Revista SIM!85

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® ARQUITETURA - DECORAÇÃO - DESIGN - ARTE ... ANO XI I - N º 8 5 - D IST RIB UIÇ Ã O D IR IGIDA

W W W. R E V I S TA S I M . C O M . B R

CASACOR® PE 2012










SIM! 85

CASACOR PE 2012_p.40

Diretor Executivo Márcio Sena (marciodesena@gmail.com) Coordenação Gráfica e Editorial Patrícia Marinho (patriciamarinho@globo.com) Felipe Mendonça (felipe.bezerra@globo.com) REDAÇÃO / DESIGN / FOTOGRAFIA Patrícia Calife (patriciacalife.sim@gmail.com)

Moda, Estilo e Tecnologia foram a marca da CASACOR PE 2012

VISITA GUIADA_p.42

Revisão Fabiana Barboza (fabiana_barboza@globo.com)

O olhar de Alexandre Mesquita

Arquiteto Colaborador Alexandre Mesquita (mesquitaita@gmail.com)

10 AMBIENTES_p.44 Os eleitos da Revista SIM!

Operações Comerciais Márcio Sena (marciodesena@globo.com)

GIRO DA SIM!_p.86 Mais destaques da Mostra

CAPA

CLICKS_p.14

Assessoria Jurídica Aldemar Santos - O.A.B. 15.430

JARDINS_p.22

SIM! é uma publicação bimestral da TOTALLE EDIÇÕES LTDA

LIVROS_p.24 As dicas terapêuticas de João Luiz de Miranda

ARTE_p.28 A loucura sob a ótica da arte

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Eliane Guerra (81) 9282.7979 (comercial@revistasim.com.br)

Quem circulou pela CASACOR PE 2012

Utilizando o jardim como alívio para o stress

Detalhe do ambiente projetado pela arquiteta Ana Paula Cascão para a CASACOR PE 2012 (Foto: Felipe Mendonça)

Beth Oliveira Edi Souza Erika Valença Diego Pires Micaele Freitas Greg Marco Pimentel

DELÍCIAS_p.94 Cores e sabor regional nas criações de César Santos

Redação R. Rio Real, 49 - Ipsep - Recife - PE CEP 51.190-420 redacao@revistasim.com.br Fone / Fax: (81) 3039.2220 Comercial R. Bruno Veloso, 603 - Sl 101 Boa Viagem - Recife - PE CEP 51.021-280 comercial@revistasim.com.br Fone / Fax: (81) 3327.3639 Os textos e artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da revista.



EDITORIAL

Nesta edição especial, a Revista SIM! inovou no modo de abordar a CASACOR PE, este ano inserida num conjunto arquitetônico onde funcionou o Instituto de Psiquiatria Luiz Inácio, que permeia a lista de Imóveis Especiais de Preservação (IEP). Além de evidenciar a Mostra em si, com a tradicional visita guiada – desta vez com o nosso querido consultor Alexandre Mesquita elencando seus 10 ambientes preferidos – a publicação aprofundou o tema proposto pelo endereço do evento, a loucura. O resultado foi uma controversa matéria de arte, que tratou a inserção de técnicas terapêuticas aliadas ao tratamento dos doentes, tudo sob a ótica de profissionais envolvidos nos processos, ora apoiando ora revisando os resultados. No material estão depoimentos da psiquiatra Maria Cristina Cavalcante, do psicólogo João Luís de Miranda, do filósofo Marcelo Pelizoli, da artista plástica Ana Lisboa e do escritor Ferreira Goulart, autor de um poema sobre a loucura, dedicado ao seu filho que sofre de esquizofrenia. Para dar sequência ao assunto, a coluna Jardins traz dicas do uso da jardinagem como terapia para aliviar o estresse do dia a dia. Em Delícias, o trabalho do renomado chef pernambucano César Santos, que comandou o restaurante da Mostra, e o apelo estético e olfativo de seus pratos. No mais, os clicks dos arquitetos em seus espaços e o giro pelos ambientes, onde selecionamos tendências, materiais e técnicas de destaque por lá. No nosso site, a cobertura completa. Marco Pimentel

Não perca tempo, leia SIM! Patrícia Calife

Erramos! Na edição 84, a seção de Arte trouxe uma matéria que

Alexandre Mesquita e os jornalistas da SIM! na CASACOR PE 2012

abordou a sua relação com a tecnologia. Entrevistamos o artista Bruno Vilela, que mostrou a sua opinião sobre o tema, e apresentamos um pouco da sua formação profissional. Entretanto, nos equivocamos ao salientar no texto que ele foi autoditada após cursar dois anos, entre 1998 e 2000, da graduação em Artes Plásticas pela Universidade Federal de Pernambuco. Apesar de ter dominado alguns conhecimentos através de seus próprios méritos, utilizando-se de pesquisa e estudo em livros, internet e as mais diversas fontes de aprendizado, o artista, que há 18 anos trabalha na área, realizou um estudo intenso. No período de 1998 a 2001, Bruno fez o curso de Retrato e Figura Humana com Anatomia na UFPE, com o mestre japonês Shunishi Yamada. Essa etapa de sua formação foi imprescindível para que ele obtivesse toda a experiência necessária ao seu desenvolvimento enquanto artista e tivesse uma base solidificada para experimentar ferramentas diversas, unindo de forma exímia, o conhecimento milenar às novas tecnologias. Além disso, no currículo de Bruno Vilela estão o Curso Clássico de Desenho e Pintura pela UFPE, realizado em 1994 e 1995 e o Curso de Fotografia Subaquática - Ary Amarante, feito em 2006. Toda esta capacitação soma 700 horas. Fonte: www.mouramarsiaj.com.br/artistas/bruno-vilela#

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CLICKS

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Greg

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Marco Pimentel

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1. Amelinha Peixoto e Rita Tristรฃo comemoram o sucesso da Mostra

Marco Pimentel

2. Carol Benbassat, Volma Aguiar e Taciana Feitosa planejaram a Loja da CASACOR, em homenagem a Romero Britto

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3. Lula Pessoa, Alexandre Mesquita, Manu Nunes e Marcela Pimentel na Sala de Almoรงo da Casa 1



CLICKS

Marco Pimentel

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Felipe Mendonça

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1. Danielle Guedes, Carina Berardo e Raíssa Jucene comandaram a Champanheria da Casa

3. A capixaba Sabrina Bolzan homeageou a psiquiatra Nise da Silveira na Suíte Master do Casal

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Marco Pimentel

2. Margareth Ribeiro, Schirlley Loureiro e Noemi Portella em descontração no Lavabo Feminino



CLICKS

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Marco Pimentel

Marco Pimentel

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1. Ana Guerra apostou na irreverência para confeccionar o painel do seu Loft

Marco Pimentel

2. A elegância de Gabriela Alencar, na Sala de Almoço da Casa 2

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3. Dani Magero recebeu convidados na sua Cozinha Gourmet da Casa 1



CLICKS

Greg

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Marco Pimentel

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1. Kátia Costa Pinto confere o Armazém do Artesanato, também projetado por Cátia Avellar, Glicia Fernandes e Sandra Miranda

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3. Márcia Albino e Anderson Lula Aragão no ambiente mais doce da CASACOR: a Chocolataria

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Greg

2. Fred Mota, Renata Berenguer e Roberta Gama posam, na Cafeteria, ao lado do manequim revestido pelo artista Wilson Luiz



jardins

Marcelo Kozmhinsky é agrônomo e paisagista. www.raiplantas.com marckoz@hotmail.com Fone: (81) 9146.7721

A jardinagem é uma forte aliada na redução do estresse do dia a dia já que ajuda a exercitar o corpo, aguçar a imaginação e amenizar o espírito, melhorando a qualidade de vida. O cultivo de pequenas hortas é indicado para crianças hiperativas, com dificuldade de concentração e de organização de tarefas. O cuidado com plantas também é considerado um antídoto para ansiedade, pânico, fobia, medo e depressão tão comuns nas cidades grandes. Ele desenvolve a concentração, deixando a pessoa mais tranquila, paciente e relaxada, ressaltando que, para isso, é necessário dedicação. A redução da tensão adquirida na rotina corrida é proporcionada pelo contato com o verde através do estímulo à percepção dos sentidos. Tocar em uma planta, sentir um aroma, degustar um tempero, ver uma flor abrir podem transmitir sensações de paz, amor, respeito à natureza e ao próximo. Parar por alguns momentos diariamente, se dedicar a cultivar e depois colher o fruto desse carinho e atenção é essencial para alcançar um resultado eficaz, tanto do ponto de vista do desenvolvimento da planta, como da redução do nível de estresse. Cuidar de horta com temperos, plantas medicinais ou vegetais comestíveis são ótimas opções, além das orquídeas, bonsais, cactos, suculentas, bromélias, floríferas entre outras.

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A terapia das plantas COMO COMEÇAR? Adquirir um livro que aborde o tema – existem muitas opções no mercado que tratam de jardinagem.

Ler com atenção o livro e escolher o grupo de espécies que mais se identifique e que se sinta estimulado a cultivar. Procurar um profissional que oriente como iniciar o cultivo. Ir a um a loja especializada com o profissional de sua confiança para adquirir alguns exemplares ou sementes. Sugiro começar com espécies de fácil cultivo e que possam viver no ambiente que esteja planejando implantar o jardim. No local escolhido, observe fatores limitantes como luminosidade, vento, temperatura, etc. Escolher vaso, jardineira ou outro suporte para acolher a planta. Utilizar substrato de boa qualidade e procedência. Adquirir kit jardinagem com avental, luvas, regador, pulverizador, pá, enxada, ciscador e outros utensílios necessários para essa atividade. Dedicar tempo diário para aguar, pulverizar, observar, ”curtir”, admirar e interagir com as plantas. Quando necessário, adubar, limpar, subtrair folhas secas e mortas, observar doenças ou pragas e tratar delas.

Observar o surgimento e o desabrochar de uma flor.


Fotos: Marco Pimentel

1 - Separe ferramentas limpas para jardinagem 2 - Escolha vaso para plantio 3 - Coloque pedriscos no fundo do vaso como comada drenante 4 - Corte pedaço de manta ou tecido filtrante 5 - Coloque a manta acima dos pedriscos 6 - Ponha a terra aos poucos 7 - Abra espaço para plantio

8 - Escolha vegetação adequada e sadia 9 - Plantar com cuidado para não danificar as raízes e folhas 10 - Preencha com terra até próximo à borda 11 - Use, caso necessário, material de cobertura 12 - Regue a planta 13 - Caso tenha pulverizador utilize para limpar as folhas 14 - O resultado de todo esse carinho pode ser surpreendente

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LIVROS Livraria Cultura Paço Alfândega www.livrariacultura.com.br

JOÃO LUIZ DE MIRANDA

Fotos: Marco Pimentel

João Luiz de Miranda é psicólogo clínico formado pela Faculdade de Filosofia do Recife (Fafire). Faz atendimento em consultório e, atualmente, também é consultor do Eleusis – espaço voltado para treinamentos em excelência onde ministra cursos sobre alquimia e demais tópicos em ferramentas psicoterapêuticas.

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1. O Cavaleiro Preso na Armadura Robert Fischer | Editora Record “Esse livro é uma metáfora da condição de ser humano. Fala sobre os diversos tipos de aprisionamento através de uma linguagem figurada e plena. Na terapia, a metáfora é a maior aliada para o tratamento e, o tema proposto no título é um convite a descobertas pessoais e a construção de novos conceitos.” 2. Trilogia He She We Robert A. Jonhson | Editora Mercuryo “São três livros que trabalham também com o sentido figurado das palavras, além de abordar a essência do ser humano através de mitos. Estes por sua vez, servem como fontes para uma melhor compreensão psicológica da mulher com mito de Eros e Psiquê, do homem, com o Parsifal e a busca do Santo Graal e do amor romântico com a história de Tristão e Isolda.”

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3. Conjunto da Obra de Machado de Assis “Todo e qualquer livro de Machado de Assis tem o meu aval e indicação. Por ser o autor que introduziu o movimento realista na literatura brasileira, trata enredos e personagens de uma maneira autêntica que consegue resgatar o leitor do campo das ideias e trazer ao mundo real.” 4. Além do Materialismo Espiritual Chögyam Trungpa Rinpoche | Editora Cultrix “É a transcrição de duas palestras dadas pelo autor na década de 1970. A primeira fala sobre as várias maneiras pelas quais as pessoas se envolvem com o materialismo espiritual e as muitas formas de auto ilusão. A segunda, em contornos mais amplos, o caminho para encontrar o verdadeiro caminho espiritual.”

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Fotos livros: Divulgação





ARTE

por BETH OLIVEIRA | ERIKA VALENÇA fotos GREG | MARCO PIMENTEL

Muito além da loucura A CASACOR PE 2012 aporta em um imóvel suntuoso, localizado no coração da cidade, a Avenida Conde da Boa Vista. Considerado marco da arquitetura eclética, o lugar, datado do século XIX, é tombado pelo Patrimônio Cultural do Recife e, inicialmente, abrigou a residência do primeiro oftalmologista pernambucano, Francisco Pereira da Silva. Entretanto, de 1957 a 2010, funcionou o Instituto de Psiquiatria Luiz Inácio, marcando um período doloroso e de mudanças estruturais neste casario. Além da representação simbólica deste espaço, a Mostra traz como homenageada a psiquiatra alagoana Nise da Silveira. A profissional revolucionou o tratamento clínico dos pacientes com doença mental, negando-se a usar recursos da época como eletroconvulsoterapia, lobotomia e outras formas. Ela se amparou na terapia ocupacional e aplicou a expressão artística como método de tratamento, onde pintura e modelagem assumiram grande destaque. Imergindo nessa temática complexa e densa, a Revista SIM! propõe uma discursão reflexiva sobre arte e loucura. Para exemplificar essa relação tênue, trouxemos a experiência de Ana Lisboa. Ela realizou

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uma residência artística, como objeto de estudo da sua tese de doutorado no Hospital Psiquiátrico Ulysses Pernambucano, mais conhecido como Tamarineira. Junto com esta vivência, procuramos profissionais de áreas do conhecimento como: a psiquiatra Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque, o filósofo e professor da UFPE Marcelo Pelizzoli e o psicólogo clínico João Luiz de Miranda, que mostraram suas visões sobre o assunto. Para finalizar, trouxemos o depoimento do escritor Ferreira Gullar, autor do poema “Internação”, que mostra um fragmento do processo de convivência com um paciente psiquiátrico.



Vivência artística

Tendo em vista essa experimentação, Ana decidiu vivenciar o processo de criação naquele espaço. “Como artista, eu gostaria de pintar ali. Então, coloquei um cavalete imenso no meio do pátio, com uma mesa cheia de tinta e pincel. Com o tempo, eles vinham e pintavam comigo, mas chegou um momento em que tudo podia, uns queriam usar o pincel, outros a mão, enquanto outros derramavam a tinta no chão. Alguns ficavam de longe observando e outros chegavam perto para opinar”, descreve.

Formada em Artes Plásticas pela UFPE e professora do Departamento de Teoria da Arte e Expressão Artística, escolheu teóricos como Gilles Deleuze, Félix Guattari e Michel Foucault para solidificar a sua tese de doutorado. “A proposta da pesquisa, usando um termo de Deleuze , é cartografar/compreender esse processo. Não é nada pré-determinado, isso se fundamenta na ideia dele e de Guattari, em acompanhar o procedimento e a investigação da experiência”, comenta. Seu envolvimento com a área psiquiátrica se deu em 1998, quando ministrou, para os funcionários da Tamarineira, o curso “Arte Educação como Intervenção Terapêutica em Saúde Mental”, junto com a professora Noemia Varela, da Escolinha de Arte do Recife. Além desse trabalho, Ana conta que morou muitos anos no bairro de mesmo nome e isso a fez ter um olhar diferente para a vida no seu entorno. Daí em diante participou de cursos, jornadas e proferiu palestras sobre a ligação entre arte e saúde mental. “Acredito muito no afeto e acho que é isso que transforma”, afirma a artista. Foi assim que ela chegou para iniciar a residência artística: de forma tímida, de “peito aberto” e sem querer saber nenhum diagnóstico. “A primeira vez que eles viram o cavalete, um deles, da religião protestante, perguntou se aquilo era a Arca de Noé. O interessante é que esse é um símbolo de salvação”, relembra. Outro fato marcou sua trajetória naquele lugar. “Teve uma paciente que virou para mim e disse: ‘Tia, eu acho que sou doente igual a Van Gogh’. Aí eu perguntei: então você entende de pintura, né mocinha? Ela respondeu: ‘já trabalhei com pintura e eu conheço Van Gogh e

Integrante da Série Comunnhão, a obra da página ao lado foi feita durante o processo de residência de Ana Lisboa e pintada junto com os pacientes da Tamarineira; na página anterior, mosaico com várias obras dos pacientes de Nise da Silveira

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Picasso’. Levei isso para a enfermaria. Eles pensavam que ela tinha um retardo e essa informação mudou a forma como a paciente era vista. Ou seja, é a arte puxando naturalmente pistas sobre a história de vida daquelas pessoas”, conta. Com tantos acontecimentos importantes, Ana elaborou um diário de campo como registro dessas situações, que será usado na redação da tese. “Acredito que tudo o que se faz com gosto é terapêutico. Para mim a arte vai ser sempre terapêutica, mas meu objetivo na Tamarineira não foi trabalhar a arteterapia. Eu queria proporcionar um momento onde as pessoas trabalhassem a expressão dos sentimentos e que isso ajudasse nessa passagem delas,” argumenta. Durante o processo, a artista elaborou instalações em madeira, pintura em lona e em telas junto com os pacientes. Assim, nasceu a série “Comunhão”, em acrílica sobre tela, onde três obras foram expostas no Museu do Estado de Pernambuco em 2012. Ana Lisboa Fone: (81) 9977.3657 analisboa333@ig.com.br

Acredito muito no afeto e acho que é isso que transforma

“Não tenho medo da loucura”, declara a artista Ana Lisboa, que em setembro de 2011 deu início à sua tese de doutorado através de uma residência artística no Hospital Psiquiátrico Ulysses Pernambucano. Durante nove meses, frequentou a instituição sempre três vezes por semana e, acompanhada por uma equipe multidisciplinar, composta por estudantes voluntários das áreas de terapia ocupacional, psicologia e educação física, além de profissionais administrativos. “Minha intenção era compreender como se processa a integração entre usuário, arte e relações subjetivas, como as emoções, sentimentos e as relações interpessoais”, explica.


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A loucura por...

O gênio, o crime e a loucura provêm, por igual, de uma anormalidade; representam, de diferentes maneiras, uma inadaptabilidade ao meio. (Fernando Pessoa)

João Luiz de Miranda Psicólogo Clínico

“Arte e loucura são assuntos que, a meu ver, possuem conceitos distintos. Não cabe a mim fazer juízo de valor ao afirmar ou rotular, por exemplo, que Tchaikovsky era gênio e/ou louco ou que Mozart era são e/ou perturbado. O que interessa é o que eles produziram, o produto final de uma dedicação e como eles conseguiram tocar a alma de quem recebia seu trabalho. O mesmo vale para um trabalho feito por um interno de um hospício, que através da pintura, por exemplo, consegue atingir o mesmo objetivo. O que eles têm em comum? Simples: a constante exploração da subjetividade, a criatividade e, principalmente, a capacidade de liberar todo esse potencial.”

“A loucura, como tal, é doença, e doença é perda da liberdade. No âmbito da evolução da ciência, é algo que se compreende como uma estrutura única com começo, evolução e prognóstico. A arte seria um processo desenvolvido pelo consciente e não por um inconsciente debilitado. O que acontece é que pessoas, em processos de degradação da vida psíquica, começaram a produzir quadros e peças tomando como base aqueles fragmentos em decomposição, digamos assim. A desconstrução pareceu para os observadores arte. Mas, a rigor, dentro dos conceitos de estética, como criação consciente, não seria bem isso. Não sou contra a arteterapia, de forma alguma. Sou contra esse processo feito com pacientes dentro de hospitais psiquiátricos.” Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque Psiquiatra e escritora

O conceito de loucura vai muito além de apenas uma única definição, ele toma corpo quando associado a áreas específicas do conhecimento e assume um desdobramento inerente à ciência que propõe delimitá-lo. Pensando nessas diversas vertentes, convidamos profissionais de áreas distintas para opinar a relação entre arte e loucura.

“O olhar sobre a loucura muda conforme a história e a cultura referidas. Em termos filosóficos antigos, estar tomado por loucura (as “fúrias”, por exemplo) significa ser invadido pela Natureza e o Caos que fazem parte do Cosmos. No fim da idade média, alguns buscavam retirar a pedra da loucura, para curar o sujeito retirando algo de sua cabeça. No auge do cientificismo e positivismo do século XIX, esta crença torna-se maior, e chega-se a fazer várias lobotomias mutilando o cérebro das pessoas ‘dementes’. No período moderno (séc. XVII a XIX), a filosofia ignora tanto a loucura quanto o papel das emoções na vida social. A ciência casará isto com a tecnologia e aí teremos um modelo sem lugar efetivo para a diferença, a arte e a loucura. Por sorte, surge a psicanálise e seus filhos, bem como os movimentos anti-manicômio e a busca de humanização do diferente, período que coincide com o aparecimento de pensadores que levam a sério o inconsciente e a loucura, tais como Foucault, Canguilhem, Derrida, Deleuze, Lacan, Jung e Reich.”

Marcelo Pelizzoli Filósofo e professor doutor da UFPE

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Foto: Divulgação

sinGULLAR

Através da literatura o escritor e poeta maranhense Ferreira Gullar tratou da questão psiquiátrica de forma autêntica, sublime e ao mesmo tempo singular. Com o poema “Internação”, expressa de forma vivaz um sentimento que carrega há anos. Em conversa com a Revista SIM!, ele fala sobre o processo criativo, a relação com Nise da Silveira e a produção de artistas que se destacaram dentro do processo de internamento.

Internação

A criação

Ele entrava em surto E o pai o levava de carro para a clínica ali no Humaitá numa tarde atravessada de brisas e falou (depois de meses trancado no fundo escuro de sua alma) pai, o vento no rosto é sonho, sabia?

Ferreira Gullar www.literal.com.br

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“O poema é apenas o registro de um momento que efetivamente ocorreu. Eu tinha ido à clínica buscar meu filho Paulo para trazê-lo pra casa quando, no carro, ele falou aquilo: “o vento no rosto é sonho, sabia?” Encontro com Nise da Silveira “Conheci a Nise, através de Mário Pedrosa, por volta de 1952-53, numa visita que fiz ao Centro Psiquiátrico Nacional. Tornamo-nos amigos desde então. Ela vivia com o marido num apartamento em Botafogo, onde criava uma quantidade de gatos. O apartamento rescendia a pipi de gato o tempo inteiro. Mais tarde escrevi um pequeno perfil dela, a pedido da editora Relume Dumará, quando fiz uma longa entrevista com ela acerca de sua experiência com os internados do CPN. A convite dela,

tornei-me durante algum tempo presidente da Casa das Palmeiras, instituição que ela mantinha fora do CPN.” Internos também fazem arte O trabalho da Nise deixa isso claro. Emygdio de Barros estava internado no CPN há 25 anos e não dizia uma palavra, não falava. Graças ao trabalho que passou a fazer no ateliê de pintura, passou a falar e se comunicar com as pessoas. Não há dúvida alguma de que o trabalho de arte (e mesmo outros trabalhos) só ajudam os pacientes. É certo que nem todo mundo é artista como Emygdio e Raphael, mas o simples fato de poder se expressar através da arte ajuda na recuperação e torna a pessoa mais feliz.



Fotos: Divulgação

Eu sempre estive com os olhos arregalados para a liberdade de expressão

Nise da Silveira Discípula do pensamento de Carl Jung, a psiquiatra Nise da Silveira (1905–1999) destacou-se na área por ser contra tratamentos de eletrochoque, insulinoterapia e lobotomia, aplicados na época em que atuou. Na sua trajetória, foi presa por ter livros ditos “comunistas” durante o Estado Novo. Após a prisão, passou a atuar no Centro Psiquiátrico do Engenho de Dentro/RJ, onde negou-se a aplicar eletrochoque e foi transferida para a Sessão de Terapêutica Ocupacional, espaço então menosprezado. A partir daí, desenvolveu técnicas e estudos paralelos, oferecendo aos pacientes a possibilidade de se expressar através da arte, revolucionando a prática da psiquiatria no País. Em 1952, inaugurou o Museu de Imagens do Inconsciente, cujo objetivo era expor trabalhos artísticos, além de pesquisar e compreender o universo dos pacientes psiquiátricos. A “instituição” nasceu dos ateliês de pintura localizados no Engenho de Dentro. Adelina Gomes, Carlos Pertuis e Octávio Inácio foram alguns nomes descobertos por ela, que divulgou internacionalmente suas pinturas e seus desenhos, surpreendendo a comunidade de psiquiatria mundial. Os principais destaques da instituição foram Emygdio de Barros e Raphael Domingues, que este ano (2012) tiveram suas produções expostas no conceituado Instituto Moreira Salles/RJ. Intitulada “Raphael e Emygdio: dois modernos no Engenho de Dentro”, a mostra contou com 100 obras, entre desenhos e pinturas, feitos ao longo do processo de internamento desses artistas diagnosticados como esquizofrênicos. Nise da Silveira também fundou a Sociedade Internacional de Expressão Psicopatológica, sediada em Paris. Seu trabalho foi reconhecido mundialmente através da produção e exibição de filmes, documentários, cursos, simpósios, publicações e a criação de espaços nos moldes por ela propostos.

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Sugestão de DVD Senhora das Imagens Espetáculo multimídia que reúne teatro, música, dança e projeções para contar a história da psiquiatra que revolucionou a área através das artes. Com direção de Daniel Lobo, atuação de Mariana Terra e coreografia de Ana Botafogo, o DVD conta com a participação especial do ator Carlos Vereza como “A Voz do Inconsciente” e depoimentos como o de Ferreira Gullar.



CAPA

Centro do Recife abriga CASACOR PE 2012 Três chalés históricos do antigo Instituto de Psiquiatria Luiz Inácio, na Avenida Conde da Boa Vista, abrem as portas para a CASACOR PE 2012. O endereço, no Centro do Recife, está entre os Imóveis Especiais de Preservação (IEP) da cidade, por conta de sua estrutura do século XIX. É em meio a essas características de época, com influência de vários estilos, que profissionais de arquitetura, design e decoração expressam as tendências de interiores. O tema Moda, Estilo e Tecnologia permeia os 40 ambientes da Mostra distribuídos numa área de 6.300 m2. São duas casas para exposições e uma de lazer, que inclui espaços comerciais e praça de eventos. Ainda dentro deste universo, a 16ª CASACOR PE homenageia a médica psiquiátrica Nise da Silveira e o artista plástico Romero Britto. Quem conferiu tudo isso de perto, à convite da SIM!, foi o arquiteto Alexandre Mesquita, que aponta os dez ambientes mais deslumbrantes deste ano.

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Mais no site www.revistasim.com.br

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CAPA

Atento aos por EDI SOUZA foto MARCO PIMENTEL

detalhes Dez ambientes impecáveis eleitos pelo arquiteto Alexandre Mesquita

A Revista SIM! entrou na 16ª CASACOR PE conduzida pelo arquiteto e professor universitário da disciplina de Design de Interiores, da Faculdade de Boa Viagem (FBV), Alexandre Mesquita. Com 26 anos de mercado e um currículo extenso, nosso convidado é também consultor da SIM! desde o primeiro exemplar, há 13 anos. Em se tratando da Mostra, Mesquita também registra a participação em mais de dez edições, compondo diferentes ambientes. Pelos corredores de cada espaço não faltaram os cumprimentos de ex-alunos e amigos de profissão. “Achei ótimo, pois fiquei perto de todos graças a esse convite”, comenta. Entre um lugar e outro, as impressões da Mostra. “A Casa está muito gráfica e neutra. Em estruturas antigas como esta é possível tirar proveito do pé direito, oferecendo grandes espaços dramáticos com espelho, pendentes e muita cenografia”, aponta. A tecnologia também merece destaque segundo o arquiteto, que observou a união de matéria-prima natural com outras de confecção arrojada em produções de efeito. A estrutura do casario complementa o charme desta edição. “Os lambrequins são lindos e dizem muito da arquitetura histórica. A CASACOR, sendo realizada na Boa Vista, ainda quebra o preconceito de muitos em se deslocarem para o Centro da Cidade”, conclui.

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Alexandre Mesquita Fone: (81) 9972.3113 mesquitaita@gmail.com



Lounge Gourmet Márcia Nejaim e Suzana Azevedo

Fotos: Marco Pimentel | Greg

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Chama atenção o ordenamento dos objetos e o fluxo correto do espaço. Aqui tem volumetria e bastante conteúdo

O ambiente foi idealizado para ser mais que um espaço gourmet. Leitura, arte e música compõem os 100 m2 do lugar, cujo ponto central é uma mesa de vidro com base de raiz de árvore trazida do Acre. A peça é ladeada por duas estantes de gesso, idênticas em dimensão, desenhadas pelas arquitetas e preenchidas por objetos de Suely Brasileiro, Maurício Silva, loja Particolare e outras de acervo pessoal. “Torna-se um charmoso cantinho de lembranças”, acrescenta Mesquita. O lounge divide-se em área operacional e de receber. Nesta última, destaque para os pendentes de madeira Realejo, da Bertolucci, fornecidos pela Daluz. Para Suzana Azevedo, “a automação da Xtron, capaz de controlar toda iluminação via Ipad, dá seu toque de modernidade”.



A estante desenhada em nichos transformou-se num cantinho de lembranças. Não é uma simples parede, mas sim um lugar personalizado

Serviço Fone: (81) 3326.6652 marcia@nejaimazevedo.com.br

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Lounge de Entrada e Bilheteria André Carício

Fotos: Felipe Mendonça

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Trata-se de um corredor rico, cheio de cenografia. André conseguiu criar ambiências que dialogam

O comprido espaço de 130 m2 sugere diferentes sensações através da composição eclética. No Hall de Entrada há um pé-direito elevado com teto em declive. A estante por trás da Bilheteria dá suporte para a exposição dos anuários. Ao circular pelo ambiente, o visitante se depara com o movimento do teto em gesso revestido em papel de parede (madeira), assim como as paredes e os nichos. Na composição estão cadeiras dos designers Sergio Rodrigues, Oscar Niemeyer, Patrícia Urquiola e Guilherme Torres. Em arte, obras de Alex Fleming, Delson Uchôa, Luiz Hemano e Paulo Meira. “No Living Principal, temos papel de parede colorido com tapete listrado em tons de azul e marfim”, detalha André.



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Os objetos de design foram distribuídos para dar movimento e personalidade ao espaço 50 RevistaSim!

Serviço Fone: (81) 3326.2242 acaricio@uol.com.br



Home Theater André Cavendish

Fotos: Marco Pimentel

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Um ambiente masculino, que mistura elementos rústicos com outros tecnológicos. Home é isso, um show!

A combinação de materiais é o grande destaque. A madeira de demolição que reveste as paredes é, na verdade, um complexo sintético reciclável, fornecido pela Refinare. Já em outro trecho, que inclui o teto, foram colocadas placas vinílicas Fademac. Sobre o piso antigo, tapete de lã sintética, da Espaço Casa. Nesse contexto, sobressai quatro enormes painéis em tecido voil, que mostram uma cidade em alusão 3D. “É muito interessante, principalmente por suas cores”, admira Mesquita. Na estante desenhada pelo escritório e executada pela Bontempo, a porta do bar é acionada por automação. “Os nichos na cor turquesa quebram a sobriedade do móvel e dão ar jovial, juntamente com os móveis da Studio Premium”, completa André Cavendish.



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A automação comanda o móvel, sem precisar tocá-lo, via iPad

Serviço Fone: (81) 3326.0157 andre@andrecavendish.com.br

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Sala de Jantar (casa 2) Guilherme Eustachio

Fotos: Marco Pimentel | Greg

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Há uma dramaticidade nos objetos clássicos e ousados. O papel de parede deu valor a tudo. Muito chique!

Pensada para quem admira a arte, a Sala de Jantar reúne elementos clássicos e imponentes. É assim com as antigas cadeiras francesas e outras italianas, que compõem a cena sobre tapetes iranianos. A sofisticação é complementada pelas cortinas de tecido marroquino, com barras de couro, fornecidas pela Bianco Quiaro. O papel de parede é em seda e de cor verde, aplicado para realçar a ambientação. “É um chique exótico”, define mesquita. O lugar ainda apresenta um gradeado de madeira desenhado pelo designer, composto por luminárias da B&M. “Também gosto de brincar com alguns objetos, por isso ainda trouxe uma luminária irreverente que ganhei durante viagem para o Maranhão”, ressalta Guilherme.



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O uso de cores foi primordial para trazer uma atmosfera sofisticada

Serviรงo Fone: (81) 3326.6160 guilherme07@uol.com.br

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Sala Íntima Diogo Viana

Fotos: Marco Pimentel

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É muito interessante a pesquisa de design presente em estampas e objetos

A ideia do arquiteto Diogo Viana foi trazer o universo da fauna e flora baseado na designer Catalina Estrada. Por isso, destaque para o painel de parede com mais de sete metros de extensão assinado pela profissional colombiana e fornecido pela loja Habitare. A partir daí, há uma integração com objetos da grife italiana Kartell. Todas as peças são assinadas por designers, entre eles Philippe Starck, Patricia Urquiola, Ron Arad e outros. Já o escritório de Diogo desenhou a estante Mangá, que abriga a coleção de quadrinhos japoneses, e selecionou os tecidos (Maria Casa) para a poltrona Vintage. A Sala Íntima ainda reúne as luminárias Bloom e Toobe, a mesa de jantar Top Top e uma série de itens de design contemporâneo.



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A ousadia das peรงas remete a um universo exclusivo, inusitado e atual

Serviรงo Fone: (81) 3325.3253 diogo@diogoviana.com.br

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Hall de Entrada com Varanda (casa 2) Elza Mendonça, Giuliana Zirpoli e Lorena Pontual

Fotos: Marco Pimentel

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É bem aconchegante. Um ambiente que traz certo frescor por conta dos materiais escolhidos

À convite da Villa Naro, as arquitetas planejaram o espaço com móveis da marca executados em madeira freijó e revestidos com tecidos náuticos, cuja durabilidade é de dez anos. Chama atenção o design dos abajures e luminárias da SC Decor, fornecidos para a Mostra. “Tentamos criar um ambiente intimista e acolhedor por se tratar de dois terraços. Por isso, usamos móveis apropriados para áreas externas”, defende Lorena Pontual. Para trazer a natureza ao ambiete “colocamos 30 quadros exclusivos da coleção Pássaros de Antonio Mendes feitos para o espaço”, diz Giuliana Zirpoli. A automação da iluminação e do som foi desenvolvida pela APDA.



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Mobiliário adequa-se à estrutura do lugar, mas sendo atemporal

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Serviço Lorena Pontual: (81) 9101.7065 Elza Mendonça: (81) 9292.1260 Giuliana Zirpoli: (81) 9235.3554



Living de Entrada Ana Paula Cascão

Fotos: Felipe Mendonça | Greg

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É notável o trabalho de simetria conquistado com a repetição correta do mobiliário. O ambiente é neutro e muito elegante

O convite para uma conversa entre amigos é feito com o uso de um mobiliário confortável fornecido pela Living Interiores. “A ausência de televisão reforça a proposta de ambiente que integra as pessoas”, resume Ana Paula Cascão. Destaque para o centro em nichos, que pode ser separado e distribuído de acordo com o espaço. Neste, de 35 m2, o aconchego é conquistado pela iluminação indireta, com toque de charme da luminária de cristal de 2,8 m. O revestimento de cerâmica em alto relevo, da DecorTiles, faz alusão a um ladrilho hidráulico e compõe a cena junto com tapete by Adroaldo e objetos da Bianco Quiaro.



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Repleto de detalhes, o Living é charmoso em sua proposta de cores sóbrias

Serviço Fone: (81) 3268.0441 ac.arquitetura@uol.com.br

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Sala de Almoço Manuela Nunes e Lula Pessoa

Fotos: Marco Pimentel

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Aqui temos um repertório clássico que nunca sai de moda, cujo azul é representado como o tom forte

Segundo a arquiteta Manuela Nunes, a Sala de Almoço foi idealizada para o visitante se sentir em casa ao ressaltar a contemporaneidade em harmonia com o clássico. Destaque para a peça de arte de Gabriel Petribú, elaborada em spray sobre vidro. Os profissionais também valorizaram o piso, aplicando luzes da Ligth Design focadas no laminado. “Colocamos uma iluminação pensada para o piso, para dar destaque a esse elemento que quase ninguém olha” ressalta Lula Pessoa. No espaço, nichos que evidenciam peças usadas nas refeições e tecnologia representada pelo som da B&W. Os planejados são da If e o lustre do século XIX é de acervo pessoal.



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O revestimento Refinare agrega requinte ao ambiente clássico com toques contemporâneos

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Serviço Manu Nunes: (81) 9979.0708 | manununes@gmail.com Lula Pessoa: (81) 9167.0633 | lula_pessoa@hotmail.com



Cozinha (casa 2) Rafael Amaral

Fotos: Marco Pimentel

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A composição de cores e estampas alegram o projeto nitidamente jovem, feito para receber amigos

Para tornar o ambiente descontraído, o arquiteto ousou nas texturas e mesclou elementos que são tendência. A mesa vermelha, da Living Interiores, afina-se com poltronas retrô da D.uas Design, todas com estampas diferentes das outras. Os eletrodomésticos, da Elettromec, além de alta tecnologia, trazem desenhos modernos. Na iluminação, os LEDs aparecem de forma pontual em fitas RGB, que mudam de cor, revelando várias personalidades à estante e até mesmo dentro do pendente. “A cozinha foi pensada para ser um estar, por isso tem peças de arte, cores alegres e mistura de texturas”, aponta Rafael Amaral. O revestimento da Studio Revest ainda cria jogo de luz e sombra.



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A modernidade surge em m贸veis, luzes e cores pensadas para envolver o jovem cozinheiro

Servi莽o Fone: (81) 9172.7431 contato@amaraltenorio.com.br

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Sala de Jantar (casa 1) Marylia Nogueira e Marcela Pimentel

Fotos: Marco Pimentel

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O espaço lida bem com a tecnologia, num bom trabalho de iluminação e mistura de prata, dourado e metal

A proposta é mesmo demonstrar que é possível usar tons de metal, prata, bronze e dourado, para deixar a Sala de Jantar luxuosa e elegante. O preto surge para equilibrar essas cores, junto com o painel da Refinare, este, aplicado no teto e na parede em favor à simetria. Destaque para a automatização na iluminação, que permite criar cenas intimistas e aconchegantes. O espelho foi colocado como estratégia para as pessoas interagirem visualmente com todo o espaço. As obras de arte são de Thina Cunha e os objetos da Finni. “As plantas quebram a frieza e os tons metalizados proporcionam estilo e personalidade”, explica Marcela Pimentel.



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A mistura de materiais foi primordial para trazer uma atmosfera sofisticada

Serviรงo Marcela Pimentel | (81) 9994.1618 Marylia Nogueira | (81) 9197.5725

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CAPA

O giro da SIM! Selecionamos os elementos de tendência revelados na Mostra

Fotos: Marco Pimentel | Greg

Homenagens

O artista plástico Romero Britto e a médica psiquiatra Nise da Silveira receberam homenagem exclusiva por meio de dois ambientes. O pintor pernambucano, aliás, ganhou destaque na loja conceito de Carol Benbassat, Taciana Feitosa e Volma Aguiar. As arquitetas aproveitaram a estante original do lugar, pintando-a de preto para representar o traço do artista. Já as paredes brancas realçam as obras coloridas do homenageado.

Verde em alta Jardins e espaços verdes predominaram na Mostra. Nesta edição, foi possível encontrar o paisagismo por todo o trajeto. A Praça CASACOR com Palco está entre os projetos em evidência. Planejado por Fernanda Durães, Luciano Lacerda e Taciana Veras, o espaço tem desenho diferenciado que une vários pontos de estar, por se localizar próximo a ambientes gourmets. Destaque para o pergolato, que ameniza a incidência do sol, móveis de área externa em fibra sintética e vegetação nativa.

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Sustentabilidade O conceito sustentável surge em vários ambientes. Em todo o percurso é possível encontrar iniciativas que conferem tom exclusivo, dinâmico e politicamente correto. É assim no Armazém do Artesanato, projetado pelas arquitetas Cátia Avelar, Kátia Costa Pinto, Glícia Fernandes e Sandra Miranda, que mistura texturas ao apresentar um expositor produzido com dois mil cabos de vassoura, suporte para manequins feito com latões de tintas (usados na obra) e cabides com hastes usadas de banners. Já a Livraria Casa Claudia, das arquitetas Taciana Feitosa, Carol Benbassat e Volma Aguiar apresenta estante rústica preparada com caixotes de frutas e uma estante de bobinas de papel feita pelo artista plástico Felipe Costa, morador da comunidade da Ilha da Cobra.

Multiuso O Quarto do Casal projetado pelo designer de interiores Guilherme Eustáquio une funções e estilos em único momento. O lugar reserva um espaço de banho, com banheira de última geração, descanso com poltronas exclusivas e canto para leitura e arte, tendo como destaque uma estante planejada especialmente para a Mostra feita de madeira de demolição inglesa.

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Arte em destaque Obras de arte marcaram presença em quase todos os ambientes do evento. Circulando pelo imóvel, é fácil encontrar trabalhos de nomes importantes na área. Entretanto, o ambiente que mais ressaltou a expressão artística foi o Ateliê de Pintura de Laura Fonseca. Inspirado no espaço de trabalho dos artistas Reynaldo Fonseca e Lucia Helena Redig, o lugar traz iluminação diagonal, que impede a presença de sombras sobre o cavalete. Destaque para a escada em azul petróleo e a claraboia que aproveita a luz do dia.

Ambientes Gourmet Nesta edição, destaque para os espaços gourmet que integram as três casas do imóvel. Tendência nos projetos de interiores, esses ambientes são planejados para receber os convidados, realçando a funcionalidade e a praticidade na hora de servir. A Sala de Almoço, da designer de interiores Gabriela Alencar, apresenta diferencial por ser um lugar planejado para incluir as crianças. Por isso, foi usada uma cadeira de bebê, juntamente com cadeiras da Casapronta. Como o perfil do cliente era um casal jovem, justifica-se o uso de cores alegres como laranja e verde.

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Realce dos tecidos Considerado um elemento coringa, o tecido ganhou seu espaço de destaque na CASACOR 2012. Um exemplo de uso em projeto comercial está na Champanheria dos arquitetos Carina Berardo, Danielle Guedes, Daniella Luna, Francisco Lira e Raissa Jucene. Em meio ao mobiliário da IF Planejados estão as almofadas de estilo versátil da D.uas Design. A loja, aliás, revestiu um banco de madeira, para duas pessoas, com tecido camurcinha e estampa mourisca.

Design Os objetos de design estão por todos os lados. Eles dão um toque que valoriza o ambiente graças ao acabamento minucioso, ora contemporâneo, ora retrô. Na Suíte do Filho de Fernanda Durães, grande parte do mobiliário e dos objetos são da loja Tok & Stok. A escolha dos itens foi pensada para um rapaz fotógrafo que respira modernidade. O lugar, sem televisão, ainda abre espaço para uma mesa de escritório.

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Para revestir Os ambientes da CASACOR PE 2012 apresentaram tendências e lançamentos que investem em alta tecnologia. A Studio Revest, que inaugura em 2013 um showroom no Recife, apresentou novidades em quatro ambientes. Entre eles a Cafeteria, assinada por Fred Mota, Renata Berenguer e Roberta Gama, que trouxe opções vindas de países como Israel, Espanha, Portugal, Itália e China. Já no Escritório, planejado por Mario Baô, destaca-se o revestimento tridimensional feito com fibras vegetais. A Refinare também apostou em novos produtos, a exemplo do revestimento em aço inox da Porto Design, aplicado na Cozinha da Casa 1, assinada por Dani Magero. O espaço foi pensado para um jovem casal.

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delícias

Geometria e cor regional por Patrícia calife fotos greg

César Santos recria clássicos do Oficina do Sabor numa reverência aos conceitos arquitetônicos A cozinha criada pelo chef César Santos é tão peculiar que pode-se dizer que projetou a identidade Pernambucana no cenário internacional. A forte herança do período colonial, tão presente na mesa desse estado, como os doces e a charque, nunca foi abandonada pelo chef, que adicionou frutas nativas aos pratos principais e recriou a forma de degustar o bolo Souza Leão, as compotas e o bolo de rolo. A roupagem contemporânea de seus pratos abraçou o jerimum, colocando-o no status de personagem principal e tornando-o marca registrada do seu restaurante Oficina do Sabor (Olinda/PE). César, que nesta edição da CASACOR PE comandou o restaurante do evento, está comemorando os 20 anos da sua casa. Ao traçar um comparativo entre o início e o agora, ele afirma que o tempo foi generoso com a estrutura física do Oficina, a decoração, as louças e etc, mas a comida em si continua a mesma. “Quando abri trazia o vinho em caldeirões de feijoada, não tinha balde de gelo, e hoje tenho uma cozinha high tech, mas quem faz o Oficina são os clientes. Em respeito a eles, jamais posso deixar de servir o meu jerimum, que é o que a maioria vem comer aqui”, defende. OFICINA DO SABOR

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Fone: (81) 3429-3331 Rua do Amparo, 335,Carmo – Olinda/PE



delícias

Na entrada, o Queijo com Ervas e Alho aparece verticalizado, conferindo um ar de construção. Na base, um tacho de cobre preenchido com pedras rústicas recebe um vaso de cerâmica, que apoia uma peça de ardósia muito utilizada em pisos. No topo, uma

espécie de canapé redondo de queijo coalho empanado sobre cabeças de alho e ervas, ora com folhas ora com lâminas de alho torradas. O Jerimum com Lagosta Manga também ressalta as formas e cores. O espelho retangular é feito com o molho da fruta. As lagostas e o jerimum brincam entre as formas triangular e circular e as cores laranja, verde e vermelho, num conjunto quase poético. “Realmente não podia faltar o jerimum nem tampouco uma fruta regional, que são carro chefe do Oficina. O que fiz foi colocar um conceito arquitetônico”. Para finalizar, o Pavê de Goiaba, que está na casa desde o primeiro car-

dápio. O próprio prato que recebe a receita remete aos cristais de açúcar e é recoberto por uma redoma também de cristal tradicional. As cores básicas são quebradas pelo vermelho explosivo da calda da fruta e o verde da folha de hortelã. “O açúcar, tratado como ouro na época colonial, está no sangue do pernambucano. Nessa composição, coloquei o doce numa louça nobre, dessas que guardamos para a melhor festa da casa”, declara.

Não podia faltar o jerimum nem tampouco uma fruta regional

Na página anterior: Queijo com Ervas e Alho; nesta página: Pavê de Goiaba e Jerimum com Lagosta Manga.

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Ao apresentar suas criações para a Revista SIM!, o criterioso César não poderia deixar de fora o que permeia seu menu cotidiano, desta vez, desconstruído e recriado. “Pensei num menu fechado, com receitas do cardápio da casa. Mas o cliente não vai comer esse prato aqui. É conceitual”, explica. Nesta versão, as formas geométricas são privilegiadas e as cores, vibrantes e quentes, preservadas.






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