Informativo FenaPRF Brasília, 01 à 15 de maio de 2013
Boletim nº 6 www.fenaprf.org.br
PRF Scorsin: um exemplo de resiliência e perseverança
Policial afastado por 12 anos e cinco meses da Polícia Rodoviária Federal acusado de desvio de dinheiro e formação de quadrilha, mas após muitas lutas foi considerado inocente pelo STF e voltou para PRF de cabeça erguida e cheio de histórias para contar. Patrulheiro, chefe de equipe, subchefe de Delegacia e da Sede de Operações, chefe de Serviço, coordenador de Ensino e Disciplina, coordenador de RH, e diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Adair Marcos Scorsin fez de tudo um pouco dentro da PRF e após 29 anos como servidor público, se viu dentro de uma falcatrua que o afastou da Polícia por mais de 12 anos. Uma armadilha que o colocou como principal suspeito no sumiço de 3.270 talões de vales-alimentação e como investigado em cinco comissões de inquérito. Adair foi vítima de uma ação covarde e orquestrada que foi julgada como desvio de recursos e formação de quadrilha pelo Ministério da Justiça. No dia 15 de maio de 1995, Adair Scorsin, então diretor da PRF, foi demitido do serviço público federal. Nesse meio tempo, o policial não con-
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seguiu manter a vida que levava antes. As filhas tiveram de trancar a faculdade, a família se recolheu, e a vergonha de toda situação do policial, mesmo sendo inocente, transpareceu. Ele se escondia dos parentes, evitava os amigos, desistiu da vida social. Por outro lado, amadureceu e se tornou mais religioso e declara que sua maior lição foi aprender a confiar em Deus. Adair foi julgado na 2ª turma do Supremo Tribunal Federal, composta pelos Ministros Carlos Ayres de Brito (Presidente), Joaquim Barbosa (Relator), Ricardo Lewandowski (membro) e Gilmar Mendes (membro). Em entrevista à Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais ele conta sobre a frustração de ser condenado por algo que não fez, o alívio de ter sua inocência provada por decisão unânime do STF e a satisfação de ouvir do próprio Joaquim Barbosa: “Como pode ser imputado de culpa se não existe nada que o incrimine?” Como foi a sua demissão da PRF? O grupo que assumiu o DPRF após minha saída, me considerava inimigo e queria me eliminar de qualquer forma. Criaram um documento dizendo que estavam faltando 3.270 talões de vales-alimentação, e nesses documentos disseram que havia indícios do meu envolvimento. E assim formaram mais de cinco comissões de inquéritos, e ao término de cada uma, como nada ficava comprovado contra mim, anulavam e formavam uma outra comissão. Na última, como já estavam desgastados internamente, recorreram ao Ministério da Justiça e solici-
taram que fosse designados outros servidores, foi quando a Polícia Federal entrou no caso. A PF constatou que nada havia sido desviado e apropriado. O processo foi remetido a Consultoria Jurídica do MJ, onde foi elaborado outro parecer endossado pelo consultor geral e encaminhado ao próprio ministro da Justiça informando que havia dado prejuízo ao erário público, desvio de recursos e formação de quadrilha. E o que aconteceu com os talões? Como meu último ato na PRF, havia determinado que todos os talões de Vale-Refeição em estoque fossem devolvidos às operadoras e esses valores fossem transformados em crédito nas futuras aquisições. E foram devolvidos exatos 3.276 talões de vales-alimentação. Mas durantes todos os inquéritos que respondi, nunca consegui esse documento, pois alegavam que não tinha sido localizado ou simplesmente não existia. Assim como fui vítima desses ocupadores do poder, muitos outros também foram, pois qualquer um que não fosse alinhado a eles, era inimigo, e tinham de ser tirados do caminho. E muitos companheiros que deram seu sangue para que a PRF alcançasse o lugar onde hoje está, foram perseguidos e eliminados. A justiça é soberana, e a de Deus é maior ainda, não esperem que toda maldade não tenha retorno, tem sim. Pode tardar, mas ela vem. A verdade sempre prevalece. O que passava pela sua cabeça no tempo em que esteve afastado?
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