celulares, criando um ambiente omnichanel em suas lojas e integrando nossas soluções com diversos ERPs do mercado. Criamos diversas experiências para adaptar o varejo ao novo formato de lojas pós pandemia.

Outro destaque é a Cubos Tecnologia, que trabalha na criação de empresas digitais e no apoio às organizações justamente nesse processo de inovação tecnológica. Atualmente comandada por Sara Passos, que é advogada de formação, a Cubos já acumula mais de 80 projetos realizados. Entre eles, a ZigPay – plataforma de pagamentos; BBNK, primeira plataforma whitelabel de banking do país e o Grana Solidária, que conecta investidores a empreendedores sociais.

Formada em Direito, Sara foi convidada para trabalhar na Cubos no início de 2016 na área de prospecção em vendas. Lá dentro, aprendeu sobre como a internet funciona, o que é linguagem de programação e a própria tecnologia. Em seguida, chegou ao cargo de Diretora Comercial e Vendas e, desde 2018, é a CEO.

Revista Sistema Fecomércio-BA - Como você definiria a Cubos?

Sara Passos - Pra mim, a Cubos é um ambiente de pessoas inquietas e com muita vontade de fazer mais, sabe? É uma empresa que busca muito avançar, tá muito na frente em termos de conhecimento e em termos de entrega. Desde que eu entrei, os sócios me acolheram muito bem e me deram todas as ferramentas possíveis, confiaram muito em mim quando me escolheram pra ser CEO.

Ela representa muito o que eu acredito de futuro e de implantação de cultura organizacional. É um ponto fundamental neste movimento de trazer tecnologia e inovação, progresso para a nossa cidade, estado e país.

RSF - Qual a principal missão da Cubos hoje?

SP - A gente tem uma bandeira que é criar tecnologia com significado. Então a gente tem muito forte essa questão de criação de produtos digitais, seja um software, uma aplicação, ele tem que ter uma finalidade, tem que servir como facilitação de um comportamento, tem que ser uma ferramenta proveitosa. Buscar entender as razões que fazem aquela tecnologia ser aplicada.

Então a ideia é realmente gerar o maior número de novos produtos e novas empresas que a gente auxilia não só na parte de transformação digital, mas gerar novas soluções mesmo. A gente é aquele parceiro que traz a inteligência tecnológica, mudança de percepção sobre o uso das aplicações. RSF - Estamos vivendo um momento difícil como um todo, mas que tem favorecido a muitos empreendedores. Como é possível se reinventar neste mercado?

SP - Todo momento de crise é um momento que gera mudança de comportamento e essas mudanças de comportamento abrem espaço para mudanças de ferramentas, de estilo e de mindset. Então é por isso que esses esses momentos difíceis geram novas oportunidades, as pessoas ficam mais suscetíveis a essas mudanças.

Se reinventar não precisa ser aquele passo do zero ao 180. Não precisa ser aquela coisa grandiosa. Quando a gente fala de inovação, são aquelas pequenas ideias que acabam se transformando em grandes ideias. Primeiro precisam se preparar pra poder enfrentar esses problemas relevantes. Tem que se preparar e ter a cabeça aberta pra compartilhar ideias. Esse compartilhamento é muito importante pra gerar novas conexões, pra gerar novas soluções.

Eu diria que, pra se reinventar nesse mercado, tem que ter uma cabeça aberta, tem que atuar de forma dinâmica e colaborativa, sobretudo. Precisamos de ambientes cada vez mais diversos, cada vez mais inclusivos pra trazer diferentes perspectivas. Isso gera inovação e reinvenção.

RSF - A Bahia tem se destacado no setor de tecnologia, inovação e startups. A que você atribui este bom resultado?

SP - A Bahia é um lugar incrível, né? A gente tem muita criatividade pulsante, energia, garra e força. Então, pra mim, a gente tá se tornando esse polo, né? De tecnologia, inovação e novas startups muito pela junção de players, personalidades e instituições que querem trazer esse espírito que a gente já tem no nosso sangue e no nosso dendê em outras áreas para a tecnologia. Mostrar que aqui também tem gente boa que fica aqui, que estabelece negócios aqui.

Campanha conscientiza o consumidor do seu papel na pandemia

Comércio é essencial

A Fecomércio-BA, a FCDL Bahia e a CDL Salvador, em conjunto, lançaram a campanha publicitária “Manter o Comércio Aberto Depende de Você”. A ação tem o objetivo de conscientizar consumidores e profissionais do comércio para práticas de cuidado e prevenção contra a COVID-19, para manter os estabelecimentos abertos e seguros para todos.

As peças destacam a importância de continuar seguindo rigorosamente os protocolos definidos pelas autoridades de saúde e pelo governo – uma conduta que o segmento já vinha

A Fecomércio-BA e os seus 35 sindicatos filiados estiveram unidos na campanha para reabertura das atividades comerciais. No vídeo, imagens mostram os protocolos sanitários adotados por todo o comércio baiano que foram essenciais no controle da pandemia. O vídeo, produzido pela assessoria de comunicação da entidade, foi customizado para os 35 sindicatos filiados. Quer conferir o vídeo na íntegra? Aponte o seu celular para o QR Code ao lado.

realizando desde o ano passado. O foco da campanha é alertar para a necessidade de que as lojas sigam como ambientes controlados e seguros para preservar a economia local e garantir os empregos de milhares de trabalhadores.

Qualquer empresários do comércio de bens, serviço e turismo pode adquirir gratuitamente o mídia kit da campanha, que contém cartazes, adesivos de vitrine, cards e sinalizadores. As peças também estão disponíveis para download no site das entidades promotoras da campanha. Veja o vídeo oficial no QR Code ao lado.

MANTER O COMÉRCIO ABERTO

DEPENDE DE VOCÊ

Cada vez mais conectado

A Fecomércio-BA atingiu uma marca importante para o seu caminho de maior diálogo e transparência com a sociedade baiana. No mês de abril, a conta da entidade no Instagram ultrapassou a barreira dos 5 mil seguidores. Acompanhe, curta, compartilhe e comente os conteúdos de interesse do comércio de bens, serviços e turismo no seu feed. Ainda não segue a gente? É só pesquisar @fecomercio.ba e conferir as novidades por lá!

Eterna Infância

Eduardo Gianetti, em seu livro O Valor do amanhã, expõe de forma muito clara a visão de que parte importante das nossas decisões envolve o trade-off entre a extensão dos ganhos que podemos auferir e o momento em que esses nos chegam. Sendo assim, não somente os juros recompensariam a nossa paciência e disposição em postergar o usufruto imediato do nosso capital para que tenhamos uma fruição maior no futuro. Outras decisões cotidianas recompensam que não sucumbamos às tentações do prazer imediato, como as dos jovens que abrem mão de uma balada às vésperas de uma prova importante ou dos cervejeiros que cedem à tentação de uma gelada na véspera de uma longa jornada de trabalho. Ambas são decisões que obedecem à lógica de considerar o futuro na decisão presente.

A pandemia de COVID-19 vem expondo o empresariado brasileiro a uma situação extremamente difícil. Desde o seu início, iniciativas de lockdown vêm exigindo o fechamento ou funcionamento precário de diversos estabelecimentos, impactando sobremaneira as suas possibilidades de sobrevivência. Em situação vexatória e com dificuldades de cobrir, sequer, os custos operacionais, parte significativa do empresariado passa a defender um relaxamento nas medidas impostas pela necessidade de distanciamento, suscitando mais uma divisão opinativa na nossa sociedade: privilegiar a saúde ou a economia?

O impacto pandêmico na economia mundial é significativo, refletindo-se num retrocesso do PIB Global de 4,4%. No entanto, alguns dos países que mais obtiveram sucesso no combate à pandemia, como China, Coréia do Sul, Noruega e Nova Zelândia, estão também entre os que melhor performaram economicamente em 2020. O lockdown abrangente e a suspensão de atividades diversas lhes permitiram uma retomada da economia de forma mais rápida e intensa do que nos países que agiram tibiamente, adotando medidas parciais e territorialmente restritas, as quais combinaram ônus imediato e reduzido bônus futuro.

A observação da questão na perspectiva micro pode ajudar. Imaginemos um restaurante obrigado a se manter fechado por 60 dias, sem faturamento. Admita-se que haja colaboração social nesse período de fechamento e que as taxas de transmissão se reduzam significativamente. (A redução da taxa de contaminação R para 0,7 já reduziria os novos contaminados a menos de 25% do valor base em 30 dias). Após os 60 dias, com níveis mais baixos de contaminação, os restaurantes são, então, autorizados a abrir com 80% de seus espaços disponíveis. Adotando-se um período temporal de seis meses, o restaurante terá, então um faturamento nulo nos meses iniciais e de 80% nos outros quatro meses. O faturamento médio, seria, então de (80x4+2x0)/6 = 55% do potencial do restaurante nos seis meses. Com a permanência da contaminação em alta e com restrições de funcionamento mantidas em 40% da lotação durante todo o período, esse seria o faturamento médio nos seis meses.

A cultura curto-prazista é uma das características mais evidentes do nosso país. As nossas escolhas individuais e coletivas refletem o nosso pouco apreço pelo amanhã. Talvez essa seja uma das explicações pela baixa prioridade que atribuímos à educação, exigente de muito investimento antes dos garantidos retornos. Mimetizamos sistematicamente o comportamento do garoto que, consultado se prefere um chocolate hoje ou cinco amanhã, se deixa levar pelo enganoso salivar da boca e não hesita em optar pelo prazer imediato. O problema é que o amanhã chega e os cinco chocolates não degustados lhe custarão mais que o prazer postergado do único chocolate comido. Mas aí, então, como dizem por aí, já foi.

Horácio Filho

é professor associado da UFBA

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Capa da Revista Forbes, baiana revoluciona olhar sobre empreendedorismo

Karine Oliveira, CEO da Wakanda Comunicação Empreendedora, se destaca pela acessibilidade e sensibilidade nos negócios

por Vivianne Ramos

Écomum, no universo da inovação e do empreendedorismo, o uso de termos técnicos ou mesmo palavras em inglês para identificar atividades ligadas ao mercado. O próprio termo startup, que designa as iniciativas tecnológicas, é um deles. Mas, afinal, o que é empreender, gerir um negócio, administrar finanças se não um reflexo do que é feito dentro de casa e até mesmo no dia a dia? Quem classifica o empreendedor?

Foram esses os pensamentos que nortearam Karine Oliveira ao criar a Wakanda Educação Empreendedora, um projeto social feito para quebrar todos os estigmas em cima do empreendedorismo. A iniciativa tem o objetivo de auxiliar, principalmente, aqueles empreendedores por necessidade – que precisam gerir o próprio negócio para sobreviver .

No início, em 2018, Karine definia a Wakanda como uma tradutora do empreendedorismo. O projeto transformava as nomenclaturas difíceis, as palavras estrangeiras e os conceitos mais complexos em algo de fácil entendimento para a população de uma forma que se tornasse viável a sua aplicação. Aos poucos, a ideia deu certo e o projeto cresceu. Atualmente, além de educar os microempreendedores, Karine também oferece projetos para que grandes empresas possam investir na economia local e valorizar as comunidades em volta, proporcionando uma mudança efetiva e coletiva. Em 2020, a baiana foi uma das participantes do Shark Tank, reality show exibido pelo Canal Sony e que conta, justamente, sobre grandes histórias do empreendedorismo em busca de investimentos. No programa, o “Pitch de buzu” chamou a atenção dos investidores. Em uma referência direta ao ‘elevator pitch’ – apresentações persuasivas focadas em vendas, Karine criou uma competição entre os trabalhadores informais que se sustentam através da venda em transportes públicos.

Três anos depois, Karine colhe os resultados de tanta dedicação. Aos 27 anos e com um projeto que já impactou diretamente mais de 600 pessoas, a jovem – nascida na periferia de Salvador, foi uma das eleitas na renomada lista anual “Forbes Under 30” e levou todo o seu regionalismo para a capa da Revista Forbes, que elege os jovens de grande destaque nacional em diferentes categorias.

A conquista foi um dos temas do Conecta Podcats, programa exibido na plataforma do Spotify da Fecomércio Bahia. Durante o programa, que abordou o sucesso das startups baianas, Karine falou sobre a importância do reconhecimento, sem perder a essência da sua história. “Eu nunca tive dúvida de que a metodologia da Wakanda era extremamente necessária e impactante. Pela quantidade de vidas que a gente conseguiu transformar nesse meio período e, principalmente, quem a gente conseguiu atender na pandemia”, explica.

Karine Oliveira, CEO da Wakanda Comunicação

Estar na Forbes era o sonho de qualquer empreendedor que tá nesse ramo, mas principalmente porque a gente conseguiu mostrar pras pessoas, principalmente pras grandes empresas, que existe um outro jeito de ensinar empreendedorismo que foge um pouquinho do tradicional. A ideia é ser uma metodologia extremamente moldável, adaptável à realidade dos empreendedores”.

- Karine Oliveira

Acessibilidade: bom para quem?

Em minha ousada opinião, a palavra mais elegante, sonora, poética e imperativa atualmente é “acessibilidade”. Chega a ter um efeito terapêutico pronunciar, pausadamente, a-ces-si-bi-li-da-de. Esse é um terreno onde me sinto à vontade para pisar, pois finquei bandeira no movimento de inclusão social de pessoas com deficiência visual em 1997 e, de lá para cá, presenciei e participei de toda a evolução do discurso, bem como da prática das propostas ideológicas e tecnológicas que objetivam a construção de uma sociedade mais igualitária, onde a informação chegue ao receptor através do veículo que atenda à sua necessidade sensorial, onde o diálogo se estabeleça com base no direito vital de sermos diferentes.

No Brasil existem cerca de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual, sendo 585 mil totalmente cegas. Essas pessoas comem, vestem, passeiam, usam o Facebook, assistem a programas de TV, consomem, vão ao dentista, ao pediatra, ao geriatra, mas, pasme, são ignoradas por escolas, instituições, empresas, como se estivessem revestidas por um manto de invisibilidade. Fico a me perguntar: onde está mesmo a cegueira?

É possível que o leitor, navegando na internet, já tenha esbarrado numa hashtag provocativa grafada #PraCegoVer. Ela é uma estratégia do projeto que desenvolvo desde 2012 nas redes sociais e ganhou adesão de grandes empresas nacionais e internacionais; apenas no Instagram, já ultrapassou a marca de 2 milhões de menções. O objetivo do projeto é incentivar a audiodescrição das imagens. Seguindo normas de acessibilidade, devemos postar nossas imagens com um texto alternativo, descrevendo aquilo que a imagem mostra. É a tradução da imagem em palavras, que chamamos de audiodescrição. Embora nem todas as descrições obedeçam ao padrão de acessibilidade, não se pode desconsiderar o avanço de ver marcas como Google, Quem Disse Berenice, O Boticário, e celebridades como Ivete Sangalo e Kell Smitt, praticando audiodescrição em suas redes. Essas pessoas já entenderam que, se a comunicação não alcança todas as pessoas, não cumpre a sua função.

A falta de acessibilidade nos mantêm alheios à existência das pessoas com deficiência, e muitas empresas ainda pensam: “Vale a pena investir em acessibilidade?” Acredito firmemente que a existência de uma só pessoa com deficiência já justificaria o investimento. Falta percebermos que a falta de acessibilidade afasta as pessoas com deficiência, o afastamento da pessoa com deficiência desestimula o investimento em acessibilidade, e esse círculo vicioso não tem fim. Se vale investir em acessibilidade para apenas uma pessoa, imagine beneficiar mais de 6,5 milhões!

Patrícia Braille

É Mestranda em Educação Científica, Inclusão e Diversidade, produtora de conteúdo acessível, autora do Projeto #PraCegoVer e do Manual do Ledor na Perspectiva da Audiodescrição, formada em Letras e Especialista em Educação Inclusiva, e fundadora da PalavraChave Acessibilidade. A acessibilidade é o único caminho possível para a inclusão social, e seus benefícios são sempre bilaterais: ao buscar ser acessível, amplio minhas possibilidades de interação com pessoas de diferentes perfis. Atualizo-me para melhor atender, e nessa busca sobrevêm o crescimento, a expansão de horizontes, a ampliação do meu olhar sobre o que é, de verdade, não enxergar. Uma pequena revolução começa, então, a ocorrer. O sonho de uma sociedade mais democrática vai se tornando paulatinamente real quando entendemos que acessibilidade não é coisa de pessoa com deficiência, e sim assunto de gente fina, elegante e sincera, que anseia por um mundo sem barreiras.

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