A revista do comércio de Pernambuco | Ano II – nº 07 | Mar-Abr/2013
Comércio virtual, venda real
Seca castiga o comércio varejista em Pernambuco e consumidor começa a sentir os efeitos
Você sabe como a neurociência pode ajudar nas suas vendas? Antônio Lavareda, sociólogo Informe Fecomércio-PE | MAR/ABR 2013 | 1 e doutor em ciências políticas, explica
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E-commerce em alta O consumidor brasileiro está usando, cada vez mais, o comércio eletrônico para comprar produtos e serviços. Os números são impressionantes. Em 2012, o faturamento do setor ultrapassou os R$ 22 bilhões, alcançando um crescimento de 20% em relação a 2011. Esse número é muito superior ao tímido desempenho esperado do restante da economia brasileira no mesmo período, que é um crescimento de 1,5%. E não para por aí: 40 milhões de brasileiros devem fazer ao menos uma compra em uma das mais de 30.000 lojas virtuais existentes. É desse mercado que a revista Informe Fecomércio-PE mar./abr. 2013 fala na sua reportagem de capa, destacando a logística, a adesão da classe C ao comércio eletrônico, as vantagens de se comprar pela internet e os pontos positivos e negativos do e-commerce. Além disso, a revista preparou dicas de como comprar pela internet e os cuidados na hora de comprar. Os dez anos do Banco de Alimentos do Sesc Pernambuco também são destaque nas nossas páginas. O projeto, que faz parte do Mesa Brasil Sesc - Rede Nacional de Solidariedade e Cidadania, vem atuando na diminuição da desigualdade social e nos efeitos da fome. Mas o trabalho do Banco de Alimentos Sesc Pernambuco vai além disso. Quando foi criado, o projeto atendia 21 instituições. Hoje, já atende 333. O sucesso vem, além de muito trabalho, de parcerias com indústrias, redes de supermercados e doadores de hortifrúti. O trabalho desenvolvido pelo Senac Pernambuco no projeto Na estrada - Sabores de Pernambuco, promovido em parceria com o Sebrae e outras entidades de classe empresarial, que já capacitou mais de 400 pessoas, atendendo diversas cidades das regiões Agreste (Gravatá, Caruaru e Bezerros), Sertão (Triunfo, Serra Talhada e Salgueiro), Mata Norte (Goiana, Paulista, Abreu e Lima, Igarassu e Itapissuma) e Sertão do São Francisco (Petrolina), também é destacado nesta revista. As próximas edições acontecerão na Mata Sul (Tamandaré) e novamente no Agreste (Garanhuns). A reportagem mostra o excelente trabalho que o Senac vem desenvolvendo não só na capital mas também no interior, além de destacar a riqueza e diversidade de sabores da culinária pernambucana. A Fecomércio Pernambuco, através do Senac e do Sesc, continuará trabalhando para que o Sistema Comércio atue cada vez mais no interior do Estado, beneficiando pessoas que não têm as mesmas oportunidades daquelas que moram e trabalham na capital. Junto com a sociedade e o empresariado, estamos cumprindo o nosso papel com projetos sociais e de capacitação profissional como esses descritos acima. Boa leitura! Josias Albuquerque Presidente do Sistema Fecomércio/Senac/Sesc-PE e vice-presidente da CNC presidencia@fecomercio-pe.com.br
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SUMÁRIO
A adesão ao comércio eletrônico está cada vez mais forte na população. Com a confiança crescente do consumidor no e-commerce muitas empresas estão se aventurando no comércio virtual. 26 CAPA
A Revista do Comércio do Estado de Pernambuco Sede Provisória: Rua do Sossego, 264, Boa Vista, Recife, Pernambuco, CEP 50050-080 Tel.: (81) 3231.5393 - Fax: (81) 3222.9498 www.fecomercio-pe.com.br e-mail: imprensa@fecomercio-pe.com Presidente Josias Silva de Albuquerque
Eduardo Melo Catão; Dir. p/ Assuntos de Crédito Michel Jean Pinheiro Wanderley; Dir. p/ Assuntos de Consumo Silvio Antonio de Vasconcelos Souza; Dir. p/ Assuntos de Turismo José Francisco da Silva; Dir. p/ Assuntos do Setor Público Milton Tavares de Melo Júnior; Dir. p/ Assuntos do Comércio Exterior Celso Jordão Cavalcanti. Conselho Fiscal - Efetivos: João Lima Cavalcanti Filho, João Jerônimo da Silva Filho, Edilson Ferreira de Lima
1º Vice-Presidente Frederico Penna Leal; 2º Vice-Presidente Bernardo Peixoto dos Santos O. Sobrinho; 3º Vice-Presidente Alex de Oliveira da Costa; Vice-Presidente p/ Assuntos do Comércio Atacadista Rudi Marcos Maggioni; Vice-Presidente p/ Assuntos do Comércio Varejista Joaquim de Castro Filho; Vice-Presidente p/ Assuntos do Comércio de Agentes Autônomos Severino Nascimento Cunha; Vice-Presidente p/ Assuntos do Comércio Armazenador José Carlos Raposo Barbosa; Vice-Presidente p/ Assuntos do Comércio de Turismo e Hospitalidade Júlio Crucho Cunha; Vice-Presidente p/ Assuntos do Comércio de Serviços de Saúde José Cláudio Soares; 1º Dir.-Secretário João de Barros e Silva; 2º Dir.-Secretário José Carlos da Silva; 3º Dir.-Secretário José Stélio Soares; 1º Dir.Tesoureiro José Lourenço Custódio da Silva; 2º Dir.-Tesoureiro Roberto Wagner Cavalcanti de Siqueira; 3ª Dir.-Tesoureira Ana Maria Caldas de Barros e Silva; Dir. p/ Assuntos Tributários Diógenes Domingos de Andrade Filho; Dir. p/ Assuntos Sindicais José Manoel de Almeida Santos; Dir. p/ Assuntos de Relações do Trabalho José Carlos de Santana; Dir. p/ Assuntos de Desenvolvimento Comercial
Sindicatos Filiados: Sind. do Comércio de Vendedores Ambulantes do Recife, Olinda e Jaboatão - Tel.: 3224.5180 Pres. José Francisco da Silva; Sind. do Comércio Varejista de Catende, Palmares e Água Preta - Tel.: 3661.0775 Pres. Sérgio Leocádio da Silva; Sind. do Comércio de Vendedores Ambulantes de Caruaru - Tel.: 3721.5985 Pres. José Carlos da Silva; Sind. dos Lojistas no Comércio do Recife - Tel.: 3222.2416 Pres. Frederico Penna Leal; Sind. do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Recife - Tel.: 3221.8538 Pres. José Lourenço Custódio da Silva; Sind. do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estado de Pernambuco - Tel.: 3231.5164 Pres. Ozeas Gomes da Silva; Sind. do Comércio Varejista dos Feirantes do Estado de Pernambuco - Tel.: 3446.3662 Pres. João Jerônimo da Silva Filho; Sind. do Comércio Varejista de Materiais Elétricos e Aparelhos Eletrodomésticos do Recife - Tel.: 3222.2416 Pres. José Stélio Soares; Sind. do Comércio Varejista de Garanhuns - Tel.: 3761.0148 Pres. João de Barros e Silva; Sind. do Comércio de Hortifrutigranjeiros, Flores e Plantas do Estado de Pernambuco - Tel.: 3252.1313 Pres. Alex de Oliveira da Costa; Sind. do Comércio de Jaboatão dos Guararapes
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- Tel.: 3476.2666 Pres. Bernardo Peixoto dos Santos O. Sobrinho; Sind. do Comércio Varejista de Maquinismos, Ferragens e Tintas do Estado de Pernambuco - Tel.: 3221.7091 Pres. Celso Jordão Cavalcanti; Sind. do Comércio Varejista de Petrolina - Tel.: 3861.2333 Pres. Joaquim de Castro Filho; Sind. dos Lojistas do Comércio de Caruaru - Tel.: 3722.4070 Pres. Michel Jean Pinheiro Wanderley; Sind. do Comércio de Autopeças do Estado de Pernambuco - Tel.: 3471.0507 Pres. José Carlos de Santana; Sind. dos Representantes Comerciais e Empresas de Representações Comerciais de Pernambuco - Tel.: 3226.1839 Pres. Severino Nascimento Cunha; Sind. das Empresas de Comércio e Serviços do Eixo Norte - Tel.: 3371.8119 Pres. Milton Tavares de Melo Júnior Conselho Editorial: Lucila Nastassia, Nilton Lemos, José Fernandes de Menezes, Luiz Kehrle, José Oswaldo Ramos Coordenação-Geral/Edição: Lucila Nastassia Reportagens: Ceça Ataídes, Kamila Nunes, Mariana Nepomuceno, Nilton Lemos, Patrícia Xavier, Tony Duda (Multi Comunicação); Tatiana Notaro Capa: André Marinho | Design/Diagramação: André Marinho Fotos: Agência Rodrigo Moreira Revisão: Laércio Lutibergue Impressão: Gráfica Flamar / Tiragem: 7.000 exemplares Obs.: Os artigos desta revista não refletem necessariamente a opinião da publicação.
6 Notas
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Nordeste na mira do setor de cafeterias
14 Economia em pauta
Banco de Alimentos do Sesc completa 10 anos
20 Jurídico em pauta
Cresce mercado de segurança privada em Pernambuco
24 35 42
Seca afeta mercado varejista O impacto das grandes promoções de varejo na economia
48 Tributário em pauta
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Economizar água: uma questão de sobrevivência
Economia de quatro rodas Petrolina - negócios aquecem turismo Projeto desvenda sabores de Pernambuco
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Entrevista: Antônio Lavareda
Discos de vinil ainda encantam o público
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Grandes redes de hoteis invadem Pernambuco
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NOTAS
Comércio de peças e acessórios para veículos ganha câmara na CNC Reconhecer a importância de um segmento econômico que, além de estar compreendido nas atividades do comércio de bens, participa com significativa parcela para a economia e a geração de empregos no Brasil. Esse foi um dos motivos que levaram a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) a instalar a Câmara Brasileira do Comércio de Peças e Acessórios para Veículos (CBCPAVE). “Esta câmara ora instalada pode conquistar resultados e fortalecer o segmento. A CNC tem a obrigação de lutar pelo interesse de seus representados em todas as esferas”, diz Josias Albuquerque, vice-presidente administrativo da CNC e presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac-PE. (Fonte: CNC)
Comércio não está pronto para a Copa Segundo pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 59% dos comerciantes brasileiros ainda não se prepararam para receber os turistas que devem circular pelo país durante os jogos da Copa das Confederações. De acordo com o levantamento, a cidade que mais está se preparando é Salvador (54%), enquanto Brasília (66%) surge como a que menos vem se preparando para o evento. O Recife aparece na pesquisa com 52%. O trabalho foi feito com 1.276 empresários do setor de comércio e serviços das seis cidades que vão receber a Copa das Confederações – Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro e Salvador.
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Comércio não está pronto para a Copa 2 No que diz respeito ao grupo de empresários do comércio que estão se preparando, 42% começaram os preparativos somente há menos de três meses. Entre os empresários que dizem estar se preparando, 51% afirmam que estão treinando sua equipe; 42% falam em ampliação do estoque; 37% estão aumentando a variedade de produtos; e 20% estão investindo na infraestrutura do estabelecimento, entre outros fatores citados. Embora o levantamento revele que 83% de todos os varejistas entrevistados acreditam que a Copa das Confederações trará novas oportunidades de desenvolvimento para os negócios, a maioria dos comerciantes – 84% – nunca participou de palestras ou treinamentos de capacitação no atendimento ao turista.
Expectativa de vendas durante Copa das Confederações Ainda segundo a pesquisa da CNDL e SPC Brasil, 81% acreditam que as vendas vão aumentar devido ao evento. De acordo com a CNDL, o comerciante acha que vai aumentar as vendas, mas não se preparou e não vai se preparar. Ou seja, ele sabe que vai vender mais, porém não está se estruturando para isso.
Crédito deve crescer mais de 11% A análise da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) é de que, tomandose como base o relatório Focus, do Banco Central, o crédito ao consumidor deverá crescer este ano. Nesse cenário, é esperado um aumento real da concessão de recursos destinados às pessoas físicas de aproximadamente 11,9%, com a taxa média de juros ao consumidor atingindo 34,8% ao ano em dezembro. Somada às previsões de variação do crédito para pessoas jurídicas, a relação crédito-PIB deverá fechar o ano em torno de 57,9%, ou seja, 4,0 pontos percentuais a mais do que o observado ao fim do ano passado. (FONTE: CNC)
Incubadora de Moda
Turismo Rural Com o crescimento do turismo rural, muitos empreendimentos estão surgindo nesta área. O Hotel Fazenda Engenho Pedra do Rodeadouro, de Bonito, anunciou o lançamento do Condomínio Rural Rodeadouro, que funciona dentro do próprio hotel fazenda. Apartamentos e suítes já estão à venda. Mas o grande destaque do empreendimento são os ecoflats, que também estão sendo vendidos e receberam este nome porque em sua construção são utilizados tijolos e telhas ecológicos. Mais informações pelo http://www. engenhopedrarodeadouro.com.br.
O Marco Pernambucano da Moda é uma incubadora de empresas e projetos, da Indústria da Moda, que tem como atividade final o design nos seguintes segmentos: vestuário, acessórios, têxteis e ambientes. A Faculdade Senac conta com oito projetos nas fases finais da seleção. A incubadora é uma escola de formação de estilistas e designers de moda voltada à profissionalização da criação e ao empreendedorismo, oferecendo suporte técnico, gerencial e formação complementar aos empreendedores. O projeto foi criado em 2012 pelo Núcleo Gestor da Cadeia Têxtil e de Confecções em Pernambuco (NTCPE).
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Economizar água: uma questão de sobrevivência Eliminar situações de desperdício é um dos caminhos para o consumo consciente de água Por Bruna Oliveira
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ocê sabia que apenas 3% da água do planeta é doce e que grande parte das reservas está concentrada em geleiras nas calotas polares? Sabia que 26 países já enfrentam problemas de escassez de água? Esses dados alertam para a necessidade de diminuir o desperdício de água, e o caminho é usar o recurso de forma consciente, mudando hábitos diários, como escovar os dentes, lavar louças e tomar banho. Esse pensamento ganha mais força pela situação de seca rigorosa enfrentada pelo Nordeste, a maior dos últimos 50 anos. “Está cada vez mais difícil ter água em grandes proporções, por isso, independentemente de ser época de seca ou de abundância no abastecimento, o uso racional da água deve ser permanente. A cooperação da população nessa campanha é muito importante para que passemos por essa crise”, destaca o gerente de Meio Ambiente da Compesa, Eduardo Elvino. O Brasil possui 12% das reservas de água doce no mundo e o Nordeste tem menos de 5% desse total. Grande parte da água é subterrânea, com teor de sal impróprio para o consumo humano. O Governo Federal criou, diante desse panorama, que afeta não só o Nordeste, o Progestão – Programa de Consolidação do Pacto Nacional pela Gestão das Águas. Com a iniciativa, o governo vai distribuir, anualmente, a verba de R$ 750 mil para os Estados que aderirem ao programa, com o objetivo de melhorar a gestão dos recursos hídricos. Investimento utilizando tecnologia também pode ser uma saída promissora de economia. “Já temos casos de redução de mais de 30% no consumo de água usando equipamentos de telemetria 24 horas”, diz Gustavo Veiga, diretor da Telemetric, empresa que há cerca de um ano implantou no mercado uma
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ferramenta de medição de consumo. Os criadores a definem como gestão hídrica conectada, pois o equipamento permite que as pessoas monitorem o gasto diário por meio da internet, além de verificar vazamentos com mais facilidade. “Quando o consumo está acima da média, o sistema manda um alerta para avisar ao cliente, que imediatamente constata o problema”, conclui Gustavo. O Instituto Trata Brasil divulgou no fim de 2012 um dado que reforça o alerta sobre o consumo consciente de água. De cada 100 litros de água coletados, em média 64 chegam às torneiras dos brasileiros, os outros se perdem no caminho. Esses números indicam uma perda de 36% no sistema nacional.
Gustavo Veiga, diretor da Telemetric
O taxista Arcelino Ferreira de Brito, 45 anos, viveu de perto a dificuldade de conseguir água para beber quando não havia água encanada em Pernambuco. Mesmo assim, durante muitos anos ele contribuiu para aumentar o índice de desperdício. Arcelino costumava lavar o carro e regar as plantas usando a mangueira. Hoje, preocupado com o futuro da sociedade, que sofre com a seca, ele trocou a
Consumo médio diário de água por pessoa Fonte: Chesf
4% consumo humano
7%
lavagem de utensílios de cozinha
8%
lavagem de automóveis, limpeza de casa, atividades de diluição e outras
14%
31%
36%
lavagem de roupa
higiene corporal
mangueira por um balde. “A gente teve a consciência de aproveitar melhor a água por causa da seca”, conta. E essa foi apenas uma das medidas que ele adotou, com o apoio da família, para preservar a água. No início de 2013, todos passaram a reaproveitar a água usada no banho e na lavagem de roupas para utilizála na descarga do vaso sanitário. Outra prática de economia é realizada na casa ao lavar as louças: “Eu passo sabão em todos os pratos e depois lavo tudo de uma vez só. A partir de agora a água nunca mais será desperdiçada em minha casa”. Segundo Eduardo Elvino, gerente de Meio Ambiente da Compesa, são pequenas mudanças de atitude como a de Arcelino que fazem a diferença. “Ao tomar um banho de 15 minutos com a torneira aberta, você gasta cerca de 135 litros de água. Se você diminuir esse tempo para 5 minutos e der intervalos de fechamento enquanto se ensaboa, o gasto será de 45 litros”, exemplifica. Levando em consideração o uso doméstico, a média da quantidade de água para consumo é de 120 litros diários por pessoa. Porém essas quantidades dependem das condições de instalações da casa e também das atividades que são realizadas. O banheiro é o lugar onde o gasto de água apresenta maiores proporções: 36% somente na descarga (ver mais no quadro a seguir).
na descarga do banheiro
Usar a água com mais cuidado e consciência é, além de economia, um passo para preservar o futuro da humanidade. Informe Fecomércio-PE | MAR/ABR 2013
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Foto: Erik Rudolfs
Nordeste
na mira do setor de cafeterias Por Patricia Xavier
Inverno ou verão. A estação do ano não importa muito para quem aprecia um bom café. O Brasil é o maior produtor mundial da bebida, sendo responsável por 30% do mercado internacional, volume equivalente à soma da produção dos outros seis maiores países produtores. É também o segundo mercado consumidor, perdendo somente para os Estados Unidos, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic). Além do setor agrícola, o grão tem estimulado outro ramo em evidência nos últimos anos: as cafeterias. E o setor comemora. Em 2013, a Abic prevê o aumento contínuo do consumo fora do lar, com um número crescente de cafeterias e restaurantes oferecendo cafés de melhor
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qualidade. Outro dado que chama a atenção, principalmente dos empresários do setor e daqueles que estudam entrar no mercado, é que o Nordeste tem o maior consumo de café do Brasil, segundo o IBGE. O nordestino consome em média 93 litros de café no ano, enquanto em todo o Brasil esta média é de 79,9 litros. De olhos bem abertos para a oportunidade de expansão e enxergando a Região Nordeste como mercado potencial, o Fran’s Café – uma das maiores redes de franquia do país na área de alimentação – amplia a atuação da marca fora do eixo Rio–São Paulo. A marca projeta inaugurar novas unidades no Recife (PE), Teresina (PI) e Salvador (BA).
“A expectativa para este ano é chegar a 185 lojas espalhadas por todo o território nacional”, revela Mônica Cavalcante, gerente de marketing da franquia. Os novos pontos serão inaugurados até o fim de 2013. Atualmente, a rede conta com 140 lojas. No ano passado, a marca de franquia faturou R$ 130 milhões, o que representou um crescimento de 18% em relação ao ano anterior.
Para atrair o consumidor e oferecer mais comodidade, o Fran’s Café investe em um conceito moderno e aconchegante para um bom café. Além de contar com ambiente agradável, acesso wi-fi para reuniões ou encontro com amigos, cardápio variado e atendimento 24 horas, as lojas disponibilizam produtos diferenciados, como destaque para uma variada linha de cafés gourmet. O primeiro Fran’s Café foi inaugurado em 1972 na cidade de Bauru, interior de São Paulo. Em 1988, a marca chegou à capital iniciando a expansão nacional através do sistema de franquias. Vinte anos após a abertura da primeira loja da rede em Bauru (SP), o Fran’s Café registra, atualmente, de 60 a 70 pedidos de franquia por mês. “Além de dispor de muita vontade, iniciativa, trabalho e dedicação, é necessário que o futuro franqueado possua características que sejam compatíveis com o nosso negócio. Aptidão para se comunicar com pessoas, bom relacionamento interpessoal e facilidade para lidar com o público são fundamentais para o gerenciamento de um negócio próprio”, destaca a gerente de marketing, que complementa: “Não podemos esquecer também o espírito empreendedor, a criatividade, a confiança e principalmente a disponibilidade de tempo para a administração do negócio”. Um franqueado Fran’s Café chega a faturar mensalmente, em média, R$ 80 mil.
brasileiro e americano com uma franquia que mantivesse identidade e know-how europeus, mas com criatividade para atender a um mercado mais jovem e dinâmico. Para o diretor executivo da empresa, João Barbosa, a Região Nordeste deixou de ser oportunidade para virar realidade. “O nosso plano de expansão tem forte foco nessa região do país, pois acreditamos ser uma área em que o potencial de crescimento é significativo e o mercado está carente de propostas com um caráter menos regional e mais global”, afirma. Hoje a rede conta com 22 lojas, localizadas em Pernambuco, Bahia, Sergipe, Distrito Federal e Belo Horizonte, e até o fim do ano estará presente em mais cinco Estados. A primeira loja da franquia Delta está localizada na quarta etapa do Shopping Recife. Os proprietários, Alberto Peixoto e Paulo Freire,
que entraram no ramo há dois anos e meio, se preparam para reformar a unidade. “Vamos trazer o novo conceito da marca, com um novo leiaute mais descontraído e um núcleo de atendimento voltado para oferecer mais agilidade ao cliente. Além disso, a cafeteria vai contar com um lounge para que o nosso público tenha mais conforto”, antecipa Paulo Freire. De acordo com o empresário, a loja atende cerca de 400 pessoas por dia. Por outro lado, convicta da força do DNA nordestino, a rede Coffee Shop São Braz demarcou o seu território e está presente em Pernambuco, Alagoas, Rio Grande do Norte, Paraíba e Sergipe. Das 18 cafeterias da marca, 12 funcionam em Pernambuco. Tradicionalmente localizada na capital, a São Braz vem apostando em um processo de interiorização, que começou com a chegada da marca a Caruaru, Agreste pernambucano, com
Outra marca que investe forte no Nordeste é a Deltaexpresso, que nasceu há nove anos com a proposta de atender aos mercados Informe Fecomércio-PE | MAR/ABR 2013
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“Com menos de um ano já identificamos clientes assíduos, que frequentam semanalmente”
Experiência como franqueado
De acordo com a empresária e uma das sócias, Rebeca Duque, o cardápio diversificado tem atraído um público de diferentes faixas etárias. “Com menos de um ano já identificamos clientes assíduos, que frequentam semanalmente”, comemora. Além da carta de bebidas quentes e frias à base de café, a casa investiu em sanduíches e saladas. Entre as opções mais pedidas estão a salada de filé com queijo brie e de frango defumado.
O gosto em comum por café foi fator decisivo para que quatro amigos decidissem trazer para Pernambuco a primeira franquia da cafeteria alagoana Nakaffa. Inaugurada no dia 18 de agosto do ano passado no bairro das Graças (Rua do Futuro, 858), na capital pernambucana, o local já entrou no roteiro de quem aprecia um café aliado a um cardápio bem eclético.
Outro atrativo do Nakaffa está na estrutura da cafeteria, que dispõe de área interna e deck. “Temos recebido muitos elogios por oferecer uma área externa, ideal para quem prefere ficar ao ar livre e aproveitar o fim da tarde e noite”, conta Duque. Por falar em horário, a casa funciona de segunda a segunda a partir das 12h.
Rebeca Duque
unidade no North Shopping. Além da presença em grandes centros de compra, o Coffee Shop São Braz atua com as operações de rua.
Alguns benefícios do café A composição química do café revela que existe apenas em torno de 2% de cafeína e uma grande quantidade de outros compostos benéficos. Estudos mais atuais realizados com o café indicam que o consumo diário da bebida pode sim fazer bem à saúde. O consumo moderado para um adulto, por exemplo, equivale a até 12 xícaras pequenas ou seis xícaras grandes. Ficou com vontade de tomar um café? Confira a seguir alguns dos benefícios da bebida e veja por que ela é considerada uma injeção de ânimo. Melhora a memória. Alivia as dores musculares. Reduz em 25% o risco de mal de Parkinson. Protege o fígado de doenças como cirrose e câncer. Diminui as chances de desenvolver câncer de útero. Ajuda a prevenir o câncer de pele. É benéfico contra o glaucoma. É indicado para a diabete gestacional.
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E é justamente nesse quesito que está um dos ingredientes de sucesso da cafeteria.
ENTREVISTA| FERNANDO MARCOS BEZERRA Barista e instrutor do Senac-PE
Para o barista e instrutor do Senac Fernando Marcos Bezerra, não há nada mais indicado do que um café expresso bem feito para marcar aquela pausa no trabalho. Com formação pelo Sindicato da Indústria de Café do Estado de São Paulo (Sindicafé-SP), o especialista concedeu entrevista para a reportagem da Revista Informe Fecomércio -PE e deu algumas dicas de o que fazer e não fazer na hora de apreciar um bom cafezinho.
Informe Fecomércio: Existe um manual de etiqueta para se apreciar um bom café? Fernando Marcos Bezerra: Existem sim regras de ouro para um bom café, como o expresso. Algumas dicas são importantes, como a escolha do grão de qualidade e uma boa extração por um profissional. Cuidado para não cometer a gafe e assoprar o café. Apenas mexa com a colher sem fazer barulho na xícara.
Qual a origem do nome café? Café vem do árabe kahoua ou qahwa (o excitante) e designa o fruto do cafeeiro; bebida preparada por infusão de água quente com café torrado e moído; lugar público onde se toma café ou outras bebidas; cor café, um marrom-escuro que lembra o grão de café torrado.
Quais as combinações que podem ser feitas usando café? Licores, destilados, sorvetes, leite, gelo, caldas, xaropes, chocolates e sucos.
O que significa ser um barista? É um especialista na preparação de bebidas à base de café, que proporciona qualidade e serviço diferenciado em cafeterias, festas ou eventos. Nós nos preocupamos com a qualidade dos grãos, a regulagem das máquinas, a temperatura da água e outros aspectos para obter o “café perfeito”. De que forma o barista pode atuar? Nas cafeterias, esse profissional é peça fundamental. Neste segmento, ele deve ter o domínio na preparação das receitas e nas informações do café, tendo como responsabilidade levar à mesa dos clientes café com qualidade. No Recife existe curso para quem deseja seguir a carreira? A Faculdade Senac oferece o curso de barista e algumas empresas ligadas ao ramo também. Em sua opinião, por que o café faz tanto sucesso? É prazeroso tomar um bom café. Há quem prefira tomar sozinho ou na companhia de amigos com uma boa conversa. Eu acredito que o sucesso do café vem do bem-estar que ele proporciona às pessoas com suas propriedades, que agem tanto no corpo como no emocional.
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ECONOMIA EM PAUTA |JOSÉ FERNANDES DE MENEZES
Consultor econômico do Cepesq / Fecomércio-PE demenezzes@hotmail.com
Uma breve reflexão sobre a questão urbana lecimento de um modelo de gestão A necessidade de se reunir cada urbana para as cidades intermedivez mais uma massa de dados, nos La planificación urbana es la árias e de porte médio na América planos municipal, estadual, nacional garantía del primer paso hacia la Latina. Esse modelo de gestão lee internacional, que indiquem os essostenibilidad económica, social vou em conta a governabilidade, a tados e as tendências dos indicadores y medioambiental de los espacios produtividade, o desenvolvimento econômicos, sociais, de poluição, de en los que la mayor parte de la com equidade e a sustentabilidade. recursos naturais e históricos e do población va a convivir en las próximas décadas: las ciudades. É interessante notar que essa quesecossistema do planeta, foi um dos Es el momento de tomar partido tão continua presente no recente compromissos assumidos nos divery decidir qué futuro urbano relatório sobre o Estado das Cidades sos encontros de cúpula promovidos queremos. da América Latina e Caribe: rumo a pelas Nações Unidas ao longo dos uma nova transição urbana, publicaúltimos anos, de modo particular o Joan Clos do pelo ONU-Habitat em 2012. de Vancouver (1976), o da Rio 92, Secretário-geral adjunto e diretor executivo do Programa das Nações Unidas para os O sistema local de indicadores Habitat II, Rio+10 (Joanesburgo) e Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) urbanos reconhece que em todas as Rio+20 (Rio de Janeiro). esferas de governo, de modo particular Em paralelo, cabe citar o doo municipal, são preparados e realizados cumento referente às cidades interprogramas de investimentos visando ao desenvolvimenmediárias, elaborado pela Comissão Econômica para to urbano. Na maioria dos casos, tais projetos não se a América Latina e o Caribe (Cepal) e pelo Centro baseiam num conhecimento amplo da realidade local e das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos não têm uma intenção clara de alcançar algum objeti(CNUH),1 o texto Sistema Local de Indicadores Urbanos e os relatórios bienais “State of the World’s Cities vo estratégico de planejamento, como incrementar a (Estado das Cidades do Mundo). Todas essas ações produtividade da cidade ou mesmo reduzir a pobreza tiveram como principal objetivo a melhoria da qualisob as diversas perspectivas. Esse fato é reconhecido dade de vida dos assentamentos humanos no universo pelo CNUH quando se refere a uma “crise de informaurbano. ções”, pela qual muitas cidades dos países pobres e em Ressalta-se que o documento sobre as cidades desenvolvimento, como o Brasil, têm sua capacidade intermediárias teve como principal objetivo o estabede análise reduzida devido mais ao uso inadequado de informações do que à sua falta. Diante desses desafios, 1 Para o Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Hué fundamental que os prefeitos novos e reeleitos identimanos (ONU-Habitat), a noção de cidade intermediária é relativa ao tamanho fiquem, monitorem e avaliem, de forma sistemática, os da população do país e à estrutura do seu sistema de cidades. No Brasil, segundo o IBGE, as cidades de porte médio são aquelas com população de 50 impactos dos investimentos realizados e programados mil a 500 mil habitantes. na área urbana.
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Foto: Miguel Ugalde
Discos de vinil
ainda encantam o público Durabilidade, qualidade do som e capas atraentes estimulam colecionadores cativos
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ma rápida busca no Mercado Livre sobre o item “discos de vinil” dispara 15.999 resultados. Entre os primeiros resultados, artistas de estilos diversos, como Fagner, Angélica e Led Zeppelin. No Recife, Fábio Cabral, proprietário da loja Passadisco, promove com regularidade feiras de troca, compra e venda de vinis na galeria Shopping Sítio da Trindade, em Casa Amarela. A ideia, segundo ele, surgiu por iniciativa de amigos, que começaram a cobrar de Fábio um evento que reunisse o público de colecionadores e compradores do artefato. “Já fizemos edições especiais em homenagem a Luiz Gonzaga, a Lenine e até mesmo à poesia. No selo que mantenho, que
também leva o nome Passadisco, só trabalho com CDs, mas muitos músicos locais estão lançando álbuns de vinil”, diz Fábio. Rafael Cortes banca do próprio bolso lançamentos em vinis pelo selo Assustado Discos. Ele trouxe para o formato álbuns do grupo Inocentes, dos Devotos e também de Wander Wildner. O selo deve lançar em breve um vinil do DJ Dolores. Buscando um local que tornasse viável a prensagem dos vinis, Rafael chegou a ir para fora do país. Mas, devido à dificuldade logística, ele optou por trabalhar com a Polysom, do Rio de Janeiro, única empresa que faz prensagem de vinis na América Latina. “O vinil é praticamente um fetiche. As capas são bonitas, chamativas”,
Colecionadores reúnem acervo com média de mil discos
Seguindo a tendência, a Banda Eddie lança no dia 25 de maio, no Sesc Belenzinho, em São Paulo, um vinil comemorativo dos dez anos do álbum Original Olinda Style. Eles se unem a China, Mombojó, Leda Dias e Karina Buhr na lista de músicos pernambucanos que disponibilizaram álbuns de vinil. Colecionador de vinis e músico, Herbert Lucena, vencedor de três prêmios no MPB 2012, também fez lançamento em vinil. “Não me desfiz dos que eu tinha quando chegaram os CDs. Acho os vinis mais duradouros que os CDs, caso sejam armazenados na forma correta. A sonoridade também é mais real, mais próxima do som dos instrumentos”, diz. Ele também atribui esse encanto ao design das capas. Para prensar o vinil, Herbert recorreu a uma fábrica na República Tcheca.
Foto: Pri Buhr
explica Rafael. “Para fazer os álbuns, viabilizo toda a produção do vinil. Os artistas entram com a concessão dos direitos autorais. Depois, corro para conseguir distribuir em lojas e outros pontos de venda”, completa.
Gustavo Montenegro é conhecido entre os amigos por ser um grande fã do ex-beatle Paul McCartney. Produtor de filmes e de festas no Recife, Gustavo é, junto com o cineasta Daniel Aragão, um dos DJs fixos da festa Tony Montana, cujo destaque fica para a seleção feita somente com vinis. “Tenho cerca de mil discos de vinil de artistas que gosto mais uma coleção de 600 discos relacionados aos Beatles. Compro muito pela internet”, conta. A quantidade é próxima da média do acervo de Herbert Lucena. “Tenho de mil a 1.500 discos. Muitos são de clássicos do rock como Led Zeppelin, Beatles e Creedence Clearwater Revival. Além deles, coleciono muitos discos de cultura popular e MPB, com nomes que vão de Moraes Moreira a Azulão”, informa. O escritor e advogado José Maria Marques também possui um acervo de LPs de importância por ele ser também pesquisador de música regional. Tanto que, em 2009, José Maria encabeçou o resgate do músico João Silva, um dos parceiros de Luiz Gonzaga. “Ele é um grande artista que estava esquecido. Com base nas minhas pesquisas, consegui que ele fosse valorizado”, diz. José Maria se destaca pela coleção de discos de forró e frequenta a feira de vinis da Passadisco e os sebos do Recife.
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Banco de Alimentos do Sesc completa dez anos
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Banco de Alimentos do Sesc Pernambuco fechou o ano de 2012 comemorando o aniversário de dez anos. O projeto, que faz parte do Mesa Brasil Sesc – Rede Nacional de Solidariedade e Cidadania, atua para diminuir a desigualdade social no país e os efeitos da fome. Empresas doam ao Banco de Alimentos produtos como frutas e verduras, grãos e cereais. Todas as doações vão para uma central de estocagem e distribuição e, de lá, seguem para complementar a alimentação de instituições assistenciais, como creches, orfanatos, abrigos, escolas e hospitais. Mas o trabalho do Banco de Alimentos vai além de intermediar essas doações. Uma equipe multidisciplinar, formada por assistentes sociais e nutricionistas, trabalha com as instituições beneficiadas promovendo orientações de manipulação e aproveitamento total dos alimentos, avaliação nutricional, palestras educativas na área de saúde, cidadania e ações recreativas e culturais. Além do Recife e Região Metropolitana, o Banco de Alimentos atende os municípios de Caruaru, Garanhuns, Arcoverde e Petrolina, através de filiais instaladas nas unidades do Sesc nessas cidades.
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Qualquer empresa pode ser doadora, basta entrar em contato com o Banco de Alimentos e informar o produto a ser doado. “A maioria das doações é de alimentos, mas também recebemos materiais de limpeza e higiene. É importante lembrar que os produtos devem estar dentro das condições de segurança, ou seja, dentro da validade e em boas condições de armazenagem”, conta a gerente do Banco de Alimentos, Isolda Braga. Isolda, que já coordenou outras iniciativas de doação na Associação dos Comerciantes da Ceasa-PE, diz que ao longo desses anos teve a oportunidade de testemunhar
muitos depoimentos emocionados de instituições que, com as doações do Banco de Alimentos, puderam melhorar a qualidade e a quantidade de alimentação oferecida aos assistidos. O Banco de Alimentos iniciou suas atividades atendendo 21 instituições e atualmente são 333. “Para acompanhar esse crescimento, conseguimos aumentar consideravelmente o volume de doações através de novas parcerias com indústrias, redes de supermercados, além de grandes e pequenos doadores de hortifrúti. Muitos deles são parceiros fiéis ao longo desses dez anos”, comenta.
“Conseguimos aumentar consideravelmente o volume de doações através de novas parcerias com indústrias, redes de supermercados, além de grandes e pequenos doadores de hortifrúti. Muitos deles são parceiros fiéis ao longo desses dez anos” Isolda Braga
Aos poucos, o espaço ficou pequeno para o volume de doações recebidas e há três anos o Banco ganhou um espaço maior, com três câmaras de resfriamento e congelamento, e passou a contar com quatro caminhões-baú refrigerados, que possibilitaram uma melhor logística das doações.
Instituição A Organização de Auxílio Fraterno (OAF), no bairro da Boa Vista, é uma das instituições ajudadas pelo Banco de Alimentos. A OAF trabalha com crianças e adolescentes de 7 a 15 anos, aprendizes de 15 a 17 anos e adultos maiores de 18 anos. Ao todo, atende 365 pessoas. “O banco, além de fornecer os mais diversos alimentos, quinzenalmente, também ministra capacitação para os funcionários da cozinha com o objetivo de aprimorar a manipulação, o aproveitamento, a higienização e o acondicionamento dos alimentos”, conta Marúcia Coelho, vicepresidente da ONG. Para Marúcia, a ajuda do Banco de Alimentos é extremamente relevante. “Criança bem
alimentada cresce saudável e tem melhor desempenho escolar”, acredita. Além de alimentos, o banco envia produtos de limpeza e higiene pessoal, como xampu e pasta de dente. Há mais de sete anos Rayane, filha da dona de casa Francisca Costa, passa as manhãs na OAF. O irmão dela, Robson, jovem hoje com 21 anos, também esteve dos 7 aos 17 anos participando das atividades da ONG. “A OAF sempre ofereceu oficinas de pintura, aulas de informática, artesanato, reciclagem, entre outras atividades. É muito bom”, conta a mãe, empolgada. Francisca diz que a ajuda do Banco de Alimentos é muito importante para a alimentação diversificada, saudável e balanceada dos filhos. “Rayane sempre conta o que teve para comer, os lanches. Ela adora. E Robson aprendeu a comer direito lá na OAF. Em casa, quando era pequeno não comia direito”, comenta. Rayane, que vai completar 15 anos, será encaminhada pela OAF para fazer um teste para a vaga de menor aprendiz do Banco do Brasil.
Empresa doadora Quando o Centro de Distribuição da Danone se instalou na região, a perda de produtos era muito grande, segundo o gerente, Teogônio Alves. Com isso, surgiu a ideia de buscar um parceiro com estrutura e que pudesse transformar as perdas em benefícios tanto para quem doa quanto para quem recebe. Pensando nisso é que, desde março de 2009, a empresa é parceira e doadora do Banco de Alimentos do Sesc Pernambuco. “A Danone ajuda o Banco de Alimentos efetuando as doações com produtos que estão próprios para o consumo, porém se encontram com a data imprópria para o comércio”, comenta o gerente. Ele adverte que a segurança alimentar dos produtos doados é garantida. Para ele, todas as empresas devem ter responsabilidade social e de alguma maneira contribuir para a redução da miséria em todo o mundo. “Eu diria às empresas que ainda não fazem doações que elas estão perdendo um tempo precioso, pois a fome não espera, ela mata”, conclui. Informe Fecomércio-PE | MAR/ABR 2013
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JURÍDICO EM PAUTA| JOSÉ ALMEIDA DE QUEIROZ
Consultor da presidência do Sistema Fecomércio-PE almeidajaq@hotmail.com
Previdência social A 1ª Conferência Nacional de Previdência Social, promovida pelos representantes do Conselho Nacional da Previdência Social, teve como objetivo promover o intercâmbio de experiências entre profissionais que atuam na gestão da seguridade social e elaborar proposta para a melhoria da Previdência Social brasileira. Políticas de Previdência Social, diálogo social, envelhecimento ativo e gestão previdenciária são os quatro eixos temáticos que serão debatidos pelos grupos de trabalho dos Conselhos Regionais. Além das cinco Superintendências Regionais, participaram dessa etapa os 96 Conselhos de Previdência Social. Recentemente, representantes do Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS) reuniram-se na sede da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em Brasília, para a realização do 7º Encontro da CNC com os representantes do CRPS. Os encontros da CNC com os representantes do CRPS foram criados para que houvesse um espaço onde fosse possível a troca de experiências em busca do aprimoramento do bom senso nos julgamentos e maior qualidade dos votos. O novo presidente do CRPS, Manuel Dantas, abordou a judicialização da questão previdenciária e relatou que foi constituída uma comissão de especialistas, integrada pelo professor Diogo Figueiredo. A comissão detectou que esse problema estava ocorrendo porque o cidadão não confiava no sistema previdenciário, uma vez que não percebia segurança no ato de concessão do benefício. O Plano de Expansão das Agências do INSS não estaria vindo acompanhado da melhoria e qualificação
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dos técnicos e analistas e, por essa razão, estaria produzindo um fenômeno peculiar. A cada agência do INSS que é construída, uma dezena de escritórios de advocacia são instalados nas proximidades, ávidos por pegar causas contra a instituição. Atualmente, os Juizados Especiais Federais estão atuando principalmente no âmbito previdenciário, especialmente em causas que indeferem benefícios previdenciários (aposentadorias, auxílio-doença, auxílio-acidente, etc.). Essas ações vêm sobrecarregando os tribunais e, para tentar resolver isso, foi promulgada a Lei nº. 12.011/2009, que cria 230 varas federais. Enfim, serão mais cargos de juízes, juízes substitutos, analistas judiciários e técnicos de ensino médio e ainda todos os custos operacionais envolvidos para o funcionamento dessas instâncias. Dantas fez um estudo para saber o custo de uma sessão judiciária, verificando em diversos Estados do Brasil, e o número chega a mais de um bilhão de reais. Por outro lado, a Previdência tem a necessidade de contratar 10 mil servidores, mas não consegue, alegando motivos orçamentários. Entende-se que o foco principal é apoiar a melhoria e a qualificação do INSS, para que a instituição consiga resolver as demandas com excelência dentro da própria agência. Na verdade, não era nem para existir o recurso para o conselho. Existe porque o INSS não vai ser 100% perfeito, alguma coisa vai escapar. Então, quando escapar, vai para uma junta de recursos do conselho. No entanto, deveria ser exceção, não regra. No dia em que o Estado brasileiro conseguir resolver a questão da litigiosidade, seja judicial, seja administrativa, no caso do Conselho de Recursos, simplesmente não vai haver processo.
Cresce mercado de segurança privada em Pernambuco Novos investimentos, abertura de empresas, aumento do poder aquisitivo da população, violência e Copa do Mundo estão entre os principais motivos que movimentam o setor Por Tony Duda
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uando o assunto é segurança, não são apenas roubos e furtos na rua que preocupam o lojista e deixam o cliente amedrontado pelo fato de poder ser abordado a qualquer momento. O risco de sofrer alguma ação no ponto de venda é outra inquietação do empresário, que muitas vezes precisa investir em segurança privada para se sentir mais tranquilo em seu estabelecimento. Os dados confirmam essa procura. Segundo pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), nos últimos dez anos, a segurança privada cresceu 74% no país. Em Pernambuco, este setor também se mantém aquecido. Tudo por causa do aumento do poder aquisitivo da população, da abertura e ampliação de empreendimentos e da chegada
de novos investimentos ao Estado. Essa dinâmica tem despertado ainda mais o interesse de empresas em se proteger contra roubos, assaltos e outros tipos de violência. Mais que estimular, esse mercado tem atraído empresas de outros Estados para atuar com segurança privada em Pernambuco. A potiguar Emvipol, por exemplo, que atua no Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco na área da segurança privada, confirma a procura. De acordo com o supervisor de operações da empresa, Davi Nascimento, os setores que mais demandam serviços são a indústria, principalmente na região de Suape, shoppings e a área da saúde. Ainda segundo ele, a busca é principalmente por equipamentos de tecnologia, como câmeras modernas de monitoramento 24 horas, sensor de presença, alarme e cerca elétrica. “Hoje o dono pode
ver de casa tudo o que acontece na sua empresa usando uma câmera de 360 graus”, garante Davi. Planos – Para atender à demanda dos clientes, Davi informa que a Emvipol investe em novas tecnologias e treinamento de pessoal. Os planos da empresa envolvem o aumento na base de clientes e a expansão dos serviços para o interior de Pernambuco. “Já estamos fazendo estudos”, adianta. No Estado, onde a Emvipol opera há cerca de oito anos, Davi informa que a atuação está focada por enquanto no Recife e na Região Metropolitana. A Eagle Security Vip é outra empresa que atua em Pernambuco e também em Alagoas. Apostando em tecnologia da segurança, pessoal capacitado e competência na área como diferenciais, a empresa tem dez anos de mercado e atende aos Informe Fecomércio-PE | MAR/ABR 2013
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mais diversos segmentos. Entre os principais clientes estão indústria, varejo – como lojas e shoppings –, além de residências e pessoal. De acordo com o gerente-geral da empresa, Jorge Ferreira, segurança eletrônica com gravação de imagens em áudio e vídeo, barreiras perimetrais e controles de acessos estão entre os itens mais solicitados pelo mercado.
Incremento em sistemas eletrônicos A procura principalmente por sistemas eletrônicos de segurança não atende apenas à necessidade de empresas e imóveis residenciais para reforçar a segurança. Também acaba incrementando os negócios do setor de tecnologia. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Seguranças (Abese), no ano passado, houve faturamento superior a US$ 1,96 bilhão e crescimento de 9%, valor que deverá chegar a 11% em 2013. Entre os motivos desse desempenho, estão os grandes eventos esportivos que serão sediados no Brasil, a exemplo da Copa do Mundo, além da ampliação e abertura de novos empreendimentos como hoteis,
“Se não tiver planejamento, estrutura e inteligência, não funciona nem adianta investir” Milton Sobral
restaurantes, shopping centers, supermercados e unidades de saúde.
Inteligência deve ser a estratégia De acordo com o especialista em segurança Milton Sobral, é importante que o empresário proteja seu patrimônio de possíveis ações como roubos e assaltos. Mas ele faz um alerta: “Se não tiver planejamento, estrutura e inteligência, não funciona nem adianta investir”. Milton informou que existe no mercado o chamado consultor de segurança, que avalia e faz análise de risco com o empresário e sugere medidas e ações para serem adotadas no estabelecimento de acordo com as necessidades e os custos. Mais que buscar serviços e pesquisar por uma empresa de segurança privada séria e que
“Segurança eletrônica com gravação de imagens em áudio e vídeo, barreiras perimetrais e controles de acessos estão entre os itens mais solicitados” Jorge Fereira
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ofereça tudo aquilo a que se propõe, é importante que os funcionários da empresa contratante saibam utilizar da melhor maneira possível e plenamente os equipamentos disponibilizados, bem como os procedimentos a tomar diante de um assalto, por exemplo.
Condomínios também procuram pelos serviços Nos condomínios residenciais, a segurança privada também está presente. De acordo com Marcelo Freire, gerente regional da Apsa – considerada a maior empresa de administração de condomínios do país –, o monitoramento por meio de equipamentos, como câmeras, também pode ajudar na segurança dos moradores, funcionários e visitantes. “Além de muitas vezes impedir a invasão ou roubo a um imóvel, as câmeras ajudam a esclarecer fatos e até mesmo inibem, por exemplo, atitudes inapropriadas de moradores”, diz ele.
Para quem precisa viajar e quer deixar o imóvel mais seguro, contratar a segurança privada é uma opção. O gerente regional da Apsa compara o imóvel a um veículo que está na rua. Se está em local iluminado, tem alarme e outros meios de segurança e, próximo a ele, há outro carro menos protegido, o ladrão certamente vai optar por aquele que está mais fácil”, observa Marcelo Freire.
Poder público atua de maneira integrada Mais que desembolsar recursos para contratar segurança particular ao empreendimento, as empresas também esperam uma contrapartida do poder público. De acordo com o secretário de Segurança Urbana do Recife, Murilo Cavalcanti, a tática do município tem sido atuar em conjunto com o Governo do Estado e fazer uma frente para combater a violência e diminuir a criminalidade. Ele informou que, com essa integração, já foi possível diminuir cerca de 50% o número de crimes violentos letais intencionais nos últimos anos no Recife. Essa junção envolve, por exemplo, a utilização compartilhada de câmeras instaladas nos principais corredores e áreas consideradas de maior risco. De acordo com o secretário, essas câmeras conseguem captar imagens diversas, que vão desde violência física até infrações no trânsito, carros em cima de calçadas, desordem de ordem urbana e assalto. “Com essas informações conseguimos atuar e esclarecer muitos fatos”, afirma o secretário.
Ele informou que o município dispõe de 40 câmeras próprias.
Esforços Apesar dos esforços, o secretário reconhece que ainda há muito o que fazer. A estratégia da prefeitura é dobrar o contingente de guardas municipais, que hoje chega a 1.150 agentes, e implantar mais 400 novas câmeras de monitoramento eletrônico para auxiliar no combate e prevenção à violência no município. Outra medida é atuar por meio de projetos sociais e iniciativas em conjunto com o Governo do Estado. Entre elas, o Pacto pela Vida, que é uma política pública de segurança, executada de maneira integrada com o Poder Judiciário, Ministério Público, Assembleia Legislativa, municípios e a União. “Uma cidade segura é uma cidade competitiva”, resume Murilo Cavalcanti.
Tecnologia para auxiliar nas decisões
Informática da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e também presidente do Núcleo de Empreendimentos em Ciência, Tecnologia e Artes (Nectar), Edson de Barros Carvalho. Com atuação em pesquisas e desenvolvimento de soluções e inovações para a segurança pública, ele tem visitado diversos países para conhecer experiências nesta área. Quem sabe até implantar ou adaptar no Estado, em conjunto com o poder público. O pesquisador cita uma iniciativa que Pernambuco quer adotar: o Centro de Comando e Controle (CCC), já utilizada no Rio de Janeiro e que integra todo o sistema de dados inteligentes, traduzido por imagens e informações, com a central do 190, por exemplo. Nessa unidade, a proposta é haver também uma sala de gerenciamento para a tomada de decisões em momentos de crise como tragédias e enchentes.
“Tem melhorado muito a segurança de Pernambuco com o fortalecimento de instituições e o auxílio de novas tecnologias”, avalia o professor do Centro de
“A tática do município tem sido atuar em conjunto com o Governo do Estado e fazer uma frente para combater a violência e diminuir a criminalidade” Murilo Cavalcanti
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Economia de quatro rodas Mercado de aluguel de carros está aquecido Por Patrícia Xavier
Os números apresentados pela Abla são relativos a 2011 e os de 2012 ainda não foram consolidados, mas a previsão é otimista em relação aos resultados. “Estamos fechando o censo relativo ao ano passado, mas temos expectativa de que o setor tenha crescido no mínimo nos mesmos índices verificados em 2011. A média de crescimento anual tem sido de dois dígitos, representando uma média de 10% ao ano”, diz o presidente do conselho nacional da Abla, Paulo Baga Júnior. Para ele, a redução nas taxas dos financiamentos para
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Foto: Divulgação Localiza
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Brasil tem um pouco mais de duas mil empresas de aluguel de veículos, gerando um faturamento que atingiu R$ 5,67 bilhões, de acordo com o mais recente censo da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla). O levantamento também registrou que o país tem uma frota total de 445.470 mil automóveis para aluguel. Desse total, 62.428 estão ofertados no Nordeste. No topo do ranking, a Bahia lidera em quantidade de frota disponível e em número de empresas de locação. Pernambuco aparece como vice-líder no número de veículos para aluguel, com mais de 11 mil carros.
as locadoras de automóveis será essencial para o setor. “Em 2012, os bancos ganharam condições excepcionais para colocar mais dinheiro no mercado. Precisamos de mais crédito e contamos com a parceria ainda maior das instituições financeiras, no sentido de continuarmos crescendo conforme a demanda gerada pelo setor”, diz Baga. Enquanto a Abla consolida os resultados de 2012, a Localiza divulga os números mais recentes. A companhia apresentou lucro líquido de R$ 88,8 milhões, 22,1% (R$ 16,1 milhões) acima do resultado do mesmo período do ano anterior. “Apesar de ter sido
um trimestre de baixo crescimento da economia, a Localiza reagiu positivamente e nossa estratégia conservadora na administração financeira resultou em maior geração de valor ao acionista”, explica o diretor de finanças e relações com investidores da Localiza, Roberto Mendes. Em relação à receita líquida da divisão de aluguel de carros, foram R$ 283,2 milhões, um aumento de 5,7% em relação ao primeiro trimestre de 2012. Segundo o diretor, o salto é justificado pelo aumento de 2,9% no volume de diárias (R$ 3.426 milhões) e de 3% no valor da diária média. Hoje a companhia está dividida em uma
Os grandes eventos esportivos que estão por vir, como Copa das Confederações, Copa do Mundo e Jogos Olímpicos, também deixam otimista o segmento de aluguel de automóveis, que já sente o aquecimento. “Neste momento, o setor de locação de veículos já está sendo demandado por empresas envolvidas direta e indiretamente com as obras de infraestrutura que tomam conta do país. São empresas que precisam de veículos desde já, pois estão trabalhando na construção e reforma dos estádios, hoteis, pavilhões de exposição, vias públicas, etc. Ou seja, os grandes eventos nos ajudarão a incrementar um trabalho que já estamos realizando, que é o da disseminação da cultura da locação de veículos, e consequentemente fortalecerão o mercado”, explica o presidente da Abla. Para o executivo, é cada vez maior a conscientização de turistas e empresas envolvidas com os grandes eventos de que é mais inteligente pagar pelo uso de um veículo do que pagar por sua propriedade. ”Isso já transforma nossa atividade em um dos três pilares fundamentais para o sucesso de qualquer megaevento, junto com o transporte aéreo e com a rede de hotelaria. O setor está no caminho certo e não teremos problema em relação aos grandes eventos programados no Brasil”, aposta.
Com 474 agências no Brasil e atuação em 334 cidades, a Localiza já se prepara para os eventos esportivos ampliando a sua frota e comprando novas unidades. “Nossa estratégia é ampliar a rede de distribuição e aquisição de novos veículos. A previsão é investir cerca de R$ 300 a R$ 400 mil para atender a essa nova demanda”, declara Mendes.
Por conta própria O segmento de locação de carros movimenta não só empresas de grande porte, mas também pequenas empresas e até pessoas físicas, que identificaram o nicho de mercado e a oportunidade em alugar o próprio veículo para incrementar a renda. Foto: Hans Thoursie
plataforma que inclui as marcas Localiza Rent a Car (aluguel de carros), Localiza Franchising (franquias), Total Fleet (aluguel de frotas) e Localiza Seminovos (venda de carros, que existe desde 1991).
É o caso da jornalista e publicitária Karina Rodrigues, que aderiu à prática há cinco anos e só aluga o seu Pálio 2013 para amigos ou conhecidos dos amigos. “De segunda a sexta, uso o veículo para trabalhar e, nos fins de semana e feriados, loco para alguém conhecido”, explica. Ela diz que o valor depende de cada caso, mas, em média, a diária fica em torno de R$ 100. “É uma renda extra que vale a pena, mas não é todo proprietário que tem esse perfil. Ou melhor: não é todo dono de carro que tem desapego pelo veículo. Pode acontecer de o automóvel voltar sujo ou com alguma avaria. Mesmo assim, não pretendo parar de alugar”, diz Karina.
O empresário Tony Artony, proprietário da empresa AjusteCar Peças e Serviços e Locadora de Veículos, ingressou no ramo a partir da demanda da clientela de sua oficina. “Percebi que os clientes, quando deixavam o carro para serviços de funilaria e pintura, ficavam órfãos, precisando de outro carro para suas atividades. Muitos, inclusive, me pediam para indicar alguma locadora enquanto esperavam o término do conserto, que levava dois dias no mínimo. Na época, há oito anos, o mercado não estava tão aquecido e poucas empresas ofereciam locação de veículos”, lembra Tony, que a partir daí começou a oferecer o serviço. Hoje a pequena empresa tem 14 veículos, atendendo também ao setor de construção. “Estou substituindo três carros e adquirindo mais um para ampliar a frota”, conta.
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Vendas “virtuais” têm lucros reais O e-commerce tem cada vez mais a confiança do consumidor brasileiro e já representa uma boa fatia dos lucros do comércio
Foto: Ariel da Silva
Por Tatiana Notaro e Mariana Nepomuceno
InformeFecomércio-PE| Fecomércio-PE |MAR/ABR MAR/ABR2013 2013 26 | Informe
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á menos de um ano no mercado, a Casatua Presentes decidiu ampliar vendas além da loja física. Aberta em agosto passado em Casa Forte, começou atendimentos via internet em janeiro deste ano e ampliou o faturamento, em poucos meses, em 25%. “Era um serviço até então inédito no Recife nesse segmento. Já inauguramos pensando em ampliar com o e-commerce”, comenta a empresária Melina Amorim. O comércio eletrônico é, antes de tudo, um negócio próspero que se vale de características muito peculiares desta época – a falta de tempo e as tecnologias – para gerar lucro. Segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico, em 2012, as vendas nesse segmento somaram R$ 24,12 bilhões, um crescimento de 29% em relação a 2011. Na Região Sudeste, a penetração do e-commerce é maior, mas empresas já verificam grande crescimento nas regiões Norte e Nordeste. Especializada no segmento de brinquedos, artigos e moda infantil, a Tricae tem 10% das suas vendas oriundas do e-commerce. “A cada ano, oito milhões de pessoas fazem sua primeira compra pela internet no Brasil. A Tricae dobra de tamanho a cada seis meses e temos uma expectativa de crescimento futura bastante agressiva”, diz a cofundadora da marca, Juliana Duarte. A aceitação do brasileiro em relação às compras on-line mudou significativamente nos últimos três anos. “As pessoas perceberam que é seguro comprar on-line”, argumenta. O comportamento do e-commerce acompanha também o do consumo em geral. O Natal, por exemplo, tende a render maiores lucros on-line, assim como acontece com o comércio “físico”. De acordo com dados do e-bit, as vendas do fim de ano on-line de 2012 tiveram alta de 18% em relação ao ano anterior, quando foram faturados R$ 2,6 bilhões. De 15 de novembro a 24 de dezembro, o faturamento do e-commerce chegou a R$ 3,06 bilhões e o tíquete médio foi de R$ 359. Os pedidos chegaram a 8,5 milhões em todo o país. Embora já ganhe forma e confiança no Brasil, o e-commerce está longe de alcançar resultados próximos aos contabilizados fora daqui. Ainda temos um número reduzido de “e-consumers”, que compram menos que os britânicos, por exemplo. Também segundo o e-bit, ainda assim os números nacionais mostram um mercado em ascensão: são 43 milhões de consumidores que compram bem, embora menos: o faturamento no Brasil contabiliza R$ 22,5 bilhões; na Europa, atinge R$ 234 bilhões. Informe Fecomércio-PE | MAR/ABR 2013
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do e-commerce, onde a cultura de compras online “já está mais consolidada”. “Dentro de alguns anos, vamos estar no mesmo nível. Culturalmente, estamos vivendo uma mudança de comportamento com mais e mais brasileiros comprando on-line”, completa.
Logística
A Casatua, por exemplo, investe em serviços voltados a noivos, facilitando a tarefa da lista de casamento tanto para eles quanto para os convidados. Melina conta que o site da Casatua oferece opção de fazer a lista sem sair de casa e ainda disponibiliza a listagem, dá opções de pagamento (inclusive cartão de crédito) e faz entrega gratuita na Região Metropolitana do Recife. Melina estima que a Kombi da loja, usada na logística, faça 30 entregas por semana em média. “Já recebemos pedidos de fora do Estado”, diz. Juliana Duarte, da Tricae, informa que os Estados Unidos são a maior referência mundial no ramo
O serviço de entrega é o ponto mais delicado e dos mais importantes do serviço de e-commerce. Melina Amorim descreve que, quando um cliente compra no site da Casatua, ela recebe um e-mail com as informações. “Depois uma de nossas funcionárias, que é exclusiva para o e-commerce, separa a mercadoria, embala e coloca para a entrega”, detalha. A partir daí, o produto segue para fase de logística. “Todos os presentes vão com um protocolo, que são assinados por quem recebe. Ao retornar para a loja, anexamos o protocolo de entrega assinado ao documento do pedido para ter certeza de que todos foram entregues”, informa. Até mesmo para a Tricae, que tem abrangência nacional, o maior obstáculo para a empresa que investe no e-commerce é a logística. “Transporte no Brasil é ineficiente e ter vários centros de distribuição custa caro”, enfatiza a cofundadora da marca. Principalmente por isso é importante que o
“A resistência do consumidor em relação à modalidade de compras on-line se deve justamente à falta de confiança pela demora do prazo de entrega. Assim, deve-se sempre buscar sites certificados, com boa reputação” Juliana Duarte
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Foto: www.efffectve.com
menor renda, o uso da internet para compras ainda é incipiente, mas na Classe C as compras on-line já são prática usual”, explica o consultor da Fecomércio e um dos responsáveis por esta pesquisa inédita, Luiz Kehrle. Para a pesquisa, foram ouvidos 551 consumidores, 286 da classe C e 265 das classes D e E. Dos entrevistados, 45,74% são homens e 54,26% são mulheres. A pesquisa seguiu a definição de classe C, que inclui consumidores com renda familiar de três a dez salários mínimos. Aqueles com renda familiar mensal abaixo de três salários mínimos são classificados nas faixas D e E.
empresário desse segmento invista na segurança do serviço, no cumprimento de prazos e na qualidade da entrega do produto final. “A Tricae tem um grande foco no atendimento ao cliente e estamos investindo para oferecer melhores opções de entrega e pós-venda”, salienta Juliana. Juliana Duarte diz que a resistência do consumidor em relação à modalidade de compras on-line se deve justamente à falta de confiança pela demora do prazo de entrega. “Assim, deve-se sempre buscar sites certificados, com boa reputação”, finaliza.
Classe C já aderiu ao comércio eletrônico De acordo com dados do Centro de Pesquisa da Fecomércio, a classe C já constitui quase 63% dos consumidores que utilizam o comércio eletrônico para comprar principalmente artigos de vestuário, celulares, produtos eletrônicos e calçados. “As portas do comércio eletrônico foram abertas para a nova classe média e a frase mágica é aumento da renda com acesso à internet. Nas classes de
José Fernandes de Menezes, também consultor da Fecomércio, aponta diferenças entre os hábitos de consumo da classe C e os da população de menor renda. “Nas classes de renda D e E, somente cerca de um em cada cinco consumidores utiliza o comércio eletrônico, um percentual muito abaixo daquele da classe C. Todavia, os consumidores que não compram pela internet são semelhantes em qualquer das faixas de renda”, explica José Fernandes de Menezes. Não há entre eles diferença muito forte quanto ao acesso à internet, aversão ao risco e desconfiança quanto ao roubo de dados. Ressalta-se que, entre os consumidores da classe C que não compram pela internet, é forte a preferência pela forma tradicional de compras, bem maior do que entre os consumidores de menor renda. O crescimento do comércio eletrônico entre a classe C pode ser atribuído à comodidade, ao ambiente favorável e à economia de tempo, característicos das compras pela internet. A maior compra da classe C alcançou R$ 5.000,00 e a menor, R$ 50,00, enquanto nas classes de renda D e E esses valores foram, respectivamente, R$ 3.000,00 e R$ 80,00. Informe Fecomércio-PE | MAR/ABR 2013
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Dicas para comprar pela internet A especialista em direito do consumidor Bruna Cavalcanti, da Queiroz Cavalcanti Advocacia, acredita que existem mais pontos positivos que negativos no comércio eletrônico. “No entanto, o consumidor precisa ter cuidado redobrado para evitar problemas, pois eles são mais difíceis de resolver justamente por não existir estabelecimento físico, na maioria das vezes, para procura imediata da resolução”, alerta a advogada.
Pontos positivos do e-commerce • Aproximação do consumidor a bens e serviços sem limitação geográfica. • Agilidade na concretização da compra. • Comodidade. • Aplicação das normas consumeristas com grande proteção ao consumidor, já que ainda não há regulamentação específica, apenas projetos de leis. Ponto negativo do e-commerce • Vulnerabilidade dos dados repassados, sendo realmente uma relação baseada na confiança e na boa-fé.
Cuidados na hora de comprar pela internet • Evite concretizar compras em computadores públicos. • Escolha bem os sites antes de efetuar a compra, inclusive pesquisando na internet depoimentos de consumidores que utilizaram o mesmo site. • Dê preferência aos sites cadastrados no “e-bit” (http://www.ebit.com.br/ medalhas-e-bit), site especializado em comércio eletrônico com milhares de empresas cadastradas, inclusive fornecendo opiniões de consumidores que utilizaram site de empresas virtuais. • Opte por sites que tenham “política de privacidade”, que exponham canal de reclamações e contato para o caso de eventual problema com os produtos/ serviços disponibilizados. • Priorize as empresas virtuais que igualmente tenham representação em estabelecimento físico e telefone para contato. • Antes de concretizar a compra, leia as condições gerais e salve-as antes de aceitá-las. • Salve em arquivo os comprovantes virtuais emitidos ou a imagem da tela que comprove de alguma maneira que a compra foi realizada para que você esteja assegurado em caso de eventual problema. Como proceder em caso de problema • Caso surja alguma insatisfação, o consumidor pode desistir da compra, independentemente de motivo, até sete dias após a data da compra ou mesmo da data do recebimento do produto (artigo 49 do Código de Defesa do Consumidor). • Em caso de problema com o produto, o consumidor deve entrar em contato com a empresa virtual, através do canal de comunicação indicado no site, para tentar resolver a questão. O consumidor tem até 30 dias para procurar a empresa e decidir pela troca do produto ou pela devolução do dinheiro sem nenhum ônus para si (caso se trate de bens não duráveis). Em se tratando de bens duráveis, o prazo é de 90 dias (artigo 18 do Código de Defesa do Consumidor). • Ainda assim, caso não seja possível a resolução do problema, a sugestão é procurar o Procon com a nota fiscal em mãos e todos os documentos que provem o seu direito ou procurar um advogado para orientação.
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Foto:Roberto Pereira
Seca afeta mercado varejista
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cenário da seca é triste e os dados são preocupantes. Segundo a Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária de Pernambuco, no Agreste e no Sertão do Estado morreram cerca de 150 mil bovinos devido à estiagem. Esse número alarmante fez com que 17% dos criadores de gado abandonassem a atividade. Além disso, o abate precoce de 230 mil animais foi inevitável, pois os criadores tiveram que levá-los para o abate antes do tempo, senão morreriam de fome. Somado a tudo isso, 330 mil bovinos saíram de Pernambuco para outros Estados. O rebanho de Pernambuco diminuiu, portanto, em 710 mil animais. Os efeitos dessa conjuntura podem ser sentidos a quilômetros de distância. A Zona da Mata e até a capital também sofrem
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as consequências. Afinal, um produto indispensável na mesa dos pernambucanos, como é caso do leite, por exemplo, teve uma queda de produção de 72% em todo o Estado. Por causa de uma redução significativa no nível da oferta, é notável uma alteração expressiva nos preços das hortaliças e frutas comercializadas no Centro de Abastecimento e Logística de Pernambuco (Ceasa-PE), local conhecido por praticar preços inferiores a outros pontos comerciais. De acordo com o Departamento Técnico/ Supervisão de Informação e Acompanhamento de Mercado da Ceasa, os preços em março de 2013 com relação a março de 2012 apresentaram variações financeiras positivas em real de 103,68% nas
hortaliças, 28,59% nas frutas, 18,6%, nos cereais e 1,06% nas carnes, aves e ovos. Um dos produtos que tiveram uma grande variação no preço foi o tomate. O assunto chegou até a ser um dos mais comentados nas redes sociais. O aumento expressivo de mais de 220% no preço médio em 2013 comparado a março do ano passado é reflexo da queda na oferta do produto nos principais entrepostos do país. Segundo o IBGE, a queda na produção nacional chegou a 16%, decorrente da diminuição da área plantada, causada principalmente por alterações climáticas, como a seca no Nordeste. A tendência é, portanto, o aumento dos preços, principalmente no período da entressafra, que se inicia em abril e segue até julho.
Reflexos O reflexo da seca foi sentido na venda de outros produtos, além das hortaliças e frutas. Comerciante de componentes eletrônicos para celular há mais de oito anos, Luiz Davi Meira mudou de ramo, pois os clientes e produtores da bacia leiteira pernambucana não podiam mais consumir os produtos. “Do Recife a Petrolina, eu comercializava para todo o Estado e posso dizer que o pessoal do Agreste e do Sertão está sofrendo muito com a seca”, conta. Hoje Davi não trabalha mais com acessórios para celular por causa da retração no mercado e enxergou uma nova oportunidade na impressão de materiais gráficos.
Medidas Para conter a devastação causada pela seca, algumas medidas foram tomadas pela Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária. Entre elas, foi criado o Comitê Integrado de Convivência com o Semiárido, formado por 13 Secretarias de Estado. Coordenador do comitê e secretário da Agricultura e Reforma Agrária, Ranilson Ramos explica que Pernambuco criou a Lei nº 14.922 instituindo a política de convivência com o Semiárido, sancionada pelo governador Eduardo Campos e publicada no Diário Oficial de 19 de março de 2013.
de Palha Estiagem, assistência ao rebanho e execução de obras permanentes de infraestrutura hídrica. Ainda segundo o secretário, até o momento já foram investidos cerca de R$ 500 milhões em ações de diversas frentes – atendimento direto à população, assistência ao rebanho, execução de obras estruturadoras –, sendo R$ 300 milhões do Governo Federal e R$ 200 milhões do Governo do Estado. Estão previstos mais R$ 600 milhões do PAC Seca. As ações se estendem a todos os 122 municípios em estado de emergência do Agreste e do Sertão. De acordo com ele, os custos mensais com carros-pipa somam cerca de R$ 5 milhões.
Pesquisa Números esperançosos aparecem na pesquisa do Cepesq do Instituto Fecomércio mesmo com a seca. Em Garanhuns, por exemplo, as expectativas são muito positivas em relação ao ano de 2013. Mais
de 68% esperam vendas maiores que em 2012, contra 20,7% que contam com faturamento igual e pouco mais de 10% que admitem diminuição. “A estimativa é de um crescimento de 19,3% nas vendas, que, mesmo descontado da inflação anual, significará um bom desempenho”, ressalta Luiz Kehrle, consultor da Fecomércio.
Chuvas Segundo a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), a partir de maio, o volume de chuvas no Sertão será ainda menor. No período que é considerado mais chuvoso (de janeiro a abril), o volume de chuvas chegou a somente 175 mm, quando o esperado eram 670 mm. Para se ter uma ideia do quanto é baixo esse número, em apenas um mês (abril) no Recife choveu 132,2 mm, o que ainda foi pouco. No acumulado dos quatro primeiros meses do ano, na capital pernambucana, também choveu pouco. O esperado era um volume de 690 mm e nesses quatro meses choveu só 370 mm.
Foto:Roberto Pereira
Além disso, Ranilson salienta que as linhas de ação do comitê priorizam a assistência à população – distribuição de água por carropipa, atualmente 1.476 caminhões – na distribuição de renda por meio dos programas sociais GarantiaSafra, Bolsa-Estiagem e Chapéu Informe Fecomércio-PE | MAR/ABR 2013
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Foto: Acervo Sebrae / Carlos Laert
Petrolina
Negócios aquecem turismo O segundo maior PIB do interior investe em infraestrutura para atrair turistas Por Bruna Oliveira
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Foto: Acervo Sebrae / Flávio Costa
município de Petrolina, distante 721 km da capital Recife, apresenta um quadro de franca expansão quando o assunto é economia. Não é à toa que a cidade figura entre as 100 maiores do Brasil. E é dona também do segundo maior PIB do interior de Pernambuco, perdendo apenas para Caruaru. Petrolina vê esse crescimento se refletir em áreas como a construção civil e, principalmente, o turismo, pois a região possui potencialidades que indicam e comprovam esse desenvolvimento. É uma das grandes produtoras de uva do Vale do São Francisco, principal rio da região, e está localizada na divisa com a Bahia. Só em 2012 mais de 260 mil
embarques e desembarques foram registrados no aeroporto local, comprovando que o destino do Sertão está entre os roteiros mais procurados e em evidência no cenário econômico estadual e nacional, como destaca o consultor da Fecomércio Luiz Kehrle: “Petrolina tem um diferencial muito importante no que se refere à balança comercial. A cidade exporta para o exterior e para o Brasil muito mais do que importa, ou seja, entra mais dinheiro do que sai. E isso influencia de maneira direta na escolha da cidade como ponto de turismo”. A base do avanço no local são os investimentos feitos pelo Governo Federal no interior de Pernambuco, como a
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dos Estados. Há 20 anos esse dado era completamente o oposto, quando 85% dos grandes centros comerciais estavam nas capitais.
Foto: Acervo Sebrae / Andreza Magalhães
Grandes empresas investem em Petrolina
transposição do São Francisco. O aumento do salário mínimo, o crescimento da classe média e a escassez de terrenos nas capitais também proporcionam aos empreendedores uma boa oportunidade de investir nos municípios distantes da capital. Sendo assim, os negócios ganham cada vez mais impulsão no viés econômico e turístico. Historicamente, Petrolina já vem se destacando nesse cenário, pois foi a primeira cidade do interior a ganhar um shopping center, o River Shopping, além do investimento que faz em irrigação pela proximidade geográfica do Velho Chico. “As cidades do interior cresceram muito como centro de
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distribuição. Outro diferencial de Petrolina é a produção agrícola, independentemente da seca que afeta o Sertão nordestino. A cidade faz uso do rio voltado para a questão econômica”, diz Kehrle. De forma acelerada, o município investe em infraestrutura para oferecer aos turistas e moradores mais entretenimento e opções de lazer, o que antes só era possível para os habitantes das capitais do país. Essa impulsão no crescimento das cidades do interior é explicada por meio dos números. Segundo dados da Associação das Empresas de Shopping Centers (Abrasce), até o fim de 2013 51% dos shoppings do país estarão localizados no interior
Os investimentos em turismo não param de chegar a Petrolina, e o Senac é uma das empresas que veem um promissor potencial de crescimento na região. Em breve a população vai ganhar o Centro de Enogastronomia e Turismo, o primeiro no segmento a ser implantado em Pernambuco. O projeto ganha força na vocação turística que o município possui para fazer negócio e para lazer. Ao potencializar a própria gastronomia do local e a produção de vinhos, o empreendimento vai possibilitar a abertura de novas perspectivas, do ponto de vista da qualificação profissional e até mesmo de visitação. “Os eixos que o Senac vai seguir com a implantação do centro são hospitalidade e turismo. Por enquanto não temos previsão da data de inauguração porque estamos no processo de compra dos equipamentos e mobília”, informa Goretti Gomes, diretora de operações do Senac. O investimento foi de 2,4 milhões de reais, custeados pelo Senac Nacional. A unidade vai ampliar a capacidade de atendimento do Senac Petrolina, passando de 2,2 mil para 4,5 mil pessoas ao ano. Num espaço de 1,5 mil metros quadrados funcionarão um auditório com capacidade para 250 lugares, uma cozinha didática, uma lanchonete, um laboratório de enologia e cinco salas de aula. Todos os ambientes foram construídos respeitando as normas de acessibilidade.
Serão oferecidos vários cursos para a população local e das cidades circunvizinhas que tiverem o interesse em capacitação profissional. “O centro foi pensado analisando a região e considerando o arranjo produtivo no local, com o objetivo de acompanhar, principalmente, o crescimento que o Estado vive hoje. Então qualificar esses profissionais para o mercado de trabalho é o caminho para fortalecer ainda mais a economia da região”, finaliza Goretti. Técnico em hospitalidade, técnico em guia de turismo, sommelier (especialista em vinhos), curso para garçom, atendente de lanchonete e cozinheiro são os cursos de qualificação que o centro vai disponibilizar. A área da construção civil pega carona no desenvolvimento da região. Atualmente há um shopping e hoteis em construção. São obras que causam um impacto positivo na economia da região. Outro empreendimento que já está em andamento é o Petrolina Park Shopping. Com previsão para ser inaugurado no primeiro trimestre de 2015, o centro comercial trará uma nova safra de negócios para a região do Vale do São Francisco e terá ainda um moderno hotel integrado. Um diferencial de negócios, como explica o gerente executivo do Petrolina Park Shopping, Leonardo Pifano: “Será um hotel com 140 apartamentos integrado ao shopping, o que gera
impacto positivo. Petrolina nos últimos cinco anos vem crescendo muito e esses empreendimentos juntos se tornam fomentadores para a economia da região não só pela questão da tributação, mas também pelos empregos diretos e indiretos gerados”.
inaugurado, novas oportunidades serão abertas para o mercado. “Vamos gerar em torno de 5 a 6 mil empregos depois de concluir a obra, priorizamos a mão de obra local para ajudar ainda mais no desenvolvimento econômico da região”, conta.
O projeto nasceu de uma pesquisa de mercado feita em 2010, que revelou o grande potencial na região do São Francisco. A população estimada em torno não só de Petrolina, mas também de Juazeiro e das demais cidades vizinhas é de 1 milhão de habitantes. E com isso o município mostrou, segundo Leonardo, ter demanda suficiente para receber uma construção desse porte. Mais de 1.500 empregos estão sendo gerados no processo de construção e instalação do shopping. E, depois de
O investimento em grandes obras de cunho econômico e turístico é reflexo do avanço de Petrolina e região há muitos anos. O local já ganhou porte de cidade grande não só por causa do potencial do rio São Francisco como atração turística, mas também pela chegada do aeroporto e de grandes empresas para aumentar o investimento na área. “Esse cenário se reflete de forma muito positiva para a economia do Estado, pois gera renda e impostos”, finaliza Kehrle.
Foto: Jornal Gazzeta Petrolina
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O impacto das grandes promoções de varejo na economia Por Bruna Oliveira
Como o investimento em comunicação faz as grandes redes de varejo crescerem
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estabilidade econômica obtida pela implantação do Plano Real deu poder de compra à população brasileira e deixou o consumidor mais experiente e crítico. E, diante desse panorama, as empresas de varejo recorrem à comunicação para atingir esse público, que se tornou mais exigente com o passar dos anos. Comerciais em televisão, anúncios em jornal ou propaganda em outdoors são
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alguns elementos utilizados pelas empresas para levar ao consumidor o conhecimento acerca do produto que querem vender. E, para chamar ainda mais a atenção do alvo, surgem as grandes promoções. Elas funcionam como verdadeira injeção de ânimo na economia. As grandes redes de varejo do Brasil investem em promoções atrativas para ganhar o público consumidor. “Muitas vezes as promoções das
No desenvolvimento da estratégia de mercado, o Magazine Luiza adotou uma tática chamada por eles de 360º. Ao aplicar o conceito em todos os pontos de contato com o cliente, a empresa faz um giro desde a comunicação para o público interno até o consumidor final. “Estamos conseguindo resultados muito positivos para a marca com essa estratégia, como ficar entre as dez marcas mais valiosas do varejo segundo o relatório anual Best Retail Brands 2013 da consultoria internacional de branding Interbrand”, finalizou.
redes são financiadas pela própria indústria. É o que chamamos de propaganda cooperativa”, explica o consultor em gestão e varejo Bento de Albuquerque. Desse conceito nasceu o trade marketing, estratégia que mostra o esforço do fabricante em apoiar as redes no desenvolvimento do espaço no mercado. “A rede negocia a compra com a indústria pensando nos produtos que vai vender, nos preços a serem praticados em cada praça, nos pontos onde serão oferecidas as promoções e nas pessoas que vão apoiar na venda”, complementa. A Casas Bahia está no mercado há cerca de 60 anos e representam, segundo Bento de Albuquerque, um caso emblemático no mercado varejista: “Eles negociam as propagandas em horário nacional, mostram as promoções e produtos em lugares onde não têm loja física. Essa é uma estratégia que fortalece a marca”. O principal canal de interação da Casas Bahia com os clientes é a comunicação, seja TV, jornais, rádio ou internet. “A empresa realiza periodicamente pesquisas, estudos, benchmarking, análise de dados estatísticos e transformam esses dados em conhecimento para o relacionamento com os clientes”, destaca a assessoria de imprensa da Casas Bahia. A rede conta com mais de 500 filiais em todo o país e realiza treinamentos com os colaboradores para melhorar os índices de venda. Os treinamentos incluem técnicas gerais de vendas e especificamente sobre determinada linha ou produto, para que o cliente tenha de fato uma informação de qualidade no momento da escolha.
“Muitas vezes as promoções das redes são financiadas pela própria indústria. É o que chamamos de propaganda cooperativa” Bento de Albuquerque
Uma concorrente no mercado de varejo é a rede Magazine Luiza. O investimento em comunicação também é considerado primordial para o diretor-superintendente Marcelo Silva: “Nossa estratégia de comunicação é ancorada na diferenciação atrelada a uma política comercial atrativa. Para dar visibilidade à marca, nos apropriamos de hits ou personalidades que estão em evidência no momento para o target com o intuito de gerar recall para as campanhas e sair do lugar-comum do varejo”.
Outra estratégia adotada pelas redes de varejo foi gerada por influência dos Estados Unidos: a black friday. Desde a década de 60, o dia seguinte ao feriado de Ação de Graças deu ao país uma composição diferente. Milhares de pessoas em lojas enfrentando filas quilométricas para usufruir dos descontos, uma completa reviravolta na rotina dos consumidores. E para comprar um produto que, muitas vezes, nem precisam. A data também coincide com o início das compras de Natal, tradicionalmente a melhor época do ano para os varejistas. Esse fenômeno do varejo norteamericano chegou ao Brasil em 2010 e foi adotado somente para compras pela internet. Entretanto, nas lojas físicas a disputa por desconto é mais acirrada. Nem sempre vale a lei de quem fala mais alto, e sim de quem chega mais rápido ao produto.
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ENTREVISTA| ANTÔNIO PESSOA Economista
Culturalmente as pessoas sempre procuram preços mais baixos nas prateleiras de um supermercado ou de uma loja de eletrodomésticos. É normal querer pagar menos por um produto e ainda garantir a qualidade dele. Esses comportamentos cada vez mais consumistas são estimulados pela variedade de promoções que invadem as telas de televisão e as páginas dos jornais todos os dias. Como dizem no popular: “É cada um querendo vender seu peixe”. As chamadas nos comerciais são convidativas: “Corra que é só amanhã”, “Não perca”. Os lojistas oferecem muitas vantagens e, na maioria das vezes, conseguem alcançar o objetivo de atrair o cliente para a compra. Mas é importante ficar de olho nas facilidades que as promoções prometem, pois nem sempre elas trazem boas consequências. O economista Antônio Pessoa concedeu uma entrevista à Revista Informe Fecomércio-PE e esclareceu algumas dúvidas acerca dos efeitos das promoções na economia e no dia a dia de cada consumidor.
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André Marinho /Thiago Maranhão
Informe Fecomércio: Atualmente as grandes redes investem em muitas promoções para atrair os clientes. Como essa estratégia influencia na economia? Antônio Pessoa: A grande questão nas redes varejistas é o investimento em propaganda para atingir os públicos de todas as classes sociais. E isso estimula a economia porque, principalmente, as pessoas de baixa renda adquirem poder de compra. Normalmente esse público não pode pagar o valor à vista ou dividido em poucas parcelas. Então as facilidades de pagamento oferecidas pelas redes contribuem para o crescimento econômico. Afinal, boa parte da economia do país é ativada pelo consumo. Essa estratégia de venda aumenta, de fato, o lucro da empresa? A estratégia aumenta, sim, o lucro da empresa. Principalmente porque nas lojas o estoque acaba girando mais rápido. Sendo assim, a empresa pode mostrar os novos produtos e expor para venda. Essa estratégia ajuda também a própria indústria, pois, à medida que o estoque nas lojas é vendido, os fornecedores apresentam nova linha de produtos. E recomeça o ciclo de mercado. Alguns preços baixos são enganosos? Hoje em dia o problema pode não ser o preço pago na hora, mas sim o custo que você terá depois. Por exemplo, uma linha telefônica tem um custo muito baixo, o que vai sair caro é a conta do telefone, levando em consideração o número de ligações que você fizer. A promoção “leve 2, pague 1” é vantajosa para o consumidor? Esse tipo de promoção pode ser vantajoso se o consumidor realmente precisar do produto em destaque. Ele tem que observar se o preço que está na prateleira corresponde ao item em exposição. Para que essa promoção não seja desvantagem para o comprador, a dica é levar em conta a necessidade de ter o produto. Não adianta comprar por comprar só porque está mais barato. Quais são as épocas mais propícias para as promoções? A sazonalidade das promoções é mais forte no Dia das Mães e no fim do ano, porém é preciso ter atenção nessas épocas, pois geralmente dizem que há mais desconto quando na verdade menos se tem. Os lojistas sabem que as pessoas vão comprar os produtos para presentear e nem sempre dão os descontos na compra. Quais os cuidados que o consumidor, atraído pelas promoções, deve ter antes de efetuar a compra? O consumidor precisa analisar se necessita do produto e se tem condições de pagar, se o valor se encaixa no orçamento dele. Cada um tem que equilibrar as compras de acordo com o padrão de vida que leva. Tem que se preocupar com a educação financeira para não gastar mais do que pode e depois ter dificuldade para pagar.
Rua Dr. Manoel Borba, 68, Centro, Garanhuns, Pernambuco, CEP: 55.295-020 Tel./Fax: (81) 3761.0148 scvgaranhuns@yahoo.com.br InformeE-mail: Fecomércio-PE | MAR/ABR 2013 | 41
Foto: Giovanni
Projeto desvenda sabores de Pernambuco
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ovimentar o turismo e a economia local por meio da identidade gastronômica, atingindo toda a cadeia produtiva que está por trás desses segmentos. É com esse propósito que o Senac, o Sebrae e a revista Prazeres da Mesa promovem o projeto Na Estrada: Sabores de Pernambuco. Gravatá, Caruaru, Bezerros, Triunfo, Serra Talhada, Salgueiro, Paulista, Igarassu, Itapissuma, Goiana e Petrolina são algumas das cidades que já foram contempladas pelo projeto. Até o fim de maio, as cidades inseridas no Litoral Sul do Estado estão entre as próximas beneficiadas.
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Ao chegar a cada cidade ou região do Estado, o Na Estrada tem como primeira ação desenvolver uma pesquisa, realizada pela Faculdade Senac, para mapear os principais ingredientes e os modos e maneiras da culinária. “Isso é necessário para identificar os atores importantes na gastronomia de cada local”, explica a coordenadora do curso superior de tecnologia em gastronomia, Sandra Marinho. Com base nas informações encontradas, são oferecidos cursos de capacitação para colaboradores de bares e restaurantes (garçons, cozinheiros e gestores) que criam pratos exclusivos para o Festival Gastronômico, com duração
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aproximada de um mês. E, para fomentar a cadeia produtiva local, é realizada a Feira da Gastronomia Regional. Já foram capacitados cerca de 400 funcionários dos estabelecimentos das cidades que receberam o projeto. Além disso, durante as edições que já se passaram, foram articuladas visitas dos chefs de cozinha e de jornalistas aos produtores locais. Para a consultora técnica em gastronomia e hospitalidade do Senac Pernambuco, Isabele Almeida, isso faz com que o Senac esteja buscando a valorização da cadeia produtiva. “Trouxemos mais de 50
produtores locais para expor seus produtos na Feira da Gastronomia. No final, o recado é dado: os restaurantes e os chefs de cozinha descobrem que podem utilizar as riquezas e os ingredientes de cada região”, diz Isabele. Isabele comenta também que, aonde o Na Estrada vai, percebe-se que Pernambuco é um dos Estados que se destacam pela riqueza e diversidade de ingredientes que fazem parte da nossa cultura produtiva e alimentar. “Por isso, estamos realizando ações que seguem uma tendência mundial, que é trazer o campo e o produtor local para dentro dos restaurantes”, afirma.
Foto: Acervo Sebrae / Flávio Costa
O projeto Na Estrada: Sabores de Pernambuco já passou pelo Agreste (Gravatá, Caruaru e Bezerros), Sertão (Triunfo, Serra Talhada e Salgueiro), Mata Norte (Goiana, Paulista, Abreu e Lima, Igarassu e Itapissuma) e Sertão do São Francisco (Petrolina). As próximas edições serão na Mata Sul (Tamandaré) e novamente no Agreste (Garanhuns).
“Trouxemos mais de 50 produtores locais para expor seus produtos na Feira da Gastronomia. No final, o recado é dado: os restaurantes e os chefs de cozinha descobrem que podem utilizar as riquezas e os ingredientes de cada região” Isabele Almeida
Pesquisa mapeia ingredientes mais usados A pesquisa feita pela Faculdade Senac para o Na Estrada foi coordenada pela professora Fabiana Sales e executada pela professora Ladjane Milfont Rameh com o apoio das alunas bolsistas Lia de Carvalho Pavão e Maeva de Andrade Nunes. A pesquisa foi um estudo exploratório qualitativo com o objetivo de identificar a identidade gastronômico-cultural de Pernambuco através da
realização de um mapeamento dos principais produtos e preparações gastronômicas das localidades. “Confirmamos alguns dados, mas também encontramos elementos interessantes. Em Petrolina, por exemplo, apesar da força da carne de bode, principalmente por causa do bodódromo, a carne de carneiro, por ser mais macia, também é bastante consumida”, conta Fabiana Sales. No Litoral e Mata Norte, a pesquisa apontou a caldeirada como prato presente na maioria dos estabelecimentos. No Litoral Sul, mais especificamente em Tamandaré, a peixada lidera. De acordo com Fabiana Sales, outro dado importante encontrado pela pesquisa foi a onipresença da macaxeira. “Do Sertão ao Litoral, a macaxeira pode ser degustada em variadas formas, sozinha ou acompanhada. Encontramos sempre bolo de macaxeira ou macaxeira com carne de sol, ou ainda o petisco feito com o ingrediente”, comenta.
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Mitos curiosos de cada local A pesquisa também buscou levantar algumas curiosidades relacionadas ao universo da gastronomia – mitos, lendas e crenças que habitam o imaginário popular associado às práticas alimentares. “Algumas crenças têm resposta científica. Um exemplo é o cuidado que se deve ter com o baiacu, que possui uma substância que, se misturada com a carne do peixe, deixa o preparo inapropriado para consumo”, explica Fabiana Sales. De acordo com a coordenadora, existem alguns mitos que fazem parte da cultura e não têm comprovação científica, como o temor de comer buchada de bode e tomar banho em seguida. Outro item que pode ser considerado apenas uma crendice é a mistura da manga com leite. Confira alguns mitos de cada local identificados pela equipe da Faculdade Senac.
Petrolina
Triunfo
• Os peixes surubim e pintado (mesmo se tratando de carne branca) são comidas “pesadas”.
• Não se deve comer jaca e beber água ao mesmo tempo.
• As mulheres devem evitar comer peixe de couro, curimatã e camarão quando estão menstruadas. Pessoas de ambos os sexos devem evitar esses alimentos durante período pós-operatório.
• Não se deve comer melancia ou jaca à noite.
• A mistura de manga com leite pode provocar a morte, assim como a mistura de buchada com manga ou leite. • Tomar bebida quente, como café, e misturar com água gelada provoca choque térmico e descontrole no organismo do indivíduo. • Misturar melancia com leite leva ao óbito, assim como a mistura da fruta com ovos provoca mal-estar. • Buchada de bode é um prato muito forte. Não se pode fazer atividade física, dormir ou tomar banho depois de comer, pois a preparação pode provocar uma congestão capaz de levar o indivíduo ao óbito.
• Não se deve misturar manga com leite.
• Não se deve misturar laranja com leite. • Não se pode comer buchada ou “prato” quente e tomar banho em seguida. • Não se pode comer melancia e tomar café. • Jaca e pinha não devem ser consumidas por mulheres em seu primeiro ciclo menstrual. Litoral Norte e Mata Norte Abacaxi • Não pode ser comido antes de dormir. • Misturado com leite, abacaxi faz mal. • Não deve ser misturado com bananaanã. • Comer quente faz mal. • Não deve ser ingerido por mulher durante o período menstrual. • Não deve ser ingeridoi à noite. Manga • Não pode ser misturada com leite. • Não pode ser misturada com jaca. • Não pode ser misturada com banana. • Não pode ser misturada com manga. Baiacu • Peixe saboroso e popular que, se não for bem tratado e o seu fel entrar em contato com a carne, pode levar ao óbito quando ingerido. • Os moradores da região só comem baiacu se conhecerem a pessoa que tratou o peixe.
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Foto: Pontes Hotéis & Resorts / Divulgação
Grandes redes de hoteis
invadem Pernambuco
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mercado do turismo vem crescendo em todo o país e o Nordeste continua sendo um dos destinos mais procurados pelos turistas. Segundo a pesquisa de sondagem do consumidor Intenção de Viagem, do Ministério do Turismo, realizada em janeiro deste ano com 2 mil residentes de sete capitais, no universo dos que pretendem viajar, 68,7% apontaram como destino cidades brasileiras. O levantamento mostra ainda que os Estados da Região Nordeste continuam sendo os preferidos, com 49% das indicações. Dentro desse cenário, Pernambuco tem retomado a sua rota de crescimento, e um dos fatores que atestam esse crescimento é a chegada das grandes redes hoteleiras ao Estado, como Accor com o Ibis, Sheraton, Four Seasons e Marriott.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hoteis (ABIHPE), Eduardo Cavalcanti, esse crescimento tem ligação com o fortalecimento da economia e com os grandes eventos que vão ocorrer em Pernambuco (Copa das Confederações, este ano, e Copa do Mundo, em 2014). “A hotelaria de Pernambuco está em um processo de crescimento e de atualização dos seus equipamentos. Vários hoteis já concluíram seus retrofits e outros concluirão até 2014”, explica Eduardo. Segundo a ABIH, o Estado tem um número de leitos suficiente para atender à demanda, algo em torno de 68.289, e até 2014 esse número deve chegar próximo dos 81.500 leitos. “Para se ter uma ideia, em um raio de 130
km no Recife, são 47.442 leitos, e até 2014 teremos 60.492 leitos”, completa Eduardo. Mas ele adverte que a especulação em torno do megaevento traz ao mercado atores de outros segmentos que, conscientemente ou não, passam a atuar, contribuindo para quebrar a sustentabilidade do crescimento do setor. “Essa situação já começa a preocupar não só no nosso Estado, mas também em vários outros, principalmente nas cidades-sede da Copa do Mundo”, finaliza. Recentemente a rede Marriott International anunciou que vai operar seu primeiro hotel da bandeira Courtyard by Marriott no Recife. Construído em parceria com a empresa pernambucana Rio Ave, o empreendimento terá 162 quartos, em uma área superior a 8.800,00 m2, gerando Informe Fecomércio-PE | MAR/ABR 2013
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Foto: Pontes Hotéis & Resorts / Divulgação
“Este hotel é prova dos planos agressivos da Marriott International no Brasil”, disse Laurent de Kousemaeker, diretor de desenvolvimento da Marriott International no Caribe e na América Latina. “Nos últimos anos, o Nordeste do Brasil tornouse uma região de economia forte. Hoje é a região que mais cresce no
Foto: Pontes Hotéis & Resorts / Divulgação
80 empregos diretos na obra e um investimento de aproximadamente R$ 65 milhões. O hotel deve ficar pronto no próximo ano. “Com este projeto, estamos trazendo mais quartos de hotel para o mercado brasileiro e em cidades vibrantes e modernas como o Recife. Temos um posicionamento forte da marca na América Latina. Estamos confiantes de que o Courtyard by Marriott no Recife terá muito sucesso”, afirmou Craig S. Smith, presidente do Caribe e da América Latina da Marriott International. A Marriott é uma empresa líder no setor de hotelaria com mais de 3.700 propriedades em 74 países e territórios e receitas de mais de US$ 12 bilhões no ano fiscal de 2011.
país e nós estamos extremamente orgulhosos por fazer parte desse crescimento e de ter a empresa Rio Ave como sócia no mercado brasileiro”, complementou o executivo.
Leitos têm que crescer de forma ordenada Para a Associação Brasileira da Indústria de Hoteis de Pernambuco (ABIH-PE), o surgimento de flats na forma que ocorre hoje em
Pernambuco remete a São Paulo, onde o descontrole e a falta de planejamento das autoridades fizeram surgir um número de quartos muito maior que a demanda. “Com isso, provocou-se uma grande queda na ocupação, na rentabilidade e na qualidade dos produtos ofertados. Tal cenário refletiu na paralisação do surgimento de novos equipamentos hoteleiros por vários anos”, lembra Eduardo Cavalcanti, presidente da ABIH. Segundo Cavalcanti, ao perceber a situação da capital paulista, o Rio de Janeiro tomou algumas medidas para que a hotelaria tradicional continuasse crescendo. Novos empreendimentos continuaram a surgir, houve o retrofit dos antigos e hoje a cidade colhe os frutos de uma hotelaria sustentável e de qualidade. No Recife e em outras cidades pernambucanas, corre-
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se o risco de repetir a experiência malsucedida caso não sejam tomadas providências. Não há entre os lançamentos de empreendimentos relação com o mercado, ocasionando um risco aos “compradores” que acreditam em “promessas de altas rentabilidades eternas”. Diferentemente do empresário da hotelaria tradicional, o empreendedor de flats só aparece no lançamento do produto e desaparece com a venda das unidades. Deixa para o condomínio e para o operador as consequências futuras. Já o hoteleiro tradicional investe pensando no futuro, no crescimento natural dos negócios do destino, nos diversos segmentos de mercado, na qualidade do produto e na permanente atualização do hotel, pois a ele pertence todo o empreendimento.
ENTREVISTA | EDUARDO CAVALCANTI Presidente da Abih-PE
Informe Fecomércio: Como está o cenário da hotelaria hoje no Nordeste? Como Pernambuco se insere neste contexto? Eduardo Cavalcanti: A hotelaria de Pernambuco está em um processo de crescimento e de atualização dos seus equipamentos. Vários hoteis já concluíram seus retrofits e outros concluirão até 2014. Quais são as principais redes que estão chegando ao nosso Estado? Estão chegando a Pernambuco a Accor com o Ibis, Sheraton, Four Seasons e Marriott. As antigas (já instaladas no Estado) estão ampliando suas atividades? Sim. O Sheraton, por exemplo, está retornando ao Estado e a Accor está incluindo o Ibis. A que se deve a entrada desses novos grupos hoteleiros em Pernambuco? Ao desenvolvimento e ao crescimento de Pernambuco dentro do cenário nacional e da Região Nordeste.
Foto: Pontes Hotéis & Resorts / Divulgação
O que fazer para consolidar ainda mais a nossa rede hoteleira? O que se espera da hotelaria é o crescimento sustentável, a partir da renovação da infraestrutura dos atuais meios de hospedagem, como também da melhoria contínua na qualidade do serviço oferecido. Há um receio entre o empresariado local de evitar a repetição no Recife, como cidade-sede da Copa das Confederações e da Copa do Mundo, da experiência malsucedida que ocorreu em países onde a Copa do Mundo Fifa aconteceu e deixou um rastro de hoteis e outros equipamentos fechados, a exemplo da África do Sul.
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OPINIÃO | ALESSANDRO RODRIGUES
Ouvidor do Senac-PE alessandro@pe.senac.br
Canal aberto
O
uvir para não se arrepender. Esse é o lema atual das corporações e do poder público. Penso que aprenderam com as mães, num refrão que se fez popular: “Quem não ouve conselho de mãe, mais cedo ou mais tarde, se arrepende”. Muitos dizem que saber ouvir é uma arte, um dom, uma satisfação, mas pode ser também uma vantagem, uma necessidade ou obrigatoriedade, como também uma ferramenta em prol da atividade, e a sua utilização ou não poderá constituir a diferença entre o sucesso e o fracasso. Não é de hoje que a opinião pública tem um peso muito importante para empresas e entes públicos. Isso é cristalino quando a notícia é veiculada em rede nacional, como no caso de produto fora dos padrões de qualidade, de crimes com requintes de crueldade, exposição de fotos ou fatos de foro íntimo na internet, atentados terroristas e mensalão. Notícias que despertam a consternação, a indignação ou o envolvimento da população, que reverbera a notícia e, quase sempre, retira da inércia os gestores, que terminam adotando medidas extraordinárias visando proteger ou prevenir análogas ocorrências futuras. Ao longo do tempo, as empresas vêm percebendo que a voz do cliente e de seus funcionários pode colaborar e muito para o seu desenvolvimento e perenidade, melhorando a sua imagem corporativa, como
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também aumentando a sinergia em seu ambiente de trabalho, refletindo diretamente na relação comercial, na produção e nos lucros. Principalmente nos tempos atuais, em que as redes sociais têm o poder de disseminar uma notícia, comentário ou um mero boato numa vertiginosa velocidade, com prejuízos algumas vezes irrecuperáveis para a imagem da empresa ou do produto. Com o objetivo de fidelizar o cliente e melhorar o ambiente de trabalho, as empresas vêm implantando cada vez mais suas ouvidorias, utilizando os diversos canais de comunicação que coloca à disposição de seus clientes ou usuários. Conhecendo os seus pontos fracos e fortes através das manifestações externas e internas, poderá apurar com discrição e imparcialidade às denúncias e reclamações, apreciar críticas, sugestões e elogios, mediar conflitos e responder com a necessária brevidade às comunicações daqueles que procuraram o seu auxílio, com ações focadas no coletivo, como fruto e consequência da análise da miscelânea de informações que lhes são disponibilizadas. A figura do ouvidor no setor público é conhecida desde o Império, quando o rei de Portugal, em 1538, nomeou o primeiro ouvidor, Antônio de Oliveira, para relatar os fatos ocorridos no Brasil colônia. Naquela época, a função do ouvidor era completamente inversa ao modelo criado em 1809 na Suécia e que é atualmente aplicado em todo o mundo. Devido
a essa herança, o “ombudsman” ou ouvidor é erroneamente visto como uma espécie de “dedo-duro” nas empresas ou órgãos públicos. Mas é completamente diverso o sentido. A ouvidoria é a voz da cidadania carreada para dentro das empresas e dos órgãos públicos, buscando de forma autônoma alinhar os atos da gestão em conformidade com as normas éticas e jurídicas, resguardando a transparência e a harmonia das relações em geral, assegurando os princípios fundamentais de direito do cidadão e a obediência aos preceitos normativos. Atualmente as ouvidorias mais conhecidas pelo público são as implantadas nas instituições financeiras e nas administrações dos governos, como é o caso da Ouvidoria-Geral da União, da Ouvidoria-Geral da Previdência Social, da Ouvidoria-Geral do Ministério da Fazenda, da Ouvidoria-Geral do Estado de Pernambuco e da Ouvidoria da Secretaria da Fazenda do Estado de Pernambuco. As instituições financeiras foram obrigadas a instituir as ouvidorias por força da Resolução nº. 3849/2010 do Bacen, e, mais recentemente, a Resolução do Conselho Nacional de Seguros Privados – CNSP nº. 279/2013 e a Resolução Normativa da Agência Nacional de Saúde – ANS nº. 323/2013 determinaram que as seguradoras, entidades de previdência privada, sociedades de capitalização e operadoras de planos de saúde deverão implantar as suas ouvidorias com regras e procedimentos próprios com a finalidade de aprimorar o atendimento ao consumidor e os processos de trabalho. É importante destacar que a ouvidoria não tem a mesma função dos denominados “teleatendimentos”, Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) ou Centro de Atendimento ao Contribuinte (CAC). Estes são postos à disposição dos consumidores e contribuintes com o objetivo de atender demandas individuais e rotineiras, sem o foco no coletivo e sem atu-
ação estratégica. Algumas ouvidorias apenas atendem demandas protocoladas e não resolvidas por aqueles canais, um procedimento com o qual, particularmente, não comungo, já que diminui o brilho e a importância do instrumento ouvidoria. Entendo que as ouvidorias devem recepcionar qualquer manifestação do cidadão que lhe seja dirigida, inclusive as sigilosas. Após análise da questão, deverá adotar as providências necessárias, mantendo o demandante informado do encaminhamento dado ao setor competente. O ouvidor da administração pública deve estar apto e acessível para receber as manifestações dos administrados e servidores, mediar conflitos existentes, apurar e responder com autonomia, isenção, sigilo, rapidez, precisão, objetividade, segurança jurídica e simplicidade da linguagem, buscando a solução definitiva de qualquer necessidade do cidadão ou entidade perante o órgão público, observando as normais legais e os procedimentos normativos vigentes e norteando a administração com relatórios e recomendações de decisões. Cada vez mais os entes públicos municipais, estaduais e federais vêm implantando ouvidorias para atender às necessidades dos cidadãos, contribuintes e servidores, averiguar as críticas sobre a gestão, resolver conflitos, analisar sugestões, como também receber elogios. Além de ser o ponto de partida para a resolução de conflitos, tais mecanismos permitem ao gestor tomar conhecimento formal de fatos ocorridos e, baseado nos dados fornecidos pela ouvidoria, promover os ajustes necessários através de atos públicos, em conformidade com as normas legais, a ética e as expectativas da cidadania. Em suma, a ouvidoria é uma ferramenta de gestão participativa tanto pública quanto privada, com foco na coletividade, vinculada ao seu ambiente e que atua como instrumento favorável ao exercício da cidadania.
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Até que ponto ele é influenciado pelas propagandas?
ENTREVISTA |Antônio Lavareda Sociólogo e cientista político
Dentro do campo da neurociência, a chamada neuroeconomia tem sido apontada como auxiliar para ampliar a ação de campanhas publicitárias e aumentar a eficiência de estratégias de vendas e de gestão. Mas, por outro lado, a abrangência dos estudos traz à tona a discussão sobre os limites éticos da neurociência aplicada ao ambiente corporativo. A Revista Informe Fecomércio-PE conversou com o sociólogo e cientista político Antônio Lavareda sobre o tema.
INFORME FECOMÉRCIO-PE: De que forma a neurociência pode ajudar o comércio a impulsionar as vendas? Qual o embate ético com o marketing? Antônio Lavareda: Conhecendo e investigando as respostas emocionais e inconscientes do consumidor. O desenvolvimento da neurociência a partir do final dos anos 90, ganhando impulso no século XXI, produziu grande número de estudos que contribuíram para o avanço do conhecimento em diversas áreas, emprestando base ao neuromarketing, entre outras. Esses estudos evidenciam a relevância das emoções e do inconsciente para a tomada de decisão e a preferência por marcas. Lembrar que o cérebro registra um estímulo no tempo de zero a 250 milissegundos, após o que processa cognitivamente o input (de 250 a 500 milissegundos), para somente depois de 500 milissegundos expressar reações através da fala ou de outros movimentos. Assim, com o avanço da neurociência e a aplicação de seus conceitos e ferramentas no marketing, já é possível obter informações sobre o que ocorre no
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cérebro do consumidor antes do que é dito ou pensado. Acrescente-se a mudança de paradigma do antigo modelo explicativo do comportamento “atenção-interessedesejo-ação” (Aida) para um percurso feel-think-do ou mesmo feel-dothink. Como se vê, para qualificar as estratégias de venda, é fundamental conhecer melhor o consumidor, em seus aspectos cognitivos e emocionais, diante de estímulos de comunicação, de produtos e marcas, de embalagens, seu comportamento nos pontos de venda, suas reações a estímulos sensoriais. Trazendo da política para o comércio, o que influencia mais o consumidor na hora da compra? Não é possível identificar um fator, até porque isso depende do produto, da relação estabelecida com a marca, da experiência vivenciada nos pontos de venda, do impacto da comunicação, da interação nas redes sociais, entre outros. Portanto, há um conjunto de fatores correlacionados, que podem assumir importância diferente dependendo da situação.
A propaganda é um desses fatores e certamente tem um peso relevante para a ampliação do conhecimento do produto, para a construção da imagem da marca, para a divulgação de promoções, para a consolidação de conceitos, etc. A cada dia, a publicidade cria novas estratégias de se comunicar e se relacionar com o consumidor, dentro e fora dos pontos de venda; além da internet e das redes sociais, que não podem mais ser deixadas de lado no planejamento das ações de marketing. Mas a avaliação das peças de propaganda não pode mais ser realizada apenas com as técnicas do século XX. Há estudos que mostram que a análise das ondas cerebrais reconhece os chamados códigos neurais da preferência, o que facilita a identificação e a fabricação de produtos para determinados públicos-alvo. O senhor acredita que eles estão sendo usados pelo mercado? Os recursos da neuromarketing já estão sendo usados no mercado; há algum tempo no exterior e mais recentemente no Brasil. Eu e minha equipe, por exemplo, disponibilizamos todo o suporte técnicocientífico para a criação do Laboratório de Neuromarketing da FGV, em São Paulo, e inauguramos em 2011 o NeuroLab Brasil – Laboratório de Neurociência Aplicada, com sede no Recife e sob o comando de uma renomada neurocientista, dra. Sílvia Laurentino. O NeuroLab disponibiliza tecnologia (EEG, ressonância magnética, eye tracker, facial expression recognition, skin conductance, frequência cardíaca e respiratória, eletrocardiografia) e knowhow em neuromarketing para o mercado e desenvolve experimentos em neurociência cognitivo-comportamental.
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