Revista SIM! 42

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LEÃO MÍTICO I e LEÃO MÍTICO II. Ambas de 2005 e com tiragem de seis gravuras cada. Técnica: Litografia, sendo a primeira em Maneira Negra.

A artista plástica Janaína Czolpinski esteve com a exposição “Sensíveis Diferenças”, que reuniu 15 trabalhos em gravura, em cartaz no T Cultural Tereza Franco da Prefeitura Municipal de Porto Alegre até o último dia 9 de setembro. As obras foram feitas com litografia, xilogravura e gravura em metal, placa de celulose e impressões em vidro e cetim. Segundo a artista, as gravuras mostram o tratamento de uma mesma imagem em diferentes técnicas de gravura. Janaína Czolpinski - janainaczolpinski@hotmail.com Confira a matéria completa no site da Sim! (www.revistasim.com.br), seção Arte. Vale a pena!

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Sem título - corresponde ao trabalho premiado na Bienal.

The earth and its contours - litografia (a partir de uma fotografia aérea)e calco realizado em látex de um a superfície formada a mais de 1 milhão de anos (Chapada Diamantina), com a incorporação de fragmentos de impressões litográficas de mapas topográficos feitas com papel japonês.

Brasileiro vence Bienal Iberoamericana de Gravura O professor da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Michael Walker, recebeu o primeiro prêmio da I Bienal Ibero-americana de Gravura e Obra Gráfica, atribuído pela cidade espanhola de Cáceres, à gravura em látex de ondulações formadas na areia há mais de 1 milhão de anos (encontradas na Chapada Diamantina, Bahia). A obra premiada concilia processos tradicionais como os fotopolímeros, novas tecnologias digitais e calcos realizados em látex. O trabalho evoca a passagem do tempo como agente que modifica identidades ou imprime novas idades. Os calcos em látex revelam lentos ou rápidos processos de transformação geológica: uma informação que, de forma contraditória, permaneceu na superfície da terra ou das Michael Walker - michaelwalker@operamail.com

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rochas da Chapada. O trabalho do pesquisador faz uma alusão à própria noção de impressão, tanto como resultado de movimentos entrópicos de processos naturais, como de gestos voluntários ou involuntários. Do geológico ao digital, dos sulcos na terra às fissuras dos dedos do artista, o contraste entre a materialidade do calco em látex e a imagem (fotopolímero) deixa entrever um jogo de tensões entre presença e ausência, entre proximidade e distância, entre o ancestral e o contemporâneo. Michael foi selecionado no mês de agosto para uma exposição que faz parte da programação do 1º Encontro Europeu de Litografia, em Munich, Alemanha. A abertura foi no dia 2 de setembro.



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As três fases da D ivina Com é dia



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Há cinco anos trabalhando despretensiosamente, mas com atenção aos aspectos artísticos (até porque isto acontece naturalmente devido à sua formação) Edson Menezes apresentou no MAC (Museu de Arte Contemporânea), em Olinda, e no Paço Alfândega, no Recife, os três momentos da Divina Comédia (Inferno, Purgatório e Paraíso) de Dante Alighieri em 52 obras: 25 óleo sobre telas e 27 óleo sobre madeira. A mostra Omnicêntrica e as Órbitas de Dante apresentou, no primeiro momento, o estado infernal tomado pelos aspectos avermelhados. Evidente pela crise de cenas que unem lutas, sangria e descompassos, o misticismo relatou a ação humana num contexto “surreal”, figurando a confusão psíquica. Assim como no poema que relata momentos de desordens, mas com o apoio de bons guias, as telas destacaram presenças positivas da força espiritual. A sobriedade da Virgem Maria, o mistério da trindade e a luta dos anjos evidenciam esse entrave. O segundo, o Purgatório, como o próprio artista o definiu, foi relatado por todas as cenas que aparecem as figuras humanas, como o cotidiano. “O namorado da Barbie, apesar de ser bonito, tem que se manter bonito para sociedade. Ninguém fica de terno o tempo todo”, explica, citando a extensa tela horizontal que apresenta os bonecos em diversas versões sociais. A aparição de insetos, como a esperança e a borboleta, vão remetendo timidamente o desprendimento material. Remetendo à liberdade celestial, aos poucos, as figuras humanas vão abrindo espaço para o terceiro momento, o Paraíso, em que aparecem apenas os pássaros como forma de libertação, totalmente livres. Nessas telas, a variedade de pássaros, escolhidos casualmente, abrange desde espécies comuns às mais exóticas (como a sangue-de-boi (tiés-sangue), em extinção) que, deixando a complexidade das cenas de lado, se unem à simplicidade em um cenário tomado pela pureza do branco, assim como Dante ao adquirir a nova capacidade visual compreendendo o mundo espiritual. “Se não conhecêssemos a borboleta, nunca imaginaríamos que antes dela voar era um ser rastejante, não possuía nenhuma beleza. Tudo se transforma! Nós mudamos a todo momento. Eu mesmo não sei o porquê de não ter pensado na pintura de pássaros antes, me deu muito prazer”, ressalta.

Edson Menezes Rua dos Arcos, 280 - Poço da Panela, Recife-PE Fone: (81) 3442.4407

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A arquitetura a favor da organização das cidades é como podemos começar a falar sobre urbanismo. Foi a partir desse pensamento que surgiu a matéria de capa. Será que dá para desenhar um Recife melhor?! Procuramos profissionais dedicados ao desenho urbano para entender os problemas enfretados pela região metropolitana e, quem sabe, propor soluções para uma cidade que vive um crescimento caótico. Importantíssimo! Pensando positivamente não poderíamos deixar de mostrar o Instituto Abelardo da Hora. O projeto vai reunir arte e educação para o coletivo, assim como a arte do artista Abelardo. A arquitetura é da melhor qualidade, inclusive premiada pelo IAB e vai estar presente na Bienal em São Paulo. Maravilha!

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Patrícia Marinho - pmarinho@revisatsim.com.br

da redação

E falando em prêmios, Pedro Motta ganha mais um com o telhado de uma casa na praia de Toquinho. Na verdade, a casa inteira vale prêmio. Aproveitamos para mostrar a ambientação de Mônica Paes. Um arraso! No mais: artistas bacanas, designers descolados, paisagismo... Tem muito mais... Não perca tempo. LEIA SIM!

confira

capa

16 Design! 24 Opinião!: Curvas de expressividade 26 Arquitetura & Decoração: Pequena notável 34 Projeto!: Arte, cultura e educação 38 Urbanismo!: Vamos desenhar um Recife melhor? 64 Paisagismo!: Projetos registrados no CREA

Sempre que encontrar esse símbolo no final das matérias, procure mais informações no site www.revistasim. com.br.

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Foto de Felipe Mendonça: Ilha do Leite - Recife



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design Náiade Lins: senhora da sua criatividade Trabalhando com fitas de cobre e arame, Náiade Lins concebe mandalas, fruteiras e até cestos. O resultado é algo que foge do comum, pois o emaranhado obtido é surpreendente. Com a madeira, que ora aparece crua, ora colorida, a artista dá vida a bonecas vestidas, esculturas e fruteiras. Outro destaque é o abajur com base de madeira e copa feita com pequenos quadrados de osso. Suas peças têm furos, miçangas e arremates que lembram uma costura, feitos na própria madeira. Elas são exportadas para os Estados Unidos, Portugal, Espanha, Alemanha e Itália. Além disso, a artista ainda de participa grandes feiras nacionais, como a mostra Artefacto, a Gift e a ABIMAD, e ainda de duas internacionais, a Maison Objeto e a Intercase Lisboa. Rua Antônio Paes Barreto, 424 Imbiribeira - Recife - PE. Telefone: (81) 3471 2240 / 3471 1653. www.naiadelins.com.br

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Isnaldo Reis: o mago do PVC Arquiteto há 25 anos, Isnaldo começou trabalhando com isopor, borracha e mármore. Mas foi com o PVC que ele se consagrou nacional e internacionalmente. “O PVC é mais versátil, leve, lavável, não quebra e ainda por cima é imune à maresia”, explica Isnaldo. Antes usava o material apenas na cor natural, atualmente as cores são de fundamental importância para alguns objetos. “As luminárias brilham sozinhas; já outras peças, como os jogos americanos, precisam de cor para brilhar”, diz Insnaldo. Para o Salamaleque, um restaurante árabe , o designer estudou a cultura do Oriente Médio e criou luminárias bem próximas às daquela região. Suas peças são exportadas para Alemanha, Canadá, Estados Unidos, Portugal e já lhe rendeu até prêmio. Em 2002, Isnaldo foi o grande vencedor da feira The New York Home Textiles, na categoria Hard. Av. Cons. Rosa e Silva, 1687 - Aflitos - Recife - PE. Telefone: (81) 3241 9646 isnaldoreis@hotmail.com

Nas mãos de Viviani Fujiwara, uma tela, tinta acrílica ou plástica, lantejoulas, strass de vidro, glitter e floresinhas de metal transformam-se em um trabalho cheio de cor e vida. Transitando entre bichos, flores, mandalas em homenagem a sua filha Yasmim e sapatos por conta do fetiche que as mulheres têm por esse acessório , os quadros dela têm um colorido único e traços ingênuos. Além das telas, a japonesinha ainda executa a difícil tarefa de dar vida a anjos e santos de gesso. O diferencial é fazer anjos com cara de palhaço ou vice-versa e santas ingênuas, apesar de usarem maquiagem, roupas chiques, sapatos, luvas e meias. “As santas que via por aí tinham todas caras tristes. Como toda mulher gosta de estar produzida, eu quis dar vida a elas. Nada de aparecer apagadinhas”, diz a artista. Feira do Bom Jesus - Recife Antigo - Recife - PE. vfujiwara@hotmail.com

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Ingenuidade na arte de Fujiwara


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Imagens religiosas em alta Logo depois que saiu do curso de arquitetura, Jussara Vinagre percebeu que sua praia era outra. “Abracei a arte, porque, mesmo estudando arquitetura, sempre fui ligada a ela. E, depois que abri a loja de objetos, não tenho mais tempo para me dedicar à profissão”. Há vinte anos atuando como designer, ela fabrica bolsas, bijous, roupas e objetos de decoração. A artista usa e abusa da madeira pintada a resina. Para dar vida às bijous, ela utiliza fitas, crochês, pedrarias e miçangas. Atualmente, a religião caiu no gosto de Jussara e quase todas as suas produções têm um toque de santo ou imagens sacras. Entre suas obras, vale destacar para um espelho com a moldura toda decorada com botões e para uns pufes com aplicação de recortes de revista ou pelúcia. Outro grande sucesso fica por conta dos mini-relicários. Feitos de caixa de sorvete ou madeira, as peças se tornam graciosas ao receberem imagens de santo, ganesha, shiva ou Krishna. Av. Rui Barbosa, 317 Graças Loja D1 - Recife - PE. Telefone: (81) 3421 8834

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Os santos de Águeda Penna A arte sacra de Águeda Penna está presente em delicados relicários e camisetas com imagens de santos com detalhes em fita, crochê, pérolas ou miçangas. Há dois anos fazendo esse tipo de trabalho, Águeda começou como estilista da sua própria fábrica de acessórios em Fortaleza. Quando se mudou para o Recife, ela foi convidada para participar de um bazar de Natal. Foi daí que veio a idéia de fazer os relicários, que hoje já são conhecidos em Maceió e São Paulo. Para criar essas pequenas obras de arte, a artista usa madeira, tinta acrílica, pedras, florezinhas, rendas, veludos. Os santinhos que vão dentro das caixas ganham terços, medalhas, crucifixos e até lantejoulas. O resultado é surpreendente, colorido e alegre. Seguindo o mesmo tema, as camisetas são pintadas com imagens de santos e anjos e ganham arremates com fitas do Senhor do Bomfim, crochê e pespontos nas golas. Elementos da fauna e da flora que acompanham as estampas são adornados com pérolas, miçangas e lantejoulas. Arte Santa - Telefone: (81) 9262 0121

A Attico Cerâmica Peruana, desenvolvida pela designer Aída Rondani, é destaque pelas suas formas plugadas no cotidiano contemporâneo. Utilizando o processo típico da região norte do Peru, as peças apresentam características únicas, como o brilho natural obtido através da defumação e do polimento. “As pessoas ficam impressionadas e perguntam o que utilizamos, se é alguma tinta especial, mas nós apenas usamos uma técnica diferente que, aliás, não é muito difícil”, comenta a peruana atuante nesta área, no Brasil, há dez anos. As formas e os grafismos, pesquisados pelo mundo durante viagens, ganham ainda mais brilho nas peças criativas (pratos, vasos, tapetes e outros objetos) compostas por madeira, lã (através do tear) e palha. No Recife, as peças de Aída podem ser encontradas na I9 Design, em Boa Viagem, uma descoberta da designer de interiores Morgana Tosca.

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Cerâmicas Peruanas atraem olhares

Attico Cerâmicas Peruanas - Fone: (11) 5687.6339. www.atticodesign.com.br I9 Design - Av. Cons. Aguiar, 2979 - Boa Viagem - Recife PE. Fone: (81) 3325.0683

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Mistura do rústico com o moderno Para criar a última coleção, Jailson Macos se inspirou nos modelos xô-boi as famosas sandálias de matuto. De um jeito estilizado, o pisante tem uma continuação do solado que cobre os dedos e, por ser bastante usado pelos orientais, recebeu o título de X. Fazendo uma mistura do rústico com o moderno, ele usa couro sintético misturado com couro natural, corda, biriba e palha. O processo para conceber suas peças é bem artesanal. Como é o responsável pela criação, quatro funcionários cortam, fazem os moldes e dão o acabamento. Isso, claro, com a supervisão do próprio designer. A próxima coleção é continuação do trabalho atual, ganhando diferenciais na forma e na textura. Nas orientais, por exemplo, Jailson vai subir o solado de modo que cubra apenas o dedão e darlhes detalhes em juta, palha e pedraria.

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Rua Visconde de Uruguai, 97 Torre - Recife - PE. Telefone: (81) 3445 2306

Kalina e suas bolsas maravilhosas

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Desde os tempos de colégio, Kalina Rameiro fazia acessórios para vender para as amigas. No mercado das artes e do design há aproximadamente 15 anos, suas bolsas e jóias são conhecidas até no exterior. Graduada em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Piauí, para criar as jóias exclusivas e de tiragem limitada, Kalina faz um mix do ouro e da prata com metais, pedras brasileiras, madeira e couro. Nas bolsas de design arrojado e nada comum, ela usa matéria-prima importada, tecidos nobres, miçangas, fios dourados e lantejoulas. Trabalhando temas que se tornam coleções coordenadas, Kalina avisa que a inspiração para criar as maravilhosas jóias e bolsas vem da vida, das pessoas, da natureza.

Alegria e cores na bijou de Conceição Benning Quando o assunto é bijuteria colorida, feita com material diferenciado como semente, madeira e miçanga importada, pode-se citar o nome de Conceição Benning. Trabalhando no ramo há mais de 20 anos, ela preza pela qualidade da matéria-prima, por isso não usa nada de plástico. As miçangas que compõem colares, brincos e pulseiras não apresentam falhas e não desbotam. Na coleção atual, ela trabalha muito a madeira e as cores. Exemplo disso é um colar com 12 voltas em miçanga acetinada nas cores verde petróleo, pink, laranja, lilás e marrom. Para a próxima temporada, a simpática Conceição promete trabalhar muito o marrom e o cereja. As peças, que são todas confeccionadas por Conceição e por sua filha Rebeca, são vendidas em várias lojas da cidade. Entre elas, a Bain Douche. Fone: (81) 3436 5499 - 8869.7590

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Rua José de Lima 510 - Sao Cristovão - Teresina - PI. Fone: (86) 3233 1278 - kalinarameiro@hotmail.com



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design Gilvan Samico sob a ótica da Maria da Silva As sainhas estampadas, os vestidos bordados e os shortinhos com apliques da Maria da Silva fazem parte de um passeio de Germana Valadares e Rita Azevedo pelo universo do xilogravurista Gilvan Samico. As meninas usam apliques, bordados nas barras das peças e sobreposições de saias para conceber a história que deu origem à última coleção, que foi apresentada e consagrada pela crítica no Recife Fashion. É a história de uma menina chamada Maria, que vai à casa de um amigo em Olinda e começa a folhear um livro idealizado por Samico repleto de bichos gêmeos, árvores de folhas negras, espada de ouro, homens e mulheres de olhos arregalados. Maria entra na ficção do xilogravurista e, para ser a princesa deste reino armorial, usa roupas coloridas, feitas com aplicações de penas de fogo dos pássaros, de asas recortadas do dragão, de leque do pavão misterioso e de traçado do corpo dos répteis. Rua da Aurora . 1035/82 Boa Vista - Recife - PE Fone: (81) 3222 6612 - 8828 8881. germanavaladares@gmail.com Divulgação

Bordados e acabamento impecável de Melk Z Da Vestidos, saias e casacos do estilista Melk Z Da recebem bordados feitos no próprio tecido. A mulher do verão 2006 proposta por ele é sensual, classuda e ama decotes. Os casacos e as jaquetas têm tingimentos desbotados. Outra característica do designer é fazer a combinação de peças justas com outras mais larguinhas. O trabalho preza pela mistura de tecidos nobres, como o linho e a seda, com a malha e por um acabamento impecável. As cores trabalhadas em geral são o rosa, o verde, o cru e o branco. Melk começou sua carreira como desenhista das lojas Narciso. Ano passado, ele foi a grande de revelação de um dos maiores eventos de moda do Brasil, o Recife Fashion. Depois desse desfile, o estilista só faz colher os louros da fama. Sua coleção foi elogiada pela crítica local e nacional e já emplacou duas vezes no Fashion Rio. A moda de Melk é vendida em lojas chiques do Recife e do Rio de Janeiro.

A psicodelia experimental de Leopoldo Nóbrega A moda masculina de Leopoldo Nóbrega é representada por uma mistura de psicodelismo com um jeans experimental. Para compor as t-shirts estampadas, ele trabalha em cima do tema Brasil Tropical e, junto com o psicodélico e a geometria, consegue um resultado que muito se assemelha ao cubismo. Com uma multiplicação da figuras geométricas, Leopoldo concebe uma camisa chamada de Olho Nariz e Negra. Nas calças, o estilista trabalha, em forma experimental, o jeans o tecido utilizado é da fábrica São José, de Toritama com tecidos metálicos e malha estampada. Seu trabalho se volta para desmistificar os preconceitos em torno da moda masculina. “O homem que veste Leopoldo Nóbrega é arrojado, excêntrico e nada discreto. Ele pode tudo. Para a passarela do último Recife Fashion, por exemplo, eu fiz um homem usando saia”, destaca. Rua Monte Azul, 225 Arruda - Recife - PE. Fone: (81) 3241 1244 leopoldonobrega@yahoo.com.br e aplenna@elogica.com.br

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Rua Engenheiro Clóvis de Castro, 142 Parnamirim - Recife - PE. Fone: (81) 3268 4617. melkzda@uol.com.br



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opnião

CURVAS DE EXPRESSIVIDADE Danielle Galindo*

Quem nunca se perguntou sobre a procedência das famosas cadeiras de balanço da casa de nossos avós ou até mesmo sobre a evolução destas formas, que resultou no design dos móveis atuais?

Na história moderna da arquitetura e do interiorismo pode-se identificar momentos chaves na evolução da tecnologia da madeira. Um dos motivos desta evolução foi o desenvolvimento de novas técnicas para a criação de novas formas no mobiliário. Foi no século XIX que Michael Thonet (Boppart, Alemanha / 17961871) desenvolveu a tecnologia para o curvado da madeira, que permitiu reduzir o número de peças, dando assim um grande salto na fabricação de móveis econômicos e impulsionando em todo o mundo o surgimento da sua fabricação em série. Os móveis de Thonet, que se caracterizaram pelas sinuosas curvas, faziam referências às formas orgânicas da natureza (folha de uma palmeira, plantas ornamentais e outros elementos naturais). Buscavam, além das formas, satisfazer às necessidades da época, se adaptando aos problemas do espaço habitável. Ele concebeu móveis (cadeiras, mesas, centros e outros) de dimensões reduzidas e, em muitos casos, móveis reversíveis, graduáveis e dobráveis. Preocupações que tiveram continuidade nos trabalhos Alvar Aalto, um dos mais destacados arquitetos do século XX. UMA DAS MAIS FAMOSAS de Thonet é a cadeira de balanço com curvas sinuosas e inspiradas na natureza.

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Em 1871 morreu Michael Thonet, deixando a imagem de artista inovador, que tinha a elegância formal em seus projetos, com estilo autêntico e pessoal, que se adaptou ao gosto e à moda da época sem ser escravo da mesma e deixando móveis com originalidade, beleza, comodidade e utilidade, marcando, dessa maneira, o início do novo tratamento da madeira no interiorismo.


Ao final dos anos 20, Alvar Aalto iniciou projetos de cadeiras com for mas carac ter ís t i c a s, a t r a v é s d e c u r v a s n a t u r a i s e h a r m o n i o s a s . S e i n t e r e s s o u p r i n c i p a l m e n t e p e l a relação passional, intelectual e funcional dos móveis com o usuário. Definiu a madeira como material humano, recusando os materiais industriais e foi, sem dúvida, o arquiteto que melhor representou a continuidade do trabalho de Michael Thonet, expressando a relação orgânica entre o homem, a natureza e as construções.

AS FORMAS ATUAIS inspiradas nas formas de Michael Thonet podem ser vistas nas cadeiras de Le Corbusier e Mart Stam

Posteriormente, outros arquitetos e designers, como Otto Wagner, José Hoffmann, Kolo Moser, Adolf Loos e muitos outros, criam modelos para serem utilizados nas suas realizações arquitetônicas. Seguidamente, Le Corbusier, Mies van der Rohe, Breuer, Mart Stam, Lorenz, Azema e outros arquitetos e designers projetam móveis em tubo metálico curvado inspirados nas formas de Michael Thonet, tentando interpretar sua idéia original e refletindo a pureza funcionalista dos anos 20 e 30.

OS MÓVEIS DE MIES VAN DER ROHE é um dos exemplos mais significativos do design atual, em tubo metalico curvado.

*Danielle Galindo Fernandes é arquiteta, formada em 2000 pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco FAUPE. Realizou mestrado em Diseño de Interiores em 2003 e atualmente cursa o doutorado de Comunicación Visual en Arquitectura y Diseño, ambos pela Universitat Politècnica de Catalunya UPC, em Barcelona, Espanha.

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&

decoração

PEQUENA NOTÁVEL

Possuindo suítes com vista para a Ilha de Santo Aleixo, na praia de Toquinho, Litoral Sul de Pernambuco, a casa projetada pelo arquiteto Pedro Motta reúne a carpintaria tradicional, o 1º lugar no Prêmio Nacional Tégula de Arquitetura em Telhados da Lafarge e a experiência de obras especiais em um lote urbano. A ambientação recebe o toque rústico e regional de Mônica Paes, que coordena móveis centenários entre peças modernas e objetos artesanais. Por Flaviano Quaresma

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arquitetura


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“Foi um desafio o projeto da casa de praia em Toquinho”, revela o arquiteto Pedro Motta. O terreno para a obra, com dimensões convencionais de 12 metros por 40, recebeu uma arquitetura sofisticada e arrojada, com carpintaria tradicional bem ao perfil de seu trabalho. A casa, à beira-mar, possui cinco suítes, duas salas de estar, sala de jantar, quarto de empregada, sala íntima, mezanino, duas varandas, cozinha, lavabo, depósito, área de serviço, residência do caseiro, piscina e um deque todo feito em madeira. “Diferente das construções locais, que utilizam todo o terreno e as paredes conjugadas, diminuímos ainda mais a dimensão. Soltamos as laterais para aumentar a circulação de ar e transformamos o espaço interno”, acrescentou. Outra idéia foi elevar o nível da casa em 1,50 m em relação ao da rua, o que contribuiu para uma maior circulação de ar e para a construção do depósito abaixo do terraço beira-mar. A obra foi iniciada em alvenaria estrutural com paredes que coincidem umas com as outras entre os dois pisos. Um cintamento de concreto foi utilizado para unir as paredes contínuas. Depois, tudo foi feito com maçaranduba e cumaru: telhado, mezanino, escada e deque. “Descrito assim, parece simples, mas se tirássemos a estrutura de madeira, encontraríamos somente dois duplex inacabados conjugados e, ainda, um frente ao outro com distância de 3 metros entre eles”, explica Motta. Um só telhado cobre esses dois prédios e o mezanino foi transformado numa área de vivência que serve de ambiente de acesso aos quartos no primeiro piso. Ao todo, a casa ocupou uma área de cerca de 350 m2.

Da entrada principal, pode ser observado o telhado distribuído sobre a residência. Como as suítes receberam um forro de laje, no centro da casa, entre o telhado e o concreto, existe um vazio que valoriza a estrutura em madeira. Na área externa, o telhado foi pensado para servir como um protetor beiral, que oferece super-proteção para as janelas. Entradas e saídas de ar foram implantadas nos quartos com o uso de venezianas com paletas móveis e lâminas horizontais, todas em madeira. Nos ambientes de uso comum, como as salas de estar, venezianas com paletas fixas para entrada de ar e luz constante. ‘Com a utilização das lâminas horizontais, a casa tornou-se “quase-transparente’. Isso também proporciona uma integração maior com o ambiente natural do local”, completa Motta.

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A casa de dentro para fora Pregos de latão foram usados para prender os caibros dispostos horizontalmente, acompanhando a inclinação da coberta. Na sua estrutura, na do mezanino e nas do deque, foram utilizados pinos (espigas) de madeira. Cumaru foi a madeira utilizada no açoalho do mezanino. A escada, que dá acesso ao mezanino, vazada e de pé direito duplo, é em madeira, desenhada artesanalmente e também de encaixe. No ambiente, foi disposto um janelão, onde a paisagem da Ilha de Santo Aleixo fica emoldurada. O suposto “quadro” é localizado sobre uma esquadria horizontal de 3 m de largura em madeira e segue até o piso do ambiente da sala de jantar. Numa altura de cerca de 2,5, foi implantada uma prateleira de madeira para uso decorativo. Duas suítes têm a vista para a Ilha. Delas também podem ser vistos o deque com uma palhoça em piaçaba, a piscina e o mar. As esquadrias dos quartos começam do piso e seguem até o teto, oferecendo uma visibilidade total da paisagem, em madeira e vidro. Na fachada poente, outra esquadria foi colocada para uma circulação maior de ar. Por ter uma estrutura feita em alvenaria, as instalações de fios elétricos foram realizadas convencionalmente. Nas paredes, apenas arandelas foram implantadas, estrategicamente, para uma iluminação indireta e de fácil manutenção. De fora para dentro As telhas, modelo Tégula Coppo de Grécia num bege colonial, mostram um estilo “época” e neutro sem chamar mais atenção que o ambiente natural. De acordo com Pedro, a cor escolhida absorve a claridade do lugar. “Telhados com cores fortes e mais visíveis foram feitos para países de clima frio, onde não existe tanta luminosidade. No Brasil, devemos utilizar telhados neutros para absorver o excesso de claridade, típico em países tropicais”, explica. No terraço beira-mar, uma cobertura tipo “boné” protege a área externa. O telhado forma uma viseira de proteção contra as chuvas. Do lado de fora, também são perceptíveis as esquadrias nos quartos, que evitam a entrada da chuva nos ambientes. À esquerda da piscina, está o acesso ao depósito no subsolo. Nele, foram dispostos o reservatório de água, uma sauna, um banheiro e a casa de máquinas da piscina. Há também uma central que controla a circulação da água nos tubos hidráulicos da casa. Com isso, foi extinta qualquer hipótese de construção de torre na estrutura para sustentar reservatórios. Um pressurizador leva a água para torneiras e chuveiros. “Esse novo sistema sai dez vezes mais barato que uma caixa d’água sobre a casa”, afirma Motta. Uma bomba de sucção puxa a água que passa pelo pressurizador. Do equipamento sai uma instalação hidráulica que se divide em duas, separando a água fria da que é submetida a outro processo no boyler, distribuindo água quente para os chuveiros dos quartos e à torneira da cozinha. “A pressão é equivalente ao sistema hidráulico de um prédio de 15 andares. O equipamento mantém a tubulação sob pressão”, completa.

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Prêmio Lafarge O arquiteto Pedro Motta foi premiado por duas vezes consecutivas pelo Prêmio Nacional Tégula de Arquitetura em Telhados promovido pela multinacional francesa Lafarge. Mas, desta vez, conquistou o 1º lugar com a casa de praia em Toquinho. O primeiro prêmio foi referente à casa de Serrambi, também no Litoral Sul de Pernambuco, com a qual conquistou a segunda colocação. O prêmio avaliou o detalhamento e a modulação de peças, desenvolvidos pelo arquiteto na construção da casa. O resultado foi divulgado no mês de junho.

Personalidade: é assim que a decoradora Mônica Paes define a ambientação da casa. Um trabalho que a profissional caracteriza como organização e coordenação, já que 99% dos móveis e dos objetos foram escolhidos e comprados pela proprietária, alguns seculares, adquiridos e guardados ao longo dos anos. Acompanhando a arquitetura, os ambientes foram tomando corpo de acordo com o gosto do cliente. Móveis rústicos e escuros, locais mais aconchegantes e familiares e sofás e poltronas mais confortáveis. E um ponto importante: cada ambiente tem seu uso em horas seqüenciadas. Nada de TVs e aparelhos de som em quartos para quebrar o conceito de “reunião familiar”. Planejada para um número extenso e rotativo de pessoas durante o veraneio, a ambientação seguiu às ordens de praticidade e espaço amplo para todos. No terraço beiramar, por exemplo, um freezer horizontal foi adaptado ao jardim lateral para evitar idas e vindas da cozinha para o terraço. Uma mesa de madeira redonda completa o desenho. Do lado oposto, uma salinha de estar frente para o mar e para a piscina amplia as opções de comodidade. Mônica revela que a ambientação total aconteceu depois que a casa começou a ser habitada. “Existe um planejamento prévio, mas as necessidades de cada cliente ficam explícitas quando o ambiente está sendo utilizado”, disse. Um exemplo é o segundo terraço da residência: o poente. O espaço, que serviria como garagem, acabou se transformando em mais um estar. “A proprietária quis ter várias opções de contato com o ambiente externo. É aquela idéia de interior, na qual as pessoas passam e dão boa noite, visto que a rua fica diante do terraço”, acrescentou.

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Ambientes familiares e práticos Na entrada principal, duas salas de estar recepcionam os visitantes: dois ambientes planejados para proporcionar conforto e integração entre todos. Sofás modernos e confortáveis, poltronas e mesa foram distribuídos nos espaços. A sala à esquerda, foi transformada em dois ambientes com uma mesa curinga. Além de servir como lugar para jogos, a mesa ampliou o número de lugares no momento das refeições. Por esse motivo, foi inserido um aparador de vidro que envolve a parede até a sala de jantar. “O aparador traz praticidade. Os alimentos podem ficar expostos sem necessidade de recorrer à cozinha”, afirmou Mônica. Os sofás de braço e as cadeiras tailandesas dividem o mesmo espaço com o design moderno dos sofás das salas. O mezanino recebeu duas “cadeiras do papai” e os aparelhos de som e TV, além de dois armários laterais para a rouparia. “Como os cômodos não têm quase nenhum tipo de armário para as roupas de cama e de uso geral, escolhemos o mezanino por ser um espaço central”, explica.

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Segundo Mônica, as quatro suítes tiveram o mesmo detalhamento de cama e armário, com móvel escuro e detalhes de pastilhado de coco, bem praieiro. Para evitar o problema da umidade e do mofo, os armários foram revestidos com cerâmica.

Os banheiros também receberam a mesma unidade: cerâmicas rústicas, com uma aparência de pedra, no piso, e que tomam ainda 1,60 m das paredes e nos quais foram acrescentados detalhes em mármore como filete em três tons de cores. No restante das paredes, a pintura contou com um dos três tons: o castanho-amarelado.

Pedro Motta e André Reis - Fone: (81) 3326.0540 - E-mail: mottaarquiteto@terra.com.br Mônica Paes -

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Fone: (81) 3088.1965 - E-mail: monicapaes@hotlink.com.br



projeto

A r te , Cultura

e Educação Instrumentos do Instituto Abelardo da Hora 34

“Faço a minha arte respondendo a uma necessidade vital. Como quem ama ou sofre, se alegra ou se revolta, aprova ou denuncia e verbera. Reflexo da convivência social e fixação de elementos pela cultura da humanidade no seu itinerário histórico social. Tenho compromissos fundamentais com a cultura brasileira e com o povo da minha terra. Não faço arte para os colegas verem e nem para os críticos. Faço arte para mim e para minha gente. Acho que o grande apelo atual da humanidade é a paz, o entendimento, a solidariedade e o amor, enfim. Pretendo que a minha arte seja mais uma voz a reforçar esse apelo”. Abelardo da Hora


A história do artista plástico Abelardo da Hora sempre esteve atrelada a sua aspiração por mudanças. Seja atuando de uma forma política apoiando alguns candidatos e reivindicando causas, ou como mestre educador, Abelardo sempre se dedicou a uma arte para o coletivo, uma arte de grandes proporções (em vários sentidos) que invadem a paisagem da cidade. O Instituto Abelardo da Hora (IAH) é fruto desse desejo de continuar a vida de semeador. O projeto é dos arquitetos Pedro Lira e Manoela Muniz Machado, que recentemente obteve o primeiro lugar na categoria arquitetura da sétima edição do “Prêmio Jovens Arquitetos”, destinada a profissionais com até 40 anos, realizada pelo IAB-SP. O Instituto tem como proposta atuar nos segmentos de arte, educação e cultura. Promovendo exposições e cursos de iniciação em desenho, modelagem, pintura e modelo vivo, além de artes cênicas, música, dança e fotografia artística, como forma de estimular a profissionalização de novos artistas em Pernambuco. “Quero retomar o investimento na formação e profissionalização de novos nomes”, disse Abelardo da Hora referindo-se à experiência do Ateliê Coletivo, no qual atuou como mestre no início de carreira de diversos artistas de expressão, como Francisco Brennand, Guita Charifker e Gilvan Samico, nas décadas de 1950 e 1960, em Pernambuco.

O edifício sede do Instituto será locado num terreno situado na Rua Bernardo Guimarães, 60, no bairro da Boa Vista - Recife - PE. “É um lugar estrategicamente escolhido. O terreno, que mede 1100 m², está situado em uma esquina e é o que primeiro se vê ao percorrer a rua. Fora isso, os findos do terreno dá nos fundos do atual ateliê e casa do artista. Então buscamos valorizar essas particularidades no projeto”, explica Pedro Lira, que ainda revela a existência de uma relação clara entre o uso de materiais do projeto com os empregados na obra de Abelardo. Nota-se isso na escolha freqüente do concreto e do metal cobre. Além desses apenas o vidro. “Os materiais que constroem o IAH são alusões aos mesmos que servem de matéria-prima para o artista”, sintetiza Pedro. A edificação foi dividida em blocos. Um bloco para exposições, com espaços permanentes e temporários, que abrigarão exposição fixa de Abelardo e, ao mesmo tempo, na área itinerante ceder espaço para outros artistas, principalmente os iniciantes. Outro bloco dedicado ao convívio, com um auditório e um café. O complexo educativo está locado num outro bloco, que engloba: biblioteca, salas de aulas, midiateca, ateliê e administração. E, para finalizar, foyer e terraço interligam os demais blocos.

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O espaço de exposições permanentes possui acesso ao piso superior através de elevador ou escada, que levam o visitante ao espaço de exposições temporárias: um grande vão com aproximadamente 300 m² de área, que corresponde a um volume em cobre e pode abrigar exposições variadas. Esse espaço é fechado para rua e aberto para o jardim interno através de um terraço, que permite a visualização de todo conjunto. Um espelho d’água faz a transição entre a rua lateral e o espaço interno de exposições permanentes, de forma que, ao lado da entrada, no exterior, o espelho d’água torna-se maior, abrigando uma grande escultura de Abelardo. Percorrendo essa lateral estabelecida através da esquina, o visitante chega até o foyer do Instituto. Um volume em pé-direito duplo (medindo cerca de 4 m) com fechamento em vidro interliga os blocos de exposição e do auditório. “A escolha do vidro trouxe uma permeabilidade. Estabelecendo uma ligação entre os jardins interno e externo da edificação”, detalha o arquiteto. Já no foyer destaca-se a escada de acesso ao auditório que segue a mesma linha diagonal da esquina, à esquerda fica a loja e à direita o café. O auditório poderá abrigar palestras, projeções, apresentações, entre outras atividades, com capacidade para cerca de 100 pessoas. As obras de Abelardo estarão presentes em toda edificação. Desde o foyer, entrando no espaço das exposições permanentes, o visitante se depara com uma obra. “É um espaço que estabelece ligação com a rua, através do espelho d’água e do vidro, e que se abre para o jardim de esculturas interno. Essa ligação com o jardim permite o

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uso desse espaço para a realização de eventos”, analisa Pedro. Fora os dois pavimentos superiores que abrigam os blocos, há ainda um subsolo que conta com uma garagem para 32 carros e abriga toda parte de manutenção e serviço. Reconhecido pelo Ministério da Justiça como uma organização da sociedade civil de interesse público, o IAH deverá ser inaugurado no final de 2006. De acordo com o seu diretor-executivo, Abelardo da Hora Filho, o prazo de inauguração está condicionado à obtenção de recursos para a construção do prédio que abrigará o Instituto. Segundo ele, o processo foi iniciado com a visita ao governador. O projeto está orçado em R$ 4 milhões.

“O projeto, que tem uma total de 2300 m², busca, através de uma linguagem contemporânea e dinâmica, destacar a obra de um grande artista, que no auge de seus 80 anos continua atual”, argumenta Pedro Lira, que juntamente com o projeto do IAH representará Pernambuco na 6ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, que acontecerá entre 8 de outubro e 11 de dezembro de 2005.

Mais informações: Abelardo da Hora Filho - Fone: (81) 3221.0723

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urbanismo

“Pode-se definir arquitetura como construção concebida com a intenção de ordenar e organizar plasticamente o espaço, em função de uma determinada época, de um determinado meio, de uma determinada técnica e de um determinado programa.” Lúcio Costa1

Vamos desenhar um Recife melhor? 38 36

A Região Metropolitana do Recife apresenta graves problemas urbanos conseqüentes de um crescimento desordenado. No entanto, há quem pense num novo desenho urbano para a cidade; e a sociedade é a peça chave neste progresso.


Desde a Antigüidade, o arquiteto é o profissional que cuida do habitat humano. Ele planeja desde o habitar mínimo a unidade residencial até a cidade. Ele cuida de todos os aspectos que envolvem a convivência na cidade. Na verdade, o urbanismo não deve mais ser considerado como uma especialidade (até mesmo uma administração ou uma regulamentação), e deve ser do interesse de qualquer um que atue na cidade. “Cada uma de nossas intervenções, qualquer que seja a escala, deve ser um elemento de mais coesão ou de compreensão desse conjunto. De uma técnica, o urbanismo passou a uma condição do inteligível, do sensível, na cidade”, explica a arquiteta Doutora em Urbanismo pela Universidade Politécnica da Catalunha Amélia Reinaldo.

Banco de Imagens da Sim!

Tratou-se, por muito tempo, o arquiteto urbanista como o profissional que se preocupa essencialmente com as relações entre o ambiente e a qualidade de vida. Mas o urbanista atua na organização do espaço público, na execução de políticas públicas voltadas para as questões urbanas e no espaço privado, dando vida a projetos de edificações. Não só no planejamento, mas na execução desse planejamento, quer na escala da habitação, quer na escala da cidade. Tudo que estiver ligado à qualidade de vida urbana faz parte do campo de atuação desse profissional. Segundo Amélia, nós sabemos agora que nosso mundo está limitado em matéria de recursos e espaço; que a política de colonização, exploração e mesmo depredação dos séculos XIX e XX encontra como obstáculo a quantidade de imóveis, a questão dos recursos, das paisagens e da poluição. “Nós devemos, portanto, ter uma abordagem técnica complacente em relação ao presente no qual estamos, ao passado que herdamos e ao futuro que pressentimos. A arquitetura deve ser responsável pela sua duração, seu sentido, sua economia e seu uso. As noções de alta qualidade ambiental e de desenvolvimento sustentável são questões de seu interesse”, analisa. A Região Metropolitana do Recife, que por sinal é a maior da Região Nordeste e a 5ª do Brasil com um PIB de quase 12 bilhões de reais, é considerada a cidade mais rica da Região. Formada pelos municípios de Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Paulista, Abreu e Lima, Igarassu, Itapissuma, Moreno, Ipojuca, Camaragibe, Cabo de Santo Agostinho, São Lourenço da Mata e Recife com uma população de mais de 3,5 milhões de habitantes. Recife é o maior centro regional brasileiro no setor de comércio e de prestação de serviços e pode ser considerado a metrópole que comanda a rede urbana da Região Nordeste. Contudo, na classificação do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que mede a qualidade de vida nas cidades, Recife ocupa a penúltima posição, ou seja, é quase a pior cidade do Brasil para se viver.

¹COSTA, Lúcio (1902-1998). Considerações sobre arte contemporânea (1940). In: Lúcio Costa, Registro de uma vivência. São Paulo: Empresa das Artes, 1995. 608 p.il

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HISTÓRIA Para se entender a atual realidade urbana da Região Metropolitana do Recife se faz necessário voltar no tempo. Tudo começou com o plano urbanístico, de 1639, para a ilha de Antonio Vaz. De traçado geométrico regular, ao gosto renascentista, ele fez surgir melhorias e equipamentos urbanos muito complexos (canais, palácios, fortes, fosso, mercados, muralhas, jardim zoológico, jardim botânico, ponte, observatório astronômico). Daquele tempo, restaram poucos vestígios materiais, a cidade foi expandida do istmo² para o continente, ficou o traçado de algumas ruas do bairro de São José. Com o final da Restauração Pernambucana, os holandeses partiram. A cidade, praticamente destruída pela guerra, foi reconstruída fora dos antigos limites fortificados a pau e pedra. O seu traçado resultou da conjugação de aspectos sociais, econômicos, culturais, políticos e administrativos, da defesa e da particular geografia da planície entre o rio e o mar. Na nossa cidade barroca, as ruas não eram planejadas obsessivamente e disso resultou uma malha, uma escala orgânica e a equívoca impressão de que o traçado surgiu “à vontade”, quando, na verdade, foi na medida em que se conquistavam as terras que afloravam. ² Um istmo é uma porção de terra estreita cercada por água em dois lados e que conecta duas grandes extensões de terra.

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A falta de arborização caracteriza o espaço vazio das ruas e pátios; tal fato se explica pela escassez de terras secas, que determina a pouca largura dos espaços públicos. Nossos pátios surgiram nessa época e alguns que se salvaram das reformas urbanas dos séculos seguintes ainda hoje podem ser apreciados. Com o passar dos anos, a complexidade crescente da cidade transformou o conceito e a forma do pátio em largos e praças. No Pátio de São Pedro, com a igreja de 1728, podemos observar o tipo de composição do espaço público bem ao gosto daquela época. No século XIX, o Brasil e a cidade do Recife modificam-se consideravelmente em sua forma urbana. Isso ocorre principalmente devido às diversas situações políticas que o país atravessou como a Proclamação da República, em 1889. Num período ainda mais curto, tivemos a presença de inúmeros operários estrangeiros e três arquitetos que contribuíram para a modificação da feição da nossa cidade: Louis Vauthier, Mamede Ferreira e Tibúrcio de Magalhães. Enormes

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investimentos urbanísticos modificaram definitivamente nossa paisagem urbana: a situação econômica, o aumento das populações urbanas e a mudança dos hábitos sociais favoreceram a aplicação de capital. São dessa época a melhoria do porto, do conjunto da Praça da República (como o Teatro de Santa Isabel, Palácio do Governo e Tribunal de Justiça), do cemitério público, dos extensos armazéns, das estradas e das ferrovias, do mercado de São José, da Casa de Detenção, do prédio da Assembléia Provincial, entre outras obras. O século XX é a era da aceleração das transformações. O urbanismo que remodela as cidades antigas requer um incremento dos espaços livres para o lazer público e para a instalação dos novos equipamentos urbanos que surgiram com o desenvolvimento tecnológico (como o automóvel, a eletricidade, a telefonia, etc). As transformações são tão radicais que se passa a projetar para um mundo novo, que é o do presente e o do futuro, nunca o do passado e da tradição.

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HOJE Em pleno século XXI continuamos crescendo desordenadamente. E o arquiteto com função de urbanista tem papel essencial na transformação dessa situação. Hoje, a sociedade precisa que o arquiteto atenda à demanda de um grande número de cidadãos, na cidade ampliada em que vivem. Tudo isso porque existe uma iminente necessidade de incrementos na qualidade de vida, carência de opções e diversidade de lazer, tanto pública quanto privada, de atividades de recreação ao ar livre, turismo ecológico e contemplativo e educação ambiental. O Recife ainda convive com a escassez histórica de terrenos apropriados para a construção e o quadro social é degradante. São problemas que afetam uma população de três milhões de cidadãos em 14 municípios. A maioria dos problemas já é do conhecimento de todos, por isso relacionamos alguns: degradação dos mangues e a diminuição de sua área; áreas públicas ocupadas indevidamente, praças cercadas e abandonadas; o sistema viário mal estruturado prejudicando os pedestres e a circulação dos outros veículos; faltam bairros residenciais aprazíveis nos subúrbios e o centro perdeu a vitalidade e o poder atrativo; maior fiscalização do poder público no controle do mercado imobiliário; o patrimônio histórico encontra-se ameaçado; ocupação desordenada gera deslizamento dos morros e alagamento da planície; saneamento deficiente, que no Recife chega a apenas 32%. De acordo com o arquiteto e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e doutor pela Architectural Association School of London Zeca Brandão, Recife teve um período de total desvalorização do planejamento na década de 1980, quando muitos projetos urbanos foram concebidos de forma isolada e conduzidos pelo

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setor privado. “No entanto, ressurge nessa última década o reconhecimento da relevância do poder público no controle do desenvolvimento urbano. São vários os modelos de planejamento urbano que reivindicam o lugar antes ocupado pelo desacreditado Plano Diretor”, argumenta o professor. Ainda segundo Zeca, é necessário se pensar no desenho urbano da cidade. E isto significa planejar a cidade como um todo. “Atualmente a legislação e o plano diretor possui um caráter fundamentalmente normativo, mais preocupado com a regulamentação de futuras e eventuais intervenções urbanas. O que se deve pensar, na verdade, é propor ações visando soluções de problemas atuais e concentrando-se nas possíveis articulações de agentes urbanos com o objetivo de explorar as reais possibilidades da cidade”, explica Zeca. O fato da maioria das grandes cidades ter parado de crescer em ritmo acelerado permitiu que o urbanismo deixasse de ser um urbanismo de antecipação e previsão para assumir uma postura mais imediatista diante dos problemas já existentes. Nesse modelo de planejamento, os projetos urbanos nascem e se desenvolvem numa relação aberta, flexível e, sobretudo, desprovida de qualquer sentido hierárquico. Os projetos urbanos não se apresentam como produtos derivados de um plano já concluído.

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Imagens do workshop de desenho urbano (140 arquitetos) - agosto de 1992: Recife: Utopia Viva FAUPE - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco 3 GRUPOS DE TRABALHO (áreas de estudo) apresentados pelo arquiteto Zeca Brandão (Grupo B): 1. Cursos d´Água e Espaços Urbanos

DESENHO - Com o desenho urbano é possível definir projetos urbanos e prioridades entre eles, ao mesmo tempo em que esses projetos, ao serem desenhados e implementados, ajudam a estabelecer os objetivos gerais do plano diretor, muitas vezes até redefinindo suas estratégias básicas. O potencial estratégico dessas intervenções urbanas depende da coerência dos projetos com outras intervenções articuladas e o poder de gerar benefícios sobre os seus entornos imediatos, tanto no que diz respeito aos aspectos sócio-econômicos como físico-espaciais. É exatamente esta capacidade de ampliar os benefícios às áreas vizinhas das intervenções que legitima o desenho urbano. Cabe ao desenho urbano estudar as relações do espaço edificado com os espaços livres e seus diversos significados no contexto da cidade, considerando as diferentes interações entre as formas da cidade e os seus cidadãos, os aspectos relativos às atividades econômicas, o uso social, sua relação com o ambiente natural, a percepção espacial, a legislação urbanística e a história do urbanismo, da arquitetura e da cidade. “Em termos estratégicos, esse modelo de planejamento sugere a articulação de projetos urbanos pontuais, cuidadosamente localizados, de forma que os seus efeitos transcendam as áreas de intervenções”, analisa Zeca Brandão, que ressalta ainda a relação direta entre o desenho urbano, o ambiente construído e o comportamento social. “O paradigma comportamental parece não interessar aos arquitetos, que preferem projetar com base estilística seguindo as tendências do mundo artístico”, critica o professor, que aborda a diferença entre a atitude projetual centrada na arte pura (que prioriza a qualidade visual do espaço urbano através da utilização de princípios estéticos) e a atitude projetual comprometida com ações direcionadas ao melhoramento da qualidade de vida das pessoas (que utiliza o ambiente construído). Com isso, segundo Zeca Brandão, cresce o poder do arquiteto de influenciar, através de seus projetos, decisões

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2. Eixos Urbanos e Centros Secundรกrios


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3. Orla MarĂ­tima


que transcendam o âmbito da escala projetual, aumentando, assim, a sua responsabilidade. O desconhecimento, por parte do arquiteto das complexas relações entre plano e projeto no planejamento contemporâneo pode ter sérias conseqüências com graves repercussões sociais. A mais óbvia seria favorecer a manipulação para legitimar uma série de intervenções pontuais desarticuladas, que tenha como objetivo beneficiar grupos privilegiados através da valorização imobiliária de nichos urbanos. “Todo projeto arquitetônico ou urbano, além de servir ao seu uso, expressa, através de sua estética, um estilo que nada mais é do que a materialização do pensamento de um povo numa determinada época. A história tem estabelecido relações nítidas entre os espaços urbanos, o tempo e as sociedades nas quais foram construídos. Enfim, o espaço urbano é também uma obra de arte na qual um momento específico da cultura humana é retratado”, argumenta o professor.

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SOLO - A revisão da legislação de Uso e Ocupação do Solo, em 1996, seguiu as diretrizes básicas do Plano Diretor. Ainda está em vigor, exceto para os 12 bairros da Área de Reestruturação Urbana - ARU, implantada em 2001 e composta pelos bairros Derby, Espinheiro, Graças, Aflitos, Jaqueira, Parnamirim, Santana, Casa Forte, Poço da Panela, Monteiro, Apipucos e parte da Tamarineira. Um novo zoneamento foi estabelecido em conformidade com as características geomorfológicas, paisagísticas e de infra-estrutura de cada zona. Assim, o território foi classificado em zonas de urbanização preferencial - ZUP1 e ZUP2; zonas de urbanização de morros - ZUM; zonas de urbanização restrita - ZUR; e zonas de diretrizes especiais. Uma das mudanças mais significativas foi a extinção da classificação de usos e atividades, resumidos em: uso habitacional, não habitacional e misto. Para efeito de localização, de forma geral, qualquer uso é permitido em qualquer zona. As restrições foram implantadas pelo conceito de Usos Geradores de Incômodo à Vizinhança, analisados pela sua localização quanto ao seu entorno imediato. A qualidade de vida sofreu um impacto negativo, em especial pela proliferação de usos geradores de sons e ruídos em áreas residenciais, considerando-se que o controle urbano é de difícil operacionalização. No âmbito do uso do solo, sucessivas medidas temporárias de congelamento culminaram na promulgação da Lei nº 16.719, em dezembro de 2001, na atual gestão do Prefeito João Paulo. Chamada “Lei dos 12 bairros” pelo fato de ter implantado restrições de parcelamento e parâmetros nos bairros do Derby até Apipucos, aonde a dinâmica imobiliária e a verticalização contribuíram para a mudança da paisagem, o traçado urbano e os conceitos tradicionais da moradia na região. A hierarquia das vias urbanas estabeleceu condicionantes para a ocupação e as exigências de estacionamento para os usos geradores de influência no tráfego.

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A polêmica na construção do coeficiente construtivo foi e será sempre o cálculo das áreas de estacionamento, visto que as necessidades do usuário e a tendência da legislação têm caminhado em direções contrárias. A necessidade de desafogar as ruas, o aumento do número de veículos por família, a proporção que as áreas de estacionamento adquirem no total da construção de um empreendimento e o incentivo (ou não) da legislação para estas áreas são fatores que precisam ser bem equacionados e compreendidos. O poder de atração da metrópole, o incremento populacional, as facilidades de aquisição de veículos, a proliferação do comércio e dos serviços nas áreas tradicionalmente residenciais, os equipamentos de grande porte e até o movimento mais intenso de pessoas motivadas por um modo de vida essencialmente urbano evidenciaram os problemas do Recife. As desigualdades sociais agravaram-se com as maiores dificuldades da economia: dificuldade de acesso ao emprego, carência de infra-estrutura urbana e pouquíssimas oportunidades de elevação das condições de vida para as parcelas mais carentes da população. “As grandes cidades sofreram um processo de ocupação do solo da forma mais desordenada possível. O fato da degradação urbana não é só um problema de gestão, é uma questão cultural. As áreas de risco, a ocupação dos morros, são exatamente um exemplo de como a falta de planejamento para certo adensamento pode instalar um caos. Simplesmente a infraestrutura não suporta”, reflete o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco (FAUPE) Eduardo Moura. Segundo ele, existe uma lógica de intervenção na cidade e a lógica é priorizar os menos favorecidos, porque são nessas áreas onde a paisagem urbana está mais descaracterizada e praticamente sem infra-estrutura.


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REVISÃO - O Estatuto da Cidade, Lei Federal nº 10.257 de julho de 2001, regulamenta os art. 182 e 183 da Constituição Federal sobre a política urbana e objetiva regular o uso da cidade e da propriedade urbana em prol do bem coletivo. Aprimoram alguns e criam outros instrumentos urbanísticos, enfatizando a participação social na gestão urbana. O texto base da proposta de revisão do Plano Diretor apresentado à sociedade toma por base conceitual o Estatuto da Cidade. Nele, percebe-se que as preocupações e os problemas do Recife vêm de longa data, apenas com diferença de escala e inúmeras foram as tentativas de resolvê-los. Por outro lado, os objetivos e os instrumentos, agora apresentados, mudaram na sua concepção, mas já estavam concebidos na sua essência. As inúmeras dificuldades operacionais da gestão pública, seja ela qual for, por vezes frustram a expectativa quanto aos resultados dos modelos concebidos. O Recife encontra-se novamente sob o dilema de sua expansão. Segundo o secretário de Planejamento Participativo, Obras e Desenvolvimento Urbano João Costa, o novo plano tem como objetivo adequar a estrutura às necessidades da cidade. “Estamos fazendo um novo Plano Diretor partici-pativo. Procuramos saber o que a cidade elege como meta e assim pretendemos ter instrumentos legais para alcançar uma melhor qualidade de vida”, informa o secretário, que argumenta também o fato da Região Metropolitana do Recife ser atrativa, do ponto de vista econômico, como um dos fatores do adensamento. Tradicionalmente, o Recife sempre abrigou a moradia de médio e alto padrão e continuará a exercer essa vocação no contexto da RMR. Sempre representou esperanças de emprego e melhoria social para a população menos favorecida, que busca habitação e

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trabalho. Comércio e serviços de âmbito regional têm na capital o seu lugar ideal. A cidade tem que estar apta a recebê-los e criar as condições adequadas para o seu próprio desenvolvimento, enquanto metrópole. Pensar num desenho urbano é a oportunidade de planejar a cidade de acordo com suas diferenças, compreendendo a vocação e a tradição de cada lugar: vertical ou horizontal, adensado ou não, edificado ou preservado, mais ou menos “verde”. E adensamento é uma conseqüência das preferências de muitos. Os problemas das regiões mais valorizadas, tais como o adensamento e a ausência de infraestrutura, também existem nas áreas mais carentes. “A melhoria também se faz urgente e o retorno social dos investimentos possibilitará melhor convivência entre realidades distintas, minimizando a violência urbana e ampliando o desfrute dos espaços públicos”, revela João Costa. “Os investimentos em infra-estrutura, requali-ficação de áreas e melhoria das condições urbanas são fundamentais e cabe ao poder municipal projetar, buscar fontes, criar mecanismos e promover a sua implementação, sempre numa visão de futuro da cidade. Rentabilizar as áreas disponíveis é essencial para um território tão limitado. O vigor do Recife não pode ser podado pela ótica apenas do presente”, analisa Amélia Reinaldo. A proposta de revisão do Plano Diretor tem como principais citações: Função social da propriedade urbana; Urbanização compatível com a infra-estrutura instalada; Desestimular o adensamento; Habitação de interesse social; Preservação “da cultura” e do meio ambiente. Trabalho, emprego e riqueza; justiça e inclusão social.



VERTICALIZAÇÃO Devido à flexibilidade da atual Lei de Uso e Ocupação do Solo é possível ver se repetir no Recife uma determinada cena: a verticalização. Atualmente, o Recife apresenta uma morfologia típica de um centro regional brasileiro, com sua paisagem essencialmente verticalizada é com equipamentos estruturais dos mais variados níveis. Também é forte a presença de grandes avenidas, sendo essas os principais eixos viários de penetração da cidade. No entanto, não se pode condenar o forte adensamento predial. Só que a quantidade deste tipo de edificação na cidade do Recife tem chamado atenção. Os resultados dos Censos Demográficos mostram que, em relação às áreas ocupadas pelas classes média e alta, chama atenção o intenso processo de adensamento construtivo e de verticalização, responsável pelo elevado crescimento demográfico dos bairros. “Ainda existe uma mentalidade fundiária, resquício da nossa colonização, onde se prioriza o lote. Então, dessa forma, as construtoras definem os usos daquele determinado terreno, sem levar em conta o entorno, o coletivo. O que se vê no Recife é um território urbanizável bastante ocupado, o que resulta na saturação dessas áreas, sobretudo pela insuficiente oferta de infra-estrutura e serviços urbanos”, observa o professor da UFPE Zeca Brandão, que não concorda com os elevados gabaritos de algumas edificações principalmente se essas estiverem próximas aos espaços públicos. “Se no contorno de uma praça existe um edifício onde

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os primeiros pavimentos são de garagem e essas é fechada por um muro de mais de quatro metros, no mínimo perdeu-se um pouco da contemplação do espaço público. As pessoas que por ali circulam se sentirão emparedadas”, explica o professor que ainda atribui a essa prática o aumento na violência, já que se perde um observador do espaço público, que é o morador do contorno. “As residências uni-familiares se fazem necessárias, o que se questiona é algo que antecede a construção dos arranha-céus. É preciso pensar na cidade como um organismo de extrema complexidade onde muitos atores sociais circulam. No caso do Recife, tivemos um processo de formação espontânea da cidade. Atualmente, somos muito imediatistas, mas precisamos pensar na cidade como um conjunto. Urbanismo não é apenas uma atividade do arquiteto, cada cidadão é responsável pela cidade. A verticalidade precisa ser pensada como um processo, ela tem que dialogar com os espaços existentes. Afinal, estamos transformando em cima de algo que já existe. É preciso pensar na forma da cidade: se esse novo perfil é o ideal, se a forma de construir na cidade não está provocando algum tipo de desequilíbrio. A qualidade de vida precisa estar em primeiro plano”, conclui a doutora em Urbanismo Amélia Reinaldo.


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Lei de uso e ocupação do solo da cidade do Recife - 30/01/1997 As disposições preliminares da Lei dizem o seguinte: Capítulo I Das Disposições Preliminares Art. 1° - A produção e organização do espaço urbano do Município do Recife, tendo como princípio fundamental a função social da propriedade urbana, obedecerão às diretrizes estabelecidas na Lei Orgânica do Município do Recife - LOMR, no Plano Diretor de Desenvolvimento da Cidade do Recife - PDCR, no Plano Setorial de Uso e Ocupação do Solo - PSUOS e às normas contidas nesta Lei. Parágrafo Único - As expressões Lei Orgânica do Município do Recife - LOMR, Plano Diretor de Desenvolvimento da Cidade do Recife - PDCR e Plano Setorial de Uso e Ocupação do Solo - PSUOS são referenciadas nesta Lei pelas siglas LOMR, PDCR e PSUOS, respectivamente. Art. 2° - As disposições desta Lei aplicam-se às obras de

infra-estrutura, urbanização, reurbanização, construção, reconstrução, reforma e ampliação de edificações, instalação de usos e atividades, inclusive aprovação de projetos, concessão de licenças de construção, de alvarás de localização e de funcionamento, habite-se, aceite-se e certidões. Art. 3° - A regulação urbanística de que trata esta Lei considera as características geomorfológicas do território municipal, a delimitação física entre morros e planície, bem como a infra-estrutura básica existente, o solo e as paisagens natural e construída. Art.4° - A organização do espaço urbano do Município propiciará a sua integração à Região Metropolitana do Recife, na forma prevista na LOMR, no PDCR e no PSUOS. Art. 5° - Fazem parte integrante desta Lei, complementando seu texto, os Anexos de nºs 1 a 13.

Confira a Lei completa:http://www.recife.pe.gov.br/pr/leis/luos/index.html

Lei da Área de Reestruturação Urbana (ARU) - Lei 16.719/2001 Segue um trecho da “Lei dos 12 Bairros” CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

CAPÍTULO II DOS OBJETIVOS

Art. 1° - Fica criada a Área de Reestruturação Urbana - ARU - composta pelos bairros Derby, Espinheiro, Graças, Aflitos, Jaqueira, Parnamirim, Santana, Casa Forte, Poço da Panela, Monteiro, Apipucos e parte do bairro Tamarineira -, cujas condições de uso e ocupação do solo obedecerão às normas estabelecidas nesta Lei, em consonância com as diretrizes contidas na Lei Orgânica do Município - LOMR e no Plano Diretor de Desenvolvimento da Cidade do Recife - PDCR, e cujo perímetro está delimitado no Anexo 1 e descrito no Anexo 2-A desta Lei.

Art. 4° - A Área de Reestruturação Urbana tem como objetivos:

Art. 2° - As disposições desta Lei aplicam-se às obras de infra-estrutura, urbanização, reurbanização, construção, reconstrução, reforma e ampliação de edificações, instalação de usos e atividades, inclusive aprovação de projetos, concessão de licenças de construção, de alvarás de localização e de funcionamento, habite-se, aceite-se e certidões.

IV - definir e proteger áreas que serão objeto de tratamento especial em função das condições ambientais, do valor paisagístico, histórico e cultural e da condição sócio-econômica de seus habitantes;

Art. 3° - Integram esta Lei, complementando seu texto, os Anexos numerados de 1 a 8.

I - requalificar o espaço urbano coletivo; II - permitir a convivência de usos múltiplos no território da ARU, respeitados os limites que estabelece; III - condicionar o uso e a ocupação do solo à oferta de infra-estrutura instalada, à tipologia arquitetônica e à paisagem urbana existentes;

V - respeitar as configurações morfológicas, tipológicas e demais características específicas das diversas localidades da ARU.

Confira a Lei completa: http://www.recife.pe.gov.br/pr/leis/index.php

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Fotos: Banco de Imagens da Sim!

Partindo do princípio de que uma cidade urbanisticamente planejada é uma cidade acessível para todos, os espaços urbanos, por serem de uso público e coletivo, devem ser construídos observando-se as diferenças entre as pessoas e suas limitações, permanentes ou temporárias. As estatísticas mostram que boa parte da população apresenta algum tipo de incapacidade ou deficiência, inserindo-se nesse contexto idosos, obesos, grávidas, crianças e acidentados. São pessoas sujeitas às barreiras físicas, culturais e sociais, que desrespeitam princípios constitucionais fazendo com que esses cidadãos fiquem à margem da sociedade. “É dever de todos, particularmente dos profissionais da área de projeto e construção, projetar e executar com os cuidados e os serviços que compõem os espaços urbanos edificações, transporte, comunicação, vias públicas, etc. - de modo a torná-los acessíveis a todos que deles fazem uso”, argumenta a coordenadora do Programa Acessibilidade “Fácil acesso para todos” do Crea-PE Ângela Carneiro da Cunha. Ela ainda explica que da forma como as vias públicas são tratadas, principalmente as calçadas, há obstáculos que prejudicam o acesso de qualquer cidadão, quanto mais de uma pessoa com alguma deficiência. Apoiado em princípios do desenho universal, o Crea-PE está tentando implementar o trabalho estabelecendo parcerias com órgãos públicos, instituições de ensino, entidades profissionais, entidades de classe e empresas da área, mobilizando todos para a construção de uma vida sem barreiras. “É possível adaptar os espaços já edificados ou por edificar. Adequar os transportes públicos. Temos legislação sobre isso. O ‘desenho universal’ e tem como objetivo considerar a diversidade humana e garantir acessibilidade a todos os componentes dos ambientes, tais como: edificações, áreas urbanas, mobiliários, comunicação”, explica Ângela. Existe no Recife uma Comissão Permanente de Acessibilidade do Recife (CPA). A Prefeitura do Recife realizou algumas intervenções de acessibilidade, como a recuperação do canteiro central da Avenida Caxangá, adaptado para deficientes, e a melhoria da acessibilidade de diversos locais da cidade, a exemplo do Parque 13 de Maio, no Centro. “Existe um descumprimento das normas, aos poucos estão sendo obras de adaptação. As novas edificações precisam estar dentro dos padrões”, avisa Ângela, que comemora a intervenção que o município de Olinda está fazendo, embutindo os fios elétricos e ajustando a orla às normas.

Acesso para garantir a qualidade de vida

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O Crea-PE orienta como é possível transformar a cidade e, conseqüentemente, melhorar a qualidade de vida. Confira algumas instruções a serem usadas nas ruas:

Obstáculos (orelhões, caixa de correios) Uso obrigatório de piso tátil (piso com cor e textura diferenciadas). Caçambas e coletas de lixo devem ficar fora da faixa de circulação das calçadas.

Calçadas Toda calçada deve ter uma faixa livre de, no mínimo, 1,20 m de largura para circulação de pedestres. Seu piso deve ser regular, atiderrapante e sem degraus. Não podendo, no decorrer desta faixa, haver bancas, fiteiros, telefones, lixeiras, floreiras ou qualquer outro obstáculo.

Travessias As travessias devem permitir o acesso livre às calçadas através de rampas, com declividade máxima de 8,33%. A rampa deve ter piso tátil. As rampas são obrigatórias associadas à faixa de pedestre dos dois lados.

As normas técnicas de interesse social da Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT referentes à acessibilidade das pessoas com deficiência encontram-se disponíveis na página eletrônica daquela Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (Corde): www.presidencia. gov.br/sedh/corde.

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Projeto Recife-Olinda

irá redesenhar uma área Está sendo elaborado, por uma iniciativa conjunta da Prefeitura do Recife e de Olinda, o Governo do Estado de Pernambuco e o Governo Federal, uma operação urbana chamada “Projeto Recife-Olinda”. Trata-se de uma requalificação urbana e ambiental que será realizada numa área de 200 hectares que se estende do Cais José Estelita até o istmo de Olinda. “Esse projeto será apresentado à sociedade no final do ano e pretende requalificar, de uma forma geral, toda área selecionada. Isso inclui as favelas do Maruim, Milagres, Comunidade do Pilar e Santo Amaro. Serão criadas novas áreas para expansão da cidade metropolitana e ainda incremento na infra-estrutura urbana que suporte esta expansão “, adianta, em primeira mão, a coordenadora do Projeto, Amélia Reinaldo.

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O projeto foi pensado de forma que o seu implemento seja auto-sustentável. A partir da modelagem urbanística, que promoverá o desenvolvimento da área, será criado um modelo econômico e financeiro da operação. “O próprio projeto urbano irá gerar fundos para investimentos nos programas de coesão social. Serão feitas: relocalização de atividades existentes, operações de requalificação ambiental e novas infra-estruturas. A modelagem urbana global da área do projeto será, depois, concretizada de forma programada, através dos investimentos dos promotores imobiliários nas áreas residenciais, empresariais, comerciais e de hotelaria”, explica Amélia.


de mais de 200 hecta r es Existem algumas ações específicas do Projeto que contemplam edificações e complexos já construídos, como por exemplo: o Nascedouro de Peixinhos um equipamento social de uso múltiplo –, será um centro tecnológico voltado à cultura popular (programas de difusão tecnológica e de educação profissional); o Porto Digital ambiente de inovação em Tecnologia da Informação – deve contar em seu entorno com a disponibilização de solo para abrigo de novas atividades; o Espaço Ciência será consolidado como equipamento de ensino e pesquisa, com laboratórios interativos de: física, geografia, química, história, matemática, biologia, astronomia e arqueologia; a Fábrica Cultural Tacaruna será voltada à difusão, à formação e ao apoio à produção cultural (arte e cultura contemporânea); o Centro de Convenções contará com a climatização do Pavilhão de Feiras e a requalificação dos auditórios. As áreas que integram o projeto são: Coqueiral de Olinda, istmo de Olinda, Vila Naval, Hospital Naval, área portuária (Bairro do Recife e Cais de Santa Rita), Cais José Estelita, Comunidade do Pilar, Ilha do Maruim, Zeis de Santo Amaro e Milagres.

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paisagismo

Projetos paisagísticos registrados no CREA A coordenação da ABAP-Recife estará, em breve, convocando os profissionais de paisagismo em Pernambuco para formação de grupo com representatividade local. O objetivo é debater, entre vários assuntos, a obrigação da realização e da implantação de projetos paisagísticos devidamente registrados no Crea. A sugestão é da paisagista Marta Souza Leão, que se inspirou na Lei Municipal de Obras de Arte em Edificações do Recife, que obriga prédios particulares e públicos a incorporarem, pelo menos, uma obra de arte como parte do edifício. Segundo Marta, agrônomos ou arquitetos paisagistas acabam não tendo seus trabalhos valorizados ambientalmente, nem financeiramente, já que nos projetos não estão inclusos o planejamento paisagístico da obra e não se pode cobrar por ele. A finalidade é formular projeto de lei e encaminhá-lo à Câmara de Vereadores. Para isso, Luiz Vieira, coordenador da ABAP-Recife e Marta Souza Leão estão convocando agrônomos, arquitetos paisagistas e recém-formados para filiar-se à unidade em Pernambuco.

ABAP-Recife Luiz Vieira coordenador Marta Souza Leão agroflora@aol.com Fone: (81) 3466-5812

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Banco de Imagens da Sim!

Diretor Executivo Márcio Sena (marciosena@revistasim.com.br) Coordenação Gráfica e Editorial Patrícia Marinho (pmarinho@revistasim. com.br)

Arte & Cia pede apoio Há dois anos funcionando com o intuito de promover produções artísticas de convidados e ateliês da Rua Jeremias Bastos, no Pina (Recife - PE), o projeto Arte & Cia sobrevive graças à força de vontade de seus participantes. Promovendo encontros culturais todo início de mês, o evento apresenta exposições gratuitas que sofrem com o descaso das autoridades. A falta de divulgação de suas manifestações e de sinalização que indique o local são alguns dos problemas enfrentados pelos amantes da arte. “O Arte & Cia é um evento gratuito que poderia contribuir até mesmo com o turismo da cidade, mas muitos nem sabem o que acontece aqui. Quando descobrem, ficam impressionados”, expõe o artista e morador da rua, George Barbosa. Conheça o projeto e os obstáculos enfrentados pelos artistas no site da SIM! (www.revistasim.com.br)

Erramos! Na Edição 41 considerar:

Produção Gráfica e Editorial Patrícia Marinho (pmarinho@revistasim.com.br) Felipe Mendonça (fbm@revistasim.com.br) Redação Ariella Dias (ariella@revistasim.com.br) Flaviano Quaresma (flaviano@miraimidia.com.br) Samantha Gutemberg (samantha@revistasim.com.br) Maria Leopoldina (marialeopoldina@miraimidia.com.br) Revisão Fabiana Barboza (fabiana_barboza@hotmail.com) Consultoria Editorial Roberto Tavares Arquiteto Colaborador Alexandre Mesquita Operações Comerciais Márcio Sena (marciosena@revistasim.com.br) Comercial Eliane Guerra (81) 9172.3839 Milena Azevedo Taciana Teti (comercial@revistasim.com.br)

1. Na página 46, em Cursos, o nome correto é Gisele Carvalho e não Gisele Monteiro.

Assessoria Jurídica Aldemar Santos - O.A.B. 15.430

2. Ainda na página 46, o texto do 2° parágrafo - CURSOS, a FAUPE, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco, vem erroneamente indicada como uma faculdade onde a ênfase é para as disciplinas de arquitetura de interiores, o que não é verdade. A faculdade tem um curso direcionado para todas as áreas de arquitetura e urbanismo e proporciona disciplinas específicas de arquitetura de interiores.

SIM! é uma publicação bimestral da MIRAI MÍDIA

3. O contato correto da arquiteta Maria do Loreto é o seguinte: Rua Professor Augusto Lins e Silva, 1048 - Setúbal. CEP: 51020-030. Telefones: (81) 3462 9010 e 3462 9012. E-mail: mlproj@globo.com

Mais! (da Edição 41) Os cursos Iniciação à Ambientação e Desenho de Ambientes, dos arquitetos Gisele Carvalho, Alexandre Mesquita e Alexana Vilar, têm próxima turma prevista para meados de setembro. Informações: (81) 3465.4444.

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Redação R. Rio Real, 49 - Ipsep Recife - PE - CEP 51.190-420 sim@revistasim.com.br redacao@revistasim.com.br Fone 81 - 3471.3705 Comercial R. Bruno Veloso, 603 - Sl 101 Boa Viagem - Recife - PE CEP 51.021-280 comercial@revistasim.com.br Fone / Fax 81 - 3327.3639

Os textos e artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da revista.




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