Agenda do Comércio 2019

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Palavra do

Presidente

N

os últimos anos a economia brasileira passou por um dos mais conturbados períodos de sua história. Uma grande depressão combinada com uma grave crise política fizeram o país se afastar do progresso social que havia sido conquistado, além disso a deterioração das contas públicas ainda limita a capacidade do Estado em manter os seus investimentos e eleva o seu nível de endividamento em relação ao PIB. O ambiente de difícil retomada da economia forçou a classe política a debater as reais necessidades de um crescimento sustentável de longo prazo, o que trouxe para o foco das discussões a inevitabilidade da aprovação de reformas importantes e que retirassem de maneira mais rápida a economia brasileira do cenário crítico em que se encontrava. O ano de 2018 apesar de uma expectativa positiva nos dois primeiros meses, mostrou-se bastante imprevisível. Uma greve forte no setor de transporte teve impactos elevados para o volume de vendas do Varejo em Pernambuco, retirando assim parte das expectativas positivas geradas após o bom desempenho de 2017. Além disso a Copa do Mundo e o avanço do time brasileiro na competição, também acabou limitando a capacidade de vendas do setor, reduzindo o horário no comércio e retirando as pessoas dos centros comerciais. Por fim, o período eleitoral mostrou extremamente polarizado, o que também contribuiu para o fraco desempenho do comércio no ano. Vale destacar também que para o Sistema Sindical, ao qual faz parte esta Instituição, a aprovação da consolidação das leis trabalhistas impôs uma dura e desafiadora conjuntura: manter a excelência na prestação de serviços, ao setor produtivo pernambucano, com queda em seus recursos, já que um dos pontos retirava a obrigatoriedade da contribuição sindical. Apesar do conturbado ano de 2018, as perspectivas do setor produtivo no pós eleição se mostraram positivas. A Agenda do Comércio 2019 reúne as principais pautas dos empresário para que o setor público tome as iniciativas necessárias ao desenvolvimento de um melhor ambiente de negócios. Podendo fazer do Estado de Pernambuco um local de investimentos produtivos, que geram oportunidades para empresários novos e experientes, para as famílias, através do acesso mais facilitado a emprego e renda, e para o setor público, que é beneficiado com progresso e um desenvolvimento inclusivo.

Bernardo Peixoto

Presidente do Sistema Fecomércio/Senac/Sesc-PE



Sumário 1. O Ambiente Econômico Nacional e Estadual em 2018 2. Trajetória do Comércio de Bens, Serviços e Turismo 2.1. Desempenho do Comércio 2.2. Varejo e Serviços nos Shopping Centers 3. Atuação do sistema S

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11 11 26 29

3.1. O SENAC e o segmento de Educação

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3.2. O SEBRAE e o segmento de Saúde

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4. Perspectivas sobre os segmentos do Comércio de Bens, Serviços e Turismo para 2019

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5. Propostas e iniciativas para o setor do Comércio de Bens, Serviços e Turismo em 2019

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1. O AMBIENTE ECONÔMICO NACIONAL E ESTADUAL EM 2018 O ambiente econômico nacional, ao final de 2017, era de otimismo. A expectativa dominante era de que, após quatro anos de crise, a economia brasileira entraria em uma fase de crescimento significativo e sustentado. Trabalhava-se com uma estimava de aumento do PIB de cerca de 3% para 2018 e ainda maior em 2019. Era esperado que a economia brasileira iniciaria uma fase de ciclo ascendente. Entretanto, o ambiente econômico vivenciado ao longo de 2018 não correspondeu a tais expectativas. Depois de atingir estabilidade no 1° trimestre de 2017 (variação de 0,1%), o PIB do país registrou crescimento continuado ao longo daquele ano, como mostram as Contas Nacionais Trimestrais/IBGE (ver Gráfico 1). Mas, esse panorama viria a mudar já no primeiro trimestre de 2018, visto que tal trajetória de crescimento perde força. A partir daí o que se segue é a estagnação do ritmo de recuperação. Nesse sentido, o crescimento econômico nacional em 2018 mostrou-se modesto e estima-se uma variação de apenas 1,3% para o PIB deste ano, conforme o Relatório de Mercado (Focus) do Banco Central em 28/12/2018. Contudo, a considerar o resultado do PIB acumulado de janeiro/setembro (1,1%) – tendo por base o mesmo período do ano passado – o crescimento pode ainda ser um pouco menor. Gráfico 1 - Brasil: taxas de variação do PIB a preços constantes, em % - 1° trimestre de 2017 ao 3° trimestre de 2018 (base: mesmo período do ano anterior) 2,2

Trimestral Acumulado no ano 1,4

1,1 0,6

1,3

1,2 1,2 0,9

0,7

1,1

1,1

0,4

0,1 0,1

2017.I

2017.II

2017.III

2017.IV

2018.I

Fonte: Contas Nacionais Trimestrais/IBGE. Elaboração Ceplan Multi.

2018.II

2018.III


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Um fator considerado, neste contexto, foi o resultado da eleição presidencial que vinha gerando expectativas positivas em relação ao desempenho econômico do país. Foi eleito o candidato que detinha a confiança do “mercado”, o que de certa forma, trouxe alguns efeitos positivos. A taxa de câmbio, por exemplo, que alcançou R$ 4,12 em setembro, opera atualmente abaixo de R$ 3,90 por dólar. O desempenho da Bolsa de Valores também apresentou expressivo crescimento. Assim, o ano de 2018 termina com uma atmosfera de otimismo expressa pelo “mercado”. Trata-se de algo que tem raízes não apenas em expectativas de que reformas estruturais devem finalmente ser viabilizadas, melhorando o ambiente de negócios e propiciando retomada mais firme do crescimento econômico. Na própria sociedade, a expectativa é positiva, a se julgar por recente pesquisa de opinião em que três quartos das pessoas consultadas manifestaram concordância de que o novo governo estaria “no caminho certo” ao montar a equipe econômica. Expectativas de que emergirá um “novo padrão de governança” e de mudanças em relação ao ambiente político institucional que, nos últimos anos, afetou negativamente a percepção de investidores e das famílias. Há anseios de que o novo governo esteja, de fato, se preparando para enfrentar o elevado déficit fiscal e a expressiva dívida pública. Uma solução satisfatória para o problema fiscal do setor público exigirá – por estimativas de diversos especialistas – um mínimo de cinco anos depois de acertados os passos de reformas, iniciando-se pela Previdência, e seguindo-se com mudanças na área tributária, além de reformas que mudem o perfil salarial do setor público. Racionalidade é requisito básico a ser associado a cada reforma estrutural de que o país precisa, a exemplo de mudanças nos sistemas de subsídios às empresas. É necessário melhorar também o funcionamento das agências reguladoras, em defesa da qualidade na provisão de serviços públicos ao cidadão. Deve ser destacado que as reformas podem, além de modernizar a economia brasileira, completar o leque de fatores favoráveis à aceleração do ritmo de recuperação iniciado em 2017: inflação sob controle, taxa SELIC no menor patamar histórico e alto nível de reservas. A este conjunto adicionese a capacidade ociosa da economia: máquina, equipamentos, instalações e da força de trabalho, garantindo que a retomada da expansão da economia se dará sem maiores pressões inflacionárias Considerados esses desafios, o novo governo busca uma na saída da crise econômica. Portanto, usar o otimismo do “mercado” para ações e medidas concretas de modernização da economia e retomada do crescimento, é tarefa a ser assumida pelo governo que se inicia.


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Quando se considera a economia estadual – que naturalmente se vincula ao destino da economia nacional – o desafio de retomada do crescimento também vem acompanhado da questão fiscal, assim como da necessidade de investimentos em infraestrutura – fronteira que, uma vez equacionada a saída da crise -pode se transformar em importante propulsor do crescimento. A economia pernambucana vem revelando, nos dois últimos anos – em um panorama de modesto crescimento da economia nacional – um desempenho superior ao do país, no patamar de 2%, como ilustra o Gráfico 2. Pode-se afirmar que os investimentos realizados no estado nos dez anos anteriores a 2014 (ano que precede o começo da crise) propiciaram potencial que criou as condições produtivas e de infraestrutura para que o estado viesse a ter um crescimento econômico acima da média nacional. Dessa forma, a economia pernambucana apresenta potencial para uma retomada mais sólida, além de ter ganho maior inserção em mercados externos – dois vetores que podem ter papel de peso para evolução favorável do PIB, se de fato a economia do país entrar em uma fase sustentável de ¹recuperação . No entanto, em termos imediatos, Pernambuco enfrenta novamente ameaças no complexo de Suape, advindas: de rescisão de contrato (com a Petrobrás) da empresa responsável pela conclusão da Unidade de Abatimento de Emissões Atmosféricas da Refinaria (RNEST); e do anúncio de demissões pelos Estaleiros Atlântico Sul e Vard Promar. Isso significaria a eliminação de cerca de 2.000 empregos em momento no qual a taxa desemprego do estado já é bem mais elevada do que a do País e do Nordeste. Gráfico 2 - Pernambuco: taxas de variação do PIB a preços constantes, em % 1° trimestre de 2017 ao 3° trimestre de 2018 (base: mesmo período no ano anterior) Trimestral Acumulado no ano 2,1 2,1

2017.I

2,2

1,7 1,9

1,9 1,9

2017.II

2017.III

2,3 2,0

2017.IV

2,0 2,0

2018.I

2,5 2,2

2018.II

2,2

2018.III

Fonte: Agência Condepe-Fidem.

¹ Ressalte-se que o desempenho mais expressivo da economia pernambucana, vis-à-vis o país como um todo, também sofre influência de uma base de comparação bastante deprimida por conta de dois anos seguidos de forte declínio do PIB.



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2. TRAJETÓRIA DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO Esta seção analisa o desempenho em Pernambuco dos diversos segmentos do comércio varejista, no âmbito da Pesquisa Mensal do Comércio (IBGE), além do comportamento de algumas atividades do setor de serviços, a partir dos dados da Pesquisa Mensal dos Serviços (IBGE). Aborda também os fatores que justificam essas trajetórias, para o que foram consultados empresários e gestores ou representantes de associações e sindicatos de cada segmento.

2.1. DESEMPENHO DO COMÉRCIO O desempenho global do comércio varejista de Pernambuco no resultado acumulado de janeiro a outubro de 2018 (ver Gráfico 3), comparativamente ao mesmo período de 2017, para o varejo tradicional e para o ampliado, revela situações distintas. Enquanto o varejo restrito registra decréscimo do volume de vendas (-1,1%), o ampliado apresenta um crescimento de 1,5%. Essa diferença é explicada pela composição de cada agregado. No que diz respeito ao comércio varejista restrito são consideradas as seguintes atividades: combustíveis e lubrificantes; hipermercados e supermercados; tecidos, vestuários e calçados; móveis; eletrodomésticos; artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos; livros, jornais, revistas e papelarias; equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação; outros artigos de uso pessoal e doméstico. Acrescentando-se a tal conjunto as atividades concernentes a ‘veículos, motocicletas, partes e peças’, e de ‘material de construção’, tem-se o agregado comércio varejista ampliado. Como o segmento de veículos apresentou em 2018 uma ampliação do volume das vendas bem superior ao dos demais segmentos do varejo, o resultado global para o varejo ampliado termina sendo afetado positivamente em relação ao varejo restrito.

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Gráfico 3 - Pernambuco: variação acumulada no ano do volume de vendas por segmento do comércio varejista, em % - janeiro outubro/2018 (base: mesmo período no ano anterior) Veículos, Motocicletas, partes e peças

10,4

Móveis

5,6

Farmácia e Perfumaria (3)

2,1

Hipermercados e Supermercados (2)

1,9

Comércio Varejista Ampliado (1)

1,5

Outros Artigos de uso pessoal e doméstico

0,2

Material de Construção

-1,0

Comércio Varejista

-1,1

Info, Comunic., Mat. e Equip. de Escritório

-1,7

Eletrodomésticos

-2,5

Combustíveis e Lubrificantes

-3,9

Tecidos, Vestuários e Calçados Livraria e Papelaria (4)

-9,5 -20,6

Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio/IBGE. Elaboração Ceplan Multi. Notas: (1) Inclui veículos e materiais de construção, além dos demais segmentos do varejo; (2) Inclui produtos alimentícios, bebidas e fumo; (3) Trata-se de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumarias e cosméticos; (4) Corresponde a livros, jornais, revistas e papelaria.

Combustíveis e lubrificantes Segundo empresários consultados, o segmento de ‘combustíveis e lubrificantes’ teve, em 2018, um desempenho inferior ao do ano anterior – como indica a retração informada no Boletim Fecomércio-PE (-3,9%), por conta de preços mais altos e da crise econômica. A greve dos caminhoneiros, ocorrida em maio, agravou o desempenho do segmento e o subsídio de 30 centavos no diesel não foi o suficiente para resolver o problema criado pela tentativa de controle de preços. Entre outras dificuldades relatadas pelos representantes do segmento em Pernambuco, destacou-se a questão dos frequentes roubos de carga, aparentemente em curva ascendente, ao ponto de inviabilizar o transporte noturno de combustíveis a partir de Suape. A maior parte do combustível vendido em Pernambuco é gasolina importada da Holanda. Há 11 distribuidoras em Pernambuco. A Petrobrás tem privilégio porque importa e distribui com o mesmo CNPJ, conseguindo vender mais barato do que as concorrentes na distribuição para os postos em decorrência de crédito fiscal na gasolina e no diesel.


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Em relação ao etanol – exceto a parte que é adicionada à gasolina – o volume de vendas não é muito significativo por conta do preço alto, o que é, em parte, influenciado pela elevada alíquota de ICMS. O segmento contribui com cerca de 20% da arrecadação do ICMS em Pernambuco. Hipermercados, supermercados, alimentos e bebidas Em 2018, considerando o período de janeiro a outubro e tomando como referência o mesmo período do ano anterior, as vendas de ‘hipermercados, supermercados, alimentos e bebidas’ em Pernambuco caminharam para um crescimento em torno de 2,0%, segundo a PMC/IBGE – contra 4,0% na média nacional. Esse ainda é um crescimento a modesto, porém duas vezes maior que o registrado no acumulado anual de 2017 (0,9%). Após a queda nos preços de alimentos em 2017, eventos ocorridos ao longo de 2018 impactaram o valor de alguns importantes componentes da alimentação dos pernambucanos. No primeiro semestre – especificamente em maio –, houve a deflagração da greve dos caminhoneiros que, tendo afetado o fornecimento de insumos e o escoamento da produção da cadeia agropecuária, também impactaria o abastecimento de feiras e supermercados. Como esperado, esse processo findou com aumentos consideráveis, logo no início do segundo semestre, nos preços de produtos importantes da cesta básica brasileira, a exemplo de aves, ovos, leite e derivados. Por sua vez, no decorrer do segundo semestre, o clima de incerteza quanto ao resultado da eleição presidencial impulsionou a alta do dólar, elevando o custo dos insumos desde a agropecuária até a indústria química, influenciando assim tanto os preços de alimentos e bebidas quanto os preços de artigos de limpeza – como sabões, detergentes e desinfetantes –, que têm um peso considerável no gasto corrente das famílias. É razoável considerar que tais fenômenos tenham influenciado o desempenho do segmento, uma vez que os consumidores precisaram substituir ou reduzir a compra de determinados itens em suas cestas. Adiciona-se a esses fenômenos, o fato de que o desemprego no estado de Pernambuco permanece bem mais elevado que a média do país e a massa de rendimentos real do trabalho ainda é bem inferior ao nível observado há quatro anos atrás, antes do auge da crise econômica no Brasil, segundo os dados da PNAD Contínua/IBGE.


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Tecidos, vestuário e calçados Segundo a PMC/IBGE, as vendas do segmento de ‘tecidos, vestuário e calçados’ em Pernambuco registraram queda de 9,5% o no acumulado de janeiro a outubro de 2018, comparado ao mesmo período de 2017. Segundo João Maciel, presidente do Sindicato de Calçados do Recife, o ramo de calçados teve uma queda um pouco menor – cerca de 8% considerandose a inflação no período. Esse desempenho negativo, de acordo com o dirigente da instituição, deve-se ao desemprego e ao elevado endividamento dos consumidores, principalmente no cartão de crédito. Outro grave problema apontado, é a segurança pública, principalmente para os lojistas localizados no centro do Recife, que enxergam parte da redução na clientela como resultado da elevada frequência de assaltos na área. Além desses fatores, ressaltam as péssimas condições de mobilidade nas calçadas, ora por irregularidades na infraestrutura, ora pelo avanço dos vendedores ambulantes, o trânsito caótico e a carência de bons banheiros públicos. João Maciel ainda aponta que com o declínio das atividades no centro, muitos empresários transferiram suas lojas para bairros onde o comércio tradicional vem se revigorando nos últimos anos, a exemplo de Casa Amarela, Afogados e Encruzilhada. Esse é um movimento que visa alcançar o mercado consumidor nas proximidades desses bairros, que outrora tinham comércio pujante e que agora estão se fortalecendo novamente, uma vez que a população vem priorizando menor tempo de deslocamento, comodidade e segurança na realização das compras. Móveis e Eletrodomésticos No segmento de ‘móveis e eletrodomésticos’ de Pernambuco, o desempenho das vendas seguem movimentos distintos quando se observam os dois ramos de vendas separadamente: de janeiro a outubro de 2018, comparado ao mesmo período de 2017, houve crescimento de 5,6% no caso dos móveis e queda de 2,5% no caso dos eletrodomésticos. Nos últimos anos, grandes redes do segmento móveis e eletrodomésticos vêm consolidando sua liderança no mercado, investindo em inovações tecnológicas que impulsionam as suas transações nas lojas físicas, mas também apostando em marketplaces. Dessa forma, podem favorecer o


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desempenho do segmento como um todo, pois ampliam a divulgação de marcas e revendedores e aumentam a concorrência, o implica em melhores condições de compra. Em Pernambuco, apesar da retração das vendas no ramo de ‘eletrodomésticos’, deve-se ponderar que a queda de 2,5%, no acumulado de janeiro a outubro de 2018, tem como base de comparação o desempenho expressivamente favorável do ano anterior, quando as vendas registravam crescimento de 32,0% no mesmo período em relação a 2016. Influenciando esse movimento, deve-se considerar também que o mercado de trabalho no estado ainda não apresenta recuperação sustentável e que a massa de rendimentos real ainda se encontra em patamar muito inferior à de 3 anos atrás, arrefecendo o ímpeto do consumo de bens duráveis pelas famílias pernambucanas. No caso de ‘móveis’, por outro lado, a variação de +5,6% aponta para o primeiro resultado positivo das vendas desse ramo após três anos consecutivos de queda (-21,0% em 2015, -30,4% em 2016 e -8,2% em 2017). Este resultado, portanto, registra uma melhora na demanda reprimida ao longo dos últimos anos, visto que os setores de construção civil e o mercado imobiliário – fatores que impulsionam a demanda para o segmento de móveis - ainda não apresentam avanço significativo no estado.

Farmácias e perfumarias O desempenho das vendas de ‘farmácias e perfumarias’ – além de medicamentos, incluindo a venda de perfumes e cosméticos e de artigos médicos e farmacêuticos – registram que o segmento cresceu 2,1% no período de janeiro a outubro de 2018, em relação ao mesmo intervalo de 2017. Esse desempenho indica o primeiro resultado anual positivo para o segmento, após dois anos de retração nas vendas (-1,8% em 2016 e -12,1% em 2017). Nos últimos anos, diversos fatores influenciaram o desempenho do mercado local de medicamentos e artigos farmacêuticos. Por um lado, segundo apontam os empresários locais, o segmento se beneficia, naturalmente, de eventuais déficits na distribuição de medicamentos pelo setor público. Uma vez que medicamentos específicos, como anti-hipertensivos, antidiabéticos e alguns psicotrópicos, se encontrem em falta nas unidades básicas de saúde, a crescente demanda da população de baixa renda se volta para os estabelecimentos comerciais.


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Situação semelhante se aplica à demanda por medicamentos de caráter mais emergencial, a exemplo de analgésicos, relaxantes musculares e anticolinérgicos, visto que a redução das contratações de planos privados e as dificuldades no sistema público de saúde tendem a aumentar a procura por esses itens nas farmácias. Essa situação, a propósito, valoriza a atuação do profissional farmacêutico. Esse tipo de profissional é uma das funções mais requisitadas em Pernambuco ao longo dos últimos 4 anos uma vez que esteve entre os dez maiores saldos do emprego formal em 2015 e 2016 e entre os vinte maiores no ano de 2017, segundo dados da RAIS/MTE, em consonância com as exigências da Lei 13.021/2014, que torna obrigatória a presença de um farmacêutico de nível superior durante todo o horário de funcionamento do estabelecimento. Outro fator importante, refere-se às mudanças no perfil de negócio do ramo das farmácias no estado, com a entrada de grandes redes e o aumento do mix de produtos, oferecendo soluções em higiene e beleza, ajudando a impulsionar o segmento como um todo. No ramo de perfumaria e cosmético, o que se observa é o maior investimento dos varejistas em entregar boas experiências de compra aos seus clientes. Lojas mais espaçosas, divididas em várias seções, e vendedores mais qualificados, para oferecer soluções seguras e eficientes em termos de beleza e estética aos compradores, são algumas das ações dessas empresas. Além da tradicional demanda por produtos de beleza feminina, nos últimos anos este ramo de negócios se beneficia do aumento no consumo de produtos para beleza masculina e dos produtos especializados em retardar os efeitos do envelhecimento. Esses foram fatores que, a despeito das dificuldades financeiras das famílias, em face do elevado desemprego que ainda acomete o estado de Pernambuco, ajudaram a melhorar o desempenho do segmento de ‘farmácias e perfumarias’ em 2018.


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Livros, jornais, revistas e papelaria Em 2018, o segmento de ‘livrarias e papelarias’ encerra o quinto ano consecutivo com desempenho negativo nas vendas. De 2014 a 2017, as vendas desse segmento em Pernambuco registraram quedas de 1,5%, 7,5%, 9,7% e 24,4% e em 2018, de janeiro a outubro, acumularam variação negativa de 20,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. Essas vendas têm sido impactadas pela tendência à acelerada substituição de publicações impressas (livros, revistas e outros) e mídias gravadas (cds e dvds) por formatos de leitura e reprodução digitais. Entre os empresários que têm alcançado bons resultados, na contramão do que acontece no segmento em geral, a opinião é de que o mix de produtos nos estabelecimentos precisa ser ampliado – com presentes, suprimentos de informática e escritório, instrumentos de pintura, entre outros – de modo a dirimir ou amenizar o impacto da queda nas vendas de livros e revistas, cd’s e dvd’s e de alguns itens de papelaria convencionais, porém substituíveis por equipamentos digitais. Outra alternativa é a oferta de serviços gráficos especiais, como o de personalização de produtos, realização de oficinas de arte e design e promoção de pequenas apresentações culturais, para públicos de diversas faixas etárias. Dessa forma, investindo em boas experiências de compra e relacionamento com o cliente, as livrarias e papelarias podem atrair a atenção dos consumidores para os produtos tradicionais e para a venda de outros destinados ao aprendizado e lazer. Investir no bom relacionamento com parceiros comerciais, como educadores e gestores escolares, e manter contato com o consumidor direto, através das redes sociais, também é uma forma de atrair a atenção para os produtos e vantagens das lojas, ganhando fidelidade e passando credibilidade para ambos. Esses são diferenciais que têm amparado as vendas de pequenas empresas no mercado local, em contraste com grandes lojas de papelaria ou que operam estritamente com a venda de livros.

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Informática, comunicações, materiais e equipamentos de escritório As vendas do segmento de ‘informática e comunicação’ – incluindo materiais e equipamentos de escritório – apresentaram queda de 1,7% no período de janeiro a outubro de 2018, comparado ao mesmo período de 2017. A exemplo do que ocorreu com o segmento de ‘eletrodomésticos’, o resultado do segmento de ‘informática e comunicação’ em 2018 teve como base de comparação o crescimento significativo observado em 2017, quando as vendas registravam variação em torno de 54,0% em relação ao mesmo período 2016. Em 2017, o movimento foi atribuído ao desempenho mais favorável da economia pernambucana, tendo o PIB estadual registrado crescimento de 2,1% no acumulado do 3° trimestre, ao passo que o PIB nacional crescia apenas 0,6% no mesmo período. Em 2018, mesmo apresentando um desempenho do PIB mais expressivo que o nacional, as vendas do segmento se mostraram menos expressivas. Esse contexto, em parte, se explica pela consolidação e início das operações de alguns empreendimentos recentes no estado, a exemplo das empresas do polo automotivo, em Goiana, e de expansão das atividades no polo de TI, em Recife, o que ajudou a reduzir a vultosa demanda por equipamentos de informática e material de escritório. Também se considera que a lenta recuperação do mercado de trabalho do estado arrefece a intenção de compra de aparelhos de comunicação (celulares e tablets), um item significativo e de relativo custo unitário para o volume de vendas do segmento de ‘informática e comunicação’. Outros artigos de uso pessoal e doméstico Em termos de produtos, o segmento de ‘outros artigos de uso pessoal e doméstico’ é o mais heterogêneo entre os avaliados pela PMC/IBGE. Lojas de departamento, óticas, joalherias, artigos infantis e esportivos, estão entre as variedades encontradas no segmento. No ano de 2018, segundo o resultado acumulado de janeiro a outubro, as vendas do segmento estiveram relativamente estagnadas (+ 0,2%) quando comparadas com as do mesmo período de 2017. A dificuldade financeira das famílias imposta pelo mercado de trabalho e as incertezas quanto ao futuro da economia no curto prazo foram fatores que pesaram na decisão das compras no segmento pelos consumidores.


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Veículos, motocicletas, partes e peças No segmento automotivo, a visão captada no meio empresário pernambucano foi a de um ano mais favorável que o de 2017, em todos os ramos de negócio: veículos (novos e usados), motocicletas e, especialmente, autopeças. Entre janeiro e outubro de 2018, segundo a PMC/IBGE, o faturamento real do segmento cresceu 10,4% em relação ao mesmo período de 2017. Para Marcos Santana, do Sincopeças (Sindicato do Comércio de Peças e Serviços para Veículos) Pernambuco, o resultado apresentado pelo IBGE retrata a realidade do ramo de autopeças. Ele comenta que, devido ao cenário financeiro menos favorável, muitos consumidores deixaram de lado o hábito de trocar o veículo a cada três anos e aumentaram a demanda por serviços de manutenção, mantendo o carro atual por mais tempo. “No mercado de reposição, o crescimento realmente chega a dois dígitos. No ramo de venda de veículos, o desempenho não alcança esse patamar, mas também apresenta crescimento, com a contribuição dos veículos usados”. Segundo Marcos, o desafio do mercado de autopeças – cuja atividade envolve as trocas e reposições de componentes – é se adequar à crescente inserção e adesão aos veículos híbridos e elétricos e com tecnologias embarcadas. Nesse sentido, pontua que a Sincopeças vem atuando com o objetivo de reduzir o gap de conhecimento tecnológico no segmento, promovendo palestras e cursos com os fabricantes para empresários e funcionários. No ramo de motocicletas, os empresários relatam crescimento no consumo de motos de 125 a 160 cilindradas. “É um público ainda crescente, do pessoal que visa fugir do transporte coletivo, para ir trabalhar ou empreender”. Nesse contexto, vem crescendo o número de aquisições via consórcio – com lances já a partir da segunda ou terceira parcela – e também aquisições com cartão de crédito, por serem opções com parcelas menores que no financiamento. Segundo gestores do segmento, nos últimos anos, alguns consumidores até trocaram o veículo próprio pela alternativa em duas rodas, reduzindo o custo e ganhando tempo no trânsito. Esse movimento, por sua vez, também impulsiona a venda de peças.

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Materiais de construção A exemplo do que aconteceu em 2017, o impacto negativo que a crise acarretou sobre o volume de negócios das construtoras, principais consumidoras de material de construção, continuou a influenciar nas vendas do segmento em 2018. O modesto crescimento econômico observado nos primeiros meses de 2018, contrariando as expectativas predominantes, aliado ao persistente nível de desemprego no estado, a indefinição que norteou o cenário político que antecedeu às eleições presidenciais ao longo do ano, geraram insegurança no consumidor, contribuindo para, mais uma vez, adiar a intenção de realizar reformas domiciliares, o que também afetou negativamente as vendas do segmento. Pelo lado da produção, o crescimento registrado, de janeiro a setembro, pelo setor de construção em Pernambuco foi bastante discreto, não representando uma recuperação em 2018 – de acordo com a Agência Condepe-Fidem, o valor adicionado (VA) do setor de construção em Pernambuco variou positivamente 0,5% em relação ao mesmo período de 2017, enquanto no Brasil o setor apresentou queda de 2,6% – e, portanto, não ajudando a impulsionar as vendas do segmento de materiais de construção. Entretanto, de acordo com opinião de empresário do segmento, que atua no ramo há mais de 30 anos, os problemas influenciaram no volume de negócios de forma mais branda do que se observou no ano passado. Segundo a PMC-IBGE, o segmento de materiais de construção no acumulado de janeiro a outubro de 2018 registrou queda de 1,0% no volume de negócios comparativamente ao mesmo período de 2017, mantendo, segundo o entrevistado, praticamente a mesma variação (-1,0%) observada por ele no ano anterior com relação ao ano de 2016.


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Entre 2016 e 2018 alguns setores de material de construção tiveram desempenho negativo mais acentuado, a exemplo de produtos utilizados em grandes obras, ao passo que outros, utilizados mais em pequenas reformas – tinta, cerâmica, tubos e conexões – tiveram desempenho mediano, chegando a crescer discretamente em 2018. Para o entrevistado, isso aconteceu em todo o segmento, desde os pequenos estabelecimentos até os maiores. Nos estabelecimentos que comercializam até 20 mil itens, que atendem as demandas de pequenas reformas, o impacto negativo das vendas foi menor, algumas inclusive apresentando crescimento. Já nas grandes lojas, algumas delas comercializando cerca de 140 mil itens, houve estagnação. Em 2018 pode-se afirmar que o mercado de material de construção para a linha imobiliária não apresentou grandes variações. Apesar dos fornecedores sinalizarem aumento de preços, devido à elevação do dólar, essa ameaça não se concretizou, uma vez, em cenário de demanda reprimida, as indústrias tiveram muita dificuldade de repassar os novos valores para o consumidor.

DESEMPENHO DOS SERVIÇOS E DO TURISMO Com respeito ao desempenho do setor de serviços privados, destaquese que o volume de negócios, em Pernambuco, declina 1,4% no resultado acumulado do ano, tendo-se por base de comparação ao mesmo período de 2017 (ver Gráfico 4). Ou seja, o desempenho do segmento de prestação de serviços em Pernambuco ainda é negativo, embora venha registrando uma trajetória de desaceleração da queda ao longo deste ano. Portanto, esse segmento permanece com dificuldade para retomar o crescimento. De fato, diante de uma severa contração da renda disponível por causa do declínio da atividade em 2015 e 2016, seguidos de dois anos de crescimento modesto, a recuperação dos gastos das famílias com serviços (+2.0%) vai se dando pelo que é prioritário (alimentos, vestuário, utensílios, cuidados pessoais etc.), devendo levar algum tempo para que haja uma recuperação mais significativa do conjunto das despesas familiares com serviços. Além disso, os serviços de informação e comunicação bem como os serviços de apoio às empresas por meio de Profissionais e Administrativos também não conseguiram, até agora, reverter sua trajetória de queda (-5,7% e -7,0%, respectivamente).

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Gráfico 4 - Pernambuco: variação acumulada no ano do volume de serviços por atividade, em % - janeiro-outubro/2018 (base: janeiro-outubro/2017)

5,0

Transportes e correio 2,0

Prestados às famílias -1,4

Total -5,7

Informação e comunicação

-7,0

Profissionais e administrativos

Fonte: Pesquisa Mensal de Serviços/IBGE. Elaboração Ceplan Multi.

Considerando-se as atividades turísticas, o segmento vem mantendo, em Pernambuco, desempenho favorável desde o ano passado, inclusive apresentando crescimento acumulado no volume de negócios de janeiro a outubro de 2018 de 5,3%, superior à média nacional (1,8%) e ao dos estados do Ceará (4,8%) e Bahia (-2,3%) – ver Gráfico 5.

Gráfico 5 - Brasil, Pernambuco, Bahia e Ceará: variação acumulada no ano do volume de serviços das atividades turísticas, em % - janeirooutubro/2018 (base: janeiro-outubro/2017) Brasil

Pernambuco

Bahia

5,3

Ceará 4,8

1,8

-2,3 Fonte: Pesquisa Mensal de Serviços/IBGE. Elaboração Ceplan Multi.


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Hotelaria e Turismo Segundo o presidente da ABIH-PE, Artur Maroja, é consenso entre a classe empresarial que o crescimento de 5,3% no volume de serviços nas atividades de turísticas de Pernambuco – resultado acumulado no período de janeiro a outubro, em relação ao ano anterior – retrata bem o desempenho desses segmentos. Todavia, considera-se esse desempenho muito aquém do seu potencial, levando-se em conta os investimentos realizados. A partir do terceiro trimestre de 2017 as atividades turísticas em Pernambuco começaram a apresentar uma melhora no volume de negócios, fruto de um movimento encabeçado pelos órgãos institucionais promotores do turismo no estado. De fato, a Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (ABIH-PE), Associação dos Hotéis de Porto de Galinhas (AHPG), Porto de Galinhas Convention & Visitors Bureau, Governo do Estado, prefeituras do Recife e do Ipojuca, fizeram um esforço concentrado de promoção do estado e dos seus principais destinos como Porto de Galinhas, Fernando de Noronha e Caruaru, além de intensificar o trabalho de promoção no Sul, Sudeste e Centro Oeste do país para alavancar o segmento. Os agentes foram a países da América do Sul, especialmente a Argentina e Uruguai, na busca de clientes visando superar a retração do mercado brasileiro. O aumento da malha aérea brasileira foi um fator importante para o cenário de recuperação apresentado pelo setor em 2018. Essas ações refletiram positivamente no fluxo de turistas para Pernambuco, que estava caindo significativamente até o primeiro semestre de 2017, passando a uma leve tendência de alta no segundo semestre, o que se confirmou em 2018. A partir desse ano o estado passou a ter um mercado de turismo mais aquecido com tendência de alta. O turismo associado com praias – especialmente no caso de Porto de Galinhas – vem mantendo um bom desempenho. Por sua vez, observa-se que os destinos de negócios, sobretudo na Região Metropolitana do Recife, que estava com ocupações muito baixas em 2017, começaram a melhorar seu desempenho, verificandose pequena expansão do movimento turístico associado a eventos.

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Para o dirigente da ABIH-PE, o crescimento captado pela PMS/IBGE no acumulado de 2018 reflete o que aconteceu com o segmento de ‘hotelaria e turismo’ no ano. A média de ocupação no ano em Porto de Galinhas é significativa, girando em torno de 75%. Já no Recife essa proporção é menor, mas superior à verificada em 2017 (naquele ano foi 55% e, em 2018, está perto de 60%). Tomando-se como base as empresas que fazem parte da Associação dos Hotéis de Porto de Galinhas, o crescimento estimado no acumulado do ano de 2018 foi de aproximadamente 3%. Ao longo do ano de 2018, o discreto aquecimento da economia refletiu-se no faturamento das empresas hoteleiras. Na captação de voos, observa-se uma certa estabilidade: o estado perdeu alguns voos, mas foram captados outros. Em relação ao turismo de negócios, um aspecto destaca-se como negativo: a precariedade, descuido e desatualização do Centro de Convenções. O segmento sofre também concorrência dos sistemas de compartilhamento formal (Airbnb) ou informal (aluguel de flats por outros meios).

Bares e Restaurantes Os empresários pernambucanos apontam, depois de quatro ano de crise, que o desempenho dos bares e restaurantes em 2018 foi melhor do que em 2017. O segmento de ‘alimentos e bebidas’ é formado em torno de 70% por micro e pequenas empresas, havendo substanciais diferenças entre as grandes cadeias e os pequenos negócios, os quais, na sua maioria, têm baixo grau de profissionalização e muita informalidade. Em Pernambuco, a pequena escala dos negócios, a informalidade e o baixo nível de profissionalização têm contribuído para uma alta taxa de mortalidade dos empreendimentos que atuam no segmento. A qualidade na prestação dos serviços, devido à baixa profissionalização, não avançou muito. A maior parte da mão de obra envolvida detém baixo nível educacional e possui alta rotatividade. O treinamento de recursos humanos no setor, apesar dos esforços do Senac, é ainda insuficiente para as necessidades e tamanho do segmento.


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Na busca por ganhos no volume de vendas, os preços no segmento vêm acompanhando o nível de atividade e demonstrando estabilidade: na fase ascendente do ciclo econômico os preços subiram, beneficiando-se do aumento da demanda pela alimentação fora do domicílio, para depois descerem na fase recessiva, ajustando-se às condições da economia. Nos últimos anos, várias mudanças ocorreram no ramo de alimentação, como o aumento no consumo de pré-preparados, food delivery, food trucks, restaurantes pop-up e itinerantes. Houve também mudanças no perfil da demanda que se manifesta em menor número de restaurantes luxuosos e no surgimento de espaços com alimentação mais saudável onde a venda de alimentos, pequenos empórios e serviços de alimentação são ofertados conjuntamente. Por outro lado, novos estilos de vida, tais como o veganismo e o vegetarianismo têm criado novas oportunidades de negócios. No subsegmento de bares surgiram as cervejas artesanais de produção local ou importada de outros estados bem como a emergência de Cafés e Casas de Chocolate. Nessa perspectiva, o barista passou a ser uma nova ocupação no segmento. Para facilitar a comercialização, surgiram inovações sob a forma de aplicações mobile que obtêm crescente adesão entre os consumidores locais. Dessa forma, os modelos de negócios da nova economia já chegaram ao segmento, disputando mercado com os estabelecimentos tradicionais. Observa-se ainda que o segmento detém poucas ações coletivas, sendo o associativismo uma atitude pouco disseminada entre os empreendedores locais que atuam no segmento. O Duo – já existente há alguns anos - foi uma das poucas iniciativas entre os restaurantes mais tradicionais e refinados do Recife.

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2.2. VAREJO E SERVIÇOS NOS SHOPPING CENTERS Na visão dos gestores de shopping locais, o ano de 2018 foi muito difícil. Além da crise econômica, fatores externos são apontados para explicar um crescimento moderado no movimento desses estabelecimentos no estado: • O impacto negativo da crise dos combustíveis (greve dos caminhoneiros) foi substantivo. • A disseminação de notícias de que haveria uma nova greve dos caminhoneiros teve influência negativa. • O evento Copa do Mundo também contribuiu para diminuir o movimento nos shoppings. • Eleição muito polarizada retraiu o consumo por conta da incerteza com respeito ao futuro do país. A despeito dessas dificuldades, os shoppings ainda apresentaram um desempenho considerado positivo – embora pudesse ter sido muito melhor, não fossem os fatores mencionados. Crescimento de 4% em termos de faturamento e cerca de 2% no fluxo de pessoas, poucas lojas não ocupadas (4 de 450), alta adimplência de 98% e um expressivo número de pessoas/ dia (65 mil pessoas por dia em média, só no Shopping Recife) frequentando essas unidades refletem esse cenário. Apenas a receita do estacionamento de veículos tem diminuído por conta do crescimento da utilização dos aplicativos de transporte. Os segmentos, nos shoppings, com desempenho mais destacado no ano foram: gastronomia, telefonia, serviços pessoais, perfumaria, e cosméticos e farmácias. Os investimentos em gastronomia apresentaram bom desempenho bem como ampliou-se o espaço e lojas dedicados aos animais domésticos (petshops).


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A Black Friday vem se consolidando como uma data importante para as vendas do varejo e para o consumo de serviços. É mencionado o impulso do movimento comercial, decorrente do recebimento da primeira parcela do 13º mês. O fluxo médio diário, em tal ocasião, atinge um patamar bem acima da média diária de pessoas. O movimento de compras para o Natal abrange os meses de novembro e dezembro, com volume significativo sendo antecipado por conta das promoções da Black Friday. Apesar das compras do Black Friday anteciparem as do Natal, este ainda é o principal evento do varejo. A expectativa é de que as vendas de Natal tenham crescido em torno de 10% em 2018 embora o valor médio das compras tenda a ser menor No que diz respeito às perspectivas para 2019, o cenário é de otimismo. Acredita-se que o novo governo com perfil liberal definirá políticas que irão estimular o consumo das famílias e fazer prosperar o varejo. O setor está saindo da crise menos capitalizado, mas com maior eficiência operacional. É também mencionado que a tendência dos shoppings seria de ampliar ainda mais a diversificação, com o varejo online cada vez mais se integrando ao varejo físico, inclusive com compras online ocorrendo dentro das lojas. Isso indica que os shoppings terão, cada vez mais, de conviver com o comércio online. Há também tendência para ampliar os espaços destinados a serviços pessoais e atividades de lazer, inclusive praças. Essas mudanças vão exigir ajustes no perfil do vendedor que terão de adquirir novas competências e ser mais experiente. Entre as iniciativas para o futuro, destaca-se a preocupação permanente com a atuação, no longo prazo, do Shopping Recife – empreendimento com 38 anos de funcionamento. Há expectativas de que esse shopping deverá, cada vez mais, “se tornar parte integrante da cidade do Recife, em ambiente seguro”. O objetivo é trabalhar para viabilizar o shopping do futuro com centros médicos, torres comerciais, hotéis, praças com áreas verdes e outros espaços públicos, e vias de acesso para bicicletas. O Shopping Recife olhando para o futuro vai elaborar um Master Plan para os próximos dez anos com boa parte da implantação já ocorrendo nos próximos cinco.

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3. ATUAÇÃO DO

SISTEMA S

3.1. O SENAC E O SEGMENTO DE EDUCAÇÃO O SENAC tem uma intensa e variada atividade na provisão de serviços educacionais desde os cursos de Formação Inicial e Continuada até a Pós-Graduação cobrindo assim um amplo leque de formação educacional do nível médio ao superior. A Diretoria de Educação Profissional concebe propostas pedagógicas, definindo o seu escopo e realizando avaliações. Neste trabalho de concepção são importantes os itinerários formativos que buscam expandir os níveis de capacitação ao ampliar e renovar portfólios. A Diretoria de Operacionalização põe em funcionamento o que foi concebido. A oferta maior recai nas FICs (92,3% das matriculas totais em 2018) que estão alinhados localmente com os programas nacionais. A crise provocou no Brasil como um todo uma perda de 30% das vagas totais em comparação com 2014 e até hoje o sistema não conseguiu preencher todas as vagas disponíveis. Os cursos FICs têm praticamente se mantido, tendo apresentado uma discreta variação negativa de -0,37% quando se compara o período janeiro-novembro de 2018 com igual período do ano anterior. A queda foi maior, todavia, nos cursos de nível médio (-2,1%) e superior (-0,58%) durante o mesmo período. Entre os cursos FICs o carro chefe é o de idioma, especialmente o inglês. Seguem-se os de beleza e gastronomia cuja demanda e atendimento tem se mantido e assim devem continuar nos próximos anos.

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Espera-se que o advento da Base Nacional Comum (BNC) do Ensino Médio impacte positivamente os cursos nesse nível bem como os cursos FICs, constituindo-se em oportunidade favorável para a oferta de educação profissional do SENAC vez que abre possibilidades de parcerias com instituições educacionais onde o componente de formação profissional seria ofertado por esses cursos. A BNC permitirá também reduzir as distâncias qualitativas entre os cursos de nível médio e fundamental, fonte de grandes dificuldades e de retenções no sistema educacional. Destacam-se nesse particular os cursos de gastronomia, enfermagem e estética que seriam ofertados concomitantemente e em paralelo aos cursos oferecidos pela rede pública e privada de ensino médio. Acredita-se, portanto, como perspectiva positiva que a reforma do ensino médio vai estimular o sistema de formação profissional do SENAC dando-lhe um novo papel e impulso. No nível superior destacam-se os cursos de natureza tecnológica em estética, nutrição e cosmética, estando sendo elaborado agora o de enfermagem. As propostas relativas aos cursos de cosmética e nutrição estarão sendo submetidos em breve à apreciação do MEC. Existe a perspectiva de que se pode melhorar o preenchimento de vagas tanto nos cursos de nível superior quanto médio, especialmente com a retomada em bases mais sustentáveis do nível de atividade econômica que, se espera, possa ocorrer em 2019. A proposta pedagógica tem foco na inovação e em projetos integradores e busca desenvolver competências por meio de marcos formativos onde o desenvolvimento técnico e cientifico, as habilidades para trabalho em equipe, para o desenvolvimento sustentável e o estímulo às atitudes empreendedoras, são críticas. Parcerias com instituições como o Porto Mídia e o Google para uso de ferramentas estão em andamento facilitando a superação dos desafios para se ter uma formação profissional de sucesso. Em termos de ensino à distância (EAD) o SENAC participa em rede, sendo Pernambuco um polo e não sede. Ou seja, não gera os cursos, mas matricula os alunos naqueles cursos que são gerados em outros locais, atendendo, assim, a demanda existente por cursos de qualificação e de formação técnica de nível médio. Os cursos superiores em EAD não estão alinhados nacionalmente. Gastronomia, no nível superior, é o carro-chefe tanto para gestão quanto para tecnologia.


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À frente, todavia, o sistema estará se expandindo para o ensino superior com unidades vinculadas em Caruaru e Petrolina tendo os cursos de gastronomia e de gestão de recursos humanos como principais ofertas a serem feitas.

3.2. O SEBRAE E O SEGMENTO DE SAÚDE Objetivando oportunizar a sustentabilidade e a competitividade dos setores da saúde que trabalham o bem-estar das pessoas, o Sebrae instituiu o projeto Cadeia de Valor Saúde e Bem-Estar. O propósito do projeto é contribuir para a melhoria dos processos de gestão e inovação dos empreendimentos que integram a referida cadeia, que envolve tanto atividades industriais (produção de insumos suplementares da alimentação), comerciais (logística de distribuição e comercialização dos produtos) e de serviços (academias de ginástica, fisioterapia, nutricionista, clínicas, consultórios médicos, laboratórios, farmácias tanto convencionais quanto de manipulação etc.). No presente momento, o projeto atua junto a farmácias de manipulação, clínicas de radiologia e laboratórios. Trabalha especificamente com foco na gestão, elaborando inicialmente um diagnóstico dessas áreas. É sabido que nesses dois setores de saúde e bem-estar os profissionais têm uma boa atuação em termos técnicos, mas são deficientes na gestão das empresas. Têm uma certa dificuldade em tratar a saúde como um negócio. Nesse sentido, o Sebrae realiza oficinas e capacitações, além de oferecer consultoria na implementação de ações de melhoria. Trabalhase efetivamente a gestão considerando alguns critérios do diagnóstico do Modelo de Excelência da Gestão (MEG), focando estratégias de sustentabilidade, pessoas e processos, buscando perceber alterações, lacunas e carências no setor. Por exemplo, atualmente há necessidade de acreditação e certificação das empresas de saúde que é pouco utilizado porque o setor considera ser de difícil implementação. A acreditação tem a ver com a técnica, considerando as normas, processos ou procedimentos. Já a certificação envolve muito mais a gestão da empresa. Na acreditação existem normas dadas por determinadas instituições e a empresa escolhe em qual área quer acreditar seguindo os critérios definidos para tal fim. O Sebrae apoia as empresas para conseguirem a certificação ou a acreditação.

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Uma grande tendência de alguns serviços ou produtos na área de saúde é a agregação ou integração. Atualmente a grande maioria dos profissionais da área de saúde e bem-estar ao abrir suas clínicas, não estão preocupadas em ter no estabelecimento serviços complementares. Um paciente quando procura um médico numa clínica de gastrenterologia, por exemplo, vai ter depois que fazer determinados exames clínicos – endoscopia – ou laboratoriais e a tendência é que o paciente procure fazer isso num local que contenha todos os procedimentos de que vai necessitar. Tudo isso é analisado no projeto do Sebrae. Algumas empresas que iniciaram o trabalho de gestão com o apoio do Sebrae têm expandido seus negócios. Destacam-se alguns segmentos que estão nesse projeto com o Sebrae, principalmente aqueles que atendem a uma população em idade mais avançada, onde as carências são latentes, e também a clientela que se preocupa cada vez mais em ter melhor qualidade de vida. Por sua vez, o número de laboratórios cresceu significativamente por conta do maior número de exames demandados pelos profissionais de saúde. Por outro lado, as farmácias de manipulação processam os remédios com valores mais acessíveis ao poder aquisitivo da população e com a mesma qualidade dos remédios tradicionais. O projeto não chega a atuar diretamente com hospitais e sim com empresas que trabalham ou que fornecem equipamentos aos hospitais, na grande maioria correspondendo a empreendimentos de micro e pequeno porte, alvos de atuação do Sebrae. Um dos focos de atuação do projeto refere-se à preocupação com resíduos hospitalares, preparando as empresas que prestam serviços aos hospitais nessa área. As perspectivas para os segmentos de saúde e bem-estar para 2019 são auspiciosas, segundo a analista do Sebrae-PE entrevistada. A tendência aponta para a junção de serviços em um só lugar, a fusão do espaço físico e empresas. Por exemplo, as clínicas de endocrinologia estão buscando parceiros de dermatologia, de terapias ocupacionais e de clínicas gerais. Empresas de urologia e ginecologia que atuam em hospitais, fazem o exame


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nos pacientes e lá mesmo já realizam a radiologia ou outros atendimentos que se fazem necessários, retornando ao consultório médico para o diagnóstico final. A ideia predominante á a de clínicas populares que englobam todos os procedimentos pelos quais os pacientes deverão passar. Diversos estabelecimentos estão buscando locais para se estabelecerem de tal forma que possam dividir o espaço físico, diluindo os custos fixos e compartilhando despesas. Tem havido também fusão entre empresas. São inúmeras as empresas e profissionais da área médica que procuram o Sebrae solicitando estudos de mercado visando a ampliação dos seus negócios através de fusões. O problema é que ainda são incipientes as informações sobre os benefícios que os empreendedores terão com investimentos dessa natureza, além do fato de a maioria dos profissionais da área médica não terem experiência com gestão, inclusive desconhecendo o Simples Nacional ao declararem seus rendimentos como pessoa física, pagando, assim, mais impostos. É importante que o Governo Federal faça campanhas de divulgação do Simples Nacional, mostrando efetivamente os benefícios dele decorrente. De modo geral são poucos os profissionais da área médica e donos de clínicas que conhecem os benefícios dessa forma de tributação simplificada, na maioria dos casos colocando essa responsabilidade sobre seu contador, que, em muitos casos, estão pouco habilitados para a tarefa de lidar com esse tipo de tributação. Outra ação que se faz necessária diz respeito ao uso adequado dos equipamentos, principalmente quanto à vigilância sanitária. Muitas doenças são adquiridas pelo funcionário pelo uso inadequado do EPI, o qual, na área de saúde, também é obrigatório. Além desse fato não ser muito divulgado, não há fiscalização frequente nas clínicas quanto ao seu uso.

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4. PERSPECTIVAS SOBRE OS SEGMENTOS DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO PARA 2019 No que diz respeito ao segmento de ‘combustíveis e lubrificantes’, é esperado, para 2019, um melhor desempenho, em linha com expectativas otimistas, no mercado, em relação ao novo governo Federal, a se instalar a partir de janeiro de 2019. O mesmo é expresso no que respeita a reformas econômicas estruturais, que devem ser iniciadas, apostando-se que a economia voltará a crescer com maior intensidade – especialmente com atração de capital externo, principalmente da China. Haveria, assim, importante impulso à economia como um todo e ao consumo de combustíveis. Todavia, crescimento mais acelerado da economia pode gerar estrangulamento. As refinarias só operam a 75% da capacidade. Se demanda aumentar, gasolina teria que cada vez mais ser importada. No que diz respeito ao segmento de ‘hipermercados, supermercados, alimentos e bebidas’, especialistas da Abras (Associação Brasileira de Supermercados) apontam duas tendências em curso: por um lado, as vendas em atacarejo, com fortalecimento das redes regionais de supermercados – caso que se aplica a Pernambuco –, e por outro, as vendas em lojas de vizinhança (ainda que essa tenha apresentado leve retração em 2018). Apontam-se ainda o uso de cartão de crédito nas compras como uma importante mudança no comportamento dos consumidores. Sobre as inovações tecnológicas no segmento, embora as grandes redes nacionais já apresentem soluções avançadas em termos de vendas on line e experiência de compras ao consumidor, verifica-se que essa é uma tendência ainda não consolidada no estado de Pernambuco. Quanto ao comércio de ‘tecidos, vestuário e calçados’, a expectativa desse ramo é de que 2019 será melhor do que 2018. Em 2018, as lojas voltaram a contratar temporários para as vendas do final do ano, sinalizando que parte dos contratados poderão manter seus postos de trabalho em 2019. Muitas empresas trabalharam em 2018 com um quadro de pessoal abaixo do limite, como relata o presidente do Sindicato de Calçados do Recife:” se a loja tinha 10 vendedores no final de 2017, reduziu esse quadro para 8 ou 7 ao longo da maior parte de 2018, mas agora no final do ano, beneficiada pelo evento do


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Black Friday, voltou-se àquele patamar anterior, em alguns casos contratando mão de obra extra. A confiança generalizada é de que 2019 seja melhor. Espera-se maior estabilidade política e com isso a intenção dos empresários investirem nos seus negócios já é fato concreto nos seus discursos”. No segmento de ‘farmácias e perfumarias’ – incluindo a venda de cosméticos e artigos médico-farmacêuticos – cabe ainda destacar que as determinações da Lei 13.021/2014 deverão incentivar mais investimentos e mais diversificação no ramo de farmácias. Essa perspectiva advém da promoção dos estabelecimentos farmacêuticos ao nível de estabelecimentos de saúde, com a possibilidade de oferecer – atendidas as necessidades de instalação e equipamentos – assistência à saúde, orientação sanitária e aplicação de vacinas. Com base nessas disposições, a Abrafarma (Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias) lançou recentemente um modelo de assistência em clínicas farmacêuticas para viabilizar atendimentos sobre hipertensão, diabetes, colesterol, revisão de medicação, imunização, perda de peso e antitabagismo. Ainda sobre o segmento de ‘farmácias e perfumarias’, na perspectiva local, os empresários enxergam no associativismo uma saída para melhorar a competitividade do segmento, conseguindo melhores condições no fornecimento e, assim, poder concorrer com o modelo de abastecimento das grandes redes, de fora do estado, que mantêm aqui centrais de distribuição. Essa medida, segundo Ozeas Gomes, presidente do Sincofarma (Sindicato do Comercio Varejista de Produtos Farmacêuticos de Pernambuco), também propicia aos empresários locais, ter uma maior base de dados (informação), para melhorar a gestão e o perfil dos negócios. De acordo com o entrevistado, a partir de 2019, espera-se também a expansão das grandes redes para cidades interior do estado, mesmo entre municípios de menor porte. Para o segmento de ‘livros jornais, revistas e papelaria’, um dos principais desafios em 2019 será investir na gestão da cadeia logística e aproveitar o potencial do comércio eletrônico. Além disso, é necessário que os empresários apreendam a importância de investir na experiência de compra para o cliente, buscando se diferenciar e atrair a atenção dos consumidores para os seus serviços.


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No segmento de ‘veículos, motocicletas, partes e peças’, segundo Marcos Santana (Sincopeças), as expectativas para 2019 são muito positivas, vislumbrando um cenário político estável, de maior confiança para os investidores e aquecimento da economia. No caso de ‘materiais de construção’ as expectativas do segmento são bastante otimistas para 2019, conforme se depreende de conversas com empresários do ramo. A previsão da retomada de crescimento econômico e a consequente recuperação do mercado de trabalho, aliada a um ambiente de inflação baixa e controlada em e de manutenção da taxa Selic no patamar atual são importantes fatores que poderão impulsionar o consumo e o investimento, favorecendo a expansão da construção civil. Na crise, o mercado de construção civil é o primeiro a cair, mas é o primeiro a subir na fase ascendente do ciclo econômico. Em relação ao ‘turismo e hotelaria’, considerando o que foi vivido em 2018, com desempenho melhor devido a uma pequena melhoria no nível de atividade, as expectativas para 2019 são otimistas, em face da perspectiva de crescimento da economia, o que deverá favorecer o segmento. Por outro lado, argumenta-se que não há uma política eficiente para o turismo no país, tampouco no estado, considerando-se que ainda se precisa avançar na questão de infraestrutura. A atuação dos organismos de turismo seriam deficientes e pouco profissionalizadas, não funcionando satisfatoriamente. Contribui ainda para essa visão otimista a ampliação da malha aérea e o trabalho da promoção dos destinos turísticos do estado que continua a ser intensificada junto às demais entidades do trade turístico pernambucano. Para os segmentos de ‘móveis e eletrodomésticos’ e ‘Informática, comunicações, materiais e equipamentos de escritório’, a expectativa de inflação baixa e controlada, de SELIC estável e de retomada do crescimento econômico a partir de 2019, descortina um cenário com aumento da demanda por bens de consumo durável, favorecendo de certa forma estes segmentos varejista de bens de maior valor agregado. Por outro lado, a desvalorização cambial durante o segundo semestre de 2018 deverá levar a ajuste de preços na produção dos componentes eletrônicos, com grande dependência de matéria-prima importada, afetando o preço final no varejo nos primeiros meses de 2019.

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5. PROPOSTAS E INICIATIVAS PARA O SETOR DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO PARA 2019 Em termos de importantes ações que o Governo deveria promover relacionadas ao segmento de ‘combustíveis e lubrificantes’, destaca-se a proposta de revisão dos contratos de bandeira, com vistas a reduzir a participação das principais – Shell, BR e Ipiranga – que, em conjunto, detêm ¾ do mercado de combustíveis no país. Há, portanto, um oligopólio no varejo. As grandes bandeiras estão diversificando os negócios para vender muito mais do que combustíveis nos postos. Isso se aplica sobremodo à Shell e à Ipiranga que podem dessa forma aumentar seu poder o mercado. Também deveria ser simplificado todo o processo burocrático de abertura de novos postos, inclusive no que respeita aos trâmites no âmbito do CPRH e da prefeitura. Cuidar efetivamente da segurança do transporte dos combustíveis também seria um fator fundamental. Há o entendimento, nesse segmento de atividade, de que deverá ocorrer um importante relocalização dos postos de combustíveis dos centros das cidades, particularmente em Recife, por conta dos elevados valores das áreas ocupadas por postos de combustíveis que serão substituídas por empreendimentos imobiliários de alto valor. Com relação à política de reajuste de preços da Petrobrás que acompanha as variações de preço do petróleo a nível internacional, sugere-se a criação de mecanismo automático por meio de um “colchão” com gatilho que dispararia a partir de um certo valor acumulado para evitar a volatilidade no preço dos combustíveis que afeta a operação e custos do sistema de transporte de cargas.


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Para o segmento de ‘veículos, motocicletas, partes e peças’, a principal ação governamental, especialmente na esfera estadual, deve ser a redução da carga tributária, tornando o segmento mais competitivo em Pernambuco. Esforços visando a desburocratização dos procedimentos para obtenção de licenças ambientais foi outra ação apontada pelos empresários do segmento, especialmente no que diz respeito ao ramo de autopeças. O sindicato do comércio varejista de Pernambuco, juntamente com os CDL’s, mantém uma atuação conjunta com o Poder Público reivindicando a essas instâncias ações que têm por objetivo melhorar o ambiente de negócios. Nesse sentido, o Sindicato de Calçados do Recife aponta como prioridades importantes para o bom desempenho do segmento de ‘tecidos, vestuário e calçados’, ações focadas em três pilares básicos: segurança, limpeza nas ruas e mobilidade. Entre as principais iniciativas mais prementes ressaltam investimentos na iluminação das vias comerciais de concentração do comércio varejista, melhorias no sistema de transporte, instalação e manutenção de banheiros públicos, conserto de calçadas e adaptação para pessoas com deficiência e regulamentação para o comércio ambulante, ações que devem ser intensificadas principalmente no centro da cidade. Uma das ações mais cobradas refere-se à reforma da Avenida Conde da Boa Vista, que na visão dos comerciantes da área, é importante para os seus negócios. Na relação do segmento de restaurante se e bebidas com os governos observase ainda muita sonegação, inclusive nos empreendimentos formalizados, sobretudo porque a emissão de NF só se dá depois da emissão de pré-conta para confirmação do consumo de refeições e bebidas, e poucos clientes a solicitam. Nos setores mais informalizados a sonegação é ampla. Os empreendedores do setor consideram que as ações da vigilância sanitáriaquando ocorrem- são muito restritivas havendo pleito para que sejam desburocratizadas. Demanda semelhante ocorre para o Corpo de Bombeiros Militar e para as ações de sinalização, esta última dependente das prefeituras.


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Para os empresários do segmento de materiais de construção uma reivindicação recorrente entre os empresários do ramo refere-se simplificação e padronização das leis vigentes. “A cada hora que se tenta licenciar uma obra, toda vez que se tenta investir na ampliação do empreendimento, é uma complicação” na opinião de empresário entrevistado. Isso acontece desde as mais simples instâncias até as mais elevadas”. Para o entrevistado, o Setor público tem que ver o comerciante como parceiro, e para isso tem que haver uma simplificação e uma clareza na legislação, além de se fazer necessário um treinamento. ‘Eu sou pego quase que diariamente tentando tirar uma dúvida e para isso tenho que procurar um técnico para entender a legislação, às vezes tendo que buscar esse entendimento com vários advogados para conseguir interpretar uma lei”. Por outro lado, entre as iniciativas a serem tomadas pelos empresários visando melhorar o desempenho das vendas dos negócios é necess ário se investir na reforma das lojas, visando facilitar a procura dos clientes pelos produtos desejados e investir mais no treinamento da sua equipe. É preciso também melhorar a administração de estoque e a administração de capital. A ação mais importante para o segmento de ‘turismo e hotelaria‘ seria a requalificação do Centro de Convenções de Pernambuco, equipamento que gera fluxo turístico relevante durante todo o ano. É importante destacar que esse equipamento tem uma excelente estrutura, é arquitetonicamente bonito e moderno e o seu tamanho atende às demandas de eventos que o estado sedia, que são de médio a grande porte. O que precisa com urgência é ser modernizado, sua estrutura elétrica é de 40 anos atrás, necessita de um sistema de ar condicionado com bom funcionamento, a infraestrutura hidráulica é deficiente, e os forros, cobertas, acústica e internet demandam melhorias urgentes. Em nível de Nordeste, o Centro de Convenções de Pernambuco rivaliza com o da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. A Bahia está construindo um novo com a expectativa de que seja concluído em 2019.

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Se for realizado um estudo de viabilidade sobre a melhor forma de funcionamento do Centro de Convenções, que hoje é operado pelo Governo do Estado de Pernambuco, provavelmente se chegará à sinalização de que a melhor modelagem seria através de uma parceria público privada, ou de uma concessão ou até mesmo uma privatização. O segundo ponto mais importante identificado é o Aeroporto Internacional do Recife, que foi inteiramente reformado no início da década passada e que hoje está subdimensionado. O trade turístico sente necessidade basicamente de duas ações: a duplicação da pista, para a qual já existe indicação técnica e a ampliação do terminal de passageiros, que pode ser realizada no antigo terminal que se encontra ocioso. Além dessas duas ações, há um entendimento no segmento de turismo e hotelaria de que a contribuição dos governos estaria associada com obrigações naturais do Estado: • • • • •

Profissionalizar a gestão do turismo. Fornecer segurança para os turistas. Cuidar, com eficiência e efetividade, do lixo nos locais turísticos; Tornar agradável as vias turísticas. Conservar o patrimônio turístico.


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Ademais, é julgada imprescindível uma regulamentação clara do setor hoteleiro. Há um grande número de flats e de prédios irregulares (sem recolhimento de impostos) funcionando como se fossem estabelecimentos hoteleiros, vendendo espaço/leitos, por meio de agências e sites de turismo, criando, assim, uma concorrência desleal. Da parte dos empresários do turismo e hotelaria, algumas iniciativas se fazem necessárias, a maioria delas voltadas para melhorar a experiência do hóspede. Uma delas é a capacitação de pessoal. O outra refere-se à continuação do investimento visando promover os destinos de lazer, e para isso se tem um calendário anual junto com o Sebrae, a Fecomércio e demais entidades do Trade: Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (ABIH-PE), Porto de Galinhas Convention & Visitors Bureau, Abrasel, Associação dos Hotéis de Porto de Galinhas (AHPG). Por sua vez, a mudança mais importante é a de implantação de novas tecnologias. O mundo está se transformando rapidamente, o hotel que operava há 10 anos, hoje é cada vez mais raro. A realidade agora é outra. O hotel tem que se modernizar, tem que estar mais interativo, escutando mais o hóspede e isso está sendo feito através do investimento em tecnologia.

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Diretoria Bernardo Peixoto Presidente Frederico Leal 1º Vice-presidente Jorge Alexandre 2º Vice-presidente Milton Tavares 3º Vice-presidente Rudi Maggioni Vice-presidente para o Comércio Atacadista Joaquim de Castro Vice-presidente para o Comércio Varejista Archimedes Cavalcanti Júnior Vice-presidente para o Comércio de Agentes Autônomos Alex Costa Vice-presidente para o Comércio Armazenador Eduardo Cavalcanti Vice-presidente para o Comércio de Turismo e Hospitalidade

Ozeas Gomes Vice-presidente para o Comércio de Serviços de Saúde

Eduardo Catão Diretor para Assuntos de Desenvolvimento Comercial

José Carlos da Silva 1º Diretor Secretário

Alberes Lopes Diretor para Assuntos de Crédito

Reinaldo de Barros e Silva Júnior 2º Diretor Secretário João Maciel de Lima Neto

3º Diretor Secretário

José Lourenço da Silva 1º Diretor Tesoureiro Ana Maria Caldas 2º Diretor Tesoureiro Ademilson de Menezes 3º Diretor Tesoureiro Francisco Mourato Diretor para Assuntos Sindicais José Carlos de Santana Diretor para Assuntos de Relações do Trabalho Michel Jean Wanderley Diretor para Assuntos Tributários

José Jorge da Silva Diretor para Assuntos de Consumo Carlos Periquito Diretor para Assuntos de Turismo Celso Cavalcanti Diretor para Assuntos do Comércio Exterior Edivaldo Guilherme 1º Conselho Fiscal Efetivo Roberto França 2º Conselho Fiscal Efetivo


Agenda do

comércio

Sindicatos Filiados Sindicato do Comércio de Vendedores Ambulantes do Recife, Olinda e Jaboatão Sindicato do Comércio Varejista de Catende, Palmares e Água Preta Sindicato do Comércio de Vendedores Ambulantes de Caruaru Sindicato dos Lojistas do Comércio do Recife Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Recife Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estado de Pernambuco Sindicato do Comércio Varejista dos Feirantes do Estado de Pernambuco

Sindicato do Comércio Varejista de Materiais Elétricos e Aparelhos Eletrodomésticos do Recife Sindicato do Comércio Varejista de Garanhuns Sindicato do Comércio de Hortifrutigranjeiros, Flores e Plantas do Estado de Pernambuco Sindicato do Comércio do Jaboatão dos Guararapes Sindicato do Comércio Varejista de Maquinismos, Ferragens e Tintas do Estado de Pernambuco Sindicato do Comércio Varejista de Petrolina Sindicato dos Lojistas do Comércio de Caruaru

Sindicato do Comércio de Auto Peças do Estado de Pernambuco Sindicato dos Representantes Comerciais e Empresas de Representações Comerciais de Pernambuco Sindicato das Empresas do Comércio e Serviços do Eixo Norte Sindicato do Comércio Varejista de Calçados do Recife Sindicato do Comércio Atacadista de Drogas e Medicamentos de Pernambuco Sindicato do Comércio Atacadista de Gêneros Alimentícios de Pernambuco


Agenda do

comércio

Expediente Bernardo Peixoto Presidente

Rafael Ramos Economista

Cleide Pimentel Chefe de Gabinete

Lucila Nastássia Assessora de Comunicação

Brena Castelo Branco Diretora-executiva do Instituto Fecomércio

CEPLAN MULTI Jorge Jatobá Tania Bacelar Roberto Alves Osmil Galindo Ademilson Saraiva

Nilo Monteiro Designer Gráfico

fecomercio-pe.com.br

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