espiral boletim d a associação fra ter nit as mo viment o da frater ternit nitas moviment vimento ANO xiII
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N .º 48 N.º
- JULHO/SETEMBR O JULHO/SETEMBRO
de
2012
Esper ança, antído to contr a as cr ises Esperança, antídot contra crises Fernando
T
Félix
enho ouvido repetida a vários sócios a palavra «péssimismo», e sempre associada ao futuro da Fraternitas. Parece que se perdeu com o passar dos anos e com o declinar do tempo aquele entusiasmo dos primeiros tempos, dos anos em que o Padre Filipe Figueiredo andava entre nós, movia corações e congregava pessoas à volta do sonho de reunir os padres dispensados num movimento, com as suas mulheres e filhos. Todavia, também sabemos que a idade avançada é uma idade madura, caracterizada por determinantes específicos tais como interioridade, responsabilidade, sabedoria, e, particularmente, quando diminuem as forças, abre-se a possibilidade de confiar mais nos outros, além de, claro, em Deus. Ou seja, à desesperança do pessimismo, haveremos de contrapor o optimismo da esperança, apoiada na confiança. Muitos sócios da Fraternitas já viveram a primeira metade da vida, outros estão a atravessar a fronteira e são poucos os mais novos. Os da meia-idade lutam por sobreviver no mundo em tempos de crise. Há muita agitação, por causa, sobretudo, das questões do emprego, das incertezas na economia, da preocupação com o futuro dos filhos e, também, com os sinais de fraqueza da saúde que começam a manifestar-se. Os de idade mais avançada chegaram ao tempo em que o “eu” é obrigado a olhar, não tanto para fora, mas para essa outra realidade, imensa e profunda, de sua vida interior. É a idade em que se sente não ter forças para nada, sente-se o cansaço, fazem-se balanços da vida. E é do eu, contemplativo, que nasce a vontade e disponibilidade para rezar, para dar conselho, para encorajar. Em todas as idades há perguntas ainda a precisar de respostas, há sentimentos de insegurança pelos caminhos ainda não experimentados, há a incertezas e confuões, tantas vezes por causa de expetativas frustradas. A virtude de viver em sociedade, em pequenas comunidades - como a família, o grupo, a associação, o movimento - é que a partilha das experiências impede de perder tempos preciosos e montes de energia, quando, cada um, procura por si só, as respostas, as vitórias.
A
nossa irmã desolação. - falta de fé, esperança e amor, básicamente, também faz parte da nossa vida. A crise dos encontros com as realidades sombrias da vida é a coroa da mesma moeda que é a nossa realidade pessoal. Isto é, a vida tem sonhos, utopias, experiências belas e, também, medos, monstros e amarguras. E brotam perguntas, que podem ser santas ou insidiosas: “Será que valeu a pena ter entregue a Deus e aos outros o melhor da minha vida?... Não foi uma loucura e utopia o que até agora tentei viver?... Que ganhei?... Onde estão os frutos de tanto trabalho e esforço? Os outros perceberam, recolheram e vão dar uso e continuidade ao que eu fiz?...”
Um meu tio costuma dizer. «Aos 70 anos faço o mesmo que fazia aos 18. Na altura, fazia o que podia; agora... também faço o que posso..»
T
odas estas palavras querem ser um convite a parti cipar no nosso 33.º Encontro Nacional da Fraternitas, que se realiza de 5 a 7 de outubro, desta vez no Norte, em Devesas, Vila Nova de Gaia (ver página 9 deste jornal). Iremos falar da Esperança, percorrendo a Bíblia, para continuarmos a percorrer os caminhos da nossa vida e os trajetos do mundo onde nos movemos. Nas crises de desalento e desesperança, a vida parece perdida. As forças, que antes se tinham e que lutavam em nosso favor, vão-se debilitando e acabando. Mas o que não acaba é a experiência do que realmente somos, temos e queremos. No meio deste tipo de crise, corre-se o perigo de nos distanciarmos de tudo e de todos, de nos isolarmos no nosso pequeno mundo, de termos a impressão de que algo muito importante se perdeu. Perguntemo-nos: «Onde está e o que vale a intimidade com Deus, que nos conduziu até aqui?... Onde estão aqueles gestos generosos cheios de “santa loucura”? Um meu tio costuma dizer. «Aos 70 anos faço o mesmo que fazia aos 18. Na altura, fazia o que podia; agora... também faço o que posso..»