Revista MS Industrial - Edição

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ANÚNCIO

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ANÚNCIO

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[ DIRETORIA] Presidente: Sérgio Marcolino Longen 1° Vice-Pres.: Alonso Resende do Nascimento 2° Vice-Pres.: José Francisco Veloso Ribeiro 3° Vice-Pres.: Ivo Cescon Scarcelli 1º Vice-Pres Regional: Luiz Cláudio Sabedotti Fornari 2° Vice-Pres Regional: Sidnei Pitteri Camacho 3º Vice-Pres Regional: Lourival Vieira Costa 4º Vice-Pres Regional: Roberto José Faé 5º Vice-Pres Regional: Gilson Kleber Lomba 1° Secretário: Cláudia Pinedo Zottos Volpini 2° Secretário: Juarez Falcão Alves 3° Secretário: Irineu Milanesi 1° Tesoureiro: Altair da Graça Cruz 2° Tesoureiro: Edis Gomes da Silva 3° Tesoureiro: Milene de Oliveira Nantes Diretores Lenise de Arruda Viegas Edemir Chaim Asseff João Batista de Camargo Filho Ligia Queiroz de Brito Machado Kleber Luiz Recalde Isaías Bernardini Antônio Breschigliari Filho Julião Flaves Gaúna Marismar Soares Santana Marcelo De Carli Ferreira Marcelo Alves Barbosa Zigomar Burille Marcelo Galassi Osvaldo Fleitas Centurion Antônio Carlos Nabuco Caldas Nilvo Della Senta

SISTEMA FIEMS DIRETOR CORPORATIVO SISTEMA FIEMS: Cláudio Jacinto Alves DIRETOR REGIONAL DO SENAI/MS: Jesner Marcos Escandolhero SUPERINTENDENTE DO SESI/MS: Bergson Henrique S. Amarilla

LOGO REVISTA

SUPERINTENDENTE DO IEL/MS: José Fernando Gomes do Amaral

R E V I S TA

MSINDUSTRIAL

Conselho Fiscal Efetivos: Sandro Luiz Mendonça José Paulo Rímoli Silvana Gasparini Pereira Suplentes: José Aguilar Monteiro Edson Germano Irma Tinoco Atagiba Asseff Delegados junto à CNI Efetivos: Sérgio Marcolino Longen Roberto José Faé Suplentes: Irineu Milanesi Alfredo Fernandes 4 •

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Revista da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul

Diretor de Comunicação: Robson Del Casale (DRT/MS 064) Fotos: Ademir Almeida, JJ Cajú, Nilson de Figueiredo, Ricardo Flores, Valdenir Resende e Unicom/Fiems Endereço: Avenida Afonso Pena, 1.206 - 2º Andar Bairro Amambaí - Campo Grande/MS - 79.005-901 E-mail: unicom@sfiems.com.br Site: www.fiems.com.br Fone: (67) 3389-9017 As opiniões contidas em artigos assinados são de total responsabilidade de seus autores, não refletindo, necessariamente o posicionamento do Sistema Fiems Revista Mensal - 10 mil exemplares


[ EDITORIAL]

A 4ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL É a máquina falando com a máquina, ou seja, o ajuste daquilo que é necessário para a empresa produzir mais e muito melhor A 1ª Revolução Industrial foi um conjunto de mudanças que aconteceram na Europa no fim do século XVIII e início do XIX, tendo como principal particularidade a substituição do trabalho artesanal pelo assalariado e com o uso das máquinas. Essa “revolução” ficou limitada, primeiramente, à Inglaterra, onde se teve o aparecimento de indústrias de tecidos de algodão, com o uso do tear mecânico, e, depois, o aprimoramento das máquinas a vapor. No período de 1860 a 1900, vivenciamos a 2ª Revolução Industrial, que, ao contrário da primeira, também industrializou países como Alemanha, França, Rússia e Itália. O emprego do aço, a utilização da energia elétrica e dos combustíveis derivados do petróleo, a invenção do motor a explosão, da locomotiva a vapor e o desenvolvimento de produtos químicos foram as principais inovações desse período. Já em pleno século XX e início do XXI tivemos a 3ª Revolução Industrial com os avanços tecnológicos, tendo como principais inovações o computador, o fax, a engenharia genética e o celular. Agora, no início da segunda década do século XXI, presenciamos robôs

integrados em sistemas ciberfísicos serem os responsáveis por uma transformação radical e já temos um nome para essa nova era: a 4ª Revolução Industrial, que será marcada pela convergência de tecnologias digitais, físicas e biológicas. Entendo que a Indústria 4.0, como também está sendo chamada essa 4ª Revolução Industrial, começa a ganhar corpo no Brasil. É a máquina falando com a máquina, ou seja, o ajuste daquilo que é necessário para a empresa produzir mais e muito melhor. E esse desafio de discutir essa inovação entre a nossa área técnica com a indústria é muito grande para a nossa equipe e para o próprio empresário. É uma grande transformação para todos nós, mas é uma necessidade. Diante desse desafio, temos de ressaltar que o Sistema Fiems tem atuado firmemente para contribuir com a inserção do setor industrial sul-mato-grossense na Indústria

4.0. Queremos colaborar na impulsão da atividade, pois acreditamos que a competitividade virá pela inovação e nós precisamos cada vez mais instrumentar, organizar as empresas com essas ferramentas para que avancemos nessa direção. E a Fiems vem fazendo seu papel, trabalhando para o fortalecimento da indústria, quer nos incentivos fiscais, quer em produtos e serviços que atendam as demandas das indústrias, por meio do Sesi, do Senai e do IEL. Claro que não conseguimos fazer tudo aquilo que é preciso, mas acho estamos fazendo o que é possível e Mato Grosso do Sul é reconhecido hoje, em nível nacional, pelas ações do Sistema Fiems. Temos ainda uma longa estrada pela frente, porém, os empresários podem continuar contando com o nosso apoio irrestrito. Bem-vindos ao futuro, bem-vindos à 4ª Revolução Industrial!

SÉRGIO LONGEN - Presidente da Fiems (Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul) MS INDUSTRIAL | 2018 • 5


[ SUMÁRIO]

30 CAPA

Setor encerra 2017 com indicadores positivos e projeta para 2018 um crescimento de até 8,8%

ENTREVISTA

SUSTENTABILIDADE

de 14 Exportação industrializados de MS tem

18 Indústria química reduz

FADEFE

SINDICAL

ELEIÇÕES

apoio da Fiems, 80% 20 Com das empresas aderem à

Sindical 22 Incubadora da Fiems elenca ações

‘estaciona’ a 24 Economia espera de escolha de novos

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O secretário estadual de Fazenda, Guaraci Fontana, fala sobre a atual situação econômica de Mato Grosso do Sul

Fundo de Equilíbrio Fiscal

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RADAR

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nova alta e chega a US$ 2,77 bilhões em 11 meses

para desenvolver sindicatos e promover o associativismo

consumo de energia e água com investimentos em atividades, processos e equipamento

governantes


26 VAREJO

42

50

ESPECIAL

MICROEMPRESA

INOVAÇÃO

Biomassa promove Páscoa, empresários de 38 Na 40 ISI workshop que reunirá Campo Grande apostam em preços baixos para bolso apertado

MEIO AMBIENTE

aponta MS como o 48 Pesquisa segundo Estado do país em qualidade de licenciamento ambiental

especialistas de renome, empresários e comunidade acadêmica

INTERNACIONAL Internacional de 56 Centro Negócios (CIN) recebe delegação da Coreia do Sul para conhecer potencialidades de MS

SESI FAZ

IEL FAZ

faz mais de 155 47 Instituto atendimentos em feiras de emprego promovidas por duas universidades da Capital

QUALIDADE DE VIDA desenvolve produto 60 Sesi para reduzir doenças e

afastamentos do trabalho

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[ E N T R E V I S TA ]

Guaraci Luiz Fontana Secretário Estadual de Fazenda

MATO GROSSO DO SUL TEM ADOTADO MEDIDAS ATÉ CERTO PONTO IMPOPULARES, PORÉM RESPONSÁVEIS E COM O OBJETIVO DE BUSCAR O EQUILÍBRIO DAS CONTAS PÚBLICAS”

Fiscal tributário de carreira desde 1997, Guaraci Luiz Fontana tem extensa carreira pública com relevantes serviços prestados. Atuou como Secretário de Fazenda de Maracaju nas gestões do prefeito Reinaldo Azambuja, entre 1997 e 2004, e no mesmo cargo durante gestão do prefeito Maurílio Azambuja. Em 2007 foi cedido pelo Governo do Estado para desempenhar a função de assessor na Assembleia Legislativa, onde permaneceu até 2010, quando novamente, cedido pela gestão estadual, atuou como secretário parlamentar no gabinete do então deputado federal Reinaldo Azambuaja. No ano de 2012 Guaraci retornou ao cargo de fiscal tributário. Na gestão do governador Reinaldo Azambuja assumiu cargos na Secretaria de Fazenda Superintendência do Tesouro (01/17), Secretárioadjunto de Fazenda (04/17) e Secretário de Fazenda do Estado (12/17), respectivamente. MS INDUSTRIAL | 2018 • 9


Apesar das dificuldades impostas pelo cenário econômico nacional, Mato Grosso do Sul tem conseguido manter o pagamento de seus servidores em dia, inclusive o 13º salário relativo a 2017

Alguns Estados e muitos municípios estão quebrados. Outros, à beira da falência. Como está a situação econômica de MS? A crise econômica pela qual passa o Brasil nos últimos anos acabou por promover um desequilíbrio fiscal dos entes federados (estados e municípios), notadamente em virtude dos crescentes gastos com pessoal e custeio da máquina pública, em contrapartida a arrecadação estagnada. Alguns Estados se encontram em situação fiscal mais grave, como Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, porém, nenhum deles se encontra em situação fiscal confortável. Assim, todos deverão - a curto e médio prazo - adotar medidas de readequação da estrutura, a fim de conseguir um equilíbrio sustentável das finanças. Mato Grosso do Sul, por intermédio do Governo, tem adotado medidas até certo ponto impopulares, porém responsáveis e com o objetivo de buscar o equilíbrio das contas públicas. Entre elas podemos citar a aprovação da Lei que impõe um teto aos gastos, a reforma da previdência e a reestruturação administrativa. Além disso, conta com uma equipe na Secretaria de Fazenda comprometida com o Estado, a qual, mesmo em tempos de cri10 •

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Mato Grosso do Sul conta também com um cenário bastante promissor em relação ao agronegócio”

se econômica, tem apresentado números positivos na arrecadação. Portanto, apesar das dificuldades impostas pelo cenário econômico nacional, Mato Grosso do Sul tem conseguido manter o pagamento de seus servidores em dia, inclusive o 13º salário relativo a 2017. A economia do País já está dando sinais de recuperação. Quais as projeções para MS? A perspectiva com relação ao aquecimento da economia regional é bastante positiva. No cenário nacional impera um

otimismo em relação ao crescimento econômico, depois de dois anos de recessão e de um crescimento bastante tímido em 2017. Mato Grosso do Sul conta também com um cenário bastante promissor em relação ao agronegócio. Ademais, o estado tem adotado uma política fiscal, com o propósito de incentivar os investimentos privados, gerando novos empregos e promovendo o desenvolvimento regional, ampliando a matriz econômica e promovendo uma maior diversificação das cadeias de produção. Acredita que as eleições podem influenciar na economia do Estado? Entendo que o processo eleitoral em si não representa diretamente um fator de influência positiva na recuperação econômica de um Estado ou do país. Porém duas considerações podem ser feitas em relação ao período de disputa eleitoral. Primeiro, tratase de uma época em que os partidos e lideranças se debruçam sobre a situação de momento do estado, seja em relação à economia, equilíbrio fiscal, efetivo desenvolvimento das políticas sociais, ao mesmo tempo em que procuram debater com a sociedade organizada, com as lideranças de diversos segmentos, soluções para enfrentamento dos gargalos detectados. Isso por si só gera um efeito positivo


O Estado vai continuar pagando os servidores em dia? O governo continuará desenvolvendo uma gestão baseada na eficiência e na responsabilidade, buscando o equilíbrio fiscal, de modo a permitir a cumprir suas obrigações financeiras, dentre elas o pagamento da folha salarial dos servidores, nos prazos e condições impostas pela legislação. Quais as principais ações da Sefaz para garantir o equilíbrio fiscal? As ações realizadas pela Secretaria de Fazenda são pautadas por uma política de Governo. Por meio dela, a Sefaz vem desenvolvendo uma série de atividades voltadas para otimizar a receita e promover o controle da despesa. Entre algumas ações podemos citar a reestruturação administrativa, reforma da previdência, criação do teto dos gastos do estado mediante Lei aprovada pela Assembleia Legislativa, renegociação da dívida estadual, criação do Fundo de Equilíbrio Fiscal, entre outras. O foco é manter o equilíbrio fiscal entre receita e despesa melhorando planejamento, orçamento e execução das despesas, diminuindo o gasto da máquina pública com o objetivo de investir cada vez mais na qualidade de vida das pessoas. O Governo do Estado aderiu ao Profisco, trazendo modernização à Sefaz. Como esse programa impacta no empresariado? A emissão da Nota Fiscal Eletrônica é uma inovação tecnológica. As principais vantagens para o empresariado são a agilidade e a segurança na compra. Isso porque a modernização reduz filas de checkout através da distribuição de pontos de venda, até em locais fisicamente separados

“A Fiems tem sido parceira do Estado, tanto na elaboração de políticas para atração de novas indústrias, bem como na elaboração de políticas tributárias que viabilizem a permanência destes empreendimentos

entre governantes, investidores e população em geral, refletindo de forma favorável na economia local.

das tradicionais ilhas de caixas, bem como oferece a possibilidade de verificação em tempo real da validade da compra realizada, pela leitura do QR Code. Além disso, os documentos fiscais eletrônicos podem ser enviados via e-mail, SMS e até mesmo pelas redes sociais, tudo em tempo real, admitindo a possibilidade de o consumidor efetuar o controle e o gerenciamento de suas notas pessoais de forma simples e ágil. Tudo isso representa ainda uma considerável melhoria na experiência de compra, gerando maior satisfação e percepção de modernidade ao cliente. Como avalia a relação com a Fiems na elaboração de políticas para atrair novas indústrias? A FIEMS, ao longo de diversos anos, tem sido parceira do Estado, tanto na elaboração de políticas para atração de novas indústrias, bem como na elaboração de políticas tributárias que viabilizem a permanência destes empreendimentos em nosso território. Várias ações, projetos e programas do Governo Estadual foram implantados em

parceria com essa forte entidade representativa do setor produtivo do estado, com resultados expressivos. Recentemente, contamos com o apoio da FIEMS junto aos empresários na adesão ao REFIS (Programa de Regularização Fiscal do Estado) e ao FADEFE (Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Econômico e de Equilíbrio Fiscal do Estado). Isso comprova que as ações realizadas pelo estado a quatro mãos, ou seja, em conjunto com as entidades representativas, tem mais chances de sucesso. No ano passado, foi aprovado o Convênio ICMS 190/17. Quais são as expectativas do Estado, agora, que o empresariado tem certeza que não terá que devolver os benefícios fiscais que teve? Com o advento da Lei Complementar 160/2017, e posteriormente com a aprovação pelo CONFAZ do Convênio 190/17, a política de incentivos fiscais desenvolvida pelo Governo de MS ganha outra dimensão. A concessão de qualquer benefício fiscal sem passar pelo crivo do CONFAZ sempre gerou insegurança jurídica nos investidores, pois a qualquer momento tais concessões poderiam ser declaradas inconstitucionais. Portanto, o Convênio 190/17 veio para trazer solidez à política de concessão de benefícios fiscais às empresas, as quais têm gerado milhares de novos empregos e atraído vultosos investimentos ao nosso estado. Acreditamos ainda que, com a segurança jurídica consolidada, Mato Grosso do Sul tem grande potencial para atrair novos empreendedores e investimentos privados, em virtude de diversos diferenciais que o estado possui, principalmente como localização estratégica, facilitando a logística de distribuição da produção local. MS INDUSTRIAL | 2018 • 11


[ CHARGE ]

[ OLHAR ] ISI BIOMASSA É INAUGURADO EM TRÊS LAGOAS PARA ATENDER EMPRESAS DE TODO O PAÍS A indústria de Mato Grosso do Sul passa a contar oficialmente com a estrutura do ISI Biomassa (Instituto Senai de Inovação em Biomassa), estrutura de 4.500 m² inaugurada no dia 15 de dezembro do ano passado e edificada no local onde funcionava a antiga Ferroviária da Noroeste do Brasil, que marcou história em Três Lagoas (MS). Idealizado para proporcionar às empresas locais e de todo o País a possibilidade de usar laboratórios de ponta e a expertise da equipe do Instituto, que atua para desenvolver tecnologias inovadoras no campo da biomassa. A inauguração, realizada pelo presidente da Fiems, Sérgio Longen, contou com a presença do presidente da CNI (Confederação Nacional das Indústrias), Robson Braga de Andrade, do governador Reinaldo Azambuja, da senadora Simone Tebet, do prefeito de Três Lagoas, Ângelo Guerreiro, e outras autoridades do município. 12 •

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Galpões da antiga ferrovia NOB foram restaurados para abrigar instituto


SEMINÁRIO DE EDUCAÇÃO MARCA INÍCIO DE ATIVIDADES PEDAGÓGICAS DA REDE SESI DE ENSINO

Encontro serviu para executivos apresentarem investimentos da empresa

PRESIDENTE DA FIEMS SE REÚNE COM DIRETOR DO GRUPO PAPER EXCELLENCE O presidente da Fiems, Sérgio Longen, reuniu-se, no Edifício Casa da Indústria, em Campo Grande (MS), com o diretor de relações institucionais da Paper Excellence, Guilherme Cunha Costa, representante do grupo holandês que, no início de setembro do ano passado, comprou a Eldorado Brasil por R$ 15 bilhões. Inicialmente, o grupo passou a controlar

49,37% do capital da empresa, percentual que até setembro deste ano passará à totalidade das ações. “O diretor Guilherme Costa nos trouxe os números dos investimentos que a Paper Excellence fará nos próximos anos na Eldorado Brasil. É um grupo muito forte e tem experiência no segmento de celulose”, analisou Sérgio Longen.

PRESIDENTE DA FIEMS ALINHA COM PREFEITO DE TERENOS PARCERIA PARA REQUALIFICAR EXFUNCIONÁRIOS DE LATICÍNIO O presidente da Fiems, Sérgio Longen, recebeu, no Edifício Casa da Indústria, em Campo Grande (MS), o prefeito de Terenos, Sebastião Donizete Barraco, e o vereador Assis Alves de Almeida, o “Saci”, para tratarem sobre a requalificação dos trabalhadores Longen, Sebastião e vereador Saci em que atuavam no laticínio da reunião multinacional francesa Lactalis fechado no município no ano citar os 300 ex-funcionários passado. A reunião serviu para da indústria laticínia e, dessa alinhar uma parceria entre o forma, reinseri-los no mercado Senai e a Prefeitura para recapade trabalho.

Evento foi realizado no auditório da Escola do Sesi

Com o objetivo de reunir a equipe pedagógica e alinhar as estratégias e objetivos da Rede Sesi de Ensino em Mato Grosso do Sul, a Escola do Sesi de Três Lagoas recebeu, de 23 a 25 de janeiro, o Seminário de Educação realizado em parceria com a instituição “Somos Educação”. De acordo com a gerente de educação do Sesi, Simone Cruz, o evento foi uma oportunidade de interação entre os professores.

SESI INICIA ETAPA DE RESERVAS DE DOSES DE VACINAS CONTRA H1N1 PARA INDÚSTRIAS DE MS Pensando na saúde e segurança dos trabalhadores das indústrias de Mato Grosso do Sul, o Sesi iniciou a etapa de reservas e pré-aquisição das doses de vacina contra a gripe H1N1, mais conhecida como “Gripe Suína” ou “Gripe A”. Indústrias interessadas em distribuir a vacina aos colaboradores podem entrar em contato com o Sesi pelo telefone 0800 723 7374 e encomendar as doses, sendo que, ao todo, são oferecidas as vacinas trivalente, que imuniza contra dois vírus da influenza A e influenza B, e a quadrivalente, que além desses vírus imuniza contra uma segunda cepa do vírus da influenza B. MS INDUSTRIAL | 2018 • 13


[ R A DA R

FIEMS

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ACIMA DO ESPERADO Exportação de industrializados de MS tem nova alta e chega a US$ 2,77 bilhões em 11 meses Após nove meses consecutivos de crescimento, a receita com as exportações de produtos industrializados de Mato Grosso do Sul acumulada de janeiro a novembro deste ano atinge o patamar de US$ 2,77 bilhões, o que representa um crescimento de 14% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando atingiu o patamar de US$ 2,44 bilhões, conforme levantamento do Radar Industrial da Fiems. Apenas na comparação de novembro de 2016 com novembro de 2017, a receita com a exportação de produtos industriais aumentou em 15%, saindo de US$ 246,4 milhões para US$ 283,8 milhões. Já em relação à participação relativa, no mês de novembro, a indústria respondeu por 86% de toda a receita de exportação de Mato Grosso do Sul, enquanto no acumulado do ano, na mesma comparação, a participação ficou em 62%. Na avaliação do coordenador da Unidade de Economia, Estudos e Pesquisas da Fiems, Ezequiel Resende, de janeiro a novembro, os principais destaques ficaram por conta dos grupos “Celulose e Papel”, “Complexo Frigorífico”, “Extrativo Mineral”, “Óleos Vegetais”, “Couros e Peles” e “Siderurgia e Metalurgia Básica” que, somados representaram 98,1% da receita total das vendas sul-mato-grossenses de produtos industriais ao exterior. 14 •

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No caso do grupo “Celulose e Papel”, o montante no ano soma US$ 959 milhões, um aumento de 5% em relação ao mesmo período de 2016, quando as vendas atingiram US$ 913,2 milhões. “O resultado alcançado no período se deu principalmente pelo aumento das compras realizadas pela Holanda, Peru, Estados Unidos, China, França e Reino Unido, que, somados, aumentaram suas aquisições em US$ 43,0 milhões”, detalhou Ezequiel Resende. Já no “Complexo Frigorífico”, a receita de exportação de janeiro a novembro de 2017 alcançou o equivalente a US$ 856,1 milhões, um crescimento de 20% sobre igual período de 2016, quando o total ficou em US$ 712,2 milhões. O crescimento observado se deu pelo aumento de 9% no preço médio da tonelada, que passou de US$ 2.552 em 2016 para US$ 2.778 em 2017, e pelo aumento de 10% no volume de carnes comercializadas para Hong Kong, Irã, Estados Unidos, Emirados Árabes e Arábia Saudita. OUTROS GRUPOS - O grupo “Açúcar e Etanol” teve receita de exportação de janeiro a novembro de 2017 equivalente a US$ 477,1 milhões, indicando alta de 24% sobre igual período do ano passado, quando a receita foi de US$ 385,9 milhões. “Esse resul-

tado influenciado principalmente pelo aumento das compras realizadas por Malásia, Egito, Estônia, Geórgia, Iraque, Quênia, Bangladesh e Argélia, que somados, apresentaram incremento de US$ 179,0 milhões, e pela elevação do preço médio da tonelada do açúcar de cana, único produto do grupo com registro de vendas ao exterior no acumulado deste ano”, explicou o economista. No grupo “Extrativo Mineral”, a receita de exportação acumulada de janeiro a novembro de 2017 alcançou o US$ 197,1 milhões, subindo 53% sobre o mesmo período de 2016, quando as vendas foram de US$ 129,2 milhões. O resultado se deu pela alta de 74% no preço médio da tonelada do minério de manganês, que em 2017 está em US$ 140,12 contra US$ 80,48 em 2016 e pela alta de 26% no preço médio da tonelada do minério de ferro que em 2017 está em US$ 32,58 contra US$ 25,84 em 2016. Em relação ao grupo “Óleos Vegetais”, o fechou com receita equivalente a US$ 107,2 milhões, indicando queda de 11% sobre o mesmo intervalo de 2016, quando as vendas foram de US$ 121,1 milhões, tendo a Tailândia e Indonésia como principais responsáveis pela redução observada, com uma retração nas compras equivalente US$ 26,3 milhões. “Quanto aos compradores, os principais até o


+ 14% momento são Tailândia, com US$ 42,8 milhões ou 39,9%, Indonésia, com US$ 26,8 milhões ou 25,0%, Holanda, com US$ 12,2 milhões ou 11,4%, Coréia do Sul, com US$ 8,1 milhões ou 7,6%, e França com 6,3 milhões ou 5,9%”, enumerou Ezequiel Resende. O grupo “Couros e Peles” apresentou receita de US$ 90,7 mi-

lhões, indicando redução de 9% sobre igual período de 2016, quando as vendas foram de US$ 99,8 milhões. Esse resultado foi influenciado principalmente pela diminuição das compras efetuadas pela China, Holanda, Hong Kong e Vietnã, que somados apresentaram redução de US$ 21,6 milhões. Encerrando, o grupo “Siderurgia e Me-

talurgia Básica” fechou no período com receita equivalente a US$ 32,4 milhões, um aumento de 122% na comparação com o mesmo período de 2016, quando as vendas foram de US$ 14,6 milhões, sob influência pela elevação das compras feitas pela Argentina e Estados Unidos, que proporcionaram receita adicional de US$ 17,8 milhões. MS INDUSTRIAL | 2018 • 15


Intenção de investimentos tem melhor resultado para janeiro desde 2015 O índice de intenção de investimento do empresário industrial de Mato Grosso do Sul iniciou 2018 marcando 52,1 pontos, conforme a Sondagem Industrial realizada pelo Radar Industrial da Fiems junto a 52 empresas estaduais dos portes pequeno, médio e grande no período de 3 a 16 de janeiro de 2018. Esse resultado é 9,2 pontos maior que a média obtida para o mês de janeiro desde 2015. Segundo o coordenador da Unidade de Economia, Estudos e Pesquisas da Fiems, Ezequiel Resende, na prática, o índice varia de 0 a 100 pontos, quanto maior o índice, maior é a intenção de investir. Já o índice de expectativa do empresário industrial aponta que a demanda marcou 51,8 pontos, sinalizando expectativa de aumento para os próximos seis meses a partir de janeiro. No caso do número de empregados, o índice marcou 51,3 pontos, apontando expectativa de crescimento nos próximos seis meses a partir de janeiro, enquanto com relação à exportação o índice marcou 53,1 pontos, demonstrando expectativa de elevação nos próximos seis meses a partir de janeiro. ICEI - Em janeiro, o Índice de Confiança do Empresário Industrial de Mato Grosso do Sul (ICEI/MS) alcançou 57,6 pontos, sendo o melhor resultado para o mês dos últimos cinco anos. O índice alcançado em janeiro é 11,6 pontos maior que a média obtida para o mesmo mês considerando os anos de 2014, 2015, 2016 e 2017. Adicionalmente, todos os componentes do indicador de expectativas permanecem acima da linha divisória dos 50 pontos, 16 •

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sinalizando que para os próximos seis meses devem ocorrer melhoras na economia brasileira, sul-mato-grossense e, principalmente, no desempenho da própria empresa. “Comportamento semelhante também foi verificado em relação as condições atuais, com todos os itens acima dos 50 pontos”, analisou Ezequiel Resende. Ainda em janeiro, 21,1% dos respondentes consideraram que as condições atuais da economia brasileira pioraram, no caso da economia estadual, a piora foi apontada por 21,2% dos participantes e, com relação à própria empresa, as condições atuais estão piores para 15,4% dos empresários. Além disso, para 53,8% dos empresários não houve alteração nas condições atuais da economia brasileira, sendo que em relação à economia sul-mato-grossense esse percentual foi de 55,8% e, a respeito da própria empresa, o número também chegou a 55,8%. Para 19,2% dos empresários,

as condições atuais da economia brasileira melhoraram, enquanto em relação à economia estadual esse percentual chegou a 17,3% e, no caso da própria empresa, o resultado foi de 23,1%. Os que não fizeram qualquer tipo de avaliação das atuais condições da economia brasileira, estadual e do desempenho da própria empresa responderam igualmente por 5,8%. EXPECTATIVAS - Em janeiro, 9,6% dos respondentes disseram que estão pessimistas em relação à economia brasileira. Em relação à economia estadual, o resultado também alcançou 9,6% e, quanto ao desempenho da própria empresa, o pessimismo foi apontado por 5,7% dos empresários. Os que acreditam que a economia brasileira deve permanecer na mesma situação ficou em 48,1%, sendo que em relação à economia do estado esse percentual alcançou 51,9% e, a respeito da própria empresa, o número chegou a 38,5%.


Índice de Desempenho Industrial de MS fecha 2017 acima dos 50 pontos O IGDI (Índice Geral de Desempenho Industrial), que foi criado pelo Radar Industrial da Fiems e é calculado com base nas pesquisas de Confiança e Sondagem Industrial, fechou o ano de 2017 acima dos 50 pontos, mostrando que o desempenho do setor no ano passado foi superior ao registrado em 2016. De acordo com o coordenador da Unidade de Economia, Estudos e Pesquisas da Fiems, Ezequiel Resende, em dezembro o Índice alcançou 52,1 pontos, ou seja, foram oito meses ficando acima dos 50 pontos, iniciando-se em maio do ano passado. “Em dezembro, o IGDI apresentou queda de 2,8 pontos na comparação com o mês de novembro, porém, esse recuou observado obedece a um padrão sazonal comum para o período, marcado pelo fim das encomendas para as festas de fim de ano, pelas paradas programadas para manutenção em algumas fábricas e por conta da entressafra naqueles segmentos da indústria que processam insumos como a cana-

-de-açúcar, soja e milho”, analisou Ezequiel Resende. Ele destaca que, em 12 meses, a produção industrial foi a variável de melhor desempenho, registrando aumento de 20,1 pontos percentuais, enquanto a intenção de investimento elevou-se em 10,5 pontos percentuais seguido pela confiança, que cresceu 8,96 pontos percentuais, a utilização da capacidade instalada, com alta de 4 pontos percentuais, e a contratação de empregados, que teve crescimento de 3,9 pontos percentuais. Na avaliação apenas do mês de dezembro de 2017 em relação ao mesmo mês de 2016, no último mês do ano passado as cinco variáveis tiveram desempenho superior ao registrado no mesmo período do ano imediatamente anterior. O ÍNDICE - O IGDI reflete a percepção do empresário em relação ao desempenho apresentado pela atividade industrial. “Na elaboração, foram selecionadas cinco variáveis - emprego, inves-

timento, produção industrial, utilização da capacidade instalada e confiança – e todas com peso de 20% na composição do Índice”, detalhou Ezequiel Resende. No caso do emprego na indústria, o IGDI utiliza o percentual de estabelecimentos que aumentaram o número de empregados, enquanto na parte de investimento o Índice leva em consideração a intenção de investimentos para os próximos seis meses. Já da produção é usado o percentual de indústrias com a produção estável ou crescente, da utilização da capacidade instalada se pega o percentual médio e da confiança a base é o ICEI (Índice de Confiança do Empresário Industrial. O IGDI Fiems contou com a avaliação, validação e auxílio técnico do professor-doutor Leandro Sauer, da Escola de Administração e Negócios e do Programa de Pós-Graduação em Administração (Mestrado e Doutorado) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (ESAN/UFMS). MS INDUSTRIAL | 2018 • 17


[ BRASIL

INDUSTRIAL

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SUSTENTABILIDADE Indústria química reduz consumo de energia e água com investimentos em atividades, processos e equipamentos O uso racional de energia e de água, a reciclagem dos resíduos e a redução dos efluentes estão entre as prioridades da indústria química brasileira. Composto por cerca de 4 mil empresas de pequeno, médio e grande portes, que faturaram R$ 379,2 bilhões em 2016, o setor investe em atividades, processos e equipamentos que ajudam a conservar os recursos naturais. As informações estão no estudo A química como criadora de soluções para o desenvolvimento sustentável, organizado pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim).

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De acordo com o estudo, que integra o projeto CNI sustentabilidade, a indústria química é uma grande consumidora de energia elétrica. Em algumas empresas, a energia é o principal insumo do processo de produção. Para garantir a sustentabilidade e competitividade dos negócios, o setor aposta no melhoramento dos sistemas de monitoramento de consumo e racionalização do uso da energia e da água com processos e equipamentos mais eficientes. Confira os principais resultados das ações da indústria química para a sustentabilidade:

• Uso racional de energia elétrica: a adoção de normas de gestão tais como a série ISO 50000, de programas de manutenção preventivos, de edificações projetadas com foco na eficiência energética (iluminação e temperatura) e de sistemas de isolamento térmico mais eficazes, contribuíram para a redução no consumo de energia no setor. Além disso, a indústria apostou na diversificação da matriz energética e na busca de fontes alternativas de energia. Com isso, o consumo total de energia elétrica no setor caiu de 416 kilowatt hora por tonelada de produto em 2006,


para 338 kilowatt hora por tonelada de produto em 2015. “Se uma empresa não é competitiva, ela não é sustentável”, afirma a diretora de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Abiquim, Marina Mattar A diretora de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Abiquim, Marina Mattar, destaca a importância da sustentabilidade do setor químico para promover competitividade. “Se uma empresa não é competitiva, ela não é sustentável. Há uma crescente demanda por soluções e tecnologias que viabilizam a continuidade do ritmo de produção e consumo atuais sem comprometer a preservação do meio ambiente e a manutenção da qualidade de vida das futuras gerações”, afirma Mattar. • Redução da geração de efluentes: A geração de efluentes do setor diminuiu 31% de 2006 a 2015. Isso é resultado das estratégias de mudanças dos processos, redução de vazamentos, melhorias nos ciclos de lavagem dos equipa-

mentos e segregação de descartes. “A melhoria do desempenho no planejamento da produção e no desenvolvimento de tecnologias inovadoras voltadas para processos de recuperação têm levado as empresas a considerarem estratégias sustentáveis com relação ao uso da água. Resultado disso é que em 2015, 7% de todo efluente gerado foi recuperado para uso industrial”, afirma o estudo da Abiquim. • Reuso de água: Graças à gestão eficiente dos recursos, a captação de água pelas indústrias químicas caiu 36% entre 2006 e 2015, passando de 7,41 metros cúbicos por tonelada de produto para 4,7 metros cúbicos por tonelada de produto. “A gestão dos recursos hídricos excede em muito os aspectos econômicos e regulatórios, uma vez que o uso irresponsável da água pode comprometer a continuidade da vida no nosso planeta”, afirma o estudo da Abiquim. Por isso, muitas empresas

aderiram ao Programa Atuação Responsável® e investem em instalações, produtos, tecnologias e procedimentos que reduzem o consumo e reaproveitam a água. As medidas atendem aos preceitos de sustentabilidade do 6º Princípio do Responsible Care Global Charter. Além disso, com a falta de água na região Sudeste em 2016, a Abiquim criou um grupo de trabalho sobre recursos hídricos. O grupo publicou, em julho de 2015, o Guia para Elaboração de Plano de Contingência para a Crise Hídrica, que está disponível na página da Abiquim. • Redução de resíduos: A geração de resíduos no setor caiu de 8,5 quilos por tonelada de produto em 2006 para 4,8 quilos por tonelada de produto em 2016. Essa queda e o aumento na quantidade dos reciclados, reutilizados ou reprocessados é resultado do aumento da produtividade no desenvolvimento dos produtos e processos e, a consequentemente, redução de perdas e desperdícios.

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[ FA D E F E ]

SEGURANÇA

JURÍDICA Com apoio da Fiems, 80% das empresas aderem ao Fundo de Equilíbrio Fiscal Após esforços da Fiems e entidades do setor produtivo de Mato Grosso do Sul, o número de empresas que aderiu ao Fadefe (Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Econômico e de Equilíbrio Fiscal do Estado) chegou a 80% das empresas instaladas que usufruem de benefícios fiscais concedidos pelo Estado. Ao aderir ao fundo, o empreendimento tem assegurada por lei a regularização e convalidação dos incentivos até 2033, colocando fim à insegurança jurídica gerada pela “guerra fiscal”, na qual estados dos grandes centros, como São Paulo, se valiam da vantagem logística para atrair empresas e indústrias, enquanto instauravam sucessivas ações judiciais na tentativa de impedir que estados periféricos, como Mato Grosso do Sul, oferecessem benefícios para se tornarem competitivos. “Não tenho dúvidas de que teremos um novo momento na questão dos incentivos fiscais com a regulamentação e adesão 20 •

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expressiva das empresas sul-mato-grossenses ao Fadefe. Nosso trabalho de divulgar esta oportunidade para empresários do Estado foi feito, percorremos municípios com palestras, e sempre ressaltamos os aspectos positivos da criação do fundo, como o desenvolvimento de Mato Grosso do Sul, com a atração de novos empreendimentos, além de uma fiscalização mais eficaz pelo Governo quanto ao cumprimento das contrapartidas pelas empresas incentivadas”, destacou o presidente da Fiems, Sérgio Longen, ao fazer um balanço do Fadefe. Os empresários interessados tiveram 80 dias para aderir ao fundo por meio de um sistema 100% informatizado disponibilizado no site da Semagro (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar). Os 80% que optaram pela adesão correspondem a 638 empresas que entraram no sistema dentro do prazo. Deste total,


60%, ou 476 empresas, já enviaram as informações necessárias ao Governo. A Semagro estima que o Estado tenha 800 empresas utilizando os benefícios fiscais atualmente. De acordo com o titular da Semagro, Jaime Verruck, a adesão de 80% das empresas foi satisfatória e a arrecadação do Fadefe deve chegar a R$ 120 milhões ao ano, somando R$ 360 milhões ao final de três anos, período no qual as empresas contribuirão com o Fadefe. Parte do recurso continuará sendo destinado ao desenvolvimento das indústrias, por meio de infraestrutura em polos industriais, entre outras obras, como era feito com o FAI (Fundo de Apoio à Industrialização), que foi incorporado ao Fadefe. Das 476 empresas que concluíram o envio de informações ao sistema, 363 são beneficiadas por termo de acordo e vão pagar alíquota de 8% a 15% em cima do que recebem de incentivos fiscais, valor que varia conforme o descumprimento do que foi acordado anteriormente. Outras 113 têm atos normativos e pagarão alíquota fixa de 6%. Do valor pago por cada empresa dentro do Fadefe, 2% continua sendo destinado ao apoio à industrialização. Ao longo de 2017 vários municípios receberam esses recursos, entre eles Dourados, com a pavimentação asfáltica, drenagem de águas pluviais e iluminação do Núcleo Industrial e Três Lagoas com a pavimentação da estrada de acesso ao núcleo. MS INDUSTRIAL | 2018 • 21


[ INCUBADORA

SINDICAL

]

Cursos realizados no âmbito do PDA têm contribuído com a formação de empresários de várias partes do Estado

TEMPO DE SE

REINVENTAR

Incubadora Sindical da Fiems elenca ações para desenvolver sindicatos e promover o associativismo após fim da contribuição sindical obrigatória Com o fim da Contribuição Sindical obrigatória, extinta com a reforma trabalhista, os sindicatos estão sendo obrigados a se adaptar aos novos tempos. Nesse sentido, a Incubadora Sindical da Fiems preparou para o ano de 2018 uma sé22 •

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rie de ações com o objetivo de contribuir com o desenvolvimento dos sindicatos do setor industrial. “A ideia é oferecer soluções que atendam às necessidades dos sindicatos filiados à Fiems e proporcionem o aumento da representatividade e

sustentabilidade”, destaca a assessora sindical da Fiems, Vania Mary Louveira de Souza. Segundo ela, muitas empresas não têm demonstrado interesse em deixar de contribuir, mesmo com o fim da obrigatoriedade. “Acredito


parcerias com a CNI, com o PDA (Programa de Desenvolvimento Associativo). De acordo com a gestora do PDA (Programa de Desenvolvimento Associativo) na FIEMS, Aline de Paula Cardoso, o programa é uma iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) para aprimorar a atuação dos sindicatos e fortalecer seu vínculo com as indústrias, as federações estaduais e a CNI, e contém cinco eixos.

EIXOS DO PDA Vânia de Souza, assessora sindical do Sistema Fiems

que isso é reflexo do trabalho de credibilidade que o Sistema Fiems tem desenvolvido ao longo dos anos. “Continuamos nos esforçando para que por meio dessas ações possamos propiciar mais desenvolvimento e trazer bons resultados. Sindicatos sólidos representam os interesses do empresariado”, afirma. AÇÕES - As ações levantadas pela Incubadora Sindical foram definidas após ouvir as principais demandas dos filiados e se concentram em acompanhar a criação de novos sindicatos; orientar os sindicatos filiados quanto aos seus estatutos sociais, processo eleitoral e documentação obrigatória; informar os sindicatos sobre legislação trabalhista, sindical; fornecer pareceres sobre o enquadramento sindical das empresas e de seus empregados. Há ainda acompanhamento nas negociações coletivas de trabalho ou dissídios coletivos com as entidades profissionais; assessoria aos sindicatos das indústrias filiados; orientação sobre o recolhimento da Contribuição Sindical Patronal, Contribuição Assistencial Patronal e da Contribuição Associativa; convergindo para a promoção do associativismo. Além disso, Vania Mary ressalta a continuação da integração entre as casas que compõem o Sistema Fiems – Sesi, Senai e IEL -, sindicatos e Área Sindical e as

RELACIONAMENTO SINDICAL

Incentiva a troca de informações e experiências entre líderes e executivos sindicais, e tem como principal fruto a Rede Sindical da Indústria, composta por mais de 610 representantes de sindicatos.

FORMAÇÃO DE LÍDERES E EXECUTIVOS SINDICAIS

Estimula o desenvolvimento de competências necessárias à atuação sindical, oferecendo ações como as oficinas de negociação coletiva, atendimento às indústrias e projetos para a captação de recursos, que duram até cinco horas cada.

GESTÃO E COMUNICAÇÃO SINDICAL

Provê aos sindicatos ferramentas como planejamento estratégico, sistemas de gestão, enxovais de comunicação, sites e newsletters.

INTELIGÊNCIA SINDICAL

Fornece insumos para a atuação nos demais eixos, por meio da produção de conhecimento sobre o ambiente sindical, como a Pesquisa Sindical e a Pesquisa com Indústrias sobre Sindicatos.

SERVIÇOS DOS SINDICATOS

Incrementa o portfólio dos sindicatos disponibilizando serviços para que ofereçam às indústrias, nesse eixo, merece destaque o projeto Associa Indústria, uma parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) para a oferta de capacitação empresarial sobre temas como normas regulamentadoras de saúde e segurança no trabalho, adequação à legislação trabalhista e carga tributária. As aulas são gratuitas e têm duração máxima de oito horas.

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[ ECONOMIA]

RITMO DA

ELEIÇÃO

Economia ‘estaciona’ à espera da escolha de novos governantes Os economistas não têm dúvidas: 2017, se comparado com o ano anterior, trouxe expressivos avanços no campo econômico, como a redução da taxa Selic, inflação abaixo da meta, retomada do poder aquisitivo e da confiança para investimentos. Porém, o ritmo de chegada das boas notícias pode estacionar em 2018. Há incerteza quanto a concretização de ajustes fiscais, como a Reforma da Previdência e, especialmente, as Eleições, que geram um cenário nebuloso para os próximos anos. O presidente eleito adotará uma postura populista ou reformista? Haverá, por parte do novo governante do país, compromisso com a pauta de equilíbrio fis-

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cal? A falta de respostas palpáveis deixa o mercado apreensivo. “A única coisa clara nesse momento é que o horizonte até as eleições está repleto de incertezas. As candidaturas, de fato, ainda não existem. E isso já é de saída um fator determinante para uma maior cautela entre os empresários”, analisa o coordenador da Unidade de Economia, Estudos e Pesquisas (Uniep) da Fiems, Ezequiel Resende Martins. No caso do setor industrial, especificamente, há uma variável determinante, acrescenta o economista. “A elevada capacidade ociosa já existente em inúmeros segmentos e atividades. O que é resultado de investi-

Reunião com empresários do segmentos da indústria


mentos feitos num passado recente, antes de todo esse período recessivo, e que ainda estão longe de operar num nível adequado e que garanta o retorno esperado. Assim, com o que temos no momento, é razoável acreditar que os empresários mantenham um nível mínimo de investimento voltado somente a manutenção das operações já existentes, aguardando, deste modo, o desenrolar das eleições e seus possíveis impactos sobre o atual ciclo de recuperação”, conclui. Presidente do Conselho Regional de Economia de Mato Grosso do Sul (Corecon-MS), Jorge Tadeu de Barros Veneza corrobora a análise de que o processo eleitoral, especialmente em 2018, afetará significativamente a economia e, consequentemente os investimentos do governo e do setor privado. “Esse clima de instabilidade econômica, jurídica e política durante o processo eleitoral é, principalmente, ocasionado em função de uma situação em que os planos de governo apresentados pelos candidatos se mostram muitas vezes opostos. Por esse motivo que, percebemos de forma clara, as ações na bolsa de valores despencarem ou dispararem, investimentos privados terem uma retração, influenciados pelo índice de aprovação de determinados candidatos”, explica. Os analistas concordam que, diferentemente das últimas eleições, quando havia um cenário mais claro sobre os potenciais candidatos à Presidente da República, a corrida presidencial de 2018 ainda é cercada de incertezas. Neste sentido, o consultor econômico e membro do Conselho Federal de Economia (Cofecon), Paulo Salvatore Ponzini, acredita que a retomada de investimentos somente acontecerá quando houver mais clareza quanto ao nome que estará à frente do país pelos próximos quatro anos. “Os impactos na confiança do empresário e instituições financeiras existem e podem ser para melhor ou pior, mas isso só

poderá ser mensurado na medida em que tenhamos um cenário mais definido, pois este ainda não se delineou. Os investimentos aparecerão na medida em que se tenha um quadro de estabilidade político-jurídico-institucional favorável à uma economia mais liberal”, avalia. REFORMAS - Discussões sobre a Reforma da Previdência, em pauta no Congresso, assim como as outras reformas, como a Tributária e a Eleitoral, deve estar no centro do debate político em 2018. Para Ezequiel Rezende, a saúde financeira e o encaminhamento de pautas básicas para o país, como saúde e educação, dependerão, mais do que nunca, das reformas estruturantes. “Temas espinhosos como os insustentáveis déficits públicos, a Reforma da Previdência e a Reforma Tributária, por exemplo, deverão ser abordados. Além, é claro, daqueles temas não menos importantes e que sempre estão presentes como saúde, segurança e educação. Mas agora está claro que estes últimos realmente dependem do bom encaminhamento daqueles, pois do contrário não existirão recursos suficientes para tal e a tendência é que o Estado brasileiro continue, até onde der, como mero gestor de folha de pagamentos. E, num futuro não muito distante, nem isso será possível como já ocorre em várias Unidades da Federação, com sucessivos atrasos aos servidores e aposentados”, alerta. Por isso, o posicionamento dos candidatos diante das reformas, além de decisiva influência no resultado das urnas, serão termômetro para como o mercado se comportará. “Devemos procurar os candidatos que apresentam projetos/propostas que beneficiem a população com um todo, com foco na geração de emprego e renda, além de ter uma vertente voltada ao fortalecimento empresarial”, acrescenta Jorge Tadeu Veneza.

“Como esperar uma recuperação sustentada dos investimentos num cenário marcado até aqui por muitas incertezas e algumas esperanças?” Ezequiel Resende Martins, coordenador da Uniep da Fiems

“Vale destacar alguns pontos que são mais impactados durante o processo eleitoral: a geração, ou não, de postos de trabalho, índices da Ibovespa e consequentemente no dólar, retração ou contenção dos investimentos” Jorge Tadeu Veneza, presidente do Corecon-MS

“Fundamental é que sejam realizadas as reformas e ajustes fiscais necessários” Paulo Ponzini, sócio proprietário da Milênio Consultoria Pública e Privada MS INDUSTRIAL | 2018 • 25


[ VA R E J O ]

MESTRES

CERVEJEIROS Bares e lojas especializadas em cervejas artesanais crescem na Capital e atraem consumidores A cerveja vive hoje no Brasil um mercado em transformação. Uma das mudanças, em curso desde a década de 1990, é a expansão da cerveja artesanal. Segundo levantamento do Instituto da Cerveja, em 2015 eram 372 cervejarias no país, contra 46 em 2005. Já a CervBrasil (Associação Brasileira da Indústria da Cerveja) aponta que, de 2011 a 2014, o setor cervejeiro movimentou R$ 27 bilhões em salários, respondendo a 1,6% do PIB (Produto Interno Bruto). Em Campo Grande não é diferente e espaços destinados à comercialização de cervejas têm se expandido. Na avaliação de Felipe Zuffo, um dos pioneiros no ramo das cervejas artesanais da Capital, o que faz as pessoas começarem 26 •

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a preferir produtos artesanais é a moda. “Eu falo sobre cerveja há 11 anos e percebi nos últimos cinco anos um boom nesse ramo, que eu já havia previsto e por isso investi nessa área”, afirma. Na verdade, Felipe nunca foi um grande apreciador de cervejas, até que experimentou uma especial, feita de trigo. “Era uma alemã importada e gostei muito. Eu não gostava de cerveja, mas um dia provei uma Weiss Bier e gostei. Na época achei que tinha gostado porque era uma cerveja de trigo, mas depois entendi que na verdade eu gostei porque ela tinha a proposta de ter uma qualidade maior”, recorda. Foi aí que surgiu o interesse de Felipe Zuffo por cervejas especiais.

“Não gosto do nome artesanal, porque cerveja artesanal é aquela feita na panela mesmo. Pequenas cervejarias contam uma produção industrial, então prefiro classificar como cervejas especiais”, pontua. Ele passou a estudar mais sobre o assunto e participar de grupos de degustação. “Montei uma confraria com amigos e comprávamos cervejas de fora”, conta. Numa conversa sobre cerveja, uma amiga comentou que o irmão já tinha feito. “Ela me disse que tinha sido a melhor cerveja que já tinha tomado na vida. Fiquei curioso e fui estudar para fazer a minha também”, conta. O sucesso foi tanto que a cerveja passou a ter nome: Moagem, por conta de uma placa que ficava


na casa dos freis da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, onde Felipe frequenta. E o que era só um hobby virou negócio de verdade. Hoje, Felipe administra a Cervejaria Pantanal, indústria que produz as cervejas Moagem e Pantanal Bier. Além disso, uma parceria permitiu que fosse aberto o bar Recanto da Moagem, com uma proposta diferenciada: o próprio cliente se serve da quantidade de cerveja que quiser e degusta sua bebida em uma grande mesa, que propicia a interação com os demais clientes. “A ideia do bar nasceu praticamente junto com a ideia de montar uma cervejaria. Muitas cervejarias têm o bar da fábrica, mas eu nunca me dispus a fazer isso. Primeiro porque eu não teria condições de tocar um bar com restaurante e a fábrica ao mesmo tempo e a minha vocação é a indústria. Mas apareceram pessoas que sonharam junto comigo e viram no bar uma proposta diferenciada e inovadora, que oferecia o produto aliado à gastronomia, ambiente agradável, convívio, música”, explica Felipe Zuffo.

Ao todo, são comercializados 10 rótulos diferentes. “Vamos alternando, porque a Cervejaria Pantanal produz 11 rótulos, sendo nove da Moagem e dois da Pantanal Bier. Algumas vezes ainda são servidos chopes de cervejarias de fora do Estado”, detalha o empresário. AMBIENTE SUSTENTÁVEL - Com a proposta de apenas comercializar cervejas em growlers - recipientes de vidro, cerâmica ou alumínio com tampa de rosca ou pressão com presilha, que conservam o sabor da bebida -, o Pantanal Growler acabou se tornando um ponto de encontro para degustar os chopes vendidos no local. “Ainda não nos consideramos um bar e nem pretendemos ser. A ideia continua sendo a mesma, só comercializar a cerveja, no primeiro momento era fazer com que o cliente levasse ela embora para consumir em casa. Ainda tenho boa parte desses clientes que levam a cerveja para consumir em casa, porém a maioria gostou do local e gosta mesmo é de ficar por aqui bebendo”, comenta Luan Ar-

gemon, um dos sócios do Pantanal Growler. O espaço nem parece estar localizado no centro da cidade, já que conta com uma grande extensão de verde, onde foram improvidas mesas e banquetas com growlers vazios e tábuas de madeira, e agrada aqueles que querem a experiência de degustar sua cerveja ao ar livre. Um varal de luzinhas de jardim dá charme ao lugar, cujo destaque é uma caminhonete que funciona como palco em eventos especiais. Em um contêiner, são servidos em média seis rótulos de chope diferentes, para agradar a todos os públicos. “Tentamos fazer uma seleção que sempre tenha uma cerveja mais forte em relação a amargor, como a ipa, até uma pilsen”, detalha Luan, acrescentando que o importante é sempre orientar o consumo. “Quando não há essa orientação, corremos o risco de perder um cliente”, alerta o empresário. Segundo ele, muitos clientes já conhecem cervejas artesanais e sabem o que estão pedindo. No entanto, como é um mercado que vem crescendo, muitos se MS INDUSTRIAL | 2018 • 27


Cláudia Lacerda Faria abriu franquia em 2015 em Campo Grande

aventuram na área por pura curiosidade e não sabe muito bem por onde começar. “Se aparece alguém aqui que está acostumada apenas às marcas mais comerciais e nunca tomou uma cerveja artesanal, é interessante que comece por uma cerveja mais fraca. Se for direto para uma cerveja com o amargor mais acentuado, como uma ipa, ele pode não gostar e generalizar que toda cerveja artesanal é aquilo. Por isso é muito importante ter alguém orientando. Mas depois que a pessoa experimenta uma artesanal e gosta, dificilmente volta para as tradicionais comerciais”, destaca Argemon. BEBIDA DE MULHER – Funcionária pública, Cláudia Lacerda Faria, e o marido decidiram abrir em 2015 uma loja da franquia Mestre Cervejeiro em Campo Grande, mas a paixão por cervejas diferenciadas é antiga, desde 1991, quando morou em São Paulo. “Foi quando abriu a importação de cervejas para o Brasil e eu e meu marido começamos a comprar algumas de vez em quando. Aos poucos, fomos nos tornando grandes apreciadores. Depois quisemos montar um negócio nosso e decidimos que seria uma coisa que gostássemos muito”, relembra. Atualmente, os dois alternam as atividades profissionais com a loja, que conta com cerca de 240 rótulos. “Admito que a escolha é influenciada pelo gosto do meu marido, mas temos opções para todos os gostos”, garante Cláudia, acrescentando que o espaço tem ainda opções de petiscos e presentes, como camisetas, taças, baldes e sacolas térmicas”. 28 •

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No entanto, o grande diferencial para ela é o balcão no centro da loja, que permite aos clientes a degustação dos produtos. “A cerveja artesanal pede essa proximidade maior com o cliente, que costuma ser mais exigente. Ele quer saber o que está comprando, quer provar, quer uma experiência diferenciada”, comenta a empresária. Nesse sentido, ela reforça a importância de uma orientação. “Por isso lojas especializadas em cervejas artesanais são os lugares ideais para comprar cerveja artesanal. Existe um profissional que entende e pode indicar o melhor rótulo de acordo com o seu paladar, o que não acontece no mercado”, comenta. O atendimento na Mestre Cervejeiro.com é tão diferenciado que alguns clientes se sentem em casa. “Esses dias mesmo um cliente que vem toda a semana aqui comentou sobre uma cerveja, eu tinha e falei ‘vamos provar’. E ele disse que aqui parecia a extensão da casa dele e que eu era uma grande amiga. Esse ramo da cerveja artesanal torna esse vínculo mais forte”, comenta Cláudia. Mas essa facilidade em indicar rótulos nem sempre foi tão fácil. “Por ser mulher, senti um pouco de preconceito por parte dos consumidores, que não confiavam nas minhas indicações. Aos poucos fui mostrando que entendia do assunto. Outra coisa comum é aparecer cliente pedindo uma cerveja para mulher, mais fraquinha. Eu tenho de dizer que não existe isso. Que aqui a gente tem cerveja de vários sabores, mas não são classificadas por gênero”, finaliza a empresária.


[ INDICADORES ]

Fonte: Portal Transparência MS. Elaboração: SFIEMS DICOR UNIEP

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[ C A PA ]

VIVA A NOVA REVOLUÇÃO! Com apoio do Senai, empresas de Mato Grosso do Sul começam a preparação para ingressar na Indústria 4.0

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Nos últimos anos, os empresários têm uma nova fronteira da produção industrial para desbravar com foco na manutenção dos seus respectivos empreendimentos em tempos de economia globalizada. Trata-se da Indústria 4.0, a nova revolução industrial, que, ao contrário das outras três revoluções anteriores, está relacionada, principalmente, na velocidade das transformações produzidas pela digitalização e que tornarão obsoletas a forma como se produz hoje graças à maior integração com as tecnologias. Caracterizada pela integração e controle da produção a partir de

sensores e equipamentos conectados em rede e da fusão do mundo real com o virtual, criando os chamados sistemas ciberfísicos e viabilizando o emprego da inteligência artificial, a 4ª revolução industrial começa finalmente a “desembarcar” em Mato Grosso do Sul. Nesse ponto, o Senai iniciou sua reestruturação para auxiliar os empresários locais a ingressarem nessa próxima fase das interações das indústrias, oferecendo a supervisão ou o sensoriamento de máquinas e equipamentos necessários para a evolução da indústria atual para a 4.0. Para o presidente da Fiems, Sér-

O QUE É INDÚSTRIA 4.0 A Indústria 4.0 é a nova fronteira da produção industrial e tornará a forma como se produz hoje obsoleta. Neste modelo, tecnologias ganham maior integração e há uma fusão entre os mundos físico e virtual, criando sistemas chamados ciberfísicos.

A principal diferença em relação às demais revoluções industriais está na velocidade das transformações produzidas pela digitalização. As principais tecnologias envolvidas são: internet das coisas, robótica avançada, impressão 3D, manufatura híbrida, big data, computação em nuvem, inteligência artificial e sistemas de simulação virtual. A combinação entre as tecnologias abre um leque inédito de possibilidades, novos negócios e solução de antigos problemas, como acesso remoto à saúde, cidades inteligentes, mobilidade urbana, geração de energia a partir de novas fontes, entre outros. 32 •

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gio Longen, a Indústria 4.0 começa a ganhar corpo em todo o País. “É a máquina falando com a máquina, ou seja, o ajuste daquilo que é necessário para a empresa. E esse desafio de discutir essa inovação entre a área técnica do Senai com a indústria é muito grande para a nossa equipe e para a própria empresa. É uma grande transformação para todos nós, mas é uma necessidade”, analisa. Ele completa que a competitividade virá pela inovação e os empresários industriais precisam, cada vez mais, se instrumentar e organizar as empresas com essas novas ferramentas para que avance no mercado. “E a Fiems vem fazendo seu papel, trabalhando para o fortalecimento da indústria, quer na manutenção dos incentivos fiscais, quer no oferecimento de produtos e serviços que atendam as demandas das empresas, por meio do Sesi, Senai e IEL. Claro que não conseguimos fazer tudo aquilo que é preciso, mas acho estamos fazendo o que é possível e Mato Grosso do Sul é reconhecido hoje, em nível nacional, pelas ações do Sistema Fiems”, afirma. UM LONGO CAMINHO – Nessa linha, o gerente do Senai Empresa, Rodolpho Mangialardo, analisa que, atualmente, em Mato Grosso do Sul a maior parte das indústrias ainda está em transição da 2ª para a 3ª revolução industrial, que consiste na adoção de processos produtivos automatizados. “Tornar-se uma ‘fábrica inteligente’, ou seja, alcançar o patamar da 4ª revolução industrial é um desafio necessário para as indústrias do Estado se manterem competitivas em um mercado dinâmico que exige cada vez mais produtos customizados”, pontua. Ele destaca que um estudo da CNI (Confederação Nacional da Indústria) aponta que até 2025 os processos relacionados à Indústria 4.0 poderão reduzir custos de manutenção de equipamentos entre 10% e 40%, reduzir o consumo de energia elétrica entre 10% e 20% e aumentar a eficiência do trabalho entre 10% e 25%. “Novas tecnologias e perfis de consumo surgem em ritmo acelerado o que exige que a


ÁGUAS GUARIROBA IMPLANTA TECNOLOGIA ISRAELENSE DE GESTÃO DO SISTEMA DE ÁGUA Para melhorar os serviços de abastecimento de água em Campo Grande, a Águas Guariroba foi a primeira empresa de saneamento do Brasil a utilizar o sistema israelense TaKaDu, que permite monitorar remotamente problemas na rede pública de água, como queda ou alta de pressão, vazamentos invisíveis e desabastecimentos, entre outros. Com investimento de R$ 2 milhões para a implantação do sistema, o TaKaDu realiza o monitoramento dos dados da rede de abastecimento da concessionária, em tempo real, com o objetivo de identificar possíveis vazamentos e anomalias da rede de distribuição de água de Campo Grande. Estão distribuídos no sistema da Capital mais de 439 sensores que medem níveis de reservatórios, vazão, pressão, qualidade da água, além do monitoramento do consumo de grandes consumidores. O software é operado pelo Centro de Controle Operacional 24 horas por dia, 7 dias por semana e a sua utilização gera diversos benefícios: redução de perdas com vazamentos e fraudes

de grande dimensão; melhoria na eficiência para detecção de vazamentos; aumento no poder de observação – alerta de anormalidades, incluindo equipamentos de medição; antecipação às reclamações dos usuários sobre falta de água e vazamentos, entre outros. A implantação foi iniciada em janeiro de 2014 e concluída em fevereiro de 2014. Para implantação do Takadu, foram necessários vários processos: levantamento e configuração de dados e estrutura da rede de abastecimento de água (sensores, localização geográfica, informação em banco de dados dos últimos 2 anos, relação entre sensores, croqui da rede geoespacializada, áreas de abastecimento, dentre outros. Devido ao nível de gestão dos sistemas de telemetria, foi possível realizar o levantamento e configuração do software rapidamente. A capacitação do pessoal foi uma etapa importante da implementação do Takadu. Foram realizados treinamentos para os técnicos e gestores sobre o uso do

sistema, com foco principal nos níveis de análise. A ferramenta possui alto nível de usabilidade, o que permitiu a rápida adaptação dos usuários. Como o software realiza continuamente o lançamento de novas funcionalidades, são realizados treinamentos periódicos para garantir o uso máximo da ferramenta e implantação de melhores práticas. Desde a implantação o software registrou 470 eventos de vazamentos e 24.948 outros eventos de rede (alterações de pressão e vazão, por exemplo), colaborando para manutenção do índice de perdas, que hoje é um dos menores entre as capitais brasileiras. A redução de perdas de água em Campo Grande, de 56% para 19%, é um marco atingido através da combinação de investimentos e ações contínuas de monitoramento e melhoria na eficiência do abastecimento: geofonamento, combate à fraude, redução de submedição, implantação de válvulas redutoras de pressão, setorização, TaKaDu e outras, implantadas na companhia desde 2006. MS INDUSTRIAL | 2018 •

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transição para 4ª revolução industrial ocorra em maior velocidade que as revoluções anteriores”, garante. Na avaliação do gerente do Senai Empresa, em Mato Grosso do Sul já é possível observar projetos que vislumbram tecnologias da Indústria 4.0, tais como a computação nas nuvens, o Big Data, a Internet das Coisas (IoT), realidade aumentada, sistemas ciberfísicos e manufatura aditiva (impressão 3D). “Essas iniciativas caminham para a maturidade tecnológica necessária para conectar todos os elos, do consumo à produção”, informa. Para contribuir com a aceleração desse processo no Estado, Senai, alinhado com as necessidades da indústria, tem uma unidade dedicada para a transferência de novas tecnologias: o Senai Empresa. Essa unidade tem equipamentos de vanguarda e equipe especializada com formação e pós-graduação nas áreas de engenharia de controle e automação, mecânica, elétrica e software, que juntos formam um time com vasta experiência industrial capaz de desenvolver as mais variadas soluções em automação, manutenção mecânica, eficiência energética e desenvolvimento de aplicações. Os projetos desenvolvidos pelo Senai Empresa são customizados para cada indústria de modo a oferecer soluções práticas as necessidades da indústria e permitir a integração aos sistemas de gestão nativos. “A unidade tem projetos implantados em 34 •

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SUPERMERCADOS ADOTAM ETIQUETAS DIGITAIS PARA FACILITAR GESTÃO DE PREÇOS DE PRODUTOS “O investimento não é barato, mas o retorno é certo. E o empresário que apostar na tecnologia estará na vanguarda do que há de mais moderno para o setor”, analisa o presidente da Fecomércio/MS (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), Edison Araújo, sobre a chamada etiqueta eletrônica de preço. Trata-se de um dispositivo que, instalado na gôndola de estabelecimentos comerciais, como supermercados, drogarias e lojas de conveniência, exibe o preço e informações gerais sobre o produto exposto. De antemão, as vantagens chegam tanto para o prestador de serviço quanto para o consumidor. São nulas as chances de haver divergências entre o preço registrado no sistema do estabelecimento e o que aparece na prateleira, alvo constante de reclamações do cliente ao passar pelo caixa. Para o comércio, por sua vez, vem a possibilidade de reajustar os preços de um produto, ou vários deles, em apenas um clique e em tempo real. Outro fator é a economia com impressoras e insumos, e melhorias na gestão de estoque, margem, datas de validade, entre outros. Não existem dados oficiais sobre quantos estabelecimentos de Mato Grosso do Sul já adotaram a tecnolo-

gia, mas dois supermercados, o Comper e o Veratti, instalaram o sistema em lojas-piloto, localizadas em Campo Grande. “Pode não ser barato, mas dificilmente algo novo no mercado será. Cabe ao empresário avaliar até que ponto compensa. A loja do bairro Chácara Cachoeira, onde testamos as etiquetas, é pequena e tem poucos itens nas gôndolas. Tem sido uma experiência boa e não descartamos levar para outras unidades”, afirma o proprietário do supermercado Veratti, Edmilson Jonas Veratti, que também é presidente da Amas (Associação Sul-Mato-Grossense de Supermercados). O gerente do Senai Empresa, Rodolpho Mangialardo, explica que o sistema de etiquetas digitais segue o segmento da chamada IoT (ou Internet das Coisas, da sigla em inglês), que leva a conexão à rede para os mais variados objetos, uma tendência entre as empresas. “Algumas lojas de redes de supermercados passaram a utilizar etiquetas de preço com a tecnologia e-papper ou papel eletrônico. Essa tecnologia associada a interligação dos dispositivos ao banco de dados permite que as etiquetas sejam alteradas com apenas um comando, sem que seja necessário a substituição nas prateleiras”, afirma.


IMPRESSÃO 3D ALAVANCA EMPRESA DE ACESSÓRIOS PARA GARRAFAS TÉRMICAS DE TERERÉ Projetista mecânico, Roberto Pereira de Freitas Junior trabalhou durante 10 anos em uma empresa de máquinas agrícolas em Goiânia. Como o transporte das máquinas para participar de feiras era difícil por conta do tamanho e peso dos equipamentos, investiu em impressoras 3D para imprimir os modelos em miniaturas das máquinas que seriam expostas nos eventos. Nem imaginava que se tornaria um grande empreendedor no ramo do tereré. Atualmente, ele é dono da empresa Tereré Jet, que comercializa artigos para tomar tereré, com destaque para garrafas térmicas com bombeamento automático de água gelada. O material inovador é produzido com a tecnologia de impressão 3D e funciona com energia, que pode ser obtida com bateria recarregável, acendedor de 12 volts do carro e também em tomadas de 110 e 220 volts. “Como viajava muito por conta das minhas viagens ainda como representante comercial de máquinas agrícolas, eu sentia falta de tomar tereré de um jeito mais fácil. Comecei fazendo gambiarras, depois percebi que a impressora 3D que eu utilizava para fazer miniaturas das máquinas poderia me ajudar. Quando vi, tinha um produto muito interessante que poderia ser comercializado para outras pessoas”, conta Roberto Pereira. Depois de produzir 30 equipamentos completos – que contam com mangueira, bomba e fonte de energia – e acoplá-los às garrafas térmicas, ele fez um vídeo e postou no Youtube. A meta era vender todos os produtos em 30 dias. “Em uma semana, nosso vídeo teve mais de 12 mil visualizações e em três dias já tínhamos vendido tudo. Foi uma grande surpresa!”, recorda o empresário. Hoje, a Tereré Jet produz de 50 a 100 sistemas elétricos para bombeamento de água por mês. Em um dia, é possível produzir cinco garrafas. “Cada impressora tem capacidade para imprimir dois equipamentos por dia. Apesar de ser uma tecnologia de ponta, o trabalho é bastante artesanal. Com isso, temos oportunidade de fazer tudo muito personalizado. O que é comercializado hoje já passou por diversas modificações”, finaliza Roberto Pereira.

Com ajuda de uma impressora 3D, empresário revoluciona produção

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CNI CONSIDERA ADOÇÃO DO MODELO 4.0 URGENTE PARA A COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA Dos 24 segmentos da indústria brasileira, 14 precisam adotar com urgência estratégias de digitalização para se tornarem internacionalmente competitivos, conforme mostra o estudo inédito “Oportunidades para Indústria 4.0 - Aspectos da Demanda e Oferta no Brasil” produzido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O documento cruzou dados de produtividade, exportação e taxa de inovação de diversos segmentos industriais brasileiros e os comparou ao desempenho dos mesmos segmentos nas 30 maiores economias do mundo, que, juntas, representam 86% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial. O objetivo é identificar quais atividades poderiam ser mais beneficiadas pela adoção de tecnologias digitais voltadas ao aumento da eficiência, as quais correm o maior risco diante do avanço da nova onda tecnológica em países que concorrem com o Brasil e qual a capacidade de absorção e desenvolvimento de tecnologias pela indústria nacional. Os 14 segmentos em situação mais vulnerável são impressão e reprodução; farmoquímicos e farmacêuticos; químicos; minerais não-metálicos; couro e calçados; vestuário e assessórios; têxteis; máquinas e aparelhos elétricos; outros equipamentos de transporte; produtos de metal; máquinas e equipamentos; móveis; artigos de borracha e plástico; e produtos diversos.

Em geral, os segmentos apresentam produtividade inferior à média internacional e baixa inserção no comércio exterior, sendo que o grau de inovação, por sua vez, é bastante heterogêneo. “A migração para a Indústria 4.0 exigirá um esforço maior principalmente para empresas menos 36 •

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inovadoras, menos familiarizadas com a adoção de novas tecnologias, o que demonstra a necessidade de estabelecer iniciativas direcionadas. Além disso, dado o gap de produtividade, os segmentos sofrerão cada vez mais com a concorrência internacional, tornando a urgência muito elevada”, avalia o gerente-executivo de Política Industrial da CNI, João Emílio Gonçalves. No gráfico abaixo, é possível visualizar a posição dos segmentos, os três indicadores. Valores acima de 1 representam que, nos respectivos indicadores, os segmentos estão acima da média da amostra dos países:

Nota: 1. Valores da Produtividade do Trabalho Relativa à Média da Amostra ao lado da nomenclatura dos segmentos. 2. Os valores da Taxa de Inovação são os anos de 2012 a 2014. Fonte: Elaborado com base em estatísticas do IBGE/Pintec, Eurostat/CIS, UNIDO, WIOD e OCDE.

*Média internacional elaborada a partir de dados dos seguintes países: EUA, China, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Brasil, Itália, Índia, Rússia, Canadá, Austrália, Coreia do Sul, Espanha, México, Indonésia, Holanda, Turquia, Arábia Saudita, Suíça, Nigéria, Suécia, Polônia,


Argentina, Bélgica, Taiwan, Noruega, Áustria, Irã e Tailândia.

AZUL: segmentos industriais com maior potencial para serem os líderes na adoção das tecnologias, com maior proporção relativa de maior produtividade e alto coeficiente de exportação. Esses segmentos tendem a ter maior capacidade para adoção e precisarão migrar para a Indústria 4.0 para se manterem competitivos.

VERDE: segmentos com elevado potencial de digitalização, com alta taxa de produtividade, mas com baixos coeficientes de exportação. Sustentam a posição no mercado interno devido à alta produtividade, mas isso não se reflete em competitividade no mercado internacional. AMARELO: segmentos com baixa produtividade relativa e alto coeficiente de exportação. A competitividade nas exportações é dada por outras vantagens competitivas, como a disponibilidade de recursos naturais. É possível traçar estratégias graduais, com menor urgência relativa aos outros grupos em função das vantagens comparativas naturais do país.

VERMELHO: segmentos mais vulneráveis em função da produtividade e do coeficiente de exportação relativamente baixos. São segmentos que têm na adoção urgente das tecnologias da Indústria 4.0 uma oportunidade para recuperarem sua competitividade. São, por outro lado, os segmentos mais vulneráveis caso a migração para a indústria 4.0 ocorra de forma mais lenta no Brasil do que nos nossos principais concorrentes. Os dados se referem à média dos segmentos e é preciso ter em conta que o nível de agregação pode mascarar a existência de segmentos bastante heterogêneos e empresas com níveis muito distintos de produtividade e até mesmo de inserção internacional.

OPORTUNIDADES - Gonçalves vê a grande concentração de segmentos no grupo vermelho como uma grande oportunidade, pois, se o país conseguir criar políticas adequadas para promover o desenvolvimento e acelerar a adoção de tecnologias digitais, será possível dar um salto de competitividade significativo. “Temos de ver a Indústria 4.0 como uma chance de recuperarmos rapidamente o tempo que perdemos nas últimas duas décadas, quando a nossa produtividade cresceu muito lentamente”, afirma o gerente-executivo de Política Industrial da confederação.

Para a CNI, a Indústria 4.0 vai se impor como uma necessidade para todos os segmentos. Mesmo em áreas onde hoje o Brasil se encontra em situação relativamente confortável em função das suas vantagens comparativas, o avanço tecnológico em outros países poderá provocar pressões competitivas no futuro. A CNI prepara um conjunto de propostas e ações que serão apresentadas para os candidatos à presidência da República nas eleições deste ano para estimular e apoiar a adoção de tecnologias digitais pela indústria. Entre elas, destaca-se a criação de um programa nacional que reúna instituições capazes de apoiar a indústria na elaboração de planos empresariais de digitalização.

indústrias dos mais variados portes, com resultados expressivos em redução de custos de manutenção, redução do consumo de energia elétrica, redução de resíduos, aumento de produtividade e melhoria na gestão de estoques”, relata. NOVAS TECNOLOGIAS – À frente das demais empresas do Estado, algumas já dão os primeiros passos na direção da Indústria 4.0, como a Águas Guariroba, concessionária do serviço de água e esgoto de Campo Grande (MS), que tem um sistema de cloud computing (processamento nas nuvens) para coletar milhares de dados de sensores de pressão e vazão da rede espalhada pela cidade, compara os dados com históricos e estatísticas para fornecer parâmetros para tomada de decisão mais assertiva com o objetivo de reduzir custos com vazamentos e possibilitar intervenções mais rápidas. Há ainda a Adames, que produz rações para animais e tem um sistema computacional interligado a atuadores mecânicos que realizam de modo automático a produção de diversos tipos de rações. Essa automação e integração dos sistemas aumentou a produtividade da empresa e reduziu desperdícios no processo produtivo. Há ainda a Tereré Jet, que utiliza a tecnologia de impressão 3D para produzir garrafas térmicas de tereré com bombeamento automático de água gelada. A Rede Comper e os Supermercados Veratti passaram a utilizar etiquetas de preço com a tecnologia e-papper ou papel eletrônico, que, associada à interligação dos dispositivos ao banco de dados, permite que as etiquetas sejam alteradas com apenas um comando, sem que seja necessário a substituição nas prateleiras. O Frigorifico de Frangos BRF também está implantando um sistema de sensoriamento para coleta de dados estratégicos que serão apresentados em tempo real aos tomadores de decisão para realizar intervenções no processo de produção. Algumas indústrias do setor de alimentos e bebidas, como fecularias (Copasul) e de beneficiamento de grãos (Guacira), utilizam de sistemas inteligentes que integram robôs as linhas de produção para realizar de forma autônoma a paletização de cargas. Enfim, as empresas começam a entender que, a médio e longo prazo, a incorporação das novas tecnologias em uma estratégia para o desenvolvimento da indústria é essencial para a competitividade do setor no Estado e para melhorar a sua participação nas cadeias de valor. MS INDUSTRIAL | 2018 • 37


[ MICRO

E PEQUENA EMPRESA

]

PÁSCOA DA

RETOMADA Empresários de Campo Grande apostam em preços baixos para bolso apertado Depois de três anos de baixa nas vendas da Páscoa, lojas e indústrias especializadas na venda de chocolates apostam em um 2018 positivo. Para atrair o consumidor, as empresas investem em inovação e produtos com preços mais populares para se adaptar ao bolso do consumidor, ainda apertado. Ao mesmo tempo, o comércio prevê abertura de vagas temporárias para atender à demanda extra advinda da tradição do brasileiro de dar ovos e chocolate de presente. Em Campo Grande, a Casa dos Doces, que há 23 anos comercializa 38

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doces sortidos e, desde 2005, aposta nos chocolates para transformação, já se prepara para o crescimento no volume de vendas, geralmente acentuada no período de 30 a 40 dias que antecedem a Páscoa. Segundo o sócio proprietário da loja, Roberto Poletto, a saída do “chocolate puro”, usado para criações em bombons, ovos de páscoa e outras peças, além dos acessórios para fabricação caseira, como fôrmas e espátulas, aumenta entre 30 e 40% na comparação com os demais dias do ano. Para dar conta da procura, quatro atendentes, contratados sob

regime temporário, vão reforçar o quadro de funcionários. “Os pedidos para a fábrica têm de ser feitos no máximo até novembro do ano anterior, caso contrário, corre-se o risco de ficar sem mercadoria”, conta. Para esta Páscoa, o empresário espera incremento nas vendas de até 10%, apostando na melhora da economia e aumento do poder aquisitivo das famílias. “Nos últimos dois anos, as vendas de Páscoa encolheram, mas tendo como base a melhora nas vendas de chocolate no ano passado e dos indicadores econômicos,


Roberto Poletto destaca a grande saída de chocolate puro no período da Páscoa

há um otimismo no mercado”, comenta Poletto. Com a convicção de que o brasileiro não deixa de comprar chocolate, o que muda em relação aos anos anteriores é forma de consumo. “Além de pesquisar mais, se antes o empreendedor comprava em grande quantidade, hoje ele vem buscar uma, duas barras por semana. É uma necessidade de sentir se haverá saída, antes de se aventurar em grandes volumes e o produto não vender”, analisa. EMPREENDEDORES Para incrementar a renda, empreendedores investem na fabricação artesanal e diferenciada de bombons e ovos de chocolate para a Páscoa. Kessia Cristina, proprietária da Kitanda Doceria, que comercializa ovos de páscoa, trufas, e outros itens

de chocolate pelas redes sociais, aguarda a data para aumentar a produção e garantir o maior faturamento do ano. A produção é caseira, mas o negócio é profissionalizado. Kessia investiu em cursos e comprou equipamentos. Hoje comanda uma linha de produção bem sortida. Para garantir qualidade nos produtos, a empresária investe em frutas frescas e ingredientes selecionados para fazer ovos, barrinhas e bombons. Neste período de Páscoa, a produção é em ritmo acelerado. “O carro-chefe são os bombons personalizados, com direito ao nome e imagens escolhidas pelo cliente, e os ovos de colher, que caíram no gosto dos amantes de chocolate e parecem

ter chegado para ficar”, conta. Durante as etapas de produção, a matéria-prima é derretida a 45 graus. O chocolate ganha forma na máquina. Na sequência, o ovo de Páscoa vai para a geladeira, onde fica por mais 15 minutos. Aí é só desenformar e está pronto. “Na etapa final do processo, os ovos de chocolate ganham embalagens coloridas e especiais. Ficam muito mais atraentes aos olhos do consumidor”, finaliza a empresária. MS INDUSTRIAL | 2018

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[ I N OVAÇ ÃO

E T E C N O LOG I A

]

REFERÊNCIA

INTERNACIONAL ISI Biomassa promove workshop, reunindo especialistas, empresários e comunidade acadêmica O Instituto Senai de Inovação em Biomassa (ISI Biomassa), localizado em Três Lagoas (MS), inaugurou suas instalações físicas em dezembro de 2017 e já é referência internacional em pesquisa aplicada à biomassa e em desenvolvimento de produtos, serviços e processos inovadores para a indústria. Para continuar a etapa de apresentação do Instituto aos potenciais clientes e parceiros das universidades, será realizado, nos dias 14 e 15 de mar-

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ço, o “Workshop Internacional de Inovação em Biomassa”. Segundo o diretor-regional do Senai, Jesner Escandolhero, durante os dois dias de evento será apresentado o que há de mais avançado em relação ao desenvolvimento de tecnologias voltadas para a transformação da biomassa. “O workshop irá tratar de temas relevantes que constelam todo assunto sobre biomassa, trazendo especialistas de renome, empresários

e comunidade acadêmica. É parte da estratégia de consolidação do ISI Biomassa como um dos mais importantes players em produção e processos tanto nacional como internacionalmente”, afirmou. O gerente de tecnologia e inovação do Senai, Leandro Gustavo Schneider Neves, destacou a importância do evento para o fortalecimento do Instituto perante o mercado. “Será um momento em que a indústria e seus pesquisado-


res poderão observar pessoalmente nossa capacidade de atendimento de demandas com alto valor agregado para a indústria. Queremos reforçar nosso papel de parceiro na geração de inovações que tornem a indústria mais competitiva e atenta ao futuro promissor em relação ao aumento no uso da biomassa”, salientou. Leandro Schneider explicou que a inovação do evento está em aproximar a academia das indústrias, para isso foram selecionados palestrantes com experiência acadêmica e de mercado. “Buscamos inclusive uma parceria com o MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), uma das referências no mundo em termos de modelos de negócio, que vai agregar muito valor apresentando o que há de mais novo sendo desenvolvido nos Estados Unidos”, disse. Na avaliação da diretora do ISI Biomassa, Carolina Andrade, o sucesso do conceito do “Workshop Internacional de Inovação em Biomassa” depende da abordagem interdisciplinar do evento, integrando o know-how de reco-

nhecidos biólogos, bioquímicos, químicos, engenheiros e empreendedores da academia e da indústria. “O evento deve fortalecer a marca e imagem do Senai de Mato Grosso do Sul como referência em pesquisas de ponta aplicadas à biomassa, com a participação de convidados da comunidade científica envolvida em inovação de interesse da indústria, diretores e gerentes da indústria e possível negociação de potenciais projetos diretamente com as empresas presentes. Ou seja, será criado um ambiente de informação, compartilhamento técnico-científico e de identificação de oportunidades de projetos de inovação”, comentou. PALESTRAS - Entre os temas que serão abordados durante o evento, destacam-se a indústria 4.0 na química e biotecnologia, Projeto Midas - Transformando Resíduo em Ouro, potencial da transformação da biomassa em energia, agenda de inovação no Brasil na área de renováveis, patentes na área de renováveis, desafios da biotecnologia na transfor-

mação de biomassa, incentivos à inovação no Brasil e tendências na biotecnologia. Para abordar esses assuntos, foram convidados especialistas de renome internacional, como o pesquisador visitante no MIT, André Acetose, o professor Donato Aranda, que coordena o Procat (Unidade Protótipo de Catalisadores), maior centro de plantas piloto em catálise na América Latina, o engenheiro químico Georg Weinberg e o engenheiro químico Eduardo Falabella Sousa-Aguiar, que tem 40 anos de experiência no campo da catálise e dos processos catalíticos. Também integram o quadro de palestrantes o químico Claudio Luis Donnici, o presidente-executivo da ABBI (Associação Brasileira de Biotecnologia Industrial), Bernardo Silva, o professor Florent Allais, da AgroParisTech, que fica em Paris, na França, o professor emérito da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Nei Pereira Júnior, que é PhD em Biotecnologia, e o engenheiro-mecânico Ricardo Alan Verdú Ramos.

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[ I N D U S T R I A L I Z AÇ ÃO ]

A NOVA CAPITAL DOS

CALÇADOS Localização estratégica e benefícios fiscais transformam Paranaíba em polo calçadista de Mato Grosso do Sul Ainda que a produção agropecuária seja o carro-chefe da economia de Paranaíba, o pequeno município no Leste de Mato Grosso do Sul vê a atividade industrial despontar diante do bom desempenho do segmento calçadista. Os números, de fato, impressionam. Em 2017, a cidade contribuiu para a fabricação de 7,5 milhões de pares de calçados pelas indústrias de calçados em atividade no Estado, conforme estimativa do Radar Industrial da Fiems. Para se ter uma ideia, se toda a produção local fosse distribuída em Mato Grosso do Sul, não haveria um único habitante descalço. Pelo contrário: cada um dos 2,6 milhões de sul-mato-grossenses teria pelo menos dois pares de sapato. O volume expressivo confere à Paranaíba status informal de “filial de Birigui”, internacionalmente reconhecida como a “capital brasileira dos calçados infantis”. As duas grandes indústrias em funcionamento no município, a Pampilli e a Klassipé, têm sede na cidade paulista. Quem explica a coincidência é o presidente do Sindical/MS (Sindicato das Indústrias de Calçados do EstaHá dois anos, Klassipé mantém unidade em Paranaíba

do de Mato Grosso do Sul), João Batista de Camargo Filho. “Paranaíba tem uma localização privilegiada em termos de logística. Faz divisa com Minas Gerais e Goiás, e está muito próxima do estado de São Paulo. De Birigui, especificamente, a distância é de apenas 250 quilômetros”, comenta. Em Birigui, a história da indústria de calçados começa em na década de 40, com as antigas selarias que fabricavam botinas, botas, sapatos e chinelos para adultos, antes de se tornar um polo calçadista infantil. A pioneira no segmento foi a selaria e sapataria Noroeste, que vendia a produção no atacado e varejo. Era um pequeno negócio, com capacidade de confecção de 70 pares de sapatos e botinas e 80 pares de chinelos. O processo era completamente artesanal, realizado com equipamentos como lixadeira, chanfradeira, balancim, rachadeira de couros e máquinas de pespontar solados. Mas foi esta pequena empresa a responsável pelo surgimento de outras indústrias calçadistas em Birigui. Pequenas fábricas foram se instalando, uma após a outra, até que, nos 60, teve início o “boom” de empreendimentos do segmento, MS INDUSTRIAL | 2018 • 43


especialmente os especializados em calçados infantis. A primeira unidade direcionada para a modelagem infantil foi a Ramos & Assumpção. Em entrevista à imprensa de Birigui, um dos proprietários, Antônio Ramos, explicou que ele e seu irmão, o outro sócio da empresa, tinham “conhecimento na época de que a cidade de Franca era especialista em calçados masculinos, Jaú grande produtora de sandálias femininas e que o estado do Rio Grande do Sul era fabricante conhecido de sapatos femininos. Daí, então, optarmos pelo calçado infantil e também porque exigia menor capital”. Somente nos anos 60 surgem 20 novas unidades fabris, todas voltadas para o público infantil. No final da década, em média seis novas indústrias do segmento são fundadas a cada ano, segundo o estudo “Indústria Calçadista de Biri-

gui de 1958 a 2001 - Um caso de aglomeração industrial”, de Marco Aurélio Barbosa de Souza. Hoje, o polo calçadista de Birigui, conta com mais de 300 fábricas ativas que produzem 68 milhões de pares por ano, e 6,28% deste montante é exportado para mais de 40 países, segundo o Sinbi (Sindicato das Indústrias do Calçado e Vestuário de Birigui). Já no mercado interno, a cidade é responsável por 52% do produto comercializado no País. E Paranaíba pode se orgulhar de fazer parte desta movimentação. Há 14 anos, a indústria de calçados biriguiense Pampili mantém uma filial na cidade, com capacidade para produzir a metade da demanda da marca, consolidada como referência em sapatos femininos infantis. Com 9.100 m² construídos às margens da rodovia BR-158 e dez trilhos para

produção dos calçados, a unidade emprega 590 trabalhadores de Paranaíba, 540 deles na linha de produção, uma quantidade expressiva para uma cidade com pouco mais de 40 mil habitantes. Segundo dados do Radar Industrial da Fiems, a indústria de calçados mobiliza boa parte da população de Paranaíba – o segmento é responsável por aproximadamente 8% de todo emprego formal no município e, atualmente, mantém 659 trabalhadores com carteira assinada. Quase R$ 9 milhões são injetados todos os anos na economia da cidade, graças aos salários pagos aos funcionários das fábricas, movimentando o setor de comércio e serviços paranaibense. Além do fator logístico, a política de incentivos fiscais do Estado, somada à mão de obra disponível, é a responsável por incentivar calça-

“O SONHO DE PARANAÍBA É SER REFERÊNCIA EM CALÇADOS” Paranaíba já trabalha com projeções para o crescimento do segmento calçadista na cidade. Segundo o prefeito do município, Ronaldo Miziara, a expansão da Klassipé é um acontecimento aguardado pelos gestores e pela população paranaibense. “As oportunidades geradas pela indústria são inúmeras. Ampliando a produção, cresce a demanda por mão de obra e, consequentemente, os postos de emprego na nossa cidade, algo que sempre vamos precisar e empenhar os esforços que forem necessários para conquistar. Porque se tem algo em que acreditamos é o emprego como ferramenta transformadora de uma sociedade e de um município”, afirma o chefe do Executivo. Conforme Miziara, que foi eleito em prefeito em 2017, esta gestão tem como compromisso desenvolver a indústria local. “Foi uma orientação para o secretário de Indústria e Comércio, Claudinho Agi, atuar no sentido de fortalecer a indústria. Paranaíba mantém um saldo positivo na geração de empregos, num período em que outros municípios sucumbiam diante da maior crise da história do país, e isso se deve a estes esforços O prefeito de Paranaíba, Ronaldo Miziara para fortalecer todos os setores da economia”, atesta. Segundo ele, a prefeitura tem atuado com apoio da Câmara Municipal para aprovar incentivos às indústrias, como a doação de áreas e aluguel de espaços para que os empreendimentos possam se instalar e manter suas atividades competitivas dentro da cidade. “Não podemos deixar passar em branco nossas vantagens competitivas, como a localização privilegiada. Por isso apoiamos os empresários no que for preciso para atrair novas indústrias para nossa cidade”, finaliza o prefeito. 44 •

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As indústrias calçadistas estão produzindo a todo vapor no município, que não mediu esforços para atrair novos empreendimentos

distas de Birigui a se instalarem na cidade, analisa o presidente do Sindical/MS. “Inicialmente, a mão de obra em abundância chamou a atenção dos empresários, que então avaliaram a questão da curta distância e, com os incentivos oferecidos pelo Governo do Estado e Prefeitura de Paranaíba, viram uma oportunidade de serem competitivos”, opina João Batista de Camargo Filho. “Em Birigui, hoje, a busca pela mão de obra tornou-se um desafio. Por aqui, a realidade é outra”, acrescenta. O Senai, por meio de unidades móveis, realiza na cidade um trabalho de qualificação e aperfeiçoamento dos trabalhadores do segmento, oferecendo cursos e treinamentos na área de couro e calçados. FÁBRICA DE SONHOS COR DE ROSA - Na Pampili, o tom de rosa pink, carro-chefe da marca, predomina. Os sofás da recepção são rosa, as paredes dos banheiros, do refeitório oferecido para os funcionários, bem como do uniforme e das esteiras onde o calçado é fabricado. Somente a estrutura onde ocorre da produção é que não são pintadas de rosa, uma

questão de conforto visual para quem circula ali diariamente. Mas o cheiro de tutti-frutti, outra conhecida característica dos sapatos da Pampili, predomina no ar. A produção começa cedo, às 7 horas, e segue até às 16. Os funcionários se dividem para atuar entre as etapas de corte, pesponto, montagem e acabamento do calçado, um processo de manufatura pronta e, portanto, extremamente artesanal, que mesmo com diferentes recursos tecnológicos desenvolvidos ao longo dos anos, exige elevada mão de obra. Cada sapato passa, em média, por 150 a 160 funcionários. Atualmente, a produção diária gira em torno dos 14 mil pares por dia, mesmo patamar de 2017. Todo o processo é realizado na unidade, e os calçados, já finalizados e embalados, são levados diariamente em caminhões para o centro de distribuição da empresa, em Birigui. Com a retomada da economia, inflação estabilizada, juros reduzidos e aumento do poder aquisitivo da população, espera-se fechar 2018 com 17 mil pares/dia. Na cidade, muita gente depende da indústria calçadista para garantir

emprego e renda. Há famílias inteiras que trabalham em uma das fábricas da cidade, e gente que nelas conquistou a primeira carteira assinada e trabalha há décadas no mesmo lugar. Multiplicadora, como é chamada o responsável pela esteira dentro de uma fábrica de calçados, Dulciley Martins dos Santos, 40 anos, passou 11 deles trabalhando na Pampili. Depois dela, o filho, hoje com 24, e a filha, Larissa, seguiram o caminho da mãe. “Comecei como auxiliar de produção, passei pela colagem até chegar a pespontaria, que era algo que eu sempre quis. Dois anos depois já fui promovida a coordenadora e coordenei muitos novatos, calculo que mais de 100, inclusive os meus filhos”, conta, orgulhosa. Mas o grande orgulho, de fato, são os filhos. O mais velho entrou na Pampili com 17 anos e, hoje, não mora em Paranaíba. Larissa, por sua vez, trabalha na esteira coordenada pela mãe, no cargo de coringa, o funcionário que, depois de aprender todas as etapas do processo, está ali como uma espécie de “socorro” nos afazeres dos demais. “Cresci vendo a minha mãe sair MS INDUSTRIAL | 2018 •

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para trabalhar e, às vezes, ela me trazia para a fábrica. Criei uma paixão pelos sapatos, via aquelas sandálias cor de rosa e queria todas para mim. Então, trabalhar aqui foi algo natural para mim”, conta. Dulciley não mede palavras para contar que a Pampili permitiu que criasse sua família e, até hoje, mantém o sustento da casa. “Paranaíba não é uma cidade fácil de conseguir emprego, sobra gente procurando trabalho. A Pampili deu emprego para mim, para os meus filhos e para mim não existe satisfação maior do que isso”, conta. Foi também na Pampili que Helenice de Queiroz, 42 anos, há 14 anos na empresa, conseguiu o primeiro emprego. A oportunidade apareceu em um momento complicado na vida da mulher, após um processo de divórcio. “Meu ex-marido era caseiro enquanto eu trabalhava como doméstica em uma fazenda. Quando separamos, fiquei sem emprego. Então foi um universo completamente novo para mim, porque naquela época mulher não separava, dependia do marido. Foi quando fiquei sabendo que o Senai estava oferecendo na cidade um curso de Pespontador de Calçados. Fiz até o fim e, um mês depois estava contratada. Foi meu primeiro emprego com carteira, comecei de baixo e já fiz tudo, o que para mim é uma feli-

RAIO-X DA INDÚSTRIA CALÇADISTA - Faturamento estimado em MS: R$ 350 milhões - Produção estimada: De 7 a 7,5 milhões de pares de calçados em 2017. A capacidade nominal de produção das fábricas de calçados em MS é de aproximadamente 11 milhões de pares por ano. Ou seja, o segmento tem operado com uma capacidade ociosa média de 35%. - Salário nominal médio do segmento: R$ 1.246,00, proporcionando uma massa salarial de aproximadamente R$ 26,4 milhões Fonte: Radar Industrial 46 •

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Dulciley Martins dos Santos e a filha Larissa trabalham juntas na Pampili

cidade muito grande”, comemora. HERANÇA - Antiga na cidade, a Pampili abriu portas e foi responsável pela formação de grande parte da mão de obra que atua nas unidades fabris da cidade. Na Klassipé, outra indústria calçadista infantojuvenil de Birigui que chegou há dois anos em Paranaíba, boa parte dos funcionários já passou pela Pampili. A Klassipé emprega 42 funcionários diretos e nove indiretos, e iniciou 2018 produzindo 1,2 mil pares por dia. A meta, porém, é fechar o ano com pelo menos o dobro, afirma o gerente Clovis Henrique da Silva, 43 anos. A produção local da empresa é vendida no mercado brasileiro e América Latina. Na planta sul-mato-grossense os pares são montados, e depois finalizados no centro de distribuição em Birigui. Mas a fábrica passa por um processo de expansão. Negocia com a Prefeitura de Paranaíba uma área de 5 mil m² para migrar todo o parque industrial de Birigui para o município. Isso inclui a contratação de pelo menos 150 novos trabalhadores, enquanto o quadro atual é preparado para quando a Klassipé for maior. Aos 24 anos, Mateus Moraes Miranda é líder de esteira na Klassipé e já pensa em alçar voos mais

altos com o plano de expansão da empresa. A esperança veio após uma demissão, um período sem qualquer perspectiva de arrumar um trabalho fixo. “Trabalha no Marfrig, e quando o frigorífico fechou, do dia para a noite 630 trabalhadores de uma cidade pequena como Paranaíba foram para a rua, e não tinha emprego para essa gente toda. Só não entrei em depressão por causa da família, porque era 2015, pleno ano da crise, e bateu um desespero”, conta. O jovem, que já tinha experiência em fábrica de calçados por causa de um período na Pampili, viu na abertura da Klassipé a oportunidade de voltar para o mercado de trabalho. “Inicialmente contrataram só 20 pessoas, e quando me chamaram foi um grande alívio. Tudo que eu queria era um emprego, e cheguei ao posto de líder e agora só penso em trabalhar cada vez melhor e crescer mais”, aposta. O próprio gerente da Klassipé, Clovis, também se mudou com a família de Birigui para Paranaíba em busca de oportunidades de crescer. “Trabalhei 18 anos na Klassipé e hoje, estou como gerente da fábrica. Minha esposa, Luciene, é responsável pela área de Recurso Humanos. Paranaíba é uma cidade muito boa de se morar, muitas oportunidades virão e será um ótimo lugar para criar nossa filha, Júlia”, aposta.


[ IEL

FA Z

]

FOCO NA CARREIRA A busca por uma colocação no mercado de trabalho intensificou neste início de ano em decorrência das altas taxas de desemprego levou um grande número de pessoas às feiras de emprego promovidas pelas universidades Anhanguera e Uniderp nas unidades da Avenida Gury Marques e da Rua Ceará, em Campo Grande (MS), nos dias 1º e 3 de fevereiro, respectivamente. Em ambas, o IEL contou com uma equipe e, somando os dois eventos, foram realizados mais de 155 atendimentos, entre estudantes e trabalhadores, e recebidos 64 currículos para as cinco vagas de emprego disponibilizadas pelo Instituto nos eventos. Apenas na Anhanguera foram mais de 90 atendimentos e 49 currículos recebidos, enquanto na Uniderp foram cerca de 65 atendimentos e 15 currículos recebidos.

Instituto faz mais de 155 atendimentos em feiras de emprego de universidades

Para a técnica do IEL, Jackeline Pires Magalhães, eventos como essas duas feiras de empregos são importantes para divulgar oportunidades de colocação no mercado de trabalho. “Nosso objetivo é divulgar nossas vagas de empregos e de estágios, além de orientar o público sobre como fazer os cadastros em nosso site”, afirmou. Ela completa que as vagas de emprego intermediadas pelo IEL na Anhanguera foram para atendente de farmácia, recepcionista, vendedora e analista de qualidade, enquanto as de estágio foram destinadas para acadêmicos dos cursos superiores de Administração, Química, Relações Internacionais, Comércio Exterior, Ciências Contábeis e Educação Física. Na Uniderp, as vagas de emprego eram para atendente de farmácia, recepcionista, vendedora, assistente de logística

e analista de qualidade, enquanto as vagas de estágio foram destinadas para acadêmicos dos cursos superiores de Administração, Relações Internacionais, Ciências Contábeis e Educação Física. REPERCUSSÃO - A acadêmica de Direito, Lays Mariane da Silva Antunes, elogiou a ação e a presença do IEL na feira realizada na Uniderp. “Vim aqui na Uniderp em busca de vaga de estágio, pois acredito que é uma oportunidade de colocar em prática o que aprendemos durante o curso. Não poderia deixar de vir até a sala do IEL para ver as vagas disponibilizadas”, disse. A acadêmica de Pedagogia, Gislaine Gomes, também defende o estágio como uma forma de aprimorar os conhecimentos. “Acho ótimo o IEL estar presente porque é uma instituição de credibilidade e que sempre oferece oportunidades de estágio para adquirir experiência na área”, comentou. Já Vanessa Silva Silvestre ainda está no Ensino Médio, mas visitou o estande do IEL para conferir as vagas de emprego ofertadas. “Vim procurar um emprego, porque além de conseguir experiência, também ajudo nas despesas de casa”, finalizou.

Equipe técnica do IEL durante atendimento aos interessados MS INDUSTRIAL | 2018 • 47


[ MEIO

AMBIENTE

]

ENTRE OS

MELHORES

Pesquisa aponta MS como o segundo Estado do País em qualidade de licenciamento ambiental Mato Grosso do Sul é o segundo Estado do país com as melhores práticas e com maior agilidade para liberação de licenciamento ambiental para empreendimentos empresariais no país, ficando atrás apenas da Bahia e empatado com os Estados do Paraná e Santa Catarina. A informação é do Índice de Qualidade do Licenciamento Ambiental (IQL), instrumento inédito elaborado pela consultoria AFranco Partners que mapeia processos de governos estaduais na área ambiental. O indicador surge de estudo sobre as implicações do caminho percorrido por empresários até a obtenção do licenciamento ambiental para a tomada de decisão de investimentos. Embora cada esfera administrativa tenha autonomia na execução da legislação ambiental, o estudo foca os Estados porque é sobre eles que recai a maior demanda por licenciamentos. A maior parte dos municípios repassa a responsabilidade institucional para governos estaduais, enquanto a União se encarrega de grandes projetos, como a construção de uma hidrelétrica, por exemplo. Para formar o IQL, 18 variáveis foram parametrizadas em três blocos principais: transparência, burocracia e prazos. Existência de manuais de licenciamento, serviços on-line, qualidade no atendimento e apresentação de informações de forma clara e acessível

48 •

MS INDUSTRIAL | 2018

são alguns critérios do indicador. De acordo com o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar Jaime Verruck, o excelente desempenho do Estado no ranking de qualidade do licenciamento ambiental é resultado direto do modelo de gestão implantado no Imasul e que hoje norteia os trabalhos do Instituto. Já o presidente da Fiems, Sérgio Longen, destacou a atuação da Semagro, que parametrizou as ações que envolvem licenciamento ambiental e o resultado é o reconhecimento de Mato Grosso do Sul em nível nacional. “Nós tínhamos um grande gargalo que era a questão do licenciamento ambiental em Mato Grosso do Sul, mas evoluímos. Para mim, enquanto presidente da Fiems, é muito importante termos organizado esse setor que atrapalhava muito o desenvolvimento da indústria”, afirma. TRANSPARÊNCIA E AGILIDADE - A primeira ação de gestão realizada no Imasul foi a de dar celeridade na emissão das licenças ambientais, cumprindo os prazos estabelecidos nas normas e legislações vigentes, sem prejuízo às solicitações do setor produtivo, nem ao meio ambiente. “Levantamento feito por uma consultoria contratada pelo governo revelou que nosso prazo médio era de 999 dias na emissão de licenças. Diferente de outros estados, Mato Grosso do Sul não fez a contratação de mais pessoal. Optamos por realizar gestão junto aos nossos fiscais e analistas e


O secretário Jaime Verruck, titular da Semagro

revisamos os processos internos na tramitação dos pedidos de licenciamento. Hoje, atendemos as demandas dentro dos prazos legais”, lembra Jaime Verruck. Em junho de 2015 foi concluída e disponibilizada em formato eletrônico, no site do Imasul, a versão revisada do Manual de Licenciamento Ambiental, que ampliou de 472 processos licenciáveis para 600 atividades licenciáveis. “Isso facilitou para o empresário, pois ele passou a entender qual era o tipo de estudo aplicado naquela atividade. Antes, era necessário entrar com uma carta-consulta para ser feito um Termo de Referência. Isso mudou com a revisão que fizemos. O Manual nos trouxe a transparência e clareza que antes nós não tínhamos”, destaca o titular da Semagro. O secretário de Meio Ambiente reforça ainda que o sucesso do modelo de gestão que implementamos no Imasul se reflete no IQL. “O índice que obtivemos demonstra o envolvimento da equipe e confirma o quanto melhorou a produtividade dos servidores do Instituto. Ao buscarmos eficiência e eficácia na gestão, conseguimos que os funcionários aumentassem significativamente a sua produtividade. Lembrando que, além de estarmos licenciando mais atividades, temos outras responsabilidades hoje,

que são o CAR (Cadastro Ambiental Rural) e a Outorga de Direito e Uso de Recursos Hídricos”. O papel do CECA (Conselho Estadual de Controle Ambiental) também foi revitalizado com a implementação da Câmara Técnica Recursal (CTR), que permite uma avaliação mais rápida da segunda instância das multas ambientais e dinamizado o trabalho do Conselho. O diretor-presidente do Imasul, Ricardo Eboli, recorda também dos investimentos em Tecnologia da Informação, que culminaram no Portal da Transparência Ambiental. “Atendemos uma exigência do Ministério Público e, hoje, todas as informações relacionadas às tramitações do licenciamento ambiental, DOF, CAR e estão disponíveis em nosso site, de forma acessível, clara e objetiva. Para 2018, devemos implementar novos serviços online e finalizar uma nova revisão do Manual de Licenciamento Ambiental”, diz.

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[ SESI

FA Z

]

MAIS PRÓXIMO De olho em torneio de robótica, alunos da Escola do Sesi de Dourados criam “robô gigante” De olho em um bom desempenho na etapa nacional do Torneio de Robótica realizado pela FLL (First Lego League), o time Megamentes, da Escola do Sesi de Dourados, construiu o robô “Megadom”, um projeto mais robusto e que promete dobrar a pontuação da equipe em relação à fase regional da competição disputada em novembro do ano passado em Goiânia (GO). Na ocasião, o Megamentes foi um dos seis selecionados entre 36 concorrentes e obteve a classificação para a etapa nacional, que será realizada em Curitiba (PR), de 16 a 18 de março. A equipe da Escola do Sesi de Dourados, composta por dez alunos na faixa etária dos 9 aos 16 anos de idade, do 6º ano do Ensino Fundamental até a 3ª série do Ensino Médio, desenvolveu um sistema de engrenagem para que o robô faça movimentos mais precisos e otimize o tempo de atuação do time durante as missões do torneio. “Com base na nossa experiência da etapa regional e pesquisas, conseguimos reavaliar os quesitos que não conseguimos pontuar e aprimoramos nosso trabalho, pensando na estratégia das missões e da mesa. Nosso sistema permite que o robô fique mais fixo à mesa e realize mais movimentos ao mesmo tempo, pensando tam-

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bém no tempo de prova, que é de dois minutos e meio, e, com isso, já ganhamos tempo”, explicou o estudante Kaio Otthon, aluno da 2ª série do Ensino Médio. Para o aluno da Escola do Sesi de Dourados, toda a experiência em torneios de robótica tem sido enriquecedora e permitiu que todos aprimorassem conhecimentos e evoluíssem em quesitos como trabalho em equipe e dedicação. “O torneio como um todo foi algo muito novo para mim e nos saímos melhor do que esperávamos porque nossa equipe ainda era muito experiente em relação às demais. Eu só conseguia pensar ‘Se passarmos para a nacional teremos que nos dedicar, trabalhar três vezes mais do que estávamos trabalhando’. E assim está sendo feito, conseguimos quebrar essa barreira do regional e agora queremos representar a escola da melhor maneira possível”, acrescentou.

Estudantes da Escola do Sesi de Dourados testam robô que será utilizado na competição

A estudante Samara Bernado, aluna da 1ª série do Ensino Médio, afirma que ficou na memória a oportunidade de conhecer projetos elaborados por alunos do Brasil todo. “Foi algo completamente diferente para nós, a experiência de conhecer muitos projetos bons, de alto nível, e superou nossas expectativas porque conseguimos passar para o nacional e, agora, esperamos evoluir com o nosso projeto e ter o melhor desempenho possível”, projetou. Professor de Física da Escola do Sesi de Dourados, Wesley Sarati Coelho conta que para desenvolver o “Megadom” o time inclusive conversou, por videoconferência, com alunos de outras escolas que disputam o torneio. “A construção do robô foi realizada em cima de muito estudo, dedicação e pesquisa. Eles trocaram ideias com alunos de outras equipes, via videoconferência, o que foi fundamental porque deram dicas, o que ajudou bastante no projeto como um todo, e tudo foi feito de forma conjunta, por um compartilhamento de ideias. Esperamos representar a Escola do Sesi da melhor forma possível na etapa nacional e, principalmente, chegar à internacional. Estamos trabalhando muito para isso, sempre com base na união da equipe, força de vontade e dedicação”, detalhou. MS INDUSTRIAL | 2018 • 51


52 •

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[ SENAI

FA Z

]

EXIGÊNCIA LEGAL Senai Empresa apresenta programa de logística reversa a industriais de Corumbá Dirigentes dos sindicatos que representam as indústrias do município de Corumbá conheceram o plano de ação do Programa Senai de Logística Reversa, lançado para oportunizar as empresas a se adequarem à Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei Federal nº 12.305/2010. Os planos foram apresentados pela equipe do Senai Empresa, gestor do projeto, inicialmente aos dirigentes do Simec (metalúrgicas), Sindiecol (extrativas), Sindivesc (vestuário), Sindicom (construção) e Siaco (alimentação) e, em outras duas reuniões, empresários do município poderão conhecer os projetos. Para o diretor-regional do Senai, Jesner Escandolhero, enquanto empresários, os dirigentes sindicais demonstraram interesse em entender como manter as atividades regulares perante as exigências legais, bem como cumpri-las seguindo o plano de logística reversa proposto pelo Senai. “É demonstrada uma apreensão diante desta responsabilidade, por isso, esta iniciativa da Fiems junto ao Senai visa justamente garantir que eles consigam de uma forma mais tranquila cumprir com todo esse arcabouço legal. Mato Grosso do Sul, inclusive, tem sido um dos Estados pioneiros a levar essa discussão adiante e o que pretendemos é continuar alçando as em-

presas à vanguarda da inovação e, ao mesmo tempo, ao cumprimento de toda a legislação vigente”, destacou. O gerente do Senai Empresa, Rodolpho Mangialardo, explica que após a apresentação do plano às empresas, o documento será levado ao Governo do Estado e, então, executado nas indústrias. “Pelo olhar dos presidentes dos sindicatos industriais de Corumbá houve uma receptividade fantástica porque, apesar de terem consciência dos investimentos, há a demonstração de que existe uma preocupação em se adequar a legislação, além das vantagens a longo prazo. Estamos saindo na frente”, acrescentou. REPERCUSSÃO - Para o presidente do Simec, Marcelo De Carli, a apresentação foi o momento de conhecer as propostas do plano, que despertaram a necessidade de mudanças na legislação. “Entendemos o quanto é relevante para a nossa atividade manter-se regularizado dentro do que pede a legislação, porém, esperamos que os órgãos fiscalizadores o façam por igual, porque uma empresa que investir nas adequações não pode sair em desvantagem competitiva em relação à concorrente que não teve preocupação alguma em fazer o mesmo”, analisou.

Presidente do Siaco, Marismar Soares Santana destacou a importância da destinação correta dos resíduos. “Para a indústria será estratégico, porque resíduo é algo preocupante na cidade”, pontuou. Também participaram da apresentação o diretor-técnico do Senai, Gilberto Schaedler, e a coordenadora do Programa Senai de Gestão Ambiental, Liliane Candida Corrêa. O PROGRAMA - O Programa Senai de Logística Reversa trata do processo de retorno de produtos, embalagens ou materiais para os locais onde foram fabricados, envolvendo todos os elos da cadeia produtiva e materiais como agrotóxicos, pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes, lâmpadas fluorescentes, produtos eletrônicos, entre outros. Além da adequação das empresas à Lei Federal nº. 12.305 de 2010, cujo cumprimento é fiscalizado pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), e à Resolução da Semagro (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar) nº. 33, que trata da implantação do sistema de Logística Reversa nas indústrias e outros estabelecimentos de Mato Grosso do Sul. MS INDUSTRIAL | 2018 • 53


[ CIN ]

NOVOS MERCADOS Centro Internacional de Negócios (CIN) recebe delegação da Coreia do Sul Com o objetivo de estreitar relações entre Mato Grosso do Sul e a Coreia do Sul, o CIN (Centro Internacional de Negócios) do IEL trouxe dois representantes da Kotra, agência de promoção de investimento da Coreia do Sul no Brasil, para conhecerem as potencialidades do Estado e verem de perto a linha de produção de duas indústrias de Campo Grande. Segundo o superintendente do IEL, José Fernando do Amaral, que coordena o CIN, as possibilidades de negócios entre Mato Grosso do Sul e a Coreia do Sul estão sendo discutidas desde o ano passado. “A Coreia do Sul é um dos grandes gigantes do desenvolvimento mundial, com um parque tecnológico de altíssima qualidade e esse encontro só vem a enriquecer as possíveis demandas futuras de produtos aqui do Estado que podemos exportar para a Coreia e também que podemos importar”, afirmou. Na avaliação da gerente do CIN, Nathália Alves, o encontro é uma oportunidade de trazer novos mercados e novas possibilidades para Mato Grosso do Sul. “Para nós, enquanto Federação das Indústrias, o fomento do comércio exterior é muito importante. A Kotra está tendo a oportunidade de conhecer mais sobre a economia do Estado, o que temos a oferecer em termo de negócios e as nossas demandas e também pode apresentar seus produtos”, explicou. A coordenadora de Cooperação Internacional e Comércio Exterior da Semagro (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), Camila Tiemann dos Santos, destacou a parceria com a Fiems para o fomento da cultura 54 •

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exportadora do Estado. “Essa visita é a oportunidade de atrairmos um novo tipo de investimento, apresentando o Estado para o comércio internacional. Queremos saber como está o mercado sul-coreano, que tipo de investimento ele quer trazer para o Estado e nosso objetivo é aumentar a participação do mercado sul-coreano na pauta exportadora do Estado”, disse. Segundo o analista de mercado

da Agência de Promoção de Investimentos Kotra, Gihad Soares, a visita a Mato Grosso do Sul busca entender a economia do Estado e quais pontos de interação poderiam existir entre as empresas locais, a Fiems e a economia coreana como um todo. “Esperamos que com isso tenhamos novas exportações coreanas para cá, mas também troca de informações entre empresas e possivelmente investimentos no futuro aqui”, ressaltou, falando em nome do diretor-geral Yungsun Lee. D’ITÁLIA - A primeira empresa a ser visitada pela delegação sul-coreana foi a D’Itália Indústria e Comércio de Plásticos, localizada na Vila Adelina. Segundo Nathália Alves dos Santos, a empresa foi escolhida tendo em vista que a indústria plástica do país é a 4ª maior do mundo e pode se tornar um importante fornecedor de matéria-prima para esse segmento aqui do Estado. “Além disso, o empresário Zigomar Burille, proprietário da empresa, está sempre em busca de novas tecnologias e informações. A nossa intenção é oportunizar novas possibilidades de negócios e contribuir, quem sabe, para baratear a matéria-prima utilizada pela indústria estadual”, pontuou. O empresário Zigomar Burille acrescenta que é muito interessante esse intercâmbio com uma agência de investimento da Coreia do Sul, pois possibilita a abertura de novos horizontes. “Nós dependemos muito da importação de matéria-prima, principalmente, da Alemanha e, por isso, preciso abrir novos mercados para conseguir reduzir os custos. Na minha opinião, essa iniciativa do CIN é muito válida e agora estamos na expectativa de que as coisas possam melhorar nesO sul-coreano Yungsun Lee, a gerente do CIN, Nathália Alves, e o empresário Zigomar Burille

se sentido”, reforçou. Já Gihad Soares explica que a delegação está visitando as indústrias do Estado graças a uma intermediação da Fiems, por meio do CIN. “No caso da D’Itália, a escolha foi muito bem-vinda, pois a empresa atua em um segmento de extrema importância para a Coreia do Sul em termos de produção e de exportação. Já somos grandes fornecedores de matéria-prima para o Brasil e queremos incluir o Estado nesse grupo. Também estamos aproveitando para divulgar a imagem de que a Coreia do Sul é um país de alta tecnologia, mas com preços acessíveis e que pode ajudar na produção da indústria local”, disse o investidor. ECO MÁQUINAS - O CIN também acompanhou a visita dos representantes da Kotra à Eco Máquinas Indústria Comércio Importação e Exportação, que fica no Polo Empresarial Norte. De acordo com o superintendente do IEL, José Fernando do Amaral, o objetivo da visita à Eco Máquinas foi apresentar aos coreanos um caso de sucesso de uma empresa que já trabalha com exportação em Mato Grosso do Sul. “A visita foi muito interessante, muito proveitosa, acredito que negócios nascerão a partir dessa visita. Já percebemos aqui na Eco Máquinas um alinhamento de intenções que pode resultar em negócios concretos, então isso prova que cada vez mais as visitas de delegações de outros países com apoio da Fiems e do CIN vão gerar resultados extremamente proveitosos para a economia”, afirmou. O analista de mercado da Kotra, Gihad Soares, comentou que a intenção da visita foi entender como empresas bem-sucedidas do Brasil fizeram seu processo de crescimento. Para a diretora comercial da Eco Máquinas, Mary Marques Festa, receber a delegação coreana representa a abertura de uma porta para a realização de novos negócios. “Ficamos honrados com o interesse da Kotra em conhecer nossa empresa. Essa é uma oportunidade de apresentarmos nossa estrutura e nossos produtos e o primeiro passo para futuras negociações”, finalizou. MS INDUSTRIAL | 2018

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[ MEIO

AMBIENTE

]

QUALIDADE

CERTIFICADA

Indústrias de MS já contam com o 1º laboratório privado de análises físico-químicas, microbiológicas e de amostragem de águas e efluentes acreditado pelo Inmetro 56 •

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O Laboratório Biolaqua Ambiental está atendendo indústrias de todo o Estado

O LABORATÓRIO BIOLAQUA TEM ALGUNS DIFERENCIAIS: • 1º A consagração do laboratório a Deus • 2º Por ser constituído de uma equipe técnica multidisciplinar, formada por técnicos especializados e treinados, por Engenheiro Sanitarista e Mestres em Saneamento Ambiental e Recursos Hídricos. Na gestão do Biolaqua temos três biólogos (mestres) e um engenheiro (especialista) • 3º O espaço físico do laboratório foi construído de acordo com norma ABNT NBR 13035 de 10/1993 (Planejamento e instalação de laboratórios para análises e controle de águas), o que influencia muito na garantia da qualidade dos serviços e na obtenção da acreditação pelo Inmetro • 4º A experiência dos técnicos, principalmente dos mestres na área de saneamento ambiental. O Biolaqua não oferece consultorias, mas discute os resultados analíticos em qualquer instância.

Mato Grosso do Sul já tem um laboratório privado de análises físico-químicas, microbiológicas e de amostragem de águas e efluentes domésticos e industriais acreditado pelo Inmetro. No dia 5 de dezembro de 2017, o Laboratório Biolaqua Ambiental recebeu o Certificado de Acreditação do Inmetro, em conformidade com os requisitos da norma ABNT NBR ISO/IEC 17025, a única ISO que certifica análises físico-químicas, microbiológicas e amostragem de águas e efluentes domésticos e industriais. Até a presente data, é o

único laboratório privado do Estado acreditado pelo Inmetro. “A acreditação pelo Inmetro para o Biolaqua é o reconhecimento de nossa competência técnica na realização dos serviços de análises físico-químicas, microbiológicas e de amostragem de águas e efluentes”, afirma a sócia-proprietária do laboratório, a bióloga e mestre em Tecnologias Ambientais, Maria Aparecida Cabral Seixas. “Para receber a acreditação tivemos que implantar um sistema de gestão e controle de qualidade de todas as etapas do nosso processo analíti-

co (operações, técnicas e gestão)”, acrescenta. Segundo a bióloga, o trabalho tem como objetivo primar pela satisfação dos clientes. “A acreditação recebida do Inmetro garante aos nossos clientes resultados confiáveis e válidos tecnicamente, permitindo um grande reconhecimento de qualidade do laboratório perante o mercado nacional e internacional, tais como órgãos de fiscalizações ambientais, agências regulamentadoras e por grupos empresariais que exportam seus produtos para fora do país”, exemplifica. MS INDUSTRIAL | 2018 • 57


Isso porque as empresas que exportam produtos são cobradas pelo controle de qualidade aplicado no mercado exterior, que exige a certificação de todos os fornecedores e prestadores de serviços, como o Biolaqua. “Então, para entrar neste mercado, fomos atrás da acreditação”, explica Maria Aparecida. LEGISLAÇÃO - O Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), acrescenta a sócia-proprietária do Biolaqua, já vem há algum tempo comunicando aos laboratórios que não irá aceitar mais laudos técnicos sem a acreditação. “Atualmente a exigência é do credenciamento dos laboratórios neste órgão, o próximo passo, acredito, será o reconhecimento da competência concedida pelo Inmetro”, espera. Por outro lado, a Prefeitura Municipal de Campo Grande, por meio da Semadur (Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Gestão Urbana) já está exigindo a acreditação pelo Inmetro, continua a bióloga. “Fora do Estado, a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) concedeu um prazo para que todos os laboratórios se adequassem com a acreditação do Inmetro e, atualmente, não aceita mais laudos técnicos de laboratórios que não tenham a acreditação”, afirma. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) fez o mesmo procedimento ao estabelecer, na Portaria nº 2914/2011, prazo para que os laboratórios de análises da qualidade da água para consumo humano realizassem adequações necessárias para a implantação de sistemas de gestão de qualidade, seguindo os requisitos especificados na NBR ISO/IEC 17025:2005. “Quem não se certificar não poderá mais trabalhar no mercado de análises físico-químicas e microbiológicas de águas para consumo humano”, explica a bióloga. “A água para consumo humano é considerada um alimento, por 58 •

MS INDUSTRIAL | 2018

Espaço para análise de amostras é estruturado para atender a norma ISO 17.025

esta razão o Inmetro nos exigiu a separação das análises de potabilidade das demais análises, o que nos obrigou a construir um novo laboratório para atender a portaria da Anvisa. Já aproveitando esta exigência, estamos em processo de implantação de um laboratório de alimentos para também atender a outras matrizes (carnes, lácteos e farináceos)”, conta. “Em todas as licitações e tomadas de preços que exigem a acreditação do Inmetro estaremos aptos a participar, mas não é só o laboratório certificado que ganha, e sim também o Estado e a prefeitura, com mais postos de empregos e de recolhimento de impostos”, elenca a sócia proprietária do Biolaqua sobre o papel do laboratório. “Quando no Estado não tinha laboratório acreditado, muitas amostras de empresas que necessitavam da acreditação acabavam sendo enviadas para laboratórios de outras regiões, agora, temos as mesmas condições de certificação e podemos prestar serviços tanto em Mato Grosso do Sul quanto em outros estados”, comemora. “A gestão e de garantia da competência técnica tratados pela nor-

ma ISO 17025 é muito difícil de ser implantada, é bastante burocrática, tem custo financeiro relevante e o controle de qualidade é de alta complexidade, e alguns laboratórios, com má fé, tentaram vender a certificação através de outras ISOs, que são da área ambiental, mas não certifica análises físico-químicas e microbiológicas”, comenta. A ISO 17025, explica, enfoca as atividades laboratoriais, e é específica para laboratórios, pois demonstra a competência técnica que é dada pela certificação, e atesta que a equipe técnica da instituição certificada realmente sabe fazer os serviços de análises. “Na ISO 9000, por exemplo, esse item não tem importância. A ISO 17025 é uma exigência clara que o laboratório tenha documentado uma série de procedimentos, além de exigir realização de auditorias internas na área técnica e acompanhamento de serviços, enquanto a ISO 9000 pode ser implementada em empresas ou organizações de diferentes tipos e ramos de atividades, desde grandes empresas a pizzarias”, diz. Como a obrigatoriedade da implantação da ISO 17025 é recente em relação a legislações vi-


AVANÇOS AO LONGO DE 6 ANOS DE EXISTÊNCIA: • O credenciamento do laboratório exigido pelo Imasul, obtido em tempo recorde após implantação e adequação do laboratório às exigências do instituto. Por isso, o Biolaqua foi o primeiro laboratório privado de análises físicoquímicas, microbiológicas e de amostragem de águas e efluentes domésticos e industriais a ser credenciado pelo Imasul • O mais trabalhoso foi a implantação do sistema de gestão da qualidade segundo a norma ABNT NBR ISO/IEC 17025, mas graças à Deus e à colaboração da equipe técnica e total apoio da direção do laboratório foi conquistada a acreditação do Inmetro, certificando a prestação de serviços de análises físico-químicas, microbiológicas e amostragem de águas e efluentes. • Implantação do sistema myLIMS, um software para otimização, que viabiliza o aumento da eficiência operacional do laboratório e de outras áreas da empresa por meio da entrega de resultados confiáveis em menor tempo e custo.

gentes, continua a bióloga, muitos empresários desconheciam a especificidade da ISO 17025 e aceitavam as outras ISOs que não atendem às especificações da garantia de qualidade analítica estabelecida na ISO 17025. PARCEIRO LABSOFT Além da busca pela acreditação do Inmetro, o Biolaqua também investiu na implantação do software myLims. “Agora estamos mais competitivos, porque podemos garantir entrega de relatórios confiáveis e em menor tempo possível”, finaliza a bióloga sobre a aquisição da ferramenta. SERVIÇO – Empresários interessados em contratar os serviços do Biolaqua podem acessar o site www.biolaqua.com.br ou ligar no telefone (67) 3026-6740 ou (67) 99618-8642. O laboratório está localizado na Av. Presidente Ernesto Geisel, 1.257 – Jardim Jacy – Campo Grande (MS). MS INDUSTRIAL | 2018 • 59


[ Q U A L I DA D E

D E V I DA

]

INDÚSTRIA

SAUDÁVEL Sesi desenvolve produto para reduzir doenças e afastamentos do trabalho

Parceiro da indústria na busca de soluções em Saúde e Segurança do Trabalho e promoção de um estilo de vida saudável, o Sesi de Mato Grosso do Sul passa a oferecer mais um produto inovador para levar às empresas um ambiente de trabalho mais produtivo. Ao integrar um software que contém os dados sobre os hábitos de vida de cada trabalhador com uma balança multifuncional, a área de SST do Sesi obtém um diagnóstico muito mais preciso sobre as condições de saúde de cada indivíduo, e pode atuar na empresa com uma abordagem muito mais exata das ações necessárias a serem implementadas. Estes dados sobre o perfil de cada trabalhador são obtidos, inicialmente, por meio de um questionário elaborado pelo Sesi, e que será respondido em um tablet disponibilizado pela instituição às indústrias. “São abordadas questões como os hábitos alimentares do trabalhador, tabagismo, incidência de doenças como diabetes, hipertensão e colesterol, além Funcionários do Sesi passam pela balança e avaliao hábitos de vida

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MS INDUSTRIAL | 2018

de perguntas psicossociais”, explica a enfermeira do trabalho do Sesi, Tatiana Sacomani Minini, que integrou a equipe responsável pela elaboração das questões.

O tablet, por sua vez, estará linkado a uma balança multifuncional, que faz um ‘pente-fino’ no funcionamento do organismo do trabalhador, permitindo uma abordagem


mais integrada e preventiva das ações. Basta, então, subir na balança e o perfil deste colaborador, elaborado com base no cruzamento das informações respondidas no tablet, aparecerão automaticamente. Após alguns minutos de processamento, o equipamento emite um relatório impresso com dados como porcentual de gordura, músculo, hidratação, pressão arterial, além, é claro, do peso do indivíduo. “O cruzamento destas informações nos leva a auxiliar cada indústria, respeitando suas particularidades, como porte, segmento e número de colaboradores, a identificar melhor as condições de saúde de seus trabalhadores. É com este propósito que o Sesi oferece às indústrias instrumentos que levam a diagnósticos que, por sua vez, auxiliam na identificação e mensuração de variáveis que influenciam diretamente na produtividade. Com esses serviços do Sesi, a indústria poderá avaliar e eventualmente reorganizar seus serviços e benefícios conseguindo, inclusive, um melhor retorno sobre o investimento”, analisa o gerente regional de Tecnologia em SST do Sesi, Ricardo Egídio dos Santos Junior. E, se o propósito do Sesi, é garantir ambientes seguros e saudáveis nas indústrias, porque não começar de dentro? Além do piloto do projeto, que será implantado na companhia BRF Foods, em Dourados, o questionário será respondido via tablet pelos colaboradores de todo o Sistema Fiems (Sesi, Senai e IEL) em Campo Grande e, depois, todos passarão pela avaliação da balança multifuncional. Os resultados servirão para que o Sesi proponha ações de educação para a saúde, campanhas internas, programas de monitoramento, entre outros.

A diretora de SST do Sesi do Estado, Adriana Sato

“COM OS DADOS EM MÃOS, INDÚSTRIA PODERÁ ATUAR NO PROBLEMA” Se antes o foco era o combate à fome e desnutrição, o excesso de peso, e as consequências dele, hoje chama a atenção dos organismos mundiais de saúde. “Percentualmente, o maior problema da população não é a fome, é o excesso de comida. As pessoas comem mais do que o necessário, e comem errado. E o reflexo aparece desde a infância, com crianças obesas, e nos adultos, com doenças osteomusculares, como hérnia e problemas de joelho, cuja incidência é muito maior do que antigamente, porque o nosso esqueleto não foi feito para suportar tamanha quantidade de peso”, analisa a Diretora de SST do Sesi, a médica do trabalho Adriana Rossignoli Sato. A médica explica que o software desenvolvido pelo Sesi, aliado à balança multifuncional, será determinante para dimensionar o problema e gerar economia para as empresas. “Associado a esta aferição, temos este questionário de hábitos de vida, no qual o indivíduo vai dizer o que ele faz para que possamos olhar como esses hábitos possam ser melhorados. Com os dados em mãos, a indústria vai poder atuar, realmente, no problema, e melhorando a saúde da população, diminui-se o número de eventos de internação, por exemplo, e então o reajuste anual dos planos de saúde desse colaborador e reduz os afastamentos por doenças. Do ponto de vista financeiro, social e pessoal a prevenção é muito importante para todo mundo, a indústria deixa de gastar, o governo deixa de gastar e aquele trabalhador continua mantendo a vida dela dentro dos parâmetros da normalidade, sem sequelas causadas por uma doença”, enumera a médica sobre os benefícios. MS INDUSTRIAL | 2018 • 61


[ ARTIGO ] A SEGURANÇA JURÍDICA QUE A INDÚSTRIA ESPERA A segurança jurídica é imprescindível para o desenvolvimento econômico e social de qualquer país. Não por outro motivo, foi identificada pela Confederação Nacional Indústria (CNI) como um dos fatores-chave de competitividade da indústria, ao lado de outros não menos essenciais como os de educação, ambiente macroeconômico, relações do trabalho, infraestrutura, tributação, inovação e produtividade, para compor o Mapa Estratégico da Indústria - 2013/2022. No Brasil, várias são as fontes da insegurança jurídica. Elas vão desde a falta de clareza das leis, passando pela sobreposição de normas federais, estaduais e municipais, que, não raro, duplicam deveres e obrigações, até decisões judiciais descoladas da jurisprudência e dos precedentes. Um cenário que desestimula a produção e afasta investimentos, fazendo com que o empresário se sinta desorientado com relação ao que deve fazer no presente, desprotegido com referência ao que conquistou no passado e intranquilo no que diz respeito ao futuro. Essa crise de confiança agrava-se com o extraordinário número de ações que tramitam no Judiciário. Se for considerado apenas o Supremo Tribunal Federal (STF), no período entre 2009 e 2016, tramitaram mais de 700 mil processos, número incompatível com o que se espera ver em um tribunal concebido para ser o guardião da Constituição Federal. Os números exagerados de processos nos tribunais demandam pesados investimentos, inclusive financeiros. O Poder Judiciário brasileiro é o segundo mais caro do mundo (atrás apenas de El Sal62 •

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vador), consumindo 1,2% do PIB, contra 0,14% nos EUA, 0,19% na Itália e 0,32% na Alemanha. Esses investimentos não garantem um Poder Judiciário eficiente. Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) demonstram que o STF leva, em média, sete anos para julgar as ações de controle concentrado de constitucionalidade. De acordo com o Banco Mundial, o Brasil ocupa a 125ª posição no ranking de facilidades de fazer negócios medido entre 190 países. Tal ranking leva em consideração quesitos essenciais para a segurança das empresas. Paralelamente, a CNI tem utilizado a Agenda Jurídica da Indústria - Supremo Tribunal Federal, para conferir maior transparência à representação dos interesses da indústria brasileira. Lançada em 2016, Agenda Jurídica da Indústria chegará em 2018, na sua terceira edição, com cerca de 100 ações cadastradas. Em vista dos efeitos vinculante e erga omnes de suas decisões, o julgamento prioritário dessas ações pode representar uma significativa baixa no número de litígios, ajuizados ou por ajuizar. Com isso, ganha-se eficiência na prestação jurisdicional, reduz-se custos com a administração da Justiça e incrementa-se valorosa ferramenta no combate à insegurança jurídica. Com um ambiente menos incerto, espera-se que o Estado cumpra o seu papel de transformar o Direito em instrumento de orientação, proteção e tranquilidade, capaz de fomentar a retomada de decisões e de investimentos, alicerces para a construção de uma sociedade econômica, política e socialmente desenvolvida.

Cassio Borges Superintendente Jurídico da CNI (Confederação Nacional da Indústria)

A segurança jurídica é imprescindível para o desenvolvimento econômico e social de qualquer País”


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