Proposta de Candidatura à Presidência do Conselho da Brasil Júnior Mateus Aguiar Sampaio dos Santos
Rio de Janeiro, Setembro de 2012
1. APRESENTAÇÃO DA FEDERAÇÃO Fundada em 1998, a RioJunior conta com uma história muito rica, que em diversos momentos se confunde com a história da própria Brasil Júnior e do MEJ Brasileiro. Ao longo de seus 14 anos, a Federação participou da fundação da Brasil Júnior, esteve representada em diversas diretorias da Confederação, organizou um ENEJ e um JEWC, viveu um momento de quebra, se reergueu, e hoje congrega 16 Empresas Juniores de 6 cidades diferentes, presentes em 9 das principais Universidades do Rio de Janeiro, representando cerca de 800 Empresários Juniores que passam pelas EJs Fluminenses por ano. Em 1999, apenas um ano após a sua fundação, a RioJunior já organizava o primeiro EFEJ, que tinha o intuito de integrar o MEJ Fluminense. O evento continuou sendo realizado anualmente até 2004, quando a Federação assumiu a responsabilidade de organizar o ENEJ 2005. Ainda na fundação da Brasil Júnior em 2003, no OXI ENEJ em Salvador, a RioJunior teve o privilégio de contribuir para o MEJ Nacional através da eleição do primeiro Presidente da Brasil Júnior, Leonardo Cassol. Em 2004, esteve representada novamente na Confederação, desta vez na Diretoria de Qualidade, com Filippe Apolo. E em sua gestão foram iniciados alguns dos principais projetos que servem de base para o desenvolvimento do MEJ até hoje, como o DNA Júnior, SMD, Censo e Identidade. Em 2005, a RioJunior realizou o que para muitos havia sido o maior ENEJ até então, congregando mais de 1.100 pessoas na cidade do Rio de Janeiro, e servindo de referência para muitos eventos seguintes. Entretanto, o fato da maior parte dos patrocinadores do ENEJ serem empresas públicas, e a desestabilização do cenário político do Brasil na época, gerou um impacto direto na liquidez financeira do evento. Que culminou em um prejuízo enorme e na quebra da Federação e de algumas das Empresas Juniores que estavam organizando o evento, resultando na total desarticulação do MEJ Fluminense. O ano de 2006 foi um período crítico na história da RioJunior, onde praticamente não existiu uma Federação, com exceção ao esforço e dedicação de Edna Ribeiro, que permaneceu como única Diretora no processo de renegociação de dívidas e reconstrução da organização.
Em 2007 e 2008 a RioJunior continuou a se reerguer, elegendo novamente uma Diretoria para a Federação, e participando de projetos importantes da Brasil Júnior na época, como o WikiMEJ e o RedEJ. Até que 2009 surge como o ano em que a RioJunior se consolida novamente como a representante do MEJ no Estado do Rio de Janeiro, tendo como principais marcos a organização do EFEJ 2009, o primeiro após a quebra, e a eleição de José Luiz Fonseca para a Diretoria de Comunicação da Brasil Júnior. Os anos de 2010 a 2012 foram importantes para o amadurecimento da Federação, registrando avanços importantes em diferentes frentes de trabalho. A RioJunior passou a trabalhar com uma equipe executiva dando apoio à Diretoria, desenvolveu um programa de suporte para as Empresas Juniores Federadas, expandiu a sua atuação para Cidades no interior do Estado, e articulou parcerias com organizações importantes para se consolidar como a principal organização que representa o Empreendedorismo Universitário no Rio de Janeiro. No que diz respeito ao MEJ este período também foi bastante intenso, com a Federação novamente assumindo a Diretoria de Comunicação da Brasil Júnior, em 2011 com Thiago Romano. Entretanto este se desligou da Confederação antes mesmo que o seu mandato fosse concluído. Em 2012 a RioJunior, em conjunto com a FEJEMG, JADE e Brasil Júnior, protagonizou a realização do que para muitos foi o maior evento da história do Movimento Empresa Júnior, o JEWC 2012. O evento foi planejado por mais de 2 anos, reuniu mais de 2.100 Empresários Juniores de diversos países em Paraty e obteve captação recorde. Seu tema, “Um Mundo, Uma Rede”, promoveu uma profunda reflexão sobre o papel do MEJ frente à Sociedade e sobre como jovens com espírito empreendedor podem causar um grande impacto no mundo. 2. OBJETIVO DA CANDIDATURA Minha motivação ao me candidatar à Presidência do Conselho passa por três objetivos principais, que denotam tanto aquilo que estou comprometido em construir, quanto os propósitos que me fizeram tomar esta decisão. O primeiro deles é: (1) Potenciar a realização do Propósito do MEJ – “Formar, por meio da vivência empresarial, empreendedores comprometidos e capazes de transformar o Brasil”. Me identifico bastante com a missão do MEJ, pois vejo na figura do Pós-Júnior o
resultado mais emblemático do nosso Movimento, e uma vez que o Empresário Júnior se conecta com esta que é a maior entrega do MEJ para a Sociedade, é criado um elo que gera identificação e inspiração, fortalecendo a identidade da nossa rede. Se hoje acredito, defendo, e sou movido por este propósito, é porque eu mesmo já conheci alguns desses “empreendedores comprometidos e capazes de mudar o Brasil”, e para mim está muito claro que tudo o que fazemos no MEJ tem que ser um reflexo, na sua essência, do Propósito Compartilhado da nossa Rede. O segundo objetivo é: (2) Potencializar a nossa capacidade de realização em rede. Percebo que o MEJ vive um momento no qual a nossa rede se expande, mas que os modelos de governança, trabalho, e aprendizado não acompanham esse crescimento com a mesma velocidade. À medida que avançamos em nossa estratégia, saindo de um ciclo mais simples no qual o foco é a Organização Brasil Júnior (Ciclo Gestão) para um ciclo bastante complexo no qual precisamos nos entender como parte de um Ecossistema muito maior e dinâmico (Ciclo Sociedade), é preciso trazer novas perspectivas para que as lideranças do Movimento entendam como gerenciar um processo de mudança consciente, e não apenas atuem de maneira reativa frente aos desafios que surgem para o MEJ. Este cenário complexo sugere que os nossos mecanismos de trabalho sejam cada vez mais rápidos e flexíveis, e que as instâncias do Movimento aprendam a funcionar de maneira enxuta, testando e descobrindo novas propostas de geração de valor que sejam mais adequadas a esta realidade. O terceiro objetivo é: (3) Potencializar o Conselho da Brasil Júnior como principal catalisador de desenvolvimento no MEJ Brasileiro. Vejo hoje que, apesar de reunirmos as principais lideranças do Movimento Empresa Júnior no Conselho da BJ, o foco do nosso trabalho acaba sendo a fiscalização da gestão da Brasil Júnior ao invés do direcionamento estratégico do MEJ no Brasil. Embora eu tenha a certeza que os Conselheiros atuem como líderes e direcionadores do Movimento em seus respectivos Estados, percebo uma oportunidade perdida quando não articulamos essas lideranças a nível nacional para construirmos, como Conselho da Brasil Júnior, o MEJ que queremos para o futuro. Como convergência desses três objetivos, espero contribuir para a construção de (3) um Conselho integrado e capaz de guiar o MEJ Brasileiro rumo a uma visão de futuro compartilhada, (2) um Conselho que consiga enxergar e atuar sobre os principais gaps para que nossas instâncias possam aprender e gerar resultados como rede, e não apenas
como indivíduos, e finalmente (1) um Conselho se identifique com o Propósito do MEJ e zele pelo seu desdobramento nas ações que empreendemos na rede, promovendo o seu reconhecimento e alinhamento entre as Instâncias do Movimento. 3. APRESENTAÇÃO DO CANDIDATO 3.1. Apresentação do Candidato
Nome: Mateus Aguiar Sampaio dos Santos
Graduação: Cursando o 7º Período de Administração no CEFET/RJ
Empresa Júnior: CEFET Jr. Consultoria
Federação: RioJunior
Tempo no MEJ: Dois anos e nove meses
Contatos: mateus.aguiar.santos@gmail.com | (21) 9303-6013
Skype/Facebook: mateus.aguiar.santos
3.2. Histórico no MEJ
CEFET Jr. Consultoria o Dez 2009 a Nov 2010 – Consultor de Qualidade o Nov 2010 a Nov 2011 – Presidente o Nov 2011 até agora – Conselheiro
RioJunior o Nov 2010 a Nov 2011 – Conselheiro Administrativo o Jul 2011 – Comissão de Desenvolvimento Colaborativo o Nov 2011 – Comissão de Revisão do PE da RioJunior o Jan 2012 até agora – Presidente Executivo
Brasil Júnior o Jan 2012 até agora – Conselheiro Administrativo o Set 2012 até agora – Comissão de Revisão do PE da Brasil Júnior
Principais Eventos o ESEJ 2010 e 2012
o ENEJ 2010 e 2011
o EFEJ 2010 e 2011
o JEWC 2012
3.3. Competências Adquiridas Em quase três anos de Movimento Empresa Júnior tive o privilégio de viver experiências completamente divergentes, e hoje posso dizer que foi essa riqueza e quantidade de aprendizados, que a princípio não parecem ter uma conexão tão óbvia entre si, que me guiaram naturalmente para este desafio que é a candidatura à Presidência do Conselho da Brasil Júnior. Entrei na CEFET Jr. em um momento de grandes mudanças na minha vida. Havia me mudado para outro Estado, abandonado uma graduação que estava cursando há mais de 3 anos, e ainda não tinha uma perspectiva de carreira com a qual eu realmente me identificasse. Na CEFET Jr. Consultoria comecei trabalhando na Diretoria de Qualidade. Nesta área interagi diretamente com os processos e a estratégia da empresa, e a motivação para entender e promover mudanças de uma maneira sistêmica despertou o meu interesse em me tornar Presidente. Ao assumir a Presidência da minha EJ comecei a perceber que a Estratégia no mais alto nível não se restringe a sistemas, ferramentas ou controles avançados. Na verdade o processo mais importante da Estratégia se dá ao compartilharmos de maneira genuína um mesmo “Porquê” com diferentes indivíduos para que eles alcancem resultados como equipe. Nesse contexto eu comecei a entender a verdadeira importância dos relacionamentos, do engajamento, e de competências intangíveis e indispensáveis como a liderança. Trabalhei com uma Diretoria de alto nível, e aprendi a importância do líder para torná-la uma equipe que entregasse resultados e fosse capaz de formar novos líderes dentro da EJ. Como Conselheiro na Federação comecei a despertar para a importância da cooperação dentro de uma rede, e percebi que através da diversidade e de um ambiente colaborativo era possível inclusive aumentar a qualidade da concorrência entre as EJs. Na Presidência da RioJunior tive contato com um leque de aprendizados ainda mais diversificado. Me senti recomeçando do zero ao liderar uma Diretoria com pessoas completamente diferentes e num modelo de trabalho à distância com o qual ainda não estava plenamente acostumado. Conheci mais um dos papéis do líder, desta vez sendo o porta-voz de um ideal, e buscando inspirar as pessoas para que elas se sentissem parte
da mesma rede. Representei a RioJunior em algumas das casas de Empreendedorismo mais tradicionais do Rio, como a Associação Comercial do Rio de Janeiro e a FIRJAN. Em paralelo, comecei a aproximar o MEJ do que havia de mais inovador em Empreendedorismo, Startups e Negócios Sociais. Participei de debates para a criação da Política Nacional de Empreendedorismo junto ao Ministério do Desenvolvimento, aproximei a Federação de questões relacionadas à Política, e representei o MEJ Fluminense na Comissão da Semana Global de Empreendedorismo no Rio de Janeiro. Fora da RioJunior participei de outras redes voltadas para Empreendedorismo, Inovação e Negócios Sociais. Me tornei um dos Mentores da CHOICE, pela qual vivi a oportunidade de palestrar no Congresso Mundial de Juventude da ONU, organizado pela Peace Child durante a Rio+20. Nessas redes pude aprender bastante sobre Design Thinking, Teoria das Redes, Negócios Sociais e Art of Hosting, que me trouxeram insights, perspectivas, e técnicas bem diferentes que poderiam ser usadas dentro do Movimento Empresa Júnior. No Conselho da Brasil Júnior pude conviver com a diversidade cultural do Movimento Empresa Júnior e do próprio Brasil, e aprender com pessoas ao mesmo tempo tão brilhantes quanto diferentes entre si. Toda essa jornada me tornou uma pessoa capaz de compreender que o Movimento Empresa Júnior precisa interagir com muitas outras redes que fazem parte de um mesmo ecossistema político e empreendedor para que possa efetivamente gerar valor para a Sociedade. E neste sentido acredito que estou preparado para o desafio de ser o próximo Presidente do Conselho da Brasil Júnior e liderar este processo de amadurecimento e aprendizado da nossa rede. 4. CONTEXTO ATUAL DA BRASIL JÚNIOR 4.1. MEJ Ao concluirmos o primeiro triênio da nossa estratégia que prevê uma interação mais efetiva com a Sociedade, é perceptível que o Movimento Empresa Júnior no Brasil vive um momento de decisões importantes. E para entendermos que decisões são estas, gostaria de trazer uma perspectiva histórica sobre a maneira como a nossa rede foi construída. Ao longo de quase 10 anos de Brasil Júnior conseguimos avançar em aspectos bem relevantes, ao articularmos as Federações na construção de uma rede que, representada
pela Confederação, nos permitiu dar os próximos passos na consolidação do Movimento no nosso país. A partir de 2003, crescemos em número de Federações, EJs, e Projetos, e despertamos o interesse de outras organizações e redes para o potencial transformador do MEJ. Começamos a nos entender como movimento ao criarmos uma proposta de identidade e visão de futuro compartilhadas. Este processo culminou na construção do Planejamento Estratégico em Rede em 2009, que traduziu a essência do MEJ de maneira pragmática, respeitando a diversidade e utilizando os elementos de convergência entre os agentes da rede como ponto de partida para a construção de um Movimento sólido e unido. Entretanto, desde 2010, percebo que o crescimento da BJ, do Movimento, e de todos os processos burocráticos, necessários para sustentar nossa organização, acabou por afastar gradualmente a Brasil Júnior e o MEJ Brasileiro da sua essência e do efetivo trabalho em rede. A experiência que temos hoje do trabalho em rede em muitos momentos é, na verdade, uma distorção daquilo que um dia foi proposto pela nossa estratégia, o que acaba gerando questionamentos sobre a eficiência da rede, e por vezes a frustração das partes envolvidas neste processo. Hoje existe dificuldade até nas instâncias mais altas do MEJ em desdobrar efetivamente o nosso “Porquê” nas atividades e projetos que realizamos. Isso gera um distanciamento entre as nossas ações e a visualização de um resultado efetivo para a nossa rede, mesmo nas situações em que esse resultado existe. A gestão da Brasil Júnior é completamente voltada para o controle tático e operacional do desempenho das diretorias, projetos e coordenações, e até numa instância representativa como o Conselho da Brasil Júnior gastamos muito tempo deliberando e discutindo sobre aspectos operacionais da Organização Brasil Júnior, quando poderíamos estar discutindo nossos Objetivos Estratégicos Compartilhados e os desafios para construirmos o futuro do MEJ no país. Neste ponto retorno à ideia do quanto importante são as decisões que precisamos tomar hoje para garantir um futuro sustentável para a nossa rede. Hoje MEJ funciona com um modelo que foi importante pra que pudéssemos consolidar o nosso movimento, mas que em algumas frentes vem demonstrando claros sinais de saturação. Podemos identificar Federações que enfrentam grandes desafios em algumas de suas funções, mas dificilmente conseguimos consolidar estas experiências “individuais”
em um aprendizado para toda a nossa rede. Estes desafios impactam no cumprimento das nossas metas, principalmente nos Objetivos Compartilhados, que não são trabalhados de maneira integrada entre as instâncias. Isto acaba por vezes afastando a Brasil Júnior do seu principal ativo que é a capacidade de alcançar resultados maiores através da articulação integrada dos agentes da rede. 4.2. Gestão da Brasil Júnior O ano de 2012 foi um ano de avanços importantes para a Brasil Júnior em várias de suas frentes de atuação. É possível identificar que a visão de como a BJ pode trabalhar o Suporte à rede amadureceu bastante, e se hoje ainda não conseguimos enxergar claramente aquilo que deve ser feito, pelo menos começamos a refletir de maneira crítica sobre o que fazíamos até então. Iniciamos a construção de novas propostas para geração de valor, contando inclusive com o apoio do INDG na concepção deste processo. Também consolidamos alguns avanços importantes no relacionamento institucional, como as parcerias com a Endeavor, CONAJE, e a participação na criação da Política Nacional de Empreendedorismo. Essas frentes apontam para novos caminhos na consolidação do MEJ como uma rede relevante dentro do ecossistema político e empreendedor no Brasil. No que tange à Comunicação, a Brasil Júnior voltou a utilizar os seus canais de maneira mais efetiva após as falhas na gestão de 2011, entretanto ainda precisamos amadurecer o nosso trabalho para que o aumento da exposição do MEJ nas mídias se consolide em um posicionamento claro, tanto para dentro quanto para fora da rede, de modo a facilitar a disseminação da nossa estratégia entre as instâncias do Movimento. Todos esses avanços foram importantes, mas um ponto a ser ressaltado é que muitos deles foram desenvolvidos de maneira isolada dentro da própria Diretoria Executiva. Este sentimento também se aplica na relação com o Conselho da Brasil Júnior, que por muitas vezes se sentiu excluído do processo de construção de iniciativas que impactam diretamente diversas instâncias do Movimento. Esta situação resultou em alguns atritos e desalinhamentos entre a Diretoria e Conselho que afetaram diretamente os resultados que poderiam ter sido alcançados caso estas partes estivessem trabalhando de maneira mais alinhada e colaborativa.
4.3. Conselho da Brasil Júnior Nesse contexto, é importante avaliarmos o trabalho da Presidência do Conselho, que é justamente o órgão responsável por criar um ambiente propício para que o relacionamento entre Diretoria e Conselho se desdobre em resultados positivos e sinérgicos para toda a rede. Esse ano foi bastante atribulado dentro da Diretoria e na relação Diretoria-Conselho, havendo inclusive o desligamento de uma das Diretoras da Brasil Júnior. Todo este cenário exigiu bastante do Presidente do Conselho, que por muitas vezes precisou estar mais participativo dentro da Diretoria Executiva para que algumas funções da Brasil Júnior não fossem completamente desprivilegiadas. Ao analisarmos criticamente, percebemos que este não é o cenário ideal para a atuação da Presidência do Conselho, e naturalmente essas necessidades emergentes interferiram na qualidade com que o trabalho foi desenvolvido junto ao Conselho. As expectativas entre Conselho e Brasil Júnior não foram bem alinhadas desde o início, e em boa parte do ano os Conselheiros se mostraram insatisfeitos com a qualidade das informações e das decisões que estavam sendo levadas ao Conselho. Isso acarretou em uma frustração muito grande entre as partes, e algumas vezes o Conselho não teve acesso a informações necessárias para a tomada de decisão, o que gerou a rejeição de algumas propostas, e o atraso de projetos importantes para a Brasil Júnior. Isto se deve ao fato do processo não ter sido construído da maneira mais clara e participativa. Além disso, hoje o trabalho na Brasil Júnior é analisado por uma lente muito operacional. É muito raro que o Conselho discuta os Objetivos Estratégicos e as Questões-Chave que mais impactam no MEJ. Isso limita bastante o nosso potencial de realização em rede e afasta as instâncias da ideia central da nossa estratégia, fragmentando os nossos esforços e o nosso entendimento de como o MEJ está se desenvolvendo no Brasil. Esta visão mais operacional também impacta na maneira como as Federações enxergam a geração de valor por parte da Brasil Júnior. Pois o fato de não conseguirmos associar nossas ações ao real impacto na rede acaba promovendo uma insatisfação nas Federações, que não se sentem percebidas como clientes pela Brasil Júnior, e mesmo nos casos em que existe uma entrega de valor, esta nem sempre é comunicada da maneira ideal para o Conselho.
5. RESULTADOS ESPERADOS De acordo com o contexto apresentado anteriormente, acredito que o Presidente do Conselho precisa ser muito ativo como orientador de um processo de geração de valor através do relacionamento entre as instâncias do MEJ Brasileiro. Este processo passa por três eixos que convergem no entendimento claro da nossa atuação em rede, que é o primeiro passo para que possamos formar um Conselho que consiga compartilhar uma visão de futuro cristalina e atuar sobre os desafios da nossa rede na construção desta visão compartilhada. Os três eixos sobre os quais eu irei balizar a minha atuação como Presidente do Conselho são:
Decisões Orientadas por Resultados Estratégicos
Desenvolvimento do Conselho
Aprendizado em Rede
5.1. Decisões Orientadas por Resultados Estratégicos O ponto de partida para construirmos uma Brasil Júnior capaz de entregar mais valor através do seu trabalho é o de orientarmos as nossas decisões para Resultados Estratégicos. Nesse contexto, por mais que o Presidente do Conselho não seja o responsável direto por definir como deve ser feito o controle da gestão da Brasil Júnior, ele tem que zelar para que as informações que cheguem ao Conselho sejam suficientes para entender como a Brasil Júnior está impactando na rede através das suas ações. A conexão das ações da Confederação com os resultados estratégicos permite o alinhamento das expectativas quanto ao trabalho da Brasil Júnior de uma maneira pragmática, com metas claras para a Confederação. E torna mais simples o entendimento da contribuição das Instâncias do Movimento frente aos Objetivos Compartilhados, garantindo assim o efetivo engajamento e funcionamento da Estratégia em Rede. Um desdobramento prático desta orientação mais estratégica seria mudarmos a maneira como o Conselho recebe e interage com as informações vindas da Brasil Júnior. Hoje a nossa principal fonte de insumos para a tomada de decisão e acompanhamento da Diretoria Executiva é o Fórum. Entretanto ele é organizado por Diretorias e Coordenações, e não por Objetivos Estratégicos. Isso já promove um viés bastante operacional, e traz o foco do Conselheiro para as atividades que a Diretoria Executiva está realizando, sem
conseguir conectá-la de maneira clara ao impacto estratégico que estas ações estão promovendo na rede. O cenário ideal de trabalho é aquele no qual as expectativas estejam alinhadas sob a ótica do resultado que a Brasil Júnior deve gerar para os seus stakeholders, de modo que o acompanhamento seja feito com o foco na entrega final, e não nos detalhes operacionais de cada Diretoria ou Coordenação. Isso permite que a Brasil Júnior tenha uma gestão mais enxuta e não gaste tanto tempo e energia com processos que não geram valor agregado ao seu produto final. Para que este cenário seja possível, acredito que o Presidente do Conselho não pode se restringir apenas à cobrança de informações da Diretoria Executiva, mas ele deve inclusive assumir o papel de orientador do processo, representando os interesses das demais instâncias do Movimento em garantir o desenvolvimento da rede. Este papel de orientador também agrega valor ao nível de confiança entre Conselho e Diretoria, uma vez que contribui para uma maior qualidade das informações, e consequentemente para a melhoria do nível de tomada de decisão que chega ao Conselho. Isso evita que se perca tempo discutindo o formato de deliberações e repasses, para que efetivamente possamos empreender decisões e ações que entregam valor para o Movimento. 5.2. Desenvolvimento do Conselho Uma vez que a Brasil Júnior passe a trabalhar de maneira orientada para os resultados estratégicos, é necessário que o Conselho esteja preparado para discutir e orientar os rumos da Confederação e do Movimento. Neste sentido vejo a responsabilidade do Presidente do Conselho em preparar o Conselho para este tipo de discussões, uma vez que por mais que os novos Conselheiros sejam pessoas muito capazes e legitimadas pelas suas Federações, a maioria deles jamais viveu a experiência de liderar um Movimento a nível nacional. Para garantir a qualidade das decisões do Conselho, é preciso trabalhar no conhecimento profundo dos Conselheiros quanto ao nosso Planejamento Estratégico em Rede, bem como alinhar o Conselho em torno de conceitos-chave da nossa rede. Este alinhamento é necessário para promover o verdadeiro valor da diversidade dentro do Conselho, uma vez que quaisquer convergências ou divergências de opiniões (que são naturais em qualquer processo de deliberação) devem partir de alguns parâmetros em comum. No atual cenário
gastamos muito tempo em discussões onde os conceitos básicos não estão claros para todos, devido a ruídos na comunicação, o que gera interpretações diferentes a respeito dos mesmos fatos. Esta falta de uma “linguagem comum” pode criar algumas falhas e retrabalhos no processo decisório. Por isso é importante que o Presidente do Conselho se antecipe a elas para que o Conselho esteja preparado para construir a melhor decisão. Nesse
contexto,
precisamos
criar
um
processo
contínuo
de
aprendizado
e
amadurecimento para o Conselho. É preciso desenvolver algumas frentes voltadas para o autoconhecimento, e promover um fluxo onde inicialmente o Conselheiro se conheça como líder, para que posteriormente se entenda como parte de uma equipe que lidera o Movimento, e finalmente possa visualizar como a sua contribuição pessoal impacta não apenas dentro do Conselho, mas em toda a rede. Este processo já acontece em outras redes que conseguem trabalhar a cultura, o autoconhecimento, e o papel do líder de maneira muito forte, como a AIESEC, a CHOICE, e o HUB, e acho muito válido compartilharmos o aprendizado destas redes para desenvolvermos líderes ainda mais maduros e conscientes para o MEJ Brasileiro. Além desse viés de cultura e autoconhecimento, é preciso desenvolver o Conselheiro em assuntos mais técnicos, para que o Conselho da Brasil Júnior seja uma instância que domine os Conceitos do Planejamento Estratégico em rede. Isto permite que o Conselheiro consiga analisar a nossa estratégia criticamente, projetando o seu desdobramento em cenários claros e entendendo como as decisões que tomamos hoje podem afetar o futuro do MEJ dentro do espaço de alguns anos. Toda esta preparação é vital para que o Conselho seja o principal catalisador de engajamento dentro da rede, elevando a sua capacidade de construir uma visão de futuro e de empreender os processos de mudança necessários para o desenvolvimento do Movimento Empresa Júnior no Brasil. 5.3. Aprendizado em Rede O amadurecimento da Estratégia do MEJ Brasileiro promoveu o início da criação de uma “identidade comum” sobre como as Federações trabalham e entregam valor para a rede. Apesar dos diferentes contextos e particularidades regionais e históricas, hoje a maior parte das Federações segue um modelo semelhante de atuação, baseado nas “Cinco
Funções Compartilhadas”, o que nos permite dialogar sobre temas comuns ao Movimento apesar das diferentes experiências de cada uma das Federações. Esta “identidade comum” permitiu que pudéssemos criar novas conexões dentro da nossa rede, trabalhando com os chamados “Articuladores”, especialistas em diferentes áreas de conhecimento que muitas vezes compartilham entre si as experiências de suas respectivas Federações. A relação de troca entre os Articuladores transforma o que seria um conhecimento individual em um aprendizado coletivo, capaz de gerar inovações que beneficiam a todos os envolvidos no processo, além de possibilitar a realização de ações integradas entre Federações e Brasil Júnior com um alcance mais amplo e capilarizado. Entretanto, quando pensamos nos desafios para desenvolvermos a nossa rede, alguns temas tem um impacto muito abrangente para serem discutidos apenas no nível dos Articuladores, que são especialistas em suas áreas de conhecimento. As questões estratégicas referentes ao desdobramento das “Cinco Funções” são bastante complexas, e existem algumas Federações que, pela sua vocação ou momento histórico, naturalmente avançaram mais em algumas dessas frentes, e estão enfrentando desafios ou percebendo oportunidades hoje que outras Federações só conhecerão num horizonte de alguns anos. Se trabalhamos com um modelo tão semelhante, até que ponto os desafios que estas Federações estão enfrentando hoje não serão desafios de toda a nossa rede amanhã? E porque não podemos aprender com as experiências individuais desses agentes da rede para construirmos soluções compartilhadas para todas as Federações? A minha proposta é que, seguindo o modelo de outros Conselhos, como Conselhos de Federações da Indústria ou Associações Comerciais, sejam criadas algumas Comissões para discutir questões estratégicas dentro do Conselho da Brasil Júnior. Nas quais seja possível não apenas compartilhar aprendizados locais, mas também construir propostas de soluções para toda a rede, de modo que as Federações se antecipem frente aos gargalos estratégicos que poderão enfrentar no futuro. A ideia central é que essas discussões girem em torno das Cinco Funções e de questões estratégicas relativas aos Objetivos Compartilhados, sempre focando em um viés prático na conjunção de alternativas viáveis que poderiam ser aderidas pelo restante da rede.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Inicio a minha conclusão citando uma frase do Professor Augusto de Franco, um dos maiores especialistas em redes no Brasil, durante sua palestra no TEDxSP em 2009: "Quanto mais você aumenta a conectividade e o grau de distribuição de uma rede, menor o mundo vai ficando em termos sociais, e mais empoderante será o campo social que está sendo criado. Promovendo uma maior capacidade de induzir as pessoas a inovar, assumir protagonismo e empreender. E apenas 1% das pessoas conectadas já são suficientes para capilarizar toda a rede e revelar esta capacidade coletiva de promover o desenvolvimento." Tenho a convicção de que o MEJ tem todas as condições para se tornar uma rede mais conectada e colaborativa, capaz de aprender e inovar coletivamente, e de entregar ainda mais valor para os seus diversos Agentes e para a Sociedade. Mas para que isso se torne uma realidade, cabe à Brasil Júnior assumir o seu papel como articuladora do Movimento ao promover um ambiente que realmente empodere e conecte as Instâncias na construção de resultados coletivos. Só assim seremos reconhecidos como uma Rede Protagonista e capaz de desenvolver jovens brilhantes que compreendem o ambiente no qual estão inseridos e transformam a Sociedade através da sua capacidade e comprometimento. Encerro esta proposta agradecendo a Deus por ter me conduzido até aqui, à minha família e minha namorada, Elis, por serem fontes de força, amor e inspiração. Agradeço a todas as pessoas brilhantes que contribuíram com pedras fundamentais para a construção do MEJ no Brasil, representadas por Leonardo Cassol, Filippe Apolo e Diego Calegari. A todos os que contribuíram para que a história da RioJunior fosse tão bela e intensa, representados por Gustavo Morsch, Edna Ribeiro, Alexandre Caseira, Yaro Carvalho e Marcus Barão. À RioJunior, representada por Willy, Camila, Armando, Pedro e Leonardo. À CEFET Jr. Consultoria, representada por Marcus Brauer. E aos grandes amigos com quem trabalhei, representados por Leandro Ramos, Dani Miyuki, Rafael, Juliana Granja, Anna Carolina, Bia Alvares, Priscila, Larissa Venâncio, Gadini, Gustavo, Magdalena, Ingrid, Vitor, João Gabriel, Álvaro, Bruno, Gabriel Maia, Vitória, Anna Gabriela, Fabrício, Gabriel Guimarães, Jayme, Pedro Nascimento, Ubirajara, Daniel, e João Manoel. Faço questão de citar todos esses nomes, pois eles refletem o maior aprendizado que tive sobre a nossa Rede. De que “Nenhum de nós é tão forte quanto todos nós juntos.”, e hoje, ao encerrar esta proposta, eu represento um pouco de cada um. Juntos. Mateus Aguiar Sampaio dos Santos