Viva o NEC, um anteprojeto de reforma e ampliação para o Núcleo de Extensão Cultural

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Catalogação na publicação Seção de Catalogação e Classificação M277v MANGUEIRA, Filipe Gonzales Nobre. Viva o NEC, um anteprojeto de reforma e ampliação para o Núcleo de Extensão Cultural, em Cajazeiras - PB / Filipe Gonzales Nobre Mangueira. - João Pessoa, 2020. 135 f. : il. Orientação: Wylnna Carlos Lima VIDAL. Monografia (Graduação) - UFPB/CT. 1. Centro cultural. 2. Intervenção patrimonial. 3. Anteprojeto de arquitetura. I. VIDAL, Wylnna Carlos Lima. II. Título. UFPB/BC


Filipe Gonzales Nobre Mangueira

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal da Paraíba como requisito para a obtenção de título de bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

Data: Banca examinadora:

Orientadora: Wylnna Carlos Lima Vidal

Amélia Farias Panet de Barros

Sarah Cavalcanti Travassos


Agradecimentos

O

momento em que termino minha graduação é bastante singular. A normalidade se vê afetada pela existência de um ser microscópico. Populações inteiras estão confinadas em suas residências, sem perspectivas próximas de quando poderão sair nas ruas, se ver pessoalmente e levar suas vidas como sempre fizeram. Os últimos dias tem sido, portanto, de introspecção. E com esta, um sentimento que a todo momento oscila entre fé e desânimo. Mas novos dias virão. E este trabalho é uma predileção, ainda que modesta, na crença em sociedades mais justas; de onde florescem cidades mais humanas e pessoas vivendo com dignidade. É a esperança em dias melhores que move a grande maioria de nós. E é essa esperança que nos impulsiona a legarmos o que temos de melhor às pessoas à nossa volta; pois, por mais óbvio que seja, não há como existirmos sozinhos. É a partir do contato com o outro que aprendemos, que crescemos enquanto seres humanos, que atribuímos sentido à nossa realidade. Portanto, é às pessoas que passaram pela minha vida que dedico este trabalho. Graças a elas foi forjada minha visão de mundo até agora. Graças a elas, pelo amor e pela dor, cresci e crescerei.

Meu mais sincero agradecimento à minha mãe, Suely, à minha “tãe” (tia + mãe), Benedita,

e ao meu pai, Edilson, por acreditarem em mim, por me transmitirem o que tem de melhor, e pelas

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tantas renúncias feitas em prol do meu bem-estar e da minha educação. À minha irmã Maria Luiza, por quem tenho um carinho imenso e onde sempre encontro apoio. Ao meu namorado, Lucas, que tanto me ouviu falar deste trabalho, e que há quase dois anos está comigo nos momentos bons e nos difíceis. Às tias Edilma, Edilza e Gracinha. À querida avó Antônia. Ao primo, José Roberto. Às amigas Lorrany, Deyse, Carolly, Carol, Alice, Mariana, Lara, Thalu, Camila, Natálie e Minna Miná, que gentilmente me autorizou a utilizar seus lindos personagens no meu trabalho. Aos amigos Diego, Valmir, Bruno, Lucas Rolim, Xavier e Alexandre. À família Pirilampos. À minha orientadora, Wylnna, que me acolheu com carinho, paciência, atenção e valiosos ensinamentos. Ao meu orientador no TCC1, Carlos, que me auxiliou em vários momentos do curso. A todas as professoras e todos os professores que tanto me inspiraram e me ajudaram: Maria César Couras, Maria de Lourdes Dionísio, Marcele Trigueiro, Rui Rocha, Amélia Panet, Maria Berthilde, Ivan Cavalcanti, Sobrinho Júnior, Aluísio Braz, Germana Rocha, Marcos Santana, Sílvia Muniz, Marília Dieb, Christelle Gress, Louis Piccon, Márcio Cotrim, Geovany Jessé, Ana Laura Rosas, Carolina Costa, Kaline Abrantes, Carolina Chaves, Fernando Galvão, Ilton Costa, Ana Negrão, Dimitri Castor, Lucas Figueiredo, entre outros. Aos escritórios onde tive a oportunidade de estagiar: Montenegro.Vieira, 360 Arquitetura, AA Group Lyon e Leo Maia Arquitetos. A todas e todos que fazem parte do NEC, em especial a Edinaldo Menezes Braga (Naldinho), que me auxiliou no entendimento das questões em torno da instituição. E a todos os meus demais amigos e familiares. “Viva nós”! 5


Resumo O histórico das políticas culturais no Brasil revela um papel secundário na trama de interesses governamentais. Esse processo se intensificou nos últimos quatro anos e pode ser observado em uma sucessão de acontecimentos transcorridos tanto em grandes quanto em pequenos núcleos urbanos. O desmantelamento do Ministério da Cultura, os paulatinos cortes orçamentários e o fechamento de instituições culturais no litoral e no interior constituem o pano de fundo no qual se insere a problemática do Núcleo de Extensão Cultural, NEC, situado na cidade de Cajazeiras - PB. Esse centro cultural, que existe desde a década de 1970, enfrenta limitações tanto orçamentárias quanto de infraestrutura, que restringem seu potencial enquanto espaço de transmissão de saberes, de valorização de artistas independentes e de vida comunitária. No que concerne à arquitetura, as respostas dadas a essa problemática se centram na investigação de estratégias para maximizar a relação da instituição com o público do seu entorno; na proposição de novas atividades consoante as atuais demandas; e na abordagem do patrimônio arquitetônico de pequena escala. Para tanto, buscou-se auxílio de ferramentas metodológicas como consulta bibliográfica referente às questões patrimoniais contemporâneas; consequente adoção de posturas de intervenção; análise de projetos correlatos; análise das atividades do centro, do seu público e do clima; e elaboração de um programa de necessidades baseado no método Problem Seeking. Os desdobramentos dessa etapa analítica se materializam no anteprojeto de arquitetura, reorientando a relação do edifício antigo com um entorno edilício que o desprestigia, que reduz seu protagonismo simbólico e que prejudica sua fruição enquanto obra de arte. Essa reorganização assume inicialmente uma escala macro, na medida em que propõe a remoção de elementos arquitetônicos e vegetais do seu espaço livre público adjacente, e elabora um novo desenho de piso para este. E, em seguida, uma escala arquitetônica, através da inserção de duas edificações anexas, que redistribuem o programa e acrescentam a este novos componentes. O patrimônio é colocado em evidência na composição através de operações volumétricas nas construções anexas, tais como fragmentação, recuos e aproximações, gradações altimétricas e enquadramento. Destaca-se, igualmente, o esforço de legitimar a presença da instituição perante o entorno por meio da criação de um marco visual e da oferta à comunidade de um espaço de descanso, lazer, aprendizado e trocas. O trabalho suscita, deste modo, reflexões que compreendem o panorama das atuais políticas culturais no Brasil, a importância de espaços destinados à cultura e à vida comunitária no contexto de populações situadas à margem dos grandes polos urbanos; e a preservação da memória em equilíbrio com as demandas presentes das edificações e das sociedades. Palavras-chave: Centro cultural, intervenção patrimonial, anteprojeto de arquitetura.


Abstract The history of cultural policies in Brazil reveals that they play a secondary role in governmental interests. This process has intensified over the past four years and can be observed in a succession of events taking place in both large and small urban centers. The dismantling of the Ministry of Culture, the continuous budget cuts and the closure of cultural institutions on the coast and countryside constitute the background in which the Núcleo de Extensão Cultural (NEC) located in the town of Cajazeiras (Paraíba) is inserted. This cultural center, that prevails since 1970, faces both budgetary and infrastructure limitations, which restrict its potential as a space for transmitting knowledge, appreciation of independent artists and community life. As regards architecture, the answers given to this problem focus on investigating strategies to maximize the institution’s relationship with the public in its surroundings; proposing new activities according to current demands; and addressing small-scale architectural heritage. To this end, this work was assisted by methodological tools such as bibliographic research regarding contemporary heritage issues; the adoption of intervention postures; analysis of related projects; analysis of the center’s activities, its public, public and climate; and elaboration of needs based on the Problem Seeking method. The unfolding of this analytical stage materialized in the preliminary draft as a redirection of the relationship between the old building and a deprecating notch, which reduces its symbolic role and damages its delight as a work of art. This restructuring initially assumes a scale in terms of urban design, as it proposes the dismissal of architectural and plant elements from its close public free space, and elaborates on a new floor design for it. Therefore, an architectural scale, through the insertion of two annexed buildings, which redistribute the program and add new components to it. The patrimony is emphasized in the composition through volumetric operations in the attached constructions, such as fragmentation, retreats and approaches, altimetric gradations and framing. The discussion between the new and the old is also guided by the intention of justifying the presence of the institution in the surroundings by creating a visual framework and offering the community a space for rest, leisure and learning. This work enhances reflections that comprehend the panorama of the current cultural policies in Brazil, the importance of spaces destined to culture and community life in the context of populations located on the margins of large urban centers; and the preservation of memory in balance with the present demands of buildings. Keywords: Cultural center, heritage intervention, architectural design.



“Tinha gente que pescava o peixe, gente que plantava a verdura, gente que fiava o pano, gente que trabalhava a madeira, gente de toda espécie, e tudo isso requeria grande conhecimento e muitas coisas por dentro e por trás desse conhecimento – talvez fosse isto a vida [...]” João Ubaldo Ribeiro


su má rio


1.0

Introdução 1.1 Justificativa 1.2 Objeto / recorte 1.3 Objetivo

20 31 31 31

2.0

Referencial teórico e de projeto 2.1 Análise de correlatos 2.1.1 Prefeitura de Säynatsälo – Finlândia, 1952, Alvar Aalto 2.1.2 Museu Wallraf-Richartz – Colônia, Alemanha, 1975, James Stirling 2.1.3 Sesc Pompeia – São Paulo, Brasil, 1982, Lina Bo Bardi 2.1.4 Praça das Artes – São Paulo, Brasil, 2012, Brasil Arquitetura

32 36 37 41 43 48

3.0

O lugar, as atividades e o clima

52

4.0

Viva o NEC 4.1 Diretrizes de projeto 4.2 Programação arquitetônica 4.3 Partido arquitetônico 4.3.1 Sistema estrutural 4.3.2 Sistema de pele e de aberturas 4.3.3 Sistema de coberta 4.3.4 Intervenções no edifício principal

68 71 71 74 80 81 87 89

5.0

Considerações

90

6.0

Referências bibliográficas

94

7.0

Apêndices

100



2016 Museu Internacional de Arte Naïf fecha as portas este mês

RUBIN, Nani. Museu Internacional de Arte Naïf fecha as portas este mês. O Globo, Rio de Janeiro, 1 dez. 2016. Disponível em: https://oglobo.globo.com/cultura/artes-visuais/museu-internacional-de-arte-naif-fecha-as-portas-este-mes-20575444



2018 Museu Nacional: os alertas ignorados que anunciavam a tragédia

PASSARINHO, Nathalia. Museu Nacional: os alertas ignorados que anunciavam tragédia. BBC Brasil, Londres, 3 set. 2018. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45398964



2019 Por falta de verba para manutenção, Museu de Sant’Ana, em Tiradentes, deve ser fechado

POR falta de verba para manutenção, Museu de Sant’Ana, em Tiradentes, deve ser fechado. G1, Belo Horizonte, 22 jan. 2019. Disponível em: https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2019/01/22/por-faltade-verba-para-manutencao-museu-de-santana-em-tiradentes-deve-ser-fechado.ghtml



2019 Centro Cultural Banco do Nordeste anuncia encerramento das atividades em suas unidades O fim do programa é um ato perverso da instituição

CENTRO Cultural Banco do Nordeste anuncia encerramento das atividades em suas unidades. Jornalistas Livres. 3 jul. 2019. Disponível em: https://jornalistaslivres.org/centro-cultural-banco-do-nor deste-anuncia-encerramento-das-atividades-em-suas-unidades/


Composição elaborada pelo autor, utilizando-se de personagem em ilustração no formato .png, cedido pela artista Minna Miná



O

histórico de promoção cultural no Brasil remonta a uma tradição autoritária, elitista e retardatária, que teve consequências negativas para o desenvolvimento das políticas de cultura no país. (COUTINHO apud RUBIM, 2007, p. 14). Dentre os entraves apontados por Rubim (2007, p. 29), é possível destacar não somente a “fragilidade institucional [como também] políticas de financiamento da cultura distorcidas pelos parcos recursos orçamentários e pelas lógicas das leis de incentivo”. A conjuntura dos últimos quatro anos aponta para um cenário de aprofundamento das tensões no âmbito da promoção cultural. Em 2016, o Ministério da Cultura foi dissolvido e inserido à pasta do Ministério da Cidadania1 . As despesas executadas de seu orçamento, por exemplo, caíram de 257,50 milhões em 2016 para 139,66 milhões em 2018. Além disso, outros acontecimentos recentes vêm agravando a situação da cultura no Brasil, tanto do ponto de vista material, quanto simbólico. Como exemplo, é possível citar o Museu Nacional, que teve expressiva parte de seu acervo e infraestrutura consumidos por um incêndio2 em setembro de 2018; ou ainda, dentro de uma ótica regional, a ameaça de fechamento dos Centros Culturais Banco do Nordeste (CCBNB) dos municípios de Sousa -PB e Juazeiro do Norte - CE3 . Inserido nessa problemática está o Núcleo de Extensão Cultural (NEC), vinculado à Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), na cidade de Cajazeiras - PB; um espaço 1 Disponível em <http://www.cultura.gov.br/> Consultado em: 10 de set. de 2019. 2 PASSARINHO, Nathalia. Museu Nacional: os alertas ignorados que anunciavam tragédia. BBC Brasil, Londres, 3 set. 2018. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45398964

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3 CENTRO Cultural Banco do Nordeste anuncia encerramento das atividades em suas unidades. Jornalistas Livres. 3 jul. 2019. Disponível em: https://jornalistaslivres.org/centro-cultural-banco-do-nordeste-anuncia-encerramentodas-atividades-em-suas-unidades/


destinado à transmissão de saberes e à valorização do trabalho de artistas independentes. O NEC tem suas despesas básicas4 custeadas pela UFCG, e enfrenta, portanto, limitações orçamentárias que restringem o potencial de utilização de seu espaço e a oferta de atividades culturais à população. Mesmo diante deste cenário, a equipe do NEC consegue viabilizar apresentações musicais, saraus, debates e exposições artísticas à população, através editais ou de parcerias, seja com outras instituições culturais, como o CCBNB5, seja com o comércio local 6. O município de Cajazeiras está localizado no extremo Oeste da Paraíba. Ele é o polo da Microrregião homônima, que engloba outros quatorze municípios, e faz fronteira com os Estados do Rio Grande do Norte e Ceará. Sua população atual é de 61.993 habitantes7 .

Figura 01 Mapa de localização com destaque para o município de Cajazeiras – PB. Projeção Universal Mercator – UTM. Coordenada Sirgas. Zona 25 Sul. Fonte: Quantum Gis. Editado pelo autor em dezembro de 2019.

4 As despesa básicas dizem respeito ao fornecimento dos serviços de água e esgoto, energia elétrica, internet, telefone e salário de quatro funcionários (Informação obtida em conversa com o Me. Elinaldo Menezes Braga, em 15 de setembro de 2019) 5 Abreviaçao para Centro Cultural Banco do Nordeste 6 Informações obtidas em conversa informal com o Me. Edinaldo Menezes Braga, diretor da instituição, em 15 de setembro de 2019. 7 Estimativa populacional 2019 IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Consultado em 12 de setembro de 2019. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pb/cajazeiras/panorama

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Figura 02 Mapa de localização dos principais equipamentos no perímetro urbano de Cajazeiras – PB. Projeção Universal Mercator – UTM. Coordenada Sirgas. Zona 25 Sul. Fonte: Quantum Gis. Editado pelo autor em dezembro de 2019.

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Enquanto sede microrregional, a cidade possui uma função estratégica, haja vista o afluxo diário de moradores dos municípios vizinhos. Dentre os principais motivos para esse deslocamento estão atividades ligadas ao comércio e à educação. O NEC está situado a no máximo 1km dos principais equipamentos culturais e até 2km dos cinco institutos de ensino superior. Ele se sobressai pela centralidade de sua localização, pelos serviços prestados à comunidade e por seu valor histórico, que será tratado a seguir. As origens do local remontam à segunda metade do século XIX, quando foi implementado um projeto de integração e modernização no Ceará por meio da estruturação de uma malha ferroviária. Um dos principais marcos dessa iniciativa foi a construção da Estrada de Ferro do Baturité, que ia de Fortaleza ao Crato. A linha, administrada pela Rede de Viação Cearense, possibilitou o escoamento da produção agrícola do interior da província rumo ao litoral (REIS, 2015, p. 36) e também ao exterior. Em 1923, foi inaugurado um ramal que conectava essa via férrea às cidades de São João do Rio do Peixe, Sousa e Cajazeiras. Figura 03 Mapa das Linhas operadas pela Rede de Viação Cearense, no ano de 1927, com destaque para a Estrada de Ferro do Baturité e o ramal que a conectava à cidade de Cajazeiras. Fonte: http://vfco.brazilia.jor.br/ferrovias/ mapas/1927-Rede-Viacao-Cearense.shtml Acesso em maio de 2019.

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Nove anos mais tarde, em 03 de setembro de 1932, já com o ramal em pleno funcionamento, foi finalizada a construção da estação ferroviária da cidade. É essencial destacar a importância e a dimensão simbólica que teve a chegada da ferrovia para a população local, ao facilitar as transações entre interior e grandes centros. [...] nas primeiras décadas do século XX, nos lugares por onde o trem passava, a dinâmica socioeconômica e o cotidiano das cidades que tinham estação se modernizavam. Com o trem, chegavam os jornais vindos de Fortaleza e da capital da Província, as correspondências e os rolos de filmes que seriam exibidos em Cajazeiras. Portanto, no âmbito da dinâmica social da cidade, a chegada do trem à estação era um acontecimento que a mobilizava. (ROLIM, 2010, apud ARAUJO, 2017, p. 85) Por sua vez, o espaço físico da estação foi apropriado pela população como um local de sociabilização no contexto urbano: [...] a estação da cidade se tornava um ambiente de sociabilidade e diversão, onde a juventude do interior se apresentava com esmero e se aglutinava para recepcionar o trem e as novidades com ele chegadas. Dona Marilda Sobreira (2007, apud ROLIM 2010) Todavia, conforme assinala Reis (2015, p. 88), já a partir da década de 1930, o sistema ferroviário entrou em um processo de obsolescência. A autora aponta que as locomotivas se tornaram menos eficientes frente aos automóveis. E estes últimos ganharam cada vez mais espaço do mercado interno graças aos progressivos investimentos nas rodovias e ao avanço das indústrias automobilísticas. Desta forma, em 1971 a estação de trem de Cajazeiras foi desativada.

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No ano seguinte, em 1972 (ROLIM, 2010, p. 91), a UFPB tornou-se detentora do terreno, porém o edifício permaneceu fechado até 1979, quando houve a inauguração o NEC, segundo um dos responsáveis por sua criação, o Me. José Antônio de Albuquerque, em conversa informal. Vinte e dois anos mais tarde, em 2001, a edificação foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico


Figura 04 Estação de trem de Cajazeiras na década de 1930, vista a partir da torre da igreja Catedral de Nossa Senhora da Piedade. Fonte: Acervo José Antônio de Albuquerque

Figura 05 Estação de trem de Cajazeiras na década de 1930, vista no nível térreo, a partir da face Leste. Fonte: Acervo José Antônio de Albuquerque

N

N

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e Artístico da Paraíba – IPHAEP. Em 2002, o campus de Cajazeiras foi desvinculado da UFPB, tornando-se parte da UFCG. Com isso, o estatuto que legitimava juridicamente o centro cultural deixou de ser vigente, desencadeando um processo, em trâmite ainda hoje. O espaço hoje enfrenta limitações financeiras e, como será abordado adiante, de infraestrutura, as quais comprometem o protagonismo do bem tombado perante a comunidade, assim como relação do local com seu entorno. Apesar das dificuldades, o NEC é um espaço de resistência. Seu uso, enquanto lugar destinado à cultura, está consolidado no imaginário da cidade por gerações. Ao longo de seus oitenta e oito anos, o local existe há mais tempo como NEC, do que como estação de trem. Em 2032, ou seja, em doze anos, o edifício fará seu centenário e a instituição completará cinquenta e três anos de serviços prestados à comunidade.

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Figura 06 Mosaico com eventos ocorridos no NEC. Fonte: <https://www.instagram. com/neccajazeiras/> Acesso em: 03 de março de 2020


Figura 07 Mosaico com eventos ocorridos no NEC. Fonte: <https://www.instagram. com/neccajazeiras/> Acesso em: 03 de março de 2020

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Figura 08 Mosaico com eventos ocorridos no NEC. Fonte: <https://www.instagram. com/neccajazeiras/> Acesso em: 03 de março de 2020

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1.1 Justificativa Diante da problemática atual em torno do NEC, destaca-se a necessidade de reafirmar o status do lugar, enquanto espaço de valor patrimonial e partícipe da memória coletiva da cidade, repensando a sua relação com o entorno edificado e ampliando os serviços prestados à população. Ademais, este trabalho intenta ser um convite à imaginação; um vislumbre de algumas das possibilidades de fortalecimento de elos sociais que um espaço é capaz de oferecer uma comunidade localizada à margem dos grandes polos culturais e econômicos.

1.2 Objeto / recorte

Núcleo de Extensão Cultural (NEC), em Cajazeiras - PB.

1.3 Objetivo Desenvolver um anteprojeto de reforma e ampliação para o Núcleo de Extensão Cultural (NEC), localizado em Cajazeiras - PB, com o intuito de adequá-lo às demandas atuais e futuras. 31


Composição elaborada pelo autor, utilizando-se de personagem em ilustração no formato .png, cedido pela artista Minna Miná



O

edifício principal do NEC está presente no imaginário da população há quase um século, tendo abrigado diferentes usos e, por sua vez, significados. Logo, o projeto de reforma e ampliação para esse lugar requer uma postura circunspecta no que diz respeito às relações propostas entre o novo e o antigo. Diante das principais metodologias que tratam das intervenções em bens patrimoniais apontadas por Kühl (2009, p. 81-88), destaca-se a “crítico-conservativa”, que se ancora essencialmente no Restauro Crítico e na teoria brandiana. Esta, dentro do escopo da arquitetura, tem como pilares os princípios de distinguibilidade e reversibilidade. Em Teoria da Restauração, publicado originalmente em 1963, o historiador e crítico de arte Cesare Brandi postula que: [...] a restauração deve visar ao restabelecimento da unidade potencial da obra de arte, desde que isso seja possível sem cometer um falso artístico ou um falso histórico, e sem cancelar nenhum traço da passagem da obra de arte no tempo. (BRANDI, 2004, p. 33) Brandi (2004, p. 47) endossa esta reflexão ao dizer que “[...] a integração deverá ser sempre e facilmente reconhecível: mas sem que por isso se venha a infringir a própria unidade que se visa a reconstruir.”; disto resulta o princípio de distinguibilidade. Apropriando-se desse conceito, Kühl (2007, p. 207) ressalta que a “ação contemporânea não pode induzir o observador ao engano de confundir a intervenção com a obra como estratificada ao longo do tempo”. Esse princípio se 34


contrapõe à noção de que a inserção de um objeto arquitetônico novo, que se relaciona com um outro de valor patrimonial, deve ser pautada pela “imitação” ou “refazimento”, conceito este ao qual Carbonara se posiciona, dizendo que: [...] não completa, mas altera a obra; replasma, funde o velho com o novo, tende igualmente a abolir o tempo transcorrido, e por isso se configura como um inadmissível falso histórico. O caso, ao contrário, do refazimento [...] é a intervenção que visa a manter, mesmo com adições modernas, a obra no mundo de hoje e não a reconduzi-la a um passado mais ou menos hipotético. (CARBONARA, 2006, p.13) A importância da distinguibilidade reside na possibilidade de oferecer às pessoas um registro temporal da obra, corroborando com a compreensão das diferentes partes que a constituem e suas respectivas épocas de construção. Já o princípio da reversibilidade, ou “retrabalhabilidade” (KÜHL, 2007, p. 207), “prescreve que qualquer intervenção de restauro não torne impossível, mas, antes, facilite as eventuais intervenções futuras.” (BRANDI, 2004, p. 48). Em complemento, a Carta do Restauro (1972, p. 03) determina que “qualquer intervenção na obra ou em seu entorno [...] deve ser realizada de tal modo e com tais técnicas e materiais que fique assegurado que, no futuro, não ficará inviabilizada outra eventual intervenção”. Portanto, entende-se que a operação em um bem patrimonial deve ter em conta as constantes transformações das técnicas de restauro e de construção; a insurgência de novas demandas sociais e políticas a serem incorporadas pela arquitetura; e, por conseguinte, a futuras necessidades de adaptação, reversão ou ampliação do objeto arquitetônico. Diante do que foi apresentado, o projeto de reforma e ampliação para o Núcleo de Extensão Cultural da UFCG – campus Cajazeiras - elege como postura de intervenção os princípios de distinguibilidade e reversibilidade, teorizados por Brandi. Vale salientar ainda que a aplicação desses conceitos deve ser mediada pelas particularidades sociais, formais, históricas e culturais do local. 35


2.1 Análise de correlatos A necessidade de sedimentar as reflexões precedentes, levou a uma investigação acerca de projetos contemporâneos que adotam, de forma exitosa, as posturas de intervenção abordadas. A escolha desses correlatos ocorreu antes e durante o processo de projeto, à medida que as discussões se aprofundaram. Mediante uma resolução pessoal, a análise das obras não se baseou na aplicação de um método pré-definido, mas no entendimento específico de intenções e estratégias de projeto. Algumas delas serviram de ponto de partida para a construção dos conceitos que nortearam este trabalho, enquanto outras auxiliaram decisões de maneira transversal durante o processo. Das quatro obras abordadas a seguir, todas são equipamentos de interesse cultural e comunitário; três delas são intervenções em sítios de valor patrimonial; duas estão no continente europeu; e outras duas no Brasil; e juntas se inserem em um recorte temporal que vai de1952 a 2012. A ordem de apresentação se dá em função de sua cronologia.

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2.1.1 Prefeitura de Säynatsälo – Finlândia, 1952, Alvar Aalto

Figura 08 Prefeitura de Säynatsälo, Finlândia. Fonte: <https://www. flickr.com/photos/ doctorca sino/8058247562/ in/photostream/>. Acesso em: 06 de março de 2020

Em sua proposta para o concurso da prefeitura de Säynatsälo, no ano de 1949, o arquiteto Alvar Aalto, manifestou uma visão mais ampla acerca do simbolismo e das funções que uma edificação como esta podia abrigar.

De acordo com Cotrim (2010), o programa apresentado foi um misto de “escritórios e sala

do Conselho, como sede da prefeitura; habitação; comércio; e a biblioteca municipal”. Cada setor é tratado com relativa autonomia no que diz respeito aos acessos. O autor atenta não só para a relevância do programa, mas para sua organização no sítio, a qual se deu por meio de um espaço central, funcionando como elo entre “as várias instituições e suas atividades”. 37


Figura 09 Organização programática da Prefeitura de Säynatsälo, Finlândia. Diagrama elaborado pelo autor.

Entre os desdobramentos dessa distribuição espacial está a criação de dois tipos de relação com o exterior. A primeira diz respeito às faces do edifício que se voltam para a cidade, ativadas através do comércio e das residências. A segunda decorre do pátio, um elemento ao qual o arquiteto dedica especial atenção no artigo From doorstep to living room, publicado mais de vinte anos antes, em 1926. Nele, Aalto deixa clara a sua visão sobre a natureza desse espaço, referenciando-o em obras da Antiguidade e do Renascimento, como a pintura A Anunciação, de Fra Angelico, ou mesmo as casas de Pompeia. Para ele, o pátio podia servir como transição entre a esfera pública e a privada; um hall de entrada, porém ao ar livre8 , com a mesma importância de qualquer um dos espaços internos9. Quanto à coexistência de funções tão distintas, pode-se dizer que estas não deturpam o aspecto institucional do conjunto. Acerca disto, Cotrim (2010) explica que “a eventual complexidade de ordenar esses diferentes usos em um único edifício também sugere a ideia de uma cidade dentro da cidade”; ou seja, a edificação como um microcosmo, uma imagem em menor escala 8 “For the same reason as I previously wisherd to turn your garden into an interior, I now wish to make your hall into an ‘open-air-space’.”(AALTO. 1926, p. 53)

38 9

“The Garden (courtyard) belongs to our home just as much as any of the rooms.” (AALTO. 1926, p. 51)


do contexto onde ela se insere. Aalto reafirma essa representação de uma paisagem urbana ao se utilizar de recuos, obliquidades e balanços como estratégias de linguagem arquitetônica, que conferem à volumetria tensão e complexidade.

Figura 10 Prefeitura de Säynatsälo, com destaque para a complexidade de sua volumetria. Fonte: <http:// www3.jkl.fi/ saynatsalo/ townhall/en-2.htm> Acesso em: 06 de março de 2020

A horizontalidade predominante da edificação é interrompida pelo volume da câmara do conselho da municipalidade, que se projeta a uma altura de 17m. Esse ponto excêntrico confere à composição um caráter monumental que, no entanto, não anula o senso de intimismo obtido pelo intercurso entre o pátio, a escala dos demais volumes, a textura cálida do tijolo e a presença da vegetação. 39


Figura 11 Pátio da prefeitura de Säynatsälo. Fonte: <https:// mapio.net/wiki/ Q2456080-en/> Acesso em: 06 de março de 2020

Embora haja um distanciamento temporal, o projeto da prefeitura de Säynatsälo é ainda significativamente atual quanto as reflexões que traz acerca de volumetria, organização programática, simbolismo, relação com entorno e com a noção de vida comunitária. A estimulante dualidade que emana de seus espaços oferece, conforme assinala Cotrim (2010), um exemplo de como “a domesticidade não implica em nenhuma relação com o pitoresco, e a monumentalidade nada tem a ver com a grandiloquência.” Elementos considerados: • Autonomia das diferentes partes do programa; • Valor atribuído ao pátio enquanto estratégia de transição entre espaços abertos e fechados; e • • 40

criação de ambiência intimista em um espaço público; Diálogo equilibrado entre monumentalidade e domesticidade; Complexidade volumétrica, sugerindo a ideia de uma paisagem urbana.


2.1.2 Museu Wallraf-Richartz – Colônia, Alemanha, 1975, James Stirling Figura 12 Organização programática e relação espacial do projeto com a catedral de Colônia. Fonte: MONEO (2008, p. 41)

Este projeto foi elaborado para um concurso, e mesmo nunca tendo sido executado, tem seus méritos e é capaz de inspirar através das reflexões que aporta. O que mais chama a atenção aqui é o modo pelo qual o arquiteto relaciona sua obra às edificações de valor patrimonial no entorno, especificamente a Catedral de Colônia. A proposta não nega sua contemporaneidade, que contrasta com a linguagem das construções preexistentes. Ao invés de um edifício com características uníssonas, a volumetria aqui: [...] se dissolve em episódios autônomos que Stirling utiliza para dar vida 41


ao programa. Assim, a plataforma, a planta eclesiástica escavada, a torre escalonada, o volume do salão de atos, etc. configuram-se, apesar de sua autonomia, em elementos de uma paisagem urbana mais ampla, presidida pelo volume imponente da catedral. (MONEO, Rafael. 2008, p. 40). Assim como na proposta do arquiteto para o Museu de Nordhein-Westfalen, do mesmo ano, o resultado aqui é um todo “que reivindica maior complexidade de traçados e maior coabitação de elementos diversos” (MONEO, 2008, p. 38). Apesar da escala consideravelmente maior, e de sua complexidade programática, este projeto contribui para as reflexões acerca do NEC, ao sugerir uma interação com o patrimônio histórico cujo equilíbrio é encontrado por intermédio da diversidade volumétrica. Diversidade esta, que não serve para competir com o edifício antigo, mas para colocá-lo em evidência na composição. Elementos considerados: • Dissolução da volumetria nova em “episódios autônomos”, como artifício para colocar em evidência o patrimônio existente.

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2.1.3 Sesc Pompeia – São Paulo, Brasil, 1982, Lina Bo Bardi

Figura 13 Entrada Sesc Pompeia. Fonte: < https://universes. art/en/sescvideobrasil/2011/ olafur-eliasson-tour/ sesc-pompeia> Acesso em: 06 de março de 2020

O Sesc Pompeia é um projeto que se consolidou no imaginário da população, ao longo de

suas quase quatro décadas. O lugar emana uma vitalidade que é, entre outras coisas, um reflexo direto da visão da arquiteta e das posturas que adotou. É possível afirmar que o local se tornou mais do que um centro cultural e recreativo. Ele é hoje um espaço de encontro social, uma extensão da rua. Alsina et al(2014) pontuam que “o projeto pode ser entendido como uma maneira de apropriarse e viver a cidade. Para ser mais preciso, de como habitar o bairro e atribuir uso aos seus espaços públicos e comuns.” 43


A infraestrutura oferecida é acolhedora e democrática. Pode-se considerá-la como expressão de uma perspectiva emancipatória de mundo, em detrimento da ideia de expropriação do humano, acerca da qual Marx profere: Quanto menos cada um comer, beber, comprar livros, for ao teatro ou ao baile, ao bar, quanto menos cada um pensar, amar, teorizar, cantar, pintar, poetar, etc., tanto mais poupará, tanto maior será o seu tesouro, que nem a traça nem a ferrugem roerão, o seu capital. Quanto menos cada um for, quanto menos cada um expressar a sua vida, tanto mais terá, tanto maior será a sua vida alienada. O ser humano fica reduzido à sua vida animal, à satisfação de suas necessidades básicas de sobrevivência. (MARX, 1993, p. 210 – 220) Enxerga-se aqui, portanto, um projeto que tem na valorização da figura humana o seu principal mérito, materializado não somente pela filosofia da instituição Sesc, mas também pela sensibilidade de Lina para com as demandas no campo da arquitetura. A preservação do patrimônio fabril com a atribuição de novos usos, e a inserção de edificações contemporâneas, conferem ao conjunto um senso de estratificação temporal e diversidade tipológica.

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Figura 14 Relação entre edificações antigas e contemporâneas no Sesc Pompeia. Fonte: < http://www. desacelerasp.com. br/tag/esportes/> Acesso em: 06 de março de 2020


O programa contempla funções administrativas, desportivas, culturais e de “ócio”. Estas duas últimas foram distribuídas no térreo, obedecendo à lógica pavilhonar das construções preexistentes, que ocupavam mais de 75% do lote. Disso resulta que a parte desportiva precisou ser verticalizada. Lina resolveu essa questão construindo duas torres de aproximadamente 70m de altura, uma delas com piscina, ginásio e quadras; e a outra com snack bar, vestiários, salas de ginástica, luta e dança. Junto a essas torres ergue-se a caixa d’água, um cilindro maciço em concreto armado. A inserção desses três volumes assinala uma ruptura com a horizontalidade do complexo. Ao fazer isso, a arquiteta consegue não só diferenciar enfaticamente o novo do antigo, como também criar um marco visual que legitima a presença do centro perante a comunidade. O restante do programa, distribuído no térreo, contempla: espaço para exposições; ateliês de artesanato, fotografia, música e dança; biblioteca, teatro, foyer, administração, depósitos, banheiros, vestiários, área de ócio, um restaurante com cozinha industrial e um bar. Deve-se ter em conta a escala dos espaços dedicados à gastronomia no complexo, uma vez que este último, por intermédio de sua organização espacial, acaba sugerindo algo próximo a ruas e quadras. Sob esta perspectiva, é possível entender o papel do restaurante e dos bares como reflexo da função que esses espaços tem na própria cidade, ou seja, pontos de interação social e de celebração da vida urbana.

Figuras 15 e 16 espaços destinados à alimentação no Sesc Pompeia. Fontes: <http://www. freguesianews.com. br/?opc=meio_ lapa&id_noti=3593> e <https://guia. melhoresdestinos. com.br/sescpompeia-1734434-l.html>, respectivamente. Acesso em: 06 de março de 2020

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Junto aos tijolos dos edifícios antigos, são combinados outros materiais, como concreto e aço; e cores, tanto em postes, elementos estruturais, dutos de exaustão, etc. Logo, a materialidade integra-se à linguagem arquitetônica, conferindo-a um aspecto acolhedor e, até certo ponto, lúdico, que também se faz presente no arranjo despojado das aberturas dos blocos desportivos.

Figura 17 Utilização de cores nos elementos arquitetônicos que compõem o conjunto. Fonte: <https:// www.archdaily.com. br/br/01-153205/ classicos-daarquitetura-sescpompeia-slash-linabo-bardi> e

Entre as reflexões obtidas com a análise do Sesc Pompeia, está, primeiramente, a sensibilidade do projeto relação ao senso de comunidade, assim como na prefeitura de Säynatsälo. Em segundo lugar, a noção de coexistência entre novo e antigo, por meio do contraste volumétrico, cromático, material e de escala. Essas diferenças fazem da arquitetura um documento de sua época, tornando possível o entendimento das gerações futuras acerca da temporalidade dos fragmentos materiais que constituem o conjunto. Por fim, no que diz respeito ao programa, chama atenção não somente a cruzamento de atividades tanto culturais quanto desportivas, como também o papel de 46 lugar de sociabilização, atribuído aos espaços de alimentação e de ócio.


Figura 18 Utilização de cores nos elementos arquitetônicos que compõem o conjunto. Fonte: <https://www. treehugger.com/ green-architecture/ recycled-factorythrives-social-centersupported-by-brazilcommerce-tax.html>, respectivamente. Acesso em: 06 de março de 2020

Elementos considerados: • Entendimento do local como uma extensão da cidade, palco de interações para diferentes grupos sociais; • Relação entre antigo e novo pautada no contraste de volumes, escalas, cores e materialidade; • Utilização de cores de maneira pontual, sugerindo uma ambiência lúdica e poética; • Possibilidade de inserção de elementos arquitetônicos verticais, que contrastam com a horizontalidade do preexistente, enquanto forma de legitimar a presença do complexo perante a comunidade, e criar um marco visual; • Cruzamento de atividades de natureza diversa, como esporte, cultura, alimentação e ócio, enquanto catalisadores sociais. 47


2.1.4 Praça das Artes – São Paulo, Brasil, 2012, Brasil Arquitetura

Figura 19 Croqui do complexo Praça das Artes. Fonte: <http:// brasilarquitetura. com/#> Acesso em: 06 de março de 2020

Uma das principais características desse projeto é como ele se apropria das dificuldades

impostas pelo entorno e as converte em pontos fortes na proposta. O local é o Centro da cidade de São Paulo; uma área heterogênea no que se refere às tipologias arquitetônicas, à escala das edificações, e aos grupos sociais que ali transitam. O terreno disponível era um agrupamento de lotes vazios e ociosos no miolo da quadra. O resultado disso era um plano amorfo e tentacular circundado por empenas, panos de vidro e construções de interesse patrimonial. Resquícios de 48 diferentes épocas hoje justapostos em uma trama de contrastes e tensões.


Figura 20 Relação entre o projeto e seu complexo entorno. Fonte: <http:// brasilarquitetura. com/#> Acesso em: 06 de março de 2020

O programa devia atender às demandas de “bastidores” do complexo do Teatro Municipal de São Paulo (TMSP), uma instituição que abarca seis corpos artísticos, a Escola de Música Municipal, a Escola de Dança, o Quarteto de Cordas, o Coral Paulistano, a Orquestra Sinfônica Municipal, o Coral Lírico e o Balé da Cidade de São Paulo, a administração, e ainda estacionamentos e espaços de refeição. Essas atividades eram distribuídas em edificações diversas espalhadas pela cidade. Em resposta à problemática apresentada, os arquitetos começam por traçar um empraçamento que articula as três frentes do lote. Disso decorre que a maior parte do programa é situada a partir do primeiro pavimento. O térreo livre propicia novos percursos no tecido urbano, intercalados por espaços de permanência cobertos e descobertos, que enriquecem a experiência de locomoção pela cidade. A lógica disforme do terreno é incorporada pela volumetria, que se molda ao vazio quase como um amálgama entre os prédios existentes. Entretanto, comporta-se de diferentes maneiras, reagindo de forma única às especificidades encontradas em cada parte do sítio. Desse modo, ora os volumes se ajustam aos edifícios vizinhos numa tentativa de recompor a 49


quadra, ora eles se fracionam em um arranjo complexo de prismas verticais e horizontais, articulados por escadas e passarelas que se sobressaem na composição.

Figuras 21 e 22: Diferentes acessos do complexo Praça das Artes. Fonte: <https://www.archdaily. com/339274/praca-dasartes-brasil-arquitetura?ad_ source=search&ad_ medium=search_result_all> Acesso em: 06 de março de 2020

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A materialidade do concreto envolve os novos volumes como um todo. Ela confere ao conjunto um aspecto unitário, que resulta em sua identidade visual, reforçada pela disposição arbitrária das fenestrações.

Figura 23 Acesso Norte do complexo Praça das Artes. Fonte: <https://www.archdaily. com/339274/praca-dasartes-brasil-arquitetura?ad_ source=search&ad_ medium=search_result_all> Acesso em: 06 de março de 2020 Figura 24: Programa arquitetônico da Praça das Artes. Fonte: <https://www.archdaily. com/339274/praca-dasartes-brasil-arquitetura?ad_ source=search&ad_ medium=search_result_all> Acesso em: 06 de março de 2020


Figura 25 Mosaico de imagens de ambientes do Praça das Artes evidenciando relações espaciais entre interior e exterior a partir da disposição das aberturas. Fontes: <https://www. archdaily.com/339274/ praca-das-artesbrasil-arquitetura?ad_ source=search&ad_ medium=search_ result_all> e <http:// brasilarquitetura.com/#>, respectivamente. Acesso em: 06 de março de 2020

Em resumo, a Praça das Artes estabelece um diálogo com a preexistência pautado no contraste, na diversidade volumétrica e no contato imediato, este último provavelmente resultante das características geométricas restritivas impostas pelo lote. Por artifício de sua neutralidade, a textura uniforme do concreto atenua esse contato, colocando em evidência o que já existe, à medida que confere potencial iconográfico à obra. Elementos considerados: • Utilização de uma textura uniforme, como estratégia para conferir unidade à volumetria nova; • Discrição e neutralidade da materialidade do envelope, que ajudam a ressaltar o preexistente; • Permeabilidade dos espaços no plano da rua e criação de novos percursos para os transeuntes; • Organização despojada das fenestrações, sugerindo uma ambiência lúdica e poética.

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Composição elaborada pelo autor, utilizando-se de personagem em ilustração no formato .png, cedido pela artista Minna Miná



D

e 1932 até a presente data, a cidade de Cajazeiras passou por várias transformações. Essas mudanças impactaram a relação das pessoas com os espaços urbanos de sociabilização, fazendo com que alguns deles perdessem o protagonismo que outrora exerceram perante a comunidade. O caso do edifício principal do NEC é um exemplo disso. Ao longo de quase noventa anos, seu entorno se modificou a tal ponto, que hoje, a leitura que se pode fazer do lugar difere substancialmente da época de sua inauguração. Nos primeiros anos de funcionamento, essa edificação (à época, a estação de trem) era a única construção em um raio de sessenta metros, sobre um terreno plano, sem árvores ou quaisquer elementos que oferecessem obstáculo à sua contemplação. Essa configuração legitimava o papel simbólico do edifício perante a comunidade, que o considerava um arauto do progresso, com sua estética de influência Art Déco. O marco inicial das transformações empreendidas em seu entorno se deu em 1963, com a inauguração da primeira estação rodoviária da cidade. Esse projeto era um exemplar da arquitetura moderna, com planta independente, fachada livre e térreo parcialmente em pilotis. Seu programa contemplava terminal de passageiros, salas comerciais, restaurante e um hotel de quatro andares; e sua escala era superior à da antiga estação de trem, cujas atividades se encerraram pouco tempo depois, em 1971.

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Figura 26 Terminal rodoviário Antônio Ferreira em sua construção, na década de 1960. Fonte: <http://cajazeirasdeamor. blogspot.com/2012/03/ antiga-rodoviaria-em-doistempos.html> Acesso em 08 de março de 2020. Figuras 27 e 28 Terminal rodoviário Antônio Ferreira visto a Leste e a Oeste, respectivamente. Fonte: <http://cajazeirasdeamor. blogspot.com/2012/03/ antiga-rodoviaria-em-doistempos.html> Acesso em 08 de março de 2020.


Figura 29 Relação do edifício da estação com seu entorno, no ano de 1971. Presença do fórum, caixa d’água e da praça e de um casario. Fonte: <https://www. estacoesferroviarias. com.br/ce_crato/ cajazeiras.htm>. Acesso em 06 de março de 2020.

Sequencialmente, os trilhos de trem foram desinstalados da cidade, dando lugar a intensas mudanças urbanas. Na mesma década houve a demarcação da quadra onde se localizava o terreno da estação e a construção do Fórum Cível Ferreira Júnior (em 1978), que compreendia um pavilhão térreo, uma caixa d’água e uma praça que, posteriormente, recebeu o nome de Praça Felix Araújo. Na década de 1980, a praça foi reduzida, dando lugar a três novos edifícios: a sede do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), a do banco Paraiban (hoje ocupada pelo banco Santander), e o anexo do NEC, juntamente com uma grade metálica, que delimitou parte do seu terreno. Por sua vez, na década de 1990, houve a construção da sede da SAELPA (hoje, Energiza), e de três edifícios privados de fins comerciais. Já o início dos anos 2000 foi marcado pela realização da sede do Ministério Público da Paraíba, da Defensoria Pública, e do Fórum Eleitoral, o qual formalmente se apresenta como um anexo do fórum existente. Nas adjacências dessa quadra, novos edifícios também surgiram. Hoje, essa parte do tecido urbano se encontra consolidada, com edificações que se distribuem, quanto ao seu gabarito, entre térreas e de até quatro andares. A rodoviária atualmente abriga apenas os carros que fazem linha para outras cidades, pois a função de terminal de ônibus foi suspensa ainda na década de 1980, em detrimento da construção de uma nova sede. Contudo, ela permanece sendo a maior edificação do entorno imediato. 55


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Década de

Década de

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Figura 30 Diagrama de evolução do entorno do NEC. Elaborado pelo autor.

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57 aos dias atuais


O edifício do NEC, um bem de valor patrimonial que já foi um dos principais espaços da cidade, tornou-se uma peça “abafada” diante de um todo urbano que cresceu seguindo necessidades circunstanciais. Sua fruição nos dias de hoje é dificultada pela justaposição de construções que o relegaram a um papel secundário. A expressiva vegetação arbórea, um aspecto particular desta quadra em relação às demais, também se configura como um obstáculo à percepção da edificação, por ter sido introduzida ao sítio de maneira pouco ordenada, desconsiderando aspectos como a visibilidade do bem tombado.

Figura 32: Mosaico com as visuais do entorno referenciadas na Figura 31. Fonte: Google Maps. Acesso em 03 de março de 2020. Figura 31 Vista aérea de Cajazeiras com destaque para o NEC e seu entorno com ênfase para as visuais a serem destacadas nas imagens seguintes. Fonte: < https://www.youtube.com/ watch?v=q2bpeI0vxcQ&t=31s> Acesso em 03 de março de 2020. Editado pelo autor.

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O quarteirão onde se localiza o NEC é um ponto atípico da trama urbana, pois não apresenta uso residencial. Contudo, por estar no Centro da cidade, tem uma vizinhança heterogênea e vibrante, com residências, comércios, serviços, edifícios administrativos, bibliotecas, escolas, templos e praças. Apesar desse potencial, o edifício não participa ativamente da dinâmica do bairro, seja por sua apreensão, que é prejudicada pelas construções do entorno, seja pela própria infraestrutura do lugar, que não o torna atrativo para uma expressiva parcela da população.

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Figura 33 Mapa de uso e ocupação do perímerto de 500m em relação ao NEC. Elaborado pelo autor com base no arquivo CAD fornecido pela CAGEPA.


No que diz respeito aos domínios do NEC, parte de seu lote é circundada por uma grade metálica, enquanto outra foi apropriada pela praça Felix Araújo10 , a Norte. Essas cercas contribuem para uma relação deficitária entre a instituição e o espaço livre público a ela adjacente. 10 2019.

Figura 34 Imagem atual do NEC a partir da praça Felix Araújo, com destaque para as cercas que obstruem a fruição do edifício e inibem o acesso de transeuntes. Fonte: Acervo autor.

Informações obtidas em conversa informal com o Me. Edinaldo Menezes Braga, em 15 de setembro de

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A partir das análises feitas em campo, identificou-se um fluxo constante de transeuntes que utilizam a praça essencialmente para atravessar a quadra. A presença do Bar do Haroldo sob a caixa d’água atrai um público diário médio de trinta pessoas, nos turnos da tarde e da noite, ao todo. Esse número aumenta quando há eventos noturnos no NEC, como apresentações artísticas. Contudo, o público da instituição é em grande parte jovem e LGBTQI+ e não se sente totalmente à vontade em frequentar o bar, em função de posturas adotadas por seu proprietário11. O terreno total12 do NEC possui 1.120,83m². Ele é ocupado pelo pavilhão principal, cuja área coberta é de 199,15m², e pelo edifício anexo. Sob a ótica da preservação patrimonial, a relação entre essas duas construções não está em consonância com o princípio da distinguibilidade, tratado anteriormente. A fachada do anexo se apropria da linguagem empregada no edifício antigo, dificultando, assim, o entendimento das diferentes épocas que constituem o todo edificado.

11 Informações obtidas em conversa informal com o Me. Edinaldo Menezes Braga, diretor da instituição, em 15 de setembro de 2019. 12 Considera-se aqui os domínios intra e extramuros, haja visto o fato do terreno estar em parte ocupado pela praça.

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A

Figuras 35 Mosaico com relação entre o edifício tombado e o seu anexo, o qual tenta reconstituir sua linguagem estética, gerando uma ambiguidade na leitura do conjunto no que se refere às suas épocas de construção. Destaque para o pátio como elo entre essas diferentes partes. Fonte: Acervo autor

B


INSS

CAIXA D'ÁGUA

LIMITE TERRENO NEC COPA ALOJ. 8.79 m² 14.49 m²

SALA MULTIUSO 33.04 m²

PRAÇA

HALL 7.12 m²

FÓRUM CÍVEL LAB. ANÁLISES CLÍNICAS

PALCO

PÁTIO

B

A

Figura 36 Mosaico de espaços internos do edifício principal: Imgs.. superiores: Administralçao Im. inferior: hall Figura 37 Planta-baixa de situação. Esc.: 1:350

SALA DE MÚSICA

HALL

Acesso

ADM.

ATELIÊ CARP.

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O pavilhão principal se encontra em bom estado de conservação, não apresentando goteiras, infiltrações, rachaduras ou quaisquer problemas de ordem estrutural. Suas faces Norte e Sul são margeadas por alpendres com estrutura mista em ferro e madeira e telhas do tipo francesas. As paredes são em alvenaria autoportante e a coberta principal, em quatro águas, é arrematada por telhas do tipo canal. Devido a um forro em gesso, instalado a posteriori, não foi possível ter acesso à estrutura da coberta. Contudo, chegou-se à hipótese de que esta é em madeira, articulada por um sistema de caibros, ripas, linhas e pontaletes. Tal conclusão se deu após comparar a edificação a outras estações da mesma época, escala e região. A insuficiência de dados não permitiu identificar os usos atribuídos aos espaços na época da estação. A configuração interna, até onde se pode inferir, não sofreu alterações. Contudo, ao analisar fotos que vão da década de 1930 até os anos 2000, foi possível constatar que as fachadas do prédio sofreram alterações pontuais que, no entanto, não comprometeram sua integridade formal e estilística. Deduz-se, primeiramente, que uma das portas da face Norte foi parcialmente bloqueada, com a adição de uma meia-parede, que retirada em reformas posteriores, restituindo, assim, a conformação original da abertura. Na década de 1990, as janelas das fachadas Leste e Oeste foram fechadas. Internamente, o edifício apresenta quatro salas, que se abrem de forma autônoma para o exterior, mas que também estão articuladas entre si por meio de uma circulação do tipo enfilade. Seguindo uma orientação Leste – Oeste, tem-se, primeiramente, o ateliê de Gibi, um artesão local, que desenvolve esculturas em madeira. Em seguida, a administração. Depois, um hall que interliga as extremidades Norte e Sul do lote. E, por fim, a sala de música. Entretanto, a circulação interna se encontra parcialmente bloqueada, de modo que os acessos ao ateliê e à sala de música ocorrem apenas pelos alpendres.

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O anexo dispõe de um alojamento para artistas, que se abre diretamente para o pátio. Seu programa contempla ainda uma sala multiuso (onde acontecem aulas de dança e teatro), dois banheiros não acessíveis, uma copa e um depósito, orientados para o exterior, por intermédio de um hall. Vale salientar que os espaços dessa edificação não mais são compatíveis com atuais as demandas: a área da sala multiuso 33,32m² já não comporta a quantidade de público e o depósito,


de 1,80m², encontra-se igualmente sobrecarregado. Entre essas duas construções, tem-se o pátio, que dispõe de um palco para eventos, com 40cm de altura. As atividades13 desenvolvidas no NEC podem ser categorizadas segundo o espaço que as abriga. Deste modo, tem-se: 1. Salas permanentes: •

Aula de música (aulas quintas e sextas - 14h - 17h) média de 3 pessoas por dia;

Administração (segunda a sexta - 8h 11h / 14h - 16h) 1 pessoa;

Ateliê de escultura em madeira (segunda a sexta 8h 11h / 14h - 16h) 1 pessoa.

2. Sala multiuso: •

Aula de Balé (segundas e quartas - 16h - 18h / terças e quintas - 18h - 19h) média de 15 pessoas por turma;

Aula de Teatro (terças e quintas - 16h - 18h e 19h - 22h) média de 25 pessoas por turma;

Ensaio de Teatro (segundas, quartas e sextas - 9h - 11h) média de 6 pessoas.

3. Pátio: •

Aula de Capoeira (segundas e quartas - 8h - 10h e 19h - 21h) média de 20 pessoas por turma;

Eventos: - Sarau Poesia de Quarta (primeira quarta-feira de cada mês - 20h - 22h) média de 30 pessoas; - Projeto Estação das Artes (datas variáveis, turno noturno, média de 40 a 150 pessoas).

De acordo com o Me. Edinaldo Menezes Braga, o centro já abrigou também o projeto de um coral 13 As informações referentes às atividades e seus respectivos públicos e horários foram fornecidas pelos instrutores de ballet, teatro e capoeira do centro, além do Me. Edinaldo Menezes Braga)

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universitário, assim como aulas de karatê. Mediante a análise desses horários em um recorte de um mês, constatou-se que o NEC apresenta momentos de ociosidade diários, os quais se intensificam em uma faixa que vai das10h às 14h. Contudo, essa ausência na oferta de atividades se faz presente em vários outros períodos ao longo da semana; e, como seu espaço não é apropriado massivamente pela comunidade enquanto local de descanso e/ou lazer, a presença do público fica restrita apenas aos momentos nos quais há oferta de aulas e eventos. Logo, quando estes não estão acontecendo, o centro se esvazia. No que diz respeito aos parâmetros da NBR 15220/3 (p. 03 - 08), a cidade de Cajazeiras está localizada na Zona Bioclimática 07, configurando-se como clima do tipo Semiárido. Pressupõe-se, desta forma: 01. Uso de aberturas pequenas e sombreadas; 02. Adoção de paredes e cobertura do tipo pesadas; 03. Resfriamento evaporativo e massa térmica para resfriamento enquanto estratégias de condicionamento térmico passivo. Segundo o software Climate Consultant, a ventilação predominante é Sudeste, podendo atingir até 12m/s; De acordo com o mesmo, a umidade relativa média do ar é de 50%. Já a temperatura mínima atinge 19,1°C no inverno e a máxima, 33,3°C no verão14 . Contudo, a sensação térmica na mancha urbana pode chegar a níveis mais elevados. As respostas dos dois edifícios do NEC às imposições climáticas são diferentes. A sensação térmica no pavilhão principal é agradável a maior parte do ano em decorrência de sua implantação Leste – Oeste, de seu sistema de aberturas que propicia ventilação cruzada, do sombreamento assegurado pelo alpendre; e de suas paredes espessas, que o favorecem sob a lógica da inércia térmica. O edifício anexo, por sua vez, não apresenta um desempenho similar, já que suas paredes de 15cm permitem trocas térmicas rápidas, aumentando a temperatura interna ainda durante o dia. A inexistência de um sistema de ventilação cruzada, não favorece a circulação do ar, mantendo a temperatura elevada em seus ambientes. Além de tudo, as aberturas externas não possuem sistemas de sombreamento, tais como brises, beirais, etc. 14

Infomações obtidas na página: https://pt.climate-data.org/america-do-sul/brasil/paraiba/cajazeiras-42515/

66 Acesso em: 04 de março de 2020.


N Figura 38 Diagrama de insolação e ventilação do terreno do NEC e da praça Felix Araújo. Elaborado pelo autor, com base nas análises do sfotware Climate Consultant

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Composição elaborada pelo autor, utilizando-se de personagem em ilustração no formato .png, cedido pela artista Minna Miná



Viva! ”

é uma expressão cuja origem remonta ao latim, “vīvā vōce”15 , “com a voz viva”. Na Itália do século XVII, ela foi encurtada16 e, sua utilização mediante o nome de algo ou alguém, passou a designar aclamação ou apoio17 . No decorrer dos anos, ela foi incorporada às principais línguas neolatinas, tendo sido pronunciada em muitos momentos históricos. A escolha dessa palavra se deu porque ela sintetiza as duas principais intenções que, a partir de agora, nortearão o projeto de arquitetura: A primeira é enaltecer o lugar em questão, reconhecendo seus serviços prestados ao longo de quase cem anos, inicialmente como estação de trem, depois como centro cultural. É assegurar a memória deste local para usufruto das novas gerações. É celebrar esse espaço enquanto lugar de interação social e de vida comunitária. A segunda é convidar todas e todos a chegar mais perto; a sentar-se à sombra das árvores e reparar um ou outro detalhe do edifício antigo; a atravessá-lo e, apesar da pressa cotidiana, sensibilizar-se com uma obra de arte; e ver uma pessoa que trabalha a madeira, outra que dança, outra que prepara uma refeição. É chamar diferentes classes, gerações e visões de mundo a se fazerem partícipes desse espaço, a vivenciá-lo.

Viva o NEC!

15

American Heritage Dictionary. <https://www.yourdictionary.com/viva> Acesso em: 05 de março de 2020.

16

Online Etymology Dictionary. <https://www.yourdictionary.com/viva> Acesso em: 05 de março de 2020.

70 17

Oxford Dictionary. < https://languages.oup.com/> Acesso em: 05 de março de 2020.


4.1 Diretrizes de projeto 4.1.1 Investigar formas de maximizar a relação do centro cultural com o público do entorno imediato; 4.1.2 Reorientar a relação do edifício antigo com o seu entorno edificado e arbóreo, o qual se configura hoje como obstáculo à fruição do bem patrimonial; 4.1.3 Propor atividades que contribuam financeiramente com centro cultural; 4.1.4 Reorganizar as atividades atuais em função de espaços compatíveis com a quantidade de público, com as relações espaciais almejadas, com as novas atividades propostas, e com os requisitos de conforto térmico e acústico.

4.2 Programação arquitetônica As proposições desta etapa ocorreram mediante uma justaposição da análise das atividades, públicos e espaços atuais do NEC; dos briefings realizados com a comunidade; das posturas patrimoniais adotadas; da investigação de projetos correlatos; e de interpretações subjetivas do lugar e do entorno. Retomando os tópicos do capítulo anterior, as atividades atuais foram agrupadas segundo sua proximidade em setores: transmissão de saberes (aulas de dança, teatro e capoeira; arte e artesanato), recreação, descanso e eventos (eventos culturais, geralmente noturnos) e apoio (atividades administrativas, recepção, copa, depósito e banheiros). 71


A partir da elaboração de uma matriz do método Problem Seeking, com as principais informações acerca do lugar, chegou-se à compreensão de que, além de reforçar os setores existentes, seriam acrescentados dois outros: apoio financeiro e exposição. O setor de exposição surge com o intuito de preencher uma lacuna tanto da cidade, quanto da própria instituição NEC, que não dispõe de um espaço adequado para realização de exposições temporárias. Pensou-se não somente em criar um local que abrigasse esse tipo de atividade, mas também, em integrá-lo à dinâmica cotidiana dos frequentadores do NEC e das pessoas que atravessam a quadra. Desse modo, o edifício principal tem seus atuais usos transferidos para o novo anexo, abrigando assim as exposições. Essa escolha não ocorreu de forma arbitrária. A intenção por trás dela é, primeiramente, evocar algo da experiência que se tinha na época da estação, reconvertendo o pavilhão em um edifício de “atravessamento”, mas ao mesmo tempo, aportando a uma ação do dia-a-dia uma dimensão extra-cotidiana, visto que ao atravessarem o edifício, as pessoas seriam surpreendidas pelas obras de arte expostas. Além disso, esse uso é apropriado para o edifício em questão, pois ele o confere dignidade, sem, no entanto, demandar alterações drásticas na sua adequação. A escolha por exposições temporárias ao invés de permanentes é explicada pelo fato de que a renovação periódica no conteúdo exposto faz com que as pessoas não percam o interesse nesse espaço. As reflexões deste trabalho também contemplaram a possibilidade de uma exposição permanente. Contudo, reconhece-se que esta demandaria uma atuação multidisciplinar específica, envolvendo o trabalho de antropólogos, historiadores, designers, etc. Portanto, esta não foi desenvolvida nesta etapa de anteprojeto. Contudo, a intenção para essa exposição é que ela possa ocorrer não em um espaço específico, mas ao longo de todo o edifício no campo do design visual. Para tanto, poderiam ser utilizadas placas informativas, recursos audiovisuais como projeções em determinados horários, demarcações de piso, criação de um percurso interativo, etc.

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O setor de manutenção financeira se desdobra através de um restaurante, que visa animar o NEC principalmente no seu horário de esvaziamento, isto é, o do almoço (confofme abordado no capítulo anterior). A presença dele também serve como um atrator de pessoas que, de outra forma, não teriam um contato com a instituiçao. Esta seria responsável por sua administração, ofertando


refeições saudáveis, a um preço popular e valorizando a produção local, tanto no próprio NEC, quanto de pequenos agricultores. A resposta financeira em médio e longo prazo poderia contribuir significativamente com a autonomia econômica da instituição. O setor de “recreação, descanso e eventos (RDE)” não foi incluso no cálculo de áreas do programa de necessidades, por este ser compreendido no projeto como os espaços livres públicos. Os demais setores (transmissão de saberes e apoio) recebem espaços com área e infraestrutura adequadas para a realização de suas atividades. Foram acrescentados uma sala pintura, desenho e gravura, uma sala de aulas teóricas, e espaços adequados de reserva técnica para o armazenamento das obras da galeria. Além da matriz de Problem Seeking, foi elaborada uma tabela com o programa de necessidades; duas matrizes de relações, que permitiram entender os vínculos visuais almejados entre cada ambiente; e um organograma. Essas informações em detalhes estão no apêndice deste trabalho. No decorrer do projeto, uma particularidade ocorreu com um ambiente, o foyer. No programa de necessidades ele é tratado como parte do setor de apoio, porém, espacialmente ele se comporta como uma transição do setor de RDE. Quanto às condicionantes legais que seriam impostas pela legislação local, não foi possível constatar nenhuma determinação referente a recuos, número de pavimentos, taxa de ocupação e de área permeável, etc. Contudo, a partir de um crivo subjetivo, pode-se dizer que a postura parcimoniosa das decisões de projeto não ofereceu impactos negativos nesse sentido, exigindo ainda mais cautela nas decisões apresentadas a seguir. Os parâmetros adotados para acessibilidade, dimensionamento de saídas de emergência e de reservatórios de água seguiram as recomendações das normas ABNT NBR - 9050, NBR - 9077 e NBR - 5626, respectivamente.

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4.3 Partido arquitetônico

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A primeira estratégia de aproximação do NEC com sua vizinhança é a remoção das grades metálicas de seu perímetro. Mesmo diante das limitações impostas pelo entorno, esse procedimento desobstrui consideravelmente a percepção visual do

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integra ao jardim de acesso, resultando em mais um empraçamento. Em seguida, tem-se a remoção do atual anexo que, além de se relacionar de forma indesejada com o bem tombado, sob a perspectiva da preservação patrimonial, já se mostrou ineficiente

edifício principal e intensifica seu contato com a população. A Norte, tanto climática quanto funcionalmente. No lugar dele, propõe-se um a praça Felix Araújo passa a funcionar como uma extensão do próprio novo edifício que possa colocar em destaque a construção antiga, a centro cultural e articula um diálogo mais equilibrado entre o NEC qual por si só não se autodeclara perante o atual cenário edilício. 74 e as edificações adjacentes (o fórum e o INSS). A Sul, a calçada se


Figura 39 Diagramas de Partido da proposta de anteprojeto de reforma e ampliação do NEC. Elaborado pelo autor.

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No que se refere à paisagem vegetal, esta será parcialmente desobstruída mediante a remoção das árvores de Nim Indiano (Azadirachta Indica), plantadas nos últimos dez anos. De acordo com Silva et al (2019, p.01 - 05), o óleo de azadiractina presente nessa planta oriunda do Sul da Ásia, “[...] contém inúmeros compostos ativos, que [...] tem ação comprovada sobre mais de 400 espécies de insetos e ácaros, causando neles redução de alimentação, repelência de postura, interrupção do desenvolvimento, da ecdise,

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da fertilidade, fecundidade e na fisiologia, podendo levá-los à morte. É considerada uma planta abortiva para os animais, incluindo pássaros causando esterilidade.” (Silva et al, 2019, p.01). No lugar delas, serão plantadas espécies nativas de porte médio, tais como: Angico (Anadenanthera colubrina), Aroeira-vermelha (Schinus Terebinthifolius Raddi) e a palmeira Carnaúba (Copernicia prunifera). Sua disposição será feita nos canteiros laterais da praça Felix Araújo, de modo a não comprometer as visuais para o NEC. 75


O edifício principal do NEC não deve ser enxergado como um espaço cristalizado sob o espectro de seu passado ferroviário, mas como um lugar em cuja memória está consolidada a função de centro cultural tanto quanto a de estação. Desse modo, deve-se ter em conta as particularidades da dialética entre o bem tombado e seu entorno, como relações de escalas, proximidade com outras edificações e tamanho do lote. Essas implicações terão ressonâncias na estratégia de implantação do novo anexo e nas associações visuais e volumétricas entre novo e antigo. Tem-se consciência de que o projeto poderia sofrer alterações, caso, em circunstâncias reais, passasse pela revisão dos órgãos de preservação patrimonial. Todavia, dado ao fato desta ser uma proposta de caráter acadêmico, aceita-se correr certos riscos. Não se almeja, entretanto, um distanciamento da realidade. O intuito é levantar discussões e investigar como uma edificação nova pode conciliar o vínculo com a preexistência, participando de maneira ativa no contexto em que se insere. Diante disso, vale salientar a declaração de Waisman, na qual a autora expõe que: Assim como a intervenção em um edifício de alto valor patrimonial alcança maior êxito quanto menos se percebe a mão do restaurador, no caso do patrimônio mais modesto, menos monumental, o que confere interesse é, às vezes, o animado diálogo entre o antigo e o moderno. (MARINA WAISMAN apud ANDRADE JÚNIOR, 2007, p.12) 76

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A partir das análises do lugar, constata-se o valor que possui o pátio para o NEC. Ele confere ao centro cultural uma ambiência intimista, que é um de seus principais atributos. A implantação do novo anexo não podia desconsiderar essa característica. Logo, a primeira resolução é reforçar a imagem do pátio enquanto um espaço de interações sociais, que media o percurso da rua aos edifícios, e que orienta a relação entre estes últimos dentro do lote.


Figura 40 Diagramas de Partido da proposta de anteprojeto de reforma e ampliação do NEC. Elaborado pelo autor.

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A estratégia volumétrica adotada para a nova edificação é dissolvê-la em fragmentos relativamente independentes, que conferem permeabilidade ao acesso ao conjunto; e que se organizam de modo a criar um pano de fundo para o edifício principal a partir

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Uma das intenções com essa construção é igualmente sugerir um marco visual capaz de reforçar a presença do centro cultural perante a comunidade. A resposta a essa demanda simbólica surge através do aumento gradual da altura do anexo em relação ao

da rua; e um enquadramento para o mesmo desde a praça. Essa pavilhão principal, de modo que o ponto mais elevado do primeiro é fragmentação também permite acomodar o programa do centro, também o mais distante do segundo. Disso resulta que a presença sem no entanto, criar um anexo cuja escala ofusque a do pavilhão. de um não atrapalha a do outro, mas a complementa. 77


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O NEC passa, então a ter a edificação mais alta da quadra que, por sua vez, se orienta de modo a criar visuais para o edifício antigo. A materialidade do elemento vazado em terra compactada nos planos verticais confere ao novo conjunto um aspecto unitário, que equilibra o efeito da volumetria fragmentária.

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Os empraçamentos tanto a Norte quanto a Sul recebem um agenciamento que facilita os fluxos de transeuntes através do centro cultural e os direciona para atravessarem o pavilhão principal, convertido em galeria. O pátio e a praça passam a funcionar como

um só lugar através do desenho de piso contínuo. Todos os seus As aberturas atenuam a solidez dos edifícios novos por meio espaços livres públicos recebem novo mobiliário urbano. de recortes precisos, que enquadram o pavilhão principal e a praça. 78


Exposição Transmissão de Saberes Recreação, descanso e lazer Apoio financeiro Apoio

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A segurança do conjunto edificado é resguardada, nos horários em que estiver fechado, por intermédio de portões de correr posicionados de forma estratégica, de modo a proteger os edifícios anexos, cuja implantação no térreo é mais aberta. Esses portões

Figura 41 Diagramas de Partido da proposta de anteprojeto de reforma e ampliação do NEC. Elaborado pelo autor.

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A organização final se constitui de três edificações autônomas. A primeira é o pavilhão principal, convertido em um espaço de exposições temporárias. A segunda é um edifício que compreende administração, alojamentos, copa, sala de dança e

serão executados em material perfurado, reduzindo o impacto visual. teatro, de música e multiuso; ateliês, depósitos, banheiros, foyer e O fechamento do restaurante no térreo será na parte de terraços. A terceira, por sua vez, abriga o restaurante. atendimento. A área de mesas permanece aberta. 79


4.3.1 Sistema estrutural Em consonância com o princípio da reversibilidade, o sistema estrutural empregado nas novas edificações adota o aço como principal material. Essa escolha se deu mediante suas vantagens quando comparado a sistemas tradicionais, como concreto e alvenaria estrutural. Entre elas, destacam-se: peso reduzido; excepcional resistência mecânica em relação à sua massa; pré-fabricação mais fácil, com a possibilidade de criação de elementos modulares; prazos mais curtos para a montagem do edifício em fábrica; não tem variações dimensionais provocadas pela umidade; baixo custo; e elevado potencial no que diz respeito à reciclagem e reutilização. (MARTINS, Cláudio et al, 2017, p. 03) Além desses distintivos, a estrutura metálica nesse projeto carrega também uma dimensão simbólica. Com ela, busca-se evitar certos estereótipos de que, por se tratar de uma região mais pobre e afastada dos principais centros econômicos, deve-se utilizar sistemas estruturais menos avançados. É importante lembrar que, quando o pavilhão da estação foi construído, ele representava modernidade e avanços tecnológicos. O sistema está organizado em lajes Steel Deck, vigas e pilares metálicos, vigas baldrame e fundações em concreto do tipo sapata isolada para os pontos de descarga dos pilares; e sapata corrida para o trecho do subsolo.

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4.3.2 Sistema de pele e de aberturas Como visto anteriormente, o clima semiário impõe certas condicionantes em relação ao tipo de envelope e às aberturas externas a serem utilizadas. Ferreira (2017, p. 110 - 111) destaca que, no caso de Cajazeiras, a umidade relativa do ar pode atingir 24,5%, um valor considerado abaixo dos limites para o conforto humano (entre 40% e 70%). O autor aponta, ainda, que esse percentual é inversamente proporcinal à temperatura. Isto é, quanto mais quente, menor será a umidade relativa do ar, agravando ainda mais a situação do conforto térmico. Respondendo essas demandas, o projeto adota o cobogó Itavotu como principal elemento constituinte de sua pele exterior. Ele é o resultado de uma pesquisa de mestrado desenvolvida pelo Me. Pablo Raphael de Lacerda Ferreira. Trata-se de um elemento vazado em terra crua comprimida estabilizada com cimento Portland. A elaboração desse dispositivo levou em consideração o clima do Sertão paraibano. Entre suas principais vantagens está a redução da temperatura interna em até 7,3°C e aumento da umidade relativa do ar de até 38,5% Ferreira (2017, p. 108 - 109).

No que diz respeito às propriedades da terra enquanto material construtivo, tem-se que: [...] a terra tem a capacidade de regular a umidade do ar como nenhum outro material natural. Por se tratar de um material poroso, este tem a capacidade de absorver e liberar a umidade do ar ambiente, causando assim um maior equilíbrio da umidade em ambientes internos. Em experimentos realizados pelo pesquisador, foi detectado que, no adobe, sua camada externa (1,5cm de profundidade, a partir da superfície) é capaz de absorver 300 g por m² em 48 horas, quando a umidade do ar ambiente é aumentada de 50% para 80%. (MINKE, 2015 apud FERREIRA, 2017, p. 32)

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Em síntese, a terra é um material que consegue absorver o vapor d’água presente na atmosfera. Ao atravessar o cobogó, o ar tem sua temperatura reduzida e umidade relativa aumentada. Para que isso aconteça de maneira eficaz, a parede de cobogós é tratada como uma justaposição de duas ou mais camadas. A geometria do elemento vazado, quando agrupado, gera pequenos deslocamentos no curso do vento. Com isso, aumenta-se a superfície de contato da parede e o ar que a atravessa é gradualmente tratado.

Figura 42 Cobogó Itavotu e sua combinação em camadas para atenuação da temperatura e aumento da umidade relativa através do fluxo de ar em seu interior. Imagem elaborada pelo autor.

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A terra retirada para a construção do subsolo servirá para a confecção dos cobogós. Ela precisa passar antes por análises granulométricas que vão determinar se serão acrescentados outros minerais à composição. Ferreira (2017, p. 38) recomenda que a terra tenha entre “10% e 20% de argila, 10% e 20% de silte e de 50% a 70% de areia. A umidade da moldagem é variável conforme o tipo de solo utilizado, logo a quantidade de água é confirmada através de ensaios laboratoriais”. Após a fase de análises, a terra precisa passar por um processo de estabilização, o qual: [...] consiste em modificar propriedades do sistema terra-água-ar, na iminência de se obter qualidades perenes para uma aplicação particular. Dentre as características modificadas pela estabilização, os autores citam a resistência mecânica, performance quanto à ação da água, trabalhabilidade e ductilidade. (BARBOSA & GHAVAMI, 2007, apud FERREIRA, 2017, p. 35 - 36)

Existem diversas formas de operacionalizar a estabilização do material. Para tanto, o criador do cobogó Itavotu optou pela estabilização química com cimento Portland e, em seguida, pela ação mecânica, com o uso de prensa hidráulica. Por se encontrar em quase toda parte habitada do país, o cimento Portland hoje é o produto mais utilizado na construção civil. Na estabilização do solo, o uso do cimento é uma das mais simples de se fazer, uma vez que é necessária apenas sua adição e homogeneização ao solo. Sua inclusão na mistura da terra acarreta, em geral, maior estabilidade dimensional, maiores resistências mecânica e à água. (FERREIRA, 2017, p. 36)

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Em sua pesquisa, Ferreira (2017) elaborou duas escalas para o cobogó: uma de 25cm x 25cm x 09cm (h x l x p) e outra de 6,25cm x 6,25cm x 2,225cm (quatro vezes menor que a primeira), com a qual foram realizaram os experimentos. Para o projeto, optou-se por esta última, já que ela resultaria em paredes de menor espessura e, consequentemente, de menor peso próprio, sem alterar os efeitos térmicos do cobogó. Além de tudo, a escala menor do elemento vazado gera uma trama esteticamente mais delicada para a pele. Tendo em conta as dimensões da peça escolhida, desenvolveu-se um sistema de apoio para as paredes externas, constituído de montantes verticais fixados na estrutura do edificio. Neles estão articulados perfis “L” sobre os quais são assentados os cobogós. O envelope possui duas camadas, uma que se volta para o exterior e outra que se volta para os ambientes internos. As diferentes atividades abrigadas pelo edifício demandaram a criação de duas combinações, variando apenas a camada interior. Nos os ambientes onde o isolamento térmico é desnecessário, adotou-se uma pele interna análoga à externa. Isto é, também composta por cobogós assentados sobre perfis “L”, fixados nos montantes verticais. Este é, portanto, um trecho permeável do envelope, compreendendo administração / copa, sala de aulas teóricas e ateliês. Já os ambientes com necessidade de isolamento térmico e acústico, como o dormitório, a sala de dança e teatro, a sala de música, a cozinha e os depósitos do restaurante (esses por questões sanitárias), recebem uma parede em dry wall e atrás da pele externa em cobogó, que continua a funcionar como antemparo redutor de temperatura. O efeito visual almejado para o exterior é de uma superfície contínua, que coexiste com a estrutura metálica, revelando-a pontualmente. A dialética entre o aço e a terra, enquanto paradigmas de dois modos de construir radicalmente distintos, gera tensionamentos semânticos que enriquecem a apreensão do todo arquitetônico.

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Figura 43 Diagrama com sistema de apoio em estrutura metálica para assentamento dos cobogós Itavotu. com a pele dupla no elemento vazado Elaborado pelo autor.

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Atendendo as recomendações da NBR 15220/3 (p. 03 - 08), as aberturas devem ser pequenas e sombreadas, o que acarreta uma predominância de cheios sobre vazios. A lógica de disposição das janelas e portas atende as especificidades de cada sala no que diz respeito à iluminação, circulação, ventilação cruzada e enquadramento de visuais para o exterior. Disso resulta um conjunto de vazios que, ao refletirem critérios de organização balizados por demandas internas, se apresentam nas fachadas em uma composição heterogênea, sugerindo uma composição despojada. As fenestrações são constituídas por um brise de correr externo em madeira, uma janela de correr com estrutura de alumínio anodizado e vedação em vidro; e uma cortina blackout interna do tipo rolô. Esse sistema tríptico oferece aos ambientes diferentes combinações de ventilação e iluminação. Ademais, a mobilidade dos brises externos outorga um senso de dinamicidade às fachadas, criando variações de movimento de acordo com as diferentes épocas do ano e horários do dia.

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Figura 44 Diagrama de aberturas-tipo dos edifícios anexos do NEC. Elaborado pelo autor.


4.3.3 Sistema de coberta Enquanto centro cultural e comunitário, o NEC deve ser igualmente entendido como um espaço propício à experimentação de ideias com potencial transformador para o contexto onde se inserem. Partindo dessa premissa, constatou-se a possibilidade de aproveitar parte das cobertas das edificações anexas para a implementação de hortas. Duchemin et al (2010, p. 01 - 02) destacam a relevância da agricultura urbana enquanto uma iniciativa “que tende a reduzir a pobreza e favorecer o desenvolvimento social e econômico”. Os autores apontam ainda que a ela “contribui com a segurança alimentar à escala familiar e comunitária; e com a melhoria das condições nos bairros mais pobres, tanto em países em desenvolvimento quanto em países amplamente industrializados.” A agricultura urbana apresenta diferentes esferas de intervenção, as quais podem ser classificadas como: [...] a educação (sensibilização, empoderamento individual e político), o desenvolvimento econômico e a luta contra a pobreza [...], a segurança e autosuficiência alimentares [...], os lazeres, oferecendo espaços de descanso e contato com a natureza [...], as interações sociais [...], a saúde, ao permitir atividades físicas ao ar livre; o planejamento urbano pela apropriação cidadã de espaços subutilizados; e, finalmente, o meio-ambiente, incluindo a defesa da biodiversidade urbana e o fluxo de matéria e energia no ecossistema urbano. )

(DUCHEMIN et al 2010, p. 02) Em 1996, cerca de 800 milhões de pessoas praticavam agricultura urbana em escala mundial (DUCHEMIN et al 2010, p. 01). Cidades globais como Nova York, Berlim, Montreal, Paris, etc. já apresentam significativos resultados. Em 2008, por exemplo, a cidade de Boston já possuia mais de 150 jardins comunitários, que juntos, contavam com o envolvimento de mais de 10.000 pessoas (Boston Natural Areas Network, 2008). Essa prática não se restringe apenas a grandes centros, mas também a cidades com populações bem menores, como Liverdun, no Norte da França, com

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6.033 habitantes (INSEE, 2015) e mais de 20.000m² em hortas comunitárias. Tem-se consciência do tamanho reduzido que teriam as hortas comuniárias do NEC em um primeiro momento. Entretato, ao considerar que Cajazeiras ainda não possui nenhum outro experimento análogo, a escala aqui não é assimilada como um problema, mas como o reflexo de um projeto embrionário. Ou seja, como o ponto de partida para um movimento gradual capaz de gerar engajamento popular e incorporação de novos hábitos. As hortas sobre o pavilhão do restaurante deverão suprir parte das demandas do próprio estabelecimento, enquanto a do outro edifício anexo será destinada à comunidade. Essas últimas serão implantadas no terraço do segundo pavimento, funcionando com telhado-verde do tipo intensivo, o qual permite o cultivo de plantas de médio porte com camadas mais profundas de terra. As demais cobertas também serão em telhado verde, porém do tipo extensivo, que possui uma espessura total de 8cm e não pressupõe acesso do público, mas apenas para manutenção. A escolha por um telhado com recobrimento vegetal se deu por este comprovadamente ser capaz de reduzir a temperatura em até 7,5º C no interior da edificação (OLIVEIRA et al, 2016, p. 47), quando comparado a coberturas convencionais. Morais (2004, apud OLIVEIRA et al, 2016, p. 47) aponta ainda que “dos raios solares incididos sobre uma cobertura verde, 27% são refletidos, 60% são absorvidos pelas plantas e 13% são 88 transmitidos para o solo que compõe o sistema.”

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Figura 45 Diagrama de cobertas das edificações anexas do NEC. Elaborado pelo autor.


4.3.4 Intervenções no edifício principal

Figura 46 Diagrama de intervenções no pavilhão principal. Elaborado pelo autor.

A abordagem em relação a essa edificação foi circunspecta e pontual, dado seu bom estado de conservação e também o interesse de preservá-la da forma mais autêntica, na medida do possível. Desta maneira, as alterações propostas consistem em: 01. Retirada do forro de gesso, o qual, sendo fruto de reformas circunstanciais na última década, prejudica o entendimento interno do edifício. Isso permitirá que os usuários tenham acesso visual à estrutura da coberta; 02. Remoção de uma das paredes do hall que, por sua escala diminuta, tem um uso restrito e prejudicado. Com isso, o pontalete da coberta ,sustentado nessa parede, passa a se apoiar em uma viga metálica. A demarcação do plano vertical removido permanecerá nos demais e no piso como registro da espacialidade original. Entende-se esta alteração como algo mínimo diante do todo, que permanece preservado. Além disso, ela não desvirtua o entendimento espacial do edifício, mantendo o sistema de aberturas do tipo enfilades entre seus recintos; 03. Restauração, limpeza e manutenção do piso em ladrilho hidráulico; 04. Adequação luminotécnica por meio de trilhos e eletrocalhas suspensos no telhado; 05. Desenvolvimento, nas etapas posteriores de projeto, de mobiliário portátil para a exposição das obras de arte.

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Antes

Depois

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Composição elaborada pelo autor, utilizando-se de personagem em ilustração no formato .png, cedido pela artista Minna Miná



V

ejo-me novamente obrigado a utilizar a primeira pessoa, pois o tom emotivo dos agradecimentos insiste em reaparecer. Ele se deve à liberação de uma carga, à sensação de encerramento de uma etapa e também à impaciência pelo começo de outra. A escolha do NEC como objeto deste trabalho ocorreu mediante uma série de fatores. O primeiro deles foi poder retribuir algo da minha formação à cidade onde nasci e cresci, Cajazeiras, que é um dos tantos sertões espalhados por esse país. Um lugar que surgiu e se desenvolveu pelo trabalho de educar. O segundo motivo, menos passional, foi o de experimentar trabalhar em uma escala reduzida, considerando, com isso, ter um pouco mais de domínio das discussões levantadas e das respostas desenvolvidas. Tive uma feliz surpresa, pois à medida que minhas investigações evoluíram, foram desveladas novas camadas de complexidade e, por conseguinte, de reflexão. Entre elas, evidencio: 01. a disposição dos elementos arquitetônicos e arbóreos preexistentes em um terreno de escala modesta, que condicionou um programa de necessidades preciso e sucinto; 02. o diálogo com um patrimônio histórico obscurecido por seu entorno e a tentativa de reorientar essa tensa relação, inserindo mais um edifício; 03. os riscos da proximidade entre os anexos e o edifício existente, que aqui busquei converter em atributo ressignificador do lugar.

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O fato do NEC existir há mais tempo que a estação de trem, me leva igualmente a reiterar a abordagem que tive em relação ao edifício antigo. Nela considerei seu atual uso como sendo tão importante quanto o primeiro. Com isso não quis negar o passado, mas responder as particularidades da edificação, entendendo sua história como a totalidade de uma construção constante. No que concerne aos meios para a concretização desse projeto, se em um cenário tido como normal, isso já seria difícil, agora, diante da conjuntura que se anuncia, torna-se ainda mais complicado. Reconheço minhas limitações quanto à busca de estratégias para viabilização financeira dessa empreitada. Entretanto, cheguei à conclusão de que este é um processo de longo prazo e que envolve vários atores. Desta forma, centrei meus esforços na utilização das ferramentas das quais dispunha no tempo que me foi estabelecido: a capacitação para resolver problemas da ordem espacial, tectônica e urbanística.

Com os resultados obtidos, acredito que este projeto pode estimular um debate acerca do

papel do NEC para a população e de sua participação na memória da cidade. Caso seja construído, o projeto em questão pode requalificar a dinâmica de toda uma vizinhança, fortalecendo seus elos enquanto comunidade.

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Composição elaborada pelo autor, utilizando-se de personagem em ilustração no formato .png, elaborado pela artista Maria Se


95


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99


100

Composição elaborada pelo autor, utilizando-se de personagem em ilustração no formato .png, cedido pela artista Minna Miná


101


Identificação dos setores com base no método Problem Seeking



Programa de necessidades








Organograma dos ambientes

Balcão atendimento

Sala para aulas teóricas


Matriz de relações Estudo da intensidade das relações visuais e físicas entre os ambientes propostos


Matriz de relações Este gráfico mostra quais são os principais espaços (ou seja, aqueles que se conectam com o maior número de outros ambientes)


42.63

27.02

D

Abertura zenital

Telhado verde extensivo +3.58

Laje plana impermeabilizada +14.80

32

Telhado verde extensivo +3.58

Terraço horta restaurante

+5.96

Telhado verde extensivo

+11.08

4.49

32

12.49

26

10.18

26

4.60

26

6.39

+6.26

6.87

2.00

26

Abertura zenital

27 1.02

C

A

18.40

26

A

6.31

Laje impermeabilizada

+6.26

Terraço horta restaurante

+7.00

1814

B

20.68

Ab. zenital

16

4.96

5.13

B

4.80 40 2.46

2.46

40

4.80

26

Telhado original em telha canal

2.14

Abertura zenital

4.75

2.46

16

40

1.86

2.46

Telhado original em telha francesa

40

Abertura zenital

+0.00

Telhado original em telha francesa

Telhado verde extensivo

C

Planta de coberta Esc.: 1:125

9.05

7.73

16.37

+3.58

D


1.48 15

20 8.70

15 3.10

7.90

20 1.30 15 1.60 15 1.30 15

Reserva técnica 26.97 m²

Elevador

1.50 15 1.40 15 Exaustão mecânica

8.70

20 20

20 1.45

20

1.95

20 3.15

3.03

20

20 20

Depósito 27.41 m²

3.25

1.95

Área técnica 9.59 m²

Limite terreno NEC

Planta baixa subsolo Esc.: 1:125


Vistas da face Sul do NEC (Relação entre o edifício principal e os anexos). Optou-se por não ter estacionamentos no projeto, como forma de estimular os deslocamentos na própria vizinhança. Além disso , ambas as ruas não possuem tráfego intenso, já dispondo de vagas. Renderização elaborada pelo autor, utilizando-se de personagens em ilustração no formato .png, concebidas pela artista Minna Miná.


3.83

D

4.71

Alargamento da calçada, criando um acesso mais convidativo

01

3030 70 39

02

03 04

14.60

Bancos em diferentes alturas integrados às escadas e aos desníveis de piso

11.88

4%

Mini-academia ao ar livre como estratégia para atrair pessoas de diferentes faixas etárias

4.62

4.72

5.10

39

6.30

93

6.61

Área de mesas Bar do Haroldo

8.87

9.47

Caixa d'água / Bar do Haroldo

Praça Felix Araújo

10 93 10 93 10 93 10 1.40 10

Ateliê de pint., des. e grav. 4.39 28.96 m²

+0.00

WC acess. 3.12 m²

4.26

31

Palco Norte

Sala de música 27.70 m² +0.00

Área mesa coberta 15.61 m²

14.22

+0.30

11.55

+0.00

1.80

6.55

Banheiro misto 9.33 m²

10

4.39

15

4.26

31

14.22

6.60

10

Armário instrumentos

15

11.35

Portões camarão

6.49

1.95

6.80

10

Área de mesas descoberta

10

10 1.60 10

C

Atendimento 8.50 m² Elevador

A 15 1.30

1.80

7.43

6.49

10.90

Portões camarão

Proj. Duto Lixo

6.22

5.62

10.68

60

4.64

5 1.20

10.90

O lixo cai diretamente em conteiners plasticos que, quando cheios, são levados à lixeira pública

Sobe 1 2 3

Lixo refr.

4 5 6

16 15 14 13 12 11 10 9

1.40 10 1.95

8

7

10

6.96

WC. Acess. 3.02 m²

0102 03

4.39

Recepção

3.05

Proj. ab. zenital

7.68

WC. Acess. 3.02 m²

10 1.25

1.90

10.61

Pátio

10

10 1.55 10

+0.00

A

Dep. bebidas 1.79 m² A. téc. 1.79 m²

Foyer 45.62 m²

10

1.40 10 1.70

UP

5%

1.90 9.26

10

10

Praça garçons

1.55 10 1.30 20 80 20 1.05 10 1.2010

Montador de pratos

Área mesa coberta 19.00 m²

+0.36

1257

4.08

1.85

8.33%

26 97

6.66

33

B

Galeria (sala 03) 20.23 m²

7.30

33

4.96

5712

1.85

31

9.81

8.68

54

54

Área de mesas descoberta

Portão pivotante

20.33

+0.36

25

Estações de trabalho

Palco Sul

3.35

3.35

Bancada modular p/ maquinário

3.78

Proj. abertura zenital

10

Galeria (sala 02) 29.78 m²

Galeria (sala 01) 27.16 m²

+0.36

4.08

Ateliê escultura em madeira 32.72 m²

B

54

54

10

DML. 5.85 m²

60

23.09

8.95 7.98

6.38

6.85

Empraçamento Sul

01

02

03 8.33%

C

Planta baixa térreo Esc.: 1:125

D

N


Pátio, Praça Felix Araújo, pavilhão principal (convertido em galeria de exposições temporárias) e difício anexo ao fundo (este contempla os setores: Transmissão de saberes e apoio). Renderização elaborada pelo autor, utilizando-se de personagens em ilustração no formato .png, concebidas pela artista Minna Miná; e a ilustração de gato concebida pela artista pela artista Maria Sem.


Vista do acesso Norte (a partir da Praça Felix Araújo). Renderização elaborada pelo autor, utilizando-se de personagens em ilustração no formato .png, concebidas pela artista Minna Miná.


Relação entre foyer aberto e demais ambientes internos e externos. Renderização elaborada pelo autor, utilizando-se de personagens em ilustração no formato .png, concebidas pela artista Minna Miná.


Vista interna do pavilhão principal. Destaque para a integração entre os ambientes após a retirada da parede.; e ampliação do pé-direito com a remoção do forro de gesso adicionado em reformas já nos anos 2000. Renderização elaborada pelo autor, utilizando-se de personagens em ilustração no formato .png, concebidas pela artista Minna Miná.


Relações entre interior e exterior a partir da sala de música. Renderização elaborada pelo autor, utilizando-se de personagens em ilustração no formato .png, concebidas pela artista Minna Miná; e ilustração de gato concebida pela artista pela artista Maria Sem.


Relações entre interior e exterior a partir do ateliê de pintura, desenho e gravura. Renderização elaborada pelo autor, utilizando-se de personagens em ilustração no formato .png, concebidas pela artista Minna Miná.


Vista interna da cozinha do restaurante. Renderização elaborada pelo autor, utilizando-se de personagens em ilustração no formato .png, concebidas pela artista Minna Miná.


4.87

27.12

20.29

D

26 1.00

Coz. industr. 37.69 m²

+3.16

Sala de aulas teóricas 60.91 m²

+3.50

10 36 1.38 10

8.84

25

14.07

26

25

14.07

26

ADM. / Copa 12.33 m² +3.50

4.58

6.89 25

22.97

8.86

10

25

Abertura zenital

10

26

4.58

6.15

A

19.58

Ilum. zen.

1 2 3 4 5 6

16 15 14 13 12 11 10 9

C. Fria 01 2.40 m²

7

8

C. Fria 02 2.40 m²

54

2.15

26

2.10

Dep. secos 3.00 m² Trocador 1.42 m²

Ducha 1.00 m²

Trocador 1.42 m²

Ducha 1.00 m²

10 1.35 10 95 26

66 6.09 6.14

10.72

16.21

Telhado verde extensivo

C

Planta baixa pavto. 01 Esc.: 1:125

5.51

Lavabo 1.80 m²

Telhado original em telha francesa

+3.58

26

Triagem 4.99 m²

2.20

66 26 1554

DML. 2.70 m²

4.08

26

25

1.85

3.86

Alojamento 17.93 m²

B

2.00

26 1.20 10 1.60 10 1.60

Telhado original em telha francesa

+3.50

70

Sobe

3.75

1.86

6.39

Monta-pratos

3.76

Pátio interno 17.21 m² +3.50

1.90

10 1.50 10 1.50 10 1.50 10 1.30 10 1.50 10

7 6 5 4 3 2 1

8.84

26

A

Elevador

196 1.35 15 1.50 15 1.40 10 4 21 1.3215 1.60

1.85

13 12 11 10 9 8

Desce

26

8.30

14 15 16 17 18 19 20

4.60

Zen.

2.70

Telhado verde extensivo +3.58

26

27

15 1.32 10

1.85

BWC. Acess. 5.90 m² +3.50

2.19

Telhado verde extensivo

+3.58

Abertura zenital

27 1.02

Abertura zenital

26

2.76

C

D

4.98

B


Vista interna da sala de aulas teóricas, relacionando-se visualmente com o pátio interno, a administração e o edifício principal ao fundo. Renderização elaborada pelo autor, utilizando-se de personagens em ilustração no formato .png, concebidas pela artista Minna Miná.


Vista do pátio interno, relacionando-se com a administração e com a sala de aulas teóricas. Renderização elaborada pelo autor, utilizando-se de personagens em ilustração no formato .png, concebidas pela artista Minna Miná.


Relação entre interior e exterior a partir da sala da dança e teatro. Esta não possui brises a Leste, para melhor enquadramento da vista, por ter isolação térmica e acústica, com condicionamento térmico. Um outro fator é que as atividades do NEC normalmente começam após as 8h, quando o Sol já não atinge tanto o interior da sala. Renderização elaborada pelo autor, utilizando-se de personagem em ilustração no formato .png, concebida pelo artista Daniel Zeppo


26.94

D

10 66 1.38 10

26 10.19

26 40

6.87

DN

26

4.20

26

6.39

A

3.15

4 1.44 4 18

26

22.96

26 40

8.76

Terraço horta comunit. 37.24 m² +7.00

22.96

4.60

26

5.58

3.11

26

1.50

4.03

1.59

27

A

12.71

Armário para eqptos. e elementos cênicos

2.40

1.30 15 1.60 15 1.32 10

27

+5.96

Sala de dança e teatro 87.34 m² +7.00

+7.00

1.85

Terraço horta restauramte

8.30

2.19

BWC. acess. 5.25 m²

7.90

1.70

Horta Telhado verde intensivo

22

4.67

22

4.20

26

5.13

2.20

1.85

B

5.60 10.19

16.41

12.17

18

26

B

C

Planta baixa pavto. 02 Esc.: 1:125

AVTO. 02 (FINAL)

CALA

27 1.00

27 1.02

C

1 : 125

_

D


7.65

11

11

2.69

3.40

3.39

PAVTO. 02

11 30 1.09

Sala de dança e teatro

Circ.

(N.A.) +7.00

3.61

11 8 32 Espelhos

5.00

3.89

11.87

Modelo adotado sem casa de máquina (Atlas Schindler 5500)

3.89

COBERTA

3.60

3.60 11 8 32

4.00 11

(N.A.) +11.00

11 25 11

30

7.65 5.00

15

3.61

3.60

3.39 3.60

20

SUBSOLO

3.89

11.87

(N.O.) -3.50

Modelo adotado sem casa de máquina Reserva técnica Circ. (Atlas Espelhos Schindler 5500)

Atendimento

11 8 32

COBERTA

Sala de música

3.89

3.35 11

(N.A.) +11.00

Monta-pratos

3.35

TÉRREO

Ateliê de pint., des. e grav.

11 8 32

15 4.00

3.13

Circ.

(N.A.) +0.00

Coz. industr.

6.10

11

11

Sala de aulas teóricas

3.39

15.89

PAVTO. 01

2.69

Circ.

(N.A.) +3.50

11 30 1.09 6.10 3.61

2.69

11

11 2.697.65 25 11

6.64

6.64

5.00 30

11 30 1.09

1.01

2.69

11 30 1.09

Coz. industr.

11

Marca da parede removida

Monta-pratos Trocador

Ducha

PAVTO. 01

25 11 2.69 25 11

7.84

20

+0.00

6.64

Galeria (sala 03)

Galeria (sala 02)

Reserva técnica

SUBSOLO

+3.50

Atendimento

6.64

Circ.

(N.O.) -3.50

Galeria (sala 01)

36

20 11

4.00

3.35

At. marcenaria

Sala de música

PAVTO. 02

2.69

3.89 15 7.84

3.39 11 8 32 Ateliê de pint., des. e grav.

15

3.03

2.00

Viga p/ sustentação do pontalete

+7.00

30

Circ.

(N.A.) +0.00 TÉRREO

Sala de aulas teóricas

+11.00 COBERTA

2.69

Circ.

Atendimento

11

11

Alojamento

1.89

Reserva técnica

3.39

3.39 3.13

Corte AA A1:125 _ 1 Esc.: ESCALA 1 : 125

Circ.

Sala de música

8.00

15.89 20

Poço elevador

(N.A.) +3.50 PAVTO. 01

Sala de dança e teatro

3.39

11 1.10

15.00

Terraço horta comunit.

SUBSOLO

Circ.

Monta-pratos

3.39

(N.O.) -3.50

Coz. industr.

6.10

PAVTO. 02

Ateliê de pint., des. e grav. Espelhos

15 4.95

(N.A.) +7.00

Circ.

3.35 11

11.11

2.90

TÉRREO

Modelo adotado sem casa de máquina (Atlas Schindler 5500)

Sala de aulas teóricas

3.35

3.13

(N.A.) +0.00

4.00

COBERTA

11.87

(N.A.) +11.00

Circ.

3.40 20

PAVTO. 01

11 3.60 3.40

11

(N.A.) +3.50

11 3.60 3.39

1 : 125

3.39 11 8 32

_

Sala de dança e teatro

11

A

ESCALA

11 15.89 4.00

1

15 3.89

PAVTO. 02

11 3.35

Circ.

(N.A.) +7.00

11 2.21

20

Poço elevador

+11.00 COBERTA

PAVTO. 02

2.69

11 30 1.09

1.01 ?

2.69 6.6411 11.11

11 30 1.09

+7.00

PAVTO. 02

PAVTO. 02

-3.50

Trocador

+14.80

Ducha +3.50 (N.A.)

+3.50

PAVTO. 01

PAVTO. 01

+0.00 (N.A.)

+0.00

3.39 2.69 15 20 3.89 15 25 11 3.65

3.39 1536

11

+11.00 (N.A.)

11.11

COBERTA

3.89

3.35

3.35

3.92 11 8

TÉRREO

11817 14

BWC. acess.

-3.50

SUBSOLO

SUBSOLO

PAVTO. 02

+3.50 (N.A.)

3.89

PAVTO. 01

11.11

3.39

Banheiro misto

15

3.92

113.65

Caixa d'água 34.415L

3.39 11

3.55

Modelo adotado sem casa de máquina (Atlas Schindler 5500)

BWC. Acess.

-3.50 (N.O.)

+7.00 (N.A.)

+14.80

3.35

(N.A.) +7.00

Foyer

+7.00 (N.A.)

Caixa d'água 34.415L

3.89 15

(N.A.) +0.00

Telhado verde extensivo

4.35

COBERTA

3.90

(N.A.) +11.00

Pátio interno

11 8 15.89

ADM. / Copa

PAVTO. 01

TÉRREO

Modelo adotado sem casa de máquina (Atlas Schindler 5500)

11 3.61

Alojamento

(N.A.) +3.50

3.39

1 : 125

+0.00

BWC. acess.

3.39

_

3.39 6.90 11

B

ESCALA

COBERTA

COBERTA

SUBSOLO

Laje plana imperm.

11 1.10

2

+11.00

+11.00 (N.A.)

3.39 15 20 11

?

(N.A.) +7.00

1 :PAVTO. 125 02

11.11

_

30

C

ESCALA

Banheiro misto

11 1.10

Poço elevador

3

PAVTO. 01

11 3.35

SUBSOLO

4.35

11.11

(N.O.) -3.50

11

15.89 3.61

Telhado verde extensivo

COBERTA

Corte BB Esc.: 1:125

+3.50

1.01 8.00 3.39

3.55 11

3.39

Galeria (sala 03)

Foyer Galeria (sala 02)

(N.A.) +11.00

Ducha

Laje plana imperm.

3.39

4.95

20 11

Galeria (sala 01)

6.90

TÉRREO

BWC. Acess.

: 125 At. 1 marcenaria

30

(N.A.) +0.00

Marca da parede removida Pátio interno

11

11

_

ESCALA

3.90

B

2.00

2

3.03

1.89

PAVTO. 01

Alojamento

3.39

3.39 Alojamento

(N.A.) +3.50

Viga p/ sustentação do pontalete ADM. / Copa

PAVTO. 02

Trocador

11817 14 11 2.69

BWC. acess.

2.21

?

+7.00

+14.80

25 11

3.658.00 11 6.64

3.92

11 1.10

11 1.10

PAVTO. 02

Modelo adotado sem casa de máquina Galeria (sala 03) (Atlas Schindler 5500)

36 3.89

6.90 Galeria (sala 02)

Terraço horta comunit.

15.00

(N.A.) +7.00

Galeria (sala 01)

Telhado verde extensivo

Caixa d'água 34.415L

11

At. marcenaria

11.11

2.00 11.11

COBERTA

20 11 2.90

3.03

(N.A.) +11.00

7.84 4.95

1.89

Alojamento

Marca da parede removida

11 8

Viga p/ sustentação do pontalete

3.61

1 : 125

4.35

_

ESCALA

15 20

Laje plana imperm.

2.21

1 : 125

3.39

B

2

11 1.10

ESCALA

SUBSOLO

11 4.00

1

_

-3.50

Terraço horta comunit.

15.00

A

20

11.11

2.90

Poço elevador

+11.00 (N.A.) COBERTA

+0.00 (N.A.) TÉRREO

+7.00 (N.A.) PAVTO. 02


Ducha

+3.50

11

PAVTO. 01

4.95

2.69

3.03

1.89 2.00

2.69

Trocador

11

Alojamento

Marca da parede removida

8.00

3

Viga p/ sustentação do pontalete

Galeria (sala 03)

Galeria (sala 02)

25 11

Galeria (sala 01)

36

20 11

At. marcenaria +0.00

-3.50 SUBSOLO

3.65 11

11.11

COBERTA

11

+7.00 (N.A.) PAVTO. 02

15

15

3.35

3.35

Banheiro misto

PAVTO. 01

+0.00 (N.A.) TÉRREO

-3.50 (N.O.)

.50

LO

SUBSOLO

Poço elevador

1 : 125

7.66 1.09

2.69

11 30 1.09

7.65

Corte CC Esc.: 1:125

Dep. secos

Triagem

C. Fria 02

Coz. industr.

6.25

Ducha

11

Ducha

2.69

Proj. duto para lixo refr.

Palco Norte

Corte DD Esc.: 1:125

Área de mesas descoberta

Área de mesas coberta

Área de mesas coberta

25 11

_

+3.50 (N.A.)

3.89

3.39

11817 14

3.39 3.39

11 3.39

11

3.39 3.90

O

BWC. Acess.

Foyer

30

0.00

Pátio interno

11

ADM. / Copa

. 01

3.39

Alojamento

3.50

+11.00 (N.A.)

BWC. acess.

3.55

?

. 02

Caixa d'água 34.415L

Modelo adotado sem casa de máquina (Atlas Schindler 5500)

11 1.10

4.35

11.11

RTA

7.00

3.92 Telhado verde extensivo

3.89

6.90

11.00

11 8

1 : 125

15.89

_

3.61

B

ESCALA

15 20

+14.80 Laje plana imperm.

Área de mesas descoberta

Praça Felix Araújo


42.63

27.02

D

Abertura zenital

Telhado verde extensivo +3.58

Laje plana impermeabilizada +14.80

32

Telhado verde extensivo +3.58

Terraço horta restaurante

+5.96

Telhado verde extensivo

+11.08

4.49

32

12.49

26

10.18

26

4.60

26

6.39

+6.26

6.87

2.00

26

Abertura zenital

27 1.02

C

A

18.40

26

A

6.31

Laje impermeabilizada

+6.26

Terraço horta restaurante

+7.00

1814

20.68

B

Ab. zenital

16

4.96

5.13

B

2.46

2.46

40

40

4.80

4.80

26

Telhado original em telha canal

2.14

Abertura zenital

4.75

2.46

16

40

1.86

2.46

Telhado original em telha francesa

40

Abertura zenital

+0.00

Telhado original em telha francesa

Telhado verde extensivo

9.05

7.73

16.37

+3.58

C

D

Planta de coberta com demarcação do corte FF

det.01

+11.10 COBERTA

det.01

+7.00 PAVTO. 02

det.02

det.02

+3.50 PAVTO. 01

det.03

+0.00 TÉRREO

det.04

(N.O.) -3.50 SUBSOLO

det.03

Corte FF Esc.: 1:75


det.01

Esc.: 1:5

det.02

Esc.: 1:5

det.03

Esc.: 1:5

det.04

Esc.: 1:5



obri ga do!


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