Um mar d'estórias

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Português

Um mar d’estórias Oficina de escrita realizada no âmbito da semana da leitura 2012/13

Textos redigidos pelos alunos do 3º Ciclo Coordenação de Sofia Doutel


O MISTÉRIO DO MAR AZUL

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Maria João Silva

P

orque é que o mar é azul?- perguntou a Beatriz. - Não sei, mas vamos descobrir. – respondeu Luís, o irmão mais velho de Beatriz.

Estava um lindo dia de sol e Beatriz, que tinha quatro anos, quis ir à praia cm o irmão de quinze. Assim que lá chegaram, Beatriz pediu para andar de barco e logo que o irmão terminou de alugar um barco, fez uma pergunta que deu muito que pensar a Luís. - Tens fome? – perguntou o Luís. Acho que devemos começar a pensar num sítio para almoçar... já me doem os braços de tanto remar! - Sim, mano, quero almoçar, já tenho um ratinho na barriga. - Está ali uma praia bonita, vamos atracar. – informou o Luís. Era mesmo uma praia espetacular, com uma grande falésia, cheia de grutas, a toda a volta de um lindo areal macio e muito amarelo àquela hora, por causa do sol. Luís pegou no telemóvel para ligar aos pais. - Boa, não há rede, era mesmo o que precisávamos! – disse o Luís. – Escuta, Beatriz, não podemos ligar aos pais, eu vou subir àquela rocha para... Beatriz! Beatriz! - Estou aqui! – gritou a Beatriz, meio assustada, meio admirada. - Oh, Beatriz, quantas vezes já te disse para me pedires quando te quiseres afastar! Porque é que foste para aí?- inquiriu o Luís. - Sabes, eu vi um brilho e ouvi um barulho e decidi investigar por minha conta. - gritou de volta Beatriz. Vendo o mesmo brilho e ouvindo o mesmo barulho, Luís decide ir buscar a Beatriz. Assim que chegou à gruta onde ela estava, ficou com um ar espantado, pois a irmã estava deitada nas rochas rodeada de latas de tinta azul-mar que pareciam muito brilhantes e com a cabeça imóvel, mesmo por cima da água, quase a ser mordida por um caranguejo. - Vês, mano, as fadas existem! Foram elas que disseram aos caranguejos para pintarem a água de azul! – disse, sem hesitar Beatriz. - Não, os caranguejos dão tinta azul a um micro-organismo chamado Fitoplâncton que transforma a água transparente em água azul. Perto da praia não existem e então a água fica transparente. Se reparare a água aqui é azul.

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- E, quando estamos longe da praia, se apanharmos água com as mãos é azul ou transparente? – indagou a curiosa Beatriz. - Aí a água é transparente... achas que há Fitoplâncton num bocado num bocado de água tão pequeno como esse?! - O que eu acho é que isso tudo é uma enorme mentira que tu inventaste à m a razão toda para ti... As fadas existem, ainda não percebeste? - Não, Beatriz, mentira é o que tu estás para aí a dizer... As fadas não existem! O que eu disse é mesmo verdade!- disse Luís que tentava convencer a irmã da realidade. - As fadas existem mesmo, mesmo.... De repente, Luís ouve um grito: - Luís, acorda! Acorda, mano, hoje é dia de ir à praia, podemos ir andar de barco e ir a uma praia deserta e... - Calma, Beatriz! Tenho a sensação de que isso aconteceu agora mesmo... explicou Luís. - Agora? Mas tu estás a dormir há não sei quantas horas, enlouqueceste de vez, foi? - acusou a Beatriz com um ar muito crescido. - Mãe, o mano não está bem, acho que precisa de ir ao médico, pois está a delirar...

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Margarida Ferreira

E

stava um dia de verão magnífico. O sol brilhava como um diamante e o céu estava tão limpo como um lençol acabado de lavar. Maria olhava pela janela do hotel as pessoas estendidas no areal. A praia estava cheia e, vista da sua janela, aprecia uma aguarela de cores vivas pintada numa tela de fundo azul. Era aquele azul que encantava e que fazia deixar-se levar pela sua imaginação. Imaginava seres encantados que habitavam no fundo do mar, com quem falava e partilhava coisas da terra. Maria tinha sete anos, era franzina, até um pouco pequena para a sua idade, mas tinha uma imaginação do tamanho do mundo. A mãe, por brincadeira, até khe chamava “Maria dos pés no ar”, porque tinha a sensação de que a sua filha, frequentemente, deixava de tê-los assentes na terra, de tantas histórias que inventava. Eram quatro e meia da tarde, hora habitual de Maria e a sua família irem para a praia. A mãe chamou-a e pediu-lhe que a ajudasse a levar o que era preciso para passarem lá a tarde. Maria pegou na sua cadeirinha de pano, no saco com os brinquedos que nunca usava e no saco térmico aonde ia o lanche. O pai levava o chapéu de sol que era pesado e a mãe levava um saco grande com as toalhas de todos, os protetores solares e as garrafas de água. Saíram do hotel e, num instante, estavam na praia. Depois de escolherem o lugar onde espetar o chapéu de sol, estenderem as suas toalhas, colocaram protetor e deitaram-se. Maria gostava imenso que o pai lhe pusesse protetor, era o mimo da tarde. Gostava de sentir as mãos ásperas do pai, principalmente nos primeiros dias de férias, quando ainda estavam bem ásperas do trabalho. Coçavam-lhe as costas e aquela massagem quase a adormecia. Com a pele a brilhar, Maria fechou os olhos, mas logo teve de abri-los para ver o que estva a acontecer. Alguém gritava, todavia ela não conseguia descobrir de onde vinha o som. Eram uns gritos estranhos, até assustadores. Estava com a cabeça virada para o mar e percebeu que os gritos estavam cada vez mais perto dela, mas do lado oposto. Virou a cabeça e sentiu uma chicotada leve nas solas dos pés. - Ai! Mas o que é isto? - queixou-se. - Ai, ai, digo eu, menina! - Levante-se que já são horas! Pensa que a vida é só estar refastelada na cama? Toca a levantar! Maria tinha os olhos tão abertos que pareciam dois faróis de camião acessos numa noite escura. 4


Uma figura masculina, de pouco mais de metro e meio, de barbas pretas e nariz abatatado, estava a falar com ela. - Quem és tu? – perguntou baixinho. - Sou o capitão Esguincho, sabe muito bem quem eu sou... Quero que se levante para me vir ajudar. E porque é que está a falar baixinho? - Para não acordar os meus pais! - Maria, a rainha Coral e o rei Nemo já estão acordados há tanto tempo! Já sabe que eles madrugam sempre! - Coral e Nemo?! Mas os meus pais são a Conceição e o Manuel! - A menina e a sua imaginação! Bem, vá-se vestir e vá ter comigo ao submersível. - O quê?! Maria olhou em volta e não conseguiu compreender o que se passava. De praia não havia nada... estava num lido quarto forrado de algas e corais de todas as cores e estava também forrada de algas, ou melhor, vestida com algas! Procurou outra roupa, mas só via lagas. Então, trocou de algas, foi ter com o capitão Esguincho. Mas... onde estaria ele e o tal submersível de que tinha falado? De repente, ouviu uma voz. - Então, menina, vem ou não? Olhe que não temos muito tempo! Vou já! – respondeu confusa. Seguiu o som da voz do capitão e, assim, chegou até ele. - Capitão, que coisa tão estranha é essa? Parece uma panela de pressão em tamanho extragrande! - Menina Maria, muito gosta a menina de fingir que não sabe de nada, como se fosse a primeira vez que vê o submersível. Bem, eu vou entrar na sua brincadeira e vou responder-lhe: - Isto é um submersível e serve para ajudarmos a manter o mar limpo, para que quem gosta dele, possa tê-lo por muitos mais anos! Agora entre e vamos ao trabalho que já perdemos muito tempo com conversas. Maria entrou no submersível com o capitão e começaram a dar voltas no mar. As janelas do submersível deixavam-na ver coisas maravilhosas que o mar encerrava: peixes de cores vivas, plantas a ondularem como bailarinas e... 5


- Cuidado, menina, agarre-se bem! – avisou o capitão. Estamos a ser atingidos por penus de borracha! - Por quê? Fizemos algum mal? É um ataque? - Não, é um despejo, isto é lixo! Mas temos um sistema para recolhê-los e reciclar. Fazemos botas e bolas para as crianças, lembras-te?! De repente, deixou de haver claridade e Maria perguntou: - Estamos numa zona escura? Num túnel? - Não, infelizmente não, estão a derramar petróleo no mar... - Mas... Por quê? É grave? - Claro que é grave! Mata todos os seres marinhos que sejam atingidos pelo grude, que é petróleo em bruto, todavia nós conseguimos retirar alguma quantidade de grude do mar... Então, a menina já não se lembra de onde vem a luz que vê no mar? É do grude que nós aproveitamos! Hoje, a menina está a fingir que não sabe nada, não é? Está bem, eu continuo a brincar ao faz-deconta consigo. O submersível continuou às voltas e saiu da zona do grude. Voltaram a ter claridade e Maria ver um cardume de carapaus a fazer a mais bonita renda que alguma vez tinha visto. Encantada, perguntou ao capitão: - Capitão esguincho, que renda linda é aquela? - Aquela renda serve para cortinados, toalhas de mesa e até vestidos de noiva! E sabes do que é feita? - De uma linha muito valiosa e rara, só pode! - Não, é feita de sacos de plástico, garrafas de plástico, fraldas de bebé e redes de pesca! É tudo reciclado e os carapaus fiam e fazem estas lindas peças! O submersível continuava a deslocar-se lentamente mas, de repente, o capitão esguincho acelara: - O que aconteceu, capitão? - Alguém está a afogar-se... vamos ajudar! - Também fazemos isso? - Claro! Achas que tanta gente se salvava sem a nossa ajuda? É impossível salvar todos, mas salvamos sempre que podemos! 6


Maria estava de queixo caído. Num ápice, o submersível ficou com a capota em forma de colchão e levou um rapaz quase afogado até ao local onde tinha pé, salvando-o. Alarmada, perguntou ao capitão Esgincho: - Que horas são? Os meus pais devem estar preocupados! - Sim... os teus pais! Os teus pais somos nós, o Manuel e a Conceição! Tu e as tuas coisas, Maria dos pés no ar! - Mãe! Eu vi o mistério, o mistério do mar azul! - Sim, Maria, viste em filme ou leste o livro? Esta minha filha tem uma imaginação!... - Pai, eu estive numa missão fantástica com o capitão Esguincho! - Sim, filha... por falar em esguincho, vamos dar um mergulho? Maria nunca esqueceu a sua aventura e, sonho ou não, a verdade é que essa tarde mudou para sempre a forma como vê o mar.

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Diana Purificação

N

um local longe de tudo e de todos, vivia um velhote, modesto, baixinho e gordinho. Ele vivia sozinho com um mistério que durante toda a sua vida tentara desvendar.

O velhote tinha um neto, um rapaz alto e elegante com catorze anos, a única pessoa que, às vezes, lhe fazia uma visita, mas apesar de todas as distâncias, eles amavam-se incondicionalmente. Era primavera, o velhote estava em sua casa, na sua majestosa casa, no alpendre, a apreciar a vista maravilhosa que tinha para o mar. Todos os dias o fazia e o grande mistério era o porquê do mar ser tão azul, tão azul como os dois olhos que transmitem pureza e um céu que canta e encanta. Aí, começou a falar para os seus botões, dizendo o que dizia, todos os dias, para o mar: - Por quê? Mas por quê? Porque és tão azul se ninguém te pinta, nunca ninguém te pintou, nem nunca há de pintar. Por quê? Desde os sete anos de idade, este velhote melancólico se perguntava isso e ficava triste por nunca o conseguir desvendar. No dia seguinte, acordou com o seu neto, ele estava ali, pronto para passar umas férias com o seu avozinho. - Olá, avô! - Olá, meu neto! Vens-me fazer companhia? - É, parece que sim, tinha saudades!... Ambos se sentaram no alpendre e João ouviu as lamentações do avô. O pobre velhote começou a chorar. João abraçou o avô e disse: - Avô, tive uma ideia, vamos para o mar navegar e tentar desvendar o teu mistério. - Fazias isso por mim, João? - Avô, eu faria tudo por ti, se pudesse eu percorreria o mundo, eu morreria por ti... - Oh, João! Vamos, então, pois eu já tenho oitenta e dois anos e não me resta muita mais tempo. O velhote começou a chorar, de novo, comovido pelas palavras do neto.

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No dia seguinte, embarcaram. Como o velhote já tinha sido marinheiro, esta viagem estava a ser espetacular, visto que o avô adorava ensinar tudo o sabia ao seu neto. João amava verdadeiramente o avô, por isso estava a ser a melhor viagem da sua vida. Meses depois, já tinham passado por tempestades, enfrentado animais perigosos, seres encantados e muito mais. Aí, o velhote teve um ataque de coração, João tentou socorrê-lo, mas não havia nada a fazer. Antes de fechar os olhos, virou-se para o João e disse: - Meu querido neto, percebi que esta viagem era desnecessária, sabes por quê? Porque o que faz o mar azul somos nós, quando amamos alguém, como eu te amo a ti, sabes? É isso que faz o mar azul. A pureza de dois olhares apaixonados. E sabes? O verdadeiro tesouro está dentro dos nossos corações, porque a beleza está nos momentos que vivemos e com quem os vivemos. Aprendemos que a vida só vale a pena quando estamos com a pessoa certa e com a pessoa certa a vida é um minuto e com a pessoa amada um minuto é uma vida. A vida só faz sentido se eu estiver a teu lado e, por isso, a minha vida vai acabar muito feliz. Nunca chores de pena de eu ter morrido, chora por saudades dos momentos bons que vivemos. Amo-te, meu querido neto. E dito isto, o avô faleceu. O neto agarrou-se ao avô e chorou sobre ele e disse: - Avô, tu estás sempre aqui. Amo-te! A vida é uma caminhada e sabes... a minha ainda não acabou e hei de fazê-la sempre contigo a meu lado. João voltou para terra e agora, sempre que olha para o mar chora de saudades, mas ele já sabe o porquê do mar ser azul e disso nunca se vai esquecer.

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Verónica Fajardo

N

um dia de muito calor, algures em Albufeira... - Ugh, não temos nada para fazer... – queixava-se Marta, enquanto bebia um copo de água.

- Mesmo... mas não podemos passar o nosso verão assim! – retorquiu Daniel, enquanto pressionava o dedo contiuuamente nocomando da televisão, mudando de canal. - Alguma sugestão? Também não há nada para fazer na praia nem na rua, está lá tanta gente! – disse o Tiago, observando Daniel. Ficaram assim toda a tarde, até que Marta adormeceu no sofá e Daniel e Tiago foram-se embora, deixando- a sozinha na sua casa. Os seus pais tinham ido passar uma semana à Republica Dominicana, portanto podia dormir todo o tempo que quisesse. De repente, ouviu-se um barulho que se fez ecoar por toda a casa. Marta tinha acordado, mas ao acordar caiu do sofá, fazendo o comando da tlevisão cair. Era 1h30m da manhã e ela não tinha ideia do que havia de fazer. Decidiu que se iam encontrar na praia. Passados quinze minutos, todos estavam à entrada da praia. - E então, o que vamos fazer? – começou por dizer Tiago. - Vamos descer e ver as estrelas. – sugeriu Marta, dirigindo-se para a areia. Os dois rapazes seguiram-na, deitaram-se na areia e ficaram em silêncio a observar as estrelas. Repentimente, Marta levantou-se e começou a olhar fixamente para um ponto azul iluminado. - O que se passa?! – perguntaram Tiago e Daniel ao memso tempo, mas rapidamente se aperceberam do que se passava. - Oh... meus...deus! – exclamaram em uníssono. De repente, o ponto azul começou a espalhar-se por todo o mar, ao mesmo tempo em que várias caudas do mesmo azul brilhante apareceram espalhadas por todo o mar. Os três amigos estavam fascinados, parecia um sonho. Ficaram estupefactos, quietos como estátuas a observar aquele fenómeno tão mágico e inesperado. Tudo o que conseguiram ver eram criaturas com longos cabelos penteados cuidadosamente, com caudas azul-mar tão brilhantes e estrelas do mar nas mãos. -Sereias?! – pensaram. Não podia ser. E... sereias a segurar estrelas do mar? Para quê?! 10


- Não pode ser! – continuaram. Ficaram assim durante dez minutos, até que o mar ficasse escuro de novo e tudo voltasse ao normal. - O que... era aquilo?! – começou Marta, hesitante. - Não estão a pensar no mesmo que eu, estão? – continuou Tiago. Seguiu-se um momento de silêncio. - S...Sereias?? – perguntou Daniel, olhando o mar. Verificou que já estava mesmo tudo tal e qual como estava quando lá chegaram: normal e abanou a cabeça como se não acreditasse no que tinha acabdo de ver. - Só pode ser... mas eu pensava que as sereias não existiam! - exclamou Marta, com uma cara confusa. - Tu e todos nós! – respondeu Daniel. – Mas têm caudas, não têm pés e têm aqueles cabelos enormes como nos livros. Só podem mesmo ser sereias! - Concordo contigo! Mas... perceberam aquela cena das estrelas do mar? – questionou Tiago, ainda muito espantado com toda a situação. Ao que Marta e Daniel responderam negativamente. Os três não conseguiram tirar os olhos do mar, à espera que alguma coisa voltasse a acontecer, todavia o seu desejo não se realizou, por isso decidiram voltar para casa. Nas três noites seguintes, os amigos foram à praia, à mesma hora e sempre observaram a mesma coisa: sereias a segurar estrelas do mar e a olhar para o céu. No terceiro dia, ganharam coragem e aproximaram-se do mar. - É agora. – declarou Marta, à medida que os seus pés se aproximavem cada vez mais da água. Os seus companheiros assentiram com a cabeça e seguiram-na. Pararam quando chegaram perto de uma rocha onde estava sentada uma sereia. Repararam que as estrelas do mar tinham pequenos brilhantes da mesma cor da cauda das sereias e estas pequenas criaturas mexiam-se. A sereia não deu pela chegada deles, pois estava concentrada em alguma coisa acima da sua cabeça: as estrelas. Diogo tomou a iniciativa e tocou-lhe no ombro. - Oh! – exclamou a sereia, com um salto. – Quem sois vós?! - Desculpa, não te queríamos assustar. – afirmou Marta, calmamente. – Não te vamos magoar... A sereia descontraiu-se e pousou a estrela do mar na rocha a seu lado.

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- Mas... porque é que estão aqui e porque é que vieram falar comigo? Perguntou, ainda um pouco confusa e receosa, observando atentamente cada um deles. - Mmm... viemos aqui por acaso. Numa noite viemos passear para a praia e vimo-la... como está agora, digamos assim! Desde aí, temos vindo cá todas as noites tentar perceber o que se passa e hoje, finalmente, tivemos coragem para vir falar com um de vós. – respondeu Marta, já ofegante. - Oh... então é isso! – disse a sereia, aliviada. – Desculpem, é que eu não estou habituada a ter visitantes! – riram-se. – Querem saber o meu nome? Os três amigos abanaram a cabeça afirmativamente e a sereia explicou: - O meu nome é Serena. Chamaram-me assim porque eu sou muito calma. Aqui os nossos nomes são escolhidos conforme a nosssa personalidade ou características físicas. Por exemplo, a minha amiga chama-se Pandora – apontou para uma belíssima sereia que, tal como as outras, observava as estrelas – porque é fascinada por mitologia grega. Os três companheiros também estavam fascinados! Cada um, à sua maneira, era fascinado por sereias e mitologia grega, até mesmo os rapazes e nenhum deles podia negá-lo. Tiago, o mais curioso, comçou por perguntar: - E porque é que vêm à tona todas as noites? É algum ritual? Marta e Daniel ainda continuavam a repetir baixinho inúmeros “uau” e Serena ria-se. - Sim, chama-se “A observação das estrelas”! Todas as noites, durante o verão, adoramos as estrelas. – explicou Serena. Agora é que nenhum deles estava a perceber. Estavam mais confusos do que se vissem uma sereia ao vivo e a cores... mas isso já tinha acontecido, não é verdade? Serena comtinuou: - As estrelas mantêm-nos a salvo, pois fazem com que ninguém saiba da nossa existência! A não ser quando humanos curiosos como os meninos nos encontram. – fez um ar incomodado, mas simultaneamente engraçado. – Por isso temos de lhes agradecer! - U-a-u! – era apenas o que os três amigos conseguiam balbuciar. - Isto é tudo tão mágico! Quem me dera ser uma sereia! – exclamou Marta, olhando em volta. – Ah! Mas para que servem as estelas do mar? - As estrelas do mar representam as estrelas do céu na Terra. É muito importante que sempre nos acompanhem! Cada uma de nós tem uma estrela do mar. – disse Serena sorrindo para a sua. 12


- Extraordinário! – exclamou Marta, muito entusiasmada. – Mas só uma última curiosidade... como é que não são descobertas? Não são apenas as estrelas que vos protegem, pois não? Serena ficou com um ar triste e disse: - Pois... sempre que nos encontramos com humanos, as estrelas lançam-lhes um feitiço para que se esqueçam de nós... é triste! Desculpem, é tempo de voltar para a água! Adeus! - Oh, que pena! Adorámos conhecer-te, Serena! – exclamou Tiago. - Adeus, Serena! – proferiram Marta e Daniel. Depois, como por magia, cada um foi para a sua casa. Na manhã seguinte, tudo não passava de um sonho... um sonho tornado realidade, mas disso nenhum deles sabia!

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