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PANORAMA
Trabalho Final de Graduação | Fernanda Ferreira Barreto
Universidade Presbiteriana Mackenzie Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Trabalho Final de Graduação Discente Fernanda Ferreira Barreto Docente Profª. Drª. Maria Pronin SÃO PAULO, 2019
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Meus sinceros agradecimentos aos meus pais, que me proporcionaram o privilégio de poder estar aqui hoje, sempre me colocando como prioridade em suas vidas. À minha irmã Ana Luiza, minha fã número um, que sempre me apoiou e acreditou em mim e no meu potencial muito mais do que eu mesma. Ao meu namorado Pedro Henrique Godoy, sempre ao me lado me incentivando e mostrando que eu sou capaz de mais. Ao meu avô Milton Braga Ferreira, e minha prima Vanessa Salzeda, que participaram ativamente do projeto como minha conexão São Paulo - Niterói, com disponibilidade e boa vontade infinita. Aos meus amigos e colegas Gabriela Queiroz, Natalia Isamu, Beatriz Caetano, Isabela Cassiano, Julia Casadei, Verônica Kim, Gabriela Pitta, Lucas Donnangelo, Mariana Rangel, Giovana Viotti, Victória Casagrande e Maressa Burger, que estiveram ao meu lado ao longo dessa louca e intensa jornada que foi a faculdade de arquitetura e urbanismo. Hoje tenho o orgulho de dizer que vocês não são apenas meus colegas de profissão, mas sim aqueles que me tornaram a arquiteta que sou hoje, com toda a parceria e amizade que tivemos ao longo dos últimos anos. E por último, a todos os professores e arquitetos que me agregaram profissional e pessoalmente de maneira que jamais poderei compensar. Sou eternamente grata a vocês.
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RESUMO O projeto trata-se de uma intervenção arquitetônica na cidade de Niterói, com o desenvolvimento de um complexo hoteleiro de caráter turístico de lazer e negócios, a partir de uma intervenção na pré existência do Hotel Panorama no Morro da Viração. A área de intervenção compreende um terreno particular que situa-se envolto à uma área de preservação integral, privilegiado pelo destaque topográfico e pela vista, em especial da Baía da Guanabara e do Rio de Janeiro. O projeto tem como objetivo a formação de um novo polo turístico e ecológico na cidade, afim de promover a economia hoteleira que encarece em Niterói. Palavras-chave: turismo, hotel, Niterói
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SUMÁRIO NTRODUÇÃO
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1. CONCEITUAÇÃO
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1.1. Hotelaria no Brasil
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1.2. Conceito de Lugar
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2. A CIDADE: NITERÓI
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2.1. Contexto Histórico
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2.2. Turismo em Niterói
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2.3. Legislação
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2.4. Parque Natural Municipal de Niterói (PARNIT)
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2.5. Hotel Panorama
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3. ESTUDOS DE CASO
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3.1. Edifício Pedregulho
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3.2. Hotel Heritance Kandalama
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4. O PROJETO
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4.1. Entorno: Situação
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4.2. Programa
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4.3. Partido Arquitetônico
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CONCLUSÃO
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REFERÊNCIAS
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IMAGENS
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Figura 01: Hotel Pharoux, 1860 - Foto de R. H. Klumb
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Figura 02: Bonde em Niteroi
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Figura 03: Barcas 1935
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Figura 04: Barcas 2019
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Figura 05: Praia de Itacoatiara
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Figura 06: Teatro Popular Oscar Niemeyer
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Figura 07: Museu de Arte Contemporânea de Niterói
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Figura 08: Cidade de Niterói
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Figura 09: Rampa de Salto de Parapente
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Figura 10: Imagem Aérea Parque da Cidade
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Figura 11: Esqueleto Hotel Panorama - Década de 1970
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Figura 12: Proposta de Projeto Para Eco Hotel - Vergara Associados
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Figura 13: Edifício Pedregulho
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Figura 14: Edifício Pedregulho - Torre A
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Figura 15: Corte Complexo Pedregulho
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Figura 16: Implantação Complexo Pedregulho
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Figura 17: Pavimentos Bloco A
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Figura 18: Tipologias Bloco A
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Figura 19: Pedregulho - Pavimento Intermediário
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Figura 20: Pedregulho - Torre A
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Figura 21: Corte Torre A
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Figura 22: Hotel Heritance Kandalama
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Figura 23: Vista Aérea Hotel Heritance Kandalama
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Figura 24: Implantação Hotel Heritance Kandalama
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Figura 25: Desenho Esquemático Hotel Heritance Kandalama
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Figura 26: Corredor Hotel Heritance Kandalama
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Figura 27: Suíte Hotel Heritance Kandalama
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Figura 28: Croqui Suíte Hotel Heritance Kandalama
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Figura 29: Corte Hotel Heritance Kandalama
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Figura 30: Implantação Hotel Panorama
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Figura 31: Plantas Edifício Panorama
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Figura 32: Ampliação Suítes
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Figura 33: Plantas Edifício Anexo
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Figura 34: Pré-Existência - Imagem Interna I
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Figura 35: Pré-Existência - Imagem Interna II
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Figura 36: Pré-Existência - Imagem Externa I
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Figura 37: Pré-Existência - Imagem Externa II
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Figura 38: Edifício Panorama - Fachada Norte
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Figura 39: Edifício Parorama - Fachada Sul
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Figura 40: Corte Edifício Anexo
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Figura 41: Estudo Solar
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Figura 42: Portas Articuladas Perfuradas Fechadas
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Figura 43: Portas Articuladas Perfutadas Abertas
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Figura 44: Dados Climatológicos Niterói
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Figura 45: Edifício Anexo - Fachada Norte
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Figura 46: Edifício Anexo - Fachada Sul
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Figura 47: Elevação Oeste
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Figura 48: Elevação Leste
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Figura 49: Corte Complexo Panorama
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Figura 50: Ampliação Edifício Anexo
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Figura 51: Complexo Hotel Panorama
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Figura 52: Suíte Hotel Panorama
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Figura 53: Recepção Hotel Panorama
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Figura 54: Auditório - Brise Fechado
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Figura 55: Auditório - Brise Aberto
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Figura 56: Foyer Centro de Conferências
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MAPAS Mapa 01: Regiões de Planejamento e Sub Regiões
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Mapa 02: Zoneamento Ambiental
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Mapa 03: Diretrizes Para o Plano Diretor - Macroáreas
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Mapa 04: Áreas de Proteção e Conservação Ambiental da Cidade de Niterói
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Mapa 05: Uso do Solo
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Mapa 06: São Francisco e Charitas
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Mapa 07: Mapa Conceitual
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INTRODUÇÃO
A cidade de Niterói, à leste do Rio de Janeiro, possui um papel fundamental para o turismo sendo a terceira cidade que mais recebe turistas em todo o Estado, perdendo apenas para a capital e para Búzios. Além da beleza natural e da vista incrível da Baía da Guanabara e da cidade do Rio de Janeiro, a Niterói tem muito a oferecer a seus turistas, com um repertório arquitetônico que ultrapassa os séculos, formando um complexo de museus, teatros, fortes, igrejas e parques, que percorrem, em sua maior parte, toda a orla da cidade. Apesar da visibilidade e do turismo ativo, a rede de hotelaria é bem restrita, atigindo 2.500 leitos hoteleiros, de acordo com a Prefeitura de Niterói, em 2015. Isso se dá pelo fato que a maioria dos turistas veem Niterói como uma extensão da cidade do Rio de Janeiro e acabam por desfrutar da cidade em visitas de um ou dois dias, se hospedando na capital. Diante deste cenário, uma edificação que obtém destaque é o Hotel Panorama. A estrutura inacabada de um hotel que teve sua obra embargada e abandonada na década de 1970 até os dias atuais. Localizado na Serra da Tiririca, em meio à Mata Atlântica e afastado da urbanização da cidade, a construção está localizada em uma área elevada e privilegiada pela vista, que abrange a beleza de Niterói, Rio de Janeiro e de toda a Baía da Guanabara, podendo ser visto da Ponte Rio-Niterói, antes mesmo de adentrar a cidade. O projeto tem como objetivo desenvolver uma nova proposta de hotel para a área, afim de gerar para a cidade a possibilidade de um novo cenário para a economia do turismo, oferecendo aos visitantes uma hospedagem versátil e de qualidade, em contato e respeito com o entorno natural do Parque Natural Municipal de Niterói.
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1. CONCEITUAÇÃO
1.1. Hotelaria no Brasil A hospedagem está presente no Brasil desde o período colonial, onde os viajantes se recolhiam em casas-grandes dos engenhos e fazendas, nos casarões das cidades, nos conventos e, principalmente, nos ranchos que existiam à beira da estrada, construídos pelos proprietários das terras, na maior parte das vezes. O local oferecia alimento e hospedaria aos viajantes. Com o passar do tempo, esses pontos de parada ao longo da estrada foram agregando outras atividades comerciais e de prestação de serviço, dando origem a povoados. (ANDRADE, 2017, p. 25-26). A partir do século XVII, começaram a surgir instalações na cidade do Rio de Janeiro com o intuito de oferecer refeições e alojamento aos interessados à preço fixo. A denominação “hotel” passou a ser utilizada a partir de 1808, quando a corte portuguesa mudou-se para o Rio de Janeiro, trazendo um grande fluxo de estrangeiros, com o intuito de exercer funções diplomáticas, científicas e comerciais, aumentando assim a demanda para a hospedagem nas casas de pensão. O hotel Pharoux era um dos estabelecimentos de maior destaque e prestígio, por sua localização estratégica junto ao cais do porto, no Largo do Paço.
Figura 01: Hotel Pharoux, 1860 - Foto de R. H. Klumb Fonte: http://roitblog.blogspot.com/2015/09/historia-do-cais-do-pharoux.html
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Foi também no século XVIII que Charles Burton fez a primeira classificação das hospedarias em São Paulo. Segue a classificação de Burton segundo DUARTE (1996, p.16 apud. VENTURA, s/d, s/p.). 1ª Categoria Simples pouso de tropeiro 2ª Categoria Telheiro coberto ou rancho ao lado das pastagens 3ª Categoria Venda, correspondente a “pulperia” dos hispano-americanos, mistura de venda e hospedaria. 4ª Categoria Estalagens ou hospedarias 5ª Categoria hotéis O Rio de Janeiro nos séculos XIX e XX foi marcado pela escassez de hotéis,enquanto o turismo começou a se firmar no país como atividade de grande importância sócio-econômica, levando o governo à criar leis de incentivo fiscais em 1904 e o Decreto nº 1.160, de 23 de dezembro de 1907, na qual isentava de quaisquer emolumentos e impostos municipais os cinco primeiros grandes hotéis que se instalassem na cidade, surgindo então no ano seguinte, o Hotel Avenida, com 220 leitos hoteleiros e tornando-se o maior hotel do Brasil. Nos anos de 1920, a capital paulista vivia uma Belle Epoque, com hotéis imponentes e palacetes, como o Hotel Terminus, na Avenida Prestes Maia, e o Hotel Esplanada, ao lado do Teatro Municipal; enquanto o Rio de Janeiro obtia sucesso internacional com os bailes carnavalescos. Os Hotéis Glória (1922) e Copacabana Palace (1923) consolidaram-se como destinos turísticos, apresentando inovações na hotelaria brasileira como banheiro privativo e empregados uniformizados, inspiradas no Hotel Ritz, de Paris. As décadas de 1930 e 1940 caracterizaram-se pela implantação de grandes hotéis nas capitais e estâncias mineiras, cuja ocupação era promovida pelo cassino, como o Grande Hotél de Araxá (1944), Palácio Quitandinha (1944), em Petrópolis, e o Hotel Balneário Cassino Icarahy (1916-1939), em Niterói, conhecido por ser um dos cassinos mais importantes da região fluminense, rivalizando com o grande Cassino da Urca. Em 1966 foi criada a Empresa Brasileira de Turismo (Embratur) e o Fundo Geral de Turismo (Fungetur), que foram organizações essenciais para a promoção da hotelaria brasileira, atuando por meio de incentivos fiscais na implantação de hotéis, principalmente o segmento de hotéis de luxo. O surto hoteleiro fez com que houvessem mudanças nas leis de zoneamento das grandes capitais, o que resultou em uma legislação mais flexível e favorável à contrução de hotéis (ANDRADE, 2017, p. 33-34). Entre os anos de 1960 e 1970 chegam ao Brasil redes hoteleiras intenacionais, como Hilton, Sheraton e Meridien. A diversificação de serviços com perfil de luxo e o aumento da profissionalização no setor foram fatores decisivos, a partir desse período, não apenas para a promoção da hotelaria nacional, mas especialmente para o incremento da imagem do Brasil como destino importante do turismo internacional.
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1.1. Conceito de Lugar O tema lugar é frequentemente abordado em distintas disciplinas, sendo que cada uma delas, possui seu próprio entendimento. Na geografia, onde é mais recorrente, o termo foi atribuído por muito tempo ao conceito espacial, com o intuito de localizar um determinado sítio, tornando-se secundário em relação a outros conceitos espaciais como paisagem, espaço e território. Atualmente, na geografia quantitativa, interessada em estudar a organização espacial, é entendido como conceito de organização espacial, interessado em explicar padrões de distribuição espacial estabelecidos por agentes econômicos e sociais. A geografia humanista foi a primeira a tratar a palavra lugar como um conceito científico, interessado em pesquisar as relações subjetivas do homem com o espaço e o meio ambiente, tendo o lugar como “um tipo experencial de vivência do espaço”, possuindo o cotidiano como base para compreensão dos valores e atitudes. A geografia crítica não dá a mesma importância teórica ao conceito de lugar, procura se diferenciar da abordagem humanista na medida em que leva em conta as influências dos processos relacionados à globalização no estudo das vivências que os indivíduos desenvolvem nos lugares. (BERGAMIN, 2013 s/p.) Na arquitetura, o conceito de Lugar é compreendido como um local qualificado e, para que o conceito seja refletido, é inevitável recorrer à reflexão da questão do espaço. Contudo, para os arquitetos estas definições são vistas de forma diferente. Ao se questionarem sobre o que é a arquitetura estes acabaram por refletir sobre a questão do espaço. Zevi (1996) afirma que as quatro fachadas de um edifício constituem apenas a caixa dentro da qual está encerrada a jóia arquitetônica, isto é, o espaço. O autor coloca ainda como o protagonista da arquitetura o espaço, o vazio. Para ele, a arquitetura não provém de um conjunto de larguras, comprimentos e alturas dos elementos construtivos que encerram o espaço, mas precisamente deste vazio, do espaço encerrado, do espaço interior em que os homens andam e vivem. A relação entre a arquitetura e o espaço é retomada também por Coelho Netto (1999), que afirma que a arquitetura não é somente a organização do espaço, mas também é o ato de criá-lo. (REIS-ALVES, 2007) Para Christian Norberg-Schulz, arquiteto norueguês, a teoria é desenvolvida a partir de uma complexidade interpretativa, estruturada em dois conceitos: o de Espaço, entendido como espaço existencial, e o lugar, definido a partir da filosofia grega sob o conceito de genius loci, ou espírito do lugar. (MONTANER, 2007) A ênfase nas necessidades humanas de identificação e de orientação, de pertencimento a um lugar, leva-o a enfrentar qualquer proposta que envolva a dissolução do lugar nas arquiteturas nômades e neovanguardistas, insistindo na arquitetura como um sistema global.
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Centra-se no conceito de lugar como chave para a requalificação de uma arquitetura contemporânea que se degenerou em objeto de consumo. O conceito de lugar envolve distintas escalas – espaço existencial interno, caminho, paisagem, região – expressando-se no conceito romano de genius loci como a capacidade, inerente a cada cidade, de desenvolver uma identidade própria ao longo da história, tendo o lugar como a concreta manifestação do habitar humano. Os atributos humanos são a interação do homem neste universo espacial, influenciando, modificando e concedendo valores aos atributos espaciais e os ambientais.
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2. A CIDADE: NITERÓI
2.1. Contexto Histórico Na porção leste da região da Baía da Guanabara, no Estado do Rio de Janeiro, encontra-se Niterói, separada por poucos quilômetros da cidade do Rio de Janeiro. A história da cidade possui caráter de aventura e está atrelada com a invasão francesa. Em 1564, a tribo indígena do cacique Araribóia, foi trazida do atual estado do Espírito Santo pelos portugueses para participar da luta contra os invasores franceses e os índios Tamoios; na época todos os índios já haviam sido catequizados por jesuítas. Mem de Sá, então governador geral, frente ao sucesso no combate aos invasores, cedeu terras solicitadas pelo cacique para que a sua tribo pudesse desfrutar. No local, que anteriormente era denominado de Banda d'Além, o verde era exuberante e a cobertura vegetal era mata atlântica em quase sua totalidade. Desta forma, em 1573, é fundada a aldeia de São Lourenço dos Índios, localizada no morro igualmente denominado. Da aldeia avistava-se a baía de Guanabara e o mangue, desta forma estava estrategicamente localizada quando as lavouras de fumo, mandioca e cana de açúcar foram implantadas. (CUNHA e MENEZES, 1998). Em 1819 tornou-se Vila Real da Praia Grande, ganhando importância e reconhecimento após a cidade do Rio de Janeiro se tornar capital do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve e, subsequentemente, em 1834 se transformando em Capital da Pronvíncia do Rio de Janeiro, enquanto a cidade do Rio de Janeiro se tornava capital do Império, um Município Neutro. No ano seguinte, passou a se chamar Nictheroy, nome tupi que tem como significado “Águas Escondidas”. À condição de capital, ocorrereu uma intervenção urbana na cidade, trazendo iluminação pública a óleo de baleia, abastecimento de água, barca a vapor e novos meios de transporte para ligar a cidade ao interior da província, onde havia a agricultura canavieira na região de Campos e o cultivo do café no Vale do Paraíba. Nove anos depois, o imperador Dom Pedro II concedeu à cidade de Niterói o título de Imperial Cidade. A nomeação era dada às cidades mais importantes, conferindo-lhes certa autonomia e poder regional. No fim do século XIX, por volta de 1885, foram fundados alguns sistemas de bonde, o que possibilitou a expansão da cidade para bairros como Icaraí, Ponta d’Areia e Itaipu, funcionando até 1964.
"Niterói foi a sétima cidade do país a contar com um dos transportes mais modernos do século XIX: o bonde. Para se ter uma ideia do que isso representou para a época, basta dizer que São Paulo foi a décima segunda a receber a melhoria.” (PINTO, 2008, s/p.)
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Afirma Godofredo Pinto, ex-prefeito de Niterói, para o livro O Bonde em Niterói, de Cristina da Fonde Pontes e Salvador Mata e Silva. Danielle Barreto Nigromonte, Presidente da Fundação de Arte de Niterói (FAN), reitera: "No início de tudo, os burros. Sim, os bondes eram de tração animal. Depois, os bondes elétricos dominaram a paisagem de Niterói, que nas primeiras décadas do século XIX monopolizaram o transporte de passageiros na nossa cidade. Dos bondes puxados por animais aos ônibus do século XXI, passando pelos bondes elétricos, bonde a vapor, essa é a história que nos conta "O bonde em Niterói". Mergulhando nessa história descortinamos e desvendamos um pouco mais de nossa cidade, vamos além dos bondes quando observamos transformações urbanísticas e comportamentais e ainda outras nuances, que construíram e constroem Niterói permanentemente." (NIGROMONTE, 2008 s/p.)
Figura 02: Bonde em Niterói Fonte: http://www.culturaniteroi.com.br/blog/?id=1812&equ=niteroilivros
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Em 1893 ocorreu a Revolta da Armada, movimento de rebelião liderado por algumas unidades da Marinha Brasileira que contestavam Floriano Peixoto como presidente do Brasil e clamavam por mais prestígio político, no âmbito federal, da marinha em relação ao exército. A revolta prejudicou as atividades produtivas e forçou a transferência da sede da capital fluminense para Petrópolis, que voltou para Niterói apenas em 1903. Niterói voltou a ser capital fluminense até o ano de 1975, quando houve a fusão do Estado da Guanabara e o Estado do Rio de Janeiro. Durante esse período passou por um impulso de modernização, com construção de praças, deques, parques e edifícações, tais como a Prefeitura no Largo do Pelourinho (Palácio Araribóia), a Câmara do Largo do Rocio (atual Jardim São João), o Campo de São Bento e a Praça Coronel Gomes Carneiro (atual Praça do Rink), além de melhorias urbanas na infraestrutura urbana como a iluminação a gás, a inauguração da 1° linha de bondes elétricos ligando o Centro à Icaraí, alargamento das ruas e avenidas principais e a inauguração da Cental de esgotos, durante os primeiros anos do século XX. O sucesso do desenvolvimento foi por intermédio do trabalho de alguns prefeitos como Paulo Pereira Alves (1904), defensor do meio ambiente e incentivador do potencial turístico da Região Oceânica, idealizador da avenida na Praia de Icaraí; Feliciano Sodré (1910-1914), responsável pela implantação da rede de saneamento em alguns bairros; Ernani do Amaral Peixoto (1937-1945 e 1951-1955), governador responsável pelo aterro da Praia Grande, no centro da cidade, que possibilitou grandes obras de potencialidades econômicas e turísticas, como o Caminho Niemeyer, a Praça JK e a Estação das Barcas. O maior marco para o crescimento econômico veio em 1974, com a inauguração da Ponte Presidente Costa e Silva, conhecida como Ponte Rio Niterói, foi o sinal para o redirecionamento de investimentos públicos, da especulação imobiliária, da infraestrutura e ocupação de bairros da Região Oceânica. Em 1992, foi elaborado o Plano Diretor de Niterói, baseado na constituição de 1988, direcionando a criação de várias leis no município, como a de Uso e Ocupação do Solo (1995) e o Plano Urbanístico (Praias da Baía - 1995). Esse período resultou na atual Niterói Cidade Sorriso, com o melhor IDH do Rio de Janeiro e assumindo a posição de 7º do Brasil, de acordo com a última pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2010.
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Figura 03: Barcas 1935 Fonte: http://www.navioseportos.com.br/site/index.php/empresas/59-interior/278-barcas-s-a
Figura 04: Barcas 2019 Fonte: https://www.osaogoncalo.com.br/servicos/57705/ccr-barcas-divulga-esquema-especial-para-o-carnaval
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2.2. Turismo em Niterói Niterói possui um papel fundamental para a o turismo no Estado do Rio de Janeiro, sendo a terceira cidade que mais recebe turistas em todo o Estado, perdendo apenas para a capital e para Búzios. Segundo a Niterói - Empresa de Lazer e Turismo S/A (Neltur), na Copa do Mundo de 2014, Niterói recebeu 119 064 turistas, que geraram um impacto direto na economia da cidade de aproximadamente 86,9 milhões de reais. Apesar da visibilidade e do turismo ativo, a rede de hotelaria é bem restrita, atigindo 2.500 leitos hoteleiros, de acordo com a Prefeitura de Niterói, 2015. O fato se da pelo fato que a maioria dos turistas veem Niterói como uma extensão da cidade do Rio de Janeiro, e acabam por desfrutar da cidade em visitas de um ou dois dias, se hospedando na capital. O turismo de Niterói é rico em atrações, sendo provavelmente a mais relevante delas, o complexo natural. A cidade litorânea, com sua geografia acidentada, oferece à seus visitantes uma ampla gama de experiências ao ar livre, desde praias a parques, trilhas e mirantes. As praias de baía – Icaraí, São Francisco e Charitas – não são banhaveis pela poluição da Baía da Guanabara, porém por serem as mais urbanizadas e inseridas no centro econômico, estão constantemente ativas, com quiosques, calçadões, ciclovia e lazer na areia, frente ao skyline Rio de Janeiro. As praias oceânicas – dentre as mais famosas, Camboinhas, Piratininga e Itapu e Itacoatiara – são as mais procuradas para banho de mar, surf e bodyboard, sendo a ultima famosa pela trilha do Costão do Itacoatiara, uma das trilhas mais famosas da cidade. A cidade é composta por dezenas de trilhas, com destaque à Travessia Tupinambá, que liga o Parque da Cidade, no bairro de São Francisco, à Praia de Piratininga; tem aproximadamente 6,5km de trilha, podendo chegar a 8km, considerando as caminhadas urbanas até o início e após o término da travessia, e tem um desnível de aproximadamente 500m. O ponto mais alto fica a 266m de altitude, no Mirante da Pedra Quebrada, com vista para a região oceânica de Niterói. Além da beleza natural, a cidade tem muito à oferecer a seus turistas, com um repertório arquitetônico que ultrapassa os séculos, formando um complexo de museus, teatros, fortes, igrejas e parques, que percorrem, em sua maior parte, toda a orla da cidade. O maior atrativo turístico e possivelmente a obra de maior conhecimento geral da cidade é o Caminho Niemeyer. O complexo contemporâneo do arquiteto carioca, vencedor do prêmio Pritzker de 1988, é composto por sete obras, dispostas ao longo da orla do Centro da cidade até o bairro de Charitas, desde o terreno no Centro de 72.000 m² à beira mar, no Aterro da Praia Grande. Sua composição iniciou-se em 1995, com a conclusão da mais famosa das obras, o Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC), seguida da Praça JK e Memorial Roberto Silveira, ambos concluídos em 2003, o Terminal das Barcas de Charitas (2004), o Teatro Popular Oscar Niemeyer (2007), a sede da Fundação Oscar Niemeyer (2010) e o Centro Petrobrás de Cinema (2012), como última obra concluída até o momento.
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Figura 05: Praia de Itacoatiara Fonte: http://tiny.cc/phougz
Figura 06: Teatro Popular Oscar Niemeyer Fonte: https://www.anf.org.br/a-cultura-vive-em-niteroi/
Figura 07: Museu de Arte Contemporânea de Niterói Fonte: http://cidadedeniteroi.com/
2.3. Legislação em Niterói O Plano Diretor Municipal é uma ferramenta legal que serve como diretriz para o uso do solo urbano, a partir do planejamento socioeconomico sustentável da cidade. Em Niterói, o Plano Diretor foi constituído em 1992, a partir da Agenda 21, lançada no mesmo ano na Conferência das Nações Unidas Rio-92, sobre o meio ambiente. O plano tem como diretrizes, uma série debates para melhoria no campo econômico, turístico, cultural e social, em prol do combate à pobreza, mas o foco especial está na preservação do meio ambiente. Após alterações e atualizações no plano feitas em 2004 para adptá-lo ao Estatuto da Cidade e, em 2019, que contaram com audiências públicas, o plano atual manteve suas diretrizes, e conta com duas principais condutas: proteger o meio ambiente e garantir o desenvolvimento sustentável das regiões já ocupadas.
Figura 08: Cidade de Niterói Fonte: http://urbanismo.niteroi.rj.gov.br/planodiretor/
De acordo com documentos disponibilizados pela prefeitura de Niterói, o plano abrange uma variada gama de diretrizes de interesse público. A revisão do Plano Diretor foi necessária para poder arcar com as necessidades atuais da cidade, que cresceu exponencialmente desde 1992. Dentre as diretrizes fornecidas, algumas que se adequam ao projeto de estudo foram destacadas:
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1.
Proteção e recuperação do meio ambiente
Preservação e valorização do patrimônio natural , na qual são estabelecidas demarcações e um parâmetro para a criação de sistemas de áreas verdes, em prol da proteção de áreas ambientalmente frágeis, além do estabelecimento de regras para a ocupação humana. Infraestrutura verde, promovendo a renaturalização de ecossistemas e a conciliação da dinâmica da cidade e do ecossistema natual. Valorização da paisagem, a partir da proteção da paisagem natural e qualificação da paisagem urbana. 2.
Promoção do desenvolvimento econômico
Turismo e atividades econômicas tradicionais potencializados a partir de estratégias.
Atração de atividades produtivas a partir de novas infraestruturas locais.
3.
Patrimônio cultural e memória da cidade
Memória afetiva da cidade como atifício para a valorização de áreas e imóveis de interesse histórico, cultural, arquitetônico e paisagístico, tornando-os pontos de referência e interesse para a população e turistas. 4.
Estruturar e qualificar a vida urbana nos bairros
Áreas subutilizadas, ociosas, com boa localização e disponibilidade de infraestrutura terão estímulo à ocupação Mobilidade urbana sustentável a partir da priorização do transporte público e qualificação e integração entre os diferentes modos de transporte.
Fonte: http://www.niteroi.rj.gov.br/
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Mapa 01: Regiões de Planejamento e Sub Regiões
Fonte: Prefeitura Municipal de Niterói. Secretaria Municipal de Urbanismo.
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Mapa 02: Zoneamento Ambiental
Fonte: Prefeitura Municipal de Niterรณi. Secretaria Municipal de Urbanismo.
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Mapa 03: Diretrizes Para o Plano Diretor de Niterói - Macroáreas
Fonte: Prefeitura Municipal de Niterói. Secretaria Municipal de Urbanismo.
Os mapas apresentados permitem maior compreensão do território niteroiense. A área identificada no mapa como local de intervenção está classificada como aglomerado subnormal, envolto por uma região de cobertura vegetal. De acordo com o zoneamento ambiental, a área classifica-se como AIA. AIA: aspecto técnico que limita uma área. Está relacionado aos estudos ambientais de um determinado empreendimento, em determinada área/ região (análise locacional), que estabelecem propostas e medidas objetivas para a implantação do mesmo.
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2.4. Parque Nacional Municipal do Morro da Viração (PARNIT) O Parque Natural Municipal de Niterói (PARNIT) é uma área de interesse e proteção ambiental integral, ou seja, não são permitidas atividades que causem quaisquer intervenções no meio ambiente, como novas edificações, parcelamentos de terras ou corte de vegetação. Constituída pelos setores Guanabara, Costeiro Lagunar e do Morro da Viração, a área é recoberta por floresta secundária da Mata Atlântica, como consequência de perturbações ocorrentes no passado e no presente, gerando uma mata irregular, com variáveis alturas, espessuras e espécies presentes, e uma fauna variada típica de Mata Atlântica. O Morro da Viração, área de maior relevância no parque, possui dezenas de trilhas, com ênfase para a Travessia Tupinambá, que começa ainda em área urbanizada da cidade na Praça Dom Orione em São Francisco, com acesso pela Estrada da Viração até o Parque da Cidade de Niterói, e termina no Jardim Imbuí, totalizando 7.500 metros de extensão. Além das trilhas, o Morro possui o mirante do Parque da Cidade. Inaugurado em 1976 e a 270 metros de altitude, o mirante tem como principal atrativo as duas rampas de salto de parapente, onde se tem uma vista panorâmica da cidade, da Lagoa de Itaipú, da Baía de Guanabara e do Rio de Janeiro ao horizonte. O local conta com uma infraestrutura básica para para receber os 14 mil visitantes de segunda a sexta-feira e 37 mil nos finais de semana, que podem subir para 80 mil em eventos especiais.
Figura 09: Rampa de Salto Fonte: Instagram @digitalpeace_drone via @niteroirj
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Figura 10: Imagem AĂŠrea Parque da Cidade Fonte: Instagram @digitalpeace_drone via @niteroirj
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De acordo com o zoneamento ambiental, o Parque Municipal é aquele que tem o objetivo básico de preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e cênica, possibilitando maior contato da população com a natureza, a partir de desenvolvimento de atividades humanas sustentáveis, como o turismo ecológico. A primeira lei voltada para a região do Parque da Cidade foi promulgada em 1983, criando assim a Estação Ecológica do Parque da Cidade de Niterói. Com isso, a área de 136.480,00m² seria desautorizada de qualquer tipo de exploração mineral, corte e árvores ou captura de animais silvestres. A Secretaria Especial do Meio Ambiente e a Secretaria Municipal de Obras e Urbanismo se tornaram assim, responsáveis pela administração e zelo de áreas de proteção ambiental e pelo cumprimento da destinação da Estação Ecológica do Parque da Cidade de Niterói, respectivamente, de acordo com a lei nº 459, de 11/05/1983 – Pub. Diário Oficial, de 12/05/1983. Em 2014 foi então criado o Programa Niterói Mais Verde, que engloba a região do Parque Natural Municipal de Niterói (PARNIT) e o Sistema Municipal de Áreas de Proteção Ambiental - Unidades de Conservaçao de Uso Sustentável (SIMAPA), pelo Decreto nº 11744/2014, estabelecendo a proteção de uma área de 2.254,41 hectares, totalizando 43,47% do território da cidade; de acordo com Axel Grael, Secreteário Executivo da Prefeitura de Niterói. O decreto teve como objetivo aumentar a proteção das áreas verdes existentes e recuperar as áreas degradadas, evitando problemas como deslizamentos e queimadas na cidade.
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Áreas de Proteção e Conservação Ambiental da Cidade de Niterói
Fonte: Prefeitura Municipal de Niterói. Secretaria Municipal de Urbanismo.
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Nos últimos anos, a prefeitura passou por diversos processos de revitalização do parque, tendo projetos para a implantação de infraestrutura, como ciclovias, colocação de lâmpadas Led, verificação de galerias pluviais, operação tapa buraco, além de sinalizações nas vias e trilhas. A região também passou a ter dados de caráter ecológicos positivos, com a aparição de espécies locais que já não eram mais vistas. O administrador do Parques de Niterói (Parnit), Alex Figueiredo, é um que observa e comemora a reaparição de algumas espécies: — São os verdadeiros moradores daqui. Chama atenção, principalmente, a volta da araponga, do ouriço-cacheiro e do tamanduá-mirim. Não eram mais vistos há tempos. A preguiça é outro animal que tem sido visto ultimamente. O grupo dos mamíferos é o que sofre a maior pressão pela ação do homem, principalmente pela redução de seu habitat. Ainda assim, animais de médio porte como a jaguatirica e o cachorro-do-mato sobrevivem na área do Parque Estadual da Serra da Tiririca (Peset), que guarda o fragmento de floresta mais rico em diversidade de fauna da Região Metropolitana — com registro de 28% de todas as espécies do estado. (ALMEIDA, 2017 s/p.)
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2.5. Hotel Panorama O Hotel Panorama, em Niterói, foi um projeto desenvolvido e colocado em prática na década de 1960, com o intuito de construir um hotel de caráter turístico na Serra da Tiririca, em meio à Mata Atlântica e afastado da urbanização da cidade, em uma localização privilegiada pela vista, que abrange a beleza de Niterói, Rio de Janeiro e de toda a Baía da Guanabara, podendo ser vista de cima. Na década de 1970 a obra foi embargada e abandonada, deixando para trás apenas a estrutura de um hotel que até os dias atuais não foi finalizado. Apesar de o terreno ser particular, a área se tornou perigosa, conhecida por ser ponto de venda de drogas e de assaltos, além de local de visita para curiosos, que invadiam o terreno para explorar o esqueleto e conseguir algumas fotos. Por ser um projeto de tal magnitude e visibilidade por conta de sua escala e topografia, podendo ser visto da Ponte Rio-Niterói antes mesmo de chegar à cidade, o edifício passou a ser um ponto de referência e de muita especulação, fazendo parte da história da cidade para seus habitantes.
Figura 11: Esqueleto Hotel Panorama - Década de 1970 Fonte: https://www.facebook.com/NiteroiAntigo/
Após a legalização do Parque Natural Municipal de Niterói (PARNIT), em 2014, a área em que o hotel está inserida passou a ser voltada à preservação ambiental, criando restrições à intervenções na área que não existiam na época do projeto do hotel. Após décadas paralizado, em 2015, o edifício foi comprado pelo grupo Spe Panorama Incorporadora e Construtora Ltda, do Rio de Janeiro. A empresa desenvolveu um projeto orçado em cerca de R$ 20 milhões de um eco-hotel para a área, com previsão de início no primeiro trimestre de 2017. “Um projeto tem várias fases e agora, após seis meses da aprovação, nós partimos para uma etapa de ajustes de vários detalhes. É um trabalho bastante complexo, que aproveita a estrutura que já existe, que apesar do tempo está bem-conservada, mas o integra com estruturas modernas e atualizadas”, (VERGARA, 2016)
Luiz André Vergara é sócio da Vergara Prado Arquitetos Associados, escritório responsável pelo projeto e relata: “... pelas características do local optamos por um projeto de eco-hotel, sustentável e integrado à natureza local. Será o primeiro na cidade com essa proposta, que vai contar com telhado verde, aquecimento solar e aproveitamento de água da chuva”.
Figura 12: Proposta Eco Hotel - Vergara Prado Arquitetos associados Fonte: https://axelgrael.blogspot.com/2016/07/esqueleto-abandonado-do-hotel-panorama.html
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Depois de seis meses de tramitação, a Secretaria de Urbanismo de Niterói aprovou o projeto de restauração do Hotel Panorama, se manifestando de acordo e totalmente favorável à iniciativa, porém após o início da intervenção, denúncias ambientais de que árvores haviam sido arrancadas no local fizeram a empresa ser multada e o processo estagnou novamente. " Anexaram as fotos, mas sem apontar data, local ou pessoa responsável. E com base apenas nisso a prefeitura suspendeu a emissão de qualquer licença para o empreendimento. Há dezenas de eucaliptos ali tombados (derrubados) por razões naturais, como idade, fogo... Mas não tivemos sequer o direito de nos defendermos dessa acusação... a prefeitura criou o Parnit, mas não desapropriou o meu terreno. A população acha que é área pública, mas não é. Aparentemente, há grupos que entendem que aquilo tudo tem que ficar intocável, apesar de ser uma área de reflorestamento de eucalipto que não merece a proteção da legislação ambiental brasileira. A área do hotel não tem atributos ecológicos que justifiquem a criação de uma unidade de conservação restrita. Queremos uma definição da prefeitura se gastarão o dinheiro público fazendo a obrigatória indenização das áreas particulares inseridas no Parnit em 2014 ou se vão dar andamento ao processo de licenciamento. Até lá ficam suspensos os investimentos, que seriam na ordem de R$ 30 milhões a R$ 35 milhões, e a geração de empregos, pois não há segurança jurídica — diz o empresário Antônio Carlos Osório, dono do local, que vai à Justiça para tentar uma solução.” (FIGUEIREDO, 2016)
Diretor do Parnit, o ambientalista Alex Figueiredo avalia que a construção do hotel, seguindo a legislação ambiental e respeitando os limites legais, seria algo benéfico para a unidade de conservação e para a cidade. Ele alerta que a área da edificação que já está no terreno e a área circundante estão fora dos limites do Parnit. No entanto, o restante do loteamento está quase todo dentro do parque.
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3. ESTUDOS DE CASO
3.1. Edifício Pedregulho
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FICHA TÉCNICA Nome: Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes (Pedregulho) Local: Rio de Janeiro, RJ Ano: 1948 – 1950 Arquiteto: Affonso Eduardo Reidy Área do terreno: 52 mil m²
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Figura 13: EdifĂcio Pedregulho Fonte: http://arqguia.com/obra/pedregulho/
Figura 14: EdifĂcio Pedregulho - Torre A Fonte: http://arqguia.com/obra/pedregulho/?lang=ptbr
Consolidado no bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, o Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes, popularmente conhecido como Pedregulho, surgiu em uma época na qual as favelas e cortiços eram encontrados em larga escala na cidade, tornando-se cada vez mais presentes na paisagem urbana. Em 1946, criouse o Departamento de Habitação Popular da Prefeitura do Rio de Janeiro (DHP), sob o comando de Carmen Portinho e Affonso Reidy. Depois de alguns impasses, foi levado a diante pelo departamento o primeiro projeto de um conjunto habitacional popular, o Pedregulho. (BRITTO, 2015)
O objetivo de todo o projeto era ambicioso e atravessava as fronteiras das disciplinas. Não se falava ali apenas de arquitetura, engenharia ou assistência social. O que estava em jogo era um novo conceito de cidade: “Como primeira obra do DHP, o projeto estava carregado de caráter experimental, um protótipo de arquitetura moderna, de projeto social e de um projeto de cidade” (BONDUKI, 2000)
1. Implantação Implantado em uma área de 52 mil m², o Complexo Pedregulho foi projetado em um terreno acidentado, com um desnível de cerca de 50 metros. A solução para apresentada para a topografia, foi um edifício com curvas sinuosas que acompanhavam o terreno sob pilotis, afim de minimizar e suavizar o impacto do grande edifício de concreto sobre o terreno. A partir do posicionamento do grande bloco, os demais edifícios foram dispostos por todo o terreno e em áreas de menor declividade, formando relações em todo o complexo.
Figura 15: Corte Complexo Pedregulho Fonte: shorturl.at/ovKW0
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Imagem 16: Implantação Complexo Pedregulho Fonte: shorturl.at/ovKW0 1. Bloco de Apartamentos A 2. Bloco de Apartamentos B 3. Bloco de Apartamentos C 4. Escola Primária 5. Ginásio
6. Piscina 7. Vestiários 8. Centro de Saúde 9. Lavanderia
10. Cooperativa 11. Playground 12. Creche 13. Passagem Subterrânea
2. Função O programa é composto por três edifícios residenciais construídos, totalizando 384 apartamentos que abrigam cerca de 2400 pessoas, além das edificações anexas de posto de saúde, mercado, lavanderia, escola, ginásio, vestiário e piscina para suprirem as necessidades dos moradores locais, e, que juntos formam o complexo. Para esse estudo de caso, o que nos realmente importa é o bloco A, o maior e mais icônico de todo o complexo. Os 272 apartamentos possuem metragens que variam de 26 a 78 metros quadrados, entre tipologias simples e duplex. O terceiro piso abriga a área de lazer e convivência do edifício, pavimento quase vazado por completo, suportado por pilotis.
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Figura 17: Pavimentos Bloco A Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-12832/classicos-da-arquitetura-conjunto-residencial-prefeito-mendes-de-moraes-pedregulho-affonso-eduardo-reidy
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Figura 18: Tipologias Bloco A Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-12832/classicos-da-arquitetura-conjunto-residencial-prefeito-mendes-de-moraes-pedregulho-affonso-eduardo-reidy
3. Construção O edifício de concreto e com 260 metros de comprimento de forma ondulante, acompanha a topografia acidentada do terreno, com um desnível de cerca de 30 metros. Assentado por pilotis e um pavimento intermediário vazado, confere a leveza ao conjunto, quebrando seu aspecto maciço, já amenizado pelo movimento volumétrico. A fachada posterior é recoberta por cobogós, que controlam a insolação e ventilação dos corredores laterais.
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Figura 19: Pedregulho - Pavimento Intermediário Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-12832/classicos-da-arquitetura-conjunto-residencial-prefeito-mendes-de-moraes-pedregulho-affonso-eduardo-reidy
Figura 20: Complexo Pedregulho Fonte: Núcleo de Pesquisa e Documentação - UFRJ
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4. Plástica As relações encontradas entre o bloco A e a natureza existente buscam a contextualização do objeto arquitetônico com o espaço natural. Através do reconhecimento da importância compositiva do lugar, implantou-se a edificação segundo o traçado original da curva de nível, buscando assim, reconhecer e enfatizar uma característica natural préexistente, definindo a natureza como desencadeadora da arquitetura. Com este gesto, o arquiteto reconhece o fato geográfico como gerador e organizador do projeto arquitetônico e obtém assim uma maior relação entre os elementos naturais e artificiais, promovendo uma inserção racional do objeto frente à natureza. (CUNHA apud. SPINDLER DA SILVA, 2003)
Figura 21: Corte Torre A Fonte: http://arqguia.com/obra/pedregulho/
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3.2. Hotel Heritance Kandalama
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FICHA TÉCNICA Nome: Hotel Heritance Kandalama Local: Dambulla, Sri Lanka Ano: 1992 – 1995 Arquiteto: Geoffrey Bawa Área terreno: 58 acres
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Figura 22: Hotel Heritance Kandalama Fonte http://tomroephotography.com/portfolio/commercial/kandalama-hotel-sri-lanka/
Figura 23: Vista AĂŠrea Hotel Heritance Kandalama Fonte: https://www.kuoni.co.uk/sri-lanka/kandalama-and-polonnaruwa/hotels/heritance-kandalama
Localizado na Vila de Kandalama, na cidade de Dambulla, o Hotel Heritance Kandalama foi construído com o objetivo de abrigar os turistas que visitam a região com o intuito de conhecer a cidade antiga de Sigiriya. 1.
Implantação
O hotel se encontra há uma distância de cerca de 11 quilômetros da cidade histórica de Sigiriya. O arquiteto Geoffrey Bawa insistiu pela distância, afim de proteger os arredores imediatos da pitoresca cidade turística. O edifício foi implantado em uma encosta rochosa, voltado para o Lago de Kandalama, possuindo acesso por uma estrada particular de 2,7 quilômetros de extensão. A encosta foi incorporada ao projeto de 430 metros de extensão, que serpenteia de forma irregular ao envolver a montanha, de maneira que a rocha passa a se tornar parte da arquitetura no saguão e nos corredores
Figura 24: Implantação Hotel Heritance Kandalama Fonte http://arquiscopio.com/archivo/2013/03/02/hotel-kandalama/?lang=pt
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Figura 25: Desenho Esquemático Hotel Heritance Kandalama Fonte http://arquiscopio.com/archivo/2013/03/02/hotel-kandalama/?lang=pt
01. Spa 02. Elevadores 03. Suítes 04. Terraço 05. Restaurante
06. Piscina 07. Lounge 08. Café 09. Academia 10. Biblioteca
11. Recepção 12. Centro Turismo 13. Compras e Centro de Conferências 14. Entrada
Figura 26: Corredor Hotel Heritance Kandalama Fonte: https://www.uniqhotels.com/heritance-kandalama-hotel
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2.
Função
O edifício tem caráter hoteleiro para turismo de lazer ecológico e cultural. O hotel possui 152 suítes diversas, incluindo acomodações luxuosas com vista panorâmica para a natureza local, além de restaurantes, bares, spas, salas de ioga e área externa de lazer com piscina para os visitantes. Com um centro de conferências capaz de receber até 350 pessoas, o hotel também se destaca como a preferência local para turistas de negócios.
Figura 27: Suíte Hotel Heritance Kandalama Fonte: https://www.uniqhotels.com/heritance-kandalama-hotel
Figura 28: Croqui Suíte Hotel Heritance Kandalama Fonte: https://br.pinterest.com/pin/382313455840598661/?lp=true
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3.
Construção
Apoioado sobre a encosta de Dambulla, o hotel segue o modelo dos projetos anteriores de Bawa, com uma estrutura minimalista de concreto pintadas de preto e grades e trilhos de madeira ou ferro, em harmonia e encontro com o entorno natural imediato. Diferente dos demais projetos de Bawa, os telhados planos de Kandalama funcionam bem em clima seco e exigem menos material. De acordo com Seow (2012), o hotel foi projetado sobre uma plataforma que permite o fluxo contínuo de córrego, viga selvagem e vegetação sob o edifício.
Figura 29: Corte Hotel Heritance Kandalama Fonte: http://arquiscopio.com/archivo/2013/03/02/hotel-kandalama/?lang=pt
4.
Plástica
O hotel possui uma plástica minimalista, na qual a maior parte da ornamentação vem de esculturas e obras de artes. A arquitetura em si é articulada de maneira clara e harmoniosa, com tons neutros e materiais naturais. Em seu exterior, o hotel está mascarado e encoberto por vegetação. A preocupação com o meio ambiente é evidenciada em diversos momentos no hotel, que recebeu o selo LEED BD+C. Além das preocupações contrutivas com o terreno, o entorno e a paisagem, o hotel possui reciclágem de resíduos, medidas de alimentação e controle da erosão do solo e projetos sociais que envolvem a comunidade local.
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4. O PROJETO
4.1. Situação A área de estudo está localizada entre os bairros de Charitas e São Francisco, no Morro da Viração. O terreno é uma área particular envolta pelo Parque da Cidade, área pertencente ao Parque Natural Municipal de Niterói (PARNIT). A região urbana que se encontra no entorno caracteriza-se como uma área litorânea mista. Apesar da praia não ser considerada banhável, como as demais praias da Baía da Guanabara, a orla apresenta-se estruturada, conservada e movimentada, com quiosques e bolsões para estacionamento de carros. Ao outro lado da Avenida Prefeito Silvio Picanço, que percorre a orla, há a forte presença de comércio e serviços, com destaque para os variados bares e restaurantes, além do Charitas Aero Clube e do Casarão de Charitas, importante casa de eventos. Adentrando a zona urbana, a paisagem de comércios passa a ser substituída gradativamente por edificações residenciais, em maior parte, de alto padrão.
LEGENDA - USO DO SOLO Cemitério Cobertura Vegetal Comércio e serviço Educação Favela Infraestrutura Pública Institucional Lazer Militar Não Edificado Ocupação Desordenada Praia
Hotel Panorama
Religioso Residencial Saúde Subutilizado Transporte Uso Misto
Mapa 06: Uso do Solo Fonte: https://geo.niteroi.rj.gov.br/civitasgeoportal/
O transporte local é predominantemente de automóveis particulares e ônibus. Por ser uma área movimentada e de principal acesso às praias oceânicas, há uma boa infraestrutura de transporte coletivo que conecta a Região Oceânica, o Centro da cidade e Icaraí, polo comercial e econômico. A orla de Charitas conta também com as Catamarãs, embarcações operadas pela CCR barcas que fazem a travessia para a cidade do Rio de Janeiro. A entrada principal para o Parque Natural Municipal de Niterói é pela Rua Nossa Senhora de Lourdes, uma estreita estrada que sobe o Morro da Viração, dando acesso ao Hotel Panorama 900 metros do início da rua, e ao Parque da Cidade 500 metros de percurso mais acima, podendo ser acessada por automóveis ou pedestres. O terreno que o Hotel Panorama - área de estudo - se encontra é uma área particular envolta pela PARNIT. No lote e em seu entorno imediato, a vegetação secundária de Mata Atlântica foi substituída por eucaliptos após a paralisação das obras do hotel na década de 1970. A alteração na cor da vegetação pode ser perceptível na imagem de satélite abaixo.
Mapa 07: Sâo Francisco e Charitas Fonte: https://www.google.com.br/maps/
4.2.
Programa de necessidades
A área de estudo engloba o terreno particular do antigo Hotel Panorama dos anos de 1960, que teve sua obra paralisada na década seguinte. O projeto a ser desenvolvido envolve o terreno de quase 2 mil metros quadrados em 40 metros de declíve, onde a estrutura do antigo hotel está estabelecida em sua base. A problemática do novo projeto é o desenvolvimento de um novo complexo hoteleiro atualizado, afim de retomar a construção do antigo hotel, que possui uma localização não apenas privilegiada pela vista, mas também de grande visibilidade pela altitude, podendo ser visto da Ponte Rio-Niterói antes mesmo de chegar à cidade. O programa é constituído por um complexo hoteleiro de alto padrão e de caráter funcional abrangente, sendo catalogado como um resort, de acordo com a classificação da Embratur e Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH).
Resort: hotel com infraestrutura de lazer e entretenimento que disponha de serviços de estética, atividades físicas, recreação e convívio com a natureza no próprio empreendimento.
O Hotel Panorama assume uma proposta de hotel lazer, com uma gama de áreas privativas de recreação para seus hóspedes, além de áreas públicas de conferências, mostras, bares e restaurantes, que apontam não apenas como uma área para uma hotelaria de negócios, mas também uma nova localidade em Niterói para eventos. A cidade é economica e culturalmente ativa e carente de espaços qualificados para eventos, tornando-se dependente da cidade do Rio de Janeiro. O complexo conta com duas torres principais: a pré existência, denominada de Edifício Panorama, e o Edifício Anexo. Também conta com estacionamento coberto e descoberto, áreas externas para circulação e permanência, quadras para esportes, e um pequeno edifício de apoio às quadras.
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Figura 30: Implantação Hotel Panorama
01. Entrada 02. Lounge 03. Recepção 04. Biblioteca 05. Guarda-malas 06. Bar 07. Restaurante 08. Cozinha
09. Administrativo 10. Piscina aquecida 11. Sauna 12. Vestiário 13. Maquinário da piscina 14. Acesso vertical 15. Ponte de acesso às suítes
16. Depósito camareira 17. Suíte - Tipologia A 18. Suíte - Tipologia B 19. Quadra poliesportiva 20. Quadra de tênis 21. Lanchonete 22. Arquibancada
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O Edifício Panorama abriga a área de hospedagem e o rooftop. A nova proposta amplia a estrutura pré existente verticalmente, passando de seis para nove pavimentos, totalizando 216 suítes, além da cobertura. Cada pavimento é composto por 22 suítes de 35 m² e duas suítes nas extremidades com 83 m² cada. Além das suítes, os pavimentos contam com núcleos de circulação vertical e depósito para serviço de camareira. O rooftop comporta a única área comum do Edifício Panorama. O programa conta com um restaurante seleto com área externa e bar, além de ter provavelmente a vista mais privilegiada de todo o complexo. Figura 31: Plantas Edifício Panorama
Edifício Panorama Pavimento Tipo
Edifício Panorama Pavimento Rooftop
01. Acesso vertical 02. Suíte - Tipologia A 03. Suíte - Tipologia B
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04. Sanitários 05. Jardim 06. Restaurante
07. Bar 08. Cozinha 09. Solário
Figura 32: Ampliação Suítes
Tipologia A Suíte 35 m²
Tipologia B Suíte 83 m²
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O Edifício Anexo é onde a maior parte das atividades ocorrem. A edificação de 5 mil metros quadrados distribuídos em três pavimentos, abriga as áreas de serviço, atendimento ao hóspede, lazer, eventos e os principais restaurantes do conjunto. Um dos objetivos do projeto foi desenvolver um equipamento de uso não apenas de turistas, mas também da população em setores de carência na cidade. Portanto, o primeiro pavimento foi destinado exclusivamente para eventos, com área de conferências, auditório com capacidade de 400 pessoas e área de exposições. Os restaurantes de todo o complexo também estão abertos para visitações externas. Figura 33: Plantas Edifício Anexo
Edifício Anexo 1º Pavimento (Conferências)
Edifício Anexo 2º Pavimento (Lazer)
01. Circulação vertical 02. Foyer 03. Auditório 04. Camarim 05. Área Expositiva 06. Administração
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07. Vestiário 08. Elevador de carga 09. Corredor de serviços 10. Academia 11. Spa 12. Área de recreação
13. Acesso quadras 14. Solário 15. Bar externo 16. Piscina
4.3.
Partido Arquitetônico
Com uma curvatura que acompanha o desenho do terreno em declive, o edifício projetado na década de 1970 possui uma vista panorâmica da Baía da Guanabara. Apoiado sobre 30 fileiras de pilotis dispostos de maneira equiparada, a estrutura de 90 metros de comprimento e de concreto moldado in loco se apoia sobre o terreno com suavidade. O edifício que antes contava com 6 pavimentos, prevê reforços para que 4 novos pavimentos sejam adicionados.
Figura 34: Pré Existência - Imagem Interna Fonte: Foto de Fernanda F. Barreto
Figura 35: Pré Existência - Imagem Interna Fonte: Foto de Fernanda F. Barreto
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Figura 36: Pré Existência - Imagem Externa Fonte: Foto de Fernanda F. Barreto
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Figura 37: Pré Existência - Imagem Externa Fonte: Foto de Fernanda F. Barreto
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Figura 38: EdifĂcio Panorama - Fachada Norte
Figura 39: EdifĂcio Panorama - Fachada Sul
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O novo edifício possui formas mais simples afim de dialogar com o Edifício Panorama. Com 80 metros de comprimento, as 9 fileiras de pilares de concreto posicionados de maneira alinhada e equistante assumem a função de levitar o edifício do terreno, com a intencionalidade de leveza e a proximidade das árvores, assim como ocorre na pré existência.
Figura 40: Corte Edifício Anexo
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Assim como o Edifício Panorama, o Edifício Anexo possui uma estrutura inteiramente de concreto. Por ter como funcionalidade áreas comuns e em parte voltadas para aglomerados de pessoas, o edifício foi projetado com grandes vãos e pé direito que chega a 6 metros. Para que as distâncias fossem vencidas com baixa sobrecarga estrutural, vigas que chegam a 1 metro de altura suportam a laje nervurada bidirecional que percorre todo o edifício; com exceção da piscina da cobertura, construída a partir de laje macica para suportar o peso da água.
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O desafio para o fechamento do edifício foi encontrar soluções onde a vista da paisagem e da natureza seria possível de quase todos os pavimentos, de maneira que a insolação fosse controlada. O Edifício Panorama é o mais afetado pela insolação, com sua fachada principal e curvatura voltadas para a face norte. A solução para as suítes foram sacadas percorrendo toda a fachada, além de portas articuladas perfuradas, para cotrole da insolação e visibilidade de acordo com as necessidades atuais.
Figura 41: Estudo Solar Fonte: Programa SOL-AR
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Figura 42: Portas Articuladas Perfuradas Fechadas
Figura 43: Portas Articuladas Perfuradas Abertas
Figura 44: Dados Climatolรณgicos de Niterรณi Fonte: https://pt.climate-data.org/america-do-sul/brasil/rio-de-janeiro/niteroi-1772/
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Na questão de insolação, o edifício anexo foi privilegiado pela proteção solar causada pelo Edifício Panorama. Na fachada principal, o piso térreo conta com o fechamento de janelas e portas de vidro em fita, enquanto o pavimento superior possui e visibilidade, insolação e ventilação parcial, com o fechamento em cobogós cerâmicos de 50x50x10 cm. Os demais fechamentos são feitos a partir de placas cimentícias, que encontram-se de diversas maneiras: aparentes, pintadas de branco ou em compensado naval.
Figura 45: Edifício Anexo - Fachada Norte
Figura 46: Edifício Anexo - Fachada Sul
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No interior do edifício, os pilares de concreto aparente e o piso acinzentado estão presentes com o objetivo de contrastar com o requinte do hotel de alto padrão, afim de evidenciar sua essência e a presença do tempo na pré existência.
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Figura 47: Elevação Oeste
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Figura 48: Elevação Leste
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Figura 49: Corte Complexo Panorama
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Figura 50: Ampliação Edifício Anexo
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A escolha do tema se deve ao desejo de requalificação da área abandonada, a partir de um novo projeto, com programa e princípios fiéis ao projeto nunca concluído, de maneira inovadora, atual e de acordo com as necessidades da cidade. O partido concentra-se na valorização de uma área privilegiada pelo entorno natural e a paisagem paradisíaca, da Baía de Guanabara e de quase toda a cidade de Niterói, de modo a atribuir uma nova dinâmica ecologicamente sustentável à região, promovendo o turismo e a economia local. A partir da proposta arquitetônica, o lote subutilizado se torna um forte polo turístico e econômico para a cidade que encarece de estruturas hoteleira e espaços de convenções.
Mapa 07: Mapa Conceitual
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Figura 51: Complexo Hotel Panorama
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Figura 52: SuĂte Hotel Panorama
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Figura 53: Recepção Hotel Panorama
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Figura 54: Auditรณrio - Brise Fechado
Figura 55: Auditรณrio - Brise Aberto
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Figura 56: Foyer Centro de ConferĂŞncias
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CONCLUSÃO
O presente trabalho buscou propor a requalificação de um espaço de relevância para a população niteroiense, a fim de aprimorar o turismo, uma das bases da economia da cidade. A estrutura hoteleira conta com espaços de carência na cidade, que acabam sendo buscados na cidade do Rio de Janeiro por turistas ou pela própria população, portanto uma das bases foi a criação de um complexo hoteleiro turístico de lazer e de conferências e exposições. A proposta do estudo apresenta diretrizes para o desenvolvimento de estruturas hoteleiras para a cidade de Niterói, para configurar um polo ecológico em uma das poucas áreas permeáveis dentre as áreas verdes de preservação integral da cidade, que totalizam 43,47% do território, a fim de gerar mais espaços à população, em conexão e respeito com a natureza local.
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