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Artigo
O PATRIARCALISMO PRESENTE NA SOCIEDADE IMPERIAL Por Mariana Xavier
N
o seio do século XIX, o Império do
Pedro de regente de Portugal a delegado das
Brasil "nasce". "Nasce", pois não de
Cortes, a Independência foi implantada. Como
um ímpeto, da necessidade popular
passava pelo rio Ipiranga a caminho de São Paulo,
de um país, mas, basicamente de um acordo. D.
ao chegar nesta cidade - e, posteriormente, ao Rio
Pedro I iniciaria a dívida externa brasileira com a
de Janeiro - foi recebido com festa "nas ruas e no
Inglaterra para pagar o preço da Independência à
salão” pelo povo, que vestia em laços as cores
D. João VI. O Ipiranga não ouviu um grito de
verde, simbolizando a Casa de Bragança, e amarelo,
independência ou morte, porém, o seguinte
simbolizando os Habsburgo, família da, até então,
discurso: "As Cortes [Portuguesas] me perseguem,
princesa Leopoldina. Segundo Mary del Priore, o
chamam-me com desprezo de 'rapazinho' e
país independente tornou-se Império pelo seu
'brasileiro'. Pois verão quanto vale o rapazinho. De
vasto volume de terras e pela gratidão do povo,
hoje em diante, estão quebradas nossas relações.
conferida no trecho descrito pelo diplomata
Nada mais quero do governo português e proclamo
britânico Henry Chamberlain:
o Brasil para sempre separado de Portugal”1. Na realidade, pressionado pelos movimentos separatistas espalhados pelo país e pelas tropas e realeza portuguesas, que rebaixariam o título de D.
1DEL
PRIORE, Mary. A Carne e o Sangue: A Imperatriz D. Leopoldina, D. Pedro I e Domitila, a Marquesa de Santos. Rio de Janeiro: Rocco, 2012, p. 91.
"O povo estava tão decidido a demonstrar sua gratidão a Sua Alteza Real por haver anuído em permanecer aqui, salvando-o de todos os males da anarquia [...] que a ideia de conferir-lhe o título imperial propagou-se com a rapidez do fogo logo que se tornou pública e difundiu-se por todo o reino num