ANÁLISE MENSAL - PME Julho/ 2015 Taxa de desocupação é a mais elevada para julho desde 2009 A taxa de desocupação brasileira, medida através da Pesquisa Mensal do Trabalho (PME), alcançou 7,5% em julho de 2015 - o maior resultado para o mês de julho desde 2010, quando o índice atingiu 8,0%. O aumento do desemprego é claro e vem com tendência de alta desde janeiro - a taxa também foi maior que junho de 2015 (6,9%) e julho de 2014 (4,9%). O mercado já esperava uma taxa maior que o mês anterior, as projeções estavam em torno de 7,0%, porém, o resultado veio 0,5% acima da expectativa e preocupa pela velocidade no aumento da Gráfico 01
Fonte: IPCA/ IBGE. Elaboração Instituto Fecomércio-PE
Análise Mensal - PME- Julho/ 2015
desocupação. É importante destacar que a taxa é pressionada pelo aumento das demissões, já que, em relação ao mesmo mês do ano anterior, houve um crescimento mensal de 9,4% e anual de 56,0% na População Desocupada o que em números equivale a um acréscimo de 158 mil e 662 mil desempregados. Existe uma pressão também de pessoas entrando no mercado em busca de emprego, com um aumento de 1,9% da População Economicamente Ativa (PEA) em relação ao ano anterior, equivalendo a um ingresso de 457 mil pessoas em busca de vagas.
O gráfico acima confirma que o desemprego começou a tendência de alta a partir de janeiro de 2015, com crescimentos de 0,2% ou 0,3% de um mês para o outro. Julho de 2015 apresenta uma variação mensal mais forte de 0,5%, refletindo, assim, uma piora do setor produtivo brasileiro. O início do ano foi o ponto de partida para o ajuste fiscal do Governo, apresentando aumentos nas tarifas de combustível, energia, água e transportes público, além de coincidir com várias outras taxas que têm reajuste no primeiro trimestre, onerando ainda mais o setor produtivo, que no momento atual convive com redução das vendas e aumento dos custos, forçando as empresas à se ajustar a nova demanda e inevitavelmente demitindo e pressionando a taxa de desocupação.
foi de 0,4%, inferior à brasileira. O resultado do mês de julho foi superior a junho de 2015 e julho de 2014, que apresentaram taxas de 8,8% e 6,6%, respectivamente. O nível de desemprego da RMR é inferior apenas ao da Região Metropolitana de Salvador (12,3%), lembrando que a Pesquisa é aplicada em apenas 6 regiões metropolitanas. A taxa segue a mesma linha para o Brasil, com pressão na redução de vagas e no aumento de pessoas em busca de emprego. Estima-se que a população desocupada tenha aumentado 8% (12 mil pessoas) no comparativo mensal e 44% (49 mil pessoas) no anual. A PEA também apresentou aumento, crescendo praticamente o mesmo percentual no mensal 3,2% e no anual 3,6%, inserindo no mercado de trabalho mais de 50 mil pessoas.
Segundo o IBGE, a População Ocupada (POC) foi estimada em 22,8 milhões de pessoas e permaneceu estável comparada a junho de 2015 e julho de 2014. O número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado (11,3 milhões) caiu 1,5% na comparação mensal e recuou 3,1% (menos 359 mil pessoas) em relação a julho de 2014; já o rendimento médio real habitual dos ocupados (R$ 2.170,70) ficou estatisticamente estável frente a junho (R$ 2.163,54) e recuou 2,4% em relação a julho de 2014 (R$ 2.223,87).
Analisando o comportamento do desemprego por tipo de atividade, verifica-se que em Recife a indústria é a mais afetada pela atual desaceleração no curto/médio prazo, em especial a Construção Civil, que apresenta uma desmobilização de mão de obra considerável, pois coincidem o fim de grandes obras, a paralisação de obras relacionadas à petroquímica (em processo de investigação) e o impacto, nos projetos, da desaceleração de investimentos em infraestrutura, decorrente do momento de ajuste fiscal e consequente redução de despesas.
A Região Metropolitana do Recife (RMR) apresenta uma taxa de desocupação maior (9,2%), porém, a pressão de um mês para outro
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Tabela 1 - Taxa de desocupação(%) - Região metropolitana do Recife GRUPAMENTO DE ATIVIDADE DO TRABALHO PRINCIPAL
JULHO - 2014
JUNHO - 2015
JULHO - 2015
Indústria extrativa de transformação e produção de eletricidade, gás e água
2,2
4,3
5,1
Construção
5,4
8,9
10,9
Comércio, reparação de veículos automotores e de objetos pessoais e domésticos
3,1
3,7
3,0
Serviços prestados à empresa, aluguéis, atividade imobiliária e intermediação financeira
3,7
5,9
3,6
Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde e serviços sociais
1,1
0,9
1,8
Serviços domésticos
1,9
2,5
5,6
Outros serviços
3,5
3,7
3,8
Fonte: Pesquisa Mensal do Emprego (PME) - IBGE. Elaboração Instituto Fecomércio-PE
É preocupante a situação do mercado de trabalho brasileiro, apresentando o sétimo mês consecutivo de alta na taxa de desemprego, pressionada com o aumento das demissões, já que, em meio a um ajuste fiscal contracionista, de redução de despesas e aumento de tarifas, o setor privado se vê atualmente com aumento dos custos e redução de demanda, sendo, assim, forçado a ajustar as despesas à nova realidade
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de vendas/produção, o que uma hora acaba chegando na redução do número de funcionários. Outra pressão significativa vem do lado das famílias, que, ao se depararem com um recuo no poder de compra devido à alta da inflação, percebem que, para se manter no mesmo nível de consumo, a renda deve ser elevada, forçando outros integrantes da família a buscar emprego.
REFERÊNCIAS Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA). Junho/2015. Pesquisa Mensal do Emprego (PME). Junho/2015.
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