fotoetnografia Balneário Camboriú / 1o caderno novembro de 2012
DESCRITIVO FOTOGRÁFICO AV. BRASIL BALNEÁRIO CAMBORIÚ SC.
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Fotografia, memória e reconstituição “Existe melhor exercício para reviver o passado que a apreciação solitária de nossas próprias fotografias?” Boris Kossoy. Ao refletir sobre esta pergunta, não há como negar que a fotografia contem em si uma carga quase inesgotável de informações, capaz de congelar o micro espaço e tempo, estimular a mente à lembranças, a reconstituições e imaginações. Com um olhar voltado para o fazer do homem, suas necessidades, seus anseios, angustias e instabilidades atrelados à um crescimento desordenado de um município onde sua pilastra econômica é o turismo, visualmente explorado sobre o ponto de vista da beleza natural, porém, manifestando-se de forma mais efetiva como entretenimento social, se manifestou a necessidade de realizar este trabalho. A Av. Brasil é hoje a principal avenida comercial do município de Balneário Camboriú, onde se encontra farmácias, mercados, pet shops, postos de gasolina todo tipo de comercio, tudo o que é necessário, e ao mesmo tempo, desnecessário para o bem estar do homem. Um aglomero de supérfluos capazes de gerar satisfação, angustia, ilusões, contradições e também lacunas. Lacunas na história, lapsos de memória. Se, por um lado, o município é conhecido nacionalmente como uma das capitais brasileiras do turismo, por outro, pode ser lembrada como a cidade de ninguém.
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Poucos registros icnográficos estão sobre os cuidados do arquivo histórico, menor ainda é o numero de trabalhos realizado com o intuito de preservar a memória e fazer um levantamento etnográfico sobre os aspectos sócios culturais e de desenvolvimento do município. Se não existem tais trabalhos, ou fotografias, não existe como reviver o passado, estimular a mente com lembranças, reconstituições e imaginações. O único material encontrado sobre posse do arquivo histórico do município, onde se compilou de forma organizada algumas informações, e ó “Álbum Descritivo Fotográfico da Praia de Balneário Camboriú”, feito em 1952, organizado por Silveira Junior e fotografado por Hans Wachs. O próprio nome já revela o foco deste material, são aspectos naturais e informações sobre o município, como, por exemplo, sobre a quantidade e os valores de hotéis, que eram seis e a diária variava de 60 a 80 cruzeiros. De forma clara, o álbum expunha a cidade como estância de veraneio e repouso um lugar tranquil, diferente de outras praias onde se tinha aglomero de pessoas e o entretenimento social. A cidade mudou e com ela o foco do turismo praticado. E é com base nesta mudança que a cidade vem atravessando que surgiu o objeto de análise e exploração deste trabalho. O consumo, comércio e aspectos de desenvolvimento na Av. Brasil. A escolha da região explorada se deu pelo fato de ser o “caminho”, como era conhecida, caminho das áreas, por onde se passou o cabo do telégrafo e onde sua antena foi fixada. Desta maneira, pode ser consid-
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erada a principal rua aonde a informação chegava e também saia do município. Para se ter uma exploração mais atenta aos detalhes do que pretende o trabalho, tomou-se como referência o olhar atento do turista incorporado por um morador, uma pessoa já inserida no contexto do município, capaz de apontar aspectos cotidianos e pequenos impactos gerados pelo verdadeiro turista. Muitas saídas fotográficas foram realizadas para a mesma região com o intuito de pegar cenas que se faziam presentes na memória do próprio morador e que, por sua vez, faz parte da memória da maioria dos moradores. O resultado é um trabalho curioso, um primeiro caderno de uma serie que pretende registrar a cidade com suas diferentes regiões e múltiplas linguagens, suas ruas e o que demais possa representá-la sobre um olhar foto-etnográfico. Um compilado de fragmentos que se relacionam de alguma forma com inconsciente dos moradores da cidade. Aqui se apresentam imagens contemporâneas das ações de tempo e espaço capazes de servir como base para pesquisas de acadêmicos, etnólogos, historiadores, inspiração para trabalhos ou apenas uma livre consulta que é a função do álbum fotográfico. Como coloca Kossoy, informações multidisciplinares estão ali gravadas, aguardando apenas a sua competente interpretação. Felipe Gallarza Novembro de 2012.
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Vista aerea geral da praia central - 1970
Cinerama Delatorre, Avenida Brasil - 1975
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Armazem Carioca Bruno Nitz, rua 1101 esquina com Avenida brasil - 1975
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Pavimentacao Avenida Brasil esquina com Alvin Bauer - 1984
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Vista Geral da Praia - 1950
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