The FIFA Weekly Edição #33

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NÚMERO 33, 6 DE JUNHO DE 2014

EDIÇÃO EM PORTUGUÉS

Fédération Internationale de Football Association – Desde 1904

Bósnia e Herzegovina na Copa do Mundo

OS PRIMEIROS CAMPEÕES

IRÃ A NOVA IDENTIDADE DE DANIEL DAVARI ÁRBITROS DA COPA REFLEXÕES INDIVIDUAIS BLATTER O BRASIL ESTÁ PRONTO W W W.FIFA.COM/ THEWEEKLY


ÍNDICE

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“Neymar é a chave do sucesso“ O lateral Júnior fez parte da grande Seleção dos anos 1980. Aos 60 anos, o ex-jogador falou sobre a paixão pelo Flamengo e sobre as chances de título do Brasil.

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S epp Blatter: O Brasil está pronto O presidente da FIFA explica porque o Mundial de 2014 será provavelmente um dos melhores da história: “Vamos vivenciar uma maravilhosa festa do futebol – graças ao Brasil, com o Brasil, pelo Brasil.”

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América do Norte e América Central 35 membros www.concacaf.com

Bósnia: Nada é impossível Seis dias para a estreia: pela primeira vez na sua recente história, a Bósnia e Herzegovina irá disputar uma Copa do Mundo da FIFA. Até hoje, o país ainda vive com as marcas da guerra civil de 1992. A redatora Doris Ladstaetter esteve em Sarajevo e nos conta a história da esperança bósnia.

América do Sul 10 membros www.conmebol.com

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Portugal Apesar das dores na coxa, Cristiano Ronaldo quer estar pronto para a estreia no Mundial contra a Alemanha (16 de junho).

O torcedor Fatboy Slim O DJ inglês não vai perder a Copa do Mundo. Para o Mundial, Fatboy gravou até um álbum duplo e vai fazer nove apresentações no Brasil.

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Apito inicial Histórias e reflexões sobre a competição: apresentamos dez árbitros do Mundial.

Uma estreia para a história A fotomontagem da nossa capa mostra os bósnios Asmir Begovic, Edin Dzeko e Zvjezdan Misimovic. Todas as imagens foram feitas em um hotel em Sarajevo. Salvatore Vinci / 13 fotos

Grupos da Copa do Mundo A – C Grupo A

Aplicativo da FIFA Weekly A revista FIFA Weekly está disponível en cinco idiomas a cada sexta-feira em uma versão eletrônica bastante intuitiva.

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Grupo B

Grupo C

Brasil

Espanha

Colômbia

Croácia

Holanda

Grécia

México

Chile

Costa do Marfim

Camarões

Austrália

Japão


A SEMANA DO FUTEBOL MUNDIAL

Europa 54 membros www.uefa.com

África 54 membros www.cafonline.com

Ásia 46 membros www.the-afc.com

Oceania 11 membros www.oceaniafootball.com

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Daniel Davari Momentos marcantes para o goleiro da seleção iraniana: rebaixado com o Braunschweig, agora é a vez da grande aventura na Copa do Mundo.

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Gana Opoku Nti conta como um gol na final da Liga dos Campeões da África mudou a sua vida.

Grupos da Copa do Mundo D – H

imago (3), Adrian Bretscher

Grupo D

Grupo E

Grupo F

Grupo G

Grupo H

Uruguai

Suíça

Argentina

Alemanha

Bélgica

Costa Rica

Equador

Bósnia e Herzegovina

Por tugal

Argélia

Inglaterra

França

Irã

Gana

Rússia

Itália

Honduras

Nigéria

EUA

Coreia do Sul

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EVERY GASP EVERY SCREAM EVERY ROAR EVERY DIVE EVERY BALL E V E RY PAS S EVERY CHANCE EVERY STRIKE E V E R Y B E AU T I F U L D E TA I L SHALL BE SEEN SHALL BE HEARD S H A L L B E FE LT

Feel the Beauty

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PANOR AM A

Verde e amarelo Um taxista em São Paulo

“A Copa das Copas” A

Copa do Mundo começa na semana que vem, e o novo campeão levantará a taça no dia 13 de julho. Independentemente disso, já há um vencedor: a seleção da Bósnia e Herzegovina. A equipe da pequena federação conseguiu se classificar para o Mundial e, assim, unir as diversas etnias do país na torcida pela Copa. Em Sarajevo, a nossa colega Doris Ladstaetter visitou Edin Dzeko, Asmir Begovic e Zvjezdan Misimovic.

Nacho Doce / Reuters

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ascido e criado na Alemanha, Daniel Davari fez carreira como goleiro na Bundesliga, mas foi convocado para a seleção do Irã que estará na Copa. Como isso aconteceu, e o que espera o atleta de 25 anos e o selecionado iraniano no Mundial? Roland Zorn conversou com Davari.

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participação no Mundial é um grande sonho – não apenas de um atleta. Para os 25 árbitros selecionados para a ­competição, esse sonho se tornou realidade. Antes do embarque para o Brasil, revelamos um pouco sobre as personalidades de cada um deles.

N

as próximas semanas, o futebol estará em primeiro plano no Brasil. Isso é o que espera o presidente da FIFA, J­ oseph S. Blatter, na sua coluna semanal. Em nenhum lugar do mundo o futebol está tão presente no dia a dia como no país-sede. “Se essa força positiva for liberada, realmente ­v iveremos a melhor Copa do Mundo da história, a Copa das Copas.” Å Perikles Monioudis

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BÓSNIA E HERZEGOVINA

Asmir Begovic,

Goleiro, 26 anos

Nada é impossível Por que a seleção da Bósnia e Herzegovina já pode ser considerada vitoriosa.

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BĂ“SNIA E HERZEGOVINA

Miralem Pjanic,

meio-campista, 24 anos

Senad Lulic,

meio-campista, 28 anos

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BÓSNIA E HERZEGOVINA

Doris Ladstaetter (texto) e Salvatore Vinci (fotos), Sarajevo

A Edin Dzeko,

atacante, 28 anos

smir Begovic está pronto para a Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014. No dia 16 de junho, quando Lionel Messi passar perto do seu gol no Estádio do Maracanã, o goleiro defenderá a meta com todo o seu corpanzil de 1,96 metro de altura. Ele fará isso pela Bósnia, pelo seu país, uma nação que sofre até hoje as consequências da guerra. E o jogador tem boas chances de ter sucesso no duelo contra o superastro argentino. O arqueiro de 26 anos está há cinco temporadas no Stoke City e é considerado um dos melhores da Premier League na sua posição. Parece ser apenas questão de tempo até que ele seja contratado por um grande clube europeu. Nos seus 22 anos de existência, a Bósnia e Herzegovina nunca participou de uma Copa do Mundo. A lembrança da guerra civil que culminou com a declaração de independência do país em 1992 atormenta as pessoas até hoje. As fronteiras étnicas e religiosas que foram traçadas após o término da guerra em 1996 dificultaram o recomeço para muitas pessoas. Além disso, há graves problemas econômicos. Em maio, grande parte do país sofreu com enchentes que prejudicaram a colheita e os rendimentos de um quarto da população. De um ano para cá, a população da Bósnia e Herzegovina pelo menos tem um grande sonho: a Copa do Mundo no Brasil. E o sonho é plenamente compreensível. Nunca antes a Bósnia teve uma seleção tão forte. Begovic garante a segurança no gol. Miralem Pjanic, há três anos um dos pilares da Roma, comanda o meio de campo. O zagueiro Senad Lulic, que atua pela Lazio, dita o ritmo de jogo. Zvjezdan Misimovic, que começou a carreira no Bayern de Munique e passou por vários clubes alemães e pelo Galatasaray antes de ir para o Ghizhou Renhe na China, também coloca toda a sua categoria e experiência a serviço do selecionado bósnio. A equipe também conta com Edin Dzeko, atacante do Manchester City, que foi essencial para que o seu país se classificasse para o Mundial e para que o seu clube fosse campeão inglês na última temporada. De refugiado a astro do futebol Asmir Begovic nunca morou na Bósnia, mas durante toda a vida sempre falou em bósnio com os pais. Ele sempre foi bósnio — e também canadense e alemão. O goleiro nasceu em 1987 em Trebinje, uma cidade de 30 mil habitantes a sudoeste da Bósnia atual, perto da fronteira com Montenegro. Uma cidade dentre muitas do estado multiétnico da antiga Iugoslávia. Lá viviam muitos sérvios

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Xinhua / imago, Infografik: Mirijam Ziegler

ortodoxos, mas também bósnios muçulmanos e croatas católicos. O pai de Begovic foi goleiro do Leotar de Trebinje. Subitamente a nação iugoslava parou de funcionar. O país se desintegrou, a Croácia se tornou uma nação independente, a Bósnia afundou no caos e o que se seguiu foram quatro anos de uma terrível guerra. Os bósnios muçulmanos foram expulsos de Trebinje, cidade de Begovic. Instalaram-se por lá os sérvios ortodoxos, que por sua vez haviam fugido de outras partes do país. O processo que entrou para os livros de história como uma “limpeza étnica” mudou para sempre a vida do pequeno Asmir quando os seus pais decidiram deixar aquele palco de loucura e insensatez. Eles foram buscar uma vida melhor em um país estrangeiro, sem falar a língua e sem conhecer os costumes. Begovic tinha quatro anos quando se tornou refugiado pela primeira vez. Ele viveu cinco anos na Alemanha. Aos dez, a sua vida passou por mais uma transição com a mudança para o Canadá, com uma nova língua, novas escolas, novos amigos. Mas como será que é para uma criança enfrentar tantas incertezas na vida? “O fato de ser criança me ajudou durante a minha fuga porque não pensamos tanto sobre o fato de os abrigos serem muito pequenos e nas preocupações da existência”, afirmou o jogador. “Quando criança, você simplesmente sai de casa e vai chutar a bola quando tudo fica difícil demais. No campo de futebol é possível fazer amigos e aprender uma nova língua. Isso era a minha âncora. Para os meus pais, tudo foi incrivelmente mais difícil.” Quando Begovic concedeu esta entrevista, ele estava no Hotel Spa Áustria em Sarajevo. Foi lá que a seleção bósnia fez a sua preparação para o Mundial. Reinava no local um constante vai e vem. Fora dos limites do hotel, torcedores, familiares e a polícia aguardavam os jogadores. Todos eles esperam por novas vitórias da Bósnia e Herzegovina. Agora eles estão acostumados

N

CROATIA

BRCKO

Banja Luka REPUBLIC SRPSKA

Tuzla

SERBIA

Zenica Srebrenica FEDERATION OF BOSNIA AND HERZEGOVINA Mostar

Sarajevo Gorazde

MONTENEGRO Trebinje

O Acordo de Paz de Dayton colocou um fim à guerra em 1995, e ao mesmo tempo determinou a divisão étnica do país. Até hoje o território nacional da Bósnia consiste em uma república de sérvios bósnios e uma federação entre croatas e muçulmanos. A Federação de Futebol da Bósnia e Herzegovina (NFSBIH) foi fundada em 1992 e se afiliou à FIFA em 1996. A seleção bósnia organiza os seus jogos em casa no Estádio Bilino Polje, com capacidade para 18 mil espectadores, em Zenica. Em 2013, a arena passou por uma reforma completa. Os torcedores bósnios preferem o local ao Estádio Asim Ferhatovic Hase (37.500 lugares), em Sarajevo, que já foi utilizado nas Olimpíadas de Inverno de 1984, mas que na visão de muitos espectadores não é capaz de proporcionar uma atmosfera tão emocionante para jogos de futebol.

27 de maio de 2014 A caminho da Copa do Mundo: A seleção bósnia no aeroporto de Sarajevo.

a isso. O objetivo mínimo na Copa do Mundo são as oitavas de final, e a torcida bósnia está não apenas eufórica, mas também bastante exigente. Os jogadores sentem a pressão, pois foram eles próprios que elevaram as expectativas. As eliminatórias foram concluídas quase sem pontos desperdiçados. Depois do último jogo contra a Lituânia, os jogadores foram recebidos por uma grande multidão em estado de júbilo ao chegarem em Sarajevo. “Os torcedores bósnios são muito especiais”, afirmou Miralem Pjanic. “”m algumas partidas, quando não acreditávamos mais dentro de campo, eles nos empurraram para a vitória. Foi então que percebi o que significamos para a torcida — e o que ela significa para nós." Enquanto conversava conosco, o meio-campista fechava o zíper do seu calção azul escuro de uma fornecedora de material esportivo alemã, a mesma empresa que colocou alguns painéis publicitários em Sarajevo nos quais os jogadores aparecem sorrindo orgulhosamente. Esses anúncios são como raios de esperança para o povo. Em meio a tudo isso, com certa frequência passam por esses locais pessoas com apenas um braço ou apenas uma perna — elas são as que tiveram menos sorte durante os anos de guerra civil. Reconciliação com a federação Pjanic, por sua vez, é um dos que tiveram um destino melhor. A sua felicidade se deve ao fato de que durante os anos difíceis o seu pai atuava como jogador de futebol e logo depois do início da guerra recebeu uma oferta para defender o Monnerich, de Luxemburgo. O seu talento ficou claro logo aos 13 anos, quando o jogador foi convocado pela primeira vez para a seleção sub-16 de Luxemburgo. Nessa época, ele chegou a viajar como torcedor de Luxemburgo para a Bósnia para acompanhar jogos da seleção. Aos 17 anos, o habilidoso criador de jogadas se tornou profissional na França. Os dirigentes da Federação Luxemburguesa de futebol queriam a qualquer custo que Pjanic defendesse a seleção principal do país, mas foi então que ele decidiu que vestiria a camisa da Bósnia e Herzegovina. “Nos primeiros anos sempre havia problemas, uma vez a federação não apoiou os jogadores, outras vezes tínhamos dificuldades diferentes”, comentou o jogador. “Agora esses problemas em grande parte ficaram para trás e devemos agradecer a Ivica Osim por isso. Ele fez realmente muito pela seleção bósnia.” Ivica Osim faz é uma espécie de consciência para o futebol bósnio. Apesar dos seus 73 anos, o ex-treinador da seleção iugoslava — com a qual ele foi excluído da Eurocopa 1992 por causa do início da guerra — segue até hoje a sua luta incansável para trazer união à Bósnia e Herzegovina. Em 2008, ele desempenhou um papel fundamental para resolver uma crise entre os jogadores e a T H E F I FA W E E K LY

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BÓSNIA E HERZEGOVINA

Federação Bósnia de Futebol. Em abril de 2011, a FIFA e a UEFA suspenderam a Bósnia e Herzegovina temporariamente porque a assembleia geral da federação não havia conseguido maioria para uma alteração estatutária exigida pela FIFA que estabelecia que a federação devia ter apenas um presidente, enquanto ela tinha três. Osim se reuniu com representantes croatas, sérvios e bósnios da associação, e eles elegeram um único presidente que substituiu o trio que exercia o cargo conjuntamente até então. Consequentemente, FIFA e UEFA cancelaram novamente a suspensão. “O futebol é capaz de unir novamente um país como a Bósnia”, afirmou Osim. “A nossa seleção nos ajudou muito a superar um pouco as diferenças religiosas e étnicas. Esses jogadores foram formados no exterior, eles têm outras ideias sobre o futebol e a vida. E isso é bom. Eles são simplesmente mais profissionais do que todos os outros jogadores que tínhamos antes.” Repassando a sorte Em Roma, onde vive há três anos, Pjanic conquistou há muito tempo o coração dos torcedores e se tornou praticamente tão amado quanto o maior ídolo do clube, Francesco Totti. Poucos dias antes da nossa visita ao hotel da seleção bósnia em Sarajevo, ele foi fotografado em uma farmácia comprando remédios para as vítimas das enchentes no país. O jogador recebe mais de dois milhões de euros por ano para defender a Roma, com quem tem contrato por mais três anos. Com isso, ele não é o jogador bósnio mais bem pago, já que Dzeko recebe mais de oito milhões de euros por ano. Mas ainda assim é muito dinheiro para a realidade da

Zvjezdan Misimovic,

Meio-campista,32 anos

“ O futebol é capaz de unir novamente um país como a Bósnia.”

Ivica Osim, ídolo do futebol bósnio, Sarajevo

Bósnia, e ele faz o possível para repassar um pouco da sua sorte aos compatriotas. “Ainda estou esperando um pouco até que seja avaliado melhor onde realmente estão precisando de ajuda nas regiões alagadas”, afirmou Pjanic. “Ainda há água por toda parte. Estão enviando ajuda, mas em meio ano essas pessoas serão esqueci10

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Salvatore Vinci (2)

das novamente. Será então que elas precisarão do meu apoio.” Os outros jogadores também contribuem na missão humanitária. Begovic, por exemplo, fundou uma instituição para auxiliar os necessitados há alguns meses. Ela deverá criar boas possibilidades de treino para crianças na Bósnia e na Inglaterra. “Gostaria que as crianças que precisam desviar o seu foco consigam isso por meio do futebol”, afirmou. “Para mim isso foi uma ajuda extraordinária.” O capitão da seleção, Emir Spahic, que joga como zagueiro no Bayer Leverkusen e tem ascendência croata, o atacante bósnio muçulmano Dzeko e o meio-campista bósnio sérvio Misimovic foram recentemente enviados pela federação para Maglaj. A pequena cidade nas proximidades da fronteira com a Sérvia foi severamente atingida pelas enchentes. “O proprietário do nosso hotel veio até mim e falou brincando: você eu conheço”, contou Misimovic com um sorriso. “O Dzeko ele ignorou. E atualmente todos o conhecem.” Brincadeiras sobre a origem étnica dos jogadores também são frequentes na equipe. “Acho isso engraçado, claro, porque acredito que nós bósnios precisamos a qualquer custo aproveitar o fato de que há três religiões convivendo na Bósnia”, prosseguiu Misimovic. “Não consigo compreender que as pessoas ainda não sejam capazes de lidar com isso.” Misimovic nasceu em Munique, e parte da sua família mora até hoje nas cercanias de Banja Luka. “Em circunstâncias normais, os torcedores das regiões sérvias torcem pela seleção da Sérvia, e não por nós”, afirmou o jogador. “Mas as circunstâncias atuais não são normais, e isso é bom.” Dzeko prefere não falar sobre a guerra. Ele é o astro da equipe, o homem que marca a maior parte dos gols e também o maior artilheiro da história do seu país. Um jogador fantástico. O centroavante nunca foi uma criança refugiada. Ele vivenciou a guerra em um lugar onde ninguém queria estar. Ficou justamente em Sarajevo cada um dos 1.425 dias em que o exército bósnio-sérvio sitiou a cidade. Certa vez, a sua mãe Belma contou da seguinte forma como devem ser as lembranças do atacante sobre a guerra: “A cada vez que o Edin saía para o campo de futebol, eu tinha medo. Mas eu não podia proibi-lo de jogar. Ele era apenas uma criança. Uma vez, ele me pediu para sair, mas eu disse não. Poucos minutos mais tarde explodiu uma bomba no campo de futebol. Muitas crianças morreram naquele dia.” Ajuda do exterior As eliminatórias para a Copa do Mundo e as enchentes foram na realidade duas situações extraordinárias que fizeram com que croatas, sérvios e bósnios que vivem na Bósnia se aproximassem e reduziram um pouco as fronteiras étnicas na mente das pessoas. Finalmente,

B u b a m a r a - A e s c o l a (d o f u t e b o l ) p a r a a v i d a Ele poderia ter fugido quando todos queriam sair de Sarajevo. Porém, Predrag Pasic ficou. Talentoso jogador na sua época, Pasic disputou a Bundesliga e jogou por 20 anos no FK Sarajevo. Em 1991, o líder sérvio e acusado de crimes de guerra Radovan Karadzic foi o psicólogo do clube. “Ele sempre pregava a unidade”, conta Pasic. “Hoje, não consigo imaginar o que se passou na cabeça dele mais tarde.” Durante a guerra, o Stuttgart tentou levar o jogador de volta para a Alemanha. Ele, porém, já havia aberto, no meio de uma Sarajevo sitiada, uma escola de futebol para jovens de todos os bairros, religiões e etnias. “Queria mostrar para as crianças crescidas na guerra que Sarajevo havia sido uma cidade com muita diversidade antes dos conflitos, queria que elas soubessem o que é possível”, explica Predrag Pasic. Para isso, o atleta arriscou a própria vida durante quatro anos, todos os dias.Para muitos jovens, a escola de futebol Bubamara foi, entre 1992 e 1995, uma

Treinando para o amanhã Eles sonham em poder um dia ser um novo Dzeko.

após 25 anos, vizinhos começaram a se ajudar quando as fortes enxurradas atingiram o país no meio de maio, cobrindo de água casas e colheitas de um quarto da população. A cada encontro de torcedores bósnios em estádios ao redor do planeta, tornava-se menos importante se o outro era de ascendência croata, sérvia ou bósnia. “É triste, mas foi necessária uma guerra e a ajuda de países como Alemanha, Suíça, Luxemburgo, EUA e Canadá, que receberam os nossos refugiados e fizeram deles pessoas melhores”, afirmou Osim, pensativo. “Sem essa ajuda, nun-

escola de vida. Do lado de fora, os pais daqueles jovens se odiavam mutuamente, e soldados atiravam em homens que tentavam atravessar uma ponte ou uma rua. Lá dentro, era possível jogar futebol, treinar com os colegas e ouvir sobre a irrelevância das fronteiras étnicas. “Era possível reconhecer, nos treinos, qual criança estava mais traumatizada, pois você caminha de uma forma diferente quando perde um ente querido”, relembra Pasic. “O futebol pode ajudar uma criança a superar um choque. O treino diário é uma forma incrível de reabilitação. Sem essa guerra, eu não teria descoberto isso.” Hoje, Pasic administra cinco escolas, em todas as partes do país. Por um tempo, a Inter de Milão ajudou a financiar o projeto do ex-jogador. Porém, desde que houve mudanças na direção do clube italiano, as contribuições dos alunos têm sido a única fonte de renda da escola de Pasic. Mesmo assim, pais e crianças sem recursos podem frequentar as aulas gratuitamente. Å

Preocupação pelo futuro Predrag Pasic nos treinamentos em Sarajevo

ca teríamos conseguido nos classificar para este Mundial.” Lulic tinha 12 anos quando se mudou com os pais e a irmã da pequena cidade de Mostar para a Suíça. A família viveu por um ano em um campo de refugiados nas montanhas suíças. “Antes de mais nada, tivemos de aprender alemão”, afirmou Lulic. Depois de fazer um curso técnico de montador de carros, ele só começou a jogar futebol profissionalmente quando tinha 19 anos. Ele está na Lazio há dois anos e nos próximos meses poderá se transferir para a Juventus. Uma ascensão bastante rápida. “Demorei para começar a jogar futeT H E F I FA W E E K LY

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Icon SMI / imago, Dado Ruvic / Reuters

bol, mas eu faria tudo de novo da mesma forma.” No ano passado, Lulic marcou o gol do título da Copa da Itália em final disputada justamente contra a arquirrival Roma, pela qual o seu companheiro de seleção Pjanic também estava em campo. Foi uma espécie de superclássico. Durante semanas os torcedores das duas equipes só pensavam na partida. “Eles beijavam os meus pés no meio da rua, foi embaraçoso”, comentou Lulic com um sorriso. Ele nunca havia vivenciado sentimentos desta intensidade em clubes da Suíça. Neste sentido, aliás, Lulic se parece mais um cidadão suíço. “Tive muito mais dificuldade para me acostumar aos costumes da Itália quando deixei a Suíça há dois anos do que quando vim da Bósnia para a Suíça. Aqui, quando dizem que o treino será às oito horas, todos chegam às dez.” Para Lulic, a guerra civil na Bósnia já ficou para trás há muito tempo, e a sua casa agora é a Suíça. “Claro que tenho lembranças”, afirmou ele. “A guerra nunca é bonita para ninguém. Muito menos para uma criança. Consegui me esquecer de muitas coisas que às vezes ainda voltam à minha mente. Então procuro não pensar no assunto.” Mas, apesar da afinidade com a Suíça, ele não pensaria em defender outra seleção. “Em algum momento, percebi que o nosso jogo representa muito mais do que apenas futebol para as pessoas na Bósnia. Compreendi que podemos produzir um pouco de felicidade nas vidas das pessoas, as quais nem sempre são fáceis.” Responsabilidade pela Bósnia Begovic reeonheceu a sua identidade bósnia quando chegou ao país pela primeira vez há três anos para o enterro do seu avô, que ele nunca havia conhecido. “Eu me encontrei com familiares na Bósnia e consegui sentir os seus ferimentos, os anos que nunca vivi”, declarou o goleiro. “Depois disso, soube que queria jogar pela Bósnia.” Neste momento, ele se levanta da cadeira. Em poucas horas a sua seleção cruzará o Atlântico para representar na Copa do Mundo a honra de um povo que sobreviveu à mais devastadora guerra na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Mas antes disso Begovic diz mais uma importante frase no seu inglês com sotaque canadense: “Não estamos jogando por dinheiro. Fazemos isso porque sempre que andamos pelas ruas daqui sentimos a nossa responsabilidade. Aqui, pessoas completamente estranhas chegam para mim e dizem: ’Faça isso pelo povo.’ Esta é uma fantástica motivação.” Por tudo isso, não importa tanto até onde a Bósnia e Herzegovina conseguirá chegar na Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014. O mais importante é que, apesar de todas as dificuldades, a equipe viajará para o Mundial. E que esses jogadores certamente são grandes modelos para as gerações mais jovens de bósnios. Por si só, isso já é uma vitória. Å

30 de maio de 2014 Mais um gol Dzeko balança as redes no amistoso contra a Costa do Marfim em Saint Louis.

15 de outubro de 2013 A Bósnia se classifica para a Copa do Mundo. Finalmente os torcedores bósnios podem comemorar em Sarajevo.

Relatórios de todos os 64 jogos em linguagem de sinais Grandes jogadas, gols e muitas emoções: no FIFA.com você não perde nada durante a Copa do Mundo. Além da cobertura regular, será possível também acessar vídeos de dois minutos com os melhores momentos de todos os 64 jogos do Mundial.

O nosso site oficial oferece ainda a possibilidade de visualizar todos os relatórios das partidas em linguagem de sinais — serviço que será disponibilizado seis horas após o apito final. A produção dos resumos das partidas será feita nos nossos próprios estúdios de televisão em Zurique. → http://www.fifa.com

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CONCENTR AÇÃO

Por tugal

A calma de Paulo Bento

a partida de estreia contra a Alemanha no dia 16 de junho. “Acredito que, assim, estarei em melhor forma”, chegou a prometer o próprio atleta. Desde então, o assunto é discutido todas as noites pelas mesas-redondas da TV portuguesa.

Alan Schweingruber é redator da FIFA Weekly.

Paulo Bento é um homem tranquilo. Nada é capaz de tirá-lo do sério. No entanto, é notável o quanto o treinador de Portugal tem se mantido calmo e racional nos últimos dias. Ainda mais quando quem está em jogo é Cristiano Ronaldo — não exatamente a personalidade mais fácil de controlar. Bento tem encontrado sempre novas maneiras de abordar a situação. “Tenho de levar tudo em consideração: um Mundial com e sem o Cristiano”, disse o português de 44 anos. Um dia depois, após um penoso 0 a 0 no amistoso contra a Grécia, o comandante voltou a falar com jornalistas. “Não estipulamos uma data exata para o Cristiano voltar a treinar”, explicou. “Ele é um ser humano e precisa se sentir bem.” O motivo é a lesão na parte posterior da coxa e as dores no joelho que vêm perseguindo o craque do Real Madrid desde a final da Liga dos Campeões da Europa. Quando a seleção portuguesa embarcou em Lisboa (até 11 de junho, os treinos serão nos EUA), os prognósticos ainda eram aceitáveis. Cristiano Ronaldo seria poupado dos amistosos contra o México e a Irlanda para jogar

A história lembra um pouco o que aconteceu antes da Copa do Mundo de 2002. Naquele ano, Portugal embarcou para a Coreia do Sul e o Japão com o armador Luis Figo, então campeão europeu pelo Real Madrid, bem abaixo da forma ideal. O país apostava todas as fichas na seleção, porém, com o desgaste do maestro português, os lusitanos acabaram deixando o Mundial logo na fase de grupos. Pelo lado bom, ninguém mais discute os 11 titulares de Paulo Bento. Afinal de contas, o país já se acostumou com o estilo conservador do treinador. Desde que ele assumiu a seleção, há três anos e meio, poucas mudanças foram feitas no time titular. Com essa equipe, o maior trunfo de Bento foi chegar à semifinal da Eurocopa, há dois anos, perdendo apenas nos pênaltis para a Espanha. No Brasil, onde se estima que vivam hoje cerca de seis milhões de portugueses, Paulo Bento quer que a seleção faça boas exibições como em 2012. E, pelo menos verbalmente, ele já deu mostras de que não perdeu a tranquilidade. “Portugal já foi a uma Copa com o melhor jogador do mundo e não levou o título mundial. Por que devemos achar que agora somos favoritos com o Cristiano?” Å

O astro e o comandante Cristiano Ronaldo quer estar pronto o quanto antes, e o treinador Paulo Bento tenta acalmar a nação.

Esperança O centroavante Bryan Ruiz, da Costa Rica.

Costa Rica

Digerindo as más notícias Sven Goldmann, especialista em futebol do jornal “Tagesspiegel”, de Berlim.

Foi o médico da seleção quem deu a notícia ao treinador. A Costa Rica se dedicava às últimas preparações para o embarque no centro de treinamento na Flórida, quando o Dr. Alejandro Ramírez procurou Jorge Luis Pinto para uma conversa. No fim do papo, ficou uma conclusão: Álvaro Saborío teria de ser cortado da Copa do Mundo no Brasil. A dor aguda que o atacante sentira no treinamento ao pisar o chão revelou-se uma fratura do quinto metatarso. “Álvaro não precisará ser operado”, explicou o Dr. Ramírez. “No entanto, ele terá de esperar quatro semanas para se curar da lesão e não ficará pronto a tempo do Mundial.”

O problema é que a Costa Rica não está exatamente bem provida de atacantes capazes de balançar as redes. A defesa, com o excelente 14

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imago

Álvaro Saborío não é um jogador qualquer, e sim, o centroavante mais perigoso. Aos 32 anos, o atleta do Real Salt Lake foi o artilheiro da seleção nas eliminatórias, marcando oito dos 27 gols dos costa-riquenhos. “Foi um golpe duro”, declarou o treinador. “O Álvaro não é apenas um ótimo atacante, ele é também uma liderança para os colegas. Não será fácil substituí-lo.”


CONCENTR AÇÃO

goleiro Keylor Navas, do Levante, está em ótima forma. O ataque, porém, ainda não decolou. Agora, a esperança da artilharia costa-riquenha fica com Bryan Ruiz. O ponta não conseguiu se firmar no Fulham e acabou emprestado ao PSV Eindhoven, onde marcou cinco gols em 14 jogos. Além dele, o treinador Jorge Luis Pinto ainda confia em Joel Campbell. O jogador atuou a última temporada emprestado ao Olympiacos, tendo marcado um dos gols dos gregos contra o Manchester United nas oitavas de final da Liga dos Campeões deste ano. No penúltimo amistoso, contra o Japão em Tampa Bay, os costa-riquenhos foram muito bem no primeiro tempo e saíram para o vestiário vencendo por 1 a 0, com um gol de Bryan Ruiz. Depois, porém, pouco fizeram e acabaram sendo derrotados por 3 a 1. A Costa Rica ainda terá um último teste na Flórida, contra a Irlanda, antes de desembarcar em Santos, onde irá se preparar para a primeira partida do Mundial em Fortaleza, contra o Uruguai. Na fase de grupos, os outros adversários serão nada menos que Itália e Inglaterra. Curiosamente, o técnico italiano Cesare Prandelli declarou que os costa-riquenhos serão os adversários mais difíceis que a Azzurra irá enfrentar. Mas por quê? “Porque sabemos muito pouco sobre eles”, respondeu Prandelli. Å

Kevin C. Cox / Getty Images, Marco Zanoni

A defesa da Costa Rica está em ótima forma, mas o ataque ainda não decolou.

Bem cozido e em pequenas fatias O chef da seleção suíça Emil Bolli sabe que o sucesso também passa pelo estômago.

Suíça

A receita da Copa do Mundo Thomas Renggli escreve para a FIFA Weekly.

“Em Roma, faça como os romanos”, diz um provérbio que dita que quando estamos em um país estrangeiro devemos entrar em contato o mais rápido possível com os costumes locais e construir pontes entre as culturas. Na Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014, no entanto, pelo menos do ponto de vista culinário isso pode provocar algumas indisposições. Apesar de deliciosa, a tradicional feijoada, receita típica brasileira com linguiça, língua, orelha e eventualmente até rabo de porco, não é exatamente o prato mais recomendável para a alimentação de um atleta. Sendo assim, o

cozinheiro da seleção suíça Emil Bolli deixará a especiaria de fora do seu cardápio durante a Copa do Mundo. “É preciso manter a estabilidade da digestão dos jogadores”, afirmou ele, definindo a sua estratégia culinária. Em vez disso, Bolli servirá alimentos com baixo teor de gordura, ricos em carboidratos, vitaminas e sais minerais. “Sem carne pouco antes dos jogos. Sem gorduras difíceis de digerir e também precisamos manter o açúcar em um nível aceitável.” Assim como dentro de campo, a sincronia também é da mais alta importância à mesa. Os jogadores suíços devem fazer as suas refeições exatamente quatro horas antes do pontapé inicial. E o menu varia conforme o horário da partida. Se o apito inicial for à tarde, em geral o prato principal será macarrão com molho de tomates ou de carne — como entrada, uma sopa de legumes e, de sobremesa, bolo de maçã. Se a bola só rolar mais tarde, Bolli também traz da sua despensa vitela ou frango. T H E F I FA W E E K LY

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CONCENTR AÇÃO

Para o cozinheiro, a Copa do Mundo no quinto maior país do planeta será um desafio de logística e organização. Em Manaus, por exemplo, o clima tropical exige providências adicionais. Com uma temperatura prevista de 30 graus e uma umidade relativa do ar de aproximadamente 80%, a durabilidade dos alimentos se torna especialmente importante. Para se preparar para qualquer eventualidade, Bolli trará da Suíça chocolate, bebidas lácteas, temperos, musli e cevada, além das suas próprias panelas. Ele será acompanhado pela sua segunda cozinheira, a filha Andrea, além de outros dois ajudantes de cozinha brasileiros que serão contratados no local. Emil Bolli trabalha há 18 anos com a seleção suíça. E o seu início de carreira foi difícil de engolir — ele estreou como cozinheiro do selecionado helvético em agosto de 1996, pouco antes da derrota por 1 a 0 contra a modesta seleção do Azerbaijão. Para os jogadores da época, a derrota teve consequências similares ao consumo de uma grande porção de feijoada 30 minutos antes da estreia na Copa do Mundo. No entanto, o único que teve uma indigestão na época, pelo menos esportivamente, foi o então técnico da Suíça, Rolf Fringer. Å

Croácia

À espera de um dia perfeito

“Faremos de tudo para que Neymar e companhia só consigam mostrar o seu melhor futebol na segunda partida.”

Ivan Rakitic

ção impressionante na goleada fora de casa por 4 a 0 contra o Bayern de Munique pelas semifinais da Liga dos Campeões. O desempenho do armador só foi mais modesto na final contra o Atlético de Madri. Por sua vez, Ivan Rakitic foi o capitão do Sevilla na vitoriosa campanha da Liga Europa. E dizem que ele já está na mira dos dois clubes madrilenhos. Já Ivica Olic e Ivan Perisic mantiveram vivas até a última rodada as esperanças do Wolfsburg de conseguir uma vaga na Liga dos Campeões. O experiente Olic chegou a afirmar estar se sentindo tão bem quanto na sua época no Bayern. E Perisic, que não havia conseguido justificar a sua negociação no ano passado junto ao Borussia Dortmund pelo valor de 8 milhões de euros, finalmente explodiu em 2014. Além de ter pela primeira vez marcado gols em três jogos consecutivos na Bundesliga, na última rodada ele protagonizou um lance sensacional ao dar um chute que primeiro acertou a trave esquerda, em seguida resvalou no travessão e por fim foi para fora depois de bater na trave direita.

Os croatas mal podem esperar pela partida de abertura contra o Brasil no dia 12 de junho em São Paulo. “É claro que precisamos estar em um dia perfeito”, afirmou Rakitic. Sobre a tática a ser adotada pelo seu país, o jogador preferiu não falar nada “Até parece que vou contar à FIFA Weekly a nossa estratégia”, disse ele com um sorriso. “Mas uma coisa posso prometer: faremos de tudo para que Neymar e companhia só consigam mostrar o seu melhor futebol na segunda partida.” No período em que os croatas estiveram em Bad Tatzmannsdorf, só surgiu um pouco de nervosismo quando a polícia precisou ser chamada para resolver uma situação com um suposto espião durante um treinamento. Teoricamente, o intrometido estaria a serviço do alemão Volker Finke, treinador de Camarões, adversário da segunda partida da Croácia no Mundial. A agitação causada pelo candidato a 007 chegou a ser noticiada na primeira página de alguns jornais austríacos. Å

Andrea Jaros é escritor e mora em Viena

imago

A seleção croata se sentiu em casa ao chegar mais uma vez ao balneário de Bad Tatzmannsdorf, a 75 quilômetros de Viena, para fazer a sua preparação para mais um importante torneio. Os austríacos, conscientes da reputação de excelência dos seus centros de treinamento, deixaram tudo preparado até os mínimos detalhes: o governador do estado compareceu, crianças deram o seu apoio com bandeirolas da Croácia, músicas ressoavam por todos os cantos e foram preparados bolos confeitados com os dizeres “Boa sorte no Brasil”. Durante uma semana, todos os desejos dos jogadores croatas foram satisfeitos. Os organizadores chegaram ao ponto de transformar uma sauna em uma câmara térmica para simular as condições climáticas do Brasil.

Ambição A seleção croata – na foto, no treinamento na Áustria – quer dificultar para o Brasil em 12 de junho.

Mas os próprios atletas também contribuíram para que o ambiente fosse o melhor possível. A última temporada foi fantástica para vários dos jogadores do setor ofensivo. Luka Modric, do Real Madrid, por exemplo, teve uma atuaT H E F I FA W E E K LY

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Nome Leovegildo Lins da Gama Júnior Data e local de nascimento 29 de junho de 1954, João Pessoa (Brasil) Clubes como jogador Clubes como treinador Flamengo, Corinthians Seleção brasileira 88 jogos, 8 gols

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IPA Photo / Imago

Flamengo, Torino, Pescara


A EN T REV IS TA

“Nasci para jogar apenas no Flamengo” Leovegildo Lins da Gama Júnior, mais conhecido simplesmente como Júnior, fez parte da seleção brasileira que encantou o mundo na década de 1980. Aos 60 anos, ele falou sobre o amor da sua vida, as perspectivas da Seleção atual e a sua carreira como cantor. Vamos começar pelo mais importante: quem levantará o troféu da Copa do Mundo da FIFA no dia 13 de julho? Júnior: Só existe uma resposta: o Brasil!

Quais seleções poderiam colocar em risco esse objetivo? Depois do desempenho na última Copa das Confederações,o Brasil é claramente o principal favorito ao título, seguido de Argentina, Alemanha e Espanha.

Sem dúvidas, um triunfo da seleção brasileira teria uma influência positiva no clima em geral... Definitivamente! E o que todos esperamos é conquistar o hexa! E isso é uma questão de coração. Quem quer que tenha alguma relação com o futebol tem, por assim dizer, a obrigação de desejar apenas o melhor para a Seleção.

O azar pareceu continuar a perseguir o Brasil na Copa do Mundo seguinte. Em 1986, vocês foram eliminados pela França nas quartas de final nas cobranças de pênaltis... Azar é a palavra certa para essa derrota. Jogamos bem e tivemos grandes oportunidades. Mas novamente estava no nosso caminho a falta de eficiência. O Zico errou até mesmo um pênalti aos 30 minutos do segundo tempo.

Qual era a diferença entre aquela geração e as das seleções que mais tarde foram campeãs mundiais em 1994 e 2002?

Não, nunca. Nasci para jogar apenas no Flamengo no Brasil.

Para mim, a diferença decisiva foi o talento individual no momento do arremate. Em 1994 tínhamos Romário e Bebeto, que se superaram e levaram a seleção até a final com os seus gols. E em 2002 o Rivaldo e o principalmente o Ronaldo, com dois gols na decisão, assumiram essa função.

Depois da sua carreira nos gramados, você acabou sendo campeão mundial, mas de beach soccer — e por quatro vezes. E em todas elas você foi o artilheiro do torneio. Podemos dizer que você jogava ainda melhor sem chuteiras?

Você próprio jogou duas edições da Copa do Mundo — em 1982 e 1986. A seleção de 1982 é até hoje considerada uma espécie de “time dos sonhos”, com nomes como Zico, Sócrates e Falcão. Por que a equipe não conquistou o título?

E neste ano quem poderá levar o Brasil ao título?

O acontecimento decisivo foi o 3 a 2 contra a Itália na segunda fase. Foi um desses episódios que mostram como o futebol pode ser imprevisível e fascinante. Até hoje é difícil compreendermos aquela derrota. Não fomos eficientes na hora de finalizar, mas ainda assim tivemos chances excelentes de marcar — principalmente a oportunidade de cabeça do Oscar aos 44 minutos do segundo tempo. Eu me lembro como se fosse ontem. Mas a Itália também teve a melhor atuação do torneio contra nós. E também cometemos erros individuais. O passe errado do Cerezo antes do segundo gol — ou eu mesmo, quando fiquei parado na linha do gol e tirei o impedimento do terceiro gol que sofremos.

Você atuava na lateral esquerda, no setor defensivo, mas era um jogador muito ofensivo. O que é preciso para que um jovem jogador brasileiro jogue na defesa? É necessário forçá-lo?

Analisando retrospectivamente hoje em dia, a tática utilizada pela equipe pode ser considerada bastante ingênua. O Brasil continuou atacando incondicionalmente, embora o empate tivesse sido suficiente. Com o conhecimento tático de hoje, jogaríamos de modo ofensivo, mas não começaríamos a fazer a cobertura desde o campo dos italianos.

mais de 20 anos da minha vida por lá. Como jogador, treinador e diretor técnico. Cresci muito no clube tanto como pessoa quanto como jogador. Sou o recordista em número de atuações com as minhas 874 partidas. Estive presente nas maiores conquistas: quatro títulos brasileiros, seis cariocas e uma Copa Libertadores. E então a maior conquista de todas, o Mundial Interclubes de 1981 contra o Liverpool.

Neymar! Ele é a chave para o sucesso, embora ainda tenha apenas 21 anos. Mas o Pelé era ainda mais jovem no seu primeiro triunfo.

(risos) O ímpeto ofensivo parece de fato estar presente desde o nascimento da maioria dos brasileiros. Mas eu me lembro de que também houve épocas em que tínhamos bons zagueiros ou goleiros. Atualmente os técnicos colocam limites táticos à liberdade dos jogadores. O Brasil não joga mais de modo tão “brasileiro” quanto antigamente.

Pelé o elegeu como um dos 125 melhores jogadores de todos os tempos ainda vivos. Qual é a importância desta nomeação? Para mim esta é a maior honra que um jogador profissional pode receber.

Na Europa, você atuou no Torino e no Pescara, mas o seu nome está associado principalmente ao Flamengo. Qual o significado do clube rubro-negro para você? O Flamento significa tudo para mim. Passei

Você teria aceitado uma proposta do Fluminense?

A fase do beach soccer foi uma das melhores da minha vida. Foi na praia que aprendi os fundamentos do jogo, pois comecei a jogar futebol quando tinha nove anos em Copacabana. Quando o futebol de praia se estabeleceu como uma modalidade esportiva própria, enxerguei a possibilidade de colaborar com o seu desenvolvimento. Entre os meus 29 e 47 anos, joguei com muita alegria e fui muito feliz principalmente nas viagens ao redor do planeta.

Além disso, você também se aventurou como cantor. O seu single Voa Canarinho vendeu mais de 800 mil exemplares antes da Copa do Mundo de 1982. Existem planos de lançar outras músicas? Voa Canarinho foi uma bela oportunidade para eu entrar no mundo da música. A canção tinha uma melodia marcante, com uma letra fácil e que falava sobre a Seleção. O sucesso da música foi impulsionado pelas atuações do Brasil. Até hoje a música é uma das minhas paixões. E continuo cantando, agora em um projeto social que organizo no Rio de Janeiro. Os espectadores pagam entrada nos nossos shows. Com o dinheiro financiamos alimentos que distribuímos entre cinco organizações de assistência humanitária. O projeto se chama “Samba da Sopa”. Å A entrevista com Júnior foi feita por Thomas Renggli e Manuel Rieder T H E F I FA W E E K LY

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Primeiro amor

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Obie Oberholzer/laif


Loca l : P rov í nc ia de Tete em Moça mbique Data: 8 de setembro de 2013 Hora: 9h43

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C O P A D O M U N D O D A F I F A B R A S I L 2 0 14 : F A L T A M 6 D I A S

Apito inicial Geralmente eles ficam em segundo plano, mas ainda assim são parte essencial de uma Copa do Mundo bem-sucedida. Estamos falando dos árbitros. Mas por trás dos homens do apito há mais do que apenas um rigoroso juiz. Sarah Steiner e Giovanni Marti

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urante a Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014, todos os olhares estarão voltados para as 32 seleções que ao longo de quatro semanas farão de tudo para conquistar o cobiçado título. Para isso, é preciso percorrer um longo caminho de de sete partidas. No total, o torneio conta com 64 jogos. Em cada um deles é preciso alguém para ditar as regras, e é aí que entram em ação os homens que só chamam a atenção quando cometem algum erro: os árbitros. Sem eles seria impossível organizar uma Copa do Mundo. São os juizes que garantem a ordem e o cumprimento das regras, que fiscalizam o fair play e possibilitam o rápido andamento do jogo. “Os melhores árbitros para o maior e mais importante evento esportivo do planeta” foi o lema da FIFA durante um processo de três anos para selecionar 25 trios

de arbitragem para a Copa do Mundo. Em uma série de seminários, os juizes foram instruídos em importantes questões, como proteção do jogador e do jogo, coerência e uniformidade das regras, leitura do jogo e compreensão da mentalidade das equipes e dos jogadores. Para isso foi dada atenção especial ao posicionamento, já que apenas um árbitro bem posicionado pode se antecipar e avaliar as diversas situações do jogo — principalmente os lances que acontecem em zonas duvidosas, como a grande área. O diretor de arbitragem da FIFA, Massimo Busacca, está convencido de que o processo de seleção foi bem-sucedido. “Selecionamos os melhores e temos certeza de que eles proporcionarão a qualidade que esperamos”, afirmou Busacca. Além disso, para auxiliá-los no seu difícil ofício, os árbitros terão à sua disposição pela primeira vez no Brasil 2014 a tecnologia da linha de gol e o spray para demarcar barreiras. Å

“Nos chamam de ’kiwis’, mas sabe por que temos esse apelido? É claro que no nosso país comemos kiwis, mas kiwi é também o nome do nosso pássaro nacional. Muitas pessoas fora da Nova Zelândia conhecem apenas a fruta. Tenho orgulho de representar os ’kiwis’ durante o Mundial e farei o meu melhor.” Yuichi Nishimura Japão, *17 de abril de 1972, juiz

“Os meus alunos de educação física sempre fazem comentários sobre o meu desempenho em campo. Eles discutem comigo as decisões e me perguntam por que marquei um pênalti em determinada situação — ou por que deixei de marcar. Eles têm muito orgulho de um dos seus professores poder atuar na Copa do Mundo.” Benjamin Williams Austrália, *14 julho de 1977, professor de educação física 22

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“Antes de cada partida, tiro a aliança e a beijo quatro vezes em honra às quatro mulheres na minha vida: a minha mãe, a minha esposa e as minhas duas filhas.” Sandro Ricci Brasil, *19 de novembro de 1974, funcionário público

foto-net

Peter O’Leary Nova Zelândia, *3 de março de 1972, professor

“Muitas pessoas me apoiaram durante a minha preparação para a Copa do Mundo. A cada partida que eu dirigir, dedicarei a elas o apito inicial como forma de agradecer o seu apoio.”


C O P A D O M U N D O D A F I F A B R A S I L 2 0 14 : F A L T A M 6 D I A S

→ http://www.fifa.com/worldcup

“Os meus jovens colegas árbitros me comparam a um astro de Hollywood. Mas infelizmente não é com um dos mais bonitos! Eles dizem que me pareço com o Shrek. Isso explica também por que tenho uma imagem dele como protetor de tela do meu telefone celular.”

“Amo o futebol em todas as suas facetas. Assistir a uma boa partida de futebol é tão bom quanto fazer um churrasco argentino com os meus amigos e dividir com eles uma fantástica carne argentina.” Nestor Pitana Argentina, *17 de junho de 1975, professor de educação física

Howard Webb Inglaterra, *14 de julho de 1971, policial

“Procuro transmitir muitas questões de engenharia para a arbitragem — e também o contrário. Esta é a minha mentalidade e a minha forma de trabalhar.” Carlos Velasco Carballo Espanha, *16 de março de 1971, engenheiro

Milorad Mazic Sérvia, *23 de março de 1973, diretor de indústria de carnes

“Tenho a sorte de ter podido me dedicar exclusivamente à arbitragem desde o ano passado. O outro lado da minha vida era a matemática. Durante 17 anos fui professor de matemática no ensino médio.” Mark Geiger EUA, *25 de agosto de 1974, árbitro

“No meu país há um esporte local conhecido pelo nome de ’buri’. Ele funciona mais ou menos como a luta greco-romana. Não sou tão bom assim, mas adoro esse esporte e ele é o meu passatempo.” Bakary Gassama Gâmbia, *10 de fevereiro de 1979, empresário

“Estou orgulhoso porque sou o primeiro árbitro que poderá representar a Sérvia em uma Copa do Mundo depois de uma longa espera. Quero fazer de tudo pelo meu país.”

O caminho até o Brasil O processo de seleção dos árbitros da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014 começou em 2011 com a escolha dos 52 melhores trios de arbitragem após a Copa do Mundo de Clubes da FIFA no Japão. No total eles foram preparados intensamente para as suas atividades por meio de 19 seminários e passaram por testes físicos, teóricos e de análise de partidas. No dia 14 de janeiro de 2014, a FIFA definiu os 25 trios de árbitros e as oito duplas de suporte que deverão conduzir as partidas do Mundial. Durante o torneio, os árbitros descobrirão quais partidas eles vão dirigir 48 horas antes do apito inicial. A escolha caberá ao departamento de arbitragem da FIFA e aos membros da comissão de arbitragem. Informações de todos os árbitros: fifa.to/1wxZ1HA

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DEBAT E

Risco de 0 x 0! Bandeiras ao vento A cerimônia de abertura da Copa do Mundo da FIFA 2010, em Johanesburgo.

A abertura da Copa do Mundo dá início à febre do futebol. Porém, em Mundiais, raramente os melhores se saem bem no começo.

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aior que a expectativa por uma Copa do Mundo é, via de regra, a pressão que recai sobre a seleção anfitriã. A África do Sul sentiu isso na própria pele há quatro anos, em Johanesburgo. Na abertura daquele Mundial, o futebol mostrado pelos bafanas no empate em 1 a 1 contra o México lembrou em muito pouco a leveza e o vigor característicos das equipes africanas. “Ficamos muito impressionados no início com todo o ambiente”, justificou o técnico Carlos Alberto Parreira. Um cronista do jornal alemão “Süddeutsche Zeitung” retrucou a declaração: “os sul-africanos não ficaram impressionados, mas paralisados, como se cada atleta estivesse jogando no sentido contrário de uma forte ventania.” A meteorologia não prevê ventos fortes para o dia 12 de junho em São Paulo. No entanto, é prudente esperar por uma brisa leve nesta época do ano. Com isso, estarão presentes pelo 24

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menos as condições climáticas para uma estreia ideal dos anfitriões na Copa do Mundo. Dentro de campo, porém, o clima não estará livre de turbulências. Adversária do Brasil no primeiro jogo, a Croácia conta com uma equipe ambiciosa, fruto da mistura de atletas jovens e experientes, e tem potencial para surpreender. E o grupo do Brasil, que ainda conta com México e Camarões, não permite deslizes. Quem espera por um espetáculo de futebol na abertura da Copa também poderá se decepcionar. Pelo menos isso é o que dizem as estatísticas. Desde 1966, um jogo exclusivo (sem outros confrontos paralelos) marca o início do Mundial. Desses, os primeiros quatro jogos acabaram sem gols — com o primeiro tento marcado em 1982 pelos belgas na partida contra a Argentina. Em apenas quatro ocasiões a rede balançou mais de uma vez na abertura: em 1986 (Bulgária 1 x 1 Itália), 1998 (Brasil 2 x 1 Escócia), 2006 (Alemanha 4 x 2 Costa Rica) e 2010 (África do Sul 1 x 1 México). Até 2002, era o campeão da última edição quem abria o torneio. Desde o

fim da classificação automática do campeão mundial, as honras são dadas pela seleção anfitriã. Assim, o Brasil deu o pontapé inicial da Copa apenas em duas ocasiões: em 1974, em um 0 x 0 contra a Iugoslávia, e em 1998, na já mencionada vitória sobre a Escócia. No entanto, não será uma tragédia se a Seleção não fizer gols no primeiro jogo, pois nunca o vencedor da partida de abertura se sagrou campeão mundial em uma mesma edição. Å

O debate da Weekly. Algum assunto tira o seu sono? Qual tema você gostaria de debater? Envie sugestões para: feedback-theweekly@fifa.org

Jamie Squire / Getty Images

Thomas Renggli


DEBAT E

MENSAGEM DO PRESIDENTE

A FIFA Weekly perguntou no FIFA.com: Por qual partida da fase de grupos você está mais ansioso? Brasil x Croácia! É a partida de abertura da Copa, vai acontecer perto da minha casa, e vou estar lá! Vou trabalhar no estádio como voluntário, pois não quero perder esse jogo de jeito nenhum. rp. robson, Brasil

Alemanha x Portugal. Para Portugal, essa é a grande chance de começar a Copa de forma ideal. moutigol, Portugal

Irã x Nigéria, porque será decisivo para que possamos continuar no torneio. Depois, Irã x Argentina, pois é incrível poder jogar contra um adversário como esse. E tenho que mencionar que o jogo também é, infelizmente, bem improvável de acontecer em circunstâncias normais, a não ser que a Federação Iraniana conseguisse angariar milhões para um organizar um amistoso. Por fim, Irã x Bósnia e Herzegovina, que será, devido aos jogos anteriores, crucial para definir o grupo. Espero que o Irã vença dois dos três jogos. p.edram, Irã

“Todos os jogos serão muito interessantes.” Estou ansioso por todas as partidas, porque as seleções estão cada vez mais niveladas. Assim, todas as equipes terão de dar o máximo no começo para garantir a vaga na próxima fase. usmansherazi, Paquistão

É Copa do Mundo, por isso quero assistir a todas as partidas e ver todas as seleções jogarem. Todos os jogos serão muito interessantes. Não consigo mais esperar. Neymar87_87, Alemanha

A partida de abertura! O Brasil estará sob uma enorme pressão, mas Scolari vai saber liderar o grupo e evitar qualquer deslize contra a Croácia. Outro jogo bastante esperado será o confronto entre Espanha e Holanda, pelo Grupo B: será a revanche da grande final de 2010. Com três campeões mundiais, o Grupo C também está incrível. Para a Costa Rica, essa chave será uma ótima oportunidade para ganhar experiência. victorinoban, Brasil

Estou ansioso por Espanha x Holanda e também pela estreia dos suíços contra o Equador. guarana02, Suíça

Todos os jogos serão interessantes. Porém, alguns serão mais interessantes que outros. Estou mais ansioso para assistir a Espanha x Holanda, Inglaterra x Itália e Alemanha x Portugal.

Argentina x Bósnia e Herzegovina. Será, sem dúvidas, um jogaço. É a estreia da Bósnia em Mundiais e será em um Maracanã lotado. Vai ser um jogo e tanto.

Schalkefan13, Alemanha

Goalgetter10, Bósnia

“A revanche da final da Copa de 2010.”

O esporte em primeiro plano

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partida de abertura da Copa do Mundo da FIFA é também um ponto final — um momento derradeiro após anos de trabalho nos quais todos os envolvidos investiram grandes energias e solucionaram os problemas que foram surgindo sob condições extremas. Mas hoje podemos afirmar com orgulho: o Brasil está pronto! O meu desejo agora é que nos próximos dias e semanas o esporte ocupe o primeiro plano. Em nenhum outro lugar o futebol é parte tão importante da cultura diária quanto no Brasil, em nenhum lugar o povo se identifica tão fortemente com os seus jogadores quanto aqui. Se essa força positiva for liberada, realmente viveremos a melhor Copa do Mundo da história, a Copa das Copas. Para isso, na minha opinião, é necessário que o todo o povo brasileiro esteja unido — que as pessoas consigam se alegrar com o futebol. Com a iniciativa Handshake for Peace (aperto de mãos pela paz), queremos estabelecer um símbolo e contribuir para construir pontes que sirvam como um incentivo para a paz. Ainda que este seja apenas um gesto simbólico, ele deve servir como uma mensagem de paz e união do futebol. Também é neste sentido que devemos interpretar as três pombas brancas que subirão aos céus no dia do jogo inaugural. A história mostra que a força do simbolismo nunca é avaliada na sua totalidade. No centro das atenções da Copa do Mundo está o Brasil. Não estamos fechando os olhos para as preocupações do público. Mas é um erro responsabilizar a FIFA por questões que emanam das decisões sobre políticas públicas no Brasil. Não utilizamos nem um centavo de dinheiro arrecadado com impostos para cobrir os custos operacionais, e sim investimos dois bilhões de dólares. Estou convencido de que nas próximas quatro semanas vivenciaremos uma maravilhosa festa do futebol — graças ao Brasil, com o Brasil, pelo Brasil.

Sepp Blatter T H E F I FA W E E K LY

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IRÃ

“Fui recebido de braços abertos” Nascido na Alemanha, o goleiro Daniel Davari irá jogar a Copa do Mundo da FIFA pela seleção do Irã. Como ele foi convocado, e quais os planos iranianos para o Brasil?

Daniel Davari: Aconteceu muita coisa neste ano, o que me proporcionou várias experiências enriquecedoras. Jogar pelo Irã e ser chamado para uma Copa do Mundo é algo que não pode ser esquecido. Até aí, o ano foi muito bom para mim. Porém, é claro que estou decepcionado por não ter conseguido ajudar o Braunschweig a se manter na elite do futebol alemão.

Como você acabou atraindo a atenção do treinador do Irã Carlos Queiroz? Na terra natal do meu pai, as pessoas acompanham bastante a Bundesliga, seja na televisão, na internet ou nos dez diários esportivos que fazem a cobertura do campeonato. Mas foi o assistente e treinador de goleiros americano de Queiroz, Dan Gaspar, quem fez o primeiro contato, há mais de um ano. Depois disso, o comandante da seleção também esteve por aqui. Acabei sendo observado por um bom tempo antes da minha estreia pela seleção, no dia 15 de novembro de 2013, em uma partida das eliminatórias para a Copa Asiática de Seleções. E foi bastante conveniente, pois vencemos a Tailândia por 3 a 0, fora de casa, e eu não tomei nenhum gol.

Você está contando com a titularidade do Irã durante a Copa? A camisa 1 ainda não tem dono definitivo. Todos os goleiros convocados estão no mesmo nível e não possuem muita experiência com a seleção. Na verdade, não faz muita diferença se irei ou não jogar. Neste Mundial, o que eu 26

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quero é poder representar, de maneira digna, o país cuja cidadania possuo. Só de estar lá já é para mim uma honra.

Você já havia estado no Irã antes da convocação para a seleção? Estive uma vez, quando era criança. Agora, toda vez que vou para lá, sempre fico muito atento para as coisas que são bem diferentes da Alemanha, onde nasci, na cidade de Giessen. Mas não precisei de muito tempo para me adaptar aos aspectos e costumes que eram novidade para mim.

O que mais o impressionou na sua primeira visita como jogador da seleção iraniana? A enorme simpatia e hospitalidade das pessoas. Fui recebido de braços abertos, e fui várias vezes reconhecido nas ruas. Os comerciantes de Teerã me pediam para entrar nas lojas e diziam para eu escolher o que eu quisesse para levar, de graça, para casa como lembrança — algo impensável na Alemanha. Além desse calor humano, também me impressionou a paixão que os iranianos têm pelo futebol e pela seleção tricampeã asiática.

Você estava preparado para isso? Sim, um pouco por causa do meu pai, que tem muito orgulho de mim e dos nossos parentes que ainda vivem no Irã. Agora, aos 26 anos, estou em uma fase da vida em que posso aproveitar e absorver todas as experiências que vivencio. É um momento muito empolgante e enriquecedor.

O que você percebe, socialmente falando, do dia a dia no Irã e da situação política por lá? Comigo, que sou católico, a preocupação é com o futebol e com a Copa do Mundo, e não me fazem pergun-

Hallbauer + Fioretti Fotografie

Ter entrado em campo pela primeira vez com a camisa do Irã, ser rebaixado com o Eintracht Braunschweig na Bundesliga e, por fim, ter garantido um lugar na Copa do Mundo da FIFA; tudo isso aconteceu nesta temporada. Como foi passar por essas experiências?


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Nome Daniel Davari Data e local de nascimento 6 de janeiro de 1988, em Giessen, Alemanha Posição Goleiro Altura 1,92 m Clubes 2007 – 09 1. Mainz B 2009 – 14 Eintracht Braunschweig 2014 Grasshoppers Partidas pela seleção 4 (Irã) Confrontos da fase de grupos da Copa do Mundo da FIFA Grupo F: Nigéria (16/6), Argentina (21/6), Bósnia e Herzegovina (25/6)

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IRÃ

Chegando Daniel Davari com os colegas iranianos

Você ainda tem dificuldades com o idioma local, o farsi. Estou aprendendo e disposto a melhorar ainda mais os meus conhecimentos sobre a língua, a qual pude aperfeiçoar durante a última temporada com aulas semanais. Mas espero que, no fim do Mundial, eu esteja falando melhor que agora. Não tenho dúvidas de que o contato diário com os colegas de seleção — os quais, assim como eu, também se comunicam bem em inglês — irá me ajudar bastante nesse quesito. De qualquer forma, não me sinto um intruso por causa das minhas dificuldades com o idioma, nem nunca me sentirei um estrangeiro na seleção do país que irei representar com muita honra nesta Copa do Mundo.

Como você vê o entusiasmo dos iranianos pelo futebol? A seleção do Irã, que vai para a quarta participação em Mundiais, possui um enorme apoio popular. Além disso, todo ano, os iranianos mostram o quanto são aficionados pelo futebol no grande clássico de Teerã entre Esteghlal e Persépolis, dérbi que atrai nada menos que 120.000 torcedores ao maior estádio do país.

O que você sentiu ao ouvir, antes da primeira partida com a seleção iraniana, na Tailândia, o hino iraniano e perceber que o seu sonho se tornava realidade? Foi um dos momentos mais incríveis da minha vida, 28

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“Encontrei o meu caminho.” justamente por ser algo muito pessoal e emocionante. Os 15 mil espectadores presentes também contribuíram para que a situação se tornasse ainda mais inesquecível e intensa. Na minha história pela seleção, quatro dias depois aconteceu outro momento tão emocionante quanto esse, porém de uma forma assustadora. No Líbano, um dia antes da partida pelas eliminatórias para a Copa Asiática, a embaixada do Irã foi alvo de um atentado com vários mortos e feridos. Apesar da tragédia, o jogo aconteceu, mas sem presença de público. Vencemos por 4 a 1, mas durante a partida foi muito difícil pensar em futebol.

Nesta Copa, você passará por uma prova de fogo. Primeiro, terá de enfrentar a Argentina de Lionel Messi. Depois, será a vez da Bósnia e Herzegovina, cujo ataque é liderado por Edin Dzeko. Por fim, o Irã enfrentará a campeã africa-

Amin Jamali / Getty Images

tas sobre a situação política do país. A relação entre religião e política no Irã é outro assunto.


IRÃ

Sem medo das feras Em jogo da Bundesliga, Davari encara o Bayern de Arjen Robben.

na Nigéria. Esses confrontos se tornaram motivos para ansiedade e desconfiança? De forma nenhuma. Originalmente, sou tranquilo e prático, de modo que não costumo sofrer por antecipação. Nem Lionel Messi tem tirado meu sono, principalmente depois de uma temporada tão estressante no Campeonato Alemão. Na verdade, as vivências que tive durante a minha trajetória do futebol amador até a Bundesliga me ajudaram a encontrar o meu caminho. Além disso, confio bastante na nossa defesa, que é a base da organização tática do Irã. Também somos comandados por um treinador muito profissional e com renome internacional e que saberá nos armar taticamente para enfrentar equipes como a Argentina. Para mim, é um prazer poder trabalhar e aprender com ele.

mos que eles tenham vida fácil. Cada partida é uma oportunidade para levarmos alguma coisa. Se conseguirmos somar pontos no jogo de estreia contra a Nigéria, vamos manter as portas abertas. Afinal de contas, temos de fazer de tudo para que o povo iraniano tenha orgulho de nós. Å Daniel Davari conversou com Roland Zorn

Você já disse uma vez que tem como ídolo o ex-goleiro da seleção alemã Jens Lehmann. Por quê?

MIS / imago

Sempre fiquei impressionado pela forma como ele se antecipava às jogadas e conseguia neutralizar os lances perigosos. Também me influenciou muito a linguagem corporal e a atitude consciente e inteligente dele fora dos gramados.

Devido ao forte grupo, não será fácil para o Irã chegar às oitavas de final deste Mundial. Como você avalia as chances da seleção? Queremos ser a surpresa desta Copa, e esse é o nosso objetivo. Vamos incomodar os adversários e não deixareT H E F I FA W E E K LY

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TIRO LIVRE

F I F A S 11

Os debutantes da Copa do Mundo

1

Itália 1934: 10 debutantes Equipes: Egito, Alemanha, Itália, Países Baixos, Áustria, Suécia, Suíça, Tchecoslováquia, Hungria; Melhor debutante: Itália (1º)

2

A lemanha 2006: 6 Equipes: Angola, Costa do Marfim, Gana, Togo, Trinidad e Tobago, Ucrânia; Melhor debutante: Ucrânia (quartas de final)

Boias de natação, 3 ostras, tupperwares Perikles Monioudis

Q

uando começa uma Copa do Mundo? Formalmente, na cerimônia de abertura. E, mais exatamente, durante as formalidades de abertura. Entretanto, uma Copa começa antes, bem antes, anos e anos antes – para a FIFA, os organizadores, as federações, os atletas e para todos os envolvidos no planejamento e na realização do torneio. Mesmo antes do início das eliminatórias, as federações afiliadas que – de forma realista ou não – confiam em uma classificação para o Mundial dão início às buscas por um centro de treinamento adequado, um quartelgeneral que possa receber as suas seleções durante a tão esperada campanha. Para muitos dos torcedores, a Copa começa com o lançamento do álbum Panini e com a coleção e as trocas das figurinhas. Outros já se sentem no clima do Mundial na apresentação dos uniformes das seleções ou quando as convocações são definidas. Para mim, sempre foi o momento quando os estádios da Copa eram exibidos. Ainda criança, sempre me senti atraído pelos estádios, com as suas arquibancadas e cadeiras vermelhas, laranjas, azuis e brancas, com a forma arquitetônica das suas instalações – não que eu entendesse aquilo como arquitetura. Eu comparava os estádios, ou mesmo a impressão que eu tinha deles, com o que parecia mais próximo de mim: boias de natação, ostras, tupper­ wares – e o que mais fosse possível. A disposição dos estádios, assim como informações sobre o local, a capacidade e a data de construção, não saíam da minha cabeça. Eu fazia recortes de jornal ou de revistas futebolísticas, dobrava-os e os guardava no bolso de trás da minha calça. Assim, podia contemplar

as imagens sempre que houvesse a oportunidade, admirando os cenários como se eu estivesse perto daquelas construções, que receberiam, em breve, a festa das festas, o torneio dos torneios, a Copa do Mundo da FIFA. Então, o Mundial começava para mim – antes das formalidades oficiais. Não que eu tenha, mais tarde, decidido estudar arquitetura. Na verdade, as ciências humanas e sociais me possibilitaram uma aproximação, pois as pessoas me interessavam mais que os materiais, que os tijolos. Mas ainda tenho a sensação de que tudo começa quando vejo pela primeira vez as imagens dos estádios da Copa, mesmo que não faça mais recortes, nem os carregue comigo. E também quando sinto um anseio por acontecimentos fabulosos, acontecimentos que são capazes de fazer história até mesmo antes de a bola rolar, como será a batalha entre Inglaterra e Itália em meio à selva amazônica. Mas quando termina uma Copa do Mundo? Em nossas lembranças, nunca. Å

4

Espanha 1982: 5 Equipes: Argélia, Camarões, Honduras, Kuwait, Nova Zelândia; Melhor debutante: Argélia e Camarões (3º do grupo na primeira fase) Coreia do Sul/Japão 2002: 4 Equipes: China, Equador, Senegal, Eslovênia; Melhor debutante: Senegal (quartas de final)

França 1998 Equipes: Croácia, Jamaica, Japão, África do Sul; Melhor debutante: Croácia (3º)

A lemanha Ocidental 1974 Equipes: Austrália, Alemanha Oriental, Haiti, Zaire; Melhor debutante: Ale­- manha Oriental (segunda fase)

França 1938 Equipes: Cuba, Índias Orientais Holandesas, Noruega, Polônia; Melhor debutante: Cuba (quartas de final)

8

EUA 1994: 3 Equipes: Grécia, Nigéria, Arábia Saudita; Melhor debutante: Nigéria e Arábia Saudita (oitavas de final)

Itália 1990 Equipes: Costa Rica, Irlanda, Emirados Árabes Unidos; Melhor debutante: Irlanda (quartas de final)

México 1986 Equipes: Canadá, Dinamarca, Iraque; Melhor debutante: Dinamarca (oitavas de final)

México 1970 Equipes: El Salvador, Israel, Marrocos; Melhor debutante: todos (4º do grupo na primeira fase)

Coluna semanal da redação da FIFA Weekly

Fonte: FIFA (Kit de estatísticas – Recordes e Marcas Históricas da Copa do Mundo) T H E F I FA W E E K LY

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MÁQUINA DO TEMPO

A

N

T

E

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Preparação da Alemanha para a Eurocopa, em Saint-Germain-en-Laye, França

1984

teutopress / imago

O técnico Jupp Derwall organiza a cobrança de faltas durante a preparação da Alemanha para a Eurocopa na França.

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T H E F I FA W E E K LY


MÁQUINA DO TEMPO

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Campo de treinamento do Borussia, em Dortmund, Alemanha

2011

Christoph Reichwein / imago

Nos campos de treinamento, os bonecos de plástico vêm tornando, há um bom tempo, a vida mais difícil para os colegas de papelão. Na foto, o técnico do Borussia Dortmund Jürgen Klopp acerta o posicionamento deles.

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PON T O DE INFLE X ÃO

“Gana é como o Brasil” Melhor jogador africano e campeão da Liga dos Campeões da África com o Asante Kotoko, o ganês Opoku Nti também é um suíço de verdade – e também conhece o lado comercial do futebol.

Adrian Bretscher

À

s vezes, um só gol pode mudar toda uma vida. No meu caso, isso aconteceu no dia 11 de dezembro de 1983, na partida de volta da final da Liga dos Campeões da África entre o Asante Kotoko, clube no qual comecei a carreira, e o Al-Ahly, o então campeão do Egito. Recordo como se fosse ontem: estávamos no 16º minuto do primeiro tempo no estádio Baba Yara, em Kumasi. O Al-Ahly foi para o ataque, mas parou na nossa defesa. Com um lançamento preciso, o nosso lateral direito Ernest Apau deu início ao contra-ataque. A bola caiu nos pés de Yahaya Kassum, que lançou do meio-campo em profundidade para John Smith Bannerman. Ele deixou o zagueiro adversário para trás e centrou para mim. Então mandei a bola por cima do goleiro, marcando o 1 a 0 e levando os 40 mil torcedores a uma euforia quase inconcebível. Foi o gol do título. Para mim, abriu portas para uma nova vida. Fui escolhido o melhor jogador africano do ano e recebi da imprensa o apelido de “Zico”, o que me colocou de alguma forma no patamar dos grandes craques. Havia chegado a hora de me transferir para o exterior. Então, da Costa do Marfim veio a primeira proposta. Viajei com o meu empresário até Abidjã para as negociações. Lá, ficamos sabendo que havia um interessado na França. Assim como para a maioria dos atletas africanos, eu tinha como objetivo jogar na Europa. Então juntei as minhas coisas e fui até lá. No entanto, a transferência não se concretizou. Só que, em vez disso, havia surgido uma oportunidade na Suíça — para jogar pelo Servette, de Genebra. Aconteceu quase como por coincidência, mas o fato é que essa transferência acabou se tornando um acontecimento decisivo na minha vida. Hoje, a Suíça é a minha

segunda pátria, cuja cidadania toda a minha família possui. Mesmo assim, o centro da minha vida futebolística está em Gana, onde atuo como diretor-executivo do Asante Kotoko. Volta e meia, me perguntam quando finalmente chegará a vez de uma seleção africana ser campeã mundial. Se depender do talento, isso poderá acontecer nesta Copa do Mundo. Costumo dizer que Gana é como o Brasil, abençoada por Deus com um talento que não acaba mais. No entanto, o futebol africano ainda precisa de estrutura e possibilidades de formação para novos atletas. Estamos atrás nas conquistas, mas isso também foi fruto das oportunidades. Até 1978, só uma seleção africana podia se classificar para a Copa. Hoje, são cinco vagas. E isso agradecemos a Sepp Blatter. Å Transcrito por Thomas Renggli

Nome Samuel Opoku Nti Data e local de nascimento 23 de janeiro de 1961, em Kumasi (Gana) Clubes como jogador 1983 – 1985 Asante Kotoko 1985 – 1986 Servette FC 1986 – 1989 FC Aarau 1989 – 1990 FC Baden Seleção 7 partidas com a seleção de Gana

Personalidades do futebol relembram um momento marcante da sua vida. T H E F I FA W E E K LY

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R ANKING MUNDIAL DA FIFA Pos. Seleção

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 23 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 52 54 55 56 57 57 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77

36

→ http://pt.fifa.com/worldranking/index.html

Movimento no ranking Pontos

Espanha Alemanha Brasil Portugal Argentina Suíça Uruguai Colômbia Itália Inglaterra

0 0 1 -1 2 2 -1 -3 0 1

1485 1300 1242 1189 1175 1149 1147 1137 1104 1090

Bélgica Grécia EUA Chile Holanda Ucrânia França Croácia Rússia México Bósnia e Herzegovina Argélia Dinamarca Costa do Marfim Eslovênia Equador Escócia Costa Rica Romênia Sérvia Panamá Suécia Honduras República Tcheca Turquia Egito Gana Armênia Cabo Verde Venezuela País de Gales Áustria Irã Nigéria Peru Japão Hungria Tunísia Eslováquia Paraguai Montenegro Islândia Guiné Serra Leoa Noruega Camarões Mali Coreia do Sul Uzbequistão Burkina Fasso Finlândia Austrália Jordânia Líbia África do Sul Albânia Bolívia El Salvador Polônia República da Irlanda Trinidad e Tobago Emirados Árabes Unidos Haiti Senegal Israel Zâmbia Marrocos

1 -2 1 -1 0 1 -1 2 -1 -1 4 3 0 -2 4 2 -5 6 3 0 4 -7 -3 2 4 -12 1 -5 3 1 6 -2 -6 0 -3 1 -2 1 -3 5 3 6 -1 17 0 -6 2 -2 -6 1 -9 -3 1 -2 0 4 1 1 3 -4 3 -5 4 -11 3 3 -1

1074 1064 1035 1026 981 915 913 903 893 882 873 858 809 809 800 791 786 762 761 745 743 741 731 724 722 715 704 682 674 672 644 643 641 640 627 626 624 612 591 575 574 566 566 565 562 558 547 547 539 538 532 526 510 498 496 495 483 481 474 473 470 460 452 451 444 441 439

T H E F I FA W E E K LY

Pos.

01 / 2014

02 / 2014

03 / 2014

04 / 2014

05 / 2014

06 / 2014

1 -41 -83 -125 -167 -209

78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 90 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 105 106 107 108 109 110 110 112 113 114 115 116 116 118 119 120 120 122 123 124 125 126 127 128 129 130 131 132 133 134 134 136 137 137 139 140 140 142 143 144

Liderança

Quem mais cresceu

Bulgária Omã Macedônia Jamaica Bielorrússia Azerbaijão RD do Congo Congo Uganda Benin Togo Gabão Irlanda do Norte Arábia Saudita Botsuana Angola Palestina Cuba Geórgia Nova Zelândia Estônia Zimbábue Catar Moldávia Guiné Equatorial China Iraque República Centro-Africana Lituânia Etiópia Quênia Letônia Bahrein Canadá Níger Tanzânia Namíbia Kuwait Libéria Ruanda Moçambique Luxemburgo Sudão Aruba Malaui Vietnã Cazaquistão Líbano Tadjiquistão Guatemala Burundi Filipinas Afeganistão República Dominicana Malta São Vicente e Granadinas Guiné-Bissau Chade Suriname Mauritânia Santa Lúcia Lesoto Nova Caledônia Síria Chipre Turcomenistão Granada

-5 3 0 0 1 2 4 7 0 10 1 -2 -6 -15 -1 1 71 -5 7 14 -5 -1 -5 -2 11 -7 -4 1 -2 -6 -2 0 -5 0 -10 9 6 -7 3 15 -4 -7 -3 35 0 -7 -6 -11 -5 -3 -3 11 -2 -5 -4 -7 50 31 -5 2 -4 2 -2 -6 -12 13 -8

Quem mais caiu

425 420 419 411 397 396 395 393 390 386 383 382 381 381 375 364 358 354 349 347 343 340 339 334 333 331 329 321 319 317 296 293 289 289 284 283 277 276 271 271 269 267 254 254 247 242 241 233 229 226 221 217 215 212 204 203 201 201 197 196 196 194 190 190 189 183 182

144 146 147 148 149 149 151 152 153 154 155 156 157 158 159 160 161 162 163 164 164 166 167 168 169 170 171 172 173 174 175 176 176 178 179 180 181 182 183 184 185 186 187 188 189 190 190 192 192 192 195 196 196 198 198 200 201 202 202 204 205 206 207 207 207

Madagascar Coreia do Norte Maldivas Gâmbia Quirguistão Tailândia Antígua e Barbuda Belize Malásia Índia Cingapura Guiana Indonésia Porto Rico Mianmar São Cristóvão e Névis Taiti Liechtenstein Hong Kong Paquistão Nepal Montserrat Bangladesh Laos Dominica Barbados Ilhas Faroe São Tomé e Príncipe Suazilândia Comores Bermudas Nicarágua China Taipei Guam Sri Lanka Ilhas Salomão Seychelles Curacao Iêmen Ilhas Maurício Sudão do Sul Bahamas Mongólia Fiji Samoa Camboja Vanuatu Brunei Timor-Leste Tonga Ilhas Virgens Americanas Ilhas Cayman Papua-Nova Guiné Ilhas Virgens Britânicas Samoa Americana Andorra Eritreia Somália Macau Djibuti Ilhas Cook Anguila Butão San Marino Turcas e Caícos

45 -9 6 -14 -3 -6 -9 -8 -8 -7 -8 -5 -5 -9 14 -7 -4 -12 -5 -5 -5 22 -5 5 -6 -9 -7 -5 5 10 -6 -8 -6 -7 -6 -8 -5 -5 -4 -4 16 0 0 -6 -6 0 -10 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 0 0 0 0 0 0 0 0

182 175 171 166 163 163 158 152 149 144 141 137 135 134 133 124 122 118 112 102 102 99 98 97 93 92 89 86 85 84 83 78 78 77 73 70 66 65 61 57 47 40 35 34 32 28 28 26 26 26 23 21 21 18 18 16 11 8 8 6 5 3 0 0 0


O SOM DO FUTEBOL

O OBJETO

Perikles Monioudis

C O carinho brasileiro de Fatboy Hanspeter Kuenzler O músico Fatboy Slim não perde por esperar pela Copa do Mundo. No Brasil, nove shows já estão marcados. Além deles, o novo álbum duplo do inglês, com remixes de hits da música brasileira, acaba de sair do forno.

Sion Ap Tomos

A

ssim como o amor pela música, a paixão de Fatboy Slim pelo futebol tem origem na infância. Na biografia do artista, ambas aparecem lado a lado e vêm desde o tempo em que ele era conhecido apenas como Norman Cook. Tudo começou em 1970, quando o britânico ouviu a canção “Back Home”, trilha sonora da seleção da Inglaterra no Mundial realizado no México. “Eu tinha sete anos de idade”, relembra. “Havíamos vencido a Copa do Mundo anterior, e eu enchia os pulmões para cantá-la, cheio de esperança de que seríamos campeões novamente.” Porém, o sonho do

bicampeonato acabou destruído pela seleção brasileira. “Foi uma lição para toda a vida!”. Mesmo depois de chegar às paradas de sucesso com o grupo The Housemartins, o DJ não tirou o futebol da cabeça. Totalmente inspirado no esporte, o primeiro álbum da banda foi batizado de nada menos que “London 0 Hull 4”. Após o Housemartins, viriam os grupos Beats International e Freak Power, antes que Norman se transformasse no DJ Fatboy Slim, misturando techno, house, rock e samples de todo o mundo para criar o estilo big beat. E o big beat também acabou chegando ao Brasil. Em fevereiro de 2007, o músico tocou para 370 mil fãs em um show realizado na praia de Copacabana. Vivendo atualmente no sul da Inglaterra, Fatboy Slim é um apaixonado torcedor do Brighton & Hove Albion. Para ajudar a tirar o time das

dificuldades financeiras, o artista adquiriu uma grande parte das ações, além de ter colocado o seu selo Skint como patrocinador principal do clube por vários anos. Após fazer parte da programação do Mundial na África do Sul, Fatboy Slim também estará presente este ano no Brasil. Com nove shows marcados durante a competição, Norman quer assistir a cinco partidas ao vivo. Na mochila, ele trará o recém-lançado “Fatboy Slim Presents Bem Brasil”, um álbum duplo com remixes de vários hits da música brasileira e com uma nova versão da música “Weapon of Choice” com a participação do Olodum. Æ

olheres de prata não podem ser subestimadas. Geralmente, aparecem em grupos de seis ou doze, mas, às vezes, também sozinhas. Nascer com uma colher de prata na boca significa pertencer à linhagem de uma família abastada. “She came in through the bathroom window, protected by a silver spoon” [ela entrou pela janela do banheiro, protegida por uma colher de prata], cantavam os Beatles. “Then sometimes it feels so easy, like I was born with a silver spoon” [Às vezes é tão fácil, que parece que nasci com uma colher na boca], Van Morrison acrescentou. Satirizando a expressão, a banda The Who pintou a mudança dos tempos com o aparecimento de novos materiais: “I was born with a plastic spoon in my mouth” [nasci com uma colher de plástico na boca]. Na coleção da FIFA, encontra-se um pequeno estojo, coberto com couro artificial cinza, que guarda quatro colheres de chá de prata. O cabo das colheres é decorado com uma bola de futebol, gravado com a palavra “Sverige”. As letras douradas no couro dizem “Skottland – Sverige 1953” [Escócia x Suécia, 1953]. O amistoso, realizado em 6 de maio de 1953 – um teste realizado após a Suécia não ter se classificado para o Mundial – terminou com a vitória dos suecos fora de casa. Um pequeno presente dos visitantes diminuiu o sabor amargo da derrota dos escoceses: quatro colheres de prata, que talvez tenham abençoado o futuro craque Graeme Souness, nascido no dia daquele jogo. O meia escocês seria mais tarde pentacampeão inglês com o Liverpool e tricampeão da Copa da Inglaterra. Em 1991, ele retornaria ao clube como técnico, cargo no qual se manteve por três anos. Aos suecos fica o agradecimento pela fantástica carreira de Souness. Å

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Copa do Mundo da FIFA™. É onde todos querem estar.


The FIFA Weekly Uma publicação semanal da Fédération Internationale de Football Association (FIFA) Internet: www.fifa.com/theweekly Editora: FIFA, FIFA-Strasse 20, CEP: CH-8044 Zurique Tel.: +41-(0)43-222 7777 Fax: +41-(0)43-222 7878

QUI Z DA C OPA DO MUNDO DA F IFA

Três modelos, adversários recorrentes, um relógio de praia e nenhum escudo – tente adivinhar!

1

Presidente: Joseph S. Blatter Secretário-geral: Jérôme Valcke

Quantos desses três pares foram capa da revista Vogue em 2013 e 2014?

F 0 H 1

Diretor de comunicação e relações públicas: Walter De Gregorio

M 2 W 3

Redator-chefe: Perikles Monioudis Redação: Thomas Renggli (autor), Alan Schweingruber, Sarah Steiner Direção de arte: Catharina Clajus

2

Editor de fotografia: Peggy Knotz

Contagem regressiva para a Copa. Onde?

H  Rio: Ipanema O  Rio: Copacabana

R  Zurique: Costa Dourada Y  Cidade do Cabo: Soccer Beach

Produção: Hans-Peter Frei Layout: Richie Krönert (coordenação), Marianne Bolliger-Crittin, Susanne Egli, Mirijam Ziegler

3

Revisão: Nena Morf, Kristina Rotach Equipe regular: Sérgio Xavier Filho, Luigi Garlando, Sven Goldmann, Hanspeter Kuenzler, Jordi Punti, David Winner, Roland Zorn Equipe especial para esta edição: Lucia Clement (imagens), Andreas Jaros, Doris Ladstaetter, Giovanni Marti, Markus Nowak, Manuel Rieder, Alissa Rosskopf, Andreas Wilhelm (imagens) Secretária de redação: Honey Thaljieh Gerência de projeto: Bernd Fisa, Christian Schaub Traduções: Sportstranslations Limited www.sportstranslations.com

Às vezes, duas seleções precisam se enfrentar duas vezes durante uma Copa. Quem não jogou duas vezes em um mesmo Mundial?

R  2002: Brasil x Turquia L  1954: Turquia x Alemanha

4

N  1954: Alemanha x Hungria O  1938: Hungria x Itália

Um uniforme pouco comum na Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014: Não há um escudo à mostra, nem nada escrito. De qual seleção é essa camisa?

P Gana L Camarões

G Itália D Holanda

Impressão: Zofinger Tagblatt AG www.ztonline.ch Contato: feedback-theweekly@fifa.org A reimpressão de fotos e artigos da The FIFA Weekly, ainda que apenas de excertos, só é permitida com a autorização da redação e fazendo referência à fonte (The FIFA Weekly, © FIFA 2014). A redação não tem a obrigação de publicar textos e fotos que nos sejam enviados sem solicitação. A FIFA e o logotipo da FIFA são marcas registradas. Produzido e publicado na Suíça. As opiniões publicadas na The FIFA Weekly não necessaria­ mente correspondem aos pontos de vista da FIFA.

A solução do Quiz da Copa do Mundo da FIFA da semana passada foi: GOAL (explicação em detalhes em www.fifa.com/theweekly). Inspiração e motivação: cus

Envie a sua solução até 11 de junho de 2014 para o email feedback-theweekly@fifa.org. Todos os participantes que enviaram soluções corretas desde o quiz realizado por ocasião da Bola de Ouro 2013 estarão concorrendo a dois ingressos para a final da Copa do Mundo da FIFA no dia 13 de julho de 2014 em um sorteio que acontecerá em 11 de junho de 2014. Antes de enviarem as suas respostas, os participantes devem ler e aceitar as condições de participação e as regras do concurso, que podem ser vistas no link http://pt.fifa.com/mm/document/af-magazine/fifaweekly/02/20/51/99/pt_rules_20140530_portuguese.pdf T H E F I FA W E E K LY

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P E R G U N T E À F I F A W E E K LY

ENQUETE DA SEMANA

Como termina a partida de abertura?

Em 12 de junho,o Brasil estreará na competição com uma vitória? A partida de abertura terminará com um empate, como já aconteceu várias vezes no passado? Ou a Croácia vai surpreender os favoritos com uma vitória em São Paulo? Mande o seu palpite para: feedback-theweekly@fifa.org

É verdade que a Alemanha sempre vence as disputas por pênaltis na Copa do Mundo? Steve Young, Sheffield (Inglaterra)

4

R E S U LTA D O DA Ú LT I M A S E M A N A Qual seleção você acredita que poderá aprontar uma surpresa nesta Copa? 44,74% ....................................................... Bélgica 19,14% . . ..................................................................................................................................................................................... outro 12,94% ..................................................................................................................................................................................................................... Chile 9,43% ................................................................................................................................................................................................. Bósnia e Herzegovina 6,74% ................................................................................................................................................................................................................................................ Nigéria 4,85% . . ......................................................................................................................................................................................................................................................... Japão 2,16% .......................................................................................................................................................................................................................................................................... Suíça

100 12

A SEMANA EM NÚMEROS

jogos pela Costa do Marfim foi o marco alcançado por

Didier Drogba na derrota por

partidas sem derrota foi o

2 a 1 em amistoso com a

recorde compartilhado da MLS

Bósnia e Herzegovina. E o

que chegou ao fim de forma

centroavante de 36 anos

espetacular para o Real Salt

comemorou a ocasião em

Lake. A goleada de 4 a 0 sofrida

grande estilo, balançando as

diante do Seattle Sounders foi

gols sem resposta da Noruega deram à França a sua

redes com uma potente falta

o primeiro revés do time de

vitória mais elástica no Stade de France em nove

cobrada no finalzinho do

Utah na temporada regular

anos. Os Bleus não venciam com tanta autoridade

segundo tempo e aumentan-

desde setembro e encerrou as

nos seus próprios domínios desde que aplicaram os

do o próprio recorde de gols

esperanças de estabelecer o

mesmos 4 a 0 no Chipre, em 2005.

pela seleção para 64.

número inédito.

imago (3), Getty Images (2)

Não surpreende o fato de esta pergunta ter vindo justamente da Inglaterra. E preciso dizer ao Steve que sim — a Alemanha sempre vence! Desde a Copa do Mundo da FIFA 1982, 22 partidas foram decididas na disputa por pênaltis. A seleção alemã esteve envolvida em quatro delas e venceu todas. Com três vitórias, a Argentina está na segunda colocação. A Inglaterra, por sua vez, foi derrotada nas três vezes em que participou de disputas de penalidades. Mas a equipe que mostrou o desempenho mais fraco nesse tipo de disputa foi a Suíça. Em 2006, o seu jogo pelas oitavas de final contra a Ucrânia foi decidido em cobranças de pênalti — e os suíços não conseguiram mandar nenhuma bola para o gol. (thr)


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