Revista MS Industrial

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ANÚNCIO

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ANÚNCIO

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[ DIRETORIA] Presidente: Sérgio Marcolino Longen 1° Vice-Pres.: Alonso Resende do Nascimento 2° Vice-Pres.: José Francisco Veloso Ribeiro 3° Vice-Pres.: Ivo Cescon Scarcelli 1º Vice-Pres Regional: Luiz Cláudio Sabedotti Fornari 2° Vice-Pres Regional: Sidnei Pitteri Camacho 3º Vice-Pres Regional: Lourival Vieira Costa 4º Vice-Pres Regional: Roberto José Faé 5º Vice-Pres Regional: Irineu Milanesi 6º Vice-Pres Regional: Gilson Kleber Lomba 1° Secretário: Cláudia Pinedo Zottos Volpini 2° Secretário: Juarez Falcão Alves 3° Secretário: Irineu Milanesi 1° Tesoureiro: Altair da Graça Cruz 2° Tesoureiro: Edis Gomes da Silva 3° Tesoureiro: Milene de Oliveira Nantes Diretores Lenise de Arruda Viegas Edemir Chaim Asseff João Batista de Camargo Filho Ligia Queiroz de Brito Machado Kleber Luiz Recalde Isaías Bernardini Antônio Breschigliari Filho Julião Flaves Gaúna Marismar Soares Santana Marcelo De Carli Ferreira Marcelo Alves Barbosa Zigomar Burille Marcelo Galassi Osvaldo Fleitas Centurion Antônio Carlos Nabuco Caldas Nilvo Della Senta

SISTEMA FIEMS Diretor CORPORATIVO SISTEMA FIEMS: Cláudio Jacinto Alves Diretor Regional do Senai/MS: Jesner Marcos Escandolhero Superintendente do Sesi/MS: Bergson Henrique S. Amarilla LOGO REVISTA

Superintendente do IEL/MS: José Fernando Gomes do Amaral

R E V I S TA

MSINDUSTRIAL

Conselho Fiscal Efetivos: Sandro Luiz Mendonça José Paulo Rímoli Silvana Gasparini Pereira Suplentes: José Aguilar Monteiro Edson Luiz Germano de Souza Irma Tinoco Atagiba Asseff

Diretor de Comunicação: Robson Del Casale (DRT/MS 064)

Delegados junto à CNI Efetivos: Sérgio Marcolino Longen Roberto José Faé

Endereço: Avenida Afonso Pena, 1.206 - 2º Andar Bairro Amambaí - Campo Grande/MS - 79.005-901 E-mail: unicom@sfiems.com.br Site: www.fiems.com.br Fone: (67) 3389-9017

Suplentes: Alfredo Fernandes Irineu Milanesi

As opiniões contidas em artigos assinados são de total responsabilidade de seus autores, não refletindo, necessariamente o posicionamento do Sistema Fiems Revista Mensal - 10 mil exemplares

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Revista da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul

Fotos: Ademir Almeida, JJ Cajú, Nilson de Figueiredo, Ricardo Flores, Valdenir Resende e Unicom/Fiems


[ E ditoria l ]

OS BONS VENTOS DA ECONOMIA Os preços estão caindo, o crédito está mais barato e o País voltou a abrir vagas de emprego Após dois anos de retração na economia brasileira, finalmente agora há motivos para confiar no aquecimento econômico. O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 1% em 2017, conforme dados oficiais divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), animando o setor empresarial sul -mato-grossense. Esses bons ventos da economia são mais do que suficientes para nos deixar mais otimistas quanto à retomada da economia a partir deste ano. A crença na recuperação econômica se justifica, pois os preços estão caindo, o crédito está mais barato e o País voltou a abrir vagas de emprego. Em 2015, quando a inflação anual ultrapassava os 10%, era impossível acreditar que, dois anos depois, o índice ficaria abaixo do centro da meta. Os indicadores positivos mostram que a economia, enfim, está reagindo — uma recuperação lenta, porém palpável. De acordo com a Coordenadoria de Contas Nacionais do IBGE, com o resultado de 2017 o PIB retorna ao patamar observado no primeiro semestre de

2011, isso considerando o valor adicionado em termos reais já descontada a inflação. Dessa forma, podemos afirmar que a retomada do crescimento é real e as consecutivas reduções na taxa básica de juros, a Selic, pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, são a clara demonstração desse retorno aos trilhos por parte da nossa economia. A composição da retomada do crescimento tem a redução da taxa básica de juros para que os investimentos voltem a ser feitos, já que os empresários precisam de recursos. Por exemplo, temos os recursos do FCO (Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste), mas de que forma podemos captar esse capital? Somente via juros mais baratos e aí nada mais justo do que a redução da taxa Selic, que acaba fazendo parte da cesta de juros

do FCO Empresarial. O setor industrial de Mato Grosso do Sul está bastante animado. Em conversa com empresários de vários segmentos da indústria, todos são unânimes em afirmar que a economia brasileira entrou novamente nos trilhos. Se vamos repetir o mesmo percentual de crescimento do PIB alcançado no ano passado, ou se vamos dobrar ou até triplicar, ainda é difícil dizer, mas que vamos continuar avançando isso é certo. Entretanto, neste momento, o importante é que viramos a página e deixamos a recessão para trás e o crescimento está aí. Agora é essencial que as empresas continuem a avançar rumo ao desenvolvimento, buscando as oportunidades que estão no mercado. E que os bons ventos da economia continuem soprando!

Sérgio longen - Presidente da Fiems (Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul) MS INDUSTRIAL | 2018 • 5


[ SUMÁRIO]

30 CAPA

Setor encerra 2017 com indicadores positivos e projeta para 2018 um crescimento de até 8,8%

ENTREVISTA

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A fundadora e CEO da rede de hotéis Blue Tree, Chieko Aoki, dá dicas de empreendedorismo

RADAR

INTEGRAÇÃO

carne bovina e 18 14 Celulose, minério de ferro puxam para cima exportação industrial de MS

No Paraguai, Longen defende fim de barreiras burocráticas entre países do Mercosul

SUSTENTABILIDADE

SINDICAL

CIN

defende maior 20 Indústria estímulo ao reuso de água

lançamento do Apoio 22 No Produtivo em Aparecida

paraguaia 28 Delegação apresenta oportunidades de

e agenda de negócios para segurança hídrica

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do Taboado, Longen reforça suporte à indústria

negócios a empresários de MS


24

combustíveis

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50

Varejo

MICROEMPRESA

INDUSTRIALIZAÇÃO

oferecem ensaios 42 Em Bandeirantes, 38 Fotógrafos laticínio Imbaúba está inusitados e apresentam propostas que passam longe do tradicional

entre os cinco maiores empregadores do município

sesi faz

SENAI FAZ do terremoto, 52 Fugindo refugiados são qualificados pela Escola da Construção e garantem emprego

IEL FAZ

BITCOINS

SST

inicia preparativos 54 Instituto para celebrar 10 anos do

e empresários 56 Consultores apontam riscos e vantagens

desenvolve ferramenta 60 Sesi de gestão em Segurança

PQF em Mato Grosso do Sul

de apostar na moeda que valorizou quase 1000% em um ano

e Saúde do Trabalho dos prestadores de serviço

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[ E N T R E V I S TA ] Chieko Aoki

Fundadora e Presidente da Blue Tree Hotels

O NEGÓCIO QUANDO PERDE ESPAÇO É CULPA DO PRÓPRIO EMPRESÁRIO, QUE NÃO FEZ O QUE EU CHAMO DE ENXERGAR O INVISÍVEL DO DESEJO DOS CLIENTES Chieko Aoki, CEO da rede Blue Tree Hotels, não esconde ser “da velha guarda dos negócios”. A empresária, fundadora de uma das maiores e mais importantes redes de hotéis brasileiras, acredita que tecnologias como a internet, se não usadas com sabedoria, são mais prejudiciais do que benéficas, e não teme inovações como o Airbnb, porque, para ela, um bom atendimento está acima de qualquer facilidade ou preço baixo. Chieko nasceu no Japão e imigrou para o Brasil com os pais aos seis anos. Após ocupar posições de chefia e destaque em renomadas redes internacionais de hotéis nos Estados Unidos, Europa e Ásia, resolveu que era hora de ter o próprio negócio e fundou a Blue Tree Hotels, em 1997. O trabalho detalhista é sua marca registrada, e ao focar o sucesso do hotel na experiência dos clientes, foi apontada pela revista Forbes como a segunda mulher mais poderosa do Brasil em 2013. MS INDUSTRIAL | 2018 • 9


Algumas coisas são imutáveis, como a satisfação do cliente. Cuidar das pessoas, fazer com que elas sintam que realmente nos importamos com elas, continuará sendo um grande diferencial, não importa a tecnologia que surgir

A realidade para quem está começando a empreender hoje é bastante diferente de 20 anos atrás, quando a senhora fundou a rede de hotéis Blue Tree. Diante desta experiência e do cenário econômico atual, quais conselhos a senhora daria para quem quer abrir o próprio negócio? Hoje, as coisas estão muito voltadas para o mundo digital, da tecnologia. Mesmo assim, acho que tudo que se cria, deve ser feito para o cliente. Então um serviço, seja ele online ou físico, precisa ser pensado para o consumidor final, de forma que seja útil. Quando comecei a atuar no mundo dos negócios, a visão de utilidade era diferente. O produto ou serviço era pensado para ser, de fato, funcional, e muito menos no entretenimento. O mangá, por exemplo, era uma coisa totalmente nova e que hoje se tornou uma grande indústria, e jamais imaginei que isso aconteceria, que o mangá que eu lia quando era criança, uma revistinha, se transformasse em um grande negócio. E a tecnologia está fazendo com 10 • MS INDUSTRIAL | 2018

A internet é como a bomba atômica. Traz benefícios, mas ao mesmo tempo é uma arma que pode destruir o mundo. Depende da ética de quem usa, do amadurecimento. Inclusive nos negócios

que surjam novos tipos de negócios. Mudaram-se as formas de consumo, mas as lojas continuam ali, para você sentir o produto, porque, no fundo, o ser humano ainda quer isso. Algumas coisas são imutáveis, como a satisfação do cliente. Isso não

muda nunca, estamos sempre buscando como deixar o cliente mais satisfeito. No nosso negócio também. Temos tecnologia, fazemos check-in mais rápido, temos um maior controle de qualidade. Mas, o foco é como cuidar das pessoas, fazer com que elas sintam que realmente nos importamos com elas. Esse é e foi um diferencial no passado, e acredito que continuará sendo no futuro, não importa a tecnologia que surgir. As pessoas e os sentimentos delas continuam sendo o mais importante, isso não muda. Por causa da tecnologia, diversos nichos de mercado precisaram se reinventar. Os táxis, com o surgimento da Uber, as locadoras de vídeo com a Netflix, as operadoras de telefonia celular com o WhatsApp. Como os hotéis estão lidando com o Airbnb (serviço online de anúncio e reservas de hospedagens)? Acredito que quando um negócio fecha as portas, como aconteceu com a Blockbuster, que um dia foi a maior rede de locadoras de filmes e video games do mundo, é porque não foi pensa-


A senhora indicaria algum produto inovador ou tecnologia que é utilizada para facilitar a prestação de serviços e faz a diferença no segmento da hotelaria? Muita tecnologia fez diferença. A internet, por exemplo, sem dúvidas, trouxe velocidade. Agora, nem tudo é cor de rosa. O mundo digital está trazendo

Para mim, continuará no mercado aquele que pensar: ‘Quero ajudar as pessoas’. Muita coisa pode ser criada ou reinventada se você tem como compromisso melhorar a vida em sociedade

do em como dar um passo além para agradar e manter o cliente. Aí é que está a “trap” (armadilha, em inglês), onde a gente acaba se enganando: quando tudo está indo bem, o cliente está satisfeito, está na hora de começar a pensar na próxima etapa, como manter este cliente feliz. É como o Steve Jobs fazia. Acho fantástico que ele tenha trazido isso, criar coisas que as pessoas ainda nem estão pensando, mas que vai mudar a vida delas. Todo negócio deveria ser pensado desta forma. A Blockbuster fechou porque não teve esse pensamento. O Airbnb, se os hoteleiros não trabalharem bem, será uma boa opção. Paga-se menos, você pode se sentir mais em casa, mas por que o hotel também não pode fazer com que as pessoas se sintam mais aconchegadas? O negócio quando perde espaço é culpa do próprio empresário. Não fez o que eu chamo de enxergar o invisível do desejo dos clientes. Fazer negócio não é fácil, é preciso estar sempre pensando no que pode ser feito a mais pelo cliente, é preciso dormir com o cliente, acordar com ele. Se você não tem essa paixão por querer criar algo que realmente o atenda, cedo ou tarde o mercado muda e você fica para trás.

um prejuízo enorme, porque existem coisas como as fake news, difamação das pessoas. Com um clique se derruba a reputação de uma empresa familiar, renomada há anos. Hoje, não há tempo nem para pedir desculpas ou tentar reparar um erro com cliente. Não que um erro seja admissível, não acho que seja, mas existem formas de fazer o cliente enxergar, de fato, que aquilo não é algo intrínseco a seu negócio, e o que ficará é uma experiência, no geral, positiva. Então, primeiro, acredito que é preciso educar, fortalecer a ética e valores, antes de saber usar toda essa tecnologia, a internet. Eu preferia que não tivesse, porque hoje está prejudicando demais. É como a bomba atômica. Tem benefícios, gera grandes quantidade de energia,

mas ao mesmo tempo é uma arma que pode destruir o mundo. Depende de quem usa, do nosso amadurecimento. Inclusive nos negócios. A senhora poderia citar algum episódio marcante envolvendo grandes empresas, ou a própria rede Blue Tree, que seja uma lição para empreendedores? A Fujifilm, que percebeu como a tecnologia mudou a forma e preferências das pessoas, que os filmes para câmeras fotográficas se tornariam desnecessários. Então, ela passou a usar a mesma matéria-prima dos filmes em cosméticos, e hoje é uma grande indústria do segmento (a marca Astalift usa o colágeno, que serve para evitar a deterioração do filme, para fazer o mesmo com células mortas na pele do consumidor. Já a astaxantina, que preserva as cores nos filmes, também traria uma aparência mais jovem ao rosto) e faz também outros produtos derivados da mesma matéria -prima. Então, esta é a lição: enxergar a limitação do seu negócio, porque todos têm de ser visionários, e inovar. Para mim, continuará no mercado aquele que pensar: “Quero ajudar as pessoas”. Muita coisa pode ser criada ou reinventada se você tem como compromisso melhorar a vida em sociedade. Quais as características de um empreendedor bem-sucedido? Capacidade de se reinventar, espírito de servir, ser visionário, empatia e sempre tentar aprender algo com o próximo. MS INDUSTRIAL | 2018 • 11


[ CHARGE ]

[ OLHAR ] Longen solicita ao presidente do BNDES redução da burocracia na liberação de recursos A redução da burocracia na liberação de recursos pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social) foi o principal ponto defendido pelo presidente da Fiems, Sérgio Longen, durante reunião realizada em Brasília (DF), na sede da CNI (Confederação Nacional da Indústria), entre os empresários do setor industrial de todo o País e o presidente do banco estatal Paulo Rabello de Castro. “O presidente trouxe os números do BNDES, as discussões de uma nova política que ele quer construir para atender as demandas da indústria, colocando novamente o setor como foco. Eu entendo isso como positivo, mas, particularmente, não acredito, até porque o BNDES tem uma estrutura grande e o primeiro sinal que ele deu de melhorias nas linhas de crédito para atender as grandes demandas, que é o varejo, foi frustrado pelas taxas de O presidente da Fiems participou de reunião com o juros, como é o caso do Cartão BNDES”, pontuou presidente do BNDES Sérgio Longen. 12 • MS INDUSTRIAL | 2018


Presidente do Compem da Fiems quer derrubada do veto ao Refis da Pequena Empresa Ao participar de reunião do Compem (Conselho Temático da Micro e Pequena Empresa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) realizada em Brasília (DF), o presidente do Compem da Fiems, José Francisco Veloso Ribeiro, fechou questão com os demais representantes a favor da derrubada do veto presidencial ao Refis da Micro e Pequena Empresa pelo Congresso Nacional e alertou que, sem esse programa de refinanciamento, as pequenas

empresas perdem competitividade. “O veto compromete a competitividade das micro e pequenas empresas, tendo em vista que as mesmas ficam prejudicadas em seus negócios, crescimento e geração emprego”, avaliou Francisco Veloso, lembrando que os deputados federais e os senadores devem avaliar se mantêm ou derrubam o veto do presidente da República, Michel Temer.

Reunião do Compem da CNI realizada em Brasília (DF)

Presidente da Fiems ouve demandas de empresários da indústria cerâmica

Os empresários da indústria cerâmica de MS

O presidente da Fiems, Sérgio Longen, esteve reunido, na Escola Senai da Construção, em Campo Grande (MS), com empresários da indústria

cerâmica para ouvir as principais demandas e alinhar um plano de ação para buscar soluções para os principais problemas. De acordo com ele, a construção civil tem passado por dificuldades tanto no âmbito estadual como nacional e o segmento cerâmico requer, neste momento, uma atenção especial.

Empresários visitam frigorífico de peixes e reforçam crescimento da indústria

Diretores da Fiems conhecem a GeneSeas

Durante agenda em Aparecida do Taboado, o presidente da Fiems, Sérgio Longen, visitou o frigorífico de peixes GeneSeas para conhecer a linha de produção e conhecer os produtos da empresa de pescado, destacando a retomada do setor industrial em Mato Grosso do Sul. “A GeneSeas é uma empresa que vem demonstrando o desenvolvimento de um segmento industrial novo para o Estado, que é a produção de tilápia, com uma evolução significativa em sua produção, comprovando que os números de crescimento da indústria são reais”, afirmou Longen.

No Centro de Bovinocultura de Corte, Longen prega união do setor produtivo Ao participar da cerimônia de inauguração do Centro de Excelência em Bovinocultura de Corte do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), o presidente da Fiems, Sérgio Longen, defendeu a união de forças do setor produtivo para a retomada da economia sul-mato-grossense, que tem apresentado sinais de melhora já no começo deste ano. “A união dos setores industrial, pecuário e comercial vem dando certo e esperamos continuar contribuindo com o desenvolvimento de Mato Grosso do Sul”, declarou. MS INDUSTRIAL | 2018 • 13


[ R A DA R

FIEMS

]

FRANCA

RECUPERAÇÃO Celulose, carne bovina e minério de ferro puxam para cima exportação industrial de MS A celulose, com aumento de 33%, as carnes bovinas desossadas congeladas, com alta de 29%, e os minérios de ferro e seus concentrados, com crescimento de 81%, foram os principais responsáveis pelo bom desempenho das exportações de produtos industrializados de Mato Grosso do Sul em janeiro deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, conforme levantamento do Radar Industrial da Fiems. Graças a esses produtos, a receita das vendas do setor industrial para o exterior apresentou avanço de 2% em janeiro de 2018 na comparação com o mesmo mês de 2017, saltando de US$ 261,4 milhões para US$ 265,8 milhões. “Além disso, no mês de janeiro, a participação relativa da indústria respondeu por 81% de toda a receita de exportação de Mato Grosso do Sul, um percentual considerável para o setor”, analisou o coordenador da Unidade de Economia, Estudos e Pesquisas da Fiems, Ezequiel Resende. PRINCIPAIS GRUPOS No caso do grupo “Celulose e Papel”, a receita no período avaliado foi de US$ 131,3 milhões, crescimento de 33% comparado com 14 • MS INDUSTRIAL | 2018

janeiro de 2017, dos quais 98% foram obtidos apenas com a venda da celulose (US$ 128,9 milhões). Os principais compradores foram a China, com US$ 66,8 milhões, a Itália, com US$ 16,1 milhões, a Holanda, com US$ 11 milhões, os Estados Unidos, com US$ 9,1 milhões, e a Coreia do Sul, com US$ 6,3 milhões. Já no grupo “Complexo Frigorífico” a receita conseguida em janeiro deste ano foi de US$ 82,6 milhões, uma elevação de 11% na relação com janeiro do ano passado, sendo que 39% do total alcançado são oriundos das carnes bovinas desossadas congeladas, que totalizaram US$ 32,2 milhões. Para esse grupo, os principais compradores foram Hong Kong, com US$ 18,8 milhões, o Chile, com US$ 10,8 milhões, o Irã, com US$ 8,2 milhões, a Arábia Saudita, com US$ 6,5 milhões, e a China, com US$ 4,8 milhões. O grupo “Extrativo Mineral” aparece em terceiro com melhor desempenho com uma receita de US$ 19 milhões, aumento de 21% comparado com janeiro do ano passado, sendo que 81,6% desse montante foi alcançado pelos minérios de ferro e seus concentrados, que somaram US$ 12,1 mi-

lhões. Nesse grupo, os principais compradores foram Uruguai, com US$ 8,5 milhões, Argentina, com US$ 7,9 milhões, Chile, com US$ 1,2 milhão, e Emirados Árabes Unidos, com US$ 1 milhão. OUTROS GRUPOS - Os outros grupos que também apresentaram crescimento em janeiro deste ano na comparação com o do ano passado foram “Couros e Peles” e “Óleos Vegetais”, que tiveram altas de 33% e 249%, respectivamente. O grupo “Couros e Peles” teve receita de US$ 8,4 milhões e os principais produtos foram outros couros e peles não divididos de bovinos, com US$ 4,6 milhões, outros couros e peles divididos de bovinos, com US$ 1,8 milhão, e outros couros e peles inteiros, divididos de bovinos, com US$ 1,6 milhão, sendo que os compradores foram China, Itália e Vietnã. O grupo “Óleos Vegetais” obteve receita de US$ 7,6 milhões e os principais produtos vendidos para o exterior foram farinhas e pallets, com US$ 7,5 milhões. Os principais países compradores desses produtos em janeiro foram Espanha, com receita de US$ 3,5 milhões, a Tailândia, com receita de US$ 2,3 milhões, e Holanda, com receita de US$ 1,7 milhão.


+ 81%

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Intenção de investimentos da indústria de MS tem o melhor fevereiro dos últimos 4 anos Pelo segundo mês consecutivo, o índice de intenção de investimento do empresário industrial de Mato Grosso do Sul fica acima dos 50 pontos, indicando um início de ano extremamente positivo para o setor, conforme a Sondagem Industrial realizada pelo Radar Industrial da Fiems. Na prática, a intenção de investimentos atingiu o melhor resultado para o mês de fevereiro dos últimos quatro anos, alcançando 52,6 pontos e indicando estabilidade sobre o mês de janeiro, quando o resultado foi de 52,1 pontos. Porém, esse resultado é 9 pontos maior que a média obtida para o mês de fevereiro nos anos de 2015, 2016 e 2017, lembrando que o índice varia de zero a 100 pontos e, quanto maior o índice, maior é a intenção de investir. De acordo com o coordenador da Unidade de Economia, Estudos e Pesquisas da Fiems, Ezequiel Resende, o índice de expectativa do empresário industrial também foi positivo. “A demanda marcou 56,1 pontos, sinalizando expectativa de aumento para os próximos seis meses a partir de fevereiro, enquanto em relação à exportação o índice marcou 51,2 pontos, demostrando aumento para o mesmo período. Já em relação ao número de empregados o índice marcou 49,5 pontos, apontando estabilidade”, detalhou Ezequiel Resende. ICEI - Em fevereiro, o Índice de Confiança do Empresário Industrial de Mato Grosso do Sul (ICEI/MS) alcançou 58,3 pontos, sendo o melhor resultado para o mês dos últimos cinco anos. O índice alcançado em fevereiro é 11,1 pontos maior que a média obtida para o mesmo mês considerando os anos de 2014, 2015, 2016 e 2017. Adicionalmente, todos os componentes do indicador de expectativas permanecem acima da linha divisória dos 50 pontos, sinalizan16 • MS INDUSTRIAL | 2018

do que para os próximos seis meses devem ocorrer melhoras na economia brasileira, sul-mato-grossense e, principalmente, no desempenho da própria empresa. Em fevereiro, 23,4% dos respondentes consideraram que as condições atuais da economia brasileira pioraram, no caso da economia estadual, a piora foi apontada por 22,1% dos participantes e, com relação à própria empresa, as condições atuais também estão piores para 22,1% dos empresários. Além disso, para 46,8% dos empresários não houve alteração nas condições atuais da economia brasileira, sendo que em relação à economia sul-mato-grossense esse percentual foi de 45,5% e, a respeito da própria empresa, o número também chegou a 45,5%. Por fim, os empresários que disseram que as condições melhoraram para a economia brasileira, sul-mato-grossense e em relação à própria empresa responderam igualmente por 22,1%. Já os que não fizeram qualquer tipo de avaliação responderam respectivamente por 7,8%, 10,4% e 10,4%. EXPECTATIVAS - Em relação às expectativas para os próximos seis meses a partir de fevereiro, 48,1% dos empresários se mostraram confiantes e acreditam

que o desempenho da economia brasileira vai melhorar. Já em relação à economia estadual, esse percentual também chegou a 48,1% e, no caso da própria empresa, 52% dos respondentes confiam numa melhora do desempenho apresentado. Os que acreditam que a economia brasileira deve permanecer na mesma situação ficou em 36,4%, sendo que em relação à economia do estado esse percentual alcançou 37,7% e, a respeito da própria empresa, o número chegou a 31,2%. Já para 10,4% dos respondentes a expectativa é pessimista em relação à economia brasileira, enquanto para a economia estadual o resultado alcançou 9,1% e, quanto ao desempenho da própria empresa, o pessimismo também foi apontado por 10,4% dos empresários. Os que não fizeram qualquer tipo de avaliação das expectativas em relação à economia brasileira, estadual e do desempenho da própria empresa responderam por 5,2%, 5,2% e 6,5%, respectivamente. A Sondagem Industrial foi realizada pelo Radar Industrial da Fiems junto a 77 empresas estaduais dos portes pequeno, médio e grande no período de 1º a 19 de fevereiro de 2018.


Indústria de MS volta a registrar saldo positivo na geração de empregos O setor industrial de Mato Grosso do Sul, que é composto pelas indústrias de transformação, de extrativismo mineral, de construção civil e de serviços de utilidade pública, voltou a registrar, em janeiro deste ano, saldo positivo na geração de empregos, conforme levantamento do Radar Industrial da Fiems. No primeiro mês do ano, foram efetuadas 4.378 contratações e 3.880 demissões, resultando em um saldo de 498 postos de trabalho. Segundo o coordenador da Unidade de Economia, Estudos e Pesquisas da Fiems, Ezequiel Resende, o saldo positivo do ano no setor industrial pode ser creditado aos segmentos da construção (+152), de alimentos e bebidas (+133), química (+70), mecânica (+62), têxtil, confecção e vestuário (+55) e metalúrgica (+36). “Além disso, nos últimos 12 meses, os maiores saldos foram registrados pelos segmentos de alimentos e bebidas (+688), de papel, papelão, editorial e gráfica (+236), da borracha, couros, peles e similares (+213)

e de madeira e do mobiliário (+86)”, detalhou. Ele explica que, com esse saldo positivo, o conjunto das atividades industriais em Mato Grosso do Sul encerrou o mês de janeiro de 2018 com 120.504 trabalhadores empregados, indicando aumento de 0,41% em relação a dezembro de 2017, quando o contingente ficou em 120.006 funcionários. “Atualmente, a atividade industrial responde por 19,1% de todo o emprego formal existente no Estado, ficando atrás dos setores de serviços, que emprega 190.608 trabalhadores e tem participação equivalente a 30,2%, de comércio, com 125.569 empregados e 19,9%, e de administração pública, com 122.468 empregados ou 19,4%”, informou. DETALHAMENTO - No mês de janeiro, 88 atividades industriais apresentaram saldo positivo de contratação, proporcionando a abertura de 978 vagas, com destaque para abate de reses, exceto suínos (+126), obras especializadas para construção

(+74), obras de terraplenagem (+70), construção de edifícios (+61) e fabricação de álcool (+58). Por outro lado, 85 atividades industriais apresentaram saldo negativo, ocasionando o fechamento de 480 vagas, com destaque para construção de rodovias e ferrovias (-98), fabricação de açúcar em bruto (-42) e fabricação de brinquedos e jogos recreativos (-21). Em relação aos municípios, constatou-se que em 34 deles as atividades industriais registraram saldo positivo de contratação em janeiro de 2018, com destaque para Campo Grande (+343), Nova Andradina (+83), Naviraí (+41), Itaquiraí (+34), Sidrolândia (+32), Rochedo (+27), Aquidauana (+25), Eldorado (+24), Dois Irmãos do Buriti (+23) e Dourados (+22). Por outro lado, em 29 municípios as atividades industriais registraram saldo negativo, com destaque para Corumbá (-70), Três Lagoas (-50), Fátima do Sul (-30), Costa Rica (-25) e Maracaju (-22).

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[ MERCADO

EXTERNO

]

O presidente da Fiems, Sérgio Longen, participou do painel “Mercosul – Potência para Alimentar o Mundo”

INTEGRAÇÃO No Paraguai, Longen defende fim de barreiras burocráticas entre países do Mercosul

Ao participar em Assunção, capital do Paraguai, do painel “Mercosul – Potência para Alimentar o Mundo”, que integra o evento “Diálogo Público-Privado”, promovido pelo LIDE (Grupo de Líderes Empresariais do Paraguai), o presidente da Fiems, Sérgio Longen, abordou as questões de integração dos países do Mercosul e defendeu a necessidade do rompimento de barreiras burocráticas entre essas nações. “Enquanto empresários, industriais e rurais, temos uma grande preocupação quando se refere à marca, ao produto e isso não é só no Brasil, mas também vemos muito isso aqui no Paraguai. E o que estamos fazendo com isso? O nosso desafio precisa ser o de transformarmos industrialmente a soja e o milho. Temos de sair dos números positivos de exportações apenas quando se refere a produtos in natura, enquanto países em desenvolvimento, as nações que integram o Mercosul necessitam também apresentar superávit na balança comercial com produtos industrializados”, destacou. Longen reforça que, no caso de Mato Grosso do Sul, 18 • MS INDUSTRIAL | 2018


a safra de 9,3 milhões de toneladas de soja já está praticamente toda vendida para o exterior. “Do que

adianta, hoje, Mato Grosso do Sul ser o maior produtor de celulose do mundo, se nós não transformamos essa celulose em papel? Acredito que esse seja o grande desafio dos países em desenvolvimento”, pontuou, completando que o Paraguai evoluiu muito nesses últimos anos, principalmente nas questões da transparência do Governo, o que fez com que muitos empresários, não só brasileiros, o enxergassem como um país aliado do desenvolvimento. “Precisamos deixar nesse encontro um plano de ação para que não deixemos cair no vazio o que aqui foi discutido. Necessitamos de sugestões de diversas áreas para que possamos avançar em melhorias no relacionamento comercial entre os países do Mercosul. É preciso reduzir a burocracia, começando pelo Brasil, onde as regras alfandegárias e as fiscalizações só atravancam o desenvolvimento. Produzir é muito difícil, mas, com uma maior integração, é possível evoluir. E talvez seja o desafio do LIDE, avançar com termos específicos e de que formas podemos empresarialmente evoluir e propor parcerias em busca de marca e valorização dos produtos que consumimos”, analisou o

presidente da Fiems. Ainda durante o painel, Sérgio Longen abordou que há anos a carne brasileira é exportada para o mundo inteiro, passando pelo crivo dos consumidores de inúmeros países em quase todos os continentes. No entanto, de acordo com ele, uma simples denúncia pode colocar em xeque a qualidade dessa produção, comprometendo inúmeros produtores rurais, bem como a cadeia inteira. “Esse é o tamanho da nossa fragilidade perante o resto do mundo. Então esses são temas que nós, em conjunto, talvez pudéssemos buscar mais segurança para a nossa indústria, para o nosso produtor, porque todos fazem parte da mesma cadeia produtiva”, defendeu. TRANSFORMAÇÃO DA PRODUÇÃO - O presidente da Fiems acrescenta também que quem produz soja, transforma a soja, quem produz milho, transforma milho e, nesse sentido, os empresários do Mercosul precisam avançar nessa questão. “Precisamos hoje dar segurança. Imaginem quantos produtores de frango que sequer sabem como é o processo depois que entregam aos frigoríficos. Ele recebe o pintinho na sua propriedade, recebe a ração e o medicamento e entrega a sua produção para a indústria. Depois disso, nós temos uma cadeia enorme para que esse frango chegue à Europa e à Ásia. Essa segurança é muito importante, porque esse pequeno produtor ou esse grande processador são muito frágeis diante do mercado consumidor internacional. E a nossa dependência da exportação está cada vez maior”, alertou. Por isso, ele entende que eventos como o promovido pelo LIDE devem trabalhar pela integração, tanto empresarial, quanto governamental. “O corredor bioceânico, que tanto debatemos no passado, hoje se torna mais real. No entanto, de que forma vamos utilizá-lo? Como podemos avançar? Que tipo de competitividade clara esse corredor pode deixar? Precisamos entender que se trata de uma nova frente de desenvolvimento, uma nova mudança, uma nova condição de crescimento para os nossos países”, afirmou. Longen lembra que Mato Grosso do Sul foi muito beneficia-

do com a inauguração do Porto de Concepción, no Paraguai. “Conversava com o ministro da Indústria e Comércio do Paraguai, Gustavo Leite, sobre como nós podemos melhorar a utilização desse porto e assim não buscar apenas a soja e o milho do Estado para exportar para a Ásia ou para a Europa. Não podemos mais correr esse risco de exportar somente grãos. Precisamos transformar aqui, agregando valor aos nossos produtos com a qualidade que temos aqui. Precisamos defender uma marca em comum, definir o que é um produto de boa qualidade”, alertou. Para finalizar, o presidente da Fiems colocou o setor produtivo de Mato Grosso do Sul à disposição para colaborar com esses processos. “Entendo que precisamos escrever um pouco dessa nossa proposta. Acredito muito nas discussões empresariais do setor privado para que a gente ganhe conceito. Nós precisamos inverter um pouco a ação, não esperar do Governo aquilo que nós devemos executar e devemos propor aos governos aquilo que precisamos. Devemos mudar a posição das nossas nações de passivas para ativas, avançando na produção e na integração dos nossos países e dos nossos produtos”, concluiu. O painel “Mercosul – Potência para Alimentar o Mundo”, que integra o evento “Diálogo Público -Privado” promovido pelo LIDE, também teve como palestrantes o ministro da Indústria e do Comércio do Paraguai, Gustavo Leite, o ministro de Produção da Argentina, Francisco Adolfo Cabrera, o presidente do conselho LIDE, Ignacio Helsecke, a presidente do Frigomerc, Maris Llorens, o presidente da Minerva Food para o Paraguai e o Uruguai, Patricio Silvera, e o presidente do conselho LIDE, Patricio Llano. “Nós do Governo do Paraguai conseguimos, nesse evento, entender o que o empresariado enxerga e agora podemos seguir no mesmo rumo. Falei para o presidente Sérgio Longen que vou procurar por projetos de integração produtiva que vão além da soja e do milho. Nós queremos uma indústria integrada entre Mato Grosso do Sul, Paraguai e o mundo e, logo, mais países vão querer fazer a mesma coisa”, assegurou Gustavo Leite. MS INDUSTRIAL | 2018 • 19


[ S U S T E N TA B I L I DA de ]

PLANETA ÁGUA? Indústria defende maior estímulo ao reuso de água, universalização do saneamento e agenda de negócios para segurança hídrica O estímulo ao reuso da água, a universalização do saneamento e a consolidação de uma agenda de negócios voltada para a segurança hídrica estão entre as principais recomendações do setor industrial feitas durante o 8º Fórum Mundial da Água, realizado em Brasília (DF). O documento construído com a participação de mais de 250 representantes empresariais 20 • MS INDUSTRIAL | 2018

foi apresentado no evento internacional pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds) e pela Rede Brasil do Pacto Global. Para o avanço tanto da agenda de saneamento quanto de reuso de água, a indústria defende a construção de um marco regulatório

adequado, que promova o desenvolvimento de parcerias público -privadas e a inovação. Segundo o setor, é necessário ainda inovar em modelos de financiamento e de negócios de gestão hídrica, por meio da participação de instituições híbridas que façam a ponte entre o setor público e o privado e criem oportunidades para a atração de projetos de saneamento e


reuso. Outra recomendação do setor industrial é fazer com que empresas percebam, cada vez mais, o real valor da água e inserir a questão na estratégia dos negócios. Para isso, é necessário melhorar o acesso e a qualidade de dados e informações para a elaboração de bons projetos e estratégias para segurança hídrica. INDÚSTRIA É PARTE DA SOLUÇÃO - De acordo com o gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo, a indústria é parte da solução para as questões hídricas e pode incentivar o uso racional de água tanto por inovações em produtos e processos

quanto por influenciar a cadeia de fornecedores e consumidores. “Nesse processo, cada pessoa pode contribuir em sua vida diária, economizando e reutilizando água. Afinal, todos somos parte desse processo encontrando soluções para a gestão desse recurso quanto alternativas para um uso mais eficiente”, destacou Bomtempo, durante a reunião em que apresentou as principais mensagens e resultados do setor empresarial no 8º Fórum Mundial da Água. “Consolidamos uma agenda de negócios na discussão da segurança hídrica e mostramos também que o setor produtivo é parte da solução para a questão da água”, acrescentou o gerente-executivo. Ele observou que o setor industrial

representa 21% do PIB brasileiro e consome 10% da água do País. “Partilhar água, conhecimento e experiências é fundamental para reduzir os impactos negativos dos eventos extremos, reduzir nossas vulnerabilidades e gerenciar os riscos”, discursou Bomtempo. Ele mencionou também que os governos devem incentivar planos de longo prazo tanto para a sociedade quanto para o setor empresarial usarem a água de forma mais eficiente. “A redução do consumo de água nos processos de produção, a avaliação de riscos, as medidas preventivas e a ação coletiva com diferentes stakeholders têm se tornado cada vez mais parte das estratégias de negócios”, enfatizou o gerente da CNI. MS INDUSTRIAL | 2018 • 21


[ incubadora

sindica l

]

FORTaLECIMENTO

No lançamento do Apoio Produtivo em Aparecida do Taboado, Longen reforça suporte à indústria Ao lançar, no CISS (Centro Integrado Sesi-Senai) de Aparecida do Taboado, o Programa Apoio Produtivo – Associativismo Atuante, o presidente da Fiems, Sérgio Longen, destacou a necessidade de oferecer suporte ao desenvolvimento do setor industrial de Mato Grosso do Sul. “Já vemos a retomada do crescimento da indústria com 80 mil trabalhadores já contratados. É um setor de extrema importância e o Programa Apoio Produtivo vem para atender o setor industrial e responder às demandas dos empresários, oferecendo cursos de qualificação profissional para as empresas associadas”, explicou. Com mais de 12 eixos de atua-

ção e executado em quatro etapas, o Programa Apoio Produtivo – Associativismo Atuante, lançado em agosto do ano passado pela Fiems, implanta um novo modelo de atuação no mercado que, além de identificar a real base industrial do município ou região, impulsiona um trabalho conjunto entre Sesi, Senai, IEL, Sebrae e os sindicatos industriais, além de promover a adesão de novos associados e a oferta gratuita de cursos do Sesi e Senai. Presente no evento, o secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, elogiou a iniciativa da Fiems em criar o Programa

Apoio Produtivo. “É um programa que fortalece os sindicatos e, consequentemente, as indústrias aqui da região. O Sistema Fiems tem atuado fortemente para o desenvolvimento da indústria em Mato Grosso do Sul”, salientou. Já a deputada federal Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias ressaltou que Aparecida do Taboado é uma cidade em pleno desenvolvimento. “Este município aqui é a bola da vez. Muitos investidores começaram a prestar atenção à região, que acredito que tem um potencial de crescimento muito grande. E esse programa lançado pela Fiems só tem a contribuir com isso, principalmente agora com o fim da obrigatoriedade da

A cerimônia de lançamento do Programa Apoio Produtivo - Associativismo Atuante reuniu empresários e políticos 22 • MS INDUSTRIAL | 2018


contribuição sindical”, considerou. O deputado estadual Paulo Corrêa, presidente da Comissão de Indústria e Comércio da Assembleia Legislativa, também reforçou a importância do Apoio Produtivo para o associativismo. “Depois da reforma trabalhista, os sindicatos precisam se reinventar e correr atrás dos associados para não fechar as portas. Esse programa lançado pela Fiems tem essa visão e propõe justamente isso, oferecer cursos de qualificação para os associados, desenvolvendo as indústrias”, disse. O prefeito de Aparecida do Taboado, Robinho Samara Almeida, agradeceu os esforços do Sistema Fiems na região. “Sou muito grato ao presidente da Fiems, Sérgio Longen, por tudo o que tem feito pelo nosso município. Aparecida do Taboado tem sido destaque no cenário nacional para recepção de novas indústrias e um programa como esse, que dá suporte às empresas, só melhora ainda mais nossa imagem”, destacou. REPERCUSSÃO - Para o diretor-coorporativo da Fiems, Cláudio Jacinto Alves, o programa tem uma grande importância tanto para os sindicatos como para a indústria. “Nós damos suporte aos sindicatos e, com isso, ampliamos nossos atendimentos às indústrias associadas, porque apresentamos os serviços e produtos oferecidos pelo Sistema Fiems e escutamos as necessidades dos empresários”, acrescentou. O superintendente do Sebrae/ MS, Cláudio Mendonça, reforçou a necessidade da união entre o setor produtivo. “As lideranças do setor produtivo precisam pensar em so-

luções para o desenvolvimento da região. Por isso o Programa Apoio Produtivo é tão importante. Ele ouve as demandas dos empresários e identifica os principais gargalos”, comentou. Na avaliação do presidente da Associação Industrial de Aparecida do Taboado, Fabrício Lalucci, o Programa Apoio Produtivo irá contribuir para o desenvolvimento da indústria no município. “O mundo mudou muito e mudou muito rápido. Precisamos estar atentos às novas demandas do mercado e qualificar nossos profissionais para as novas tecnologias. Por isso os cursos que serão oferecidos pelo programa são tão importantes”, finalizou. ASSOCIATIVISMO - Para o presidente do Sindiplast/MS (Sindicato das Indústrias Plásticas e Petroquímicas do Estado), Zigomar Burille, o Apoio Produtivo une Federação, sindicatos e empresários. “Havia uma distância muito grande entre esses três setores. Agora a Federação vai prestar serviços às empresas por meio dos sindicatos, fortalecendo os sindicatos e, consequentemente, as indústrias”, afirmou. O vice-presidente do Simemae/ MS (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Mato Grosso do Sul), Nilvo Della Senta, elogiou a iniciativa do Sistema Fiems ao criar o programa. “É espetacular, porque apoia os sindicatos e oferece cursos às indústrias associadas. Tudo isso a um custo mínimo. Então é algo que só traz benefícios e todos saem ganhando”, considerou.

Na avaliação do vice-presidente do Sindepan/MS (Sindicato das Indústrias de Panificação do Estado), Marcelo Alves Barbosa, ainda há desconhecimento por parte dos empresários sobre os produtos e serviços oferecidos pelo Sistema Fiems. “Esse trabalho vai mostrar a interação da Fiems em favor do empresário. Então acredito que esse evento hoje é uma ótima oportunidade para os empresários se inteirarem”, concluiu. ADESÕES - Cinco empresas já se associaram ao Programa Apoio Produtivo – Associativismo Atuante logo após o encerramento do evento. Número que deverá crescer nos próximos meses, já que pesquisa realizada entre janeiro e fevereiro de 2018 pela equipe técnica do Programa aponta que foram identificadas em Aparecida do Taboado 78 indústrias, que juntas empregam 3.869 trabalhadores. Para a empresária Eliadi do Prado Barbosa, da empresa Eliadi do Prado, a expectativa é que se tenha um aumento na produtividade de sua indústria. “Sinto necessidade constante de cursos para os meus colaboradores e agora essa demanda será suprida com esse programa”, afirmou. Já o empresário Hélio Antônio Lopes, da Print Arts, acredita que o programa contribuirá para atualização dos seus funcionários. “Com essas constantes mudanças por conta das novas tecnologias, acredito que é fundamental que todos recebam cursos para se atualizarem e esse programa irá ajudar, por isso já me associei de imediato”, destacou. MS INDUSTRIAL | 2018 • 23


[ COMBUSTÍVEIS]

REAJUSTE

CONSTANTE Preço do diesel, gasolina e etanol já foi alterado mais de 20 vezes só neste ano, encarecendo custos das indústrias

Quanto mais um produto viaja pelas estradas do País, mais caro fica o frete. A estimativa é que o caminho entre a indústria e as lojas no Brasil corresponda a 5% do preço das mercadorias, de acordo com um estudo da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (ANTC). No entanto, diante dos vários reajustes nos combustíveis, os custos dos produtos brasileiros tendem a subir, prejudicando empresários e consumidores. Segundo o empresário Zigo24 • MS INDUSTRIAL | 2018

mar Burille, que também é presidente do Sindiplast/MS (Sindicato das Indústrias Plásticas e Petroquímicas do Estado), o preço dos combustíveis afeta todas as indústrias de transformação. “Nossa matéria-prima vem de fora e precisa ser transportada pelas rodovias. Com o preço dos combustíveis oscilando constantemente, na maioria das vezes ficando mais caro, o nosso custo de produção aumenta”, justificou. Para compensar os gastos, o empresário tem tentado reduzir

os custos na empresa. “A primeira medida que tomamos foi cortar as horas extras dos funcionários, porque além de economizar com a mão de obra, ainda economizamos com a energia. Estamos buscando enxugar tudo o que podemos para manter nosso lucro sem precisar aumentar os preços ao nosso consumidor, mas está difícil manter a competitividade”, completou. “Dependendo do modelo de operação da empresa, o custo com combustível pode chegar até a 50% do valor do serviço de


transporte. Sendo assim, qualquer variação de aumento no valor do diesel pode tornar inviável economicamente este serviço, afetando todo o mercado, pois todo produto depende do transporte até chegar ao seu destino final, que é o consumidor”, avaliou o presidente do Setlog/MS (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística de Mato Grosso do Sul), Cláudio Cavol. Para ele, os constantes reajustes nos preços dos combustíveis decorrem principalmente da falta de gestão com visão de longo prazo, e a falta de competidores nesse mercado. “A Petrobrás sozinha tem o condão de alterar os preços ao seu critério e interesse. Em minha opinião, a solução para isso é a privatização da estatal, liberando este mercado apenas para empresas privadas”, completou.

Como alternativa para diminuir os impactos do alto preço dos combustíveis, Cavol defende políticas de desoneração tanto do diesel como da gasolina. “Acredito que num Estado como Mato Grosso do Sul, cuja maior produção está no agronegócio voltado para o mercado externo, deveríamos ter uma política de desoneração de impostos sobre os combustíveis, pois estamos exportando impostos junto com os produtos, ou seja, perdemos a competitividade com outros mercados”, destacou. EXPLICAÇÃO - De acordo com o gerente executivo do Sinpetro, Edson Lazaroto, até a primeira semana de março deste ano, o preço da gasolina havia subido 23 vezes, enquanto o do diesel, 20 vezes. “Os aumentos constantes da gasolina e diesel se devem, principalmente, à nova política da Petrobras. Diariamente ocorre aumento ou redução, de acordo com a variação do mercado internacional. Só em 2017, os preços da gasolina foram alterados 62 vezes e o diesel, 69”, explicou. A mudança na política de preços dos combustíveis passou a ser adotada pela Petrobras no início de julho de 2017 nas refinarias.

Desde então, os preços da gasolina e do diesel estão sendo alterados, às vezes, de um dia para o outro. A estatal afirma que a ideia é repassar com maior frequência as flutuações do câmbio, do petróleo e, com isso, permitir “maior aderência dos preços do mercado doméstico ao mercado internacional no curto prazo”, dando condições de competir “de maneira mais ágil e eficiente”. “A estratégia adotada pela Petrobras busca recuperar Market Share perdido com a janela de oportunidade aberta com as importações, quando o preço do barril se manteve abaixo dos US$ 60 praticamente por quase todo o ano. Vale lembrar que, durante muito tempo, os preços de combustíveis no mercado interno estiveram abaixo do que era praticado no mercado internacional”, acrescentou Edson Lazaroto. Ele ainda destaca que, desde a implantação da nova política da Petrobras, houve uma redução de 25% no consumo da gasolina e 20% no do diesel. “A percepção geral é de que os preços dos combustíveis têm aumentado mais do que diminuído. Nos postos, os empresários acabaram perdidos na hora de precificar o produto nas bombas. A situação tem trazido prejuízos aos revendedores, que além de ter que ficar se justificando aos órgãos de defesa do consumidor, ainda precisam buscar saídas para manter o seu negócio ativo e não perder clientes”, finalizou. MS INDUSTRIAL | 2018 • 25


[ varejo ]

vamos

pedalar

Ciclistas amadores investem em acessórios e geram oportunidades de negócios para empresários do Estado Pneu furou, deu fome, bateu cansaço, precisou de um banho, de uma camiseta nova ou apenas relaxar. Na esteira do crescimento do número de ciclistas em Mato Grosso do Sul, criou-se um nicho no varejo local para dar vazão às demandas dos praticantes do esporte. Seja por um suco natural, um isotônico ou vestimentas adequadas para pedalar. O empresário Gilson Kleber Lomba, proprietário da Yvu Sports, de Dourados, viu no aumento do número de pessoas que usam a bicicleta uma oportunidade de agregar valor à confecção de peças de vestu26 • MS INDUSTRIAL | 2018

ário. “É um nicho de mercado promissor e exigente, por isso também passamos a desenvolver roupas personalizadas, conforme a necessidade do cliente, incluindo a possibilidade de escolha de matéria prima, cores, logomarcas e recortes estratégicos”, afirma o empresário. Isso significa que se o ciclista vai pedalar na região de Corumbá, por exemplo, a roupa é desenvolvida de forma a proporcionar conforto térmico, quase se igualando à temperatura da própria pele, o que minimiza o esforço do atleta que precisa poupar o gasto de


energia com o controle de sua temperatura interna. “Até o mau cheiro do suor tem jeito. Nesse caso, outro tipo de tratamento feito na fibra têxtil é que evita a proliferação de bactérias”, conta. As peças são vendidas pelo e-commerce da marca, o www. yvusport.lojaintegrada.com.br. Os passeios ciclísticos também envolvem uma infraestrutura atendida por empresários de diferentes segmentos, da alimentação a ambulâncias particulares. Proprietário da Gilmar Bicicletas, Gilmar Elias Batista mantém uma oficina e comércio de bikes em Campo Grande, além de organizar competições e grupos de ciclistas por todo o Estado. “Um passeio exige uma estrutura muito grande. Contamos com fornecedores de alimentos, isotônicos, socorristas, banheiros químicos, envolve muita gente”, conta. Para o empresário, a busca por um estilo de vida saudável fez aumentar a procura pela prática do ciclismo e, no caso da Capital, a construção de ciclovias – atualmente, segundo a Prefeitura, são 65,3 quilômetros de ciclovia construídos e mais 20 em andamento. “É um esporte que para começar a praticar, basta ter uma bicicleta”, analisa Gilmar Batista. Porém, admite ele, uma vez dentro do universo das pedaladas, a tendência é que o atleta amador passe a investir em acessórios e equipamentos. “Primeiro porque é uma necessidade, como capacete, joelheiras, cotoveleiras e outros itens básicos. Depois, porque você fica mais exigente e quer tudo: uma boa bicicleta, uma roupa confortável, e que tudo tenha a identidade dele”, exemplifica.

pedais e, desde então, aproveita os momentos de folga para pedalar e fazer trilhas por espaços turísticos e entorno da Capital. Na busca por alguma atividade que proporcionasse uma vida mais saudável, o ciclismo foi escolhido. “Já tinha uma bicicleta em casa e, por Campo Grande ser uma cidade plana, com ciclovias e áreas rurais com paisagens privilegiadas e turísticas, comecei a praticar o ciclismo e participar de pedaladas. Conta bastante também o aspecto da amizade, porque os grupos de pedais se comunicam sempre por grupos nas redes sociais, combinam passeios de bicicleta e é sempre possível conhecer pessoas e lugares novos”, considera. Na avaliação dele, está cada vez mais fácil encontrar produtos e acessórios para prática do ciclismo na Capital. “Hoje temos à disposição diversos locais onde você encontra acessórios, roupas e produtos saudáveis para quem pedala e a preço acessível”, conclui.

VIDA SAUDÁVEL - É o caso do médico -anestesista Luiz Gustavo Orlandi de Souza, ciclista amador que há três anos se apaixonou pelos

MS INDUSTRIAL | 2018 • 27


[ CIN ]

comércio

exterior

Delegação paraguaia apresenta oportunidades de negócios a empresários de MS Interessados na internacionalização dos negócios, empresários de diversos setores lotaram o auditório da Escola Senai da Construção, em Campo Grande (MS), para conhecer oportunidades de negócios durante o evento “Encontro de Negócios MS-Paraguai”, promovido pelo CIN (Centro Internacional de Negócios) do IEL, Governo do Estado e Sebrae/MS. Uma delegação do Paraguai apresentou o cenário econômico e atrativos do país vizinho para empresários interessados em investir do outro lado da fronteira e, depois, puderam tirar dúvidas sobre como inserir a empresa e iniciar operações de comércio exterior. Mais cedo, o presidente da Fiems, Sérgio Longen, recepcionou a delegação paraguaia no Edifício Casa da Indústria e avaliou como proveitosas as ações realizadas nos últimos meses no Paraguai com relação às oportunidades aos empresários. “Entendemos cada vez mais que esse entrosamento entre empresários paraguaios e empresários brasileiros é salutar para todos nós. O porto de Concepción já é uma realidade e essa é a primeira visita deles do ano. Tenho certeza de que as visitas que serão realizadas às empresas brasileiras trarão novas oportunidades aos nossos empresários”, afirmou. O secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura 28 • MS INDUSTRIAL | 2018

Familiar, Jaime Verruck, destacou que o encontro tem como objetivo dar continuidade às negociações com o Paraguai. “Nós no ano passado fomos desafiados a fazer um evento no Paraguai e fizemos um evento envolvendo Governo do Estado, Sebrae e Fiems bastante intenso e agora o retorno. Acredito que a gente criou uma sistemática permanente de negociação com o Paraguai. Esse é mais um encontro para discutir as questões de desenvolvimento, mas, principalmente, criando uma relação entre os empresários”, ressaltou. ENCONTRO - Ao realizar a abertura do evento na Escola Senai da Construção, o superintendente do IEL, José Fernando do Amaral, destacou aos presentes a proximidade logística e cultural de Mato Grosso do Sul com o Paraguai. “O Paraguai é um país intimamente ligado ao nosso Estado, com o tereré que tomamos diariamente e outros itens da nossa cultura, o que já nos torna naturalmente próximos. O intercâmbio de negócios vem crescendo e gerando oportunidades tanto para o Brasil quanto para o Paraguai, por meio de mecanismos como a Lei de Maquila, e hoje mostramos esta fantástica oportunidade aos empresários que vieram participar”, avaliou. Em sua palestra, o diretor de Promoção de Investimentos da Rediex (Rede de Investimentos e

O diretor de Promoção de Investimentos da Rediex, Carlos Paredes

Exportações do Paraguai), Carlos Paredes, apresentou as oportunidades para os empresários no país que, segundo ele, oferece um ambiente mais propício para os negócios. “O Paraguai hoje é o segundo país com melhor retorno dos investimentos, na casa do 22%. Para se ter uma ideia, enquanto uma mercadoria demora cerca de 120 dias para sair de um país asiático e chegar ao Brasil, do Paraguai leva, em média dez dias”, elencou Paredes ao citar os atrativos do Paraguai, falando, ainda sobre a mão de obra abundante, energia elétrica mais barata, burocracia e carga tributária reduzidas em relação ao Brasil. O secretário-executivo do Conselho Nacional das Indústrias Maquiladoras, Ernesto Paredes, demonstrou como funcionam os mecanismos da chamada “Lei de Maquila”, regime especial em que a empresa mantém as atividades em seu país de origem e produz parte dos bens e serviços com uma pauta fiscal diferenciada no Paraguai. “Somente nos últimos quatro anos 107 novas empresas se instalaram no Paraguai por meio da Lei Maquila e 85% delas são brasileiras, dos setores metalúrgico, automo-


bilístico e de brinquedos. E, diante do crescimento exponencial do Paraguai, esperamos que o número de empresas cresça ainda mais”, disse. EMPRESÁRIOS - Proprietário de uma empresa do segmento de refrigeração em Três Lagoas, Antonio Carlos Orlandi se interessou pela possibilidade de manter parte das atividades no Paraguai e, por isso, participou do encontro. “Vi nas palestras e na programação uma oportunidade de entender mais sobre como funciona o Paraguai. Ficou claro que nosso país vizinho não se resume somente a compras e importados baratos, mas é um país que vem crescendo, inclusive mais do que o Brasil, e é um alívio para o empresário saber que existe uma alternativa sustentável e tão próxima de nós”, considerou. Para a gerente de logística de uma empresa do segmento da alimentação de Campo Grande, Luciana de Farias, a Lei de Maquila se mostrou um mecanismo interessante. “É muito importante para nós entender como funciona a legislação, porque ouvimos falar o tempo todo, mas sempre surge uma série de questionamentos, e hoje, além de ouvir a explicação de quem está lá dentro, ainda tivemos a chance de

sanar as dúvidas que ficaram”, salientou. RODADA DE NEGÓCIOS - Com 146 inscritos, a Rodada de Negócios promovida pelo CIN, Governo do Estado e Sebrae/MS, em Campo Grande (MS), reuniu empresários de todo o Brasil interessados em fazer negócios com representantes de empresas do Paraguai, que, junto de uma delegação do país vizinho composta por executivos e chefes de Estado, participam do “Encontro de Negócios Brasil-Paraguai”. Conduzidos por consultores de mercado, cada empresário brasileiro conversou com os paraguaios, visando fechar contratos e encontrar novos fornecedores e parceiros comerciais. O empresário Jaime Teixeira, proprietário da Vencetex, fábrica de refrigerantes de Guararapes (SP), participou da rodada em busca de conhecer melhor o mercado paraguaio. “Atualmente trabalhamos com uma pequena parcela de distribuição de bebidas em Campo Grande e, já pensando em expandir nosso mercado por aqui, quero entender melhor quais as vantagens tributárias oferecidas pelo Paraguai”, afirmou. Proprietário da Montreal Ali-

mentos, que atua na área de moagem de trigo e derivados em Dourados (MS), Otto Werner compareceu no evento visando expandir as operações da empresa para o mercado externo. “Hoje atendemos Mato Grosso do Sul e outros quatro estados brasileiros, mas como temos planos de expansão para o comércio exterior, vim para tentar encontrar potenciais compradores e conhecer a legislação do Paraguai em termos mais técnicos”, disse. Já o empresário Juan Bobadilla veio acompanhando a delegação paraguaia para conhecer supermercadistas brasileiros interessados em distribuir os produtos da Inca, indústria de produtos de higiene e limpeza no comércio local. “Somos uma empresa bastante tradicional no Paraguai e estamos há 54 anos no mercado, então buscamos uma cadeia de supermercados disposta a assumir a representação do nosso catálogo de produtos e comercializá-los no Brasil”, explicou, completando que trouxe amostras de amaciantes de roupas, detergentes e desodorantes com o rótulo em português para demonstrar aos empresários como eles ficariam caso fossem vendidos nas gôndolas locais. MS INDUSTRIAL | 2018 • 29


[ capa ]

O GIGANTE

ACORDOU

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Após dois anos de retração, o PIB brasileiro registrou aumento de 1% em 2017 e o desempenho já reflete na economia sulmato-grossense MS INDUSTRIAL | 2018 • 31


A recessão finalmente acabou! O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 1% em 2017, na primeira alta após dois anos consecutivos de retração, conforme dados oficiais divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O dado positivo anima o setor produtivo de Mato Grosso do Sul, principalmente, o industrial, pois confirma as previsões otimistas feitas no fim do ano passado sobre a retomada do crescimento da economia nacional e, consequentemente, da estadual. Em valores correntes, o PIB em 2017 foi de R$ 6,6 trilhões, um montante que demonstra que a economia brasileira começou a se recuperar no ano passado, mas ainda não repõe as perdas da atividade econômica na crise, já que em 2016 e 2015 o PIB recuou 3,5% sobre o ano anterior, na maior recessão da história recente do Brasil. De acordo com a Coordenadoria de Contas Nacionais do IBGE, com resultado de 2017 o PIB retorna ao patamar observado no primeiro semestre de 2011, isso considerando

o valor adicionado em termos reais já descontada a inflação. Ainda de acordo com o IBGE, o grande impulsionador do PIB de 2017 foi o agronegócio, que avançou 13% em 2017, puxado pela safra recorde de grãos, mas, é preciso

lembrar que a agropecuária tem influência em todos os outros setores da economia nacional. O consumo das famílias avançou 1% no ano passado e também contribuiu para a recuperação da economia. No quarto trimestre, o PIB cres-

Veja 10 fatores que explicam o crescimento do PIB em 2017 A economia voltou a crescer em 2017, após 2 anos seguidos de queda na atividade. O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) foi de 1,0% no ano, de acordo com dados divulgados na quinta-feira (1) pelo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ainda que a alta seja modesta diante do tamanho do tombo da economia nos últimos dois anos, o PIB de 2017 ficou acima do que se esperava no começo do ano. Na primeira pesquisa “Focus” de 2017, a média das projeções de cerca de 100 analistas de mercado ouvidos pelo Banco Central apontava para um crescimento de 0,5%. A recuperação da economia foi alcançada com ajuda da supersafra de grãos, da desaceleração da inflação em 2017 e da queda da taxa de juros. Outros fatores, como a liberação dos saques das contas inativas do FGTS e a alta no preço do petróleo e do minério de ferro também ajudaram. Veja a seguir 10 fatores que explicam o crescimento da economia em 2017:

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1 - Supersafra

Boa parte do crescimento da economia em 2017 veio do campo, já que o PIB da agropecuária cresceu 13% em 2017. Sozinho, o setor respondeu por cerca de 0,7% do crescimento da economia no ano passado. Favorecida pelo clima, a safra agrícola cresceu 29,5% na comparação com 2016, para o recorde de 240,6 milhões de toneladas, segundo a última estimativa divulgada pelo IBGE.

2 - Queda da inflação

A inflação oficial do Brasil fechou 2017 em 2,95%, menor patamar desde 1998 e pela primeira vez abaixo do piso da meta fixada pelo governo. A redução dos preços dos alimentos foi o principal fator que segurou a inflação. Com a meteorologia a favor e safra recorde, os alimentos ficaram 1,87% mais baratos em média no ano, segundo o IBGE. O preço do feijão carioca, por exemplo, caiu 46%, o do açúcar, 22,32%, e o do arroz, 10,86%. Se os itens


relacionados à alimentação no domicílio fossem retirados do cálculo do IPCA, a variação acumulada em 12 meses teria ficado em 4,4%.

3 - Queda dos juros

Com a inflação em desaceleração, o Banco Central foi reduzindo a taxa de juros básicos da economia para mínimas históricas. Em fevereiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou o 11º corte consecutivo na Selic, que caiu para 6,75% ao ano.

4 - Saques das contas do FGTS

Para ajudar a reaquecer a economia, o governo federal anunciou, no ano passado, medidas como a liberação de saques das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), e do PIS/Pasep para idosos. Somente os saques das contas do FGTS injetaram cerca de R$ 44 bilhões na economia em 2017, beneficiando 25,9 milhões de trabalhadores. Embora muitos tenham usado o dinheiro para quitar dívidas, o comércio também conseguiu fisgar parte desse dinheiro extra, o que permitiu o consumo das famílias voltar a crescer a partir do 2º trimestre, após 9 trimestres de queda.

5 - Aumento do consumo das famílias

O consumo das famílias cresceu 1,0% em 2017, após 2 anos seguidos de queda. O comércio varejista, por exemplo, cresceu 2%, impulsionado pelas vendas de móveis e eletrodomésticos, que voltaram a subir. Os gastos das famílias têm o maior peso na composição do PIB. A queda acentuada da inflação também proporcionou no ano passado ganhos reais nos salários dos trabalhadores com carteira assinada. Segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), 8 em cada 10 acordos salariais tiveram aumento acima da inflação no ano passado, ante um percentual de 27% no ano anterior. Segundo o IBGE, o rendimento médio real do brasileiro cresceu 1,6% no 4º trimestre na comparação anual. “A renda do trabalhador cresceu por conta da desinflação”, resume Matos.

6 - Aumento da massa de rendimentos

Apesar do número ainda elevado de desempregados, a população ocupada cresceu no ano passado. É verdade que a recuperação tem sido sustentada pelo aumento do trabalho precário. Mas o número de brasileiros com algum tipo de remuneração cresceu, e isso contribuiu para o aumento do consumo no País. Segundo o IBGE, a massa salarial (soma da remuneração de toda a população ocupada) cresceu 3,6% no acumulado em 1 ano, com um acréscimo de mais R$ 6,6 bilhões no bolo de rendimentos somente no 4º trimestre.

7 - Melhora da confiança

Com a melhora do consumo e dos principais indicadores econômicos, a confiança de empresários e consumidores voltou no ano passado para o patamar considerado de otimismo. A confiança da indústria terminou 2017 no melhor nível em quase 4 anos, segundo o termômetro da FGV. Já confiança do consumidor também fechou em alta, acima da registrada em 2015 e 2016, embora o endividamento das famílias ainda leva à cautela em alguns tipos de gastos.

8 - Retomada dos investimentos

Os investimentos encolheram 1,8% em 2017, mas a expansão no 2º semestre aponta uma tendência de recuperação após 4 anos seguidos de retração. Entre os setores que conseguiram sair à frente na retomada dos investimentos estão o automotivo e a indústria com foco na exportação. Já o setor de infraestrutura continua pressionado pelo corte de gastos públicos.

9 - Alta nos preços do petróleo e minério de ferro

Embora tenham peso relativamente pequeno no PIB, as exportações também foram destaque no ano. A balança comercial brasileira encerrou 2017 com superávit de US$ 67 bilhões, o melhor resultado em 29 anos. O saldo recorde foi puxado principalmente pelo aumento de 28,7% nas exportações de commodities em 2017, como minério de ferro, petróleo e produtos agrícolas, que representaram quase metade das exportações. O crescimento, entretanto, se deu mais por conta do preço (alta de 10,1%) do que pelo volume de vendas (7,6%). Segundo dados do Ibre/FGV, o valor do minério de ferro saltou 44% no ano, e petróleo e derivados, 32%, o que acabou favorecendo o desempenho de empresas como Vale e Petrobras.

10 - Ambiente internacional favorável

O PIB brasileiro também contou com uma ajudinha externa. Se 2017 começou com temores sobre os impactos da chegada de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, o ano terminou com o mundo em ritmo maior de crescimento, juros ainda baixos e elevado apetite por ativos de risco em países emergentes como o Brasil. Em 2017, o ingresso de dólares na economia brasileira voltou a superar as retiradas e o fluxo de capital de investidores estrangeiros continua favorável. Somente na Bolsa, as compras de ações por investidores estrangeiros superaram as vendas em R$ 14,6 bilhões em 2017. MS INDUSTRIAL | 2018 • 33


ceu 0,1% em relação ao trimestre anterior, na quarta alta consecutiva nessa base de comparação. Frente ao mesmo período de 2016, o avanço foi de 2,1%. O PIB per capita cresceu 0,2% no ano passado, alcançando R$ 31.587, já considerando a inflação. O PIB per capita é definido como a divisão do valor corrente do PIB pela população residente no meio do ano. A Coordenadoria de Contas Nacionais do IBGE enfatiza que o grande destaque é, incontestavelmente, o da agropecuária, que

tem um peso de apenas 5,3% na composição do PIB, mas o setor respondeu por 0,7% do valor adicionado ao PIB. A safra recorde levou o setor agrícola a crescer 13% em 2017, no melhor desempenho desde o início da série histórica do IBGE, em 1996, superando o avanço de 8,4% registrado em 2013. O resultado positivo ocorre após um dos piores anos do agronegócio - em 2016, o setor encolheu 4,3%. O setor de serviços também se recuperou, com avanço de 0,3% no ano. Esse

setor é beneficiado pela expansão do consumo das famílias brasileiras, que voltaram a gastar. O comércio cresceu 1,8%, seguido por atividades imobiliárias (1,1%) e pelos transportes. A indústria brasileira ficou estagnada em 2017, após três anos consecutivos de queda, sendo que a última vez que o setor apresentou avanço no PIB foi em 2013, quando cresceu 2,2%. Entre os segmentos da indústria o destaque positivo foi a alta na atividade extrativa (4,3%), enquanto o negativo foi a constru-

ção civil, que encolheu 5% no ano. Segundo a Coordenadoria de Contas Nacionais do IBGE, o resultado da indústria foi negativamente impactado pelo acionamento das termelétricas, pois a produção fica mais cara, já que consome mais insumos para a mesma produção. No entanto, os brasileiros voltaram a gastar e ajudaram a puxar

o PIB em 2017. O consumo das famílias é responsável por 63,4% do PIB brasileiro e cresceu 1% no ano, estimulado pela baixa inflação e recuperação do emprego. Por outro lado, os gastos do governo encolheram 0,6%, em meio à crise fiscal de governos federais, estaduais e municipais, puxaram o PIB pra baixo. Quando a gente

olha, sob a ótica da despesa, comparando 2017 a 2016 o que mais chama a atenção é o consumo das famílias. De uma queda de 4,3% no ano anterior, ele cresceu 1% e foi a principal responsável pela reversão do PIB. A retração dos gastos públicos afetou o volume de investimento na economia, que perma-

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PIB do Brasil fica em último lugar em ranking com 45 países O Crescimento do PIB de 1% em 2017 deixou o Brasil em último lugar dentro de um ranking de 45 países, segundo levantamento feito pela agência de classificação de risco brasileira Austin Rating. O estudo da Austin Rating leva em conta o PIB de 2017. Romênia, China e Filipinas ocupam os três primeiros lugares. Os 45 países que estão no ranking representam 84,9% do PIB mundial (US$ 78,74 trilhões) e são os que publicaram seus resultados até o momento. Para o economistachefe da Austin Rating, Alex Agostini, o crescimento de 1% no ano passado ainda é insuficiente para alterar o quadro econômico instalado no País após a crise doméstica vivida entre 2014 a 2016, período em que o Brasil retroagiu, segundo ele, 7,2% em termos

acumulados e gerou elevado déficit fiscal (primário e nominal), aumento desenfreado do desemprego, estagnação da renda real, paralisia nos investimentos e perda ainda maior de competitividade no setor fabril. Segundo ele, a última posição no ranking mostra as mazelas do Brasil sobre o ambiente político conturbado que desvirtuou o ambiente macroeconômico doméstico. Agostini prevê crescimento econômico mais robusto para 2018 e 2019, da ordem de 2,8% e 3,1%, respectivamente, que foi pavimentado com o crescimento de 2017. “O grande desafio será a retomada mais vigorosa dos investimentos que, basicamente, depende da recuperação consistente da confiança de investidores e empresários, bem como do consumo das famílias e do setor externo

que, obrigatoriamente, passa pelo ambiente fiscal equilibrado e monetário austero”, diz. Segundo a Austin Rating, se as projeções para o ano de 2018 se materializarem, o Brasil deverá ficar ao redor da 20ª posição no ranking, reforçando o processo de recuperação econômica neste ano que ocorrerá, em grande parte, via mercado de crédito, com a redução dos juros básicos, melhora dos níveis de inadimplência e recuperação do mercado de trabalho (renda e emprego), ainda que de forma moderada. “Para 2018, o cenário econômico e político doméstico, além do cenário internacional em transição (fim do excesso de liquidez), serão muito desafiadores. Além disso, o governo terá de manter o foco no equilíbrio fiscal em um ano eleitoral”, informou a agência.

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RANKING DO PIB DOS PAÍSES EM 2017 rANKING

pAÍS

PERCENTUAL

neceu em queda em 2017. Como houve tentativa de contenção dos gastos públicos e os mais fáceis de serem cortados são os de investimentos, realmente o investimento sofreu mais. O volume de investimentos na economia recuou 1,8% em 2017, para cerca de R$ 1 trilhão. Com isso a taxa de investimento, ou seja, o percentual do valor investido sobre o PIB, ficou em 15,6% em 2017, a menor da série histórica do IBGE. No ano anterior, o índice foi de 16,1%. O IBGE enfatiza que 52,2% do investimento na economia brasileira vem da construção civil, que ainda não se recuperou da crise e continua a encolher. REFLEXO NA ECONOMIA ESTADUAL – O bom desempenho da economia brasileira reflete diretamente na economia de Mato Grosso do Sul, conforme foi possível perceber no fim do ano passado no setor industrial sul-mato-grossense. Após aproximadamente três anos consecutivos de indicadores em queda, a indústria estadual iniciou, em julho do ano passado, uma recuperação com a economia demostrando sinais mais sólidos da retomada do crescimento, o que deve ser consolidado a partir do primeiro semestre deste ano. De acordo com levantamento do Radar Industrial, elaborado pela Unidade de Economia, Estudos e Pesquisas da Fiems, o PIB (Produto Interno Bruto) da indústria cresceu 5,78% em 2017 em relação a 2016, saindo de R$ 17,3 bilhões para R$ 18,3 bilhões, e projeta mais um aumento de 6% para 2018 na comparação com 2017, saltando para R$ 19,4 bilhões. Na avaliação do presidente da Fiems, Sérgio Longen, a retomada do crescimento é real e as consecutivas reduções na taxa básica de juros, a Selic, pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, são a clara demonstração desse retorno aos trilhos por parte da nossa economia. “A composição da retomada do crescimento tem a redução da taxa básica de juros para que os investi-

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No Estado, as indústrias de celulose ajudam a incrementar o PIB

mentos voltem a ser feitos, já que os empresários precisam de recursos. Por exemplo, temos os recursos do FCO (Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste), mas de que forma podemos captar esse capital? Somente via juros mais baratos e aí nada mais justo do que a redução da taxa Selic, que acaba fazendo parte da cesta de juros do FCO Empresarial”, analisou Sérgio Longen. Ele completa que o setor industrial de Mato Grosso do Sul está bastante animado. “Tenho conversado com empresários de vários segmentos da indústria e todos são unânimes em afirmar que a economia brasileira entrou novamente nos trilhos. Se vamos repetir o mesmo percentual de crescimento do PIB alcançado no ano passado, ou se vamos dobrar ou até triplicar ainda é difícil dizer, mas que vamos continuar avançando isso é certo. Entretanto, neste momento, o importante é que viramos a página e

deixamos a recessão para trás e o crescimento está aí. Agora é essencial que as empresas continuem a avançar rumo ao desenvolvimento, buscando as oportunidades que estão no mercado”, aconselhou. O coordenador da Unidade de Economia, Estudos e Pesquisas da Fiems, Ezequiel Resende, destaca que a projeção do crescimento do PIB de Mato Grosso do Sul elaborado pela Semagro (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar) já aponta que a economia estadual de 2010 a 2015 vem apresentando melhor resiliência que a economia brasileira. “Em média, o PIB de Mato Grosso do Sul teve um desempenho entre 3 e 4 vezes melhor que o PIB nacional. Caso a taxa de crescimento mantenha o mesmo padrão, se o Brasil cresceu 1%, o Estado pode ter crescido entre 3 e 4%”, analisou. A projeção do crescimento do

PIB de Mato Grosso do Sul tem como parâmetros a taxa média de crescimento real projetada, tendo como base o comportamento dos anos anteriores, e a expectativa de evolução do Índice de Preço ao Consumidor Ampliado – IPCA. As projeções têm como base o cálculo do PIB desenvolvido pela Semagro em parceria com o IBGE, que avalia o comportamento anual do conjunto e dos principais setores da economia estadual. A economia de Mato Grosso do Sul historicamente vem crescendo a uma taxa média de 4,2% ao ano, considerando aqui o período de 2003 a 2015, já nos últimos cinco anos a média de crescimento da economia estadual foi de 3,7% ao ano, entre 2011 e 2015, onde o setor primário obteve o melhor desempenho com um crescimento médio de 6,3%, seguido do setor terciário com uma taxa média anual de 2,9%. MS INDUSTRIAL | 2018 • 37


[ MICRO

E PEQUENA EMPRESA

]

arte em um

clique

Fotógrafos oferecem ensaios inusitados e apresentam propostas que passam longe do tradicional “Hoje em dia há uma ressignificação de tudo. O velho se torna vintage, o novo muda rápida e aceleradamente. Sempre houve pessoas buscando algo pessoal e íntimo. Mas acho que cada vez mais a fotografia e a arte se tornam mais acessíveis e acabamos com muito mais gente procurando trabalhos únicos para se identificar”. É assim que o fotógrafo Everson Tavares explica o aumento de profissionais no mercado da fotografia e o motivo de surgirem cada vez propostas mais diferentes e inusitadas. Ele tem apresentado um trabalho criativo e diferente,

como as “Duplas Exposições”, que consistem em retratos sobrepostos feitos sem uso de manipulação. “Na época comecei uma pesquisa de imagens que tivesse um efeito surreal, mas que não usassem softwares como o Photoshop. Isso para questionar o senso comum do que é o realismo na fotografia”, explica. Everson começou a fotografar ainda muito novo, por influência dos escoteiros, e foi na faculdade que passou a encarar a fotografia como algo profissional. “Sempre me interessei por retratos e documentários. A faculdade foi um momento de muita discussão e inspiração. Tive dois professores de vertentes opostas, o Helio Godoy, em Artes, e o Silvio Pereira, em Jornalismo”, conta. Além das duplas exposições, o fotógrafo está trabalhando em outras linhas de trabalho, como visual storyO fotógrafo Everson Tavares

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André Patroni trocou as redações pela fotografia

telling e webdocumentário. Ele explica que visual storytelling é a forma de atuação que mescla foto e vídeo em narrativas contemporâneas. “Eu uso esse conceito para criar webdocumentários, que são atualizações da linguagem clássica do documentário para atender às necessidades técnicas e estéticas da internet”, detalha. Outra técnica que tem chamado atenção de Everson é a cinemagraph, que mistura vídeo e fotografia, se tornando uma foto animada. “Estou criando uma série de cinemagraphs, que são fotos como os quadros da série Harry Potter e que também causam um impacto bem forte nas pessoas”, ressalta. Para divulgar os trabalhos, o fotógrafo conta com um perfil no Instagram e no Facebook, além de um site, mas também começou a investir em impressões de médio formato. “É indescritível a sensação de encontrar meu trabalho na parede de amigos ou conhecidos. A fotografia impressa tem um poder muito impactante que tem me ajudado a chegar em outros lugares. Mas acredito que eu não faça imagens, faço amigos. O que eu vendo é uma visão de mundo e quando alguém compra meu trabalho ou contrata um ensaio, na verdade, compra toda essa forma de lidar com as pessoas e de encarar a vida com sentimento e energia”, destaca.

MANDA NUDES – Depois de ser convidado para dar aulas de foto e vídeo num projeto do Criança Esperança, o jornalista André Patroni deixou as redações em segundo plano e decidiu investir nessa área, mas foram os estudos de referências de nu que fizeram com que ele começasse a fotografar modelos com pouca ou nenhuma roupa. “Acompanhei o trabalho de alguns artistas como o Richard Kern, o Jorge Bispo, a Camila Cornelsen e sempre pensei em criar a minha identidade nesta área. Inicialmente eu pude contar com algumas amigas dispostas a experimentar, e logo no começo tive a ideia de fazer uma série que contemplasse além do nu o ambiente do ensaio”, conta. Sul-mato-grossense, André sempre ouviu que o pôr do sol da região era um dos mais bonitos do País, por isso somou a proposta de fotografar pessoas nuas no final da tarde. O sucesso foi tanto que hoje a proposta é viajar para outros lugares, buscando novos cenários. “Desde o começo as pessoas entenderam a proposta, e quem tinha alguma resistência à ideia do nu passou, inclusive, a querer fazer. Cada vez mais recebo pedidos de orçamento para estes trabalhos, o que indica uma mudança de visão por aqui, algo que em outros Estados já está mais avançado”, comenta Patroni.

O fotógrafo acredita que, com a democratização do acesso à fotografia, as pessoas têm mais possibilidades de contratar alguém que atenda às suas expectativas com relação a trabalhos diferenciados e únicos. “Eu gosto de oferecer algo como a pessoa é, colocar sua essência na imagem. É algo desafiador, mas ao mesmo tempo é muito gratificante quando o cliente se vê retratado como ele sempre gostaria”, destaca. E os trabalhos não se restringem ao nu. Paralelo ao projeto do “Sunset Nude”, ele ainda desenvolve o “RetrArte”, uma fotografia voltada para o mundo fashion, realizado em parceria com a maquiadora Laryssa Escobar, e aceita clientes que buscam algo diferente do óbvio. Foi assim com a jornalista Paula Maciulevicius, que queria um ensaio de gestante nada convencional e foi realizado em pleno carnaval. “Trabalhos que não têm muito a ver com a minha linha, mas são longe do óbvio me interessam muito e acabo aceitando, como aconteceu com a Paulinha. Mas além das fotos, o meu trabalho me mostrou que mais importante ainda é a experiência do ensaio, tudo o que envolve aquele dia fica marcado de um jeito incrível na memória das pessoas que participam”, finaliza André. MS INDUSTRIAL | 2018 • 39


[ inovaç ão

e tecno logia

]

NA VITRINE

Palestras de workshop internacional debatem pesquisa e desenvolvimento de tecnologias de biomassa

O diretor-regional do Senai, Jesner Escandolhero, fez a abertura do workshop internacional

Reunindo pesquisadores, empresários e comunidade acadêmica, o 1º Workshop Internacional de Inovação em Biomassa, realizado durante dois dias no ISI Biomassa (Instituto Senai de Inovação em Biomassa), em Três Lagoas (MS), debateu temas relacionados com desenvolvimento tecnológico da inovação, tendo como matéria prima a biomassa, bem como biotecnologia, Indústria 4.0 e fomento de projetos de inovação em biomassa. Ao abrir o evento, o diretor-regional do Senai, Jesner Escandolhero, destacou o objetivo de promover um lançamento técnico do ISI Biomassa. “Temos aqui players nacionais e internacionais e academia para discutirmos temas inerentes à biomassa, assuntos intrínsecos à inovação, ou seja, pesquisa e de40 • MS INDUSTRIAL | 2018

senvolvimento de produtos e processos tendo como matéria prima a biomassa”, afirmou. Já o 1º vice-presidente regional da Fiems, Luiz Cláudio Sabedotti Fornari, reforçou a expectativa gerada pelo evento. “Isso é muito importante para nós, principalmente, para quem pensou nesse Instituto como uma potência para o Estado. No momento em que temos definida essa necessidade de inovações tecnológicas por meio da utilização de fontes alternativas como a biomassa, eu, como empresário, sei da necessidade de acompanhar essa revolução que acontece no mundo dos negócios, ou se acompanha ou está fora. E o Senai vem para nos atender e permitir que possamos acompanhar esse desenvolvimento”, falou.

Abrindo o ciclo de palestras, o professor convidado do MIT, Arne Hessenbruch, explicou como funcionam os projetos de inovação dentro do instituto. “Estamos envolvidos com startups. A perspectiva principal do nosso ponto de vista é que o processo de inovação não pode ser um processo linear, começando com a pesquisa pura, depois aplicada, ficando mais técnica. Assim, corremos o risco de ficar cerca de 20 anos numa pesquisa e só depois percebermos que ela não funciona na prática”, disse. Com a palestra “Avanços recentes na indústria do biodiesel”, o professor-doutor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Donato Aranda, comentou que o biodiesel foi o único combustível que teve um aumento no seu consumo em 2017.


“Com a crise, todos os outros recuaram e esse ano, com o aumento do teor do biodiesel no diesel para 10%, vai haver um crescimento maior, de cerca de 25%. O Centro-Oeste é a região que mais produz biodiesel no Brasil e é um combustível que se tornou competitivo graças aos avanços tecnológicos”, afirmou. O professor-doutor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Eduardo Falabella, falou sobre os processos de transformação de biomassa que visam a usar resíduos na biomassa e rotas para pequenas produções com agregação de valor e co-processamento. “A indústria do petróleo foi a mesma, mas vem se reinventando, buscando a biomassa, gás natural e carvão. O refinador deve buscar por alternativas inteligentes para alcançar esses requerimentos. A biomassa se tornou hoje, no refino do futuro, uma necessidade. Nós precisamos introduzir rotas alternativas como combustíveis sintéticos para fazer frente à demanda do mercado por combustíveis cada vez mais limpos”, ressaltou. A palestra “Alguns aspectos para aumentar a produção e uso de bioenergia/biocombustíveis”, do professor-doutor da Unesp (Universidade Estadual de São Paulo), Ricardo Ramos, abordou dados reais de empresas que utilizaram a queima da palha como combustível para caldeiras de alta pressão para bagaço da cana-de-açúcar. “Esses dados apresentam os investimentos e as perdas e ganhos das empresas. Foi possível um aumento de geração de energia excedente com a possibilidade de ser comercializada”, apresentou. O professor-doutor da UFMG (Universidade Federal de Minas

Gerais), Cláudio Donicci, esclareceu sobre a criação do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Midas, uma rede nacional de pesquisadores de Norte a Sul do País, criada para desenvolver tecnologia aplicada a partir de pesquisas acadêmicas das universidades. “Nossas metas são pesquisa aplicada em negócios. Temos 31 grupos de pesquisa na área de biodiesel, novos materiais, biomassa e área ambiental. Estamos buscando desenvolver novas tecnologias para o aproveitamento de rejeitos de mineração, de rejeitos de biomassa. Mas a proposta é que a pesquisa chegue até o mercado da indústria”, explicou. Para encerrar o primeiro dia do workshop, o consultor Georg Weinberg falou como agregar valor à indústria de biocombustíveis, por meio da química, usando como referência o uso do carvão e o ciclo do petróleo, analisando como os dois ciclos aconteceram e como a indústria química agregou valor por meio dos dois ciclos. “A indústria química desenvolveu uma quantidade brutal de commodities de substâncias químicas que tinham uma demanda muito grande, que geraram muita riqueza. Um exemplo simples eram as meias de seda, que eram caras. Até que surgiu o náilon e todas as mulheres passaram a usar meias de náilon, que se tornou um produto com uma demanda brutal e geração de riqueza fantástica. Dá para fazer a mesma coisa com a era da biomassa?”, questionou ao final. 2º DIA - Os debates do último dia do 1º Workshop Internacional de Inovação em Biomassa giraram em torno de temas como biotecnologia, Indústria 4.0 e fomento de projetos

de inovação em biomassa. Na avaliação da diretora do ISI Biomassa, Carolina Andrade, os debates foram bastante positivos, contribuindo para a geração de inovação. “Tivemos adesão de várias empresas do segmento sucroenergético, papel e celulose, cosmético, químico, elétrico. São empresas que estão interessadas nos processos de transformação de biomassa, seja para gerar energia, seja para gerar novos produtos químicos e que contribuíram para discussões riquíssimas”, afirmou. O diretor de desenvolvimento tecnológico da CI Biogás, Rafael Gonzales, abriu o ciclo de palestras do último dia de evento, falando sobre o cenário de biogás e biometano no Brasil, principalmente focando no aquecimento do mercado. “Existem polos de produção de biogás e biometano no País, principalmente no Sul e no Centro-Oeste, onde há criação de gado de confinamento, avicultura e suinocultura, fora as agroindústrias. Esse é um mercado que está se aquecendo e quando eu trato isso, eu causo na região um desenvolvimento da economia, porque eu preciso de profissionais nessa área e também tem a questão ciclo-ambiental”, explanou. Com a palestra “Conversão de Biomassa Lignocelulósica: A Plataforma Bioquímica da Refinaria”, o professor-doutor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Nei Pereira Junior, abordou as biorrefinarias com base em biomassa residual. “A indústria química hoje usa petróleo, nós propomos o uso de material renovável. Poderia hoje produzir virtualmente a partir da biomassa tudo o que já é produzido usando o material fóssil”, ressaltou.

MS INDUSTRIAL | 2018 • 41


42 • MS INDUSTRIAL | 2018


[ industria l i z aç ão ]

NA CONTRAMÃO DA CRISE Em Bandeirantes, laticínio Imbaúba está entre os cinco maiores empregadores do município Nos últimos três anos, foram fechados sete laticínios em Mato Grosso do Sul, uma redução de 8,2%, passando de 85 estabelecimentos em 2014 para 78 em 2016, segundo dados do Radar Industrial da Fiems. Na avaliação da presidente do Silems (Sindicato das Indústrias de Laticínios de Mato Grosso do Sul), Milene Nantes, a crise no segmento no Estado se deve a uma falta de política de incentivo à cadeia do leite. “É preciso que haja uma política que atenda tanto os produtores como as indústrias. Os programas voltados somente aos produtores acabam sendo extintos, porque até conseguem desenvolver a produção, mas não existe demanda para esse leite”, explicou Milene Nantes. Na contramão dessa crise, destaca-se em Bandeirantes o laticínio Imbaúba, o quinto maior empregador do município, com 38 funcionários, o que representa 2,6% do emprego formal do município, atrás apenas da Pecuária, com 510, Administração Pública, com 260, Transporte Rodoviário de Cargas, com 100, e Cultivo de Soja, com 57 trabalhadores. Processo de fabricação de requeijão cremoso Imbaúba

“É de extrema importância para o segmento do leite que haja uma empresa em Mato Grosso do Sul do porte da Imbaúba, até para balancear a nossa cadeia. Além disso, é uma empresa bastante importante para o desenvolvimento de Bandeirantes e, consequentemente, de Mato Grosso do Sul”, destacou a presidente do Silems. A empresária Silvana Gasparini, diretora da Imbaúba, acredita que o principal diferencial do laticínio é a preocupação em oferecer produtos de qualidade. “Tudo que produzimos passa por um controle de qualidade, desde o leite que sai das propriedades até chegar ao consumidor final. Além disso, damos uma atenção muito grande à administração, com o apoio da Fundação Dom Cabral, considerada pelo Financial Times a melhor escola de educação de executivos da América Latina e a 12ª no mundo”, comentou. A boa gestão ainda contribuiu para que desde 2012 a empresa se tornasse a representante exclusiva da marca japonesa Yakult. “Para nós é uma satisfação muito grande, porque sabemos do nível de exigência da Yakult para selecionar seus representantes. Ser escolhida MS INDUSTRIAL | 2018 • 43


para distribuir os produtos da marca só reforça a nossa credibilidade”, disse a empresária. PRODUÇÃO - Atualmente, a Imbaúba recebe diariamente 70 mil litros de leite de um total de 597 produtores, espalhados por 25 municípios do Estado. Desse total, apenas 30 mil litros são industrializados. “O excedente é revendido para outros laticínios. No entanto, é importante que haja esse excesso, porque no período de estiagem, que vai de maio a setembro, a produção de leite nas propriedades rurais costuma cair pela metade, mas mesmo assim conseguimos manter

a mesma produção industrializada”, explicou Silvana Gasparini. Da matéria-prima, o laticínio produz uma série de produtos: leite pasteurizado, bebidas lácteas fermentadas, coalhada, queijo mussarela, queijo minas frescal, ricota, doce de leite tradicional, doce de leite com chocolate, creme de leite pasteurizado, requeijão cremoso, requeijão cremoso com amido, cobertura cremosa sabor requeijão e manteiga. Todo o processo é realizado na unidade de Bandeirantes, que funciona das 7h às 17h, ficando o escritório de Campo Grande, que concentra a parte administrativa,

responsável pela distribuição dos produtos. “Todos os dias, às 4h da manhã, os produtos saem do laticínio e vêm para a Capital, onde permanecem na nossa câmara fria e são distribuídos para os nossos clientes”, relatou a diretora da empresa. O principal mercado da Imbaúba é Campo Grande. “Vendemos para todo Mato Grosso do Sul e também para os Estados de Mato Grosso, Paraná e São Paulo, além do Distrito Federal. Temos 422 clientes ativos, sendo que os clientes institucionais mais fortes são Atacadão, Assai, Comper, Fort Atacadista, Extra Hipermercados,

Laticínio Imbaúba foi destaque em concurso nacional de produtos lácteos O Laticínio Imbaúba obteve o 2º lugar na categoria doce de leite, no 41º Concurso Nacional de Produtos Lácteos, realizado de 14 a 16 de julho de 2015, pelo Instituto Cândido Tostes, em Juiz de Fora (MG), durante o 30º Congresso Nacional de Laticínios. A indústria laticinista sul-mato-grossense disputou o título de melhor doce de leite do Brasil com outros 127 laticínios, perdendo apenas para a UFV (Universidade Federal de Viçosa), que é uma instituição de ensino e pesquisa. “O nosso doce de leite é um dos produtos mais queridos e elogiados da empresa e nós já obtivemos êxito em outros concursos. Estamos felizes e honrados por esta conquista”, declarou, na ocasião, a diretora da empresa Silvana Gasparini Pereira. O 41º Concurso Nacional de Produtos Lácteos avaliou 11 categorias: queijo gouda; queijo parmesão; queijo provolone; queijo prato; queijo reino; queijo gorgonzola, queijo minas padrão; manteiga de primeira qualidade; requeijão cremoso; doce de leite; e destaque especial - aquele produto lácteo que ainda não chegou ao mercado e que tenha pelo menos uma característica inovadora ou funcionalidade. “A avaliação é criteriosa, feita por cerca de 30 juízes especializados, de universidades, serviços de inspeção e instituições de pesquisa, que podem apontar com segurança qual o melhor produto. Temos credibilidade e isso é um aval para a indústria se fortalecer no mercado”, afirmou o coordenador Fernando Resplande Magalhães.

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Laticínio produz 50 mil quilos de queijo mussarela e 300 mil litros de leite pasteurizado por mês

Carrefour e Wal-Mart”, pontuou Silvana Gasparini. EMPREGO E RENDA – Em Bandeirantes, muita gente depende do laticínio para garantir emprego e renda. Há funcionários que trabalham no local desde sua inauguração, outros que conseguiram emprego para a família toda, incluindo a primeira carteira assinada do filho. Tomas Arnaldo Nunes Savales, conhecido por todos como Tito, é responsável pela manutenção das máquinas e trabalha na Imbaúba desde 1996. “A renda da minha família toda já veio só daqui, porque teve uma época que trabalhava eu, minha esposa e meu filho”, recorda. Hoje, Tito é o único da família que continua no laticínio. “Meu filho começou a trabalhar aqui ainda adolescente. Foi seu primeiro emprego. A experiência aqui contribuiu para que aparecessem oportunidades melhores e ele acabou saindo. Já a minha esposa hoje

é dona de casa. Todos nós somos muito gratos à Imbaúba. É um lugar muito bom para se trabalhar”, ressalta. Já o pasteurizador Manoel Pereira dos Santos trabalha no laticínio desde sua fundação. “Eu tinha apenas 14 anos quando comecei a trabalhar para a Imbaúba e nem lembro exatamente quando fui transferido para a unidade aqui de Bandeirantes. Esse é o único emprego que já tive e não pretendo deixar tão cedo. É daqui que vem o sustento da minha casa, onde moro com minha esposa e meu filho de dois anos”, declara. COMÉRCIO LOCAL – O laticínio também tem sua importância para o comércio local de Bandeirantes. No Supermercado Econômico, o único leite comercializado é o da marca local. “Não vendo nenhum outro, só ele mesmo. Temos de valorizar o que é produzido aqui”, declarou o empresário Sebastião Prigentino de Lima.

Ele acrescenta que, por dia, o estabelecimento comercializa cerca de 25 litros de leite. “Além de representar uma quantidade boa de vendas para mim, reconheço a importância da Imbaúba para o município. Sendo um dos maiores empregadores da cidade, gera emprego e, consequentemente, renda. E os funcionários vêm gastar o salário deles aqui comigo”, completou. A gerente da padaria +Q Pão, Liliane Silva, também destaca a relevância do laticínio para o município. “Acho muito bom que possamos ter uma indústria forte para o Estado instalada aqui na nossa cidade. Aqui nós comercializamos o leite e a mussarela Imbaúba, mas os pães, bolos e chipas que produzimos aqui são todos com leite Imbaúba. Consumimos cerca de 40 litros por semana”, disse. DESENVOLVIMENTO De acordo com o prefeito de Bandeirantes, Álvaro Urt, o município conta com nove estabelecimentos MS INDUSTRIAL | 2018 • 45


Laticínio Imbaúba foi destaque em concurso nacional de produtos lácteos Confira a média mensal de produção do laticínio Imbaúba:

Leite Pasteurizado 300 mil litros

Queijo Minas Frescal 3 mil quilos

Doce de Leite com Chocolate

800 quilos

Requeijão Cremoso com Amido

1 mil quilos

industriais, que empregam 80 trabalhadores. “O laticínio Imbaúba, empresa ligada ao agronegócio, é o líder no crescimento bandeirantense. É uma empresa moderna que contribui grandemente para manter nosso nível de empregos, oferecendo apoio técnico aos produtores de leite e contribuindo também para o desenvolvimento da economia local. É uma das empresas que mais empregam aqui em nossa cidade”, declarou. 46 • MS INDUSTRIAL | 2018

Bebida Láctea Fermentada 40 mil litros

Ricota 2,5 mil quilos

Creme de Leite Pasteurizado 8 mil quilos

Cobertura Cremosa sabor Requeijão 6 mil quilos

Ele ainda explicou que a prefeitura está desenvolvendo projetos de criação de logística e infraestrutura para promover a expansão da indústria no município. “Para fomento da indústria, nossa estratégia principal é criar uma logística favorável para o escoamento da produção e criar convênios com o Senai para a capacitação de mão de obra de acordo com a demanda da indústria. Além disso, convidamos empresas para se instalar aqui

Mussarela 50 mil quilos

Doce de Leite Tradicional 5 mil quilos

Requeijão Cremoso 13 mil quilos

Manteiga 10 mil quilos

e oferecemos incentivos para isso”, detalhou. Ainda conforme o prefeito, a principal dificuldade, contudo, é a retração da economia brasileira que, sem dúvida, cria um ambiente de redução de investimentos. “Entretanto, buscamos nos organizar para que, tão logo a economia volte a se recuperar, o município de Bandeirantes possa proporcionar condições para a instalação de um parque industrial”, completou.


MAPA DE MS COM OS MUNICÍPIOS ONDE HÁ PRODUTORES DE LEITE

597 Produtores 25 Municípios

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[ I N T E R N AC I O N A L ]

O conflito entre os Estados Unidos e a China ganha novas proporções com o protecionismo dos norte-americanos A briga comercial gerada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode tomar novas proporções com o anúncio de sanções econômicas e comerciais direcionadas a um de seus principais parceiros: a China. Depois que o governo Trump anunciou sobretaxas sobre o aço, uma commodity com 48% da produção global localizada na China, impor tarifas ao país seria o mais novo passo na política protecionista americana. As sanções são resultado de uma investigação conduzida pelo representante de Comércio Exterior Robert Lighthizer, que investiga possíveis violações chinesas das leis de direito de propriedade intelectual dos Estados Unidos ao forçar companhias americanas a transferir conhecimento tecnológico e know-how para Pequim em troca de acesso ao mercado chinês — uma reclamação antiga das empresas.

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Em relato a uma comissão da Câmara na quarta-feira, Lighthizer confirmou que o governo considera impor tarifas ao país e até mesmo limitar investimentos chineses, entre outras opções. “Temos um problema sério em estar perdendo nossa propriedade intelectual, que é realmente a maior vantagem da economia americana”, disse aos legisladores. As violações estariam causando uma perda de 60 bilhões de dólares por ano à economia dos Estados Unidos — sobretaxas em importados chineses devem ser impostas com impacto financeiro semelhante. De acordo com fontes do jornal Wall Street Journal, a China estaria preparando uma retaliação caso os Estados Unidos imponham sanções, como aumento de tarifas para indústrias e estados americanos identificados como apoiadores e eleitores de Trump. Um aumento de tarifas iria testar a relação


entre Donald Trump e Xi Jinping, presidente da China, que até agora reagiu de maneira comedida às reclamações de Trump sobre o déficit comercial americano. Embora fosse uma promessa de campanha de Trump limitar o acesso a importados chineses, até então a relação econômica entre os dois países era estável. Os Estados Unidos são o principal destino dos manufaturados chineses, comprando o equivalente a 505 bilhões de dólares no ano passado,

19% das exportações. A China importou 130 bilhões de dólares dos Estados Unidos no mesmo período, o terceiro maior destino de bens produzidos no país. O ministro de Relações Exteriores da China, Wang Yi, disse no início do mês que esforços americanos em criar conflitos econômicos teriam “uma resposta justificada e necessária”. Uma guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo provavelmente não terá vencedores.

China garante: “Não temos medo de uma guerra comercial” O governo chinês garantiu que não quer se envolver em uma guerra comercial com os Estados Unidos, mas sublinhou que “não tem medo” disso, ao anunciar a sua primeira resposta a um pacote de taxas aduaneiras que a administração de Donald Trump vai aplicar sobre produtos importados da China, de até 60 bilhões de dólares anuais. O pacote de impostos sobre importações chinesas vem pôr em prática uma das promessas de campanha de Trump, que acusa desde sempre Pequim de concorrência desleal e de alegado roubo de propriedade intelectual a empresas norte-americanas. Reagindo às tarifas anunciadas pela administração Trump, Pequim acusou os EUA de estarem a “abrir um mau precen-

dente” com regras impostas que “não são favoráveis aos interesses globais”. Em comunicado, o Ministério do Comércio do governo de Xi Jinping sublinhou a “confiança” nas “capacidades [dos chineses] de enfrentarem qualquer desafio” desta natureza. “A China não vai ficar sentada de braços cruzados sem fazer nada para proteger os seus direitos e interesses legítimos”, sublinhou o Ministério, garantindo estar “totalmente preparada” para defender esses interesses – a começar com a aplicação de tarifas de 3 bilhões de dólares sobre produtos importados dos EUA, em resposta às taxas sobre as importações de aço e alumínio anunciadas pela administração Trump no início de março.

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[ SESI

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ENSINO TECNOLÓGICO Escolas da instituição estão com matrículas abertas para curso de robótica em quatro municípios As escolas do Sesi em Aparecida do Taboado, Corumbá, Maracaju e Naviraí estão com matrículas abertas para o curso pago de robótica para estudantes na faixa etária dos 7 aos 14 anos. O número de vagas por turma é limitado ao mínimo de 12 alunos e máximo de 15 e, por isso, os interessados devem procurar as secretarias das escolas para fazer garantir a realização do curso. Trata-se dos programas extracurriculares Líder e Genius, da Lego Zoom Education, focados no desenvolvimento de habilidades, competências, atitudes e valores, com forte ênfase em liderança e empreendedorismo. Com o Genius, as crianças entre 7 e 9 anos de idade começam desde cedo a ter contato com a linguagem de programação, ferramenta tão presente e fundamental para a organização do mundo de hoje. Já o Líder é voltado para o público adolescente de 10 a 14 anos de idade e desenvolve habilidades de liderança e trabalho em grupo. Por meio de aventuras robóticas em formato de histórias em quadrinhos e baseadas na metodologia do aprender-fazendo, as crianças e os adolescentes são estimulados a resolver situações-problema vivenciadas pelos personagens e a desenvolver soluções criativas e inovadoras para as questões propostas. Segundo a analista técnica da área de educação do Sesi, Glaucia Campos, os programas extracurriculares permitem que os alunos desenvolvam habilidades intelectuais, cognitivas e motoras. “O Sesi tem essa preocupação com a formação tecnológica e esses cursos extracurriculares oferecem aos alunos de outras escolas esse contato com a robótica. É uma oportunidade única que estamos oferecendo à comunidade”, afirmou. Serviço – Mais informações pelo link http://materiais. sesims.com.br/cursorobotica ou pelos telefones 0800 723 7374 e (67) 99228-0075 (WhatsApp)

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Equipe da Escola do Sesi de Dourados comemora participação no Torneio Nacional de Robótica Eles se dedicaram bastante, estudaram, foram inovadores, programaram e desenvolveram o design de robôs de lego e demonstraram que sabem trabalhar muito bem em conjunto. O time da Escola do Sesi de Dourados, o Megamentes, saiu do Torneio Nacional de Robótica mais experiente e preparado para enfrentar as próximas disputas, além de levar na bagagem palestras do grupo Ciência em Show, do astronauta brasileiro Marcos Pontes, oficinas de design thinking e, principalmente, a troca de conhecimento com alunos de todo o Brasil durante a competição, que foi realizada ao longo de três dias, em Curitiba (PR), no campus da Indústria da FIEP (Federação das Indústrias do Paraná). Para o superintendente regional do Sesi, Bergson Amarilla, a participação em torneios de robótica é um estímulo a mais para os alunos adotarem uma postura inovadora. “No torneio, eles aplicam os conhecimentos em robótica, uma disciplina que integra a grade regular da rede de escolas do Sesi, e, entre outros fatores, aprendem a pensar em soluções para os problemas do dia a dia, a empreender e trabalhar em equipe”, pontuou. Os alunos da Escola do Sesi de Dourados, por exemplo, passaram meses trabalhando no desenvolvimento do projeto “Lavadim”, uma solução simples que pode ser adaptada para comércios e residências reaproveitarem a água do enxágue da máquina de lavar para regar o jardim. O grupo, que têm entre 10 e 16 anos de idade, criou o mecanismo com base no tema proposto pela FLL para esta edição do torneio de robótica – “Hydro Dinamics: O que poderia se tornar possível quando compreendemos o que acontece com a nossa água?”. PREPARAÇÃO - O time

também construiu o robô batizado de Megadom e, utilizando o “arduino” (hardware conhecido entre estudantes e projetistas amadores), estudou de forma a deixá-lo com movimentos mais precisos para concorrer no torneio de robótica. Para a diretora da Escola do Sesi de Dourados, Sibele Aparecida e Silva, o fato de os alunos chegarem tão longe no torneio é resultado dos investimentos e estímulo a pesquisa e inovação. “É uma emoção enorme ter participado do Nacional, estamos muito satisfeitos e realizados com todo o trabalho desenvolvido pelos técnicos e alunos, o que só vem reafirmar o sucesso do Sesi em robótica”, salientou. Essa foi a primeira vez que um dos times de robótica da rede de escolas do Sesi de Mato Grosso do Sul chega tão longe na competição. O Sesi, por sua vez, adota a robótica educacional em sala de aula desde 2006. Para a técnica da equipe e pedagoga da Escola do Sesi de Dourados, Olívia Maria de Freitas França, chegar à etapa nacional mostrou que o time está no caminho certo. “Agora vamos refletir e colocar em prática tudo o que aprendemos com esta experiência, assim melhoraremos nossos trabalhos e faremos mais bonito na próxima temporada”, disse. A aluna da Escola do Sesi de Dourados e integrante do time de robótica, Samara Galindo Bernardo, ressaltou o quanto a participação foi importante para ela. “Me senti muito alegre e realizada ao apresentar nosso projeto. A estrutura do torneio foi muito bem organizada e aprendi nesses três dias que nossa equipe pode crescer cada vez mais, e que estarmos juntos é a melhor solução para tudo”, disse a aluna, destacando, inclusive, um dos critérios avaliados pelos jurados durante o torneio, que é o trabalho em equipe.

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[ S E nai

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mão de obra HAiTIANA

Fugindo do terremoto, refugiados são qualificados pela Escola da Construção e garantem emprego

A instrutora do curso, Priscila Rodrigues Lucas destaca a importância da formação para os haitianos

Em busca de uma melhor colocação no mercado de trabalho brasileiro, um grupo de refugiados do Haiti, que deixou a terra natal depois que um terremoto destruiu parte do país em 2010, chegou a Mato Grosso do Sul em meados de 2014 e, graças a uma parceria entre a Escola Senai da Construção e a Plaenge, agora estão próximos de conquistar o tão sonhado emprego formal. Esses haitianos terão prioridade de incorporação ao quadro de funcionários da Plaenge quando do surgimento de vagas após concluírem o curso de fundamentos de pintura imobiliária oferecido pela Escola Senai da 52 • MS INDUSTRIAL | 2018

Construção. A primeira turma fruto dessa cooperação entre Senai e Plaenge conta com 25 alunos haitianos e foi aberta no dia 1º de março deste ano. Porém, essa formação não será a última, pois a Plaenge já solicitou à Escola Senai da Construção a abertura de outras duas turmas, com 25 alunos cada, e cujas aulas deverão ser encerradas até maio deste ano. “A maioria dos haitianos que vieram para Mato Grosso do Sul fica em Campo Grande à procura de emprego, mas a falta de qualificação profissional e de domínio do idioma dificulta o acesso ao

mercado de trabalho. Por isso, o grande impasse é realmente não ter a prática do trabalho e eles têm de ser preparados. É nessa parte que a Escola Senai da Construção entra, oferecendo cursos que possam qualificar essa mão de obra formada por refugiados do Haiti”, explicou o gerente Roger Benitez. Ele completa que a Escola Senai da Construção tem várias modalidades de atendimento às demandas das indústrias, com cursos técnicos e de qualificação. “Muitas vezes, quando há necessidade de atendimento rápido a uma empresa, como foi esse caso da Plaenge, desenhamos este curso conforme


a demanda da empresa, que traz toda a parte teórica, a questão da Segurança do Trabalho dentro das atividades que eles exercerão”, pontuou. EXPECTATIVA - Para os alunos, fica a esperança de que, com um currículo mais “turbinado” por cursos de qualificação do Senai, as oportunidades de crescimento no Brasil apareçam. “Campo Grande tem uma coisa diferente. Já trabalhei em outras cidades de outros Estados e aqui o mercado de trabalho é mais exigente. Você precisa saber fazer um pouco de tudo e ser realmente bom em alguma coisa se quiser ser contratado”, afirmou o haitiano Rosemond Pitard, 44 anos, que há quatro anos está na Capital. Membro de uma associação que reúne os haitianos refugiados em Mato Grosso do Sul, Rosemond Pitard já domina o português e afirma que grande parte deles aprendeu o novo idioma trabalhando na construção civil. “Todos chegaram ao Brasil pelo Acre e depois foram para outros Estados para procurar um emprego melhor. Em Mato Grosso do Sul, a maioria veio para trabalhar na construção do Aquário do Pantanal e, quando a obra parou, eles foram para outras empresas, para outras cidades, sempre procurando uma colocação no mercado da construção”, contou. Segundo ele, a associação, que orienta os refugiados sobre como se regularizar no Brasil, contabiliza cerca de 100 haitianos em

Campo Grande porque a maior parte deles hoje vive em Três Lagoas e Itaquiraí, trabalhando em frigoríficos e usinas sucroenergéticas. O haitiano Janel Valerin, 31 anos, espera que, com o curso, consiga incrementar a renda para mandar mais dinheiro para os pais, que continuam no Haiti. “Morei em São Paulo (SP) durante um tempo, mas vejo que Campo Grande tem muitas oportunidades para quem realmente quer trabalhar. Depois desse curso oferecido pela Escola da Construção, já quero fazer outros porque tenho gostado demais do que o Senai me ensina”, afirmou Janel Valerin. Como os haitianos receberam a condição de refugiados por parte do Governo Federal, eles têm direito uma carteira de identidade de estrangeiro e, por meio dela, garantem acesso aos direitos sociais e trabalhistas. Nessa condição, os haitianos podem desenvolver trabalho formal do Brasil como qualquer brasileiro. APRENDIZADO DE MÃO DUPLA - A instrutora do curso, Priscila Rodrigues Lucas, afirma que diariamente aprende novas lições com a turma, enquanto ela também ensina não somente os conceitos de pintura imobiliária, mas a persistirem na construção de uma vida melhor no Brasil. “A construção civil oferece inúmeras possibilidade de ascensão e é muito comum o colaborador entrar na empresa como servente. Com a qualificação, é possível conquis-

tar uma promoção para o cargo de oficial, cuja remuneração é bem maior”, explicou. Por isso, acrescenta Priscila Lucas, é preciso incentivar os alunos diariamente a procurar outros cursos. “O próprio Senai tem em seu portfólio diversas opções de qualificações técnicas, graduações, inclusive gratuitas, para que possam ascender nesse mercado, que é bastante promissor. Os alunos haitianos demonstram bastante interesse, fazem muitas perguntas, mesmo que alguns não dominem bem o português, eles contam com a ajuda do nosso intérprete, principalmente por causa dos termos técnicos, então tem sido uma troca de experiência bem legal”, garantiu. Seguindo as necessidades da Plaenge, a Escola Senai da Construção elaborou um curso de iniciação, com carga horária de 30 horas-aulas e grade curricular que aborda procedimentos básicos de pintura em obras imobiliárias, reconhecer a proporção de substrato para aplicação da pintura, identificação do tipo de aplicação de tintas e texturas e normas de saúde, segurança e meio ambiente. “A Escola Senai da Construção oferece toda a estrutura física de ponta, com salas de aula novas e equipamentos modernos, além de instrutores capacitados e horários flexíveis, para que os funcionários possam dar expediente na empresa e, em turno diferente, comparecer às aulas”, completou o coordenador pedagógico Alexandre Anastácio de Oliveira. MS INDUSTRIAL | 2018 • 53


[ ie l

FA Z

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QUALIFICAÇÃO DE FORNECEDOR Instituto inicia preparativos para celebrar 10 anos do PQF em Mato Grosso do Sul

No âmbito das ações do PQF (Programa de Qualificação de Fornecedores) para desenvolver, qualificar e aumentar a competitividade do setor empresarial de Mato Grosso do Sul, os integrantes do comitê gestor reuniram-se, em Três Lagoas (MS), para alinhar as ações de celebração dos 10 anos do Programa no Estado. Marcada para o próximo dia 18 de abril, a cerimônia de comemoração incluirá também a certificação das empresas que passaram pelo PQF no ano passado em Três Lagoas, Ribas do Rio Pardo e Campo Grande. Segundo o superintendente do IEL, José Fernando do Amaral, ao longo dos últimos 10 anos, as empresas que passaram pelas consultorias do Programa e auditorias das empresas-âncoras, implementaram um sistema de gestão que lhes possibilitaram ganho de competitividade, pois há redução dos custos de produção e eficiência no fornecimento, entre outras vantagens. “O PQF está em franca expansão no Estado e, depois de um início exitoso em Três Lagoas, chegou a Ribas do Rio Pardo e Campo Grande e, em breve, deve cobrir outros municípios do Estado”, analisou. Ele acrescenta que se trata de um programa que vem se mostran54 • MS INDUSTRIAL | 2018

do fundamental para o desenvolvimento econômico de Mato Grosso do Sul. “As empresas-âncoras ganham com o aumento da competitividade, pois há redução dos custos com fornecedores, enquanto as empresas fornecedoras ganham em eficiência e gestão e o município passa a arrecadar mais com a geração de impostos das empresas locais que passam a produzir mais”, elencou. Na edição 2017 do PQF, 93 empresas serão certificadas e o evento deve contar com um público de 90 instituições do Estado entre empresas-âncoras, fornecedoras e instituições parceiras. O coordenador da área de desenvolvimento empresarial do IEL, Hugo Bittar, explica que as empresas de Três Lagoas, onde o programa é desenvolvido há mais tempo, serão certificadas no módulo avançado, enquanto as de Ribas do Rio Pardo e Campo Grande receberão os certificados do módulo básico. “A certificação é feita após uma auditoria realizada pelos âncoras – antes, as empresas passam por uma etapa de desenvolvimento, onde ocorrem fases de diagnósticos, consultorias e capacitações. Atualmente estão inscritas no PQF 92 empresas do Estado, enquanto

mais de 150 já foram certificadas até o ano passado, quando foi realizada a última certificação”, explicou Hugo Bittar, informando que o comitê gestor do PQF no Estado é constituído por representantes da Fiems, IEL, Sesi e Sebrae, das prefeituras de Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo e das empresas-âncoras Fibria, Bemis e Sitrel. Participaram da reunião o superintendente do IEL, José Fernando Amaral, o coordenador de desenvolvimento empresarial do IEL, Hugo Bittar, o analista técnico do IEL, Felipe Kling, o analista do Sebrae/MS, Marlon Velasquez, o gerente de suprimentos da Fibria, Paulo Edson Martins Vieira, o coordenador de suprimentos da Fibria, Luis Carlos Felippe, o coordenador de suprimentos da Bemis, Joaquim Neto, a coordenadora de sustentabilidade da Sitrel, Laís Rebucci, o secretário municipal de Desenvolvimento de Três Lagoas, Antonio Empke, o secretário municipal de Desenvolvimento de Ribas do Rio Pardo, Diógenes Marques, e o diretor municipal de Desenvolvimento de Ribas do Rio Pardo, Rogério dos Santos.


[ INDICADORES ]

Fonte: Portal Transparência MS. Elaboração: SFIEMS DICOR UNIEP

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[ bitcoins ]

BOLHA OU INVESTIMENTO? Consultores e empresários apontam riscos e vantagens de apostar na moeda que valorizou quase 1.000% em um ano De olho na revolução digital e perspectivas de lucro rápido e fácil, as criptomoedas, antes restritas aos consumidores mais vorazes de tecnologia, passou a chamar atenção de investidores comuns, que dominam as manobras do mercado de ações, mas, muitas vezes, caminham no escuro quando se fala em “wallet”, “blockchains” ou “hash”, termos comuns nas transações financeiras que envolvem moedas virtuais. O bitcoin, a mais popular delas, já movimenta a economia em Mato Grosso do Sul. Na capital, Campo Grande, lanchonetes e bares já aceitam a moeda como pagamento, e até imóveis e gado já foram comercializados utilizando o dinheiro virtual na transação. Mas, para alguns economistas e para o Banco Central brasileiro, o bitcoin é uma bolha financeira, um investimento não recomendado e com “riscos imponderáveis”. Só em 2017, quando a moeda registrou ganhos estratosféricos, a moeda virtual subiu cerca de 900%, segundo dados da CryptoCompare, plataforma que monitora em tempo real as cotações de criptomoedas e serve de referência para os investidores de diversos países. Por outro lado, a desvalorização do bitcoin também foi grande em um curto período de tempo. A moeda valia R$ 48.800 no último dia do ano passado – quando este texto foi finalizado, em 20 de março de 2018, fechou o dia valendo R$ 29.700. Diante do crescimento extraordinário, surgem diversas dúvidas para quem pensa em se aventurar pelo mercado de criptomoedas é: vale a pena investir em bitcoin? É seguro? Para especialistas que veem no bitcoin 56 • MS INDUSTRIAL | 2018

uma inovação tecnológica, a valorização demonstra que países e empresas financeiras confiam na moeda. “Há uma legitimação cada vez maior do bitcoin pelo mercado, tanto que diversos bancos já investem em títulos corrigidos pela variação da moeda. Mas a sinalização do mercado financeiro mais expressiva a favor do bitcoin veio da Bolsa de Chicago, quando a Chicago Mercantile Exchange, a maior bolsa de futuros do mundo, iniciou negociações de contratos da moeda se pautando justamente na procura dos clientes pelo mercado das criptomoedas’”, analisa Guto Schiavon, sócio fundador da Foxbit, uma das maiores corretoras de bitcoins do Brasil. Executivos de instituições financeiras, por sua vez, acreditam que os valores crescentes não passam de uma corrida especulativa, típica de bolhas financeiras. As manifestações mais contundentes contra bitcoins, no entanto, partem de Jamie Dimon, presidente-executivo da JP Morgan, instituição líder mundial em serviços financeiros, sediada em Nova Iorque. O executivo declarou, durante uma conferência internacional de negócios, que funcionários flagrados negociando bitcoin não teriam vida fácil. “Seria demitido em um segundo, por duas razões: é contra nossas regras e eles são estúpidos, e ambas as coisas são perigosas”. Poucos dias depois, o canal de TV CNBC, referência em notícias de negócios, mostrou como o JP Morgan foi um dos maiores compradores de títulos de investimento que são corrigidos pela cotação do bitcoin na Suécia. Uma empresa do país viu nisso uma tentativa de o banco manipular o mercado e entrou com uma reclamação junto à autoridade financeira sueca.


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Consultor financeiro e autor do blog Você e o Dinheiro, André Massaro pondera que, acima de qualquer coisa, o investidor deve saber o que está fazendo antes de apostar em bitcoins. “Como moeda, de fato, o bitcoin é controverso. A enorme volatilidade não faz dele uma moeda de valor muito confiável. Já enquanto commoditie digital passa a ser algo interessante em razão da amplitude dos movimentos. Então se for para especular com movimentação de preços, pode ser uma ideia interessante comprar bitcoins, se você souber o que está fazendo e se você controlar o risco. Para isso, encare o bitcoin como se fosse, por exemplo, um bem ativo, como uma opção ou um contrato futuro. Quem opera com esses instrumentos costuma controlar o risco, fazendo isso com uma parcela pequena do capital e controlando as perdas”, afirma. “E, claro, segue a máxima de que não existe investimento ruim, existe investimento mal alocado e inadequado ao seu perfil”, completa. COMERCIANTES - Quem aceita o bitcoin como forma de pagamento, normalmente, detém conhecimento sobre as transações com criptomoedas. É caso do empresário Lincoln Oliveira de Souza, que decidiu colocar em segundo plano a carreira na área de Tecnologia da Informação para investir em uma pizzaria, a Upper, inaugurada em 2016, em Campo Grande. Mas a bagagem do antigo emprego contribuiu bastante para que o negócio fosse dotado de serviços tecnológicos, como um site e aplicativo elaborados para o delivery com interface inteligente e, depois, a possibilidade de pagar pelas pizzas com bitcoins. Além do comércio formal, também existem diversos grupos na internet que reúnem investidores e entusiastas do bitcoin e aproveitam para anunciar diversos itens, de imóveis a veículos, cujo pagamento deve ser feito com a moeda virtual. O administrador de empresas Murilo Santana Alves, também da Capital, anunciou um imóvel dos pais esperando que, com uma forma diferente de 58 • MS INDUSTRIAL | 2018

O que é bitcoin? É uma moeda virtual criada em 2008 e a primeira a usar criptografia. Ao contrário das moedas físicas, como o real ou o dólar, o bitcoin não é emitido pelo Banco Central de nenhum país. O responsável por sua “criação” é um programa de computador central e complexo.

Como comprar?

Para comprar bitcoin, é preciso instalar um software no computador ou smartphone e seguir as instruções para criar seu par de chaves criptográficas. Esse processo é automático e muito simples. Isso gera um “endereço bitcoin”, uma carteira digital que funciona como um número de conta corrente. É possível adquirir moedas de duas formas: em casas de câmbio específicas ou sendo um “minerador”, alguém que participa das transações e é recompensado com novos bit-

pagamento, seja vendido mais rápido. “Colocamos na imobiliária, e recebemos poucas ofertas. Em uma transação feita com bitcoins não incidem taxas bancárias, então consigo praticar um valor abaixo de mercado para o imóvel”, conta. RISCOS - Como o público que compra bitcoin atualmente é bem distinto e reúne, inclusive, investidores iniciantes, disparou a gama de consultores, ou empresas de consultoria, dispostos a destrinchar o bê-á-bá das criptomoedas. Umas dessas empresas inclusive é de Campo Grande e responde a três inquéritos em diferentes órgãos de investigação – Polícia Federal, CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e Polícia Federal – por suspeita de esquema de pirâmide financeira com o uso do bitcoin. A empresa tem cerca de 70 mil filiados, que investiram dinheiro motivados pela promessa de obter pelo menos o dobro dos valores em até um ano, oriundos de operações de mineração de bitcoin no Para-


coins por isso.

Como é o sistema de compra e venda?

As transferências de bitcoin acontecem entre as carteiras do comprador e do vendedor. A transação dura alguns minutos. Para ser efetivada, ocorre um processo complicado nos bastidores. Os responsáveis por montar os blocos que reunem as transações, os “blockchain”, são chamados mineradores. Eles reúnem as transações que estão sendo incluídas na rede, mas ainda não foram colocadas em um bloco. Além disso, o minerador tem de calcular o “hash” certo para formar a ligação entre os blocos. Como os cálculos são bastante complexos, há um custo computacional bastante grande. É por isso que computadores domésticos comuns não têm chance de competir com os mineradores profissionais, que fazem uso

de supermáquinas para conseguir o maior número de tentativas no menor período de tempo.

O que ganham os mineradores?

Como recompensa por manter a rede funcionando, o minerador fica com uma certa quantia de bitcoin. Ele também ganha quando os envolvidos na transação querem que a transferência seja incluída logo no bloco. Para isso, têm de pagar uma taxa.

Bitcoin é ilegal?

As moedas virtuais ainda enfrentam questões em torno da sua regulamentação. Nem o Banco Central, nem a CVM regulamentam aplicações em bitcoin. Fonte: InfoMoney

guai. Hoje, quase três anos depois, chovem denúncias de que nunca foi pago um centavo. A suspeita é que a empresa não se sustente com o valor obtido com os bônus oriundos das transações de bitcoins, principalmente com a entrada de novos investidores, o que configuraria a prática de pirâmide financeira. Outro fator a ser considerado antes de investir em bitcoins é a exposição a malwares, um programa ou códigos criados para executar atividades maliciosas em computadores, tablets e celulares, prejudicando o desempenho ou a segurança dos equipamentos, obrigatórios para as transações (saiba mais no box). “Com a criação do bitcoin, hackers visualizaram uma possibilidade de aumentar seus ganhos justamente por não existir um órgão regulamentador e, como as transações com bitcoin ainda não podem ser rastreadas, garantem o anonimato”, afirma o analista de Infraestrutura de Tecnologia da Informação, Gustavo Valenga.

Como não existe uma proteção 100% efetiva, continua o analista, é necessário conscientizar e focar os usuários. “Além disso, é importante tomar algumas medidas de segurança, como examinar os e-mails antes de abrir, verificando se o remetente é de origem confiável. Vale reforçar que links maliciosos também podem ser enviados por amigos que estejam infectados”, alerta. Também é indicado evitar acessar links recebidos via e-mail que não sejam confiáveis (como lojas on-line, descontos, entre outros), com o objetivo de atrair o clique do usuário em um link malicioso. “Esse método é chamado de phishing e rouba informações confidenciais”, acrescenta. Outras precauções contra ameaças virtuais também incluem não abrir anexos enviados de um remetente desconhecido, não repassar nenhuma informação (senha, login, data de nascimento, CPF etc.) por e-mail, atualizar regularmente o sistema operacional e possuir um bom software de antivírus. MS INDUSTRIAL | 2018 • 59


[ sst ]

gestão de

terceiros Sesi desenvolve ferramenta de gestão em Segurança e Saúde do Trabalho dos prestadores de serviço

Para que as empresas atuem em conformidade com as leis, o eSocial e tenham uma gestão socialmente responsável, o Centro de Inovação em Gestão e Sistemas do Sesi de Mato Grosso do Sul desenvolveu um novo modelo de gerenciamento de informações e acompanhamento das atividades dos funcionários terceirizados, reconhecendo os possíveis riscos presentes no ambiente de trabalho e prevenindo acidentes e adoecimento dos prestadores de serviços. Trata-se de uma necessida-

80%

dos acidentes do trabalho no Brasil acontecem com funcionários terceirizados pelas empresas.

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de em todas as médias e grandes empresas, já que os tradicionais modelos de gestão da saúde e segurança dos trabalhadores, principalmente os terceirizados, ainda são incipientes e não atendem as demandas por soluções assertivas. “Na maioria das empresas não existe conhecimento ou acompanhamento dos riscos nos quais os funcionários terceirizados estão submetidos, ou estas informações são conflitantes, e exames médicos indicados para este trabalhador não são adequados para o tipo de

patologia a que estão expostos”, exemplifica a diretora de SST do Sesi, a médica do trabalho Adriana Rossignoli Sato, sobre as situações mais comuns com as quais se deparou nas empresas. Mas a Lei nº 13.429/201, que trata das relações de trabalho na empresa de prestação de serviços a terceiros, é clara ao estabelecer que o contratante é diretamente responsabilizado pela saúde e segurança dos funcionários terceirizados. “Por isso é tão importante que a empresa-mãe, como

lei nº

lei nº 13.429/2017

trata das relações de trabalho na empresa de prestação de serviços a terceiros, e estabelece que o contratante é diretamente responsabilizado pela saúde e segurança de terceiros

regulamenta e autoriza a terceirização de qualquer serviço, fato gerador de aumento da contratação de terceiros e que, ao mesmo tempo, representa a necessidade de melhoria da estruturação dos processos de gestão de terceiros

13.429/201


são chamadas as contratantes dos prestadores de serviços, invista na gestão de riscos com terceiros, antecipando-se às ameaças que podem comprometer o seu resultado, e evitando autuações fiscais e demandas trabalhistas decorrentes das responsabilidades subsidiárias e solidária”, acrescenta Adriana Sato. COMO FUNCIONA - O Sesi realiza a identificação dos riscos da empresa-mãe, define o plano de ação para mitigar estes riscos e os acompanhamentos necessários

para que se assegure que a saúde e segurança estão sendo mantidas. Além disso, mapeia as vulnerabilidades da empresa terceirizada, calculando possíveis contingências trabalhistas, previdenciárias e tributárias, com visitas in loco e consultoria customizada. “Para realizar este trabalho, a tecnologia é nossa grande aliada. Estas informações são inseridas em ferramenta própria do Sesi, no formato de Business Intelligence (BI), e com a gestão adequada das mesmas, é possível adotar a melhor solução

para os problemas identificados”, explica gerente de Inovação do Sesi, Ricardo Egídio dos Santos Junior. O resultado é a redução de riscos para os negócios, terceiros mais preparados, integração de procedimentos e checklist de acompanhamento, programa de capacitações e acompanhamento de terceiros, atendimento ao e-Social e metodologia de gestão integrada de informações.

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[ ARTIGO ]

UM FUTURO INCERTO Imagino que todos querem um dia receber o bônus pelo seu trabalho e ter a oportunidade de, como diz a famosa frase, “pendurar a chuteira”. A aposentadoria é um direito de todos, mas precisamos reconhecer que os sistemas de Previdência e de Seguridade não são sustentáveis e apresentam discrepâncias. Acredito que precisam ser discutidos e modernizados, buscando um modelo que elimine privilégios, possibilite igualdade de direitos e se adeque à atual realidade do Brasil. O país mudou muito nas últimas décadas, com redução no número de trabalhadores rurais, houve maior inserção da mulher do mercado de trabalho, redução na taxa de natalidade e aumento na expectativa de vida da população. O futuro dos que desejam se aposentar fica incerto, pois há um déficit orçamentário da Previdência, que aumenta a cada ano. De onde serão retirados recursos para cobrir essa conta? Certas áreas como saúde e educação podem ficar prejudicadas, sendo compartilhado esse ônus com toda a população, por meio do aumento de tributos. Medidas precisam ser tomadas, pois da forma que está não pode permanecer. Essa causa não é do governo ou de um partido, é de todos nós, brasileiros. Certos segmentos, que são minoria, estão atuando de forma corpora62 • MS INDUSTRIAL | 2018

tiva e em causa própria contra a reforma. Temos acompanhado o andamento das discussões e sabemos que a proposta tem sido debatida de forma transparente e ampla, sendo aprimorada para se chegar ao equilíbrio. Aqueles que já estão aposentados e desfrutam da Seguridade não perderão seus benefícios. Está se buscando igualdade, principalmente para eliminar discrepância entre tempo de contribuição e valores recebidos e o estabelecimento de idade mínima para se aposentar. A atual expetativa de vida dos brasileiros é de 75,5 anos. A média de aposentadoria no Brasil é de 58 anos. Vários países que mudaram sua legislação também enfrentaram resistências, mas após aprovadas as mudanças puderam perceber que valeu a pena modernizar e encontrar o caminho para o equilíbrio das contas. Essa pauta não pode mais ser adiada. Precisamos atuar junto aos nossos parlamentares e apoiá-los para que se posicionem favoráveis à aprovação da reforma da Previdência. A verdade precisa prevalecer e o debate franco deve ocorrer para que o texto seja aprovado, o que possibilitará que todos nós possamos desfrutar de forma justa daquilo que contribuímos, sem comprometer e prejudicar as próximas gerações.

Paulo Afonso Ferreira Vice-presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria)

O país mudou muito nas últimas décadas, com redução no número de trabalhadores rurais, houve maior inserção da mulher do mercado de trabalho, redução na taxa de natalidade e aumento na expectativa de vida da população”


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