É BURRICE CLARICE?

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Alice Bicalho

Ilustraçþes de Esther Azevedo




Texto © Alice Bicalho Ilustrações © Esther Azevedo Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem a autorização da editora.

Cip-Brasil. Catalogação na Publicação Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.

B478b Bicalho, Alice É burrice, Clarice? / Alice Bicalho ; ilustração Esther Azevedo. - 1. ed. - Belo Horizonte, MG : Fino Traço, 2013. 28 p. : il. (Tracinho ; 31) ISBN 978-85-8054-138-0 1. Ficção infantojuvenil brasileira. I. Azevedo, Esther. II. Título. III. Série. 13-04547 CDD: 028.5 CDU: 087.5 26/08/2013

28/08/2013

Produção e coordenação editorial Maíra Nassif , Cláudia Rajão e Raissa Baptista Revisão de textos Erick Ramalho e Cláudia Moreira Projeto gráfico e diagramação Ana C. Bahia Fotografia das ilustrações Stephanie Boaventura Fino Traço Editora Ltda.

Av. do Contorno, 9317 A | Barro Preto Belo Horizonte - MG - Brasil Telefone: (31) 3212 - 9444 finotracoeditora.com.br


Alice Bicalho

Ilustraçþes de Esther Azevedo

Belo Horizonte 2013



Bom dia! Com licença, vocês conhecem a Clarice? É essa mesma, uma magrelinha de cabelos com cachos, mas cachos não como os das bananas, cachos como os das uvas, se uvas fossem cabelo. Então, vocês a conhecem? Não? Pois irão conhecê-la um pouquinho agora. Ela está bem ali, escondidinha atrás daquele abajur enorme, no canto da sala. Olhem lá! Clarice! Ô Clarice! Vem aqui brincar com a gente um pouco! Ela não vem. É uma pena, ela resolveu ficar assim agora. Diz que está de mal. Eu perguntei para ela: —De mal de quem Clarice? — mas ela não respondeu. Falou apenas: —Estou de mal e pronto.



Mas não era assim, gente. A Clarice é minha melhor amiga, eu posso dizer para vocês, ela é uma menina muito confiável, ela sabe os segredos das borboletas e não conta nem para mim. Ela também sabe a que horas do dia o sapo vira pedra e diz que é realmente lindo de se ver. Tudo bem, tudo bem, ela não sabe pular elástico, isso eu não posso negar; mas é divertido brincar com ela, porque sabemos segredos diferentes e podemos contálos uma para a outra. E agora essa dificuldade, gente! Eu tenho que dizer para vocês: isso me deixa muito triste. Porque ela ficou de mal e esse é um segredo que ela só conta pelas metades, não dá para entender. Olha lá para ela, que carinha amarrada! Vou contar mais, para vocês saberem que a gente reconhece um amigo de verdade, mesmo se ele fica assim, aborrecido.



Outro dia eu estava indo de bicicleta para a casa da Marcela. Aquela dos enormes olhos azuis. Sabem quem ela é? É aquela que tem sapatos de salto de adulto, mas que podemos brincar com eles. Pois é, eu estava indo lá para ensaiarmos uma nova dança dos saltos e, no meio do caminho, vi a Clarice subindo a rua. Fui parando a bicicleta devagarzinho e vi: ela estava batendo papo com um passarinho. Aí eu disse: —E aí Clarice, conversando com os passarinhos? Ela sabe que eu não converso com os passarinhos, eu converso com as bonecas e também com a bicicleta, às vezes até com o vento, mas não com os passarinhos. E por isso ela costuma me contar sua conversa, como eu também conto para ela como descobrir o caminho do bicho da goiaba no desenho que tem na casca da fruta.



Mas, gente, a Clarice não está bem, eu sinto isso. Olha só o que ela me respondeu: — Conversar com passarinho é burrice. Poxa, fiquei sem saber o que falar, subi na bicicleta e fui embora. Fui embora, pensando: “O que será que deu na Clarice, para agora achar que conversar com os passarinhos é burrice?”. Fui para casa da Marcela e me esqueci da Clarice a tarde toda. Mas a Marcela, na hora do lanche, me falou assim: —Cansei dessa brincadeira de saltos. Vamos deixar essa coisa de dançar para lá, isso é coisa de criança. —Mas Marcela, eu não estou entendendo o que você está falando. A gente estava brincando agorinha... —É, mas eu cansei. Não quero mais brincar, isso é burrice de criança. Essas minhas amigas estão ficando loucas. Tanto papo estranho! Acho que eu estou mesmo ficando para trás, gente. Não estou entendendo mais nada! Vocês entendem?




Bom dia! Com licença, vocês conhecem a Clarice? É essa mesma, uma magrelinha de cabelos com cachos, mas cachos não como os das bananas, cachos como os das uvas, se uvas fossem cabelo. Então, vocês a conhecem? Não? Pois irão conhecê-la um pouquinho agora. Ela está bem ali, escondidinha atrás daquele abajur enorme, no canto da sala. Olhem lá! ISBN 978-85-8054-138-0

9 788580 541380


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