Ciências da Natureza na Educação Infantil

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Ciências da Natureza na Educação Infantil Maria Emília Caixeta de Castro Lima Mairy Barbosa Loureiro dos Santos

Belo Horizonte 2015


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L699t Lima, Maria Emília Caixeta de Castro Ciências da Natureza na Educação Infantil / Maria Emília Caixeta de Castro Lima, Mairy Barbosa Loureiro dos Santos. - 1. ed. - Belo Horizonte, MG : Fino Traço, 2015. 100 p. : il. ; 124 cm. (Formação docente ; 12) ISBN 978-85-8054-261-5 1. Ciências (Ensino fundamental) - Estudo e ensino. 2. Prática de ensino. 4. Educação de crianças. I. Santos, Mairy Barbosa Loureiro dos. II. Título. III. Série. 15-25698 CDD: 372.35 CDU: 373.3.016:5

Fino Traço Editora Ltda Av. do Contorno, 9317 A | 2o andar | Barro Preto | CEP 30110-063 Belo Horizonte. MG. Brasil | Telefone: (31) 3212-9444 www.finotracoeditora.com.br


SUMÁRIO APRESENTAÇÃO 7

PARTE I  Ensinar ciências na educação infantil As ciências nas brincadeiras para crianças da educação infantil   11 Por que ensinar ciências na educação infantil?   11 Quem são as crianças da educação infantil?   13 Em que consiste ensinar ciências para as crianças pequenas?   19 Apresentação das brincadeiras   25 Referências bibliográficas   27

PARTE II  Conversando sobre a mediação de atividades de ciências na educação infantil

Capítulo I – Conhecendo a diversidade dos seres vivos   31 Investigando um jardim   33 Construindo animais de materiais reciclados   35 Cuidando das plantas   38 Momento de lembrar: Montando uma exposição sobre bichos e plantas   43 Capítulo II – Tomando consciência do próprio corpo   45 Desenhar o contorno do corpo do colega   48 Brincadeiras sobre os órgãos do sentido   52 Importância da alimentação   55 Cuidando do corpo e do ambiente   58


Capítulo III – Reconhecendo as coisas que existem ao nosso redor e suas transformações   63 Organizando objetos e materiais: Pondo ordem na bagunça   66 Ciência e arte: Origem das coisas   69 As transformações dos materiais: Como se faz?   71 Como os objetos se comportam na água?   76 Capítulo IV – Produzindo sons, sombras e outros efeitos físicos   85 Tocar na banda   88 Construindo ideias sobre a existência do ar   92


APRESENTAÇÃO O tema do ensino de ciências na educação infantil é cercado de dúvidas e questionamentos que são ainda superficialmente explorados nos currículos e propostas pedagógicas desse campo. É incipiente em nosso país a produção sobre e para o Ensino de Ciências nesse nível de ensino. As formas de organização do trabalho das professoras vêm sendo ressignificadas e reelaboradas quanto ao ensino das ciências da natureza, e novos significados têm sido atribuídos ao ensino-aprendizagem na educação infantil. Este livro, portanto, se apresenta como importante contribuição nesse sentido. Insere-se na luta que as pessoas que lidam com as crianças pequenas travam em diferentes espaços. Considero que o acesso aos bens culturais, materiais e simbólicos da nossa sociedade é um direito da criança, de todas as crianças, nos quais se inclui as ciências da natureza. O conteúdo que se apresenta é resultado de diálogos estabelecidos com as professoras acerca das inquietações de duas formadoras de professoras em ciências que compartilham da premissa de que as crianças têm direito a aprender e dar sentido ao que olham, encontram e querem conhecer na sua relação com a natureza e a cultura. Não se trata de um manual. Ao contrário, apresenta pistas, sugestões, orientações fundamentadas no conhecimento do campo das ciências e suas metodologias, tendo como referência a linguagem por meio da qual as crianças melhor se expressam: a ludicidade, a fantasia, a brincadeira. Por meio de propostas que entrecruzam ciência e fantasia, imaginação e realidade, as autoras apresentam algumas possibilidades de com e para as crianças, organizar atividades que ampliem as aprendizagens, impulsionem o desenvolvimento delas e as aproximem dos conhecimentos científicos e tecnológicos. Na primeira seção, as autoras nos convidam a pensar sobre o porquê de ensinar ciências para as crianças pequenas e em que consiste tal tarefa, compreendendo-as como parte da natureza, sujeitos de cultura, potentes, que interagem nesse mundo buscando compreendê-lo e apropriar-se dele nas suas mais diversas formas de explicação. Em seguida, propõem um conjunto de atividades e orientações pedagógicas que contribuem para a construção de conhecimentos na in7


teração entre adultos, crianças e o mundo natural e social, integrando os temas das ciências por meio de propostas detalhadas e diversificadas que envolvem variadas linguagens como as artes (literatura, música, cinema, dança, teatro), a matemática, a escrita, o desenho e a linguagem corporal em função do que se quer que a criança conheça, de forma mediada. Apresentam ideias práticas, concretas e plausíveis de serem desenvolvidas com as crianças da educação infantil sem que isso se traduza no fornecimento de receitas ou de um método a ser simplesmente reproduzido. Por meio da observação orientada, do estímulo à curiosidade, à manipulação, a proposta das atividades tem seu ponto alto na ação das crianças sobre os objetos. É por meio dessa introdução das crianças no mundo das ciências da vida e da natureza que elas transformam a realidade e, ao mesmo tempo, se transformam e dão sentido ao mundo, pensam sobre como fazer e como fizeram e inventam modos de explicar o porquê das coisas. Ao contrário da pura manipulação ativista e sem assistência do adulto, as autoras destacam o papel preponderante do outro na constituição dos sujeitos. Somos nós, professoras da educação infantil, o ser adulto que compreende, escuta, observa, dialoga com os interesses e necessidades das crianças e organiza ambientes, materiais e situações para que as aprendizagens aconteçam da forma mais rica possível na escola. Nesse sentido, as contribuições deste livro entrelaçam a intencionalidade de uma perspectiva investigativa à curiosidade e interesse infantis e contribui para ampliar nossa compreensão das ciências da natureza e de suas tecnologias sobre o ensino e a aprendizagem das crianças. Como professora da educação infantil e formadora de professoras faço um convite ao diálogo com essa proposta, comprometida com as inquietações inerentes à formação docente. Um convite ao encontro de possibilidades de aprendizagem e desenvolvimento, tramando e destramando com as crianças um dos modos de compreender e explicar o mundo; de acolher e fomentar o encantamento com a ciência que é próprio das crianças; de construir, com elas, respostas provisórias a partir de suas permanentes indagações, e; de alinhavarmos, com ousadia, a partilha das contribuições que as autoras deram neste livro para investigar o cotidiano com os pequenos. Carla Maline de Carvalho Professora da Educação Infantil, Formadora de professores e Mestre em Educação pela Faculdade de Educação da UFMG 8


PARTE I ENSINAR CIENCIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL



AS CIÊNCIAS NAS BRINCADEIRAS PARA CRIANÇAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL Por que ensinar ciências na educação infantil? Quem são as crianças da Educação Infantil? Em que consiste ensinar ciências para as crianças pequenas? Essas três questões são importantes de serem discutidas porque existem diferentes concepções de infância, de educação infantil, de ciências e de ensino de ciências, etc. Assim, queremos compartilhar o nosso modo de pensar essas questões e a partir delas conversar sobre a mediação de atividades de ciências com as crianças da educação infantil.

POR QUE ENSINAR CIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL? A ciência tem sua origem nos saberes mais amplos da vida, mas, como parte daqueles, diferencia-se como outra cultura, com seus modos peculiares de pensar e de propor explicações. Concordamos que a ciência e a tecnologia estão a cada dia mais presentes em nossas vidas e consideramos que é diferente pensar a educação em ciências, desde a infância, como um direito da criança. Uma educação em ciências da vida e da natureza pode abrir variadas possibilidades na ampliação das experiências das crianças com os outros, consigo mesmas e com o mundo. O trabalho com os conhecimentos derivados das Ciências Humanas e Naturais deve ser voltado para a ampliação das experiências das crianças e para a construção de conhecimentos diversificados sobre o meio social e natural. (RCNEI, 1998, p. 166)

Muitos são os educadores em ciências que argumentam a favor de uma “formação científica” desde a infância por considerarem que o crescente desenvolvimento científico e tecnológico requer essa preparação para lidar com o mundo. Pensamos a educação em ciências das crianças como direito de acesso a um modo de pensar diferente daquele que construímos no nosso cotidiano. Faz diferença argumentar a favor de um aprendizado de ciências como requisito para as novas gerações e defender a educação em ciências como direito da criança de brincar, indagar e explorar o que acontece ao seu redor. É uma oportunidade que lhe deve ser assegurada de se encantar com o mundo

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e compartilhar socialmente um modo singular de compreender e explicar o que acontece e o que nos acontece, olhando através das lentes da ciência. O que está também de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil – DCNEI – (2010) Nossa concepção de ciências para as crianças da educação infantil remete a uma perspectiva sócio histórica referenciada basicamente em VYGOTSKY (1987) e BAKHTIN (1997). Para o primeiro é na interação social que nós humanos construímos significados para o mundo, para Bakhtin o outro está sempre presente na relação conosco como ser vivo e falante. Assim, interação social e linguagem são fundantes da produção e compartilhamento de sentidos. Não há educação fora da relação entre o eu e o outro. E tal como em Bakhtin, desta relação com a alteridade nenhum dos dois sai inalterado, ninguém sai como entrou. Se no mundo da vida não saímos de um diálogo sem com ele nos enriquecermos, também nos processos educativos professor e aluno saem diferentes, porque nessa relação ambos aprendem. (GERALDI, 2013, p. 15)

Todos os tempos da vida são tempos de aprender. Desde a infância até a idade adulta, quando já bem velhinhos, ainda assim estaremos significando. Esse é o modo como vivemos: encantados ou fadados a produzir sentidos para si e para os outros. As crianças desde os primeiros anos de vida propõem espontaneamente variações para as brincadeiras. Em outras palavras, a curiosidade e a capacidade de inventar são próprias das crianças. Acreditamos que a mediação dessas brincadeiras como modo intencional de embarcá-las nessa viagem que o olhar da ciência oportuniza é mais importante do ponto de vista pedagógico do que deixar as crianças livres para realizar suas próprias experimentações acerca do mundo. Como já nos ensinou VYGOTSKY (1987), a aprendizagem acelera o desenvolvimento. Entretanto, o que ocorre muitas vezes é que nosso “furor pedagógico” acaba tolhendo as crianças em suas brincadeiras frente à imposição de regras e normas ou de conteúdos tradicionalmente abordados numa forma escolarizada, divorciada da vida das crianças e sem o protagonismo delas.

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QUEM SÃO AS CRIANÇAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL? A imagem romântica e romantizada da infância, de acordo com ARROYO (2004) se quebrou e continua sendo quebrada, embora ainda prevaleça congelada em boa parte da população. O autor nos faz um convite de aprendermos – professoras e professores, formadoras e formadores de professores, gestoras e gestores educacionais, familiares, etc. – a lidar com a infância real. O modo de viver a infância e ser criança muda ao longo do tempo e é sobre as crianças do nosso tempo que precisamos indagar para compreender em que consiste educá-las, haja vista que a concepção de infância é sempre provisória e incompleta porque remete tanto a um certo tempo quanto a um determinado lugar. Cabe perguntar permanentemente: Em que consiste a infância da criança que nasce e vive no campo, num assentamento rural, numa cidade grande; à beira de um grande rio ou na região de fronteira; nas comunidades urbanas ou quilombolas ou em condomínios de luxo? Umas delas têm babá e motorista particular, outras ficam em casa aos cuidados das avós, de irmãos ou vizinhas enquanto as mães trabalham; umas frequentam aulas especializadas de dança, futebol, natação, enquanto outras estão subjugadas ao trabalho infantil; umas estão obesas e outras subnutridas, umas tomam banham de rios e lagoas, outras de piscina e por aí vai. Enfrentar a tamanha diversidade de vida dessas crianças que vivem suas infâncias apartadas uma das outras exige uma inserção do projeto de educação infantil aos seus contextos de vida. Atender à diversidade significa singularizar a educação em função dos sujeitos envolvidos, sem perder de vista a existência de outras infâncias, outros modos de ser e de estar no mundo. As DCNEI tratam inclusive das especificidades na educação infantil indígena e do campo. A ludicidade presente na educação em ciências para as crianças não tem por objetivo seduzi-las para aprender conteúdos que irão precisar no futuro. Brincar, sorrir, conversar está presente em todos os momentos da vida como eventos socialmente humanos para além do caráter motivacional que comumente adquirem nos contextos educativos.

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Em que consiste ensinar ciências para as crianças pequenas? A infância para qualquer uma daquelas crianças que nos referimos anteriormente é um tempo de correr, de brincar, de falar muito e perguntar mais ainda. Todas aquelas características remetem aos dois princípios fundantes da ação educativa: interação e dialogia. Em acordo com nossa visão brevemente explicitada até aqui a ciência, para nós, é um dos lugares de dialogar sobre a diversidade do mundo, dos animais, das plantas e das pessoas. Tudo isso faz parte de uma história que tem na diversidade a base da evolução. Portanto, a relação alteritária com o outro, a tolerância com a diferença pode ser compreendida do ponto de vista da religião, das ideologias e da epistemologia da ciência. É preciso termos em conta um grande e longo projeto de educação por meio da ciência que questiona o mundo, que nos deixa encantar por ele e estranhá-lo ao mesmo tempo. Todas as explicações são construções humanas. A vida é uma produção humana. A ciência da vida e da natureza é um modo de explicar o mundo que queremos compartilhar com as crianças e a que elas têm direito. Os fenômenos que podem ser visivelmente observados são aqueles que as crianças mais gostam. São os casos do cata-vento, da biruta, de um balão que estoura quando está sendo cheio, etc. A explicação para esses fenômenos observados está relacionada com a admissão de que o ar existe e de suas propriedades, além das propriedades do plástico e da pressão no caso do balão que estoura. Conceitos de que o ar é material, que possui massa, exerce pressão, etc. não são imediatamente observáveis. Conforme CARVALHO (1998) desde muito cedo as crianças já começam a criar/inventar explicações para os fenômenos, muito embora não seja esse o objetivo de ensinar ciências para as crianças. Os conceitos de ar e pressão guiam nosso olhar para o que devemos observar, do mesmo modo que as observações dos fenômenos criam em nós a necessidade de propor explicações. Quando uma criança é exposta a um novo conceito, seu desenvolvimento está apenas começando, no início ele é um tipo de generalização elementar que, vai sendo substituído por generalizações cada vez mais elevadas à medida que a criança desenvolve. Os conceitos são aprendidos não em uma forma pronta no processo de aprendizagem escolar; mas organizados e reelaborados por ela ao longo de suas experiências. (VYGOTSKY, 1989, p. 246)

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O conceito de “flor”, por exemplo, não consiste somente na informação que é o órgão de reprodução das plantas e apresenta cores variadas que favorecem a atração de seres polinizadores, mas também em informação visual (imagem de flor) uma percepção sensorial a partir do contato com a flor, sua textura, seu cheiro, além do prolongado contato com diversas flores como rosas, margaridas, etc. A aproximação das crianças com os conceitos é constituída de conhecimento verbal e não verbal, incluindo informações sensoriais. As ricas experiências verbais auxiliam na construção de ideias que aos poucos vão se transformando em conceitos mais sofisticados e elaborados. A aproximação da criança com os conceitos é iniciada a partir do mundo ao seu redor. O professor pode orientar o olhar da criança no sentido de ajudá-la a “ver” os fenômenos observáveis. Mesmo antes de introduzir os conceitos é possível olhar os fenômenos do mundo, que também são importantes para a ciência. A professora pode ajudar a criança a lidar com uma variedade de objetos e fenômenos que construirão as bases para os conceitos científicos. Por exemplo, chamar a atenção da criança para a transformação da cor da água ao fazer um suco, do critério usado para guardar os lápis separando-os por cor, tamanho ou forma, ao acondicioná-los em diferentes recipientes. São atitudes que não necessitam discorrer sobre efeito de misturas ou critérios de classificação, mas que desperta um sentimento de admiração e encantamento diante do mundo. Contudo, consideramos que o ensino direto de conceitos não é o objeto da educação em ciências para as crianças pequenas. Os conceitos científicos são abstrações altamente estruturadas por meio de relações causais e hierárquicas que não estão ao seu alcance. Mesmo para os adultos o aprendizado de conceitos deixa de ter importância, principalmente quando se torna um fim em si mesmo e não um meio de propor explicações para o mundo natural ou de compreender como a ciência constrói suas explicações. Para conservar o interesse e a admiração das crianças pelo mundo ao seu redor o professor precisa nutrir o desejo dela de explorar o mundo, de jogar, colecionar, observar, relatar, estimulando o pensar e a construir uma atitude positiva em relação à ciência como uma das formas de explicar. Por consequência, ensinar ciências para as crianças pequenas envolve jogos, desenhos, teatros e toda sorte de brincadeiras divertidas para serem vivenciadas de forma orientada e estimulante.

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A experimentação de caráter investigativo As crianças devem, desde pequenas, ser instigadas a observar fenômenos, relatar acontecimentos, formular hipóteses, prever resultados para experimentos, conhecer diferentes contextos históricos sociais, tentar localizá-los no espaço e no tempo. (RCNEI, 1998, p. 172)

Os processos de atenção, memória, fala, percepção, imaginação e criação necessitam de um planejamento de atividades além do concreto observável e perceptível. O professor deve partir do concreto estimulando a criança a ver um horizonte mais amplo. O experimento como investigação promove um contato tanto com o observável, quanto com a organização das ideias no sentido da busca de soluções. O processo de experimentar utilizando brincadeiras pode ser a base para a exploração dos fenômenos naturais. De acordo com Carvalho et al. (1998) e Kamii e Devries (1986) as etapas deste processo são geralmente: √√ agir sobre os objetos para ver como eles reagem; √√ agir sobre os objetos para produzir o efeito desejado; √√ tomar consciência de como se produziu o efeito desejado; √√ criar explicação sobre as causas; √√ comunicar o observado. Com as crianças pequenas a comunicação ou registro pode ser oral ou por meio de desenho, incorporando termos científicos de forma espontânea. Os experimentos permitem explorar algumas etapas de uma investigação, como: proposição de hipóteses, observação, registro, discussão, argumentação. A leitura de imagens e a representação com desenhos também podem ser desenvolvidas com a experimentação. Para que as crianças descubram o mundo ao seu redor, o ideal é que o primeiro contato com os conceitos naturais aconteça de maneira divertida, investigativa e planejada. Quando falamos de criar explicações sobre as causas estamos nos referindo à busca de relações que conduzem a uma explicação física. Captar a causa objetiva de um fenômeno significa descobrir aquilo sobre o qual é preciso agir para que o efeito desejado apareça. É a isso que chamamos de causalidade física.

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A criança da Educação infantil apresenta uma visão mágica do mundo. Como amplamente estudado por Jean Piaget, suas explicações remetem às forças da natureza, à vontade de seres superiores e estranhos que povoam o seu mundo mágico. As explicações animistas e finalistas são as mais frequentes, bem como aquelas que expressam a vontade humana. Explicações de caráter animista são aquelas em que a criança dá vida aos objetos como se eles tivessem vontade e determinação própria. Dizem que a bola rolou pouco porque está cansada. O finalismo diz respeito à atribuição de certa finalidade aos fenômenos que nos rodeiam. Explicações finalistas nos acompanham a vida toda e é muito comum de ser flagrada em adultos quando explicam determinados eventos no campo da biologia como, por exemplo, dizer que passarinho tem asas para voar em vez de se pensar que, ao contrário disso, porque ele tem asas, ele voa. A criança projeta sobre o mundo a sua vontade, dandolhe determinados propósito numa clara confusão entre o eu e o mundo exterior. E, portanto, ela não admite ainda a existência de causas naturais, objeto de interesse das ciências da vida e da natureza. Variadas brincadeiras podem ser concebidas para que, de modo intencional, a criança possa ir vivenciando, por exemplo, uma sequência de eventos em que a interação dela com os objetos que se localizam no mundo exterior possa levar a cabo determinados efeitos. Como conseguir fazer, por exemplo, a bolha de sabão ir mais longe? A sequência objetiva pressupõe séries temporais que se desenvolvem no tempo. Soprar com mais força; correr soprando; soprar contra ou a favor do vento, fazer bolhas grandes, fazer bolhas pequenas, etc. As variações testadas pelas crianças são “inventadas” e compartilhadas por elas. Como você fez? Como você conseguiu? Por que a minha não gosta/quer ir longe? Todas essas questões evidenciam o caráter social do conhecimento. Quanto mais ricas forem as oportunidades de brincar, compartilhar e falar sobre as brincadeiras, mais a aprendizagem estará a serviço do desenvolvimento como proposto por Vygotsky (1987). O conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal do autor – ZDP – nos permite compreender a ação mediada do outro, dos signos e da linguagem sobre aquilo que a criança ainda não dá conta de fazer sozinha, mas que pode fazer com apoio de terceiros. O desenvolvimento consiste num processo de aprendizagem do uso de ferramentas intelectuais, através da interação social com os mais experientes no uso das ferramentas culturais. Uma delas é a linguagem, a forma mais rica de se compartilhar significados. Daí a conclusão de que a efetividade da ação pe-

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dagógica decorre do enfrentamento de situações problemas compartilhadas, mediadas pelo mais capacitado no manejo das ferramentas e signos. O brinquedo, desse modo, é para o autor uma grande oportunidade para o desenvolvimento porque cria uma ZDP da criança, onde ela comporta-se para além do que é habitual na vida dela. Nas brincadeiras de faz de conta ela imagina situações, vivencia cada uma na condição de protagonista em que toma decisões, fala, organiza a ação, etc. Enfim, no faz de conta ela representa papéis flagrados no mundo da vida, informados pela cultura em que está imersa. Portanto, a brincadeira tem papel fundamental no desenvolvimento da criança no sentido de oportunizá-la a cada vez mais ir se apropriando das explicações causais do mundo físico no seu tempo e do seu jeito. Nosso papel como educadoras pressupõe orientar a criança a observar, agir e comunicar sobre os objetos de interesse da ciência, reconhecer os seres vivos, sua diversidade e modos de viver, conhecer as causas dos fenômenos naturais, etc. O planejamento das atividades experimentais exige que a professora ou o professor seja criterioso em relação à seleção de ideias que deseja colocar em circulação no plano social da aula. Conteúdos são entendidos por nós de modo mais amplo como conceituais, procedimentais e atitudinais. Tudo se inicia com um questionamento e é a partir dele que se desenvolve o processo de investigação e de discussão das ideias emergentes. A mediação pedagógica, na escola, é de responsabilidade essencialmente do professor que pergunta, explicita hipóteses levantadas antes de serem testadas, intervém na organização da classe e sistematiza as contribuições de cada criança. Outras brincadeiras investigativas, para além daquelas de caráter experimental, são igualmente importantes como literatura, teatro, visitas guiadas a museus e outros. O ambiente de sala de aula com livros/brinquedos/aquários/ vasos de plantas/painéis/revistas com figuras, fotos etc., são facilitadores para estimular as crianças a interpretar o mundo natural, mas não substituem as que recorrem às áreas externas da sala de aula e da escola.

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EM QUE CONSISTE ENSINAR CIÊNCIAS PARA AS CRIANÇAS PEQUENAS? As crianças na contemporaneidade têm se envolvido muito com as novas tecnologias da informação e comunicação o que já tem dado sinais em seu desenvolvimento psicomotor. A televisão, os jogos de celular e de computadores entre outros dispositivos eletrônicos a que têm acesso estão competindo fortemente com as brincadeiras de pular, correr, subir, rolar, etc. Assentadas elas passam horas em silêncio, sozinhas e praticamente imóveis. Brincar de bola, esconde-esconde, pular corda, escolinha e casinha estão ficando esquecidas e preteridas pelas crianças. Não raro vemos os pais travando uma grande batalha na definição da organização dos tempos das crianças com resistência por parte delas à medida que se aumenta a idade. Essas práticas já tão presentes na infância de uma parte significativa de crianças têm impacto no psiquismo se considerarmos as contribuições de Henri Wallon (1975), pioneiro dos estudos da psicomotricidade. Para ele o movimento humano é uma categoria fundante do psiquismo. (Fonseca, 1995) e está relacionado com a afetividade, a emoção, o ambiente e com os hábitos do indivíduo, em especial com o desenvolvimento mental da criança. De acordo com Fonseca (1995), a psicomotricidade, integração superior da motricidade, é o produto de uma relação inteligível da criança com o meio e instrumento privilegiado através do qual a consciência se forma e se materializa. Além disso, o desenvolvimento psicomotor do corpo ocorre de forma ampla, extensiva a todas as partes e gradativamente na medida em que é: no decorrer do processo [que] a criança irá adquirir uma maior maturidade, mas para que isto ocorra é imprescindível que se trabalhe primeiramente o que denominamos de exercícios motores onde a criança irá vivenciar uma experiência corporal e perceberá isso de maneira interna. (De Meur; States, 1991, p. 67)

A escola sempre teve um papel fundamental no desenvolvimento da psicomotricidade das crianças, contudo, em função das mudanças corporais que estamos observando por meio dos hábitos delas, a atenção sobre esses aspectos tornam-se mais imperativos. Não faltam estudos e recomendações curriculares nesse sentido.

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O RCNEI (1998) recomenda oportunizar à criança vivenciar uma diversidade de atividades visando à aprendizagem e ao desenvolvimento dela. O brincar apresenta-se por meio de várias categorias de experiências que são diferenciadas pelo uso do material ou dos recursos predominantemente implicados. Essas categorias incluem: o movimento e as mudanças da percepção resultantes essencialmente da mobilidade física das crianças; a relação com os objetos e suas propriedades físicas assim como a combinação e associação entre eles; a linguagem oral e gestual que oferecem vários níveis de organização a serem utilizados para brincar; os conteúdos sociais, como papéis, situações, valores e atitudes que se referem à forma como o universo social se constrói; e, finalmente, os limites definidos pelas regras, constituindo-se em um recurso fundamental para brincar. (1998, p. 63)

A confecção de objetos e brinquedos diversos Consideramos que a escola tem por compromisso levar em conta o interesse e a curiosidade que as crianças demonstram pelo mundo social e natural e fomentar mais ainda o envolvimento e motivação delas para aprender. Como indicado no RCNEI é preciso estimular as crianças na formulação de perguntas, na proposição de soluções, respeitando o modo como cada uma delas compreende e explica os fenômenos. O confronto de ideias é importante não só para o desenvolvimento cognitivo como também para o aprendizado da relação e da tolerância para com os outros (BRASIL, 1998, p. 175). É importante explorar os movimentos de preensão, encaixe, lançamento etc. bem como o manuseio de diferentes materiais, a confecção de variados objetos e brinquedos para aperfeiçoamento das habilidades motoras e da criatividade. As escolas têm respondido prontamente a esse tipo de recomendação, contudo, é comum ouvirmos queixas de pais e de familiares de terem que confeccionar para os próprios filhos os brinquedos, modelos de bichos, aviões e outros para serem exibidos em mostras escolares. Não raro, recomenda-se a contratação de serviços especializados para ajudar a criança no seu desenvolvimento psicomotor. Acreditamos que o desenvolvimento psicomotor é fundamental e tarefa primordial da escola no atendimento à infância. O grande desafio consiste em criar mediações pedagógicas para que a crianças possam realizar suas tarefas assessoradas pela professora, em classe. O valor das produções das crianças, no nosso entendimento, reside na realização por ela mesma, participando

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ativamente de todas as etapas, inclusive no desenho inicial do objeto a ser confeccionado. Os brinquedos e brincadeiras que as crianças não conseguem fazer sozinhas ou com a ajuda de um adulto, considerando as contribuições de Vygotsky (1987) sobre a Zona de Desenvolvimento Proximal estão inadequados para a idade delas e não cumprem nenhum papel no desenvolvimento da criança já que está muito além das possiblidades de realização delas. Assim, é razoável pensar que a criança vai levar para casa somente atividades que elas consigam fazer sozinhas, ou, em alguns casos, com o apoio de um adulto, numa atividade compartilhada.

As brincadeiras e o ensino de ciências O desenho das crianças é chamado de intelectual na medida em que desenham aquilo que sabem do mundo e não o que elas propriamente veem. O desenho de uma árvore, por exemplo, costuma evidenciar a existência de raízes que estão dentro do solo. Portanto, a atividade de desenhar é mais importante para que a criança possa desenvolver do que para avaliar o desenvolvimento dela. Ao desenhar elas vão enriquecendo com detalhes a concepção que vão adquirindo das coisas. A criança desenha, fala, vê o desenho do colega e aperfeiçoa o seu. É preciso lembrar que a aprendizagem e o desenvolvimento são essencialmente culturais além de terem um caráter social. Conforme VYGOTSKY (1991) a utilização da brincadeira permite que a criança vá se desenvolvendo gradativamente, adaptando-se ao meio de modo criativo ao mesmo tempo em que vai tomando consciência da lógica subjacente às suas ações sobre o mundo. A essência do brinquedo, para esse autor, é a possibilidade de evidenciar de maneira simbólica as motivações, os planos, as intenções, criando uma nova relação entre as situações imaginárias e as reais. Não basta colocar as crianças para brincar, desenhar, correr, etc. Pouco adiantam ações sem uma intencionalidade explícita e sem a mediação da professora. É preciso mobilizar nas crianças funções psíquicas de atenção, memória, integração multissensorial, previsão ou antecipação, proposição de explicações, tomada de consciência pela reflexão entre ação a compreensão, etc. Na sala de aula da educação infantil o fazer junto é muito importante, ajudando ou observando, a criança acumula experiências principalmente com o diálogo gerado na atividade. Vygotsky (1987) já nos alertou para a importância do trabalho conjunto, assessorado pelo professor ou pares mais capazes para agir na Zona de Desenvolvimento Proximal da criança. Aquilo que alguns não podem fazer sozinhos, conseguem com a ajuda de outros.

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Quando a professora usa um martelo, tesoura, régua, alicate possibilita à criança o reconhecimento da função das ferramentas e o modo como transformam as coisas. Da mesma forma que a criança aprende no ambiente familiar o uso do celular e da televisão, a escola deve proporcionar o uso de binóculo, lanterna, lupa, projetor , computador, proporcionando o contato com a tecnologia. A produção de brinquedos em sala além de pedagógico para as crianças se desenvolverem melhor e adquirirem autonomia, favorece um ambiente mais rico de estímulos e de materiais para outras atividades e outros conteúdos. É importante ainda estimular a integração entre a escola e o meio familiar, inclusive no que se refere à participação da família no cotidiano da escola. Quanto mais os pais participam, mais os filhos aprendem, se sentem motivados, seguros e com vontade de aprender. As atividades que estamos sugerindo aqui têm como propósito deixar emergir ideias sobre os meios que a/o professor (a) pode usar para estimular a criança a descobrir o mundo a seu redor. Não necessariamente devem ser estas atividades nem da forma que apresentamos. A escolha do experimento deve ser ajustada aos projetos que serão desenvolvidos com as crianças, sem conotação disciplinar. Entretanto, as ideias da ciência da natureza com as quais devemos nos comprometer em aproximar as crianças estão expressas nos exemplos que oferecemos em cada brincadeira.

O que ensinar sobre ciências Até recentemente a disciplina Ciências não fazia parte dos currículos para a educação infantil e anos iniciais do fundamental. A atenção estava centrada exclusivamente na alfabetização e no ensino da matemática. No Referencial Curricular da Educação Infantil de 1998 aparece pela primeira vez a proposição oficial de conteúdos de Ciências da Natureza para as crianças. Os conteúdos do eixo Ciências da Natureza e Sociedade aparecem sob o titulo de A criança, a natureza e a sociedade, organizados por faixa etária de 0 a 3 e de 4 a 6 anos e distribuídos didaticamente em cinco blocos: Lugares e suas paisagens; Organização dos grupos e seu modo de ser, de viver e de trabalhar; Objetos e processos de transformação; Os seres vivos; Os fenômenos da natureza. O trabalho com os fenômenos físicos na natureza de interesse das crianças e presentes no cotidiano delas consiste em brincadeiras com luz e sombra, o

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dia e a noite, o ar e o movimento, o som e o imã e a mudança de estado físico do gelo, sorvete, gelatina. Nas devidas oportunidades, trocas de percepções sobre a chuva, o vento, o frio e o calor e as sensações provocadas no corpo por essas situações. Em relação aos materiais e objetos, é importante as crianças terem oportunidade de manipular objetos de diferentes texturas, peso, forma, odor, sabor, sons, função entre outros, com brincadeiras que imitam a realidade como brincadeiras de bolas, bonecos, de casinha, de escolinha e identificação de objetos utilitários como telefone, televisão, carro, bicicleta, lupa, martelo, prego etc. As transformações dos materiais podem ser iniciadas com o acompanhamento de um adulto na feitura de pão, salada, sucos, pipocas, modelagens diversas com argila ou massinhas, mistura de tintas e pinturas. Oportunizar diferentes classificações de materiais, separando objetos de plástico, madeira, papel e pano, bem como conhecer a origem de alguns dos materiais. O reconhecimento dos ambientes e dos seres vivos deve ser feito, de preferência, com contato direto com animais e plantas em visitas a jardins, parques, criadouros, zoológicos ou hortas. Atividades de brincadeiras de imitação e observação de pequenos animais, cuidados com plantas também são importantes para o desenvolvimento da linguagem, do interesse e do cuidado com a natureza. A montagem de painéis com a diversidade de seres vivos e discussão sobre as adaptações de seres que vivem em ambientes frios, quentes ou secos, locomovem-se na água ou na terra são formas de ampliar e sistematizar as ideias sobre os seres vivos. Livros, filmes, revistas, fotos de paisagens com rios, nuvens, chuva auxiliam na abordagem desses temas. Em qualquer oportunidade é importante a conversa sobre os cuidados com o ambiente, com os seres vivos, com a escola, com a sala de aula e consigo mesmo, procurando organizar o espaço da sala de aula para guardar sapatos, brinquedos, roupas etc. e cuidar da limpeza da sala, dando destino ao lixo em vez de deixá-lo espalhado. Estimular as crianças a refletir sobre situações ambientais desagradáveis, como lixo espalhado, som alto, desperdício de comida ou materiais de energia e de água. A percepção do próprio corpo, suas potencialidades e limitações são foco na educação infantil. Iniciam com a percepção do ambiente pelos órgãos do sentido, sobre o valor dos alimentos e da sua conservação, sabores e importância da higiene. Aprender a selecionar brincadeiras que não atentem contra a integridade pessoal ou coletiva e ambiental. É importante a valorização de

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atividades físicas, hábitos saudáveis de higiene a alimentação e atitudes de autocuidado.

A avaliação da aprendizagem e do desenvolvimento No documento produzido pelo Grupo de Trabalho do Ministério da Educação denominado Educação Infantil: Subsídios para construção de uma sistemática de avaliação, Brasília, outubro de 2012 diferencia a avaliação na educação infantil da avaliação da educação infantil. A avaliação na educação infantil se refere àquela feita internamente no processo educativo, focada nas crianças enquanto sujeitos e coautoras de seu desenvolvimento. Seu âmbito é o microambiente, o acontecer pedagógico e o efeito que gera sobre as crianças. Ela é feita pela professora, pelas pessoas que interagem com ela no cotidiano e pelas próprias crianças. A avaliação da educação infantil toma esse fenômeno sociocultural (“a educação nos primeiros cinco anos de vida em estabelecimentos próprios, com intencionalidade educacional, configurada num projeto político-pedagógico ou numa proposta pedagógica”), visando a responder se e quanto ele atende à sua finalidade, a seus objetivos e às diretrizes que definem sua identidade. Enquanto a primeira avaliação aceita uma dada educação e procura saber seus efeitos sobre as crianças, a segunda interroga a oferta que é feita às crianças, confrontando-a com parâmetros e indicadores de qualidade. Essa é feita por um conjunto de profissionais do sistema de ensino (gestores, diretores, orientadores pedagógicos e outros especialistas, professores), pelos pais, dirigentes de organizações da comunidade etc.

Trataremos da avaliação na Educação Infantil, que conforme o Referencial Curricular de Educação Infantil (BRASIL, 1998), que a define como um elemento indissociável do processo educativo que possibilita ao professor definir critérios para planejar as atividades e criar situações que gerem avanços na aprendizagem das crianças. Tem como função acompanhar, orientar, regular e redirecionar esse processo como um todo. (Brasil, 1998, p. 59)

Avaliar na Educação Infantil consiste, portanto, em acompanhar o desenvolvimento da criança nos aspectos cognitivo, afetivo, psicomotor e social. Facilita muito na avaliação do desenvolvimento da criança, o registro do que elas sabiam “antes” de serem desenvolvidas as atividades, também chamada de avaliação diagnóstica, para serem comparados com as aquisições que elas

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darão evidências depois de terem se apropriado, conhecida como avaliação formativa. Por exemplo, o vocabulário adquirido, a evolução do desenho, os acréscimos no enredo das histórias etc. A avaliação diagnóstica possibilita o professor verificar os conhecimentos e habilidades anteriores à intervenção pedagógica das crianças e planejar aquelas julgadas mais adequadas ao grupo, criando situações para que as crianças avancem na sua aprendizagem. A avaliação formativa orienta a prática do professor quanto às estratégias e as dificuldades de aprendizagem das crianças. Na prática, o acompanhamento do desenvolvimento da criança pode ser efetuado utilizando diversos tipos de instrumentos como a observação que a professora faz durante as atividades, as anotações feitas no diário de aula dos conteúdos trabalhados, as fichas de acompanhamento do desenvolvimento das crianças, das observações relatadas pelos pais na agenda escolar, as análises comparativas das produções do antes da intervenção e do depois e, nos portfólios das crianças, pois eles acabam revelando a evolução histórica das atividades e dos progressos conseguidos. O importante é que a avaliação seja sistemática e contínua, tendo como principal objetivo a melhoria da ação educativa.

APRESENTAÇÃO DAS BRINCADEIRAS Selecionamos algumas atividades lúdicas e apresentamos sugestões de mediação pedagógica a partir dos blocos temáticos apresentados no Referencial Curricular de Educação Infantil (1998): Lugares e suas paisagens; Objetos e processos de transformação; Os seres vivos e os Fenômenos da natureza. Nossa intenção explícita é de estimular as crianças a desenvolver suas potencialidades na linguagem oral e artística e de vivenciar situações sobre a constituição e funcionamento do mundo natural. Pretendemos com estas sugestões inspirar você professora, na criação de intervenções ainda mais ricas, fomentando a curiosidade e interesse das crianças pelos fenômenos naturais. Aqui vai encontrar material para produzir suas contra palavras e, a partir delas, construir seu próprio projeto de educação em ciências para as crianças. Organizamos as brincadeiras em quatro blocos: Conhecendo a diversidade de seres vivos; Tomando Consciência do corpo; Reconhecendo as coisas que

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existem ao nosso redor e suas transformações; Produzindo sons, sombras e outros efeitos físicos. No tema Conhecendo a diversidade de seres vivos apresentamos sugestões para diagnosticar os conhecimentos prévios das crianças, para realizar excursão e exploração de ambientes diversos, produção de brinquedos de material reciclado e observação de comportamentos de animais em criadouros ou em filmes. Sobre as plantas escolhemos proporcionar às crianças a discussão sobre a importância da água na germinação e os fatores ambientais que afetam o desenvolvimento das plantas. A produção de vaso para enfeitar a sala inclui também o desenvolvimento de um senso estético e a valorização natureza. Como avaliação, sugerimos a realização de uma exposição. Este tipo de avaliação contribui também para desenvolver a autonomia e a autoestima. Tomando Consciência do corpo. O desenvolvimento da consciência do corpo pode ser iniciado por meio dos desenhos que as crianças fazem antes da realização das atividades de intervenção. A consciência corporal contribui para o desenvolvimento da motricidade, das percepções espaciais e temporais, da afetividade e da construção da identidade. Para isso estamos sugerindo uma diversidade de atividades como uso do espelho, o desenho do colega, jogos de montar ou quebra-cabeças e brincadeiras com música sobre as partes do corpo. As atividades sobre os órgãos dos sentidos são de grande interesse das crianças. Incluímos também cuidados com o corpo e algumas ideias sobre higiene e alimentação, além de cuidados com o ambiente. Recomendamos que as intervenções com as crianças sobre preservação ambiental estejam presentes o tempo todo, em todas as atividades. É importante ainda a compreensão da criança de que nós também somos seres da natureza e que estamos inseridos nela. Para o desenvolvimento das ideias sobre os abjetos, materiais e suas transformações recorremos ao tema Reconhecendo as coisas que existem ao nosso redor e suas transformações. Sugerimos tratar uma série de brincadeiras sobre de que são feitos os objetos e de onde vêm os materiais. As atividades/ brincadeiras propostas permitem a participação das crianças, estimulando a criatividade fazendo arte, criando objetos, produzindo transformações e contando histórias. Produzindo sons, sombras e outros efeitos físicos traz um conjunto de propostas de trabalho que visa à aproximação das crianças dos fenômenos da natureza. Selecionamos atividades sobre sons, brincadeiras com o ar e com imãs e produção de sombras. Todas essas atividades despertam na criança a curio-

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sidade e a capacidade de criar explicações para as situações que observam, bem como fazer previsões para os possíveis acontecimentos em novas situações. As brincadeiras sugeridas como a montagem de uma banda, de um teatro, de brinquedos desenvolvem a potencialidade das crianças de inventar, contar casos, interagir com os colegas e elaborar perguntas sobre os porquês. Para todos os assuntos vale lembrar, a importância do diagnóstico para comparar com o desenvolvimento no final das intervenções, da necessidade da efetiva participação das crianças, do desenvolvimento das atividades em ambiente agradável e acolhedor, de atividades fora da sala de aula, de brincadeiras de faz-de-conta, de muita conversa entre as crianças e com as crianças, de entrevistas com outros adultos e de uso de desenhos e de livros de histórias.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARROYO, M.G. Imagens quebradas: trajetórias e tempos de alunos e mestres. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 2004. ATZINGEN, M. C. Von. A história do brinquedo – para as crianças conhecerem e os adultos se lembrarem. São Paulo: Editora Alegro, 2001. BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1997. CARVALHO ET Al., Ciências no ensino fundamental: o conhecimento físico. São Paulo: Scipione, 1998. DE MEUR, A. e STAES, L. Psicomotricidade: educação e reeducação. São Paulo: Manole, 1991. FONSECA, Vitor da. Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991. FONSECA, Vitor da. Manual de Observação psicomotora: Significação psiconeurológica dos fatores psicomotores. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. KAMII, C.; DEVRIES, R. O conhecimento físico na educação pré-escolar: implicações da teoria de Piaget. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986. LOPES, F. Sugestões práticas: O desenvolvimento da consciência fonológica e sua importância para o processo de alfabetização. Psicol. Esc. Educ. (Impr.) vol.8, n.2 Campinas Dec. 2004. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-85572004000200015&script=sci_arttext.

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MARTIN L.K.A.; SOUSA, Marisa Almeida Cavalcante. Magnetismo para crianças. Grupo de Pesquisa em Ensino de Física da PUC-SP e Escola do Futuro da USP. http://mesonpi.cat.cbpf.br/marisa/ Física na escola. V.1, n.1 2000. PAIVA, G. Cuide bem da árvore. http://www.youtube.com/watch?v=OKKfMF62 g7w PIAGET, J. Epistemologia genética. São Paulo: Martins Fontes, 1990. RAFFA, I. Reciclando com arte: bichinhos de jardim. São Paulo: Editora Escolar, 2004. VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1987. VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 1991. VYGOTSKY, L.S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1989. XAVIER, M. Mundo das coisas. São Paulo: Formato, 2002. WALLON, H. Psicologia e educação da infância. Lisboa: Estampa, 1975.

FONTES BRASIL. Referencial curricular nacional para a educação infantil/Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1998. 3v.: il. Fazendo um paraquedas de brinquedo. Redação Ciência Hoje das Crianças. Publicado em 04/03/2009 | Atualizado em 29/07/2010. https://www.youtube.com/watch?v=-DUHpqwqZZQ. As saúvas. Produzido por Joana Fava Alves. Laboratório de Ecofisiologia do Departamento de Fisiologia do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP) em 2008.

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PARTE II CONVERSANDO SOBRE A MEDIAÇÃO DE ATIVIDADES DE CIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL



CAPÍTULO I CONHECENDO A DIVERSIDADE DOS SERES VIVOS



CONHECENDO A DIVERSIDADE DOS SERES VIVOS O conhecimento da diversidade de vida é muito comum entre as crianças, tanto daquelas que moram em casas ou que vivem em cidades menores, como no campo. Mesmo aquelas que vivem nas grandes cidades e que moram em apartamentos têm contato com animais e plantas, por vezes criam algum animal de estimação, cultivam vasos de plantas e visitam parques, pracinhas e jardins. Contudo, para nenhuma delas uma abordagem escolar desse assunto é dispensável ou enfadonho. As crianças gostam de explorar o mundo natural, brincar com a água, observar as formigas, colher folhas e flores, brincar com plantas sensitivas como mariafecha-a-porta, assoprar sementes de dente-de-leão, ter em casa uma planta carnívora, explorar o som provocado pela batida entre vagens de flamboaiã, etc. Atividades de contato com a natureza além de ser prazeroso para as crianças possibilitam o desenvolvimento da afetividade e sensibilidade em relação ao mundo natural; o desenvolvimento do senso estético; a interação social e a construção de diversos conhecimentos a partir do cotidiano delas; a valorização da vida de todos os seres, entre outros. A exploração do mundo natural mediado pela professora ou professor e por meio de diversas atividades pedagógicas ganham um sentido diferente para a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças daqueles que já ocorrem espontaneamente fora da escola. O estudo do ambiente comporta diversas dimensões do conhecimento como artes, matemática, política, história além de oportunizar o desenvolvimento de habilidades diversas como oralidade, motricidade e a cognição de um modo geral.

INVESTIGANDO UM JARDIM Roda de conversa sobre o que as crianças sabem sobre um jardim, horta ou parque As crianças sabem muita coisa sobre animais e plantas pelo contato com a natureza, através de filmes e de livros de histórias. Em uma roda de conversa não faltará assunto para elas. A participação nessa roda constitui um levantamento prévio de conhecimentos que além de socializar o que já sabem terá papel mo-

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tivador para continuarem aprendendo sobre o jardim ou horta, bem como sobre a vida que se esconde ou se apresenta nele. Você pode começar a conversa na roda perguntando, por exemplo: Quais jardins vocês conhecem? Como eles são? Você tem um jardim em casa? Que plantas encontramos no jardim? Como elas apareceram ali? Que animais podemos encontrar no jardim? Como eles são? O que eles comem? Onde tem um jardim para visitarmos? Como vamos organizar a visita ao jardim da escola, da praça, do parque, etc.? O que vamos levar em nossa visita? O que vocês acham que vão ver no jardim? Converse com eles sobre flores, sementes, plantas, formigas, borboletas, abelhas, grilos e outros, motivando as crianças a se interessarem pelo tema. Apresente para as crianças o que será levado e para que serve cada um: pá de jardim, lupa, lanterna, guardanapo ou outro papel que possa espalhar o solo coletado para ver minhocas, moluscos (caramujos), besourinhos, centopeia, tatuzinho de jardim, etc. Deixe as crianças manipularem a lupa e a lanterna, principalmente, para matar a curiosidade, saber como funciona e o que vão fazer com aquilo. Conversar sobre a utilidade de cada um deles no jardim perguntando, o que acontece quando olhamos as letras de um livro usando a lupa? Como fica o dedinho quando visto através da lupa? Em que situação a lanterna pode ajudar a enxergar melhor? Qual desses instrumentos podemos utilizar para ver um passarinho no ninho em uma árvore? Enfim, como é a vida dos bichinhos do jardim? Convidar a turma para uma visita ao jardim, organizar os grupos e distribuir os instrumentos que serão utilizados. Levar as crianças para o jardim ou horta da escola orientando as observações delas sobre as plantas e os animais encontrados. Por exemplo, colete três folhas de plantas diferentes e veja se elas reconhecem que as folhas são diferentes, se alguma apresenta cheiro, se é lisa ou áspera, macia ou dura. Explore as flores, suas cores, seu cheiro, sua textura. Muitas flores apresentam, dentro delas, formigas, abelhas, mosquitos. Pergunte às crianças o que será que os animais fazem ali. Deixe que elas elaborem suas explicações. Solicite que usem a lupa para ver se aparece algo diferente nas cascas das árvores, folhas e solo etc. Veja se elas apresentam iniciativas para usar a lanterna nos ambientes mais escuros como debaixo de um arbusto ou em um buraco. Se possível registre as atividades com fotos para olharem depois, contar para colegas e familiares o que fizeram e viram.

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Com a pá, colha uma porção de solo. Espalhe o solo no guardanapo ou folha de papel branco para ver se aparece caramujo, tatuzinho, minhoca. As crianças devem ser orientadas para observar como os animais se locomovem, suas principais características, as cores que apresentam, se têm cheiro etc. Você deve ficar atento neste trabalho para evitar que as crianças toquem em animais venenosos ou plantas tóxicas caso elas ocorram neste locais. De volta à sala, conversar sobre o que foi observado, do que elas mais gostaram, de como são as plantas e os animais observados. Outras atividades de visitação de vivências em espaços fora da escola são muito importantes. Contudo, é imprescindível fazer com as crianças o planejamento da atividade como: construir os roteiros do que farão em cada espaço. Se for a uma praça, combinar de observar o trajeto, o ambiente até lá, o que pensam encontrar. Na visita, tirar um tempo para conversar e observar o ambiente, além de brincar. Combinar por exemplo: não deixar o ambiente sujo; conversar sobre o passeio após a chegada à escola e registrar por meio de texto coletivo, tendo o professor ou a professora como escriba, ilustrar com desenhos das crianças e fotos feitas pelas crianças e adultos.

CONSTRUINDO ANIMAIS DE MATERIAIS RECICLADOS As crianças vão escolher que animais construir para brincar. Para as crianças menores a montagem do animal é feita pela professora com orientação das crianças sobre onde colocar as pernas, quantas pernas, onde colocar os olhos e assim por diante. É importante a criança mesmo colar as partes de modo a desenvolver os movimentos finos. Você pode passar a cola no local que ela indicou e esperar que ela mesma cole. Disponibilize os enfeites já recortados como coração, flor, olhinhos, antenas, etc. Devem criar nome para identificar os animais.

Formiga

Borboleta

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Abelha

Centopeia

Lagartixa

Para essa atividade são usadas sucatas como caixa de papelão, recipiente de ovos, gravetos ou espetos de churrasco, rolhas, tampinhas de garrafa, bolas de isopor, garrafas pet, canudos de papel higiênico etc. A Coleção Reciclando com Arte – Bichinhos de Jardim pode ajudar na ampliação desta atividade. Em uma roda a turma pode inventar uma história onde todos os personagens construídos tenham participação. Por exemplo – Era uma vez uma lagartixa que estava com fome tentou comer uma formiga. Mas apareceu a abelha e expulsou a lagartixa. Depois as crianças podem dramatizar a história com um teatro de imitação. É interessante também que a professora leia uma história sobre um dos animais construídos. Proponha às crianças a escolha de um animal para conhecerem melhor. Por exemplo, se a turma escolher a formiga, as crianças devem investigar, entrevistando um adulto, a vida das formigas: o que a formiga come? Onde ela mora? O que ela faz à noite? Outra opção é valer-se de livros infantis, filmes e desenhos animados. Finalmente, faça com elas um registro com as descobertas. Pode ser por meio de desenhos, fotografias e mesmo os bichos feitos de sucata.

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Construindo com as crianças um formigueiro para observar o comportamento e as características das formigas

Montando um formigueiro Em uma garrafa coloque terra e folhas secas e uns pedacinhos de frutas. Umedeça o ambiente. Para atrair as formigas use um papelão molhado com açúcar. Depois que elas aparecem coloque-as próximas à boca da garrafa para entrarem. Tampe tudo com um pano preto para escurecer o ambiente. Para observação, destampe. Manter o formigueiro em um lugar fresco.

O formigueiro deve ficar num canto da sala para que as crianças possam observá-lo quando sentirem curiosidade. Dois dias depois de exposto a professora deve fazer uma roda para socializar o que as crianças observaram tanto do comportamento quanto das características das formigas. As observações podem ser registradas com desenhos das crianças de modo a acompanhar o percurso delas no aprendizado. A construção de um terrário também atende a esse objetivo além de permitir a introdução de outros animais como tatu-bolinha, lagartixa, joaninha, minhoca: Coloque no fundo do recipiente uma camada de dois dedos com pedrinhas de aquário; uma camada de terra por cima delas e cubra novamente a terra com areia. Para evitar que o terrário exale um odor desagradável, espalhe alguns pedaços de carvão vegetal, por cima da areia. Depois coloque a terra vegetal como você faria para montar um vaso. Coloque bichinhos tipo: tatu-bola, joaninhas, grilo, minhocas, centopeia.

Um terrário miniatura pode ser feito com pet transparente.

Lembre-se também de colocar um recipiente com água para umedecer o ambiente. Se você perceber que plantas e animais não estão indo bem no terrário, abra-o e devolva as espécies no jardim da escola.

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Vendo filmes sobre formigas Ver filmes sobre os animais é uma atividade inspiradora para as crianças criarem situações e ampliarem seu repertório sobre a vida destes animais. Além disso, os recursos usados nas filmagens profissionais permitem uma visão mais detalhada do interior de um formigueiro e do comportamento das formigas. No caso de escolher a formiga, você pode consultar o site https://www.youtube. com/watch?v=-DUHpqwqZZQ que trata da vida das saúvas. O filme mostra uma sociedade de formigas e dura apenas 7 minutos. Embora o filme apresente uma linguagem dificil para as crianças as imagens são acessíveis e permitem uma boa conversa. No site https://www.youtube.com/watch?v=0cobVpvggpU você vai encontrar um filme sobre a construção de um ninho por uma formiga que dura apenas um minuto. A FormiguinhaZ é um filme de animação que fez grande sucesso no meio infantil. É dublado e dura 80 minutos. Conta a história de uma formiguinha que vivia no Central Park.

CUIDANDO DAS PLANTAS Falar de plantas, dos animais e dos ambientes é inesgotável, tanto que percorre o currículo desde a educação Infantil e ensino médio. Para as crianças tem um valor especial, pois elas costumam não considerar as plantas como seres vivos. Assim as atividades propostas têm como objetivo a construção da ideia de que plantas são seres vivos, que são importantes para a vida no planeta e para a manutenção da biodiversidade. Nós seres humanos também nos valemos das plantas para enfeitar, alimentar, produzir medicamento, etc. A visita feita ao jardim ou horta vai favorecer a conversa com as crianças sobre os tipos de plantas observados e a importância delas para os animais que vivem ali. Você pode apresentar uma figura de árvore completa (com raiz, caule, folhas, flores e frutos) e ajudar as crianças na associação entre nomes e partes, ampliado com a descrição bem simplificada da função como da raiz em retirar água do solo, da folha onde entra e sai o ar, da flor que produz fruto e semente. Sugerimos usar o vídeo Cuide bem da árvore que é bastante enriquecedor, além de apresentar uma música fácil para as crianças aprenderem a letra. Mostra de forma simples o papel das árvores na natureza (Paiva, 2010). É possível explorar

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neste vídeo a presença de um ninho com ovos de passarinho e de plantas com as seguintes frutas: maçã, ameixa, banana, caju, carambola, jabuticaba, laranja, mexerica, pêssego e uva. Com a imagem congelada as crianças podem tentar identificar o fruto que aparece na imagem do vídeo e ver como cada fruto se pendura na árvore, pois muitas crianças não tiveram, ainda, a chance de observar isso na natureza, como um pé de carambola ou de maçã. Entregue, às crianças, desenhos com figuras de frutas para elas colorirem. Cada uma pode escolher um tipo de fruta. Em seguida, realize uma brincadeira enfeitando as crianças como árvores. Ao longo dos braços, da cabeça e em torno do tronco dependure ou cole balões verdes inflados.Dependure também os desenhos das frutas que elas coloriram, imitando o modo como a fruta se encontra na árvore. Ao som da música Cuide bem da árvore, as crianças podem cantar e dançar à vontade!

A programação da realização de uma salada de frutas para ser degustada pela turma permite abordar com as crianças a variedade das sementes dos frutos. Ao picar as frutas como laranja, abacate, ameixa, melancia, maçã, as sementes descartadas podem ser colocadas em um prato ou guardanapo para observação posterior em termos de diferenças entre elas como tamanho, número, forma e cores. Depois de secas guarde as sementes em saquinhos plásticos transparentes e faça uma exposição delas em classe. A ideia de coleções é importante para desenvolver a habilidade de classificar ou para plantar na horta da escola.

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Observando o efeito da água nas sementes Faça uma roda para conversar com as crianças sobre o que elas acham que acontece quando colocamos sementes na água? Pergunte também se alguma delas já plantou alguma sementinha? Como fez? O que aconteceu? Proponha para a turma fazer uma observação do que acontece com a semente na água: Coloque em um copo de vidro transparente 10 grãos de feijão e cubra com água até dois dedos acima das sementes. Em outro copo coloque outras 10 sementes, sem água. Observar no dia seguinte as alterações ocorridas com as sementes. Estimule as crianças a conversarem sobre as alterações ocorridas. O que aconteceu com as sementes que foram colocadas no copo contendo água? O que aconteceu com a semente no copo sem água? Manter uma semente sem o contato com a água é importante para que a crianças possam comparar o efeito da água sobre as mesmas. Foi a água que provocou a alteração no tamanho delas. Dando continuidade, leve as crianças para fora da sala de aula para montarem vasos com terra. Ajude-as a colocarem um pouco de terra em um pote de iogurte e a molhar bastante. Depois, cada criança vai plantar duas sementinhas de feijão inchadas, preparadas no experimento anterior. Mesmo que tenham que lidar com terra e água, as crianças dão conta de elas mesmas prepararem seus vasos. Novamente insistimos que é muito importante para o desenvolvimento psicomotor e afetivo que elas realizem a atividade e que assumam o protagonismo no planejamento e na ação.

Acompanhe diariamente com elas o crescimento da planta, com descrição oral das alterações observadas, seguidos de desenhos ou fotografias como registro.

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Continue regando a plantinha e conversando sobre a importância da chuva onde não existe ninguém para regá-las. Realizar com as crianças um teatro em que elas vão imitar o crescimento do feijão. Esta atividade estimula a criatividade, o respeito e a atenção além de fazer as crianças se movimentarem para simular a ação de crescimento da planta.

Na roda de conversa você aproveita para recapitular questões como: em que parte da planta as sementes são encontradas? Porque será que as sementes ficam guardadas dentro dos frutos? Que fruta possui somente uma semente? Que frutas possuem muitas sementes? O que acontece quando plantamos uma semente? O que podemos fazer para uma planta dar outra planta? Analisar com as crianças as evidências de que as plantas são seres vivos porque nascem, crescem e dão origem a outras plantas. Sugira às crianças conversarem com os pais sobre os cuidados no jeito de guardar os alimentos como feijão, arroz, castanhas, milho de pipoca, etc. Crianças que vivem no campo têm contato com a prática da produção agrícola e com as técnicas de estocagem. Elas terão muito o que contar.

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Fazendo vasos para enfeitar a sala Na roda propor para as crianças a feitura de vasos para enfeitar a sala. O que colocar no vaso? Usaremos sementes de que planta? Sugira alpiste por ser mais rápido, além de servir como cabelo de bonecos de brinquedos. Pergunte às crianças se sabem o que é alpiste, e o que devemos fazer para cuidar da plantinha de alpiste. Para as crianças fazerem um vaso de alpiste disponibilize uma bacia com terra, uma bacia com água. Para cada criança você vai precisar de dois copos de iogurte vazios, uma colher de plástico e uma colher de café de semente de alpiste. Separe um conjunto desse material para você também fazer junto com elas. Cada um fará o seu. Oriente as crianças, fazendo ao mesmo tempo em que fala, sobre como colocar um pouco de terra no pote, as sementes e depois cobrir com uma fina camada de terra por cima. Plantadas as sementes, com outro copinho de iogurte vazio, as crianças vão pegar água em uma bacia para molhar o vaso. Mantenha o vaso em local bem ventilado e iluminado. Depois de três dias o alpiste estará germinando. Avalie a necessidade de regar o vaso em função do clima. Em quinze dias o alpiste estará com 15 a 20 cm de altura. Os passarinhos costumam visitar estes vasos e é muito divertido vê-los comendo o alpiste que você plantou. As crianças podem decorar os potes com caras de bichos ou de gente e enfeitar o capim com fitas como se fosse pelos. Como já orientamos anteriormente, você passa a cola no lugar indicado pela criança e ela mesma cola.

Outra atividade que pode ser realizada na sequência é para aguçar a capacidade da criança de fazer previsões sobre o efeito da luz no crescimento da planta. Entregue para elas uma folha com um desenho de um bonequinho e uma janela em um dos lados do bonequinho. Peça para elas desenharem os “cabelos” no boneco, representando o sentido em que eles acham que as plantinhas vão nascer e crescer. Para cima? Para baixo? Para o lado da janela?

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Para que as crianças possam vivenciar o sentido do crescimento do alpiste em relação à luz da janela você pode fixar na parede e dependurar com um gancho de arame os bonequinhos que as crianças fizeram. Pode também deixar uns recebendo luz do lado direito e outros recebendo luz do lado esquerdo para observarem a direção do crescimento do capim de alpiste em busca da luz. Essa disposição dos vasos sugerida tem por objetivo investigar a influência da luz no desenvolvimento da planta. Depois de finalizadas as atividades, as crianças podem levar os bonequinhos para casa ou então, fazer uma exposição com eles. Avalie com as crianças se gostaram de realizar a atividade, o que elas aprenderam e se gostariam de cultivar outras plantas. Violeta reproduz por brotamento de folhas e não por sementes. Trata-se de outra observação que as crianças podem acompanhar. Reproduza a sequência dos quadrinhos a seguir, recorte e distribua para as crianças sequenciarem e descreverem oralmente.

Peça a elas para fazerem um desenho mostrando, depois, em casa o que aprenderam sobre as sementes e o crescimento das plantas.

MOMENTO DE LEMBRAR: MONTANDO UMA EXPOSIÇÃO SOBRE BICHOS E PLANTAS As crianças vão montar uma exposição escolhendo as fotos da visita ao jardim, um ou dois bichos de material reciclado, os desenhos das frutas da turma, os saquinhos de sementes e um vaso de germinação de feijão e outro da plantação de alpiste. Depois da exposição pronta a professora pode convidar cada criança para escolher qualquer parte da exposição e falar de suas lembranças sobre a atividade.

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CAPÍTULO II TOMANDO CONSCIÊNCIA DO PRÓPRIO CORPO



TOMANDO CONSCIÊNCIA DO PRÓPRIO CORPO O corpo da criança é o modo de que ela tem para se expressar e de certa forma se vincular ao mundo. É a partir do corpo que se exprimem curiosidade, a criatividade, a afetividade e todas as manifestações das crianças sobre e com o mundo. A tomada de consciência corporal é a porta para o desenvolvimento da independência e do amadurecimento cognitivo. É um processo que corre de forma gradativa, de acordo com os estímulos recebidos e as experiências oportunizadas. A percepção do próprio corpo fornece à criança um referencial para ela agir no mundo exterior, pois, quando se relaciona com a informação ambiental necessita de um ponto a partir do qual organiza as impressões que recebe. O corpo é referência de organização da criança e, por esse motivo, é importante que ela tenha ricas oportunidades de desenvolver satisfatoriamente a percepção dele. (FONSECA, 1995). O desenho e o brinquedo têm grande importância na integração da percepção corporal. Para avaliar essa integração existem diferentes escalas de desenvolvimento psicomotor em que se analisa a evolução da representação do corpo humano por meio de desenhos. Nos primeiros anos de vida a criança já aprende a nomear as partes externas do corpo e a explorar os órgãos dos sentidos e as relações que estes estabelecem com o ambiente. Mais tarde as crianças ganham confiança em termos de equilíbrio e controle do corpo, além de desenvolverem a autonomia para cuidar da higiene e alimentação. A personalidade da criança se forma a partir da consciência de seu corpo, de seu ser e de suas possibilidades de transformar o mundo à sua volta. A consciência corporal contribui para o desenvolvimento da motricidade, das percepções espaciais e temporais, da afetividade e da aprendizagem formal, como já dito na primeira parte deste livro. As atividades relacionadas à compreensão do corpo, de suas relações com o ambiente, de tomada de consciência de si no mundo apresentam um caráter lúdico, apontando sempre para o desenvolvimento global da criança. Portanto, de si no mundo e com os outros. Pela evolução do desenho da criança percebemos o grau de desenvolvimento da percepção do corpo que ela possui. Então, antes das atividades peça a ela para se representar no papel.

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As atividades apresentadas a seguir têm por objetivo desenvolver a percepção do corpo e podem ser desenvolvidas de forma independente ao longo dos anos da educação infantil. O número de atividades vai variar de acordo com o desenvolvimento das crianças, se representam apenas a cabeça e uma linha como corpo ou se faltam poucos itens no desenho dela. Ao final a professora solicita novamente o desenho do corpo para avaliar o que mudou, como nas fotos de desenhos de crianças de 5 anos apresentadas a seguir:

Fonte: Camila (4 anos) e Luís Gustavo (5 anos)

DESENHAR O CONTORNO DO CORPO DO COLEGA Essa atividade consiste em desenhar o contorno do corpo da criança em um papel kraft, ou mesmo no chão com giz para ir completando a partir da mediação da professora ou professor. Em dupla uma criança deita no papel estendido no chão e a outra faz o contorno do corpo da que está deitada. Com os desenhos dos contornos feitos, as crianças vão indicar cada parte solicitada pela professora: 1. Que parte do corpo você usa para andar? 2. E para nadar? 3. Qual parte do corpo você usa para escrever, desenhar e catar coisas do chão? 4. Em qual parte do corpo você veste a camisa ou a blusa? Onde veste o short? 5. Onde fica a boca e o nariz? 6. O que tem na cabeça? 7. O que você tem no rosto?

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Essa nomeação das partes não é para aprender a dar nome. Isso ela já sabe. O objetivo é tomar consciência das partes do seu corpo e da localização de cada uma, bem como da espacialidade do corpo do colega em relação ao dele.

Usando o espelho para identificar partes do corpo Ainda para dar continuidade ao estudo do corpo, uma criança fica de pé em frente à outra que vai fazer de conta que é espelho. É a brincadeira do “Me Segue”: Quando uma criança levantar um braço o “espelho” também levanta. Quando ela bate palmas, o “espelho” também bate e assim por diante. Depois de brincarem bastante é hora de repetirem a brincadeira frente a um espelho verdadeiro e grande, para que ela possa se ver de corpo inteiro. Nesse momento algumas delas podem perceber que ao levantar o braço direito a imagem estará invertida, diferentemente do que viu quando brincou de “Me Segue”.

Outra variação dessa mesma atividade com o espelho é feita com uma criança que aponta para uma parte do corpo do colega – por exemplo, para a cabeça – e pergunta para ele ou ela o nome daquela parte. O coleguinha vai responder: cabeça e, assim por diante. Depois elas trocam. Quem perguntou vai então responder. Essas atividades com espelho permitem às crianças brincarem ainda com a inversão da imagem quando tocar no colega. Ao indicar o braço direito do colega ele vai ver no espelho a imagem desse braço do lado inverso.

Mostrar e nomear as partes do corpo Uma variante dessa atividade é a brincadeira Faça o que peço. Essa brincadeira consiste em uma criança falar: faça o que eu peço: esconda o seu pé; faça o que eu peço: esconda sua mão; faça o que eu peço: esconda o seu braço; faça o que eu peço: coce a cabeça, faça o que eu peço: pule com um pé só; faça o que eu peço: levante a

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perna; faça o que eu peço: feche os olhos; faça o que eu peço: dobre as pernas; faça o que eu peço: ande segurando o joelho; faça o que eu peço: segure o dedão do pé, etc. É importante variar as crianças que pedem e que fazem o que foi pedido. Assim as crianças podem realizar a brincadeira para mostrar e nomear as partes do próprio corpo e do colega.

Juntar as partes de um desenho de corpo A criança terá que montar um corpo inteiro utilizando peças avulsas correspondentes a cada parte do corpo. Você terá que preparar antecipadamente uma caixa com desenhos de tamanhos proporcionais das partes do corpo (tronco, cabeça, braço direito e esquerdo, perna direita e esquerda). Cada dupla de crianças vai receber uma caixa. Peça a elas para que com as peças montem o bonequinho de corpo inteiro. A dupla que terminar primeiro vai dizer que acabou. Você pode pedir para aguardarem enquanto os outros terminam. Para finalizar, uma dupla confere o boneco da outra para ver se ficou correto. Desenhos de crianças da própria escola, que apresentam mais detalhes como cabeça, pernas, mãos, dedos, etc., podem ser usados para realizar a montagem do corpo ou mesmo algum semelhante ao desenho a seguir:

Completar um desenho de um corpo Uma variação dessa mesma atividade é a de distribuir desenhos de esquemas de corpo faltando partes para as crianças completem. Como o modelo a seguir:

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Outra opção é dar uma silhueta de corpo feito por uma criança e ir perguntando sobre o que tem no corpo dela e onde ela vai desenhar no papel a parte identificada e citada. Por meio dessa atividade as crianças podem desenvolver o senso de proporcionalidade e simetria na medida em que têm referência de tamanho na própria figura. Distribua para cada criança um desenho como a seguir para ela completar. Pergunte a ela o que está faltando no boneco, o que poderia ser mudado no desenho e onde ela vai colocar o complemento. Essas três atividades de completar partes do corpo vão variações crescentes em termos de complexidade mental. Na primeira, a criança dispõe das peças e vai apenas "encaixá-las". Na segunda tem um modelo para olhar e copiar o que falta; na terceira a criança precisa completar o "vazio" com o que ele já sabe, mas não vê. Logo, a última é cognitivamente mais elaborada. A alteridade é condição essencial para a construção da identidade que acontece ao longo de nossa vida. Contudo, na infância a criança começa a se representar por comparação e identificação ou diferenciação com os outros. Sentir-se bonita e se representar como é, independentemente de sexo, cor, tipo de cabelo ajuda a construir uma imagem positiva de si mesma.

Coreografia de música sobre as partes do corpo Você pode também criar uma música com as crianças ou propor outra de seu conhecimento. Prepare com as crianças a coreografia em que elas cantam, dançam e representam. A coreografia pode ser de uma música disponível na internet, sobre as partes do corpo: GUGUDADA – As Partes do Corpo (animação infantil). A música descreve cada parte e fala de uma função dela. Por exemplo; a mão serve para pegar;

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os pés para andar, etc. Você vai encontrá-la no endereço: https://www.youtube. com/watch?v=_NSkoWouWME Livros de ciências com representações de seres vivos – animais, plantas, corpo humano – ou atlas de animais ou de anatomia humana são, em geral, muito apreciados pelas crianças e de fácil acesso. A leitura de partes desses livros ou mesmo das imagens pode ser combinada com as atividades sobre órgãos dos sentidos.

BRINCADEIRAS SOBRE OS ÓRGÃOS DO SENTIDO

As atividades sugeridas têm por objetivo sistematizar um conhecimento que as crianças já possuem sobre a função dos órgãos dos sentidos. Portanto ao explorar a atividade o professor deve ampliá-la, introduzindo informações sobre a importância de se cuidar do corpo. Para trabalhar a visão prepare brincadeiras em que esconde coisas e a criança tem por missão procurá-las, um brinquedo ou outro objeto. Depois, troque de papéis, ela deve esconder alguma coisa para você procurar. Uma experiência interessante é a possibilidade de vivenciar uma situação de cegueira, colocando uma venda nos olhos e ser guiado por alguém num certo trecho. Ou a tradicional brincadeira de cobra-cega.

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Após a atividade converse com as crianças sobre a importância da luz para o funcionamento da visão e os cuidados que devemos ter para proteger os olhos como não esfregá-los com mãos sujas, não brincar com objetos pontiagudos perto dos olhos e principalmente comer frutas e verduras ricos em vitamina A, como a couve, cenoura, rúcula, abacate, caqui, suco de laranja com cenoura, manga, acerola. Para trabalhar o órgão do tato, trazer para aula uma caixa com objetos como boneca de pano, gelo, carrinho de madeira, urso de pelúcia para serem manuseados. Depois usando só o tato as crianças devem tentar descobrir que objeto é.

Converse com as crianças sobre o que ajudou na descoberta. Foram as características macias ou duras? Frio ou quente? Grande ou pequeno? Foi a forma? Que parte do corpo usamos para descobrirmos os objetos? Caso as crianças respondam que foi com a mão, estimule-as a pensar sobre a questão: Podemos sentir o gelo no braço, o macio da pelúcia no pé, etc. Lembre as crianças que geralmente usamos as mãos para perceber os objetos, na verdade o tato é uma sensibilidade própria da pele e se distribui por todo corpo. Faça com as crianças uma lista de cuidados que devemos ter com a pele como, por exemplo, tomar banho, lavar as mãos, secar os dedinhos, cortas as unhas, evitar ferimentos ou mesmo cuidar para que os ferimentos não infeccionem lavando com água e sabão. Explore o sentido do paladar sugerindo que as crianças experimentem alimentos doces, salgado e azedos. Qual é o doce? Qual é o salgado? Qual é o azedo?

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Pergunte às crianças onde sentimos o sabor dos alimentos, que sabores elas preferem e qual o alimento predileto. Sentimos o sabor na boca, mais especificamente na língua. Contudo, não é o caso de se perguntar ou definir região da língua para perceber os diferentes sabores. Para trabalhar o órgão da audição prepare um CD com gravação de latido de um cão, buzina de carro, porta batendo, som de tambor, barulho de água, etc. Apresente cada um dos sons gravados isoladamente e pergunte: que barulho é este? Depois, distribua para as crianças uma cartela com várias figuras para que elas indiquem aquelas que produziram os sons ouvidos. Converse com as crianças sobre a importância de ouvirmos os sons. Para telefonar, atravessar a rua, conversar com alguém, ouvir histórias, etc. Elabore com elas problemas que podem nos acontecer se não ouvirmos direito, nas seguintes situações: em casa, na escola, na rua. Para trabalhar o órgão do olfato, uma das crianças fica de olhos vendados. Apresente produtos aromáticos como, por exemplo, vinagre, pó de café, perfume, banana e limão para ela adivinhar que produto é. Converse com elas sobre a importância da percepção dos cheiros bons e ruins. Diferenciamos alimento estragado pelo cheiro? Quando sentimos um cheiro bom, desperta em nós a vontade de comer? Como os animais fazem para encontrar alimentos? Gatos e cães têm olfato muito apurado e sentem de longe o cheiro de uma presa. Uma história muito interessante é a de um curta-metragem premiado chamado Sentimentário, de Cio Mazzille, de 2010. Você pode se inspirar nele para também falar com as crianças sobre os cheiros, os gostos, as cores e tudo que nos encanta por meio dos órgãos dos sentidos. http://vimeo.com/78212190.

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IMPORTÂNCIA DA ALIMENTAÇÃO É inegável que hábitos alimentares saudáveis são construidos pelas crianças com a imitação do comportamento dos adultos. Comer na frente da criança, uma cenoura, uma maçã, uma folha de alface e estimulá-la a provar e a comer em grupo são bastante eficazes para despertar a apreciação de diferentes sabores. Portanto fazer lanches coletivos e conversar sobre a importância dos alimentos precisa estar na lista de ações cotidianas da sala de aula. Conversando na roda descubra os hábitos alimentares das crianças em seu cotidiano. Observe também o tipo de alimentos que cada uma leva de lanche. Pergunte sobre o que comem no café da manhã, no almoço, no lanche da tarde e no jantar. Esses dados fornecem informações sobre que tipo de abordagem elas precisam sobre a alimentação no que se refere à diversidade, valor nutricional e à forma de produção, industrializado ou caseiro. Isso vai ajudá-la a planejar suas intervenções.

Produzindo um lanche coletivo: Proponha a produção de Mini Pizza de pão de forma. Você vai precisar de: Pão de forma, Queijo, Presunto, Tomate, Orégano ou Manjericão Modo de fazer: Tire as bordas do pão de forma. Passe o queijo e o presunto no ralador. Corte o tomate em rodelas finas. Coloque o queijo, o presunto, e salpique um pouco de orégano e uma folha de manjericão no pão. Um adulto coloca no forno para derreter o queijo. Depois podem colocar as fatias de tomate. Bom apetite!

A nossa proposta é de que as crianças participem ativamente da produção da pizza. Para isso você pode ralar o queijo e o presunto para elas. Cada criança recebe uma fatia de pão para colocar na forma e depois, ela mesma, com uma colher, cobrirá com o queijo e o presunto. Diga a elas para salpicar orégano e manjericão a gosto. Depois de tirar do forno elas recebem sua fatia em um pratinho onde vão adicionar uma rodela de tomate já picado.

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A ideia é de que ao longo da preparação você vá conversando sobre o que vem a ser uma alimentação saudável. Dê exemplo da pizza que está ficando pronta. Ela é saudável porque possui o pão que fornece energia ao nosso corpo; o queijo e o presunto que são ricos em proteínas, importantes para o corpo crescer forte. E que o tomate, o orégano e manjericão são fruto e verduras e ricos em vitaminas importantes para nossa saúde. Apresente para as crianças a figura de uma pirâmide, explicando que a base larga significa alimentos que podemos comer mais e no ápice estão os alimentos que devemos comer em menores quantidades. Com as figuras dos alimentos vão colando na pirâmide alimentar cada alimento em seu devido lugar. As figuras dos alimentos podem ser coloridas e coladas em imãs para pregar em um quadro magnético, fazendo o desenho da pirâmide com uma fita adesiva. As figuras também podem ser de massinha de modelar que está descrita na seção As transformações dos materiais. A pirâmide deve ser bastante simplificada para a criança entender que ela representa os alimentos que podemos comer mais e os que devemos comer menos. Um modo de auxiliar a criança a relacionar a alimentação dela com a representação da pirâmide é, após o lanche, identificar as figuras dos alimentos ingeridos naquela refeição e colocá-las na pirâmide.

Para comparar uma alimentação saudável com outra não saudável ou menos saudável apresente figuras de um prato de macarrão ou de batata frita. Chame atenção para o fato destes pratos não conterem vitaminas e no caso da batata, ter muita gordura. Continue esta atividade apresentando outros pratos em geral muito apreciados pelas crianças, embora pouco recomendados como balas, brigadeiro e doces em geral, sanduíches, salgadinhos e sucos industrializados. Converse com elas sobre o baixo valor nutritivo desses alimentos e a necessidade de substituí-los na nossa alimentação.

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Uma alimentação mais balanceada e diversificada é, de modo geral, associada à variedade de cores dos alimentos no prato. Entregue um desenho de um prato com carne, arroz, salada, etc. para as crianças colorirem e conversarem sobre os alimentos e cores. Você pode usar um dos desenhos sugeridos para a criança colorir conforme a cor dos alimentos. Você também pode se inspirar nos desenhos para preparar um lanche coletivo. Tendo visto as cores dos alimentos elas vão procurar selecionar as cores mais adequadas para fazerem seus coloridos.

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Na atividade sobre frutas na seção bichos e plantas, foi sugerido fazer uma salada de frutas com elas. Caso tenha feito relembre-se dessa salada e da importância das frutas principalmente como fonte de vitaminas que protegem o corpo contra doenças. Informe às crianças que as vitaminas devem ser ingeridas de preferência de alimentos crus. Aproveite a oportunidade e apresente uma folha com desenhos de diversos alimentos e peça às crianças para circularem os alimentos que devem ser comidos crus e para marcarem com um X aqueles que precisam ser cozidos. Para avaliar a atividade distribua um prato de papelão para cada criança e disponibilize em uma mesa figuras de verduras, frutas, diversos tipos de carnes, sementes como castanhas, alimentos prontos como sanduíches, batata frita, pizza, arroz, feijão. Peça as crianças para montarem seus pratos escolhendo as figuras e colocando dentro dele. Peça ao colega do lado para avaliar se o prato do colega apresenta uma alimentação saudável.

CUIDANDO DO CORPO E DO AMBIENTE Para aprender a cuidar do corpo as crianças precisam dos adultos não só para auxiliá-las nas atividades de autocuidado, mas também para fazer com que elas gostem de cuidar do próprio corpo. Na escola de período integral as crianças praticamente fazem nela toda a rotina diária como: lavar as mãos, tomar banho, pentear os cabelos, escovar os dentes, cortar as unhas, trocar de roupas, dormir, etc. Portanto, é na escola e por meio das professoras e auxiliares que elas aprendem a fazer e a gostar destas atividades. Então, é sempre um momento oportuno para conversar com elas sobre a importância da higiene. Quem gosta de tomar banho? É bom ficar limpinho e cheiroso? O que devemos fazer quando as mãos estão sujas? E os dentes? As crianças podem fazer atividades de brincadeiras como dar banho e pentear os cabelos de bonecos. Entregar a escova de cada um com creme dental e deixá-las escovar seus próprios dentes é muito importante para irem se tornando mais independentes Para que elas desenvolvam movimentos mais eficazes de limpeza dos dentes você pode usar um modelo de dentadura ou fazer um modelo alternativo com papel e isopor, conforme a figura:

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Uma variação dessa atividade consiste em pedir a criança para escovar os dentes dos bonecos, explicando para ela a importância da escovação e como é que se deve fazer para escovar. Você pode também ajudar as crianças a contarem uma história utilizando fantoches. Na história com os fantoches, os bonecos vão realizar atividades de cuidados com o corpo em diferentes situações. As crianças terão oportunidade de expressar suas sensações em relação a cada ação dos fantoches. Você pode realizar momentos de conversa durante a atividade.

A leitura de histórias também envolve muito as crianças para as ações de cuidados com o corpo. Histórias em quadrinhos do Cascão; a música O sapo não lava o pé, são alguns exemplos que você pode ainda recorrer. As crianças podem recontar as histórias, folheando os livros, observando as ilustrações e a professora pode estimular a interpretação, focando nas ações de cuidados com o corpo. As crianças podem também assistir ao filme O ratinho tomando banho disponível no endereço https://www.youtube.com/watch?v=-ALYQXC8SGY e conversar sobre o banho e sua importância para o corpo. O livro “O Banho de Nina”, de Ana Cristina Melo, Ed. Escrita Fina, conta a história de uma menina que tomava banhos muito demorados e descobriu que a água podia acabar. Ela então começa a pensar como economizar a água deixando

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de escovar dentes, de dar descarga. A história oportuniza a conversa sobre os cuidados com o ambiente e as ações para economizar energia e água. Para crianças pequenas os cuidados com o ambiente devem começar pela sala de aula, por exemplo, falando para deixarem a torneira fechada enquanto estão escovando os dentes para que eles fiquem bem limpinhos, não desperdiçando a água. Converse sobre como evitar que os materiais fiquem espalhados depois de serem usados. De como cuidar do lixo e deixar a sala limpinha. De como cuidar dos objetos pessoais e dos brinquedos da escola e da classe. Aproveite para ensiná-las a usar as caixas de armazenamento de cada material. Lembre-as sobre os cuidados com as plantas caso existam vasos na sala. Este tipo de atividade deve ser permanente em todas as ações desenvolvidas. Leve as crianças para o pátio e chame atenção delas para observar se o ambiente está bem cuidado e o que pode ser feito para que fique melhor. Ensine a guardarem os papéis, mesmo aqueles bem pequenos para descartarem depois na lixeira e não jogarem no chão.

Use ilustrações ou livros e filmes que contam histórias sobre lixo, desmatamento, queimadas e esgoto no ambiente para conversar sobre esses problemas. Peça às crianças para falarem o que pensam sobre o que pode acontecer com os animais e plantas quando um lugar pega fogo ou são cobertos por lixo. Essas conversas

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são importantes para sensibilizá-las em relação aos problemas de descuidos com o ambiente e incentivá-las a adotar posturas de cuidados. Atividades com arte, colorindo ou contando histórias ajudam as crianças na identificação de cuidados com o ambiente.

Indique o quadro que mostra cuidados com o ambiente.

Monte a história colando as figuras na sequência narrativa. A sequência proposta pode variar de acordo com a narrativa. Ao ver a lixeira e depois o lixo no chão a criança decide recolher o lixo. Ou Então a criança vê o lixo no chão recolhe e procura uma lixeira para colocá-lo.

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CAPÍTULO III RECONHECENDO AS COISAS QUE EXISTEM AO NOSSO REDOR E SUAS TRANSFORMAÇÕES



RECONHECENDO AS COISAS QUE EXISTEM AO NOSSO REDOR E SUAS TRANSFORMAÇÕES A natureza é composta por rochas, ar, água, solo, madeira e outras coisas. Mas você já parou, um dia, para pensar de que é feita a madeira? E as rochas? E a água? E seu corpo? Será que as coisas podem se transformar em outras? Antigamente os homens achavam que sim e pretendiam, por exemplo, descobrir como fazer para transformar os materiais em ouro; eram os alquimistas. Eles achavam que poderiam ficar ricos se descobrissem como fazer ouro. Tinham também o sonho de descobrir uma poção mágica para que pudessem viver muitos anos. Para realizar o desejo de inventar coisas bacanas como essas, faziam várias experiências ao acaso e, assim levaram muitos anos até descobrir que nem tudo poderia ser transformado como queriam. Não inventaram uma fábrica de transformação de metal em ouro, nem descobriram o elixir da longa vida. Fizeram perfumes, cremes, cosméticos, plásticos, vidro, cerâmica, medicamentos, tintas, etc. Enfim, todas as coisas que povoam nossa vida. Somos uma ilha rodeada de coisas (Xavier, 2002). Acabaram por inventar técnicas de conservação de alimentos, de tratamento de água, de produção de sabão, etc. Além disso, encontraram um jeito de compreender a constituição dos materiais ou, em outras palavras, aquilo de que são feitas as coisas materiais que existem ao nosso redor. E assim foi surgindo a Química e a fabricação de novos materiais. É sobre essa diversidade de coisas que as crianças são convidadas a reconhecer, identificar, nomear, relacionar com os usos, etc. Em função da idade você pode escolher materiais mais comuns no dia a dia delas como a madeira e o papel que vêm da árvore e a lã que vem da ovelha ou do carneiro e, aos poucos introduzir outros como o vidro, o plástico, o barro, os metais e a borracha. Atualmente existem novos materiais com propriedades incríveis, mas que não é o caso de trabalhá-los com as crianças pequenas. Mas, esteja preparada para receber na escola, massinhas ou gelecas (amoeba) que se comportam de maneira muito imprevisíveis e compartilhar com as crianças suas dúvidas e encantamentos. Veja um exemplo de material com propriedades surpreendentes no endereço: https://www.youtube.com/watch?v=ZCGwatTa8r8. Embora as crianças pequenas ainda não lidem com o pensamento abstrato sobre a constituição dos materiais em seus átomos, moléculas e íons e tenham

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dificuldade para compreender as reações, elas adoram as brincadeiras que têm sua origem na química. A ideia de conservação está na base da compreensão das transformações e a de constituição exige pensar sobre como seria aquilo que não podemos ver. Para as crianças pequenas, o que não vemos não existe ou pertencem ao mundo mágico das bruxas, duendes e fantasmas. Elas gostam especialmente de ver as coisas mudarem de cor, de estado físico, de forma. Algo que seja para elas observável, mas que tem um quê de mágica.

ORGANIZANDO OBJETOS E MATERIAIS: PONDO ORDEM NA BAGUNÇA Essa atividade tem como objetivo chamar atenção das crianças sobre os materiais de que são feitos os objetos. Você pode selecionar objetos mais adequados para tal atividade em função da idade das crianças ou mesmo trabalhar com os brinquedos ou materiais escolares que estejam disponíveis na sala de aula. São mais fáceis para as crianças reconhecerem os seguintes materiais: madeira, plástico, barro, vidro, ferro, tecidos (de algodão, seda, lã, etc.). Coloque brinquedos desses materiais em cima da mesa e peça às crianças para separarem, em cada caixa, os brinquedos de um mesmo material: caixa de madeira, outra de plástico e daí por diante. Varie a atividade mudando o critério de organização. Peça para colocar, em cada caixa, brinquedos de um mesmo tipo, como uma com carrinhos, outra com bonecas, outra com bolas, etc., independentemente do material de que são feitos. Bola de gude (vidro), de meia, de couro, de plástico, de isopor, de borracha. Depois de realizarem essa atividade de correlação e classificação proponha uma gincana. O desafio consiste em conseguir reunir mais brinquedos feitos de um mesmo material. Por exemplo, brinquedos de plástico, de pano, madeira etc., em geral, o que existe mais na nossa volta são os plásticos. Não é à toa que se referem ao nosso tempo como a Era dos Plásticos. Para pôr mesmo ordem na bagunça, é preciso saber qual é o critério que cada professora usa para guardar as coisas na sala de aula. Como você organiza sua classe?

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De que é feito e de onde vêm os materiais?

Brincando de adivinhar: do que é feito e de onde vem... No jogo das adivinhações, a criança não é adivinho. Ela busca indícios, pistas, semelhanças para correlacionar, por exemplo, objetos com os materiais de que são feitos. Converse com as crianças para entender se elas sabem de onde vem a lã que tricota casacos, sapatinhos de bebês, toucas e cachecol para os dias de frio; a madeira que faz cavalinho de pau; o couro que faz casaco, sapato, bota, carteira, cinto; a argila que faz vaso de planta, panela e telha de casa; o ferro que faz grade de portão, panela, corrente. Apresente para elas um conjunto de figuras espalhadas no chão ou sobre a mesa. Desafie as crianças a agruparem as figuras que fazem parte de uma mesma história de produção de um material. Por exemplo, mostre a figura do casquinho de lã e pergunte para as crianças: de onde veio o material para tecer o casaquinho de lã? Mostre as opções: ovelha, árvore, vaca, barro, pedra.

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Depois de solucionarem a origem da lã, monte com elas a sequência do caminho ou história do casaquinho: Carneiro, fio de lã, casaquinho.

Faça outra pergunta: de onde veio o material para fazer um cavalinho de pau. Repita o mesmo procedimento mostrando as figuras e monte a sequência: árvore, madeira e cavalinho de pau.

Depois é a vez de perguntar: de onde veio o material para fazer o casaco de couro. Organize a sequência: vaca, couro, casaco.

Você pode nessa hora lembrá-las de que casaco pode ser feito de lã, de couro e de outros materiais (algodão, plástico, seda, etc). Finalize com o vaso que vem do barro e o portão de ferro que vem da rocha de minério de ferro. Elas vão se referir à pedra ou rocha.

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A partir das figuras ilustradas você pode reproduzir e recortar para trabalhar com as crianças. Apresente as peças embaralhadas para as crianças escolherem e sequenciarem figuras diversas. Peça para escolherem duas figuras relacionadas, para fazerem conjuntos que representam o caminho de produção de algum objeto.

CIÊNCIA E ARTE: ORIGEM DAS COISAS Disponibilize para as crianças: lã; folhinhas de manjericão ou hortelã; retalhos de couro; copinho descartável com barro dentro; copinho descartável com água de ferrugem proveniente de prego. Para conseguir o enferrujamento basta colocar o prego ou esponja de aço na água e aguardar um dia. Distribua uma folha com as figuras a seguir:

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Peça as crianças para enfeitar cada figura usando os materiais acima e converse com elas sobre as escolhas feitas. Ao longo do ano as produções artísticas das crianças podem ser feitas a partir da exploração de materiais de diferentes cores e texturas, de tintas resultantes das transformações de materiais como a ferrugem ou mesmo pela extração de pigmentos de folhas, frutos ou com misturas de terras, etc. Ao mesmo tempo em que se produzem as tintas, uma conversa oportuna é sobre como os homens primitivos fizeram seus registros nas cavernas. Outra abordagem ligada à discussão da sustentabilidade e de forma de arte engajada nas questões ambientais traz à tona a produção com as madeiras, troncos, raízes, etc. feitas, por exemplo, por Franz Krackjberg. Conversar como as crianças sobre como elas mesmas podem produzir suas tintas com pigmentos feitos de pó de pedras, terra de diferentes cores, sobras de tintas de caneta hidrocor diluídas em água, etc. A partir desses materiais podem produzir quadros, desenhos em papel, esculturas, sem que seja necessário dar-lhes desenhos prontos para usarem as cores.

Contando histórias sobre a origem das coisas Um modo de contar histórias é levando as crianças para verem os lugares onde essas histórias são construídas. Uma fazenda ou chácara; indústria têxtil; fábrica de cerâmica, de sapato, de sabão, de doces, de laticínios; padaria etc. Por exemplo: visitando uma chácara que tira leite ou uma indústria de laticínios para compreender de onde vêm o queijo, o iogurte, a manteiga, o requeijão, o doce de leite. Conte para as crianças que elas vão fazer uma visita para continuar o estudo da origem das coisas. Pergunte para elas se gostariam conhecer como se faz queijo. De onde vem o queijo? Como elas acham que se faz queijo, manteiga, iogurte, etc.? De onde vem o leite? Como fazer para ordenhar a vaca? Quem bebe o leite da vaca? Além de nós bebermos e do bezerro mamar, o que mais se pode fazer com o leite da vaca? Se o acesso a um lugar em que se tira leite for difícil para levar as crianças, você pode fazer a atividade usando vídeo ou mesmo lendo livros sobre o assunto. Você pode ainda montar a história com eles por meio de figuras como proposto anteriormente na atividade Brincando de adivinhar. Vá contando a história do caminho do leite, enquanto ilustra com as figuras sugeridas: vaca no pasto com bezerro mamando; ordenha da vaca; fábrica de

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iogurte, queijo, doce de leite; supermercado; mesa de café com queijo, manteiga, pote de doce de leite e iogurte.

AS TRANSFORMAÇÕES DOS MATERIAIS: COMO SE FAZ? Uma das transformações feitas anteriormente é a de enferrujamento de um prego ou esponja de arear panelas de metais colocados na água. A tinta que propusemos para pintar a borboleta foi produzida pela transformação do ferro

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em ferrugem. A queima de uma vela, de um pedaço de madeira, de algodão também é uma transformação. Mas, sugerimos estudar com as crianças algumas transformações literalmente gostosas. Você pode começar esse estudo auxiliando as crianças a observarem as transformações que ocorrem nas coisas, comparando o antes e o depois, por exemplo, do milho virando pipocas. Deixe as crianças verem o milho de pipoca antes de estourarem para saberem como ele é. Na vista delas, faça as pipocas. Muitas delas já viram e comeram pipoca, mas não tiveram oportunidade de, com atenção focada no processo, comparar o antes e o depois, falarem do cheirinho da pipoca que o milho não tinha, da diferença da cor e da textura do milho verde que eles comem cozido e da pipoca que era milho parecido com aquele outro. Mesmo tendo muita coisa para perguntar e para observar, deixe irem comendo a pipoca e conversando sobre a transformação. A transformação pressupõe admitir que havia algo que já não existe mais. Pergunte para elas: Cadê o milho de pipoca que tinha nesse saquinho? O que fizemos com o milho? Vocês se lembram de como ele era? Como ele ficou depois que virou pipoca? O melhor lugar para falar de transformações é na cozinha. Ninguém tem dúvida em dizer que o bolo está cru, assado ou queimado. Que tal fazer um bolo com as crianças? A farinha, os ovos, o leite e o fermento depois de misturados e batidos vão para o forno e o bolo cresce. A massa também se transforma e vira bolo. É igual ao milho que virou pipoca. O cheirinho quando está assando já nos diz que em breve a massa terá mudado de consistência, de sabor e de cor: vai ficar marronzinho e delicioso. Será a hora de mais um lanche coletivo e, em volta da mesa, converse com as crianças sobre como é que se faz para a massa virar bolo. Lembre as crianças de que comeram pipoca outro dia. Como fizeram para o milho virar pipoca? Explore outras transformações: Vocês sabem como o leite vira iogurte? Como faz mingau? Como as crianças acham que o tomate se transforma em extrato ou molho? As crianças adoram ajudar a fazer o bolo, gostam de mexer, quebrar ovos, ver o fermento borbulhar no leite, colocar a farinha, etc. É importante deixar que elas participem ainda que seja cada uma mexendo um pouquinho com a colher. Nesse caso, nada de batedeira, mas nem precisa mesmo. Raspinhas de limão e suco de limão incrementam o sabor e elas acham isso muito interessante. Vá mostrando cada etapa, lendo a receita em voz alta, mesmo que saiba de cor.

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Geleca ou amoeba Outras transformações também podem ser observadas. Você pode fazer gelecas ou amoeba para as crianças verem. Você vai precisar de álcool, cola de isopor, água e qualquer corante de alimentos porque estes não são tóxicos. Não deixe as crianças ficarem muito perto por causa do cheiro do álcool.

Use como medida um copinho de café de plástico descartável. Misture uma medida de cola de isopor com uma de álcool em um copo de plástico descartável maior. Com um palito de picolé mexa a mistura e adicione uma meia colherinha de café de corante. Acrescente uma colher de sopa de água e continue mexendo até adquirir a consistência da amoeba. Cada criança deve ganhar sua geleca para brincar com elas e observar como ficou depois de sofrer a transformação. Ela tanto estica, quanto escorre. Novamente é preciso recapitular com as crianças o que tinha antes de virar geleca, como era e como ficou. Outra variação dessa atividade é fazer massinha de modelar. Apresentamos a seguir uma receita de massinha de modelar que não leva boráx, como outras conhecidas.

Massinha de modelar Prepare os ingredientes: √√ 2 xícaras de farinha de trigo. √√ 1 xícaras de sal. √√ 2 colheres (de sopa) de óleo de cozinha e refresco em pó para colorir.

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Essa grande quantidade de sal é para conservar a massinha para a farinha não azedar. O sal é um ótimo conservante, assim como o açúcar, mas este não é aconselhável porque não terá a consistência desejada e ainda pode atrair formigas. O sal em quantidade também faz com que as crianças, caso experimentem, não gostem. Mas não há problemas, porque ela não é tóxica. Deixe a criança inicialmente sentir a textura e o sabor da farinha, do sal e do pó de refresco. Para preparar a massinha você pode usar uma bacia de plástico ou mesmo fazer no chão. Adicione água aos poucos até atingir a textura da massa desejada. Fica semelhante a uma massa de pão. Depois que o óleo e a água estiverem incorporados à farinha, distribua a massa em pedacinhos para que cada criança possa terminar de amassar a sua e colorir com a cor do pó de refresco que escolher. Basta dissolver em um copinho de café descartável um pouquinho do pó em água. Com o próprio dedo a criança vai misturando a pasta colorida na massinha até a cor ficar uniforme. Guarde em um saco de plástico para ela durar mais tempo sem ressecar. Uma camada externa de óleo também evita que ela resseque. O que importa mesmo é conversar com as crianças sobre a transformação ocorrida, comparando como era e como ficou depois de pronta e prever o que vai acontecer daí a alguns dias. As massinhas irão secar e já não poderão mais ser modeladas. Incentive as crianças a modelar bichinhos, flores, vasinhos de flores, frutos, botões de roupa de dois ou de quatro furos. Pode até colar um imã atrás e deixar secar. A cola vai formar uma película protetora da massinha, evitando com que ela resseque rápido, quebre ou que apodreça.

Máscaras ou bonecos de papel machê Se você preferir pode também fazer massinha de modelar de papel machê (handcrafts) e confeccionar bonecos para outra atividade sugerida mais adiante referente a teatro de bonecos ou máscaras para as crianças usarem em uma festa. Existem muitas variações nas receitas de papel machê. Veja a seguir nossa sugestão:

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Pique o jornal em pedacinhos (se preferir um resultado mais branquinho substitua por um rolo de papel higiênico inteiro).

Deixe o papel de molho em uma bacia com água, contendo meio copo de água sanitária, de um dia para o outro (o papel higiênico é mais rápido para dissolver). A água sanitária evita que a massa se estrague.

Amasse bem o papel que ficou de molho.

Escorra a água em excesso em um escorredor de arroz ou em peneira e, depois torça a massa dentro de um pano.

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Adicione cola branca à massa na proporção de 30 gramas de cola para meio quilo de papel picado. Você pode substituir a cola por um mingau grosso de farinha de trigo e água com algumas gotinhas de água sanitária. O mingau precisa ser cozido no fogo.

O importante é que elas mesmas façam seus trabalhos em classe. Você pode levar algumas máscaras para elas verem o que são e como são. Depois de prontas é só deixar secar e pintar para ficarem bem coloridas. Adaptado de site http://www.klickeducacao.com.br:8000/klickids/arte/arte01/ arte01a.asp

COMO OS OBJETOS SE COMPORTAM NA ÁGUA? Brincadeiras sobre o que afunda e o que flutua aproximam a criança da ideia de que materiais e objetos diferentes se comportam de modos diferentes. Cada material tem um conjunto de propriedades que o caracteriza. Existem materiais inflamáveis (que pegam fogo), quebradiços, densos, etc. A flutuação dos corpos está relacionada com a densidade dos materiais. As crianças experimentam ações variadas sobre um mesmo objeto que flutua na tentativa de fazê-lo afundar, do mesmo modo, tentam fazer objetos muito densos não afundarem. Uma forma divertida de praticarem esses esquemas de flutuação é levar a turma para o pátio para prever o que afunda e o que flutua e testarem suas previsões. Basta um saco de diferentes objetos e uma bacia com água. É muito importante perguntar para elas se acham que a bola vai afundar ou flutuar? Se a tampinha de refrigerante afunda; se prancha de nadar afunda, entre outros. Varie os objetos em termos de tamanho, cor, material. Bolas de isopor, de chumbo, borracha, gude, etc. Leve, por exemplo, bolinhas de gude, embalagem de ovo de isopor, barquinho de papel ou de plástico, papel alumínio, vidro vazio com tampa, etc.

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A cada previsão faça o teste e deixe-os brincarem livremente. Coloque desafios para elas pensarem como, por exemplo, resolver o seguinte problema: Façam de conta que a bacia é um rio e que vocês precisam achar um jeito de atravessar cinco bolinhas de gude sem elas afundarem. Deixe as crianças tentarem de diferentes formas, trocarem ideias, no tempo que precisarem. Um barco de papel ou algo do tipo de uma balsa pode ser usado para colocar as bolinhas dentro. As crianças que conseguirem achar primeiro a solução serão seguidas pelas outras. Contudo, todos precisam experimentar fazer, testar e ter sucesso na realização da tarefa. Não basta ter visto como os outros colegas resolveram. Você também pode aproveitar esse momento para construir um submarino de brinquedo com as crianças. Elas adoram essa atividade. Existem muitos modelos de submarinos. Um que é mais fácil de fazer e prático de se usar é o de garrafa pet e conta-gotas. Você terá que colocar chumbinho dentro do conta-gotas de modo que ele fique de pé dentro de um copo com água. Coloque o conta-gotas em uma garrafa cheia de água e tampe. Desafie as crianças a fazerem o conta-gotas afundar e flutuar sem abrir a garrafa.

História da bola Fizemos duas histórias para inspirá-la a contar para as crianças como as coisas são inventadas e desenvolvidas. Elas estão apresentadas em forma de carta, mas você escolhe como contar a sua. Essa atividade cumpre uma função de aproximar as crianças da cultura, da história dos materiais e das brincadeiras. Patrocínio, 02 de outubro de 2014 Querida Mairy, Sabe aquela sua curiosidade sobre a história dos brinquedos e de como eles foram inventados? Decidi lhe escrever para contar umas histórias que andei pensando. Escolhi

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falar da bola porque eu acho que ela é o brinquedo mais popular do mundo e vou lhe dar alguns motivos para ver se você concorda comigo. Às vezes fico observando as pessoas chutarem coisas que encontram no chão. Tem gente que quando vai andando em uma estrada de terra e vê uma pedra bem redondinha, bem branquinha já imagina que ela pode servir de bola. No meu caso, mais que depressa pego ela para mim. Em casa, ela acaba servindo para um monte de coisas: jogar cinco marias, enfeitar uma mesa ou um vasinho de plantas, segurar uma folha de papel para não voar. Se for pesada dá até para segurar a porta para não bater com o vento. Quando é levinha, a Satine minha gata, que tem um olho verde e outro amarelo, passa horas brincando de jogar a pedra para um lado e depois para o outro com duas patinhas dianteiras. Então, eu acho que a bola e os brinquedos com ela são coisas muito antigas e bem podem ter começado assim. Uma pedra redondinha, um chute calculado e pronto: um brinquedo inventado. Já ouvi dizer que tem gente que mora em países que de tão frios cai até neve do céu. Quando está nevando as crianças adoram ir para as ruas e parques para fazer bonecos de neve enfeitados com gorro e tudo. Acho que eu não ia gostar de ficar com as mãos geladas para fazer boneco, nem para fazer bola de neve para jogar nos outros, de brincadeira, como elas fazem. Gosto de países quentes como o Brasil. Adoro mesmo é poder ir para praia no verão, nadar em rios e cachoeiras, tomar banho de piscina ou de mangueira. E você, do que mais gosta? Pensando nessa coisa de brincar de atirar bola de neve me lembrei de uma vez que minha turma da escola levou a maior bronca da professora, porque resolveu jogar bolinha de papel uns nos outros. Mas foi bem divertido se não fosse a bronca. Vou te contar outra história que tem a ver com a invenção de bolas. Quando eu era pequena morei na roça no interior de Minas Gerais. Lá não havia loja para comprar bola, a cidade era muito longe e nós tínhamos que fazer os nossos brinquedos. Eu me virava para ter uma bola. Você sabe como? Vou lhe contar: eu tinha uma bola que dava em árvore. Você pode até achar que é mentira, mas não é. O pé se chama lobeira e o fruto, redondo como uma bola, chama fruta de lobo. Eu pedia meu pai para ir buscar uma daquelas para eu brincar. Você deve estar achando que eu mesma não buscava porque tinha medo de achar um lobo deitado debaixo da árvore. Você a... cabou de errar! Eu tinha medo de me furar nos galhos e folhas porque ela tem muitos espinhos e umas florzinhas azuis parecendo o céu. Bolinhas menores podiam ser o juá, fruto do juazeiro que também tem espinhos. Eu não sei por que planta tem espinhos, você sabe me dizer? A bola de meia era outra que fazíamos para brincar. Você já teve uma dessas? Uma coisa que eu ia lhe dizer é que bola pode ser feita de muitos materiais – plástico, borracha,

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couro, pano –, pode ser jogada de muitos jeitos e que sendo redonda para sair rolando é bola e acabou. Mas, você conhece bola de futebol americano? Pois é, ela nem redonda é. Se eu mandasse nas palavras não deixaria as pessoas chamarem ela de bola. Poderia ser dola, tola, pola, fola, mas não bola. Eu acho que os brinquedos são inventados por crianças e por adultos que gostam de brincar. Vai ver que tem um monte de jeitos de fazer bola que eu nem conheço. Você bem que poderia conversar com outras pessoas para saber mais coisas sobre a história de bola que elas têm para contar. Aproveita e pergunta se elas conhecem brinquedos que têm bola. Depois você me telefona para dizer, me manda uma carta ou uma mensagem pela internet porque eu não tenho bola de cristal para adivinhar o que você descobriu. Abraços Maria Emília

Peça às crianças para conversarem com seus familiares sobre como eram as brincadeiras com bolas que eles gostavam. Na sala de aula cada criança vai contar para um colega usando um telefone de latinha o que descobriu com a pesquisa.

Como fazer telefone de latinha: arranje duas latinhas iguais. Faça um furo no fundo de cada uma com um prego. Amarre um barbante indo de uma latinha à outra.

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Você também pode fazer com as crianças uma exposição de bolas de brinquedo feitas por elas com sua ajuda. Se forem muito pequenas e não derem conta de fazer, você mesma confecciona e leva para brincarem. Alguns modelos: ioiô de papel e elástico: https://www.youtube.com/watch?v=Edxo_OMMYA8

A bolinha do ioiô pode ser de papel jornal embolado, cheia de serragem ou areia. Você pode ainda cortar dois círculos de papel ou tecido, reforçar o lugar de fechamento em cima e embaixo. Em uma das extremidades do tecido faça um furo para amarrar uma gominha. Para dar uma finalização bonita pode cobrir com papel celofane colorido e preso com durex para ficar bem durinha. bilboquê de pet

Amarre um cordão na boca da garrafa pet que foi cortada e na outra extremidade amarre uma bolinha. Lance a bolinha para cair dentro do funil.

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bola de meia

cinco marias

Faça saquinhos de panos com areia, feijão, arroz ou milho. Procure saber como se joga as cinco marias.

Bate bate

Com duas bolinhas de desodorante rollon você prende um parafuso em cada uma. Use um pedaço de fio de nylon de aproximadamente 20 cm para amarrar em cada ponta uma bolinha. Segurando no meio do cordão faça um lacinho para se colocar o dedo dentro. Está pronto o brinquedo bate-bate. A seguir apresentamos uma história da origem das bonecas e materiais usados na produção dela, em resposta à carta que conta uma história das bolas.

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Outras histórias de brinquedos: respondendo à carta. Uberlândia, 30 de novembro de 2014 Maria Emília, As bonecas também existem a muito, muito, muito tempo. Bonecas e bonecos são brinquedos que imitam pessoas, são miniaturas de pessoas. As brincadeiras de casinha sempre têm bonecos, não é? Você sabia que as bonecas nem sempre são usadas em brincadeiras? Em muitos locais as bonecas ou bonecos dos pais são entregues ao primeiro filho ou filha que nasce. Após o nascimento do primeiro filho, a mãe recebe outra boneca para oferecer ao seu segundo filho. Os filhos guardam as bonecas para oferecer a seus filhos. As bonecas são herança de familia. Você ganhou alguma boneca que foi da sua mãe? Tem gente que usa bonecas para proteger a casa contra mal olhado. Em outros locais, quando as pessoas se casam elas devem jogar as bonecas fora, porque se tornaram adultos. Eu tenho as minhas até hoje. Estou guardando para as minhas netas. Existem ainda locais em que as bonecas são colocadas nos cemitérios para os mortos brincarem no “além”. Antigamente as bonecas eram feitas de madeira e banhadas de barro com cabelos de verdade. As de porcelana eram muito chiques e vestiam roupas da moda. Já uma boneca de cabelo de milho, era bonitinha. Para fazer bonecos e bonecas são usados também palha, tecido, plástico, papel, pelúcia, metal, vinil, papel machê, cera e gesso. O seu boneco ou boneca é feito de quê? Você conhece boneca que come, chora e faz xixi? Com o passar do tempo, as bonecas e bonecos foram mudando, para se parecerem cada vez mais com pessoas. Primeiro movimentando os braços e as pernas, depois colocaram o olho de vidro para parecer mais com olho de gente. Aos poucos, as bonecas feitas à mão foram substituídas pelas mais modernas, que cantam, dançam, andam de patins e bicicleta, choram, dormem e comem. Veja algumas ilustrações de bonecas e bonecos variados: Abraços, Mairy

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Boneca de pano

Bonecos de madeira

Soldadinhos de chumbo

Marionetes de papel machê

Boneca de porcelana

Boneco de plástico

Converse com as crianças sobre a história da bola e a das bonecas. As crianças já tiveram oportunidade de fazer brinquedos com bolas. Você agora pode fazer com elas, bonecas para contar uma história no teatro de marionetes. Nossa sugestão é que aproveite essas marionetes para explorar a relação entre luz e sombra que será apresentado na seção seguinte: Produzindo sons, sombras e outros efeitos físicos. Discuta com as crianças como é que podem fazer juntas na escola algumas bonecas. As mais fáceis são as de pano e de papel machê como já sugerimos anteriormente. Antes de confeccionar os bonecos escolha uma história que elas gostem e que será representada no teatro. Assim, os bonecos serão confeccionados de acordo com os personagens da história escolhida. Caso queira fazer essa atividade com crianças menores que ainda não dão conta de confeccionar os bonecos, peça a elas para escolherem um boneco que têm em casa para levar para a escola. Diante da variedade de bonecas que forem levadas você cria, com elas, a história e seus personagens. Explore de que material é feito cada boneca. Qual é o material do cabelo? E do corpo? E o pé? De que material é o olho? Tem roupa? De qual material foi feito o vestido, etc.

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CAPÍTULO IV PRODUZINDO SONS, SOMBRAS E OUTROS EFEITOS FÍSICOS



PRODUZINDO SONS, SOMBRAS E OUTROS EFEITOS FÍSICOS A aproximação das crianças dos fenômenos físicos é muito fácil, dispensa laboratório e equipamentos sofisticados e desperta nas crianças o interesse em compreender e explorar o mundo em que vivemos de forma agradável e divertida. Entre fenômenos físicos que despertam o interesse e a curiosidade das crianças estão as brincadeiras com a água, o ar, o som dos objetos, a luz e a sombra e os efeitos provocados pelos imãs. Muitos desafios podem ser feitos às crianças usando brincadeiras que envolvem as propriedades do ar como a produção de movimento e de som. As crianças gostam de brincar com balões de aniversário, com instrumentos musicais de sopro como gaita, flauta e outros. Atividades com sons são importantes para testar a acuidade auditiva e desenvolver habilidade de diferenciar tipos de sons e a consciência fonológica. Existem infinidades de formas para envolver as crianças nesta aprendizagem. Estamos sugerindo a formação de uma bandinha, com o preparo dos instrumentos pelas próprias crianças. Mas pode também ser num passeio, diferenciando os sons da natureza como o som da água, do trovão, do vento, ou os sons das letras ou da voz das pessoas etc. O som dos animais pode ser apresentado ouvindo música com a voz dos mesmos. Você pode contar uma história de bichos em uma fazenda e as crianças reproduzem os sons de cada animal durante a história. Também é interessante as crianças criarem sons que o nosso corpo faz quando queremos dormir, estamos felizes, levamos um susto, ficamos surpresos, etc. As brincadeiras com as sombras possibilitam fazer imitações e teatros. Acender lanterna no escuro e brincar com os movimentos da projeção da luz também diverte muito as crianças e favorece a vivência de situações que ilustram a propagação retilínea da luz. A exploração dos efeitos dos imãs sobre os metais encanta as crianças e para muitas delas o fenômeno é uma novidade, verdadeira mágica. As brincadeiras sugeridas aqui visam a proporcionar as crianças a falar sobre forças que agem à distância. Elas podem dizer que há uma colinha que a gente não vê e que gruda as coisas ou que é um arzinho que puxa. A oportunidade de vivenciar esse tipo de

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fenômeno propicia a construção de explicações para o que elas não veem, mas supõem existir. Elas ficam encantadas com o movimento de atração dos objetos pelo imã e saem testando tudo que encontram pela frente.

TOCAR NA BANDA A oportunidade de tocar em uma bandinha favorece o desenvolvimento da fala, da atenção, da cooperação, do senso estético, da criatividade, do ritmo, da apreciação da arte na sua relação com a ciência.

Estamos sugerindo a discussão sobre sons a partir da criação de uma bandinha das crianças. É importante que os instrumentos sejam confeccionados em classe com a participação de todos para desenvolverem a criatividade, poderem ver como as coisas funcionam depois de prontas, oportunizarem a manipulação de objetos com vistas a produzir um determinado resultado, etc. Fazer uma lista com as crianças dos instrumentos a serem produzidos, em seguida planejar coletivamente a produção dos instrumentos, desenhando croquis e identificando materiais que podem ser utilizados. Alguns instrumentos são bastante simples e mesmo assim as crianças gostam pelos sons emitidos e a possibilidade de marcação de ritmo ao tocarem como, por exemplo: um coco seco partido ao meio, formando duas cuias que batidas uma contra a outra produzem som; outra variação no som é trocar as cuias de coco por cabaças; bater toquinhos de madeira ou pedaços de bambu. A variação nos tamanhos e materiais produz sons diferentes que podem ser observados junto com as crianças, além de incentivar a experimentação como modo de conhecer, testar hipóteses e explorar diversos recursos.

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Chocalho: Garrafas pet preenchidas com areia, milho, pedrinhas também produzem sons diferentes.

Uma versão de tambor que elas mesmas já conhecem e usam para brincar são as latas vazias tocadas com um pedaço de pau.

Uma cuíca de latinha com um cordão encerado produz um som que imita o carcarejo da galinha. Esse brinquedo é encontrado sendo vendido por ambulantes nas ruas. Mas também pode ser feito por elas na escola.

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Uma outra versão de cuíca pode ser feita usando um balão de aniversário para cobrir a borda da lata com uma pontinha para ser puxada. Reco-reco é muito simples também de se fazer. Você corta um pedaço de bambu e faz alguns sulcos mais profundos ao longo dele. Uma varinha deslizando ao longo da madeira produz som.

Violinha de cabaça: Com uma cabaça cortada ao meio você faz pequenos cortes nas duas extremidades e prende as “cordas” da viola com fios de látex ou mesmo cordas de violão que devem ficar bem esticadas.

Para fazer um berimbau pegue uma lasca de bambu ou uma vara flexível e amarre um pedaço de arame nas extremidades de modo que forme um arco. Amarre uma cabaça pequena em uma das extremidades do arco de modo que fique presa também no arame. Para tirar som bata uma varinha no arame.

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Pandeiro de botão e prato de plástico. Para obtê-los faça furos ao redor do prato amarre um pedaço de barbante colorido em cada furo e na ponta do cordão prenda botões de roupa coloridos. Um som diferente pode ser obtido com tampinha de lata de refrigerante.

Existem exímios tocadores de caixa de fósforos. Você pode disponibilizar uma delas com palitos queimados para as crianças tocarem. Pode mostrar para as crianças os sons que são produzidos por sambistas ao tocar caixa de fósforos, consultando, por exemplo, o endereço: https://www.youtube.com/watch?v=CC _jr_JOl5k

Convide as crianças para desenharem e pintarem os instrumentos para ficarem mais bonitos. Prontos os instrumentos deixe-os explorarem os sons de cada um deles à vontade, trocando entre si e auxiliando uns aos outros. Escolha uma música que eles têm costume de ouvir e cantar para que eles possam acompanhá-la com o instrumento escolhido. Depois de “ensaiarem” a música, abaixe o volume do som e peça para elas continuarem tocando. Façam uma apresentação pública.

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Consulte na internet outras sugestões de produção de instrumentos artesanais para enriquecer a banda. Veja, por exemplo, no endereço: https://www.youtube. com/watch?v=a6_8aEYPcjc. Faça uma roda com as crianças para poderem ouvir e comparar os sons de instrumentos semelhantes como os chocalhos de pedra, areia e milho, os instrumentos de corda como berimbau e a violinha; os de percussão como as batidas do coco, da cabaça, dos toquinhos, bambu, etc. Coloque os instrumentos fora da sala de aula e peça às crianças, uma a uma, para irem lá, escolher um dos instrumentos e tocá-lo lá fora. As crianças que ficaram dentro da sala têm que identificar o instrumento pelo som produzido. Você pode também gravar no celular o som de cada um dos instrumentos tocados pela criança. Depois de todos os sons terem sido gravados, peça às crianças para identificarem cada um deles ao serem reproduzidos. Sugerimos ver o vídeo sobre notas musicais no endereço: https://www.youtube. com/watch?v=EeV3jIOglGw

CONSTRUINDO IDEIAS SOBRE A EXISTÊNCIA DO AR Convide as crianças para um passeio pelo pátio da escola. Ao longo do caminho elas devem ficar atentas aos movimentos ao redor e aos sons. Converse com elas sobre por que as folhas das árvores e as roupas no varal balançam. Quando alguém está andando de chapéu e ele voa o que o fez voar? As crianças não terão dificuldade em associar o movimento com o vento, muito embora não saibam que ele é o ar em movimento. A experiência cotidiana de ter o vento batendo no próprio rosto, de ver janelas serem fechadas por causa do vento faz com que elas se apropriem dessa ideia.

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Por isso, depois que elas relacionarem os movimentos vistos no passeio com o vento, você pode expandir essa discussão, falando sobre o vento provocar outros deslocamentos. Por exemplo: será que o vento também faz as nuvens mudarem de lugar? Do mesmo modo, quando os ventos são mais fortes, elas também identificam que eles provocam sons. Enriqueça, portanto o repertório das crianças sobre esse assunto durante o passeio. Voltando para a sala, outras atividades podem ser feitas para relacionar o ar como sendo material e que sua existência pode ser percebida pelas crianças como vento. Faça uma imitação de campinho de futebol para que as crianças enfrentem o desafio de levar um balão de aniversário até o gol. Avise que não vale carregar ou empurrar o balão com as mãos nem com os pés. Eles terão que inventar um jeito de fazer isso. Após a realização do desafio converse com elas do porque assopraram o balão até ele chegar ao gol. E, o que é o sopro. É hora de esticar essa conversa: o que é o sopro? Como o ar foi para dentro da gente? Assim, ajude-as a concluir que existe ar no ambiente. Na respiração o ar entra, na expiração o ar sai. Quando ele sai depressa, faz “ventinho” e barulho. Como fazemos para produzir som em um apito, uma flauta, etc.?

Outros brinquedos e brincadeiras com o ar que empurra as coisas podem ser realizados com as crianças. Quanto mais experiências forem vivenciadas mais as crianças terão oportunidade de construir a ideia de que o ar existe e que produz movimento e som.

Sugestão de desafios Faça uma mistura de água e sabão e com um canudinho desafie as crianças a fazerem as bolhas de sabão. Como elas podem fazer para sua bolha ir mais longe?

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Faça com as crianças um foguete movido com um balão de ar. Como fazer o balão voar mais longe? Para fazer o foguete, encha um balão de aniversário e prenda a boca do balão com um lacre de arame ou um prendedor de roupa para o ar não sair. Passe um cordão grande com uns cinco metros de comprimento dentro de um canudinho de refrigerante. Cole o canudinho no balão cheio com durex ou fita crepe. Estique o fio em dois pontos fixos da sala e amarre as extremidades, por exemplo, use duas cadeiras. Coloque o canudinho que está colado no balão em uma das extremidades do cordão. Desamarre o lacre para o ar sair e o balão se deslocar.

Faça um cata-vento para as crianças verem como funciona. Qual o melhor lugar para colocar o cata-vento para ele rodar? Como fazer um cata-vento? Recorte um quadrado em uma folha de papel cartão. Dobre o quadrado na diagonal e faça uma marca na dobra. Dobre novamente na outra diagonal para fazer a marcação. Recorte o papel nas marcas até a metade, como na figura. Junte as pontas alternadas em direção ao centro. Prenda as quatro pontas ao centro com uma tachinha colorida e de pé comprido. Em um palito de churrasco você fixa a ponta da tachinha. Deixe livre de modo que o cata-vento possa rodar.

Faça, com as crianças, paraquedas de plástico de tamanhos diferentes. Qual dos paraquedas demora mais para cair? Deixe as crianças testarem depois de feitas as previsões. Para fazer os paraquedas, recorte dois pedaços de plásticos de tamanhos diferentes um de 20 cm de lado e outro de 40 cm. Amarre uma linha ou barbante em cada ponta do

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quadrado e ajunte as linhas atando-as em um bonequinho leve. Faça o mesmo com o outro pedaço de plástico.

Faça uma biruta com as crianças. Depois de pronta elas terão que achar um lugar para fixá-la. Para onde o vento está soprando? De que lado o vento está vindo? Uma biruta simples de fazer é usando o rolo de papel do interior de um papel higiênico. Em uma das pontas amarre um cordão de modo que possa dependurá-lo. Na outra extremidade cole fitas de papel de seda ou crepom. Desenhe bichos, flores e outros motivos no rolo com canetinhas coloridas para enfeitar. Deixe as crianças encontrarem o melhor lugar para fixar a biruta e prever de onde o vento está vindo.

Fazendo sombra As crianças pequenas chegam até a se assustarem com suas próprias sombras, mas com o passar do tempo começam a brincar com elas. Embora não saibam relacionar luz e sombra elas obtêm sucesso na produção e variação das sombras. Ao ver um adulto projetando intencionalmente uma sombra numa parede logo elas começam também a produzir as suas. É nessa hora que podemos ajudá-las a tomar consciência da relação entre luz e sombra. Usar uma lanterna como fonte de luz numa sala escura permite construir uma primeira aproximação das crianças com essa relação. Em outras palavras, sem uma fonte de luz não se pode produzir sombras.

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Explore com as crianças a formação de sombras movimentando os dedos das mãos. Pergunte para elas que bicho parece com a sombra projetada. Ajude-as a colocar os dedinhos em diferentes posições para formar seus próprios bichos.

Outra variação dessa atividade é recortar figuras e projetar a sombra delas na parede. Faça um desenho de um bichinho em um pedaço de cartolina quadrado. Deixe as crianças tentarem obter sombra do coelhinho. Elas vão ficar desapontadas ao ver que não obtiveram sombra do coelhinho, mas sim do quadrado. Pergunte para elas o que precisamos fazer para que a sombra do coelhinho apareça. Ajude-as a recortar o coelhinho da cartolina para que o contorno seja projetado. Varie a atividade recortando bichinho em cartolinas de cores diferentes. Pergunte para ela o que esperam da cor da sombra do coelhinho que será projetada.

As crianças estarão prontas para escolher uma história, fazer os personagens e apresentar um teatro de sombras. Os bonecos de papel machê feitos anteriormente terão aqui mais uma utilidade.

Brincadeiras com espelho As brincadeiras com espelho são úteis para familiarizar a criança com as imagens do corpo, bem como na construção da identidade e da lateralidade. Permitem vivenciar o significado do espelho como objeto no qual vemos nossa imagem. Essa imagem tem a mesma forma e tamanho e parece existir atrás do espelho. 96


A criança ao passar a mão atrás do espelho começa a perceber que não há nada lá. Na seção Tomando consciência do próprio corpo já sugerimos realizar atividades com espelho. Caso não tenha feito ou julgue importante retomá-las veja o que está proposto. Uma atividade divertida é a de se maquiarem na frente de um espelho. Incentive as crianças a escolher um personagem de uma historinha e ela mesma fazer no rosto a maquiagem para aquele personagem. Depois de prontas, as crianças podem vestir roupas na frente do espelho e imitar as expressões faciais do personagem como alegria, medo, raiva entre outras, de acordo com a história que escolheu. Estimule as crianças a perceberem que sua imagem só se forma enquanto ela está de frente para o espelho. Coloque ao lado dela um coleguinha. Depois peça para o coleguinha sair e pergunte para a criança porque a imagem do coleguinha não está mais no espelho.

Cola, mas não é cola: brincando com imãs Quando sugerimos estudar a transformação da mistura de farinha, cola e água em massinha de modelar, as crianças já foram incentivadas a fazer bichinhos, flores e botões colando um imã atrás para colarem em geladeiras. Naquele momento as crianças já tiveram contato com imãs e suas propriedades, mas não sugerimos lá nenhuma abordagem sobre o fenômeno do magnetismo. Comece a atividade deixando as crianças encantadas com a mágica de fazer um bonequinho andar “sozinho” em uma mesa, usando um imã escondido debaixo dela. Deixe-as pensar que o boneco obedece ao seu comando de voz: anda boneco para frente; anda boneco para trás. Peça para uma criança dar o comando e deixe o bonequinho parado. Diz que ele só escuta você, mesmo que fale bem baixinho. Quando descobrirem o imã, deixe outra criança brincar dando o comando e fazendo o boneco se mover no sentido proposto. Todos vão querer brincar e será a hora de cada um receber um imã. Distribua uma caixinha de fósforo com limalha de ferro para cada criança brincar com seu imã. Imãs de diversas intensidades podem ser encontrados em ferro velho, oficina de automóveis e de consertos de geladeiras e bicicleta, isso permite enriquecer a atividade e desafiar as crianças a variarem a ação. Deixe-as explorarem o comportamento da limalha diante do imã e criar suas brincadeiras. Distribua um novo conjunto de caixinhas com coisas diferentes dentro, para que elas possam testar e concluir que o ímã não atrai qualquer tipo de material. 97


Desafie as crianças a proporem um jogo de futebol de mesa usando imãs e clipes. Lembra da geleca que está proposta lá na seção de transformação dos materiais? Você pode fazer um geleca agora com limalha de ferro dentro e com um imã fazer “a criatura esquisita” se movimentar. As crianças vão morrer de rir.

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formato:

17,0cm x 24,0cm | 100 p. Myriad Pro papel da capa: Supremo 250 g/m2 papel do miolo: Offset 90g/m2

tipologia:

produtora editorial:

Lilian Lopes & diagramação: Aline Vasconcelos ilustrações: Welington Dias fotografias: Eliane de Sá revisão de textos: Cláudia Rajão

capa



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