Beatriz Coelho Maria Regina Emery Quites
Estudo da escultura devocional em madeira
série CAMINHOS DA PRESERVAÇÃO
Estudo da escultura devocional em madeira Beatriz Coelho Maria Regina Emery Quites
Todos os direitos reservados à Fino Traço Editora Ltda. © Beatriz Coelho, Maria Regina Emery Quites Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem a autorização da editora. As ideias contidas neste livro são de responsabilidade de seus organizadores e autores e não expressam necessariamente a posição da editora.
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C614e Coelho, Beatriz Estudo da escultura devocional em madeira / Beatriz Coelho, Maria Regina Emery Quites. - 1. ed. - Belo Horizonte, MG : Fino Traço, 2014. 188 p. : il. ; 26 cm. (Patrimônio ; 9) ISBN 978-85-8054-218-9 1. Talha em madeira - Brasil. 2. Escultura brasileira. I. Quites, Maria Regina Emery. II. Título. III. Série. 14-15192 CDD: 731.462 CDU: 73.036(81)
conselho editorial
Coleção Patrimônio - Série Caminhos da Preservação Coordenação: Márcia Almada | UFMG - EBA Antonio Mirabile | Consultor da Unesco Beatriz Coelho | UFMG - EBA Cristina Bruno | USP Marcos Tognon | UNICAMP Renato Venâncio | UFMG - ECI Rodrigo Baeta | UFBA
Fino Traço Editora ltda. Av. do Contorno, 9317 A | 2o andar | Barro Preto | CEP 30110-063 Belo Horizonte. MG. Brasil | Telefax: (31) 3212 9444 finotracoeditora.com.br
Agradecimentos 7 Apresentação 9 Introdução 11
Parte I Conhecimentos sobre a escultura em madeira policromada 1. Escultura 15 2. Escultura policromada 19 3. Histórico dos estudos e da conservação da escultura policromada 23 4. Imagens devocionais 27 5. Escultura devocional no Brasil 33 6. Classificação das esculturas devocionais 39 7. Materiais e técnicas: (suporte) 59 8. Materiais e técnicas: (policromia) 75 9. Técnicas ornamentais 83 10. Materiais complementares, atributos e acessórios 93
Parte II Análise da escultura em madeira policromada 1. Ficha técnica de uma escultura em madeira policromada 99 2. Descrição 103 3. Exame e documentação 105 4. Análise iconográfica 111 5. Análise formal e estilística 119 6. Análise histórica da obra 125 7. Análise da técnica construtiva 129
Referências 159
AGRADECIMENTOS
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) pelo financiamento deste livro e por diversos projetos de pesquisa aprovados ao longo dos anos, com financiamento para equipamentos, diárias, material de consumo e principalmente bolsas de Iniciação Científica. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo financiamento de pesquisas sobre a imaginária devocional. Ao Centro de Conservação Restauração de Bens Culturais Móveis (Cecor), aos cursos de especialização e graduação em Conservação-Restauração de Bens Culturais Móveis da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais e seus alunos, por todas as atividades desenvolvidas ao longo desses anos. Um agradecimento especial às alunas do Curso de Graduação em ConservaçãoRestauração de Bens Culturais Móveis da Escola de Belas Artes da UFMG: Aline Cristina Gomes Ramos, pelo empenho e colaboração nos gráficos, escaneamento de fotos e slides, tratamento de imagens e organização do texto; Maria Clara de Assis, por colaborar sempre, fazendo gráficos, fotografias e na organização do texto; Letícia Carvalho Diniz, pela organização das referências bibliográficas e Margarida P. Souza pelos belos desenhos. A Rui Monteiro e Ana Carolina S. Quites pela colaboração e apoio. A todas as instituições, museus e igrejas presentes neste livro através de seus acervos, tema de nossas pesquisas ou de conservação-restauração. À professora Bethania Veloso por dar continuidade ao trabalho de consolidação do ensino da Conservação-Restauração na Escola de Belas Artes, na Universidade Federal de Minas Gerais. Às professoras Betânia Figueiredo e Márcia Almada pelo convite para publicação deste volume da série Caminhos da Preservação da Coleção Patrimônio”.
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Apresentação
A área profissional da Preservação do Patrimônio Cultural tem mostrado um crescimento significativo nas últimas décadas. Esse movimento foi motivado por políticas públicas e privadas que passaram a perceber as atividades relacionadas a esse campo de atuação como um meio para o desenvolvimento econômico e social, geradoras de inovação, trabalho e renda. Nesta perspectiva, vários cursos de formação técnica e acadêmica, nos níveis de graduação e pós-graduação, têm sido implantados em instituições de ensino e organizações culturais. A Série Caminhos da Preservação da Coleção Patrimônio da Fino Traço Editora tem por objetivo sanar uma lacuna no mercado editorial no que se refere à produção de textos técnicos e conceituais acerca da Preservação do Patrimônio Cultural, tendo em vista as especificidades da realidade brasileira. Essa atividade é considerada em seu sentido mais amplo e abarca as áreas de Conservação-Restauração, Museologia, Arquivologia, Biblioteconomia, Economia da Cultura, Gestão, Políticas Públicas, História Social da Cultura, entre outras. Serão duas as linhas editoriais contempladas pela Série Caminhos da Preservação. Uma será voltada para a publicação de material didático para cursos de graduação e tecnólogos, com conteúdo organizado pedagogicamente, para ser utilizado por mestres e alunos em sala de aula ou para pesquisas e consultas pontuais. A outra tem em vista a edição de livros de conteúdo teórico-conceitual para contribuir com debates e reflexões acerca da atuação de profissionais dos diversos campos da Preservação e priorizará a publicação de trabalhos acadêmicos de pós-graduação de instituições nacionais e estrangeiras. Os autores indicados para publicação de obras inéditas ou para tradução de obras consagradas são professores universitários, profissionais de instituições públicas e privadas e profissionais autônomos, com larga experiência no ensino e na prática dos assuntos abordados. É com imenso orgulho que, para inaugurar a Série Caminhos da Preservação da Coleção Patrimônio da Fino Traço Editora, apresentamos a obra Estudo da escultura devocional em madeira, das professoras Beatriz Coelho e Maria Regina
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Emery Quites. O livro foi preparado especialmente para esta finalidade e é fruto de mais de trinta anos de experiência acadêmica e pesquisas desenvolvidas no Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais – CECOR – da Escola de Belas Artes, da Universidade Federal de Minas Gerais. Com essa iniciativa, esperamos contribuir ainda mais para o desenvolvimento de uma área que pode ser considerada como essencial à vida, pois sem a memória e a presença dos objetos, lugares e práticas que nos vinculam ao passado, não existem os lastros que sustentam a vida presente. Márcia Almada
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INTRODUÇÃO
O objetivo deste livro é oferecer uma introdução aos conhecimentos e análises básicas para a formação do conservador-restaurador em escultura policromada em madeira. Três são as etapas primordiais na conservação-restauração e, neste caso, da escultura em madeira policromada: conhecer, diagnosticar e preservar1. Conhecer é a atividade fundamental na conservação-restauração de um objeto. Numa perspectiva interdisciplinar, várias são as áreas do conhecimento exigidas por um profissional com formação sólida, baseada na ética profissional, nos conhecimentos teóricos, históricos, sociais, artísticos, científicos e em pesquisa. Assim, para conhecer o objeto que vai receber intervenção de conservação ou de restauração, é necessário: identificar o personagem ou a coisa representada; descrevê-lo, fazer análise histórica, iconográfica, formal-estilística, analisar o suporte e a estrutura da peça identificando como foi feita; analisar a policromia com todas suas técnicas, cores e motivos ornamentais. Diagnosticar é o segundo passo necessário, para determinar as deteriorações encontradas, identificando suas causas, efeitos e situações de riscos para os objetos a fim de propor as intervenções necessárias. Preservar é mais abrangente, e inclui todas as ações que visam à manutenção dos bens culturais, seu conhecimento e valorização, bem como a possibilidade de serem apreciados pelas gerações futuras. Fazem parte da preservação: a conservação preventiva, a conservação curativa e a restauração, designações que se referem às possibilidades de atuação mediante critérios e decisões que envolvem a capacitação de um profissional qualificado. A conservação preventiva é quando se estuda o ambiente em que a obra se encontra e para o qual retornará ou no qual será colocada; a curativa estanca as deteriorações encontradas, removendo suas causas para que não continuem a se desenvolver, tratando os problemas, com a finalidade de prolongar a vida da obra; a restauração, propriamente dita, atua nesses níveis, 1. Projeto Pedagógico do Curso de Conservação-Restauração de Bens Culturais Móveis. EBA/UFMG. 2011.
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remove intervenções inadequadas e atua para que a peça além de ter a durabilidade prolongada, recupere seus valores estéticos. Este é o momento de adotar critérios e metodologias de conservação-restauração, sem esquecer a teoria, mas com ênfase nas atividades práticas, tendo sempre presente a necessidade de novas pesquisas. Outra maneira de atuar na preservação dos bens culturais é agindo na ampliação do conhecimento dessas obras, de sua divulgação e defesa, e isso é feito, em geral, sem tocar em nenhum objeto, podendo ser por meio de comunicação escrita, falada ou por meio de outras mídias, bem como na criação de leis e normas de proteção.
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Parte I CONHECIMENTOS SOBRE A ESCULTURA EM MADEIRA POLICROMADA
1 ESCULTURA
A escultura é a representação artística de uma figura em três dimensões reais, expressando de forma verdadeira uma terceira dimensão. A riqueza da escultura está na sua transformação, na medida em que giramos em torno dela, realizando a síntese de vários pontos de vista. O volume, alternando áreas de maior ou menor saliência, e a luz, incidindo sobre essa superfície, contribuem para a percepção de contrastes de luz e sombra em uma superfície lisa ou rugosa, com poucas ou muitas reentrâncias e saliências1. De acordo com sua forma, a escultura pode ser dividida em imagem de vulto e de relevo. A imagem de vulto é aquela que está livre no espaço ou quando pertence ao monumento, porém não faz parte de sua estrutura física. Em geral, é trabalhada na frente e no verso, permitindo vários pontos de vista dentro do espaço que se insere. A imagem de vulto é chamada bulto completo ou redondo em espanhol, ronde-bosse em francês, full round, ou in the round em inglês e, em italiano, tutto tondo2. A outra forma é o relevo, quando a figura é esculpida a partir de um plano que lhe serve de fundo, portanto não possui uma parte posterior que possa ser visível ao espectador. Dentro dessa divisão, temos os altos e os baixos relevos. A diferença entre o alto e o baixo relevo está na maior ou menor projeção das figuras em relação ao plano de fundo. Através do tempo, algumas formas específicas de esculturas foram mais utilizadas que outras: o busto (FIG. 1), espécie de retrato do poderoso da época, nos séculos XVI e XVII; a estátua equestre (FIG. 2), mostrando um governante ou 1. González, Juan José. Historia de la escultura. Madrid: Gredos, 1964: 2. 2. Thirion, Jacques et al. La Sculpture- Principes d’analyse scientifique - Méthode et vocabulaire. Paris: Imprimerie Nacionale. 1990: 498-506.
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autoridade em seu cavalo; fontes de água com estátua (FIG. 3), (mobiliário urbano normalmente utilizado em jardins) representando uma pessoa ou um deus em forma antropomórfica. 1
1 - Busto de mulher. Castelo de Versalhes, França. Foto: Beatriz Coelho.
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2 - Estátua equestre. Luiz XIV. Pátio do Museu do Louvre. Paris, França. Foto: Beatriz Coelho.
3 - Fonte de água com estátuas. Jardim da Galeria Uffizi. Florença, Itália. Foto: Beatriz Coelho.
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Em todos os lugares, o material utilizado para suporte depende do que é mais encontrado na região. Os artífices também dominam mais estes materiais. Muitas esculturas da antiguidade feitas em mármore, alabastro e marfim, ao contrário do que comumente se pensa, possuíam policromias, que se perderam parcial ou totalmente com o passar do tempo. Na Índia, foram bastante usados o metal e o marfim; no período clássico, os gregos e os romanos utilizaram como suporte principal de suas esculturas o mármore; na Itália, predominaram as esculturas em
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mármore; na Bélgica, o material principal de retábulos com esculturas em relevo ou baixo relevo, foi a madeira, especialmente do carvalho, que era abundante na região; na Espanha, o material mais usado foi a madeira, com riquíssima policromia; em Portugal há inúmeras esculturas em madeira com rica e bela policromia e encontram-se também esculturas em pedra, como no Mosteiro de Alcobaça, no da Batalha e em Mafra, para onde, neste último, dom João V mandou buscar mármores e mestres italianos para trabalharem em uma oficina especialmente construída.
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2 ESCULTURA POLICROMADA
As esculturas podem ser agrupadas em três tipos principais em relação ao cromatismo: monocromática, policromática e policromada. De acordo com Myriam Serck-Dewaide1 uma escultura monocromática é executada em suporte ou superfície de uma única cor (FIG. 4); a escultura policromática é uma obra composta por materiais de cores diferentes (FIG. 5), enquanto que, uma escultura policromada é uma obra recoberta por policromia (FIG. 6). 4
4 - Esculturas monocromáticas. Museu da Catedral. Florença, Itália. Foto: Beatriz Coelho.
1. Serck-Dewaide, Myriam. Bref historique de l’évolution des traitements des sculptures. Bulletin do IRPA - Institut Royal du Patrimoine Artistique. Bruxeles, n. 27: 157-174, 1996/1998. Tradução para o português por Beatriz Coelho, no Boletim do CEIB, v. 9, n. 31 jul. 2005.
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5 - Escultura policromática. Basílica de São Pedro. Roma, Itália. Foto: Beatriz Coelho.
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6 - Escultura policromada. São Brás. Matriz de Santa Luzia. Santa Luzia, Minas Gerais. Foto: Beatriz Coelho.
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A escultura policromada é uma obra artística tridimensional em qualquer suporte (metal, pedra, madeira, barro cozido ou não) recoberto por camada de cor em qualquer material ou técnica, como metal, gemas, folhas metálicas, tintas e esmalte em peças de barro cozido. Ainda, segundo artigo publicado nos Anais do Congresso Policromia2, “A policromia é a capa ou capas, com ou sem preparação, realizada com diferentes técnicas pictóricas ou decorativas, que cobre total 2. Espinosa, Teresa Gómez; Leftz, Michel; Moura, Carlos; Naranjo, María Campoy; Pradas, Antonio Martín; Rebocho-Christo, José Antonio. História e evolução da policromia barroca. In: Congresso Internacional Policromia, 2002. Actas... A escultura policromada religiosa dos séculos XVII e XVIII. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian; Instituto Português de Conservação e Restauro, 2002: 37-54.
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ou parcialmente esculturas, elementos arquitetônicos com o fim de proporcionar a estes objetos um acabamento ou decoração.” Apesar de sua grande importância e significado, no entanto, o fenômeno da cor na escultura policromada foi negligenciado por muito tempo pelos historiadores da arte. A obra era examinada por sua forma e beleza plástica, enquanto que a superfície era raramente estudada e, algumas vezes, nem mesmo descrita. A estatuária clássica antiga foi considerada por muito tempo como desprovida de policromia, mas sabe-se que ela existia sobre o suporte e que se perdeu com o passar do tempo. Bourgeois3 citando dois autores gregos, Artémidore de Daldis e Contre Symmaque, diz que cuidar da limpeza de um ídolo para os gregos era um gesto de piedade. Venerar era impedir que a sombra (da sujeira, do esquecimento e da destruição) vencesse o brilho das estátuas imortais. Lavar a estátua, como impunham os rituais da Grécia antiga, era recarregar a energia divina que aquela possuía. Com o cristianismo, continua a autora, o significado do gesto é invertido e a água do batismo a salvava, promovendo sua conversão forçada. Eliminando da superfície do mármore os elementos da policromia, bem como as marcas da adoração ritual, a nova religião apaga a força das imagens pagãs e dá um sentido novo às estátuas, que passam a ser obras de arte, puros monumentos de beleza. O gosto pelo suporte aparente vem das obras clássicas encontradas sem policromia e isso vai influenciar a arte renascentista, reforçado na arte de outros tempos e noutros lugares, quando se imitava, sobre a madeira, o mármore branco de Carrara, que era muito encontrado na Itália, mas raro e caro além de muito valorizado em certos lugares e épocas4. No Brasil, temos esculturas devocionais policromadas feita em diversos materiais, predominando, no século XVII, o barro cozido e, no XVIII a madeira, tanto pela tradição ibérica, quanto pela abundância desse material no país. Algumas esculturas do século XVII em barro cozido são conhecidas sem policromia, como algumas de Frei Agostinho da Piedade que, entretanto, eram originalmente policromadas. Outras, dos séculos XVIII/XIX, feitas em mineral talco, podiam ser parcialmente policromadas, como as que compõem os oratórios do período Dom José, conhecidos como “oratórios mineiros”. Atualmente, esculturas ou obras de talha do período colonial, encontradas apenas na madeira, sem policromia, podem significar que não foram terminadas ou que a policromia foi removida. 3. Bourgeois, Brigitte. Marble Blanc, taches de couleur – Polychromie et restauration de la sculpture grecque. In: La restauration des peintures et des sculptures: Connaissance et reconnaissance de l’oeuvre. Paris: Armand Colin 2012: 26. 4. Rabelo, Erika Benati. Les imitations de marbre dans le baroque en Belgique. In: Congresso Internacional Policromia, 2002. Actas... A escultura policromada religiosa dos séculos XVII e XVIII. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian; Instituto Português de Conservação e Restauro, 2002: 95-102.
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A escultura religiosa policromada em madeira possui uma unidade de forma e policromia que são indissociáveis e que devem ser consideradas ao se estabelecerem os conceitos de sua preservação. Segundo Agnes Ballestrem, a prova de que a criação artística não estava terminada com o esculpido é que a policromia é o documento essencial para a compreensão da escultura policromada e, como tal, deve ser preservada5. Ballestrem chama a atenção para a complexidade tecnológica da policromia da escultura, considerando que somente um conhecimento integral desta tecnologia pode justificar qualquer intenção de tratamento e, unicamente, um trabalho baseado em um procedimento metodológico pode garantir a veracidade estética e documental da obra de arte restaurada. Segundo Paul Philippot6, todo trabalho crítico consiste precisamente em compreender a natureza própria dessa totalidade particular que é a forma colorida, que constitui a escultura policromada, e cuja salvaguarda é o objetivo das operações de conservação e restauração.
5. Ballestrem, Agnes. Limpieza de escultura policromada. Conservation of stone and wooden objects. Preprints da Conferência em Nova York. Tradução para o espanhol do J. Paul Getty Trust e do Proyecto Regional de Patrimonio Cultural y Desarrolo PNUD/UNESCO. v. 2, 1970: 69-73. 6. Philippot, Paul. La restauration des sculptures polychromes. Studies in Conservation, v.15, n. 4: 248251, 1970: 249.
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Este livro, das autoras Beatriz Coelho e Maria Regina Emery Quites professoras da Escola de Belas Artes (EBA), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é resultado de 30 anos de pesquisa e ensino na graduação, pós-graduação e prestação de serviços na área de conservação e restauração de escultura em madeira policromada. Este livro didático, produto de vasta experiência, tem como público alvo alunos da graduação de diversos cursos, principalmente de Conservação e Restauração, Artes, Museologia e História da Arte, bem como para interessados em arte, escultura e sua preservação. É também um estímulo para novas pesquisas, na medida em que apresenta uma metodologia de análise já consolidada, como também grande referencial de publicações na área. Exibe vasta documentação fotográfica do acervo escultórico brasileiro e preenche lacuna na bibliografia didática sobre o assunto.
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