tfg caderno 1

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caderno do tfg1 fernanda carlovich orientador: Angelo Bucci



sumário

mote tema motivações

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1. percurso 2. cidade 3. morada 4. dissolução 5. edifício

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próximos passos bibliografia

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mote

Quando eu morrer quero ficar, Não contem aos meus inimigos, Sepultado em minha cidade, Saudade. Meus pés enterrem na rua Aurora, No Paissandu deixem meu sexo, Na Lopes Chaves a cabeça Esqueçam. No Pátio do Colégio afundem O meu coração paulistano: Um coração vivo e um defunto Bem juntos. Escondam no Correio o ouvido Direito, o esquerdo nos Telégrafos, Quero saber da vida alheia, Sereia. O nariz guardem nos rosais, A língua no alto do Ipiranga Para cantar a liberdade. Saudade... Os olhos lá no Jaraguá Assistirão ao que há de vir, O joelho na Universidade, Saudade... As mãos atirem por aí, Que desvivam como viveram, As tripas atirem pro Diabo, Que o espírito será de Deus. Adeus. Mário de Andrade



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tema

A partilha do corpo de Mário de Andrade pela cidade é o ponto de partida para o projeto. No poema-testamento publicado em seu livro derradeiro, Lira Paulistana, o poeta descreve a forma como gostaria que seu corpo, depois de sua morte, fosse desmembrado por São Paulo de acordo com suas experiências em vida e seu afeto pelos espaços da cidade. As ruas e edifícios ganham humanidade a partir da associação com os pedaços do corpo do poeta: os pés são a rua Aurora, o coração paulistano é o Pátio do Colégio. Parto em busca de Mário de Andrade, delimitando um percurso que tem início na rua Aurora, passa pelo Paissandu e encontra o Pátio do Colégio. Com extensão de 2,8 quilômetros, o percurso é o sítio do projeto. A partilha do corpo vira a partilha do edifício, fragmentado em sete vazios, distantes 500 metros entre si. As caminhadas de cinco minutos pela cidade são circulação horizontal, edifício e rua se confundem para constituírem cidade. Os edifícios abrigarão pequenas extensões do morar. Funções dispersas pela cidade que colaboram para a imagem da cidade como casa. São partes do programa da casa que se perderam com o tempo: biblioteca, copa, espaços de trabalho, creche, quintal, dessa vez, públicos. Os vazios escolhidos são canyons, finos, entre duas empenas. Sua proximidade formal é a identidade que os une em um único edifício, disperso pela cidade. O desafio é desenvolver os diferentes programas sem perder essa identidade e a essência do espaço vazio. Me pergunto que cidade é essa a que Mário de Andrade se refere no poema. Qual é essa rua Aurora, de largar os pés e que Pátio do Colégio é esse de deixar o coração. Será possível rememorar estes lugares tão queridos ao nosso poeta na São Paulo de hoje? Acredito que sim. De fato, no Telégrafo não soam mais os burburinhos da vida alheia, nem mesmo sei que rosais são esses em que se vale a pena deixar o nariz. Mas há algo de nosso no tempo do poeta. No Pátio do Colégio, esse coração paulistano, vivo e morto, ainda pulsa. Talvez seja só esse o fio condutor e talvez seja o bastante.



motivações

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Sempre me interessei por compreender o espaço público de uso coletivo, os espaços dos encontros, das pausas, que criam cultura. Dentro disso, a curiosidade por aqueles de escala menor, que nos fazem sentir em casa. Não que as grandes obras não sejam importantes, mas as vezes um pequeno edifício pode sozinho modificar a dinâmica da rua e criar uma rede de influências que geram uma grande mudança. Essa arquitetura pequena de grande força me interessa. Quando falamos do centro da cidade, é claro que possuímos diversos equipamentos de grande porte como o Teatro Municipal, a biblioteca Mário de Andrade, a Praça da República… Mas muitas vezes a própria grandeza e pomposidade dessas construções intimidam seu uso como espaço de encontro. Os grandes marcos da arquitetura da cidade não refletem o movimento das ruas ao seu redor. A partilha de equipamentos, em uma determinada região, me parece uma maneira de criar uma grande mudança a partir de pequenos gestos. No centro, essa proposta parece fazer ainda mais sentido, pois se utiliza de espaços residuais e colabora para o adensamento e ressignificação deste território. Volto meu olhar para o centro como forma de conduzir o trabalho final do curso de Arquitetura e Urbanismo da FAUUSP. Rememoro todos esses espaços que me serviram de fonte ao longo dos anos e que me instigaram a questionar, criticar e propor. Desta vez, com o olhar um pouco mais apurado de quem chegou ao fim de uma jornada e passa, aos poucos, a reconhecer-se como arquiteto. A postura desse projeto é utópica. Acredito que se desprender das limitações da realidade e projetar tendo em vista um futuro possível é uma forma saudável e lúcida de repensar o real e suas possibilidades. Aproveito assim para me despedir da graduação na universidade, espaço que respeito imensamente, que me ensinou a ler o real e me permitiu imaginar.



1. percurso

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A capacidade de saber ver lugares no vazio e por isso de saber dar os nomes a esses lugares é uma faculdade aprendida ao longo dos milênios que precedem o nascimento do nomadismo. Com efeito, a concepção/construção do espaço nasce com as errâncias conduzidas pelo homem na paisagem paleolítica. [...] É às incessantes caminhadas dos primeiros homens que habitaram a terra que se deve o início da lenta e complexa operação de apropriação e de mapeamento do território. (Carreri, 2013: 44)

Comecemos com o caminhar. Dessa vez, não como os primeiros homens, que descobriam no vazio significado para ver e apreender os lugares, mas na cidade onde o vazio quase inexiste. Por que desbravar o espaço consolidado e denso da cidade? As vezes parece que não há nada mais a descobrir. Só a constatação de uma saturação: excesso de pessoas, edifícios, sons e palavras. Esse excesso de estímulos nos leva a crer que tudo é conhecido. O mapeamento do território, objetivo final das caminhadas dos nômades, nos é dado de forma tão imediata que acreditamos conhecer os caminhos. Neste momento, nos livramos dos mapas para errar o caminho. O centro da cidade, tão conhecido, ganha novas facetas. Atentamos aos sons, vozes, cheiros, luzes. Ao desenho da rua, sua topografia, os edifícios, suas janelas e quem está lá. Podemos notar, então, que essa cidade não é tão densa assim e nem tão esgotada como imaginávamos. Percebemos que ainda precisamos dar nomes a vazios. A assimilação da paisagem da cidade feita a partir do caminhar é veloz, instantânea. A cidade é lida através dos signos que a compõe. Decodificar o urbano é reconhecer em todos esses signos dispersos uma sintaxe comum. Por esse motivo, Ferrara afirma que a ação de caminhar, observar e ler, a percepção urbana, não é passiva, ela produz informação.


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Aqueles signos dispersos são concentrados e produzidos como texto pela leitura que, de um lado, os organiza e, de outro, empresta-lhes o movimento do próprio leitor que, no seu trabalho e interação do que se lhe apresenta disperso, é obrigado a operar com rapidez para não perder informação e para acompanhar o ritmo acelerado de sua própria locomoção urbana. (Ferrara, 1988: 15)

Essa locomoção envolve diferentes velocidades e pontos de vista, um mesmo percurso pode ser lido de maneiras distintas por pedestres, ciclistas ou passageiros de ônibus. Além disso, a percepção urbana depende do filtro gerado pelas características peculiares de cada usuário. Assim, por mais que haja a definição de um percurso neste estudo, a forma como este será lido e compreendido difere-se substancialmente entre os que o experimentarem. Da mesma maneira, não é possível registrar um percurso sem que este tenha traços e informações de seu narrador. Definir um percurso nada mais é do que construir um relato. Onde o mapa demarca, o relato faz uma travessia. O relato é “diégese”, como diz o grego para designar a narração: instaura uma caminhada (“guia”) e passa através (“transgride”). O espaço de operações que ele pisa é feito de movimentos: é tipológico, relativo às deformações de figuras, e não tópico, definidor de lugares. (Certeau, 2012: 163)

Certeau define duas maneiras de relatar lugares: através do mapa, onde os espaços são apresentados sistematicamente, utilizando como escala as distâncias; e através do percurso, que se utiliza da escala temporal e da sucessão de eventos para caracterizar um lugar. Assim, o percurso difere-se do mapa pois não tem como objetivo demarcar um lugar, mas instaurar uma travessia, ou seja, passar através desse lugar.


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Volto para o percurso deste projeto, na tentativa de passar através dos lugares descritos no poema de Mário de Andrade. Iniciando na rua Aurora, onde o poeta largou os pés. Entre dois edifícios altos de uso misto, localiza-se o primeiro momento de pausa. O terreno de 8 metros de frente, no lado par da rua, tem vista para a Praça da República, graças ao baixo gabarito das construções à sua frente. Partindo para a Praça da República, caminho ao longo da imponente fachada da antiga Escola Normal, atual Secretaria de Educação. A praça, sempre viva, se preenche das vozes da feira que a ocupa e é palco da manifestação de professores. Na saída do metrô, o fluxo constante e atarefado daqueles que frequentam a cidade muitas vezes não percebe a linda visual revelada ao subir a escada rolante na Praça da República: os edifícios e o céu. Ao lado desses ícones da cidade está a segunda pausa. Mais um canyon entre gigantes, o vazio que quebra essa grande muralha de edifícios que delimitam a Praça da República. Viro a esquerda e sigo pela Avenida Ipiranga. Ao meio de vendedores ambulantes, bancas de jornal, hippies e pedestres apressados, a caminhada pela Avenida se mostra um contraste claro entre a aridez da rua e, do outro lado, a vegetação calma (até demais) da Praça da República. Parece fazer sempre calor na Avenida Ipiranga. Observamos em frente o edifício do cine Marabá, tão belo depois de seu restauro. Me preencho de uma nostalgia de algo que não vivi quando imagino o centro novo nos tempos do cinemas de rua. A famosa esquina da Ipiranga com a São João é mais uma dobra no percurso, um encontro de gigantes. Seguindo pela São João vejo ao fundo o imenso Banespa alinhado perfeitamente com o eixo da avenida. No Largo do Paissandu está a terceira pausa: entre a Galeria Olido e a Galeria do Rock. Alcanço a Conselheiro Crispiniano onde é possível ver um dos acessos da Praça das Artes rodeado por edifícios ocupados pelo movimento à moradia. O caminho nos leva à lateral do Teatro Municipal com sua escadaria ocupada por pessoas na pausa do trabalho. Na esquina do teatro, ao lado da Galeria Nova Barão, revela-se mais uma pausa. O vazio tão peculiar parece uma extrusão da esquina da quadra. De lá, virando


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a esquerda vemos o Viaduto do Chá em toda sua grandiosidade. Atravessá-lo é o próximo passo. Ao atravessar o Viaduto do Chá, entro em contato com a geografia da cidade. Imagino como esse vale fora uma barreira e como o rio devia correr por ali. Subo a Líbero Badaró até alcançar esse edifício antigo, atualmente em restauro, onde está a deliciosa Mercearia Godino. Ao lado dele, o quinto vazio do percurso se mostra. Mais uma vez, entre dois grandiosos edifícios. Alcanço o edifício Martinelli e voltamos a encontrar a Avenida São João, dessa vez na sua ladeira íngreme crescendo ao lado do Martinelli que se desenrola em planos escalonados. Olhando para o Anhangabaú posso ver o Edifício dos Correios. Me viro e redescubro o Banespa, de perto, seu imponente embasamento impressiona. Depois de um curto desvio na 15 de Novembro, passo pela pequena Rua do Comércio para alcançar a Álvares Penteado. Um caminho pomposo, cheio de bandeiras revela o caráter acadêmico da via. Ao fundo já é possível avistar mais uma pausa. O pequeno edifício vazio ocupa o espaço entre. No Largo da Misericórdia, onde situava-se a igreja de mesmo nome, o edifício Ouro para o Bem de São Paulo chama atenção. Construído com o dinheiro arrecadado na campanha de 1932, sua fachada é a bandeira da cidade, em movimento. Ao lado, o Edifício Triângulo sinaliza a chegada à Rua Direita. Sigo até avistar os edifícios gêmeos de Ramos de Azevedo que conformam os limites do Pátio do Colégio. Chego ao coração de Mário de Andrade, o coração paulistano vivo e morto. Mas o fim do percurso só acontece mais a frente, após atravessar o Beco do Pinto, chego ao beco chamado Luis Teixeira, continuação formal do primeiro. Com o tombamento do Beco do Pinto e a decisão de fechar essa passagem, o beco Luis Teixeira perde a razão de ser. A conexão entre o Pátio do Colégio e a rua 25 de março se fecha e a proteção de um gera a degradação do conjunto. Dessa vez, a própria via é o canyon, que restaura a antiga conexão aproximando os limites do centro da cidade.


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praça da república

viaduto do chá


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mapa 1 - satélite O percurso se camufla na heterogeneidade da imagem aérea. O viaduto do Chá e o vale do Anhangabaú se destacam ao dividir por uma diagonal o centro velho

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mapa 2 - síntese A síntese do percurso feito em uma linha em escala, como se fosse um mapa a seguir, sem referenciais, apenas distâncias e sentidos.

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mapa 3 - pausas À linha pura, acrescenta-se sete pontos, distantes 500 metros ou 5 minutos entre si. É a soma da trajetória e suas pausas.

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mapa 4 - edifício A subtração da linha é a última etapa desse percurso. Do trajeto, restam suas pausas e nessas pausas surge o edifício.

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2. cidade

São Paulo e, em especial, seu centro, é tão complexo e plural que seria impossível comentar em um texto todas as questões que envolvem projetar nessa cidade. Para o âmbito deste trabalho, optei por discutir o movimento e a violência, assuntos que conversam diretamente com o projeto arquitetônico em desenvolvimento. Procurei também criar uma discussão a partir da produção de alguns mapas que decorrem sobre a evolução da malha da região, sua geografia e alguns dados sobre a vida dessa cidade, suas linhas de transporte, edifícios de maior importância e gabarito da paisagem. “Passa uma moça balançando uma sombrinha apoiada no ombro, e um pouco de ancas, também. Passa uma mulher vestida de preto que demonstra toda a sua idade, com os olhos inquietos debaixo do véu e os lábios tremulastes. Passa um gigante tatuado; um homem jovem com cabelos brancos; uma anã; duas gêmeas vestidas de coral. Corre alguma coisa entre eles, uma troca de olhares como se fossem linhas que ligam uma figura à outra e desenham flechas, estrelas, triângulos, até personagens entram na cena: um cego com um guepardo na coleira, uma cortesã com um leque de penas de avestruz, um efebo, uma mulhercanhão. Assim, entre aqueles que por acaso procuram um abrigo da chuva sob o pórtico, ou aglomeram-se sob uma tenda do bazar, ou param para ouvir a banda da praça, consumam-se encontros, seduções, abraços, orgias, sem que troque uma palavra, sem que se toque o dedo, quase sem levantar os olhos.” (Calvino, 1990: 51)

A cidade é movimento em diversas temporalidades. Em um instante, nota-se a passagem de pessoas, como descreve Calvino. Quando visto no período de um dia, esse passar caracteriza movimentos de massa que se deslocam entre atividades e a casa. Rolnik afirma que São Paulo impõe uma “ditadura do movimento” no cotidiano da população que


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utiliza ou frui a cidade, por ser uma megacidade partida e excludente. Quanto mais esticamos o intervalo de tempo, mais abstrato se torna o movimento da cidade, mas ele ainda pode ser observado. O ir e vir das pessoas é a célula que caracteriza o movimento da cidade ao longo dos anos. Pois é esse movimento cotidiano que determina os lugares de estar, as centralidade, o perto e o longe. Conforme Villaça, o perto e o longe são parâmetros mais políticos do que geográficos na cidade. As áreas de atração, as centralidades, se movimentam ao longo do tempo, de acordo com interesses da classe dominante e do mercado imobiliário gerando uma cidade em constante ressignificação. Em São Paulo, particularmente, o movimento da cidade ocorre do centro ao sudoeste. Começando com o triângulo histórico, esta área de atração passou pela Praça da República, depois encontrou a Região da Paulista, Faria Lima e hoje caminha em direção a atravessar o Rio Pinheiros. No caso do centro histórico, esse movimento rumo à região da Paulista ocorreu em meados dos anos sessenta primeiramente pela evasão das sedes de bancos e empresas para a avenida Paulista. Combinado a isso, a entrada da indústria automobilística no país disseminou o uso do carro pela elite no período em que se planejava instalar no centro o cruzamento das duas principais linhas do metrô. O planejamento do metrô atraiu para o centro grandes terminais de ônibus e nesse momento, são implantados também os calçadões na área central. A combinação de “excessiva” mobilidade com restrições ao automóvel, segundo Rolnik, faz do centro menos atrativo à elite, iniciando seu abandono por essa classe e sua popularização. A elite inicia um processo de negação do espaço público e isolamento no automóvel, shopping, condomínio.


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As noções de cidadania e democracia são inseparáveis da noção de espaço público. É exatamente na degradação do espaço público onde primeiro, ou mais facilmente, se sente frustrar o sentido que se esperava encontrar na cidade, pois esse sentido deixa de prevalecer à medida que a violência passa a operar como norma. (Bucci, 2010: 22)

O comportamento da elite, de virar as costas para o centro da cidade, “excessivamente” acessível, é um reflexo de um comportamento típico da nossa sociedade, segundo o psicanalista Christian Dunker. A violência, não vista aqui como dado, mas como estigma, é a causa e efeito da reclusão. Quando a elite se confina no automóvel, nos condomínios e nos shoppings, a rua passa a ser vista como o lugar do outro, da bandidagem, do perigo. Dunker ressalta duas determinações a respeito do que chama de fenômeno do condomínio: A primeira reproduz expectativas de segurança e de solução para o medo. Defendo-me do mundo perigoso lá fora, erguendo muros e criando uma lei interna para consumo próprio com meus síndicos e regulamentos. A segunda determinação afetiva da vida em forma de condomínio baseia-se na inveja. Uma vez guarnecido e protegido imagino que o meu sonho é também o dos outros. Mas só alguns conseguem realizar esta ambição de consumo. (Dunker, 2009: 2)

É interessante notar como o próprio movimento da elite que foge, aparentemente, da violência, é violento em si, uma vez que se baseia na exclusividade e na exclusão. O condomínio é uma região ordenada e segura, onde se pode exercer a convivência e partilhar o sentido de uma comunidade, mas sempre entre iguais, protegidos do outro. O espaço público, destinado à real convivência e ao real sentido de comunidade entre as diferentes pessoas que habitam uma cidade é abandonado gradativamente.


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Mas o movimento da cidade não pára. O centro volta a ser atrativo ao mercado imobiliário, através de um discurso de “necessidade de intervenção” devido a enorme “degradação” desta região. A mesma elite que a abandonou inicialmente, acredita na necessidade de uma higienização da região. O fenômeno do condomínio avança dos muros em direção à cidade, gentrificação. Por outro lado, a partir da aprovação do Estatuto da Cidade, segundo Sette, o centro da cidade passa a ter uma vocação habitacional, principalmente voltada para a reabilitação dos vários edifícios abandonados. É pensando no enorme potencial do centro como espaço do habitar que este projeto é idealizado. Pois a oferta de equipamentos públicos depende diretamente das políticas de moradia. É preciso habitar o centro, com casas, com museus e abrir espaço. - É tudo inútil, se o último porto só pode ser a cidade infernal, que está lá no fundo e que nos suga num vórtice cada vez mais estreito. E Polo: O inferno dos vivos não é algo que será; se existe, é aquele que está aqui, o inferno no qual vivemos todos os dias, que formamos estando juntos. Existem duas maneiras de não sofrer. A primeira é fácil para a maioria das pessoas: aceitar o inferno e tornar-se parte deste até o ponto de deixar de percebê-lo. A segunda é arriscada e exige atenção e aprendizagem contínuas: tentar saber reconhecer quem e o que, no meio do inferno, não é inferno, e preservá-lo, e abrir espaço. (Calvino, 1990: 150)



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mapa 5 - topografia A s铆ntese da geografia desse terit贸rio. Um vale entre dois planos, que se conecta ao norte com um segundo vale.

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mapa 6 - 1881 O mapa mostra a consolidação do triângulo histórico, enquanto a região do centro novo ainda era menos densamente ocupada e a praça da republica ainda não havia se constituído como tal. A ladeira da memória era a grande conexão do território antes da construção do primeiro viaduto do chá.

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mapa 7 - 1930 Na década de 30 a Praça da República já estava consolidada, apesar da ocupação no centro novo ainda ser menos densa do que atualmente. O viaduto do Chá já construído define o traçado bem próximo ao visto atualmente no recorte. 1:6000



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mapa 8 - percursos e terrenos

mapa 9 - destaques

mapa 10 - gabaritos

Localiza o percurso e delimita os terrenos do edifício

Esse mapa sinaliza os edifícios de importância cultural, arquitetônica e histórica da região.

O mapa é um levantamento o gabarito dos edifícios que constituem esse território.

1. São Bento 2. Edifício dos Correios 3. Igreja do Paissandu 4. Galeria Olido 5. Galeria do Rock 6. Cine Marabá 7. Ed. Caetano de Campos 8. Edifício Esther 9. Galeria Metrópole 10. Edifício Itália 11. Edifício Copan 12. Bib. Mário de Andrade 13. Galeria Nova Barão 14. Teatro Municipal 15. Shopping Light 16. Prefeitura de São Paulo 17. Edifício Martineli 18. Edifício Banespa 19. CCBB 20. Edifício Triângulo 21. Secretaria da Justiça 22. Pátio do Colégio 23. Casa da Marquesa de Santos e Museu da Imagem

1 a 5 pavimentos 5 a 10 pavimentos 10 a 20 pavimentos mais de 20 pavimentos

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mapa 11 - transporte metrô corredores de ônibus ciclofaixas estações do metrô terminais de ônibus mapa 12 - base edifícios e vias

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3. morada

Primeiro as casas ou museus? Tudo de uma só vez: as casas, as escolas, os museus, as bibliotecas. Uma planificação urbanística não pode prescindir dos problemas culturais se a construção de novos bairros, de novas casas é a base do projeto de uma cidade (nas casas queremos incluir mercados, escolas, serviços coletivos, como saúde, correios etc.) - o programa, ou melhor, a planificação de uma cidade não pode esquecer dois edifícios públicos, que ainda hoje são considerados um luxo intelectual: o Museu e a Biblioteca. (Bardi, 2009: 98)

Diante do olhar sobre a cidade, me pergunto qual seria o programa mais apropriado para ocupar os vazios eleitos ao longo do percurso. A premissa inicial é que seja um espaço de uso público. Mais do que isso, é de interesse do trabalho adentrar o território crítico que existe no limite entre o público e o privado. A busca por uma coleção de pretextos de encontro, complementos do morar. Villaça afirma que “a habitação vem sendo esvaziada das inúmeras funções que abrigava durante a Idade Média”. Isso porque os serviços que antes eram considerados domésticos passam a gerar lucro e os produtos antes produzidos como valores de uso passam a ser considerados valores de troca, mercadoria. Assim, o programa da casa se reduz e perde autonomia. O que se espera, diante disso, é a que essa perda seja substituída por novas funções e novos lugares dispersos pela cidade. Mas essa compensação não aconteceu de maneira satisfatória, uma vez que transforma os objetos e costumes em mercadorias, restringindo seu uso a partir de uma condição financeira. Por exemplo, as celebrações realizadas nos quintais das casas passam a ser feitas em salões de festa alugados, frutas e verduras cultivadas em casa se tornam mercadorias, os mortos passam a ser velados num velório pago e os visitantes


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se hospedam em hotéis. Os edifícios desse projeto serão extensões do morar. , espaços públicos que preservam a essência da casa. A ideia é que esses espaços sejam ambientes de frequência cotidiana, além da casa e do trabalho. Espaços de encontro e de pausa. A cidade se coloca como elemento fundamental do habitar, por abrigar funções dispersas se conectam, esta também passa a operar como casa. Segundo Heidegger, a essência da noção de habitar é a de um demorar-se junto às coisas. Assim, o habitar não se restringe à casa, mas inclui o ambiente urbano e os edifícios que constituem o cotidiano de cada pessoa. Habita-se o café, a escola, a praça, a biblioteca. O construir, por sua vez, é um deixar-habitar. Parece que só é possível habitar o que se constrói. Este, o construir, tem aquele, o habitar, como meta. Mas nem todas as construções são habitações. Uma ponte, um hangar, um estádio, uma usina elétrica são construções e não habitações. Essas várias construções estão, porém, no âmbito do nosso habitar, um âmbito que ultrapassa essas construções sem limitar-se a uma habitação. (Heidegger, 1954: 1)

Segundo o filósofo, não existe homens e além deles o espaço. Ao se dizer “um homem” já está subintendida a demora junto às coisas. Mas ainda assim, nem todos os espaços que estamos e no qual demoramos são considerados casa. Qual seria essa peculiaridade dos espaços, dentro do universo dos que habitamos, que tem em si a noção de casa? Para Bachelard, a casa é nosso “canto no mundo”, ela é o nosso primeiro universo, onde guardamos nossas memórias mas íntimas e onde podemos sonhar em paz. Ao mesmo tempo, ele afirma que “todo espaço realmente habitado traz


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a essência da noção de casa”. Assim, todo espaço em que se guarde memórias, em que se sonhe e onde se sinta no seu canto no mundo teria em si a noção de casa. Nessa comunhão dinâmica entre o homem e a casa, nessa rivalidade dinâmica entre a casa e o universo, estamos longe de qualquer referência às simples formas geométricas. A casa vivida não é uma caixa inerte. O espaço habitado transcende o geométrico. (Bachelard, 2005: 62)


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mapa 13 - extensões da casa programas e ações 1:6000


edifício estante ler - estudar

edifício copa cozinhar - comer

edifício creche acolher - ensinar

edifício ateliê construir - criar edifício quintal divertir - descansar

edifício palco assistir - atuar

edifício coxia ensaiar - suar



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4. dissolução

O edifício desfeito, que corresponde ao edifício de funções explodidas, disperso em vários edifícios ou, melhor dizendo, edifícios desfeitos para constituírem cidade. (Bucci, 2010: 40)

O conceito de dissolução é primordial para esse projeto. Entretanto, compreendê-lo e explicá-lo se mostrou uma tarefa muito abstrata e pouco eficiente. Por esse motivo, a utilização de estudos de caso foi a alternativa encontrara para tornar o discurso mais figurativo e palpável. Assim, iniciei uma procura por projetos que se utilizam da premissa da dissolução. De diferentes escalas e propósitos, esses projetos tem entre si um ponto de encontro forte: a estrita relação com seu entorno. Ao diluir o projeto por um território, esse passa a fazer parte diretamente das dinâmicas do projeto. As fronteiras entre edifício e cidade ou edifício e natureza se enfraquecem.

joão, o menino dono do percurso


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modelo do mirante santa clara por josĂŠ adriĂŁo fonte: joseadriao.com


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No primeiro caso, o arquiteto português José Adrião tinha a tarefa de construir uma área de estar no entorno de uma ponte em ruína na ribeira de Santa Clara a Velha com uma verba restrita e escassa mão-de-obra. Ao visitar o local, o arquiteto conheceu um menino de 9 anos que o conduziu por um percurso próprio por entre as ilhotas na margem do rio. Depois de caminhar com o menino, o arquiteto definiu que o projeto seria formulado a partir de um percurso de descoberta do lugar, tal como o menino havia feito. Por fim, o projeto é constituído por cinco perfis metálicos de seis metros de comprimento dispostos no terreno de maneira a conduzir o percurso, sendo dois deles pontes entre as ilhotas e os outros três bancos. O mirante, além de permitir a observação da paisagem do rio e da ponte em ruína, mira também a si mesmo, na medida em que se propaga pelo território. É interessante perceber que com uma mesma solução formal e construtiva, é possível obter diferentes respostas de acordo com a implantação de cada elemento. O mirante, diluído em mirantes, explora o elemento perfil metálico em diferentes níveis, direções e funcionalidades. A escolha pela cor laranja é uma forma de ressaltar a semelhança entre as diversas peças e ao mesmo tempo diferenciálas da paisagem existente. Partindo para uma escala mais abrangente, o programa dos novos CEUs realizado pela prefeitura de São Paulo, inclui a fragmentação do programa do CEU a partir da utilização das estruturas culturais e educacionais já existentes no bairro. De acordo com as demandas locais, os CEUs poderão abrigar, além do programa tradicional, serviços de assistencia social, oficinas culturais, entre outros. A flexibilização da composição do edifício permite uma maior diversidade de programas, que se conectam através do meio urbano. Essa flexibilização de programa é muito benéfica para os alunos das escolas municipais vinculadas ao Território CEU uma vez que esses alunos podem utilizar as outras estruturas do bairro nos períodos de contraturno escolar, visando uma carga horária integral.


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territ贸rio CEU - carr茫o fonte: gestaourbana.prefeitura. sp.gov.br/territoriosceu/


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A educação acontece para além dos muros da escola, e a rua se torna espaço frequentado pelos alunos, não apenas nos momentos de descontração, mas durante o turno escolar. As ruas passam a fazer parte do cotidiano desses alunos e também dos demais usuários do CEU. Dessa forma, elas passam a ser parte do projeto e são tratadas como tal. A qualificação dos espaços públicos, através da formulação de vias acessíveis, iluminadas e arborizadas faz parte do âmbito do projeto. Os caminhos e lugares que conformam o Território CEU ampliam as oportunidades de fruição do espaço da cidade, abrindo os equipamentos sociais para usos múltiplos, intensificando sua apropriação por diferentes grupos sociais e em diferentes momentos do dia e da semana. site Renova SP

Da mesma maneira, o projeto Tussen-ruimte (espaço entre) buscou mapear e propor instalações em becos, pátios escondidos e outros espaços públicos não utilizados da região dos canais em Amsterdam. Muitos desses espaços são resquícios das fendas abertas para o transporte de carga por cavalos, que precisavam apenas de um corredor estreito para passar. O projeto foi desenvolvido em conjunto por três escritórios holandeses (Jarrik Ouburg, Non-fiction e TAAK) e apoiado pela cidade de Amsterdam. Durante sua realização, convidou as pessoas a conhecerem os beco e também transitarem entre eles, caminhando pela cidade em busca de seus vazios. Ao longo dos quatrocentos anos da ocupação da região dos canais, Amsterdam colecionou espaços residuais que recebem hoje novo significado. Diferente de José Adrião, cada projeto nesse caso possui uma expressão própria, a relação entre eles está na implantação nos espaços entre os edifícios da cidade. Dessa vez, o percurso não é definido pela orientação dos projetos, mas cada projeto deve ser descoberto no caminhar livremente pela cidade.


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acima, alguns dos vazios mapeados no projeto e ao lado, uma das instalaçþes fonte: tussen-rimte.com




5. edifício

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O edifício a seguir não é uma síntese das discussões apresentadas anteriormente. Ele é em si mais uma discussão, a tentativa de partilhar pelo território essas diferentes extensões da casa, conectadas pelo percurso de um poeta. Além da escala do edifício, também é colocada uma questão de caráter urbano, no cotidiano do edifício, na conexão entre os endereços, na vida urbana que ele inspira. Para a escolha dos terrenos, buscou-se criar um ritmo através da equidistância entre os projetos onde cada um surge como uma pausa entre cinco minutos de caminhada. Quanto à área do programa, a soma do potencial construtivo dos terrenos é de aproximadamente 16 mil metros quadrados, equivalente à área do SESC Guarulhos. Os terrenos possuem uma identidade formal que também os conecta, pois todos são canyons, entre gigantes.


edifício ensaios

endereço dimensões área gabarito cota situação

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aurora, 872 8,5m x 50m 403m2 T+9 747 restaurante

O edifício se preenche de burburinhos e ansiedade como a coxia no dia de apresentação. Um espaço de ensaio para artistas. O lugar antes do palco onde músicos, dançarinos e atores praticam, decoram, repetem e de novo. Uma arquibancada pública acompanha todos os pavimentos sem compromisso, o ensaio vira espetáculo e o público vê graça na imperfeição. O vidro que divide público e privado é também espelho para os artistas ensaiarem. Assim, a dança é feita de frente para a platéia.



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planta tipo


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edifício palco

endereço dimensões área gabarito cota situação

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república, 148 8m x 20m 8m x 18m 301m2 T + 11 748 mercearia

Na Praça da República, o pequeno canyon dará lugar a um edifício de palcos empilhados. As salas de tamanhos variados podem exibir a copa do mundo ou um pequeno projeto autoral. Elas transitam entre tela e palco, popular e erudito. Utiliza-se do miolo de quadra para abrigar a circulação. O térreo livre se abre para a praça e convida os usuários. No topo, uma platéia mirante assiste a cidade em pulso.



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edifício ateliê

endereço dimensões área gabarito cota situação

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são joão, 472 9,3m x 50m 496m2 T + 6 e T+10 742-744 loja c&a

Na Avenida São João, um espaço para criar, montar, construir. Edifício que se constrói e destrói. Oficina pública populariza o criar. Nichos de projetos e grandes salões com maquinários coletivos. No topo, o edifício se integra com o jardim da cobertura da Galeria do Rock.



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edifício quintal

endereço dimensões área gabarito cota situação

crispiniano, 157 10m x 24m 173m2 T + 11 744 loja

O edifício quintal busca recuperar um espaço na memória. É a brincadeira de mangueira no dia ensolarado, o canto dos passarinhos atraídos pelas frutas e a expectativa da chegada do beija-flor. O edifício é geografia, as lajes exploram a topografia tal como espaços livres. Brincadeiras de criança revisadas para quem ousar.



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edifício creche

endereço dimensões área gabarito cota situação

líbero badaró, 348 11m x 30m 343m2 T + 11 744 sem uso

A creche-escola se desdobra em altura criando pátios intermediários. Assim, as crianças chegam de elevador e passam o dia transitando entre poucos pavimentos, como se estivessem em um pequeno edifício acolhedor. A fachada se fecha para a rua criando proteção e silêncio e a iluminação vem do alto e de alguns recortes.



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edifício copa

endereço dimensões área gabarito cota situação

largo da misericórdia, 36 6,6m x 30m 240m2 T + 14 748-749 predinho

No edifício copa todos jantam juntos. Informalmente, nos dias sem visita. A copa é o cotidiano da casa, onde o almoço de domingo é requentado nos dias corridos da semana. No edifício, as mesas contínuas colocam lado a lado funcionários de edifícios de lados opostos da rua. Estes passam a conversar depois de tanto se ver pela janela. No térreo, um restaurante popular e ocupando o edifício antigo, uma escola que abastece o primeiro.



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edifício estante

endereço dimensões área gabarito cota situação

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rua luis teixeira 6m x 60m 294m2 T + 4 e T+13 729-734 beco

Uma só estante ocupa a empena cega. Nela, livros doados, devolvidos, retirados. O jornal de ontem e a revista da última semana. Notícias envelhecidas que guardam seu interesse. Algumas mesas dentro do pequeno edifício são reservadas para os alunos que precisam de espaço e tempo.



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próximos passos

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O desenvolvimento deste trabalho não se deu de forma linear. Durante esse semestre, alternei entre os campos teórico e prático a todo o tempo. No próximo semestre, pretendo focar, principalmente, no desenvolvimento dos projetos mas também desejo continuar a pesquisar sobre os assuntos abordados na parte teórica deste trabalho, que muito me interessam. A organização dos capítulos e a diagramação do caderno foram feitas de maneira a abarcar os produtos do primeiro e segundo semestre. Apesar de ainda procurar melhorar os textos e desenhos para o caderno final, encaro esta etapa como uma finalização completa em si. Aprendi com o querido professor Antônio Carlos Barossi a importância das finalizações sucessivas ao longo de um projeto. Apresento aqui mais uma dessas que guarda em si vontades e ambições para as etapas que estão por vir.



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BIBLIOGRAFIA

BACHELARD, Gaston. A Poética do Espaço. São Paulo: Martins Editora, 2008. BUCCI, Angelo. São Paulo, razões de arquitetura. Da dissolução dos edifícios e de como atravessar paredes. São Paulo: Romano Guerra Editora, 2010. CALVINO, Italo. As Cidades Invisíveis. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. CARERI, Francesco. Walkscapes: o caminhas como prática estética. São Paulo: GG Brasil, 2013. CERTEAU, Michel de. A Invenção do Cotidiano. Petrópolis: Vozes Editora, 2012. DUNKER, C.I.L. – A Lógica do Condomínio ou o Síndico e seus Descontentes. Revista Leitura Livre – Centro de Comunicação e Semiótica da PUC-SP, n 1., 2009. FERRARA, Lucrécia D’Aléssio. Ver a cidade: cidade, imagem, leitura. São Paulo: Nobel, 1988. FERREIRA, João Sette Whitaker. Prefácio. In: SOUZA, Felipe Francisco De. “A Batalha pelo Centro de São Paulo: Santa Ifigênia, Concessão Urbanística e Projeto Nova Luz”. São Paulo: Editora Paulo’s, 1ª edição, 2011. FERREIRA, Paulo Emílio Buarque. Apropriação do espaço urbano e as políticas de intervenção urbana e habitacional no centro de São Paulo. Universidade de São Paulo, Faculdade de arquitetura e Urbanismo. São Paulo, 2007. HEIDEGGER, M. Construir, habitar, pensar, 1954. Disponível em: www.prourb.fau.ufrj.br/jkos/p2/heideg- ger_construir,%20habitar,%20pensar. pdf. Acesso em 21/05/2015. RUBINO, Silvana (org.); GRINOVER, Marina (org.); Lina por escrito. Textos escolhidos de Lina Bo Bardi. Coleção Face Norte, volume 13, Cosac Naify, São Paulo; 1ª edição, 2009. VILLAÇA, Flávio. O que todo cidadão deve saber sobre habitação. São Paulo: Global Editora, 1986. web joseadriao.com gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/territoriosceu/ tussen-ruimte.com prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/desenvolvimento_urbano



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