A mulher em roma versão dezembro 2015

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A Mulher em Roma, Filomena Barata (actualizado)

Villa do MistĂŠrios, Pompeia. Fotografia de Ricardo Rodriguez. https://www.pinterest.com/pin/439804719835393008/?


Brincos romanos de Miróbriga encontrados junto do Tempo de Vénus, Miróbriga, Santiago do Cacém.

Anel e fussaoilas provenientes de Villa Cardílio. Museu Municipal de Torres Novas No Amor, Mil Almas, Mil Maneiras Diferentes Nem todas as mulheres experimentam os mesmos sentimentos. Encontrareis mil almas com mil maneiras diferentes. Para as conquistar, empregai mil maneiras. A mesma terra não produz todas as coisas: tal convém à vinha, tal à oliveira; aqui despontarão cereais em abundância. Há nos corações tantos caracteres diferentes, quantos rostos há no mundo. Arte de Amar, Ovídio


Cabeça de Minerva em mármore – século I d.C. Museu da Comunidade Concelhia da Batalha » «O homem prudente acomodar-se-á a estes inumeráveis caracteres; novo Proteu, tão depressa se diluirá em ondas fluidas para logo ser um leão, uma árvore, um javali de eriçadas cerdas. Os peixes apanham-se aqui com o arpão, ali com o anzol, acolá com as redes puxadas pela corda estendida. E o mesmo método não convirá a todas as idades: uma corça velha descobrirá a armadilha de mais longe; se te mostrares experiente junto de uma noviça, demasiado petulante junto de uma recatada, ela desconfiará que a vais tornar infeliz. Assim é que a mulher que às vezes teme entregar-se a um homem honesto, caiu vergonhosamente nos braços de alguém que a não merece». Ovídio, in «A Arte de Amar» «Feio é o campo sem erva e o arbusto sem folhas e a cabeça sem cabelo» Ovídio in «Arte de Amar»

http://marius.blogs.sapo.pt/arquivo/952564.html

e de http://www.hottopos.com/notand12/ale.htm


Estátua sentada de Lívia in «Retratos de Roma» - Catálogo da exposição, 2011, Retratos Romanos do Museo Arqueológico Nacional. Madrid.

«Há quem, à luz que alumia os longos serões de inverno, abique archotes com um ferro acerado, enquanto a esposa, que suaviza com o canto o seu labor, passeia no tear o pente de som harmonioso, ou coze ao lume o doce mosto, e escuma com um ramo o líquido que ferve no tacho.

Pelo meio do dia se ceifa a messe dourada; à hora do calor se malham na eira os trigos que o sol tostou»

(Virgílio, As Geórgicas. Edição Sá da Costa, 1948, 290-295)

«A peça registada no inventário do MNA com o número 18208 ( = 994.6.3) é conhecida como a «cabeça de Milreu» ou simplesmente «retrato de mulher». Trata-se de uma peça de escultura romana, uma cabeça feminina em mármore branco, datada do final do século I, inícios do século II d.C. A escultura foi


encontrada por Estácio da Veiga nas termas de Milreu, perto de Faro, e depois de ter incorporado o acervo do museu da capital algarvia transitou para o Museu Nacional de Arqueologia. Logo nos primeiros trabalhos publicados sobre esta peça, foi destacada a beleza da mesma, bem como a sua especificidade, derivada sobretudo do penteado em «ninho de vespa», tal como lhe chama a bibliografia portuguesa», ou em «topete», como o classificam os estudos anglo-saxónicos, germânicos e franceses. Com efeito, a «mulher de Milreu» ostenta um penteado dividido em duas secções, em que, numa delas, o cabelo sobressai na parte frontal da cabeça, na forma de um diadema constituído por três fileiras de caracóis sobrepostos, enquanto a parte de trás se forma com uma «mecha de cabelo enroscado em carrapito sobre a nuca, descobrindo as orelhas» Os anéis obtinham-se com recurso a uma vara de encaracolar e mantidos com uma aplicação de cera de abelha. O topete era mantido no seu lugar com o auxílio de uma fita de couro na parte de trás. Segundo o estudo de J. L. de Matos, acima citado, a parte que resta deveria fazer parte de um busto, representando uma personagem anónima. Na ficha que se inclui no catálogo da exposição «Religiões da Lusitânia», Cardim Ribeiro nota ainda que esta peça é a evidência da forma como as elites municipais da Lusitânia meridional se relacionavam, nos séculos I e II d.C., com as elites imperiais, adoptando tendências e seguindo modas, buscando dessa forma o prestígio, pelo facto de as mesmas transmitirem a ideia de proximidade ao poder. Na verdade, a representação que hoje podemos ver no MNA corresponde a um figurino razoavelmente presente em vários museus europeus. Os penteados com topete, particularmente notórios e conhecidos no quadro cultural romano, têm sido associados sobretudo ao período flaviano, mas teriam sido usados até pelos menos aos anos 20 do século II d.C. (épocas trajânica e adriânica). Cardim Ribeiro caracteriza o retrato como a figuração de uma jovem mulher que exibe um penteado típico da época tardo-flávia, «influência de Júlia, filha de Tito e esposa de Domiciano». Com efeito, alguns autores afirmam que a moda destes penteados teria sido iniciada por membros da casa imperial, designadamente Júlia Titi (65-91 d.C.) e Domícia Longina (?-140 d.C.), respectivamente a filha de Tito (39-81 d.C.) e a mulher de Domiciano (51-96 d.C.). Daí que, partindo dos princípios do «retrato verista» romano, a esmagadora maioria das figuras assim representadas fosse identificada com as duas princesas imperiais. Outros estudos, alguns mais recentes, porém, têm concluído que algumas das representações até aqui identificadas como as mulheres da família imperial serão, na verdade, retratos privados e anónimos» Texto a partir de: A Peça do Mês de Dezembro Apresentada por Nuno Simões Rodrigues, em 14 de Dezembro de 2013 às 15h Museu Nacional de Arqueologia. 2013. Notícia a partir de Archport, 11.12.2013. Foi «este busto estudado em SOUZA (Vasco de Souza), Corpus Signorum Imperii Romani. Portugal, Instituto de Arqueologia, Coimbra, 1989, sob o nº 123. A respectiva ficha está na p. 43, de que, na p. 71, se apresenta, em síntese, a seguinte informação: «Retrato feminino da época de Trajano». Está ilustrada com fotografia, de três ângulos». – J. d’E. – José d'Encarnação. in Archport 11.12.2013. http://museunacionaldearqueologia-educativo.blogspot.pt/…/p…

Roma é uma sociedade ancestralmente uma sociedade patriarcal.

À cabeça de cada grupo estava um pater familias que exercia o seu poder até à morte, podendo decidir da vida ou morte dos seus filhos.

É só ele que pode participar na vida política, nas assembleias, no senado, nas magistraturas, e no âmbito familiar, era o homem que presidia e assumia juridicamente a função predoninante, ou seja, para todos os efeitos, comandava a casa. Pelo casamento, coniunctio maris et feminae, ou


seja «a união de um homem e uma mulher», a mulher passava a depender da família do marido, ficando submetida a um poder familiar semelhante ao que tinha em casa antes do matrimónio, pois o esposo podia também decidir da sua vida.

Mosaico com representação de figura feminina do Museu do Rabaçal. Fotografia Villa Romana do Rabaçal

«O pater romano não é um «pai» dos nossos, mas sim um chefe. Pai meramente biológico é o genitor. E os filii familiaspodiam não ser filhos, mas irmãos, sobrinhos ou filhos adoptivos. As estruturas sociais romanas concebem esta familia como uma unidade económica e jurídica subordinada a uma pessoa. Aliás, a palavra latina familia representava originalmente o conjunto dos famuli (servos, escravos) que viviam sob o mesmo tecto. E a familia era a unidade social básica, mais importante, por exemplo, do que a gens (o clã). Ainda hoje, muitas comunidades ditas tradicionais conservam sistemas semelhantes. (...) Deste estatuto do pater resultou a expressão «chefe de família», que é, portanto, uma tradução fiel. Talvez ainda fosse preferível dizer «chefe da casa», para exprimir em simultâneo os vários aspectos envolvidos: económico (patrimonial e organizativo), social (de grupo institucionalizado), afectivo e só parcialmente de parentesco biológico ou de conjugalidade. Contudo, a lei portuguesa (sobretudo, no art. 487.º, n.º 2, do Código Civil) preferiu a expressão latinizante «pai de família. Além de ser um chefe, o pater familias era a única pessoa com plena capacidade jurídica. As mulheres (pelo menos, na maioria dos casos), os filii, os escravos e os estrangeiros tinham uma capitis deminutio (à letra, uma «diminuição da cabeça»!!), ou seja, não podiam celebrar


por si contratos válidos nem tinham, em regra, propriedade sua. Todos os bens e contratos eram, em princípio, do pater. Em rigor, uma capitis deminutio significaria uma tendencial falta de personalidade jurídica, embora se encontrassem algumas restrições a esta falta: havia regras de protecção dos escravos, p. ex., e os incapazes podiam, nalgumas circunstâncias, ter um «quase-património», o peculium.

http://muriasjuridico.no.sapo.pt/eBonusPater.htm

A mulher entrava na esfera familiar do marido «como se de uma filha se tratasse, com todas as implicações daí decorrentes, nomeadamente a de se constituir com heres suus, isto é, de se tornar sua herdeira directa. Era, na esfera jurídica, como uma irmã dos seus próprios filhos» (Amílcar Guerra, op. cit.).

Fotografia de : Juan De Dios Hernández Urna cinerária com cena de matrimónio (século II a.C.). Metropolitan Museum.

No dia do casamento, a noita trajava o seu fato apropriado e um dos elementos mais importantes básicos era o cinturão feito de lã (cingulum) que simbolizava a virgindade fechado com o nó de Hércules que apenas era desatado no lectus genialis. Ao que parece este nó também se relacionava com a fertilidade, pois Hércules havia sido pai de uma numerosa prole e tinha ainda poderes apotropaicos.


Os nubentes podiam ainda usar durante o banquete coroas de mirto, como refere Ovídio.

Nodus Herculeus. Imagem obtida a partir de http://hortushesperidum.blogspot.com.es/

Dada a importância que o casamento assumia, aconselhava-se que fosse realizado em datas consideradas favoráveis, designadamente por altura do Sostício de Verão, a segunda metade do mês de Junho, momento de apogeu da vida e da luz.

Cornalina, em tom laranja-claro, engastada num anel romano em ouro. Proveniente dos arredores de Borba ou de Estremoz. Séc. II-III d.C. Paradeiro actual desconhecido. Simboliza a harmonia entre os esposos. Fotografia e legenda de Graça Cravinho.

Anel romano de ouro com alusão ao contrato de fidelidade entre esposos.Século IV d.C. Museu de Évora.


«Anel de espelho elíptico, com moldura saliente. Figuração de duas mãos enlaçadas sobre fundo liso. Ligações com o aro de forma triangular guarnecidas de volutas e sulcos. Espécie proto-industrial de uma scalae anulariae provincial, apresentando iconografia alusiva ao contrato de fidelidade entre esposos.

Peça mencionada no inventário manuscrito de António Francisco Barata, com o título de "Relação dos principaes objectos contidos nas vitrines ou taceiras do Museu", elaborado no ano de 1890, com o número 65, descrita como "um anel romano de ouro representando duas mãos que se apertam"».

Descrição e fotografia a partir de MatrizNEt.

Citando Graça Cravinho a propósito da peça acima, «Remontando já ao final do Séc. VI a.C., este símbolo talvez inicialmente exprimisse o conceito da PAX DEORUM, muito embora pudesse também ter sido um mero motivo decorativo. Bastante comum em Roma, sobretudo em anéis nupciais (anulus pronubus), é muito comum em cunhos monetários, anéis, entalhes e camafeus, em especial no período tardo-imperial. Apenas com duas mãos entrelaçadas (simbolizando as mãos de dois esposos) ou nelas segurando certos elementos (flores, ramos floridos, espigas ou papoilas), deveria ter sido um símbolo de boa sorte e ter tido, até, um significado ritual – simbolizando a união, a concórdia e a fidelidade entre os membros do casal. Lentamente, porém, foi assumindo um carácter político, como o demonstram moedas cunhadas durante a Guerra Civil (entre 51 e 26 a.C.) e no período imperial. Na época de Augusto, aparece associado a um caduceu ou a flores e ramos floridos. Nas de Otão, Vitélio e Vespasiano, tem associados espigas, caduceu e papoilas. Mas com a junção de inscrições, sobretudo sob Nerva (CONCORDIA EXERCITUUM), Vitélio (FIDES EXERCITUUM e FIDES PRAETORIANORUM) e Marco Aurélio (FIDES EXERCITUUM), esse carácter político tornarse-á bem explícito, simbolizando a fidelidade entre o Imperador e o exército – um simbolismo que se manterá no reverso de antoninianos de Pupieno, de 238 d.C. (com a inscrição CARITAS MVTVA AVGG), e de Marius, de 268 d.C. (com a inscrição CONCORD MILIT). No fundo, há uma íntima relação entre este símbolo e a expressão renovare dextras, usada por Tácito (Germania, II, 158) para exprimir a renovação dos tratados políticos» (Graça Cravinho).

Como se pode ver na imagem abaixo, a representação de Jasão e Medeia juntando as mãos, (dextrarum junctio), o ritual era praticado durante a cerimónia de casamento. Esta união das mãos (dextrarum junctio) realizava-se ainda em casa da noiva, quando uma mulher (pronuba) idosa e preferencialmente que não tivesse tido mais do que um marido - que se considerava bom augúrio para o destino dos noivos - pegava nas mãos dos dois jovens e as unia. A esta união das mãos (dextrarum junctio) seguia-se um grande banquete oferecido pelo pai, no qual se serviam algumas iguarias. À noite, quando aparecia a primeira estrela a brilhar no Céu, a jovem era conduzida em cortejo à casa do marido, o que dava origem a certos rituais, encenando algo de dramático: a noiva fingia refugiar-se nos braços da mãe, donde era arrancada e arrastada aparentemente à força.

Depois formava-se um cortejo e acendiam-se tochas cuja luz indicava os presságios: uma luz viva anunciava um marido carinhoso, uma luz fraca não pressagiava nada de bom.


Ver: http://www.historia.templodeapolo.net/civilizacao_ver.asp?Cod_conteudo=141&value=Cas amento+romano&civ=Civilização+Romana&topico=Família

Sacófago Romano representando casamento. Palazzo Altemps, Roma.)

http://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Ancient_Roman_sarcophagi_in_the_Palazzo_Alte mps_(Rome)

A partir de: http://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Ancient_Roman_sarcophagi_in_the_Palazzo_Alte mps_(Rome)#mediaviewer/File:Jason_Medea_Altemps_Inv8647-8648.jpg[/caption]


No entanto, a própria moral matrimonial foi sofrendo alterações ao longo do Tempo, ao ponto de serem conhecidas variadíssimas leis que tentaram fazer restaurar e revigorar os antigos conceitos que se iam degenerando, a exemplo das que Augusto aprovou no ano18 a.C: La Lex Iulia de Maritandis Ordinibus y la Lex Iulia de Adulteriis Coercendis.(BENAVIDES AMEIJEIRAS, Judit). Não obstante, é claro que, em Roma, as mulheres ocupavam uma posição de maior destaque do que acontecia na Grécia Antiga, em particular em Atenas, pois Esparta parece ter-lhes dado maior autonomia.

«Numa visão geral, o homem apresenta-se normalmente como o chefe de família, sendo o paterfamilias o único elemento que desenvolve uma actividade pública (estritamente política ou não), por oposição à domina, a «senhora da casa» (domus) cujo «poder» se restringiria a esse âmbito particular. E, de uma forma geral, não restam dúvidas de que a sociedade romana se centrava na figura do homem» (Amílcar Guerra, op. cit. p: 16) que dentro de casa era o responsável pela religião e culto aos lares da família.

Quando casada, era, de facto "senhora da casa", a domina, não sendo, contudo, reclusa nos aposentos das mulheres, Geniceu, como se conhecia em Atenas, na Grécia Antiga.

Por concessão do marido ela assumia o governo da casa (cura) e passava a ter direito às chaves do cofre-forte. A mulher é, por excelência a materfamilia ou matrona. Tomava também conta dos escravos, omnipresentes em casa, e participava das refeições com o marido, como se pode verificar no Banquete, saía (usando a "stola matronalis"), tinha acesso aos tribunais e participava nos espectáculos públicos, sendo, por isso, criticada por Juvenal e pelo cristão Tertuliano, pois assumia uma presença pública, não se cingindo às actividades domésticas ou aos tempos livres entre bordados.

Numa recente entrevista a Pilar Fernandez, quando questionada sobre o papel da mulher na Religião, responde da seguinte forma:

«Es muy complejo y hay muchos aspectos: En al ámbito familiar era el paterfamilias quien oficialmente guiaba y dirigía la religión y el culto a los lares familiares, no la mujer, pero hay importantes divinidades y festividades femeninas relacionadas con la vidadoméstica (Vesta, Fortuna en sus diversas advocaciones, quizá la más importante para las mujeres era la Fortuna Muliebris, Bona Dea...) En el culto estatal tuvieron una gran importancia e influencia las vírgenes vestales y durante mucho tiempo. Otro punto que yo considero importante son las Flaminicas o sacerdotisas esposas de los Flámines que tuvieron mucha importancia en la ascendencia de las mujeres en las élites provinciales». E ainda, quando questionada sobre se a mulher romana tinha uma posição mais respeitável em relação às outras mulheres da Antiguidade, aceita que sim, especialmente desde o final da República: «La mujer romana no estaba, como la griega, encerrada en el gineceo. Se puede decir que la romana tenía más libertad que la esposa ateniense clásica y mucha más que durante épocas posteriores. Hay dos aspectos muy importantes en Roma que ayudaron a ello:


- Jurídico: En el caso en que una mujer quedara huérfana y no estuviera casada, o si lo estaba quedara viuda, se convertía automáticamente en sujeto de pleno derecho, aunque este caso seguro que muchas mujeres de aquella época no lo consideraran como una liberación, sino como una gran desgracia, puesto que quedaban solas e indefensas. Perofue un paso adelante.

- Económico: también influyó en la situación de la mujer en la sociedad».

Esta especialista aceita que desde a época de Augusto, a mulher pôde dispor de liberdade para administrar os seus própios bens e o seu património. «Hay mujeres, generalmente de un alto status social, que son, además, grandes negociantes. Aunque las más suelen ser mujeres que tienen que ganarse la vida, generalmente libertas que dirigieron y sacaron adelante su propio trabajo o negocio».

http://www.mediterraneoantiguo.com/2014/06/entrevista-con-pilar-fernandez-urel-la.html

Embora a acessibilidade das mulheres à educação não fosse como a dos homens, pois ainda se perpetuava a noção de não tinha a mesma capacidade do que o homem, ou seja a impotentia muliebris, é um facto que houve muitas mulheres ilustradas em Roma, de que se salienta a poetisa Sulpicia que viveu no século I d. C., ao tempo do imperador Augusto, tendo por pai o orador Servio Sulpicio Rufo, filho do jurista Servio Sulpicio Rufo e sua mãe Valeria, irmã de Marco Valerio Mesala Corvino, compaheiro de estudos de Cícero, como nos dá conta o artigo que lhe foi dedicado.

Sulpicia, poetisa romana, publicado na Revista de História. evistadehistoria.es/sulpicia-poetisaromana/?utm_source=MadMimi&utm_medium=email&utm_content=María+Antonieta+y+otras+ mujeres+en+la+Historia&utm_campaign=20151103_m128079842_María+Antonieta+y+otras+m ujeres+en+la+Historia&utm_term=Sulpicia_2C+poetisa+romana Resumindo, «Gladiadoras, comerciantes, chefes de empresa, parteiras, prostitutas, feiticeiras ou camponesas… estes eram apenas alguns dos ofícios exercidos pelas mulheres na Roma Antiga. Apesar de os romanos tradicionalistas só serem capazes de imaginar as suas mulheres no interior da casa, presas ao trabalho doméstico, elas ocupavam-se frequentemente de muitas outras coisas. A realidade ultrapassa, por vezes, não só a ficção, como a própria ideologia. Contudo as mulheres romanas mantiveram-se oficialmente excluídas da vida política, e jamais adquiriram direito à expressão pública das suas ideias: mesmo quando sabiam escrever não eram autorizadas a publicar, e as suas obras são-nos ainda hoje, muitas vezes, desconhecidas. É pois através dos textos escritos pelos homens que é possível descobrir o que foi a vida das romanas. As autoras da obra «A Vida Quotidiana da Mulher na Roma Antiga», A. Gourevitch, RaepsaetCharlier, levaram a cabo um verdadeiro inquérito para descobrir a realidade dessas mulheres. Muitos outros nomes brilhantes, trágicos ou mesmo sinistros, como refere a mesma obra subsistiram na memória colectiva - Agripina, Octávia, Lívia, Messalina - a maioria delas deixou apenas indícios dispersos.


Sappho-4eme-style-Pompeii1 A partir de: http://www.histoiredelantiquite.net/archeologie-romaine/la-peinture-muraledomestique-dans-la-rome-antique/


Imagem a partie de «Ancien Rome». Ratna. Fresco da Villa dos Mistérios, Pompeia. https://www.facebook.com/photo.php?fbid=718073308252980&set=a.155713357822314.33123 .124453160948334&type=1&theater

Lembremos que, já durante a República romana, os varões não olhavam para a Mulher propriamente como inferior, pois algumas matronas possuiam auctoritas, e a concepção do sexus imbelicitas ou fragilitas chegou a ser criticada por alguns filósofos e juristas que não aceitavam a menoridade das mesmas.

Vale a pena ver o notável trabalho compilado por Amudena Domínguez Arranz em «Política y género en la propaganda en la Antiguidad - A modo de prefacio», para nos darmos conta como a situação da Mulher era diversa e que muitas das virtudes das mulheres das elites funcionam apenas como exempla para a sociedade.

As próprias divindades espelhavam a diversidade de situações. Apenas a título de curiosidade cito o texto de Claudiano que nos retrata Prosérpina como uma mulher de virtude e que « (...) lavrava com a agulha a série dos elementos e o trono paterno (...) bordava com que regra a mãe natureza ordenou a antiga confusão e como os elementos se dispuseram nos lugares próprios: o que é leve para o alto é conduzido, no meio caiem as coisas mais pesadas, tornou-se o ar incandescente, o fogo ergueu-se para o céu, ondeou o mar, ficou suspensa a terra. E não havia apenas uma cor: com o ouro iluminou as estrelas,


derramou as águas com púrpura. Com as pedras preciosas ergue um litoral, fios em relevo dão engenhosamente fora a fingidas ondas». Claudiano, «O Rapto de Prosérpina»

Agulhas e alfinetes de cabelo em osso, Sepultura de Galla, Ruínas Romanas de Tróia, MNA

Alfinetes de cabelo. Museu Monográfico de Conímbriga

Por casamento — justum matrimonium —, sancionado pela lei e pela religião, processava-se a transferência da mulher do controle (potestas) do pai, Pater Familias que exercia a Res Familiaris, para o de seu marido (manus). O casamento tomava assim a forma de "Coemptio", "uma modalidade simbólica de compra com o consentimento da noiva. Ele também podia consumar-se mediante o usus, se a mulher vivesse com o marido durante um ano sem ausentar-se por mais de três noites" . http://ancienthistory.about.com/od/marriage/a/RomanMarriage.htm


Relativamenete ao nome, «a mulher era, no Império Romano, identificada com dois nomes: o gentilício (nomen), que herdava do pai, e o cognome (cognomen), escolhido habitualmente de acordo com uma circunstância concreta ligada à família, elemento, portanto, identificativo da pessoa no seio familiar e social», José d'Encarnação,http://www.portugalromano.com/2012/02/epigrafia-no-feminino-na-lusitaniaromana-por-jose-d-encarnacao/ Usando ainda as palavras de Amílcar Guerra «Sem que possa atribuir a esse facto uma relevância especial, a verdade é que a mulher não só não perdia o seu nome de solteira, como nunca alterava, por casamento. Mantinha, por isso, na regra mais geral, o nome da gens (comum a toda a sua família alargada, de qualquer modo o da via masculina) e o seucognomen que a individualiza nesse âmbito. Todavia, a preponderância masculina leva a que ela não transmita, por norma, o nomen gentilicum» p: 109. A propósito da origem dos nomes, destaco aqui o exemplar de um momumento funerário divulgado por Portugal Romano

PROCVLO.SILVANI / F.PROCVLA.FILIA / PATRI.(hedera) (Proculo.Silvani / f(ilio).Procula.filia / patri. (hedera)) «A Próculo, filho de Silvano. Sua filha, Prócula, dedica ao pai» ... A homenagem é promovida pela filha, que recebe, com naturalidade, a forma feminina do nome do pai. Ainda que se trate verosimilmente de hispânicos, a origem da onomástica é, nas três gerações aqui representadas (avô, pai, filha), de origem latina. Esta circunstância justifica-se plenamente num ambiente em que as tradições romanas já se tinham implantado de forma consistente, reflectindo deste modo os efeitos do processo de romanização também ao nível da antroponímia». (Descrição de Amílcar Guerra (2004)/Matriznet).

Mas Roma não é um mundo estanque e imutável e a condição da mulher vai-se alterando ao longo do tempo. Com o crescimento de Roma, a mulher foi gradualmente adquirindo autonomia, podendo inclusivamente participar da herança dos bens paternos, sendo sabido que, a partir do século II a.C., é notório um processo de emancipação social e jurídica que se manifesta quer no casamento, no divórcio, nas heranças e na própria manutenção do seu nome de família.

Sobre a importância da Mulher na vida familiar, social e política, recomendo a leitura do trabalho recentemente editado de José d'Encarnação, «Mães e filhos passeando por entre Epígrafes» onde se demonstra como, efectivamente , o universo feminino protagonizou em Roma um papel mais preponderante do que se poderia imaginar, quer na vida doméstica, religiosa e influenciando decisões, dedicando-se este autor a dar-nos conhecimento de inúmeros casos que, na Lusitânia, o comprovam.

https://estudogeral.sib.uc.pt/jspui/bitstream/10316/11518/1/M%c3%a3es%20e%20filhos%20pa sseando%20por%20entre%20ep%c3%adgrafes.pdf


Figuras de terracota que representam mulheres grávidas. MNAR (Mérida).

Fotografias e legenda: José Manuel Jerez Linde

Assim nos diz Almudena Domínguez Arranz, no seu «Política y género en la propaganda en la Antigüedad. A modo de prefacio»: «Es así como durante la República romana, los varones no pensaban que las féminas eran inferiores, pues varias matronas poseían auctoritas, y la concepción del sexus imbecilitas o fragilitas fue criticada tanto por juristas como por filósofos, que manifiestan que «la condición jurídica de las mujeres era peor que la de los varones y consideran que no hay razones para negarles en la vía jurídica lo que forma parte de lo cotidiano en la vía extrajurídica». Es decir, había una mayor consideración en cuanto a la educación en la igualdad de oportunidades de la mujer respecto del varón. Así lo avala Isabel Núñez Paz, constatando el retroceso que se produce tras los cambios políticos del principado de Octaviano y cómo la emancipación femenina sufrió un revés, haciéndose las mujeres menos visibles en la vida pública (los últimos vestigios de la auctoritas femenina se constatan en Octavia, la hermana de Augusto)»(....). Con César adquiere rango oficial la descendencia de Venus Genetrix y con los Julio-Claudios logra una amplia difusión a nivel provincial, que busca la manifestación de adhesión a la política imperial. Venus, además, era bien conocida en Hispania, según podemos comprobar por las inscripciones y las imágenes, en su mayoría modelos iconográ0cos clásicos. Matronas y prostitutas dedicaban a la diosa celebraciones especí0camente femeninas». En su re1exión, la autora insiste en que, si bien las inscripciones votivas dan primacía a la diosa política, la iconografía, y especialmente la de su uso privado, refuerza su aspecto de diosa del amor y, en ese contexto, probablemente del matrimonio. La deidad, como un modelo de mujer, ofrece varias facetas de sexualidad, fertilidad y belleza, pero también juega un papel importante como una divinidad política, al modo helenístico». http://www.trea.es/material/descargas/Prolopoliticaygenero.pdf Em Roma, no período imperial foram-se abandonando assim gradualmente as formas mais antigas de casamento e adoptou-se uma na qual a mulher permanecia sob a tutela de seu pai,


e retinha na prática o direito à gestão de seus bens, havendo muitas mulheres ricas, disfrutando do seu património e dedicando-se aos negócios. As aristocratas replicam, de algum modo, o orgulho dos pais, a casa dos quais podem regressar em caso de divórcio, e conservam a sua riqueza própria, apesar do casamento, mantendo a capacidade de poder testar os seus bens.

O divórcio era aceite na sociedade romana e o casamento chegou a ser até impopular na Época Imperial, sendo estas as palavras de Cecílio Metelo "Se pudéssemos passar sem uma esposa, romanos, todos evitaríamos os inconvenientes, mas como a natureza dispôs que não podemos viver confortavelmente sem ela, devemos ter em vista nosso bem-estar permanente e não o prazer de um momento" (Suetónio, Vida dos Doze Césares, "Augusto", 89). Muitas das alterações sentidas na sociedade romana devem-se às sucessivas guerras e aos longos períodos de ausência dos maridos, fruto do expansionismo romano, que permitiu a ascensão do papel da mulher. No entanto, os recenseamentos omitem as mulheres, sendo apenas contabilizadas as herdeiras.

Também se sabe que a vida militar era interdita às mulheres, e que o imperador Augusto chegou a proibir os soldados rasos de se casarem, uma interdição que se manteve quase dois séculos.

Assim se consolidou a ideia que «ninguna mujer se unía al ejército», dice Allason-Jones, num trabalho dedicado a este tema.«Esto comenzó a cambiar a finales de 1980, cuando AllasonJones inició la búsqueda de evidencias de que las esposas e hijos de los centuriones -oficiales que comandaban unidades de 80 soldados- vivían con ellos en las fronteras y fortalezas provinciales», dado a conhecer através do blogue «Terrae Antiqvae», em http://terraeantiqvae.com/profiles/blogs/encuentran-representadas-mujeres-en-la-columna-detrajano?fb_action_ids=10206078512110558&fb_action_types=og.likes&fb_source=feed_opengr aph&action_object_map=%7B%2210206078512110558%22%3A874357982603733%7D&actio n_type_map=%7B%2210206078512110558%22%3A%22og.likes%22%7D&action_ref_map=% 5B%5D#.VMJSoUesXQw

Sobre a crítica feita por muitos escritores romanos a certos vícios das mulheres, a exemplo de Juvenal e de Marcial, vale a pena ver como ele se refere a Levina que deixa o marido para ir atrás de um jovem: tomada pelo ambiente de devassidão que se dizia reinar na estância de veraneio que era Baias, na Campânia, “uma Penélope chegou, outra Helena partiu”.

http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/3907/1/ulfl080840_tm.pdf

Não ficava atrás das antigas Sabinas, tão casta era Levina, e esta, mais austera mesmo que o severo marido, à força de se lançar, ou no Averno, ou no Lucrino, e à força de se esquentar nas águas de Baias, ficou em fogo: e foi atrás de um jovem, abandonando o marido: uma


Penélope chegou, outra Helena partiu. (1, 62). Juvenal, que viveu nos séculos I e II d.C. nascido em Aquino, na Campânia, entre os anos 62 e 67 d.C., e que parece ter morrido por volta do ano 130, chega mesmo a aconselhar o seu amigo Póstumo a não contrair matrimónio, por ser um acto de loucura, pois às mulheres atribuía os maiores defeitos, como a falta de pudícia e o entregarem-se a actividades que só deveriam pertencer aos homens, como é o caso da prática dos jogos na arena.

Recorda a matrona romana de outros tempos, exemplo das qualidades exigidas a uma mulher cujo destino era o casamento legítimo, a educação dos filhos, dar filhos, encarregar-se da casa e ser recatada e submissa. O exemplo de Lucila, segunda filha do imperador Marco Aurélio, no século II d.C. , é um desses casos de grande aficção pelos jogos e lutas de gladiadores, cuja vida vale a pena conhecer. http://blogtabula.blogspot.com.es/2013/02/lucila-la-ex-delgladiator.html

Conhecidos são alguns exemplos de mulheres gladiadoras, como recentemente o comprova um estudo sobre este tema, realizado por Alfonso Manas, da Universidade de Granada. Aliás a obra de Michael Grant, 1967 e reed. 2000 , "Gladiators", já confirmava a existência de gladiadoras femininas através das tentativas de inibir este espectáculo. «Nuevas pruebas confirman la existencia de mujeres gladiadoras» http://www.nationalgeographic.es/noticias/mujeres-gladiador

Estátua representando uma gladiadora, fotografia de Alfonso Manas. Fotografia a partir de: http://www.nationalgeographic.es/noticias/mujeres-gladiador

Também no exemplar abaixo, podemos confirmar a participação das mesmas.


Relevo-em-mármore-com-mulheres-gladiadores.-Proveniente-de-Halilarnassos-modernaBodrum-Turquia.-Seculo-I-II-d.C.-Fotografia-Portugal-Romano..jpg

Imagem e comentário a partir de: https://www.facebook.com/portugal.romano/photos/pb.113483592134384.2207520000.1415372144./387630474719693/?type=3&theater De acordo com o biógrafo Suetónio, o imperador Domiciano (reinou 81-96 d.C) fez as mulheres lutarem na arena à noite iluminadas com tochas. Este relevo em mármore foi esculpido por ocasião da missio (desobrigação honrosa) de duas lutadoras mulheres, 'Amazônia' e 'Achilia', que tinha provavelmente ganho a sua liberdade, dando uma série de excelentes performances. Eles são apresentados com o mesmo equipamento dos gladiadores do sexo masculino, mas sem capacetes. O satirista Juvenal (Saturae 6, 110 e ss.) descreve os sentimentos amorosos de uma senhora chamada Eppia para com um herói de luta. Seus muitos ferimentos não a perturbam, pois


afinal de contas ele era um gladiador. O humorista acrescenta: "O que essas mulheres adoram é a espada." Os arqueólogos descobriram na escola de gladiadores em Pompeia uma mulher ricamente adornada, obviamente, de estatuto social elevado, e entre os gladiadores.

Ver: E. Köhne and C. Ewigleben (eds.), Gladiators and Caesars: the po (London, The British Museum Press, 2000) Fonte: British museum.org

/GR 1847.4-24.19 (Sculpture 1117)

O moralista Tertuliano retomará muitas destas questões, fazendo uma crítica aos modos de vestir de algumas matronas romanas do Norte de África, pois com o avançar do Império foram adquirindo formas de trajar mais exuberantes, bem novos hábitos no tratamento dado aos cabelos, referindo ainda o seu acesso aos lugares de espectáculo.

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Fotografia obtida a partir de:http://comunidade.sol.pt/blogs/olindagil/archive/2010/01/19/Prepara_E700E300_o-da-FeiraRomana-1-_3F00_-Hist_F300_ria-ao-Vivo-_3F00_-O-Vestu_E100_rio-Romano.aspx


Aureus” de Faustina, do século II. Fotografia a partir de: http://www.sulinformacao.pt/2013/02/moeda-de-ouro-romana-regressa-a-portimao-43-anosdepois/

Fresco de Pompeia. Imagem a partir de: https://www.facebook.com/pages/Pompei-arte-storiaed-archeologia/283085626261 Se bem que a generalidade das meninas romanas recebesse apenas uma instrução básica, pois a sua função primordial era prepararem-se para ser esposas e mães, como acima referimos, houve muitos exemplos de mulheres que exerceram influentes profissões e que dirigiram negócios lucrativos. Há também inúmeros casos de mulheres versadas em Literatura, em música e reconhecidas bailarinas. Estudos feitos sobre relevos de Óstia, efectudos em 1981, por Natalie Kampen em Image and status: Roman working women in Ostia, confirmam a existência de mulheres trabalhadoras. Também nos lembra Lourdes Conde Feitosa que «Na cidade de Pompeia, foram encontrados cartazes de propaganda política do século I d.C., denominados programmata, que nos mostram o apoio feminino a candidatos locais dado por mulheres abastadas, mas também prostitutas, trabalhadoras, donas de tabernas, escravas, libertas, esposas com ou sem seus maridos, entre diversas outras».


Dançarina, Fuente Álamo. Imagem a partir de: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10205206014740395&set=a.10205206011420312.1 073741841.1546626080&type=1&theater Até determinada altura, a toga era o elemento básico do vestuário, quer feminino, quer masculino, ao ponto de Virgílio naEneida (I, 282) chamar aos Romanos «os senhores do mundo, o povo da toga».

Figura feminina vestida. Séculos I - II. São Miguel da Mota. Terena. Museu Nacional de Arqueologia.


No entanto, ele foi-se sofisticando e, mesmo já durante a República, só os jovens, as adúlteras e as cortesãs usam toga. As matronas utilizavam sobre a stola (túnica ou vestido comprido cingindo nas ancas) a palla (grande mantilha pregueada sem costuras que ia até aos pés e, ao contrário da toga, cobria os dois ombros, servindo também para cobrir a cabeça). Um vestido inferior com mangas era usado sob a stola. As viúvas usavam o ricinium, uma espécie de xaile. Para as saídas podiam usar também um casaco colorido. Os tecidos eram feitos de lã, linho ou sedas de várias cores, pois já era conhecida a tinturaria, de origem vegetal e animal. Quanto à roupa interior, indumenta, pouco se conhece, mas sabe-se que as mulheres usavam uma faixa de tecido no peito (fascia pecturalis; mammilia) e outra sobre os rins (subligaculum).

Figura feminina vestida. Século I - II- S. Miguel da Mota, Terena


Portadora de oferendas com cacho de uvas na mão. S. Miguel da Mota, Terena. Século I - II. MNA As mulheres de condição mais elevada usavam tecidos ricos bordados e importados das várias partes do império.

Curiosas são as representações de mulher em bikini, como são as conhecidas em mosaicos provenientes da Villa del Casale, Piazza Armerina. «Por estas escenas es más que probable pensar que los bikinis, entendidos como ropa interior, eran utilizados por las mujeres de la sociedad romana para hacer ejercicio y para las competiciones deportivas.


Los cuerpos de las pugilistas eran atlĂŠticos y bien torneados por el ejercicio diario Algunas de ellas llegaron a ser grandes y admiradas atletas que quedaron inmortalizadas en estos mosaicos, portando la corona de la victoria y una rama de laurelÂť.


A partir de Javier Ramos/Ampa Galduf «Operación bikini de las atléticas chicas romanas» : http://arquehistoria.com/el-bikini-de-las-romanas-9158

Mosaico das pugilistas, Villa del Casale, Piazza Armerina Por sua vez, o rosto era embelezado, usando-se maquilhagem com base em lamolina, uma gordura estraída da lã virgem, sobre a qual se colocavam camadas vermelho-terra, e os olhos podiam ser pintados, usando-se antimónio à volta dos mesmos, ou hematite e outros minerais para dar brilho. Plínio o Velho refere ainda as qualidades do leite de burra, recomendando que as mulheres nele se banhassem «até sete vezes por dia», aconselhando ainda a aplicação de placenta de vaca ou uma mistura feita com genitais de vitela dissolvida em vinagre com enxonfre. Os cabelos eram tratados e penteados de diferentes formas, também dependendo das épocas e respectivas modas, se bem que em público tivessem o costume de cobrir a cabeça.

Mosaico de Zeugma, Turquia. Fotografia a partir de Capitolium.


https://www.facebook.com/Capitolium.Rome/photos/a.188133861346391.1073741835.1880897 41350803/196703070489470/?type=1&theater

"Em Roma, o cabelo e o seu arranjo eram considerados um elemento fundamental do atractivo de uma mulher, assim como um sinal da sua idade, posição social e função pública", (Bruno Ruiz-Nicoli in Rostos de Roma. Évora: Museu de Évora, 2010, p. 48), sendo os penteados de Época Imperial caracterizados por uma enorme exuberância, sobretudo a partir da Dinastia julio-claudiana e que atinge o auge na época falviana e no reinado de Trajano que, de algum modo, contrastando com a contenção verificada na Época de Augusto que se filia na tradição helenística. «Partindo dos simples arranjos da primeira metade do século I a.C., chegamos, em meados desse mesmo século, às modas de origem helenística que são muito contidas, devido ao regresso à tradição que marca a época de Augusto. Esta moderação mantém-se na época julio-claudina até à chegada de Nero e é a partir desse momento que se inicia um vertiginoso desenvolvimento dos penteados, que alcança a sua máxima expressão em finais do século I, na época flaviana e no reinado de Trajano» (Bruno Ruiz-Nicoli in Rostos de Roma. Évora: Museu de Évora, 2010, pp. 61-62). O poeta Ovídio, na sua obra «Arte de Amar», Livro III, dedica-se a aconselhar as mulheres, designadamente recomendando-lhes formas de se apresentarem e de se pentearem. (…) Por exemplo, sugeria às mulheres de rosto redondo que usassem um penteado ao alto, mantendo as orelhas descobertas«Arte de Amar», Livro III, 133 .


Estatueta de dama romana, Cripta Arqueológica de Alcácel do Sal

Segundo o autor latino do século II d.C. Luciano «as mulheres dedicam a maior parte dos seus esforços à trança dos seus cabelos» Amores, 38-41.

As mulheres também recorriam a colorações, sendo comum o uso da henna importada do Oriente e socorriam-se de extensões ou perucas para os casos de insuficiência de cabelos.

Retrato feminino. Villa romana de Milreu. MNA. Lisboa.


Assim nos diz o moralista Tertuliano (160 A.D - 220 A.D), no seu «A Moda Feminina/Os Espectáculos»:

«Vejo que algumas de vós que pintam os cabelos com açafrão chegam a envergonhar-se da sua pátria, de não terem nascido na Germância ou na Gália. Trocam, assim, a Pátria pela cabeleira. Coisa ruim, coisa péssima a si mesmas pressagiam com a sua cabeça da cor do fogo».

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Retrato feminino. «Rostos de Roma». Museu Arqueológico de Madrid.

Os caracóis, por usa vez, obtinham-se com o recurso ao calamistrum, um instrumento metálico que se aquecia ao lume de forma a obter os efeitos desejados.

Usavam também os cabelos presos em carrapitos, "tótós" ou tranças, sendo célebres as de Faustina, a Maior, casada em 126 com o futuro imperador Antonino Pio de que existem várias representações.

A célebre escultura de dama romana proveniente da Villa Romana de Milreu, Faro, conhecida por «Cabeça de Milreu», trata-se de uma cabeça feminina em mármore branco, datada do final do século I, inícios do século II d. C. encontrada por Estácio da Veiga nas termas dessa Villa, e depois de ter incorporado o acervo do museu da capital algarvia transitou para o Museu Nacional de Arqueologia. De destacar a sua beleza e o «penteado em «ninho de vespa», tal como lhe chama a bibliografia portuguesa», ou em «topete», como o classificam os estudos anglo-saxónicos, germânicos e franceses. Com efeito, a «mulher de Milreu» ostenta um penteado dividido em duas secções, em que, numa delas, o cabelo sobressai na parte frontal da cabeça, na forma de um diadema constituído por três fileiras de caracóis sobrepostos,


enquanto a parte de trás se forma com uma «mecha de cabelo enroscado em carrapito sobre a nuca, descobrindo as orelhas» Os anéis obtinham-se com recurso a uma vara de encaracolar e mantidos com uma aplicação de cera de abelha. O topete era mantido no seu lugar com o auxílio de uma fita de couro na parte de trás. Segundo o estudo de J. L. de Matos, a parte que resta deveria fazer parte de um busto, representando uma personagem anónima. Na ficha que se inclui no catálogo da exposição «Religiões da Lusitânia», Cardim Ribeiro nota ainda que esta peça é a evidência da forma como as elites municipais da Lusitânia meridional se relacionavam, nos séculos I e II d.C., com as elites imperiais, adoptando tendências e seguindo modas, buscando dessa forma o prestígio, pelo facto de as mesmas transmitirem a ideia de proximidade ao poder. Na verdade, a representação que hoje podemos ver no MNA corresponde a um figurino razoavelmente presente em vários museus europeus. Os penteados com topete, particularmente notórios e conhecidos no quadro cultural romano, têm sido associados sobretudo ao período flaviano, mas teriam sido usados até pelos menos aos anos 20 do século II d.C. (épocas trajânica e adriânica).Cardim Ribeiro caracteriza o retrato como a figuração de uma jovem mulher que exibe um penteado típico da época tardo-flávia, «influência de Júlia, filha de Tito e esposa de Domiciano». Com efeito, alguns autores afirmam que a moda destes penteados teria sido iniciada por membros da casa imperial, designadamente Júlia Titi (65-91 d.C.) e Domícia Longina (?-140 d.C.), respectivamente a filha de Tito (39-81 d.C.) e a mulher de Domiciano (51-96 d.C.). Daí que, partindo dos princípios do «retrato verista» romano, a esmagadora maioria das figuras assim representadas fosse identificada com as duas princesas imperiais. Outros estudos, alguns mais recentes, porém, têm concluído que algumas das representações até aqui identificadas como as mulheres da família imperial serão, na verdade, retratos privados e anónimos.

Cit. a partir de: «Peça do Mês de Dezembro». Museu Nacional de Arqueologia.

http://museunacionaldearqueologia-educativo.blogspot.pt/2013/12/peca-do-mes-dedezembro.html Fotografia: José Luis Jesus Martins

O século III assiste à moda do cabelo usado com "o risco ao meio" caindo para os lados em ondas fortemente modeladas e apanhado depois numa série de tranças que ascendem até à parte superior do crânio.

https://www.facebook.com/media/set/?set=a.501022199911307.127287.204192376260959&typ e=1


Cabeça de Ninfa, Século II. Proveniência desconhecida. MNA.

Imagem a partir de: Ancient Rome. " Portrait bust of a mature aristocratic woman in marble, possibly Domitia, wife of Domitian. Her hairstyle was popular during the Flavian/Trajanic period (69-117 CE). San Antonio, Texas: San Antonio Museum". (Ratna)[/caption] "Con la importancia que se le atribuía al cromatismo de las esculturas antiguas, no ha de extrañar que la pintura y el adorno de una estatua se pagaran tanto como la labor escultórica y que los escultores famosos cuidaran de que sus obras sólo fueran coloreadas por los pintores adecuados. Cuenta Praxíteles que de entre sus numerosas obras apreciaba especialmente aquellas que habían sido terminadas por el pintor Nikias (Plinio, Nat. His., 35, 133)".




Para prender os cabelos usavam alfinetes, os acus crinalis, como este exemplar de alfinete de cabelo em osso, proveniente das Ruínas de Tróia, cujo topo é «rematado por um busto feminino, com toucado e cabelo bem definido e com face singelamente talhada e túnica estilizada por meio de linhas incisas oblíquas». (Informação obtida no Museu Nacional de Arqueologia, a cujo acervo pertence). Também em Conímbriga se encontram exemplares rematados da mesma forma, ou seja, com bustos femininos.


Alfinete de cabeça em osso com representação de figura feminina. Museu Monográfico de Conimbriga.


Fragmento de pulseira em pasta vítrea. Museu Municipal de Santiago do Cacém.

Eram usados múltiplos adereços, desde anéis, muitas vezes com pedras, colares e pingentes, brincos, pulseiras, mesmo de tornozelo, bracetes e diademas, camafeus, valendo a pena, em Portugal, entre tantos outros, conhecer o acervo do Museu de Conímbriga.

Pulseira datável da Antiguidade Tardia (sécs. IV a VI d.C.) encontrada em escavações efectuadas em Bracara Augusta. Fotografia partilhada por Francisco Sande Lemos.

No início do Império o ouro era escasso, mas gradualmente com as conquistas, foi-se tornando mais comum e começou a ser muito utilizado no fabrico de jóias e, no século II, Roma conhece muitos bons ourives.

Sabe-se que, em Época Repúblicana, chegou mesmo a existir um conjunto de leis que inibiam a ostentação de riqueza, designadamente as lex Oppia fruto da crise que se abateu durante a II Guerra Púnica. Contudo, com o fim das mesmas a situação alterou-se, tanto mais que os saques viabilizaram um acumular de riquezas. Sobre este assunto remetemos ao artigo «Lex Oppia, las protestas de las mujeres romanas contra la exhibición de riquezas», publicado pela Revista de História. ( http://revistadehistoria.es/lex-oppia-las-protestas-de-las-mujeresromanas/ ).


Brincos romanos de Miróbriga, encontrados junto do "Templo de Vénus". Executados com um só aro de vidro que, fazendo nós, entrelaça pequenas pérolas. Os ourives do antigo Império Romano vinham predominantemente do Oriente, concentrando-se nas principais cidades do Império, como Alexandria, Antioquia e a própria Roma. Imagem (abaixo): http://www.joiabr.com.br/artigos/jan05.html

Adornos femininos romanos. Museu Monográfico de Conimbriga.


Pingente em ouro. Museu Monográfico de Conimbriga

Imagem a partir de: https://www.facebook.com/Ancient.Aegyptus.A MONUMENTAL SNAKE ARMLET D. 10 cm. W. 295 g Gold Egypt, Roman Period, 1st cent. A.D.

Nessa primeira fase do Império o ouro sendo escasso, era utilizado na cunhagem de moeda, permitindo o comércio internacional. Com o crescimento do Império, gradualmente o seu uso na ourivesaria vai aumentando, como acimas referimos. Pode dizer-se que a ourivesaria romana vive de formas relativamente simples, mas de grande perfeição técnica. Umas das novidades introduzidas pelos romanos foram as peças vazadas e entrelaçadas, quer na


decoração, quer na joalharia, tendo dado grande destaque ao uso de pedras preciosas de todas as cores. Os anéis eram adereços de uso comum, quer em homens, quer em mulheres, e alguns deles tinham mesmo uma função apotropaica.

Colecção de anéis do acervo do Museo de Pontevedra.

Colares em ouro. Colecção de Ourivesaria. MNA.


Objectos de adorno romanos. British Museum. Fotografia Filomena Barata

Anel de vidro e fusaoilas provenientes de Villa Cardílio.

Pendentes, contas, vareta, fusaoila e botões provenientes de Villa Cardílio. Museu Municipal de Torres Novas.


Objectos em osso provenientes de escavações efectuadas na Rua de Burgos, Évora. Destacam-se as agulhas e o fragmento de pente por se tratarem de objectos de adorno.

Os camafeus também estiveram muito em voga em Roma, aproveitando para lembrar um exemplar, proveniente da cidade de Ammaia (São Salvador da Aramenha) , depositado no Museu Nacional de Arqueologia. http://www.portugalromano.com/2011/02/a-cidade-romanade-ammaia/

Trata-se de um «Camafeu com busto feminino em relevo, século I d.C. De cornalina de cor de salmão escuro e de forma oval. O busto apresenta-se em posição frontal e cabeça a três quartos ligeiramente inclinada para a direita. Poderá tratar-se de uma Ménade ou de Cassandra? (segundo G. Cravinho, op.cit/Matriznet)».

As mulheres não dispensavam os espelhos para os seus cuidados de embelezamento nem prenestinas, ou seja, os cofres em bronze que continham os acessórios de embelezamento feminino, nem os seus perfumes e unguentos. Defende-se mesmo que Vénus, essa deusa do amor e da beleza, que na mitologia romana substitui a Grega Afrodite tem como seu símbolo ♀ (um círculo com uma pequena cruz equilateral) que parece ser a representação gráfica ou símbolo abstracto do espelho de Vénus. Este símbolo, que representa a feminilidade, foi adoptado para definir o género feminino. (Ver «Alcácer, Terra de Deusas, Esmeralda Gomes, Marisol Aires Ferreira e António Rafael Carvalho, 2008, Câmara Municipal de Alcácer do Sal).

Sabe-se também por Plínio o Velho que as mulheres usavam leite de burra para se banharem (ele recomendava que se banhassem «até sete vezes» e que usavam outros tratamentos de beleza, a exemplo placenta quente de vaca para os sinais, e outros elaborados com mistura de genitais de vitela, enxofre e vinagre.

Os perfumes e unguentos também faziam parte da higiene feminina, sendo comum o seu uso.« El nombre "perfume" proviene del latín "per" (por) y "fumare" (a través del humo), los emperadores eran ungidos con aceites perfumados con: lavanda, sándalo, tomillo...los romanos al mismo tiempo los utilizaban para seducir.(...) unctuarium era, con las piscinas


propiamente dichas, la parte mas esencial de las termas. En el se guardaban las pomadas y los afeites, pero el sancta sanctórum de el unctuarium lo constituía el eleotesium, una cámara especial donde se guardaban los perfumes más exquisitos.

Las mujeres, y sobre todo las patricias, se mostraron rendidas ante el poderoso hechizo de los aromas. Podían elegir entre el Narcissium , el Nardicum, Sucinum (miel, aceite de palma, cinamomo, mirra y azafrán) o el Foliatum, un perfume este último que Marcial estimaba como fuente de perdición económica para los maridos debido a su altísimo precio». http://www.arraonaromana.org/ArticlesNoticies.php…

Espelho de bronze de pega com Vitória Alada datado do século I d.C.. Espelho de época romana de forma circular. Uma face é polida e lisa, sendo a outra decorada com três conjuntos de dois círculos concêntricos. A asa é figurativa e representa a deusa Vitória Alada, nua, sobre uma máscara grotesca. A cabeleira da deusa é ondulada, formando um toucado bastante elaborado. A face posterior da máscara é acentuadamente côncava, permitindo encaixar e ajustar, por meio de soldadura, a uma outra peça. Pertencente à colecção de peças arqueológicas de António Júdice Bustorff da Silva que a doou ao Estado Português, por intermédio de António de Oliveira Salazar. Encontra-se na Colecção do Museu Nacional de Arqueologia. Fotografia e legenda a partir do «Portugal Romano».


Espelho de cabo, datado do século I a.C. - I d.C. - Época Romana. Museu Nacional de Arqueologia

A propósito dos cuidados femininos, diz-nos ainda no século II Tertuliano «De facto, embora não se deva acusar a beleza - a qual é a graça do corpo, o acabamento da modelação divina, um agradável vestimento da alma - ela haverá, no entanto, que ser temida, nem que seja por causa dos ultrajes e das violências daqueles que andam atrás dela» (p: 57).

Mas veja-se o que dizia também Tertuliano (c. 160 -. 225 d.C), primeiro grande teórico cristão sobre o papel dos sonhos – apesar de montanista, portanto semi-herético, e dos seus temores face ao conteúdo diabólico dos sonhos – sobre o contacto físico com as Mulheres:

“Enfim, na própria febre do prazer extremo, pelo qual é emitido o suco gerador, não sentimos que também se escapa de nós algo da nossa alma, ao ponto de contrairmos langor e debilidade, ao mesmo tempo que a vista diminui? Eis a substância animada, a qual vem direta da destilação da alma, como aquele suco é a semente corporal saída de um desprendimento da carne”.


Mosaico «Triunfo Indiano de Baco» proveniente de Torre de Palma, Monforte, Séculos III-IV. MNA.

As mulheres romanas, para além dos objectos de adorno já mencionados, tinham porta-jóias, onde eram guardados os seus bens.

Detalhe do fresco Marte e Vénus. «Casa di Vettius» ou «Casa dell'Amore punito», proveniente de Pompeia. Museo Archeologico Nazionale, Nápoles. Fotografia a partir de: L'arte di guardare l'Arte. Comunidade https://www.facebook.com/Larte-di-guardare-lArte-401595903308403/?pnref=story

Sobre o aspecto físco que agradava aos romanos, foram difererindo, de acordo com as épocas. Sobre o tema remeto para um trabalho publicado cuja leitura nos elucida bastante sobre o assunto: «En época arcaica gustaban más las mujeres de “modelo”

mediterráneo, ya que se asocian con algo exótico, de cabello oscuro y mirada profunda, pero con el paso del tiempo y la ampliación de fronteras así como la llegada de esclavas nórdicas fue cambiando el “modelo” mediterráneo por un “modelo” nórdico, de tez clara y cabellos largos y rubios. Aparte de Ovidio otro de los autores clásicos que nos deja entrever que el modelo cambió al de mujer nórdica es Catulo, ya que fue el primero en celebrar la belleza femenina nórdica a través de su amada Lesbia. Este cambio se produce aproximadamente en tiempos de Julio César.Ya en tiempos de Augusto las mujeres se tiñen de rubio con “hierbas traídas de Germania”. Pero ¿cómo debe de ser esa mujer rubia ideal? Pues según Ovidio tiene que tener brazos y piernas esbeltos y armoniosos, pies pequeños, manos finas y dedos largos y la piel rosada o muy clara. En definitiva, muy diferente al modelo arcaico, probablemente asociado a las mujeres sabinas raptadas por los romanos,


unas mujeres sencillas y que se quedaban en casa haciendo las labores propias de los principios de una moral antigua, a saber, cuidar de la casa y de los hijos. Por el contrario, el nuevo modelo, gustaba de ropas y joyas caras, son muy elegantes y les gusta agradar a los hombres y entregarse a ellos.

Mujeres romanas. Fuente

Para un hombre romano, la mujer ideal tiene que tener tres características: un cuerpo opulento y atractivo, ser joven y provocar deseo, y su cuerpo tiene que poder describirse con tres colores: el blanco, el rojo y el amarillo (rubio)» A partir de: Cotidiana vitae: el arte de ligar en la antigua Roma http://www.temporamagazine.com/cotidiana-vitae-el-arte-de-ligar-en-la-antigua-roma/ Num estudo actualmente em curso sobre as representações de mulheres em mosaicos romanos, coordenado por María Luz Neirape, Universidade Carlos III de Madrid, (UC3M), integrado num projecto mais vasto "Sociedad y economía en los mosaicos hispanorromanos II", del Programa Nacional de Humanidades de la Comisión Interministerial de Ciencia y Tecnología (CICYT), dado a conhecer por José dÉncarnação à comunidade científica através do Portal Archport, tenta-se analisar as figurações femininas nos mosaicos romanos e o impacto que tinham no imaginário dos estereotipos romanos. Citando a partir do Archport «En los mosaicos romanos aparecen numerosas representaciones femeninas. La mayoría son de inspiración mitológica - diosas, heroínas y otras protagonistas de un sinfín de leyendas – aunque también se documentan otras de mujeres de carne y hueso, probablemente dominae, sus hijas, doncellas y sirvientes. "Lo más significativo de estas representaciones son los diferentes papeles que reflejan y su contribución a la construcción de determinados estereotipos, no sólo en el mundo romano sino en el transcurso de la historia hasta la actualidad", destaca Luz Neira, Profesora Titular de Historia Antigua del Departamento de Humanidades: Historia, Geografía y Arte e investigadora del Instituto de Cultura y Tecnología de la UC3M. Los papeles de las mujeres que aparecen en los mosaicos se pueden clasificar en tres grandes grupos, según los investigadores. En primer lugar, se pueden encontrar los papeles de esposa, madre e hija que reflejan la fidelidad, la preocupación por los hijos y la obediencia sin oposición a los padres (ejemplos positivos en la época), aunque también se documentan representaciones de conductas opuestas en un sentido aleccionador que parecen aludir a las temibles consecuencias de quienes así se comportan. En segundo lugar, otras representaciones evocan a partir del desnudo el erotismo e incluso, frente a la unión civilizada en el marco del matrimonio, la unión salvaje, que garantiza placer y disfrute. En tercer y último lugar, algunas representaciones mitológicas parecen reflejar una alusión a una sensibilidad diferente, como el caso de determinadas heroínas dispuestas a todo antes de caer en brazos de un varón, aunque sea un dios, o el de las amazonas practicando la caza y compitiendo con héroes de gran celebridad. "Resulta curioso comprobar - indica la profesora Luz Neira - cómo en muchas de estas representaciones, con independencia de su papel, se incide en la figura femenina como causante de males y guerras, siguiendo una tradición que, referida ya por el poeta Hesíodo en el siglo VII a.C., se remonta al mito de Pandora". Se pueden encontrar


numerosos ejemplos gráficos de este tipo en el libro publicado recientemente bajo la dirección y coordinación científica de Luz Neira, Representaciones de mujeres en los mosaicos romanos y su impacto en el imaginario de estereotipos femeninos (Ed. Creaciones Vincent Gabrielle, 2011). Desde una perspectiva que rehúye la consideración de la imagen como mera ilustración, esta obra aborda el análisis y el debate sobre los diversos papeles de las mujeres que aparecen reflejados en la musivaria romana, "descartando la idea trasnochada acerca de la utilización inconsciente de arquetipos y modelos, carente de significación histórica". El volumen cuenta con la participación de prestigiosos investigadores españoles y extranjeros con numerosos estudios sobre el tema.

Este projecto, segundo informação contida no Portal Archport, e que de que muito gostaria de conhecer os resultados finais, convida à «reflexión sobre el significado de las representaciones musivas y su relación con la ideología de las elites en el Imperio Romano. "Teniendo en cuenta que en origen los mosaicos pavimentaban las estancias de residencias de los miembros más privilegiados de las elites, cuya opinión habría sido fundamental en la elección de escenas y motivos, destacaría la evocación de estereotipos muy concretos, fruto en muchos casos de una elección premeditada y consciente por parte de los domini", señala Luz Neira. De esta forma, esta investigación pretende resaltar la idea de que aquellos estereotipos, cuya validez aparece reforzada por su propia antigüedad, responden a una construcción y difusión interesadas, lo que nos aporta incluso más luz sobre la mentalidad de las elites que sobre las diversas situaciones y circunstancias que experimentaron las mujeres en el contexto histórico de la Roma imperial» María Luz Neira. Também os frescos nos dão múltiplos exemplos realistas da vida das mulheres em Romana, fornecendo riquíssima informação quando à vida quotidiana, mas também quanto às formas de trajar e habitar o interior da casa.


Uma dama sendo vestida. Pintura do gimnasio de Herculano.A-partir-de-Traianvs.-IngenieríaRomana.

Palavras para designar a mulher (citado em Alcácer,

Terra de Deusas, 2008, Alcácer do Sal, a partir de:

GOUVEVITCH, RAEPSAET-CHARLIER, (2005). A Mulher na Roma Antiga. Páginas 26-27.

Amita, tia do lado paterno.

Anus, velha mulher, avó ou antepassada.

Auia, avó (de ambos os lados)

Conjux, aquela que partilha o jugo conjugal.

Domina, dona de casa (derivada de domus, a

residência familiar, mas também significa senhora no

amor).

Femina, fêmea de qualquer animal.

Honesta femina, significa respeito por uma mulher distinta.


Filia, filha, feminino de filius, criança que se educa.

Filiastra, literalmente filha de outro leito ou resultado de união ilegítima.

Infans, sem distinção de sexo, corresponde às crianças que não falam.

Mater, mulher casada, para se tornar mãe.

Materfamilias ou matrona definem o seu estatuto social)

Matertera, tia do lado materno (literalmente significa a outra mãe).

Mulier, mulher

Nouerca, madrasta, segunda mulher tomada por um viúvo (deriva de

Nouus/novo)

Priuigna, filha de um primeiro leito.

Puella, feminino de puer, rapariga saída da infância e que ainda não entro na adolescência.

Iuuentus, rapariga de baixa condição.

Sobrina, prima do lado da irmã, prima em geral.

Socrus, sogra. (mesma raiz que soror, parente pelo sangue)

Virgo, rapariga que ainda não conheceu um homem.

Votrix, outra palavra para madrasta.

Uxor, esposa legítima.


] Estatua de mármol blanco que representa el retrato de una matrona. En el pasado fue interpretada como el retrato (de dimensiones mayores del normal; 2,25 m. de altura) de la propietaria de la Villa de los Papiros en Herculano. Esta escultura fue descubierta el 22 de Septiembre de 1752, en el área anterior del muro nord-oriental del Tablinum. Fotografia e legenda a partir de: https://www.facebook.com/422282010071/photos/a.10153913725400072.1073741836.4222820 10071/10154424820185072/?type=1&theater Fotografía: L. Melgarejo.

Ver também:

http://www.wook.pt/ficha/a-vida-quotidiana-da-mulher-na-roma-antiga/a/id/168283 Fotografía: L. Melgarejo. http://hortushesperidum.blogspot.com.es/ JUAN LUIS POSADAS . Escribir sobre mujeres Doctor en Historia Antigua y profesor de la UNIR Revista Stilus nº9, Disponível em: http://www.hispaniaromana.es/index.php?option=com_content&view=article&id=52&Itemid=66

Villa Romana del Casale is a Roman villa built in the first quarter of the 4th century. The villa contains the richest, largest and most complex collection of Roman mosaics in the world.. Imagem a partir de Ancien Rome.https://www.facebook.com/Divine.Rome?fref=ts


Grupo BONA DEA

Fotos de Grupo BONA DEA

VER AINDA: PEINADOS FEMENINOS EN ROMA ANTIGUA

«Los peinados de las mujeres en Roma, experimentaron cambios a lo largo de los siglos. No olvidemos que según la tradición, Roma se fundó en el año 753 a. C.y su caída se fecha en el año 476 d. C. Nada tiene que ver la Monarquía o la República con su severidad y rigidez, sus dioses, costumbres etc comparadas con los años más decadentes y abiertos en pleno auge imperial.En este sentido, la mujer republicana era austera en el vestir, el peinar y el adorno (raya en medio y moño bajo) pero esto varía y mucho con el paso de los años. A medida que Roma se expande más allá de la península itálica y sobretodo tras conquistar Grecia y Oriente (además de Hispania y el norte de Europa), la sociedad romana absorbe y adapta muchos de los aspectos más característicos de los pueblos conquistados. La moda, los peinados y los adornos, también forman parte de las cultura.Tintes, rizos, bucles, ondas al agua, trenzas, joyas, moños altos, cintas de colores, tupés, postizos forman parte del peinado de la mujer durante el Imperio. En las representaciones de las mujeres romanas, rara vez se ven mechones sueltos ( y nunca flequillos) y si se usan en peinados, suelen ser para diosas y no para mujeres respetables. Las encargadas de realizar estas obras de arte con pelo, eran unas esclavas dedicadas al adorno de las señoras “las ornatrices” quienes entre peines, agujas, hilo para sujetar los mechones, liendreras y espejos debían sufrir bastante con sus exigentes amas. He aquí una pequeña muestra».


Também num pequeno artigo de Alfonso López Beltrán, “Peinados de las emperatrices romanas en las monedas -Hair Styles of the Roman empresses on the coins” , nos dá nota de como os penteados eram fundamentais à imagem da mulher em Roma: «Las mujeres romanas, especialmente las mujeres de la corte y las patricias eran muy coquetas. Las emperatrices, cuyos bustos eran acuñados en denarios, monedas de bronce, antoninianos ,etc , marcaban tendencia y les surgían muchas imitadoras. La coquetería llegaba a tal extremo que los escultores se veían obligados a relizar pelucas en mármol muy fino para colocar en la cabeza de anteriores esculturas siguiendo las instrucciones de sus caprichosas clientas.Además de utilizar pelucas realizadas con cabello de esclavas ,utilizaban muchos accesorios para realzar el peinado tales como :

       

Redecillas tejidas con hilo de oro Trenzas Rizos, algunos muy exagerados Alfileres Cintas Perlas Joyas entretejidas en el cabello Tiaras (muy comunes en el imperio de Oriente)»

cit. a partir de: http://alfonso-traianus.blogspot.pt/p/peinados-de-las-emperatrices-romanasen.html?spref=fb ANGELA, ALBERTO; “Amor y sexo en la antigua Roma”. La esfera de los libros. Madrid, 2015A APULEYO; “Las metamorfosis o El asno de oro”. Alianza. Madrid, 2010. BENAVIDES AMEIJEIRAS, Judit, EL PROBLEMA DE LA MORAL MATRIMONIAL EN ÉPOCA IMPERIAL: LAS "LEGES IULAE" Y EL "ARS AMANDI"DE OVIDIO. Una colaboración para Arraona Romana. http://arraonaromana.blogspot.pt/2015/12/el-problema-de-la-moral-matrimonialen_25.html?showComment=1451404687641 CATULO; “Poesía completa”. Hiperión. Madrid, 1993. CANDARELLA, Eva, «As Mulheres em Roma». (COMPLETAR) CAMPOS, Margarida Maria Almeida de Campos, 1999, O RETRATO OFICIAL ROMANO NO TEMPO DA DINASTIA JÚLIO-CLÁUDIA https://www.academia.edu/2073514/O_RETRATO_OFICIAL_ROMANO_NO_TEMPO_DA_DINASTIA_JU LIO-CLAUDIA.


CARLIER, Raepsaet, e GOUREVITCH, 2005, A Mulher na Roma Antiga. A Vida Quotidiana da Mulher na Roma Antiga. Livros do Brasil, ISBN: 9789723827088 http://www.wook.pt/ficha/a-vida-quotidiana-da-mulher-na-roma-antiga/a/id/168283 CAVACO, Lucinda Maria da Silvam JUVENAL, SATVRAE – Tipos e Vícios http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/3907/1/ulfl080840_tm.pdf DOMÍNGUES ARRANZ, Almudena, «Política y género en la propaganda en la Antigüedad. A modo de prefacio» Almudena Domínguez Arranz http://www.trea.es/material/descargas/Prolopoliticaygenero.pdf FEITOSA, Lourdes Conde, 2010, Cinema e Arqueologia: Leituras de Gênero sobre a Pompéia Romana Universidade Sagrado Coração – Bauru/SP Universidade Estadual de Campinas https://www.google.pt/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=5&ved=0CFYQFjAE&url=http%3A%2F %2Fwww.revistagenero.uff.br%2Findex.php%2Frevistagenero%2Farticle%2Fdownload%2F26%2F14&ei= XGXCVO6EC4WvUc-dgMAP&usg=AFQjCNFRFRyjy5zS4sp6GfJenOPDoUSgA&sig2=aKvWwserkC9_fmhPjd6QDg Historia das Mulheres na Sociedade Romana http://www.ahistoria.com.br/mulheres-na-sociedade-romana/ GUERRA, Amílcar, 1999/2000, «A Mulher em Roma, Algumas Considerações em Torno sa sua Posição social e Estatuto Jurídico», in A Mulher na História, http://www.cm-moita.pt/NR/rdonlyres/355CBD20-CCB9-48BC-964C-E33B6C28C898/5287/mulher.pdf LÓPEZ BELTRÁN, Alfonso, In: http://alfonso-traianus.blogspot.pt/p/peinados-de-las-emperatrices-romanas-en.html?spref=fb A Vida Quotidiana da Mulher na Roma Antiga KAMPEN Natalie, 1981, Image and status: Roman working women in Ostia. LIMA, Alessandra Carbonero, Exempla Romanos: Homens de Gloria e Mulheres de Honor.


http://www.hottopos.com/notand12/ale.htm LÓPEZ BELTRÁN, Alfonso, Peunados de las emperatrices romanas en las monedas. In: http://alfonso-traianus.blogspot.pt/p/peinados-de-las-emperatrices-romanas-en.html?spref=fb NEIRA, Luz, 2011, «Representationes de Mujeres en los Mosaicos Romanos y su impacto en el imaginario de estereotipos femeninos». in Rostos de Roma», catálogo da exposição com a mesma designação. Ministerio de Educación, Cultura y Deporte. Área de Cultura. Madrid.

OVIDIO; “Amores”. Alianza. Madrid, 2001. OVIDIO; “El arte de amar; Remedios de amor; Cosméticos para el rostro femenino”. Espasa. Madrid, 2001. REVISTA STYLUS In: http://www.hispaniaromana.es/index.php?option=com_content&view=article&id=52&Itemid=66

               

Sobrevivir, una cuestión de sexo. Salvador Pacheco. El cultivo del intelecto. Helena Alonso García de Rivera. La imagen de la mujer. Isabel Rodríguez López. Peinadas y elegantes. Ildefonso David Ruiz López y Carmen Ramírez Ruiz. Signos de distinción sobre la piel. César Pociña. Empresarias y obreras. Pilar Fernández Uriel. Las mediadoras de los dioses. M.ª José Doncel. Trabajadoras del placer. Marcos Uyá. Las ciudadanas distinguidas. Eva Morales. Las hermanas de Calígula. Marco Almansa. Armas de mujer. Isabel Barceló. Espacios para la vida. Pilar González Serrano. El Principado y sus leyes. Alejandro Valiño. Cartago Nova, la joya púnica de Iberia. Gabriel Castelló. Vistas a Portus Victoriae. F. J. García Valadés. Pompeya, la vergüenza de Italia. Francisco Girao.

Ver ainda: «Encuentram representadas mujeres en la columna de Trajano»


http://terraeantiqvae.com/profiles/blogs/encuentran-representadas-mujeres-en-la-columna-detrajano?fb_action_ids=10206078512110558&fb_action_types=og.likes&fb_source=feed_opengraph&actio n_object_map=%7B%2210206078512110558%22%3A874357982603733%7D&action_type_map=%7B% 2210206078512110558%22%3A%22og.likes%22%7D&action_ref_map=%5B%5D#.VMJVOUesXQw

Cotidiana vitae: el arte de ligar en la antigua Roma http://www.temporamagazine.com/cotidiana-vitae-el-arte-de-ligar-en-la-antigua-roma Publicada por Filomena Barata em 11:32


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