Revista MS Industrial Ed. 103

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05 Painel digital

SUMÁRI O

06 diretoria 07 editorial 08 charge 09 entrevista 12 Fala, indústria 22 giro da indústria 54 dicas 56 cultura da indústria 57 gadgets 60 quanto você pagou? 62 artigo capa

28 corrida da borracha Projeto de reestruturação da cadeia da borracha em Mato Grosso do Sul l tornará Estado referência em heveicultura

61 quem te conhece que te compre

14 inovação Suzano investe em tecnologias para aumentar a produtividade das florestas e reduzir custos

24 geral No Abril Verde, juiz do TRT defende ações para prevenir acidentes de trabalho

46 iel Comitê gestor do PQF audita 1ª indústria do vestuário de MS para fornecer para grandes empresas

MS já tem até indústria que fabrica cosméticos, com lojas e revendedores em todo o Brasil

50 sesi Participação de alunos em feira nacional da USP consolida projetos de iniciação científica desenvolvidos pelos alunos

42 senai 18 FIEMS Nova Diretoria do Sistema Fiems é eleita para o quadriênio 2019-2023

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Instituição conta com 14 unidades móveis para atender trabalhadores da indústria de Mato Grosso do Sul

58 radar industrial Fique por dentro dos indicadores do setor industrial de MS


PAINEL DIGITAL

SISTEMA FIEMS NA REDE Fique por dentro dos nossos destaques nas redes sociais

Nossos jovens programadores mandaram muito bem no Festival SESI de Robótica, no Rio de Janeiro. Parabéns aos times Tupitech, da escola de Corumbá, e BR Racing, de Dourados. Vocês vão longe...

Se a oportunidade de novos negócios é boa, a FIEMS aposta! Formamos um grupo de trabalho para fomentar e facilitar a produção de energia solar fotovoltaica em MS #competividade #somosindústria

Tudo que se planta, se colhe. Nossa equipe foi pessoalmente ao Asilo São João Bosco entregar os alimentos arrecadados com a palestra “Marketing Digital na Prática”. Agradecemos a todos que participaram dessa corrente de solidariedade #gratidao

Parabéns

Em parceria com a construtora Plaenge e com o MPT/ MS (Ministério Público do Trabalho), a Escola Senai da Construção certificou mais uma turma de imigrantes haitianos para atuar no mercado da construção civil de Mato Grosso do Sul.

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D I RET ORI A

S IS TE MA F I E M S Diretor Corporativo: Cláudio Jacinto Alves Diretor Executivo: Anatole Verlaine Etges Superintendente do Sesi/MS: Bergson Henrique S. Amarilla Diretor Regional do Senai/MS: Rodolpho Caesar Mangialardo Superintendente do I EL/MS: José Fernando Gomes do Amaral

Revista da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul Diretor de Comunicação: Robson Del Casale (DRT/MS 064) Chefe de Redação: Daniel Pedra (DRT/MS 088) Jornalistas: Flávia Melo (MTB/MS 1032) Zana Zaidan (MTE/MS 1255) Fotos: Ademir Almeida, JJ Cajú, Nilson de Figueiredo, Ricardo Flores, Valdenir Resende e Dicom/Fiems Endereço: Avenida Afonso Pena, 1.206 - 2º Andar Bairro Amambaí - Campo Grande/MS - 79.005-901 E-mail: unicom@sfiems.com.br Site: www.fiems.com.br Fone: (67) 3389-9017 As opiniões contidas em artigos assinados são de total responsabilidade de seus autores, não refletindo, necessariamente o posicionamento do Sistema Fiems Revista Mensal - 10 mil exemplares

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Presidente: Sérgio Marcolino Longen 1° Vice-Pres.: Alonso Resende do Nascimento 2° Vice-Pres.: José Francisco Veloso Ribeiro 3° Vice-Pres.: Ivo Cescon Scarcelli 1º Vice-Pres Regional: Luiz Cláudio Sabedotti Fornari 2° Vice-Pres Regional: Sidnei Pitteri Camacho 3º Vice-Pres Regional: Lourival Vieira Costa 4º Vice-Pres Regional: Roberto José Faé 5º Vice-Pres Regional: Gilson Kleber Lomba 1° Secretário: Cláudia Pinedo Zottos Volpini 2° Secretário: Juarez Falcão Alves 3° Secretário: Irineu Milanesi 1° Tesoureiro: Altair da Graça Cruz 2° Tesoureiro: Edis Gomes da Silva 3° Tesoureiro: Milene de Oliveira Nantes Diretores Lenise de Arruda Viegas Edemir Chaim Asseff João Batista de Camargo Filho Ligia Queiroz de Brito Machado Kleber Luiz Recalde Isaías Bernardini Antônio Breschigliari Filho Julião Flaves Gaúna Marismar Soares Santana Marcelo De Carli Ferreira Marcelo Alves Barbosa Zigomar Burille Marcelo Galassi Osvaldo Fleitas Centurion Antônio Carlos Nabuco Caldas Nilvo Della Senta Conselho Fiscal Efetivos: Sandro Luiz Mendonça José Paulo Rímoli Silvana Gasparini Pereira Suplentes: José Aguilar Monteiro Edson Germano Irma Tinoco Atagiba Asseff Delegados junto à CNI Efetivos: Sérgio Marcolino Longen Roberto José Faé Suplentes: Irineu Milanesi Alfredo Fernandes


ED ITOR I A L

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O NOVO CI CL O DA B OR R A CH A

Brasil viveu duas fases do chamado “Ciclo da Borracha”, com a primeira começando na década de 1870, quando o surto migratório ganhou forma na Região Norte do Brasil, até o ano 1912, quando há uma retração da economia gomífera ocasionada pelo crescimento da concorrência internacional. Já a segunda fase foi alavancada pela 2ª Guerra Mundial, no contexto da “Era Vargas”, e marcada por uma verdadeira Batalha da Borracha, quando milhares de soldados sangravam as seringueiras para suprir demandas da indústria norte-americana. Agora, queremos reeditar, em Mato Grosso do Sul, um “Novo Ciclo da Borracha” e, nesse sentido, promovemos o “1º Encontro da Cadeia da Borracha do Estado”, realizado em parceria com a Famasul. A nossa intenção é a elaboração de um projeto de reestruturação de toda a atividade para que seja uma nova opção de agroindústria estadual. Na prática, o objetivo é que o projeto contemple todos os elos da produção de borracha, desde o plantio até a industrialização. Nossa ideia é olhar o início, o meio e o fim de toda a cadeia e, por isso, promovemos a reunião com os produtores rurais, que fazem parte do início da produção. É importante que todos conheçam o que esperamos com essa produção e que, a partir

de técnicas de manejo diferentes, possamos conseguir produzir diversos produtos a partir da borracha natural. A intenção é construir uma nova atividade econômica em Mato Grosso do Sul. Até já existe interesse de uma empresa de beneficiamento de borracha em se instalar no Estado. Ela se interessou pela nossa produção atual, mas temos uma série de possibilidades de produtos que são feitos com a borracha natural, então é interessante conhecermos essas alternativas e discutirmos a possibilidade de atrair outras indústrias, de diferentes ramos, que também podem se interessar pela nossa produção. Atualmente, temos um polo da borracha na região de Cassilândia e Paranaíba, mas que precisa de um estímulo e de uma readequação porque novas tecnologias foram pesquisadas e colocadas à disposição dos produtores. Por isso, precisamos reestruturar um projeto que vai desde o incentivo da produção, passando por tecnologia e inovação até a industrialização desse produto. A semente foi plantada e agora é esperar que floresça para que possamos colher os frutos em um futuro muito próximo.

SÉRGIO LONGEN Presidente do Sistema Fiems

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ENTREVISTA

ANDRÉ PEPITONE DA NÓBREGA DIRETOR-GERAL DA ANEEL

“Atualmente, um dos principais desafios do setor elétrico é reduzir o valor da tarifa de energia elétrica paga pelos consumidores”

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iretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) desde agosto de 2010, o engenheiro-civil André Pepitone da Nóbrega é o primeiro servidor efetivo da carreira de regulação nomeado para o

cargo máximo do órgão, onde atua desde 2005. Dentre as principais linhas de atuação do diretor estão as políticas energéticas para energias renováveis, inovação e redes inteligentes, caminhos de modelagem em direção a sistemas energéticos MS INDUSTRIAL | 2019 • 9


sustentáveis e liberalização dos mercados de energia. Em março, esteve em Campo Grande (MS) a convite da Fiems para discutir a composição da tarifa de energia elétrica em Mato Grosso do Sul e, após a ocasião, respondeu às perguntas sobre as perspectivas para o setor energético do Estado e como a Aneel vem atuando para reduzir os custos da energia elétrica no País. Um dos grandes pleitos do consumidor de energia elétrica é a redução da tarifa de energia. Qual o papel da Aneel neste sentido? Como a agência pode contribuir? Atualmente, um dos principais desafios do setor elétrico é reduzir o valor da tarifa de energia elétrica paga pelos consumidores. Neste cenário, a Aneel possui um papel que é de grande importância, seja no esclarecimento das razões que levaram aos aumentos percebidos, seja na promoção de um debate sério acerca das medidas que podem ser adotadas para se reverter o elevado patamar das tarifas, sem que sejam criadas novas distorções para o setor elétrico. O que a Aneel vem trabalhando é no levantamento de medidas que possam ser adotadas para mitigar os aumentos tarifários. Exemplo de medida, presente nesta agenda, é a antecipação da quitação do empréstimo da Conta-ACR. Esse empréstimo foi contraído em 2014 para suavizar o aumento das tarifas que ocorreriam naquele ano e possuía a data de abril de 2020 para quitação. Com a antecipação do pagamento, em setembro próximo, retiramos R$ 8,4 bilhões das contas de luz dos consumidores, que perceberão uma atenuação da ordem de 3,7% nos reajustes deste ano e de 1,2% em 2020.

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A discussão em torno dos subsídios pagos pelos consumidores de energia elétrica se estende há anos. O fim deles deverá entrar na pauta do Congresso este ano? Os subsídios que são pagos nas tarifas de energia elétrica precisam ser rediscutidos com a sociedade. O Poder Legislativo tem um papel importante nesta discussão, tendo em vista que a maioria dos subsídios foram estabelecidos em lei. Não há dúvida que todo subsídio é instituído em defesa de interesses legítimos, por vezes socialmente relevantes.

Entretanto, é sempre importante indagar quão impactante pode ser alguns consumidores estarem custeando desconto para outros consumidores, cujos benefícios são, em muitos casos, exógenos ao setor elétrico. Atualmente, praticamente todos os subsídios que são concedidos nas tarifas são custeados pela Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que é bancada pelos consumidores. No ano de 2019, o orçamento da CDE foi da ordem de R$ 20 bilhões. Um valor elevado quando se considera que a receita anual proveniente das tarifas,

“Está prevista a entrada em operação, nos próximos cinco anos, de 850 quilômetros de linhas de transmissão de energia elétrica em Mato Grosso do Sul, com investimentos de R$ 820 milhões e geração de 2 mil empregos.”

- ANDRÉ PEPITONE DA NÓBREGA Diretor-Geral da Aneel


sem impostos, foi de R$ 164 bilhões em 2018. Qual seria a forma de baratear os custos de produção de energia no País? Primeiramente, é importante pontuar que os aumentos dos custos de geração de energia verificados nos últimos anos decorrem principalmente da crise hídrica que o País vem passando desde 2014. Consequentemente, um número maior de usinas termelétricas vem sendo despachado, com custos superiores aos da geração hídrica. Também é importante destacar que nos próximos anos uma quantidade elevada de usinas térmicas terá os seus contratos de venda de energia finalizados. Essa será uma oportunidade importante para o Poder Concedente substituir essa energia por usinas térmicas mais modernas e de menor custo para o sistema. Em relação à adoção de fontes de energias alternativas, como a solar, biomassa e eólica, como o Brasil vem evoluindo? Há uma tendência de mais investimentos nestes sistemas? Os resultados dos Leilões de Energia Nova, promovidos pela Aneel nos últimos anos, têm demonstrado que essas fontes de energia já são competitivas, em especial a fonte eólica. O nível de competitividade e os deságios obtidos demostram que a tendência é de aumento da participação dessas fontes na matriz energética brasileira. Contribui para esse resultado o ambiente regulatório existente. Assim, há uma tendência de mais investimentos nessas fontes de energia. Em relação às privatizações das distribuidoras de ener-

gia. O senhor acredita ser uma tendência? É um formato que vai ao encontro dos interesses do consumidor? As distribuidoras do grupo Eletrobras, que foram licitadas recentemente, prestavam o serviço de distribuição com uma qualidade que estava aquém dos padrões exigidos pela Aneel. Nos últimos anos, a Eletrobras também perdeu a capacidade de realizar os investimentos necessários nestas concessões. Por essas razões, quando da discussão da renovação dos contratos de concessão dessas distribuidoras, a Eletrobras decidiu por não prorrogálos. A solução definitiva veio com a privatização dessas empresas. A expectativa que se tem é que no médio prazo a qualidade da prestação do serviço nessas áreas melhore. Neste sentido, a melhora esperada com a prestação do serviço de distribuição vai ao encontro dos interesses do consumidor. Quais investimentos as empresas reguladas pela Aneel realizaram em Mato Grosso do Sul nos últimos anos? Existem novos previstos a curto e longo prazo? Atualmente, em Mato Grosso do Sul estão sendo construídas duas PCHs (Pequena Central Hidrelétrica). Uma PCH será instalada no curso do Rio Sucuri e a outra no Rio Indaiá Grande. Essas duas usinas vão agregar 45 MW na potência instalada do Estado, que atualmente totaliza 2.519 MW. Também está prevista a entrada em operação, nos próximos cinco anos, de 850 quilômetros de linhas de transmissão, com investimentos estimados de R$ 820 milhões. A expectativa é que as obras de transmissão gerem aproximadamente 2 mil empregos.

“Nos próximos anos uma quantidade elevada de usinas térmicas terá os seus contratos de venda de energia finalizados. Essa será uma oportunidade importante para substituir essa energia por térmicas mais modernas e de menor custo para o sistema.” MS INDUSTRIAL | 2019 • 11


FALA, INDÚSTRIA

Mato Grosso do Sul já tem uma boa relação comercial com o Paraguai e, agora, estreitamos os laços com a Argentina.” J O SÉ FE RN A N D O D O A M A RA L superintende do IEL Durante evento do Consulado Geral da Argentina no Brasil em parceria com o CIN (Centro Internacional de Negócios)

O Sesi atua com pesquisas e inovação tecnológica para, constantemente, aprimorar e oferecer novas e acessíveis soluções em segurança e saúde no trabalho, de forma a contribuir para eliminar ou reduzir a ocorrência dos acidentes e doenças no trabalho na indústria da construção.” BERGSON AMARI L L A superintendente regional do Sesi

As indústrias de todo o País têm se interessado cada vez mais pelo aproveitamento da biomassa e temos desmistificado esse assunto, além de realizar parcerias no desenvolvimento de projetos, envolvendo sustentabilidade, área química e energia renovável.” R O DOLPH O M A N GIA LA RD O diretor regional do Senai Sobre o ISI Biomassa, em Três Lagoas.

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Durante abertura da CANPAT (Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho) 2019

Nos próximos três anos, o foco dessa nova gestão é viabilizar cursos de aperfeiçoamento e capacitação no gerenciamento das empresas para torná-las mais competitivas.” ALTAI R DA GRAÇA CRUZ Eleito presidente do Sindigraf/MS para o triênio 2019/2022.


“Novas frentes do setor industrial merecem a nossa atenção. Estamos com um trabalho forte voltado para a produção de papel, fontes de energia alternativa e a cadeia da borracha” S É R GI O L O N GEN presidente da Fiems

Se hoje o FDCO (Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste) não tem recursos suficientes para atender às demandas dos Estados do Centro-Oeste, não é culpa do setor produtivo. Os gestores têm de buscar uma maior capitalização desse fundo com a União.”

Sobre novas oportunidades de negócios em MS

CL ÁUDI A VOL PI NI diretora da Fiems e representante da federação no Conselho do FCO

Sobre a utilização de recursos do fundo para financiamento de obras públicas.

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INDÚSTRIA 4.0

INOVAÇÃO NA FLORESTA Em Três Lagoas (MS), Suzano investe em tecnologias para aumentar a produtividade das florestas e reduzir custos

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stá em andamento uma revolução na indústria. As novas tecnologias vão aumentar a produtividade e colocar a inovação no centro de todas as etapas do processo produtivo. Como nunca antes, inovar obrigatoriamente fará parte da estratégia de desenvolvimento e crescimento econômico. A Suzano S.A., resultado de uma fusão entre a Fibria e a Suzano, concluída em janeiro deste ano, produz celulose de eucalipto a partir de florestas plantadas em Três Lagoas, no Leste de Mato Grosso do Sul, investindo em tecnologia para modernizar a gestão florestal. Com o projeto “Tecnologia na Floresta”, uma série de ações estão em andamento nas unidades da empresa. O uso de drones e de Veículos Aéreos Não Tripulados (Vant) é cada vez mais comum e os resultados, além de maior eficiência, incluem a redução de custos. Prospectar áreas com o uso de Vant, por exemplo, tem um custo por hectare cerca de 30% menor

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que no trabalho de campo feito com equipes utilizando GPS, segundo cálculo do coordenador corporativo de Cadastro e Geoprocessamento da Fibria, Dennis Bernardi. Essa atividade inclui avaliar áreas destinadas aos plantios florestais da empresa. Na unidade de Três Lagoas foi realizada a identificação de novas áreas para formação da base florestal do Projeto Horizonte 2, a segunda fábrica de celulose construída pela companhia na cidade. “Conseguimos levantar entre 500 hectares e 1.000 hectares por dia, contra um mapeamento máximo de 250 hectares/dia com equipe em campo utilizando GPS”, afirma Bernardi, destacando o ganho em produtividade. Segundo o coordenador da Fibria, as imagens de altíssima resolução espacial do Vant permitem uma melhor visualização e avaliação do uso e ocupação do solo, facilitando a tomada de decisão em relação à contratação final do imóvel. “Nesse projeto, avaliamos mais de 500 mil hectares

a partir de imagens de satélite e selecionamos para mapeamento, com o uso de Vant, mais de 130 mil hectares”, diz Bernardi. QUALIDADE MONITORADA DO ALTO - As imagens aéreas também são utilizadas pela Suzano S.A. para monitorar a qualidade das operações de colheita. A partir do uso de drones, a empresa filma ou fotografa a operação e, pela avaliação das imagens, identifica eventuais necessidades de adequação do processo. “O uso dos drones aprimorou a qualidade do controle realizado e aumentou a produtividade do monitoramento, antes feito por terra e com grande dispêndio de tempo em caminhadas dentro dos talhões de eucalipto”, afirma o gerente de Colheita Florestal da empresa em São Paulo, Luiz Sérgio Coelho Cerqueira Filho. A partir das imagens, explica ele, são avaliados aspectos como a formação das pilhas de madeira (alinhamento das toras e disposição no talhão), disposição de resíduos (cascas e galhos), to-


“TECNOLOGIA NA FLORESTA”

A partir de um diagnóstico, a Suzano S.A estruturou a gestão de iniciativas de digitalização da floresta no “Tecnologia na Floresta”, liderado pela área Florestal. Foi criada uma arquitetura de coleta, comunicação, análise e disponibilização de dados, em que todas as ações de novas tecnologias são centralizadas no projeto. São quatro frentes de implementação de novas tecnologias: plantio (silvicultura), colheita, logística de madeira e análise sistêmica de dados. Mais de 50 projetos já foram implementados até o momento.

ras não baldeadas, entre outros. “Assim, é possível observar se a operação está dentro do padrão de qualidade estabelecido”, diz o gerente da Fibria. DRONES E PESSOAS - O uso de drones também é fundamental para aprimorar o desenvolvimento de pessoas. A empresa tem investido em treinar os operadores para atingir sempre a melhor qualidade e produtividade em seus processos. “Com o uso dos drones temos um diagnóstico preciso dos movimentos das máquinas de colheita que precisam ser corrigidos e do ajuste necessário para garantir boa qualidade operacional, segurança e respeito ao meio ambiente”, explica Luiz Sergio. Anteriormente, esse trabalho era feito por meio de filmagem em solo. Hoje, o técnico de desenvolvimento filma a operação do alto, tendo de forma clara e rápida o diagnóstico do que precisa ser trabalhado. MONITORAMENTO ONLINE - Outra iniciativa inovadora que integra o “Tecnologia

na Floresta” é a Central de Controles Operacionais de Logística (CCOL), que possibilita o monitoramento online, 24 horas por dia, da frota de veículos de transporte de madeira em Três Lagoas, garantindo um aumento de 8% na produtividade e redução de 2% no consumo de diesel. “A criação do CCOL foi planejada minuciosamente e, desde o início de seu funcionamento, conseguimos aprimorar a segurança e a eficiência da gestão logística. Os ganhos se refletem no aumento da produtividade e também na redução do consumo de combustível”, afirma Tomás Balistiero, gerente-geral de Operações Florestais da empresa no Estado. Por meio de computadores de bordo, instalados nos painéis das carretas, a CCOL recebe informações via transmissão por satélite, GPS (que indica a localização) e telemetria (para medição de distâncias) que possibilitam observar detalhes relacionados à segurança da operação, respeito às normas de trânsito e cumprimento da jornada de trabalho,

bem como o período de descanso dos motoristas das empresas terceirizadas responsáveis pelos serviços. Em termos de produtividade, a CCOL consegue acompanhar o tempo de deslocamento, carga e descarga. Dessa forma, é possível aprimorar as operações e intensificar treinamentos com os profissionais, em casos de detecção de problemas durante o processo. Outro benefício é a economia no consumo de combustível. Por meio das informações recebidas pela CCOL, a empresa também afirma ser possível traçar rotas estratégicas que otimizam trajetos, garantindo a redução no consumo de 50 mil litros de diesel por mês. O monitoramento da velocidade dos veículos, desvios de rotas e freadas bruscas também contribuiu para a economia de combustível, que ainda trouxe como consequência positiva a diminuição de emissão de CO2 (dióxido de carbono, gás do efeito estufa, que agrava o aquecimento do planeta), garantindo menor impacto para o meio ambiente. MS INDUSTRIAL | 2019 • 17


FIEMS

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NOVOS

RUMOS Por unanimidade de votos, a nova Diretoria do Sistema Fiems é eleita para o quadriênio 2019-2023, tendo à frente o empresário Sérgio Longen (foto) MS INDUSTRIAL | 2019 • 19


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eunir, ouvir, mobilizar e liderar os empresários da indústria de Mato Grosso do Sul na defesa de propostas que melhorem o ambiente de negócios. Atenta ao futuro, a nova Diretoria do Sistema Fiems, eleita no dia 5 de abril para conduzir a entidade que representa a indústria sulmato-grossense pelos próximos quatro anos - de 2019 a 2023 -, terá como prioridade criar novas oportunidades de investimentos para o empresário do Estado. Reconduzido para mais um mandato à frente da Federação, o empresário Sérgio Longen, que atua no segmento da indústria da alimentação, afirma que o momento pede o desenvolvimento de novas cadeias para o setor. Ao assumir a presidência da Fiems pela primeira vez, em 2007, Longen e a então diretoria da federação vislumbraram a necessidade de fomentar o sucroenergético de Mato Grosso do Sul. Agora, 12 anos depois, a aposta será nas fontes de energia alternativas, fabricação de papel e cadeia da borracha. “Quando assumimos a Federação, 12 anos atrás, defendíamos a industrialização do Estado via setor sucroenergético, que na época era o sucroalcooleiro. À época existiam grandes dificuldades, porque as colheitas eram feitas manualmente. Hoje, a colheita é toda mecanizada, e as usinas [produzem etanol, energia e açúcar, e não apenas álcool. Entendo que, agora, novas frentes do setor industrial merecem a nossa atenção”, disse Longen, após o resultado da eleição. “Nosso foco, agora, é ampliar as oportunidades de investimentos e, desta forma, as frentes de desenvolvimento e geração de emprego do nosso Estado”, completou. Entre as frentes de atuação a serem articuladas pela nova Diretoria do Sistema Fiems estão a produção de papel. O objetivo é transformar a cadeia produtiva do segmento, já consolidado com as florestas de eucalipto no munícipio de Três Lagoas e região – e alçar Mato Grosso do Sul de um produtor de celulose a um fabricante do papel.

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CONFIRA ABAIXO A COMPOSIÇÃO DA NOVA DIRETORIA DA FIEMS PARA O QUADRIÊNIO 2019-2023: Presidente: Sérgio Marcolino Longen 1ª vice-presidente: Claudia Pinedo Zottos Volpini 2º vice-presidente: Alonso Resende do Nascimento 3º vice-presidente: José Francisco Veloso Ribeiro 1º vice-presidente regional: Luiz Claudio Sabedotti Fornari 2º vice-presidente regional: Roberto José Faé 3º vice-presidente regional: Romildo Carvalho Cunha 4º vice-presidente regional: Francisco Giobbi 5º vice-presidente regional: Lourival Vieira Costa 6º vice-presidente regional: Gilson Kleber Lomba 1º diretor-secretário: Silvana Gasparini Pereira 2º diretor-secretário: Antônio Carlos Nabuco Caldas 3º diretor-secretário: Zigomar Burille 1º diretor-tesoureiro: Altair da Graça Cruz 2º diretor-tesoureiro: Edis Gomes da Silva 3º diretor-tesoureiro: Nilvo Della Senta Diretores João Batista de Camargo Filho Antônio Breschigliari Filho Julião Flaves Gaúna Marcelo Alves Barbosa Edemir Chaim Asseff Alfredo Fernandes Marcelo De Carli Ferreira Cláudio George Mendonça Marismar Soares Santana Regis Luís Comarella Walter Ferreira Cruz Walter Gargione Adames Vagner Rici Silvio Roberto Padovani Omildson Regis Guimarães José Eduardo Maksoud Rahe Conselho Fiscal: Efetivos Milene de Oliveira Nantes Ivo Cescon Scarcelli Lenise de Arruda Viegas Suplentes: Egon Hamester Edson Luiz Germano de Souza Irma Tinoco Atagiba Asseff Delegados Suplente junto à CNI: Efetivos: Sérgio Marcolino Longen Claudia Pinedo Zottos Volpini Suplentes: Roberto José Faé José Francisco Veloso Ribeiro


“Este é um desafio que assumimos, com boas perspectivas de que o novo momento político possa alavancar a economia.” - CLAÚDI A VOL PI NI

1ª vice-presidente da Fiems eleita

Há também, segundo Longen, um forte trabalho voltado para a produção de energia, nos mais variados modais, como o eólico, energia solar fotovoltaica e energia de biomassa. “Precisamos produzir mais energia, isso fortalece a sociedade como um todo, porque o custo na energia é muito caro hoje”, defendeu. “E também outras cadeias, como a da borracha, que também já estamos trabalhando forte para fomentá-la”, acrescentou. Eleita 1ª vice-presidente da Fiems, a empresária Cláudia Volpini, do segmento cerâmico, afirmou que os novos investimentos articulados pela federação visam desenvolver os municípios do Estado. “Este é um desafio que assumimos, com boas perspectivas de que o novo momento político possa alavancar a economia. É com este espírito que a Fiems vai atuar, de atrair novos investimentos, atuar para desenvolver a indústria e, consequentemente, os municípios de Mato Grosso do Sul como um todo”, disse. 1ª secretária da chapa eleita, a empresária Silvana Gasparini, da indústria de laticínios, disse que o trabalho também estará voltado para melhorar a confiança do empresário. “Os anos anteriores foram bastante difíceis se considerarmos o ambiente de negócios, então nosso papel será transformar essa realidade, ajudar as indústrias a superarem. Vemos um empresário bastante empenhado em ampliar a produtividade, fomentar negócios, porém, ainda com um pouco de insegurança”, considerou. MS INDUSTRIAL | 2019 • 21


GIRO DA INDÚSTRIA

N OVO M DI C ? Sem o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MCTIC), extinto pelo presidente Jair Bolsonaro, o governo federal anunciou a criação da chamada Câmara Brasileira da Indústria 4.0. A ideia é de debater o tema com os meios empresarial e acadêmico, de forma a facilitar a integração de iniciativas de fomento da indústria 4.0, a manufatura avançada e a internet das coisas, que integra dispositivos eletrônicos usados no dia a dia à internet. Nove entidades compõem o conselho superior da Câmara, que tem caráter deliberativo: BNDES, CNI, Ministério da Economia, Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), Sebrae e Associação Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Emprapii).

INCÓ G NITA

CO N TA DE L UZ S U B S I D I A DA Não foi uma, nem duas vezes, que o diretorgeral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), André Pepitone, creditou os reajustes das tarifas de energia pelas distribuidoras brasileiras aos chamados “subsídios tarifários”, que concedem descontos a determinadas faixas de consumidores e a setores econômicos estratégicos. Acontece que grande parte do que os beneficiados deixam de pagar é repassada aos demais consumidores por meio da fatura de energia elétrica – R$ 20,2 bilhões em 2019.

Às vésperas de encerrar o mandato, Michel Temer editou o decreto 9.642/2018, que reduz progressivamente, em um prazo de cinco anos, os benefícios concedidos por meio da conta de luz. A questão ainda é uma incógnita. Não se sabe se o presidente Jair Bolsonaro vai manter este decreto, engavetá-lo ou reeditá-lo.

C U S T O BR A S IL?

sobretaxa

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O comércio do Brasil com Países do G20, as 20 maiores economias do mundo, tende a sofrer uma sobretaxa 120% maior do que a atual, caso a guerra comercial entre Estados Unidos e China e o aumento do protecionismo continuem a reduzir a abrangência da OMC (Organização Mundial do Comércio). A análise é da CNI (Confederação Nacional da Indústria). O estudo aponta que, se os impostos de importação voltarem ao patamar pré-OMC, em meio ao enfraquecimento da instituição, os exportadores brasileiros passariam a pagar US$ 6,3 bilhões a mais em impostos nas vendas para os Países do G20.


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G ERAL

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ABRIL VERDE O juiz do trabalho Márcio Alexandre da Silva defende maior discussão para que a população deixe de pensar que acidentes de trabalho fazem parte da rotina das empresas

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número de acidentes de trabalho registrados em Mato Grosso do Sul teve um aumento de 3% entre 2017 e 2018, saltando de 8.091 para 8.331 acidentes notificados. Os dados são da Previdência Social e estão sobre a mesa do juiz do trabalho e coordenador do programa Trabalho Seguro, Márcio Alexandre da Silva, que defende um maior debate sobre o assunto e não apenas durante o “Abril Verde”, mês destinado à conscientização para a prevenção desses acidentes e quando diversos públicos são iluminados de verde. “Eu ainda vejo esse movimento com pouca repercussão na sociedade e acho que isso se deve fundamentalmente ao fato de que as pessoas entendem esses acidentes como algo comum, que fazem parte da rotina das empresas. O próprio nome já sugere uma coisa fortuita. É como se esses eventos acontecessem quase sem querer. Daí a necessidade de discutir mais os acidentes, mas acima de tudo dar mais visibilidade aos acidentes”, afirma Márcio Alexandre. Para isso, o TRT/MS (Tribunal Regional do Trabalho de Mato Grosso do Sul), o MPT (Ministério Público do Trabalho), a Superintendência Regional do Trabalho, o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de MS, o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de Campo Grande, Fundacentro (Fundação Jorge Duprat Figueiredo) e o Sindicato dos Trabalhadores na Área da Saúde de MS formam um grupo de trabalho interinstitucional que se reúne periodicamente para analisar a situação de determinadas profissões no Estado. “Temos dados estatísticos atualizados dentro de um sistema de informática que nós mesmos criamos. Recebemos as informações da Previdência Social e conseguimos detectar de modo bastante atualizado quais são as profissões que mais sofrem acidentes, quais as empresas que mais notificam acidentes do trabalho e quais as causas, se são de

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SINDUSCON, SESI E CBIC DIVULGAM AÇÕES DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES O Sinduscon/MS (Sindicato da Indústria da Construção Civil de Mato Grosso do Sul), Sesi e CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), em parceria com entidades ligadas ao trabalho, promoveram, no dia 28 de março, no auditório da Escola Senai da Construção, em Campo Grande (MS), o lançamento da CANPAT 2019 (Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho) na Indústria da Construção. A iniciativa, que visa a promoção de uma cultura de segurança e mobilização da sociedade para ações de prevenção no ambiente de trabalho, porém, é realizada desde agosto do ano passado, quando o Sesi promoveu uma série de ações de sensibilização nos canteiros de obras de Mato Grosso do Sul.

Na presença de empresários da construção civil e técnicos de segurança do trabalho, o presidente do Sinduscon/MS, Amarildo Miranda Melo, apresentou um balanço das ações: foram mobilizados 651 trabalhadores de cinco empresas – Plaenge, Vanguard, Vanguard Home, HVM, Tecol e RG Engenharia – em seis canteiros de obras. Essa é a primeira vez que Campo Grande recebe a CANPAT direcionada especificamente para o segmento da construção civil e, para a Amarildo Miranda, a campanha já obteve resultados expressivos entre empresários e trabalhadores. “Nosso objetivo é enraizar uma cultura de prevenção. Que, para o trabalhador, usar um equipa-

Aumento de 3% em acidentes de trabalho de 2017 para 2018 em MS

trajeto, se são acidentes típicos e também as doenças ocupacionais, que são equiparadas a acidentes, mas só percebemos depois de um tempo”, explica o juiz. A base de dados utilizada

pelo grupo é a mesma utilizada pela Previdência Social, no entanto a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Es-


mento de segurança seja como colocar o cinto de segurança ao entrar no carro, uma coisa automática. E, para o empresário, já existe o entendimento de que, hoje, as pessoas não avaliam apenas a qualidade do serviço de uma empresa, mas também se ela é comprometida com questões ambientais, proporciona um ambiente seguro para seus trabalhadores. É uma campanha na qual todos saem ganhando”, afirma o presidente do Sinduscon/MS. Além das ações de sensibilização nos canteiros de obras, o superintendente regional do Sesi, Bergson Amarilla, destaca que a instituição conta com um programa de saúde e segurança no trabalho voltado especificamente para a indústria da construção, além da atuação do Centro de Inovação que, de Campo Grande, desenvolve soluções inovadoras para prevenção de acidentes em todo o

tatística), apresenta números diferentes. “Em 2017, 4 milhões de brasileiros responderam já terem sofrido algum acidente de trabalho, enquanto no mesmo ano a Previdência registrou 400 mil notificações. Então é importante entender uma diferença: não significa que a empresa que mais notifica é a que mais causa acidentes de trabalho”, lembrou Márcio Alexandre. APOIO – Para ele, as notificações são importantes para que haja um maior controle sobre os acidentes de trabalho e para que sejam realizadas ações mais direcionadas no sentido de prevenir. Entre essas ações, o juiz Márcio Alexandre da Silva destaca a parceria que o TRT/MS tem há anos com a Fiems para que esses acidentes diminuam. “É interesse da indústria também que esses acidentes diminuam, porque eles trazem prejuízos para as empresas. Para uma úni-

País. “O Sesi atua com pesquisas e inovação tecnológica para, constantemente, aprimorar e oferecer novas e acessíveis soluções em segurança e saúde no trabalho, de forma a contribuir para eliminar ou reduzir a ocorrência dos acidentes e doenças no trabalho na indústria da construção”, pontua. O vice-presidente de políticas de relações do trabalho da CBIC, Fernando Guedes Filho, explica que, para este ciclo da CANPAT, o foco será na prevenção de acidentes durante o trabalho em altura. “Trata-se do problema mais sensível na construção civil. Costumo dizer que este setor precisa de ações mais específicas, tanto de conscientização, como a nossa campanha, quanto por meio de inovação, como o trabalho do Centro de Inovação do Sesi, que é fundamental para trazer tecnologias para prevenção de acidentes”, avalia.

ca empresa, os prejuízos podem ser de ordem do absenteísmo do trabalhador, que precisa se afastar por causa do acidente, ou uma indenização trabalhista de razoável valor, às vezes podendo até inviabilizar a continuidade das atividades da empresa. E o acidente em si, dentro da empresa, abala os demais trabalhadores, gerando um clima de medo, afetando a produtividade da equipe. Então a Fiems se interessa nessa prevenção”, detalha. Ainda conforme o juiz, já foram realizadas visitas em diversas indústrias do Estado como parte do programa Trabalho Seguro. “Visitamos empresas em Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo. Além disso, vale a pena reforçar o Centro de Inovação do Sesi, inaugurado há quase um ano, voltado para o desenvolvimento de tecnologias para saúde e segurança do trabalhador. E no Abril Verde, a Fiems tem sido uma grande parceira, nos ajudando na divulgação do movimento”, conclui.

“É interesse da indústria também que esses acidentes diminuam, porque eles trazem prejuízos para as empresas. Para uma única empresa, os prejuízos podem ser de ordem do absenteísmo do trabalhador…” - MÁRCIO ALEXANDRE DA SILVA

Juiz do Trabalho TRT/MS

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CORRIDA DA BORRACHA Projeto de reestruturação da cadeia da borracha em Mato Grosso do Sul tornará o Estado referência em heveicultura

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região leste de Mato Grosso do Sul pode se tornar um dos maiores polos produtivos de borracha do País, propiciando a geração de empregos e renda por várias décadas e trazendo ainda grande desenvolvimento econômico, social e ambiental. A Fiems, a Famasul, a Semagro (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar) e a Sefaz (Secretaria de Estado de Fazenda) trabalham desde julho de 2018 num projeto de estruturação da cadeia da borracha no Estado. Segundo o presidente da Fiems, Sérgio Longen, o objetivo é que o projeto contemple todos os elos da produção de borracha, desde o plantio à industrialização. “Queremos atrair indústrias da cadeia produtiva da borracha para Mato Grosso do Sul e, consequentemente, benefícios para produtores rurais e investimentos nas florestas de seringueira”, afirmou. Ele acrescentou que já existe interesse de uma empresa de beneficiamento de borracha se instalar no Estado. “Essa é uma empresa que se interessou pela nossa produção atual, mas te30 •

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mos uma série de possibilidades de produtos que são feitos com a borracha natural, então é interessante conhecermos essas alternativas e discutirmos a possibilidade de atrair outras indústrias, de diferentes ramos, que também podem se interessar pela nossa produção”, completou. Na mesma linha, Mauricio Saito reforçou a importância de ampliação do leque de atividades econômicas do Estado. “A partir de levantamentos do Senar, podemos afirmar que Mato Grosso do Sul tem um grande potencial para a heveicultura, que é a cultura de seringueira para produção de borracha natural, e é uma oportunidade de ampliarmos o leque de atividades agrícolas que desenvolvemos em nosso Estado, podendo gerar mais emprego e renda para o homem do campo”, considerou. Ainda conforme Saito, existe um déficit de 170 mil hectares de áreas para tornar a produção nacional de borracha autossuficiente no Estado. “Segundo zoneamento nacional para seringueiras feito pela Embrapa, Mato Grosso do Sul possui áreas degradadas com aptidão para o cultivo da floresta. O propósito é


encontrar alternativas para efetivamente avançar e fortalecer o segmento”, ressaltou. ATIVIDADE EM EXPANSÃO - Estudo realizado entre os meses de julho e setembro de 2018 pela Semagro revela que a heveicultura (plantio de seringueira para a produção de borracha) desponta como uma atividade econômica sustentável, com grande capacidade de expansão, rendimento e geração de emprego e renda, tanto para o setor empresarial, quanto para a agricultura familiar no Estado. Dados do IBGE revelam que a área plantada com seringueira cresceu 1,2% em 2016, sendo Mato Grosso do Sul o Estado que apresentou a maior taxa média de crescimento anual nos últimos cinco anos, 14,5% ao ano, seguido de Goiás (11,9% a.a.) e Minas Gerais (9,1% a.a.). São Paulo, maior produtor nacional de borracha, apresentou taxa média de crescimento, de 3,7% ao ano, no mesmo período, sendo a média nacional de 3,1%. “Mato Grosso do Sul conta atualmente com 22.648 hectares de seringueira, distribuídos por 243 propriedades em 29 municípios. Nosso diagnóstico demonstra que a heveicultura é uma atividade que necessita da atenção do Governo e do setor produtivo devido ao potencial de geração de emprego e renda. É uma opção para a diversificação de produção nas propriedades rurais. Por isso a estruturação do setor é necessária”, aponta o secretário Jaime Verruck. Atualmente, as propriedades com plantio de seringueira MS INDUSTRIAL | 2019 • 31


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MS COMO PRIMEIRO POLO DE REFERÊNCIA CIENTÍFICA DO PAÍS Por ser uma atividade relativamente nova para o produtor sul-matogrossense, fatores tecnológicos, de gestão e distribuição da produção, além da organização da classe produtora, são alguns dos entraves que têm dificultado o crescimento da heveicultura em Mato Grosso do Sul. Estes mesmos aspectos, que hoje são considerados pontos fracos para o crescimento da cadeia, podem se tornar pontos fortes, se analisados e tratados de forma integrada, entre o setor público e privado. Para dar subsídios técnicos para o projeto de reestruturação da cadeia da borracha no Estado, a Fiems e a Famasul promoveram nos dias 11 e 12 de março o 1º Encontro da Borracha, que contou com a participação do presidente da Assembleia Legislativa, Paulo Corrêa, de técnicos da Semagro (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento

Econômico, Produção e Agricultura Familiar), da Sefaz (Secretaria de Estado de Fazenda) e representantes da Bioworldtech, empresa de biotecnologia para o agronegócio. Durante as discussões, o CEO da Bioworldtec, Gilmário Libório, destacou que o projeto traz a oportunidade de Mato Grosso do Sul se tornar o primeiro polo de referência científica de desenvolvimento da cadeia de borracha do Brasil.

1º Encontro da Borracha reuniu representantes do setor produtivo, Assembleia, Governo do Estado e empresa de biotecnologia para o agronegócio

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O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Paulo Corrêa, o diretor corporativo da Fiems, Cláudio Alves, e o presidente da Fiems, Sérgio Longen

“Nossa empresa tem o objetivo de criar uma cultura sustentável na produção da borracha e temos uma série de produtos que podem auxiliar no manejo e na produção, melhorando a produtividade, e podemos contribuir tecnicamente com esse projeto, mas acredito que o grande diferencial é que temos parceria com universidades na produção de pesquisa que pode ajudar o Estado a se tornar uma referência científica na área”, destacou. Ele reforçou que a Bioworldtec tem no seu DNA a produção científica. “Desta forma poderemos disponibilizar estes bens científicos, que são estudos científicos comprovados sobre as sementes e insumos orgânicos e mecânicos mais adequados para cada região, e na padronização dos procedimentos, com preparação do terreno, plantio, tratos culturais, colheita, armazenamento, transporte, beneficiamento e comercialização”, explicou.

Ainda conforme Gilmário Libório, a Bioworldtec foi criada no mundo acadêmico e sinergia com as universidades é um valor permanente da empresa. “Temos a oportunidade de gerar convênios com as universidades para atender as mais variadas demandas na cadeia produtiva da borracha, desde a escolha do clone mais adequado, produtivo e adaptado para cada região, desenvolver estudo de solo e buscar a nutrição mais completa para o melhor desempenho produtivo”, completou. Na avaliação do CRO da Bioworldtec, Marcelo Cavarsan, responsável pela área de estratégia e gestão de risco da empresa, o encontro para elaboração de um projeto de reestruturação da cadeia da borracha representa uma nova história para o setor em Mato Grosso do Sul. “É um mercado que apresenta boas oportunidades e a ideia aqui é justa-

mente discutir as possibilidades de agregar ainda mais valor ao que for produzido pelos seringais, porque com a borracha, é possível produzir cerca de 40 mil produtos”, pontuou. Com mais de 40 anos de atuação na área da borracha, o engenheiro químico Eduardo Budemberg, que é diretor de tecnologia da Bioworldtec, destacou as novas tecnologias desenvolvidas pela empresa para melhorar a produtividade das seringueiras, principalmente com relação à estimulação para aumentar a produção de látex. “Acho muito importante termos essa oportunidade de discussão num Estado que tem demonstrado interesse em desenvolver a cadeia da borracha, que tem grande potencial para a heveicultura, pois tem um solo propício. Sem falar que o Brasil é carente de borracha natural, importando 65% do total de borracha natural consumida aqui”, ressaltou.

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C A PA concentram-se, principalmente, na região leste do Estado, com destaque para a participação dos municípios de Cassilândia e Aparecida do Taboado, que juntos respondem a 47,69% da área implantada no Estado. A maioria dos seringais, 85,53% do total, encontra-se em fase de crescimento e formação, com idades entre um e seis anos. Fatores climáticos, favoráveis ao desenvolvimento da seringueira, como precipitação, umidade relativa do ar e temperatura, justificam a concentração dos plantios na Costa Leste do Estado. Além disso, há a proximidade com os principais polos produtivos do País, como São Paulo, Goiás e Bahia. Mato Grosso do Sul apresenta, ainda, benefícios em relação ao preço de aquisição da terra, se comparado ao Estado de São Paulo, que atualmente possui a maior área com seringueira do País. Segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), em 2006 havia aproximadamente 600 mil árvores de seringueira em Mato Grosso do Sul, o que equivale a 1,2 mil hectares de área plantada. De acordo com o diagnóstico da Semagro, com a alta dos preços observada no início desta década, ocorreu o estímulo para o aumento da área plantada no Estado. Atualmente, estima-se o cultivo de 11.268.355 árvores nos 22.648 hectares levantados no Estado, em comparação com os dados apresentados pela Conab, foram acrescentados até o momento, mais de 10,5 milhões de plantas, ocupando uma área 34 •

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PROJETO DE REESTRUTURAÇÃO EMPOLGA PRODUTORES O 1º Encontro da Borracha, realizado pela Fiems e Famasul, trouxe um novo ânimo para os produtores rurais que investem na heveicultura em Mato Grosso do Sul como alternativa para a diversificação de produção. Para eles, a estruturação do setor, da produção ao processamento da matéria prima, poderá trazer resultados sociais e econômicos para o Estado. O presidente da Aprobat (Associação dos Produtores de Borracha de Aparecida do Taboado e Região), Eduardo Antônio Sanches, defendeu políticas e eventos que tragam mais conhecimento técnico sobre as inovações na produção de borracha. “A heveicultura em Mato Grosso do Sul é muito nova, com uma cultura de seringueira que foi iniciada em 2009 e que só agora começou a produzir. A grande expectativa é que a partir de 2022 Mato Grosso do Sul saia da 11ª posição e passe figurar em 5º lugar no ranking de produção de látex do País. Por isso eventos como esse são muito importantes e esse projeto é fundamental para desenvolvermos a atividade no Estado”, reforçou. O produtor rural Agnaldo Gomes, que cultiva seringueiras na região de Cassilândia, parabenizou a Fiems e a Famasul pela realização do evento. “Acho importante o que as duas federações estão fazendo, porque tenho viajado o País e até agora não vi nenhum Estado promovendo ações de apoio à heveicultura, sem falar na oportunidade que estamos tendo aqui de ter acesso às novas tecnologias e produtos que podem ser utilizados para otimizar a produção”, comentou. Para o produtor rural Maurício Palombo, de Camapuã, o projeto de reestruturação da cadeia da borracha é uma grande conquista. “A heveicultura veio como uma promessa para nós e só agora estamos vendo um sonho ser realizado. Estou muito feliz em ver nesse encontro duas federações fortes envolvidas e querendo desenvolver uma atividade bastante

promissora e trazendo para a mesa de discussão o poder público, para que conheça e entenda as nossas dificuldades ao mesmo tempo em que uma empresa de biotecnologia nos apresenta inovações para a produção”, salientou. AUMENTO DE PRODUTIVIDADE – Maurício Palombo ainda contou que realizou o curso ‘Sangria de seringueira’, oferecido pelo Senar, que contribuiu para um aumento considerável de sua produtividade. “Plantei em 1987. Na época não tínhamos essa assistência que o Senar/MS oferece hoje em dia, então plantávamos mais de um tipo de seringueira para experimentar e ver qual produzia mais. Hoje em dia, já nos orientam qual se adapta melhor ao clima e solo para produzir mais”, conta. Na avaliação do produtor rural, a capacitação mais que conhecimento técnico. “Orientamos nossos funcionários sobre a técnica do trabalho e também sobre a conscientização ambiental aos proprietários. Antes eliminávamos o mato que aparecia entre as árvores. Agora sabemos que ele ajuda a nutrir o solo e automaticamente é bom para as árvores”, detalha, ressaltando que as novas informações proporcionaram ganho técnico e financeiro tanto para os produtores quanto para o trabalhador, que é melhor remunerado pelo serviço qualificado.

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“Queremos atrair indústrias da cadeia produtiva da borracha para Mato Grosso do Sul e, consequentemente, benefícios para produtores rurais e investimentos nas florestas de seringueira” SÉ RGIO LON GEN Presidente do Sistema Fiems

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C A PA 1.800 vezes maior que a destinada à cultura em 2006. A maioria dos seringais (85,53%), encontra-se em fase de crescimento e formação, com

idades entre um e seis anos. Se bem manejados, e em condições ideais de cultivo, nos próximos 8 anos estima-se um aumento de 690% no número de plantas aptas

à extração, em comparação com os dados de 2018. Em relação ao total de plantas levantado, o incremento anual, até o ano de 2026, varia entre 2,22% e 15,55%.

OPORTUNIDADES E TENDÊNCIAS No Brasil, o plantio de seringueira cresce a uma taxa anual de 4,5%, enquanto o consumo interno de borracha cresce em um ritmo de 6% ao ano. O consumo atual de borracha natural no Brasil está na casa das 340 mil toneladas anuais, sendo que 65% desse total são importados. Além disso, estima-se que dentro de 12 anos este consumo deva dobrar e, por isso, há uma preocupação com a escassez do produto em todo o mundo. Atualmente, há uma concentração de consumo e produção de borracha natural no Sudoeste Asiático, o que se torna um fator estratégico para a elaboração de planos para estruturação da borracha em todo o mundo. “Nesse sentido, o Brasil, como um dos maiores consumidores de borracha natural do mundo, deve aproveitar a oportunidade para desenvolver sua produção interna”, afirma o CRO da Bioworldtec, Marcelo Cavarsan, responsável pela área de estratégia e gestão de risco da empresa.

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OBJETIVOS ESPECÍFICOS DO PROJETO DE REESTRUTURAÇÃO DA BORRACHA: • Estimular o crescimento da área de plantio no Estado; • Promover o desenvolvimento local, contribuindo com o crescimento econômico e social dos municípios; • Gerar empregos diretos e indiretos, trabalho e renda; • Dar sustentabilidade econômica à propriedade rural, através da diversificação da produção e renda; • Incentivar a competitividade da heveicultura no Estado, o aumento da produção e melhoria da qualidade do produto.

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HEVEICULTURA DE MS EM NÚMEROS Confira os principais municípios de Mato Grosso do Sul que têm produção de seringueiras:

Produtores de Seringueiras

MAIS DE 50 MIL PRODUTOS UTILIZAM BORRACHA EM SUA PRODUÇÃO A cadeia da borracha compreende a aplicação em mais de 50.000 itens, entres eles estão, pneus, calçados, autopeças, aplicações medicinais, aplicações industriais, mineração e, claro, aplicações domésticas, tais

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como máquina de lavar, geladeiras e outros. Além disso, com o desenvolvimento de pesquisas em tecnologia, já é possível obter produtos inovadores com a utilização da borracha natural. Confira:

BLOCOS PARA CONSTRUÇÃO CIVIL FABRICADOS COM RESÍDUO DE CIMENTO E LÁTEX


BLOCOS PARA CONSTRUÇÃO CIVIL COM RESÍDUO DE OBRAS E RESÍDUOS DE USINAS DE AÇÚCAR E ÁLCOOL

PLACAS DE ISOLAMENTO ACÚSTICO FABRICADAS COM ADITIVOS, FIBRAS E BORRACHA NATURAL

ESPUMA PRODUZIDA COM BORRACHA NATURAL

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EDUCAÇÃO

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SE O ALUNO NÃO VAI AO SENAI... O Senai vai ao aluno. Ao todo, a instituição conta com 14 unidades móveis para atender trabalhadores da indústria de Mato Grosso do Sul

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famoso ditado popular “Se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé” também se aplica ao Senai quando o assunto é levar educação profissional a todas as regiões do País. Em Mato Grosso do Sul, a instituição conta com 14 unidades móveis para levar cursos sobre rodas a todos os municípios com o objetivo de qualificar mão de obra para atender as demandas da indústria. “Há quase dez anos temos unidades móveis, todas equipadas para levar educação e tecnologia a todos os municípios, por mais remoto que seja o lugar. O Senai vem evoluindo nesse desenvolvimento com relação a levar a educação ao aluno para que tenhamos benefícios para o nosso maior cliente, que é a indústria”, afirma o diretor-regional do Senai, Rodolpho Caesar Mangialardo. Ele acrescenta que as 14 unidades móveis podem oferecer cursos nas áreas de automação, comandos elétricos, mecânica diesel, manutenção de máquinas agrícolas, instrumentação e controle, panificação, solda, colheita florestal, CAD vestuário e lab cerâmica. “Além disso, a unidade multifuncional funciona como uma sala de aula, podendo oferecer diversos cursos que precisam apenas de uma bancada pequena”, completa. Ainda conforme Rodolpho Mangialardo, os cursos remotos em unidades móveis não estão limitados às carretas existentes. “A gente tem plena condição de desenvolver uma nova carreta, como já fizemos na região em Três Lagoas por causa da alta demanda em corte de eucalipto. Então nós podemos customizar uma unidade ou criar algo novo. Para esse ano, estamos reformando todas as unidades, tanto na parte estrutural como em equipamentos, e também vamos oferecer uma unidade móvel 4.0”, adianta. A nova unidade deverá atender conceitos da chamada 4ª Revolução Industrial, apresentando novas tecnologias e processos. “A ideia é que você entre na carreta como cliente, fazer o pedido e sair da carreta com o pedido entregue, seja ele impresso em impressora 3D, atrelado numa tecnologia e-commerce”, destaca. MINI ESCOLA – Em Vista Alegre,

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CONFIRA AS FUNCIONALIDADES DAS 14 UNIDADES MÓVEIS DO SENAI AUTOMAÇÃO 1 UNIDADE COMANDOS ELÉTRICOS 1 UNIDADE

MECÂNICA DIESEL 2 UNIDADES INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLE 1 UNIDADE PANIFICAÇÃO 2 UNIDADES

SOLDA 2 UNIDADES COLHEITA FLORESTAL 1 UNIDADE CAD VESTUÁRIO 1 UNIDADE LAB CERÂMICA 1 UNIDADE

MULTIFUNCIONAL 1 UNIDADE


distrito da cidade de Maracaju, o Senai levou uma “mini escola” para atender a população da região. Ao todo, são quatro unidades móveis que oferecem desde novembro de 2018 os cursos de tratamento de água e seus afluentes, mecânico de máquinas agrícolas, mecânico lubrificador, pedreiro de alvenaria e costureiro em customização de roupas. A oferta faz parte de uma parceria entre a Senai e Brookfield Energy para beneficiar a Acomma (Associação Comunitária das Mulheres de Maracaju) e a comunidade. Na avaliação da aluna do curso de confeitaria Ligeane Alves Ossuna, sem as unidades móveis do Senai seria muito difícil ter qualidade no desenvolvimento do curso. “Nossa região é muito carente de serviços como esses e acho que não teria oportunidade de me qualificar aqui se não fosse pelo Senai, que tem me proporcionado a chance de melhorar de vida. Mesmo sem concluir o curso, já consigo produzir muitas coisas para vender e isso já está conseguindo ajudar a complementar a renda da minha família”, declara.

Para a também aluna do curso de confeitaria Erica Moreira de Macedo, as aulas do Senai têm proporcionado conhecimento único. “Aqui em Vista Alegre eu não conseguiria pagar esse curso hoje, que com certeza vai abrir muitas portas para o mercado de trabalho. Meu sonho realmente é ter um negócio próprio, mas só o fato de saber fazer doces, pães e bolos em casa para minha família já é um algo a mais. Sem falar que ter um diploma é uma conquista muito grande, a realização de um sonho que eu jamais teria como realizar”, ressalta. DO TRABALHO PARA O SENAI – As unidades móveis também estão disponíveis para atender diretamente a indústria. Em Três Lagoas, a unidade móvel de solda está instalada na Eldorado para oferecer o curso de NR 18.11, relativo à segurança na operação de soldagem e corte a quente, aos trabalhadores da empresa, que não precisam se deslocar até a unidade do Senai no município. Lucas Marques da Silva é um dos alunos e viu na formação

uma oportunidade de aperfeiçoar as técnicas. “Acho que quem trabalha fora de casa tem ainda mais dificuldade de buscar uma qualificação e a empresa e o Senai oferecerem esse curso aqui ajuda muito. Acredito que vou melhorar meu desempenho aqui, ajudar mais minha equipe e ser cada vez mais útil na empresa e, com isso, posso quem sabe alcançar um cargo melhor aqui dentro”, comenta. Na mesma linha, o aluno Agnaldo Barbosa Pinto percebeu no curso oferecido pelo Senai e pela Eldorado uma forma de melhorar sua performance profissional. “Acredito que nesse mercado de trabalho cada vez mais exigente é fundamental que busquemos sempre nos qualificar e nos atualizar e acho que esse curso aqui foi uma grande oportunidade, porque além de toda a qualidade da estrutura e do instrutor, não precisamos nos deslocar no final do expediente até uma escola, por exemplo. Ter o curso no mesmo local do trabalho torna tudo muito mais fácil e acessível para nós e ajuda a melhorar nosso desempenho no trabalho”, conclui. MS INDUSTRIAL | 2019 • 45


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INÉDITA Comitê gestor do PQF audita 1ª indústria do vestuário de MS para fornecer para grandes empresas

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indústria do vestuário RU Uniformes, localizada em Campo Grande (MS), recebeu equipe do comitê gestor do PQF (Programa de Qualificação de Fornecedores) do IEL para passar por uma auditoria e, dessa forma, receber a certificação para fornecer produtos para as grandes empresas inscritas no Programa. Segundo o presidente do Sindivest/MS (Sindicato Intermunicipal das Indústrias do Vestuário, Tecelagem e Fiação de Mato Grosso do Sul), José Francisco Veloso Ribeiro, o PQF é fundamental para garantir a competitividade das micro, pequenas e médias empresas do Estado. “É um programa que contribui com a melhoria dos processos e prepara as pequenas indústrias para atender grandes empresas, aumentando o nicho de mercado. Além disso, com a organização e estruturação dos processos, essas indústrias conseguem diminuir os custos de produção e, consequentemente, a competitividade de seus produtos, gerando assim mais emprego e renda”, afirma José Francisco Veloso. Para o coordenador da área de desenvolvimento empresarial do IEL, Hugo Bittar, a auditoria representa um importante passo para a qualificação de fornecedores e a indústria da Capital pode se tornar a primeira do segmento a fornecer para as empresas âncoras do PQF. “O resultado dessa auditoria sairá na primeira quinzena de abril e, se tudo estiver em conformidade, a RU poderá ser uma fornecedora das empresas âncoras quando tiverem necessidade de ampliação das compras. Para nós do IEL, é muito interessante que as empresas façam adesão ao programa e a RU é a primeira indústria do vestuário do Estado que participa do PQF, mas estamos trabalhando para atrair outras indústrias aqui em Campo Grande. Nesse sentindo, o Sindivest/MS está sendo fundamental para incentivar as empresas do vestuário a aderirem ao programa”, destacou. Ele ainda ressaltou que as empresas que passaram pelas consultorias do PQF e auditorias das empresas âncoras implementaram um sistema de gestão que lhes possibilitaram ganho de competitividade, com redução 48 •

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INSTITUTO INICIA CURSOS DE SÍNDICO E NEUROMARKETING PARA APRIMORAR GESTÃO DE CONDOMÍNIOS E PUBLICIDADE DAS EMPRESAS Como parte do aprimoramento do portfólio de cursos da área de desenvolvimento empresarial, o IEL iniciou as turmas dos cursos de formação de síndico e de neuromarketing, capacitações cuja procura é crescente entre profissionais que procuram aperfeiçoar o conhecimento de gestão de condomínios e de ações de marketing e publicidade nas empresas. Não é à toa que as vagas se esgotaram e novas turmas serão abertas para atender a demanda por ambos os cursos. “O IEL, por meio da área de desenvolvimento empresarial, elaborou um novo cronograma de cursos para 2019, todo voltado para atender demandas específicas de profissionais das mais diversas formações. Síndicos de Campo Grande que buscavam se profissionalizar não sabiam onde encontrar uma capacitação voltada para esta profissão, enquanto o neuromarketing é considerado o futuro da inteligência de mercado”, afirmou o gestor da área de capacitações do IEL, Hugo Bittar.

Oferecido em parceria com a Facilita Condomínios e Müller & Garcez Advogados Associados, com apoio do Sesi, o curso de formação de síndico atraiu alunos de diferentes perfis: desde pessoas interessadas em, futuramente, se candidatar ao cargo, até aquelas que já exercem a função, e buscavam ampliar o conhecimento sobre a gestão de um condomínio. Com carga horária de 16 horas-aulas e emissão de certificados, o curso aborda a legislação vigente, previsão orçamentária, assembleias, melhor conhecimento de uma prestação de contas organizada, obrigações fiscais e regimento interno, entre outras práticas de gestão condominal. RESPONSABILIDADES - “O condomínio é uma empresa com CNPJ e que engloba inúmeras responsabilidades”, lembrou a advogada especialista em Direito Condominal Cristiane Muller, que é uma das instrutoras do curso. Ela completa que, por isso, quanto mais preparado em termos de gestão o síndico estiver,

Equipe da RU depois de passar por auditoria do PQF


menores as chances de incorrer em erro. “Mesmo porque, é importante destacar, o síndico pode ser responsabilizado legalmente por eventuais omissões e atitudes que não condizem com a legislação”, explicou a advogada especialista em Direito Condominal sobre a importância da capacitação. Ao longo dos três dias de capacitação, os participantes terão aulas, ainda, com o advogado Alex Alves Garcez, que também é especialista em Direito Condominal, Queitiuska Freitas Miranda, contadora e síndica profissional, e com o gerente do Sesi de Campo Grande, Helton Leal, que vai abordar aspectos do eSocial para condomínios. Síndica do Condomínio Sitiocas IV, que está localizado no Conjunto Residencial Recanto dos Rouxinóis, em Campo Grande (MS), Cleuza Menezes fez o curso em busca de conhecimento para o mandato de dois anos à frente do cargo. “Fui eleita em setembro do ano passado, ou seja, é algo recente. Porém, estou gostando muito do meu novo trabalho, me empenhando bastante. Mas preciso de mais conhecimento, até para poder responder às várias dúvidas que chegam diariamente

dos moradores e eu não sei a resposta”, contou a síndica do Condomínio Sitiocas IV. NEUROMARKETING - “Bola da vez” no mercado publicitário, o curso de Neuromarketing, nova área de estudo que faz uso das técnicas aplicadas pelas neurociências a fim de obter melhores resultados nas ações de marketing e publicidade, lotou uma das salas de treinamento do IEL. O instrutor Roberto Patzlaff, especialista em neuro-psicologia e marketing, mostra aos participantes forma de perceber se os esforços publicitários elaborados pelas empresas estão, de fato, dando bons resultados.

tamento do consumidor, objeto de estudo do neuromarketing, chamou sua atenção. “Acho que é uma ciência fascinante, e quando soube do curso do IEL, tive certeza que iria fazer. Poder identificar e entender o comportamento do consumidor, o que ele espera, direciona o nosso trabalho e nos faz entregar melhores resultados, ou seja, uma mensagem clara, direta e praticamente personalizada”, considerou.

“O aluno passa a obter um olhar mais crítico e estratégico de como utilizar e desenvolver ferramentas para atrair a atenção do cliente, e como a tecnologia ajuda a capturar com mais precisão os motivos que um cliente compra, ou deixa de comprar, ou o que faz um cliente entrar em sua loja para dar uma ‘olhadinha’”, exemplificou Roberto Patzlaff.

A agenda de cursos da área de desenvolvimento empresarial do IEL para 2019 está disponível no site www.ms.iel.org.br/cursos e há a possibilidade de abertura de novas turmas, conforme a procura pelos treinamentos, sendo que a agenda será atualizada se isso acontecer. Todos os cursos são oferecidos por profissionais de renome no mercado, com certificado de participação – condicionado ao aproveitamento igual ou superior a 70% de presença nas aulas – e condições facilitadas de pagamento.

Diretora de arte que atua em Campo Grande, Giovana Flores explica que, desde quando fazia faculdade, a essência do compor-

Serviço – Mais informações pelo site www.ms.iel.org.br/cursos ou pelo telefone (67) 3044-2102.

dos custos de produção e eficiência no fornecimento. “As empresas âncoras ganham com o aumento da competitividade, pois há redução dos custos com fornecedores, enquanto as empresas fornecedoras ganham em eficiência e gestão. Para se ter uma ideia, o PQF já gerou R$ 1,150 bilhão de negócios entre empresas âncoras e empresas certificadas”, completou. Na avaliação da empresária Juliana Aranda, da RU Uniformes, a consultoria do PQF representa uma mudança de posicionamento da empresa. “Sempre busquei consultorias para me ajudar a organizar os processos e nenhuma me apresentou as ferramentas e o apoio que o PQF nos proporcionou. A RU Uniformes completou 25

anos e sempre buscamos entregar o melhor para nosso cliente, melhorando nossos processos e serviços, mas sempre foi muito trabalhoso para implantar. O PQF trouxe tudo isso de uma forma muito simples e completa”, comentou. Ela ressaltou que hoje a empresa está qualificada para atender empresas de médio e grande porte, coisa que um ano atrás não poderia. “Estruturamos os cargos, contratamos uma engenheira de produção, um analista financeiro, um responsável por todos os insumos e produtos que entram e saem da empresa. Estou realmente muito satisfeita com os resultados do PQF e ansiosa para receber a certificação”, concluiu.

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JOVENS CIENTISTAS Participação em feira nacional da USP consolida projetos de iniciação científica desenvolvidos pelos alunos

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evelar talentos, impulsionar a pesquisa no País e investir em estudantes e jovens pesquisadores que procuram inovar na solução dos desafios da sociedade. A rede de ensino do Sesi de Mato Grosso do Sul investe e incentiva que os alunos mergulhem no universo da pesquisa científica e, já no Ensino Fundamental, a partir do 8º ano, os alunos têm contato com trabalhos de pesquisa que muitos só irão ter acesso na faculdade. Os jovens desenvolvem projetos de pesquisa em diversas áreas do conhecimento, sempre com a orientação de um professor, podendo contar, ainda, com auxílio de docentes da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), graças a uma parceria do Sesi com a principal instituição de ensino superior do Estado. Os trabalhos elaborados pelos alunos inclusive são submetidos a diversas feiras científicas de abrangência nacional, como a Febrace (Feira Brasileira de Ciências e Engenharia), aproximando-os da comunidade acadêmica e científica. Na última edição do evento, que é considerado a maior mostra de projetos de Ciências e Engenharia do Brasil, promovida pela USP (Universidade de São Paulo) entre os dias 19 e 23 março, alunos das escolas do Sesi de Aparecida do Taboado, Naviraí,

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Dourados e Corumbá participaram pela primeira vez, levando quatro projetos na bagagem, e mostraram que podem chegar longe. Os trabalhos concorreram com outros 332 projetos científicos, que apresentavam soluções capazes de tornar o mundo um lugar melhor para muita gente. Para a gerente de Educação do Sistema Fiems, Simone Cruz, a participação na Febrace dá a dimensão do crescimento dos alunos em termos de cultura científica, inovação e empreendedorismo. “Mesmo sendo o primeiro ano de participação, as escolas do Sesi levaram quatro projetos que nos representaram muito bem, diante da relevância e caráter inovador”, afirma. OS PROJETOS - Os projetos

das quatro escolas foram selecionados após seletivas municipais e estaduais, que envolveram milhares de alunos do Fundamental, Médio e Técnico de escolas públicas e privadas. A Escola do Sesi de Dourados chegou a Dourados com o projeto “O Ensino de Arte nas Escolas de Dourados e as Aplicações Tecnológicas em Sala de Aula”. Com o AAT (Alimentador de Animais Automatizado), os alunos da Escola do Sesi de Naviraí criaram um protótipo para facilitar a vida de pequenos produtores rurais, porque permite despejar alimento para animais na dosagem correta, evitando desperdícios, e em horários prédeterminados, estabelecidos pelo cuidador por meio de um aplicativo de smartphone.


“Tudo que acontece não é por acaso. Saímos da Febrace com uma nova visão de mundo e, o mais importante, novas ideias para o nosso projeto. Fizemos amizades com pessoas do Brasil inteiro, pessoas muitos legais e inteligentes, e saímos com um potinho de ouro nas mãos, não vamos desperdiçá-lo”, fala Ketlen Mayara, que estuda no 3º ano do Ensino Médio. O professor orientador do projeto, Anderson Souza, afirma que o grande destaque da participação na feira foi perceber o crescimento dos alunos. “Cada momento tem seu brilho especial, mas nada se compara a ver

a evolução dos nossos alunos nas apresentações de seus projetos. Saímos do evento cansados, porém renovados, com vontade de voltar com projetos melhores ainda”, promete.

abraçados e vitoriosos”, afirma.

mos medalhistas desta vez, percebi que tinha equipes com muito mais experiência que a nossa neste tipo de evento, mas ano que vem com certeza estarei lá de novo, darei 100% de mim”, conta Gabriel Felipe Moreira Pavão, do 2º ano do Ensino Médio. “Ao nos depararmos com o tamanho e magnitude do evento, fiquei muito satisfeito por ter conseguido chegar até lá, e voltei para casa com algo muito melhor que medalhas, um aprendizado muito grande. Com toda certeza voltarei ano que vem para me

ESCOLA DO SESI DE APARECIDA DO TABOADO - Com o “Tubete biodegradável para plantio de mudas confeccionado a partir de celulose reciclada associada a substratos orgânicos”, os alunos da Escola do Sesi de Aparecida do Taboado pretendem consolidar a meta de ser referência em pesquisa científica. “Tenho certeza que minha participação nesta feira foi ótima, nos empenhamos muito para estar entre os finalistas. Não fo-

ESCOLA DO SESI DE CORUMBÁ - A participação na Febrace já motiva todos os alunos da Escola do Sesi de Corumbá a aprimorar o protótipo do projeto “Carrinho de Rolimã Movido a Energia Solar – A Junção da Energia Elétrica com a Placa Solar”, e a mergulhar de cabeça no universo da pesquisa científica. “Participar de uma feira que reúne projetos de todo o País foi,

sem dúvida, uma experiência incrível, conheci muita gente, professores da USP, e fui capaz de aprimorar meus conhecimentos”, avalia João Vitor Opimi dos Santos, do 2º ano. A professora orientadora Ellen Conrado destaca que os alunos saíram da Febrace mais experientes e mostrou que, com dedicação, é possível chegar mais longe. “Percebemos o quanto nossos esforços valem a pena e que acreditamos no talento e na capacidade de cada um dos nossos alunos. A conquista de termos sido selecionados ninguém tira de nós, por isso quero que todos os alunos da escola Sesi se sintam

superar e mostrar do que sou capaz”, acrescenta Paulo Eduardo Santos Souza, que também é do 2º ano. O professor orientador Vinicius Agostini Machado reforça que o Sesi representou muito bem Mato Grosso do Sul ao chegar na Febrace com quatro trabalhos de uma vez só. “Volto para casa com a sensação de dever cumprido, com a bagagem cheia de conhecimento e com o foco redobrado em nossos erros e acertos”, finaliza.

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DICAS

DOMANDO O

“LEÃO” Confira algumas dicas para não cair na malha fina na hora de fazer a declaração do Imposto de Renda Todo cidadão que tem rendimento acima de um determinado valor, seja pessoa física ou jurídica, residente no Brasil ou no Exterior (mas que receba de fontes no Brasil), precisa encarar o tributo mais abrangente e temido pela população brasileira, o Imposto de Renda. Enfrentar o Leão – animal escolhido na década de 70 como mascote do IR – não é tarefa das mais prazerosas, mas pode ser simples se você estiver bem informado.

DESPESAS DEDUTÍVEIS Uma das principais dúvidas na hora de fazer a declaração do Imposto de Renda é quanto às despesas dedutíveis. São valores que podem fazer com que o declarante tenha direito à restituição, já que elas podem reduzir ou aumentar o valor a ser pago.

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GASTOS COM EDUCAÇÃO O limite individual de despesas dedutíveis com educação para o cálculo do IR é de R$ 3.561,50. No entanto, os gastos com instrução estão limitados à educação infantil, ensinos Fundamental, Médio, Superior, Pós-Graduação e Educação Profissional.


Confira as dicas que a MS Industrial listou para declarar suas despesas, evitar multas ou quaisquer problemas com as autoridades: // 1 – SAIBA SE PRECISA DECLARAR Nem todo mundo é obrigado fazer a declaração do Imposto de Renda. Estão obrigados a declarar Imposto de Renda todos os contribuintes que tiveram rendimento anual superior ao teto estabelecido pela Receita Federal. Neste ano, ele corresponde a uma remuneração de R$ 28.559,70, o que dá uma média de R$ 2.379,98 por mês. Outro caso de obrigatoriedade prevista nas normas inclui aqueles que receberam rendimentos isentos, não tributáveis ou tributados na fonte em valor superior a R$ 40 mil. // 2 – SEPARE TODA A DOCUMENTAÇÃO Para ter maior facilidade ao prestar contas com a Receita Federal, é indicado guardar os comprovantes de seus rendimentos e notas fiscais durante o ano. Faça uma pastinha e deixe tudo organizado para não perder tempo indo atrás disso depois. Entre essa documentação, é importante ter informe de rendimento da empresa, caso trabalhe em regime CLT (se for autônomo, deve reunir os recibos e notas fiscais fornecidos), informe de rendimentos bancários, recibos e notas fiscais de despesas com saúde e educação, relação dos dependentes com CPF.

GASTOS COM SAÚDE As despesas dedutíveis relacionadas à saúde podem ser deduzidas de forma integral e englobam planos de saúde, dentistas, exames, hospital, terapias, etc.

// 3 – FAZER O DOWNLOAD DO PROGRAMA Por meio do Programa IRPF, você pode fazer sua declaração do Imposto de Renda pela internet, basta fazer o download no site da Receita. Ele é bem fácil de utilizar e fornece uma ampla ajuda ao contribuinte. Ao preencher, existem duas diferentes modalidades à disposição do contribuinte: a Simples e a Completa. O próprio programa sugere, à medida em que os campos são preenchidos, qual opção é a melhor. // 4 – PREENCHA OS DADOS, CERTIFICANDO QUE AS INFORMAÇÕES ESTÃO CORRETAS Preste muita atenção na hora de preencher os dados para evitar cair na “malha fina”. Um equívoco comum e que pode causar dores de cabeça é o erro de digitação. Esquecer ou acrescentar um número por descuido no teclado não é difícil, então a atenção deve ser dobrada. // 5 – IMPRIMA E GUARDE A DECLARAÇÃO Assim que concluir o preenchimento e transmitir a declaração, imprima uma cópia e guarde junto com o recibo e os comprovantes que você utilizou por até cinco anos. Esse é o período de tempo que a Receita Federal tem para eventualmente questionar suas informações.

GASTOS COM DEPENDENTES Quem tem dependentes informados no Imposto de Renda pode deduzir até R$ 2.275,08. Se o valor máximo ultrapassar R$ 28.559,70 ao ano, os dependentes devem ser declarados separadamente, mesmo se forem menores de idade. São considerados dependentes os cônjuges, filhos, companheiros, pais avós e demais, desde que respeitem as condições estabelecidas, como a idade e comprovação judicial por dependência.

OUTROS GASTOS Também podem ser dedutíveis gastos com pagamento de pensão alimentícia, previdência privada e previdência oficial.

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C U LT U R A D A I N D Ú S T R I A LIVRO

“O MITO DO EMPREENDEDOR”, MICHAEL E. GERBER

Com mais de três milhões de exemplares vendidos em todo o mundo, “O Mito do Empreendedor” traz métodos eficazes para que você se prepare melhor, mantenha uma atitude positiva e eleve sua produtividade. Uma verdadeira fonte de conhecimentos indispensáveis para quem está disposto a encarar o desafio de criar o próprio negócio e transformar uma boa ideia em um empreendimento bem-sucedido. Em “O Mito do Empreendedor”, você vai aprender como preparar seus funcionários para que eles sejam uma extensão sua. Como dar ao negócio a “sua cara”, sem precisar fazer tudo sozinho. Formas de estruturar sua empresa para superar eventuais turbulências. Como aliar entusiasmo com inovação, para crescer sempre. Como estabelecer o programa de desenvolvimento que melhor se encaixe em seu empreendimento, visando estabilidade e solidez. “O Mito do Empreendedor” é a sua chance se de tornar um grande empresário, mantendo os pés no chão e obtendo ótima rentabilidade.

“GERAÇÃO DE VALOR”, FLAVIO AUGUSTO DA SILVA

“A ÚNICA COISA”, GARY KELLER E JAY PAPASAN

Desde que nascem, as pessoas são treinadas para agir de acordo com o senso comum. O ensino convencional as estimula a buscar segurança, e não liberdade. Com medo de se arriscar, a maioria segue o fluxo da boiada e sonha pequeno, optando por conseguir um emprego estável e passar anos financiando a casa própria. Flávio Augusto também sofreu todas essas pressões, mas conseguiu sair da conformidade bem cedo. De uma família simples da periferia do Rio de Janeiro, aos 23 anos, escolheu o caminho do empreendedorismo, criou uma escola de inglês que deu origem à bem-sucedida rede Wise Up e logo se tornou um dos mais jovens bilionários brasileiros. Indignado com o modelo imposto pelo senso comum, Flávio resolveu arregaçar as mangas e mostrar às pessoas que é possível pensar de forma diferente. Para difundir sua mentalidade vitoriosa, criou o projeto Geração de Valor e começou a compartilhar seus conhecimentos no Facebook, no YouTube, no Twitter e em um blog, inspirando milhões de pessoas. Não tenha dúvida: o empreendedorismo é para todos, tanto para quem estudou em Harvard como para quem se formou em Tribobó do Oeste. O sucesso, como Flávio costuma dizer, é uma ciência exata que qualquer um pode aprender. Portanto só depende de você conquistar o que deseja. O livro traz uma seleção dos textos mais afiados e das charges mais provocadoras do Geração de Valor e é uma oportunidade de enxergar o mundo de outra forma.

Não há nada de errado em se dedicar a seu trabalho, a sua família, a seu futuro. A questão é: você está focado no que é realmente importante? Você dedica, hoje, a maior parte de seu tempo a alguma coisa, uma única coisa, que sintetize seus sonhos, seus desejos, suas aspirações? Os resultados que você obtém são diretamente influenciados pelas escolhas que faz. Alcance resultados extraordinários em todas as áreas de sua vida. Acabe com a desordem de sua rotina, siga e mantenha-se firme em direção a sua meta. Torne-se um mestre no que realmente importa para você. Focando em sua única coisa, é possível alcançar mais, fazendo menos. O livro “A Única Coisa” demonstra como o foco pode trazer resultados extraordinários para a sua vida.

LIVRO

FILME

LIVRO

S TA RTU P.C OM (20 0 1 )

Os amigos Kaleil Isaza Tuzman e Tom Herman têm um sonho em comum desde a adolescência: criar sua própria empresa ponto.com e ficar ricos. Com 20 e poucos anos, eles finalmente têm a ideia que pode mudar seus destinos: um sistema que vai revolucionar a forma como as prefeituras processam multas de trânsito. Assim nasce a GovWorks.com. Esta é a trama de Startup.com, mais um documentário que acompanha a criação de uma empresa de internet passo a passo até o estouro da bolha. O filme mostra como uma parceria de negócios pode afetar uma amizade de longa data e retrata ainda os desafios de levantar dinheiro para uma ideia que praticamente ainda não saiu do papel. FILME

O D I A A NTE S D O FIM

A crise econômica que atingiu os Estados Unidos em 2008 é o tema principal do filme, trazendo os fatos sob um olhar dos bancos de investimento norte-americanos. A obra mostra como algumas decisões erradas e como a falta de transparência no mundo corporativo podem levar uma empresa ou até mesmo um País ao fracasso. O Dia Antes do Fim é uma excelente opção para quem busca filmes inspiradores de empreendedorismo, pois aborda uma atitude essencial em todas as companhias, a ética. 56 •

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GADGETS O relógio inteligente da Apple está na sua quarta versão, que tem, como exclusividade, um recurso que detecta e avisa contatos de emergência quando o usuário sofre uma queda. Em todas as suas versões, ele tem recursos para monitorar exercícios físicos em ambientes internos ou externos, monitor de batimentos cardíacos e aplicativos que funcionam quando o iPhone estiver por perto ou houver uma rede Wi-Fi conhecida disponível. Por fim, ele tem suporte a chips virtuais de operadoras, chamados eSIMs, que permitem usar o relógio como se fosse um celular, para fazer ligações.

APPLE WATCH

BEATS STUDIO3 O Beats Studio3 é um fone de ouvido over-the-ear confortável para o uso diário e com um recurso antiruído competente. Mesmo em ambientes barulhentos, como aeroportos ou estações de trem, ele consegue isolar bem os sons externos para que você possa ouvir sua música ou podcast em um volume razoável, sem colocar sua audição em risco. Com o recurso desligado, ele ganha autonomia de reprodução de músicas por mais de 20 horas.

NINTENDO SWITCH O console Nintendo Switch foi eleito pela revista Time como o gadget do ano, em 2017. O produto funciona como um videogame completo tanto no modo portátil quanto quando conectado a uma TV. Ele oferece acesso aos novos jogos das franquias mais famosas da Nintendo, como Mario, Pokémon, Zelda, Kirby, Donkey Kong e Super Smash Bros.

RING SMART LIGHTING

A Ring la nçou uma linha completa de iluminação inteligente que se integra muito bem ao seu sistema de segura nça já existente. A linha inclui um holofote, um spot, luminá rias pa ra ca minho e luminá rias pa ra degra us, e todas com detector de movimento. Como toda lâ mpada dessa ca tegoria, ela acende qua ndo detecta movimento. A (gra nde) diferença no caso da Ring é que a mágica acontece via network. Os usuá rios podem configura r o app Ring pa ra que, qua ndo uma delas detecta movimento, todas se acendem ao mesmo tempo e as câ meras de vídeo da Ring começa m a grava r o que acontece. Isso permite cria r uma á rea de monitora mento de movimento muito ma ior em volta da casa, além de fa zer a residência fica r ma is bonita, e os visita ntes e moradores ma is segura nça na hora de se movimenta r.

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RADAR INDUSTRIAL EMPREGO O setor industrial de Mato Grosso do Sul, que é composto pelas indústrias de transformação, de extrativismo mineral, de construção civil e de serviços de utilidade pública, inicia 2019 com saldo positivo de 321 novos postos de trabalho, resultante de 4.844 contratações e 4.523 demissões, conforme levantamento do Radar Industrial da Fiems. Nos últimos 12 meses, o saldo do setor continua positivo, com a criação de 299 novos postos de trabalho, fruto de 56.766 contratações e 56.467 demissões. Em janeiro, os maiores saldos positivos foram registrados para os segmentos da indústria da construção (+346), de alimentos e bebidas (+69), mecânica (+64) e da borracha, couros, peles e similares (+46), enquanto nos últimos 12 meses os maiores saldos positivos foram nas indústrias de alimentos e bebidas (+711), mecânica (+246), metalúrgica (+145), extrativa mineral (+145) e madeira e mobiliário (+140). O conjunto das atividades industriais em Mato Grosso do Sul encerrou janeiro de 2019 com 121.348 trabalhadores empregados, indicando elevação de 0,27% em relação ao mês anterior, quando o contingente ficou em 121.027 funcionários.

EXPORTAÇÃO A receita obtida com as exportações de produtos industrializados de Mato Grosso do Sul em janeiro de 2019 alcançou US$ 315,67 milhões contra US$ 266,06 milhões no mesmo mês do ano passado, representando um crescimento de 19% em relação ao período analisado, conforme levantamento do Radar Industrial da Fiems. Esse foi o melhor resultado para o mês de janeiro da série histórica de exportações industriais do Estado. Quanto à participação relativa exportada pelo Estado, a indústria respondeu por 92% de toda a receita obtida com vendas ao exterior por Mato Grosso do Sul. Os principais destaques ficaram por conta dos grupos “Celulose e Papel”, “Complexo Frigorífico”, “Extrativo Mineral”, “Siderurgia e Metalurgia Básica” e “Couros e Peles”. Os produtos produzidos por esses grupos, somados, representaram 97% da receita total das vendas sul-mato-grossenses de produtos industriais ao exterior.

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PRODUÇÃO INDUSTRIAL A produção industrial sul-mato-grossense ficou praticamente estável em janeiro de 2019, de acordo com a Sondagem Industrial realizada pelo Radar Industrial da Fiems junto a 70 empresas no período de 1º a 13 de fevereiro de 2019. Pelo levantamento, em janeiro, 62,8% das empresas industriais de Mato Grosso do Sul tiveram estabilidade ou crescimento da produção, enquanto no mês anterior esse resultado foi de 62,5%. Esse desempenho já era esperado, pois o mês tradicionalmente não registra aumentos no ritmo de produção. Ainda assim, o índice de evolução fechou o mês acima da média histórica observada para o período em 2,6 pontos. Em janeiro, a ociosidade média na indústria sul-mato-grossense ficou em 33%. Somado a isso, o índice de utilização fechou o mês em 43,4 pontos. Em fevereiro, o Índice de Confiança do Empresário Industrial de Mato Grosso do Sul (ICEI/MS) alcançou 69,3 pontos, indicando um pequeno recuo de 0,7 ponto quando comparado com o mês anterior. Essa pequena variação interrompe uma sequência de quatro altas consecutivas. Porém, o ICEI encontra-se 11 pontos acima do registrado em fevereiro do ano passado e 14,7 pontos acima de sua média histórica.

DESEMPENHO INDUSTRIAL O IGDI (Índice Geral de Desempenho Industrial) de Mato Grosso do Sul, que foi criado pelo Radar Industrial da Fiems e é calculado com base nas pesquisas de Confiança e Sondagem Industrial, iniciou o ano de 2019 positivo, alcançando em janeiro 54,4 pontos e tornou-se o 8º mês consecutivo em que ficou acima da linha divisória dos 50 pontos. Na comparação de janeiro deste ano com dezembro de 2018, há um crescimento de 3,4 pontos. As variáveis de avaliação apresentaram como desempenho na passagem entre os dois meses: aumento na participação das empresas, que elevaram o número de empregados no mês na intenção de investimentos para os próximos seis meses, e no índice de confiança. E estabilidade na utilização da capacidade instalada e na participação das empresas com produção crescente ou estável. No comparativo anual, todas as variáveis avaliadas apresentaram evoluções positivas. O resultado apurado pelo IGDI em janeiro de 2019 ficou 8 pontos superior à média histórica para o mês. Assim, com todos os resultados consolidados o IGDI segue acima dos 50 pontos, indicando que, na média geral, o desempenho em janeiro foi positivo, segundo a percepção dos empresários respondentes.

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QUANTO VOCÊ P A G O U ?

Fonte: Portal Transparência MS e SEFAZ/MS. Elaboração: SFIEMS COEP

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Quem te conhece MATO GROSSO DO SUL JÁ TEM ATÉ INDÚSTRIA QUE FABRICA COSMÉTICOS, COM LOJAS E REVENDEDORES EM TODO O BRASIL Mato Grosso do Sul desponta como um Estado da indústria e seu parque industrial diversifica cada vez mais os segmentos de atuação. Em Dourados, na região Sul, a marca Areta Nardelli Fragrances produz uma linha de cosméticos e conta com sete lojas físicas em dois estados, além de um e-commerce e revendedoras autorizadas em todo o País. Com ingredientes naturais, sem conservantes e, principalmente, não testados em animais, os produtos atendem a uma demanda crescente no mercado, de consumidores que buscam cosméticos livres de ingredientes como parabenos, alumínios e sulfatos, que agridem à saúde e

ao meio ambiente. Hoje, 25 funcionários se dividem entre a linha de produção e a parte administrativa, na sede da empresa, que fica na Vila Santo André, em Dourados. O portfólio da Areta Nardelli Fragrances inclui perfumes, cremes hidratantes, aromatizadores para casa, velas perfumadas e incenso natural, com lojas em Campo Grande (nos shoppings Campo Grande e Norte Sul Plaza); em Dourados, no shopping Avenida Center; e Maringá e Londrina, no Paraná, também nos shoppings das cidades. Também é possível comprar com uma das consultoras e pelo site oficial da marca, com entrega para todo

o Brasil. A marca começou como um hobby, três anos atrás. A proprietária, que dá nome à marca, Areta Nardelli, 43 anos, combinava ingredientes em casa mesmo, para uso próprio. Areta produzia esfoliantes e essências e o cheiro agradável chamava a atenção de familiares e vizinhos, que pediam que ela vendesse os cosméticos. Não demorou para que a produção aumentasse e, pouco tempo depois, para dar conta da demanda, fosse inaugurado um espaço para consultoras independentes, que existe até hoje em Dourados.

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A RT IG O

- JOSÉ AUGUSTO COELHO FERNANDES Diretor de Políticas e Estratégias da CNI (Confederação Nacional da Indústria)

CRUCIAL PARA MELHORAR O AMBIENTE DE NEGÓCIOS O compromisso de Donald Trump de apoiar a adesão do Brasil à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) retira um obstáculo importante à entrada do País no grupo. Para fazer parte da OCDE, qualquer País precisa ser aprovado por consenso pelos 35 membros e, no momento, a organização enfrenta dificuldades para decidir se inicia o processo de adesão em razão do elevado número de candidatos e do receio do impacto das adesões na coesão do grupo. Ao jogar um holofote sobre o tema, o apoio americano gerou questionamentos sobre as vantagens da entrada na OCDE e as concessões a serem feitas pelo Estado brasileiro. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) apresentou a adesão do Brasil na lista de suas 42 propostas para a eleição de 2018 e considera que esse processo poderá fortalecer a agenda de reformas domésticas, a modernização institucional, a melhor governança e o alinhamento do sistema regulatório às melhores práticas internacionais. Tais avanços, porém, exigirão mudanças com implicações para a economia brasileira e para o setor produtivo. A OCDE não tem o poder de sanções da Organização Mundial do Comércio (OMC). Sua forma de indução é feita por meio de padrões, modelos e recomendações. A instituição exerce grande in62 •

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fluência na agenda de fóruns e de outros organismos internacionais. A organização tem uma dinâmica capaz de antecipar tendências e enfrentar problemas que ainda estão em desenvolvimento. Ser membro significa participar da construção do consenso em torno de regras que influenciarão o ambiente mundial em que as empresas operam. Isso é muito relevante para o Brasil. O Brasil já tem uma participação ativa na OCDE. Dado o fato de que mais de 30 instrumentos estão em fase de revisão, iniciaremos o processo de adesão com 107 dos 240 instrumentos normativos da organização. No entanto, não temos poder de voto nem influência sobre sua agenda política. O fato de o Brasil ter bom grau de adesão aos instrumentos da OCDE não significa que o conjunto de reformas que o País deverá adotar seja pouco desafiador. O processo de entrada é crítico. E nessa etapa que os comitês apontam a distância entre as normas do País e os padrões da OCDE. Com o setor público e o privado sob “olhos de lince”, a OCDE negocia e induz a realização de reformas. E razoável esperar recomendações para atacar problemas conhecidos do ambiente de negócios do Brasil, como a tributação, questões regulatórias e dimensões da política industrial e de comércio exterior. Pesquisas mostram que 84% das orientações de política defendidas pela

“Ao jogar um holofote sobre o tema, o apoio americano gerou questionamentos sobre as vantagens da entrada na OCDE e as concessões a serem feitas pelo Estado brasileiro” OCDE convergem com aquelas defendidas pelo governo brasileiro. Em 4% dos casos, não há incompatibilidade, mas existem restrições quanto aos objetivos dos instrumentos da OCDE. Em 12% dos casos, há incompatibilidade e discordância da orientação definida pela organização. Desde 2008, a CNI integra o Business Industry Advisory Comittee (BIAC), um mecanismo da OCDE de participação empresarial. O setor privado acompanha temas de tributação, recursos naturais, crédito às exportações, inovação e mudança de clima. Para a indústria, faz mais sentido participar da formulação do que ser apenas receptor de regras que passarão a moldar as legislações internacionais. Ao entrar na OCDE, o Brasil ainda se beneficiará dos sinais a serem emitidos do seu comprometimento de longo prazo com reformas econômicas e boas práticas internacionais, reforçando o processo de integração à economia mundial e aumentando a sua capacidade de atrair investimentos. Entrar na OCDE não elimina a capacidade de cometermos erros em políticas públicas, mas cria um sistema em que estarão mais presentes sinais de alerta para que os evitemos.


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