The FIFA Weekly Edição #38

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NÚMERO 38, 11 DE JULHO DE 2014

EDIÇÃO EM PORTUGUÉS

Fédération Internationale de Football Association – Desde 1904

FOOTBALL FOR HOPE UM EVENTO INESQUECÍVEL NO RIO SEPP BLATTER OBRIGADO, BRASIL! FABIO GROSSO O PÊNALTI DECISIVO MARCOU PARA SEMPRE

Copa do Mundo da FIFA

A FINAL

W W W.FIFA.COM/ THEWEEKLY


ÍNDICE

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América do Norte e América Central 35 membros www.concacaf.com

A final Uma Copa do Mundo fantástica está chegando ao fim. No domingo, Alemanha e Argentina se enfrentam em busca do título. O confronto é uma reedição das decisões de 1986 e 1990. Antes do grande momento no Maracanã, vamos relembrar algumas das finais mais históricas desde 1930. Além disso, o repórter Sven Goldmann registrou o caminho dos finalistas de 2014.

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F antasma holandês Há quatro décadas que a seleção holandesa sempre faz boas participações nos torneios que disputa. No entanto, isso ainda não foi suficiente para conquistar um título.

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Sepp Blatter O presidente da FIFA analisa as quatro sensacionais semanas que se passaram na Copa do Mundo: “Fiquei encantado com a fascinante atmosfera”, diz.

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C lima frio e muita salada O peruano Teófilo Cubillas passou momentos difíceis na Suíça no início da década de 1970. “A Basileia ficará para sempre no meu coração”, afirma hoje em dia.

América do Sul 10 membros www.conmebol.com

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Football for Hope Para 192 jovens de quatro continentes, o Festival no Rio de Janeiro será um sonho que se realiza.

imago

Aplicativo da FIFA Weekly A revista FIFA Weekly está disponível en cinco idiomas a cada sexta-feira em uma versão eletrônica bastante intuitiva.

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T H E F I FA W E E K LY

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Humilhação A goleada por 7 a 1 contra Alemanha será difícil de digerir para os brasileiros.

Getty Images (2)

A final A foto de capa exibe uma cena da final da Copa do Mundo, em 8 de julho de 1990, em Roma. Em primeiro plano, Rudi Völler e Oscar Ruggeri brigam pela bola. No fundo, à direita, Jürgen Klinsmann e José Serrizuela.


A SEMANA DO FUTEBOL MUNDIAL

Europa 54 membros www.uefa.com

África 54 membros www.cafonline.com

Ásia 46 membros www.the-afc.com

Oceania 11 membros www.oceaniafootball.com

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Günter Netzer O nosso colunista fala sobre a transição de gerações na Espanha. “Os espanhóis voltarão em breve”, diz.

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imago (2) / Reuters

Fabio Grosso Há oito anos o italiano decidiu a final da Copa do Mundo. “Foi a festa da minha vida”, afirma Grosso em entrevista.

Alfredo Di Stefano (4 de julho de 1926 – 7 de julho de 2014) Presidente da FIFA, Joseph Blatter: “Estou perplexo com a notícia do falecimento de Alfredo Di Stéfano. Ele foi o atleta mais completo que vi jogar. Ele também era o meu jogador preferido.”

T H E F I FA W E E K LY

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PANOR AM A

A

Copa cheia de surpresas P

lemanha contra Argentina, que final! Uma decisão que evoca memórias do passado: Diego Maradona no auge em 1986; um incrível Lothar Matthäus em 1990. Os últimos 90 ou 120 minutos desta Copa serão históricos. E, talvez, em 2030 o redator possa escrever aqui, neste mesmo espaço: “Maior final de Copa do Mundo de todos os tempos!” (dois gols de Müller e dois de Messi – e tudo isso na prorrogação.)

O

melhor vem no fim. Mas o que vem, especificamente? Existem apenas tendências. Depois dos 7 a 1 contra o Brasil, a Alemanha foi considerada a favorita. E a Espanha não era, antes do jogo contra a Holanda? Quem estava contando com a Costa Rica? Esta Copa teve muitas surpresas, e o nosso repórter Sven Goldmann escreveu sobre os diversos caminhos que levaram Alemanha e Argentina até a final. Do Mineirão, Thomas Renggli contou o drama dos brasileiros em Belo Horizonte durante a inesquecível derrota para os alemães.

aralelamente ao Mundial, foi realizado o festival Football for Hope, no Rio de Janeiro. Com 192 jovens de 27 países, o evento também contou com um torneio de futebol de quatro dias de duração. Em uma reportagem de sete páginas, ilustramos a paixão das crianças durante o festival.

S

epp Blatter viu o Brasil como um anfitrião s ensacional. Na sua coluna semanal, ele ­ ­recorda a atmosfera fascinante e diz: “Obrigado, Brasil. O que vivenciamos aqui superou qualquer expectativa.” Å Alan Schweingruber

Simon Bruty / EQ Images

Vista histórica Milhares de pessoas acompanham em Copacabana a partida entre Brasil e Alemanha.

T H E F I FA W E E K LY

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A FINAL

O GRANDE

A grande decisão do Mundial – todos querem chegar até lá, mas poucos conseguem. Antes do espetáculo entre ­Alemanha e Argentina, analisamos os caminhos que levaram até a final da Copa do Mundo da FIFA 2014. Sven Goldmann, do Rio de Janeiro

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A FINAL

SONHO

Alemanha e Argentina já decidiram anteriormente duas finais de Copa do Mundo da FIFA. Em 1986, no México, um genial Diego Armando Maradona ergueu a taça como c apitão da seleção argentina. Naquela ­ ocasião, Lothar Matthäus teve de correr ­ muito para tentar marcá-lo. Em 1990, na ­ Itália, foi M ­ atthäus, em grande estilo, quem levou o selecionado de Beckenbauer ao ­tricampeonato mundial.

A trajetória alemã em 2014

David Cannon / Getty Images

I

n justamente, o minimalismo é uma estratégia subestimada no futebol. Porém, de que adianta a beleza, se o resultado é uma derrota? Na Copa do Mundo da FIFA 2010 e na Euro 2012, o técnico Joachim Löw deixou a seleção alemã praticar um futebol vistoso, mas acabou amaldiçoado por isso, por mostrar nos momentos decisivos, junto da beleza, receio e modéstia. Desta vez, ninguém pode criticar os alemães por esse motivo. No Brasil, Löw se mostrou totalmente disposto a aprender, incorporando a figura de alguém que busca substituir a eterna beleza por um pragmatismo em busca de resultados. O treinador, inclusive, chegou a mudar o esquema da equipe do 4-3-3 para um 4-2-3-1 quando foi necessário. Tudo isso para alcançar a vitória, sem se importar em sacrificar, se preciso, a própria beleza. Nesta Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014, o futebol alemão não apresentou – com exceção dos sensacionais 7 a 1 contra o Brasil – o brilho estético demonstrado no Mundial na África do Sul, mas uma estratégia racional e premeditada. Já na estreia, com a goleada por 4 a 0 sobre Portugal, os germânicos se concentraram em se aproveitar dos erros do adversário. No empate por 2 a 2 com Gana, a Alemanha provou ser capaz de reagir após ser surpreendida e ficar em desvantagem. Contra os americanos, comandados por ninguém menos que o antecessor de Löw, os alemães venceram por 1 a 0 em uma partida lenta, mas sem grandes perigos. Já nas oitavas, como franca favorita, a Alemanha manteve a calma, apesar da coragem dos argelinos, e esperou até o momento certo pelas chances – que, apesar de tardarem, chegaram. T H E F I FA W E E K LY

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A FINAL

Pronta para o título? A goleada por 7 a 1 da Alemanha sobre o Brasil foi impressionante.

Perfeita para o novo minimalismo alemão foi a partida jogada contra os bem cotados franceses, com jogadores individualmente brilhantes e uma autoestima inflada devido à excelente campanha na fase de grupos. O que acabou sendo um triunfo da inteligência não pareceu incomodar ninguém pela falta de futebol-arte apresentada no Maracanã. O gol no começo fez com que a Alemanha pudesse impor o jogo com a precisão de um jogador de xadrez. Os franceses atacavam, brigavam e pressionavam, porém sem conseguir levar perigo real à meta de M ­ anuel Neuer. No fim, o domínio francês deixou claro

um ponto positivo alemão: a eficiência da nova defesa em situações extremamente competitivas. “Essa equipe mereceu a vitória”, reconheceu o treinador francês Didier Deschamps. Foi um pouco como antigamente, quando a seleção alemã chegava ao gol e utilizava o tempo como vantagem para garantir a vitória – e era, em todo o mundo, mais temida do que famosa pelo seu futebol. No entanto, agora existe uma diferença fundamental: no Brasil, a defesa alemã tem como base uma alta eficiência técnica. Assim, a Alemanha não precisa mais depender da sorte.

A sensacional goleada por 7 a 1 na semifinal contra o Brasil surge quase irônica frente ao minimalismo praticado nas cinco partidas anteriores. “Mesmo assim, temos de manter os pés no chão”, declarou Thomas Müller após a acachapante vitória em Belo Horizonte. “Não podemos nos deixar levar pelas comemorações dessa goleada, assim como não superestimamos a vitória apertada sobre a Argélia por 2 a 1.”

A HIS T ÓRI A DA S F IN AIS

Dominik Petermann

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URUGUAI 1930 Uruguai 4 x 2 Argentina Anfitrião vence primeira Copa do Mundo A primeira edição da Copa do Mundo da FIFA foi realizada em 1930 no Uruguai. Aquele Mundial foi marcado por muitas questões curiosas. Inclusive na final entre o anfitrião e a Argentina. As duas equipes levaram a sua própria bola para a partida, e nem uruguaios nem argentinos queriam jogar com a bola do outro país. Então, o árbitro belga John Langenus decidiu utilizar a bola argentina no primeiro tempo e a bola uruguaia no segundo. No final, o Uruguai conquistou o primeiro título mundial — apesar de chegar a ficar perdendo por 2 a 1 no intervalo.

Getty Images, Marcus Brandt / Keystone

A final da Copa do Mundo é a última par tida de um Mundial. As duas últimas equipes remanescentes no torneio ficam frente a frente e disputam o mais cobiçado troféu do futebol. Para quem chegou até lá, apenas a vitória basta. Para o segundo colocado, resta apenas a medalha de prata. As par tidas finais da Copa do Mundo ficam para a história. Um resumo das mais históricas decisões de Mundial.


A FINAL

Seguindo um objetivo Messi e Demichelis se abraçam depois da semifinal contra a Holanda

O caminho argentino em 2014

O

Getty Images (2), Diego Azubel / Keystone

que há de mais bonito são as suas cantorias. Durante cada minuto das partidas da Argentina nos estádios no Rio de Janeiro, Belo Horizonte ou Porto Alegre eles não pararam de entoar quase sempre o mesmo cântico, que termina com o seguinte verso: “Maradona es más grande que Pelé”. Depois dos torcedores brasileiros, os “hinchas” argentinos foram sem ­dúvidas os mais barulhentos da Copa do Mundo e a cada jogo parece que foram aumentando ainda mais o volume.

O aspecto mais comemorado não foi necessariamente a beleza do futebol da sua equipe. Na avaliação dos torcedores da Albiceleste, o espetáculo tem um papel secundário. O mais importante é a vitória. A seleção argentina parece ter recuperado a sua autoestima ao se classificar pela primeira vez desde a Itália 1990 entre os quatro melhores da Copa do Mundo — e justamente na casa do arquirrival Brasil. A Argentina pode comemorar o fato de voltar a ser oficialmente uma grande potência do futebol mundial, agora não mais apenas pelos seus inúmeros craques que todos os anos são

BRASIL 1950

SUÍÇA 1954

Brasil 1 x 2 Uruguai O drama do Maracanaço

Alemanha Ocidental 3 x 2 Hungria O milagre de Berna

O Brasil tinha feito uma Copa do Mundo fantástica jogando em casa. Não havia nenhum indício de que o país não seria campeão mundial. Na segunda fase do torneio, a Seleção primeiro goleou a Suécia por 7 a 1 e em seguida massacrou a Espanha por 6 a 1. O jogo decisivo (que na realidade não era uma final propriamente dita) contra o Uruguai era para ser apenas uma formalidade. Mas o uruguaio Alcides Ghiggia acabou com o sonho brasileiro da Copa do Mundo ao marcar o gol da vitória por 2 a 1 a 11 minutos do final do jogo. Para toda a nação foi um trauma que dura até hoje.

A maior favorita para vencer a Copa do Mundo Suíça 1954 era a Hungria. Tratava-se de uma equipe fantástica que estava invicta havia muito tempo e que também brilhou na Copa do Mundo. Na final, os húngaros enfrentaram a Alemanha Ocidental, mesma equipe que eles haviam goleado por 8 a 3 na primeira fase. Inicialmente, a decisão na cidade de Berna começou conforme o esperado e a Hungria fez 2 a 0. Mas quando subitamente começou a chover — um tempo que ficou conhecido na Alemanha como o “clima de Fritz Walter” — a Alemanha conseguiu buscar o empate. E aos 39 minutos do segundo tempo o atacante Helmut Rahn marcou o gol da vitória por 3 a 2 que deu o título aos alemães. A vitória surpreendente ficou conhecida como “o milagre de Berna”. T H E F I FA W E E K LY

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A FINAL

Derrota na final Recepção da seleção Holandesa em Amsterdã em 1974.

Sem v it ória A g eração d decepcio e ouro d nou na C e Ru u d G opa do M ullit undo Itá lia 1990 .

Ausente Em 1978 Cruyff já havia encerrado a sua carreira pela seleção holandesa.

1998 Bergkamp jogou muito, mas fracassou com a sua equipe nas semifinais.

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os últimos 40 anos, os holandeses sempre praticaram um futebol muito bonito — e perderam muito bonito. A sua tragédia começou no ano de 1974, quando a melhor seleção holandesa da história, comandada pelo seu melhor treinador Rinus Michels e liderada pelo seu melhor jogador de todos os tempos Johan Cruyff, massacrou todos os seus adversários com o seu sedutor e dinâmico “Voetbal Totaal”. Na final em Munique, os holandeses saíram com a posse de bola, foram tocando a bola rumo ao ataque, sofreram um pênalti e converteram a cobrança antes que algum jogador alemão sequer tocasse na bola. Nos 20 minutos seguintes, eles trocaram passes em grande estilo e tentaram humilhar os anfitriões. Isso acabou sendo um erro estratégico, que acabaria marcando de modo decisivo a história do futebol holandês: os alemães lutaram para se encontrar na partida e venceram por 2 a 1. A derrota foi mais um suicídio que um assassinato. Mas de qualquer forma aquilo foi interpretado na Holanda como uma tragédia nacional. Graças principalmente à influência de Cruyff, a Holanda tem produzido várias gerações de grandes jogadores, mas nunca se recuperou plenamente daquela tarde em Munique. As campanhas holandesas sempre pareciam terminar em azar, autodestruição ou pênaltis. Em 1978, a equipe do Futebol Total (sem Cruyff) teve a má sorte de enfrentar mais uma vez o anfitrião na final: a Argentina. Encarou uma seleção de grande qualidade, diante de um ambiente intimidador. Perdeu por 3 a 1. Em 1990, a geração talvez mais talentosa da Holanda de todos os tempos (Gullit, Van Basten, Rijkaard, Koeman, entre outros) sucumbiu às disputas internas e voltou para casa sem vencer sequer um jogo. Em 1998, uma terceira brilhante geração laranja, reunindo Bergkamp, Davids e os irmãos De Boer, perdeu para o Brasil, nos pênaltis, na semifinal. Já a campanha de 2010 da Holanda acabou em uma dor diferente. Obcecada pela ideia de não cair como em 1974, 1978, 1990 e 1998, a

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Laranja adotou uma mentalidade pragmática, buscando a vitória a qualquer custo, e chegou a mais uma final. Ironicamente, a rival Espanha, doutrinada por três gerações de técnicos holandeses, jogava um futebol mais parecido com o da Holanda clássica do que a própria Laranja de então. Depois da final em Joanesburgo, Cruyff condenou as táticas violentas da equipe de Bert van Marwijk, taxando-a de “antifutebol”. Para muitos torcedores na Holanda, o desrespeito foi tão doloroso quanto a derrota por 1 a 0. A equipe de Louis van Gaal em 2014 se mostrou focada, unida e extremamente flexível. Também pareceu estar em uma missão para vingar todas as tristezas do passado - e fazê-lo na ordem histórica reversa. O lema holandês para o torneio poderia ter sido baseado em Michael Corleone, em O Poderoso Chefão: “hoje vamos resolver todos os negócios da família”. Em seu primeiro jogo, golearam a Espanha por 5 a 1. Thierry Henry, participando da transmissão da BBC, lembrou que os holandeses levaram o futebol total à Espanha. “Bem, hoje a Holanda retomou seu estilo”, observou. “Contra a Costa Rica, nas quartas de final, a Holanda superou seu trauma nos pênaltis graças a quatro cobranças perfeitas e a surpreendente substituição de goleiro feita por Van Gaal.” Os holandeses viram a semifinal contra a Argentina pelo prisma de 1978, mas seus olhos estavam voltados para outro grande prêmio: a final contra a Alemanha, que teria sido a chance de exorcizar os fantasmas que assombram o país há quatro décadas. Mas o resultado acabou sendo diferente do esperado na quarta-feira. Após 120 minutos, a partida foi para os pênaltis. Desta vez Van Gaal já havia feito as três substituições e não pôde colocar o arqueiro Tim Krul em campo. O selecionado holandês acabou sendo eliminado na disputa por penalidades. Å David Winner

Getty Images (3), Afp

Fantasmas Holandeses


A FINAL

Triunfo de 1986 Diego Armando Maradona depois da vitória na final contra a Alemanha.

Triunfo de 1990 Lothar Matthäus e a seleção alemã depois da vitória contra a Argentina.

exportados para a Europa, mas também pelo resultado obtido no Mundial. A Argentina se comportou exatamente da forma como se espera de uma grande nação do futebol, sempre mantendo o controle nas partidas e evitando se expor mais que o necessário. Quem poderia se incomodar com o fato de o conceito tático e estratégico do treinador Alejandro Sabella se limitar a expor ao máximo as qualidades de um único jogador? O astro da equipe assumiu, como seria esperado, o papel de principal talento individual da Copa do Mundo. Um jogador capaz de chamar mais

atenção do que qualquer outro no maior palco do futebol mundial. Diferentemente do que ocorreu há quatro anos na África do Sul, Lionel

Messi vem sendo determinante no Brasil 2014. Tudo começou logo na estreia contra a Bósnia e Herzegovina, quando marcou um golaço para

Um novo sentimento de autoestima foi conquistado pela Argentina, que pela primeira vez desde a Itália 1990 ficou entre as quatro melhores do mundo.

Getty Images (2), imago, Ullstein

A HIS T ÓRI A DA S F IN AIS SUÉCIA 1958

INGLATERRA 1966

Brasil 5 x 2 Suécia O garoto prodígio brasileiro

Inglaterra 4 x 2 Alemanha Ocidental (após prorrogação) Gol de Wembley

Os brasileiros viajaram para a Suécia com o objetivo de finalmente conquistar o seu primeiro título mundial. Mas os donos da casa tinham pretensões exatamente iguais. A começar pela camisa: como a camisa da seleção sueca tinha as mesmas cores da camisa canarinho, e a Suécia estava jogando nos seus domínios, os brasileiros, que foram para a Europa sem um segundo uniforme na bagagem, precisaram procurar às pressas camisas azuis. Apesar do novo jogo de camisas, os craques brasileiros acabaram levando a melhor. Um dos motivos foi o fantástico talento em ascensão do garoto Pelé, que tinha apenas 17 anos, mas marcou dois gols na vitória fulminante por 5 a 2. Em meio a lágrimas, a Seleção comemorou o seu primeiro título de Copa do Mundo.

A final entre Inglaterra e Alemanha terminou empatada em 2 a 2 após 90 minutos. Aos 11 minutos do primeiro tempo de prorrogação, aconteceu talvez o lance mais polêmico da história da Copa do Mundo: depois de um chute de Geoff Hurst, a bola acertou o travessão alemão e pingou atrás do goleiro alemão Tilkowski. Mas a bola cruzou a linha ou não? Depois de uma rápida conversa com o seu assistente Tofik Bakhramov, o árbitro suíço Gottfried Dienst validou o gol. O tento entrou para a história como o “gol de Wembley”. No final, os ingleses venceram por 4 a 2. T H E F I FA W E E K LY

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Š 2014 adidas AG. adidas, the 3-Bars logo and the 3-Stripes mark are registered trademarks of the adidas Group.

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A FINAL

garantir a vitória do seu país, a qual em nenhum momento ficou ameaçada. No segundo jogo, quando os iranianos estavam fazendo tudo para dificultar a vida dos argentinos, Messi teve um lampejo de genialidade e deu os três pontos à Argentina pouco antes do apito final. Contra a Nigéria ele balançou as redes duas vezes, e o gol da vitória contra a Suíça nas oitavas de final aconteceu graças a uma jogada sua, assim como o gol da classificação nas quartas de final contra a Bélgica. O resto da equipe sabia que devia abrir caminho para o craque. E assim foi, começando por Angel di María, que brilhou na última temporada pelo Real Madrid, conquistando o título da Liga dos Campeões da UEFA, mas soube ser humilde para reconhecer a liderança de Messi. Gonzalo Higuaín, que em 2013 se transferiu do Real para o Napoli, também agradeceu pela genialidade do seu capitão, assim como Ezequiel Lavezzi, Rodrigo Palacio e Sergio Agüero. A categoria de Messi está acima de tudo e foi ela que impediu que os argentinos começassem a se lamentar pelas contusões de Di María e Agüero. Obviamente, Messi fez as suas habituais pausas no intervalo das partidas, mas tirando isso não parou de driblar, cruzar e chutar com alegria e garra que nunca antes tinha mostrado em um Mundial. “Quando Lionel está com a bola nas proximidades da área adversária, ele pode causar grandes danos”, afirmou o treinador Alejandro Sabella. Ninguém pode contestar tal afirmação, seja do lado dos adversários ou do lado dos argentinos. Em uma semifinal pouco espetacular contra a Holanda, é verdade que Messi não conseguiu se destacar. Mas foi o jogador de 27 anos que, depois de 120 minutos, converteu a primeira cobrança de pênalti e colocou o seu país à frente do marcador, dando uma importante contribuição para a vitória. Å

Tr a u m a d a m a r c a d e c a l

Tudo bem novamente Há muito que Roberto Baggio deixou para trás o trauma de Pasadena (1994).

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urante 16 anos Roberto Baggio tentou entender como ele pôde desperdiçar o pênalti decisivo da final da Copa do Mundo da FIFA 1994. Mas enfim ele conseguiu. Em 2010, ele deu uma curiosa explicação em um programa de tevê brasileiro. “Foi o Ayrton Senna que desviou o meu chute para o céu.” Na época, a Seleção de fato dedicou o título mundial ao antológico piloto de Fórmula 1, que poucas semanas antes do Mundial morrera em um acidente nas pistas. Baggio chegou a essa conclusão sobrenatural especialmente pela forma como ele desperdiçou o pênalti, chutado por cima do travessão. “Normalmente, chuto colocado, e não com força”, afirmou ele com lágrimas nos olhos depois da final perdida. “Em toda a minha vida nunca chutei um pênalti no alto. Mas naquele momento eu já estava esgotado e sem forças, a minha cabeça tinha perdido o controle sobre as pernas.” No final, apenas 11 metros separaram Baggio, um dos maiores jogadores italianos de todos os tempos,

do seu grande objetivo. Com cinco gols em apenas três jogos, ele havia conduzido a Itália praticamente sozinho até a decisão, mas então a sua atuação não repetiu o mesmo brilhantismo. Apenas na Copa do Mundo da FIFA 1998 o craque conseguiu deixar definitivamente para trás o trauma de Pasadena. Paris, 4 de julho, quartas de final contra a França. Depois de 120 minutos sem gols, a partida foi novamente decidida nos pênaltis. Dessa vez, Baggio foi o primeiro a cobrar e mandou a bola no fundo das redes de Barthez. Naquele momento, a tranquilidade voltou ao coração do camisa 10, ainda que o sentimento de vergonha reapareça de vez em quando, por exemplo, em uma propaganda de cerveja exibida antes da Copa do Mundo no Brasil, na qual foi feita uma representação do chute errado de 20 anos atrás. Å Luigi Garlando

Getty Images (2), corbis

A HIS T ÓRI A DA S F IN AIS EUA 1994

COREIA DO SUL/JAPÃO 2002

Brasil 0 x 0 Itália (3 x 2 após ­c obranças de pênaltis) O céu sobre Los Angeles

Alemanha 0 x 2 Brasil Ronaldo supera o “Titã”

No famoso Estádio Rose Bowl em Pasadena, subúrbio de Los Angeles, foi disputada uma das mais longas finais da Copa do Mundo. Em um jogo cansativo, os jogadores esperaram em vão durante 120 minutos por um gol. Na disputa por pênaltis, dois renomados jogadores italianos desperdiçaram as suas cobranças. O primeiro foi ninguém menos que o zagueiro Franco Baresi. Em seguida, a penalidade decisiva foi cobrada pelo grande astro Roberto Baggio. A bola chutada pelo craque voou pelo alto dos céus de Los Angeles.

Alemanha e Brasil se enfrentaram pela primeira vez em uma Copa do Mundo justamente na decisão da edição de 2002. E o final foi feliz para os brasileiros. A derrota se iniciou com uma falha justamente do brilhante goleiro Oliver Kahn. O “Titã”, como ele é conhecido na Alemanha, não conseguiu segurar um chute de Rivaldo, e no rebote Ronaldo abriu o placar. Mais tarde, o “Fenômeno” balançou as redes novamente e garantiu o pentacampeonato mundial para a seleção brasileira. Mesmo com a derrota e com o seu erro, Kahn foi eleito o melhor jogador do torneio. Foi a primeira vez em que a honra coube a um goleiro. T H E F I FA W E E K LY

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CONCENTR AÇÃO

Tudo acabou Dois torcedores brasileiros durante a semifinal contra a Alemanha.

O fim do sonho Thomas Renggli escreve para a FIFA Weekly.

O céu de Belo Horizonte é como um oceano. Ele alterna as suas tonalidades e cores quase no ritmo do bater das ondas. No início da noite de terça-feira, as nuvens pairavam sobre o Estádio Mineirão como uma camada de algodão acinzentado. Mas havia algumas aberturas que deixavam entrever o céu azul, como se fosse um presságio dos deuses do futebol: um raio de luz sobre a Seleção! No fim das contas, não passava de uma alucinação. Quando o narrador anunciou a escalação da equipe, o nome de cada jogador brasileiro foi comemorado freneticamente — mas o barulho chegou ao seu nível máximo por causa de um ausente: Neeeymaaar, Neeeymaar, Neeeymaaar. O pedido de 60 mil torcedores para a sua 14

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Seleção não deixava dúvidas: joguem por Neymar, lutem por Neymar, vençam por Neymar! Jogadores e torcedores cantaram o Hino Nacional com um ímpeto ensurdecedor no entardecer. O goleiro Julio César e o capitão David Luiz levantaram com olhar desafiador a camisa de Neymar. O número 10 está vivo! A centelha da euforia estava acesa. Nos primeiros minutos, os brasileiros partiram para cima do adversário como se estivessem pegando fogo de tanta garra. Mas foi uma correria cega direta para a ruína. Do outro lado a Alemanha esperava com um potente extintor de incêndio. Aos 11 minutos de partida, Thomas Müller esfriou nitidamente os ânimos ao marcar o primeiro gol do dia. Entre os 23 e os 29 minutos, todas as barragens se romperam de vez. Os gols saíram quase a cada minuto. Em pouco tempo, a Alemanha abriu 5 a 0 contra o Brasil. O placar final foi 7 a 1 — nem no tênis é possível perder por um placar tão elástico. Tudo aconteceu tão de repente e de modo tão surpreendente que os torcedores demoraram para começar a chorar. Porque lágrima nenhu-

ma brota com tanta rapidez. Olhares de incredulidade, rostos perplexos. E do outro lado, os alemães presentes entoavam gritos como: “Super Alemanha”, “Oh, mas que bonito” e “Final, final, final”. Foi como se interrompessem o Carnaval depois de apenas cinco minutos de festa — e em vez disso começassem a celebrar a Oktoberfest. O Brasil jogava em busca de nada menos que o Hexa. Agora, sobraram uma grande consternação e a perspectiva amarga do prêmio de consolação. Para o orgulhoso país do futebol, a disputa da terceira colocação é uma verdadeira punição. Na terra do futebol arte e dos mágicos do drible qualquer troféu ou medalha de bronze pode ir direto para o ferro-velho. “O Brasil é futebol, o futebol é Brasil.” Quem acompanhou a Copa do Mundo “in loco” nas últimas semanas não questiona esta declaração do presidente Blatter. Quando a Seleção entra em campo, todo o país prende a respiração. A vida pública para de funcionar. O Brasil oscila entre o êxtase total e um colapso

Marcos Brindicci / Reuters

Brasil


CONCENTR AÇÃO

nervoso. É como se um véu verde e amarelo cobrisse toda a nação. Todos vestem as camisas dos seus ídolos: homens, mulheres, crianças e até os cachorros são envoltos com a camisa canarinho. “Quando a nossa Seleção joga, todo o Brasil vibra junto com ela”, afirmou Maria Liva de Sousa. No dia a dia, o futebol não é importante para ela, mas quando o selecionado brasileiro entra em campo o dia a dia de todos fica obscurecido. Como os seus compatriotas, Maria também ficou a um passo de um ataque dos nervos na decisão por pênaltis contra o Chile. “Nesse momento, 200 milhões de brasileiros sentiram a mesma coisa — é difícil imaginar quanta energia estava no ar.” E todos precisam de energia. O caminho do Brasil no torneio não foi nenhum passeio no parque, e sim uma espécie de montanha-russa das emoções. Com a vitória dramática nos pênaltis contra os chilenos, o Brasil garantiu a classificação para as quartas de final contra a

Fora O suspenso Thiago Silva (d.) consola o companheiro David Luiz após o desastre dos 7 a 1.

“Foi como se interrompessem o Carnaval depois de apenas cinco minutos de festa — e em vez disso começassem a celebrar a Oktoberfest.” Colômbia, quando todo o país sofreu um duro golpe do destino. O grito de comemoração ficou preso na garganta de todos os brasileiros, já que a vitória nas quartas veio acompanhada da lesão do brilhante atacante Neymar. Até mesmo Pelé havia falado sobre o quanto a Seleção dependia do jovem craque antes da Copa do Mundo: “Toda a pressão está sobre o Neymar. Ele é o cara que precisa levar a Sele-

ção ao título.” Será que a presença de Neymar poderia ter evitado o fiasco contra a Alemanha? É uma pergunta difícil de responder, assim como outra questão que surgiu depois do 7 a 1. A goleada foi ainda pior que a derrota por 2 a 1 contra o Uruguai em 1950? O Maracanaço desta vez aconteceu em Belo Horizonte? Claro está que o Brasil viveu uma total decepção futebolística na terça-feira — com um total de 200 milhões de pessoas desapontadas. Å Disputa do bronze Brasil x Holanda (12 de julho, Brasília)

Niederlande

De azarões a candidatos Andrew Warshaw é redator da Inside World Football.

Adrian Dennis / A fp

Quando a Holanda de Louis van Gaal viajou ao Brasil, muitos a consideravam apenas a terceira força do Grupo B, atrás de Espanha e Chile. Todos sabiam que a equipe possuía dois homens decisivos, como Arjen Robben e Robin van Persie, além de Daley Blind, que provara no Campeonato Holandês que vinha da mesma linhagem de craques do seu pai, Danny. Mas será que eles teriam união suficiente para ir longe na Copa do Mundo? Não demorou tanto para a resposta ficar clara. A goleada por 5 a 1 sobre a campeã mundial Espanha na estreia (marcada pelo histórico gol em que Van Persie encobre Casillas de peixinho) já os T H E F I FA W E E K LY

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Copa do Mundo da FIFA™. É onde todos querem estar.


CONCENTR AÇÃO

fez ganhar a admiração dos mais céticos. E os holandeses, vestidos com o seu tradicional uniforme laranja, passaram de zebra a verdadeiros candidatos ao título mundial. O perigo, claro, era a possibilidade de eles terem atingido o auge cedo demais. Foi assim com a Dinamarca em 1986: a equipe massacrou o Uruguai por 6 a 1 na fase de grupos com um futebol espetacular, mas caiu nas oitavas de final. Van Gaal garantiu que isso não aconteceria com a sua seleção, mas jogar um belo futebol não assegura avanços de fase em uma Copa do Mundo. E raramente se consegue se chegar longe sem uma boa dose de sorte. Ou, melhor ainda, sem um treinador inteligente.

Em termos de apostas e riscos calculados, poucos técnicos foram tão corajosos — ou imprudentes, diriam alguns. Mas Van Gaal gosta de correr riscos e colocar a sua reputação sempre em jogo. Esta não foi nem de longe a primeira aposta arriscada que ele fez na carreira. Louis van Gaal sempre foi adepto do esquema 4-3-3, esquema semelhante àquele empregado pelo grande time de Johan Cruyff em meados dos anos 1970. Foi esse o esquema que a Holanda utilizou durante as eliminatórias para o Brasil 2014, mas Van Gaal mostrou que não é um técnico

avesso a mudanças: no Mundial, utilizou diversas formações diferentes, incluindo o 5-3-2 e o 3-5-2, e até mesmo efetuou trocas de formação no decorrer de alguns jogos. Nem tudo funcionou, claro. Contra a Austrália, houve um pouco de complacência (velho problema holandês), a defesa por vezes demonstrou ser inexperiente, enquanto craques como Robben deixaram um tanto a desejar. Mas essas pequenas falhas não diminuem a grande campanha holandesa. No papel, certamente já houve seleções melhores, embora poucas delas tenham feito o país acreditar tanto que o título seja possível. Quando o fim de semana acabar, Van Gaal assumirá o Manchester United. O ganho do clube inglês será, certamente, uma grande perda para a Holanda. Na pouco espetacular semifinal contra a Argentina, o treinador deixou o seu goleiro titular Jasper Cillessen em campo até o final. Mas no fim o herói do dia foi o arqueiro argentino Sergio Romero, que defendeu dois pênaltis e acabou com o sonho holandês de fazer a final contra a Alemanha. Å

Xinhua

A boa sorte veio em duas ocasiões. A primeira foi diante do México, que estava a dois minutos de eliminar a Holanda da Copa do Mundo. A outra foi na desgastante partida de quartas de final, contra a incansável Costa Rica, que teve negado a seu favor um pênalti claro que poderia ter mudado o curso do confronto. Não mudou,

claro, mas trouxe algo a mais: a substituição mais surpreendente da história da Copa do Mundo. Ela ocorreu aos 15 minutos do segundo tempo da prorrogação, quando Van Gaal chamou o goleiro reserva Tim Krul especificamente para a decisão por pênaltis. O goleiro do Newcastle acertou o canto de todas as cobranças da Costa Rica e foi decisivo, defendendo a segunda e a quinta batidas da equipe centro-americana, garantindo o seu lugar na história dos grandes momentos da Copa do Mundo.

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DEBAT E

Uma festa inesquecível A Copa do Mundo se aproxima do seu fim. O povo brasileiro fez com que a Copa fosse uma festa inesquecível — contrariando as expectativas de alguns.

Clima de festa Torcedores comemoram em um pátio interno de Manaus a vitória por 3 a 1 da Seleção na partida de abertura contra a Croácia.

O

pinião pública e opinião publicada nem sempre são a mesma coisa. Um exemplo disso pôde ser visto desde antes da Copa do Mundo no Brasil, onde as pessoas saíram as ruas em manifestações para dar vazão às suas insatisfações. Embora as insatisfações fossem relacionadas a questões políticas do próprio país, com frequência a mídia as noticiou como uma recusa dos brasileiros de organizar o Mundial no país. Mas isso estava errado. Muito antes do pontapé inicial da Copa do Mundo 2014 a FIFA tinha deixado de ser tratada como um bode expiatório, e o clima do povo brasileiro durante o torneio foi sensacional. O Mundial foi uma enorme festa colorida das nações, e o país pentacampeão se mostrou um anfitrião digno também pelo alto nível técnico do torneio, com um impressionante espetáculo futebolístico. Ago18

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ra, restam duas partidas, a disputa do bronze e a final. O mundo observou com alegria a emocionante fase de grupos e a dramática fase de mata-mata, na qual com frequência a decisão foi para os pênaltis. E agora todos estão aguardando em meio a alegria e tensão os dois últimos jogos, especialmente a final. No mesmo dia do 64º Congresso da FIFA no começo de junho, pouco antes do início da Copa do Mundo, quem andasse por São Paulo certamente poderia perceber que as manifestações, que giravam principalmente em torno da situação do transporte público, mais exatamente do metrô, não irromperiam durante a Copa do Mundo — e que os brasileiros sabiam muito bem que as suas críticas sobre as circunstâncias políticas não poderiam decorrer de uma entidade esportiva internacional como a FIFA. E a esta altura o pressentimento se confirmou. A Copa do Mundo não foi explorada pelo

povo para a realização de manifestações. Resta saber se a opinião publicada em toda parte terá uma capacidade similar de diferenciar os fatos. Mas a Copa do Mundo de 2014 certamente ficará como uma boa lembrança na memória tanto dos brasileiros quanto das pessoas de todos os continentes. Å

O debate da Weekly. Algum assunto tira o seu sono? Qual tema você gostaria de debater? Envie sugestões para: feedback-theweekly@fifa.org

Martin Mejia / AP / Keystone

Perikles Monioudis, Rio de Janeiro


DEBAT E

MENSAGEM DO PRESIDENTE

A opinião dos usuários do FIFA.com sobre o Mundial: Primeiro, foi a Espanha, que continuou jogando o tiki-taka e acabou castigada por isso. Depois, o Brasil e a tentativa de impor o “jogo bonito” – igualmente punido. Este Mundial mostrou que as equipes com estratégias agressivas e ofensivas são as vencedoras. O treinador da Alemanha, Jogi Löw vinha sendo criticado por ter criado um novo estilo. Agora, todos têm a certeza de que ele estava mais do que correto. 52Catania, Austrália

Não me lembro de ter visto uma Copa do Mundo da FIFA tão sensacional como esta! Muitos gols, várias surpresas. É triste que os anfitriões não tenham conseguido chegar à final, mas espero que os torcedores brasileiros consigam superar esse trauma e que a Seleção possa brilhar novamente daqui a quatro anos. Siri56, Suécia

Melhoras, Neymar! Mandeey, Alemanha

Todo time dá o máximo que pode, todos querem vencer. Infelizmente, este não foi o ano dos brasileiros! Deem descanso aos jogadores! Eles não foram desclassificados da mesma maneira que os asiáticos ou que a Espanha. Eles conseguiram chegar até a semifinal. Devem ficar orgulhosos do que ainda possuem: o Brasil continua sendo a única seleção pentacampeã mundial. A amarelinha tem história, alma e obstinação. São poucos os países que podem afirmar possuir o mesmo. footballtree, China

Parabéns para o Klose! De verdade: foi de tirar o chapéu! Desejo a vocês o melhor na final! Vamos, Alemanha!!! robert.ac, Líbano

A Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014 foi (e está sendo) incrível. As melhores lembranças serão as da seleção da Colômbia, com James Rodríguez como o herói dos heróis. Tenho um pouco de receio do que virá depois, do grande vazio, da crise. Mas, como se diz por aí, depois da Copa é antes da Copa.

Obrigado, Brasil

Paulito22, Cuba

“Ainda sinto o choque profundamente. Simplesmente não dá para acreditar no que se passou” Ainda sinto o choque profundamente. Simplesmente não dá para acreditar no que se passou nessa semifinal histórica. Acho que nunca mais vou conseguir recordar este torneio com felicidade e paixão. Após essa goleada por 7 a 1, a incredulidade e frustração irão acompanhar os últimos dias deste Mundial, que começou com tanta esperança. A própria disputa de terceiro lugar já é uma espécie de humilhação. crystal27, Brasil

D

uas partidas nos separam do fim deste Mundial. Dois espetáculos, cheios de paixão e drama. O que vivenciamos no Brasil nas últimas quatro semanas superou qualquer expectativa. Ou melhor: destruiu qualquer preconceito e pessimismo. A mídia havia previsto um cenário de horror – caos, manifestações e estádios incompletos. Segundo quem acreditava nisso, o Brasil não era capaz de controlar a competição e manter as adversidades fora do espetáculo. Mas acabou acontecendo exatamente o contrário. Estive em todas as sedes, assisti a quase 20 partidas no estádio e me encantei com o grande futebol praticado e com a atmosfera fascinante. Depois que soou o primeiro apito, em 12 de junho, o futebol tomou as rédeas e não devolveu mais. O Mundial no Brasil foi (e é) uma grande festa. Uma festa do futebol entre Copacabana e Maracanã, entre Manaus, no calor tropical do Norte, e Porto Alegre, nas temperaturas quase europeias do sul do Brasil. A Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014 também foi a Copa dos grandes craques: Messi, Robben, James, Thomas Müller e Neymar, o herói trágico. Destaco uma cena em especial, quando o zagueiro David Luiz levou o adversário colombiano James Rodríguez nos braços, oferecendo, quase que como desculpa, trocar a sua camisa. Nesse momento, David pensava, “é uma pena que James, esse grande atleta, tenha de voltar para casa e não possa mais disputar o título”. Com isso, o brasileiro transmitiu, para todo o mundo, a mensagem mais importante do futebol: o nosso esporte deve destruir barreiras, gerar integração e fomentar o fair play. E nunca criar diferenças, nem mesmo ­entre adversários. Obrigado, David Luiz – e obrigado, Brasil.

“Como se diz por aí: depois da Copa é antes da Copa.” Sepp Blatter T H E F I FA W E E K LY

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Primeiro amor

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T H E F I FA W E E K LY


Loca l: Windhoek, Namibia Data: 15 de outubro de 2010 Hora: 11h15

Photograph by Levon Biss with support from Umbro

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Conectando todos os fãs do jogo Faça novos amigos e compartilhe paixões a bordo do lounge do A380 da Emirates.

#AllTimeGreats youtube.com/emirates

Hello Tomorrow


PEQUENO S MOMEN T O S DA C OPA DO MUNDO

O

s franceses são conhecidos pelo seu futebol vistoso — e também pela sua fantástica culinária. Os campeões mundiais de 1998 viajaram para o Brasil 2014 sem o astro Franck Ribéry e foram eliminados nas quartas de final. Mas os franceses — toda a equipe e também os seus torcedores — têm o consolo de continuar desfrutando da cozinha francesa, cuja leveza é praticamente insuperável mesmo quando quem está no fogão não é um “chef” do porte de Paul Bocuse. A França e os seus cozinheiros são algo inseparável, tanto que o chapéu de cozinheiro se tornou um sinal característico do país — e o chefe de cozinha de avental azul, branco e vermelho há muito tempo se tornou uma espécie de emblema da França. Na derrota por 1 a 0 da França contra a Alemanha no Estádio do Maracanã, as câmeras de televisão captaram em um dado momento um cozinheiro francês entre os torcedores. Muito provavelmente nem se tratava de um cozinheiro de verdade, mas o seu traje fazia com que fosse reconhecido como tal — e isso ficou claro pelo grito de uma garotinha diante da TV: “Olha, tem até um cozinheiro no estádio!” Å Perikles Monioudis

A

mensagem pelo celular chegou durante a segunda cerveja: “Você viu? Que começo dos alemães! Estou impressionado.” O amigo italiano claramente havia conseguido digerir a derrota da Squadra Azzurra. Finalmente. Depois de dias de zombaria de todos os lados, afinal, “em uma Copa do Mundo é preciso saber conviver com a satisfação dos outros e com o sofrimento alheio”. Por outro lado, é um bom momento para desfrutar do futebol observando de uma posição neutra. Na sua próxima mensagem, o placar estava 2 a 0: “É o melhor jogo que já vi!” O melhor? Ah, sim. Eu havia me esquecido. O Brasil é um antigo rival da Itália. Ou ele se referiu aos alemães? A sua euforia continuou. Quando Kroos marcou 3 a 0, ele escreveu: “É a semifinal do século!” Sem dúvidas. Mas e se saírem ainda mais gols? Como ele fará para escrever algo ainda mais entusiasmado na próxima mensagem? Mais um gol de Kroos e o placar ficou 4 a 0. Ele digitou: “Já posso ir para a cama.” Depois do quinto e sexto gols, de fato o celular permaneceu silencioso. Assim como no último gol alemão e no gol de honra brasileiro. No apito final, chegou mais um SMS. Era uma mensagem sem texto, apenas com um vídeo curto. O filme mostrava um aspirador alemão que sugava uma bandeira do Brasil. Å Alan Schweingruber

D

uas vezes o som, que ficará nos ouvidos mesmo após o término da edição mais incrível, barulhenta e intensa da Copa do Mundo da FIFA de todos os tempos: o ressoar dos estádios, que preenche as arenas acústica e atmosfericamente a tal ponto que nenhum presente consegue esquecer o ruído. Sejam os hinos de Brasil e Chile, cantados a capela, os gritos de comemoração em gols ou vitórias a todos os pulmões, ou os cânticos da torcida brasileira, sempre entonando a frase “eu sou brasileiro”: as torcidas embalaram os protagonistas em jogos que, em várias ocasiões, foram espetáculos de emoção. O ressoar dos estádios foi, durante os jogos do Mundial, uma espécie de fonte de energia para as equipes. Como nunca antes, o “12º jogador” deu o tom deste Mundial. Foi um grande espetáculo, capaz de ser ouvido por todos e livre dos ruídos solitários de estraga-prazeres. Å

Roland Zorn

É

comum ouvirmos alguém dizer que o futebol é cheio de altos e baixos. Mas ninguém testemunhou isso melhor que Maria Eduarda Silva. A estudante de filosofia de 22 anos do Rio de Janeiro poderia facilmente trabalhar como modelo — pelo menos essa é a avaliação que fazemos a meia distância. Mas ela preferiu um trabalho na organização da Copa do Mundo. Maria Eduarda é a ascensorista do setor de mídia do Estádio do Maracanã — que leva do ­centro de imprensa no térreo para as arquibancadas do quinto andar. Ela não chegou a contar com que frequência vai para cima e para baixo no elevador por dia. Mas com um tempo de ­v iagem de 30 segundos e um expediente de oito horas, teoricamente poderia percorrer o trajeto até 900 vezes. Ela não precisa se comunicar muito no seu trabalho, até porque em um ­ ­elevador existe uma “linguagem” universal: o silêncio. Via de regra, ela não assiste nada dos jogos — com uma exceção: quando a Seleção ­entra em campo, Maria procura uma televisão para não perder nada. Afinal, quem resolver ­andar de elevador em um momento tão importante que se vire com os botões — e que tome cuidado sozinho para não ficar preso. Å Thomas Renggli T H E F I FA W E E K LY

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FE S T IVAL FOO T BALL FOR HOPE

Só a Copa é mais bela Para 192 jovens de 27 países, um sonho vira realidade com a viagem para o Festival Football for Hope, no Rio de Janeiro. Alan Schweingruber (texto) e Gustavo Pellizzon (fotos), do Rio de Janeiro

N

o Brasil, os pernilongos são uma chateação à parte. Silenciosos, pequenos e quase invisíveis, se aproximam assim que uma gota de suor aparece na testa da vítima. Voam irritantemente em círculos ao redor do alvo, depois pousam na região dos joelhos ou do tornozelo e iniciam o banquete. Se a picada passa quase despercebida, o comichão continua por dois dias. E, mesmo se coçar com cuidado, o inchaço é inevitável. No Rio de Janeiro, não existe nenhum lugar onde é possível ficar livre dos insetos. Nessa tarde no Caju, bairro ao norte do Maracanã, os pernilongos continuam procurando as suas vítimas e as encontram em uma pequena quadra perto de uma escola. Lá, um grupo de adolescentes joga futebol – cinco contra cinco. Alguns deles vestem shorts com a insígnia do “Football for Hope”. No casaco de um deles, a frase: “You may say, I’m a d ­ reamer –

De mãos dadas Um tipo diferente de treinamento.

O QUE É O FOOTBALL FOR HOPE?

Dança É preciso ter coragem na comunicação não verbal. 24

T H E F I FA W E E K LY

Desde o seu lançamento, em 2005, o Football for Hope já apoiou 426 projetos comunitários em 78 países que usam o futebol como ferramenta para a educação de jovens em questões sociais como a desigualdade de gêneros e a Aids. Em 2014, essa iniciativa da FIFA está apoiando, em todo o mundo, 108 programas comunitários baseados no futebol, dos quais 26 vêm sendo imple mentados no Brasil. O Football for Hope é realizado a cada quatro anos, no país-sede da Copa do Mundo da FIFA, e inclui uma competição de futebol com a duração de quatro dias. Este ano, 32 delegações foram selecionadas, trazendo 192 jovens de 15 a 18 anos em grupos de seis (três rapazes e três garotas) ao Rio de Janeiro.


FE S T IVAL FOO T BALL FOR HOPE

Fim de tarde no Caju Um grupo se prepara para os treinos.

But I am not the only one” [Você pode dizer que sou um sonhador – mas eu não sou o único]. É a letra da maravilhosa canção de John Lennon, gravada em 1971. Aqui, no Caju, 192 jovens vivem um sonho. Eles participam do festival, realizado durante dez dias no Rio, paralelamente à grande final da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014. De 27 países diferentes, todos têm entre 15 e 18 anos e viajaram a convite a FIFA para a capital fluminense. Os adolescentes tímidos da Índia Enquanto brinca e se socializa, a maioria dos adolescentes tenta afastar com as mãos os insetos que infestam até mesmo os arredores do campo de futebol, ao lado de uma área asfaltada com vários aparelhos de ginástica e pesos ao ar livre. Apesar disso, os rostos dos jovens estão radiantes com tamanha satisfação. Reina a harmonia. Um grupo de indianos e indianas se junta a um grupo de jovens africanos.

Os adolescentes se comunicam de forma não verbal. Mesmo assim, eles parecem estar se entendendo.

Sem um idioma em comum, eles resolvem se comunicar de forma não verbal. Mesmo assim, parecem estar se entendendo bem. Os jovens empurram uns aos outros e riem. “No começo do festival, os jovens indianos estavam bem tímidos”, conta uma monitora brasileira, com vinte e poucos anos. “Eu estava um pouco cética. Parecia que eles não estavam se sentindo bem. Aí, então, eles se abriram de uma hora para a outra.” Ela aponta para o campo. “Isso não é fantástico? Por isso que eu amo o festival.“ Football for Hope: o próprio nome do projeto evoca o futebol. Porém, as organizações comunitárias perseguem, em princípio, outros objetivos: adolescentes do Laos aprendem sobre os perigos das diversas minas terrestres; jovens africanos se informam sobre como e vitar o vírus da Aids; são abordados os ­ ­problemas da falta de moradia. No trabalho de formação, o futebol assume uma posição T H E F I FA W E E K LY

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FOO T BALL FOR HOPE FE S T IVAL s­ ecundária, apesar de fundamental, pois, com seus craques e princípios, ele pode ajudar a tirar os jovens, de forma esportiva, das condições desfavoráveis nas quais eles vivem. A grande visita ao Maracanã É incrível o tanto que a integração e a troca de experiências dão certo no alojamento do Caju. Em treinamentos sem a bola, os jovens devem se entender cantando e dançando. Para isso, é necessário ter coragem e o incentivo dos “mediadores” mais experientes, que batem palmas e motivam os pupilos. Um adolescente de 15 anos, com óculos escuros e um boné de beisebol de Bruno Mars, sorri com timidez. À tarde, esses acessórios serão de bom uso no calor do estádio. Na semifinal entre Alemanha e França, no Maracanã, toda a delegação estará presente. E esse é o ponto alto do festival: a grande visita ao Maracanã. África! Um jovem apresenta a sua dança.

É preciso ter coragem. E o incentivo dos “mediadores” mais experientes. Botsuana, Brasil, EUA Jovens de todo o mundo têm a oportunidade de se conhecer.

No interior do centro de treinamento, a temperatura é amena. O ar condicionado possibilita que os organizadores do projeto trabalhem em paz, longe da impiedosa umidade que reina do lado de fora. O calendário de jogos e o plano de tarefas estão pregados na parede com fita crepe, enquanto, no canto, há um quadro branco com as regras básicas do futebol. No torneio de quatro dias, o fair play é o critério mais importante. Ou seja, quem ganhar o maior número de pontos não necessariamente se sagrará campeão. O comportamento dos jogadores em campo também é avaliado. Eles precisam resolver todas as situações de maneira autônoma, pois não há árbitros.

Extrovertida Uma monitora anima os jovens no seu grupo. 26

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Sete milhões de dólares investidos Anualmente, a FIFA investe sete milhões de dólares no projeto Football for Hope. Já o evento, assim como a Copa do Mundo,


FE S T IVAL FOO T BALL FOR HOPE ­ contece a cada quatro anos. Obviamente, a garotos e garotas também querem se conhecer, à noite, durante o festival. Refeições são feitas coletivamente e, depois, eles assistem a um show particular: cada delegação faz uma pequena apresentação sobre o seu país. Naturalmente, as noites são uma das partes preferidas do festival, uma oportunidade para se conhecer o folclore de todos os sete continentes. Nesse quesito, poucos programas culturais são capazes de competir com o Football for Hope. Os cães ladram pelas ruas do Caju. Um ônibus espera em frente ao local dos treinos, com o motor ligado. Cansada, uma garota da África do Sul entra no veículo e encontra um assento vago ao lado de um adolescente europeu. ­Enquanto o ônibus arranca, devagar, em direção ao hotel, ambos acenam da janela. Å Habilidade Estilo combina com os dribles.

Intercâmbio Cada delegação leva três rapazes e três garotas.

FOOTBALL FOR HOPE Fundamentos A FIFA já investiu 32 milhões de dólares na iniciativa Football for Hope. O programa se baseia nos seus festivais e também nos ­s eguintes pilares: Programa de apoio Suporte financeiro anual e fornecimento de equipamentos para organizações selecionadas. Promoção do conhecimento Cursos nas áreas de mídia, treinamento de futebol e gerenciamento de projeto. Fórum Reunião dos especialistas do setor de desenvolvimento social África do Sul 2010 A iniciativa “20 Centros para 2010” foi um programa social oficial da Copa do Mundo na África do Sul. No total foram construídos 20 centros de futebol, saúde e educação em todo o continente africano.

Pausa Aqui e agora. T H E F I FA W E E K LY

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Football for Hope Festival 2014 Caju, Rio de Janeiro De 7 a 10 de julho de 2014 32 times mistos formados por jovens líderes de todo o mundo Performances musicais, artísticas e culturais Entrada gratuita. Venha torcer pelo Caju e

pelos outros times!

Vila Olímpica Mané Garrincha Rua Carlos Seixa Caju, Rio de Janeiro.

FIFA.com/festival

O Festival Football for Hope é um evento oficial da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014™. O Brasil irá reunir 32 times formados por jovens líderes de projetos em comunidades carentes em todo o mundo, dando a eles a oportunidade de compartilhar melhores práticas, jogar futebol e vivenciar a Copa do Mundo da FIFA juntos.


11 D A F I F A

TIRO LIVRE

Os Mundiais com maior número de cartões amarelos

O estádio voador Thomas Renggli

R

io de Janeiro, Aeroporto do Galeão, Terminal 2. Pouco antes do nascer do sol. Os torcedores ingleses afogam preventivamente as mágoas pela próxima derrota com uma cerveja no café da manhã — e escovam os dentes com um gole de cachaça. Os seus companheiros de sofrimento ainda não estão recuperados do ­ ­resultado negativo contra o Chile. Um francês perambula pelos corredores com um traje de super-homem. Será que ele acha que é Carnaval? Na lanchonete, um alemão transformou a única mesa na sua cama particular. Quatro canadenses em roupas da Polícia Montada marcham em passos firmes pela passagem. É possível que eles tenham confundido o torneio? Ou até a modalidade esportiva? O ar cheira a produtos de limpeza, vapor de cerveja e óleo de fritura. Uma manhã (quase) como qualquer outra no Brasil. A Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014 não está sendo realizada apenas em 12 estádios e um país, que é maior que a Austrália, por exemplo, mas também nos saguões de embarque, desembarque e espera dos aeroportos entre Fortaleza e Porto Alegre. Os cerca de 600 mil turistas do futebol se movimentam permanentemente por todo o Brasil. Alguns com sede de aventura vão de carro, enquanto os mais realistas vão de avião. Afinal, todos os caminhos levam a Roma, e não a Manaus. Quem quer ir até a metrópole no centro da floresta tropical por terra precisa aceitar um desvio pela Venezuela. E quem viaja de navio tem de se preparar para um cruzeiro por todo o Rio Amazonas ou então aceitar o ­desconforto de viajar em meio aos contêineres. Ou arrumar o seu próprio barco e ir remando. Ou seja, na prática não existe alternativa para o transporte aéreo. Neste sentido, é preciso lembrar que estamos em outro país, com outros costumes. Isso começa desde o controle de segurança dos aeroportos. Líquidos e lâminas de barbear não despertam suspeitas no entendimento dos brasileiros. A desconfiança só surge se o passageiro está transportando

algum material com o símbolo do Flamengo. Possivelmente, o funcionário do aeroporto deve ser torcedor do Fluminense. Mas as coisas só ficam realmente animadas dentro da aeronave. Afinal, um avião também pode se parecer com um estádio de futebol no Brasil — pelo menos na “Azul”, uma das maiores companhias aéreas do país. A empresa possui a licença (e a tecnologia) para exibir ao vivo os programas de televisão que estão passando. Nas oitavas de final entre EUA e Bélgica, ficou claro como isso é imprescindível. Os europeus venciam por 2 a 1 e os americanos partiram com tudo para o ataque. As cenas seguintes foram dramáticas. Por todo o avião havia gritos de ­“Aaahhh” e “Ooohhh” — um certo desespero no ar que só se vê durante agitadas turbulências ou falha do motor na hora de decolar. A aeronave se dirige para a pista de decolagem, enquanto o jogo segue rolando nas telas. Justamente neste momento, a aeromoça pega o microfone para dar as instruções obrigatórias de segurança. Uma falta grave! As telas ficam pretas. Assobios lancinantes e vaias superam o volume das instruções — como se um zagueiro mal intencionado da equipe visitante tivesse acabado de acertar em cheio o xodó dos donos da casa. Mas a comissária de bordo mostrou a ­frieza de um bom árbitro de futebol na fase decisiva de uma partida tensa. Em tempo ­recorde ela vestiu o colete salva-vidas e deu as suas declarações sobre as máscaras de ­oxigênio. Então, os televisores foram ligados ­novamente. A Bélgica ainda vencia por 2 a 1. Os torcedores — perdão — os passageiros aplaudiram entusiasmados e homenagearam a esforçada aeromoça com uma ola. Os passageiros neutros observavam tudo com um sorriso — e se perguntavam: será que o avião decolaria se o jogo fosse do Brasil? Å

Coluna semanal da redação da FIFA Weekly

1

Copa do Mundo da FIFA Alemanha 2006 307 cartões amarelos

2

Copa do Mundo da FIFA Coreia/Japão 2002 260 cartões amarelos

3

Copa do Mundo da FIFA França 1998 250 cartões amarelos

4

Copa do Mundo da FIFA África do Sul 2010 245 cartões amarelos

5

Copa do Mundo da FIFA Estados Unidos 1994 221 cartões amarelos

6

Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014 172 cartões amarelos

7

Copa do Mundo da FIFA Itália 1990 165 cartões amarelos

8

Copa do Mundo da FIFA México 1986 137 cartões amarelos

9

Copa do Mundo da FIFA Espanha 1982 99 cartões amarelos

10

Copa do Mundo da FIFA Alemanha Ocidental 1974 87 cartões amarelos

11

Copa do Mundo da FIFA Argentina 1978 59 cartões amarelos

Fonte: FIFA (FIFA World Cup, Milestones & ­Superlatives, Statistical Kit, 12/05/2014) T H E F I FA W E E K LY

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A EN T REV IS TA

“A festa da minha vida” Ele foi o símbolo da fábula que a Itália escreveu durante o verão alemão de 2006. Com ele, veio o renascimento de uma nação do futebol. Fabio Grosso saiu do nada e levou a Itália ao tetracampeonato mundial.

direita, o mais reto possível. De fato, o chute não foi tão reto como eu queria originalmente e não acertou o ângulo, mas acabou valendo do jeito que foi (risos).

Fabio Grosso: Claro. No alto, à direita, fora do alcance do goleiro. Isso foi o que eu planejei. Por sorte, não mudei de opinião. Às vezes, em um pênalti, acontece de você mudar de ideia no último momento e chutar a bola em outro lugar.

“Grosso. Si, Grossssooo! Grossssooo!­ ­Grosssssssoooooooo!”, comemorava o narrador da televisão italiana Marco Civoli, com toda a Itália. O que aconteceu logo depois?

E você nem pensou nisso? Não, desde o começo eu sabia: no alto, à 30

T H E F I FA W E E K LY

Não tenho a mínima ideia, só sei que saí correndo. Eu queria abraçar o mundo inteiro e corri como um cavalo que sai em disparada. Eu sabia, eu tinha de ir até o outro gol. Era o

meu objetivo. Lá estava sentada a minha esposa, Jessica – era para onde eu queria ir. Eu só sabia que as pernas doíam, eu não conseguia mais pisar direito, mas tudo o que eu queria era compartilhar aquele momento com a família.

Esse foi o momento mais feliz da sua vida? Na minha de atleta, provavelmente. O Mundial de 2006 ficou marcado por uma série de momentos extraordinários e únicos. Eu poderia citar vários. Porém, se tivesse de resumir todo esse conjunto de emoções em

Shaun Botterill / Getty Imges

Nos últimos dias, foi comemorado mais um aniversário do chute da sua vida. Você tinha certeza, naquela ocasião, de onde deveria bater aquele pênalti decisivo na final do Mundial contra a França?


A EN T REV IS TA

no último minuto da prorrogação, o gol de uma virada sensacional e garantiu a vaga na final. E, na disputa de pênaltis com a França, foi você quem decidiu. Se fosse na Roma antiga, iriam batizar ruas e palácios com o seu nome... Nenhum monumento, nem bustos. Comemoramos, como se não houvesse amanhã, em toda a Itália – eu, particularmente, em Pescara, a minha cidade natal. Foi a festa da minha vida.

Antes daquela Copa, você era conhecido por poucos. Depois de 9 de julho de 2006, toda criança italiana sabia o seu nome. Hoje, você consegue sair na rua sem ser reconhecido? Turim é uma cidade apaixonada por futebol, mas, ao mesmo tempo, bem tranquila e alegre. Fico muito satisfeito quando me abordam na rua para pedir autógrafos. Isso faz parte da minha história e é um privilégio.

Onde você vai assistir à final da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014? Em casa. Talvez venham alguns amigos, mas eu prefiro que seja mais tranquilo.

Como você avalia a desclassificação da Itália? Nome Fabio Grosso Data e local de nascimento 28 de novembro de 1977, em Roma Posição Lateral esquerdo Clubes 2001–04 Perugia 2004–06 Palermo 2006–07 Internazionale 2007–2009 Lyon 2009–2012 Juventus Seleção italiana De 2003 a 2010, 48 jogos, 4 gols Títulos Copa do Mundo da FIFA 2006 Campeoanto Italiano 2006/07, 2011/12 Campeonato Francês 2007/08 Clubes como treinador Desde 2014, sub-21 da Juventus

Após o vice-campeonato na Euro 2012 e a boa campanha na Copa das Confederações 2013, as expectativas eram grandes. Esperávamos que a seleção se saísse melhor, mas uma Copa do Mundo não segue regras, e os detalhes são decisivos. Na verdade, você não pode cometer erros. Praticamente todo jogo é uma final. A Itália cometeu erros, principalmente contra a Costa Rica. E, contra o Uruguai, tudo acabou. Infelizmente.

Atualmente, você está treinando o Primavera, a equipe sub-21 da Juventus de Turim. Você planeja algum dia levantar novamente a taça de campeão mundial como treinador? Sou técnico há pouco tempo e estou tendo as minhas primeiras experiências. Mas eu estaria negando a minha profissão se não pensasse em chegar ao topo também como treinador. Contudo, agora, estou apenas me divertindo treinando os garotos. Å Fabio Grosso conversou com Bernd Fisa.

apenas um episódio, então seria aquele pênalti em Berlim.

Quantas vezes você reviu o gol no YouTube desde então? Poucas vezes. Eu não preciso de YouTube, pois posso recorrer a qualquer hora àquele momento. Eu o guardo na mente, ele é onipresente, está em algum lugar da memória coletiva. Ninguém pode tirá-lo de mim.

Hoje em dia, em tempos de Facebook e Twitter, você teria provavelmente zilhões de

s­ eguidores e pedidos de amizades. Como era isso em 2006? Naquela época, havia os SMSs – e recebi uma quantidade enorme deles. Não tenho nem ideia de quantos. Só sei que, a cada jogo, o número de mensagens só aumentava. No fim, depois da final, o celular acabou desistindo de funcionar.

Você marcou a Copa de 2006 como nenhum outro italiano. Nas oitavas contra a Austrália, foi você quem conseguiu o pênalti que decidiu o jogo. Na semifinal contra a Alemanha, você fez, T H E F I FA W E E K LY

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MÁQUINA DO TEMPO

A

N

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E

S

Guadalajara, México

1970

Getty Images

Papel e caneta 1: Pelé dá autógrafos durante a Copa do Mundo 1970 depois de um treinamento.

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T H E F I FA W E E K LY


MÁQUINA DO TEMPO

A

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O

R

A

Santos, Brasil

2014

Paulo Whitaker / Reuters

Papel e caneta 2: Durante a Copa do Mundo, Celso Borges (Costa Rica) assina o álbum de figurinhas Panini de um torcedor.

T H E F I FA W E E K LY

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HOR A DA VIR ADA

Nome Teófilo Juan Cubillas Arizaga Data e local de nascimento 8 de março de 1949, Lima (Peru) Posição Meio-campista Clubes Alianza Lima, Basel, Porto, FL Strikers, South Miami Sun Seleção peruana 81 partidas, 26 gols

Regime de salada e creme de aquecimento Ele é o único jogador, além dos alemães Miroslav Klose e Thomas Müller, a ter marcado pelo menos cinco gols em duas edições da Copa do Mundo. O peruano Teófilo Cubillas fez história no futebol. E nem um choque térmico nem um regime a base de salada na Suíça impediram essa façanha.

Cris Bouroncle / A fp

O

trampolim para a minha carreira de jogador profissional foi sem dúvidas a Copa do Mundo do México em 1970. O Peru havia se classificado pela primeira vez para um Mundial e podemos até dizer que foi então que muitas pessoas na Europa ouviram falar do nosso país pela primeira vez. Dois dias antes do torneio, a nossa nação foi abalada por um violento terremoto no qual 75 mil pessoas morreram. Por causa da catástrofe não foi fácil nos concentrarmos no esporte. No entanto, fizemos boas atuações e nos classificamos para as quartas de final contra o Brasil. No final, é verdade que perdemos de 4 a 2, mas fomos a única equipe que sofreu dois gols de Pelé e companhia. O torneio abriu as portas do mundo do futebol para mim. Mas mesmo sem o futebol eu não teria ficado sem fazer nada porque cresci em uma família com sete irmãos e os nossos pais davam um grande valor para que todos

terminássemos os estudos. Sempre tive um grande talento para números e me formei como contador. No Peru, joguei apenas pelo Alianza Lima. E talvez eu tivesse ficado para sempre nesse clube se não fosse por um surpreendente ­acontecimento: em 1974 atuei por um combinado sul-americano contra a seleção da Europa em uma partida beneficente na Basileia. ­Marquei dois gols nesse jogo. Depois disso, o empresário suíço Ruedi Reisdorf queria a ­qualquer custo me contratar para o Basel. Eu tinha 24 anos e, como tinha sido eleito o Jogador do Ano da América do Sul, era ­famoso também na Europa. Mas eu não sabia qual era o meu valor financeiramente. Quando questionado quanto era o meu preço, respondi intuitivamente: cem mil dólares. Pouco tempo depois, Reisdorf me telefonou — ele estava em Lima! Ele veio para pagar ao clube os cem mil dólares combinados e para me levar à ­Basileia

imediatamente. Mas eu não queria sair. Então, o presidente do Alianza apareceu para me salvar dessa situação. Sem demora, o meu preço foi elevado para 300 mil dólares. Surpreendentemente, Reisdorf pagou o valor. Pouco depois, eu estava sentado no avião indo para a Suíça. Com isso começou uma grande aventura — foi a segunda hora da virada para mim. Ninguém me acompanhou e eu não sabia falar a língua. Eu morava na casa de ­Reisdorf, que me tratava de modo impressionante, mas só me dava salada para comer — por que supostamente eu precisava viver de modo saudável. Quando cheguei lá, eu pesava 74 quilos. Um mês mais tarde, o meu peso era 64. Mas o que mais me causou problemas foi o frio. Constantemente eu precisava treinar congelado, com malha de lã, gorro e creme de aquecimento no rosto. Por fim, me transferi para o Porto — por 450 mil dólares. Apesar do frio, a Basileia ficou para sempre no meu coração. Ruedi Reisdorf é um homem de caráter. Do lucro que ele teve comigo, recebi exatamente a metade: 75 mil dólares. Reisdorf pagou a quantia em uma conta bloqueada e prometeu que aquela soma era para a educação e formação dos meus filhos. Recebi o dinheiro, mais juros, quando fui morar com a minha ­família na Flórida. Å Redigido por Thomas Renggli

Personalidades do futebol relembram um momento marcante da sua vida. T H E F I FA W E E K LY

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R ANKING MUNDIAL DA FIFA Pos. Seleção

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 23 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 52 54 55 56 57 57 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77

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→ http://pt.fifa.com/worldranking/index.html

Movimento no ranking Pontos

Espanha Alemanha Brasil Portugal Argentina Suíça Uruguai Colômbia Itália Inglaterra

0 0 1 -1 2 2 -1 -3 0 1

1485 1300 1242 1189 1175 1149 1147 1137 1104 1090

Bélgica Grécia EUA Chile Holanda Ucrânia França Croácia Rússia México Bósnia e Herzegovina Argélia Dinamarca Costa do Marfim Eslovênia Equador Escócia Costa Rica Romênia Sérvia Panamá Suécia Honduras República Tcheca Turquia Egito Gana Armênia Cabo Verde Venezuela País de Gales Áustria Irã Nigéria Peru Japão Hungria Tunísia Eslováquia Paraguai Montenegro Islândia Guiné Serra Leoa Noruega Camarões Mali Coreia do Sul Uzbequistão Burkina Fasso Finlândia Austrália Jordânia Líbia África do Sul Albânia Bolívia El Salvador Polônia República da Irlanda Trinidad e Tobago Emirados Árabes Unidos Haiti Senegal Israel Zâmbia Marrocos

1 -2 1 -1 0 1 -1 2 -1 -1 4 3 0 -2 4 2 -5 6 3 0 4 -7 -3 2 4 -12 1 -5 3 1 6 -2 -6 0 -3 1 -2 1 -3 5 3 6 -1 17 0 -6 2 -2 -6 1 -9 -3 1 -2 0 4 1 1 3 -4 3 -5 4 -11 3 3 -1

1074 1064 1035 1026 981 915 913 903 893 882 873 858 809 809 800 791 786 762 761 745 743 741 731 724 722 715 704 682 674 672 644 643 641 640 627 626 624 612 591 575 574 566 566 565 562 558 547 547 539 538 532 526 510 498 496 495 483 481 474 473 470 460 452 451 444 441 439

T H E F I FA W E E K LY

Pos.

01 / 2014

02 / 2014

03 / 2014

04 / 2014

05 / 2014

06 / 2014

1 -41 -83 -125 -167 -209

78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 90 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 105 106 107 108 109 110 110 112 113 114 115 116 116 118 119 120 120 122 123 124 125 126 127 128 129 130 131 132 133 134 134 136 137 137 139 140 140 142 143 144

Liderança

Quem mais cresceu

Bulgária Omã Macedônia Jamaica Bielorrússia Azerbaijão RD do Congo Congo Uganda Benin Togo Gabão Irlanda do Norte Arábia Saudita Botsuana Angola Palestina Cuba Geórgia Nova Zelândia Estônia Zimbábue Catar Moldávia Guiné Equatorial China Iraque República Centro-Africana Lituânia Etiópia Quênia Letônia Bahrein Canadá Níger Tanzânia Namíbia Kuwait Libéria Ruanda Moçambique Luxemburgo Sudão Aruba Malaui Vietnã Cazaquistão Líbano Tadjiquistão Guatemala Burundi Filipinas Afeganistão República Dominicana Malta São Vicente e Granadinas Guiné-Bissau Chade Suriname Mauritânia Santa Lúcia Lesoto Nova Caledônia Síria Chipre Turcomenistão Granada

-5 3 0 0 1 2 4 7 0 10 1 -2 -6 -15 -1 1 71 -5 7 14 -5 -1 -5 -2 11 -7 -4 1 -2 -6 -2 0 -5 0 -10 9 6 -7 3 15 -4 -7 -3 35 0 -7 -6 -11 -5 -3 -3 11 -2 -5 -4 -7 50 31 -5 2 -4 2 -2 -6 -12 13 -8

Quem mais caiu

425 420 419 411 397 396 395 393 390 386 383 382 381 381 375 364 358 354 349 347 343 340 339 334 333 331 329 321 319 317 296 293 289 289 284 283 277 276 271 271 269 267 254 254 247 242 241 233 229 226 221 217 215 212 204 203 201 201 197 196 196 194 190 190 189 183 182

144 146 147 148 149 149 151 152 153 154 155 156 157 158 159 160 161 162 163 164 164 166 167 168 169 170 171 172 173 174 175 176 176 178 179 180 181 182 183 184 185 186 187 188 189 190 190 192 192 192 195 196 196 198 198 200 201 202 202 204 205 206 207 207 207

Madagascar Coreia do Norte Maldivas Gâmbia Quirguistão Tailândia Antígua e Barbuda Belize Malásia Índia Cingapura Guiana Indonésia Porto Rico Mianmar São Cristóvão e Névis Taiti Liechtenstein Hong Kong Paquistão Nepal Montserrat Bangladesh Laos Dominica Barbados Ilhas Faroe São Tomé e Príncipe Suazilândia Comores Bermudas Nicarágua China Taipei Guam Sri Lanka Ilhas Salomão Seychelles Curacao Iêmen Ilhas Maurício Sudão do Sul Bahamas Mongólia Fiji Samoa Camboja Vanuatu Brunei Timor-Leste Tonga Ilhas Virgens Americanas Ilhas Cayman Papua-Nova Guiné Ilhas Virgens Britânicas Samoa Americana Andorra Eritreia Somália Macau Djibuti Ilhas Cook Anguila Butão San Marino Turcas e Caícos

45 -9 6 -14 -3 -6 -9 -8 -8 -7 -8 -5 -5 -9 14 -7 -4 -12 -5 -5 -5 22 -5 5 -6 -9 -7 -5 5 10 -6 -8 -6 -7 -6 -8 -5 -5 -4 -4 16 0 0 -6 -6 0 -10 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 0 0 0 0 0 0 0 0

182 175 171 166 163 163 158 152 149 144 141 137 135 134 133 124 122 118 112 102 102 99 98 97 93 92 89 86 85 84 83 78 78 77 73 70 66 65 61 57 47 40 35 34 32 28 28 26 26 26 23 21 21 18 18 16 11 8 8 6 5 3 0 0 0


NETZER RESPONDE!

O OBJETO

Como você explica a desclassificação antecipada dos espanhóis? Pergunta de Federico Martinez, Buenos Aires

Perikles Monioudis

N

Especialista em futebol espanhol Günter Netzer, em 1971, dois anos antes de se transferir para o Real Madrid.

Sven Simon / imago, FIFA Sammlung

A

s diversas teorias sobre a desclassificação antecipada da Espanha são interessantes, mas pouco concludentes. É ­preciso ter cautela antes de tirar conclusões à distância. Provavelmente, aquelas ­explicações simples que todos desejam simplesmente não existem. As pesadas quedas nas duas primeiras partidas da fase de grupos foram o resultado de vários, e talvez pequenos, erros, que devem agora ser analisados com seriedade. No entanto, somente quem está ­ ­d iretamente envolvido pode fazer isso. Já faz algum tempo que os espanhóis vêm conduzindo uma transição de gerações com a preocupação de continuar mantendo as ­conquistas. Mas isso não é fácil, como vimos neste Mundial. Contudo, estou convencido de que os espanhóis conseguirão fazer essa passagem. Vejo o surgimento de vários jovens jogadores, cheios de potencial. Além deles, também há os experientes, que continuarão sendo imprescindíveis

à Fúria. Não é correto, neste momento, questionar toda a equipe, da forma que alguns veículos da mídia vêm fazendo. Assim que a seleção espanhola encontrar a sua nova cara, ela voltará a ser uma potência, podendo competir daqui a dois anos em alto nível na Eurocopa. Eu gosto de comparar o estilo de jogo da Espanha com aquele do Bayern de Munique. Ambas as equipes mostraram, nos últimos anos, um futebol incrível. Por fim, o grande desafio desses times é fazer com que belas jogadas e combinações sejam convertidas em gol. Porém, se não tiverem muito sucesso na eficiência, isso não significará, de jeito nenhum, o fracasso dessa escola. Å

ão é somente durante a Copa do Mundo da FIFA que metade – ou mais da metade – do planeta pensa e respira futebol. Para muitas pessoas – até mesmo quem não é grande aficionado pelo esporte –, colocar o ritmo da vida no mesmo passo do calendário de jogos se torna uma realidade durante aquele mês. E essa realidade fica deslumbrante quando a seleção favorita cumpre com as expectativas e se sagra campeã – ou alcança as quartas de final, ou até mesmo as oitavas, dependendo da ambição de cada escrete. O destino fica nas mãos de poucos, dos treinadores e dos atletas, que podem fazer algo para vencer, ao contrário dos telespectadores. Sem citar a esperança e a tensão, quem fica em casa está fadado a aceitar, pela tela da TV, o desenrolar dos fatos, sem a mínima interferência no resultado. Mas é possível fazer tudo isso com o jogo ilustrado pela foto acima (“Master Football Game”, Master Vending Machine Co. Ltd., Londres, década de 1950), da coleção da FIFA. Aqui, o torcedor pode participar ativamente do jogo e decidir o placar. De frente para o imponente estádio, pintado na caixa de madeira, o jogador pode acionar a alavanca à direita da máquina, simulando o chute do atleta no uniforme rubro-negro. Assim, a bola de madeira é acionada e percorre o vão até cair na “rede” e, dependendo de onde acertar, contabiliza de um a três pontos. E, claro, o jogo pode ser desfrutado em duplas ou grupos, assim como a própria Copa do Mundo. Å

O que você sempre quis saber sobre futebol? Pergunte a Günter Netzer: feedback-theweekly@fifa.org T H E F I FA W E E K LY

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A Copa do Mundo da FIFA chegou e veio de Hyundai TM

A Hyundai quer todos juntos na Copa do Mundo da FIFATM

Compartilhe seus momentos para celebrar a Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014TM worldcup.hyundai.com


The FIFA Weekly Uma publicação semanal da Fédération Internationale de Football Association (FIFA) Internet: www.fifa.com/theweekly

QUI Z DA C OPA DO MUNDO DA F IFA

O que é o que é? Sepp entrega, Didier comemora, Lionel não vê nada e James quer saber?

Editora: FIFA, FIFA-Strasse 20, CEP: CH-8044 Zurique Tel.: +41-(0)43-222 7777 Fax: +41-(0)43-222 7878 Presidente: Joseph S. Blatter

1

Quando foi a última vez que Sepp Blatter não entregou o troféu?

Secretário-geral: Jérôme Valcke Diretor de comunicação e relações públicas: Walter De Gregorio Redator-chefe: Perikles Monioudis

J

P

S

W

Redação: Thomas Renggli (autor), Alan Schweingruber, Sarah Steiner Direção de arte: Catharina Clajus

2

“Ciao Claudio, qual destes locais já recebeu a final de uma Copa do Mundo?”, perguntou James ao treinador do seu clube, que respondeu corretamente: “Naturalmente…”

Editor de fotografia: Peggy Knotz

A E I T

Produção: Hans-Peter Frei Layout: Richie Krönert (coordenação), Marianne Bolliger-Crittin, Susanne Egli, Mirijam Ziegler Revisão: Nena Morf, Kristina Rotach

3

Sombras em um jogo da Copa do Mundo 2014 — em qual estádio?

Equipe regular: Sérgio Xavier Filho, Luigi Garlando, Sven Goldmann, Hanspeter Kuenzler, Jordi Punti, David Winner, Roland Zorn

A Rio de Janeiro L Belo Horizonte E Brasília P São Paulo

Equipe especial para esta edição: Lefteris Coroyannakis, Lucie Clement, Bernd Fisa, Dominik Petermann, Alissa Rosskopf, Andrew Warshaw Secretária de redação: Honey Thaljieh

... Milão ... Mônaco ... Moscou ... Monterrey

4

Qual final da Copa do Mundo terminou empatada e foi necessário um segundo jogo para decidir o campeão?

Gerência de projeto: Bernd Fisa, Christian Schaub Traduções: Sportstranslations Limited www.sportstranslations.com Impressão: Zofinger Tagblatt AG www.ztonline.ch

A

P

T

O

Contato: feedback-theweekly@fifa.org A reimpressão de fotos e artigos da The FIFA Weekly, ainda que apenas de excertos, só é permitida com a autorização da redação e fazendo referência à fonte (The FIFA Weekly, © FIFA 2014). A redação não tem a obrigação de publicar textos e fotos que nos sejam enviados sem solicitação. A FIFA e o logotipo da FIFA são marcas registradas. Produzido e publicado na Suíça. As opiniões publicadas na The FIFA Weekly não necessaria­ mente correspondem aos pontos de vista da FIFA.

A solução do Quiz da semana passada foi: GAAL Explicação em detalhes em www.fifa.com/theweekly Inspiração e motivação: cus

Envie a sua solução até 16 de Julho de 2014 para o email feedback-theweekly@fifa.org Os leitores que enviarem as soluções corretas para todos os quizes publicados a partir de 13 de junho de 2014 concorrem, em janeiro de 2015, a uma viagem com um acompanhante para a cerimônia da Bola de Ouro FIFA, que acontecerá no dia 12 de janeiro de 2015. Antes de enviarem as suas respostas, os participantes devem ler e aceitar as condições de participação e as regras do concurso, que podem ser vistas em pt.fifa.com/mm/document/af-magazine/fifaweekly/02/20/51/99/pt_rules_20140613_portuguese_portuguese.pdf T H E F I FA W E E K LY

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P E R G U N T E À F I F A W E E K LY

ENQUETE DA SEMANA

Qual seleção irá vencer o Prêmio FIFA Fair Play?

Sou árbitro de partidas entre times de juniores e me interesso pelo spray de marcação. Gostaria de saber onde posso comprá-lo. Horst Wenig, de Hamburgo

Há quatro anos, a Espanha foi considerada a seleção de maior desportividade daquele Mundial. Qual país será agraciado com o prêmio desta vez (apenas equipes que se classificaram para as oitavas de final)? Vote em www.fifa.com/newscentre

R E S U LTA D O DA Ú LT I M A S E M A N A Na sua opinião, qual jogador deveria receber o “Prêmio Jogador Jovem Hyundai”?

53% � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � Outro jogador 20% � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � Memphis Depay (NED) 19% � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � Paul Pogba (FRA) 6% � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � Romelu Lukaku (BEL) 2% � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � Raphaël Varane (FRA)

100

é o número de partidas que Didier Drogba disputou pela Costa do Marfim. O atacante de 36 anos chegou ao seu centésimo jogo na derrota por 2 a 1 contra a Bósnia e Herzegovina. Ele marcou um gol de falta no confronto, chegando a 64 na sua carreira pelo selecionado marfinense. Drogba foi o terceiro jogador da seleção que

8

A SEMANA EM NÚMEROS

114 é o número de vezes que Lukas Podolski já entrou

gols foram marcados por Robin van Persie nos

em campo pela Alemanha. Com isso, o atacante do

seus últimos oito jogos pela Holanda. O capitão

Arsenal se aproximou um pouco mais dos dois

À sua frente estão Kolo Touré

holandês é um modelo de constância sob o

únicos jogadores que já atuaram em mais jogos do

(106) e o recordista Didier

comando de Louis van Gaal. Nos 16 jogos que fez

que ele: Miroslav Klose, com 132 partidas, e o

Zokora (119).

na equipe do atual treinador, ele marcou 14 gols.

recordista Lothar Matthäus, com 150.

disputou a Copa do Mundo a alcançar a marca de cem jogos.

Getty Images, Afp, imago (3)

Tanto na América do Sul quanto na América do Norte, onde o spray já é utilizado há um bom tempo nos campeonatos nacionais de Brasil, Argentina e Estados Unidos, há uma grande oferta de produtos – assim como na Ásia. É possível comprar on-line o spray e o cinto para carregá-lo. O spray, cujo ­conteúdo tem capacidade para 40 metros de marcação, custa cerca de 15 dólares, e o cinto, 40 dólares. ­Contudo, é mais difícil encontrá-los na Europa. Segundo informações, uma empresa alemã e outra britânica querem começar a produzi-lo. Porém, até agora nenhuma licença foi concedida. Se não tiver outro jeito, você pode utilizar espuma de barbear, mas tenha ­ ­cuidado em usar um produto livre de perfume para que o gramado não seja prejudicado... (thr)


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