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EDiToriAL DIRETORES Sônia Inakake Almir C. Almeida
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Acontece no dia 13 de abril, quarta-feira, a partir das 8hs, o nosso 1º Direcional Educação, com as conferências de Mario Sergio Cortella e Christian Rocha Coelho, no auditório do Colégio Maria Imaculada, no bairro do Paraíso, em São Paulo. O evento “Em Tempos de Mudanças, qual direção seguir?” pretende oferecer a sua cota de contribuição aos educadores e aos mantenedores que buscam compreender melhor as mudanças em curso na área educacional. Enquanto Mario Sergio Cortella, ex-secretário de Educação em São Paulo, traçará um painel da educação brasileira (em “A Educação e a Emergência de Múltiplos Paradigmas: novos tempos, novas atitudes”), o consultor em marketing Christian Rocha Coelho falará do universo específico da gestão escolar. O propósito aqui é mostrar como uma escola pode crescer e manter-se sustentável em meio a tantos desafios, apresentando subsídios que poderão, inclusive, orientar as instituições públicas. Mesmo porque, as diretrizes, metas e os problemas são comuns a ambas. O jornal O Estado de São Paulo divulgou no final do mês de março, por exemplo, que faltam “100 mil professores de pré-escola” no Brasil para atender a um crescimento de demanda estimado em “quase 2 milhões de crianças de 4 e 5 anos”. Os números estão baseados em estudos do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) e não computam as desistências ou aposentadorias atuais. É um quadro que corrobora a reportagem publicada pela Direcional Escolas do mês de fevereiro, segundo a qual a universalização do acesso e da qualidade na Educação Infantil, tanto na rede privada quanto na pública, esbarra na carência de profissionais formados e bem preparados. Tornou-se consenso que uma crise geral de falta de quadros no magistério somente será evitada se houver uma grande valorização da carreira, conforme estabelecem 4 metas do novo Plano Nacional de Educação (PNE). O Plano é tema da reportagem Especial desta edição, colocado aqui sob a perspectiva da realidade do sistema privado de ensino. Para as escolas reunidas em torno da FENEP (Federação Nacional das Escolas Particulares), as metas devem ser mantidas, mas com algumas alterações, como a inclusão dos professores de sua rede na subvenção pública destinada àqueles que vierem a cursar graduação e pós-graduação. Preocupa ainda as mantenedoras a obrigatoriedade de que adotem planos de carreira, item que pretendem modificar junto aos parlamentares da Comissão Especial da Câmara Federal, criada para deliberar sobre o PNE. Outra possibilidade de valorizar o magistério vem sendo mostrada pelo Programa de Excelência em Gestão Educacional, empreendido pela Fundação Itaú Social em parceria com o Instituto Fernand Braudel e a Secretaria Estadual de Educação. Baseado na formação continuada por meio da figura do tutor, o programa está sendo implantado na Escola Estadual Aquilino Ribeiro, tema de nosso Perfil da Escola. Já a reportagem de gestão revela iniciativas adotadas pelas instituições privadas como maneira de enfrentar o problema do déficit de professores. As demais reportagens falam sobre infraestrutura física (divisórias, forros e pisos), salas de leitura, inadimplência e robótica educacional. Uma boa leitura a todos. Rosali Figueiredo Editora
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Caro leitor,
EDITORA Rosali Figueiredo
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SUMário
ESPECIAL
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Plano Nacional de Educação: O que compete ao sistema privado?
Um conjunto de 20 metas e dezenas de estratégias pretende mudar a educação brasileira nos próximos dez anos. É o Plano Nacional de Educação (PNE) para o decênio 2011 – 2020, que está em discussão no Congresso Nacional e deverá ser aprovado ainda neste ano. Mas o texto original sofre críticas da rede privada de ensino.
FIQUE DE OLHO
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Um novo jeito de aprender e aplicar conceitos de Matemática, Física e Mecânica, entre outros, a robótica se insere cada vez mais na prática escolar cotidiana, por meio de disciplinas curriculares ou atividades extracurriculares. O mercado oferece uma boa diversidade de produtos, importados ou nacionais. A conferir.
GESTÃO
PERFIL DA ESCOLA
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E. E. Aquilino Ribeiro
Dez escolas estaduais da zona Leste de São Paulo participam de um programa de tutoria de educadores e coordenadores de pais, desenvolvido pela Fundação Itaú Social, o Instituto Fernand Braudel e a Secretaria de Educação. Na Aquilino Ribeiro, o programa, somado à reorganização da escola e a um estilo de gestão rigoroso com a disciplina de todos, gerou uma “grande virada” na imagem da instituição.
Robótica
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Déficit de Professores
A valorização do magistério é um dos 5 principais eixos defendidos pelo novo PNE, como forma de reverter um quadro preocupante a todos os níveis da Educação Básica: a falta de professores e a precariedade na sua formação. Na reportagem, especialistas advertem que a situação atual prenuncia séria crise para o setor educacional brasileiro.
DICA
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Divisórias, Pisos e Forros
Na hora de pensar na adaptação de um imóvel para uso como escola, as mantenedoras devem escolher materiais que ofereçam bom desempenho térmico e acústico, além de harmonia estética. Precisam ainda observar se o prédio atende às normas de acessibilidade e se a sua estrutura permite modificações, entre outros cuidados.
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Inadimplência
A inadimplência voltou a subir entre as escolas paulistas, conforme o dado mais recente do Sieeesp, de fevereiro passado. A elevação segue tendência dos atrasos nas mensalidades escolares, que costumam chegar ao pico no meio do ano. Segundo especialista, está na hora de profissionalizar a gestão da cobrança.
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Sala de Leitura
Agregados às bibliotecas, espaços organizados, limpos e com mobiliário adequado a cada faixa etária estimulam os alunos a vivenciarem momentos prazerosos com os livros e a compartilharem a experiência com os colegas. Esses ambientes são grandes aliados dos projetos pedagógicos que valorizam a leitura e a produção da escrita.
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índice Acessibilidade - 21 Acessórios – 20 Alambrados - 34 Barras Antipânico - 25 Bebedouros – 20, 1ª Capa Brindes – 21, 22 Brinquedos Educativos – 19, 24 Câmeras – 27 Coberturas - 34 Coleta Seletiva de Lixo – 20 Espelhos - 25 Estudo do Meio – 23 Excursões - 34 Filtro – 20, 1ª Capa Gestão Escolar – 23 Gráfica - 22 Grama Sintética – 29, 30, 31, 32, 2ª Capa
Informática - 24 Jogos – 19, 23, 29, 30, 31, 32, 2ª Capa Laboratório – 24 Lâmpadas – 20 Lavadoras de Alta Pressão – 20 Lousa – 24, 25 Material de Limpeza – 20 Microscópios – 23 Modelos Anatômicos – 23 Molas para Portas (Elevadores e Porta Corta Fogo) – 25 Móveis – 25, 26, 27, 4ª Capa Parque – 34 Pisos – 15, 28, 29 Pinturas Especiais - 27 Playgrounds – 29, 30, 31, 32, 2ª Capa
Porta Automática - 25 Produtos e Equipamentos para Limpeza – 20 Projetores – 24 Quadras – 25 Quadros – 24 Radiocomunicação – 27 Refeições – 10, 3ª Capa Revestimentos – 15, 28, 29 Segurança - 27 Sistema de Gestão – 23 Sistemas de Segurança - 27 Tapetes – 20 Terceirização - 32 Toldos – 33, 34 Viagens – 34 Vidros - 25
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ESPECIAL: PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
O QUE COMPETE AO SISTEMA PRIVADO? Neste mês de abril, as atenções da rede pública e privada estão voltadas a uma comissão especialmente criada na Câmara Federal para analisar o Plano Nacional de Educação (PNE) para o decênio 2011 - 2020. A rede particular está se mobilizando por mudanças pontuais em algumas metas estabelecidas pelo documento, assegurando, principalmente, a autonomia na gestão administrativa e pedagógica. O segmento defende o PNE como um “eixo norteador dos direitos e deveres dos protagonistas da educação” e de uma “prestação de serviço de qualidade”. Por Rosali Figueiredo
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eunidos em Niterói, no Estado do Rio de Janeiro, em 18 de março passado, os sindicatos representativos da rede privada de ensino no País e vinculados à FENEP (Federação Nacional das Escolas Particulares) definiram 25 pontos que pretendem ver alterados no texto original do PL 8.035/2010, o qual institui o Plano Nacional da Educação (PNE) para os próximos dez anos. A base do documento está sendo apresentada neste mês às autoridades do Ministério da Educação e aos parlamentares da comissão especial que estuda a matéria. A ideia é correr contra o tempo, diante da expectativa de seu trâmite rápido no Legislativo Federal, mas, sobretudo, conquistar um mínimo de participação na redação final das metas a serem instituídas pelo novo PNE. O sistema privado se queixa que durante toda a discussão pública que envolveu a coleta de subsídios para a elaboração do plano, durante o ano de 2009 e princípios de 2010, acabou discriminado pelos organizadores dos encontros regionais e da própria Conferência Nacional da Educação (CONAE), quando teve pouco acesso aos fóruns então abertos para o posicionamento dos segmentos ligados à educação. “Queremos um espaço junto ao Legislativo para levar nosso pensamento e colocar a importância do sistema privado no contexto da educação brasileira”, pontua Fátima de Mello Franco, vice-presidente do Sindicato dos Estabelecimentos do Ensino Privado no Distrito Federal (Sinepe, DF). Mantenedora do Instituto de Educação Integral (INEI), com duas unidades em Brasília e uma em Uberlândia, Fátima esteve na CONAE, mas relata que não conseguiu participação efetiva nas discussões. Agora, no documento em que é signatária, juntamente com os seus pares reunidos em torno da FENEP, propõe mudanças nos textos de algumas metas, principalmente na de número 18, a qual estabelece um prazo de dois anos para a adoção de “planos de carreira para os profissionais do magistério em todos os sistemas de ensino”. A FENEP quer delimitar essa obrigatoriedade à rede pública, alegando “interferência na liberdade de gestão da escola privada”. “Uma lei como o PNE não pode definir esse nível de espe-
cificidade de gestão”, defende a vice-presidente do Sinepe do Distrito Federal. Fátima Freire observa que a norma poderá inviabilizar financeiramente algumas instituições. Para Edimara de Lima, mantenedora e diretora pedagógica da Escola Prima Montessori de São Paulo, localizada na zona Sul da cidade, “os parâmetros de um plano de carreira são válidos dentro de uma perspectiva de valorização do professor, mas que isso venha como indicativo, como referência e não sob o imperativo da lei”. Segundo a gestora, “é preciso considerar as diferenças entre os sistemas e também entre as realidades”. Essa ponderação tornase válida, ainda, para outras metas, como a de número 16, a qual pretende ver 50% dos professores da educação básica formados na pós-graduação, em lato e/ou stricto sensu. “Em termos de Sul e Sudeste, é uma meta viável, mas como colocar isso para a região Norte, em que se batalha hoje para que os professores sejam graduados?”, questiona Edimara. Também a questão salarial demanda uma abordagem regionalizada, defende. Outro aspecto questionado por Edimara está na postura discriminatória adotada por algumas estratégias da meta 15, que preveem somente subvenção à formação do professor da rede pública. Neste sentido, a FENEP propõe que a estratégia 15.5 expresse claramente a previsão de “financiamento público aos estudos” do profissional do magistério independente do sistema ao qual esteja vinculado, já que “o financiamento previsto no item 15.2 é restrito aos professores da rede pública”. A alteração defendida pela FENEP “vem como forma não discriminatória ao professor da rede privada”, conforme esclarece o documento de Niterói. Na verdade, as alterações propostas pelo segmento privado são pontuais, de forma geral os sindicatos corroboram os eixos adotados pelo PNE como “essenciais ao desenvolvimento da educação nacional”, mas pretendem garantir “a liberdade de aprender e de ensinar”, “a autonomia da gestão”, o “pluralismo de ideias e a diversidade de concepções pedagógicas”. Por isso, defendem mudanças na redação das metas e de suas estratégias, assegurando, por exemplo, “a
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ESPECIAL: PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO diversidade das abordagens metodológicas e das propostas pedagógicas”, e desvinculando a expansão do ensino profissionalizante de nível médio de interferências sobre a rede educacional do sistema sindical. Finalmente, o setor privado defende, sob forma de emendas ao Projeto de Lei ou como regulamentação posterior, a inclusão de itens que tocam em outra questão polêmica, a do financiamento. Nas discussões de Niterói, os mantenedores resolveram defender a
adoção do Probásico, um modelo de subvenção ao aluno da educação básica baseado no Prouni, além da dedução integral dos gastos com educação no Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), “inclusive livros didáticos e demais materiais escolares”. Conforme previsão da presidente da Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados, a parlamentar Fátima Bezerra (PT – RN), o plano estará aprovado no Congresso até o final deste ano.
Sociólogo, presidente do Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundeb, ex-presidente e atual membro da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, ex-deputado e ex-secretário do município de Taboão da Serra, entre outros, César Callegari é um dos nomes mais procurados nos debates em torno da educação brasileira. Em recente almoço realizado junto a representantes de escolas públicas e privadas, empresários, comerciantes e associações de bairro da zona Oeste de São Paulo, Callegari destacou que o PNE irá obrigar os sistemas estaduais e municipais a aprovarem leis próprias que estabeleçam fatores elementares de qualidade na educação, como o número de alunos por sala de aula, por professores, os sistemas de avaliação de rendimento e a estrutura física, entre outros. E, conforme ressaltou Callegari, “as metas são para todos, escolas públicas e privadas, com responsabilidade compartilhada”. “O segmento privado na área da educação complementa uma obrigação do governo e temos experiências muito bem sucedidas, que estão inclusive aqui representadas, de grande trabalho na formação de professores”, observou o sociólogo. Callegari defendeu que haja “uma simbiose de esforços para que todos avancem na educação”. De acordo com o sociólogo, é preciso “combater o preconceito tolo de achar que
toda vez que a escola particular quer participar das discussões, ela esteja querendo privatizar o ensino”. Por outro lado, o ex-secretário de Educação observou que compete à rede privada responder a alguns desafios, entre eles o de “produzir tecnologias que possam ser compartilhadas pelo setor público”. Mas, o mais importante, é seguir estritamente as metas de qualidade estabelecidas pelo PNE, “principalmente quando se fala em valorização do professor”. Outra preocupação de Callegari diz respeito à Educação Infantil e aos anos iniciais do Fundamental, onde tem observado atitudes prejudiciais ao desenvolvimento dos pequenos. “Algumas escolas querem sufocar as crianças de 5 e 6 anos com milhões de aulas e serviços, tirando-lhes o respiro”, ressaltou Callegari. Segundo a psicopedagoga e gestora Edimara de Lima, essas situações podem ser corrigidas pelos desdobramentos do PNE. “É fundamental que se tenha parâmetros de qualidade, pois vejo hoje escolas com três professores diferenciados por turma na Educação Infantil, o que é inadequado para essa faixa etária”, exemplificou Edimara. Há serviços que “enchem os olhos dos pais, mas não funcionam”, criticou. Assim, sua grande expectativa é que o PNE, bem como os planos estaduais e municipais, ajude a estabelecer “qual a concepção de qualidade e identidade deve ser utilizada na Educação Infantil, Fundamental I e II e Ensino Médio”. “Tudo isso como parâmetro e não ingerência do Estado, devendo este ser um supervisor do conceito de qualidade”. (R.F.)
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CÉSAR CALLEGARI: “RESPONSABILIDADE COMPARTILHADA”
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AS 20 METAS DO PNE
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A proposta em discussão na Câmara Federal propõe um conjunto de vinte metas, com suas respectivas estratégias de viabilização, as quais deverão ser posteriormente trabalhadas por meio de medidas adicionais ou instrumentos de regulamentação legal no âmbito dos estados e municípios. Um dos destaques entre as metas é a ampliação dos investimentos públicos em educação para um patamar equivalente a 7% do Produto Interno Bruto (PIB). Meta 1: Universalizar, até 2016, o atendimento escolar da população de 4 e 5 anos, e ampliar, até 2020, a oferta de educação infantil de forma a atender a 50% da população de até 3 anos. Meta 2: Universalizar o ensino fundamental de nove anos para toda população de 6 a 14 anos. Meta 3: Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos e elevar, até 2020, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para 85%, nesta faixa etária. Meta 4: Universalizar, para a população de 4 a 17 anos, o atendimento escolar aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na rede regular de ensino. Meta 5: Alfabetizar todas as crianças até, no máximo, os oito anos de idade. Meta 6: Oferecer educação em tempo integral em 50% das escolas públicas de educação básica. Meta 7: Atingir as seguintes médias nacionais para o IDEB:
Meta 8: Elevar a escolaridade média da população de 18 a 24 anos de modo a alcançar mínimo de 12 anos de estudo para as populações do campo, da região de menor escolaridade no país e dos 25% mais pobres, bem como igualar a escolaridade média entre negros e não negros, com vistas à redução da desigualdade educacional. Meta 9: Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até 2015 e erradicar, até 2020, o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional. Meta 10: Oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de educação de jovens e adultos na forma integrada à educação profissional nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio. Meta 11: Duplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta. Meta 12: Elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, assegurando a qualidade da oferta. Meta 13: Elevar a qualidade da educação superior pela ampliação da atuação de mestres e doutores nas instituições de educação superior para 75%, no mínimo, do corpo docente em efetivo exercício, sendo, do total, 35% doutores. Meta 14: Elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu de modo a atingir a titulação anual de 60 mil mestres e 25 mil doutores. Meta 15: Garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, que todos os professores da educação básica possuam formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam. Meta 16: Formar 50% dos professores da educação básica em nível de pós-graduação lato e stricto sensu, garantir a todos formação continuada em sua área de atuação. Meta 17: Valorizar o magistério público da educação básica a fim de aproximar o rendimento médio do profissional do magistério com mais de onze anos de escolaridade do rendimento médio dos demais profissionais com escolaridade equivalente. Meta 18: Assegurar, no prazo de dois anos, a existência de planos de carreira para os profissionais do magistério em todos os sistemas de ensino. Meta 19: Garantir, mediante lei específica aprovada no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a nomeação comissionada de diretores de escola vinculada a critérios técnicos de mérito e desempenho e à participação da comunidade escolar. Meta 20: Ampliar progressivamente o investimento público em educação até atingir, no mínimo, o patamar de 7% do produto interno bruto do país. Leia na página 18 um resumo das estratégias de valorização do professor contidas nas metas 15 a 18
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OS PONTOS DEFENDIDOS PELA REDE PARTICULAR Os sindicatos ligados à FENEP propõem a supressão, alteração ou até mesmo acréscimos aos textos do PL que instituirá o Plano Nacional de Educação, em 25 intervenções pontuais, as quais pretendem, segundo o documento extraído de seu encontro no mês passado em Niterói: - Destacar seu “importante legado histórico e qualitativo, tanto na implantação como no desenvolvimento da educação brasileira”; - “Zelar pela liberdade de aprender e de ensinar”, o que deve estar expresso, segundo as entidades, no corpo da lei do PNE; - “Defender a autonomia da gestão”, incluindo o Ensino Superior, bem como a rede vinculada ao sistema sindical patronal. Neste quesito, entra o questionamento quanto à obrigatoriedade do plano de carreira na rede particular, além do reforço da liberdade de se trabalhar o Ensino Médio e o ingresso ao nível superior; - “Garantir a prestação de serviço de qualidade”; - “Praticar o pluralismo de ideias e a diversidade de concepções pedagógicas”; - “Valorizar os profissionais da educação”. Em relação a este item, os sindicatos apontam que houve postura dis-
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criminatória dos redatores do texto original do PNE, que não previram subvenções públicas à formação do professor que atua na rede privada; - “Propor soluções educacionais para atender às demandas oriundas da extensão territorial brasileira”. Uma das preocupações aqui é incluir, por meio de emendas ao PL ou regulamentação posterior, que “os partícipes do processo educacional (gestores, professores, alunos e técnicos) de todos os sistemas de ensino” estejam envolvidos “na elaboração, no acompanhamento e na divulgação das avaliações da educação nacional (IDEB, SAEB, ENEM e ENC) para que não se transformem em mero ‘ranking’, mas em fomento para a melhoria qualitativa da educação”; - “Respeitar a diversidade”, como, por exemplo, substituindo o viés embutido em “políticas afirmativas” e ampliando a perspectiva da inclusão. Ou seja, no acesso ao Ensino Superior, alterar uma das estratégias da Meta 12, dando prioridade a “estudantes economicamente desfavorecidos” e não apenas àqueles que pertençam a “grupos historicamente desfavorecidos”; - Financiamento. Criação do Probásico e dedução integral dos gastos com educação no IRPF. (R.F.)
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César Callegari
TA “ESPECIAL”, A ÍNTEGRA DO PL 8.035/2010,
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VIABILIZÁ-LAS. CONHEÇA AINDA A ÍNTEGRA DO DOCUMENTO EXTRAÍDO DO ENCONTRO DE NITERÓI-RJ, PROMOVIDO PELA FENEP (FEDERAÇÃO NACIONAL DAS ESCOLAS PARTICULARES) JUNTO AOS SINDICATOS DOS ESTABELECIMENTOS PRIVADOS DE ENSINO.
Edimara de Lima edimara@primamontessori.com.br Fátima de Mello Franco www.sinepe-df.org fatima.mfranco@hotmail.com
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RESPECTIVAS ESTRATÉGIAS PROPOSTAS PARA
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DicA: DiViSÓriAS, PiSoS E ForroS
CRITÉRIOS PARA A ESCOLHA DOS MATERIAIS
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om 16 anos de vida, o Grupo Dom Bosco, mantenedor de quatro escolas de educação básica na região do Mandaqui, zona Norte de São Paulo, alugou e reformou em todo este período diferentes tipos de imóveis com vistas a ampliar as suas instalações e atender a uma demanda sempre crescente de estudantes. Iniciado como uma pequena escola de Educação Infantil e hoje com mais de mil alunos, o Dom Bosco adaptou um shopping desativado e uma antiga fábrica com 1.750 metros quadrados de área construída. No primeiro, pôde aproveitar o forro feito à base de isopor, pois este oferece isolamento térmico e acústico para os ambientes transformados em salas de aula. Já no segundo, a mantenedora teve que providenciar a instalação do mesmo tipo de material para garantir um pouco de conforto aos alunos. Segundo o diretor administrativo da instituição, Marcelo Rodrigues, antes que uma instituição escolha um imóvel para adaptá-lo como escola, deve ficar atenta a três cuidados. Em primeiro lugar, observar se a estrutura comporta modificações, como a remoção de paredes. “As escolas têm necessidades especiais e dificilmente se encontra uma edificação que atenda a todas elas”, justifica Marcelo. Neste quesito, é importante ainda verificar se o prédio atende a normas mínimas de acessibilidade, como a altura dos degraus, a largura das escadas, entre outros. Um segundo cuidado é “fazer um croqui do que se pretende e contratar um arquiteto para ver se as modificações são viáveis”, diz. Finalmente, é preciso decidir quais os materiais se-
rão utilizados, considerando-se o custo, o desempenho e a facilidade ou não de instalação. “É a parte mais chata”, comenta Marcelo, que teve que optar pelo uso do drywall como divisória entre as salas na antiga fábrica, “pois era a opção mais rápida e barata que tínhamos no momento”. Entretanto, a divisória não oferece bom desempenho acústico e traz custos mais elevados de manutenção, pondera o diretor. O Grupo Dom Bosco decidiu então diminuir o número de alunos nesta unidade “para melhorar o conforto geral do espaço”, remanejando-os para as demais. Segundo a arquiteta Guiomar Leitão, o mercado já oferece soluções em drywall com tratamento acústico e com tecnologia que neutraliza os odores. “A indústria está desenvolvendo cada vez mais os materiais pensando na saúde”, afirma Guiomar. Na verdade, orienta a arquiteta, qualquer tipo de intervenção, de divisórias a pisos, passando pelos forros, deve considerar o desempenho térmico e acústico, a acessibilidade, a adaptação às demais instalações, especialmente as elétricas, e a harmonia estética. Para a Associação Brasileira dos Fabricantes de Chapas para Drywall, o material fabricado hoje no Brasil “cumpre todos os requisitos de acústica, resistência mecânica e comportamento ao fogo expressos na Norma de Desempenho de Edificações” (a NBR 15575/2010, da Associação Brasileira de Normas Técnicas). A própria ABNT estabeleceu uma norma (a NBR 15758/2009) para o drywall e, conforme explica a Associação, todas as paredes montadas em conformidade com esta NBR, das mais simples e de menor espessura às mais estruturadas, atendem ao desempenho mínimo exigido. (R.F.)
SAIBA MAIS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS FABRICANTES DE CHAPAS PARA DRYWALL – www.drywall.org.br GUIOMAR LEITÃO – www.glbprojetos.com guiomar@glbprojetos.com MARCELO RODRIGUES– marcelo@grupodombosco.com.br Na próxima edição: Playground: brinquedos e pisos
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PERFIL DA ESCOLA: E. E. AQUILINO RIBEIRO
A “GRANDE VIRADA” A PARTIR DO RESGATE DO COMPROMISSO COM A APRENDIZAGEM Integrante de um programa piloto de tutoria de professores, coordenadores pedagógicos e coordenadores de pais, empreendido na Zona Leste de São Paulo pela Fundação Itaú Social em parceria com o Instituto Fernand Braudel e a Secretaria Estadual de Educação, a Escola Estadual Aquilino Ribeiro tem colhido bom desempenho junto ao Idesp. Mas esse é apenas um dos benefícios trazidos por uma gestão focada na cobrança rigorosa das responsabilidades dos educadores, familiares e alunos. Por Rosali Figueiredo Fotos João Elias
qualquer ambiente profissional: “trabalhar todos os dias e cumprir com as obrigações”, regras válidas não somente à própria gestora, mas a todos os seus funcionários. Isso atraiu o piloto de Excelência em Gestão.
”UMA ESCOLA ORGANIZADA AJUDA O ALUNO A FICAR” “Quando cheguei, faltava organização, disciplina e, sobretudo, professor, que não vinha trabalhar”, lembrou Maria Tereza. “Este ainda é um problema sério da rede, todos nossos professores estão contratados, mas no dia em que um falta, vira um transtorno. Antes, porém, havia um abuso de atestados médicos e de dentista, até que uma Resolução da Secretaria de Estado, de 2008, impôs o limite de um atestado por mês”, observou a diretora. Ela implantou um sistema de agendamento de falta abonada, “embora o professor não goste muito”. Pela regra, a direção abona apenas uma falta por dia entre os docentes, que têm que agendar quando e porque pretendem se ausentar. “Assim, a coordenadora consegue organizar o turno de forma a que o professor eventual cubra esta lacuna, mas houve dias em que mesmo com o eventual tivemos dificuldades para dar conta”, afirmou Maria Tereza. A diretora destacou que faz parte de suas atribuições decidir pela concessão ou não do abono ao professor, o qual possui o direito legal a seis faltas por ano. “Esse abono deve ser dado somente se não atrapalhar a área pedagógica da escola”, disse Maria Tereza, critério que procura cumprir com rigor. Segundo observou Claudia Romero Codolo de Carvalho, coordenadora técnica do Programa pelo Instituto Fernand Braudel, ex-tutora no Programa de Excelência, “o grande problema é que muitas escolas não adotam essa prerrogativa, o que seria fundamental para que funcionassem”. Claudia ressalvou, no entanto, que entre as dez escolas atendidas pelo programa, “temos muito professores comprometidos, excelentes profissionais. E quando a escola é boa, os professores querem
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s vésperas da divulgação do desempenho de cada escola junto ao Idesp de 2010 (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo), gestores, professores e demais funcionários da Escola Estadual Aquilino Ribeiro, localizada em Guaianases, zona Leste de São Paulo, andavam bem ansiosos. O cumprimento total, parcial ou até mesmo superior às metas estabelecidas pelo governo iriam se converter em bonificação salarial para a equipe, a ser paga em princípios de abril (Os resultados foram divulgados após o fechamento desta edição). No ano passado, cada profissional da Aquilino recebeu 2,9 salários a mais por conta das boas médias obtidas no Índice de 2009 (Veja quadro na página 12), 20% maiores que aquelas previamente estipuladas. Já com relação às médias de 2010, havia o temor de que a introdução da avaliação de Física pudesse comprometer o patamar mínimo projetado para a escola pela Secretaria de Educação. “Trabalhamos muito para atingir o rendimento proposto, mas esta é uma área muito defasada, não temos profissionais com formação específica”, observou a diretora Maria Tereza Simões de Almeida. De qualquer maneira, independente do desempenho final alcançado em 2010, a Aquilino Ribeiro pode comemorar “a grande virada” que conquistou em quase dez anos de um trabalho de gestão fortemente baseado na disciplina e organização escolar. “Enquanto não se organizar a disciplina da escola, a escola não anda”, observou Maria Tereza em entrevista à Direcional Escolas, durante uma verdadeira roda de conversa realizada na escola em conjunto com a Fundação Itaú Social e o Instituto Fernand Braudel para a produção deste Perfil da Escola. A Aquilino Ribeiro é uma das dez unidades da rede estadual que participam do Programa de Excelência em Gestão Educacional, uma experiência piloto lançada pela Fundação com a parceria do Instituto e da Secretaria de Educação. Diretora efetiva da escola desde 2005, Maria Tereza implantou como norma na instituição um beabá básico para
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PERFIL DA ESCOLA: E. E. AQUILINO RIBEIRO trabalhar, pois a instituição dá as condições e o respaldo necessário”. Para chegar a este ponto, a primeira medida que um gestor deve adotar é “colocar cada funcionário para trabalhar dentro de sua função”, conforme sugeriu Maria Tereza. Na Aquilino Ribeiro, por exemplo, “todo mundo era diretor da escola”, ou seja, cada um determinava onde, como e com que tarefas atuaria. Desde 2002, quando esteve pela primeira vez na direção da escola (como não efetiva), Maria Tereza fez “com que cada um assumisse o seu trabalho, pois se a pessoa não estiver ali, onde é preciso, o resto não funciona”. “Há uma obrigação moral pelo trabalho, não estamos aqui fazendo favor para ninguém, mas sendo pagos para isso”, destacou Maria Tereza, considerada uma gestora “linha dura” entre os seus pares. “Eu converso, peço, explico, mas, quando não dá certo, adoto as medidas necessárias”, disse. É um estilo de gestão rigoroso “no sentido de se organizar a escola e estar correta nos propósitos”, conforme avaliou Maria Carolina Nogueira Dias, da Fundação Itaú Social e uma das coordenadoras gerais do Programa de Excelência. Na verdade, o que está em debate não é a aprovação ou não dos procedimentos de um diretor, mas o fato de que “uma escola organizada ajuda o aluno a ficar”, observou, por sua vez, a tutora de Língua Portuguesa, Márcia Cristina Giupatto. Além disso, segundo acrescentou Fernanda Cristina Cruz, professora coordenadora do Fundamental II, a organização acaba repercutindo em mudanças no perfil do próprio estudante, o que facilita o trabalho do professor em sala de aula. “Há escolas em que o professor tem que cuidar para que um aluno não machuque o outro. Aqui os alunos têm uma dinâmica diferente, não fazem o que querem”, comentou.
de “aquilixo para “AQUILUXO” Um dos procedimentos simples de gestão que ajudaram a colocar a casa em ordem foi instituir uma rotina “de horário de entrada e saída de funcionários e alunos”. Na Aquilino, as regras de convivência são anunciadas logo no primeiro dia de aula, em uma grande reunião realizada com a participação de pais e alunos. “Isso permite ao professor impor as normas adequadas à sala de aula logo de cara, estabelecendo uma porta para o diálogo, mas, ao mesmo tempo, pontuando o que é interessante para o convívio neste ambiente”, observou Fernanda. Segundo ela, o encontro com os pais permite ainda que estes deem as suas sugestões, legitimando todo o processo. O principal resultado deste trabalho é “não ver mais alunos pulando o muro, mas sim respeitando o espaço da escola”, conforme destacou a coordenadora do Instituto Braudel, Claudia Romero. O fim das escapulidas carrega uma simbologia forte, pois remete à “grande virada” conquistada pela escola sobre a sua imagem de dez anos atrás, quando era rejeitada pela comunidade e tratada pelo apelido depreciativo de “aquilixo”. “Temos hoje na Aquilino Ribeiro uma escola funcionando dentro daquilo que se espera de uma escola, com um direcionamento de pais e alunos para o foco da aprendizagem”, resumiu a coordenadora da Fundação Itaú Social, Maria Carolina. “Somos conhecidos agora como ‘aquiluxo’, os estudantes querem vir para cá”, destacou a coordenadora Fernanda, lembrando que hoje é grande a procura por vagas na instituição. Portanto, mais do que os bons indicadores no Idesp, a Aquilino Ribeiro comemora o resgate do clima de confiança que predomina entre todos – funcionários, equipe pedagógica, pais e alunos, fruto de um investimento diário e persistente na organização da aprendizagem de 1.600 estudantes.
RAIO-X
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Turmas e turnos: 1.600 alunos divididos em Ensino Fundamental I e II e Ensino Médio, aulas nos três períodos (manhã, tarde e noite); Equipe gestora e pedagógica: diretora, vice-diretora, três professores coordenadores e 68 professores; Programa de Excelência em Gestão Educacional: disponibiliza tutores aos professores de Língua Portuguesa e Matemática, aos coordenadores e uma coordenadora de pais; Localização: Jardim São Paulo, Guaianases. EVOLUÇÃO E CUMPRIMENTO DAS METAS DE RENDIMENTO no Idesp
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PERFIL DA ESCOLA: E. E. AQUILINO RIBEIRO
A APOSTA NA FORMAÇÃO CONTINUADA DOS EDUCADORES
Inspirados em iniciativas bem sucedidas da rede pública de escolas de Nova York, a Fundação Itaú Social e o Instituto Fernand Braudel estão desenvolvendo desde 2009 uma experiência piloto de aprimoramento dos profissionais da educação – coordenadores e professores de Língua Portuguesa e de Matemática. Por meio da figura de tutores, selecionados do próprio quadro de professores da Secretaria Estadual de Educação, a Fundação e o Instituto têm oferecido orientação e acompanhamento ao trabalho dos professores e coordenadores em dez escolas da região. Também instituíram a figura do coordenador de pais, uma pessoa contratada junto à comunidade para estabelecer uma aproximação entre a escola e as famílias. O piloto, que será concluído no final deste ano, compõe o Programa de Excelência em Gestão Educacional da Fundação Itaú Social. Os resultados e as reflexões reunidas nesses três anos de trabalho serão posteriormente organizados e poderão ser disseminados para o restante do País. O mais interessante da metodologia é que ela não exige grandes investimentos físicos nem financeiros por parte dos sistemas de ensino. “A metodologia proporciona um ganho de escala sem necessidade de mexer muito nem de ampliar a infraestrutura. Ela revê algumas funções e papéis”, observa Maria Carolina Nogueira Dias, da Fundação Itaú Social. Ou seja, aproveita os recursos, as diretrizes e os materiais didáticos que já se encontram disponíveis na rede. Na prática, o programa apóia uma melhor organização do HTPC (Hora de Trabalho Pedagógico Coletivo); ajuda a estabelecer horários exclusivos de atendimento aos pais e de entrada e saída em sala de aula; oferece orientação ao professor coordenador de forma a que conheça melhor suas funções, entrando, inclusive, em sala de aula para acompanhar o trabalho do professor; e trabalha os professores de Língua Portuguesa e de Matemática. Neste caso, os tutores proporcionam aos docentes ensinamentos de
“gestão de sala, de gestão da aprendizagem do aluno e de gestão do planejamento da aula”, explica Maria Carolina. Já Claudia Romero, ex-tutora e atual coordenadora técnica do programa junto ao Instituto Fernand Braudel, acrescenta que o tutor coloca-se “ao lado do professor”, “encorajandoo a colocar em prática o trabalho em equipe, ‘o fazer junto’”. A adesão ao trabalho dos tutores é voluntária, tanto entre os professores quanto coordenadores, mas os responsáveis pelo programa vêm observando um interesse cada vez maior entre os educadores das dez escolas. “Cada vez mais eles permitem que os tutores entrem em sala de aula, o que é um indicador interessante do sucesso do programa”, aponta Maria Carolina. Já entre os professores coordenadores, a adesão é de 100%, mesmo porque, segundo lembra a coordenadora do Fundamental II, Fernanda Cristina Cruz, a rede estadual não proporciona formação específica nem preparo para o exercício desta função. “O tutor nos ajuda a modelar, a saber como avaliar o professor em sala de aula e, depois, a saber o que fazer com essas informações”, diz. Para o conjunto das dez escolas, o Programa de Excelência disponibiliza três tutores de Língua Portuguesa, três de Matemática e dois para os professores coordenadores. Finalmente, o coordenador de pais, função exercida na Aquilino Ribeiro por Maria Aparecida Alexandre Custódio, em carga horária de 40 horas semanais, incluindo o período noturno, tem o desafio de trazer os pais à responsabilidade pela educação dos filhos. A ideia é antecipar-se a um potencial risco de evasão, colocando a escola em contato com a família. Quando necessário, a coordenadora faz visitas domiciliares aos pais, ajudando a resgatar um clima de confiança e de cumplicidade. “Atualmente, registramos de 85% a 90% de adesão dos pais às reuniões, e aqueles que não podem vir se justificam para a coordenadora”, comenta Maria Carolina. Um trabalho que, segundo a coordenadora Fernanda, contribui para “mudar a disposição do aluno em sala de aula”. (R.F.)
CLAUDIA ROMERO CODOLO DE CARVALHO Instituto Braudel claudia@braudel.org.br
MÁRCIA CRISTINA GIUPATTO Tutora marcia@braudel.org.br
MARIA CAROLINA NOGUEIRA DIAS Fundação Itaú Social maria.nogueira-dias@itau-unibanco.com.br
FERNANDA CRISTINA CRUZ Professora Coordenadora do EFII fernandacrcr@ibest.com.br
MARIA APARECIDA ALEXANDRE Custódio Coordenadora de Pais custodioaparecida@ig.com.br
MARIA TEREZA SIMÕES DE ALMEIDA Diretora a.tereza@ig.com.br
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SAIBA MAIS
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FIQUE DE OLHO: ROBÓTICA
UM NOVO CAMPO PARA O DESENVOLVIMENTO DAS COMPETÊNCIAS E HABILIDADES Por Rosali Figueiredo
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O
s estudantes do 6º e 7º anos do Colégio Cristo Rei, localizado na Vila Mariana, zona Sul de São Paulo, protagonizaram em março passado “uma experiência que eles jamais esquecerão na vida”, observa o professor Isaias Santos, da Projetos de Robótica Educacional, consultoria que atende a cerca de 45 instituições de ensino, em programas curriculares e extracurriculares. “Eles montaram um coração mecânico maravilhoso, que pulsa como um coração humano. Nesta aula pudemos discutir o sistema circulatório e o funcionamento do órgão”, comenta Isaias, ao exemplificar os benefícios proporcionados sobre a aprendizagem pelas atividades de robótica. Mas a área não serve apenas como reforço aos conteúdos programáticos, senão abre um novo campo de desenvolvimento “de habilidades como a concentração, o trabalho em equipe, o raciocínio lógico e a verbalização, além da aplicação dos conceitos de Física, Matemática e Mecânica”, explica Isaias. Pós-graduado em Tecnologias da Educação, ex-professor de Tecnologias no Colégio São Luís, na Escola Técnica Federal de São Paulo e na Fundação Álvares Penteado, entre outras, Isaias Santos afirma que a robótica vem crescendo paulatinamente nos últimos treze anos, especialmente em escolas dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. É aplicada desde a Educação Infantil ao Ensino Médio, diferenciando-se conforme os conteúdos e a faixa etária. Com os menores da Educação Infantil ocorre uma iniciação à Mecânica, enquanto entre os alunos do Fundamental e Médio há a aplicação dos conceitos de Física e Matemática nos projetos, em que os robôs são movimentados através de programação realizada por meio de um software específico e sensores que enviam as informações desde os computadores. Segundo Isaias, a robótica permite “materializar e vivenciar o conceito dado em sala de aula”. “O aluno normalmente acha que este só vai servir para a prova e nunca mais o verá. Por outro lado, o professor normalmente dá vários exemplos para facilitar a compreensão do aluno. Já nas oficinas de robótica, o professor faz o conceito acontecer. O aprendizado se torna mais significativo e real”, aponta o consultor. Ou seja, o aluno “percebe que as coisas não acontecem por acaso, que o brinquedo do parque não cai e que o prédio não tomba não por sorte nem coisa parecida. A tecnologia está mudando o jeito de aprender”, diz. O mercado oferece atualmente muitas opções de materiais às escolas, grande parte delas importada, “cada uma com suas características particulares, mas que no geral desempenharão um bom trabalho”. Isaias destaca os produtos da Lego (pioneiro na robótica educacional e desenvolvido na Dinamarca, “o material possibilita uma grande exploração da Mecânica e da programa-
ção dos robôs”); da Fischer (de origem alemã, “suas estruturas auxiliam na construção de modelos complexos, como trabalhar com as várias formas de energias e sensores”); e da Knex (produzido nos Estados Unidos, “seu foco é trabalhar estruturas; é o único que permite a montagem de grandes projetos, como montanhas russas”). Entretanto, Isaias afirma que é possível ainda trabalhar a partir de sucatas, opção adotada por algumas escolas. “Existem no mercado alguns placas interfaces para gerar movimentos nos projetos com sucata, os quais abrem outras possibilidades de aprendizado aos alunos”, diz o professor. Também há a possibilidade de se trabalhar com diferentes versões de kits produzidos no Brasil, como o da PNCA Robótica e Eletrônica, de São Carlos, interior de São Paulo, e o da Modelix, comercializado pela Azul e Rosa Brinquedos Educativos, do empresário Vítor Amorim Moreira Tribuna. “Dependendo do kit, é possível desenvolver carros movidos mecanicamente, com manivelas, fricção ou até mesmo programados”, diz o empresário. Vítor observa, no entanto, que a grande procura que recebe pelos produtos vem do próprio varejo, de pais e estudantes estimulados pela expansão da robótica. Nas escolas, a robótica pode ser introduzida no currículo obrigatório, tornando-se um importante apoio para o desenvolvimento dos conceitos de várias disciplinas, ou como atividade complementar, “com o objetivo de gerar estímulos nos participantes, trabalhar as habilidades, desenvolver o raciocínio lógico e o empreendedorismo de forma lúdica e divertida”. As aulas são desenvolvidas sempre em equipe de quatro a cinco alunos, distribuindo-se entre eles tarefas de organização, montagem e apresentação do produto final. Muitas escolas promovem campeonatos anuais entre as equipes e as inscrevem em competições de caráter regional, nacional e até mesmo internacional.
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DICA: INADIMPLÊNCIA
ORGANIZANDO A GESTÃO DA COBRANÇA nas mensalidades escolares, as sanções podem ser adotadas somente após 90 dias, incluindo a recusa da matrícula, conforme regula a Lei Federal 9.870/99. Neste caso, Célio Muller recomenda ainda “a negativação do contratante”, acionandose o SPC (Serviço de Proteção ao Crédito). “Isso é muito importante no sentido de a escola demonstrar que está combatendo a impunidade. Ao contrário, se a sanção é autorizada por lei e não acontece nada, as instituições acabam fomentando a inadimplência.” Mas outro procedimento defendido pelo advogado é anterior mesmo a essa situação de cobrança dos atrasados. A profissionalização do setor nas escolas deve ser capaz de evitá-la, adotando-se medidas preventivas, como a organização das informações internas, pelas quais se torna possível montar um quadro real da situação familiar e financeira de cada contratante. “Recomendo que profissionais qualificados mantenham um contato estreito com as famílias, conhecendo seus hábitos e preparando-se diante de eventuais casos de desestrutura, ligados ao desemprego, separação ou alcoolismo”, afirma. Com isso os mantenedores podem estabelecer “políticas diferenciadas de atendimento, visualizando-se tanto um entendimento quanto um acordo pagável”. Célio Muller pondera que isso não representa “formar vínculo de cumplicidade, nem conceder isenção de multas, entre outros”, mas saber o que é viável propor e negociar. Segundo ele, a cumplicidade traz sérios danos à gestão financeira e alimenta a inadimplência. O mesmo ocorre com o “excesso de benefícios, que acabam atraindo um público menos interessado em pagar”. “As escolas devem buscar pais que valorizam a qualidade, pois estes pagam”, finaliza Célio Muller. (R.F.)
SAIBA MAIS CÉLIO MULLER – www.advocaciaceliomuller.com.br SIEEESP – sieeesp@sieeesp.com.br Na próxima edição: Limpeza: equipamentos e produtos
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ma rápida leitura dos índices de inadimplência apurados no ano passado na rede privada de São Paulo permite observar taxas mais elevadas entre os meses de abril e setembro, com tendência posterior de queda, em plena época de renovação da matrícula dos estudantes. Conforme os dados apurados pelo Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (Sieeesp), o maior índice de 2010 aconteceu em julho, com taxa de 10,65%. Desde então, as médias começaram a cair, até chegar a 6,86% em janeiro deste ano, índice inferior ao mesmo período de 2010, quando ficou em 7,05%. Entretanto, o mês de fevereiro já voltou a projetar um movimento de evolução da inadimplência, com 7,46%. “Está na hora de organizar e profissionalizar a gestão da cobrança de forma a prevenir e combater a inadimplência”, defende o advogado Célio Muller. Isso começa, segundo ele, colocando-se pessoas qualificadas para lidar com os atrasos, “que tenham isenção no tratamento com os devedores”. “O mantenedor não deve se envolver neste tipo de atividade, pois ele possui um vínculo emocional com as famílias e acaba encontrando dificuldade para fazer a negociação”, observa Célio. Por outro lado, o advogado identifica muita acomodação entre os responsáveis financeiros pelos estudantes, em uma verdadeira “distorção de entendimento”. “Na relação entre os direitos e as obrigações, eles se sentem confortáveis para atrasarem, favorecendo o pagamento de contas de consumo, como água, energia elétrica e telefonia, serviços que podem ser cortados rapidamente”, diz. Em contrapartida, com os atrasos
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GESTÃO: DÉFICIT DE PROFESSORES: DA ALFABETIZAÇÃO ÀS DISCIPLINAS EXATAS
A Formação em Serviço
Instituições investem no preparo dos docentes, com o objetivo de suprir dois sérios problemas que enfrentam sempre que vão compor a sua equipe pedagógica: a falta de quadros e a precariedade na formação. Entre 2007 e 2009, o número de docentes atuando no País caiu mais de 20%. Segundo especialistas, as políticas de valorização do magistério precisam despertar nos jovens o desejo de se tornarem educadores, sob pena de gerar séria crise no setor educacional brasileiro.
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ados mais recentes do INEP mostram que pouco mais da metade dos professores que atuam na Educação Infantil no Brasil não possuem formação superior, assim como quase 40% entre os que lecionam nos anos iniciais do Fundamental, justamente em uma das fases mais importantes da vida escolar das crianças, o ciclo da alfabetização. Os números estão contidos na “Sinopse do Professor de 2009”, disponibilizados para consulta pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, vinculado ao Ministério da Educação (MEC). Eles remetem à precariedade da formação dos educadores, um dos mais sérios desafios enfrentados pelo sistema de ensino no Brasil, tanto o público quanto o privado. Entretanto, pari passu, outro problema atinge as instituições: a falta de quadros, principalmente de profissionais que tenham formação específica para atuar com determinadas habilidades e áreas do conhecimento. “Faltam professores aos montes, não apenas em áreas tradicionais, como Matemática e Física, mas ainda em Geografia e alfabetização”, afirma João Carlos Martins, diretor do Colégio Hebraico Brasileiro Renascença, consultor em gestão escolar e doutor em Psicologia da Educação. Segundo Martins, em dez anos o Brasil poderá viver uma crise ainda mais séria, “pois não estamos formando novos educadores”. “Precisamos chamar atenção para mudar a cultura do País e criar nos jovens o desejo de serem educadores”, defende. Enquanto isso, a saída encontrada pelas instituições tem sido a chamada “formação em serviço”. Nesse sentido, o Colégio Renascença resolveu implantar, neste ano, o programa de “Período Estendido”, em que seus professores são remunerados em dez horas aulas por semana para que se dediquem aos estudos e desenvolvimento de projetos, o que pode ser feito em casa. A remuneração está além da hora atividade formalizada pela Convenção Coletiva da categoria. “Temos que ter esse processo de formação interna o tempo todo, olhando para a prática, as questões didáticas, mas também para o conhecimento específico, adequando-o às faixas etárias com que se atua”, observa o diretor. Martins destaca ainda que a atual geração de alunos exige “novas possibilidades de trabalho e
de abordagem”, obrigando a esse movimento contínuo de aprimoramento da equipe pedagógica. Para tanto, a escola precisa disponibilizar um suporte mínimo, no caso, coordenadores que atuem por área do conhecimento (Linguagens, Matemática, Ciências Naturais e Ciências Humanas), além dos coordenadores por ciclo. São eles que dão suporte aos estudos e fóruns de discussão, realizados por meio de encontros presenciais e também pela internet. O Renascença disponibiliza ainda um professor auxiliar nas classes de alfabetização e também por etapa, a partir do 3o ano do Fundamental. “Ao preparar o orçamento de um ano para o outro, as escolas têm que destinar recursos para essa formação”, recomenda João Carlos Martins, ponderando, entretanto, que isso “requer uma ginástica orçamentária e administrativa”. Mas não há outro jeito, especialmente porque Martins observa falta generalizada de profissionais nas mais diferentes áreas. “E os poucos e bons quadros acabam migrando para a carreira no Ensino Superior”, comenta o gestor. Ele acredita que se houver um salário inicial e um plano de carreira mais atraente no setor público, por exemplo, os profissionais acabem se estabelecendo, gradativamente, na educação básica. De qualquer maneira, mesmo as escolas privadas, que oferecem remuneração maior, não têm garantia de atrair candidatos “com a competência desejável, associada a uma formação teórica consistente e a um olhar didático preparado para a prática”. Quanto à instituição do plano de carreira entre os estabelecimentos particulares, João Carlos Martins acredita que seja uma maneira de “fidelizar o professor”, mas o processo deve ser estudado com calma, e que está em curso no Renascença.
ORIGENS DO PROBLEMA Conforme números do Censo Escolar de 2007, quase 40% dos professores que davam aula de Língua Portuguesa na época não apresentavam formação específica para atuar na disciplina; em Matemática, esse percentual atingia 42%; em Língua Estrangeira, 40%; em Química, 62% e; em Física, 75% de profissionais não estavam habilitados na área. Os dados relativos a 2009 ainda não foram
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GESTÃO: DÉFICIT DE PROFESSORES: DA ALFABETIZAÇÃO ÀS DISCIPLINAS EXATAS disponibilizados, mas este Censo mais recente registrou uma queda de mais de 20% no número de docentes trabalhando na Educação Básica em um período de dois anos no Brasil (entre o censo de 2007 e o de 2009). Para o professor Artur Costa Neto, que atua há 33 anos, é diretor do Sindicato dos Professores em São Paulo (Sinpro) e vice-presidente da União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação (Uncme), o déficit de profissionais sempre existiu. Em sua análise, ele observa que o processo de expansão e universalização do ensino público ocorrido a partir dos anos 70 no País não foi acompanhado por uma política de valorização da carreira do magistério. Pelo contrário, o achatamento salarial foi o que de fato “financiou” a ampliação da rede. “O fim do exame de admissão para ingresso no antigo ginásio, determinado pela Lei Federal 5.692, de 1972, e a criação do ciclo de alfabetização foram dois grandes avanços da área educacional brasileira, temos hoje 98% das crianças matriculadas nas escolas. No entanto, o poder público teve que expandir a rede para atender a essa demanda e fez isso expropriando a condição salarial do professor e relaxando nos critérios de formação e seleção desses profissionais”, avalia Costa Neto.
Ao mesmo tempo, prossegue Costa Neto, o MEC “precarizou” a graduação, reduzindo, por exemplo, o período dos cursos de Pedagogia de quatro para três anos. “Também as Licenciaturas tiveram tempo de formação reduzida, ao passo que áreas como Direito, por exemplo, ampliaram sua carga”, compara o dirigente. Precisaria, no entanto, ter ocorrido justamente o contrário, pois “o professor tem que ter muita formação de didática para dar aula, um amplo conhecimento e habilidade para integrar isso tudo”. Além do mais, na alfabetização, são necessários profissionais bem experientes, “mas como o professor com mais tempo de carreira na rede pública tem o direito de escolher suas salas, ele acaba rejeitando as séries iniciais, porque são muito trabalhosas”. Costa Neto acredita que as estratégias de valorização do professor previstas pelo Plano Nacional de Educação sejam capazes de reverter o quadro, assim como iniciativas adotadas pontualmente por algumas redes, como o programa de acompanhamento do professor iniciante implantado pelo governo de São Paulo. “Caso contrário, em dez anos não teremos como repor a grande massa dos professores que estão trabalhando hoje e irão se aposentar”.
O cenário em números
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• De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio apresentavam, em 2007, 2.172.268 professores atuando em sala de aula. Ao se incluir o ensino profissional, especial e o EJA (Ensino de Jovens e Adultos), esse número saltava a pouco mais de 2,5 milhões de professores. Já pelo Censo Escolar de 2009, o total baixou a 1.977.978 docentes atuando em todo o País nos diferentes ciclos da Educação Básica, uma queda de mais de 20%; • Pelo mais recente Censo Escolar, publicado no dia 20 de dezembro no Diário Oficial da União, a Educação Básica reúne 51.549.889 de estudantes, entre os quais 7.560.382 se encontram no sistema privado; • Segundo dados compilados pelo movimento Todos Pela Educação, com base na “Sinopse do Professor 2009”, documento disponibilizado pelo INEP, mais da metade dos professores da Educação Infantil não têm formação superior. O mesmo acontece em quase 40% entre os que atuam no Ensino Fundamental, conforme revela o quadro abaixo:
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GESTÃO: DÉFICIT DE PROFESSORES: DA ALFABETIZAÇÃO ÀS DISCIPLINAS EXATAS • Outro dado divulgado recentemente pelo Todos Pela Educação e baseado na “Education at a Glance”, publicação da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), revela que os docentes no País têm menos tempo de experiência que nos demais países vinculados à Organização. “Os professores experientes, com mais de 50 anos de idade e 20 de profissão, são minoria na Educação Básica do País. Atualmente, nos anos finais do Ensino Fundamental, 15,6% dos professores têm 50 anos ou mais; já a média da OCDE é de 32,7% - mais que o dobro da proporção brasileira. No Ensino Médio, o cenário é semelhante: na OCDE a média de professores com idades a partir de 50 anos é de 35,9%. No Brasil, é de 17,1%”, informa o texto do Todos Pela Educação; • Levantamento realizado pelo jornal Valor Econômico neste ano mostra que 15 secretarias estaduais da Educação pretendem atrair profissionais para a sala de aula, vinculando a sua remuneração ao desempenho dos alunos e ao cumprimento de metas. • Notícia divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo em princípios de março revela que os professores convocados pela rede do Estado por meio de recente concurso público estão desistindo da efetivação, em pleno andamento do ano letivo. Até os 20 primeiros dias de março, o jornal contabilizava 60 desistências, “média de mais de dois por dia letivo”. • Entretanto, números recentemente divulgados pelo SISU (Sistema de Seleção Unificada), apontam que algumas universidades federais registraram substancial aumento na procura pelos cursos de Pedagogia ou Licenciatura em estados do Norte e Nordeste, chegando a superar a 100 candidatos por vaga. Em São Paulo, a concorrência no último processo seletivo para o curso de Pedagogia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), campus de Guarulhos, chegou a 30,91 candidatos por vaga. (Edição: R.F.)
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O PNE E ALGUMAS ESTRATÉGIAS DE VALORIZAÇÃO DO PROFESSOR Agrupadas em quatro metas, as de número 15 a 18, as estratégias de valorização do professor defendidas pelo Plano Nacional de Educação (PNE) passam pela preocupação em assegurar desde uma remuneração similar à das demais categorias profissionais, como forma de atrair o jovem para o magistério, a programas de aperfeiçoamento, aprimoramento e estudos em nível de pós-graduação. Abaixo, alguns destaques: META 15 – Com vistas a garantir formação específica em nível superior aos profissionais da Educação Básica, a estratégia 15.2 prevê a “amortização de saldo devedor” dos graduandos matriculados em cursos de Licenciatura e integrantes da rede pública de ensino. Pretende ainda “institucionalizar” em no máximo um ano uma “política nacional de formação e valorização dos profissionais da educação”, assegurando, inclusive, a sua “formação em serviço”, trecho esse que a FENEP pretende excluir. META 16 – O propósito é formar 50% dos quadros do magistério em cursos de pósgraduação, em lato e strictu senso, através, entre outros, da concessão de licença no trabalho para estudantes de mestrado e de doutorado. META 17 – A meta pretende “aproximar o rendimento médio do profissional do magistério com mais de onze anos de escolaridade do rendimento médio dos demais profissionais com escolaridade equivalente”. Para tanto, determina a constituição de um fórum permanente para acompanhamento e atualização do piso salarial. META 18 – Quer assegurar a implantação de planos de carreira em no máximo dois anos, em todos os sistemas de ensino do País. Estipula ainda que 90% dos profissionais do sistema público estejam investidos de provimento efetivo na rede, a criação de uma “política nacional de formação continuada para funcionários de escola” e a prova nacional de admissão de docentes.
SAIBA MAIS ARTUR COSTA NETO arturcneto@uol.com.br JOÃO CARLOS MARTINS joaocarlos.m@renascenca.br SINOPSE DO PROFESSOR 2009 www.inep.gov.br/basica/censo/Escolar/ sinopse/sinopse.asp TODOS PELA EDUCAÇÃO www.todospelaeducacao.org.br www.euvocetodospelaeducacao.org.br contato@todospelaeducacao.org.br
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DICA: SALA DE LEITURA (ESTRUTURA E RECURSOS)
AMBIENTES CRIATIVOS CONVIDAM À INTERAÇÃO COM OS LIVROS dos e disponibilizados de forma a que as crianças possam localizá-los. As bibliotecas têm ainda espaços apropriados para o compartilhamento da leitura, como uma sala anexa tipo “arena” no espaço Tatiana Belinky, do Fundamental I. Na Educação Infantil, a biblioteca Cecília Meirelles traz diversas poltronas pequenas, “arrumadas em círculos”, com caixas e estantes de livros também adaptados ao tamanho das crianças. E no Fundamental II, “um ambiente mais despojado”, contíguo ao Centro de Documentação, oferece pufes e tapetes para que os adolescentes “se esparramem” e apreciem um acervo especial de histórias em quadrinhos. Os ambientes favorecem o compartilhamento da leitura, trabalhando “as habilidades de escutar a língua escrita, de dialogar, dividir emoções, ler e construir sentidos, escrever e registrar uma história”, observa a diretora. Para o roteirista Márcio Araújo, autor de vários episódios do Cocoricó, programa infantil produzido pela TV Cultura e premiado pela Unesco, uma das boas alternativas para as escolas são os chamados “varais literários”, em que o aluno disponibiliza para o colega uma obra que tenha acabado de ler, deixando ainda seus comentários em murais. Formado em Artes Plásticas, Márcio Araújo trabalhou em escolas e ainda hoje participa de bate-papos com estudantes, especialmente sobre sua mais recente obra, “Figurinha Carimbada” (Editora Escrituras – Girafinha, 2008), livro infanto-juvenil indicado ao Prêmio Jabuti e distribuído a todas as bibliotecas públicas do País pelo Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL). (R.F.)
SAIBA MAIS LAURA PITERI – laura@escolacarlitos.com.br MÁRCIO ARAÚJO – www.marcioaraujo.com.br PLANO NACIONAL DO LIVRO E LEITURA (PNLL)
Índices e Pesquisas de Leitura, Leis do Livro, Planos de Leitura, Entidades do Livro, Bibliotecas Virtuais e outras informações sobre o Livro e Leitura.
www.pnll.gov.br Na próxima edição: Educação Alimentar
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urante a última semana deste mês de abril, a unidade 1 da Escola Carlitos, localizada na Santa Cecília, região central de São Paulo, estará em festa literária. Crianças da Educação Infantil e Ensino Fundamental I receberão os pais em sessões de contação de histórias, apresentarão livros de produção própria (1º e 2º anos), farão leituras de fábulas e crônicas (3º e 4º anos) e terão exposições sobre a história da leitura, da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, e da recém-reinaugurada Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo. “A ideia é que os alunos vivenciem a prática social da leitura que existe nas feiras literárias, em que os autores leem trechos de suas obras”, afirma Laura Piteri, diretora pedagógica do Ensino Fundamental I. Segundo Laura, a Escola Carlitos sempre deu prioridade à valorização e ao desenvolvimento do hábito da leitura em seus 30 anos de história. Desde a Educação Infantil, as crianças assistem a uma aula semanal na biblioteca e, conforme o ciclo escolar, escutam histórias produzidas pelas professoras, desenvolvem uma interpretação pública das obras que leem, “atividades que têm a finalidade de desenvolver o gosto pela leitura”. Neste sentido, a instituição oferece uma boa infraestrutura física e de recursos, “com ambientes convidativos, agradáveis, bem iluminados, organizados e limpos”, diz Laura Piteri. Segundo a diretora, há três bibliotecas na escola (Cecília Meirelles, Tatiana Belinky e o Centro de Documentação) que oferecem um acervo bastante diversificado, com vários exemplares da mesma obra, classifica-
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BRINDES, GRÁFICA
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inForMáTicA, LABorATÓrioS
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BRINQUEDOS EDUCATIVOS, LOUSAS
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LoUSAS, MoLAS PArA PorTAS, MÓVEiS, QUADrAS
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MÓVEIS, PINTURAS ESPECIAIS, RADIOCOMUNICAÇÃO, SISTEMAS DE SEGURANÇA
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