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05 Painel digital
SUMÁRIO
06 diretoria 07 editorial 08 charge 09 entrevista 12 Fala, indústria 22 giro da indústria 54 dicas 56 cultura da indústria 57 gadgets 60 quanto você pagou? 62 artigo capa
28 fábrica de soluções Startup do Sesi desenvolve produtos e soluções acessíveis para auxiliar empresas em diversas frentes
42 iel
14 inovação Caimasul incrementa produção com hambúrgueres e linguiças com carne de jacaré
24 geral Iniciativa da Fiems e Famasul traz 1ª indústria de processamento de borracha para o Estado
Prefeitura de Campo Grande adere ao Programa de Qualificação Fornecedores do IEL
46 sesi Metodologia Beetools usa Realidade Virtual, Gamificação e Inteligência Artificial para ensinar Inglês
38 senai 18 FIEMS Longen destaca que aprovação da Reforma da Previdência representa um avanço para o País
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ISI Biomassa e grupo chinês de energia lançam projeto de R$ 4,6 milhões para transformar plantas aquáticas em bio-óleo
61 quem te conhece que te compre Granola Chocolate e Granola Gourmet Chocolate são as novidades da Natubom para quem quer começar a se alimentar de forma mais saudável
50 GENTE QUE FAZ Startup Eco Linhas forma núcleo de produção para confecção de ecobags a partir de materiais de descarte
58 radar industrial Fique por dentro dos indicadores do setor industrial de MS
PAINEL DIGITAL
SISTEMA FIEMS NA REDE Fique por dentro dos nossos destaques nas redes sociais
Torneio Interclasse de Robótica CG/MJ. O Torneio é a parte da robótica educacional adotada como ferramenta de aprendizagem na #escolasesi e tem como objetivo apresentar o que é a Educação 4.0. Confira esse grande dia!
#escolasesi #robotica #sousesi 3 dias & 3 cidades: Três Lagoas, Campo Grande e Dourados Gratidão por mais uma etapa do #trainingleaders Em breve chega a etapa final! #sfiems #ielms #treinamento #liderança
Ai tô muito #LaCasaDePapel3 hoje! Vem salário, te quiero! #sfiems #ielms #dinheiro #estagio #lacasadepapel
Na feira de exposição agropecuária em Corumbá, aluno do curso técnico em Mecatrônica do Senai explicando ao pai sobre o que aprendeu no curso sobre sistema na bancada eletropneumática. #sfiems #senaims #mecatronica #cursotecnico
Já fez sua matrícula no Senai? #fiems #senaims #cursos #hobbseshaw MS INDUSTRIAL | 2019 • 5
D IR E T O R IA
S IS TE MA F I E M S Diretor Corporativo: Cláudio Jacinto Alves Diretor Executivo: Anatole Verlaine Etges Superintendente do Sesi/MS: Bergson Henrique S. Amarilla Diretor Regional do Senai/MS: Rodolpho Caesar Mangialardo Superintendente do I EL/MS: José Fernando Gomes do Amaral
Revista da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul Diretor de Comunicação: Robson Del Casale (DRT/MS 064) Chefe de Redação: Daniel Pedra (DRT/MS 088) Jornalistas: Flávia Melo (MTB/MS 1032) Zana Zaidan (MTE/MS 1255) Fotos: Ademir Almeida, JJ Cajú, Nilson de Figueiredo, Ricardo Flores, Valdenir Resende e Dicom/Fiems Endereço: Avenida Afonso Pena, 1.206 - 2º Andar Bairro Amambaí - Campo Grande/MS - 79.005-901 E-mail: unicom@sfiems.com.br Site: www.fiems.com.br Fone: (67) 3389-9017 As opiniões contidas em artigos assinados são de total responsabilidade de seus autores, não refletindo, necessariamente o posicionamento do Sistema Fiems Revista Mensal - 10 mil exemplares
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Presidente: Sérgio Marcolino Longen 1ª Vice-pres.: Claudia Pinedo Zottos Volpini 2º Vice-pres.: Alonso Resende do Nascimento 3º Vice-pres.: José Francisco Veloso Ribeiro 1º Vice-Pres Regional: Luiz Claudio Sabedotti Fornari 2º Vice-Pres Regional: Roberto José Faé 3º Vice-Pres Regional: Romildo Carvalho Cunha 4º Vice-Pres Regional: Francisco Giobbi 5º Vice-Pres Regional: Lourival Vieira Costa 6º Vice-Pres Regional: Gilson Kleber Lomba 1º Secretário: Silvana Gasparini Pereira 2º Secretário: Antônio Carlos Nabuco Caldas 3º Secretário: Zigomar Burille 1º Tesoureiro: Altair da Graça Cruz 2º Tesoureiro: Edis Gomes da Silva 3º Tesoureiro: Nilvo Della Senta Diretores: João Batista de Camargo Filho Antônio Breschigliari Filho Julião Flaves Gaúna Marcelo Alves Barbosa Edemir Chaim Asseff Alfredo Fernandes Marcelo De Carli Ferreira Cláudio George Mendonça Marismar Soares Santana Regis Luís Comarella Walter Ferreira Cruz Walter Gargione Adames Vagner Rici Silvio Roberto Padovani Omildson Regis Guimarães José Eduardo Maksoud Rahe Conselho Fiscal: Efetivos: Milene de Oliveira Nantes Ivo Cescon Scarcelli Lenise de Arruda Viegas Suplentes: Egon Hamester Edson Luiz Germano de Souza Irma Tinoco Atagiba Asseff Delegados Suplente junto à CNI: Efetivos: Sérgio Marcolino Longen Claudia Pinedo Zottos Volpini Suplentes: Roberto José Faé José Francisco Veloso Ribeiro
EDI TORIAL
ACELERADORA DE SOLUÇÕES
E
m 2018, nós criamos a Startup do Sesi e idealizamos uma empresa que fosse capaz de atender as demandas das indústrias em diversas áreas, desde a educação e modelos de cursos até as consultorias e as capacitações. Por isso que, nesse sentido, a nossa startup existe para entender os problemas das empresas e, a partir daí, criar as melhores soluções. Em uma padaria, por exemplo, o processo de produção de um pão tem um padrão de qualidade e de quantidade viável em termos de custeio. Pode parecer óbvio, quando se trata de uma padaria, que todo empresário do segmento entenda essa lógica, mas nem sempre é assim que acontece. As empresas também têm problemas na questão energética e, por isso, é preciso entender qual o melhor modelo para um determinado estabelecimento e de que forma aquela empresa poderia ter menor custo. É preciso ainda abordar questões de análise de capital de giro daquela empresa, logística, armazenagem de matéria-prima. Ou seja, têm-se uma série de coisas, suprimento e manutenção que uma startup pode
criar em soluções customizadas para auxiliálas. Hoje, passados mais de 12 meses, a Startup do Sesi disponibiliza inúmeras soluções para as empresas, como o design comportamental, o Lego Serious Play, a ética e responsabilidade socioempresarial, treinamentos corporativos, óculos de realidade virtual, jogos digitais, vídeos, o workgame e o Tá Certo, uma plataforma que estimula o desenvolvimento do aluno por meio de competições e análise de seus erros. Estive recentemente com um colega empresário do Estado de São Paulo e ele comentou comigo que a área de marketing e comunicação da sua empresa, que ano passado foi a que mais se destacou, acabou se transformando em uma startup interna. Hoje, conforme esse meu amigo, essa “startup” é uma grande desenvolvedora de soluções para as outras áreas da sua empresa, das mais variadas até as mais simples. Isso é inovação, isso é buscar as soluções com inovação.
SÉRGIO LONGEN Presidente do Sistema Fiems
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ENTREVISTA
W A LT E R S C H A L K A PRESIDENTE DA SUZANO
“Será fundamental que o governo consiga avançar com uma agenda de reformas que traga maior segurança ao investimento”
W
alter Schalka é presidente da Suzano desde janeiro de 2013. Engenheiro formado pelo ITA e pós-graduado em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP),
o executivo possui cursos de especialização e aperfeiçoamento nos Institutos IMD (Suíça) e Harvard (EUA). Antes de ingressar na Suzano, onde liderou movimentos importantes como o ingresso da empresa no Novo Mercado, o início de operMS INDUSTRIAL | 2019 • 9
ações no segmento de Bens de Consumo e a fusão com a Fibria, Schalka passou por Citibank, Grupo Maepar, Dixie Lalekla, Grupo Dixie Toga e Votorantim Cimentos. Em entrevista exclusiva à revista MS Industrial, fala sobre os projetos de investimento da empresa em Três Lagoas, a parceria com a Fiems para qualificação profissional de seu quadro de funcionários, além de fazer uma análise sobre o mercado de celulose. Quais são os projetos de investimento da Suzano para a unidade de Três Lagoas? Concluída a fusão entre a Suzano Papel e Celulose e a Fibria, operação ocorrida em 14 de janeiro que deu origem à Suzano, a empresa está focada neste momento no processo de integração das empresas, na captura de sinergias, na desalavancagem e na disseminação da nova cultura entre os colaboradores. Em paralelo a isso, mantemos constante avaliação de oportunidades de crescimento e geração de valor, de acordo com o cenário de mercado. Também mantemos investimentos constantes em iniciativas de ganho de competitividade e inovação, incluindo nossas fábricas de papel e frentes de pesquisa no desenvolvimento de produtos como bio-óleo, lignina, biocompósitos e nanocelulose, entre outros. Mantemos, dessa forma, nosso compromisso em continuar contribuindo para o desenvolvimento do setor e do Brasil e também, a partir de nossos produtos, promovendo a educação, a cultura, a saúde e o bemestar das pessoas. Na avaliação do senhor, como a parceria com o Sistema Fiems pode contribuir para o bom desempenho da unidade de Três Lagoas? A Suzano foi uma das empresas pioneiras no negócio florestal em Mato Grosso do Sul e desde 10 •
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o início tem contado com o apoio do Sistema Fiems para o desenvolvimento, a capacitação e a qualificação de mão de obra especializada para o atendimento das demandas, não somente de Três Lagoas, mas de toda a região. Foi o que aconteceu, por exemplo, durante a construção da segunda fábrica em Três Lagoas. A Suzano, em parceria com o Sistema Fiems, realizou uma série de projetos de qualificação profissional, dentre eles a formação para mecânicos e operadores florestais e a requalificação de profissionais da área industrial, com os Cursos Pós-técnicos. No total,
foram formadas 19 turmas, o que representou o ingresso de cerca de 700 pessoas, entre homens e mulheres, de todas as idades, para atuarem na empresa dentro das cidades de Três Lagoas, Água Clara e Brasilândia. Qual a análise que o senhor faz a respeito da situação atual do mercado mundial da celulose? O volume de vendas de celulose no mercado global está influenciado neste momento por um cenário desafiador na China, que por sua vez está sendo afetado negativamente por diver-
“A Suzano, em parceria com o Sistema Fiems, realizou uma série de projetos de qualificação profissional, dentre eles a formação para mecânicos e operadores florestais e a requalificação de profissionais da área industrial”
- WALTER SCHALKA
Presidente da Suzano
sos fatores. O principal deles é o nível de incertezas relacionadas aos desdobramentos da guerra comercial entre EUA e China. Ela provoca, indiretamente, um menor apetite de nossos clientes para recompor seus estoques, atualmente em níveis mais baixos do que o normal, e impactam o ambiente de negócios de forma geral. Vale ressaltar, contudo, que a despeito do ambiente mais adverso de curto prazo, não vemos nenhuma mudança estrutural na demanda de celulose da China. O mercado local continuará crescendo, suportado sobretudo pelo aumento do consumo de papéis sanitários, também conhecidos como tissue. Por isso, continuamos confiantes nos fundamentos do mercado e atentos a todas as oportunidades que identificamos para melhorar ainda mais o nível do serviço prestado aos nossos clientes. Como o senhor avalia o cenário atual da economia brasileira? A economia brasileira enfrenta um momento difícil, conforme apontam as projeções feitas pelos economistas e pelo próprio governo federal. As estimativas para o PIB indicam um crescimento discreto em 2019 e ainda enfrentamos incertezas quanto à capacidade de retomada da atividade econômica. O governo não tem recursos para estimular a economia a partir de um plano amplo de investimentos e o consumo é inviabilizado pelo elevado nível de endividamento das famílias. Dessa forma, a recuperação do PIB depende dos investimentos da iniciativa privada, que por sua vez vê com desconfiança a retomada da atividade econômica. Por isso, será fundamental que o governo consiga avançar com uma agenda de reformas que traga maior segurança ao investimento. A Reforma da Previdência, primeira a ser discutida no Congresso, deve ser acompanhada de outras agendas, incluindo a Reforma Tributária e a reforma
do Estado, por exemplo. Diante do aumento da demanda por produtos sustentáveis, como a Suzano vem se posicionando neste mercado? Existem projetos no sentido de fabricar produtos biodegradáveis? Nossos produtos são desenvolvidos a partir do uso de eucalipto plantado para essa finalidade, portanto toda a nossa linha de produtos tem como característica ser renovável, reciclável e biodegradável. Esse é um importante diferencial da indústria de papel e celulose em relação a outros materiais e um do direcionador a todas as nossas evoluções em pesquisa e desenvolvimento. Investimos continuamente em produtos que atendam um consumidor cada vez mais exigente e demandante de produtos mais amigáveis ao meio ambiente. Para mencionar apenas novidades mais recentes, a Suzano apresentou ao mercado, entre o final de 2018 e o primeiro semestre de 2019, dois produtos com grande aceitação entre o público consumidor e nossos clientes. O primeiro foi o Bluecup Bio, um papel-cartão voltado especificamente para o segmento de copos descartáveis. No início de junho lançamos o Loop, um papel especialmente desenvolvido para a produção de canudos. São produtos feitos no Brasil, com tecnologia nacional, e 100% renováveis, recicláveis e biodegradáveis. A Suzano vem investindo na “Tecnologia na Floresta”, que traz inovações no plantio de eucalipto e processos. Quais os principais desafios relacionados a este projeto? Existem algumas megatendências mundiais que possuem elevada probabilidade de impacto no ambiente florestal, como é o caso das mudanças demográficas (urbanização), das mudanças climáticas, da escassez de recursos e da eficiência energética.
“A recuperação do PIB depende dos investimentos da iniciativa privada, que por sua vez vê com desconfiança a retomada da atividade econômica” Nosso desafio é exatamente mitigar esses impactos. Para isso, a Suzano conta com o uso de novas tecnologias, seja na gestão dos ativos florestais (terra, floresta e máquinas), na gestão de insumos e na gestão comportamental (pessoas, segurança e produtividade). São tecnologias utilizadas no dia a dia aplicadas ao campo que melhoram a disponibilidade de dados para tomada de decisão e trazem ganhos à produtividade, à segurança e ao desenvolvimento dos colaboradores. Atualmente, mais de 50 projetos já foram implantados e os resultados têm superado nossas expectativas com resultados significativos no plantio (Silvicultura), colheita, logística de madeira e análise sistêmica de dados. MS INDUSTRIAL | 2019 • 11
FALA, INDÚSTRIA
Temos condições de juntar os grandes consumidores industriais de gás natural de MS, que não são mais de cinco, e criar um pool de importadoras. Seria pago um ‘pedágio’ da utilização do gasoduto, mas seria um benefício enorme de custo para essas empresas” S É R GI O L O N GE N presidente da Fiems Vislumbrando uma oportunidade para a indústria de MS diante do lançamento do Programa do Novo Mercado de Gás
Não se pode mais falar em usar e descartar. Mas como fazer isso de forma integrada? É possível utilizar o resíduo da produção de biodiesel, por exemplo, como meio de cultivo para produzir leveduras da fabricação de cerveja artesanal” CA R O L I N A A ND RA D E diretora do Instituto Senai em Inovação em Biomassa
É necessário mudar e manter-se atualizado para prosperar. Apenas os negócios que se transformam digitalmente sobreviverão à economia do futuro” LUIZ CLÁUDIO SABEDOTTI FORNARI diretor da Fiems e empresário do segmento cerâmico
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Tenho um carinho muito grande pelo Sesi e pelo Senai e por todo o Sistema S. Ali você tem acesso não só à educação, mas a valores que levamos para a vida” MARCOS PONTES ministro da Ciência e Tecnologia O primeiro e único astronauta brasileiro a participar de uma missão espacial
A partir do momento que houver um aquecimento na indústria brasileira para atender ao mercado chinês, aumentará a demanda pelo leite de Mato Grosso do Sul, beneficiando diretamente toda a cadeia produtiva, os produtores, a indústria e o consumidor” MI L ENE NANTES presidente do Silems Sobre a abertura da China para lácteos produzidos no Brasil
O momento é de fortalecer a Biosul no que deverá ser um novo ciclo positivo para a indústria sucroenergética e para o Estado. Vamos sair da crise e nos preparar para ajudar a gerar um ambiente para um novo ciclo de crescimento” AMAURY PEKELMAN reconduzido à presidência do Conselho Deliberativo da Biosul
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I N O VA Ç Ã O
BOM PRA 14 •
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JACARÉ Caimasul inova e incrementa produção com hambúrgueres e linguiças com a carne exótica, além de peças temperadas
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rimeiro frigorífico de abate de jacarés de Mato Grosso do Sul, o Caimasul iniciou suas atividades em 21 de setembro de 2017, na época apenas com abate e desossa do animal. A partir de uma demanda dos clientes, incrementou a produção e atualmente conta com uma série de produtos diferenciados, como hambúrgueres e linguiças, além de peças temperadas, que são encontrados em todo o País, mas principalmente nos Estados das regiões Sul e Sudeste. Segundo o gerente industrial do Caimasul, Willer Girardi, o frigorífico começou a produzir hambúrgueres e linguiça com
carne de jacaré em julho de 2018. “Logo depois, produzimos em parceria com uma empresa de São Paulo o espeto temperado, com a marca deles. E em março deste ano demos início à linha de temperados, como filé e coxa, e também criamos uma linguiça especial para choripan, exclusiva para uma franquia de Curitiba”, conta. Ele ainda reforça que por serem mais práticos, esses produtos têm uma procura significativa. “Nosso objetivo sempre foi ampliar a produção, diversificando os produtos e oferecendo para nossos clientes o melhor no que diz respeito à carne de jacaré.
MANEJO SUSTENTÁVEL Com 80 mil jacarés divididos em várias categorias, todo o manejo da área de trabalho do Caimasul é sustentável. A água usada nas baias onde ficam os répteis vai para bacias de decantação, onde é tratada e reutilizada. Como todo o corpo do animal tem uma utilidade, não há resíduos. O ciclo de produção no sistema de recria e engorda é de dois anos. Mas a partir de 18 meses, já há animais no tamanho de abate, em torno de 1 metro e 10 centímetros,
MIL E UM BENEFÍCIOS E UTILIDADES A carne de jacaré apresenta baixo teor calórico e baixa taxa de gordura, além de ser livre de gordura trans, sem colesterol e sem carboidratos. À vista grossa, essa regalia pode parecer sem graça e sem gosto, mas é considerada uma das carnes mais saborosas do mercado alimentício. A principal característica da carne de jacaré é seu alto valor protéico, que em relação às outras carnes é bem mais nutri-
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tiva. Os mais entendidos do assunto dizem que a carne de jacaré criado em cativeiro difere do selvagem, sendo esta mais forte. Na dieta alimentar destes animais não são utilizados aditivos químicos e nenhum tipo de medicação, o que faz da carne totalmente natural.
las indústrias de calçados e acessórios. Até mesmo os retalhos do couro são aproveitados para confecção de chaveiros. Da pele podem ser feitos ainda artigos pequenos como carteiras, capas de celulares, pulseiras de relógio e porta-batom.
MAIS UTILIDADES – Além do uso da carne para preparação de pratos, o couro de jacaré é um artigo bastante procurado e altamente cobiçados pe-
Já as glândulas do animal têm substâncias usadas em fixadores de perfumes e a gordura é usada na formulação de remédios para asma e bronquite.
1 metro e 20 centímetros e cerca de oito quilos. Passado o período de recria e engorda, os animais entram na fase de encaminhamento no frigorífico. Lá vão para abate; processar a carne; separação da pele [couro] que vai para o curtume – também a ser instalado na própria planta – para processamento. Segundo Willer Girardi, os animais são reproduzidos tanto no sistema farming – quando é realizada a produção em cativeiro - como no sistema ranching – os ovos são coletados da natureza por ribeirinhos em áreas estudadas e com au-
torização do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). “Os jacarés são confinados em baias de 52 m² cada uma. Cada unidade recebe 1.800 animais recém-nascidos, que são separados por mês de acordo com o tamanho. Após 18 meses, cada baia comporta, em média, 350 animais. É neste ponto que tem início o abate, feito com uma pistola de ar comprimido desenvolvida especialmente para o jacaré. O sistema é semelhante ao que os frigoríficos usam para abate de bovinos”, detalha o gerente industrial.
CONFIRA OS PRODUTOS DIFERENCIADOS DO CAIMASUL CORTES: Filé de cauda Filé de lombo Filé mignon Filé do dorso Ponta de cauda Coxa
Sempre foi um desejo nosso ter várias opções, mas os produtos processados realmente são uma demanda do mercado e têm uma procura significativa, principalmente pela praticidade”, comenta. Ao todo, o Caimasul oferece 20 produtos diferenciados: oito cortes, três tipos de linguiça, dois tipos de hambúrguer, espeto temperado, filé temperado, coxa tem-
ISCAS: Jacaré esviscerado HAMBÚRGUER EM DUAS VERSÕES: 180 gramas e 130 gramas
perada, língua, coração, fígado e verga (pênis do jacaré macho, que é exportado para a China). Para toda essa produção, foram necessárias algumas adequações na planta do frigorífico. “Mas foram pequenas alterações, pois na construção já havia sido projetado o setor de processamentos, portanto não precisamos de grandes ajustes ou mudanças”, destaca Willer Girardi.
LINGUIÇAS: Corumbá (tradicional) Pantaneira (tipo cuiabana, apimentada, com queijo e leite) Choripan (especial para montar sanduíche com pão)
Para tantos produtos, o frigorífico abate diariamente 150 animais, que resultam em 500 quilos de carne. “Somos o único frigorífico no mundo de abate de jacaré inteiramente automatizado e a tecnologia empregada permite reaproveitamento total do animal, que geralmente é abatido com cerca de dois anos”, completa o gerente industrial.
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FIEMS
MÃOS À OBRA Longen destaca que aprovação da Reforma da Previdência representa um avanço para o País
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aprovação, em 1º e 2º turnos, pela Câmara dos Deputados do texto-base da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de Reforma da Previdência, que altera as regras de aposentadoria, é considerada um avanço para o Brasil, conforme avaliação do presidente da Fiems, Sérgio Longen. “A aprovação em dois turnos da Reforma da Previdência trará, de certa forma, uma
tranquilidade parcial aos empresários do setor industrial porque ainda teremos a apreciação pelo Senado Federal e depois o retorno para a Câmara dos Deputados para aí sim ser levada para a sanção do presidente da República, Jair Bolsonaro”, lembrou. Nesse sentido, ele completa que é muito importante que os empresários continuem atentos em relação à apreciação da Reforma da Previdência pelo Congresso Nacional até a sanção presidencial. “Porém, temos de reconhecer que os nossos deputados federais fizeram a parte deles na Câmara e agora as atenções devem ser direcionadas para o Senado, que iniciará a apreciação da Reforma da Previdência. Sabemos que há um alinhamento político entre as duas casas de leis e que devem trabalhar em conjunto nessa questão como trabalharam na elaboração da proposta final”, projetou. Sérgio Longen ressalta que o setor produtivo de Mato Grosso do Sul espera que o Senado não mude o texto aprovado pela Câmara dos Deputados porque já foi debatido pelo Congresso Nacional antes de ir para 20 •
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NA CNI, LONGEN PARTICIPA DE DEBATE COM O PRESIDENTE DA COMISSÃO ESPECIAL DA REFORMA TRIBUTÁRIA NA CÂMARA DOS DEPUTADOS
Durante reunião realizada na sede da CNI (Confederação Nacional da Indústria), em Brasília (DF), o presidente da Fiems, Sérgio Longen, participou do debate com o deputado federal Hildo Rocha (MDB-MA), presidente da Comissão Especial da Reforma Tributária na Câmara dos Deputados, que detalhou aos empresários industriais a proposta de Reforma Tributária apresentada por meio da PEC 45/19. “Entendo que estamos iniciando um grande debate, que é a Reforma Tributária, e algumas ações nessa questão já foram colocadas para a nossa bancada federal na reunião realizada na Casa da Indústria, em Campo Grande (MS), no mês de junho. Essa pauta vem com força agora no 2º semestre e nessa discussão precisamos, na minha avaliação, manter o desenvolvimento regional, que não está contemplado na proposta, tanto na PEC da Câmara dos Deputados, quanto na PEC do Senado, bem como na movimentação feita pelos 200 empresários”, detalhou Sérgio Longen.
Ele acrescenta que, por enquanto, as discussões estão centradas apenas nas receitas dos Estados. “Não estamos tratando de desenvolvimento regional, que para acontecer sempre precisou da concessão de benefícios fiscais para promover a industrialização dos Estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Para se atingir o desenvolvimento regional desses Estados, entendemos que a questão da concessão de incentivos fiscais tem de ser colocada na mesa. Não podemos simplesmente extinguir ou reconhecer que a única região a ser desenvolvida é a Zona Franca de Manaus”, pontuou. O presidente da Fiems completa que há muitos anos a situação da concessão dos incentivos fiscais é debatida na CNI e foi possível, recente, obter junto ao Confaz a convalidação dos benefícios já concedidos, trazendo tranquilidade para as empresas instaladas nas regiões em desenvolvimento. “Nossa preocupação hoje é ampla porque em todas as propostas a gente vê a discussão de receitas e até hoje não vi nenhuma discussão que não
chegasse à conta final de aumento da carga tributária para todos os setores da economia, para toda a sociedade. Não só empresa trazendo a perda de competitividade, mas, enfim, aumento da carga tributária”, argumentou. Sérgio Longen ressalta que uma proposta deixa para os governadores os aumentos das alíquotas e a situação dos Estados é crítica, piorando cada vez mais, assim
como a dos municípios. “A conta é muito clara: por que a crise está nos municípios e nos Estados? É o custeio da máquina que vem subindo assustadoramente e na reforma eles entendem como uma oportunidade de equilibrar suas contas. Isso é muito claro. E a minha preocupação é com o desenvolvimento regional. O Brasil não está apenas nos grandes centros e como o deputado Hildo Rocha é do Maranhão nos traz uma tranquilidade de que enxergue as regiões menos desenvolvidas no projeto”, finalizou. Por sua vez, o deputado federal Hildo Rocha (MDB-MA), que é o presidente da Comissão Especial da Reforma Tributária na Câmara dos Deputados, destaca que, tanto a questão da concessão de incentivos fiscais para as empresas se instalarem e permanecerem em regiões com menos atrativos empresariais, quanto a do aumento da carga tributária, não ficaram de fora do debate sobre a reforma. “A proposta não é do deputado Hildo Rocha, ela é do Baleia Rossi (MDBSP), que foi feita com base em um estudo solicitado pela Câmara
dos Deputados. Em um primeiro momento, previa realmente essa possibilidade de ter o incentivo fiscal, mas há outras formas de se fazer incentivo para que as empresas possam se instalar em determinadas regiões e manterem ali suas atividades”, afirmou. O parlamentar completa que a proposta que está sendo feita pelo deputado federal Baleia Rossi é que esses incentivos saiam
por meio dos orçamentos, cuja transparência é maior. “Se trabalha com uma realidade melhor tanto para quem quer empreender, quanto para o poder público dos municípios e dos Estados. Também há uma proposta, que será divulgada para os governadores, que propõe a criação de um fundo justamente para que sejam feitos esses incentivos. Não está nessa proposta do Baleia, mas não significa que o deputado Agnaldo Ribeiro (PP-PB), que é relator da Reforma Tributária na Câmara dos Deputados, não venha a aceitar também a inclusão desse fundo de desenvolvimento nacional”, garantiu. Hildo Rocha acrescenta que a proposta da Reforma Tributária não vai acabar com os fundos de desenvolvimento do Nordeste, Centro-oeste e Norte. “Eles continuam a existir, mas realmente há uma preocupação quanto a isso, tenho essa preocupação também e estou atento a isso. Com relação à alíquota dos governadores, que está se alterando, se não fizéssemos dessa forma, que até achei muito inteligente, não teria como ser concretizada”, concluiu.
“Nossa preocupação hoje é ampla porque em todas as propostas a gente vê a discussão de receitas e até hoje não vi nenhuma discussão que não chegasse à conta final de aumento da carga tributária” - SÉRGI O LONGEN
Presidente do Sistema Fiems
a votação nas duas casas de leis. “Devo confessar que ainda estou cauteloso e quero esperar pela conclusão desse debate no Senado nos próximos meses. Se no Senado for mantido o texto aprovado pela Câmara dos Deputados, muita coisa vai mudar para melhor no Brasil. Sabemos que essa Reforma da Previdência não atende a todas as demandas defendidas pelo setor industrial, mas representa sim um avanço. Com certeza, é um passo à frente e evoluímos de forma positiva com esse amplo debate da Reforma da Previdência”, finalizou. MS INDUSTRIAL | 2019 • 21
GIRO DA INDÚSTRIA
DE VO LTA A OS TR A B A LHOS Após o recesso do Legislativo, parlamentares deverão se debruçar sobre a análise de pautas controversas, com direito àquelas discussões no plenário que seguem madrugada adentro.
CR ÍT ICA S O excesso de MP’s e decretos tem desagradado parte dos deputados e senadores. Simone Tebet (MDB-MS), presidente da CCJ do Senado, onde a constitucionalidade das pautas é analisada, disse à Folha de São Paulo que “numa democracia não se governa por decreto”. Para ela, o presidente não respeita a Constituição e se preocupa com temas secundários.
CA NE TA DA S A começar por nada menos do que 11 Medidas Provisórias editadas pelo governo Bolsonaro, que vão de mudanças na estrutura governamental até novas regras para a venda de bens apreendidos de traficantes. Todas devem ser apreciadas pelo Congresso até setembro, sob risco de perderem a validade.
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PR O D UT IVA O U IMPR O D UT IVA? O Senado também terá a missão de votar o pacote anticrime do ministro Sérgio Moro, além de um projeto que tramita há oito anos na casa, e acaba de ser desengavetado: o 107/2011, da senadora Kátia Abreu (PDT-TO), que altera o conceito de propriedade produtiva e de uso de imóvel rural.
TH E S ON Outra questão controversa é a sabatina de Eduardo Bolsonaro e, se aprovado, a votação de seu nome à embaixada do Brasil em Washington. Cabe à Comissão de Relações Exteriores do Senado, presidida por Nelsinho Trad (PSD-MS) – após resposta do pedido de agrément enviado pelo Itamaraty – organizar a sabatina.
“INS IG NIF ICA NT E ” Na Câmara, o PL 2974/19 retira sanção penal ou administrativa para crimes ambientais “insignificantes, justificáveis ou irrelevantes frente ao bem protegido”. “Poupa-se o Estado e o autuado dos custos da burocracia, do processo administrativo e judicial, dos transtornos, do tempo e da energia dispendidas por algo tão pequeno”, diz o deputado José Medeiros (Pode-MT), autor da proposta.
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G ERA L
UMA NOVA
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projeto de estruturação e expansão da cadeia produtiva da borracha em Mato Grosso do Sul, iniciado pela Fiems em conjunto com o Governo do Estado e Famasul, trouxe para o Estado a ASK Trading, primeira indústria de processamento de látex e outros produtos, que vai explorar a matéria-prima dos seringais plantados no leste do Estado. O termo de concessão de benefícios fiscais à empresa foi assinado durante ato no Edifício Casa da Indústria, em Campo Grande (MS). O grupo, que detém uma usina de beneficiamento de borracha natural em Mirassol, no interior paulista, vai implantar uma unidade no município de Aparecida do Taboado (MS). Em razão da iniciativa das federações em parceria com o Governo, ali está instalado, desde 2017, um polo da borracha, que abrange também as cidades de Cassilândia (MS) e Paranaíba (MS), e consiste no incentivo ao plantio das seringueiras, passando por tecnologia e inovação, até a industrialização da matéria-prima. Na época, o presidente da Fiems, Sérgio Longen, já destacava o potencial de negócios da exploração da borracha. “Após inúmeras tratativas, daremos agora o primeiro passo para avançar nesta atividade que, com certeza, fará a diferença no desenvolvimento do nosso Estado”, comemorou o empresário após a assinatura do termo, acrescentando, ainda, que as ações para fortalecer a cadeia produtiva serão intensificadas. AÇÕES DE FOMENTO - O secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), Jaime Verruck, parabenizou Longen por ter iniciado a discussão de estímulo à cadeia da borracha. “Vamos continuar com as ações de fomento e estruturação do plano de desenvolvimento do setor da borracha, com foco no estímulo ao plantio local da seringueira e capacitação da mão de obra”, reforçou. O titular da Sefaz (Secretaria Estadual de Fazenda), Felipe Mattos, salientou as ações do governo
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para atração de novos empreendimentos ao Estado. “Apesar das dificuldades para equilibrar as finanças, o Governo manteve a política de incentivos, e de trocar arrecadação de impostos por emprego e renda, e agregando valor às commodities e produtos locais”, disse. Presidente da Assembleia Legislativa, o deputado estadual Paulo Corrêa considerou este um dia histórico para Mato Grosso do Sul. “Estamos trazendo uma nova atividade para o Estado, e reforçando a produção da agroindústria, um setor importantíssimo e exemplo nacional de empregabili-
dade”, pontuou. PLANOS AMBICIOSOS - O sócio-administrativo da ASK Trading, Ricardo Machado Fontenla, afirma ter planos ambiciosos para o Estado, acrescentando que, até a terceira fase do projeto, prevista para ser implantada até 2023, a expectativa é que a unidade local supere a produção de Mirassol, hoje a 4ª maior do Brasil. “Nossa atividade considera primordialmente a facilidade de compra da matéria-prima. Quanto mais próximo dos seringais, melhor. Enxergamos em Mato Grosso do Sul um potencial produtor e, toda
OPORTUNIDADES E TENDÊNCIAS No Brasil, o plantio de seringueira cresce a uma taxa anual de 4,5%, enquanto o consumo interno de borracha cresce em um ritmo de 6% ao ano. O consumo atual de borracha natural no Brasil está na casa das 340 mil toneladas anuais, sendo de que 65% desse total são importados. Além disso, estima-se que dentro de 12 anos este consumo deva dobrar e, por isso, há uma preocupação com a escassez do produto em todo o mundo. Atualmente, há uma concentração de consumo
e produção de borracha natural no Sudoeste Asiático, o que se torna um fator estratégico para a elaboração de planos para estruturação da borracha em todo o mundo. “Nesse sentido, o Brasil, como um dos maiores consumidores de borracha natural do mundo, deve aproveitar a oportunidade para desenvolver sua produção interna”, afirma o CRO da Bioworldtec, empresa de biotecnologia para o agronegócio, Marcelo Cavarsan, responsável pela área de estratégia e gestão de risco da empresa.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS DO PROJETO DE REESTRUTURAÇÃO DA BORRACHA
a produção local que estiver disponível para negociação, temos interesse em comprar”, atestou. Segundo o executivo da empresa, atualmente 60% da borracha processada no Brasil é importada, em sua maioria, da Ásia. “É inadmissível que a gente ainda precise importar matéria-prima da Ásia, enquanto poderíamos ter em abundância no Brasil, porque a demanda é grande”, completou. EMPREGOS E INVESTIMENTOS - Segundo Ricardo Machado Fontenla, a indústria de processamento de látex da ASK Tranding terá capacidade para gerar 294 empregos diretos e indiretos. Com a assinatura do termo, a planta industrial já começará a ser construída, conforme o cronograma de implantação da empresa, em uma área de 3.000 m² em Aparecida do Taboado, com investimentos de R$ 3 milhões, entre estrutura, equipamentos e veículos. A unidade vai produzir, inicialmente, o chamado GEB-10 (Granulado Escuro Brasileiro Tipo 10), proveniente do processo de limpeza do látex e preparada para ser revendida às indústrias de pneus, peças automotivas, de calçados, entre outras que utilizam o material como matériaprima. A capacidade de produção inicial será de 1.500 toneladas por mês de borracha granulada, e deve atingir 7 mil toneladas por mês até janeiro de 2023. Depois, terá início também a produção de bor-
racha granulada e composto de borracha. CADEIA DA BORRACHA Mato Grosso do Sul tem mais de 11 milhões de seringueiras plantadas em 21 mil hectares, de acordo com dados do Sindicato Rural de Aparecida do Taboado. Considerando que cada árvore custa R$ 60, o Estado tem floresta avaliada em R$ 660 milhões. O município de Cassilândia detém 67,29% do setor no Estado, com 7,4 milhões de árvores e 13 mil hectares. Aparecida do Taboado aparece em segundo no ranking dos municípios com 16,43% de participação e 1,8 milhões de árvores em 3,8 mil hectares. Inocência tem 4,2% da produção estadual, com 474 mil árvores. Apesar da maioria da produção estar localizada na costa Leste do Estado, ainda há registro de seringueiras em Bataguassu, Paranaíba, Três Lagoas, Camapuã, Chapadão do Sul, Paraíso das Águas e Figueirão. O Estado ainda tem 1.300 hectares de seringueiras em reservas legais. O projeto de estruturação da cadeia da borracha no Estado teve início em julho de 2017, com uma união de esforços da Fiems, Famasul, Semagro (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), a Assembleia Legislativa e a Aprobat (Associação dos Produtores de Borracha de Aparecida do Taboado e Região).
• Estimular o crescimento da área de plantio no Estado;
• Promover o desenvolvimento local, contribuindo com o crescimento econômico e social dos municípios;
• Gerar empregos diretos e indiretos, trabalho e renda;
• Dar sustentabilidade econômica à propriedade rural, através da diversificação da produção e renda;
• Incentivar a competitividade da heveicultura no Estado, o aumento da produção e melhoria da qualidade do produto.
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C A PA
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FÁBRICA Startup do Sesi desenvolve produtos e soluções acessíveis para auxiliar empresas em diversas frentes
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CA PA O QUE É UMA STARTUP O empreendimento se caracteriza pela inovação do serviço produzido, geralmente de base tecnológica, desenvolvido a custos menores e processos mais ágeis. Quando alcançam maturidade, elas se sobressaem na oferta de serviços para grandes empresas que terceirizam as atividades relacionadas a inovação, pesquisa e desenvolvimento.
eja no setor de educação, na indústria, no comércio, quando as novas ideias e as ferramentas de solução passam por tecnologia e inovação, em um modelo com baixo custo e alta potencialidade de crescimento, o trabalho é conduzido pelas empresas chamadas startups. Foi com este desafio que o Sesi desenvolveu, então, a própria startup, uma ‘fábrica de soluções’ criada para atender, de maneira ágil e personalizada, às demandas dos diferentes segmentos empresariais do Brasil. O papel da Startup do Sesi é auxiliar as empresas brasileiras a se inserirem no processo da Indústria 4.0, com soluções customizadas para a realidade de cada uma delas, independente do porte, número de colaboradores, ou segmento de atuação. “A Startup do Sesi é uma aceleradora criada para, no menor tempo possível, compreender o problema de determinada empresa e propor uma solução inovadora, seja ela na área de educação, novos formatos de cursos e treinamentos, por exemplo, e implantá-la de maneira acessível, trazendo resultados no curto prazo e revolucionando os processos internos”, explica o presidente da Fiems, Sérgio Longen, sobre como, um ano atrás, surgiu o projeto. A ideia de criar uma startup foi inspirada nos centros de inovação do Sesi –rede de unidades de pesquisa espalhadas por nove capitais brasileiras, 30 •
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CA PA inclusive Campo Grande (MS) – implantadas para desenvolver inovações e sinalizar às empresas quais as tendências na área de saúde e segurança do trabalho. Cada centro atua como uma linha de pesquisa específica, mas todos eles têm como objetivo final o bem-estar do trabalhador e os resultados finais da empresa. Quando o Centro de Inovação foi inaugurado em Campo Grande, em maio de 2018, a equipe técnica do Sesi vislumbrou a necessidade de replicar um modelo semelhante de atuação, mas que atendesse à indústria de uma maneira mais abrangente. “Percebemos que precisávamos pensar mais alto, ser mais ousados, criando um núcleo de inteligência que pudesse prover soluções inovadoras para todo o mercado, abrindo um canal de comunicação com as empresas e atendendo às várias demandas que elas têm, ou venham a ter”, explica o superintendente do Sesi de Mato Grosso do Sul, Bergson Amarilla. “A Startup do Sesi existe para entender o problema da empresa e criar uma solução”, resume o presidente da Fiems. Ele cita como exemplo as indústrias do segmento da panificação. “Basta pensar no caso das padarias, por exemplo. Pode parecer que, para o proprietário de uma indústria de panificação, a fabricação do pão, o processo utilizado, seja algo óbvio. Mas nem sempre é assim que acontece”, afirma. “Existem inúmeras possiblidades de gestão adequada, pequenos ajustes nos processos, no quadro de colaboradores, que não tem custo algum, e podem revolucionar o andamento do negócio, gerar uma baita redução de custos, eliminar desperdícios”, enumera Longen. Desenvolvendo pessoas por meio da educação A concepção da Startup do Sesi teve como base inicial o desenvolvimento de pessoas para a indústria por meio da educação. 32 •
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CONHEÇA ALGUMAS SOLUÇÕES DA STARTUP PARA SUA EMPRESA:
DESIGN COMPORTAMENTAL
• Visa desenvolver equipes e lideranças, com elevação da performance e resultados, e a pessoa certa na função certa • Promove conhecimento, orientação e acompanhamento do desenvolvimento dos colaboradores de maneira estruturada, com foco em resultados • Dispõe de ferramentas e indicadores que visam predizer e promover análise estratégica de gestão de pessoas para suportar decisões mais assertivas e liberar tempo para agir com inteligência, potencializando o insumo principal de toda empresa: o capital humano
METODOLOGIA
Blocos de Lego reconstruindo dinâmicas corporativas: alternativa para incrementar processos de recrutamento, resolução de problemas e planejamento estratégico. As aplicações vão desde treinamentos de times
e processos de recrutamento até a facilitação do planejamento de projetos. Isto porque o modelo permite trabalhar feedbacks, definição de papéis corporativos e estratégias complexas em um ambiente controlado.
COMO É APLICADO NA EMPRESA: 1º Investigação Levantamento da demanda do cliente para intervenção e aplicação da Metodologia 2º Desenho Estruturação da ação de aplicação da metodologia, na qual é oferecida uma degustação e, posteriormente, estipula-se a carga horária, ferramentas e desafios que serão apresentados durante a atividade 3º Entrega Aplicação do método seguido da devolutiva de acordo com o que foi desenhado inicialmente 4º Acompanhamento Acompanhamento da percepção de valor da metodologia e abordagem para futuras intervenções
PASSO A PASSO ABERTURA ---> APRESENTAÇÃO DAS REGRAS ---> DESAFIO ---> CONSTRUÇÃO DO MODELO ---> HISTÓRIA ---> CONSTRUÇÃO DO CENÁRIO ---> JOGO DE POSSIBILIDADES ---> REFLEXÕES E FEEDBACK
“Se considerarmos que o maior ativo de qualquer empresa são as pessoas, estamos indo no caminho certo”, afirma o superintendente regional do Sesi, Bergson Amarilla, sobre a linha de atuação da Startup. A ideia é disseminar novos conceitos de processos e tecnologias disruptivas, familiarizando lideranças e colaboradores com novas metodologias e instrumentos da Indústria 4.0, a Quarta Revolução Industrial. E que, assim, estas empresas iniciem o processo de mudança pelas pessoas. “O papel do Sesi é colocar estas empresas em uma perspectiva da Indústria 4.0, uma transição essencial e inevitável para qualquer modelo de negócio. Com foco, inicialmente, nos serviços para área de educação, desde a regular, formada pelos jovens que serão os futuros trabalhadores destas empresas, quanto o aperfeiçoamento de trabalhadores da indústria e ainda atendendo de maneira customizada toda demanda empresarial, pois temos parcerias com outras startups em todo o Brasil”, acrescenta o superintendente do Sesi. Hoje, a Startup Sesi disponibiliza diferentes produtos inovadores – que usam tecnologias como realidade virtual e gamificação – tais como: o design comportamental, a Metodologia Programa de Ética e Responsabilidade Socioempresarial, Treinamentos Corporativos, Óculos de Realidade Virtual, Jogos Digitais e Vídeos. Eles já chegaram a empreendimentos de diferentes segmentos, como frigoríficos, papel e celulose, sucroenergética, mineração, entre outros. Áreas estratégicas de negócios de outros setores, inclusive de outros Estados, também já recorreram às soluções da Startup do Sesi para o desenvolvimento de pessoas e customização de soluções. Outra grande revolução dentro das empresas que já contrataram os serviços da Startup do MS INDUSTRIAL | 2019 • 33
C A PA ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIOEMPRESARIAL O que dizem os trabalhadores que já vivenciaram a experiência:
“Nos sentimos como figura principal, nós conseguimos enxergar nossas fragilidades e o que temos de melhor e como isso está impactando no trabalho”
Formato inovador e diferenciado para os treinamentos obrigatórios previstos para as indústrias de Mato Grosso do Sul que detêm benefícios fiscais (Lei estadual 4.970/2016). Palestras e slides dão lugar a jogos e uma metodologia lúdica e dinâmica
Treinamentos: 3.1 Programa de Sensibilização ao combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes, ao assédio sexual e moral e à cultura do estupro 3.2 Treinamento Didático de Multiplicadores Internos da Indústria (Lei estadual 4.970/2016)
- GILMAR SOARES FILHO
“O que é mais interessante é que a metodologia instiga a gente a falar, vocês provocam e nós vamos falando” - REGINALDO FRANCISCO SIAN
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TREINAMENTOS CORPORATIVOS • Programa de Gestão de Resultado • Programa de Desenvolvimento de Potencialidades • Programa de Competências para o Trabalho • Formação Didática Os treinamentos aplicam a aprendizagem reversa: o aluno é protagonista e o instrutor é apenas mediador do conhecimento.
Recursos: Ferramentas de autoavaliação, vídeos, jogos, apresentação virtual e material didático digital. Metodologias: Dinâmicas de grupo, trabalho em equipe e autoavaliação do conhecimento. Resultados: Pessoas autodesenvolvidas, criativas e comunicativas
REALIDADE VIRTUAL A ferramenta é aplicada para oferecer uma experiência totalmente inovadora aos colaboradores, elevando seu patamar de conhecimento por meio de uma atividade imersiva, enfatizando os principais pontos dos treinamentos em NR’s. • Cursos customizados • Aprendizagem potencializada • Reprodução de sensação e emoções • Emissão de relatórios (gestão do aprendizado)
• Acompanhamento dos resultados individualmente • Não expõe o trabalhador a riscos desnecessários • Diminui desgaste de máquinas e equipamentos
JOGOS DIGITAIS
Benefícios dos games no processo de ensinoaprendizagem • Games como meio de desenvolvimento • Maior tempo de dedicação dos alunos • Fundamento do jogo para o processo de conhecimento • Possibilidade de interação social
• Ranking e competitividade • Recompensa imediata • Mobilidade • Autonomia de aprendizado • Games como meio de interação • Diversão
Sesi veio com os treinamentos de Ética e Responsabilidade Socioempresarial. Obrigatório desde 2016 por força de uma lei estadual, colaboradores das indústrias detentoras de benefícios fiscais assistiam a palestras e orientações sobre combate ao abuso sexual e violência doméstica, em um formato tradicional, apresentado uma vez por ano e, muitas vezes maçante. Com a formação desenvolvida pela Startup, as indústrias contratam um treinamento totalmente diferenciado. “Com base em ferramentas comportamentais e jogos que levam o trabalhador ou trabalhadora a realmente se enxergar naquele contexto, e compreender como aquele aprendizado pode ser replicado para a realidade dele”, explica o técnico do Sesi responsável pelo programa, Luciano Ferraz. Com a Metodologia as peças de brinquedo que marcaram infância de muita gente promovem uma revolução na forma como os colaboradores se enxergam da empresa. “Com a experiência, este trabalhador se torna mais engajado, e se vê como uma peça fundamental para o bom andamento dos processos internos”, explica a gerente da Startup do Sesi, Andreza Araújo. “A imersão provocada pelo método melhora a comunicação, resolução de problemas e melhora de maneira expressiva o andamento das atividades”, acrescenta. Com os jogos digitais, treinamentos como cursos em atendimento às normas regulamentadoras ganham uma nova roupagem, por meio de realidade virtual. A Startup do Sesi captou imagens reais de uma indústria para reproduzir o cenário do chão de fábrica e, assim, oferecer treinamentos da NR-33 (Trabalho em espaços confinados) e NR35 (Trabalho em altura). Desta forma, os trabalhadores aprendem de uma maneira visMS INDUSTRIAL | 2019 • 35
CA PA
O que dizem os trabalhadores que já vivenciaram a experiência:
VÍDEOS
“A opinião de todos também foi fundamental, aprendi muito com todos, coisas que nem imaginava. Para mim foi o melhor treinamento, ninguém ficou preocupado, conseguimos tirar todas as informações” - DEUSDETH DOS SANTOS
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• Vídeos (Live-action) • Animações • Motion Graphics
Ferramentas utilizadas para facilitar a compreensão do conteúdo transmitido, por meio da utilização da memória visual, e de forma dinâmica e lúdica.
WORKGAME Utiliza a metodologia dos jogos corporativos para criar espaços de reflexão, autoconhecimento e análise de competências individuais e de grupo. Durante o jogo, os participantes experimentam, acertam, erram e, sobretudo, aprendem. As experiências geram interações e reflexões que envolvem emocional e cognitivamente, o que possibilita a criação de vínculos mais fortes e duradouros com os temas discutidos.
INVESTIGAÇÃO DA DEMANDA DA EMPRESA ---> CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO JOGO ---> TESTE DO PROTÓTIPO E VALIDAÇÃO ---> BRIEFING COM O CLIENTE
Diferenciais • Participação ativa e maior engajamento dos participantes • Favorece o trabalho em equipe, a comunicação e desenvolvimento de habilidades • Estímulo à competição e colaboração • Análise e feedback em tempo real • Diversão torna a experiência de aprendizagem memorável
ÁREAS DE COMPETÊNCIAS DA STARTUP DO SESI
Educação para a Indústria
Gestão Empresarial
Executive coach
Gestão de times
Professional & life coach
Design Instrucional
Desenvolvimento web e mobile
Game development
Criação de personagens
Analista comportamental
Motion design
Edição de áudio e vídeo
UX/ UI – User Interface Design
(Design de Interface do Usuário), meio pela qual uma pessoa interage e controla um dispositivo, software ou aplicativo. Já o UX está relacionado com a experiência do usuário e com seus sentimentos
ual, lúdica e em um ambiente muito próximo da realidade, além de estarem menos expostos aos riscos que um treinamento em altura, por exemplo, pode oferecer. Todos estes produtos foram desenvolvidos após visitas da equipe técnica da startup às empresas para, com apoio de gestores e lideranças, entender gargalos e obstáculos para melhoria e otimização dos processos e redução de custos. E novos podem surgir, de acordo com a demanda de cada empreendimento. “Após desenharem uma solução, ela virou um produto, replicado em escala para atender outros empreendimentos, mas sempre remodelado de acordo com a necessidade específica e viabilidade de aplicação naquela empresa”, diz Andreza Araújo. A consultoria americana de RH Talent LMS apontou, por exemplo, que mais de 80% dos profissionais sentem-se mais engajados e produtivos ao utilizar metodologias que envolvam algum nível de gamificação. Outro estudo, de 2017, realizado pela consultoria Kahoot!, mostrou que a gamificação em treinamentos corporativos ajuda a melhorar a retenção de conhecimento por parte dos colaboradores de uma empresa. Nas páginas desta matéria, você encontra uma descrição completa dos produtos da Startup do Sesi. As empresas interessadas podem solicitar uma degustação dos mesmos, para entender melhor como eles podem auxilia-las a implantar soluções inovadoras. Basta entrar em contato pelo 0800-723-7374.
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SE N A I
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“PROBLEMA”
QUE VIRA COMBUSTÍVEL ISI Biomassa e grupo chinês de energia lançam projeto de R$ 4,6 milhões para transformar plantas aquáticas em bio-óleo
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uscando solucionar um problema ambiental nos reservatórios de usinas hidrelétricas, o ISI Biomassa (Instituto Senai de Inovação em Biomassa), localizado em Três Lagoas, e a CTG Brasil, segunda maior geradora privada de energia do País, lançaram, no dia 11 de julho, o projeto “Macrofuel: Aproveitamento Energético de Bio-Óleo Pirolítico de Macrófitas Aquáticas para Produção de Biocombustível”, que tem como objetivo avaliar o aproveitamento energético do bio-óleo proveniente de macrófitas, que são plantas aquáticas, nos reservatórios de Ilha Solteira e Jupiá. Na avaliação do diretor-regional do Senai, Rodolpho Caesar Mangialardo, o lançamento desse projeto representa um divisor de águas dentro da instituição. “Esse ano comemoramos 40 anos em Mato Grosso do Sul e temos por base a educação profissional para as indústrias, mas há alguns anos já percebemos que a inovação e a tecnologia têm de andar juntas com essa formação profissional. Então nós estruturamos o ISI Biomassa para enxergar o que mais poderíamos fazer dentro das indústrias”, explicou. Para ele, esse contrato buscando uma solução com as macrófitas é um dos frutos dessa busca pela inovação. “Essas plantas aquáticas prejudicam a geração de energia nas hidrelétricas. Foge um pouco dessa linha do Senai de investimentos em energia solar e energia eólica, mas acho que devemos olhar com bons olhos esse projeto, que é tão importante. É fundamental essa parceria para entendermos na prática a realidade das indústrias para apresentarmos soluções para os problemas que elas enfrentam”, completou. Segundo diretora do ISI Biomassa, Carolina Andrade, o projeto prevê investimentos de R$ 4,6 milhões, utilizando recursos do Senai, da CTG Brasil e da Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial). “Já começamos algumas ações. Nossa equipe já está em campo,
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avaliando a ocorrência das macrófitas, nós já começamos os ensaios dentro do laboratório, mas é um projeto que deve durar três anos dada sua complexidade, porque vamos sair de uma planta e vamos chegar a um óleo para uso nos motores da própria empresa. Então há uma série de etapas e todas serão conduzidas aqui dentro do ISI Biomassa”, detalhou. O diretor de operação e manutenção da CTG Brasil, César Teodoro, destacou que a pesquisa e a inovação são uma mola propulsora do desenvolvimento, daí a escolha de trabalhar com o Senai para buscar uma tecnologia inovadora. “Buscamos com a inovação trazer a melhoria no desenvolvimento de algo que hoje nos preocupa e trazendo o crescimento junto à comunidade e a participação do Senai. As macrófitas são um problema hoje e agora queremos encontrar essa solução e mais, outros subprodutos que possam trazer uma situação bastante favorável”, salientou.
DANOS À OPERAÇÃO As macrófitas são importantes para o ecossistema hídrico, pois fornecem alimento e abrigo a organismos aquáticos, além de auxiliarem na proteção às margens dos rios. Sua reprodução rápida e excessiva, no entanto, afeta a navegação, a pesca e, no caso dos reservatórios, também a geração de energia hidrelétrica. Desde 2016, só na Usina Jupiá, a CTG Brasil já retirou mais de 2.315 m³ de macrófitas das grades da usina, equivalente a mais de 2 mil toneladas de plantas aquáticas. Em 2017, o desprendimento de macrófitas no reservatório da Usina Jupiá afetou a operação de 10 unidades geradoras, causando,
no total, indisponibilidade de cerca de cinco meses para o sistema e um custo de manutenção de R$ 3,8 milhões para a empresa. Atualmente, visando o mínimo impacto ambiental, a CTG Brasil realiza a remoção física das macrófitas e as submete a um processo de compostagem. Quando se acumula uma grande quantidade, o composto gerado é doado a prefeituras para ser usado em viveiros e hortas.
Ele reforçou que a ideia inicial não abrange a comercialização direta do bio-óleo, visto que o foco é desenvolver uma metodologia de produção de biocombustível líquido para geração de energia. “O primeiro passo é um diagnóstico desse produto e a possibilidade de expandir de forma externa, com certeza utilizaremos junto à comunidade. O projeto é para os reservatórios de Jupiá e Ilha Solteira, mas dependendo dos resultados obtidos, poderemos expandir para outras unidades”, acrescentou. REPERCUSSÃO - Na avaliação do secretário-adjunto da Semagro (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), Ricardo Senna,
o lançamento do projeto tem vários significados para o Estado. “O primeiro é saber que as empresas estão apostando em tecnologias limpas para promover o seu crescimento. é importante observar a parceria entre empresas privadas e instituições de pesquisa como o ISI Biomassa, que aposta na inovação e esse projeto cria oportunidades de pesquisa e desenvolvimento nessa área para solucionar não somente o problema que a usina identifica como mostra para as empresas que os investimentos em inovação podem ajudar a resolver questões de gestão, de processos e novos produtos”, comentou. Também presente ao evento, o prefeito de Três Lagoas, Angelo Guerreiro, destacou a localização estratégica do município e do ISI Biomassa para atender as indústrias de todo o País. “É uma honra para nós termos o Instituto de Inovação do Senai aqui, atendendo as empresas da região e do restante do Brasil em projetos de pesquisa e inovação que melhoram a competitividade dessas empresas e também criam novos produtos. Torço para que esse projeto de pesquisa com a CTG Brasil tenha sucesso e possa ser expandido para outras unidades e me coloco à disposição para que vocês contem conosco no que for possível”, finalizou.
2 MIL
TONELADAS de plantas aquáticas removidas da Usina Jupiá desde 2016
3,8
MILHÕES Foi o custo de manutenção da CTG com a retirada das marcrófitas
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IEL
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SOLUÇÃO INDUSTRIAL
Prefeitura de Campo Grande adere ao Programa de Qualificação Fornecedores do IEL, que deverá contribuir para a economia da Capital
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IEL conta com mais uma âncora dentro do PQF (Programa de Qualificação de Fornecedores), a Prefeitura de Campo Grande. Durante a cerimônia de assinatura do contrato de prestação de serviço para adesão, o presidente da Fiems, Sérgio Longen, destacou a importância de ter a Capital dentro do programa, que irá contribuir com a economia do município e geração de novos negócios. “O PQF qualifica pequenas e médias empresas para fornecerem seus produtos e serviços para as âncoras do programa, que são a Suzano e a Amcor e as prefeituras de Três Lagoas, Ribas do Rio Pardo e agora a de Campo Grande. Porque muitas vezes essas pequenas empresas não têm as documentações necessárias e o IEL prepara esses empresários para todos esses requisitos, que receberão consultoria, auditoria e, por fim, a certificação. Então é motivo de muita satisfação um avanço muito positivo para todos nós do Sistema Indústria a adesão da Prefeitura como âncora do PQF”, afirmou Longen. Para o prefeito Marquinhos
EMPRESÁRIOS DA CAPITAL CONHECEM VANTAGENS DO PQF
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Trad, firmar uma parceria com o IEL é motivo de muita satisfação e a consolidação de um trabalho que a Prefeitura vem desenvolvendo. “Uma das nossas preocupações é fomentar o emprego e a renda na nossa cidade. Essa parceria qualifica o pequeno empreendedor para melhorar o seu negócio, e assim gerar mais emprego e renda. É assim que se constrói uma cidade cada vez melhor”, salientou. O superintende do IEL, José Fernando do Amaral, considerou o momento como uma grande conquista tanto para o instituto como para a Prefeitura. “A gente vem lutando por isso há quase três anos e chegou o momento, que é de muito orgulho essa assinatura. A Prefeitura será uma grande parceira, indicando fornecedores a atuando junto ao IEL na sensibilização de novas âncoras com o objetivo de gerar cada vez mais desenvolvimento para o nosso Estado”, destacou. O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia de Campo Grande, Herbert Assunção, destacou que, atualmente, com a globalização e digitalização dos processos, é fundamental que as
Com o objetivo de sensibilizar empresários de Campo Grande a aderirem ao PQF (Programa de Qualificação de Fornecedores), o IEL realizou, em parceria com a Sedesc (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia), um encontro para apresentar as vantagens do programa, esclarecer dúvidas e explicar como fazer a adesão. Ao abrir a reunião, o superintendente do IEL, José Fernando do Amaral, destacou a credibilidade do programa, que começou em Mato Grosso do Sul em 2018 e só traz vantagens aos empresários. “Além de passar por
um treinamento que vai mudar toda a gestão, as empresas participantes do PQF terão prioridade na hora de fornecer para a prefeitura de Campo Grande e demais âncoras do programa, que são a Suzano e a Amcor, além das prefeituras de Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo”, afirmou. UNIÃO - O gestor do PQF no Estado e coordenador da área de desenvolvimento empresarial do IEL, Hugo Bittar, explicou que o objetivo geral é gerar um cadastro positivo de empresas fornecedoras para que as grandes empresas possam comprar em Campo Grande. “Por isso é importante termos
empresas se adequem a essa nova realidade. “Nesse contexto, é importante que todos os fornecedores, sejam de órgãos públicos ou empresas privadas, atendam a questão de compliance, novas regras, questões que envolvam não apenas a qualidade do produto, mas também com relação ao cumprimento às regras e exigências legais para um bom fornecimento e é isso que o PQF vem para trazer”, concluiu. SOBRE O PQF - Desde que começou em Mato Grosso do Sul, em 2008, o PQF resultou na movimentação de mais de R$ 1,15 bilhão em negócios e atendeu 398 micro e pequenas empresas, que foram qualificadas para fornecer e prestar serviços às chamadas empresas âncoras, a Suzano e a Amcor, além das prefeituras de Campo Grande, Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo. Para que atendam com precisão às expectativas das empresas-âncora, as empresas-fornecedoras participantes do PQF passam por um detalhado processo de qualificação. Primeiro, o IEL constitui um comitê gestor local para conduzir o programa no
esse apoio da Prefeitura aqui hoje, nos ajudando a convidar empresários a aderirem ao programa. O intuito do programa é unir forças com várias entidades”, destacou. Ele reforçou ainda as inúmeras oportunidades que surgem a partir da adesão ao PQF. “Temos um horizonte de desenvolvimento muito interessante, porque temos grandes empresas em Mato Grosso do Sul com projetos de ampliação e não adianta esperar que isso aconteça para que os nossos empresários aqui se prepararem para atender essas novas demandas que vão surgir”,
completou. Na avaliação do titular da Sedesc, Herbert Assunção, é fundamental a parceria com o IEL para sensibilizar os empresários. “Já temos 21 fornecedores que aderiram ao programa e esperamos um total de 40 empresas. As regras mudaram e a gente sabe que qualificando melhor a gente encurta o tempo, dá mais agilidade aos processos de contratação e evita o desperdício. Não é mais possível que licitações sejam fracassadas por falta de documentos, por exemplo, e um dos objetivos do PQF é qualificar o fornecedor para que ele atenda
ambiente empresarial em que ele será implementado, além da determinação de um plano de qualificação a ser desenvolvido. Em seguida, cada empresa participante passa por uma etapa de diagnóstico, a partir de requisitos definidos pelas empresas-âncoras, e o IEL avalia quais aspectos do negócio podem ser aprimorados. Na etapa de desenvolvimento do programa, o IEL atua em duas frentes - capacitações e consultorias. As capacitações são coletivas, dirigidas a todas as empresas fornecedoras participantes, enquanto as consultorias são individuais, realizadas em cada empresa. Então, é chegado o momento da certificação, inicialmente realizada pelo IEL de modo individual. Por meio de auditorias independentes, verifica-se se os requisitos estabelecidos para todas as áreas de gestão do programa são atendidos. A atividade de auditoria também envolve a identificação e preparação de auditores, a elaboração de procedimentos, o planejamento e a programação de auditorias para aprovação pelo comitê gestor local.
a todos os requisitos e legislação necessários”, salientou. REPERCUSSÃO - O empresário Frank Billy, da Power Seco, empresa de lavagem e impermeabilização de estofados, decidiu participar de encontro para se informar melhor sobre o programa. “Acho interessante participarmos de eventos como esse porque sendo um pequeno empresário, é muito mais difícil conseguir oportunidades de ampliar o leque de clientes, então é importante vir aqui e conhecer um programa que pode melhorar minha gestão e me ajudar a fornecer para outras empresas e também para órgãos públicos”, comentou.
Já o empresário Mário Caneiro, da Teton Comércio e Serviços, empresa de tecnologia, já desenvolve parcerias com o IEL e ficou interessado em saber mais sobre o PQF. “Tenho dois estagiários por meio do programa do IEL, conheço boa parte dos serviços e produtos e agora vim entender melhor sobre o PQF e ver como posso aderir. Acredito que devemos estar sempre nos atualizando e buscando formas de nos qualificar para o mercado e vejo esse encontro como uma excelente oportunidade”, finalizou.
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SESI
O INGLÊS MAIS INOVADOR DO MUNDO Três Lagoas é a primeira cidade de MS a contar com a metodologia Beetools, startup que usa Realidade Virtual, Gamificação e Inteligência Artificial para ensinar idioma.
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que te impede de aprender inglês? Falta de tempo? Dificuldade de acompanhar o andamento das aulas? Dinheiro? Esses obstáculos, comuns entre adultos e adolescentes que querem falar um segundo idioma, não são um problema no novo curso de Sesi Beetools, aberto a partir desta segunda-feira (29/07) para toda a comunidade de Três Lagoas. A cidade é a primeira de Mato Grosso do Sul a contar com a metodologia Beetools, startup brasileira que possui o propósito de revolucionar o ensino de idiomas por meio do uso de novas tecnologias, entregando o ensino de idiomas mais inovador do mundo por um preço acessível a todos. As matrículas estão abertas para alunos a partir dos 13 anos, e os interessados podem agendar uma aula experimental na secretaria da Escola do Sesi para conhecer o ambiente e ensino diferenciado das aulas de Inglês. A metodologia Beetools é o grande diferencial do Inglês do Sesi. A Realidade Virtual, Gamificação, Big Data e Inteligência Artificial, com aulas que fogem do convencional, e tornam o aprendizado atraente para jovens e antenados em tecnologia. O homework, a lição
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de casa, é feita toda por um app exclusivo Beetools. Outro aspecto é a personalização de cada aula, independente do domínio do idioma. Ou seja, não importa se o aluno é iniciante ou já está familiarizado com o Inglês. Em sala, o aluno participa de diferentes etapas – interação com tablets, cadeira de realidade virtual e um momento individual com o professor. Por isso mesmo o número de alunos por turma é limitado a seis, para que haja um atendimento personalizado. O preço é outro diferencial, provando que, no Sesi, a tecnologia pode ser acessível para todos. Alunos da Escola do Sesi, industriários e seus dependentes têm desconto no valor das mensalidades. Inglês Sesi - Beetools Um dos grandes diferenciais do Sesi Beetools é a aliar tecnologias como Realidade Virtual, Gamificação, Big Data e Inteligência Artificial ao ensino adaptativo, sala de aula invertida e ao acompanhamento de um professor presencial. Por meio dessa união de vários fatores, a metodologia consegue proporcionar ao aluno um resultado muito mais eficiente, rápido e di-
Para mais informações sobre o Sesi Beetools bastar entrar em contato com a Escola do Sesi de Três Lagoas pelo telefone (67) 3919-2117
vertido. Como a principal proposta do Sesi Beetools é utilizar a tecnologia de maneira integrada ao ensino, enquanto os alunos são totalmente livres e independentes para agendar (ou reagendar) suas aulas, sempre no horário e unidade de sua preferência, através do app da startup. Com o uso da Inteligência Artificial e Big Data, os professores conseguem acompanhar o desempenho de cada aluno dentro e fora da sala de aula. Quando algum estudante pratica o inglês em casa, com o app da Beetools, a IA oferece feedback de pronúncia e fornece os dados obtidos para o professor. Esses dados são avaliados individualmente e em conjunto com os de outros alunos, possibilitando um melhor entendimento da jornada de aprendizado e otimização constante do curso. Para ajudar na fixação de conteúdo, o aluno participa de uma série em Realidade Virtual em todas as aulas, e a imersão frequente estimula a memória de longo prazo. MS INDUSTRIAL | 2019 • 49
GENTE QUE FAZ
DO LIXO AO LUXO Startup Eco Linhas forma núcleo de produção para confecção de ecobags a partir de materiais de descarte
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que você faz com sacos de batata, de cebola e de laranja? Se a resposta for jogar no lixo, saiba que em Campo Grande existe uma startup de negócios sociais residente no Living Lab, laboratório de inovação iniciado pelo Sebrae, que utiliza esse material para a produção de bolsas, saquinhos de lixo para carro e organizador de geladeira. A Eco Linhas, como é chamada a empresa, surgiu há cerca de dois anos e tem o objetivo de auxiliar mulheres a garantirem uma renda com a confecção de novos produtos com design diferenciado e com valor de mercado a partir de materiais que iriam para descarte. Segundo a empresária Isabel Doering Muxfeldt, idealizadora da startup, a paixão pelo artesanato surgiu ainda quando criança, de forma forçada pela mãe, que fazia questão de que a filha fosse “prendada” e entendesse tudo dos afazeres domésticos. “Sou de Tapejara, cidade do interior do Rio Grande do Sul, e desde muito nova fiz muitos cursos, como bordado e costura, porque era uma exigência da minha mãe. Costurar não consegui aprender, mas desde então tomei gosto pelo artesanato e sempre atuei nessa área”, recorda. Há cerca de 15 anos desenvolveu um projeto de joias do Pantanal e há aproximadamente quatro anos participou de um projeto de biojoias com saco de batata e saco de laranja. “Depois, participei de um projeto para confeccionar ecobags para serem comercializadas no Festival de Inverno de Bonito. Conseguimos vender três quartos da produção e eu percebi que era um mercado interessante”, comenta Isabel. A partir daí ela decidiu criar um núcleo de produção para ajudar mulheres de Campo Grande a garantir renda. O local escolhido foi o Instituto Guataverá de Apoio Sociocultural, localizado no Jardim Noroeste, na Capital. “Eu já tinha contato com a presidente do Instituto Guataverá, que é um lugar que atende a comunidade da região com cursos de qualificação. Apresentei minha ideia, ela gostou e logo em seguida demos início a um curso”, conta. Para a capacitação, várias mulheres se interessaram e o grupo chegou a ter cerca de 15 pessoas. No entanto, na hora de formar o núcleo de produção, apenas cinco
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abraçaram a causa. O número foi suficiente e até hoje o grupo permanece unido, dividindo tarefas e experiências, dando dicas, opiniões e se ajudando na hora de receber os trabalhos, mesmo sem se encontrar sempre para confeccionar os produtos. Com cada uma em sua casa, o celular é o amigo inseparável, pois estão todas conectadas o tempo todo.
MATÉRIA-PRIMA VEM DE PARCERIAS COM SUPERMERCADOS
Para conseguir grande quantidade dos materiais utilizados como matériaprima para a confecção dos produtos, Isabel Doering Muxfeldt entrou em contato com alguns mercados da Capital e, atualmente, o Comper é o principal parceiro. “É um trabalho bacana, porque esses sacos seriam jogados no lixo, então a gente ajuda o mercado com uma destinação correta desses resíduos e eles nos ajudam com a matéria-prima para nossos produtos”, destaca a empresária. Os sacos de batatas e cebola, principal material utilizado, são lavados com muito cuidado. “Deixamos de molho em água e sabão e vamos trocando a água, até ela ficar transparente. É quando sabemos que está devidamente limpo e aí colocamos no sol, para secar. Apesar de ser um produto de descarte, é preciso ter cuidado para manter as fibras dos sacos”, comenta. Depois de higienizados e secos, os sacos então estão prontos para se tornarem o que as artesãs decidirem. Para isso, utilizam linha, agulha e máquina de costura e dão asas à imaginação. “O principal produto são as ecobags, mas também temos saquinhos de lixo para carro, que costumam ser um excelente presente, e um organizador de geladeira, que foi ideia de uma cliente e tem tido saída também”, informa Isabel.
ENGAJAMENTO FAMILIAR– Como o celular é o grande aliado, Terezinha Mendes, de 69 anos e a mais velha do núcleo de produção, que ainda tem dificuldades em utilizar as novas tecnologias, coloca a nora como sua porta-voz. “A gente tem um grupo no WhatsApp. Como eu não sei mexer muito bem, quem participa do grupo é minha nora e ela me passa as informações do que as meninas estão conversando, escreve o que eu quero falar e assim funciona a comunicação. Mas as ligações são fundamentais. Quando uma fica muito tempo sem me ligar, eu já fico preocupada, pensando se aconteceu alguma coisa”, comenta. Costureira industrial profissional e aposentada, Terezinha é daquelas que não conseguem ficar paradas por muito tempo. Antes de fazer o curso para confecção de ecobags, trabalhava preparando e vendendo marmitas na região e até pouco tempo atrás intercalava as duas atividades. “Agora estou apenas com a costura novamente, que é o que mais gosto de fazer mesmo. Até porque o trabalho aumentou bastante, então tive de escolher uma coisa só. Escolhi o que mais gosto, né?”. Além da costura, a amizade com as colegas também foi um fator que pesou para a decisão. “A gente acaba criando intimidade quando trabalha muito junto. Nos encontramos toda semana, nos falamos quase todos os dias, seja pelo WhatsApp ou pelo telefone mesmo. Criamos um vínculo tão forte que até a família ajuda, conhece. Todo mundo faz parte da Eco Linhas agora”, destaca.
SINDIVEST/MS, SENAI E SEBRAE DISPONIBILIZAM EQUIPAMENTOS E CONSULTORIAS PARA A ECO LINHAS Durante encontro realizado na sede do Senai Empresa, em Campo Grande (MS), foi formalizada a cedência de duas máquinas industriais de costura pelo Sindivest/MS (Sindicato Intermunicipal das Indústrias do Vestuário, Tecelagem e Fiação de Mato Grosso do Sul) à startup de negócios sociais Eco Linhas, além de consultorias do CTV (Centro Tecnológico de Vestuário) do Senai Empresa para criação de novos produtos e para melhorar os processos, que serão subsidiadas pelo Sebrae. Segundo o presidente do Sindvest/MS, José Francisco Veloso, a entrega dos equipamentos é uma oportunidade de alavancar a startup Eco Linhas. “Foram doadas duas máquinas industriais de costura, sendo uma reta elétrica e a outra overloque, numa parceria do Sindicato com o Senai e o Sebrae como forma de apoiar a empresa e contribuir para o desenvolvimento do segmento têxtil e do vestuário em Mato Grosso do Sul”, afirmou. O gerente de gestão em tecnologia e inovação do Senai, Leandro Schneider, considerou o momento da consolidação de três instituições em prol do desenvolvimento do Estado. “Vemos que a união entre o Senai, o Sindivest/ MS e o Sebrae proporciona o desenvolvimento de pequenos negócios que no futuro poderão trazer emprego. O Senai foi um dos principais players dessa negociação e dará apoio tecnológico para o desenvolvimento
desse negócio. Prestaremos consultorias para melhorar o processo produtivo e até melhorias para utilização de outros materiais, além da criação de novos produtos”, informou. Na mesma linha, a gerente de relacionamento do Sebrae, Neire Colman, reformou que a parceria entre as três instituições é de extrema importância para fomentar novos negócios. “É uma empresa que utiliza uma matéria-prima sustentável, que iria para o descarte. Então ela vai atender um nicho de mercado que muitas empresas não entendem e esse é nosso objetivo, proporcionar aos empresários canais que ainda não estejam sendo utilizados para melhorar a renda”, salientou. A empresária Isabel Doering Muxfeldt explicou que a Eco Linhas tem o objetivo de auxiliar mulheres a garantirem uma renda com a confecção de novos produtos com design diferenciado e com valor de mercado a partir de materiais que iriam para descarte, como embalagens de batata, cebola e limão, de nutrição animal, tecidos. “Com esse apoio do Sindivest/MS, do Senai e do Sebrae, vejo campo para ampliação para diversificar nossa matéria-prima, porque com máquinas industriais a gente consegue usar novos materiais, como packs de usina de açúcar, que conseguimos viabilizar também, e materiais de polipropileno”, destacou Isabel Muxfeldt.
E se a nora de Terezinha ajuda como porta-voz no grupo do WhatsApp, Tatiane Cabral Ribeiro Gusso, de 36 anos e responsável pelo acabamento dos produtos da Eco Linhas, nomeou o marido como “office-boy” do grupo. “Ele trabalha no centro da cidade e a Isabel também mora por lá. Então ela consegue os materiais para trabalharmos, como os sacos de batata, cebola e laranja, e entrega para ele, porque é mais fácil do que se deslocar até o Noroeste. E aí ele vai passando de casa em casa distribuindo entre a gente”, explica. Tatiane é a única do núcleo de produção que não participou do curso do Instituto Guataverá, mas quis fazer parte do grupo depois do convite de uma vizinha. “Eu sempre trabalhei no comércio e depois parei quando tive meus filhos. Não pensava em voltar a trabalhar até minha vizinha me chamar e eu me encantei. Me sinto útil, fazendo uma coisa que gosto e gerando renda, mas ao mesmo tempo posso ficar em casa, cuidar dos meus filhos e acompanhar o crescimento deles”, ressalta. RECONHECIMENTO - “É muito bom trabalhar, ganhar um dinheirinho e ajudar em casa, mas, para mim, a maior motivação é quando alguém vê nosso produto e fica espantado, perguntando ‘foi você mesmo que fez?’. Esse reconhecimento é o que me deixa mais feliz”. A afirmação é de Lucimara Campozano dos Santos Oliveira, de 36 anos, uma das integrantes no núcleo de produção da Eco Linhas no Jardim Noroeste. Quando iniciou o curso, não imaginava que seria tão gratificante trabalhar com as colegas. “Sou dona de casa e ajudo com a renda como consultora de vendas. Fiz o curso aqui no Instituto Guataverá porque sempre faço um ou outro que me interessa, mas não esperava que a confecção de bolsas se tornaria meu trabalho, minha profissão. Adoro levar nosso trabalho para os lugares, participar de exposições. Costumo vender na igreja que frequento e esses tempos fui a uma escola, onde meu irmão trabalha, e vendi vários exemplares”, declara. Para Lucimara, o dinheiro não paga essa satisfação e esse orgulho de conseguir gerar renda a partir do trabalho e também o reconhecimento por produzir algo artesanalmente, mas paga a máquina de costura, que agora a permite trabalhar de casa”, finaliza. MS INDUSTRIAL | 2019 • 53
DICAS
SAÚDE EM CASA A tecnologia está presente em quase tudo que fazemos no nosso dia a dia e, quando se trata da saúde, não seria diferente. Porém, pesquisas e estudos científicos concluídos centenas de anos atrás, quando o high-tech estava longe de ser uma realidade, resultaram em testes simples, que podem ser feitos em casa, e apontam indícios de anormalidades e doenças – com a devida consciência de que estão longe de ser um diagnóstico. A consulta com um médico é fundamental para que o rastreio se transforme em um diagnóstico. Por outro lado, estas checagens “autoadministradas” podem ser uma forma de cada um de nós registramos um histórico, e de ficarmos mais conscientes da nossa própria saúde.
DESENHAR RELÓGIOS Uma folha de papel, uma caneta e um desenho simples podem despertar o alarme para alterações importantes na capacidade cognitiva. De preferência acompanhada, a pessoa testada deve desenhar um relógio em uma folha de papel. Primeiro o círculo, depois os números na ordem correta; e por último os ponteiros. Demora, dificuldades na compreensão da instrução ou na execução podem indicar alterações na memória e cognição - principalmente com o envelhecimento, quando essas alterações se manifestam mais e podem ser sintomas de Alzheimer e demência.
SINAL DE CACIFO Este teste tem até um nome na literatura médica: o sinal de cacifo, que consiste em usar o polegar ou dois dedos juntos e pressionar, por 5 a 10 segundos, a pele da perna, na região entre o joelho e o tornozelo, ou o peito do pé. Caso a marca do dedo fique na pele “afundada” depois de alguns poucos segundos, pode ser um sinal de retenção de líquido, um problema na circulação, resultado de situações cotidiana ou, ainda, condições de saúde mais sérias, como insuficiência cardíaca e cirrose. O normal é que a pele volte ao normal quase imediatamente.
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AUTOEXAMES BOLSA DE ÁGUA QUENTE PARA BUSCAR ORIGEM DA DOR No caso da desconfiança de que uma dor seja muscular, colocar uma bolsa de água quente na região pode confirmar a hipótese, se a dor for aliviada ou passar - pois o objeto quente tem o efeito de relaxar os músculos. Diante de uma dor no pescoço, por exemplo, o alívio com a bolsa de água pode separar o torcicolo (de origem muscular) de algo mais sério, como uma hérnia.
No Google Trends, que capta as principais pesquisas no buscador, o autoexame mais procurado no Brasil é, de longe o de mama. É importante lembrar que a maior parte dos nódulos e secreções que podem ser encontrados nessa busca não estão necessariamente relacionados ao câncer. Recomenda-se que o autoexame de mama seja feito mensalmente, depois da menstruação, em frente ao espelho, em pé e depois deitada - e, claro, sem roupa, pelo menos na parte de cima do corpo. O site do Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC) disponibiliza arquivos com outros tipos de autoexames: da boca, pele, testículos e tireoide, por exemplo. Basta acessar o site.
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C U LT U R A D A I N D Ú S T R I A LIVRO
“O PODER DA AÇÃO”, DE PAULO VIEIRA
É comum sentir insatisfação em algum momento da vida, seja com o trabalho, com os estudos, com o corpo ou até com as pessoas com quem você convive. Porém, é errado que essa insatisfação permaneça por muito tempo. Diante disso, Paulo Vieira criou “O Poder da Ação”, um livro que promete fazer sua vida ideal sair do papel. A obra mostra pesquisas e uma ampla investigação científica, realizada pelo próprio autor, que visa auxiliar os leitores a realmente mudarem de vida. Ao longo do livro, você vai encontrar incentivos, desafios e até exercícios que te ajudarão a começar uma nova etapa e, consequentemente, atingir o sucesso profissional e pessoal.
“EMPRESÁRIO DE SUCESSO: DICAS INFALÍVEIS PARA ALAVANCAR SUA CARREIRA”, DE AGUSTIN FERNANDEZ LIVRO
“O PODER DO HÁBITO - POR QUE FAZEMOS O QUE FAZEMOS NA VIDA E NOS NEGÓCIOS”, DE AGUSTIN FERNANDEZ
Sabe aquela ideia que te persegue? Que não sai da sua mente? Que te deixa ansioso, inquieto, com vontade de fazer e acontecer? Trabalhe em cima dessa ideia, desse sonho. Você quer alcançar sucesso em sua carreira profissional, mas não sabe por onde começar? De forma leve e dinâmica, coloco à sua disposição toda a minha experiência nesse livro. Desde sua imagem pessoal à administração da sua empresa, informações ricas que vão te ajudar a alavancar sua carreira rumo ao sucesso. Quero introduzi-lo no mundo dos negócios, ressaltando que a autoestima é importante tanto na vida pessoal como no mundo do empreendedorismo. Tenho certeza que após essa leitura muita coisa mudará na sua maneira de pensar sobre seu negócio, sua carreira e até mesmo sobre você.
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LIVRO
Este livro é um verdadeiro e profundo estudo dos hábitos. Porém, além de mostrar como eles funcionam, o autor Charles Duhigg também consegue explicar como eles podem ser transformados. E cá entre nós, ter o controle total das ações, sejam costumes ou não, facilita diversos aspectos da vida. Quer ver? Conseguir mudar o hábito de pegar o elevador, pelo hábito de subir lances de escada e fazer mais exercícios, pode influenciar a sua saúde futura. Fora a saúde, com pequenas mudanças de hábito, esse livro mostra que é possível ter resultados positivos na sua produtividade, na estabilidade financeira e até mesmo na sua felicidade.
O HOME M QU E MU D O U O JO G O
Dirigido por Bennett Miller e estrelado por Brad Pitt, O Homem que Mudou o Jogo narra uma história baseada em fatos reais. A narrativa mostra o processo de Billy Beane, que atua como gerente do time de baseball Oakland Athletics na década de 1980, para transformar seus jogadores em uma equipe de sucesso, mesmo com um orçamento bastante apertado. Pensando em encontrar uma forma de levantar o time, Billy Beane e Peter Brand (interpretado por Jonah Hill) desenvolvem um programa de estatística, marco para a reviravolta do clube.
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C OC O A N TE S D E CHA NE L
De 2009 e sob a direção de Anne Fontaine, como o próprio título sugere, o filme conta a história de Coco Chanel antes de alcançar o estrondoso sucesso da marca que leva seu nome. Durante sua infância, Gabrielle (Audrey Tautou) passa a viver em um orfanato, e durante a juventude começa a trabalhar em um cabaré durante as noites e como costureira durante o dia. Após conhecer o milionário Étienne Balsan (Benoît Poelvoorde), e diante das poucas perspectivas de sucesso na vida, Gabrielle começa a criar roupas masculinas e revoluciona a moda com sua excentricidade e personalidade forte.
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GADGETS Listamos aqui os aplicativos para smartphone mais utilizados pelos usuários para monitorar as condições de saúde. Todos eles estão disponíveis para download na Playstore (Android) e Appstore (iOS)
DAILY YOGA
WATER DRINK REMINDER
SMART ALARM CLOCK
NOSSA ALIMENTAÇÃO
Analisa os movimentos e sons do usuário enquanto ele dorme, para gerar gráficos de análise do sono. Ao avaliar a noite de descanso, o app sabe até qual é o horário ideal para despertar e vai te acordar justamente nesse momento.
Mostra o valor nutricional de cada alimento consumido e permite a elaboração de uma tabela de compras, além de jogos para testar seus conhecimentos e avaliar as melhores escolhas nutricionais. O app é uma iniciativa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e do Instituto Akatu.
O app disponibiliza vídeos e fotos dos exercícios, que podem ser gratuitos ou pagos. Atende desde a iniciantes em ioga, que devem optar pelo nível leve de exercícios, até os mais experientes, que podem escolher a modalidade mais intensa.
O app tem a missão de fazer o usuário beber a quantidade de água ideal para manter a saúde em dia, e calcula a quantidade de líquido necessária de acordo com o peso e monitora o consumo diário.
CAIXA DE REMÉDIOS
O usuário cadastra os remédios e os horários em que eles devem ser ingeridos, e o app emite um alerta para lembrar a pessoa de tomá-los. Caixa de remédios atende bem à proposta e deve ser útil para quem tem uma lista grande de tratamentos por dia.
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RADAR INDUSTRIAL
E MP R E GO O setor industrial de Mato Grosso do Sul, que é composto pelas indústrias de transformação, de extrativismo mineral, de construção civil e de serviços de utilidade pública, encerrou o 1º semestre deste ano com saldo positivo na geração de empregos de 1.918 novos postos de trabalho, conforme aponta levantamento realizado pelo Radar Industrial da Fiems. De acordo com os dados disponibilizados, de janeiro a junho, as indústrias do Estado registram saldo positivo graças às 30.790 contratações e 28.827 demissões. O saldo positivo do 1º semestre pode ser creditado às indústrias da construção (+616), de alimentos e bebidas (+535), química (+459) e de papel, papelão, editorial e gráfica (+239). Nos últimos 12 meses, o setor teve saldo positivo de 989 novos postos de trabalho, resultado de 57.383 contratações e 56.394 demissões. Ainda de acordo com ele, esse saldo positivo dos últimos 12 meses foi puxado pelas indústrias de alimentos e bebidas (+1.453), de papel, papelão, editorial e gráfica (+177), metalúrgica (+159) e mecânica (+133).
E X P O R TA Ç Ã O A receita obtida com as exportações de produtos industrializados de Mato Grosso do Sul encerrou o 1º semestre deste ano em US$ 1,82 bilhão, uma alta de 4% em relação ao mesmo período do ano passado, quando somou US$ 1,74 bilhão, conforme levantamento do Radar Industrial da Fiems. Apenas no mês de junho, as exportações de industrializados do Estado totalizaram US$ 316,13 milhões contra US$ 321,01 milhões de junho do ano passado, uma queda de 2%. Basicamente o crescimento de 4% na receita obtida com as exportações de produtos industrializados pode ser creditado à comercialização de celulose. Esse produto continua fazendo a grande diferença, tendo como principais compradores a China e os Estados Unidos. Para o 2º semestre deste ano, a tendência é de que as exportações de industrializados do Estado fiquem estáveis. O motivo é que, para efeito de comparação, no 1º semestre do ano passado não tínhamos a 2ª planta da Suzano em operação e isso ocasionava um crescimento mês após mês quando se fazia a análise dos primeiros seis meses deste ano com os primeiros seis meses do ano passado.
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PROD UÇÃ O IN DUSTRI AL No mês de junho, 54,2% das empresas industriais sul-mato-grossenses apresentaram estabilidade na produção, enquanto no mês anterior esse resultado era de 58,6%, de acordo com a Sondagem Industrial realizada pelo Radar Industrial da Fiems junto a 72 empresas no período de 1º a 11 de julho. Já as empresas que apresentaram queda responderam por 32% do total, contra 18,6% no último levantamento, indicando uma piora no ritmo da atividade industrial na passagem entre os meses de maio e junho. A capacidade ociosa da indústria estadual permanece elevada. Em junho, a ociosidade média na indústria sul-mato-grossense ficou em 29%, contra 28% no mês anterior. Somado a isso, o índice de utilização fechou o mês em 42,3 pontos, sendo que resultados abaixo dos 50 pontos sinalizam que a utilização da capacidade instalada foi inferior ao que era esperado para o período.
D E SEM PEN H O IN D UST RIA L O IGDI (Índice Geral de Desempenho Industrial) de Mato Grosso do Sul, que foi criado pelo Radar Industrial da Fiems e é calculado com base nas pesquisas de Confiança e Sondagem Industrial, completou, em junho, o 13º mês consecutivo em que ficou acima da linha divisória dos 50 pontos. Em junho, o Índice alcançou 52,4 pontos, indicando um recuo de 3 pontos percentuais comparado com o mês de maio. Em junho, registrou-se queda na participação das empresas com produção estável ou crescente e relativa estabilidade, mas com pequeno recuo na utilização da capacidade instalada, na participação das empresas que contrataram e no índice de confiança. Quanto à atividade, constata-se que em junho a produção ficou estável em 54,2% dos estabelecimentos, contra 58,6% no mês de maio.
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QUANTO VOCÊ P A G O U ?
Fonte: Portal Transparência MS e SEFAZ/MS. Elaboração; SFIEMS COEP
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Quem te conhece GRANOLA CHOCOLATE E GRANOLA GOURMET CHOCOLATE SÃO AS NOVIDADES DA NATUBOM PARA QUEM QUER COMEÇAR A SE ALIMENTAR DE FORMA MAIS SAUDÁVEL Pensando em atrair cada vez mais pessoas para a alimentação saudável, a Natubom, indústria sul-mato-grossense de produtos naturais que existe desde 1992, lançou neste ano a Granola Chocolate e a Granola Gourmet Chocolate. “Costumo dizer que são as granolas para iniciantes. As duas são extremamente saborosas e delicadamente desenhadas para agradar ao público em geral, especialmente aqueles que não costumam consumir produtos naturais”, destaca o diretor da Natubom, Paulo Antello.
Fabricadas à base de aveia, açúcar mascavo, cacau e canela, as novas granolas são ricas em especiarias, como cacau e canela, e castanhas de caju e do Pará, além das gotas de chocolate e buscam quebrar o paradigma de que alimentação saudável não pode ser saborosa. “A aceitação está sendo ótima e já temos o produto disponível para a venda em todo o Brasil”, informa Paulo Antello. Ele ainda reforçou que a Granola Gourmet Chocolate é embalada de forma diferenciada, na lata ploc-off que aumenta a
vida útil do produto, o que lhe rendeu o prêmio Embanews 2019 na Categoria Marketing - Case de Produto Diferenciado pela Embalagem. “Especialistas do segmento de embalagens consideraram a lata um diferencial que agrega valor ao produto, mantendo sua qualidade. Agora, nossa embalagem de granola está credenciada para competir no World Star Award, a mais importante premiação mundial do setor conferida pela WPO-World Packaging Association”, ressaltou.
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ARTIGO
ANÁLISE DO ACORDO ENTRE MERCOSUL E UNIÃO EUROPEIA SOB DIFERENTES PRISMAS - RODRI GO ALVES CORDEI RO Advogado
Nos últimos dias vivemos uma onda de euforia quando foi noticiado na mídia nacional a assinatura de tratado entre o Mercosul e a União Europeia, o qual anunciou a queda mútua de barreiras para exportação e importação de produtos comercializados pelas partes. Contudo, para o setor da indústria, é necessário analisar esse acordo com cautela, ao passo que diversos fatores estão em jogo e todos de suma importância para definir a sorte da indústria nacional nos próximos anos. Dito isto, nas linhas que se seguirão se buscará demonstrar os riscos e oportunidades que esse acordo poderá gerar à indústria nacional. Primeiramente, imperioso destacar, que do ponto de vista do agronegócio esse acordo é essencial para o Brasil, isso porque não podemos esquecer que hoje, nossos principais produtos de exportação são aqueles que vêm do campo, ou seja, commodities que encontram barreiras e medidas de proteção na UE que fazem com que nossos produtos sofram uma sobretaxa frente ao produto produzido localmente. Em linhas gerais, para o agronegócio brasileiro, esse acordo entre a União Europeia e o Mercosul surge como uma nova fase de possíveis ótimos negócios, ao passo que as barreiras criadas seriam reduzidas e ocorreria a liberação do volume de comércio na casa de 82% e liberação de 77% das linhas tarifárias, sem contar com a garantia de acesso preferencial ao Mercosul, que em outras palavras quer dizer que a UE daria preferência aos produtos agrícolas ofertados pelo bloco sul-americano. Entretanto, para a indústria, esse acordo não se revela tão bom assim. Isso porque, em que pese a UE se comprometer a eliminar 100% de suas tarifas sobre os produtos vindos do bloco sul-americano, teríamos que liberar 91% do nosso comércio em volume e linhas tarifárias. Em outras palavras, abriríamos nosso mercado, só que agora sem barreiras de proteção e com uma tarifação 62 •
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reduzidíssima, a produtos industrializados de nações cuja infraestrutura, tecnologia e sistema tributário propiciaram ao longo dos tempos um maior desenvolvimento industrial, fazendo com que seus produtos se tornassem mundialmente mais competitivos. Por outro lado, no entanto, não é segredo para ninguém que a indústria brasileira passa talvez por sua mais severa crise e vê nos últimos 30 anos o país se desindustrializar de forma nunca vista antes. Esse fato somado às instabilidades internas fez com que 40% das indústrias brasileiras fechassem em crise no ano passado. Apenas a título de informação, já em 2015 a indústria era responsável por 80% das exportações europeias e isso em um cenário onde a indústria perdeu o protagonismo no tocante ao Produto Interno Bruto da zona do Euro. No Brasil, entretanto, a participação da indústria nas exportações é de apenas 11,3%, o que indica claramente que não haverá grandes vantagens para a indústria nacional, à exceção dos grandes conglomerados industriais que possuirão um mercado europeu ainda mais aberto aos seus produtos. A afirmação deriva do fato de que os produtos importados possuem no Brasil grande procura, que será aumentada quando os preços desses produtos despencarem em decorrência do acordo. Entretanto, a maioria dos industrializados brasileiros não possui a mesma aceitação no mercado europeu. Em linhas gerais, abriremos ainda mais nosso mercado a nações europeias que já contam com a aceitação prévia do consumidor, em troca de uma promessa de abertura de um mercado cuja demanda é mínima e diante do inegável fato que as exportações de industrializados brasileiros já há longa data sofrem os mais variados revezes. Esse apontamento torna-se relevantíssimo, ao passo que o que se busca, em primeiro momento, indicar
os riscos que a indústria nacional corre ao ser colocada em franca concorrência, e livre de barreiras, com indústrias estrangeiras que possuem um cenário muito mais favorável que o nosso. Por outro lado, agora partindo para o ponto positivo, o acordo prevê uma desburocratização dos trâmites para importação e exportação dos bens, o que poderá ser uma oportunidade para as empresas que estão buscando uma inserção no mercado europeu, podendo gerar uma expansão significativa de mercado. Há previsão também de facilitação de participações em licitações públicas, nos quais as empresas da EU e do Mercosul poderão participar dos processos licitatórios nos dois blocos econômicos. Isso vai permitir que as empresas nacionais tenham acesso a um mercado de licitação na UE que movimenta US$ 1,6 trilhão por ano. O acordo se compromete ainda a promover o desenvolvimento sustentável e a proteção aos direitos humanos, como o respeito aos princípios fundamentais da Organização Internacional do Trabalho, com a proibição do trabalho escravo e do trabalho infantil. Por hora, entretanto, apesar das estimativas positivas trazidas pelo Ministério da Economia, é cedo prever, de fato, quais impactos o acordo poderá trazer para o mercado nacional, embora as expectativas do governo sejam de que o acordo movimente a economia nacional, promovendo a geração de empregos, cujo cenário atual é desolador, com uma perspectiva de 12,7 milhões de desempregados, conforme dados divulgados pelo IBGE em fevereiro deste ano. Ademais, apesar da assinatura do tratado ser um marco histórico, não só econômico, mas também político e social, é apenas um ponto de partida, pois ainda precisará ser ratificado por 28 parlamentos Europeus e por outros 4 parlamentos nacionais na América do Sul.
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