Análise mensal pme mai 2015

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ANÁLISE MENSAL - PME Maio/ 2015 Desemprego continua com trajetória de alta A Pesquisa Mensal do Emprego (PME) revela que o desemprego para o mercado de trabalho brasileiro continua com tendência de alta e atingiu a taxa de 6,7% - maior resultado para o mês de maio desde 2010, quando obteve uma alta de 7,5%. O índice de desemprego também foi maior que abril de 2015 (6,4%) e maio de 2014 (4,9%). O resultado já era esperado e confirma o mau momento da economia, com desaceleração na produção, impactando, assim, a dinâmica das contratações. É importante destacar que a taxa Gráfico 01

Fonte: IPCA/ IBGE. Elaboração Instituto Fecomércio-PE

Análise Mensal - PME- Maio/ 2015

é pressionada pelo aumento das demissões, já que, em relação ao mesmo mês do ano anterior, houve um crescimento de 38,5% na População Desocupada (o que em números equivale a um acréscimo de 454 mil pessoas sem emprego) e de 1,2% da População Economicamente Ativa (PEA), ou seja, pessoas entrando no mercado em busca de emprego, o que, em relação ao ano anterior, equivale a um ingresso de 299 mil pessoas em busca de vagas .


O gráfico acima revela a clara tendência de alta da taxa, chegando ao mínimo de 4,3% em dezembro de 2014 e a 6,7% em maio de 2015. Uma alta considerável em apenas 5 meses, em meio a uma conjuntura de ajustes realizados pelos governo, que, por um lado, buscam reequilíbrio das contas, um crescimento sustentável de inflação e dívida controlada, por outro, penalizaram consumo e investimento, através de aumento de taxas e impostos, como energia e combustível, juros e restrição ao crédito. O Banco Central usa a o aumento da taxa de desemprego como um dos meios para controle da inflação, desaquecendo a demanda. Segundo o IBGE, a População Ocupada (POC) foi estimada em 22,8 milhões de pessoas e permaneceu estável comparada a abril de 2015 e maio de 2014. O número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado (11,5 milhões) ficou estável no mês e recuou 1,8% (menos 213 mil pessoas) em relação a maio de 2014, já o rendimento médio real habitual dos ocupados (R$ 2.117,10) caiu 1,9% em relação a abril (R$ 2.158,74 ) e recuou 5,0% contra maio de 2014 (R$ 2.229,28). A Região Metropolitana do Recife (RMR) apresenta uma desocupação maior que a verificada no total das seis regiões, também segue a mesma tendência quando analisados os últimos 12 meses, com mínima em dezembro de 2014 (5,5%) seguindo para 8,5% em maio de 2015. O resultado é superior ao mês anterior e

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ao mesmo mês do ano anterior, quando a PME se encontrava em 7,8% e 7,2%, respectivamente. A RMR apresenta singularidade na composição da taxa de desemprego, pois é verificada uma redução da PEA em 0,9%, o que significa que em relação a 2014 foi menor o número de pessoas ofertando mão de obra, o que faria com que existisse uma menor pressão na taxa. Porém, o crescimento de 18,0% no número de desocupados, equivalente ao acréscimo de 22 mil pessoas desempregadas, foi suficiente para compensar a queda da PEA, pressionando, assim, o desemprego e aumentando em 1,3% em um ano a taxa que mede o comportamento do mercado de trabalho. Analisando por grupo de atividade, verifica-se que apenas o primeiro grupamento teve queda na taxa de desocupação no comparativo anual, mas já começa a crescer no comparativo mensal, devido principalmente ao início do funcionamento da produção do polo automobilístico na mata norte. O grupamento do Comércio é o mais prejudicado, com aumento de 1,5% na taxa de desemprego, seguido de Construção com alta de 1,4% entre maio de 2014 e 2015. O comércio vem sendo prejudicado pela redução do consumo com a queda na renda disponível das famílias devido a aumento de tarifas, restrição maior ao crédito com alta dos juros e um menor crescimento real da massa salarial.


Tabela 1 - Taxa de desocupação(%) - Região metropolitana do Recife

GRUPAMENTO DE ATIVIDADE DO TRABALHO PRINCIPAL

MAIO - 2014

ABRIL - 2015

MAIO - 2015

Indústria extrativa de transformação e produção de eletricidade, gás e água

5,0

2,5

3,4

Construção

5,2

7,0

6,6

Comércio, reparação de veículos automotores e de objetos pessoais e domésticos

2,5

3,5

4,0

Serviços prestados à empresa, aluguéis, atividade imobiliária e intermediação financeira

3,2

4,7

4,2

Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde e serviços sociais

0,3

1,4

1,6

Serviços domésticos

2,2

4,1

2,5

Outros serviços

3,0

3,6

4,2

Fonte: Pesquisa Mensal do Emprego (PME) - IBGE. Elaboração Instituto Fecomércio-PE

A taxa de desemprego feminino continua com variação maior que a masculina, caracterizando ainda um possível viés de descriminação em relação ao mercado de trabalho da mulher. Em apenas seis meses houve um crescimento de 3,9%, saindo de 6,1% em dezembro de 2014 para 10,0% em maio de 2015. A tendência de alta é verificada na taxa masculina, porém, com menor intensidade, crescendo apenas 2,3% no mesmo período. Os dados

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revelam que em momento de desaceleração as mulheres ainda são mais penalizadas com o aumento do desemprego em relação aos homens. A PME também aponta um maior desemprego para os jovens. O grupo entre 18 e 21 anos atingiu um nível de desocupação de 45,7%, enquanto os adultos, faixa entre 25 e 49 anos, se encontram em 7,1% no nível de desocupados.


Gráfico 01

Fonte: IPCA/ IBGE. Elaboração Instituto Fecomércio-PE

A taxa de desemprego apresenta aumentos consecutivos, e estima-se que alcance taxas entre 9,0% e 10,0% no final de 2015, pressionada dos dois lados: redução de vagas e aumento de pessoas em busca de emprego. Esses aumentos são reflexos da atual conjuntura econômica, que vem apresentando produção e consumo bem baixos, prejudicando o dinamismo do mercado de trabalho brasileiro, principalmente setores que precisam de renda

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como Comércio e Serviços. É fato também que os ajustes feitos pelo governo são de desaceleração no curto prazo e devem produzir remédios amargos neste ano, sendo o aumento da taxa de desemprego um deles, mas vale ressaltar que são medidas necessárias e visam um crescimento sustentável a partir do ano que vem, com inflação no centro da meta e endividamento controlado.


REFERÊNCIAS CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO. Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (ICF). CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO. Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (ICEC). CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO. Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor.

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EXPEDIENTE - FECOMÉRCIO-PE Presidente: Josias Silva de Albuquerque Diretora-executiva do Instituto Fecomércio: Brena Castelo Branco Economista: Rafael Ramos Designer: Nilo Monteiro Revisão de Texto: Aleph Consultoria Linguística



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