EDitorial DIRETORES Sônia Inakake Almir C. Almeida
Caro leitor,
PÚBLICO LEITOR DIRIGIDO Diretores e Compradores PERIODICIDADE MENSAL exceto Junho / Julho Dezembro / Janeiro cuja periodicidade é bimestral TIRAGEM 20.000 exemplares JORNALISTA RESPONSÁVEL Rosali Figueiredo MTB 17722/SP jornalista@condominio.inf.br Colaborou com reportagem nesta edição: João Elias (Coleta Seletiva de Lixo) CIRCULAÇÃO Estado de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais DIREÇÃO DE ARTE Jonas Coronado ASSISTENTE DE ARTE Nathália Tadiello Rodrigo Carvalho Sergio Willian ASSISTENTE DE VENDAS Emilly Tabuço DEPARTAMENTO COMERCIAL Alexandre Mendes Luiza Leal Silvana Tesser Sônia Candido ATENDIMENTO AO CLIENTE João Marconi Juliana Jordão IMPRESSÃO Prol Gráfica
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As revistas Direcional Escolas e Direcional Educador realizarão, na manhã do dia 13 de abril de 2011, seu 1º Direcional Educação. O propósito é oferecer aos mantenedores e educadores conferências que avaliem os rumos do segmento para os próximos anos. O filósofo, professor e doutor em Educação, Mario Sergio Cortella, autor de diversas obras, ex-secretário de Educação do Município de São Paulo, fará a palestra de abertura, no amplo auditório do Colégio Maria Imaculada, na Av. Bernardino de Campos, próximo ao Metrô Paraíso, em São Paulo. Outro nome confirmado é o do consultor e palestrante Christian Rocha Coelho, autor de “Como fazer sua Escola Crescer” (2010) e diretor de planejamento estratégico da Rabbit Partnership. Christian atende a 800 instituições da rede privada em todo o País e apresentará ao público o tema “Escola Sustentável - Como Crescer neste Negócio Chamado Educação”. Entre os tópicos que abordará, incluem-se estratégias de gestão e organização, diferenciais e posicionamento, parcerias, além de planejamento e ações de marketing pedagógico. Tornar uma escola sustentável requer um exercício permanente de avaliações, planejamentos e reestruturações, diante de um mercado altamente competitivo, diante ainda dos novos parâmetros de ensino-aprendizagem que vão se formando continuamente e obrigam os mantenedores a renovarem os investimentos em recursos pedagógicos e tecnológicos, e face às mobilidades populacionais e econômicas que as cidades enfrentam. Um case que sintetiza bem esse conjunto de desafios é dado pelo Liceu Coração de Jesus, tema do perfil da escola desta edição. Com 125 anos de vida e instalada em um belo conjunto arquitetônico na região central de São Paulo, a escola sofreu impactos não apenas das mudanças ocorridas na Educação como da deterioração urbana, e lança ações que possam torná-la sustentável. Para o consultor em marketing Marcos Cobra, entrevistado para a nossa pauta especial – Responsabilidade Social e s Comunitários – o Liceu é emblemático da necessidade de ações mais consistentes dos agentes públicos e privados contra deterioração e/ou pela recuperação urbana. “São Paulo é perfeitamente reciclável, mas tem que tratar a vida das pessoas de forma diferente”, acredita Cobra, recomendando às mantenedoras tornarem-se corresponsáveis pela qualidade de vida no ambiente em que estão inseridas. Uma oportunidade de conhecer bem a dinâmica da interdependência entre os ambientes é dada pelos estudos do meio, atividade cada vez mais frequente na rede de ensino, um dos instrumentos de Educação Ambiental e assunto de nossa pauta de gestão. Já as dicas sobre coleta seletiva de lixo, berçários (treinamento) e ergonomia de estudantes trazem mais subsídios aos gestores escolares. Completam a edição um fique de olho sobre alimentação e outro sobre mobiliário. Esta edição da Direcional Escolas completa os trabalhos de um ano ao mesmo tempo em que procura abrir, com disposição renovada, mais uma temporada de reportagens e serviços oportunos que pretendemos oferecer ao nosso público leitor em 2011. Não percam a edição de fevereiro próximo, que trará mais informações do 1º Direcional Educação, bem como as escolas sorteadas em nossa pesquisa e concurso de prêmios. Uma boa leitura a todos e um 2011 de muito sucesso, Rosali Figueiredo Editora Direcional Escolas, Dezembro / Janeiro 11
EDITORA Rosali Figueiredo
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SUMário
especial
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Responsabilidade Social e Projetos Comunitários
A partir da nova LDB e dos PCN’s de 1997, as instituições de ensino iniciaram um processo paulatino e mais consistente de incorporar os s sociais às suas ações, colocando-os como mais um importante recurso de ensino-aprendizagem dos alunos. O propósito é garantir uma formação cidadã e prepará-los para viver “em um ambiente de diversidade social, pluralismo de idéias, respeito aos diferentes modos de ser e interdependência”. Os s ajudam também a projetar uma imagem positiva das mantenedoras.
PERFIL DA ESCOLA
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Com 125 anos de vida, escola tem sua história pautada pelo pioneirismo, pois foi a primeira a acolher filhos de escravos, três anos antes da Abolição. Também inovou ao apostar na música, nas artes e nas atividades lúdicas como método de aprendizagem, em época de uso comum da palmatória e de rigidez disciplinar. Mas o Liceu sofre os reflexos da deterioração urbana, apesar de instalado em um privilegiado espaço no centro de São Paulo. Mobilizando a comunidade e ex-alunos, buscando parceiros e novas fontes de receita, instituição luta para se tornar sustentável.
dica
gestão
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Planejamento de Estudos do Meio
A educação ambiental, introduzida por legislação federal há cerca de dez anos, tem contribuído para a profissionalização das atividades de estudos do meio, realizadas, em geral, por meio de parceiros especializados em turismo pedagógico. A reportagem aborda alguns dos cuidados que cabem às mantenedoras, outros que devem ser minimamente atendidos pelos prestadores de serviços. Ambos, entretanto, devem estar preparados para oferecer conteúdo e roteiro pertinentes ao planejamento pedagógico.
FIQUE DE OLHO
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Alimentação
Direcional Escolas, Dezembro / Janeiro 11
A profissionalização dos serviços terceirizados de lanches, refeições e merendas é um dos destaques da seção, que apresenta um perfil da maior rede de cantinas escolares no País, a Cantinas do Tio Julio. Outro destaque é a realização em São Paulo do 7º Fórum Nacional de Alimentação Escolar, entre os dias 19 e 20 de maio de 2011, uma promoção da Federação Nacional das Empresas de Refeições Coletivas (Fernec).
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Móveis Escolares
Além do atendimento às normas técnicas e às recomendações dos órgãos oficiais da Educação, a produção do mobiliário escolar aposta na sustentabilidade ambiental, recorrendo a madeiras provenientes de florestas de manejo e à reciclagem de embalagens PET. É o caso de A Poderosa Móveis, empresa com 15 anos de mercado, três dos quais focados no segmento.
Liceu Coração de Jesus
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Coleta Seletiva de Lixo
Uma das práticas de sustentabilidade mais comuns entre as escolas, a coleta seletiva de lixo envolve toda comunidade, de alunos, funcionários, professores, pais e familiares a moradores do entorno das instituições. As atividades reforçam o conteúdo de educação ambiental inserido na programação pedagógica pela legislação federal e contribuem para gerar renda e emprego, por meio de parceiras com associações de catadores de papel.
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Berçários – Treinamento
A capacitação periódica dos educadores, berçaristas e babás que lidam com bebês até dois anos de idade é condição indispensável para assegurar aos pequenos um processo saudável e seguro de formação da autoestima. Esses profissionais devem portar um conhecimento mínimo sobre a psicologia infantil, de forma a realizar as atividades rotineiras em prol do seu desenvolvimento motor, intelectual, afetivo e emocional.
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Ergonomia - Alunos
As crianças e adolescentes requerem uma atenção especial em relação ao seu desenvolvimento físico e motor, já que se encontram em uma “fase plástica”, de estruturação corpórea, momento fundamental para configurar as posturas que apresentarão quando adultos. Incentivar posturas corretas em sala de aula, no uso do computador e no transporte das mochilas é o mínimo que as escolas podem fazer para prevenir lesões e garantir “um molde anatômico e funcional saudável”.
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Direcional Escolas, Dezembro / Janeiro 11
ESPECIAL - RESPONSABILIDADE SOCIAL E PROJETOS COMUNITÁRIOS
Ilustração: Sergio Willian
ALÉM DOS MUROS DA ESCOLA A prática da responsabilidade social começou incipiente nos anos 70, diante da necessidade de empresas poluidoras combaterem sua imagem de vilã e atenuar os danos às comunidades e ao meio ambiente. Entre as escolas, especialmente confessionais e de formação humanista, o conceito cresceu ao assumirem bandeiras contra a exclusão social. E depois da nova LDB, valorizou-se como recurso de formação do aluno, sinônimo de comprometimento com a cidadania e, por que não, um bom instrumento de divulgação institucional. Por Rosali Figueiredo
Direcional Escolas, Dezembro / Janeiro 11
P
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arceria entre escolas, familiares e comunidades, formação
sociedade”, bem como “o fortalecimento dos vínculos de família,
cidadão do aluno, voluntariado, protagonismo juvenil, desenvol-
dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em
vimento de habilidades e competências e emergência do senso
que se assenta a vida social”. Envolver os estudantes em s sociais
de responsabilidade pela vida fundamentam muitas das propostas
tornou-se parte do ensino-aprendizagem, uma nova “responsabi-
pedagógicas apresentadas pelas instituições da educação básica.
lidade da escola” e uma forma de “sensibilizar o aluno para uma
Invariavelmente, dão o tom de seus comunicados aos pais, sites,
realidade diferente, a qual ele provavelmente não teria acesso sem
materiais de divulgação e propaganda, revelando a preocupação
a ação educativa”, observa Gonzalo Vergara Barba, professor de
em atender a um dos princípios fundamentais dos Parâmetros
Espanhol, Ensino Religioso e Filosofia e coordenador da área no
Curriculares Nacionais (PCN’s), de 1997: “O ensino de qualidade
Colégio Madre Paula Montalt, localizado na zona Oeste de São
que a sociedade demanda atualmente expressa-se aqui como a
Paulo.
possibilidade de o sistema educacional vir a propor uma prática
Para o vice-diretor do Ensino Fundamental II do Colégio Mó-
educativa adequada às necessidades sociais, políticas, econômi-
bile, Antônio de Freitas da Corte, “o objetivo é a conquista da
cas e culturais da realidade brasileira, que considere os interesses
autonomia moral do aluno, a qual se aprende em um ambiente
e as motivações dos alunos e garanta as aprendizagens essen-
de diversidade social, pluralismo de idéias, respeito aos diferentes
ciais para a formação de cidadãos autônomos, críticos e partici-
modos de ser e interdependência”. De origem laica e localizado
pativos, capazes de atuar com competência, dignidade e respon-
na zona Sul de São Paulo, o colégio pauta seu pedagógico sobre
sabilidade na sociedade em que vivem.”
dois grandes pilares, observa Antônio de Freitas: formação social
A Lei de Diretrizes e Bases (LDB/ Lei Federal 9.394/96), por sua
e acadêmica. Já no Colégio Magister, instituição também laica
vez, havia anteposto como “objetivo maior” do Ensino Fundamen-
criada há 40 anos na zona Sul de São Paulo, busca-se “abrir um
tal, “propiciar a todos formação básica para a cidadania, a partir
espaço para o aluno aprender a olhar o próximo”, observa Carlos
da criação na escola de condições de aprendizagem”, entre elas,
Enrique Garcia, professor de Teatro e coordenador de eventos e
“a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político,
s sociais na instituição. “A ação o estimula a melhorar, a crescer
da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a
social e individualmente, a cuidar e desenvolver um potencial para
ESPECIAL - RESPONSABILIDADE SOCIAL E PROJETOS COMUNITÁRIOS fazer algo no futuro. Essa é a essência da responsabilidade social
creativas com as crianças da comunidade, pois queríamos fazer
e do voluntariado jovem”, resume.
com que ela crescesse, melhorasse a qualidade de vida, além de estimular o movimento cultural”. A proposta de mudança partiu
AÇÃO OU RESPONSABILIDADE SOCIAL?
da coordenação pedagógica, passou a contar com o apoio grada-
Conforme avalia o professor Gonzalo, do Madre Paula Mon-
tivo da mantenedora e resultou no “Interagindo com o Saber”.
talt, a moderna Pedagogia, introduzida por nomes como o soció-
Este se baseia no compromisso voluntário de alunos do Fun-
logo suíço Philippe Perrenoud ou a educadora brasileira Terezinha
damental II e Ensino Médio. Os demais participam de forma indi-
Rios, entre outros, abriu o olhar das escolas para a necessidade
reta, por meio das campanhas de arrecadação de roupas, livros,
“de se estabelecer parcerias com os pais, o bairro e o que aconte-
presentes e alimentos. Acompanhados pelo vice-diretor e um pro-
ce nele”. Para as escolas que já tinham uma tradição de trabalho
fessor voluntário, os estudantes do Magister realizam uma visita
social, como as confessionais ou comunitárias, isso veio a reforçar
mensal à Associação, organizando e monitorando atividades com
uma importante linha de trabalho. Mas no conjunto, verifica-se
40 crianças, entre 6 e 11 anos. A entidade, entretanto, atende-as
que a introdução paulatina de atividades com preocupação am-
diariamente, recebendo suporte do Magister, que custeia os ho-
biental e assistencial fomentou propostas mais duradouras e con-
norários de um monitor e promove dois eventos anuais – a festa
sistentes, por meio de parcerias com associações civis e ofertas de
junina e um jantar beneficente – com vistas a angariar verba para
cursos do EJA (Educação de Jovens e Adultos).
a Associação.
doutor em Filosofia e História da Educação pela Universidade Es-
“JANELA DE EXPERIÊNCIA DE VIDA”
tadual de Campinas (Unicamp), observa que o olhar em direção
No Colégio Móbile, além da participação voluntária dos estu-
ao outro tem uma de suas origens em “uma leitura mais social da
dantes do Ensino Médio e dos pais no EJA, seus colegas do 8º e 9º
Bíblia”, motivada por um contexto social de grande desigualda-
ano atuam como monitores no “Projeto Sou Digital” , recebendo
de e de reação a regimes políticos autoritários, antidemocráticos.
crianças da Associação Gotas de Flor com Amor para aulas de
Inspiradas na Teologia da Libertação dos anos 60 e 70, “muitas
informática. “São exercícios de convivência e uma oportunidade
congregações religiosas abandonaram a atuação educacional,
de desenvolver a solidariedade, o respeito e a colaboração”, diz
cuja justificativa era o fato de atingir uma parcela privilegiada
Antônio de Freitas da Corte, lembrando que também os alunos
da população”. Outras, porém, passaram a desenvolver um novo
do Móbile aprendem algu-
pedagógico, “mais preocupado com as questões sociais, a forma-
mas práticas com a Associação, como a reci-
ção da cidadania e a atuação da
clagem de materiais.
população civil”.
Esses sintegram a
Há, entretanto, dife-
Ação Comunitária
renças entre as atividades esporádicas e a
do Móbile, que possui
prática efetiva de res-
outras frentes de trabalho e
ponsabilidade social, caracterizada por um trabalho contínuo. “As ações pontuais atendem a um dado momento, mas acreditamos que
“vem de encontro à proposta pedagógica da escola”. Um formato um pouco diferenciado é proposto pelo Colégio Madre Paula Montalt,
para que tenham resultado, é preciso lan-
que hoje envolve 120 alunos do 9º ano e do
çar um olhar maior que a doação. E a escola,
Ensino Médio em três frentes de trabalho:
como agente da educação, pode contribuir com
o Cantinho Que Encontrei, um abrigo para
a formação”, acredita o vice-diretor do Magis-
crianças abandonadas; o “Sopão”, realizado
ter, Carlos Enrique Garcia. A própria mantenedo-
em conjunto com a paróquia do bairro e mo-
ra mudou sua forma de atuar há cerca de cinco
radoras voluntárias e que oferece um jantar
anos, quando “percebeu que não adiantava tocar
diário à população carente da região; e o
s isolados, então resolveu adotar uma comunida-
“Nossa Turma”, programa sócio-educativo com
de que estivesse se organizando socialmente”. É a Associação ProBrasil, do Jardim dos Ála-
crianças carentes bancado pela Ceagesp. Escolhendo um dos locais para atuarem,
mos, em Parelheiros, extremo sul de São Paulo.
sempre acompanhados por professores,
“Passamos a desenvolver atividades lúdicas e re-
os estudantes têm que cumprir 12 horas
Direcional Escolas, Dezembro / Janeiro 11
O educador e professor universitário Marco Antônio Pratta,
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ESPECIAL - RESPONSABILIDADE SOCIAL E PROJETOS COMUNITÁRIOS por trimestre, recebendo, ao final, três pontos extras na média.
de que as coisas se acomodavam naturalmente. Quando São Paulo
“Isso é insignificante em uma escala de zero a 100”, pondera
começou a se tornar inabitável do ponto de vista da poluição e
Gonzalo, que acredita, no entanto, que a recompensa possa ser
surgiram os primeiros sintomas sobre a saúde, iniciou-se a for-
extinta em breve. Segundo ele, a estratégia vinha sendo adotada
mação de uma consciência. Não era mais possível lidar com a de-
como um atrativo para os estudantes, uma espécie de impulso
gradação ambiental sem essa responsabilidade”, comenta Marcos
inicial “para vencer barreiras e preconceitos”, uma vez que se con-
Cobra.
vive hoje com “a geração aquário, que olha tudo através do vidro,
Nesse momento, foi preciso desenvolver ações de marketing
da tevê, da janela do carro, sem contato direto com a realidade”.
para melhorar a imagem junto à comunidade em que as empresas
“Nesse contexto, ela não tem noção da gratuidade e olha o dife-
poluidoras estavam implantadas, já que eram olhadas como “vi-
rente como agressor”. Ao final do trabalho, acrescenta Gonzalo,
lãs”. Eram “ações reparadoras”, mas hoje a responsabilidade social
“eles percebem que o ganho é muito maior que os três pontos”. “É
teve o conceito ampliado e faz parte do arcabouço da missão das
uma janela de experiência de vida que se abre para eles.”
organizações, observa o consultor. “É questão de sobrevivência
Sua colega e professora de Ensino Religioso, Anunziata Izabel
funcional”, uma intervenção preventiva, necessária para evitar a
Marques Lopes, precursora do trabalho social na escola, defen-
degradação ambiental e social. “Depois fica difícil reconquistar
de o voluntariado pleno. Anunziata começou voluntariamente no
esse espaço”, pondera. O consultor defende a “ação preventiva de
Cantinho há 18 anos, com o tempo atraiu o interesse de alunos
salvaguarda da qualidade de vida”, tanto para as empresas, quan-
do Ensino Médio para o local, ajudou a desencadear outras ações
to para as instituições de ensino.
entre professores e estudantes, até que de três anos para cá viu isso se tornar parte de uma ação institucionalizada da mantenedora. Atualmente, o colégio oferece suporte e remuneração para que os professores realizem os trabalhos. Os demais estudantes são envolvidos por meio de campanhas de arrecadação, muitas delas organizadas pelo grêmio, e todo o processo é avaliado nas reuniões do Conselho, diz Gonzalo.
O PONTO DE VISTA DO MARKETING Portanto, o enfoque é o da aprendizagem, ou, como observa Antônio de Freitas da Corte, do Móbile, o propósito é “formar sujeitos que tenham consciência de sua responsabilidade social”. De alguma forma, no entanto, os s acabam agregando valor à imagem das escolas, afirma o vice-diretor. No Colégio Magister, o coordenador Carlos Enrique destaca que “não queremos fazer disso um marketing externo”, mas que há “benefícios para a imagem da instituição”. “Esse não é o ponto, tampouco nossa finalidade, apenas uma conseqüência”, avalia.
SAIBA MAIS Colégio Magister Carlos Enrique Garcia enrique@magister.com.br Colégio Madre Paula Montalt Anunziata Izabel Marques Lopes Anunziata.lopes@terra.com.br Gonzalo Vergara Barba Gvergara_75@hotmail.com Marilda Contrucci Mari_contrucci@hotmail.com
Segundo um dos principais nomes do marketing brasileiro, Marcos Cobra, consultor, professor da Fundação Getúlio Vargas e autor, entre outros, de “Marketing Educacional” (pela Cobra Editora & Marketing), em co-autoria com Ryon Braga, a ação social faz parte da índole de muitas instituições. “Elas fazem porque acredi-
Colégio Móbile Antônio de Freitas da Corte antonio.corte@escolamobile.com.br
tam e nem se preocupam com o aspecto mercadológico. Mas podem Direcional Escolas, Dezembro / Janeiro 11
transformar isso numa ação de marketing saudável, que não cons-
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titua nenhum tipo de mal-estar à comunidade. Basta fazer sempre, de
forma
que
não
pareça
oportunista,
a
apagar
incêndio”, diz. Marcos Cobra, que atuou durante 30 anos como executivo de vendas e marketing de grandes empresas, lembra que a noção de responsabilidade social foi construída gradativamente desde os anos 70. “Durante muito tempo as empresas mantiveram a idéia
Marco Antônio Pratta emmppsic@terra.com.br Marcos Cobra www.ilam.com.br Marcos.cobra@ilam.com.br
GESTÃO: PLANEJAMENTO DE ESTUDOS DO MEIO
COMO SE ORGANIZAR E O QUE COBRAR DE SEUS PARCEIROS
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uando fecharem o calendário e o planejamento escolar de 2011, entre os meses de dezembro e janeiro, as escolas anteciparão boa parte dos passeios que farão ao longo do ano, como no caso do Colégio Franciscano Nossa Senhora do Carmo (Franscarmo), localizado na Vila Alpina, zona Leste de São Paulo. “A coordenação pedagógica costuma me passar no final de janeiro toda a programação que haverá no período”, afirma a assistente de marketing e eventos, Vilma de Godoy Alves. Algumas atividades acabam agendadas no transcorrer do ano, mas Vilma consegue organizá-las bem, cuidando de toda a logística ou contratando parceiros. O Franscarmo realiza de três a quatro saídas por série no ano, da Educação Infantil ao Ensino Médio, levando os estudantes a parques ecológicos e de diversão, espaços pedagógicos, viagens de estudos do meio, de confraternizações e formaturas. Leva ainda a museus, espetáculos teatrais e universidades. Mas são os estudos do meio uma das modalidades que mais crescem na rede de ensino, o que tem feito, por exemplo, a Fazenda Ituau, localizada em Salto, Interior do Estado, a investir ano a ano na ampliação de sua infraestrutura. Especializada em educação ambiental e alimentar, a Fazenda recebe hoje 120 estudantes por dia e tem recusado pedidos de grupos maiores. “Em 2011 aumentaremos nossa capacidade para 160 alunos”, afirma o empresário Cyro Cury, que está ampliando as instalações sanitárias, pretende contratar mais monitores e irá inaugurar o Espaço do Educador. A Fazenda Ituau iniciou os trabalhos com estudos do meio em 2007, aproveitando sua expertise em manejo sustentável na produção de frutas, legumes e verduras, bem como o mercado que se abriu a partir da instituição da Política Nacional de Educação Ambiental. Introduzida pela Lei Federal 9.795/99 e regulamentada pelo Decreto 4.281/2002, ela incluiu o ecoturismo como um dos recursos de aprendizagem dos programas de educação ambiental da rede pública e privada. A educação ambiental ganhou, desde então, status de requisito para autorização e supervisão das atividades de ensino. “Ela não deve ser implantada como disciplina específica, mas desenvolvida de maneira integrada de acordo com o plano escolar anual”, afirma Marlene Schneider, do Departamento Pedagógico do Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo). Segundo o professor Sérgio Domingos de Oliveira, do curso de Graduação de Turismo e Hotelaria da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Campus Experimental de Rosana, “o fenômeno é formalmente novo, mas sempre aconteceu na prática, apenas está mais organizado”. Graduado em Turismo e doutor em Gestão Ambiental, Sérgio Domingos observa que os estudos do meio representam “uma forma importante de assimilação do conhecimento, pois vivenciar in loco algumas experiências transforma-se uma aprendizagem mais eficiente”.
CUIDADOS BÁSICOS Para tanto, é preciso, em princípio, realizar um levantamento da área e observar de que forma o local se integra aos objetivos pedagógicos da escola. O professor da Unesp recomenda sempre a participação de um guia local, que conheça bem a região e suas peculiaridades, de forma a enriquecer a experiência. Também Cyro Cury defende “um preparo anterior à visita, para que esta funcione como um start ou complemento ao programa escolar”. E ao parceiro contratado pela mantenedora cabe, conforme Cyro, “oferecer conteúdo e abordagem adequada à faixa etária que está sendo recebida”. A Fazenda Ituau trabalha com um monitor para cada dez estudantes, profissional graduado em Turismo, diz. Outra contrapartida que cabe ao anfitrião é organizar bem o roteiro da visita e assegurar “dinâmicas lúdicas”, como o plantio de mudas, a participação em gincanas de conhecimentos, desafios tipo “caça aos alimentos perigosos” e refeições criativas e informativas. Claro que não se pode descuidar da estrutura física nem da segurança. É necessário dar conforto aos visitantes, observa, com acesso fácil à água potável, bem como oferecer recursos de primeiros socorros, com monitores treinados a agir em situações de quedas, picadas de insetos e animais peçonhentos, além de reações alérgicas. Por outro lado, as escolas devem orientar os estudantes para o uso de uniformes, bonés, protetores solares e a hidratação contínua. No Franscarmo, é indispensável a autorização dos pais e o uso do uniforme escolar. Crianças devem portar crachás de identificação. Segundo Vilma, o colégio mantém um seguro de responsabilidade civil com cobertura adicional para as saídas, “excluídos danos decorrentes de atividades como acampamento (neste caso, os seguros são feitos pela empresa parceira), parques de diversão e passeios com animais”. Segundo a assessora pedagógica do Sieeesp, Marlene Schneider, a autorização dos pais ou responsáveis para os passeios é exigida pelo Artigo 83 do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei Federal 8.069/90). O Sieeesp orienta que os pedidos de autorização informem o nome do professor responsável, objetivos, local, horário de saída e chegada e tempo de duração. Esse documento deverá ficar sob a responsabilidade do professor, finaliza Marlene. SAIBA MAIS Cyro Cury www.fazendaituau.com.br / fazendaituau@uol.com.br Prof. Dr. Sérgio Domingos de Oliveira Unesp/Campus Experimental de Rosana sedoliveira@yahoo.com Vilma de Gody Alves marketing@franscarmo.com.br
Direcional Escolas, Dezembro / Janeiro 11
Ilustração: Sergio Willian
O ecoturismo tornou-se recurso de aprendizagem a partir da introdução da Política Nacional de Educação Ambiental, em 1999, conquistou a adesão das escolas e alunos e busca se profissionalizar, proporcionando uma experiência rica, segura e confortável. Por Rosali Figueiredo
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Proteção ao meio ambiente com geração de renda e emprego
Direcional Escolas, Dezembro / Janeiro 11
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incentivo à coleta seletiva de lixo no ambiente escolar, o estímulo para que os estudantes façam o mesmo em suas casas, e reduzam a produção de resíduos figuram atualmente como uma das práticas de sustentabilidade mais comuns na rede de ensino. O que não deixa de ter um viés social, ao contribuir para gerar renda e emprego, como no caso do Colégio Franciscano Nossa Senhora do Carmo (Franscarmo), situado na Vila Alpina. A mantenedora destina todo o material - 8 kg de latas de alumínio, 5 kg de plástico e 11 kg de papel recolhidos semanalmente – para a Pastoral da escola. A renda gerada é utilizada nos programas sociais da instituição, como a distribuição de brinquedos e alimentos no Natal para creches e orfanatos, afirma o diretor administrativo Flávio Eura. O Colégio Francarmo disponibiliza lixeiras para a coleta separada de papel, vidro, plástico, metal e material orgânico e orienta os estudantes para que tragam os recicláveis de casa, diz Flávio. Mas o tema é trabalhado também pelo programa pedagógico aplicado aos seus 859 alunos. Na Educação Infantil, os pequenos assistem a filmes e realizam atividades lúdicas ligadas ao assunto. No Fundamental I, desenvolvem trabalhos, gincanas e atividades pedagógicas, junto com a disciplina de Ciências. No Fundamental II, os adolescentes realizam um trabalho de conscientização junto à comunidade, explicando a importância da reciclagem. Além disso, os alunos do Fundamental I e II criaram um pólo para coleta de óleo de fritura, que tem a colaboração da comunidade e conta
Ilustração: Sergio Willian
DICA: COLETA SELETIVA DE LIXO
com a parceria do Instituto Triângulo, uma organização não-governamental que recicla o conteúdo. Finalmente, no Ensino Médio, os estudantes auxiliam na separação e acondicionamento dos materiais para a entrega em postos de coleta. Em 2011, o Franscarmo dará continuidade às ações e lançará um novo , cujo tema será “Cuidar do que está próximo”, com mais ações de conscientização, conforme destaca o diretor. Um dos objetivos é conquistar maior participação da comunidade local, um trabalho que já foi iniciado pelos alunos do Fundamental II, comenta Flávio. Outra forma de contribuir socialmente por meio da coleta seletiva é aderir ao programa da Prefeitura de São Paulo. Para participar, as escolas públicas ou privadas devem se inscrever diretamente na Limpurb, afirma Valdecir Papazissis, diretor de coleta seletiva do Departamento de Limpeza Urbana do município. O órgão público ministra palestras explicativas, fornece um kit com atividades propostas para os professores desenvolverem em sala de aula e disponibiliza um contêiner. Valdecir explica que a Limpurb garante a retirada semanal do material, através de duas concessionárias de coleta de lixo domiciliar e de 17 cooperativas conveniadas. Diariamente, segundo ele, o sistema recolhe 120 toneladas de material, encaminhando-o para uma das 17 Centrais de Triagem da Prefeitura, onde os cooperados fazem a separação do material para comercialização. São cerca de 1.000 cooperados, ex-catadores de rua que realizam todo o trabalho e recebem cerca de R$ 600,00 mensais, originários da venda do material. O atual Programa de Coleta Seletiva da cidade de São Paulo foi implantado em agosto de 2002. Suas operações iniciaram em fevereiro de 2003, com a inauguração da primeira Central de Triagem no bairro da Mooca, lembra Valdecir Papazissis. Na época, eram coletadas 5,3 toneladas/ano de material reciclável, número que saltou a 45 mil toneladas em 2010. (Com reportagem de João Elias)
SAIBA MAIS - Flávio Eura - direcaoadministrativa@franscarmo.com.br Prefeitura de São Paullo www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/servicos/limpurb/coleta_seletiva Valdecir Papazissis - vacpapazissis@prefeitura.sp.gov.br
Na Próxima Edição: Feira do Livro - Editoras e Organizadoras
A
s normas de funcionamento das creches e escolas de educação infantil, entre elas questões relativas à formação mínima e treinamento dos profissionais, costumam ficar a cargo dos estados e municípios, prerrogativa a ser mantida pela nova portaria do segmento no País, instrumento conjunto do Ministério da Educação e da Saúde que entrará em vigor nos próximos meses. “Alguns pré-requisitos continuarão sendo impostos em nível municipal”, acredita Damaris Gomes Maranhão, enfermeira e doutora em Ciências da Saúde pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), professora da Universidade de Santo Amaro (UNISA) e do Instituto Superior de Educação Vera Cruz. Independente, no entanto, das exigências que mudam conforme as particularidades de cada região, formou-se um consenso entre os especialistas de que não há como escapar da capacitação periódica dos profissionais que atuam com crianças entre zero e seis anos. Mais do que os cuidados de puericultura, relacionados à alimentação e higiene, as babás, berçaristas e os educadores devem ter “um mínimo de conhecimento” sobre a psicologia infantil, de forma a realizar as atividades rotineiras em prol do desenvolvimento motor, intelectual, afetivo e emocional dos bebês e crianças pequenas, defende a psicóloga Regina Elia, que há 15 anos ministra cursos na área. Normas do Conselho Estadual de Educação de São Paulo, por exemplo, apontam a necessidade de “qualificação, habilitação e nível de escolaridade, devendo a mantenedora ter um plano de atualização e aperfeiçoamento dos recursos humanos” (Deliberação 22/97). Há também a exigência de um quadro mínimo de profissionais graduados em nível superior (Normal Su-
perior e Pedagogia) ou Magistério (curso de nível médio). Paralelamente, recomenda-se que cada professor tenha sob sua responsabilidade no máximo seis crianças até os 12 meses e oito crianças entre 12 e 24 meses, aumentando a proporção conforme a evolução da idade. Mas a diretora do Instituto Superior de Educação de São Paulo (Instituto Singularidades), Gisela Wajskop, especialista em administração na Educação Infantil, acredita que o desenvolvimento na faixa etária até três anos “ainda é pouco valorizada no Brasil”, apesar de ser “de suma importância para a constituição da personalidade infantil”. É preciso, segundo ela, destinar tempo e recursos financeiros para a qualificação dos funcionários e educadores. Para a psicóloga Regina Elia, há cursos na área da Psicologia que chegam a demandar uma carga horária mínima de 200 horas. “A berçarista tem que ter noção mínima do desenvolvimento infantil, pois às vezes ela fica até oito horas com um bebê, tornando-se co-responsável na formação do ‘eu’ da criança”, justifica. “Existem técnicas e brincadeiras de estimulação na hora da alimentação, do banho, da troca e demais rotinas diárias, em que ela deve contribuir para a formação da autoestima, explorar o conhecimento do corpo e introduzir hábitos de alimentação saudável e higiene”, diz. Não se pode esquecer ainda da parte sensório-motor, pondera, por sua vez, a pedagoga Margaret Pires, parceira de Regina Elia. Entre o 3º ou 4º mês e os dois anos, fase em que fica no berçário, o bebê precisa ser estimulado, de acordo com o seu crescimento, a usar as mãozinhas, sentar, engatinhar, andar e a desenvolver o equilíbrio, o que pode ser feito por meio de brincadeiras, uso de objetos sonoros, música, contação de histórias e diálogos, enumera Margaret. (R.F.)
SAIBA MAIS - Damaris Gomes Maranhão -damaranhao@uol.com.br Gisela Wajskop - gisela@singularidades.com.br Margaret Pires - marga@escolareginaelia.com.br Regina Elia - reginaelia@escolareginaelia.com.br
Na Próxima Edição: Formatura - Organização e Fornecedores
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Atenção à formação da autoestima dos bebês
Ilustração: Sergio Willian
DICA: BERÇÁRIOS – TREINAMENTO
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A importância da postura num corpo em estruturação
P
Direcional Escolas, Dezembro / Janeiro 11
és apoiados no chão, com os joelhos formando um ângulo de 90 graus, quadris postados bem no fundo da cadeira, alinhando a coluna no encosto e evitando escorregar como se fosse um “saco de batatas”. Assim devem se posicionar os estudantes quando estão sentados, assistindo aulas, recomenda a fisioterapeuta Maria Luiza Biton Gutierrez, diretora do Instituto de Fisioterapia Analítica. Ainda incipiente nas escolas, a preocupação com a ergonomia dos alunos exige “uma ação mais séria de prevenção postural, contribuindo para uma correta formação estrutural do indivíduo para toda a sua vida”, aponta. A atenção deve envolver não apenas o sentar, mas o próprio deslocamento, considerando principalmente os pesos das mochilas e a forma de carregá-las. Segundo a fisioterapeuta, as crianças e adolescentes apresentam uma estrutura física em formação (músculos, ligamentos, tendões e articulações), “uma fase totalmente plástica”. “Na infância, a criança está em plena programação do seu cérebro, e destas programações vai depender todo o seu contexto neuropsicomotor, os reflexos posturais, enfim, a base que vai constituí-lo no adulto que será.” O alinhamento da coluna, o uso de materiais adequados para preservar a função das articulações e orientações corretas para as atividades diárias permitem “um bom crescimento dos tecidos” e que as estruturas sejam “fabricadas dentro de um molde anatômico e funcional saudável”. O Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo) costuma orientar as associadas para
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Ilustração: Sergio Willian
DICA: ERGONOMIA – ALUNOS
que incluam, no pedagógico, um programa de conscientização “a fim de incentivar posturas corretas, não só na sala de aula, na carteira escolar, mas em frente ao computador e em relação ao peso das mochilas”, diz a assessora Marlene Schneider, do Departamento Pedagógico. Outra recomendação é adquirir mobiliário que atenda às normas da ABNT. São elas as NBR’s 14006/97 e 14007/97, que dão parâmetros para a produção do conjunto do aluno, do professor e estudantes com necessidades especiais. É preciso respeitar a idade e o tamanho dos alunos, já que o mercado dispõe “de material específico para as escolas de educação infantil, fundamental e médio”. Na Prima Escola Montessori de São Paulo, a compra dos móveis requer um cuidado especial, pois sua metodologia de ensino agrupa as salas por ciclos e não séries, reunindo estudantes com idades e tamanhos diferenciados em uma mesma turma. “Isso nos impõe pelo menos três padrões de altura de mesas e cadeiras”, afirma a diretora pedagógica Edimara de Lima, que resolveu também adaptar o tamanho da superfície das mesas dos alunos, ampliando-o para 90 centímetros de comprimento. “Eles reclamavam que mal cabia um caderno universitário sobre as mesas”, lembra. Outro cuidado é oferecer apoios para os pés daqueles que não conseguem alcançar o chão e orientar quanto ao peso das mochilas. Há cerca de dois anos, a escola promoveu uma “vistoria” surpresa na mochila de cada estudante, quando Edimara pesou cada uma das bolsas, encontrando mochilas com até 12 quilos (recomenda-se um teto entre dez a 15% do peso corporal). Para a fisioterapeuta Maria Luiza, é importante também orientar os estudantes a alternarem a forma de carregá-la, “ora na frente, segurando com os braços, ora utilizando as alças e a pendurando para trás”. (R.F.)
SAIBA MAIS - Edimara de Lima - edimara@primamontessori.com.br Maria Luiza Biton Gutierrez - contato@fisioterapiaanalitica.com.br LEIA MAIS Em www.direcionalescolas.com.br, as orientações completas da fisioterapeuta Maria Luiza Biton Gutierrez.
Na Próxima Edição: Conforto Térmico
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O COMPROMISSO COM O HÁBITO ALIMENTAR SAUDÁVEL
Ilustração: Sergio Willian
FIQUE DE OLHO: ALIMENTOS
Por Rosali Figueiredo
A
s iniciativas de alguns estados brasileiros em prol da regulamentação do comércio de alimentos e bebidas nas escolas, visando à preservação da saúde das crianças e adolescentes, obrigam as mantenedoras a ficaram muito atentas aos negócios que estabelecem com parceiros ou fornecedores de seus produtos. Para as Cantinas do Tio Julio, essas normas vêm de encontro à sua proposta de oferecer alimentos saudáveis, com variedade e qualidade, preço acessível e serviços adicionais, a mais de 100 mil estudantes em várias cidades brasileiras. Criada em 1984 no Rio de Janeiro e tendo chegado a São Paulo em 2007, a empresa representa hoje a maior rede de cantinas escolares do País, atendendo a cerca de 100 pontos espalhados em ambos os estados, Interior e Capital, e no Distrito Federal. “Em 2011, estaremos presentes ainda em Porto Alegre, Juiz de Fora, Fortaleza e Recife”, afirma o empresário Júlio César Salles, sócio-gerente da rede. Júlio aposta no grande diferencial da empresa, que reside em conciliar os interesses de gestão das instituições, proporcionando-lhes um serviço e uma fonte de renda extra, à preocupação com a qualidade da alimentação. As Cantinas do Tio Julio dispõem de uma equipe de nutricionistas, responsáveis pela elaboração do cardápio, produção dos alimentos e supervisão da operação das unidades. “Nosso trabalho visa à do local perante a Vigilância Sanitária e às normas das prefeituras, e também à adequação dos cardápios e lanches conforme o que foi instituído pelo Conselho Regional de Nutricionistas (CRN)”, aponta Cynthia Papa, uma das profissionais da rede. Segundo a nutricionista, as Cantinas do Tio Julio adotam o Manual de Boas Práticas para Manipulação dos Alimentos, um conjunto de orientações elaborado pelo CRN em relação à limpeza, treinamento dos funcionários, além de compra, preparo,
conservação e venda dos alimentos. Uma das preocupações das Cantinas do Tio Julio é dar orientações sobre o hábito alimentar saudável, contribuindo para combater a obesidade infanto-juvenil, “sério problema de saúde pública da sociedade moderna”, explica Julio César. Por outro lado, o cardápio de suas unidades oferece salgados de forno, sucos naturais, bebidas lácteas, doces e refeições executivas ou por quilo. O empresário destaca, portanto, como benefícios da rede, a padronização da cantina, um cardápio saudável elaborado por nutricionista, a eliminação das frituras, além da agilidade no atendimento e a administração em sistema de parceira (criando-se a figura de “sócios operacionais”). A empresa costuma estabelecer negócios com microempresários locais para a exploração dos serviços da cantina, locando o espaço físico junto à mantenedora, pelo prazo de cinco anos. O formato permite que sempre haja um dos sócios no ambiente escolar, acompanhando diariamente a operação dos serviços, observa Julio. A rede atua ainda como fiadora do sócio que irá explorar os serviços. A rede exige do parceiro o uso de uniformes e equipamentos de segurança no trabalho (EPI’s) pelos funcionários. Os alimentos são fornecidos pela Central de Produção das Cantinas do Tio Julio, “mantendo-se, assim, a padronização e qualidade oferecida em sua proposta inicial”. Outro serviço oferecido é o Lanche Electron, um cartão de alimentação que os pais ou responsáveis dos estudantes carregam com créditos para serem utilizados nas cantinas. E para fidelizar a clientela, a rede lançou uma campanha promocional e irá sortear viagens a Cancun (México) ou Bariloche (Argentina).
7º FÓRUM NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR
Direcional Escolas, Dezembro / Janeiro 11
A rede de ensino terá uma boa oportunidade para conhecer o mercado de alimentação institucional entre os dias 19 e 20 de maio de 2011, quando a Federação Nacional das Empresas de Refeições Coletivas (Fernec) promoverá seu 7º Fórum Nacional de Alimentação Escolar. Muitos dos associados da Federação são especializados em alimentação e nutrição de crianças e adolescentes e estão habilitados a atender a esse segmento, observa o presidente da entidade, Rogério da Costa Vieira. Não apenas como provedor do serviço, mas também “no desenvolvimento de culturas e hábitos alimentares saudáveis”. Com o tema “Socializando experiências eficazes em alimentação escolar”, o encontro promete mostrar aos gestores que as empresas do ramo têm
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expertise hoje para oferecer refeições completas, superando o conceito da “merenda” escolar, observa Rogério. “Nossa indústria reúne características de produção e de distribuição de refeições bastante especificas, uma vez que o público de uma escola pode compreender crianças de dois anos aos adolescentes de 18 anos. Por isso as vantagens são inúmeras, desde o gerenciamento das compras ao monitoramento da relação peso versus idade, visando combater as taxas de obesidade e orientar sobre melhores hábitos alimentares para cada indivíduo.” Com ampla programação de palestras e acesso livre à área dos expositores, o 7º Fórum Nacional acontecerá no Centro de Convenções Rebouças, em São Paulo, Capital.
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AMBIENTAL E A SAÚDE
DOS PEQUENINOS O
slogan “Uma empresa 100% ecológica” sintetiza uma das principais estratégias que a empresa A Poderosa Móveis vem utilizando para destacar um importante diferencial junto ao mercado: a preocupação com a sustentabilidade ambiental. Além de atender às especificações recomendadas pelo Fundo para o Desenvolvimento da Educação (FDE) tendo em vista o conforto, a saúde e a segurança das crianças, bem como às normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e do Inmetro, seu mobiliário é produzido com madeiras de reflorestamento e reciclagem de embalagens PET, afirma Paula de Almeida, do Departamento de Vendas da empresa. Exceto em encostos ou assentos moldados, o restante da estrutura dos móveis é feito com material proveniente de florestas de manejo, diz a assistente de vendas. Já o revestimento PET que garante a forração de alguns de seus itens responde pelo reaproveitamento de 14 embalagens para cada metro utilizado. O material já é produzido na cor, dispensando a necessidade de pintura. Segundo Paula, ele é aplicado sobre MDF da madeira certificada, prensado a vácuo e com cola atóxica, a base de água. Entre seus benefícios, encontram-se a facilidade de limpeza, resistência ao impacto, estabilidade de cores (não amarela), estabilidade dimensional, alta resistência química, facilidade de corte e de transporte, dobragem a frio em cantos arredondados, barreira contra umidade e gordura, a não proliferação de mofo ou cupins e sua característica de produto postforming (termo-moldável), conforme enumera a assistente. A Poderosa Móveis comercializa dezenas de itens para berçários e os mais diferentes ambientes da Educação Infantil, um know how que alia qualidade, aten-
ção constante às necessidades dos clientes e preservação ambiental. O trocador, por exemplo, fabricado em MDF de 15 mm, é revestido em laminado PET, acompanhando um colchonete forrado em “bagun” (trama em poliéster e PVC), “atendendo a exigências da Secretaria de Educação”, lembra Paula. Também a banheira com gabinete e as colméias apresentam laminado PET. Com 15 anos de vida, A Poderosa especializou-se no segmento a partir de 2007. Além dos produtos acima, os berços são outro destaque da empresa, fabricados em MDF de 15 mm, revestidos em laminado melamínico (fórmica), com varetas de madeira protegidas por um tubo de PVC rígido, “dificultando o contato da criança com produtos químicos”. “Produzimos os berços no tamanho padrão, de acordo com o mínimo necessário para atender bem as crianças”, afirma. Os colchões são revestidos em “bagun”. O portfólio completo da empresa inclui as linhas de armários, baias, balcões, bancos, banheiras, banquetas, berços, cadeiras, camas, colméias, lousas, mesas, prateleiras, suportes e trocadores. A Poderosa fabrica ainda mobiliário para escritórios e locadoras, utilizando “materiais de primeira qualidade”. Para 2011, a empresa irá lançar o cadeirão de alimentação, produto que poderá estar presente em escolas de todo País. “Cobrimos todo o território brasileiro com transportadoras terceirizadas”, observa Paula, ressaltando que, em um raio de 100 km de São Paulo, a entrega é feita por meio de sua frota própria. “Como benefícios, nossos clientes contam com o cumprimento do prazo de entrega, a facilidade no pagamento, qualidade no atendimento, além da qualidade e modernidade nos produtos, incluindo uma garantia de doze meses”, finaliza Paula.
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PELA PRESERVAÇÃO
Ilustração: Sergio Willian
FIQUE DE OLHO: MÓVEIS ESCOLARES
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Fotos: João Elias
PERFIL DA ESCOLA: LICEU CORAÇÃO DE JESUS
A UNIÃO EM DEFESA DA ESCOLA, DE UM BAIRRO, DE UMA HISTÓRIA A mais antiga escola Salesiana do Estado de São Paulo, que atende hoje a menos de 10% do público de seu auge, mobiliza a mídia e ex-alunos, corre atrás de parcerias, busca receitas alternativas e amplia os serviços. Tudo para manter as portas abertas de um belo e privilegiado espaço no centro da Capital e manter viva uma proposta humanista de ensino, à espera da revitalização da área e da chegada de novos moradores. Por Rosali Figueiredo Fotos: João Elias
U
ma Ação de Graças reuniu ex-alunos, estudantes, pais e
to proporcionado por uma escola de espaço privilegiado e bem
familiares ligados ao Liceu Coração de Jesus no último sábado
cuidado, com jardins, amplas salas de aula, biblioteca, duas salas
de novembro de 2010, em comemoração aos 125 anos da esco-
multimídia, salões de festas, cantina, refeitório, duas quadras ex-
la encravada nos Campos Elíseos, área central de São Paulo. Foi
ternas e uma interna, laboratórios, o Museu de História e Ciências
uma homenagem singular, pois a data festejou também um ano
Naturais, a igreja (Santuário do Sagrado Coração de Jesus) e o Te-
da intensa mobilização que a instituição e ex-alunos empreen-
atro Grande Otelo, com capacidade para 700 lugares. O conjunto
deram em defesa do mais antigo colégio Salesiano do Estado de
de 17 mil metros quadrados é tombado pelo Condephaat (Conse-
São Paulo, que chegou a ter três mil estudantes nos anos 60, con-
lho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e
cluiu 2010 com apenas 278 matriculados e tornou-se “refém” da
Turístico do Estado) e ocupa o quarteirão formado pelas alamedas
debandada dos moradores e da degradação da região, colada na
Dino Bueno, Glete, Barão de Piracicaba e Nothman. E para quem
chamada “cracolândia”.
conversa com Benedito Spinosa, a sensação que se absorve é a
O evento mostrou ainda que o pior já passou. O Liceu não fechará as portas, ao contrário dos temores que atingiram a comunidade escolar e deram o tom da cobertura da mídia no final
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de 2009. Desde então, o cenário melhorou bastante. Suas calçadas
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da confiança no propósito de manter o Liceu vivo, revigorando a ocupação de seu espaço.
PODAR PARA FORTALECER
não estão mais tomadas pelos usuários de crack, receberam ilumi-
Graduado em três cursos de nível superior, especializado em
nação e arborização, em uma verdadeira estratégia de “ocupação”
Psicopedagogia e mestre em Educação e Comunicação, o padre re-
sugerida por um especialista em segurança, levado à escola por
vela cautela em relação à missão que lhe foi confiada pela Inspe-
ex-alunos. O orçamento foi equilibrado, parcerias estabelecidas
toria dos Salesianos em 2007, quando assumiu a direção da esco-
e novos s e serviços engatilhados para 2011. “Houve um salto de
la. Ex-diretor de outras unidades da rede Salesiana e ex-assessor
conceito”, avalia o padre e diretor Benedito Nivaldo Spinosa, lem-
de comunicação da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do
brando que isso de alguma maneira reavivou o espírito de profes-
Brasil), Benedito Spinosa diz apenas que chegou ao Liceu para “dar
sores, funcionários e alunos.
uma resposta sustentável para a escola”, com soluções “criativas”
Para quem circula em suas edificações em estilo predominan-
(como a mobilização da comunidade, a busca de receitas alterna-
temente renascentista, a sensação que se respira é a do confor-
tivas e a oferta de novos serviços), mas também drásticas, entre
PERFIL DA ESCOLA: LICEU CORAÇÃO DE JESUS Outra parceria foi estabelecida com a vizinha Porto Seguro, a partir de um convênio para descontos nas mensalidades dos filhos de seus funcionários e também com a locação de oito salas para cursos e treinamento da seguradora. Articulando-se com os lojistas das imediações e uma base móvel da Polícia Militar (já desmobilizada), a escola conseguiu afastar dezenas de usuários de crack que se instalavam embaixo das janelas das salas de aula, mantendo-os a uma distância mínima em torno de cem metros. O problema continua muito próximo, reconhece padre Benedito Spinosa. “Estão transferindo o usuário de lugar sem oferecer solução para isso”, ressalva. No entanto, o diretor acredita que os s de reAo final de 2009, o Liceu dispensou 75 alunos do EM, testemunhou - como reflexo - a saída de outros tantos e suscitou
vitalização da área central poderão dar novo fôlego à instituição.
DA MOBILIZAÇÃO
textos nostálgicos na mídia, os quais tomavam o seu fim como
Grandes aliados vieram também da imensa comunidade de
um processo inexorável. “Os estudantes do 2º ano ficaram mui-
ex-alunos, que hoje reúne 700 adesões na rede social do Orkut,
to bravos comigo, não queriam ir embora”, lembra o padre. “Mas
mobiliza festas e jantares, rende artigos na internet, reportagens
uma hora tínhamos que parar, porque o EM era deficitário; com
em programas de rádio e até mesmo documentários produzidos
esse corte, entramos em equilíbrio orçamentário”, revela. O Liceu
como trabalhos de conclusão de cursos de nível superior. Um gru-
permaneceu com a Educação Infantil e o Ensino Fundamental, em
po de pelo menos dez deles deu início ao Movimento Viva Liceu,
regime parcial ou integral, e atraiu cerca de 100 novos estudantes
capitaneado por Michel Porcino, jovem empresário da área de ser-
com algumas ações, entre elas a ampliação da jornada integral.
viços graduado em Direito, que cursou ali o Fundamental II e o
“É como cuidar de uma árvore, podando você revigora a seiva.
Ensino Médio, no período entre 1995 e 2001. Na época, o número
O desânimo das turmas reduzidas do Ensino Fundamental no ves-
de estudantes já estava em declínio, por conta não apenas dos
pertino respingava sobre os demais e deixava no ar a incerteza se
reflexos da região, mas da crise vivida pela maioria das escolas
o colégio iria ou não fechar. Nesse ano não se falou mais nisso”,
confessionais, da diminuição do número de filhos adolescentes
compara o dirigente, animado com as perspectivas, já que o 7º
entre as famílias de classe média e do aumento da concorrência
ano está com 35 alunos e poderá, quem sabe, gerar duas salas
na rede privada de ensino.
futuras de 1º ano do Ensino Médio. “A gente começa a ter certa
Michel voltou a frequentar o Liceu no final de 2009, após to-
esperança”, comenta Benedito Spinosa, às voltas hoje com dife-
mar conhecimento, pela imprensa, da iminência de fechamento
rentes parceiros de negócios. Um dos principais é o Grupo Foco,
da escola. “Começamos a nos mobilizar de imediato”, relata o co-
que gerencia o projeto de teatro educativo na casa, cuida da lo-
ordenador do Movimento, que ainda naquele ano criou o “Viva
cação dos espaços para ensaios de peças comerciais e acompanha
Liceu” (um dos motivos das comemorações da Ação de Graças de
as reformas nas instalações. O Liceu pretende oferecer três salas
27 de novembro passado) e conseguiu mobilizar um abraço dos
de espetáculos ao circuito das artes cênicas a partir de março
ex-alunos em torno do colégio. Em abril de 2010, houve a primeira
de 2011, com nova iluminação e numeração das cadeiras na sala
grande festa, a qual acabou servindo como palco para o reencon-
principal (Grande Otelo), construção de um espaço no porão (com
tro de um casal de ex-alunos, que resolveram celebrar o matrimô-
palco central e arquibancadas laterais) e reforma de um de seus
nio (cerimônia religiosa e recepção) nas dependências do Liceu. A
auditórios multimídia. Orçado em R$ 100 mil, o contempla a ins-
construção de um novo site, com apoio dos Salesianos do Santa
talação de elevador único para acesso aos três ambientes.
Teresinha, colégio da zona Norte de São Paulo, foi outro fruto do
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elas o fechamento do Ensino Médio (EM) e do turno vespertino.
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PERFIL DA ESCOLA: LICEU CORAÇÃO DE JESUS movimento. Agora, Michel e sua colega Claudia Soares de Olivei-
mada Pedagogia Preventiva, desenvolvida pelo sacerdote e edu-
ra, ex-aluna e ex-professora, buscam parceiros que banquem o
cador italiano Dom Bosco, no século XIX. “Ele foi uma espécie de
“Empreendedorismo na Terceira Idade”, com o propósito de ensi-
Castelo Rá-tim-bum antes do tempo”, comenta Benedito Spinosa,
nar e capacitar pessoas com mais de 50 anos, moradoras da re-
já que o modelo adota as atividades lúdicas e circenses como re-
gião, a abrirem seus negócios no entorno e, dessa forma, contri-
curso de ensino-aprendizagem. Assim, não é estranho que uma
buir para a revitalização local.
das principais apostas do Liceu esteja hoje no teatro, mas o balé,
Todos apostam nos s de intervenção urbana para a região,
o esporte, o canto coral, a música e as artes plásticas figuram
como o “Nova Luz”, um estudo da Prefeitura de São Paulo que
no cotidiano da rotina escolar, contando com um raro e precioso
prevê a desapropriação de imóveis e implantação de praças,
bem: a abundância de espaço.
calçadões e ciclovias, com vistas a atrair moradores. Também a
Mais do que isso, entretanto, o que está em questão é sua
inauguração da unidade do SESC Bom Retiro, vizinha ao Liceu
tradição de ensino humanista, de uma instituição que foi pioneira
e prevista para 2011, injeta ânimo nas mobilizações e parcerias.
ao acolher filhos de escravos, teve em seus quadros nomes fun-
Comparando-se a situação atual do Liceu com a do Instituto Nos-
damentais da cultura brasileira (como Monteiro Lobato e Grande
sa Senhora Auxiliadora, instituição da rede Salesiana localizada no
Otelo), entre muitas outras personalidades, e ainda hoje, sob orça-
bairro do Belenzinho, zona Leste da cidade - e tema do Perfil da
mento restrito, desenvolve s sociais, como o EJA (Ensino de Jovens
Escola da edição de novembro passado, Michel observa que o INSA
e Adultos, com onze classes no horário noturno), uma creche para
encontra-se “um passo à frente do Liceu”, justamente porque a
210 crianças (em convênio com a Prefeitura) e o Abrigo Dom Bos-
revitalização daquela região já está em pleno andamento, com
co (para 56 catadores de papel na região).
muitos empreendimentos recentemente concluídos e habitados. “A situação do INSA é melhor que a do Liceu, pois estão num momento bem legal, de retorno dos moradores”, avalia, por sua vez,
SAIBA MAIS
o diretor Benedito Spinosa, de olho nos edifícios residenciais que estão sendo erguidos em ritmo intenso na região da Barra Funda.
Pe. Benedito Nivaldo Spinosa
RECURSOS PEDAGÓGICOS
www.liceusaopaulo.com.br
São, portanto, muitas as frentes de trabalho (e de esperança).
benedito.bsp@salesianos.com.br
Como profissional da comunicação, padre Benedito Spinosa desencadeou o processo de divulgação e mobilização, emplacando a bandeira “Viva Liceu”. Como gestor, lançou estratégias de negócios baseadas em parcerias, busca de novas receitas, lançamento de serviços (atividades nas férias, por exemplo), mas também cortes e ajustes. E como educador, introduziu aulas de Educação
Claudia Soares de Oliveira claudia@projetoprosseguindo.com.br
Financeira e Ecologia na matriz curricular do Fundamental II, entre outros. “A escola acontece na sala de aula, podemos pensar em milhares de estruturas e recursos, mas esta é que precisa funcionar”, destaca. Benedito Spinosa colocou-se também como professor, assumindo as aulas de Filosofia do EFII. “Isso foi muito importante, porque me permitiu pensar mais nas condições de ensino”, diz.
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Como parte da Rede Salesiana de Escolas, o Liceu adota a cha-
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Michel Porcino www.vivaliceu.wordpress.com movimento@vivaliceu.org
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ACESSÓRIOS, CANUDOS PARA DIPLOMA
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ACESSORIA CONTテ。IL, BRINQUEDOS EDUCATIVOS, EVENTOS
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BRINDES, FACHADA, GESTテグ ESCOLAR
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INFORMÁTICA, LOUSAS, PINTURAS ESPECIAIS
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LABORATÓRIO, MÓVEIS
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Mテ天EIS, PARQUE
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PISOS, SISTEMA DE GESTÃO, SISTEMAS DE SEGURANÇA
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plaYgroUNDS
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plaYgroUNDS
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PLAYGROUNDS, QUADRAS
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tErcEiriZaÇão, tolDoS
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TOLDOS, viagens
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