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APAGAMENTO E ESTEREÓTIPOS DO REINO VÂNDALO NOS MANUAIS DE HISTÓRIA GERAL DA ÁFRICA DA UNESCO Geraldo Rosolen Junior
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STEINACHER, 2009, p.198). Deste modo, podemos observar que o título apresenta muitos elementos constituídos através de uma compreensão e legitimação histórica que visava, assim como o termo ‘germânico’ apresentado por Jarnut (2004) exibia um ideal do nobre guerreiro e conquistador.
Essa percepção certamente foi perpetuada pelos reis suecos que utilizaram o título de “Sveriges, Göthes och Vendes Konung” de 1540 até 1973, como podemos conferir na figura 2 abaixo, que apresenta uma medalha de 1966 com o título e a face de Gustaf VI Adolf, e que nos apresenta um grande sucesso na conservação da hereditariedade do título, sua utilização permaneceu vigorosa até a morte de Gustaf VI Adolf em 1973, que foi considerado o “letzter König der Vandalen” Gustaf sucedeu ao trono e dispensou seu uso, sendo atualmente reconhecido apenas como “Sveriges Konung”.
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Portanto, com a coleção tendo sido escrita entre 1960 e 1980, é possível que os africanistas da História Geral da África, observassem os povos vândalos como tendo uma representação histórica e política, cujo (STEINACHER, 2016, p.349), quando Carl XVI
seu correspondente era a monarquia sueca, que reivindicou durante vários séculos uma herança cultural e étnica dos vândalos, que correspondiam com o ideal sueco de um povo guerreiro que ascendeu como um dos grandes Reinos Pós-Imperais, conquistando uma importante parte da África do Norte e do Mediterrâneo Ocidental, e portanto, apresentar a História dos Vândalos, poderia ter causado receio do que essa representação poderia ocasionar.
Ao menos é esta a perspectiva que, com
Figura 2 – Medalha de ouro Gustaf VI Adolf, 1966.²
2 Observamos ao lado esquerdo da figura, que o título de “rei dos suecos, godos e vândalos” permanece, mas assume uma nova característica linguística, tendo sido escrito em sueco: “GUSTAV VI ADOLF SVERIGES GÖTES OCH VENDES KONUNG”. Digital Museum of Sweden, número de registro: Jvm23637-1-2. Acesso em 30/04/2020. Disponível em: https://digitaltmuseum.se/021027949468/medalj
exceção de Hichem Djait (2010), os vândalos são retratados, isto é, como colonizadores estrangeiros que não haviam contribuído para a História da África em uma perspectiva mais ampla. Logo, podemos considerar que um dos objetivos propostos na Apresentação do Projeto, escrito por Bethwell Allan Ogot não havia sido cumprido: “Os laços históricos da África com os outros continentes recebem a atenção merecida e são analisados sob o ângulo dos intercâmbios mútuos e das influências multilaterais” (OGOT, 2010, de Estudos Medievais (LEME/UNIFESP),
p. XXVIII), e apesar de não terem sido avaliadas as influências mútuas, e tão pouco considerado as relações entre os vândalos e os romanos-africanos, e menos ainda com os povos, ditos mouros, que poderiam sim transformar as perspectivas apresentadas pelos autores dessa coleção, devemos levar em consideração que, em um dos pontos levantados por Ogot, ele escreve: “em larga medida, o fiel reflexo da maneira através da Tempo, vol.24, n.3, 2018, p.400-421.
qual os autores africanos veem sua própria civilização” (OGOT, 2010, p.XXVIII).
Assim, embora a História Geral da África não seja precisa e apresente alguns estereótipos da História dos Vândalos, essa coleção nos apresenta em alguma medida, como os africanistas e autores africanos consideraram e perceberam essa História, de modo, ainda bastante eurocêntrico e europeizada, com receios bastante explícitos, de novamente replicarem uma África conquistada e colonizada, e que associa os vândalos mais com as descobertas arqueológicas na Europa, do que com a ascensão de seu reino como uma potência do Mediterrâneo, que teve como capital a cidade de Cartago, e que fez com que Sidônio Apolinário observasse no
Certamente esse apagamento e o silêncio dessa historiografia em relação aos vândalos, ainda nos diz muito sobre como não apenas os historiadores têm percebido a História dos Vândalos, mas também em um aspecto mais amplo da História Medieval, que aos poucos tem tomado novas formas que colaboram na manutenção dessa percepção.
Geraldo Rosolen Junior é mestrando em História pela Universidade Federal de São Paulo, pesquisador vinculado ao Laboratório associado ao Núcleo de Estudos Bizantinos e Conexões Mediterrânicas (NEB/UNIFESP) e Bolsista CAPES.
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Artigo
DESENVOLVIMENTO DA ESCOLA DE MASSA: A NECESSIDADE DA SOCIEDADE INDUSTRIAL
Por Renato E. de L. Oliveira
RESUMO: Nossa sociedade está inserida no mundo capitalista, o sistema que age através de relações de produção, criando laços de dependência. No século XVIII a indústria irá se desenvolver e durante o século XIX irá se consolidar, os países iniciam suas industrializações e começam a perceber a necessidade de criar um projeto educacional em consonância com a realidade econômica, mas não era possível permitir uma ampliação sem o controle das elites. Neste contexto se encontra a escola, onde as crianças passam boa parte de suas vidas, no entanto, a instituição não passa apenas conteúdos, mas sobretudo educa os corpos, disciplinando-os. Os estudantes são, indiretamente, ensinados desde cedo a se adequarem as relações do trabalho.
Palavras Chaves: Educação. Capitalismo. Trabalho
Introdução
A
o longo da história sempre existiram formas de iniciar as crianças na vida adulta. Podemos observar que na Idade Antiga a educação e iniciação se dava no seio familiar, onde “o jovem varão simplesmente acompanha o pai no trabalho da terra, no foro ou na guerra, enquanto as filhas permanecem junto a mãe ajudando-a em outras tarefas.”1 Mesmo em nossa sociedade é inegável que a família continua com sua primazia na educação social, tendo em vista que é onde a criança
1 ENGUITA, Mariano. A face oculta da escola: educação e tem o primeiro contato com a sociedade.
Avançando para a Idade Média podemos perceber que a educação continua centrada na família, mas desta vez as crianças não ficam na família que as geraram, e sim, eram enviadas para um lar diferente.
A falta de coração dos ingleses manifestase particularmente em sua atitude para com seus filhos. Após havê-los tido em casa até os sete ou nove anos (entre nossos autores clássicos, sete anos é a idade em que as crianças deixam as mulheres para incorporar-se à escola ou ao mundo dos adultos), colocam-nos, tanto os meninos quanto as meninas, no duro serviço das casas de outras pessoas, as quais as crianças ficam trabalho no capitalismo. Editora Artes Medicas. 1989. p. 105
vinculadas por um período de sete a nove
anos (portanto, até a idade de quatorze a dezoito anos, aproximadamente). São a política de cercamento, surgiu o sistema
chamados então de aprendizes. 2
Na casa de outra família as crianças, agora agrário embasado nos latifúndios e
aprendizes, irão se moldar as normas da grandes arrendamentos. Os camponeses e
casa, ou em outras palavras as normas da trabalhadores agrícolas não conseguiam se
sociedade vigente. Essa educação não deixava manter nos campos, a solução foi então ir
divisões entre educação, família e trabalho. para a cidade e oferecerem sua única posse,
À criança cabia servir e obedecer às normas, a força de trabalho. Nem todos conseguiam
aprendendo as boas maneiras, e aos donos empregos, e agora formavam o que Marx
da casa cabia a obrigação de educar, “mas chamava de exército de reserva industrial.4
também a alimentá-lo e a vesti-lo, dar-lhe uma A relação patriarcal-feudal estava rompida,
formação moral e religiosa e prepará-lo para o indivíduo conseguia autonomia sobre si,
converter-se em um cidadão.3 porém via-se submetido a uma relação de
Com o passar dos séculos um novo modelo econômico social vai se desenvolvendo, trata- A revolução industrial criou uma mudança
se do sistema capitalista. A nova configuração nas relações econômicas, sociais, política e
da sociedade irá exigir um novo modelo em última instancia cultural. A nova forma
de trabalho, consequentemente um novo de trabalho exigia disciplina, ordem, os
modelo de trabalhador, que será formado em trabalhadores, adultos, estavam acostumados
instituições de ensino para depois seguirem a não ter hora para trabalhar devido a dinâmica
para o mercado de trabalho. do trabalho do campo. O campo não exigia mantidas plenamente ocupadas o resto de seu
A escola foi muito importante para o momento de transição que foi forçado pelo desenvolvimento da indústria. Ao mesmo tempo em que a escola foi peça central nessa transição foi também alvo, sendo afetada por choques de gerações. É importante ressaltar que a sociedade como um todo estava sendo afetada, mas a escola foi utilizada como fonte capitalista.
A necessidade do século XVIII
Com o fim da classe camponesa devido
dependência.
divisão entre trabalho e vida particular, ou seja, somente com muito esforço um adulto se acostumaria a rotina de uma fábrica, por outro lado as crianças se apresentavam como mão de obra barata e ainda em formação.
Quando estas crianças tiverem quatro anos, serão enviadas a uma casa de trabalho rural e, ali, ensinadas a ler duas horas ao dia e de propagação dos ideais do liberalismo
tempo em qualquer das manufaturas da casa (...). É de considerável utilidade que estejem, de um modo ou outro, constantemente ocupadas ao menos doze horas ao dia, quer ganhem a vida ou não; pois, por este meio,
2 ENGUITA, Mariano. A face oculta da escola: educação e trabalho no capitalismo. Editora Artes Medicas. 1989. p. 106. 3 Ibid., p. 107. 4 Conceito desenvolvido por Karl Marx em sua crítica da economia política, e refere-se ao desemprego estrutural das economias capitalista que contribui para alienação do proletariado.
esperamos que a geração que está crescendo estará tão habituada a ocupação constante sutis diferenças das opiniões acadêmicas. e à pá, a cabeça só raramente desperta
que, em geral, lhe será agradável e divertida (...). 5
A escola então passa a ser considerada como uma opção para sanar o problema das para pensamentos elevados e não pratica
crianças ociosas e ao mesmo tempo traria a educação e disciplina necessárias para a basta evitar o estudo. Para Locke a única
realidade fabril. Na Inglaterra defendia-se a expansão das escolas, embora pudesse encontrar opositores em estender a educação aos pobres.
(...) ensinassem a ler e a escrever pessoas que não necessitavam mais que aprender a desenhar e a manejar o buril e a serra, mas que não querem continuar fazendo-o (...). O bem da sociedade e exige que os conhecimentos do Povo não se estendam instruído deverá se familiarizar com os cuja ocupação própria consiste em estar a
além de suas ocupações.6
Na mesma linha de pensamento encontravase o filósofo John Locke, considerado o “pai do liberalismo”. Locke acreditava ser serviço de seu país — daí que esteja mais incluem também o direito e a história. 9
desnecessário incentivar a educação para as classes baixas, eles eram os braços e não o cérebro da sociedade, necessitavam de disciplina e não de conhecimento.
O estudo das ciências em geral é assunto daqueles que vivem confortavelmente e dispõem de tempo livre. Os que tem empregos particulares devem entender as funções; e não é insensato exigir que pensem operar as máquinas. O proletário trabalhando
e raciocinem apenas sobre o que forma sua ocupação cotidiana. 7
na obra Teorias de educação do iluminismo, conceitos de trabalho e do sujeito coloca mais um exemplo de Locke, o que reforça o
5 ENGUITA, Mariano. A face oculta da escola: educação e trabalho no capitalismo. Editora Artes Medicas. 1989. p. 109. 6 Ibid., p. 111. 7 Idem.
(...) A maior parte da humanidade não tem paciência para o estudo e a lógica e as Quando as mãos estão habituadas ao arado raciocínios misteriosos.8
Despertar pensamentos misteriosos significavam colocar em risco o status quo, a maior parte da sociedade não pode ter pensamentos misteriosos e para evitar isso educação que importava era dos filhos da burguesia, que Locke chama de um gentleman (cavalheiro), que seriam os futuros governantes.
(...) quem quiser ser universalmente objetos de todas as ciências. Mas isso não é necessário pra um cavalheiro [gentleman], propriamente preocupado com a moral e conhecimento político (...) da sociedade civil e das artes do governo e, desse modo,
Mas a educação não se restringe a mediação de conhecimento, ela traz consigo o pensamento reflexivo e essa questão assombrava a burguesia, educar ou não educar a população mais pobre. Necessitavam educar a população para que pudessem O historiador alemão, Werner Markert
8 MARKERT, Werner. Conceitos de formação do homem como manifestação da razão burguesa: a relação entre educação, propriedade de progresso técnico. In: ___ (org.). Teorias de Educação do Iluminismo, conceitos de trabalho e do sujeito: contribuições para uma teoria crítica da formação do homem. Rio de Janeiro. Tempo Brasileiro. 1994. 9 NASCIMENTO. Christian L. Lopes. Locke e formação do gentleman. 2010. 129f. Dissertação (mestrado). Núcleo de pós-graduação em educação, Universidade Federal de Sergipe.
iria manter a indústria em funcionamento e a elite conseguiria manter e consolidar seu e não mais ao contrário, como acontecia na
poder. Contudo, temiam permitir o acesso ao conhecimento para a classe mais baixa e mais numerosa pois não desejavam despertar a capacidade de reflexão visto que isso poderia desestabilizar o status quo.
O Marquês de Condorcet, sustenta uma posição que viria a ser tomada, deixaria a população ter acesso à educação, mas a educação seria controlada. Ao direcionar o que as pessoas podiam ou não aprender afastariam o medo de a população entrar em contato com conhecimentos “inadequados”.
É expandindo as luzes entre o povo que se pode impedir que seus movimentos se operário mais eficiente na função exercida.
convertam em perigosos.
(...) por que, então, não desejar que uma instrução bem dirigida lhes torne difíceis de serem seduzidos mais adiante, mais dispostos dois tipos de instrução uma científica, técnica
a cederem a voz da verdade?10
Era necessário educar a população, mas não muito, como coloca uma das empresas da época que fabricava algodão “(...) não queremos estadistas em nossas fábricas, mas indivíduos de ordem”.11
É importante deixar em evidência o fato, que Marx também chamou a atenção, que Ao ampliar a educação era necessário
a primeira Revolução Industrial alterou a espaço para comportar as crianças para
forma de pensar dos indivíduos, não só em que elas recebessem a educação adequada.
relação ao trabalho, mas a relação com toda Mariano Enguita chama a atenção para o fato
a sociedade. O artesão que faziam parte de de que a escola não surgiu com a intenção
todo o processo de trabalho até a produção de moldar o pensamento da população ao
do objeto, passa a fazer apenas uma parte do trabalho, “simplesmente [as escolas] estavam
todo, alterando também sua relação com o educação material, primava para que rotina
10 ENGUITA, Mariano. A face oculta da escola: educação e 11 Ibid., 113.
A relação do trabalhador com o trabalho havia se modificado, agora quem ditava o ritmo eram as maquinas. O trabalhador perde o controle do processo produtivo. É ele quem se adapta ao processo de produção, manufatura. Aqui temos o maior exemplo da alienação do trabalho teorizado por Karl Marx, onde o trabalhador perde o “controle” sobre o produto que faz, ele não sabe mais quanto material é necessário, qual o tempo médio para produzi-lo ou a quantidade que ele mesmo produz num dia.
Através da introdução deste tipo de trabalho passa a ser necessário tornar o A educação, que antes era somente para a classe alta passa a ser oferecida de maneira ampla para as camadas mais baixas, criando e profissional e a outra que era a educação social, uma para as classes baixas e a outra para a classe dominante.
A educação da ordem
ali e se podia tirar bom partido delas.”.12 A trabalho no capitalismo. Editora Artes Medicas. 1989. p. 112.
12 ENGUITA, Mariano. A face oculta da escola: educação e trabalho no capitalismo. Editora Artes Medicas. 1989. p. 114.
escolar “gerasse nos jovens os hábitos, as formas de comportamento, as disposições e escolas, mas ficavam em segundo plano,
os traços de caráter mais adequados para a indústria.” 13
Para a sociedade a ampliação da educação era justificada pelos avanços tecnológicos, e de fato o objetivo das escolas nunca deixaram de ser o ensino, mas a forma alterou-se. Havia uma preocupação muito grande com o que se ensina, o conteúdo permitido e o que se podia lecionar, entretanto o mais importante era aprender as relações do trabalho.
(...) um conjunto decididamente pode tecer entre estes elementos. 16
A questão não era ensinar um certo montante de conhecimentos no menor tempo possível, mas ter os alunos entre as paredes da sala de aula submetidos ao olhar vigilante do professor o tempo suficiente para domar seu caráter e dar a forma adequada a seu comportamento. 14
A disciplina nas escolas era semelhante aos E, efetivamente, são esses dispositivos que
quarteis, buscava-se controlar a vida dentro reinam nas salas de aula. E até os dias atuais
e fora dos muros. Pontualidade, respeito podemos presenciar que as instituições de
a hierarquia, padronização do modelo de ensino presam pela ordem, além de passar o
roupa adequada, a metodologia de ensino conteúdo a escola acaba por ensinar como se
tentava controlar não somente a mente, mas comportar numa sociedade capitalista.
sobretudo seus corpos. Essa ideia fica bem exemplifica como demonstra Foucault:
(...) [na] palavra “entrem”, as crianças põem ruidosamente a mão sobre a mesa e ao mesmo tempo passam a perna por cima do banco; as palavras “em seus bancos”, Os responsáveis e a população, de maneira
passam a outra perna e sentam-se frente a suas lousas (...). Peguem as lousas. A palavra “peguem”, as crianças levam a mão direita a cordinha que serve para pendurar a lousa ao prego que está diante delas, e com a esquerda, pegam a lousa pela parte do meio;
13 Idem.
Através deste relato podemos evidenciar que a instrução poderia acontecer nas sendo o principal aspecto apreciado era a ordem. Tudo na escola era necessário para ensinar a ordem, a disposição das cadeiras, a cor da parede, o tablado, a lousa, cada parte da escola formava o todo do mecanismo de controle institucional, o que Foucault chamou de dispositivo:
heterogêneo que engloba discursos, instituições, organizações arquitetônicas, decisões regulamentares, leis, medidas administrativas, enunciados científicos, proposições filosóficas, morais, filantrópicas. Em suma, o dito e o não dito são os elementos do dispositivo. O dispositivo é a rede que se
De fato, professores nunca questionaram que respeitar a autoridade é um problema, pois ensinar os alunos ao respeitar a autoridade estão ensinando a se portarem na vida adulta. a palavra “lousas”, as crianças soltam-nas e
geral, consideram de suma importância o bom comportamento dos estudantes, desta forma as crianças e adolescentes já vão sendo conduzidos para uma lógica de vida
15 FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Petrópolis. RJ. 20ª Ed. Vozes. 1999. p. 192. 16 MARCELLO, Fabiana de Amorim. O conceito de dispositivo em Foucault: mídia e produção agonística de sujeitosmaternos. Revista Educação e Realidade, p. 199-213. jan./jun. 2004.
adulta. Nesse contexto a escola aparece para consolidar e diria até legitimar a submissão a autoridade, coisa que o seio familiar não conseguiria fazer.
forma de aprendizado, onde todos os alunos
(...) a autoridade da escola já não é a autoridade indiscutida do pai (...). É, como a autoridade no trabalho, uma autoridade com (...) premiando a conduta correspondente e rejeitando e mesmo penalizando tudo o que
tendência a ser total durante o período de tempo em que o indivíduo está incorporado a instituição e dentro do espaço delimitado por seus confins. 17
Trazendo novamente o conceito sobre dispositivos de Foucault perceberemos que eles são quase imperceptíveis, os dispositivos condicionam nosso comportamento, mesmo que não notemos sua presença. Basta nos recordamos de nossos tempos de colegial, não notamos que estávamos sendo altamente influenciados. Enguita utiliza-se das palavras de Friedenberg, mostrando como os dispositivos agem
O fato de que as restrições e as penalidades sejam pequenas e não importantes em si mesmas é uma forma de piorar as coisas. As grandes intromissões são mais facilmente reconhecidas como tais; as pequenas restrições são resistidas apenas pelos mais “revoltosos” . 18 pela ordem e autoridade, a escola, mesmo
Outro ponto importante para colocar em evidência é a uniformização dos alunos, por uniformização entende-se que são as atitudes comportamentais que todos os alunos são submetidos e deve seguir. Esta uniformização está intimamente relacionada a ampliação do sistema capitalista. Outra
com o respeito a autoridade. Muitas vezes os professores lecionam suas disciplinas para 40 alunos ou mais, torna-se no mínimo complexo
17 ENGUITA, Mariano. A face oculta da escola: educação e trabalho no capitalismo. Editora Artes Medicas. 1989. p.166 trabalho no capitalismo. Editora Artes Medicas. 1989. p. 165. conseguir manejar tantos alunos num espaço tão restrito como a sala de aula. Entretanto, ao minimizar as diferenças comportamental entre os alunos é possível aplicar uma só são forçados a aprender a dinâmica da aula.
O trabalho do professor passa assim a consistir (...) em ensinar crianças e jovens a comportar-se da forma que corresponde ao coletivo ou categoria em que foram incluídos, possa derivar (...). 19
Fica evidenciado que a escola busca um aprendizado universalista, onde o aluno x terá que se portar como o aluno y, criando uma sala homogênea. Ao serem inserido numa homogeneidade os estudantes aprendem a “cobrar” isso de outras pessoas, assim relaciona-se somente com indivíduos que pensem e ajam iguais aos seus critérios.
A educação da ordem faz com que alunos e professores acabem por perder suas personalidades, tendo que se adequarem à escola e ao cargo que ocupam. A criatividade e o livre pensamento são substituídos sem querer, passa a reproduzir a lógica do trabalho.
A colisão do capitalismo na educação
A educação, como instituição, foi de grande auxilio para fornecer pessoas devidamente capacitadas para o trabalho e permitindo 18 ENGUITA, Mariano. A face oculta da escola: educação e
contribuição foi a legitimação de valores da
classe dominante, não só como difundindo o pensamento dominante, mas sobre tudo fazendo se perpetuar a dominação estrutural, que se deu através da subordinação a hierárquica.
espírito do capitalismo, possui um trabalho
Naturalmente, nem mesmo os altamente respeitáveis pensadores da classe dominante podiam adotar uma atitude que divergisse do modo cruel de subjugar aqueles que deviam ser mantidos sob o mais estrito controle, no interesse da ordem estabelecida. Não até que a própria mudança das condições de emprego nas fábricas, não é de se estranhar
produção modificasse a necessidade de uma força de trabalho (...). 20
É importante salientar que o sistema capitalista não é unicamente um sistema econômico, trata-se, antes, de um modelo de sociedade, ou seja, não se limita ao campo monetário, ele perpassa todos os âmbitos particulares e sociais. Podemos encontrar um forte exemplo na religião, que antes condenava a usura e práticas de enriquecimento e que passou a defender o acumulo de riquezas, até mesmo antes da Revolução Industrial, como nos mostra o sociólogo Carlos Eduardo Sell, da Universidade Federal de Santa Catarina: “A riqueza foi considerada perigosa apenas e o controle agora faziam parte da relação
se desviasse o indivíduo do trabalho (...). Com certeza não para fins da concupiscência da carne e do pecado, mas sim para Deus.” 21
O luteranismo acredita que a salvação é alcançada através dos atos terrenos, logo, tornou possível alcançar o paraíso através de ações corporais. Juntamente veio o calvinismo, que introduziu o trabalho no mundo espiritual. O trabalho agora era visto manipulação, de regulamentação, cujo
como meio para se alcançar a salvação “(...)
20 MÉSZÁROS, István. A Educação Para Além do Capital. São Paulo: Boitempo, 2008. p. 29 Weber. Petrópolis. 7ª Ed. Vozes. 2015. p. 129. o calvinismo completou aquilo que faltavam na visão [de] Lutero: um estímulo psicológico para a dedicação sistemática ao trabalho como centro da conduta de vida (...)” 22. O sociólogo Max Weber, na obra a ética protestante e o bem consolidado sobre esta temática que inclusive serve de inspiração para os escritos de Carlos Sell.
Com tantos estímulos, como a fé no progresso e no desenvolvimento cientifico, estimulo religioso e poucas oportunidades de que os operários sempre pediram mais escolas. A história hegemônica também tende a ver a escola com bons olhos, considerando-a como parte do desenvolvimento social. Tendo isso em vista, um questionamento é possível, em que medida o movimento operário teve culpa pelo desenvolvimento da escola de massas? Essa questão não é o objetivo do trabalho apresentado aqui, contudo essa história continua silenciada, e acredito ser um dever moral apontar mais este caminho na direção de um resgate da história da educação.
Retomando notamos que a educação sofre uma profunda mudança quando ocorre a gênese do capitalismo, a vigilância pedagógica. Essa opressão contrastava com o ideal iluminista, se por um lado os pensadores liberais divulgavam seus valores liberais e igualitários, por outro lado a escola aparecia como desmistificador desse argumento.
(...) as técnicas de domesticação, de 21 SELL, Carlos Eduardo. Sociologia clássica: Marx, Durkeim e
sentido e forma variam segundo a relação na qual se exercem (relação de assalariado,
relação pedagógica, relação de autoridade em uma organização, etc.) podem ser constituídas como uma forma nova de até brilhantemente, uma classe operária
poder.23
Essa nova forma de poder que Enguita cita é a domesticação da classe operária através da dominação do pensamento através da escola, que se mostrava como local de repressão e dominação onde as “normas, regras e controles disciplinares [são] destinados a
A escola recebe as crianças de todas as anos, precisamente durante os anos em que sufocar a iniciativa e a individualidade”.24 E sem dúvida este é o maior impacto do sistema capitalista nas escolas, ter transformado elas em um mecanismo para difusão dos ideais
a criança é extremamente “vulnerável” (...). da classe dominante e doutrinação da classe
dispõe durante tantos anos de audiência dominada.
Indiretamente ou diretamente os professores e educadores foram responsáveis A rotina da escola é espelho da relação
pela propagação das ideias da elite. Os do trabalho. As crianças são preparadas para
educadores não tinham, necessariamente, entrarem na relação de produção através
consciência de que estavam domesticando a das relações sociais escolares. Enguita cita
classe trabalhadora, mas ao passar as normas um trecho do livro Schooling in capitalist
e zelar para que as mesmas fossem cumpridas America, de Samuel Bowles e Herbert Gintis,
estavam contribuindo para a formação de um mostrando que a relação dos “(...) professores
conhecimento oculto. e os estudantes e dos estudantes entre si e
Essa questão tinha que ficar clara para todos aqueles que passassem pelas paredes das escolas, além de absorver o conteúdo Para Browles e Gintis, citado por Enguita,
os estudantes iriam aprender a obedecer, a a educação deveria ter como principal
respeitar e ser submisso a autoridade e talvez, motivação a própria integração do aluno
aquilo que é mais importante, aprenderia “seja com o processo (a aprendizagem)
a conviver com afazeres repetitivos, sem seja com o resultado (o conhecimento) do
sentido aparente no qual teriam que ficar por longas horas. colocar o sistema de notas, a avaliação fica
23 ENGUITA, Mariano. A face oculta da escola: educação e trabalho no capitalismo. Editora Artes Medicas. 1989. p. 142. 24 Ibid., p. 141. operária alcançou seu auge que possibilitou as escolas darem novas formas para a sobrevivência econômica e social ao criar, homogênea. A escola, ao lado da família, é a principal formadora de comportamento que a sociedade conhece, e também é a única instituição que abrange as crianças e dispõe de um grande tempo com elas.
classes sociais desde o Maternal, e já desde o Maternal, tanto com os novos como com os antigos métodos, inculcam-lhes durante
(...) Nenhum Aparato Ideológico de Estado obrigatória (...). 25
com seu trabalho - reproduzem a divisão hierárquica do trabalho”.26
‘processo de produção’ educacional.” .27 Ao Somente quando a domesticação da classe
25 Ibid., 147.
26 ENGUITA, Mariano. A face oculta da escola: educação e trabalho no capitalismo. Editora Artes Medicas. 1989. p. 152. 27 ENGUITA, Mariano. A face oculta da escola: educação e trabalho no capitalismo. Editora Artes Medicas. 1989. p. 152.
sendo meritocrática, onde as notas altas são bonificadas e as notas baixas punidas. No geral os estudantes que melhor se adequam a metodologia de ensino obtém as melhores notas, enquanto os alunos que sentem dificuldades em adaptar-se ao modelo institucional acabam por obter notas menores.
A escola não é nada mais do que a união dos do seu tempo e lutar contra os perigos que cada período histórico apresenta.
Ao ampliar a educação para a população com menor poder aquisitivo a classe burguesa conseguia propagar suas ideias e convicções. Nesse sentido a escola de massa conseguiu cumprir seu objetivo, fez com que os estudantes saíssem acostumados com a relação do trabalho. Ao educar a mente e o corpo os estudantes conseguiriam facilmente se adequar ao sistema social nascente.
Considerações finais
(2017) e Pós-Graduado em Gestão Pedagógica:
Ao longo dos séculos a forma de se ensinar foi modificada diversas vezes, de modo que não existe uma padronização de estudos, cada sociedade definiu para si como o conhecimento seria transmitido. Este trabalho apresentou um recorte temporal demonstrando um determinado modelo educacional, que surgiu para atender a demanda da sociedade industrial nascente, e que até os dias atuais encontra refúgios, entretanto não significa que seja o único modelo aceito.
As instituições de ensino, por excelência, são espaços de socialização, o que significa que as ideias, isto é, as diversas visões de mundo, são confrontadas. Não é porque consolidou que permanecerá para sempre, o ensino se modifica, as pessoas se modificam, e a sociedade muda junto. Ao configurar as escolas como principal centro irradiador do conhecimento abriu brecha para ser também a principal espaço da dialética, ou seja, para tornar-se centro de debates e estes podem conduzir ao desenvolvimento social.
membros que a forma. Por isso é necessário cada um assumir sua responsabilidade social perante a formação de novas gerações. A educação é muito mais do que aprender conteúdos e se formar para o mercado de trabalho, a educação é passaporte para uma sociedade mais justa e igualitária. Como dizia Paulo Freire (1967)28 a educação serve para conscientizar os homens sobre a problemática
Renato E. de L. Oliveira é Graduado em História pela Universidade Cândido Mendes determinada forma de instrução se
Supervisão e Orientação Educacional pela Universidade Veiga de Almeida (2020).
28 FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Ed. Paz e Terra. 1967.