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EDITORIAL DIRETORES Sônia Inakake Almir C. Almeida

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No mesmo dia em que centenas de educadores se encontraram em São Paulo, acompanhando as conferências do XIV Congresso e Feira de Educação Saber, o IBGE divulgou a Síntese dos Indicadores Sociais, baseada na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2009. O estudo veio a público em 17 de setembro passado destacando, entre outros, a baixa qualidade da educação brasileira, a despeito da universalização experimentada desde 1999 no Ensino Fundamental. Vamos aos números. O desempenho dos estudantes no IDEB atingiu a média 4,6, ainda próxima aos 4,2 de 2007 e muito distante da meta de 2021, de 6,0. Os adolescentes de 15 anos apresentaram, em geral, 7,5 anos de estudo, inferior ao ciclo obrigatório do Fundamental. Na faixa etária entre 15 e 17 anos, a proporção de estudantes regularmente matriculados saltou a 85%, mas destes somente 39% frequentavam o Ensino Médio no Nordeste no ano passado; 60% no Sudeste. Entre 18 e 24 anos, apenas 37,9% dos jovens apresentaram pelo menos 11 anos de estudo, indicador considerado essencial “para avaliar a eficácia do sistema educacional de um país, bem como a capacidade de uma sociedade para combater a pobreza e melhorar a coesão social”. Houve avanços, o analfabetismo caiu a 9,7% e o Ensino Fundamental chegou a quase 98% das crianças e adolescentes. Mesmo assim, o IBGE identificou um atraso médio de dois anos no ciclo escolar do brasileiro. E outro estudo, recém-divulgado pelo Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa, ex-Ibmec), mostra que o aproveitamento do aluno no nível superior está intimamente ligado à qualidade dos anos iniciais da educação básica. “O Brasil vai crescer, mas não tem gente qualificada. Continuamos vendendo commodities e comprando tecnologia”, avaliou o economista Custódio Pereira, diretor geral das Faculdades Integradas Rio Branco e um dos conferencistas do Congresso Saber. Custódio comparou o País a Coreia do Sul, lembrando que se aqui ainda se discute como universalizar o Ensino Médio, lá 80% dos jovens frequentam o Ensino Superior. Claro que a rede privada apresenta indicadores muito superiores, tendo obtido média de 5,9 no último IDEB, já bem próxima do que se espera para 2021. Entretanto, a situação dos mantenedores também não é das mais tranquilas, já que é preciso continuar investindo fortemente na capacitação e formação do professor, para dar conta das demandas da sociedade moderna. Grande parte do Congresso do Saber discutiu como associar o alto desempenho na aprendizagem à construção de uma escola sustentável, que articule presente e futuro, equilíbrio e continuidade, nas dimensões econômica, social e ambiental. A edição de outubro da Direcional Escolas chega até você, leitor, com um balanço do que foi apresentado durante o evento, abordando as diferentes concepções da sustentabilidade e seus reflexos sobre a área pedagógica e de gestão. Traz ainda o perfil da Escola Estadual Prof. José Monteiro Boanova, um exemplo de investimento diário no professor e aluno, em busca do efetivo aproveitamento das aulas e propostas curriculares. Completam a edição as dicas sobre material didático em Matemática, idiomas e controle de pragas, além de um fique de olho que destaca as empresas de mobiliário escolar. Uma boa leitura a todos, Rosali Figueiredo Editora

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Caro leitor,

EDITORA Rosali Figueiredo

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SUMÁRIO

ESPECIAL

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Saber 2010 – Soluções Em Sustentabilidade

Em três dias de conferências promovidas pelo XIV Congresso e Feira de Educação Saber, professores, coordenadores, donos de escolas e outros profissionais da área da educação buscaram subsídios sobre o que seria implantar um modelo de sustentabilidade nas instituições. A verdade é que ele não está pronto, demanda aplicar e adaptar à realidade escolar tudo o que as empresas sustentáveis têm praticado, ao mesmo tempo em que exige um olhar inovador e ousado do educador e do gestor. Afinal, onde mais, senão no espaço da escola, um novo padrão de comportamento coletivo pode ser construído, de forma a garantir a vida das novas gerações? A Direcional Escolas apresenta um balanço do Congresso e da Feira, destacando alguns caminhos apontados pelos palestrantes.

DICA

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Controle de Pragas

Mesmo que os estabelecimentos de ensino sejam bastante cuidadosos no controle das pragas urbanas, os biólogos recomendam uma política constante de prevenção, pois basta que se encontre “água, alimento, abrigo e acesso” para que os vetores e/ou transmissores voltem a se proliferar. Técnicos do Instituto Biológico de São Paulo e da Associação dos Controladores de Pragas Urbanas orientam as escolas à limpeza constante das áreas onde manipulam e armazenam alimentos, atenção na vedação de portas, janelas e forros, entre outras medidas.

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Material Didático – Matemática

Quando se olha para o nível de ensino no Brasil, a Matemática acaba se destacando negativamente, já que as avaliações oficiais revelam, entre outros, que somente 33% dos estudantes concluem o Fundamental sabendo o que devem nesta disciplina. Uma das alternativas para alterar o quadro é aproximar o pensamento matemático da vida cotidiana dos alunos, utilizando-se recursos didáticos variados, apostando em um processo de ensino-aprendizagem mais lúdico e criando espaços de problematização e investigação.

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Idiomas

Observam-se hoje pelo menos cinco diferentes formatos de ensino de idiomas na educação regular, especialmente do Inglês, soluções que os estabelecimentos implantam com vistas a assegurar a fluência dos estudantes ao final do ciclo escolar. Entre as opções oferecidas estão a carga horária ampliada da matriz curricular com sistemas didáticos inovadores, aulas complementares no horário invertido ou a estruturação de um instituto próprio de línguas.

GESTÃO

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Saber 2010 – Pelo “Alto Desempenho”

Da sala de aula aos negócios, as escolas devem adotar estratégias e ações que assegurem a aprendizagem do aluno bem como a sua formação enquanto sujeito autônomo e protagonista de seu futuro. Além da proposta pedagógica, é preciso atenção ao suporte humano, físico e financeiro, o que somente uma gestão baseada na busca do “equilíbrio e da continuidade” poderá proporcionar, conforme indicaram alguns conferencistas do Congresso. Emblemática desta postura foi a apresentação do case do Colégio Embraer, localizado em São José dos Campos, na região do Vale do Paraíba. A cobertura do assunto pela Direcional Escolas aborda como as mantenedoras podem assegurar qualidade do ensino e saúde financeira do empreendimento privado da educação.

PERFIL DA ESCOLA

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E.E. Professor José Monteiro Boanova

Até há pouco tempo conhecida no seu entorno pelos sérios problemas disciplinares dos alunos, a E.E. Prof. José Monteiro Boanova reverteu a situação e hoje seu nome frequenta a cobertura da mídia pelos bons resultados nas últimas avaliações do ENEM, do Saresp e do SAEB. Localizada no Alto da Lapa, região Oeste de São Paulo, a Boanova colhe frutos de um processo iniciado há muitos anos, baseado na seriedade com que acompanha diariamente o trabalho dos professores e o desenvolvimento dos estudantes. Com recursos simples, mas comprometimento e suporte permanente aos docentes, os gestores conquistaram a confiança de sua equipe pedagógica e dos próprios discentes, apostando que a sala de aula pode e deve funcionar, complementada por projetos intra e extraclasse.

FIQUE DE OLHO

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Móveis Escolares

Os fabricantes de mobiliário escolar procuram inovar na tecnologia dos materiais, formatos e cores, de maneira a estabelecer seu diferencial de mercado, abrindo desta maneira muitas opções aos estabelecimentos de ensino. Eles estão ainda atentos às normas técnicas brasileiras e aos aspectos ergonômicos, de saúde e conforto do usuário, seja aluno, professor ou funcionário. É o que mostram os perfis da Desk Móveis, Giobel, Global Box, La Fabrica Design, Maq Móveis, Metadil, Milla Comércio e Solução Móveis, publicados nesta edição.


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or mais que as escolas cuidem de seu espaço interno, com bastante asseio, o ambiente urbano acaba criando ambientes propícios para a proliferação de diversas pragas, com suas ruas sujas, bueiros e redes de esgotos entupidos, além de terrenos baldios abandonados. Segundo Francisco José Zorzenon, biólogo e diretor-técnico da Unidade Laboratorial de Referência em Pragas Urbanas, do Instituto Biológico de São Paulo, a prevenção e o controle das pragas urbanas dependem da limpeza e higienização constante dos ambientes da escola e de cuidados no armazenamento dos alimentos. Segundo Zorzenon, uma praga sobrevive quando existem no ambiente ou próximo a ele os chamados “4 A’s”; água, alimento, abrigo e acesso. Portanto, é necessário limpar sempre as áreas onde se manipulam e armazenam os alimentos, vedar as portas, janelas e forros, e manter tampados os vasos sanitários e os ralos, pois algumas dessas pragas transitam ou buscam por água na rede de esgoto. Os alimentos devem ser mantidos embalados e guardados em armários ou prateleiras, evitando o contato com o chão, recomenda o biólogo. Quanto ao lixo, por sua vez, é preciso evitar o acúmulo, amarrar os sacos e tampar as lixeiras. Outro cuidado deve ser dispensado pelos mantenedores em torno das caixas d’água, que demandam limpeza periódica, com os reservatórios fechados e protegidos por tela, conforme estabelecem leis e normas específicas. O biólogo destaca ainda a necessidade de se cuidar dos jardins e hortas, ambientes ideais para taturanas,

lagartas, aranhas, besouros, escorpiões e formigas. Zorzenon recomenda vistoriar sempre os locais, mantê-los limpos, onde as folhas e restos vegetais poderão servir de adubo, porém, devem ser enterrados, recolhendo e descartando as folhas secas e gravetos. O diretor chama a atenção também para os tanques de areia, pois é comum gatos, ratos e pombos depositarem suas fezes nesses locais. O ideal é que o tanque seja mantido coberto por lona ou plástico quando não estiver em uso e, quanto à areia, ser limpa e esterilizada periodicamente, por empresa especializada, a qual fará a aplicação de produtos específicos para este fim. E a partir do momento em que for detectada a presença de alguma praga, os procedimentos de combate passam a exigir outros cuidados. Neste caso, segundo Marcos Gennaro, diretor-técnico e científico da Associação dos Controladores de Pragas Urbanas (APRAG), é fundamental que a mantenedora contrate empresa idônea, com registro na Vigilância Sanitária. E que a prestadora do serviço realize vistoria do local para que o seu técnico decida o tipo de intervenção mais apropriada, sabendo que se trata de uma instituição de ensino, onde circulam, principalmente, crianças e jovens. Gennaro ressalta ainda que o orçamento deve incluir os produtos a serem utilizados, sua classe toxicológica e o número de registro do produto no Ministério da Saúde. Por outro lado, o diretor alerta que há empresas que utilizam produtos clandestinos ou de uso agrícola, proibidos em áreas urbanas. Para o presidente da APRAG, o engenheiro agrônomo Carlos Massaru Watanabe, outro problema está relacionado a empresas que prometem garantias longas, com as quais não poderão cumprir. No caso de uma desinsetização, o prazo pode variar de um a três meses e, para o tratamento de cupins, de um a dois anos, alerta. (Por João Elias)

SAIBA MAIS Francisco José Zorzenon - www.biologico.sp.gov.br - zorzenon@biologico.sp.gov.br Carlos Massari Watamabe e Marcos Gennaro - www.aprag.org.br - aprag@aprag.org.br

Na próxima edição: Ergonomia de Professores e Funcionários

Como trabalhar a problematização e investigação O diagnóstico não é dos mais nham defendendo isso desde o século XIX”, diz. animadores. “Os indicadores de apren- “É essencial mostrar ao aluno como se constrói dizagem de Matemática no Brasil são muito ruins. Somente 33% dos alunos terminam o Fundamental sabendo o que precisam”, observa Kátia Stocco Smole, coordenadora do grupo Mathema, doutora na área pela Universidade de São Paulo e autora de “Ler, Escrever e Resolver Problemas”, em parceria com Maria Ignez Diniz (Editora Artmed, 2001). Dados mais recentes da Prova Brasil e do SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica) apontam também que 25% dos estudantes concluem o Ensino Médio sem dominar o conteúdo do 5º ano. Segundo Kátia, as causas residem na formação do professor, “insuficiente e distante da sala de aula, com pouco contato com a escola”. E também na ausência de um trabalho sistemático de formação. Mas as soluções estão ao alcance das escolas e dos professores, acredita a especialista, defendendo que se criem “espaços de problematização e investigação”, em que o docente se coloque como “alfabetizador de Matemática” e “instigue a produção do aluno”. Kátia avalia que o desempenho sofrível na área não decorre da “incapacidade do brasileiro aprender”, mas da “perda de clareza do que se precisa ensinar em cada série” e de inexistir, já na Educação Infantil, atividades mais orientadas para a matéria. Para tanto, Kátia defende o uso de diferentes metodologias e recursos didáticos, como os jogos, as novas tecnologias de informação, quebra-cabeças, calculadoras etc. “De forma geral o ensino ainda é muito convencional e há bastante resistência à introdução dos jogos, embora os pesquisadores ve-

o conceito, o jeito de pensar.” Um dos recursos que Kátia sugere é a montagem de um laboratório específico. O Colégio Emilie de Villeneuve, localizado na Vila Mascote, zona Sul de São Paulo, aderiu à ideia já há um bom tempo e utiliza o espaço como uma forma de aproximar o conteúdo da prática. “A iniciativa vem desde 1993, quando as professoras sentiram a necessidade de organizar concretamente e montaram um mercadinho com moedas, notas e produtos para trabalharem situações problema. A partir daí surgiu o laboratório, introduzindo-se materiais de acordo com as necessidades de aprendizagem”, relata a coordenadora pedagógica Sílvia Azevedo. Composto por mesas coletivas, quadro branco e instrumentos diversos como sólidos geométricos, tangram, material dourado, fichas sobrepostas, ábaco, entre outros, o laboratório cria oportunidades “em que o aluno experimenta a Matemática, colocando em prática aquilo que o componente curricular propõe”, afirma. Conforme explica a sua assistente e professora do Fundamental I, Andreia Bragança Heringer, com o laboratório é possível vivenciar e sistematizar os conteúdos, bem como socializar as produções dos alunos. Ela cita, por exemplo, os móbiles desenvolvidos pelos estudantes do 4º ano, inspirados pela obra do artista plástico norte-americano Alexander Calder, em que puderam trabalhar conceitos como simetria e construções geométricas. Para Daniela Cassiano, coordenadora do Programa Matemática Descomplicada, idealizado pela empresa Planeta Educação, o que falta aos professores hoje é se apropriar da metodologia com atividades lúdicas, utilizando-se para tanto de sólidos geométricos, ábacos, material dourado, trilhas numéricas, jogos, cartelas com operações, blocos lógicos e também confeccionando seus próprios materiais. (R.F.)

SAIBA MAIS Colégio Emilie de Villeneuve - contato@colegioemilie.com.br Daniela Cassiano - daniela.cassiano@fk1.com.br Kátia Stocco Smole - Kátia@mathema.com.br

Na próxima edição: Material Didático – Jogos de Alfabetização

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Cuidados na prevenção e no combate devem ser constantes

DICA: MATERIAL DIDÁTICO – MATEMÁTICA

Ilustração: Nathália Tadiello

Ilustração: Nathália Tadiello

DICA: CONTROLE DE PRAGAS

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ESPECIAL: SABER 2010 – XIV CONGRESSO E FEIRA DE EDUCAÇÃO

EM BUSCA DA FLUÊNCIA NA LÍNGUA ESTRANGEIRA O

Inglês, como língua universal, e o Espanhol, como segundo idioma estrangeiro obrigatório ao currículo, têm levado as instituições a adotarem diferentes formatos de ensino, que garantam a fluência entre os estudantes ao final do ciclo escolar. Além do desenvolvimento de quatro habilidades (escrita, leitura, oralidade e listening), o propósito do Colégio Albert Sabin, por exemplo, é que o aluno conclua o Ensino Médio com pelo menos uma certificação internacional no Inglês, afirma a professora Denise Araújo, coordenadora do idioma da escola localizada na Zona Oeste de São Paulo. Denise afirma que até junho passado, 35 alunos já haviam obtido uma certificação. A escola disponibiliza uma estrutura que vai desde o modelo mais convencional até o 5º ano, a uma proposta de estágios subdivididos em teens (do 6º ao 9º ano) e “adultos” (EM). Neste modelo, os estudantes frequentam um prédio organizado exclusivamente para o ensino do idioma, com laboratórios e sala multimídia, subdivididos em grupos de quinze pessoas, em três horas/aulas semanais. “Com essa quantidade de alunos, consigo o triplo do rendimento”, afirma Denise. O Sabin oferece ainda o regime integral, do 2º ao 5º ano, com carga complementar de Inglês. No Espanhol, oferecido no Fundamental II em duas horas/aulas semanais, a escola pretende que ao final do período o estudante obtenha o diploma DELE, concedido pelo Instituto Cervantes (em nome do Ministério de Educação, Cultura e Esporte da Espanha). Aos alunos

mais empenhados em aprender a língua, o Sabin disponibiliza, gratuitamente, um curso preparatório no horário invertido. “Esperamos que ele tenha um conhecimento suficiente para se comunicar com proficiência”, afirma a professora Suely Nercessian, coordenadora pedagógica do Fundamental II e responsável pela área. Outras opções disponíveis às escolas são as novas metodologias focadas principalmente na oralidade e no listening. O Colégio Friburgo introduziu dentro do currículo, neste ano, o sistema de um parceiro, em que as aulas são diárias e perpassam o conteúdo das demais disciplinas, em consonância com o planejamento de aula dos outros professores. “Queríamos um método que permitisse um convívio maior do aluno com o idioma”, explica Ângela Pedral, coordenadora da escola localizada na zona Sul da cidade. A proposta atinge a Educação Infantil e o Fundamental I e já resultou em uma oralidade mais natural entre os estudantes, observa. A partir do 6º ano, o ensino é mais convencional, entretanto os estudantes podem frequentar um curso extracurricular no horário invertido. Segundo a empresária Vanessa Adriano Pinheiro Tenório, parceira do Friburgo e uma das idealizadoras do método, este visa ao desenvolvimento da fluência na língua, expondo o aluno a “um todo linguístico”, que vai adquirindo natural e gradativamente, conforme o professor trabalha, em inglês, com tópicos interdisciplinares. Outra empresária da área, Teresa Catta Preta, que há dez anos atua com um método para crianças entre dois e sete anos, o ideal é que inicialmente as escolas trabalhem com o processo de associação entre as imagens e a fala, gerando um processo de identificação e preparando para a alfabetização, a partir dos sete anos. Teresa acaba de trazer da Europa outra proposta, para bebês a partir dos oito meses de vida. (R.F.)

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SAIBA MAIS

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Denise Araújo - denise@albertsabin.com.br Suely Nercessian - suely@albertsabin.com.br Teresa Catta Preta - teresa@learningfun.com.br Vanessa Adriano Pinheiro Tenório - vanessa_tenorio@uol.com.br LEIA MAIS www.direcionalescolas.com.br Matéria com o professor Luciano Machado Rodrigues Lucianomachadorodrigues@hotmail.com

Na próxima edição: Berçários – Instalações

AS ESCOLAS E AS SOLUÇÕES EM SUSTENTABILIDADE Pouca informação organizada, experiências ainda pontuais e ausência de modelos representam grandes barreiras à prática da sustentabilidade na vida escolar. Na verdade, as próprias instituições devem começar a criar esse paradigma, aplicando e adaptando as iniciativas adotadas em diferentes segmentos sociais. Confiram por onde começar.

Por Rosali Figueiredo Fotos João Elias

O tema do XIV Congresso Saber deste ano, realizado entre 16

e 18 de setembro no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo, atingiu a essência do conceito de sutentabilidade: “Cuidar do presente para garantir o futuro”. “A sustentabilidade deve ser entendida como a capacidade de as gerações presentes satisfazerem as suas necessidades sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as próprias”, apontou o jornalista Ricardo Voltolini, diretor da consultoria Ideia Sustentável, e um dos primeiros conferencistas a abordar o assunto nos três dias do evento. Segundo ele, o conceito decorre do relatório “Nosso Futuro Comum”, divulgado pela ONU em 1987 e coordenado pela então primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, na época chefe da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. É um significado amplo, que pressupõe comprometimento, bem como uma busca conjugada entre os resultados econômicos, sociais e ambientais, defendeu Voltolini. Está além das ações pontuais e exige mais do que “fazer coleta seletiva e plantar árvore”, pois demanda “fortalecer um novo entendimento de nossa relação com a natureza”. Segundo Voltolini, a preocupação com o assunto ganhou corpo na sociedade em 2007, quando um painel da ONU confirmou que os efeitos da emissão de carbono deixaram de ser “suposição e se tornaram verdade científica”. “Se em 20 anos não conseguirmos reduzi-la, vamos começar a sentir isso de forma mais drástica, com eventos climáticos mais intensos (seca, vento, chuva, calor etc.) e falta de água.” “Tiramos da natureza três vezes mais recursos naturais do que ela é capaz de repor”, destacou. O jornalista disse aos professores e gestores que as empresas vêm incorporando o conceito para planejarem o seu futuro, mas não vê isso entre as mantenedoras. “Raramente temos sido chamados por uma escola”, comentou Voltolini, que presta consultoria a organizações globais. “Não podemos viver como no século XVIII, com o modelo de abundância.” Voltolini, assim como os demais conferencis-

tas que abordaram o tema no Congresso, observou que cabe às escolas ajudar na “transformação do modelo mental das pessoas, da maneira de pensar e agir, desenvolvendo a consciência de que os recursos são limitados, de que a vida é interdependente e é preciso eliminar as posturas perdulárias de consumo e que novos valores são necessários”. Outro palestrante, o também jornalista André Trigueiro, professor da PUC do Rio de Janeiro e editor-chefe do programa “Cidades e Soluções”, da Globo News, defendeu a mudança do comportamento a partir da redução da produção de resíduo. “Não é possível desconstruir a noção de consumo de forma imediata, mas precisamos, por exemplo, internalizar posturas, como a de não gerar resíduos, e transformá-las em ações.” Ou seja, em lugar de focalizar a reciclagem com vistas a reduzir o lixo e reaproveitar os materiais, a ideia é rever a própria demanda pelos produtos. “Nunca havia parado para pensar que o consumismo vem primeiro. Agora vou trabalhar esse aspecto”, afirmou a professora Iara Henrique Oliveira logo após a conferência de Trigueiro. Iara trabalha há 30 anos na Educação Infantil do Colégio do Carmo, em Santos, onde desenvolve trabalhos de conscientização sobre a água e reciclagem. “Trabalhamos muito a reciclagem, mas não o consumismo, nem a necessidade da reeducação do consumo ou da redução da produção de lixo”, observou Iara, que “não vê as escolas adotando práticas sustentáveis” na gestão de seus próprios recursos. Para uma das organizadoras do Congresso, a psicopedagoga Edimara de Lima, este é um dos grandes desafios que se coloca hoje para as instituições: “Educar para a sustentabilidade não é fazê-lo com projetos isolados, mas vivenciá-la no dia a dia.” Diretora da escola Prima Montessori, Edimara apontou, entretanto, que “falta informação organizada e direcionada” para os mantenedores. “Temos dados sobre mangue, reflorestamento etc., mas nada específico para o nosso segmento, como, por exemplo, uma engenharia especializada em sustentabilidade”. “Sou gestora de escola há 30 anos e somente em 2010 recebi uma estagiária de arquitetura preocupada com a sustentabilidade”, ressaltou. De outro modo, o diretor do Colégio Hebraico Brasileiro Renascença, João Carlos Martins, também conferencista do Congresso, observou que a questão “não está totalmente incorporada na ação institucional das escolas”. Em suma, se inexiste de um lado

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DICA: IDIOMAS

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uma referência organizada do que seria um projeto amplo de sustentabilidade nas instituições, de outro tampouco se busca isso de maneira sistemática. “Para sair do projeto isolado para a construção de uma ação maior, precisamos ter projetos de formação dos educadores”, defendeu Martins. POR ONDE COMEÇAR Na verdade, este é um modelo que será construído pelas próprias escolas, conforme ponderaram os especialistas. Coordenador da área de educação do município paulista de Onda Verde, localizado próximo a São José do Rio Preto, o psicopedagogo Márcio Rogério Martins lembrou que é preciso sempre “buscar os referenciais” para a construção de uma nova visão e postura. Com 500 estudantes em toda a rede, da Educação Infantil ao Ensino Fundamental, Onda Verde integra o programa “Município Verde Azul”, da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, e desenvolve na escola ações pontuais de plantio de árvores, reciclagem do lixo e reaproveitamento do óleo doméstico. Também aboliu o uso de copos descartáveis entre os professores e alunos, instalou sensores de luz nas salas de aulas, no entanto Márcio Rogério sabe que isso é insuficiente para que se possa falar em sustentabilidade. É necessário ampliar as ações, afirmou Márcio, adotando-se, por exemplo, sistemas para a reutilização da água da chuva, entre muitos outros. Ou seja, conforme a visão do dirigente João Carlos Martins, as “pequenas ações” devem servir como ponto de partida para que se crie consciência em torno da questão e se abra caminho para passos maiores. Para tanto, o jornalista Ricardo Voltolini recomendou trabalhar, inicialmente, com o aspecto conceitual, perpassando tanto o trabalho pedagógico quanto as decisões administrativas. Segundo ele, é preciso “fortalecer a responsabilidade individual das pessoas pela vida”; “promover a visão sistêmica”; “valorizar a noção de interdependência, lembrando que o descarte de lixo, por exemplo, tem reflexos mundiais”; “promover a tolerância à diversidade, disseminando a cultura da paz”; “combater o desperdício”; “estimular o consumo responsável, optando por produtos com selos ambientais”; “promover a ética do cuidar”; “de-

senvolver ações para que se possa vivenciar a sustentabilidade, como o uso da bicicleta”; e “superar a ilusão de abundância”. Do ponto de vista prático, Voltolini sugeriu aos mantenedores desenvolverem um “checklist de todas as medidas de natureza ambiental e social” passíveis de serem adotadas, incluindo um breve inventário das fontes de emissão de carbono geradas pela escola, como a demanda pelos transportes, não somente no deslocamento dos estudantes, mas na entrega dos produtos consumidos pela instituição. Segundo ele, é possível, a partir deste levantamento geral, reavaliar os mecanismos de captação de água, adotar sistemas economizadores de energia, usar produtos sustentáveis, repensar os projetos de coleta seletiva, envolvendo-se em toda a sua cadeia, rever as condições de trabalho da equipe e envolver as famílias. “A mudança não é obrigação exclusiva de professores e escolas, mas também dos pais e das empresas”, disse Voltolini. Claro que não há espaço para ilusões. É preciso investir e financiar essas ações, que muitas vezes têm um custo inicial alto, reconheceu. “Todas as medidas de infraestrutura partem da decisão do gestor, que precisa achar importante que sua escola esteja educando para a sustentabilidade e dando sinais claros disso.” Também a jornalista Miriam Dualibi, presidente do Instituto Ecoar e conferencista no segundo dia do evento, lembrou o desafio de se quebrar essa barreira. “As mudanças requerem tempo, investimento, capacitação de professores, mas não vejo os gestores quererem isso, somente uma coisa superficial, pontual”, afirmou logo após a sua palestra. A sustentabilidade, segundo Miriam, pressupõe a articulação entre diferentes dimensões (econômica, social, ecológica, cultural, espacial e pedagógica), o que envolve, nas escolas, desde os aspectos da construção, da parte física, “que é muito conservadora”, até “a integração do currículo”. “As escolas privadas estão atrasadíssimas neste processo, mas chegará um momento em que será antinatural persistir no modelo antigo e elas terão buscar esse diferencial”, concluiu Miriam.

SAIBA MAIS

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ANDRÉ TRIGUEIRO www.mundosustentavel.com.br andretrig@globo.com

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INSTITUTO AKATU PELO CONSUMO CONSCIENTE www.akatu.org.br/consumo_consciente/orientacoes akatu@akatu.org.br INSTITUTO ALANA www.alana.org.br contato@alana.org.br

MANUAL DE EDUCAÇÃO PARA O CONSUMO SUSTENTÁVEL www.idec.org.br (download gratuito no link Biblioteca Virtual)

ESPECIAL: SABER 2010 – XIV CONGRESSO E FEIRA DE EDUCAÇÃO

EXPOSITORES: SERVIÇOS DE APOIO À GESTÃO SUSTENTÁVEL Uma escola de educação básica privada e sem fins lucrativos, com 900 alunos, localizada em Campinas, São Paulo, vem desenvolvendo, em parceria com a Fundação L’Hermitage, um processo piloto de avaliação e implantação de um modelo de gestão de qualidade, inspirado no referencial de certificação da Fundación Chile. A partir de um diagnóstico de seis diferentes áreas do dia a dia escolar – comunicação com alunos e familiares; liderança diretiva; gestão das competências profissionais; dos processos; dos resultados; e planejamento institucional -, o trabalho propõe-se a indicar à instituição como viabilizar economicamente, por exemplo, a formação continuada dos professores e quais os tipos de incentivos oferecer a eles. “O programa permite criar, nessas seis diferentes áreas, linhas de ação com metas articuladas aos prazos, aos profissionais responsáveis e à disponibilidade financeira”, afirma Tobias Ribeiro, gerente de projetos da L’Hermitage. E nem sempre, pondera o gerente, “isso representa custo”. “Para melhorar é preciso diagnosticar, analisar dados, tomar decisões, mudar a forma de agir”, mas não necessariamente “gastar”. Nesta escola, o processo indicou que havia um curso de capacitação de professores pouco utilizado, apesar de oferecido gratuitamente pelo sistema de ensino. “O interessante do diagnóstico é que muitas vezes a escola acha que faz e aí descobre que não faz ou não aproveita seu potencial de forma adequada.” Depois do trabalho, 33 docentes começaram a participar do curso. A L’Hermitage lançou o programa baseado no referencial chileno em 2009, está capacitando 70 consultores, cada um atuando voluntariamente em instituições de ensino, e em 2011 pretende oferecer a experiência para as demais mantenedoras. O programa engloba três etapas, a do diagnóstico, a do desenvolvimento de um plano estratégico de melhoramento e a da implantação dessas ações. Ao final, a instituição poderá receber um selo de gestão de qualidade na área. Durante a fase do diagnóstico, que leva de seis a nove meses, a instituição é avaliada em 79 diferentes indicadores (ou descritores), cada um deles subdivididos em seis níveis.

MIRIAM DUALIBI www.ecoar.org.br Miriam@ecoar.org.br RICARDO VOLTOLINI www.ideiasustentavel.com.br ricardo@ideiasustentavel.com.br

A partir deste levantamento, desenvolvem-se “perguntas críticas” a serem feitas aos pais, à equipe e aos alunos, para então se chegar à análise das informações e ao plano de melhoramento. Já sua a implantação demanda cerca de três anos. Segundo Tobias Ribeiro, o propósito é melhorar o desempenho na aprendizagem dos alunos a partir de uma gestão de qualidade, buscando-se parâmetros de avaliação que extrapolem o sistema de ranking do ENEM e incluam instrumentos externos mais amplos, como o SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica do MEC) ou alguns oferecidos pelo segmento privado (INADE, AVALIA etc.). Esta foi a segunda vez que a Fundação levou seu programa de melhoria da qualidade da educação para a Feira Saber, agora com a expertise de sua implantação em 70 instituições piloto. A Feira, organizada pelo Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo), apresentou aos gestores escolares inúmeros outros serviços educacionais, introduzindo novidades como no caso dos softwares da Flex Developers ou do sistema de cobrança de inadimplentes organizado pela Crie. A Flex, empresa com 15 anos de atuação e 35 clientes localizados das regiões de Piracicaba e Campinas, levou um software mais interativo, com disponibilidade de envio de mensagens de SMS ou de email para os pais e alunos, acerca de reuniões, eventos e demais atividades. A Crie, por sua vez, apresentou seu know-how de cobrança, o qual tem conseguido chegar a 90% de acordo com os inadimplentes, revela o empresário e advogado Saulo Dias Goes. “Nosso foco é a cobrança extrajudicial, não fazemos abordagem agressiva, pois queremos manter o aluno na escola. Na verdade, tiramos a instituição da linha de frente e promovemos essa mediação com o inadimplente ou o responsável pelo estudante”, explica Saulo Goes. O próximo Congresso e Feira do Saber já está agendado, acontecerá entre os dias 8 e 10 de setembro do próximo ano, no mesmo local, com uma proposta que pretende desafiar ainda mais as empresas que oferecem suporte e serviços às instituições: “Escola de sucesso, educação de qualidade: o Saber rumo a uma gestão de excelência”. (R.F.)

SAIBA MAIS JOÃO LUIZ ROCHA atendimento@flexdevelopers.com.br

SAULO DIAS GOES saulogoes@criecob.com.br

TOBIAS RIBEIRO tobias@lhermitage.org.br

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ESPECIAL: SABER 2010 – XIV CONGRESSO E FEIRA DE EDUCAÇÃO

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EQUILÍBRIO, CONTINUIDADE E “ALTO DESEMPENHO” A apresentação do case do chamado Colégio Embraer, sediado em São José dos Campos, foi um dos destaques do Congresso Saber. A experiência mostra como desenvolver um sistema integrado de ensino e de gestão, colocando os resultados de aprendizagem como norte das estratégias, das ações e da sustentabilidade da escola.

Por Rosali Figueiredo Fotos João Elias

Direcional Escolas, Outubro 10

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palestra do diretor Jamerson Mansur Peixoto, do Colégio Engenheiro Juarez Wanderley, escola de Ensino Médio sediada em São José dos Campos, começou com uma provocação no final da tarde de 17 de setembro, durante o XIV Congresso Saber. Dirigindose à plateia, Jamerson perguntou quantos ali eram “ex-professores que estão gestores”? Foi uma questão retórica, já que as escolas ainda hoje são administradas em sua maior parte por profissionais sem formação inicial em gestão. “90% delas”, costuma dizer o presidente do Sieeesp, José Augusto de Mattos Lourenço. As respostas do público confirmaram a estimativa. O próprio Jamerson foi professor de Geografia e coordenador antes de chegar à direção da escola, voltada para egressos da rede pública e mantida pelo Instituto Embraer de Educação e Pesquisa. Não que isso seja necessariamente uma desvantagem, já que no case do chamado Colégio Embraer, o “alto desempenho” do aluno se encontra “no topo da pirâmide”, enquanto o suporte reside na base, oferecendo condições “para que a sala de aula funcione”. Ou seja, o professor permanece como o grande mediador deste processo. De outro lado, porém, não basta projetar um “alto desempenho” sem que o suporte dê conta das demandas e ofereça não somente a infraestrutura necessária, como também os parâmetros de trabalho. Em outras palavras, é preciso planejar e aplicar um modelo que adote as novas tendências em gestão, guiando-se a partir de um escopo composto por missão, visão, valores, princípios e, claro, metas. O Colégio Embraer, criado em 2002 para 600 alunos, com jornada integral (entre 7h35 e 17h35), vem se destacando no ENEM (liderou o Estado em 2008 e ficou em 8º no último exame) e aprovando 80% de seus alunos em universidades públicas. Suas metas, portanto, estão muito claras e o “alto desempenho” se traduz em uma concepção que busca “100% de aprendizagem”, em vez de focar na média mínima (7,0) necessária para o aluno passar de ano, erro

muito comum entre as escolas, apontou Jamerson. Além do ingresso em universidades de alto gabarito, as metas incluem o domínio da leitura e interpretação, visão crítica, produção de texto, resolução de situações problemas, capacidade de atuar com projetos interdisciplinares, de trabalhar com as diferenças e usar as tecnologias de informação, entre muitos outros. A base do trabalho é dada por um Sistema de Gestão Integrado, desenvolvido pela Rede Pitágoras, parceira do Instituto Embraer no projeto. “O pilar do sistema é a autonomia, não fazer o que quer, mas sim chamar a responsabilidade para si, porque temos que ter resultado.” O que envolve tanto gestores e professores, quanto os alunos, “cada um tem a sua cota”. Compete aos gestores oferecer uma “liderança forte no pedagógico e no emocional”, por meio de uma equipe que envolve o diretor, três coordenadores, três orientadores e um psicólogo. É um grupo desafiado a comandar uma proposta curricular de “excelência acadêmica” (em 4.200 horas de disciplinas que compõem a matriz do Ensino Médio), o Programa de Preparação para a Universidade (composto de 800 horas, incluindo projetos de orientação profissional), além de visitas, workshops e demais atividades que totalizam mil horas. Tudo ao custo de R$ 1.200 mensais por aluno, bancados pelo Instituto e 40% deles relativos à “parte não pedagógica”, como alimentação e uniforme, segundo revelou Mariza Scalabrini, gerente de desenvolvimento social do órgão. COMO FECHAR A CONTA? Segundo Jamerson, o Colégio Embraer tornou-se paradigma de uma experiência que deu certo e que pode ser reproduzida pelas demais escolas, “uma parte dela pelo menos”. Para a rede privada, por exemplo, montar um projeto de “alto desempenho” nesses moldes exige repassar o custo para a mensalidade do aluno. “Não há outro

GESTÃO: SABER 2010 – XIV CONGRESSO E FEIRA DE EDUCAÇÃO jeito, porque é preciso investir muito na qualificação dos professores, assegurando uma boa formação”, comentou Alessandro Marques, diretor de relacionamento da Rede Pitágoras. Já o diretor Fabrício Silva, que comanda três unidades do Centro Educacional Charles Darwin, grupo sediado no Espírito Santo, com dez escolas no Estado e uma no Sul da Bahia, ponderou que é possível chegar a bons resultados sem tamanha estrutura e ao mesmo tempo diminuindo o patamar da mensalidade. Segundo ele, a escola pode chegar ao equilíbrio trabalhando até com 35 alunos por sala de aula no Ensino Fundamental e 45 no Médio. “Essa escala não compromete a qualidade, apenas se for para o parâmetro do pré-vestibular”, defendeu. Com 8 mil alunos, o Charles Darwin apresenta bons resultados, comentou Fabrício, “como o melhor desempenho no ENEM entre as escolas com mais de 400 estudantes participantes no Exame e 80% de aprovação nas vagas dos cursos de Medicina”. Sua estratégia está baseada na busca de uma receita maior, aproveitando a capacidade das salas de aula, “sem perder a qualidade”, e na “minimização dos custos”. Em uma mesa redonda promovida pelo Congresso e voltada a discutir a sustentabilidade das instituições do terceiro setor, a advogada Lucia Maria Bludeni apresentou uma análise que pode ser aplicada ao conjunto dos estabelecimentos de ensino. Como ponto de partida, definiu a sustentabilidade “como aquilo que pode ser mantido ao longo do tempo”, mediando “equilíbrio e continuidade” e levando em conta “a necessidade social para a sua existência”. Quatro são as premissas de uma empresa ou organização sustentável, observou Lúcia: “ser ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente aceito”. Do ponto de vista econômico, isso significa cumprir com a missão institucional, mobilizar e aplicar os recursos de forma adequada, ser eficiente e eficaz. “É fazer as coisas certas (eficácia). E fazer certo, com a menor quantidade de recursos possível (eficiência).” Em termos de estratégia, é adotar os princípios da governança (transparência, equidade, prestação de contas/accountability e responsabilidade), reduzir gastos operacionais ou administrativos, promover a gestão dos ativos e dos contratos e buscar fontes alternativas de receitas. “Isso demanda muita criatividade”, reconheceu Lúcia, que lembrou, no entanto, a possibilidade de as escolas mobilizarem os recursos existentes para a promoção de novos cursos. Segundo a advogada, que foi a primeira presidente da Comissão de Direito do Terceiro Setor no Brasil, criada pela seccional da OAB em São Paulo, os casos de desequilíbrio financeiro decorrem da falta de planejamento estratégico, da aplicação inadequada de recursos financeiros, físicos e humanos, da falta de mobilização de recursos, além do desconhecimento ou desrespeito ao marco legal (especialmente entre as instituições beneficentes). Nestas, Lúcia identificou ainda dificuldades geradas pelo uso de uma fonte única de financiamento, pelo não comprometimento da diretoria com a captação alternativa e com sua “atuação isolada”. Para essas entidades, a Comissão da OAB desenvolveu a cartilha “Captação de Recursos para o Terceiro Setor/Aspectos Jurídicos”, disponível para download gratuito no site da Ordem (www.oabsp.org.br/comissoes2010/direito-terceiro-setor/cartilhas).

ALTERNATIVAS AO FINANCIAMENTO Diretor Geral das Faculdades Integradas Rio Branco, o economista Custódio Pereira também participou da mesa redonda sobre a sustentabilidade nas organizações do terceiro setor. Mas ali falou de um tema que interessa a todas as instituições de ensino: o atual quadro de financiamento da educação brasileira. Segundo Custódio, membro do Conselho Estadual da Educação, reside aí um dos grandes desafios à sustentabilidade do segmento. “O Brasil oferece incentivos para doações nas áreas da cultura e do esporte, mas não tem nada para a educação”, disse. Custódio participou do desenvolvimento de uma proposta de lei para a captação de recursos para a educação. Ela resultou no Anteprojeto de Lei para Instituição do Programa Nacional de Incentivo à Educação e Apoio à Prestação da Educação Infantil, Ensino Fundamental, Médio e Superior, entregue no ano passado ao ministro da Educação, Fernando Hadadd. O texto foi levado a Brasília pelo próprio Custódio e o presidente da OAB São Paulo, Luiz Flávio Borges D’’Urso. Os signatários do documento propõem que o Estado promova o “hábito das contribuições”, visto que “os estímulos à dedutibilidade fiscal, de doações, constituem incentivo de eficácia historicamente comprovada, de que nos dão provas países que já desenvolveram esta forma de reconhecer e incentivar doações”. Entre os mecanismos propostos pelo anteprojeto, está a possibilidade de as pessoas físicas abaterem 100% de suas contribuições ou doações à área no imposto de renda, desde que não superem a 6% do total devido, mas sem prejuízo das deduções já permitidas pelo Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente, a Lei Rouanet e a Lei do Audiovisual. A proposta, conhecida como a “Lei Rouanet da Educação”, ainda não teve um parecer do governo federal.

SAIBA MAIS CUSTÓDIO PEREIRA custodio@riobrancofac.edu.br FABRÍCIO SILVA fabricio@darwin.com.br JAMERSON MANSUR PEIXOTO jamersonm@pitagoras.com.br LÚCIA MARIA BLUDENI lbludeni@uol.com.br MARIZA SCALABRIN mariza.scalabrin@embraer.com.br

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SAÚDE E CONFORTO EM AMPLA VARIEDADE DE PRODUTOS A

tentas às normas que estabelecem os padrões para os assentos e mesas escolares, correspondentes aos estágios de crescimento das crianças, jovens e adolescentes, as indústrias e os fornecedores de mobiliário para o segmento procuram inovar na tecnologia dos materiais, formatos e cores, de maneira a estabelecer seu diferencial de mercado. Outro cuidado é o uso de madeira certificada, oriunda de áreas de reflorestamento, além de tintas à base de água. Entre as principais normas brasileiras que padronizam a produção de mobiliário escolar estão as NBR’s 14006/97 e 14007/97, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que visam assegurar a postura correta do estudante ao sentar, conferindo proteção à saúde e “estruturação corporal do usuário”. Já a NR 17, norma regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego, estabelece as condições ergonômicas mínimas das mesas e cadeiras utilizadas pelos professores e demais funcionários. “Como atendemos a muitas empresas, foi preciso verificar a NR 17 para enquadrar as cadeiras à norma”, afirma Camila Alves, proprietária da Milla Comércio, que há seis anos fabrica o produto e comercializa uma ampla linha de móveis. Neste ano a Milla começou a fabricar baias e em 2011 ampliará o portfólio da produção própria, sempre atenta ao uso de material reflorestado. A Milla atua com mobiliário em madeira e aço e, quando é o caso, com acabamento com espuma injetada de alta densidade, além do formato ergonômico. A empresa trabalha com prazos curtos e atende em todo o País. “Conseguimos unir qualidade, pronta entrega e preço competitivo”, acrescenta Camila, ressaltando ser este seu grande diferencial. A Giobel é outra fornecedora atenta às normas. Segundo o diretor Agnaldo Giolo, suas cadeiras apresentam “certificado de teste de qualidade aprovado pelo laboratório do SENAI de Votuporanga”, cidade-sede da empresa. “Nossos móveis são produzidos de acordo com as normas da ABNT”, destaca. A Giobel trabalha há 14 anos com

mesas, cadeiras, itens para bibliotecas, armários, mesas para computadores etc. Neste ano lançou arquivos e gaveteiros “com chave frontal e corrediças telescópicas, mobiliário para área de café office”, afirma Giolo. Como grande diferencial da empresa, o diretor destaca a qualidade dos produtos, o uso de madeira de reflorestamento e certificada, além do atendimento personalizado. A Giobel possui clientes em todo o Brasil e conta com ampla rede de lojistas e representantes. Na La Fabrica Design e Móveis, os destaques ficam por conta das bibliotecas e brinquedotecas, nas quais as casinhas e os mini-móveis coloridos, com desenho exclusivo, fazem a festa da criançada, diz a empresária Sonia Contrera. “Todos são projetados com MDF, revestidos em fórmica, com cantos arredondados, puxadores em alumínio esmaltado, resistentes, coloridos e divertidos”. As dimensões, segundo ela, são adequadas às idades das crianças. Conforme explica, o MDF garante a sustentabilidade, já que provém de madeira reciclada resistente. Além disso, a La Fabrica adquire matérias-primas somente de “empresas que participam de programas de reflorestamento”. “As tintas utilizadas no acabamento ou para pinturas artísticas são sempre à base de água”, completa. A La Fabrica iniciou suas atividades em 2008 e atende em todo Brasil. Na Metadil, criatividade e sustentabilidade também compõem os eixos principais da atuação da empresa. Com ampla linha de produtos na área escolar - berçário, infantil, Ensino Fundamental e Médio, Ensino Superior, cursos e treinamentos – a fábrica utiliza matéria-prima certificada. “Estamos em processo de certificação pelo FSC (Forest Stewardship Council) ou Conselho de Brasileiro de Manejo Florestal”, revela o diretor de marketing Marcelo Rodorigo. Próxima de completar 40 anos, a Metadil apresenta como carrochefe os conjuntos individuais para sala de aulas, carteiras universitárias e armários, fabricados conforme as normas ergonômicas. A empresa possui um novo centro de desenvolvimento de produtos, o

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FIQUE DE OLHO: MÓVEIS ESCOLARES

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qual estará lançando, ao final deste mês de outubro, novidades em carteiras universitárias, cadeiras em polipropileno e mesas individuais. “Somos o melhor investimento que uma escola pode fazer em mobiliário escolar, pois oferecemos os principais requisitos de um bom produto (durabilidade, apelo visual, acabamento e preço justo), resultando no melhor custo benefício e em uma parceria sólida”, destaca Marcelo. A Metadil fornece seu mobiliário a todo Brasil, por meio de seus representantes regionais. Também na Solução Móveis o portfólio é variado e oferece amplas opções às mantenedoras. “Trabalhamos com toda linha de mobiliário de madeira, aço e estofados, como mesas, armários, estantes para bibliotecas, carteiras e cadeiras”, ressalta a empresária Margareth Cavalcanti. Mas o carro-chefe da empresa são os móveis de aço, como estantes para bibliotecas, armários para vestiários e salas de aula, arquivos para secretaria, entre outros, afirma Margareth. “O material empregado é 100% aço e segue as normas técnicas da ABNT”, diz. Outro benefício é a agilidade da entrega, destaca a empresária, lembrando ainda que o departamento comercial da empresa está qualificado para acompanhar as tendências do mercado. Contando com frota própria de veículos e transportadoras credenciadas, a Solução atua no Brasil todo e utiliza materiais de áreas de reflorestamento. Na MaqMóveis, a grande variedade de produtos compõe um dos seus destaques. Cadeiras com assentos coloridos, tampos de mesas quadradas, sextavadas ou até mesmo em formato de osso fornecem às escolas muitas opções para enriquecer o ambiente. Para a área funcional, a empresa oferece mobiliário para professores, para as áreas administrativas, a biblioteca e armários estudantis. Fundada há cerca de 20 anos em Taquaritinga, interior de São Paulo, a Maq Móveis possui um escritório-loja na Capital, além de parceiros distribuídos em todo País. Produzindo em torno de 95 mil peças ao mês, a fábrica adota critérios ergonômicos para o desenvolvimento do mobiliário, procurando associar conforto, funcionalidade e comodidade aos móveis. Segundo destaca a empresa, a MaqMóveis possui colaboradores capacitados e registrados junto ao CREA (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura). Finalmente na Desk Móveis, uma das indústrias mais tradicionais do Brasil, com três décadas de atuação na linha escolar e desportiva, as soluções incluem as linhas adulto e infantil, biblioteca, refeitórios e área desportiva, além de lousa interativa sensível ao toque. Segundo a empresária e diretora Fabíola Maia, a Desk apresentará novidades em 2011, pois desenvolve estudos sistemáticos de novos produtos, de maneira a oferecer ao mercado “modelos com design arrojado e tecnologia de ponta”. Com representantes exclusivos nos diversos estados brasileiros, a empresa utiliza material de alta tecnologia e resinas plásticas de alto impacto e recicláveis. “Primamos sempre pela qualidade e o cuidado com a ergonomia sem deixar de lado o meio ambiente”, observa Fabíola, destacando a assistência técnica permanente como outro importante diferencial da empresa.

ARMÁRIOS PESSOAIS FACILITAM A VIDA DOS ESTUDANTES A Global Box iniciou suas atividades no mercado há seis anos com um serviço diferenciado: a locação de armários pessoais para os estudantes, através de contrato direto com os seus responsáveis. “A escola pode oferecer um serviço novo a custo zero, gerando, inclusive, uma nova receita”, diz a empresária Alessandra Gonçalves. A mantenedora precisa somente disponibilizar o espaço para que a Global avalie o tipo de armário mais adequado, escolhendo a altura, profundidade, cores e modelos conforme o perfil de uso da clientela e o próprio ambiente físico da instituição. “Cuidamos do projeto, da instalação, divulgação, manutenção e aluguel para os alunos, que podem optar pela forma de pagamento, por cartão ou boleto bancário”, explica. O custo sai, em média, R$ 180,00 anuais por aluno. Os armários são feitos em aço galvanizado e possuem um sistema de trancamento por senhas, geradas a cada usuário no ato de contratação do serviço.

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PERFIL DA ESCOLA: E.E. PROFESSOR JOSÉ MONTEIRO BOANOVA

PERFIL DA ESCOLA: E.E. PROFESSOR JOSÉ MONTEIRO BOANOVA forma “a ideia do conjunto”. “Não questiono a competência dos professores, mas ela isolada não traz resultado. É preciso construir a noção do todo.”

Primeira colocada no ranking do ENEM de 2009 entre as escolas estaduais da Capital paulista, a Professor José Monteiro Boanova colhe frutos de uma receita baseada na simplicidade, a qual inclui aulas bem dadas, projetos extraclasse e um monitoramento diário deste trabalho pelos gestores.

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Uma placa do Rotary Club do bairro da Lapa, zona Oeste

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de São Paulo, homenageia a direção, coordenação, professores e alunos da Escola Estadual Professor José Monteiro Boanova pelo desempenho dos estudantes do Ensino Médio no último Exame Nacional de Cursos (ENEM), quando a nota de 599,98 a colocou como a mais bem sucedida da rede em São Paulo, a quarta melhor entre todas as estaduais e com média superior a muitas instituições privadas de sua região. A placa lembra a todos os que entram nas dependências simples e espaçosas da escola que ali existe um grupo que está cumprindo com o seu papel, seja a equipe ou os aprendizes. Do lado de fora, reportagens recentemente publicadas por grandes jornais diários ou veiculadas por programas de rádio projetam o seu nome entre os estabelecimentos que devem ser reconhecidos como parâmetro de um bom trabalho em educação. Não é pouco. Até alguns anos atrás, a Professor Boanova não gozava de reputação positiva entre seus vizinhos do Alto da Lapa,

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local onde está desde 1952. “Tínhamos problemas disciplinares sérios, foi uma época difícil, mas fomos construindo uma relação de respeito entre professores e alunos e obtivemos essa melhoria. Não foi a primeira vez que ficamos em primeiro lugar no ENEM”, afirma a coordenadora Renata Maria Rochiti Handa. Segundo ela, um dos segredos para a mudança da situação está na diminuição da rotatividade do quadro de professores, hoje um dos grandes problemas da rede estadual de São Paulo. “Temos agora um percentual muito maior de professores efetivos, o que possibilita a continuidade do trabalho, dos projetos. Assim, podemos discutir as dificuldades de um ano e melhorá-las no seguinte.” Renata diz que 80% das aulas são dadas pelos professores efetivados na escola, o que contribui e muito para a diminuição do número de aulas vagas, hoje raras na Boanova. Ela própria está na escola há nove anos, acompanhada há seis pela vice-diretora Nilce Elaine Helbert Salvestrin. O quadro gestor é completado pela diretora Laura Joana Lafratta Amada, recém-chegada, e a coordenadora Bruna Dzeidzei Leal, há dois na escola. “Um bom quadro de professores efetivos ajuda a criar um elo afetivo com a criança desde o 6º ano, gera um vínculo dela com a escola. Torna possível acompanhar e trabalhar essa criança ao longo de sete anos”, observa a vice-diretora Nilce. Já a diretora Laura Amada diz que encontrou na instituição uma boa dose de comprometimento do profissional, o que faz “o diferencial da escola”. Ela inclui, nessa análise, o envolvimento da própria equipe gestora. “Quando o professor atua em uma escola em que sabe que o gestor se envolve e está preocupado com ele e com o aluno, ele passa a se sentir parte de uma equipe”, acrescenta Laura. Na Boanova, há docente que chega a ministrar aulas extras de reforço em seu horário de descanso. De outro lado, a coordenadora Renata pondera que isto resulta de um investimento diário e contínuo, o qual

UM “BEABÁ” BEM FEITO Entre os demais projetos desenvolvidos ou programados para este ano, Renata destaca a exibição de filmes de longa metragem para o grupo, associada a debates em torno de assuntos como ética e cidadania; o festival de música, agendado para início de novembro; a gincana cultural, de caráter multidisciplinar; atividades de

produção de texto, premiando-se os melhores trabalhos; e o campeonato esportivo. O festival de música é emblemático desta busca de reciprocidade do aluno. “Percebemos que eles gostam muito de música, que o projeto faz com que se acheguem mais à escola, ao mesmo tempo em que permite a eles descobrirem que podem escrever e compor”, observa Renata. Afora isto, a escola segue o “beabá” convencional do Estado, enfrentando mesmo as dificuldades geradas pela estrutura burocrática (que não dá autonomia ao gestor para contratar e escolher sua equipe de trabalho), pelos vícios da progressão continuada, por um plano de carreira com progressão mínima e pela sobrecarga de trabalho dos professores que buscam complementação da renda. “Mas partimos do princípio que temos regras e leis que precisam ser cumpridas”, afirma a diretora. No entanto, as relações são democráticas e as soluções buscadas coletivamente, ressalva. Durante o HTPC (Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo), que acontece semanalmente, a equipe gestora aproveita para trabalhar eventuais dúvidas dos professores e conhecer um pouco mais sobre o contexto de cada sala e aluno. A estrutura da escola é simples, dispõe de uma biblioteca com bom acervo e duas professoras readaptadas (por motivos de saúde, suas funções foram deslocadas da sala de aula), sala de informática, de vídeo e um pequeno laboratório de Física e Química. “Nosso diferencial vem de um grupo de professores que trabalham com muito afinco”, explica a vice-diretora Nilce. Não à toa, suas médias no Saresp (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo) de 2009 estão acima da média entre as escolas estaduais, nas disciplinas de Língua Portuguesa, Matemática, História e Geografia. Também na Prova Brasil e no SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica do País) 2007, suas notas de Matemática, por exemplo, apresentaram desempenho superior à média. Por tudo isso, o aluno Jean Carlos aposta em uma grande performance no ENEM de 2010, abrindo-lhe as portas do Ensino Superior.

SAIBA MAIS Renata Maria Rochiti Handa www.eeboanova.blogspot.com/e003 542a@see.sp.gov.br

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QUANDO A SALA DE AULA FUNCIONA

RECIPROCIDADE A E. E. Professor Boanova possui cerca de 800 alunos, do 6º ano ao 3º do Ensino Médio, com aulas no período matutino e vespertino. Tem 45 professores – “boa parte deles com jornada integral na própria escola, de 33 horas/aula semanais”, além de seis funcionários efetivos e limpeza terceirizada. No período da manhã, Renata acompanha as atividades do Ensino Médio e do 9º ano, atendendo a professores e alunos, observando eventuais dificuldades de ambas as partes e procurando mediar a situação. A base é o diálogo, além da cobrança sistemática do comprometimento do próprio aluno, chamando-o para uma conversa individual quando seu desempenho cai ou acontecem casos de indisciplina. “Temos uma meta educacional que vai além do vestibular, nos preocupamos, por exemplo, como eles se sairão em uma entrevista de emprego. Os professores trabalham muito, vão além do que está colocado no currículo.” Os bons resultados começam a atrair alunos da rede privada na região, mas a principal clientela da Boanova ainda é formada por egressos do setor público, oriundos de bairros como Butantã, Rio Pequeno, Jaguaré, Pirituba e até o município de Osasco. É o caso da jovem Melissa Miranda Saraiva, de 16 anos, do 2º ano do Ensino Médio e residente no Jardim Bonfiglioli, zona Oeste. Desde o 9º ano na Boanova, Melissa destaca o bom nível dos projetos e das aulas, o que justifica pegar diariamente mais de duas conduções somente para chegar à instituição. “Dona Renata não deixa sair da linha”, comenta Melissa acerca da coordenadora. Já a estudante Renata Barbosa de Sá Carvalho, de 15 anos e matriculada no 1º ano do Ensino Médio, se desloca de Pirituba e ressalta que chegou na Boanova “por indicação”, em busca de uma “escola mais rígida”. Para o estudante do 3º ano, o jovem Jean Carlos de Oliveira, de 17 anos, a rigidez se traduz no “acompanhamento de todo aluno que perde rendimento”. Morador da região, Jean frequenta um cursinho gratuito no período noturno, no bairro da Lapa, e demonstra confiança na aprovação do vestibular no final do ano, em instituições que oferecem Comércio Exterior. Está aí o outro lado da moeda quando se fala em sucesso na aprendizagem, observa a diretora Laura Amada. “Além do professor comprometido, o aluno tem que estar disposto a aprender.” É um compromisso mútuo ou recíproco, que faz andar muitos dos projetos intra ou extraclasse e reforça o vínculo com os colegas e a instituição. Na festa junina deste ano, por exemplo, os gestores optaram por um formato diferente do usual, promoveram um evento exclusivo aos estudantes, ou seja, fechado à comunidade. A confraternização começou dentro de cada sala de aula e depois foi estendida ao pátio, de forma a que os alunos tivessem oportunidade de vivenciar uma integração. “Eles andavam brigando muito entre eles e essa foi a maneira que encontramos para trabalhar o relacionamento”, explica a coordenadora Renata.

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LONGARINA - IZO

AR.3

MAQ. KID CJ4

MAQ. ZT RF CJ3

MAQ. ML01

MAQ. ZT CJ3

MAQ. FDE CJ1

RPSP

MAQ. KID CJ3

AP.200M

MAQ.7200

MAQ.200/BA02

MAQ. CJP 01

MAQ. PP30

MAQ. PP 2

MAQ.PP20

MAQ.7220E

AP.190M BIBLIOTECA

MAQ. IZO

ESTANTE

OF.4 Direcional Escolas, Outubro 10

503/6

MAQ. KID CJ 2-BAÚ

MAQ. BIBI 6/10

MAQ. C1/07

LOUSA PANORÂMICA

503/12

MAQ. KID CJ2

MÓVEIS, PINTURAS ESPECIAIS, QUADRAS

ARMÁRIO P/TV

COLMÉIA

MAQ.110/10

021260

GAV.3

DIR

EXEC

BALCÃO

29


Direcional Escolas, Outubro 10

Direcional Escolas, Outubro 10

PLAYGROUNDS PLAYGROUNDS

30 31


Direcional Escolas, Outubro 10

PISOS, RADIOCOMUNICAÇÃO, SISTEMA DE GESTÃO

32


Direcional Escolas, Outubro 10

TERCEIRIZAÇÃO, TOLDOS

34



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