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05 Painel digital
SUMÁRI O
06 diretoria 07 editorial 08 charge 09 entrevista 12 Fala, indústria 22 giro da indústria 50 dicas 56 cultura da indústria 57 gadgets 60 quanto você pagou? 62 artigo capa
28 um dia depois do amanhã Como o Sistema Fiems prepara as empresas para a era da Indústria 4.0
14 inovação
24 geral
Indústria de amendoim vai transformar a realidade de Paranaíba e região
Com 13º, indústria injeta R$ 279,1 mi na economia
61 quem te conhece que te compre 46 sesi
Tonho transforma tempero de família em negócio local
Como sua empresa pode cumprir a legislação e ficar livre de multas
38 senai Parceria com sindicatos do vestuário fortalece indústrias
18 FIEMS Longen é empossado vicepresidente da CNI
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52 gente que faz 42 iel Training Leaders ensina como melhorar planejamento
Projeto Princesa valoriza meninas em condição de vulnerabilidade
58 radar industrial Fique por dentro dos indicadores do setor industrial de MS
PAINEL DIGITAL
SISTEMA FIEMS NA REDE Fique por dentro dos nossos destaques nas redes sociais Bendito e social que deixa a galera de administração de pessoal de cabelos em pé. Adorei o vídeo haha
eSocial é com o SESI. Atenção! Não deixe o eSocial para a última hora. Evite multas e regularize sua empresa com quem sabe tudo de SST. #eSocialÉComOSESI #Empresário #Contador #RH #eSocial#Regularize #EviteProcessos #FujadasMultas #ConsultoresdoSESI
Ameiiiii
“Sensacional! Parabéns a toda equipe de competentes professores e técnicos!”
É com ORGULHO que anunciamos que o curso superior de Tecnologia em Gestão da Produção Industrial do SENAI MS obteve a melhor nota de Mato Grosso do Sul no Enade e ficou entre os 15 melhores do Brasil.
Com pokemon vc consegue
Resultado do esforço e dedicação dos nossos professores e alunos! Parabéns!
“Parabéns! Equipe e estudantes. Vocês são ótimos.
O presidente da Fiems, Sérgio Longen, foi escolhido para assumir o lugar deixado pelo então presidente do Sindicato, o empresário Sandro Mendonça, da Natubom Produtos Naturais.
->Dicas do IEL <Você já sabe a escolha certa na hora de capturar o seu estágio. ;) Vem com o IEL. Estágio é com a gente. #IELMS #EstágiosIELMS #DicasIELMS
Parabéns, SÉRGIO!!
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D I RET ORI A
S IS TE MA F I E M S Diretor Corporativo: Cláudio Jacinto Alves Diretor Executivo: Anatole Verlaine Etges Superintendente do Sesi/MS: Bergson Henrique S. Amarilla Diretor Regional do Senai/MS: Rodolpho Caesar Mangialardo Superintendente do I EL/MS: José Fernando Gomes do Amaral
Revista da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul Diretor de Comunicação: Robson Del Casale (DRT/MS 064) Chefe de Redação: Daniel Pedra (DRT/MS 088) Jornalistas: Flávia Melo (MTB/MS 1032) Zana Zaidan (MTE/MS 1255) Fotos: Ademir Almeida, JJ Cajú, Nilson de Figueiredo, Ricardo Flores, Valdenir Resende e Dicom/Fiems Endereço: Avenida Afonso Pena, 1.206 - 2º Andar Bairro Amambaí - Campo Grande/MS - 79.005-901 E-mail: unicom@sfiems.com.br Site: www.fiems.com.br Fone: (67) 3389-9017 As opiniões contidas em artigos assinados são de total responsabilidade de seus autores, não refletindo, necessariamente o posicionamento do Sistema Fiems Revista Mensal - 10 mil exemplares
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Presidente: Sérgio Marcolino Longen 1° Vice-Pres.: Alonso Resende do Nascimento 2° Vice-Pres.: José Francisco Veloso Ribeiro 3° Vice-Pres.: Ivo Cescon Scarcelli 1º Vice-Pres Regional: Luiz Cláudio Sabedotti Fornari 2° Vice-Pres Regional: Sidnei Pitteri Camacho 3º Vice-Pres Regional: Lourival Vieira Costa 4º Vice-Pres Regional: Roberto José Faé 5º Vice-Pres Regional: Gilson Kleber Lomba 1° Secretário: Cláudia Pinedo Zottos Volpini 2° Secretário: Juarez Falcão Alves 3° Secretário: Irineu Milanesi 1° Tesoureiro: Altair da Graça Cruz 2° Tesoureiro: Edis Gomes da Silva 3° Tesoureiro: Milene de Oliveira Nantes Diretores Lenise de Arruda Viegas Edemir Chaim Asseff João Batista de Camargo Filho Ligia Queiroz de Brito Machado Kleber Luiz Recalde Isaías Bernardini Antônio Breschigliari Filho Julião Flaves Gaúna Marismar Soares Santana Marcelo De Carli Ferreira Marcelo Alves Barbosa Zigomar Burille Marcelo Galassi Osvaldo Fleitas Centurion Antônio Carlos Nabuco Caldas Nilvo Della Senta Conselho Fiscal Efetivos: Sandro Luiz Mendonça José Paulo Rímoli Silvana Gasparini Pereira Suplentes: José Aguilar Monteiro Edson Germano Irma Tinoco Atagiba Asseff Delegados junto à CNI Efetivos: Sérgio Marcolino Longen Roberto José Faé Suplentes: Irineu Milanesi Alfredo Fernandes
ED ITOR I A L
V IA G E M A O F U TU R O
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anufatura Avançada ou Indústria Inteligente são alguns dos nomes dados à Indústria 4.0 ou 4ª Revolução Industrial. No entanto, a primeira pergunta que deveria ser feita não é o que é, mas sim por que necessitamos dessa revolução? Porém, antes de falarmos dela, é preciso lembrar que a 1ª Revolução Industrial foi a revolução inglesa que introduziu a máquina a vapor, enquanto a 2ª Revolução Industrial foi a de Henry Ford, a da eletrificação e a da produção em série. A 3ª Revolução Industrial, que não é reconhecida por todos, é a da automação, com a revolução do silício e a eletrônica transformando a indústria. Agora, temos a 4ª Revolução Industrial, com grande suporte da onda de digitalização que estamos vivendo atualmente. É importante ressaltar, não é mais automático, é autônomo. Um dos principais aspectos é a construção da interação do mundo real com o virtual. De fato, trata-se de uma interação bilateral, onde o real manda dados para o virtual e o virtual manda decisões, ou vice-versa. Para isso, o Sesi, Senai e IEL têm se preparado para atender as “novas” demandas das empresas. Isso já é um desafio grande e nós estamos superando fases, semestre a semestre, ano a ano. A segunda fase agora é a implantação nas empresas. Primeiro, temos de chegar à porta das empresas e discutir naquele segmento aonde a Indústria 4.0 pode atuar. Sabemos que se trata de um grande desafio para as equipes do Sesi, Senai e IEL. Porém, estamos preparados e entendo que a demanda existe e as empresas estão ansiosas para se adequarem a esse novo processo de produção industrial e de gestão operacional de cada atividade. Portanto, é um avanço significativo para nós e eu entendo que o Sistema Fiems vai dar a res-
posta necessária às empresas de Mato Grosso do Sul em relação ao programa da Indústria 4.0. Nesse sentido, o Sistema Fiems fez grandes investimentos no ISI Biomassa (Instituto Senai de Inovação em Biomassa), em Três Lagoas (MS), no Centro de Inovação do Sesi, em Campo Grande (MS), e no IST Alimentos e Bebidas (Instituto Senai de Tecnologia em Alimentos e Bebidas), em Dourados (MS), porque sabe que, antes de ir até as indústrias, precisava melhorar a infraestrutura. Por isso, contamos hoje com um moderno laboratório de biomassa para atender as grandes empresas do Brasil nessa área de atuação, então, essa nossa estrutura física e operacional também tem dado retorno necessário às empresas. É claro que ainda temos muito a realizar porque a movimentação é muito rápida e nós temos de nos preparar fisicamente e tecnicamente para implantar nas empresas. Não é muito fácil ajustar tudo isso no tempo necessário, mas estamos correndo para colocar a indústria de Mato Grosso do Sul bem alinhada com o plano nacional da 4ª Revolução Industrial. A nossa viagem ao futuro está apenas começando!
SÉRGIO LONGEN Presidente do Sistema Fiems
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ENTREVISTA
TEREZA CRISTINA
FUTURA MINISTRA DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO “Precisamos facilitar e criar um ambiente de negócios favorável em todos os setores, mas no setor agropecuário principalmente porque praticamente 30% do PIB vem do agronegócio”
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íder da bancada ruralista, a deputada federal Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias (DEM/MS) foi indicada pela FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária)
para assumir o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Ela é formada em engenharia agrônoma pela Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais, e, em Mato Grosso MS INDUSTRIAL | 2018 • 9
do Sul, foi secretária estadual de Desenvolvimento Agrário, Produção, Indústria, Comércio e Turismo entre 2007 e 2014, nos governos de André Puccinelli (MDB). Também é a primeira mulher a ser nomeada em um cargo de alto escalão no governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). Com ela à frente da Pasta, a Fiems aposta no crescimento exponencial da agroindústria do Estado, onde o clima é de otimismo e de que o setor produtivo local como um todo será beneficiado, já que se trata de uma profunda conhecedora da agroindústria sul-mato-grossense.
a lei prevaleça e, principalmente no nosso caso de demarcação de terras indígenas, temos 19 condicionantes do STF (Supremo Tribunal Federal) que não são cumpridas nas instâncias inferiores da Justiça e acaba sendo judicializado e aí a gente leva mais de 20 anos para ter o caso resolvido. Todo mundo perde e essa é uma das questões que o presidente Bolsonaro quer trabalhar em conjunto do Legislativo e do Judiciário para que essas situações sejam resolvidas da melhor maneira possível dentro da lei.
Dentro desses novos modelos de reformas, a reforma do sistema agrário entra na pauta da sua agenda de trabalho? Não tocamos nesse assunto ainda, mas vamos definir exatamente como vai ficar tudo isso. A reforma agrária fica no Incra e preciso saber se isso é uma prioridade, se tem recursos. Eu acho que poderia vir para o Ministério da Agricultura e unir tudo, mas precisamos estudar ainda o que cabe dentro do Ministério da Agricultura, mas penso que deveríamos unir tudo. Já conver-
Com relação à segurança jurídica, o que é possível à frente do Ministério a senhora tentar resolver? Qual a posição do presidente eleito Jair Bolsonaro quanto a isso? O presidente Bolsonaro sempre disse que vai ser muito duro com essas questões, que não vai permitir invasão de qualquer tipo de movimento e que não vai titubear. Esse assunto de invasão não tem espaço para conversa ou diálogo. Será cumprida a lei e o que estiver fora da lei, ele não vai admitir. Precisamos facilitar e criar um ambiente de negócios favorável em todos os setores, mas no setor agropecuário principalmente, porque praticamente 30% do PIB vem do agronegócio. A FPA entregou para o presidente Bolsonaro um calhamaço de notas técnicas, decretos e documentos que estão abaixo da lei, mas que muitas vezes têm mais força do que a própria lei e que têm impedido o Brasil de ter a segurança jurídica e fazem com que investidores às vezes tenham medo de vir para o País nas mais diversas áreas, como trabalhista, fundiária, indígena. Então estamos fazendo uma revisão e a equipe de transição está estudando para ver como fazer para que 10 •
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“O Ministério da Agricultura é uma pasta bastante importante e deve sempre sentar à mesa com a Fazenda, o Planejamento, a Infraestrutura, o Meio Ambiente. Enfim, ele tem de participar sempre do coração dos ministérios que decidem as coisas no Brasil.”
- TEREZA C R I STI NA Futura Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
sei com o ministro Blairo para conhecer o Ministério a fundo para poder concluir nesses poucos dias até o dia 31 de dezembro para ver como vai funcionar o Ministério da Agricultura, que hoje funciona muito bem com o Blairo, que teve um belíssimo desempenho, principalmente na busca por novos mercados, realizando visitas e sendo até um vendedor dos produtos brasileiros lá fora e também conversando sobre muitas importações. O Brasil precisa se abrir mais para o mercado mundial. O Ministério é uma pasta com um orçamento de quase R$ 12 bilhões, com sete secretaria, tem Conab, Ceasa, portos, aeroportos, fiscalização, tratando de pequenas culturas a grandes culturas. Então é um desafio bastante grande. Com relação à lei dos defensivos agrícolas, que sempre foi uma prioridade sua e da FPA, como você, como ministra, pode agir para antecipar essa lei? Já discutiu isso com o presidente eleito? Ainda não discuti. Ela é uma prioridade para o setor e o Ministério da Agricultura, que trabalha pelo setor, vê essa necessidade de modernização. Eu conversei diversas vezes com o atual ministro da Agricultura e com o setor produtivo e a verdade é que essa lei passou apenas na Comissão Especial e precisa ser votada em plenário, vai receber emendas e até substitutivo, se for o caso, mas precisa caminhar. Ela é prioritária para o Ministério da Agricultura, mas o Poder Legislativo é soberano para votar quando achar que deve. É preciso que haja um entendimento entre o Executivo e o Legislativo para pautar esse assunto, mas acho muito difícil fazer isso ainda este ano porque não temos mais tempo para uma matéria tão polêmica como essa ser votada em plenário.
Já foi anunciado que o futuro nome do Meio Ambiente passará por sua aprovação. Como vê essa responsabilidade? O perfil do ministro do Meio Ambiente vai ser um perfil que não tenha ideologia. Tem de ser um ministro que pense tecnicamente e que tenha agilidade para tocar esse ministério, que é monstruoso de tão grande, com tantas estruturas. Não sei quais são os nomes cotados, mas iremos analisar e a caneta para aprovar ou não é do presidente Bolsonaro. Para tocar o Ministério da Agricultura, a senhora precisa compor uma equipe especializada. A senhora vai levar alguém de MS? Com certeza penso em valorizar meu Estado, mas ainda está muito prematuro escolher nomes antes de conhecer o Ministério e as secretarias, sabendo a função de cada uma, e aí achar os perfis de que precisamos. Podemos ter, sim, gente nossa, mas o Blairo não levou quase ninguém, porque já temos nomes de carreira muito bons. A senhora já criticou várias vezes o chamado custo Brasil por conta da logística. A senhora pretende conversar com outras pastas para resolver esses gargalos? Com certeza. Já existe um plano de logística em que eu tive a oportunidade de dar uma olhada e na hora certa isso será colocado à mesa. O Ministério da Agricultura é uma pasta bastante importante e deve sempre sentar à mesa com a Fazenda, o Planejamento, a Infraestrutura, o Meio Ambiente. Enfim, ele tem de participar sempre do coração dos ministérios que decidem as coisas no Brasil, porque 30% do PIB vem do agronegócio.
“Precisamos facilitar e criar um ambiente de negócios favorável em todos os setores, mas no setor agropecuário principalmente, porque praticamente 30% do PIB vem do agronegócio.”
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FALA, INDÚSTRIA
O que mais me chamou atenção foi o Senai Empresa, com uma dinâmica única e que com certeza deve ser difundida pelo País” GUSTAVO LEA L Diretor de Operações do Senai Nacional Ao visitar as instalações do Senai de Mato Grosso do Sul
A expectativa da indústria é que o presidente eleito Jair Bolsonaro apresente uma agenda mobilizadora para o Brasil, mantenha o diálogo construtivo com os partidos políticos e forme uma base no Congresso Nacional que permita aprovação das mudanças necessárias à retomada do crescimento e à criação de empregos” S É R GI O LON GEN presidente da Fiems
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Temos que facilitar e não complicar a vida dos produtores. A Secretaria de Fazenda tem que entender isso, conversar mais e colocar o pé no freio. Não podemos piorar o que já está ruim” TEREZA CRI STI NA Deputada Federal
Sobre a possibilidade de o Governo do Estado exigir do produtor rural emissão de nota ao vender o leite para a indústria.
Articulamos essa aproximação do Senai com a UFMS e a Fiocruz com o intuito de resolver os problemas da indústria por meio de pesquisas, na área de tecnologia, biomassa e bioinformática” RODOLPHO MANGI AL ARDO
diretor regional do Senai Durante intercâmbio promovido entre as três instituições.
Existe uma estimativa de que até 2020, aproximadamente, o investimento que deve ser feito em inteligência artificial na indústria chegue a R$ 63 bilhões. As indústrias de Mato Grosso do Sul estão começando a se interessar e o Senai desenvolve um trabalho para mostrar o que é a Indústria 4.0 e preparar os profissionais para essa nova realidade” L EONARDO DOS SANTOS TEI XEI RA engenheiro do Programa Senai de Manutenção Industrial do Senai Empresa
O CIN facilitou muito o processo para conseguirmos esse documento, visto que se buscássemos outros meios o tempo de espera poderia chegar a 120 dias e o valor seria muito maior. Boa parte da burocracia necessária para exportar é resolvida com esse documento” RAFAEL FRANCO gerente administrativo da Fecularia Ponta Porã Ao receber auxílio do Centro Internacional de Negócios do IEL para obter o Atestado de Existência Empresarial, que comprova a atividade para clientes internacionais
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INOVA ÇÃ O
INDÚSTRIA DE OPORTUNIDADES Grupo alagoano quer transformar Paranaíba em polo de cultivo de amendoim
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ais de 13 mil toneladas de amendoim devem partir de Paranaíba (MS), a 400 quilômetros de Campo Grande, rumo a Jaboticabal, município do noroeste de São Paulo considerado o principal polo produtor do grão no Brasil. De lá, o amendoim pode virar salgadinho, torrone e até chocolate não somente para o mercado interno, mas para exportação a países da Europa e América Central. A abertura do produto sulmato-grossense para o mercado internacional é resultado de uma indústria de beneficiamento de amendoim que está em fase de instalação em Paranaíba, a Mani Agroindustrial. A fábrica, voltada para a recepção e secagem do grão, provém de investimentos de
um grupo que atua no Alagoas, o MGV, que enxergou no município potencial para plantio e transporte do grão. Uma vez em operação, a unidade deve transformar o perfil agrícola de Mato Grosso do Sul, gerar 120 empregos diretos, além dos indiretos, e movimentar a economia local. As metas do grupo MGV, são audaciosas – transformar Estado em um dos maiores produtores de amendoim do país, responsável pelo plantio de 15 a 20% do grão nacional. A unidade já tem uma área definida, a pouco mais de 3 quilômetros do perímetro urbano de Paranaíba. Quem passa pelo local, às margens da MS 240, se depara com a planta onde, em breve, será realizada a recepção e armazenamento do amendoim cultivado no Estado.
O espaço já foi cascalhado, o projeto de energia foi concluído e está sendo instalada a rede de ligação elétrica, além da perfuração dos poços artesianos para obtenção de água. Agora, a Mani Agroindustrial aguarda a finalização do processo de aprovação dos recursos pelo Banco do Brasil, via FCO (Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste) para iniciar a construção do complexo industrial, que deve levar cerca de três meses. TRANSFORMAÇÃO - O início das operações da Mani vai dar uma nova cara à cadeia do amendoim em Mato Grosso do Sul. Atualmente, existe uma área plantada de cerca de 4 mil hectares do grão entre Paranaíba e Aparecida do Taboado, outra cidade também próxima,
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“Acredito ser uma excelente oportunidade de investimento, considerando que, além de ser uma opção para renovação de canaviais e áreas de pastagem, um grupo consolidado como o MGV estará envolvido no processo”
R O G É R I O BERET TA Superintendente da Semagro
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a pouco mais de 70 quilômetros. O grão in natura, então, é transportado até Jaboticabal, onde estão instaladas a Coplana (cooperativa da região de Guariba) e a Camap (da Alta Paulista, na região oeste do Estado), que atuam no mercado do amendoim desde a semente à comercialização e venda de produtos derivados no varejo nacional. Ocorre que o amendoim in natura não resiste muito bem ao percurso. São mais de 400 quilômetros, de caminhão, de Paranaíba a Jaboticabal, e o grão pode chegar à cooperativa com elevados níveis de umidade, tornando-o impróprio para consumo e comercialização. O amendoim tem uma particularidade – é alta a ocorrência das “micotoxinas”, substâncias tóxicas produzidas por fungos e, portanto, prejudiciais à saúde. O período chuvoso, particularmente, favorece as condições de proliferação dos fungos, em razão da elevada umidade. INDUSTRIALIZAÇÃO DO AMENDOIM - Ou seja, a perda de matéria-prima durante o transporte era significativa. O que o complexo industrial da Mani vai fazer em Paranaíba é o primeiro passo da industrialização do amendoim – a chamada “recepção”. Trata-se de uma espécie de “limpeza’ do grão in natura. Serão realizados processos para retirar a parte não comestível ou não utilizável do amendoim, como a higienização, secagem, seleção, entre outros, sem que suas principais características naturais sejam alteradas. “Primeiro é feita uma limpeza, na qual são retirados os resíduos vegetais do grão, e depois, a secagem do amendoim. Ele chega da lavoura com cerca de 12% de umidade e, para combater a proliferação de fungos, esta umidade precisa ser reduzida para 7 a 8%”, explica o consultor agrônomo do MGV, Pedro Faria Júnior. Após a secagem, o amendoim passa por um novo processo de limpeza e, então, é armazenado em um graneleiro, um silo horizontal, onde aguardará o transporte para Jaboticabal.
“É uma nova fonte de riqueza que chega ao município” - RONALDO MI ZI ARA Prefeito de Paranaíba
MANI AGROINDUSTRIAL PARANAÍBA – MS Indústria de beneficiamento de amendoim Investimentos: R$ 50 milhões, via FCO Empregos: 120 diretos/ 300 indiretos Capacidade: 1 milhão de sacas de amendoim O Grupo MGV: O grupo detém a Usina Coruripe, que atua na área sucroenergética, desde 1925 com unidades industriais no Norte, Nordeste e Sudeste brasileiro. O MGV é um braço da Coruripe, criado para integração da lavoura de cana com o amendoim.
O nome da Mani Agroindustrial vem do espanhol – é a tradução de “amendoim” no idioma
“Este primeiro beneficiamento do grão que será feito em Paranaíba reduzirá as perdas de matéria-prima e vai ampliar bastante a qualidade sanitária e conformidade técnica dos produtos derivados do amendoim que, ao saírem do interior de São Paulo, são consumidos por pessoas de todo o Brasil e do mundo”, acrescenta o consultor. Para viabilizar este processo, o grupo MGV investirá em um grande pátio industrial – a planta, afirma o engenheiro civil João Junior, prevê a aquisição de uma balança, instalação de um laboratório de análises de qualidade do grão, áreas de higienização, linhas de descarregamento, de secagem dos grãos, limpeza final e distribuição para dois graneleiros. Inicialmente, a capacidade é para a recepção de 1 milhão de sacas de amendoim, que, posteriormente, poderá ser ampliada para 2 milhões de sacas. Nesta segunda fase, a empresa estima poder comercializar o amendoim debulhado, granulado e blancheado e, ainda, industrializar pasta de amendoim, como forma de agregar valor ao produto. A chegada de tamanha estrutura a Mato Grosso do Sul foi possível graças a uma política estadual de investimentos para atração de empreendimentos e esforços conjuntos do grupo MGV, Prefeitura de Paranaíba e Governo do Estado. O CEIF-FCO (Conselho Estadual de Investimentos Financiáveis pelo FCO), vinculado à Semagro (Secretaria estadual de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia, Produção e Agricultura Familiar), aprovou a liberação de R$ 50 milhões em recursos para instalação da fábrica em Paranaíba, via FCO.
Após a aprovação dos recursos, o grupo começou a disseminar em diversos municípios sul-mato-grossenses as oportunidades de negócios que a indústria de amendoim trará para o Estado. COMPRA GARANTIDA - A aposta é que, – ao invés das tradicionais culturas locais, como algodão, sorgo e milho, produtores locais estarão dispostos a fazer a correção do solo com o plantio de amendoim. “Para quem tem terra própria, nós oferecemos consultoria, quem não tem, a empresa arrenda, paga o proprietário e cede para o produtor. O MGV providencia insumos e equipamentos de plantio e colheita, que são diferentes da soja. Garantimos a compra do amendoim”, atesta o diretor do grupo, Vitor Montenegro Wanderley Junior. Os resultados do projeto-piloto do MGV para a cadeia do amendoim no Estado já são positivos. Nas áreas de plantio, alcançou índices de 7 mil quilos por hectare, superando as expectativas iniciais. Para se ter uma ideia, no estado de São Paulo, que lidera a produção nacional, a produtividade média é de 6 mil quilos por hectare. “Acreditamos que há aptidão da região para o cultivo da oleaginosa, que exige, por conta dos equipamentos e custo de produção que a cultura seja realizada em uma unidade mínima de 200 hectares”, explica Faria Júnior. “Proporciona enorme melhora no solo. Na área que tem amendoim constatamos aumento de produtividade”, atesta ele. Além de Paranaíba e Aparecida do Taboado, Chapadão do Sul também seria um município estratégico, em razão do solo arenoso encontrado na região.
“Oferecemos consultoria, arrendamos a terra. O MGV também providencia insumos e equipamentos de plantio e colheita e garantimos a compra do amendoim” - VI TOR MONTENEGRO WANDERL EY JUNI OR Diretor do grupo MGV
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FIEMS
SOB NOVA DIREÇÃO Longen é empossado vice-presidente da CNI para o quadriênio 2018-2022
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o tomar posse como vice-presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria) no dia 30 de outubro, em Brasília (DF), o presidente da Fiems, Sérgio Longen, afirmou que a nova diretoria da entidade que representa a indústria brasileira vai priorizar investimentos em inovação e levantar a bandeira da gestão eficiente dos gastos públicos pelo Governo Federal e Estados com o objetivo de fortalecer a economia do País.
Ele foi empossado durante a reunião mensal do Conselho de Representantes da CNI junto com a chapa eleita em maio deste ano para comandar a confederação no período de 2018 a 2022, encabeçada pelo empresário Robson Braga de Andrade. Indicado por Longen, o diretor da Fiems, Irineu Milanesi, também tomou posse no Conselho Fiscal da CNI. “A diretoria é nova, mas será mantido o projeto de inovar e ter uma visão de futuro relacionada
ao fato de que estamos vivendo a 4ª Revolução Industrial, a Indústria 4.0. O Senai passa por um novo direcionamento e, por meio dos Institutos Senai de Inovação, auxilia empresas de todos os portes com soluções tecnológicas para que possam criar produtos e processos diferentes”, citou Sérgio Longen, lembrando que Mato Grosso do Sul conta com um dos institutos distribuídos pelo País, o ISI Biomassa (Instituto Senai de Inovação em Biomassa), em Três Lagoas (MS). MS INDUSTRIAL | 2018 • 19
O Sesi, continuou o presidente da Fiems, também passou por uma reformulação e passou a focar em soluções inovadoras e pesquisa aplicada voltada para a saúde e segurança do trabalhador e novas metodologias de educação. “O Sesi também tem atuado voltado para a Indústria 4.0 e tem Centros de Inovação, inclusive em Campo Grande, para desenvolver modelos inovadores tanto para melhorar a gestão da saúde e segurança do trabalhador, quanto para modernizar a educação regular e de cursos e capacitações para as indústrias”, exemplificou. Ele também citou que a nova diretoria da CNI assume com grandes expectativas em relação aos próximos quatro anos e como o presidente eleito Jair Bolsonaro, governadores e parlamentares pretendem lidar com o orçamento público. “A classe empresarial adota um modelo muito claro de eficiência na administração dos gastos, que pode servir de exemplo para a gestão pública, uma bandeira que a Fiems vem defendendo há muitos anos”, reforçou. Longen completa que esse será um grande desafio que os gestores e legisladores terão nos próximos anos ao aprovarem as reformas que são importantes, como a da Previdência, que é a mudança mais clara de que haverá zelo com o dinheiro público. “O eleitor escolheu empresários para governar mais de um Estado, como no Mato Grosso, com o Mauro Mendes, que inclusive foi presidente da Fiemt, e o Romeu Zema, em Minas Gerais, que podem deixar grandes lições para os demais governadores”, disse. Na mesma linha, o diretor da Fiems empossado conselheiro fiscal da CNI, Irineu Milanesi, falou sobre a importância das pautas 20 •
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CONFIRA ABAIXO A COMPOSIÇÃO DA DIRETORIA E DO CONSELHO FISCAL DA CNI PARA O QUADRIÊNIO 2018-2022:
DIRETORIA PRESIDENTE - ROBSON BRAGA DE ANDRADE VICE-PRESIDENTE-EXECUTIVO - PAULO ANTONIO SKAF VICE-PRESIDENTE-EXECUTIVO - ANTONIO CARLOS DA SILVA VICE-PRESIDENTE-EXECUTIVO - FRANCISCO DE ASSIS BENEVIDES GADELHA VICE-PRESIDENTE-EXECUTIVO - PAULO AFONSO FERREIRA VICE-PRESIDENTE-EXECUTIVO - GLAUCO JOSÉ CÔRTE VICE-PRESIDENTE - SÉRGIO MARCOLINO LONGEN VICE-PRESIDENTE - EDUARDO EUGENIO GOUVÊA VIEIRA VICE-PRESIDENTE - ANTONIO RICARDO ALVAREZ ALBAN VICE-PRESIDENTE - GILBERTO PORCELLO PETRY VICE-PRESIDENTE - OLAVO MACHADO JÚNIOR VICE-PRESIDENTE - JANDIR JOSÉ MILAN VICE-PRESIDENTE - EDUARDO PRADO DE OLIVEIRA VICE-PRESIDENTE - JOSÉ CONRADO AZEVEDO SANTOS VICE-PRESIDENTE - JORGE ALBERTO VIEIRA STUDART GOMES VICE-PRESIDENTE - EDSON LUIZ CAMPAGNOLO VICE-PRESIDENTE - LEONARDO SOUZA ROGERIO DE CASTRO VICE-PRESIDENTE - EDILSON BALDEZ DAS NEVES 1º DIRETOR-FINANCEIRO - JORGE WICKS CÔRTE REAL 2º DIRETOR-FINANCEIRO - JOSÉ CARLOS LYRA DE ANDRADE 3º DIRETOR-FINANCEIRO - ALEXANDRE HERCULANO COELHO DE SOUZA FURLAN 1º DIRETOR-SECRETÁRIO - AMARO SALES DE ARAÚJO 2º DIRETOR-SECRETÁRIO - ANTONIO JOSÉ DE MORAES SOUZA FILHO 3º DIRETOR-SECRETÁRIO - MARCELO THOMÉ DA SILVA DE ALMEIDA DIRETOR - ROBERTO MAGNO MARTINS PIRES DIRETOR - RICARDO ESSINGER DIRETOR - MARCOS GUERRA DIRETOR - CARLOS MARIANI BITTENCOURT DIRETOR - PEDRO ALVES DE OLIVEIRA DIRETOR - RIVALDO FERNANDES NEVES DIRETOR - JOSÉ ADRIANO RIBEIRO DA SILVA DIRETOR - JAMAL JORGE BITTAR DIRETOR - ROBERTO CAVALCANTI RIBEIRO DIRETOR - GUSTAVO PINTO COELHO DE OLIVEIRA DIRETOR - JULIO AUGUSTO MIRANDA FILHO DIRETOR - JOSÉ HENRIQUE NUNES BARRETO DIRETOR - NELSON AZEVEDO DOS SANTOS DIRETOR - FLÁVIO JOSÉ CAVALCANTI DE AZEVEDO DIRETOR - FERNANDO CIRINO GURGEL
CONSELHO FISCAL TITULARES JOÃO OLIVEIRA DE ALBUQUERQUE JOSÉ DA SILVA NOGUEIRA FILHO IRINEU MILANESI SUPLENTES CLERLÂNIO FERNANDES DE HOLANDA FRANCISCO DE SALES ALENCAR CÉLIO BATISTA ALVES
“A classe empresarial adota um modelo muito claro de eficiência na administração dos gastos, que pode servir de exemplo para a gestão pública, uma bandeira que a Fiems vem defendendo há muitos anos” para fortalecer a economia. “A economia forte depende de uma indústria forte. Por isso, vamos continuar discutindo as medidas que possam manter a competividade do setor, que contribui para o PIB do país e geração de emprego e renda”, pontuou. Quando foi eleito, o presidente reeleito da CNI, Robson Braga, também ressaltou que a prioridade de seu mandato será a defesa de temas que considera essenciais para o Brasil. “A Reforma da Previdência e redução da burocracia são urgentes para que o país volte a crescer a abrir novas empresas”, salientou .
A chapa eleita é composta por cinco vice-presidentes executivos, representando cada uma das regiões do País: o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP), Paulo Skaf; o presidente da Federação das Indústrias do Amazonas (FIEAM), Antonio Carlos da Silva; o presidente da Federação das Indústrias da Paraíba (FIEP), Francisco de Assis Gadelha; o membro do Conselho de Representantes da CNI, na qualidade de delegado da Federação das Indústrias de Goiás (FIEG), Paulo Afonso Ferreira; e o presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), Glauco José Côrte.
- SÉRGI O L ONGEN Presidente do Sistema Fiems Vice-presidente da CNI
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GIRO DA INDÚSTRIA
M A I S R E C UR SOS PA R A A S MI C RO E PE QUE NA S. . .
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Assinado na CNI (Confederação Nacional da Indústria), decreto do governo federal autoriza mais recursos para o programa Brasil Mais Produtivo – voltado às pequenas e médias indústrias brasileiras. Para aumentar a produtividade das empresas, o programa prevê consultoria tecnológica, ao valor total de R$ 18 mil – quase que a totalidade, R$ 15 mil, são repassados pelos integrantes do programa e parceiros, como o Sebrae – e R$ 3 mil pelos inscritos. O foco são empresas exportadoras ou que busquem ferramentas interessadas em se adaptar à indústria 4.0.
O Governo do Estado anunciou ter ampliado em 50% a participação de micros e pequenas empresas locais no âmbito do Plano Estadual de Compras Governamentais (Comprasgov). A informação foi divulgada pelo secretário estadual de Administração e Desburocratização, Édio Viegas, durante solenidade de lançamento do programa para 2019, que prevê a aquisição de 72 milhões de unidades de itens, com orçamento de R$ 2 bilhões.
FCO N OVO MI N I S TR O D O TR A B A LHO Aprovada por unanimidade na Câmara dos Deputados e Senado Federal a indicação de Luiz José Dezena da Silva como novo ministro do TST (Tribunal Superior do Trabalho). Após a nomeação pelo presidente da República, ele ocupará vaga reservada a magistrados de carreira, que será aberta em março com a aposentadoria do ministro Fernando Eizo Ono. Dezena da Silva é desembargador do TRT da 15ª Região, com sede em Campinas (SP), desde 2010.
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O ano nem acabou, mas o Banco do Brasil já liberou 70% de todo o montante disponibilizado em 2017 via FCO (Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste) para empresários e produtores rurais ampliarem e investirem em seus empreendimentos. Até setembro, segundo o banco, já foi repassado R$ 1,782 bilhão dos R$ 2,443 bilhões previstos para 2018. A meta é fechar o ano com todo este recurso contratado.
AC AB OU A LU Z ... E AG OR A?
As empresas distribuidoras de energia elétrica podem ser obrigadas a pagar uma multa aos usuários quando houver interrupção dos serviços. A medida está prevista no projeto de lei do Senado (PLS) 209/2015, que já foi aprovado pela Comissão de Serviços de Infraestrutura. A reparação pode ser convertida em crédito na fatura de energia em até três meses. Agora, o projeto, do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), será votado em Plenário e, se aprovado, segue para apreciação da Câmara dos Deputados.
F UN DO DE R E GU LA R I Z A Ç Ã O Mato Grosso do Sul terá um Fundo de Regularização de Terras (Funter), cuja receita será destinada a processos e serviços de Cartografia, Regularização Fundiária, Assistência Técnica, Extensão Rural, Pesquisa Agropecuária e Abastecimento. Vinculado à Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), o fundo foi criado pelo Governo do Estado e é voltado para a “aquisição e o financiamento de bens e serviços destinados à operacionalização de programas, projetos e atividades para o desenvolvimento rural do Estado”.
E NE R G IA L IMPA E M A LTA Por falar em energia, avançou no Senado projeto que obriga empresas do setor elétrico e indústria do petróleo a investirem até 1% da receita bruta em pesquisas relacionadas a tecnologias de redes elétricas inteligentes, armazenamento de energia, eficiência energética, tecnologia de baixo carbono e a fontes eólica, solar, biomassa, hídrica, de cogeração qualificada e maremotriz. O texto foi aprovado na Comissão de Meio Ambiente e já tem pareceres favoráveis em outras duas comissões do Senado.
R OCK IN R IO. . . BR IL HA NT E O Rock in Rio já tem data, atrações confirmadas e promete voltar às raízes na edição de 2019, com um dia inteiro dedicado a atrações da estirpe de Iron Maiden, Scorpions e Sepultura. Mas, enquanto um dos maiores festivais de música do mundo não chega, os amantes do rock podem apreciar o heavy metal local no Rock in Rio Brilhante, que leva à cidade da região Sul do Estado shows das bandas Bafo de Onça – e seu hit “Eu quero comer o peixe” –Atropelo, Válvula de Escape, Black Rabbits e outras.
Fontes: TST, Senado, CNI, Governo do Estado, ALMS MS INDUSTRIAL | 2018 • 23
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ABONO DE NATAL 24 â&#x20AC;¢
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Indústria vai injetar R$ 279,1 milhões na economia de MS com pagamento do 13º salário.
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setor industrial de Mato Grosso do Sul, que é composto pelas indústrias de transformação, de extrativismo mineral, de construção civil e de serviços de utilidade pública, vai injetar na economia estadual R$ 279,1 milhões nos meses de novembro e dezembro deste ano com o pagamento do 13º salário de 123.042 trabalhadores com carteira assinada nas atividades industriais, de acordo com estimativas do Radar Industrial da Fiems. A projeção leva em consideração o fato de o salário nominal médio pago pelas indústrias sul-mato-grossenses em 2018 ser de R$ 2.268,00. Além disso, conforme o levantamento realizado pelo Radar Industrial, o montante de R$ 279,1 milhões relativos ao benefício deste ano é 4,8% superior ao desembolsado em 2017, quando o setor pagou R$ 266,3 milhões a título de 13º salário, e representa 16,2% do total que deve ser pago no Estado neste ano. Na avaliação do presidente da Fiems, Sérgio Longen, essa injeção milionária de recursos na economia estadual faz parte de uma conta muito clara de que a indústria vem avançando e superando as dificuldades. “Hoje, o salário médio pago pela indústria estadual é mais do que o dobro do mínimo, ou seja, R$ 2.268,00 contra R$ 954,00. Por isso, o setor pagará quase R$ 280 milhões em 13º salário, que serão injetados na economia até o dia 20 de dezembro, demostrando que a indústria vem contribuindo para
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SAIBA QUEM TEM DIREITO E COMO FUNCIONA O 13º SALÁRIO
Conhecida como 13º salário, a gratificação de Natal foi instituída no Brasil pela Lei 4.090, de 13/07/1962, e garante que o trabalhador receba o correspondente a 1/12 (um doze avos) da remuneração por mês trabalhado. Ou seja, consiste no pagamento de um salário extra ao trabalhador no final de cada ano.
Tem direito à gratificação todo trabalhador com carteira assinada, sejam trabalhadores domésticos, rurais, urbanos ou avulsos. A partir de quinze dias de serviço, o trabalhador já passa ter direito a receber o décimo terceiro salário. Também recebem a gratificação os aposentados e pensionistas do INSS.
o aquecimento da economia sulmato-grossense”, analisou. Ele acrescenta que a indústria integra uma frente de desenvolvimento graças ao trabalho de base realizado ao logo dos últimos 11 anos, que ajudou o setor a se consolidar em muitos municípios do Estado. “Já essa melhoria dos salários pagos pelas indústrias é reflexo da qualificação dos trabalhadores realizada pelo Senai na maioria das cidades do Estado, onde as prefeituras são parceiras. É importante destacar esse elo Senai-Prefeituras, além da articulação junto às empresas, e o resultado disso tudo está aparecendo. Isso vem também motivado pelos incentivos fis-
cais que nós conseguimos alinhar com o Governo do Estado de uma forma bem transparente e operacional”, detalhou. Sérgio Longen reforça que as empresas que hoje estão instaladas em Mato Grosso do Sul estão satisfeitas com a convalidação dos benefícios fiscais e com a ampliação dessa concessão até 2032. “Mesmo com a contribuição ao Fadefe (Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Econômico e de Equilíbrio Fiscal do Estado), todas as empresas aderiram com satisfação ao projeto, tendo a segurança jurídica de que os incentivos fiscais concedidos pelo Estado são reais”, finalizou.
O cálculo do décimo terceiro salário é feito da seguinte forma: divide-se o salário integral do trabalhador por doze e multiplica-se o resultado pelo número de meses trabalhados. As horas extras, adicionais noturno e de insalubridade e comissões adicionais também entram no cálculo da gratificação. Se o trabalhador tiver mais de quinze faltas não justificadas em um mês de trabalho ele deixa de ter direito ao 1/12 avos relativos àquele mês.
A gratificação de Natal deve ser paga pelo empregador em duas parcelas. A Lei 4.749, de 12/08/1965, determina que a primeira seja paga entre o dia 1º de fevereiro até o dia 30 de novembro. Já a segunda parcela deve ser paga até o dia 20 de dezembro, tendo como base de cálculo o salário de dezembro menos o valor adiantado na primeira parcela.
Se o trabalhador desejar, ele pode receber a primeira parcela por ocasião de suas férias, mas, neste caso, ele deve solicitar por escrito ao empregador até o mês de janeiro do respectivo ano.
Caso a data máxima de pagamento do décimo terceiro caia em um domingo ou feriado, o empregador deve antecipar o pagamento para o último dia útil anterior. O pagamento da gratificação em uma única parcela, como feito por muitos empregadores, normalmente em dezembro, é ilegal, estando o empregador sujeito a multa.
O trabalhador também terá direito a receber a gratificação quando da extinção do contrato de trabalho, seja por prazo determinado, por pedido de dispensa pelo empregado, ou por dispensa do empregador, mesmo ocorrendo antes do mês de dezembro. Só não tem direito ao décimo terceiro o empregado dispensado por justa causa.
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UM DIA DEPOIS DO AMANHÃ
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Agora, na 4ª Revolução Industrial, o que se destaca são os avanços tecnológicos como inteligência artificial e big data e, com o objetivo de antecipar tendências e preparar o Brasil para a manufatura avançada, o Sistema Fiems aposta na inovação para formar o profissional do futuro e prepará-lo para lidar com um mundo dinâmico de constantes e rápidas transformações. Para o presidente da Fiems, Sérgio Longen, o Sesi, Senai e IEL têm se preparado para atender as “novas” demandas das empresas. “Isso já é um desafio grande e nós estamos superando fases, semestre a semestre, ano a ano. A segunda fase agora é a implantação nas empresas. Primeiro, temos de chegar à porta das empresas e discutir naquele segmento onde a Indústria 4.0 pode atuar”, declarou. Ele completa que esse é um grande desafio para as equipes do Sesi, Senai e IEL. “Porém, estamos
fusão entre os mundos real e virtual já é uma realidade para muitas empresas que integram o setor industrial e, para tanto, as entidades do Sistema Fiems têm como um de seus principais desafios contribuir para facilitar a compreensão desse novo amanhã. Em tempos de Indústria 4.0 ou 4ª Revolução Industrial, as transformações digitais são visíveis e essas mudanças ganham mais profundidade. Se a 1ª Revolução Industrial foi marcada pela introdução da máquina a vapor e da mecanização do trabalho manual no século 19, no século 20 a produção em massa, com a utilização de equipamentos eletrificados, definiu a 2ª Revolução Industrial, enquanto a 3ª Revolução Industrial ocorreu mais recentemente, a partir do uso de eletrônicos e da tecnologia computacional para a produção e para a automação da produção.
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2ª
3ª
1º REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
2º REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
3º REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Máquinas a vapor e a mecanização do trabalho manual
Produção em massa, e a utilização de equipamentos eletrificados
Eletrônicos e tecnologia computacional para a produção e automação da produção
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preparados e entendo que a demanda existe e as empresas estão ansiosas para se adequarem a esse novo processo de produção industrial e de gestão operacional de cada atividade. Portanto, é um avanço significativo para nós e eu entendo que o Sistema Fiems vai dar a resposta necessária às empresas de Mato Grosso do Sul em relação ao programa da Indústria 4.0”, afirmou. Nesse sentido, Longen reforça que o Sistema Fiems fez grandes investimentos no ISI Biomassa (Instituto Senai de Inovação em Biomassa), em Três Lagoas (MS), no Centro de Inovação do Sesi, em Campo Grande (MS), e no IST Alimentos e Bebidas (Instituto Senai de Tecnologia em Alimentos e Bebidas), em Dourados (MS), porque sabe que, antes
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4º REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Inteligência artificial, internet das coisas, big data e redes em nuvem.
de ir até às indústrias, precisava melhorar a infraestrutura. “Por isso, contamos hoje com um moderno laboratório de biomassa para atender as grandes empresas do Brasil nessa área de atuação, então, essa nossa estrutura física e operacional também tem dado retorno necessário às empresas. É claro que ainda temos muito a realizar porque a movimentação é muito rápida e nós temos de nos preparar fisicamente e tecnicamente para implantar nas empresas. Não é muito fácil ajustar tudo isso no tempo necessário, mas estamos correndo para colocar a indústria de Mato Grosso do Sul bem alinhada com o plano nacional da 4ª Revolução Industrial”, argumentou o presidente da Fiems.
“É um avanço significativo para nós e eu entendo que o Sistema Fiems vai dar a resposta necessária às empresas de Mato Grosso do Sul” - SÉRGI O LONGEN Presidente do Sistema Fiems
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Senai 4.0 DA EDUCAÇÃO ÀS CONSULTORIAS - Diante das novas transformações causadas pela Indústria 4.0, o Senai está mudando seu portfolio e vem se adequando à realidade 4.0. “Ele deve ser um indutor tecnológico e está modificando sua estrutura, capacitando os profissionais e trazendo um portfólio com cursos e serviços para que as indústrias interessadas em aderir ao movimento 4.0 sejam bem atendidas e tenham rapidamente condições de se tornarem mais competitivas”, afirma o diretor-regional da instituição, Rodolpho Caesar Mangialardo. Ele reforça que o Senai vem se preparando há cerca de dois anos para os desafios da Indústria 4.0. “A partir de visitas às indústrias, percebemos dificuldades para que os empresários entendessem o modelo dessa nova Revolução Industrial, assim como o nível de preparação de seus colaboradores. Passada essa fase, começamos a enfrentar os desafios de instalar essas novas tecnologias nas indústrias”, explica. Ainda conforme o diretorregional do Senai, esse processo passa pelas consultorias pelo IST Alimentos e Bebidas (Instituto Senai de Tecnologia em Alimentos e Bebidas), localizado em Dourados, pelo ISI Biomassa (Instituto Senai de Inovação em Biomassa), localizado em Três Lagoas, e pelo Senai Empresa, localizado em Campo Grande, mas também com a educação, treinando os docentes para 32 •
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preparar os alunos para essas novas tecnologias. “Agora ficou mais fácil dissipar a comunicação para essa nova realidade. O Senai se preparou e vem se preparando diariamente com tecnologia, novos equipamentos e metodologias de ensino diferenciadas. Inclusive, abrimos os cursos de piloto de drone e de instalação de sistemas de energia fotovoltaica e vamos passar a ofertar o curso técnico em rede”, completa Mangialardo. LEAN EDUCACIONAL - Pensando em aumentar a produtividade dos alunos nas aulas práticas, aumentando a qualidade do ensino e otimizando recursos, a equipe educacional do Senai de Mato Grosso do Sul recebeu a visita do analista de projetos educacionais do Senai de Minas Gerais, Marcos Newton Junior Moreira Mendes, para auxílio na implantação do projeto Lean Educacional. De acordo com Marcos Newton Mendes, o projeto foi baseado no Programa Brasil Mais Produtivo, desenvolvido pelo Senai com foco em melhoria de produtividade nas indústrias, e já está presente em 70 unidades da instituição no País. “Foi uma metodologia que desenvolvemos a partir do Brasil Mais Produtivo tentando identificar os desperdícios existentes na parte prática das aulas do Senai e identificamos que os alunos têm um aproveitamento médio de um terço do que é proposto, ou seja, se temos
300 horas aula, o aluno aproveita apenas 100 horas e 200 horas são desperdiçadas”, explicou. Dentro do desperdício, o analista do Senai de Minas Gerais aponta excesso de processamento, movimentação, conversas, atrasos e outras coisas. “Então o trabalho é identificar esses desperdícios e quebrar esse paradigma. É programa muito válido porque ele, além de dar um resultado de qualidade para o aluno, terá um impacto direto na indústria, porque já estamos formando um profissional com essa ideia de produtividade”, completou. Na avaliação da gerente de educação do Sistema Fiems, Simone Cruz, o projeto será implantado inicialmente como um curso piloto nas unidades do Senai de Campo Grande, Corumbá, Dourados, Naviraí e Três Lagoas. “É uma normativa para ganharmos qualidade de gestão e organização que tem de fazer parte da metodologia de aprendizados dos alunos. Ter isso dentro do dia a dia da sala de aula só traz para o Senai maior qualidade na formação dos jovens. Não vamos dar um curso de lean manufacturing, ou manufatura enxuta, mas vamos fazer com que isso faça parte do dia a dia da sala de aula, mudando toda uma postura de
“O Senai se preparou e vem se preparando diariamente com tecnologia, novos equipamentos e metodologias de ensino diferenciadas” - RODOL PHO MANGI ALARD O Diretor Regional Senai/MS
organização institucional, a performance dos professores e o aprendizado dos alunos”, afirmou. NOVAS TECNOLOGIAS Com relação ao portfólio oferecido para as indústrias, o gerente do Senai Empresa, Thales Saad, reforça que em todos os produtos e programas oferecidos existe uma atenção especial para o uso de tecnologias presentes no conceito da Indústria 4.0, desde o uso de sistemas de informação para gerenciamento de ativos e manutenção das máquinas e equipamentos da indústria, com sistemas de apontamento de produção com processamento em sistemas “na nuvem” até desenvolvimento de softwares baseado em Internet das Coisas (IoT) e uso de realidade aumentada. “Principalmente nos programas de Produção e Logística e Manutenção, oferecemos soluções com desenvolvimento de novos sistemas ou integração com sistemas existentes com aplicação de tecnologias da indústria 4.0”, destaca Thales Saad, completando que o novo modelo de produção exige capacitação con-
tínua da força de trabalho, com foco em utilização de sistemas de informação, operação e programação de sistemas digitais e visa aumento de competitividade através do aumento da eficiência. “A maioria das indústrias de Mato Grosso do Sul já possui boa parte dos processos digitalizados, com nível de maturidade mínimo para desenvolvimento de soluções com tecnologias da Indústria 4.0”, completa o gerente do Senai Empresa. INDÚSTRIA MAIS AVANÇADA - Com o objetivo de inserir a indústria brasileira no conceito de Indústria 4.0, o Senai Nacional Realiza em todo o País o programa “Indústria Mais Avançada. O projeto realiza pilotos com pequenas e médias empresas em todos os Estados a fim de oferecer soluções em digitalizações. A ideia é refinar um método de baixo custo, alto impacto e de rápida implementação. São testadas técnicas de internet das coisas, sensoriamento, computação na nuvem e analytics que permitam intervir nos processos produtivos com
maior agilidade. Para que o projeto possa ser iniciado em Mato Grosso do Sul, consultores do Senai Empresa participaram de um treinamento na sede da CNI, em Brasília (DF), quando foi apresentado o sistema MINA (Minha Indústria Avançada), um sistema web MES de gerenciamento de produção, e as possibilidades de aplicação do sistema utilizando hardware de aquisição de dados e comunicação e sensoriamento. O sistema permite monitoramento on-line e registro de produção para posterior análise e identificação de perdas, gargalos e proposição de ações para aumento de eficiência. Esse tipo de solução já foi implantado pelo Senai Empresa, usando outros sistemas e hardwares/sensores. “Na segunda fase do programa temos a oportunidade de implantação de um Projeto Piloto em duas indústrias do Estado, utilizando essa plataforma nacional definida com a aplicação da tecnologia de Internet das coisas”, completa Thales.
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Sesi 4.0 Programação, robótica e pensamento computacional são as novas tendências educacionais para desenvolver habilidades do futuro profissional. Ou seria do presente profissional? “Estamos entrando na quarta revolução industrial e, com ela, a transformação digital que traz consigo big data, internet das coisas, inteligência artificial, trabalho em rede”, afirma o superintendente regional do Sesi, Bergson Amarilla. Com um ensino diferenciado, a rede de escolas do Sesi de Mato
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Grosso do Sul oferece recursos pedagógicos pautados nestas tecnologias educacionais, preparando os alunos para a atual realidade e demandas do mundo e da vida profissional. ROBÓTICA E PROGRAMAÇÃO - Pioneira no ensino de robótica em Mato Grosso do Sul, as escolas do Sesi já levaram alunos a desenvolver uma bengala eletrônica para guiar deficientes visuais ao interligar sensores e um GPS, e uma máquina de lavar que reutiliza a água
do descarte e economiza energia. Depois de incluir a robótica no currículo e tornar a tecnologia algo corriqueiro para os alunos, o Sesi também vai implantar, a partir do ano que vem, a RoboGarden, uma plataforma que vai ensinar programação para crianças e jovens de 7 a 17 anos de idade. “Dominar a linguagem de programação hoje é considerado tão importante quanto saber um segundo idioma”, afirma a gerente de Educação do Sistema Fiems, Simone Cruz. EMPREENDEDORISMO Nas escolas do Sesi, a disciplina de Empreendedorismo é aplicada em parceria com o Sebrae, que é referência no assunto, e trabalha com conceitos do protagonismo dos alunos, atitudes criativas, assertividade e busca da inovação. A matéria faz parte da grade curricular a partir da 6ª série do Ensino Fundamental até o 1º ano do Ensino Médio, com aulas aplicadas semanalmente.
METODOLOGIA QUE PRENDE A ATENÇÃO DO ALUNO - As escolas do Sesi disponibilizam inúmeras plataformas online para despertar o interesse do aluno em Matemática, Português e outras disciplinas, além de tornar o ensino dinâmico e inovador. • Aprender matemática brincando - O Mangahigh é um site utilizado no mundo todo e baseia o ensino de Matemática em games, ou seja, o aluno aprende brincando. • Português e redação tinindo - Como estímulo ao hábito de leitura e para ampliar os conhecimentos da Língua Portuguesa, as escolas do Sesi do Estado integram à metodologia de ensino o Guten, plataforma que funciona como um jornal digital que “traduz” as notícias para a linguagem infanto-juvenil. Já o Imaginie simula um corretor da redação do ENEM, para que o aluno possa treinar a elaboração de textos dentro dos parâmetros exigidos na prova que é porta de entrada para as melhores universidades do país. • Ambientes Inspiradores e Tecnológicos - Voltadas para o Ensino Fundamental, as salas interativas e temáticas terra, água, ar e fogo, são espaços inovadores que quebram o padrão da sala de aula tradicional, com mobiliários e ambientes desenhados com o objetivo de integrar a tecnologia disponível aos alunos. START UP - A start up do Sesi existe para criar soluções inovadoras em educação e ajudar empresas a mergulhar no universo da indústria 4.0. Com ferramentas customizadas para atender à necessidade de cada empreendimento, a start up já desenvolveu projetos-piloto para as escolas do Sesi, como o Aprenda +, um aplicativo para que alunos do Ensino Fundamental II, do 6º ao 9º ano, possam reforçar, de casa, as aulas de Língua Portuguesa e habilidades de raciocínio lógico.
A equipe da start up também é capacitada para levar métodos inovadores às empresas, como é o caso da ferramenta Lego Serious Play que, por meio de Lego – sim, aquele que brincávamos na infância – auxilia colaboradores a serem mais participativos e protagonistas na contribuição de tomada de decisões pela empresa. CENTRO DE INOVAÇÃO O Centro de Inovação do Sesi de Mato Grosso do Sul fica na capital do Estado, Campo Grande, e faz parte de uma rede do Sesi nacional criada para desenvolver soluções e tecnologias em saúde e segurança do trabalho para a indústria brasileira, cada um com uma área de atuação específica. Por aqui, a linha de pesquisa é voltada para o desenvolvimento de sistemas de gestão em SST. O trabalho já rendeu para empresas que funcionam com ambientes artificialmente climatizados, como frigoríficos e supermercados, um software de reconhecimento facial que identifica qual trabalhador entrou, se cumpriu o intervalo obrigatório para recuperação térmica, se portava os equipamentos de segurança necessários e outras informações para auxiliar na gestão da saúde e segurança. A diretora de SST do Sesi, a médica do trabalho Adriana Rossignoli Sato, que coordena a equipe do Centro de Inovação, destacou o papel do espaço: desenvolver inovações para aumentar a segurança no ambiente de trabalho e melhorar a saúde do trabalhador da indústria. “O Centro de Inovação está aqui para desenvolver inovações que vão aumentar a segurança no ambiente de trabalho e melhorar a saúde do trabalhador da indústria. E estas inovações serão criadas sob a demanda da empresa. Tragam seus problemas para nós, apresentem qualquer obstáculo que a empresa enfrenta para alcançar um ambiente saudável e seguro, e vamos apresentar uma solução na área de gestão para conseguir resolver”
“Dominar a linguagem de programação hoje é considerado tão importante quanto saber um segundo idioma.” - SI MONE CRUZ Gerente de Educação do Sistema Fiems
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iel 4.0 INDÚSTRIA 4.0 EXIGE NOVAS HABILIDADES - Digitalização, inteligência artificial, robótica, internet das coisas e outros avanços tecnológicos que caracterizam a Indústria 4.0 trazem uma nova realidade para as empresas. Mas as transformações não se limitam ao modo de produção. Na era digital, o gestor que deseja uma carreira de sucesso deve buscar novas habilidades para construir equipes colaborativas e inovadoras, solucionar problemas com agilidade e modernizar os processos onde atua. Pensando nisso, o IEL oferece cursos na área de desenvolvimento pessoal, como o Training
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“No século 20, o que importava nas empresas eram as hard skills, ou seja, dominar a técnica. Hoje ficou comprovado que o que falta nas organizações são as soft skills, que são os comportamentos” - MARI L UCE L EMOS GUTTEN RI BEI RO Coach
Leaders e o Lean Six Sigma. “São cursos que envolvem o ser humano numa nova postura mais favorável a atuar em cima desse novo programa de Indústria 4.0. Acredito que ao longo do próximo ano, o IEL Nacional estará olhando para desenvolver novos produtos e já conduziu diversas imersões no exterior, em países como Estados Unidos, Israel, Suíça e Itália, que visam levar empresários a conhecer nesses países centros inovadores e outras empresas com o objetivo de aproximar a indústria brasileira desse conceito de Indústria 4.0”, afirma o superintende do IEL, José Fernando do Amaral. LEAN SIX SIGMA - Em
cenário de crise, redução da demanda e aumento de concorrência, investir em inovação e aumento de produtividade são estratégias vitais para o sucesso das empresas. Nesse contexto, o IEL deu início, na unidade do Sesi de Três Lagoas, à formação Lean Six Sigma com os cursos Green Belt e Black Belt, que têm como objetivo capacitar gestores ao tornar as organizações mais eficientes em todos os seus processos. De acordo com o coordenador de Desenvolvimento Empresarial do IEL, Hugo Bittar, a capacitação é disponibilizada em parceria com a empresa Setdes, que executa há mais de 30 anos treinamentos em gestão da qualidade e produtividade para empresas. “Escolhemos o município de Três Lagoas como início por conta do público industrial do município, mas queremos ampliar a oferta para Campo Grande também num segundo momento. A ideia de trazer essa formação para Mato Grosso do Sul tem como objetivo atender a indústria local, que geralmente procura capacitações fora do Estado para seus gestores”, afirma Hugo Bittar. Ele acrescentou que o treinamento, realizado em três etapas, é destinado a pessoas que ocupam cargos que exigem tomada de decisão dentro das empresas e que que tanto o curso Green Belt como o Black Belt podem ser adquiridos individualmente. “No entanto, para fazer o Black Belt, o participante necessariamente precisa ter feito o Green Belt em algum momento, porque eles se completam, mas é possível contratar os dois”, explica. TRAINING LEADERS – O IEL também está viajando o Estado para apresentar o workshop “Training Leaders – O DNA da Transformação”, ministrado pela master coach Mariluce Le-
mos Gutten Ribeiro e que tem como público alvo empresários, gestores, líderes e futuros líderes que queiram desenvolver e aperfeiçoar habilidades profissionais. Com carga horária de 7 horas-aulas, o workshop orienta o participante a usar ferramentas de coaching para autoconhecimento e na definição de objetivos e de plano de ação para potencializar seus resultados. Além disso, possibilita a identificação de forças e vulnerabilidades comportamentais, criação de estratégias, conscientizando o participante a desempenhar seus papeis com efetividade e comprometimento. Segundo a coordenadora da área de Desenvolvimento de Carreira do IEL, Rosângela Ramos, durante o “Training Leaders”, os participantes têm a oportunidade de refinar o olhar tanto de si quanto do outro. “O encontro possibilita que cada um compreenda e repense sua participação e a sua contribuição nas empresas em que desempenham seus papéis como líderes ou desejam se tornar líderes, tanto quanto seu comportamento nas situações cotidianas. Serão desafiados ainda a reinventar suas maneiras de ser e fazer, trazendo à discussão novos comportamentos, desempenhos, atitudes e reforçando competências”, detalhou Rosângela Ramos. A coach Mariluce Lemos Gutten Ribeiro explica que o curso tem abordado as soft skills, que são competências subjetivas, muito mais difíceis de avaliar. “No século 20, o que importava nas empresas eram as hard skills, ou seja, dominar a técnica. Hoje ficou comprovado que o que falta nas organizações são as soft skills, que são os comportamentos, as habilidades sociais, flexibilidade, comunicação, delegação, gestão de conflitos e as pessoas muitas vezes esquecem disso, porque estão focadas na técnica”, detalhou. MS INDUSTRIAL | 2018 • 37
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CONFECÇÃO 4.0 Senai e sindicatos do vestuário alinham pacote de ações para melhorar competitividade das indústrias do Estado
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RIO DE JANEIRO É AQUI Não tem nada a ver com praia. O Senai de Mato Grosso do Sul foi credenciado para ser polo educacional do Senai Cetiqt (Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil), localizado no Rio de Janeiro e referência em educação, tecnologia e inovação para a indústria brasileira. Com isso, o Estado tem a possibilidade de oferecer às empresas sulmato-grossenses todo o portfólio de produtos e serviços do Cetiqt, como cursos e consultorias. Segundo o presidente da Fiems, Sérgio Longen, o Senai vem procurando atender a demanda de todas as empresas. “O Cetiqt é um braço muito importante do Senai, que atua no segmento da indústria do vestuário e confecção, e o presidente do Sindivest/ MS (Sindicato Intermunicipal das Indústrias do Vestuário, Fiação e Tecelagem do Estado), José Francisco Veloso Ribeiro, que é muito atuante junto à unidade, articulou esse convênio para atendermos a indústria local. É um avanço significativo em um momento de dificuldade do segmento”, afirmou. Na avaliação do representante da Região Centro-Oeste no Conselho Técnico Consultivo do Senai Cetiqt, José Francisco Veloso, que também é presidente do Sindivest-MS, a indústria de Mato Grosso do Sul terá novas opções de cursos e capacitações que vão contribuir para melhoria da competitividade. “O Cetiqt é referência nesse assunto e oferece uma série de cursos bastante interessantes, mas que exigem um custo de locomoção, porque eram realizados no Rio de Janeiro e nos outros sete polos do País. Agora as aulas presenciais também poderão ser realizadas em Campo Grande, sem a necessidade de deslocamento por parte dos profissionais daqui”, destacou. De acordo com o diretorregional do Senai de Mato
Grosso do Sul, Rodolpho Caesar Mangialardo, o grande objetivo é ter empresas cada vez maiores e melhores no Estado. “Acredito que devemos aportar todo tipo de oportunidade que a gente possa oferecer para as empresas sempre com um custo menor e condição diferenciada para, ao final disso tudo, crescer e desenvolver o segmento têxtil e do vestuário. O Cetiqt é um polo de tecnologia e desenvolvimento muito grande do Senai e nós temos de aproveitar isso”, afirmou. Ele ainda defendeu que as unidades do Senai atuem de forma integrada com foco na melhoria da competitividade das indústrias do País. “O Cetiqt não é apenas para o Rio de Janeiro, mas para o Brasil todo. Temos de utilizar cada vez mais as nossas redes e fazer com que os recursos aportados sejam menores para que possamos entregar sempre itens melhores para nossos parceiros e clientes, que são as indústrias”, completou. O gerente de educação do Cetiqt, Robson Marcos Wanka, destacou que Mato Grosso do Sul é o oitavo polo do Cetiqt no País e, inicialmente, será ofertado curso de especialização, pós-graduação, lato sensu em Design de Produtos de Moda. “Depois poderemos ampliar a oferta. Vemos isso como uma oportunidade de levarmos novos cursos e soluções para todo o Brasil. A ideia é atuar de forma coordenada para atender as indústrias de segmento têxtil e do vestuário da melhor forma. O Senai de Mato Grosso do Sul já tem muita proximidade com o Cetiqt e já desenvolvemos várias ações em conjunto. Além disso, é um Estado que tem uma participação significativa da indústria do vestuário, empresas que podem receber essas capacitações e consultorias para melhorar sua competitividade”.
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segmento da moda tem evoluído a passos largos no rumo da tecnologia e o segmento têxtil e do vestuário já percebe a necessidade de mudança e de busca de mais informações, tecnologias e alternativas para se adequar aos novos modelos de produção exigidos pela Indústria 4.0 e, assim, se manter no mercado. Para auxiliar as empresas, o Sindivest-MS (Sindicato Intermunicipal das Indústrias do Vestuário, Fiação e Tecelagem de MS), o Sindivesc (Sindicato das Indústrias do Vestuário de Corumbá), o Sinvesul (Sindicato das Empresas do Vestuário Industrial da Região Sul do Estado de Mato Grosso do Sul) e o Sindivestil (Sindicato das Indústrias do Vestuário, Tecelagem e Fiação de Três Lagoas) buscaram o Senai para a elaboração de um pacote de ações envolvendo consultorias e cursos para atrair e qualificar a mão-de-obra, aumentar o engajamento dos trabalhadores, reduzir custos e preparar as empresas para a Indústria 4.0.
COLEÇÃO ÁGIL
Mato Grosso do Sul também foi um dos 11 Estados selecionados para participar do Projeto Piloto Coleção Ágil, liderado pelo Senai Cetiqt com o objetivo de antecipar as principais mudanças e tendências do setor, analisando o perfil do consumidor, os produtos e serviços que são mais complexos e mais inteligentes, o processo de criação e a forma de produção, que deve ser mais ágil e eficiente. “O nosso modelo de produção ainda é muito rudimentar e demoramos muito para colocar o que temos de criativo no mercado. Então esse projeto vem com ações para que isso não aconteça. Além disso, essa conexão das novas experiências de comunicação vem mudando a forma como o consumidor tem acesso aos produtos. Então temos também o objetivo de entender a tendência para buscarmos formas de conectar as empresas a essas novas tendências”, detalha o gerente de gestão de tecnologia e inovação do Senai, Leandro Schneider. Ele acrescenta que o Projeto
Piloto Coleção Ágil tem como rotas de aprendizagem confecção, design, novas fibras e novos canais. “Com base nesse recorte, o programa aborda uma confecção 4.0, como ela funciona e como podemos transformar uma empresa que trabalha na área para essa nova tecnologia”, comenta. Ainda conforme Leandro Schneider, como se trata de um projeto piloto, inicialmente serão escolhidas apenas seis empresas para participarem a um custo mais acessível, de apenas R$ 3 mil. “Serão empresas de micro e pequeno porte que tenham pelo menos 10 funcionários e uma produção mínima de 4 mil peças por mês. O objetivo é que, com baixos investimentos em tecnologia, essas empresas possam se adequar à Indústria 4.0 e, ao final, apresentar um aumento de pelo menos 20% na produtividade. Mas é importante reforçar que o grande foco do programa é a criação de novos produtos com assertividade”, concluiu.
PACOTE DE VÁRIAS MÃOS O pacote de ações planejado pelo Senai e pelos sindicatos do vestuário começou em março e a partir de novembro começa a ser executado. Confira a avaliação de cada um dos presidentes dos sindicatos do segmento:
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“É uma linha de atuação bem ampla, pensada a médio e longo prazo. A ideia é começar a atender as nossas indústrias agora em novembro com consultorias e cursos pelos próximos cinco anos” – José Francisco Veloso, presidente do Sindivest-MS
“Tenho certeza de que esse planejamento vai contribuir para o desenvolvimento das indústrias do vestuário em Mato Grosso do Sul e, consequentemente, gerar mais emprego e renda para o nosso Estado” - Lenise de Arruda Viegas, presidente do Sindivesc
CHÃO DE FÁBRICA Para que uma empresa se enquadre no conceito de Indústria 4.0, não basta apenas que ela implemente as novas tecnologias. Ela precisa também qualificar seus colaboradores para que saibam como utilizar essas tecnologias para melhoria da produtividade. Pensando nisso, o pacote de ações preparado pelo Senai em parceria com os sindicatos do vestuário também contempla os trabalhadores das empresas.
da indústria 4.0. Com seis módulos de 40 horas cada, o foco do programa é aumentar a produtividade, melhorar a qualidade do produto, reduzir custos, fomentar a sustentabilidade, implantar tecnologia e inovação, valorizar o capital humano.
Trata-se do programa “Fortalecimento Têxtil e Confecção”, desenvolvido pelo Senai Cetiqt junto com a Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), que tem como objetivo aumentar a competitividade das indústrias do segmento por meio de soluções educacionais para implantação
“Enquanto o programa anterior é de consultoria focada na indústria, este aqui propõe soluções educacionais para preparar os trabalhadores das empresas para a Indústria 4.0. Então a ideia é oferecer um curso para esses trabalhadores para que eles entendam as necessidades de mudança e absorvam essas alterações de forma mais rápida”, explica o gerente de gestão de tecnologia e inovação do Senai, Leandro Schneider.
Para o gerente de gestão de tecnologia e inovação do Senai, Leandro Schneider, a indústria pode dar um salto qualitativo se for capaz de incorporar novos conceitos e novas tecnologias. “ Os próprios sindicatos nos pro-
curaram solicitando um plano para desenvolvimento do setor. Juntos, estamos traçando várias estratégias para que as indústrias de Mato Grosso do Sul sejam beneficiadas e consigam evoluir nos próximos anos. Dentro des-
“Precisamos que haja esse alinhamento entre os sindicatos e o Senai para alavancar o segmento. Além disso, outro ponto que merece bastante atenção é esse novo modelo de produção que vem com a Indústria 4.0. Devemos desenvolver ações que preparem tanto empresários como trabalhadores para essas novas tecnologias e é exatamente isso que esse projeto propõe” – Gilson Kleber Lomba, presidente do Sinvesul
sas ações estabelecidas, temos uma parceria com o Senai Cetiqt (Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil) com consultorias especializadas”, afirma.
“Acho que é muito importante alinharmos nossos esforços para apresentarmos para as empresas ações que vão de fato melhorar a produtividade e a competitividade delas. Esse plano parece muito bem estudado e muito bem estruturado e estou confiante de que vamos alavancar a indústria do segmento têxtil e do vestuário no Estado” - Marcelo Galassi, presidente do Sinvestil
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IEL
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DIA DE TR EI N AM EN T O Planejamento é foco do Workshop Training Leaders do IEL em Dourados
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rofissionais de Dourados (MS) participaram, durante o “Workshop Training Leaders – O DNA da Transformação”, realizado pelo IEL e ministrado pela master coach Mariluce Lemos Gutten Ribeiro. Indicado para empresários, gestores e líderes o foco do encontro foi o planejamento. A coordenadora da área de desenvolvimento de carreira do IEL, Rosângela Ramos, explica que Dourados sediou a 2ª edição do workshop, enquanto a 1ª foi realizada em Três Lagoas (MS) e a próxima será em Campo Grande (MS) no dia 29 de novembro. “Em sete horas de treinamento os participantes tiveram a oportunidade de refinar o olhar tanto de si quanto do outro. É um evento para formar líderes, oferendo ferramentas de autoconhecimento e autodesenvolvimento para a gestão de pessoas”, detalhou Rosângela Ramos. A coach Mariluce Lemos Gutten Ribeiro explica que o treinamento é focado em planejamento, para as pessoas verem sobre mudança, propósito, missão e lapidação. “As pessoas não escolhem fracassar, elas fracassam por não planejar.
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IEL OFERECE VAGAS DE ESTÁGIO E TIRA DÚVIDAS DE ESTUDANTES EM EVENTO DA UCDB O IEL participou do 5º Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão — Saberes em Ação, promovido pela UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), em Campo Grande (MS), com disponibilização de vagas de estágio, cadastro dos estudantes no banco e a
roleta interativa que desafia os alunos e quem acerta ganha brindes. Durante o evento, os acadêmicos ficaram sabendo que as vagas abertas para vários cursos de Ensino Superior e Ensino Médio podem ser conferi-
das no site do Instituto, onde os alunos também podem se candidatar. Esse foi o caso das amigas Marina Penha, 21, e Paula Ferreira, 20, que cursam o 4º semestre do curso de Direto e buscam uma vaga de estágio. “Eu faço estágio atualmente, mas em outra área. Estou procurando um estágio em Direito para ampliar meus conhecimentos e por que de tudo que já aprendi, com certeza mais da metade foi pelo estágio”, disse a acadêmica Marina Penha. Talyta da Costa Silva, 21, cursa o 8º semestre de Psicologia e sabe da importância do estágio para sua formação. “Agora é o momento de colocar em prática, ainda com orientação, tudo o que aprendi na teoria. Então acho bem legal ter um espaço destinado ao IEL neste evento, porque temos a oportunidade de encontrar vagas de
estágio sem precisar sair da faculdade, buscando empresas e vendo onde tem vaga”, declarou. A técnica do IEL MS, Jackeline Magalhães, afirma que o Saberes em Ação é um dos maiores eventos universitários do Estado e o Instituto participa desde a 1ª edição. “O evento já está em nosso calendário de atividades do ano e para nós, enquanto instituição, é fundamental a participação não apenas para o fortalecimento do estágio e suas práticas, mas contribui para que o estudante conheça o Programa de Estágio e as vagas oferecidas pelo IEL”, pontuou. Serviço - Quem tiver interesse em saber mais sobre as vagas do IEL pode conferir no link http://www.ms.iel.org.br/ desenvolvimento-de-carreira/ candidatos/programa-deestagio/6
E ensinamos o planejamento de você com você mesma, vendo onde e como é possível melhorar”, pontuou. Em Dourados, 70 pessoas participaram do workshop, entre elas, a gerente do Hotel 10 de Dourados, Anair Helena, que terminou o dia contente por participar do curso. “É uma experiência enriquecedora, aprendi muito aqui para aplicar na minha vida pessoal e profissional, inclusive vou indicar para que minha equipe também faça”, avaliou.
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S ES I
e SOCIAL É
COM O SESI Como sua empresa pode cumprir a legislação e ficar livre de multas
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epois de alguns adiamentos, o eSocial já é uma realidade e as empresas precisam estar preparadas para se adequar ao que é exigido pela lei. O não envio de diversas informações trabalhistas dentro dos prazos pode gerar penalidades para as empresas, segundo o Ministério do Trabalho. Nesta hora o Sesi pode ajudar empresários, contadores e gestores das áreas de Recursos Humanos em diversos aspectos do eSocial relacionados à Saúde e Segurança do Trabalho – a consultoria de eSocial oferece ferramentas para que a empresa possa cumprir todos os critérios do eSocial, indica melhorias a serem implementadas pela empresa e disponibiliza orientações sobre toda a legislação que envolve a nova ferramenta do governo. “O eSocial será capaz de de-
COMO FUNCIONA?
O QUE É O O eSocial é uma ferramenta que reúne os dados trabalhistas, fiscais, previdenciários das empresas em uma só plataforma. Ele substitui o preenchimento e a entrega de formulários e declarações que até então eram enviados a diversos órgãos como a Previdência, o Ministério do Trabalho e a Receita Federal. O repasse das informações foi dividido por diversas áreas. Em relação aos dados de segurança e saúde do trabalhador o sistema cobra: quais equipamentos de proteção individual foram fornecidos pela empresa; programas legais; exames dos trabalhadores; treinamentos e capacitações; afastamentos. O não envio dos referidos dados pode gerar atraso nos recolhimentos e penalidades para as empresas, de acordo com o Ministério do Trabalho.
Para mais informações sobre a consultoria do Sesi em eSocial basta ligar 0800 723 73 74
A consultoria de eSocial do Sesi atua da seguinte maneira:
Visita in loco
Relatório
Plano de Ação
Software
Um profissional da assessoria jurídica do Sesi vai até a empresa e faz uma avaliação minuciosa de cada um dos pontos que deverão ser cadastrados no eSocial
A partir desta visita, é elaborado um relatório constando todos os aspectos que estão em desacordo com a legislação e são passíveis de multa no âmbito da legislação do eSocial
O relatório é discutido com a empresa e, em conjunto, é elaborado um plano de ação para correção e adequação de procedimentos para que fiquem em conformidade com o eSocial
O Sesi disponibiliza para a empresa um software para que o eSocial possa ser alimentado com todos os dados obrigatórios. O programa também já está pronto para realizar a transmissão dos dados para o eSocial. Ou seja, basta preencher os dados solicitados e realizar o envio ao governo
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SESI FIRMA PARCERIA COM CONTADORES PARA APRESENTAR CONSULTORIA DE ESOCIAL O eSocial exigirá uma mudança de comportamento das empresas e, por isso, tem sido tema de encontros e palestras do Sesi. A última delas foi durante o 18º Encontro Estadual de Contabilidade e 16º Encontro Estadual de Estudantes de Ciências Contábeis do MS, promovido pelo CRC/MS (Conselho Regional de Contabilidade), no auditório do Sebrae/MS, em Campo Grande. Aos contadores e acadêmicos de contabilidade presentes no evento, a advogada do Sesi, Karine Ignácio Pinto, explicou como preparar a empresa para lançar corretamente todas as informações no eSocial, destacando que, com a entrada em vigor, as coisas tendem caminhar a passos mais largos no sentido de uma melhora na gestão em SST (Saúde e Segurança do Trabalho) dentro das empresas, devido à obrigatoriedade de prestar as informações online. “Os contadores estão acostumados a mexer com folha de pagamento, com valores, e, na maioria das nossas palestras, percebemos dúvidas com relação ao eSocial, até porque é um tema novo para todas as áreas. Então ter um momento para trabalhar sobre isso num encontro de contadores é fundamental, porque a atividade do contador será um pouco diferente. Não é um serviço muito simples, então mostra quais são os programas necessários, como alimentar e quais informações os contadores terão de exigir das empresas”, afirmou a advogada do Sesi.
tectar inconsistências dentro da própria empresa em relação aos dados trabalhistas, fiscais e previdenciários. Pode-se dizer que ele é para a empresa o que o foi o imposto de renda para a pessoa física, porque é a própria empresa quem declara o que fez ou deixou de fazer nos quesitos de saúde e segurança do trabalho, recursos humanos, contábeis, financeiro e jurídico”, analisa a diretora de Saúde e Segurança do Trabalho do Sesi, a médica do trabalho Adriana Sato. “Então, para que a empresa não seja penalizada com multas e outras penalidades, é preciso que ela entenda e domine bem as exigências do eSocial e como abastecer essas informações na plataforma do governo federal”, explica Adriana Sato sobre como o Sesi pode facilitar a vida das empresas.
Treinamento
Programas legais sob medida
Trabalho multidisciplinar
Funcionários indicados pela empresa receberão um treinamento para fazer a alimentação dos dados no eSocial, além de aprender quais dados, onde e quando fazer a transmissão
Os seguintes programas legais obrigatórios para o eSocial - PPRA, PCMSO e análise ergonômica do trabalho – serão confeccionados pelo Sesi, com exclusividade e sob medida para cada empresa. Caso a empresa necessite de outros laudos e programas, os mesmos também serão indicados pelos consultores após a visita
Diversos profissionais do Sesi atuam na consultoria de eSocial: da área de segurança, ergonomia e saúde do trabalho, todos qualificados para levar à empresa as melhores práticas em SST
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DICAS
COMO IDENTIFICAR AS
A população dos Estados Unidos ficou chocada com um duro discurso feito por Barack Obama, o ex-presidente do país, contra seu sucessor, Donald Trump. Mais chocante ainda foi a revelação de que ele nunca existiu – foi forjado por um software de reconhecimento facial e de voz que alterou um discurso real de Obama. Com a tecnologia, originalmente desenvolvida para a indústria cinematográfica, ele poderia ter dito qualquer coisa. É por isso que os principais veículos de comunicação criaram
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seções especiais para apurar a veracidade de publicações que circulam nas redes sociais, e esclarecer o que é real e o que é falso. Facebook e Google, por exemplo, já estabeleceram alguns mecanismos para tentar evitar que as chamadas “fake news” se proliferem, mas, ainda assim, na internet é mesmo difícil separar o fato do fake. Na lista abaixo, você confere algumas dicas para não cair em mentiras ou, pelo menos, suspeitar da veracidade do conteúdo antes de compartilhát-lo.
CONFIRA A VERACIDADE NOS SITES ESPECIALIZADOS EM CHECAGEM
No Brasil, há várias inciativas que apuram boatos e mentiras em forma de notícia. Ficou na dúvida? Antes de passar o conteúdo para frente acesse sites como o do Projeto Comprova, que reúne jornalistas de 24 veículos para checar o que anda circulando nas redes sociais ou no WhatsApp, a Agência Lupa, da Revista Piauí, o Aos Fatos, o Truco (Agência Pública), Boatos.org, E-farsas e Fato ou Fake (Organizações Globo) e verifique se a notícia não foi apontada em um deles como falsa.
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DESCONFIE DA AUSÊNCIA DE FONTES
A maior parte das notícias falsas não menciona nenhuma fonte, o que dificulta seu rastreamento. Às vezes, atribui-se a declaração a um veículo para lhe dar credibilidade e, neste caso pelo menos, pode-se recorrer à fonte citada para confirmar ou não a informação. Se o possível boato for uma foto, pode-se procurar a imagem no Google Images, o que ajuda a identificar montagens. No caso de notícias sobre virais, como vídeos, fotos e outros, é importante que o veículo tenha conversado com o autor da publicação original.
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SE A NOTÍCIA NÃO LHE PARECE CONFIÁVEL, CONFIRA OUTROS CONTEÚDOS DO SITE
A credibilidade da notícia pode ser verificada dentro do próprio site que a publicou. Se o veículo for desconhecido, o ideal é dar uma olhada na capa para saber se o resto das suas notícias parece confiável, ou se estamos diante de uma publicação satírica ou fanaticamente partidária. Outro caminho é checar a URL (o endereço do site). Muitas notícias falsas são divulgadas por meio de sites que imitam os endereços de veículos de comunicação, mas que não eram autênticos. (ex: bbc.co em vez de bbc.com). É importante lembrar que na internet é possível encontrar até mesmos sites geradores de notícias falsas usando o nome de empresas de comunicação. AT E N Ç ÃO
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NÃO FOI PUBLICADA EM NENHUM OUTRO VEÍCULO
Se uma informação que soa relevante só apareceu no WhatsApp, mas em nenhum outro veículo de comunicação, é provável que seja falsa. Obviamente, pode se tratar de uma informação exclusiva, mas, mesmo nesses casos, é provável e usual que outros veículos a repercutam em breve.
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A NOTÍCIA É BOA DEMAIS PARA SER VERDADE
A distorção não é necessariamente apenas da parte do veículo que publicou a notícia falsa. Muitas vezes, nós acreditamos naquilo em que queremos acreditar. É muito fácil questionar os boatos que contradigam as nossas ideias, mas não vemos nenhum inconveniente em dar como certos aqueles que as reforçam. É preciso desconfiar de histórias que vão ao encontro de determinada ideologia de uma forma tão perfeita que parecem pré-fabricadas. Em geral, são mesmo.
A pesquisa A Cara da Democracia no Brasil, divulgada pelo Instituto da Democracia e da Democratização da Comunicação, mostra que a maioria dos brasileiros não desconfia que recebe notícia falsa. Das 2.500 pessoas que foram questionadas se desconfiam ter recebido notícias inventadas,
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disseram que não.
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G EN T E Q U E FA Z
PROJETO PRINCESAS Meninas em condição de vulnerabilidade social discutem sobre empoderamento feminino, valores e importância dos estudos
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e acordo com o dicionário Aurélio, princesa significa “herdeira presuntiva de uma coroa, filha ou mulher de um príncipe, filha de família reinante, soberana de um principado, soberana, rainha, imperatriz. A primeira e mais distinta e excelente pessoa ou coisa personalizada de uma série ou espécie”. No entanto, o termo “princesa” também costuma estar associado à beleza, elegância e faz parte do imaginário infantil graças aos inúmeros contos de fadas imortalizados pela Disney. A palavra geralmente usada por pais carinhosos como forma de elogio às filhas deu nome ao projeto social iniciado em 2014 com o objetivo de apoiar meninas em situação de vulnerabilidade social. “Sofri algumas críticas quando criei o Projeto Princesas justamente porque remete à delicadeza e fragilidade, é uma imagem que temos. Mas ao mesmo tempo também vemos princesas cada vez mais empoderadas, que fogem do estereótipo de perfeição e que são donas dos seus destinos. É essa a imagem que o projeto quer passar”, conta o idealizador Jessé Fragoso. Para isso, as cerca de 150 meninas que integram o projeto participam de rodas de discussões sobre temas da atualidade, reflexão sobre assuntos que fazem parte da realidade delas, como gravidez, álcool e drogas, oficinas e brincadeiras. Tudo isso sem deixar de lado os estudos. “Pelo contrário. Acompanho as notas e as avaliações dos professores sobre elas. Ter uma boa participação nas aulas é fundamental para participarem do projeto”, garante. A IDEIA - Professor de Educação Física na Escola Estadual Professora Thereza Noronha de Carvalho, no bairro Lageado, próximo ao Lixão da Capital, Jessé se assustou com a realidade das crianças da região. Os casos de violência nas escolas, principalmente envolvendo as alunas, a gravidez precoce, as reprovações e a evasão escolar chamaram sua atenção. “Me senti mal com aquilo e como sempre fui atuante em projetos sociais, quis ajudar essas meninas de alguma forma”, relembra. Bastaram poucas noites para que o Projeto Princesas fosse elaborado e apresentado para a então diretora da escola, que não pensou duas vezes para aplicá-lo entre as alunas. “Comecei e ainda começo com todas as novas turmas com uma apresentação sobre quem eu sou. Falo que sou casado, que tenho dois filhos e até mostro parte do vídeo do meu casamento. É uma estratégia que tem duas finalidades: evitar possíveis fantasias amorosas e também mostrar que as coisas não são fáceis, mas é possível realizar sonhos, constituir uma família, ter uma festa de casamento”, destaca. Em poucos meses, os resultados do Projeto Princesas já começaram a ser sentidos pelos professores da Escola Thereza Noronha de Carvalho. “É um trabalho de formiguinha. Não adianta querer grandes resultados imediatos, mas aos poucos elas vão mudando, sim. Percebemos uma melhora significativa com relação ao comportamento em sala de aula e, em quatro anos, apenas uma menina do projeto engravidou. Mas a diferença mais significativa que notamos foi no índice de reprovação, que apresentou uma queda de 27% para 7% aqui na escola”, pontua Jessé.
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OUTROS REINOS - Dizem que notícia boa costuma se espalhar rápido e assim foi com o Projeto Princesas, que ficou conhecido cada vez por mais pessoas e hoje não atende mais apenas meninas da Escola Thereza Noronha de Carvalho, mas também de outras regiões. “Sempre gostei de trabalhar em projetos sociais e o IDE (Instituto de Desenvolvimento Evangélico), no bairro Caiobá, me procurou para sediar o projeto, atendendo meninas da região. Já na Vila Carlota, uma igreja se interessou pela ideia e cedeu o espaço para os encontros, mas não tem nada de religioso. É só o espaço mesmo e meninas de qualquer credo podem participar. O pro-
“Me senti mal com aquilo e como sempre fui atuante em projetos sociais, quis ajudar essas meninas de alguma forma” - JESSÉ FRAGOSO Professor e idealizador do Projeto Princesas
DE ABÓBORA A PRINCESA Como os encontros na Escola Thereza Noronha de Carvalho acontecem no horário das aulas – a escola funciona em período integral -, o mais forte na metodologia do Projeto Princesas são as rodas de conversa, em que as meninas têm a oportunidade de falar sobre o que estão vivendo, desabafar sobre algum problema ou simplesmente dar sua opinião. Entre as atividades, os passeios são sempre comemorados pelas meninas, mas a formatura é o evento mais aguardado por todas. Para o grande dia, uma grande equipe de voluntários ajuda com a decoração do espaço onde é realizado o evento e com a arrumação das meninas, que ainda ganham os vestidos de festa. “Elas desfilam por um tapete, recebem o certificado numa solenidade de formatura mesmo, com orador, homenagem aos professores e aos pais e, por fim, elas dançam a valsa. Pode ser com o pai, com o irmão, com o avô ou até mesmo com a mãe. É um momento muito lindo e emocionante”, conta Jessé. Aos 13 anos, Gabriella da Silva Lisboa não esconde a animação para a formatura. “Realmente estamos na maior expectativa. Não vejo a hora de chegar o dia, de poder me arrumar, colocar um vestido bem lindo. Geralmente a festa é realizada aqui na escola, mas esse ano vai ser num salão de festas, então estamos muito mais ansiosas para esse dia”, diz com os olhos brilhando de 54 •
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excitação. Apesar da ansiedade para a formatura, ela, que está há um ano no projeto, não deixa de aproveitar cada uma das atividades. “Ir ao Parque das Nações Indígenas e brincar lá foi muito legal. Também tivemos um dia maravilhoso num clube, com piscina e tudo, mas nada se compara ao retiro! Vamos para uma chácara e desenvolvemos uma série de atividades durante um final de semana inteiro”, conta. Também há um ano no projeto, Emanoelly Rodrigues, de 13 anos, disse que se tornou outra pessoa depois de ser convidada para participar do projeto e começar a ter consciência das atitudes. “Quando recebei o convite, fiquei com vergonha de recusar, mas no fundo não queria participar. Eu era muito difícil tanto como filha, como aluna. Em casa só ficava no meu quarto e enganava minha mãe, falava que ia encontrar uma amiga, mas ia em festas escondida e bebia muito. Até drogas cheguei a experimentar. E na escola não fazia nada, não estudava, não fazia tarefas e nem estudava”, revela. Conforme as rodas de discussão avançavam, Emanoelly começou a prestar mais atenção ao seu comportamento. “No começo, o professor trazia um texto ou filme sobre alcoolismo e eu virava o olho, porque aquilo não tinha nada a ver comigo. Aí depois de um
tempo comecei a ver que tinha, sim. Eu bebia, tinha comportamentos errados e vendo que eu tinha todos aqueles problemas, que eu não era uma pessoa legal, não era uma amiga legal, não era uma filha legal. Meu mundo caiu”, relembra. Depois dessa tomada de consciência é que Emanoelly decidiu de fato mudar. “Comecei a ser mais educada com a minha mãe e com os professores e me afastei de muitas amigas. Essa parte também foi difícil, mas foi natural, porque aos poucos fui deixando de acompanhá-las em algumas coisas porque não me interessava mais e aí eu fui me tornando a chata da turma. Ainda bem que aqui também fiz novas amizades, que me ajudam a ser uma pessoa melhor. Preciso mudar muita coisa, mas acho que a grande novidade é que esse ano não irei reprovar novamente e acredito que isso é por conta do projeto”, destaca.
PRINCESAS ATENDIDAS PELO PROJETO
A PRINCESA QUE VIROU FADA MADRINHA
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Escola Estadual Thereza Noronha de Carvalho
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IDE Caiobá
“Eu era afrontosa”. É assim que Fernanda Simões Gomes, de 17 anos, se descreve antes de começar a participar do Projeto Princesas. Apesar das boas notas na escola, seu comportamento não era dos melhores e a arrogância sempre prevalecia com quem quer que fosse o interlocutor, desde professores, até a mãe ou colegas de classe. “Nunca briguei de verdade. Sempre fui a que cutucava e saía correndo”, recorda. Quando foi convidada para participar do projeto, há quatro anos, Fernanda conta que não levou muito a sério a ideia, mas aos poucos foi tendo consciência sobre suas atitudes, o que a levou a buscar uma mudança de comportamento. “Eu repetia padrões, era uma filha mal educada, quase não falava com a minha mãe e quando falava, era para responder com mal jeito. Hoje olho para mim quatro anos atrás e acho que não gosto de quem eu era. Na verdade, acho que nem na época gostava de mim, mas não tinha essa consciência”, explica. Para a adolescente, o Projeto mudou sua vida, sua personalidade, seu jeito de encarar o mundo. “Eu sou outra pessoa. Parece clichê falar isso, mas eu mudei muito. Antes eu dava valor só para a aparência. Hoje sei que preciso me arrumar, porque isso interfere na minha autoestima, mas sei que isso não é fundamental. Aprendi a valorizar quem eu sou, com meus defeitos e qualidades. Além disso, eu sempre gostei de cachorro e gato, mas para mim era
10
Vila Carlota
60
Cassilândia
uma coisa simples. Hoje eu sei que posso trabalhar um dia com isso, com o que eu gosto, por isso quero ser veterinária. Na verdade, acho que a principal transformação aqui foi aprender a sonhar e saber que posso realizar esses sonhos”, destaca. Depois de participar de três formaturas, Fernanda esse ano diz que não precisa mais. Com a proximidade do Enem e tendo de conciliar escola e cursinho, a frequência nos encontros do projeto diminuiu, mas ela tem se esforçado para estar presente em grandes eventos como ajudante. “Fui princesa e agora é minha vez de dar essa oportunidade para outras meninas. Acho que ajudar é ainda mais gratificante do que ser ajudada e mesmo participando há quatro anos do projeto, continuo aprendendo, até com as meninas menores. E sei que elas também aprendem comigo. É fantástico ver a transformação delas e me reconhecer ali também”, disse.
jeto também foi para Cassilândia, quando um amigo de lá pediu para usar mesma metodologia com as meninas do município”, explica o professor de Educação Física. Ao todo, são atendidas aproximadamente 150 meninas, sendo 77 na Escola Estadual Professora Thereza Noronha de Carvalho, 10 no IDE Caiobá, 10 na Vila Carlota e 60 em Cassilândia. “Eu fico imensamente feliz por essa ampliação, podendo transformar a vida de tantas meninas. E o mais legal é que muitas delas depois acabam integrando o projeto como voluntárias, passando a experiência que tiveram”, completa Jessé, acrescentando que pretende em 2019 lançar o Projeto Honra. “Sou muito cobrado por desenvolver um projeto apenas para as meninas. Os próprios alunos da Escola me questionam. Acho que no momento em que escrevi o Projeto Princesas, a situação daquelas meninas me chocou mais mesmo. Vivemos numa sociedade machista e estamos acostumados a ver meninos brigando entre si, mas quando vi meninas nessa realidade me assustei. Mas sei também que os meninos também precisam de apoio e quero me dedicar a eles a partir do ano que vem”, completa. MS INDUSTRIAL | 2018 • 55
C U LT U R A D A I N D Ú S T R I A LIVRO
“O JEITO DISNEY DE ENCANTAR CLIENTES”, DISNEY INSTITUTE
Todas as empresas buscam atingir a mesma meta: atender melhor as pessoas que compram seus produtos e serviços. Não importa se elas são chamadas de clientes, consumidores, pacientes ou, no caso Disney, convidados. Ou você as satisfaz ou corre o risco de perdê-las. Neste livro, você será levado aos bastidores para mostrar as melhores práticas e filosofias da Disney em ação, proporcionando uma visão dos princípios de atendimento de qualidade na prática, tanto no Walt Disney World, sob o ponto de vista dos membros do elenco, quanto em outras organizações, de acordo com os executivos que participaram dos programas do Disney Institute.
“HOW GOOGLE WORKS”, ERIC SCHMIDT E JONATHAN ROSENBERG
“ABÍLIO – DETERMINADO, AMBICIOSO, POLÊMICO”, CRISTIANE CORREA
Em 2010, Eric e Jonathan, executivos do Google, criaram uma aula interna para os gestores da empresa. Na época, o conteúdo era confidencial, mas, com o passar do tempo e uma sugestão de um funcionário da área de abraçar o espírito do conhecimento compartilhado, os empresários decidiram dividir sua a receita com o mundo: como a Google inova e também empodera seus funcionários para atingirem o sucesso. “How Google Works” é o resumo de todas essas experiências que os executivos vivenciaram, principalmente em relação ao contexto tecnológico que permeou toda a evolução da Google. Contado de forma divertida e fácil de ler, o livro é uma ótima escolha para os iniciantes e também para aqueles que desejam repensar seu atual modelo de gestão.
Em 1948, o imigrante Valentim dos Santos Diniz inaugurou uma discreta doceria em São Paulo chamada Pão de Açúcar. Menos de uma década depois, acompanhado de seu primogênito, Abilio, “seu Santos”, como o patriarca era conhecido, abriu o primeiro supermercado da família. Era o passo inicial para a construção de uma companhia que se tornaria a maior varejista do Brasil, com um faturamento anual de 64,4 bilhões de reais em 2013. Este livro revela os bastidores do processo de saída do empresário do Pão de Açúcar, conta em detalhes a disputa familiar pelo controle da companhia e as histórias de pioneirismo protagonizadas por Abilio no varejo brasileiro.
LIVRO
FILME
LIVRO
J OB S
No começo do filme dá uma vontadezinha de devolver o iPhone. Jobs é genial, mas tem um comportamento bastante peculiar que vai além de andar descalço. A fixação por querer fazer sempre melhor e o domínio dele sobre o negócio podem acabar compensando os deslizes e são inspiradores. “Esta é uma ferramenta para o coração. E quando você consegue tocar o coração de alguém, não existem limites.” O personagem Jobs é movido por paixões. Ele é a essência do seu negócio. Desconsiderando o temperamento, o que fica é uma visão estruturada e grandiosa de quem começou numa garagem e sabia onde queria chegar. FILME
WA LT A N TE S D O M ICK E Y
Difícil saber que a história do criador da Disney não foi toda de contos de fadas. Ele precisou de muita criatividade, força de vontade e ajuda dos amigos e da família para chegar lá. Além disso, precisou aprender a ser um empreendedor. A frase que guia Walt no filme é seu pai dizendo “Sempre termine o que você começar. E seja lá o que estiver fazendo, faça bem.” Mesmo fazendo bem e dando o seu melhor, fracassar faz parte. Ele sabia que tinha talento e sua equipe era boa. Ainda assim, não ficou livre de quebrar o caixa mais de uma vez.
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GADGETS
CELULAR DE ANEL?
Chamada de “robô impressor”, a Zuta Pocket Printer é uma impressora de bolso projetada por cientistas da Universidade de Jerusalém e, ao contrário de outros dispositivos de impressão portátil, imprime o texto literalmente se movendo sobre a folha. A base do equipamento tem um mecanismo sobre rodas que permite que ele se mova em qualquer direção. Para alinhar a impressora à folha mais facilmente, possui sensores especiais de estabilização e funciona em qualquer formato e tipo de papel. Pode ser conectada ao computador ou ao smarphone, via bluetooth, e o cartucho que já vem embutido tem capacidade para imprimir até mil páginas. A bateria dura até 1 hora de operação contínua. Preço: US$180
RELÓGIO FAZ-TUDO
Para quem é do tempo dos “tijorolas”, dizer que um aparelho de celular da atualidade é grande demais parece impensável. Mas há quem considere que os atuais smartphones fabricados ainda têm um tamanho grande. Então, o designer de uma empresa tunisiana criou o Nokia Fit, um telefone em formato de anel com capacidade para realizar e receber chamadas. O dispositivo não precisa ser removido do dedo nem na hora do banho, já que é a prova d’água, e vibra quando chega uma ligação ou mensagem. É feito de silicone e borracha e, por isso, não prejudica a mobilidade dos dedos. Preço: sob consulta
ROBÔ IMPRESSOR
Feito de aço inoxidável, o relógio Leatherman Tread Black é capaz de se transformar em 29 diferentes ferramentas e tem garantia de 25 anos, bastante superior ao prazo oferecido pela maioria dos fabricantes do mercado. O diâmetro do bracelete é ajustável ao pulso do usuário, e a superfície do dispositivo é protegida por um revestimento de carbono semelhante ao diamante. Inclui um gancho para cortar cordas, conjuntos de chaves de fenda e lâmina que corta de envelopes a caixas de papelão. Até o fecho hexagonal do bracelete tem uma função, e serve como abridor de latas. Preço: US$175
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RADAR INDUSTRIAL EMPREGO O setor industrial de Mato Grosso do Sul já registra saldo positivo de 2.722 novos postos de trabalho no período de janeiro a setembro deste ano, resultante de 44.386 contratações e 41.664 demissões, conforme levantamento do Radar Industrial da Fiems. Nos primeiros nove meses deste ano os maiores saldos foram nas indústrias química (+920), alimentos e bebidas (+715), da construção (+593), metalúrgica (+195), da madeira e do mobiliário (+149) e extração de minerais (+114). O conjunto das atividades industriais em Mato Grosso do Sul encerrou o mês de setembro de 2018 com 123.042 trabalhadores empregados, indicando elevação de 0,54% em relação a agosto, quando o contingente ficou em 122.384 funcionários. Atualmente, a atividade industrial responde por 19% de todo o emprego formal existente em Mato Grosso do Sul, ficando atrás dos setores de serviços, que emprega 191.525 trabalhadores com participação equivalente a 29,6%, da administração pública, com 133.907 empregados ou 20,7%, e do comércio, com 125.771 empregados ou 19,5%.
EXPORTAÇÃO Celulose, carnes desossadas de bovinos congeladas, carnes desossadas de bovinos refrigeradas e pedaços e miudezas de aves congelados são os principais produtos responsáveis pelo crescimento de 23% na receita com exportações de industrializados de Mato Grosso do Sul nos primeiros nove meses deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, que aumentou de US$ 2,19 bilhões para US$ 2,69 bilhões, conforme levantamento do Radar Industrial da Fiems. Apenas em setembro, a receita com a exportação de produtos industriais alcançou US$ 287,4 milhões, apresentando estabilidade em relação ao mesmo mês de 2017, quando o valor foi de US$ 286,8 milhões. Ainda assim, esse foi o melhor resultado para o mês de setembro dos últimos cinco anos. Quanto à participação relativa, no mês, a indústria respondeu por 76% de toda a receita de exportação de Mato Grosso do Sul, enquanto no acumulado do ano a participação ficou em 60%.
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PRODUÇÃO INDUSTRIAL A produção industrial sul-mato-grossense manteve em setembro o mesmo ritmo do mês de agosto, permanecendo estável no período, de acordo com a Sondagem Industrial realizada pelo Radar Industrial da Fiems junto a 85 empresas no período de 1º a 15 de outubro de 2018. Pelo levantamento, 64,7% das empresas disseram que o nível de produção foi estável no mês de setembro, quando comparado com agosto, quando esse resultado foi de 54,1%. Já a participação das empresas com aumento na produção foi menor, saindo de 24,7% em agosto para 14,1% em setembro, enquanto a participação daquelas que tiveram queda ficou igual nos dois meses, fechando em 21,2%. Por fim, com esse desempenho o índice de evolução da produção passou a marcar 47,2 pontos em setembro, abaixo, portanto, da linha divisória dos 50 pontos, indicando que não houve crescimento da produção em relação ao mês anterior.
DESEMPENHO INDUSTRIAL O IGDI (Índice Geral de Desempenho Industrial) de Mato Grosso do Sul, que foi criado pelo Radar Industrial da Fiems e é calculado com base nas pesquisas de Confiança e Sondagem Industrial, foi positivo em setembro, sendo o 4º mês consecutivo em que fica acima da linha divisória dos 50 pontos. Em setembro, o Índice alcançou 53 pontos, indicando um ligeiro recuo quando comparado com o mês de agosto. Na passagem entre os dois meses, as variáveis de avaliação apresentaram o seguinte desempenho: aumento de 3,5 pontos percentuais na participação das empresas que contrataram, igualdade na participação das empresas com produção crescente ou estável e queda nos índices de confiança, intenção de investimento e utilização da capacidade instalada com reduções de 0,2 ponto, 2,5 pontos e 1 ponto percentual, respectivamente.
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QUANTO VOCÊ P A G O U ?
Fonte: Portal Transparência MS. Elaboração: SFIEMS DICOR UNIEP
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Quem te conhece “TE M P ER O DO TON HO” E R A RE C E I TA D E FA MÍL IA Q UE V IR O U NE G Ó CIO E HO JE T E M A T É FÁB R I C A I N STA L A DA N A C A P I TA L Apaixonado por cozinhar, quando Antônio Araújo Neto aprendeu, há cerca de 15 anos, a preparar um tempero caseiro à base de sal marinho, alho, açafrão, noz moscada e especiarias, jamais imaginou que isso se tornaria um negócio rentável e que daria início a uma fábrica. A ideia era apenas relaxar aos finais de semana preparando pratos caprichados para a família e amigos. Como sempre foi muito familiarizado com a cozinha, Antônio foi incrementando a receita ensinada por um primo e o tempero foi fazendo cada vez mais sucesso entre os conhecidos, tanto que passou a ser um “souvenir” a quem visitasse a casa. “Meu pai
começou a dar de presente para as pessoas e todo mundo começou a elogiar, falando para os amigos. Mas era uma produção por hobby mesmo, ele gostava de fazer e agradar as pessoas de quem gostava. Nunca pensou em vender”, conta o filho Antônio Araújo Neto Junior. Só depois de 15 anos é que os dois decidiram, juntos, levar a sério a receita de família como um negócio. “A crise exige que você se reinvente e depois de um tempo percebemos que o tempero poderia ser mais do que uma diversão aos finais de semana. Que poderíamos abrir uma empresa e comercializar esse produto para outras pessoas”, explica Junior. Com o nome “Tempero do
Tonho”, a fábrica localizada na Vila Carvalho começou a funcionar em abril deste ano e o produto já pode ser encontrado em diversos supermercados da Capital. “Aos poucos estamos ampliando nossa rede de oferta. Sabíamos que o começo seria mais complicado, sabemos que é difícil uma grande aceitação imediatamente, mas estamos conseguindo fidelizar nosso cliente. Quem experimenta uma vez não deixa mais de comprar e o legal é que muitas pessoas estão indicando para outras, então estamos bastante satisfeitos com isso e esperamos ampliar ainda mais”, finaliza Antônio Araújo Neto Junior.
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A RT IG O
- PEDRO WONGTSCHOWSKI Presidente do Conselho de Administração da Ultrapar
EM DIREÇÃO À INDÚSTRIA DO FUTURO Todas as atividades econômicas são geradoras de emprego, renda e de produtos e serviços fundamentais à sociedade. Porém, nem todas têm a mesma capacidade de influenciar o dinamismo do sistema econômico como um todo. Ainda mais desigual é a contribuição de cada uma na construção do crescimento de longo prazo e do desenvolvimento, que em boa medida é decorrente da inovação tecnológica. Este é um dos principais atributos da indústria. Por ser capaz de estabelecer um sistema interligado e complexo de geração de valor e de progresso técnico que transborda para além de suas fronteiras, a indústria não apenas impulsiona o nível de atividade da economia, como cria novas tecnologias, novos bens e novos métodos e meios de produção para si própria e para os demais setores, contribuindo para o avanço da produtividade do sistema produtivo como um todo. Mundialmente, a OCDE avalia que a indústria de transformação responde por nada menos do que 70% dos gastos empresarias em pesquisa, desenvolvimento e inovação. No Brasil, a indústria também aparece como o grande centro realizador de atividades empresariais de P&D, em especial, a indústria de transformação, cuja participação chega a 71%. Mesmo fundamental, o esforço inovador da indústria não resume todas as suas contribuições. No contexto brasileiro, o setor é responsável pela arrecadação de 27% dos impostos e suporta uma carga tributária de 45% do seu valor adi62 •
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cionado, segundo dados da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN). No emprego, os postos gerados pela indústria de transformação representam 15% do trabalho formal, segundo a CNI, pagando salários acima da média nacional. Para produzir, a indústria brasileira total demanda insumos em que quase metade são fornecidos por outros setores que não a própria indústria: 9% são produtos agropecuários e 34% são serviços. Quando olhamos para o investimento, novamente a indústria se destaca. Em 2013, ano em que a taxa de investimento foi recorde no período recente, enquanto a economia como um todo investiu 20,9% do PIB, a indústria geral apresentou uma taxa de investimento de 24,1% do seu PIB setorial, segundo estimativa do IEDI. Por todas essas razões, a indústria não apenas teve um papel relevante na história do desenvolvimento do Brasil bem como de muitos outros países, mas também permanece sendo indispensável para a superação dos desafios contemporâneos com os quais as sociedades se deparam. Por isso, países desenvolvidos e emergentes vêm recentemente multiplicando suas iniciativas e estratégias para o fortalecimento industrial. Não custa lembrar que foi justamente de uma dessas estratégias que surgiu o conceito de Indústria 4.0, que só há pouco passou a ganhar alguma importância no Brasil. É sob este termo que a Alemanha designa sua indústria do futuro. A Indústria 4.0, ou alternati-
“A indústria deve se reinventar neste processo de avanço tecnológico” vamente Manufatura Avançada refere-se a uma revolução das mais profundas nas atividades produtivas, tendo como substrato o desenvolvimento e utilização de tecnologias tais como sistemas ciber-físicos, internet das coisas, manufatura aditiva, big data, robótica avançada, inteligência artificial, novos materiais etc. A indústria deve se reinventar neste processo de avanço tecnológico, mas também permitirá que os demais setores se transformem ao produzir uma nova geração de máquinas, equipamentos e insumos. Esta é uma agenda em que estamos muito atrasados, embora ações venham sendo tomadas por diferentes instituições, públicas e privadas, no sentido de compensar o tempo perdido. O que nos falta ainda é um programa, capaz de articular as inúmeras iniciativas e assegurar projetos de envergadura compatível com a magnitude dos desafios da Quarta Revolução Industrial. O Brasil deve almejar não somente a difusão das novas tecnologias em sua estrutura produtiva como também o papel de provedor de soluções 4.0 a partir das competências acumuladas. A grave crise pela qual o país passou nos últimos anos e que ainda não superou completamente, explica apenas parte do nosso atraso, pois não é de agora que a indústria brasileira vem enfrentando inúmeras adversidades, em função do relativo isolamento, das distorções em sua estrutura tributária, dos desalinhamentos da taxa de câmbio e dos longos episódios de taxas de juros elevadas, que minaram o investimento e envelheceram nosso parque industrial. Estes e outros obstáculos precisam ser superados para que possamos entrar plenamente na era da Indústria 4.0.
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