Diplomática 18

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´ Diplomatica

Nº18 JUNHO/AGOSTO 2014 €7 (Cont.)

BUSINESS & DIPLOMACY

With English Texts

DIPLOMÁTICA 18 • JUNHO/AGOSTO 2014

6

º ´ ANIVERSÁRIO

Entrevistas exclusivas: Embaixadores de França, Hungria, Iraque, México e Tunísia



Assuntos Summary

O dia em que o mundo celebra a Língua Portuguesa e a Cultura na CPLP The day when the world celebrates the Portuguese Language and Culture in CPLP

4

Espaço diplomático: Jorge Arguello, Embaixador da Argentina; Mansour Alsafi, Embaixador da Arábia Saudita; Anne Plunkett, Embaixadora da Austrália; Hikmat Ajjuri, Embaixador da Palestina

14

Saloua Bahri, Embaixadora da Tunísia - "A missão de diplomata é a minha paixão" Saloua Bahri, Ambassador of Tunisia - "The diplomatic mission is my passion"

22

Norbert Konkoly, Embaixador da Hungria Norbert Konkoly, Ambassador of Hungary

30

Hussain Sinjari, Embaixador do Iraque - "Tolerancy para a paz" Hussain Sinjari, Ambassador of Iraq - "Tolerancy for peace"

34

Benito Andión, Embaixador do México, - “Estou confiante que Portugal não só irá regressar aos bons tempos que teve, como irá más arriba, más adelante!” Andión Benito, Ambassador of Mexico - "I am confident that Portugal will not only return to the good times we had, as will más arriba, más adelante!"

42

Jean-François Blarel, Embaixador de França em Portugal - "Tenho muita admiração pelo povo português" Jean-François Blarel, Ambassador of France in Portugal - "I have great admiration for the Portuguese people"

48

Engel & Völkers - «Só se vive uma vez, nós mostramos-lhe onde» Engel & Völkers - “You only live once, we’ll show you where”

54

Alfredo Amaral, Director Geral da Peugeot Portugal - Entrevista Alfredo Amaral, CEO Peugeot Portugal - Interview

56

Dia da Paz celebrado em apoteose em Portugal Peace Day celebrated in apotheosis in Portugal

62

XXX Assembleia Geral da UCCLA XXX General Assembly UCCLA

64

O Presidente da República recebeu as cartas credenciais de novos Embaixadores em Portugal The President of the Republic received the credentials of new ambassadors in Portugal

70

Presidente Cavaco Silva recebeu Presidente de Singapura President Cavaco Silva received President of Singapore

72

Presidente de Portugal na China President of Portugal in China

74

O Chá na Embaixada da China Tea at the Chinese Embassy

80

Mala Diplomática. Festa do 53º Aniversário da Independência e 23º Aniversário da Libertação do Estado do Kuwait. Diplomatic pouch. 53 th Anniversary of Independence and 23 th Anniversary of the Liberation of Kuwait Celebtration.

84

Mala Diplomática. Dia Nacional da Polónia. Diplomatic pouch. Poland National Day.

86

Mala Diplomática. Dia Nacional da Tunísia. Diplomatic pouch. Tunisia National Day.

88

Mala Diplomática. Dia Nacional da Noruega Diplomatic pouch. Norway National Day.

90

Mala Diplomática. Dia do Paraguai. Diplomatic pouch. Paraguay National Day.

91

“Dias da Arábia Saudita” "Days of Saudi Arabia"

92

Livros: Catherine Merridale - A Fortaleza Vermelha e Hans Küng - Aquilo em que creio Books: A Fortaleza Vermelha by Catherine Merridale and Aquilo em que creio by Hans Küng

95

MULTITEL Organiza Jantar Conferência alusivo aos 15 anos MULTITEL Conference Dinner to commemorate 15 years

96

DIRECTOR: Maria de Bragança PRODUÇÃO: César Soares PROPRIEDADE: Maria da Luz de Bragança EDIÇÃO: Gabinete 1 Editor nº 211 326. Rua de São Bernardo, nº27 A – Lisboa. MARKETING & PUBLICIDADE: Gabinete 1 - e-mail:gabinete1@gabinete1.pt Tel.: 21 099 96 74 Fax: 21 096 49 72 IMPRESSÃO: Gabinete 1 DISTRIBUIÇÃO: Logista - Alcochete - Telefone: 21 926 78 00 Fax: 21 926 78 45 ISSN 1647-0060 – Depósito Legal nº 276750/08 – Publicação registada na Direcção Geral da Comunicação Social com o nº 125395

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O dia em que o mundo celebra a Língua Portuguesa e a Cultura na CPLP

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Quase 30 países em quatro continentes celebraram o Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a 5 de maio, através de múltiplos eventos alusivos a um idioma partilhado por cerca de 250 milhões de pessoas e que ganha cada vez maior expressão na internet e nas redes sociais. As iniciativas convocadas para assinalar esta data, organizadas ou apoiadas pelo Camões Instituto da Cooperação e da Língua, mobilizaram professores e estudantes da rede EPE (Ensino Português no Estrangeiro) e dinamizaram a programação de Centros Culturais e Centros de Língua. Em destaque nas comemorações de 2014 esteve a exposição Potencial Económico da Língua Portuguesa, que retoma os conteúdos de um estudo sobre o tema realizado, a pedido do Camões, IP, por investigadores do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE/IUL), sob a coordenação do professor Luís Reto. A pesquisa deu origem a um livro homónimo, publicado em 2012 pela Texto Editores. A mostra, organizada pelo Camões IP, foi inaugurada no Parlamento Europeu, em Bruxelas, em fevereiro de 2014, e desde então tem estado a circular pela rede de ensino, consular e diplomática portuguesa no mundo. Em Moscovo, Bruxelas, Buenos Aires, Praia, Jacarta e Goa, as atividades organizadas contemplaram a sua exibição, que tem como suporte um conjunto de cartazes. De acordo com o estudo do ISCTE, o português é a língua mais falada no hemisfério sul e a quarta no mundo - a seguir ao Chinês, Espanhol e Inglês. Paralelamente, é um idioma materno nos cinco continentes, o que só tem paralelo com o inglês. Na aprendizagem como língua estrangeira, na internet e nas redes sociais está em franco crescimento: é a quinta mais utilizada na World Wide Web e a terceira no Facebook. Dados desta investigação indicam ainda que “os 250 milhões de falantes do português representam cerca de 3,7% da população mundial e detêm aproximadamente 4% da riqueza total”. Numa outra perspetiva fica-se a saber que “os oito países de língua oficial portuguesa ocupam uma superfície de cerca de 10,8 milhões de quilómetros quadrados, representando 7,25% da superfície continental da Terra . Segundo a mesma pesquisa, a língua portuguesa afirma-se principalmente pelo número de falantes de língua materna, pelo número de países de língua oficial portuguesa, pela presença e crescimento na internet, pela cultura, sobretudo ao nível da tradução de originais produzidos noutros idiomas e, mais recentemente, através da ciência, devido ao forte crescimento da produção de artigos e revistas científicas. Este foi o quarto ano consecutivo que os países da CPLP comemoraram esta data, instituída a 20 de julho de 2009, por resolução da XIV Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da organização, realizada na Cidade da Praia, Cabo Verde. Esta decisão fundamenta-se no facto de a língua portuguesa constituir, entre os povos da comunidade, “um vínculo histórico e um património comum resultantes de uma convivência multissecular que deve ser valorizada”. Em diversas cidades onde o Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa foi assinalado, as celebrações, que assumiram expressões diversas, foram organizadas conjuntamente pelas embaixadas e representantes dos países da CPLP aí presentes.

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O dia em que o mundo celebra a Língua Portuguesa e a Cultura na CPLP

Em quatro continentes festejou-se a Língua Portuguesa e a Cultura na CPLP

Marrocos

Egito

Cabo Verde

Angola

África Angola

Egito

Um colóquio com o tema Problemas do Ensino-Aprendi-

A exibição do filme A Gaiola Dourada (2013), de Ru-

zagem da Língua Portuguesa na Província de Benguela

ben Alves, a 22 de abril, na Universidade Ain Shams,

assinalou em Benguela o Dia da Língua Portuguesa

assinalou em simultâneo os 40 anos do 25 de Abril e

por iniciativa do Centro de Língua Portuguesa (CLP)/

o Dia da Língua Portuguesa , tendo sido esta última

Camões, IP, da Universidade Katyavala Bwila, naquela

data também evocada a 6 de maio, com a exibição

cidade angolana.

do documentário Lisboetas (2004), de Sérgio Tréfaut, sobre a imigração em Portugal nos anos 80, e a 28 de

Cabo Verde

maio, com o filme Central do Brasil (1998), de Walter

Duas exposições a inauguração de Potencial Económi-

Salles, em cooperação com a Embaixada do Brasil no

co da Língua Portuguesa e a apresentação de Tempo

Cairo. Ambas as sessões decorreram na Embaixada de

da Língua, uma sessão informativa sobre a Nova Norma

Portugal.

Ortográfica, as Correntes de Poesia, o lançamento do selo comemorativo dos 800 Anos da Língua Portugue-

Marrocos

sa, Momentos Poéticos e música, com a participação de

A expansão marítima portuguesa, o património portu-

Amílcar Baptista (voz e violão), deram corpo às cele-

guês em Marrocos, a licenciatura em língua portuguesa

brações organizadas pelo Centro Cultural Português/

na Universidade Mohammed V-Agdal, em Rabat, e as

Camões, IP - Polo da Praia, pelo CLP/Camões, IP, pela

relações Marrocos-Portugal vistas pela arqueologia

Academia Cabo-Verdiana das Letras, pelos Correios de

constituíram temas do programa do Dia da Língua Por-

Cabo Verde e pela Universidade de Cabo Verde.

tuguesa assinalado na Faculdade de Letras da

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São Tomé e Príncipe

países da CPLP", e nele participaram vários grupos de estudantes, que tiveram que responder a questões e realizar provas sobre a CPLP e os países que compõem esta Comunidade. Namíbia A Coordenação do Ensino Português (EPE) na Namíbia, da responsabilidade do Camões, IP, comemorou o dia no auditório do Centro de Língua Portuguesa Diogo Cão, em Windhoek, a 9 de maio, convidando toda a comunidade portuguesa residente na capital da Namíbia e ainda os representantes das embaixadas de Angola, Brasil e Portugal, bem como todos os docentes que lecionam a língua portuguesa no país. As Palavras e a Música em Língua Portuguesa foram o

Tunísia

tópico sobre o qual se desenvolveram as celebrações, cujo programa incluiu uma récita de oito poemas de autores lusófonos, a entrega de diplomas aos alunos que concluíram os exames de certificação de aprendizagens EPE e ainda um concerto de música em língua portuguesa, com a participação do músico angolano Zé Beato e da cantora brasileira, Mara do Vale. São Tomé e Príncipe O Centro Cultural Português e o Centro de Língua Portuguesa em São Tomé e Príncipe elencaram várias atividades para a semana do Dia da Língua Portuguesa , com relevo para a exibição da exposição Potencial Económico da Língua Portuguesa. Uma atividade de formação, destinada a professores do Departamento de Línguas do Instituto Superior Politécnico (ISP) e a outros professores e alunos que se

Universidade Chouaib Doukkali, em El Jadida, a 5 de

quisessem associar foi ministrada pelo académico uni-

maio, com a participação de académicos portugueses e

versitário João Veloso, professor agregado da Faculda-

marroquinos, e o patrocínio, entre outros, da Universi-

de de Letras da Universidade do Porto. Um concerto do

dade de Lisboa e do Camões, IP.

grupo português Real Companhia e a exibição do filme Contract completaram o programa, que compreendeu

Moçambique

ainda a 5 de maio a declamação de poesia e leituras

Um colóquio e um concurso marcaram a data nas duas

dramatizadas no anfiteatro do ISP.

principais universidades públicas moçambicanas, a Universidade Eduardo Mondlane (UEM) e a Univer-

Tunísia

sidade Pedagógica (UPM). O colóquio, a 7 de maio,

Os dias dos filmes dos países de língua portuguesa ini-

em Maputo, foi promovido pela cátedra de Português

ciaram, de 29 de abril a 2 de maio, as celebrações em

Língua Segunda e Língua Estrangeira (UEM), apoiada

diversos cinemas de Tunes, seguidos, a 3 de maio, do

pelo Camões, IP, e girou em torno dos temas ‘escrever,

concerto da nova formação da histórica banda guineen-

‘ensinar’ e ‘traduzir’.

se Orchestra Super Mama Djombo, no Acropolium de

O concurso da UPM, a 5 de maio, teve como tema "Os

Cartago.

n➤

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O dia em que o mundo celebra a Língua Portuguesa e a Cultura na CPLP

Américas

Argentina

Argentina Um Encontro de Narração, uma sessão performativa em que o narrador Carlos Marques - convidado da Embaixada de Portugal em Buenos Aires para participar da Feria del Libro - partilhou contos e cantos tradicionais com o público assistente no Centro de Língua Portuguesa/Camões, IP, de Buenos Aires, marcou o 5 de maio, dia a partir do qual ficou em patente a exposição Potencial Económico da Língua Portuguesa, no Hall Central do Instituto de Enseñanza Superior en Lenguas Vivas Juan Ramón Fernández. A exposição foi visitada entre 6 e 9 de maio por alunos do Instituto Los Ángeles - primeira instituição argentina para crian-

Canadá

ças, jovens e adultos com Necessidades Educativas Especiais, que confere habilitações a diversos níveis com o português como primeira língua estrangeira, numa iniciativa da leitora do Camões, IP, Irma Gonzalez. Canadá Angola, Brasil, Moçambique e Portugal, através das suas missões diplomáticas, juntaram-se em Otava para celebrar o Dia da Língua Portuguesa , organizando de 5 a 13 de maio, no Auditório da Biblioteca e Arquivos do Canadá, o III Festival do Filme de Língua Portuguesa, com o tema Cor-Ação, em colaboração com o Instituto Canadiano do Filme e a Seção de Português da Universidade de Otava. O programa do festival exibiu Amália (2010, Portugal), de João Ribeiro, Vai que dá certo (2013, Brasil), de Maurício Frias, Virgem Margarida (2013, Moçambique), de Licínio Azevedo, e

tuguesa junto das Nações Unidas realizou o espetácu-

I love kuduro (2013, Angola) de Mário Patrocínio.

lo Música pela Consolidação da Paz na Guiné-Bissau. O artista bissau-guineense Zé Manel Fortes, membro

Estados Unidos

fundador da lendária banda Super Mama Djombo, for-

A Conferência em Literatura Portuguesa, que teve

mada por crianças durante o processo de independên-

lugar a 25 de abril na UMass de Boston, no âmbito

cia do país nos anos 60, fez a apresentação musical.

da 9ª Edição do Boston Portuguese Festival, com o apoio do Camões, IP, e em colaboração com os

Uruguai

consulados-gerais do Brasil e de Cabo Verde naquela

Em Montevideu, o Dia da Língua Portuguesa ce-

cidade norte-americana, assinalou não só os 40 anos

lebrou-se com música e dança contemporânea. No

do fim do Estado Novo em Portugal, como o Dia da

âmbito do Festival Internacional de Dança Contempo-

Língua Portuguesa Participaram os três escritores

rânea do Uruguai, Rafael Alvarez apresentou, a 5 de

convidados, Valter Hugo Mãe, David Hopffer Almada e

maio, a obra Bosque, dirigida ao público infantil.

Francisco Alvim, moderados no painel pelo Professor

Para um público mais adulto, Andrés Stagnaro apre-

Onésimo Almeida, da Brown University.

sentou no espaço Kalima o recital Colores del Portu-

A 7 de maio, em Nova Iorque, por ocasião do Dia da

guês, combinando música e poesia do mundo lusófo-

Língua Portuguesa , na Dag Hammarskjold Library

no. O espetáculo contou com a participação especial

Penthouse, a Comunidade dos Países de Língua Por-

de Ana Montesdeoca.

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n➤


Coreia do Sul

mente, decorreu a exposição de cartazes Deslumbramentos do Olhar, que assinala os 400 anos da publicação da Peregrinação de Fernão Mendes Pinto. Coreia do Sul Um Festival de Cinema Lusófono, o primeiro exclusivamente dedicado à cinematografia dos países de língua portuguesa a ter lugar na Coreia do Sul, assinalou a 5 de maio o Dia da Língua Portuguesa naquele país asiático. Tratou-se de uma organização do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República da Coreia, com o apoio do Camões, IP, e das Embaixadas em Seul de Angola, Brasil, Portugal e Timor-Leste. A programação esteve a cargo da Cinemateca de Seul, em cuja sala tiveram lu-

China

gar as 18 sessões de projeção. No total, foram exibidos até 7 de maio nove filmes de seis países lusófonos. Índia A apresentação da exposição Potencial Económico da Língua Portuguesa integrou a ‘Noite da Lusofonia’ com que o CLP/leitorado do Camões, IP, em Goa, celebrou o dia e que, além da receção a alunos do Mestrado da Universidade de Goa e convidados, contemplou uma cerimónia de entrega dos certificados de conclusão dos cursos de Língua e Cultura Portuguesa aos alunos do CLP/Camões, IP, em Goa. Indonésia O Instituto Italiano de Cultura, o Instituto Cervantes e o Camões, IP juntaram-se em Jacarta para celebrar, a 5 de maio, as línguas e culturas românicas na Universidade Indonésia. O programa integrou a leitura de poemas em italiano, espanhol, português e bahasa indonésia e ainda

Ásia

dança e música, entre a qual Fado. A exposição Potencial Económico da Língua Portuguesa foi inaugurada durante

China

esta celebração. A 6 de maio exibiram-se filmes dos três

As celebrações na China tiveram lugar Pequim e Xangai.

países de língua românica, entre os quais Florbela (2012),

Na primeira cidade, a Universidade de Estudos Estrangeiros

de Vicente Alves do Ó. A História comum e a coopera-

organizou, a 24 de maio, um festival da canção lusófona,

ção entre Portugal e a Indonésia estiveram em foco num

em que puderam participar todos os estudantes chineses de

seminário a 12 e 13 de maio, organizado pela Embaixada

português das universidades de Pequim (10 instituições), em

de Portugal e a Universidade Indonésia.

grupo ou individualmente, com uma canção em língua portuguesa. Em Xangai, o Dia da Língua Portuguesa foi assina-

Vietname

lado pelo Departamento de Português da Universidade de

O leitorado de português da Universidade de Hanói

Estudos Internacionais e pelo leitorado de Língua e Cultura

promoveu na capital vietnamita, a 5 de maio, duas con-

Portuguesas do Camões, IP. Mariana Ramos, leitora brasilei-

ferências, com os temas A Importância do Passado nos

ra na Universidade Fudan, dinamizou um encontro dedicado

Romances Portugueses Contemporâneos, pela profes-

ao conto Peru de Natal, de Mário de Andrade, enquanto

sora Fátima Marinho, e Português, mudança e variação

Filipa Teles, leitora do Camões, IP, homenageou Urbano

- desafios para o ensino como Língua Estrangeira, pela

Tavares Rodrigues, apresentando os principais aspetos da

professora Isabel Margarida Duarte. Ambas as docentes

obra literária do escritor recentemente falecido. Simultanea-

são da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. n ➤

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O dia em que o mundo celebra a Língua Portuguesa e a Cultura na CPLP

França

Alemanhã

Russia

Itália

Europa Alemanha

Bélgica

A data foi assinalada em maio, em Hamburgo (dia

A abertura da exposição Potencial Económico da Lín-

8), Leipzig (7) e Berlim (6), com a presença de Cristi-

gua Portuguesa marcou, a 6 de maio, o arranque das

na Carvalho. A escritora, filha de Natália Nunes e de

comemorações da data, em Bruxelas, nas instalações

Rómulo de Carvalho/António Gedeão leu, em escolas

da Embaixada de Portugal, com um programa que

e universidades, passos de vários dos seus livros que

compreendeu uma palestra/debate sobre A originali-

integram o Plano Nacional de Leitura em Portugal, a

dade da Língua Portuguesa, pelo professor Fernando

convite do Centro de Língua Portuguesa de Hamburgo

Venâncio, música dos países da CPLP pelo cantor

e dos leitorados do Camões, IP, no país.

cabo verdiano Bita Nascimento e a apresentação dos

Na Universidade de Rostock, numa sessão aberta a

11 clássicos da literatura angolana. A 7 de maio teve

alunos e professores, foi exibido o filme Capitães de

também lugar uma evocação da data na Universidade

Abril, de Maria de Medeiros.

Livre de Bruxelas.

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Turquia

de Zagreb duas conferências que visaram «a exploração histórica e literária de diferentes obras e autores». Iniciativas do CLP/Camões, IP de Zagreb. França O escritor e jornalista José Rodrigues do Santos teve um encontro a 5 de maio com os seus leitores na livraria Mollat, de Bordéus, numa iniciativa do leitorado do Camões, IP, na cidade, em colaboração com o Consulado-Geral de Portugal, destinada a assinalar o Dia da Língua Portuguesa... A 6 de maio, realizou-se na Casa da Europa de Bordéus a conferência A importância estratégica da língua portuguesa e o papel das novas tecnologias de informação na sua difusão. A Casa do Brasil em Paris acolheu, por seu lado, a 6 de maio, um recital de Canção Portuguesa da soprano Ana Paula Russo, acompanhada ao piano por Duarte

Luxemburgo

Pereira Martins, numa organização conjunta com a Casa de Portugal Residência André Gouveia, apoiada pelo Camões, IP. Itália O Centro de Estudos Lusófonos e a cátedra David Mourão-Ferreira da Università degli Studi di Bari Aldo Moro promoveram a 2ª edição do Prémio Dia da Língua Portuguesa, com o intuito de comemorar a ocorrência homónima. O Prémio foi dirigido a todos os estudantes inscritos nos cursos de língua portuguesa daquela universidade que responderam à pergunta «Porque é que escolhi estudar a língua portuguesa?», com um texto de 140 caracteres, escrito em português. Luxemburgo O papel que a língua portuguesa assume no contexto mundial, o seu caráter estratégico e a contribuição das comunidades da diáspora para a sua afirmação estiveram em debate numa conferência no âmbito do Dia da Língua Portuguesa , a 3 de maio, em Kirchberg. Da responsabilidade da Comissão Temática de

Croácia

Promoção e Difusão da Língua Portuguesa dos Ob-

Um breve momento musical a solo, pela fadista ama-

servadores Consultivos da CPLP, com o apoio, entre

dora Sandrina Azóia, acompanhado pela abertura

outros, da Embaixada de Portugal e do Centro Cultural

da exposição de cartazes sobre a História do Fado,

Português/Camões, IP, no Luxemburgo, a conferência

lançou a 5 de maio as celebrações na Universidade

contou, nomeadamente, com as intervenções das em-

croata de Zadar. A 7 de maio, o leitor brasileiro Mário

baixadoras de Angola e Portugal no país, e de outros

da Silva falou aos alunos sobre «10 coisas que não sa-

representantes da CPLP e dos seus países membros

bias sobre o Brasil», no ano em que este país acolhe

no Grão-Ducado.

o mundial de futebol. A 8 de maio foi a vez de o pro-

Ainda no âmbito das celebrações, o Centro Cultural

fessor da Universidade de Coimbra Pires Laranjeira,

Português organizou a exposição Never for Money

«um dos maiores especialistas na área das literaturas

Always for Love, com trabalhos da nova geração de

de língua portuguesa», proferir na Faculdade de Letras

designers portugueses e luxemburgueses, e promoveu

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O dia em que o mundo celebra a Língua Portuguesa e a Cultura na CPLP

República Checa

países de língua portuguesa. No mesmo dia, no CLP/ Camões, IP, de Praga, houve uma conferência pela professora Alexandra Pinto, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Rússia As comemorações do Dia da Língua Portuguesa realizaram-se já a 29 de abril, na sala de conferências da Universidade de Relações Internacionais de Moscovo (MGIMO), devido à proximidade dos feriados nacionais russos. Representantes diplomáticos das embaixadas dos países da CPLP marcaram presença no evento, que pretendeu dar lugar às múltiplas manifestações culturais dos vários países da CPLP. Futuros diplomatas, jornalistas, relações-públicas, economistas, juristas, docentes russos da MGIMO, da Universidade Lomonossov (MGU), da Universidade Linguística (MGLU), e estudantes brasileiros e dos PALOP da Universidade da Amizade dos Povos apresentaram ao público um espetáculo que incluiu danças tradicionais, canções, declamação de poesia, teatro e pequenos filmes, com destaque para as celebrações dos 40 anos da Revolução dos Cravos. A exposição sobre o Potencial Económico da Língua Portuguesa integrou a programação. O núcleo de docentes de português da MGIMO é pioneiro, na Rússia, na promoção da língua portuguesa, e celebra pela mesma ocasião a 40ª edição do convívio

a apresentação e entrega de obras escritas em

em torno da lusofonia.

português no Centro Nacional de Literatura do Luxemburgo.

Turquia O Dia da Língua Portuguesa foi assinalado a 5 de

Reino Unido

maio na Turquia, num evento organizado pelo MNE

A Coordenação do Ensino Português (EPE) celebrou

turco, em cooperação com as embaixadas dos três

o dia a 10 de maio quando os seus alunos subiram

países-membros da CPLP em Ancara - Angola, Bra-

ao palco do Town Hall para ler poemas de autores de

sil e Portugal. A sessão teve lugar no Palácio Ancara

língua portuguesa, coligidos numa Antologia que foi

(Ankara Palas), primeira residência oficial do primeiro

oferecida aos pais, durante a cerimónia. O ensemble

Presidente da República Turca e seu fundador, Musta-

da Luso Academy tocou algumas músicas de países

fa Kemal Ataturk.

de língua portuguesa.

A Turquia formalizou recentemente, através do ministro dos Negócios Estrangeiros, Ahmet Davutoglu,

República Checa

o desejo de se qualificar como membro observador-

Uma alocução feita pelo leitor do Camões, IP, em

-associado da CPLP.

Praga, Joaquim Ramos, seguida de um debate sobre

Depois da projeção de vídeos sobre os países de

o tema da língua portuguesa e das culturas dos países

língua oficial portuguesa com representação diplomáti-

da CPLP, realizaram-se no Ministério dos Negócios

ca, e de uma intervenção da responsabilidade do MNE

Estrangeiros (MNE) da República Checa, a 5 de maio.

turco, o programa compreendeu a apresentação de

Estiveram presentes os representantes diplomáticos/

música tradicional portuguesa e de Fado pelo duo de

chefes de missão das embaixadas de Portugal e Bra-

guitarristas portugueses Artur Caldeira e Daniel Pare-

sil, elementos do corpo diplomático checo e técnicos

des, seguida de uma performance de Capoeira, dança-

superiores daquele ministério com funções na área dos

-luta tradicional brasileira, de origem africana.

n

Camões. I.P.

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ESPAÇO DIPLOMÁTICO

Jorge Arguello, Embaixador da Argentina Diálogo inter-religioso "Te Deum"

"

DO VATICANO A JERUSALÉM,

DE BUENOS AIRES A LISBOA, TODOS PONTOS INTERLIGADOS NA HISTÓRIA DA INTEGRAÇÃO DO JOVEM POVO ARGENTINO

"

A Argentina é um país, como to-

marco distintivo dessa evolução foi

cimento do outro como tal, dando

dos, com defeitos e virtudes. Mas

a diversidade cultural. Enquanto a

origem a uma população nova que

se tivesse de apontar uma virtude

imigração foi, e é, encarada - em

não descendia maioritariamente de

que o distinguisse, seria a sua

muitos lugares - como invasão,

uma só cultura, como noutros paí-

capacidade de acolher e integrar a

ameaça ou problema grave, a

ses da América Latina, mas "dos

diversidade cultural expressa pelos

Argentina assumiu-a como uma

barcos".

milhões de pessoas que foram che-

contribuição para a sua economia,

Assim, todos foram obrigados em

gando ao nosso território e enrique-

para a sua demografia e, funda-

termos gerais a respeitar-se sem

cendo o nosso povo desde que nos

mentalmente, para a sua riqueza

deixarem de se falar, a reconhecer-

começámos a forjar como Nação,

cultural.

-se sem renunciarem à própria

há pouco mais de dois séculos.

Ondas de emigrantes chegaram

crença, a formar uma mesma

Como ocorreu no começo com

para povoar um vasto território

identidade nacional sem necessida-

povos muito mais antigos do que

aberto como poucos às ideias e ao

de nem obrigação de se fundirem

o nosso, a Argentina dedicou

trabalho, misturando-se entre si e

por isso numa só religião. Com as

boa parte da sua curta história à

com os crioulos nativos e povos

excepções inerentes a toda a so-

incessante construção de uma

indígenas tomando um ponto de

ciedade, esse diálogo intercultural

identidade. No nosso caso, um

partida muito preciso: o reconhe-

nunca exigiu sincretismo.

14 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014


Nesse contexto, explica-se que

recebeu na Sala Clementina do

dirigente islâmico convidado.

no Te Deum (Ação de Graças) de

Vaticano os representantes de 33

Como Francisco, o nosso impul-

cada 25 de maio, uma cerimónia do

confissões cristãs (anglicanos,

so natural é levar e exercer essa

Dia da Pátria que se celebra desde

luteranos, metodistas, ortodoxos) e

mesma interculturalidade que nos

a independência em 1810 com a

das comunidades judaica e mu-

distingue onde quer que esteja-

presença das máximas autoridades

çulmana e de outras religiões para

mos. Isso ocorreu também aqui

nacionais, participem todos os anos

promover a amizade e o respeito

em 21 de Maio, quando chamado

- em diversas igrejas do país - os

entre pessoas de diferentes práti-

a presidir os actos do nosso Dia

líderes e representantes locais de

cas religiosas. E foi mais além dos

Nacional como embaixador ar-

todas as religiões.

crentes: "Sentimos perto de nós

gentino em Portugal. Nesse dia, a

Hoje todos o conhecem como o

também todos aqueles homens e

Igreja Paroquial de São José, em

Papa Francisco, mas até há pouco

mulheres que, sem se identifica-

Lisboa, foi cenário de um Te Deum

tempo Jorge Bergoglio era ape-

rem com alguma prática religiosa,

inter-religioso no qual participa-

nas arcebispo de Buenos Aires e

encontram-se, no entanto, à pro-

ram – juntos – representantes das

cardeal-patriarca do país quando

cura da verdade, da bondade e da

comunidades judaica, protestante,

também decidiu incorporar outros

beleza", afirmou.

islâmica, ortodoxa, entre outros.

líderes religiosos na cerimónia de

Por isso, agora, nós argentinos

Do Vaticano a Jerusalém, de Bue-

cumprimentos protocolares ao che-

também não achamos estranho

nos Aires a Lisboa, todos pontos

fe de Estado, o então presidente

que Francisco na sua próxima

interligados na história da integra-

Néstor Kirchner e a atual Presiden-

viagem à Terra Santa tenha

ção do jovem povo argentino, nos

te Cristina Fernández de Kirchner.

convidado rabinos e dirigentes

animará o mesmo espírito: reivindi-

É o mesmo Francisco que uns anos

islâmicos argentinos amigos de

car o diálogo e a convivência como

antes de ser Papa pediu ao rabino

longa data a partilhar com ele

valor essencial da humanidade. O

Abraham Skorka, reitor do Semi-

o voo, "A realidade do diálogo

nosso Te Deum em Lisboa foi um

nário Rabínico Latino-Americano,

inter-religioso no país é hoje uma

modesto mas convincente contribu-

para escrever o prefácio de um

parte da nossa identidade na-

to para o qual todos foram convi-

livro seu sobre os jesuítas e com

cional", resumiu corretamente o

dados.

n

quem terminou partilhando uma série de programas de televisão e publicando juntos um inédito e riquíssimo livro dos seus Diálogos. Francisco visitou algumas sinagogas para agradecer, da mesma maneira que convidou o mesmo rabino a expressar os seus pontos de vista perante seminaristas católicos. As igrejas evangélicas mereceram um gesto parecido quando Bergoglio as visitou numa multitudinária reunião que as congregou em Buenos Aires, e na qual todos os pastores e fiéis rezaram com o então cardeal. Já havia decorrido uma semana de papado quando Francisco

JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 15


ESPAÇO DIPLOMÁTICO

Mansour Alsafi, Embaixador da Arábia Saudita Os Firmes Princípios da Política Externa do Reino da Arábia Saudita e o Significado da Recusa Saudita do Assento no Conselho de Segurança da ONU

O Reino da Arábia Saudita é mem-

no quadro das organizações regio-

princípios estáveis e claros, dentre

bro fundador da ONU e principal

nais e internacionais.

eles:

actor na região Médio Oriente, com

A Arábia saudita orgulha-se da sua

O empenho da Arábia saudita em

um papel na cena internacional

qualidade de membro fundador da

interagir com a sociedade inter-

de extrema importância. A política

ONU em 1945 partindo da sua pro-

nacional mediante o cumprimento

externa saudita está assente em

funda fé de que a paz mundial é um

da Carta das Nações Unidas, das

princípios, fundamentos e dados

dos objectivos da política externa

convenções, tratados e acordos

geográficos, históricos, religiosos,

saudita. Sempre defendeu a aplica-

internacionais de que é signatária,

económicos, políticos e de seguran-

ção de regras mais transparentes

como também das regras da lei

ça agindo dentro de âmbitos princi-

para a justiça no tratamento entre

internacional que definam o âmbito

pais como a boa vizinhança; a não

os países nas áreas políticas, eco-

do comportamento geral dos países

ingerência nos assuntos internos de

nómicas, sociais e demais domínios

e sociedades civilizados.

outros países; o estreitamento das

como sendo o único caminho para

O empenho da Arábia saudita em

relações com os países do Golfo

o florescimento, o bem-estar e a es-

rejeitar o uso da força nas relações

e da Península Arábica; o reforço

tabilidade no mundo. Assim sendo,

internacionais; a não ingerência

dos laços com os países árabes e

a Arábia Saudita rejeita o recurso à

nos assuntos internos de outros

islâmicos de modo a servir os inte-

força como um dos instrumentos de

países e a condenação da violên-

resses comuns destes países e a

execução da política externa, mas,

cia e todos os meios que afetam a

defender as suas causas; a adop-

ao mesmo tempo, acredita na legí-

segurança e a paz no mundo e a

ção da politica de não alienamento;

tima autodefesa como sendo uma

afirmação do princípio do convívio

o estabelecimento de relações de

das regras da lei internacional.

pacífico entre os diversos países do

cooperação com os países amigos

Podemos dizer que a política exter-

mundo.

e o desempenho de um papel activo

na saudita alicerça-se em regras e

O empenho do Reino da Arábia

16 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014


Saudita na estabilidade dos mer-

assegurar o apoio suficiente para

cados petrolíferos no mundo e a

respectiva eleição. De seguida veio

promoção do desenvolvimento do

a decisão da renúncia. Como foi a

comércio internacional com base em

primeira vez na história da ONU em

princípios justos e através das regras

que um Estado membro e fundador

das economias do mercado livre.

da organização internacional recusa

Tingir a política externa saudita de

o seu assento no Conselho de Se-

um traço moral mediante a adopção

gurança, tal atitude constituiu uma

do princípio de prestar auxílio às ví-

surpresa a vários níveis.

timas das catástrofes naturais, aos

A decisão da renúncia foi anunciada

sem-abrigo, deslocados e refugia-

num comunicado emitido pelo Mi-

dos em diversos países do mundo.

nistério dos Negócios Estrangeiros

Condenação e rejeição do terroris-

saudita acusando o Conselho de

"

A ARÁBIA SAUDITA ORGULHA-SE DA SUA

QUALIDADE DE MEMBRO FUNDADOR DA

ONU EM 1945 PARTINDO DA SUA PROFUNDA FÉ DE QUE A PAZ MUNDIAL É UM DOS OBJECTIVOS DA POLÍTICA EXTERNA SAUDITA

"

mo internacional em todas as suas

Segurança de impotência de tomar

formas e meios defendendo a total

decisões que resolvam os conflitos

inocência do Islão de todas as práti-

que ameaçem a paz e a estabili-

cas terroristas.

dade no mundo, nomeadamente

provoca, inúmeras consequências

O cumprimento das regras da lei

na região do Médio Oriente e que

negativas na segurança e estabili-

internacional, das convenções,

politica de dois pesos e duas me-

dade da região e nos direitos e na

tratados e Cartas internacionais e bi-

diadas, manifestada no recuso ao

vida dos seus povos. Esta tomada

laterais, quer no quadro das organi-

veto por parte de alguns membros

de posição por parte da do Reino

zações internacionais ou fora delas.

permanentes do Conselho de Segu-

Arábia Saudita reflecte a necessida-

A defesa das causas árabes e

rança para impor a sua presença,

de de alcançar uma decisão mun-

islâmicas nos organismos e fóruns

impede o Conselho de Segurança

dial para a necessária reforma dos

internacionais prestando apoio per-

de assumir as suas responsabi-

órgãos da ONU, nomeadamente o

manente com todos os meios políti-

lidades para preservar a paz e a

Conselho de Segurança, de modo

cos, diplomáticos e económicos.

segurança no mundo.

a reforçar a paz e segurança para

O não alinhamento e a rejeição dos

Tal ineficácia provocou, e ainda

toda a humanidade.

n

blocos e alianças que afectem a segurança e a paz mundiais, respeitando o direito dos povos à autodeterminação como também os seus direitos legítimos à autodefesa. Na 5ª-feira, 17 de Outubro de 2013, o Reino da Arábia Saudita foi eleito membro do Conselho de Segurança da ONU para um mandato de dois anos. Porém, poucas horas após o anúncio da sua eleição como membro não permanente no Conselho de Segurança, a Arábia Saudita anunciou a recusa do seu assento neste Conselho, embora se tivesse esforçado durante longo período trabalhado duma maneira bem organizada e profissional a fim de

JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 17


ESPAÇO DIPLOMÁTICO

Anne Plunkett, Embaixadora da Austrália Austrália: O nosso ano na presidência do G20

"

A AUSTRÁLIA BENEFICIOU DE

REFORMAS DIFÍCEIS NO PASSADO. TIVEMOS 22 ANOS CONSECUTIVOS DE CRESCIMENTO ECONÓMICO E UM

DOS DESEMPENHOS MAIS FORTES NA OCDE NA ÚLTIMA DÉCADA.

"

Em Dezembro de 2013, o

po que nos dá a possibilidade de

Primeiro-Ministro Tony Abbott

mostrar o melhor da Austrália. A

anunciou o início da presidência

cimeira do G20 será o encontro

australiana do G20, um grupo

de líderes mundiais mais im-

de economias* que representam

portante que a Austrália jamais

cerca de 85% do produto interno

organizou.

bruto global, mais de 75% do

Em 2014, o G20 tem 2 temas

comércio global e dois terços

como prioridade: a promoção de

da população mundial. Entre os

um crescimento forte da econo-

seus membros conta-se a União

mia e do emprego através da

Europeia, uma parceira signi-

capacitação do sector privado,

ficativa da Austrália a nível de

e tornar a economia global mais

comércio e investimento.

resistente a choques futuros.

Presidir ao G20 constitui simul-

A preparação para a cimeira de

taneamente uma oportunidade

líderes do G20 que terá lugar em

e uma grande responsabilidade

Brisbane, no estado de Queens-

para a Austrália. Permite-nos

land, de 15 a 16 de Novembro

ajudar a moldar a agenda eco-

de 2014, teve um começo forte.

nómica global em benefício de

O compromisso assumido por

todos os países, ao mesmo tem-

parte dos ministros das

18 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014


Finanças e governadores de

mento, diminuindo a carga sobre

bancos centrais quanto ao de-

o sector privado através da abo-

senvolvimento de novas medidas

lição de impostos e redução de

destinadas a aumentar o nível

regulamentação, impulsionando

de produção do G20 em pelo

a participação da força laboral e

menos 2 pontos percentuais

construindo os pilares para uma

acima do valor actualmente pro-

economia do século XXI.

jectado para os próximos 5 anos

A Austrália, em conjunto com os

cria o enquadramento para uma

outros membros do G20, quer

agenda ambiciosa de crescimen-

que as pessoas entendam cla-

to e emprego.

ramente a importância do G20

Para que este compromisso

e a sua capacidade de fazer a

colectivo se cumpra, a Austrália

diferença. O portal do G20 con-

está a pedir aos países que se

tém mais detalhes sobre a sua

concentrem nas reformas es-

agenda, bem como informações

truturais para melhorar o inves-

sobre sensibilização e envolvi-

timento, comércio, emprego e

mento durante a presidência da

concorrência – áreas críticas

Austrália: www.g20.org

onde o crescimento pode ser

*Os membros do G20 são:

alcançado. Até meados de 2014,

África do Sul, Alemanha, Arábia

os países terão identificado

Saudita, Argentina, Austrália,

medidas para cumprir a ambição

Brasil, Canadá, China, República

colectiva dos 2%. Estas medi-

da Coreia, Estados Unidos da

das, a serem apresentadas no

América, França, Índia, Indoné-

âmbito das estratégias de cres-

sia, Itália, Japão, México, Reino

cimento dos países-membros,

Unido, Rússia, Turquia, União

estarão no cerne do plano de

Europeia.

n

acção que será analisado pelos líderes na cimeira de Brisbane. A Austrália beneficiou de reformas difíceis no passado. Tivemos 22 anos consecutivos de crescimento económico e um dos desempenhos mais fortes na OCDE na última década. A Austrália compreende também que a reforma é uma corrida que nunca está acabada e que temos que continuar a procurar formas de nos melhorarmos a nós próprios. Enquanto presidente do G20, a Austrália lidera por exemplo. A nossa agenda doméstica visa eliminar a burocracia e aumentar a produtividade. A Austrália está a remover obstáculos ao cresci-

JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 19


ESPAÇO DIPLOMÁTICO

Hikmat Ajjuri, Embaixador da Palestina Death of Two States Solution

"

I ACCORDINGLY CONCLUDE TO SAY THAT IT IS HIGH TIME FOR THE INTERNATIONAL COMMUNITY TO INTERFERE TO

ENFORCE THE TWO STATES SOLUTION, BASED ON THE RELEVANT UN RESOLUTIONS

On the 29th of November 2012,

self-determination. Resolution

the Palestinians were issued a

3236 states that the right of

long overdue birth certificate from

independence of Palestine

the UN with the realization of

is “inalienable” and that the

the State of Palestine. However,

Palestinian people have a right

in short of full recognition for

to a “sovereign and independent”

this state, we yet believe that

state. This recognition makes

recognizing of Palestine as a

this right fundamental and is not

non- member state of The UN

up for negotiations, nor can its

by 138 member states, including

implementation be subject to

Portugal, is a significant step

whims of Israel, the occupying

in the process of rectifying the

Power.

unprecedented historical injustice

On the other hand, various

inflicted on the Palestinian people

reports produced by international

since the creation of the state of

bodies, such as the EU, the UN,

Israel in 1948.

the World Bank and the IMF

The right of the Palestinian

have concluded that Palestine

people to self-determination has

has achieved the institutional

been universally recognized

development needed for the

by the UN Resolutions; 2649

state to function, including its

and 2672, confirming the right

economic component. All these

of the Palestinian people to

reports also concurred that

20 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014

"


debilitating economic and social

cover up for grabbing more of the

function to their full potential, the

effects.

land which is supposed to be the

Israeli 47 year old Israeli military

Regrettably, Israel and in spite of

future state of Palestine.

occupation has to come to an

being created by a UN resolution

Finally, I regret to say that the

end.

- (181), of 1947, which partitioned

so far outcome to twenty years

In 2011, the Palestine National

the land of historic Palestine into

of negotiations between Israel

Authority produced, for the first

two states-, Israel, on record

the occupying power and the

time, a study that calculated

has never respected or observed

occupied Palestine was the

the quantifiable cost of Israel’s

any of the tens of UN resolution

sad loss of the two leaders who

continued military occupation

calling on Israel to abide by the

initiated these negotiations.

of the Palestinian Territory,

International law and to reverse

Both removed at the hands of

amounted to 6.897, billion USD,

all its illegal actions particularly

the enemies of peace in Israel.

a staggering 93.3% of the total

its settlement enterprise on the

Rabin, the former Israeli prime

Palestinian GDP of year 2010.

Occupied Palestinian territories.

minister was assassinated on

for Palestinian institutions to

In its latest report, “Stagnation

Negotiations with the Israelis

4th of November 1995 and the

or Revival”, the World Bank

since the Oslo agreement of

Palestinian leader Arafat was

report noted the effect of Israel’s

1993 is a story in which one

poisoned and died on the 11th of

control over the Occupied state

side makes proposals for nothing

November 2004.

of Palestine; “The present

in return; one side makes

I accordingly conclude to say that

situation severely handicaps

agreements that the other side

it is high time for the International

Palestinian economic activity

breaks; and one side keeps

community to interfere to enforce

in the Jordan Valley... thereby

commitments that the other

the two states solution, based

denying Palestinians a potential

side ignores. In other words,

on the relevant UN resolutions.

powerhouse of export-oriented

“negotiations” in the Israeli

The alternative, otherwise, is an

high value-added agriculture”.

dictionary is a code word for

apartheid bi national state in the

The World Bank then concluded

perpetuating their occupation of

Holy Land and instability of the

that ‘Israeli restrictions remain

the Palestinian territory and a

region.

the biggest constraint facing Palestinian private sector growth’ and referred to Israeli restrictions as impeding sustainable economic growth. In the same context, approximately 35% of the Palestinian economy is generated in the Metropolitan East Jerusalem area. Israel’s illegal annexation of occupied East Jerusalem, contrary to UN Security Council demands in resolutions 252, 267, 271, 298, 476 and 478 that it reverse this annexation, and obvious that its separation from the rest of the occupied state of Palestine has

JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 21


DIPLOMACIA NA 1ª PESSOA

Saloua Bahri

por Maria da Luz de Bragança, com J.U. Tavares-Rodrigues, fotos de Maria Inês

Embaixadora da Tunísia em Portugal "A missão de diplomata é a minha paixão"

Diplomata de carreira, há 33 anos no Ministério de Negócios Estrangeiros, ministra Plenipotenciária, casada, mãe de três filhos, Saloua Bahri é, desde Dezembro, o rosto aberto da “Revolução de Jasmim” em Portugal. Embaixadora de um país muçulmano, acredita no poder da convicção, - mas também na força de aceitar o outro – na essência da Diplomacia, que procura viver com arte, por amor e por paixão. “ A sinceridade sente-se” como perfume do seu olhar, tolerante, solidário, sobre um mundo em mutação. Uma Senhora, Diplomata.

22 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014


A primeira pergunta é directa.

É, de facto, a primeira vez que estou

tónico, porque souberam preservar

Como e quando chegou a Embai-

no vosso país, mas conheço Portugal

o património cultural mais antigo, em

xadora?

há muitos anos, através dos dos-

harmonia com o que têm de mais

Em primeiro lugar, agradeço a vossa

siers. Estive encarregada, no MNE,

moderno. Reparem por exemplo, no

visita à Embaixada. Estou feliz por

dos Assuntos Europeus e, entre

Parque das Nações e como a moder-

conhecê-los e terem estado presen-

eles, do dossier Portugal. Recordo

nidade se estende harmoniosamente

tes na recepção que assinalou, a 20

que o meu primeiro encontro com

até à majestosa Praça do Comércio.

de Março, o Dia Nacional da Tunísia.

portugueses foi com o senhor Dr.

Nós também fizemos a mesma coisa.

Como é que cheguei a embaixadora?

José Manuel Barroso, quando foi à

Uma outra boa impressão que tive

Sou, antes do mais, uma diplomata

Tunísia, em 1987. Ele era, então,

desde logo foi a qualidade da vossa

de carreira. Estou no Ministério dos

secretário de Estado dos Negócios

infraestrutura rodoviária. É notável,

Negócios Estrangeiros há mais de

Estrangeiros e tive oportunidade

felicito-vos!

30 anos. Isso não me rejuvenesce,

de acompanhá-lo, e à sua mulher,

Com fundos europeus… Um in-

mas é a realidade. Tenho 33 anos

durante toda a visita de três dias à

vestimento bem feito – e bem con-

de carreira no MNE e percorri todos

Tunísia. Encontro muitas semelhan-

trolado – quando era 1º ministro o

os escalões: após o concurso (…)

ças entre a Tunísia e Portugal…Têm

actual presidente da República.

tornei-me embaixadora em 2006.

superfícies muito parecidas (se des-

Recordo a propósito, que a Tunísia é

Passei 5 anos na Roménia, já como

contarmos os 40% do Sahara), so-

o primeiro país africano que fez um

embaixadora, de 2006 a 2011, ano em que fui designada directora-geral da Carreira Diplomática, no MNE, para as áreas da Formação e Estudos Estratégicos. Depois, em Agosto de 2013, propuseram-me o posto

"

acordo de associação com a União Europeia. Mesmo sem falar dos anos

DAMOS PRIORIDADE À DIPLOMACIA ECONÓMICA

em Lisboa, que aceitei de imediato,

70 e 80, falando dos mais recentes, contemporâneos, o primeiro acordo de associação entre a Tunísia e

"

a União Europeia foi assinado em Julho de 1995 e foi o primeiro acordo

para servir o meu país no vosso belo

mos uma população de 11 milhões,

com um país árabe, um acordo de

país. Estou aqui desde Dezembro

quase a mesma que a vossa, temos

associação que abre perspectivas

de 2013, cumpridos os requisitos

grandes similitudes entre os nossos

nas relações tunisinas – União Euro-

de acreditação e todas as formali-

povos: a generosidade, o carácter

peia. Depois, em 2008, firmámos um

dades que conheceis. Apresentei

aberto a todos, a costela de bon

acordo comercial de livre circulação.

as credenciais de embaixadora ao

vivant, talvez tirada da proximidade

Mais recentemente, no ano passado,

presidente da República Portuguesa,

do mar; nós temos 1200 quilómetros

conquistámos o estatuto privilegiado,

Aníbal Cavaco Silva, em 15 de Ja-

de costa, de Mediterrâneo, a norte e

que consagra um nível superior, mais

neiro de 2014. E aqui está na revista

a leste.

estreito, de cooperação. 80% das

Diplomática a minha fotografia, com

Vizinhos da Itália…

nossas trocas comerciais são com a

o senhor presidente, vestida com

Entre a Tunísia e a Itália são prati-

Europa. É o nosso maior parceiro.

traje tradicional.

camente 50 minutos de voo. E vós,

Mas não pensam entrar na União

Enfim, é toda uma vida no MNE…

com essa enorme costa atlântica…

Europeia?

Tem filhos?

vejo, na verdade, muitas semelhan-

Como sabe (sorri), somos um país

Três: um farmacêutico, uma en-

ças.

árabe, africano, mediterrânico.

genheira financeira e o mais novo,

Este Inverno foi-nos especial-

Somos um país muçulmano. As

que tem 20 anos, está em Paris, na

mente rigoroso.

relações com a União Europeia são

Sorbonne a estudar Comunicação,

Sim, mas na Tunísia gostamos da

muito, muito importantes e se fôsse-

quer ser jornalista.

chuva. Porque é boa para a agricul-

mos negociar com a UE um acor-

Queremos agradecer a sua dispo-

tura e vista como sinal de prosperi-

do de adesão não deixaria de ser

nibilidade, felicitá-la pelo seu per-

dade.

bem-vindo, mas, na minha humilde

curso profissional e desejar-lhe as

De graça.

opinião, não será prioritário…

maiores felicidades aqui em Portu-

Justamente, uma dávida! Vemo-

Somos parceiros com laços privile-

gal. Sendo a sua primeira vez em

-la assim. E aqui encontrei um país

giados. Como sabem, a Tunísia foi

Portugal, não só como diplomata.

muito belo, que me fascinou imedia-

o país onde começou a primavera

Quais as primeiras impressões?

tamente do ponto de vista arquitec-

árabe, com a nossa revolução de

JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 23


Saloua Bahri

"

É PRECISO LARGAR AS ARMAS E VOLTAR À DIPLOMACIA

2011. É um país vanguardista em

"

tos é muito importante. É a igualdade

dado o direito de voto às mulheres.

quase tudo e estamos no bom cami-

de oportunidades para todos, da

A Tunísia não fala de igualdade da

nho no que respeita ao processo de

primária à universidade. Medicina,

mulher, não fala de emancipação,

transição democrática: já cumprimos

artes, jornalismo… cumpridos, natu-

falamos de parceiros. A prova é

uma etapa fundamental, com a nova

ralmente, elementares padrões de

a mulher embaixadora, a mulher

constituição tunisina, que é não só

exigência.

comandante, a mulher militar, a

inovadora como soube preservar as

Basta ser bom aluno para não ter

médica, a engenheira, há corpos

conquistas modernas da Tunísia, o

qualquer custo na educação?

profissionais que estão cada vez

estado laico, os direitos do homem,

Só é mesmo necessário ser bom alu-

mais feminilizados – a medicina, a

as liberdades fundamentais e, como

no. Por exemplo, para medicina, para

farmácia, o jornalismo tem cada vez

sabem, a igualdade da mulher é

engenharia, para farmácia, é preci-

mais mulheres, a justiça também.

consagrada na Constituição, o que

so ter boas qualificações, porque é

O Estado mantém-se separado

só existe nos países nórdicos…

exigido um alto grau de competên-

da igreja. Mas 99% da população

É o primeiro país árabe não di-

cias, intelectuais e profissionais. E,

é constituída por muçulmanos

remos com a emancipação da

enfim, além do ensino e da saúde,

sunitas; o presidente Zine Ben Ali,

mulher, mas com quotas no parla-

investimos na mulher. A Tunísia é o

deposto na vossa revolução do

mento, desde o tempo do Presi-

primeiro país árabe, e não apenas

jasmim, dizia recear algum radica-

dente Bourguiba…

árabe, com debates abertos sobre a

lismo, um possível crescendo do

Desde a independência, em 1956,

mulher, anteriores a 1956, com obras

fundamentalismo islâmico. Como

investimos fortemente em três do-

de grandes pensadores como Talar

é que convivem, na Tunísia de

mínios: na educação – e é por isso

Haded, e, mais tarde, com Habib

2014, a religião e a política?

que temos um nível tão elevado – na

Bourguiba, no Código de Estatuto

Na Tunísia, não temos problemas

saúde. Saúde e educação sem cus-

Pessoal, foi abolida a poligamia e

religiosos, de facções ou de tribos. ➤

24 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014


É uma sociedade homogénea; há

na Roménia, que recebemos prati-

Como salientei, no discurso do Dia

praticantes e não praticantes mas

camente um turista por cada tunisi-

Nacional, é a Constituição da tole-

são (quase) todos muçulmanos e

no – por que é que os turistas nos

rância e do diálogo, ela representa e

não se coloca a questão de distinguir

visitam? É certo que querem ver a

espelha tudo isso.

entre verdadeiros e pretensamente

cultura, o património, querem des-

Um exemplo para o mundo ára-

falsos.

cobrir o país, mas é também porque

be…

Como aqui, com os cristãos.

querem sentir-se à vontade, sentir-

Não só para o mundo árabe: para o

Voilá. Entre nós, o problema da

-se bem, e o povo tunisino é aberto,

mundo inteiro. Onde quer que haja

religião nunca se pôs. É verdade que

muito caloroso, o que faz da Tunísia

dificuldades, há que manter a espe-

no mundo de hoje, de forma geral,

um país muito acolhedor. É todo um

rança acesa. Nós, os seres huma-

há um outro movimento, que se

carácter, que não muda como uma

nos, com diálogo, abertura e vontade

desenvolve, e que tenta posicionar

tendência qualquer. A personalidade

de falarmos, poderemos sempre

o islão em diferentes níveis: o islão

que triunfou na revolução de 2011

chegar a resolver os problemas.

light – mas é óbvio que não existe

fê-lo graças ao diálogo. Tivemos

A senhora embaixadora conhece a

um islão light – e um islão extremis-

dificuldades, e cada partido queria

história da Tunísia quase como a

ta… é um movimento geral, global,

impor os seus pontos de vista, os

de si mesma. Desde a independên-

e a Tunísia, com a sua abertura, não

islamistas, os partidos da direita, da

cia, em 1956, Bourguiba, Ben Ali…

escapou a esse fenómeno. É verda-

esquerda, e os independentes

É o meu país.

de que há actualmente na Tunísia

Quantos partidos estiveram envol-

Pensa que a evolução é favorável

alguns extremistas; o seu número

vidos?

e que tudo vai correr bem?

não é muito importante, mas existem.

Na altura da revolução chegaram a

País que estagna não avança. É a

No que respeita ao Partido Islamista

ser mais de 100 (sorri), mas hoje os

história. Vivemos etapas. Com Bour-

que, após a revolução, venceu com

partidos mais importantes são 10 ou

guiba foi uma etapa bem precisa:

maioria as eleições de 2011, é um

12. Os três que estiveram no poder

depois da colonização, a indepen-

partido moderado, que soube conci-

após as eleições de 23 de outubro

dência, como construir o país, como

liar as diversas matizes da personalidade tunisina. Porque a personalidade tunisina não é dos dias de hoje, foi amadurecida em 3000 anos de história e outros tantos de civilização. Vem dos fenícios, em 814 antes de

"

balizar as instituições do estado, como trabalhar, foi um período impor-

ADMIREI MUITO

A FORÇA COM QUE OS PORTUGUESES VIVERAM A CRISE

Jesus Cristo, de Cartago, dos roma-

"

tante; não direi se foi melhor ou pior, foi um período. Com Ben Ali, que prosseguiu ao ritmo do primeiro presidente, a Tunísia investiu no desenvolvimento, na modernidade. Houve,

nos, dos bizantinos, de tantas ilustres

de 2011 são o partido islamista com

é certo, as questões da liberdade e

dinastias…

dois outros partidos – o Partido De-

dos direitos do homem; e agora é

E dos árabes…

mocrático e o CPR, partido do actual

outra etapa. É a história, a história

…a Tunísia soube gerir toda essa

presidente da República. São dois

evolutiva que dita cada etapa. Somos

influência de civilizações, incorporan-

partidos laicos que trabalharam direc-

um povo educado, intelectual, virado

do-a, como essência da sua cultura.

tamente com um partido islâmico…

para a modernidade. É agora tempo

E se se fala da Tunísia do diálogo, na

e, após a revolução, nem sempre

de progredirmos para um outro nível

Tunísia da tolerância, na Tunísia da

foi fácil retomar um ritmo digamos

de democracia, de liberdades fun-

abertura, isso não são palavras ocas,

normal. Mas, com o diálogo à escala

damentais. A história não faz coisas

são valores autênticos. Basta um

nacional, graças a um consenso a

más e, mesmo das menos boas, há

indicador: o que foram os fenícios?

que há que dar valor

que tirar lições positivas.

Comerciantes. Conhecem algum co-

Pelo que uniu, não pelo que divi-

Vemos aqui uma verdadeira Diplo-

merciante fechado sobre si mesmo?

de!

mata...

Quem diz comércio, diz abertura. Ou-

Justamente, isso uniu-nos e con-

Vejam o que aconteceu em 2011,

tro exemplo: o turismo. Se um país

seguimos forjar uma Constituição

com a revolução. Foi uma etapa –

de 10 milhões de habitantes recebe

verdadeiramente consensual. Não é

ninguém a previu ou preparou – uma

por ano quase 8 milhões de turistas

perfeita, e ninguém se revê integral-

convergência de circunstâncias (a

(são dados de 2009) – e lembro-me

mente, mas é uma Constituição que

corrupção da família do presidente, o

de notar, quando era embaixadora

reflecte a personalidade da Tunísia.

desemprego a subir cada vez

JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 25


Saloua Bahri

mais, as liberdades não respeitadas

perspectivas aos nossos agentes

fina, as gentes acolhedoras, sem

por alguns partidos ou tendências).

económicos, aos nossos empresá-

esquecer a cozinha mediterrânica…

Era preciso que a Tunísia passasse

rios, aos nossos povos, aos nossos

Também nós temos forte influên-

para um novo patamar… a revolução

países. A minha missão essencial é

cia da cultura árabe…

aconteceu e foi o povo que a fez.

procurar prosseguir e desenvolver as

…e Portugal tem feito um trabalho

Agora é uma nova etapa, carregada

boas relações – também entre minis-

imenso, diversificando as relações

de… imensas coisas: cheia de dificul-

tros – sobre os interesses comuns, e

e parceiros exteriores, trabalhando

dades mas também de esperança,

trabalhar sobre o económico na sua

com todos os países. Estou optimista

de perspectivas, de coisas boas. E,

dimensão mais vasta. A economia,

de que Portugal vai ultrapassar a cri-

havendo uma sociedade civil, intelec-

os investimentos, o turismo, não

se, que não é, aliás, inerente a Por-

tual e aberta, é ela que vai fazer tudo.

apenas as trocas.

tugal e à Tunísia. É uma crise geral,

A Constituição foi feita assim, os 145

O turismo português tem trabalha-

com mudanças enormes nos planos

artigos, um por um: “este é bom, este

do bem, para trazer cá os vossos

político e diplomático. Nós, diploma-

não”, foi assim, até ao fim. A Tunísia

turistas?

tas, mas também os políticos e os

é um país com 3 mil anos de história

O turismo é uma prioridade. Partici-

povos, as sociedades civis, tentamos

e de cultura. Comprova-se em toda a

pámos na última BTL (Bolsa de Tu-

gerir a situação. É um momento da

parte o rigor intelectual dos tunisinos.

rismo de Lisboa) com um stand. Os

história, uma etapa de mudanças: de

É uma revolução tranquila, per-

nossos povos são ambos de trocas e

leste a oeste, nos países árabes, no

fumada, e com essa esperança e serenidade regressamos agora a Portugal. Somos o vosso 4º ou 5º parceiro comercial. Qual a tendência actual? É uma pergunta para a embaixado-

"

sudeste asiático, em toda a parte, é um mundo em mutação.

QUANDO FAZEMOS O QUE AMAMOS,

A mundialização, fará a grande

OS RESULTADOS SÃO MUITO MELHORES

ra? (sorri). Que é que ela vos pode

"

diferença do passado? É altura de aprofundar a reflexão, para que o mundo se torne mais humanizado, mais solidário, mais

dizer? Como diplomata de carreira, o

de abertura. Não têm problemas em

tolerante, e para que partilhe as suas

que mais me importa é desenvolver,

viajar. Falta dar-lhes, agora, mais in-

riquezas por todos os países.

em primeiro lugar, as nossas rela-

formação, dinamizar o diálogo, para

Isso conduz-nos ao fim - ao Fim

ções económicas, para que estejam

que os povos se conheçam melhor.

em todos os sentidos, ao Fim

à altura das excelentes relações

É o nosso papel, fomentando reu-

como objectivo – à sua visível pai-

políticas e diplomáticas. Porque entre

niões, para os agentes económicos e

xão pela diplomacia. O que é que

a Tunísia e Portugal as relações

turísticos.

mais a apaixona, o que mais ama,

são extremamente privilegiadas:

Acha o nosso turismo bem promo-

como diplomata?

assinámos, primeiro, um acordo de

vido?

Vivo apaixonada pela minha pro-

Amizade e Boa Vizinhança, instituí-

Penso que o turismo português

fissão. É a profissão que escolhi

mos a comissão de Alto Nível entre

trabalha muito bem. Os turistas

e, quando a exerço, faço-o como

os nossos chefes de Governo, temos

querem e gostam de viajar. Há dois

uma artista…não como obrigação.

uma cooperação excelente em vários

aspectos a ter em conta: a revolução,

Amo muito o meu país! Não se

domínios. Portugal enfrentou anos

que concentrou as vontades a nível

pode comparar o amor do nosso

difíceis de crise económico-financeira

interno, e também a crise económica,

país a um outro amor qualquer.

e nós tivemos sérias dificuldades

que abrandou consideravelmente as

E acredito, mesmo, na missão do

logo após a revolução… em ambos

coisas. Mas agora, com o esforço de

diplomata. Muitos dizem que são

os países, as prioridades focaram-se

todos os operadores, tudo pode e vai

só recepções, etc… mas isso são

a nível interno. Agora que Portugal

correr cada vez melhor… já a partir

preconceitos. A missão de diplo-

faz progressos nos planos econó-

de Maio, passam a haver semanal-

mata é, por essência – e é a minha

mico e financeiro – pelos quais vos

mente 5 voos directos entre Portugal

paixão – a missão de aproximar

felicito – e que a Tunísia também

e a Tunísia – 3 da Tunisair e 2 ou 3

que, através do diálogo, nos traz a

partiu no bom caminho, damos prio-

charters. Todos os dias, portanto, vai

convicção. É a força da convicção,

ridade à diplomacia económica, na

haver voos entre Lisboa e Túnis.

da negociação, a força de aceitar o

Tunísia e em Portugal. Trabalhamos

Convido-vos a ir apreciar aquele mar

outro. Quando cheguei a Portugal,

em conjunto para darmos melhores

sempre suave, nunca frio, a areia

a 16 de Dezembro último, não

26 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014


JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 27


Saloua Bahri

"

NÃO VENHO MUDAR DE ARES, VENHO SERVIR O MEU PAÍS

conhecia ninguém… e viram a

"

sua extraordinária fachada atlântica

os nossos dois povos.

nossa recepção, três meses depois.

e um pouco de tudo o que é belo,

Desejamos-lhe as maiores felici-

Todo o nosso esforço é para unir as

nas gentes, nas coisas, na nature-

dades. E que seja por paixão, não

pessoas, políticos, parlamentares,

za. Confesso que também admirei

apenas por dever…

jornalistas, comunidade tunisina,

muito a força com que os portugue-

Acredito que quando fazemos o que

diferentes gerações. Que há de

ses viveram a crise. Bem sei que há

amamos, os resultados são muito me-

melhor que reunir as pessoas, os

situações nada confortáveis, mas

lhores. Quando é só por obrigação,

homens de negócios para que tra-

as pessoas continuam a gerir essa

tem o seu valor, mas não transporta a

balhem, as universidades para que

situação, porque há uma realidade

grande coisa. A sinceridade sente-se.

inventem, que encontrem soluções

que tem de ser vivida e vencida,

Quando falo, sente-se que sou since-

para os problemas, que tornem e

graças à capacidade de estar juntos,

ra, e tudo o que é sincero é mais forte,

vejam o mundo mais humano, utili-

na unidade que vale a pena viver,

porque investimos o que somos. Se

zando apenas a língua, mas alcan-

para ultrapassar as dificuldades.

formos desprendidos, podemos até

çando resultados extraordinários?

Tenho uma impressão muito, mui-

alcançar resultados, mas serão inevi-

Penso mesmo que é preciso largar

to positiva do vosso país e espero

tavelmente resultados sem cheiro…

as armas e voltar à diplomacia.

sinceramente que, durante a minha

Bela imagem.

De que é que está a gostar mais

missão, possa contribuir para unir os

É verdade, somos um país de

em Portugal?

nossos dois povos. Quando venho

aromas: do peixe, do jasmim, das

Em primeiro lugar, Portugal é muito

para um país, venho para trabalhar,

flores, do sol, do sal, da areia,

rico no seu povo. É um povo muito

para unir os povos, não venho por

somos um país de aromas, um

acolhedor, muito humano, muito ge-

razões pessoais. Estou muito bem no

país de…

neroso, muito simpático, e é a rique-

meu país, não venho mudar de ares.

…perfumes, um país de perfumes.

za humana que dá forma ao mundo.

Venho servir o meu país e, portanto,

E que Portugal seja, suave, a sua

Depois, é um país muito belo, com a

o meu país de acreditação e, assim,

segunda pele.

28 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014

n



DIPLOMACIA NA 1ª PESSOA

Norbert Konkoly Embaixador da Hungria, por Maria de Bragança, fotos Maria Inês Ao serviço diplomático da Hungria há 22 anos, com pós-graduação em Económicas pela Universidade de Budapeste, M.A. em Relações Internacionais pelo Instituto de Moscovo entre outras especializações em Nova York, Geneve e Viena, após ter sido Cônsul em Otava, Canada e Conselheiro em Londres veio para Portugal, há mais de três anos, ocupar o seu primeiro posto como Embaixador. Uma figura cativante que vale a pena conhecer, diz-nos que é o calor humano que lhe parece ser a característica mais marcante do povo português.

30 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014


Com a experiência que já tem

mulher em Budapeste. Ela vem cá

europeia, já que o reino húngaro foi

deste país, o que tem a dizer sobre

regularmente e faz um trabalho muito

estabelecido no ano 1000.

Portugal?

interessante na Hungria: é professora

É minha observação pessoal que a

Em primeiro lugar, quero dizer que

de história da música na Academia

alma portuguesa e a alma húngara

gosto muito de Portugal e dos portu-

de Dança em Budapeste e é uma

têm muito em comum. Nós sentimos

gueses e aprecio muito a sua simpa-

reconhecida crítica de música.

e identificamo-nos perfeitamente com

tia, afabilidade e tolerância. Gosto de

Já que tocou em música o que me

os três “F” mais poderosos da língua

tudo o que todos os outros Embai-

diz do Fado?

portuguesa: Fátima, Futebol e … o

xadores gostam: o sol, o fantástico

Gostamos muito de fado. Encontrei

FMI. (sorrisos)

clima, o mar e as praias, o património

pequeninas casas de fado onde vou

Em Fátima as famílias húngaras no

arquitectónico ímpar, a natureza

com os meus amigos que chegam

exílio, depois da 2ª guerra mundial,

maravilhosa, mas para mim o melhor

da Hungria e todos gostam muito,

construíram um Calvário, a Via Sacra

de Portugal é mesmo o calor humano

vou várias vezes à Casa da Mariqui-

de Fátima que termina na capela de

da sua gente. A aceitação tranquila

nhas, da Maria João Quadros. Nós

Sto. Estevão, dedicada ao nosso pri-

do diferente, a inexistência do racis-

na Hungria também temos canções

meiro Rei, onde encontramos todos

mo e da exclusão são valores que

populares muito sentidas e tristes.

os santos húngaros. O Calvário este

marcam muito a vida social de Lisboa

Sinto que a proximidade entre a alma

ano celebra 50 anos de existência.

e de Portugal em geral. Estou aqui

portuguesa e a húngara também se

Uma das coisas de que gostei muito

há mais de três anos e desde o início

reflecte na forma como apreciamos

de fazer foi ir a pé a Fátima em Maio

que tenho procurado conhecer por

e entendemos a música, os sabores

passado. Éramos uns quinze que

dentro a vida e a cultura deste país, entendendo e, tanto quanto possível, partilhando as referências e paixões deste povo que tão bem me acolheu. Por exemplo: todos os sábados jogo futebol no Grupo Desportivo do Linhó,

"

caminhámos 80 quilómetros durante

TRÊS PALAVRAS COMUNS, DUAS ALMAS SEMELHANTES E UMA MALDIÇÃO

num campo de futebol que um grupo

"

3 dias. Todas as pessoas recebiam os peregrinos com abertura. Foi uma coisa fantástica! Três dias a caminhar! Há uma saudação diferente entre os peregrinos. Não dizem bom dia, boa tarde ou boa noite… dizem:

de amigos (homens de negócios,

e a cultura de ambos e, quanto aos

Boa caminhada! Fátima, cheia de

advogados, banqueiros etc.) arran-

sabores, devo dizer-lhe que há mes-

espiritualidade, deu-me a conhecer

jou há mais de 20 anos, tratando do

mo uma afinidade gastronómica. Os

melhor este país e a sua gente de

excelente relvado, drenagem e tudo o

pastéis de nata, bem como os vinhos

que gosto tanto.

que é necessário para a manutenção

portugueses, têm feito um enorme

E o futebol?

de um campo de futebol. Fica perto

sucesso na Hungria e o chefe de

Portugal e a Hungria partilham as

da prisão do Linhó e às vezes convi-

cozinha do melhor restaurante de Bu-

mesmas emoções e a mesma paixão

damos outras equipas para jogarem,

dapeste é português, o Chefe Vieira.

pelo futebol. Anos atrás a Hungria ex-

uma vez desafiámos os guardas para

Por outro lado, os nossos convidados

portava bons jogadores e treinadores

jogarem connosco. Para os presos

portugueses apreciam muito a sopa

para Portugal e hoje é Portugal que

oferecemos roupa e fazemos o que

“Gulyás”e o bolo “Dobos”. Desde o

exporta para a Hungria.

podemos. Como gosto muito do mar,

ano passado já se pode provar em

Quando cheguei, fui visitar o Benfica

faço surf em Carcavelos com outro

Portugal a excelente doçaria húnga-

onde me receberam calorosamen-

grupo de amigos. Não sou grande

ra, na pastelaria “Choco & Mousse”,

te, mostrando-me as instalações,

profissional, tento surfar em ondas

na Parede.

o relvado etc., mas disseram-me:

amigáveis porque como tenho três

A Hungria tem muitas semelhanças

“nós aqui temos um problema. É que

filhos não posso arriscar a Nazaré

com Portugal. A área geográfica e

trabalhou, nos anos sessenta, um

com ondas de 30 metros.

a população são idênticas, temos

treinador Húngaro, o Béla Guttmann,

Fale-me deles, da Sua Família. Está

igualmente 10 milhões de habitantes

que ganhou tudo para o Benfica.

em Portugal?

dentro do país e mais 4 a 5 milhões

Dizem que ele era um feiticeiro. Con-

Tenho um filho com 20 anos na uni-

em diáspora. Tal como Portugal, a

quistou duas Taças dos Campeões

versidade em Budapeste, outro com

Hungria tem uma longa história e

Europeus e numa das finais, estando

16 anos na secundária e uma filha

uma cultura rica. Tem mais de mil

a perder por 0 a 3 com o Real Madrid

de 15 anos que estão com a minha

anos de existência como nação

(golos, aliás, marcados por um

JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 31


Norbert Konkoly

outro húngaro, Puskás), conseguiu

Benfica ganhou aos holandeses!

tar os impostos, optou por baixá-los.

animar os jogadores de tal forma que

Dos três F já os falou em Fátima e

Cortou o IRS (hoje é de 16%) e o IRC

o Benfica acabou por ganhar por 5 a

no Futebol e agora o que nos diz

pela metade, baixou o custo da ener-

3. Mas ao sair do clube, o feiticeiro

sobre o FMI?

gia apoiando assim a classe média.

deixou uma maldição: “o Benfica,

Esta terceira palavra está cheia de

Há três anos consecutivos, o défice

sem mim, não voltará a ganhar

tristeza e melancolia. A Hungria

mantêm-se abaixo dos 3%. Em 2012

uma única taça europeia durante os próximos 100 anos!” Entretanto já passaram 52 anos e o Benfica jogou várias finais sem nunca ter conseguido ganhar. Eu sugeri então erguer uma estátua a esse treinador para trazer Béla Guttmann de volta

"

livrámo-nos do FMI e agora somos fi-

JÁ PODEMOS DIZER

QUE BÉLA GUTTMANN VOLTOU AO ESTÁDIO DA LUZ

"

nanciados pelos mercados. Os eleitores húngaros gostaram desta política e reelegeram o Governo de Centro Direita em Abril deste ano repetindo os dois terços de maioria. As pessoas gostam de pagar menos…

ao Estádio da Luz e assim quebrar

também tem a sua história com o

Como estão as relações bilaterais?

a maldição. No dia 28 de Fevereiro

FMI. Depois de uma década de má

Este ano é o ano das comemorações.

deste ano inaugurámos a estátua

governação económica, em 2008 a

Comemoramos o 40.º aniversário do

realizada por um escultor Húngaro.

Hungria ficou à beira da bancarrota e

estabelecimento das relações diplo-

Na entrada 18 do Estádio, lá está o

foi resgatada pelo FMI e pela União

máticas entre Portugal e a Hungria, o

Béla Guttmann com as duas taças

Europeia. Em 2010 chegou o novo

25.º aniversário da queda da cortina

que ganhou nos braços e agora já

Governo e começou a luta contra o

de ferro em que os Húngaros tiveram

podemos dizer que o treinador voltou

endividamento, optando por um cami-

um papel importante de pioneiros, o

ao estádio da Luz! Ontem (sorriu) o

nho mais criativo. Em vez de aumen-

15.º aniversário da nossa entrada

32 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014


na OTAN e o 10.º aniversário de

lugar no CCB um evento musical mui-

siástica nos meios intelectuais. Os

nos tornarmos membros da EU.

to interessante: um concerto de um

romances de José Saramago foram

O volume de negócios do comércio

grupo de músicos húngaros ciganos

traduzidas para húngaro quase na

bilateral é de 400 milhões de Euros.

que criam uma fusão entre a música

sua totalidade.

Em muitas áreas temos produtos

popular tradicional dos povos da Eu-

Por outro lado, a literatura húngara,

complementares e com fortes acor-

ropa Central e o Jazz, com a ajuda de

com uma presença regular embora

dos nos ajudamos mutuamente. Nos

um instrumento muito especial que

algo discreta no mercado português,

orgulhamos da presença de uma grande multinacional farmacêutica, o Gedeon Richter. Na esfera política lutamos juntos em Bruxelas como bons aliados, colaborando em vários assuntos, por exemplo, dentro do do grupo Amigos de Coesão e pelo reforço da PAC etc. Os países da nossa dimensão têm que colaborar

nos últimos anos tem conhecido, através das traduções das obras de

"

PARA NOS LIVRARMOS DO FMI

OPTÁMOS POR BAIXAR OS IMPOSTOS PELA METADE.

"

Imre Kertész, prémio Nobel de literatura em 2002, e de Sándor Márai, um sucesso fora do comum. Aproveito para dizer que na Universidade de Budapeste funciona, desde 1977, um departamento de Filologia Portuguesa e que várias universidades ofere-

estreitamente para representarem os

é o cimbalom. Na literatura, existem

cem programas de língua e cultura

seus interesses com sucesso. Temos

também muitos pontos de contacto

portuguesa. Em Portugal existem

muito orgulho em que o Cônsul Geral

entre nós. Na Hungria, a primeira

cursos de língua húngara na Univer-

Honorário da Hungria seja o Comen-

referência importante foram os Lusía-

sidade Nova.

dador Américo Amorim.

das, cuja primeira tradução apareceu

Pode deixar-nos uma mensagem

Consideramos Portugal um bom

há mais de duzentos anos. Tanto a

para o futuro dos portugueses?

exemplo a nível de novas tecnologias

obra como a figura do poeta gozaram

Aprecio muito o esforço dos portu-

e estamos interessados no modelo

de uma popularidade significativa

gueses durante estes 4 anos em

português para implantarmos na

entre os húngaros, tendo sido forças

que tenho observado este país e

Hungria o cartão do cidadão e a loja

inspiradoras para os intelectuais hún-

este povo. Creia que fiquei com um

do cidadão; estas boas práticas são

garos ao longo do século XIX. Eça de

grande respeito pelos portugueses.

realmente vantajosas e gostaríamos

Queirós, publicado pela primeira vez

Sinto que Portugal está destinado ao

de utilizar esses modelos na Hungria.

em húngaro em finais do século XIX,

sucesso! Acho que esta gente com

Ao longo da história, os dois países

e Fernando Pessoa tiveram, a partir

esta atitude está mesmo destinada

foram pioneiros. Portugal com os

dos anos ’60 uma recepção entu-

ao sucesso!

n

descobrimentos que mudaram o mundo e a Hungria com as grandes invenções que mudaram o quotidiano (vitamina C, holograma, fósforos, etc.). Temos tido relações excelentes com relacionamentos entre casas reais e Luís de Camões, no canto III, verso 25, fala-nos da (fictícia) origem húngara da 1.ª dinastia portuguesa: Destes Anrique, dizem que segundo Filho de um Rei da Hungria experimentado, Portugal houve em sorte…”. O passado e a cultura são muito importantes para a construção do futuro. Gostamos mutuamente das nossas músicas. Os grandes cantores de fado são uma presença constante nos palcos húngaros e os músicos húngaros também têm vindo a Portugal. No dia 30 de Maio terá

JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 33


DIPLOMACIA NA 1ª PESSOA

Hussain Sinjari

por Maria de Bragança, com J.U. Tavares-Rodrigues, fotos de Maria Inês

Embaixador do Iraque em Portugal "Tolerancy para a paz" "Tem que haver separação entre a religião e o estado" Fundou, em 2007, a Tolerancy International, convicto de que o ódio, entre pessoas e países, pode ser vencido pela compaixão, devidamente organizada. Curdo, 65 anos, doutorado em Literaturas Comparadas, em Essex, Reino Unido, o Embaixador do Iraque em Lisboa aposta no respeito pelas minorias, por todos, por cada um. Casado, pai de uma menina, fluente em seis Línguas, este Homem de Babel, orgulha-se da Terra de Abraão, confiante de que a paz e a prosperidade voltarão a reinar no “mosaico” iraquiano e no Médio-Oriente. Como? Com boa educação! E uma corajosa Jihad de Tolerancy... www.tolerancy.org, keep on site. ➤

34 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014


Porquê e para quê em Portugal?

“Terras Negras de bem. Porquê

esse ramo de flores, que deveria

Estou aqui porque sou o embaixa-

negro? Porque estava de tal modo

ser fonte de poder e de frescura,

dor do Iraque. Quando era estu-

coberto de floresta, principalmen-

tornou-se, devido aos extremis-

dante, em Londres, vim cá como

te palmeiras, que visto de longe

tas do fundamentalismo islâmico,

turista e gostei do país, achei-o

era muito escuro. Mas o Iraque

um ponto de fraqueza, porque

lindo. Quando fui nomeado Embai-

é também um país de diferentes

as pessoas se viraram umas

xador, referi ao primeiro-ministro e

climas, de linguagens diversas…o

contra as outras, o que é verda-

ao ministro dos Negócios Estran-

Iraque é um mosaico! Há árabes

deiramente catastrófico. Quando,

geiros que, se pudesse, escolhe-

(chitas e sunitas, que são diferen-

nesta diversidade, as pessoas se

ria Portugal. “Óptimo”, disseram

tes), há cristãos – e entre estes há

voltam umas contra as outras, há

eles, e aqui estou. Porque é um

assírios, caldeus, sírios, arménios

violência, banhos de sangue. Não

país lindo. E não falo das belezas

– é também onde viviam muitos

há estabilidade, e quando não há

naturais, do bom tempo, da boa

judeus até 1948, antes da criação

estabilidade não há progresso,

comida; falo de gente simpática,

do estado de Israel, para onde fo-

não há desenvolvimento, não há

mesmo muito simpática, como

ram; e há turcomanos. Há muitas

investimento. O Iraque é um país

a senhora, gente amiga. Quero,

expressões de fé diferentes, em

muito rico. No ano passado, o PIB

mesmo, estar aqui.

diferentes locais. E no norte, de

rondou as 150 dezenas de biliões

Sabemos que chegou há três

onde venho, há o povo curdo, que

de dólares. É muito dinheiro!

anos. Quando nos vai deixar?

fala uma língua própria, que nada

Grande parte vem do petróleo (a

É natural partirmos. Mas, prova-

tem que ver com o árabe. O curdo

segunda maior reserva mundial),

velmente, ficarei ainda este ano.

é uma Língua indo-germânica, o

mas o Iraque é também muito

Habitualmente, os Embaixadores

rico pela sua agricultura (as suas

e os diplomatas queixam-se de

tâmaras são famosas), nas mar-

qualquer coisa, mas aqui não. Todos gostam imenso e sentem que é um privilégio estar em Portugal. Aliás, conheço muitos diplomatas que, depois de reformados, vêm viver para cá. Especialmente dos

"

gens férteis dos dois rios, e pelo

O IRAQUE É UM GRANDE MOSAICO, UM BOUQUET DE FLORES DIFERENTES.

países do norte da Europa, mas não só por causa do sol e porque

"

turismo: todos os anos, o Iraque recebe cerca de quatro milhões de turistas. É turismo religioso, como Fátima. Vêm pessoas de toda a parte para visitar os numerosos santuários do Iraque, lugares sagrados dedicados a santos, cali-

as pessoas são calorosas. Ainda

árabe é semítico. São tão diferen-

fas, líderes religiosos. Não apenas

ontem, uma pessoa minha ami-

tes como chinês e português! Em

no sul, mas também na bíblica

ga comprou casa em Cascais.

Janeiro, por exemplo, enquanto as

Nínive. Abraão, pai da humanida-

Eu próprio tenho familiares, dois

montanhas do Curdistão se ves-

de, era do Iraque, caldeu, de Ur.

primos, que já compraram pro-

tem de branco, cobertas de neve,

Esta é a terra de Abraão.

priedades em Portugal. E agora

em Basorá, no sul, fervilha gente

A quando remontam as relações

(ainda) é mais atraente, por causa

de T-shirt. E também temos deser-

diplomáticas entre o Iraque e

do “golden visa”…

to no Iraque, nas imensas regiões

Portugal? Acordos e Alianças?

Fale-nos agora do seu país e do

de fronteira, com a Arábia Saudi-

As relações diplomáticas iniciaram

seu percurso…

ta, com a Síria, com a Jordânia. É

em 1984, mas temos contactos

Venho do Iraque. Sei que leram

o Sahara, alguns beduínos, alguns

desde o início da década de 80.

história e, nos livros, o Iraque é

oásis… Estamos, portanto, a falar

Em 1982, o Iraque comprou esta

conhecido como berço da civili-

do Iraque como de um mosaico. O

casa. (um palacete, na Lapa, resi-

zação. Mesopotâmia, a terra do

meu presidente, o presidente Jalal

dência de um empresário e finan-

Tigre e do Eufrates. Babilónia,

Talabani diz que o Iraque é um

ceiro português, antes da “revolu-

no primeiro país que fez leis, o

ramo de flores, um bouquet de flo-

ção de Abril” – nota da redacção).

Código de Hamurabi. Em tem-

res diferentes, de cores diversas…

Também nós, portugueses,

pos, nas margens dos dois rios

Mas do mesmo jardim?

descobrimos grande parte do

era só floresta e uma terra boa. Em árabe, o Iraque era chamado

Sim, e isso torna o Iraque lindo. Porém, e lamento ter de dizê-lo,

mundo, no século XVI, e quando falamos de crise, os novos-ricos

JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 35


Hussain Sinjari

não entendem que a história

Médio-Oriente, especialmente os

-Oriente é muito mais forte do que

nos grita, como desconhecem o

países muçulmanos, precisa disto:

era na Europa 300 anos atrás.

caleidoscópio que somos, por-

porque os focos de terrorismo, os

Mas a história demonstra que

tugueses e Portugal, uma espé-

fundamentalistas, são incapazes

essa separação é boa para ambas

cie de Arca de Noé, na cultura,

de aceitar os outros; pensam que

as partes.

na natureza, no povo, um pouco

a sua fé está certa e que, assim

E não passa, entre outros requi-

de Tudo, na devida escala. E o

sendo, os outros não têm direito

sitos, por uma nova constitui-

seu Iraque?... mosaico de civili-

a estar errados, nem sequer a

ção?

zações, de povos, de culturas…

existir… ora, nós respeitamos até

A religião tem as suas leis, mas

a guerra é uma pena…

os não crentes, que não têm ou

não podemos seguir, à letra,

É. Guerra é destruição. Lamento

professam qualquer religião.

disposições inscritas nos livros

imenso…

Há mais radicais chitas ou suni-

há 1600 anos. Temos, isso sim,

O que é que pensa que pode, e

tas?

que interpretar o livro de acordo

deve, ser feito?

com novas circunstâncias, novas

As pessoas têm que chegar à

realidades .

compreensão de que ser diferente não é uma ameaça. A aceitação do outro é fundamental! Foi por isso que criei uma organização, uma fundação, chamada Toleran-

"

TOLERANCY É O PRIMADO DO QUE NOS UNE, NO RESPEITO PELO OUTRO.

"

cy Internacional. Visitem o site (www.tolerancy.org). Não existe

Quais os meios e as etapas para, paradoxalmente, impor a Tolerancy? Há muitos discursos de ódio, na religião. Designadamente, televisões por satélite controladas por extremistas, difundem à sexta–

tal palavra em inglês: tolerancy,

Há radicais dos dois lados mas, se

feira, aos milhões, discursos de

em vez de tolerance. Tolerance,

se refere à Al Qaeda, são sunitas.

líderes religiosos, os mullah, que

se eu for judeu e você muçulma-

Pensa que o desenvolvimento

incitam ao ódio entre chitas e

no, ou vice-versa, quer dizer que

prático da Tolerancy pode ser

sunitas, contra cristãos, judeus,

o tolero, digo que está errado mas

desenvolvido entre países, no

contra não-crentes, contra todos

digo que não faz mal, ninguém se

Médio-Oriente, havendo regimes

os que forem diferentes. Isto tem

preocupa… tolerancy é um con-

fortes em polos opostos e apa-

que acabar! E penso que temos

ceito essencialmente diferente.

rentemente inconciliáveis?

que começar pelas crianças, na

Na minha concepção, significa e

Penso que a religião deve ser

escola primária. Em vez de aí

implica a aceitação do outro, do

separada do estado. Devia haver

ensinarmos textos religiosos, as

que é diferente. É o primado do

direito a adorar qualquer Deus, a

crianças devem ser ensinadas a

que nos une, para além do que é

ir, ou não, adorar à igreja, à mes-

respeitar, educadas nos princípios

diverso…

quita, a qualquer templo: liberda-

da Tolerancy, no respeito pelo

Respeito activo? Um conceito

de de religião

outro, pela diferença, também de

ecuménico?

e liberdade de expressão, não

grupos étnicos.

Branco, preto, cristão, curdo, mu-

violamos os direitos das outras

Qual a flor do seu jardim?

çulmano, judeu… aceitarmo-nos

pessoas. Somos livres.

Lembro-me que, quando era pe-

todos uns aos outros. Quando isto

Acredita que no Islão, hoje, com

queno, era discriminado por ser

suceder, a paz instala-se. Tam-

o calor e a temperatura da fé

curdo. Inaceitável! O ensino era

bém, como diplomata, entendo

– mas também com a letra das

islâmico. Havia cristãos, pessoas

que os países devem aceitar-se

escrituras – é possível separar

que eram excluídas por “não

uns aos outros, devem aceitar os

os poderes?

serem boas”. Esta religião era

interesses dos outros, sem vio-

Acredito que a separação de

ensinada, a dos outros não. Isto é

lações. Assim poderá nascer a

poderes é possível, não é contra

discriminação. Quando fui para a

paz entre pessoas de etnias e fés

o Islão, é boa para o Islão e é boa

escola, fui ensinado em arábico,

diversas, e também entre países.

para os crentes. Não digo que

porque a minha língua era proi-

Por agora estou aqui, mas a orga-

imitemos experiências ou modelos

bida, o curdo era proibido. Isto

nização está no Iraque, trabalhan-

de desenvolvimento europeus.

é ódio, é discriminação. Quando

do diariamente para a paz. Todo o

Actualmente, a religião no Médio-

discriminamos odiamos!

36 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014

,liberdade de fé


E fazemos com que os outros

de compaixão, de amor pela

por causa das comunicações e

nos odeiem. Temos, portanto, que

humanidade, de paz. Por exemplo,

das televisões por satélite. Jesus

começar pela escola e, pelo ensi-

quando duas pessoas se encon-

Cristo tinha que ir de aldeia em

no, poderemos também educar os

tram, uma diz “salaam alikum

aldeia, de grupo em grupo… Hoje,

pais. Mais: com as televisões por

que significa “a paz esteja contigo”

com os meios actuais, podemos

satélite poderemos chegar a toda

– ao que a outra responde “sa-

alcançar milhões num segundo,

a gente, incluindo os pregado-

laam wa rahmat allah , ou seja “a

centenas de milhão…

res das sextas-feiras, os mullah.

paz e a compaixão de Alá(Deus)

Terá que haver leis e educação,

Temos que ensiná-los a respeitar

estejam contigo!” São estas as pa-

com a proibição de certas trans-

o respeito, a pregar, com respeito,

lavras de uma saudação. A paz é

missões, das transmissões violen-

o amor e não o ódio, para que não

a primeira palavra de uma sauda-

tas. As pessoas têm cabeça para

nos viremos uns contra os outros.

ção, a paz tem que vir em primeiro

pensar. Se lhes explicam que é no

Há dois mil anos, Jesus Cristo

lugar com a paixão e compaixão

seu interesse ter estabilidade, ter

pregou o Amor em vez do ódio.

do próximo e a solidariedade. A fé

paz, isso é bom. Se lhes explicar-

Podia ser hoje, no Iraque?

não pode ser a força .

mos que gastamos em violência

No Islão, com 1600 anos, pode-

É uma operação a médio, longo

e guerras a riqueza nacional, em

mos encontrar versículos belíssi-

prazo?

vez de investi-la no bem-estar da

mos do Corão, falando de paixão,

Não penso que leve tanto tempo,

população, as pessoas vão

JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 37


Hussain Sinjari

perceber… O necessário é expli-

ouvidos, seguem-nos. Não deve-

a Jihad no Islão, a “guerra santa”,

car e ensinar!

mos excluí-los, mas incluí-los e

pode ser interpretada e vivida num

Em política, uma mudança pode

dizer-lhes que, de forma diferente,

sentido muito destrutivo ou, antes,

mudar tudo. Onde está o exem-

cada um de nós tem o seu papel

de modo muito positivo. Jihad

plo, a força do exemplo?

mas todos trabalhamos para um

significa que lutamos contra o

A religião é forte, muito forte no

mesmo objectivo: a felicidade dos

lado negativo, dentro de cada um

Médio-Oriente. Os líderes reli-

Homens.

de nós, não que devamos partir,

giosos têm que desempenhar um

Acredita, mesmo, que os

e matar, os que não concordam

papel importante, não devemos

mullah vão abraçar esse desa-

connosco, temos miolos, temos

excluí-los, precipitadamente, em

fio?

cabeça para interpretá-los num

nome da separação de poderes.

Acredito que sim. Eu próprio tenho

sentido positivo.

Temos que trazê-los, incluí-los na

experiência dessa possibilidade:

Um código de conduta, um

mudança, transferindo e capita-

já vi que muitos líderes religio-

apostolado?

lizando a sua influência e capa-

sos são homens de boa-vontade

Jihad é aprender, é ajudar as pes-

cidade de persuasão, para bem

e estão dispostos a colaborar.

soas, os necessitados, os fracos,

da população. Os líderes religio-

Porque eles conhecem, de cor,

Jihad é defender a Justiça na

sos são muito respeitados. As

os versículos que nos falam de

sociedade, a igualdade de oportu-

pessoas escutam-nos, dão-lhes

paixão e compaixão. Por exemplo,

nidades. É esta a minha Jihad!

38 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014


Eis como uma entrevista di-

as pós-graduações, do melhor

biente, água potável, pavimenta-

plomática se converte num diá-

nível internacional, são lecionadas

ção de ruas, limpeza, arquitectura

logo sobre a mudança, para a

em língua inglesa. Tenho falado

urbana, parques, jardins...

mudança. Quando nasceu a sua

cada vez mais regularmente com

É difícil não recordar “o fiel

Tolerancy? Está concentrada

responsáveis das universidades

jardineiro” de John Le Carré…

no Médio Oriente?

do Algarve, de Coimbra, de Avei-

Outras flores, outro jardim…

Fundei a organização em 2007,

ro, do Porto e do Instituto Superior

Está optimista sobre o futuro do

concentrada no Médio-Oriente ,

Técnico, encorajando-os a receber

Iraque?

Alguns dos meus amigos observa-

estudantes iraquianos. Quando

Estou, mas gostaria ainda de

ram que há boas perspectivas de

cheguei, há três anos, não havia

acrescentar que, na agricultu-

apresentarmos a Tolerancy cultu-

cá um único aluno do Iraque; ago-

ra, poderemos também cultivar,

ral nas mesquitas e entre a comu-

ra já são nove. Devagar, devagari-

para colher, uma excelente área

nidade muçulmana aqui.

nho, estamos a caminhar…

de cooperação entre os nossos

Como um regresso, ao espe-

Além do dinheiro, a vinda dos

países. Pode ser muito frutuosa a

lho, ao coração dos templários:

estudantes pode ser importante

vossa experiência em engenharia

dois cavaleiros sobre a mesma

para mudar mentalidades?

agrária.

montada, levando e trazen-

Justamente! Com esses cursos,

Cultura e agricultura, ambas pe-

do sabedoria e comunhão, do

não falo apenas das mais-valias

dem sementes e tempo, apren-

cristianismo ao islão, do cristão

dem a dar-lhes valor… E que

ao muçulmano… para além das

mais vai ser?

aparências? Na Europa estão a crescer perigosamente tendências e movimentos contra quem vem de fora, contra pretos, árabes, contra os emigrantes de uma forma geral. E registam-se também novas, mas

"

Podemos fazer, juntos, muitas

TEMOS QUE COMEÇAR PELA ESCOLA EDUCANDO TAMBÉM OS PAIS

"

não menos agressivas, formas de anti-semitismo…

coisas boas. Quando aqui cheguei, quase não havia portugueses no Iraque. Agora, já concedemos 200 vistos e há 20 a 25 portugueses a trabalhar e viver no Iraque. É um começo. É claro que, não fora a insegurança, seriam muitos mais. Até porque

Concretamente, em Portugal, o

académicas, falo de aculturação,

algumas regiões do Iraque são

que é que pode melhorar nas

de abertura dos olhos, de conhe-

seguras: o Curdistão é muito se-

relações com o Iraque?

cimento da vossa cultura, dos vos-

guro, Basorá é Najaf é segura,

Penso que o meu bom país pode

sos gostos, do vosso vinho, tudo

há muitas zonas seguras.

ajudar muito. No Iraque temos

isso é bom. Depois vem o word of

Sente-se a sua paixão pelo Ira-

muito dinheiro, produzimos petró-

mouth, o passa-palavra: não é só

que, o orgulho na terra-mãe, a

leo, temos muita liquidez; Portu-

um estudante que vem amadure-

nostalgia de uma grande nação.

gal tem falta de liquidez. Como

cer; é a mãe que vem visitá-lo no

Mas a imagem, por focar, é de

trazer então para cá a liquidez

ano seguinte, é o pai, os amigos,

guerra, de instabilidade, de pós-

do Iraque? E é bom frisar que

as irmãs… todos trazem dinheiro,

-Saddam…

não doamos, fazemos, juntos,

instalam-se em hotéis, apreciam

Trinta anos de ditadura, de guer-

bons negócios. Começando, mais

restaurantes, compram presentes

ras internas e externas! Estamos,

uma vez, pelo ensino! No Iraque,

e recordações…é gradualmente

ainda, numa fase de transforma-

enviamos os nossos licenciados,

e de forma sustentável, um muito

ção…

e são muitos, para o estrangeiro,

bom campus de cooperação entre

Acredita que voltará a ver o

para pós-graduações, mestrados

o Iraque e Portugal. Graças, mais

“Grande Iraque”?

e doutoramentos. É mais de um

uma vez, à educação.

Tenho a certeza! O Iraque vai

bilião de dólares, por ano, em bol-

O Senhor Embaixador foi minis-

reerguer-se e tornar-se um bom

sas de estudo. Ora, por cada es-

tro, em fins dos anos 90. De que

país, respeitador dos direitos

tudante para o Reino Unido, que

pasta?

fundamentais, investindo e distri-

é muito caro, podemos enviar três

Das Municipalidades e Turismo.

buindo a riqueza nacional para o

para Portugal. Para mais, aqui,

Tudo o que dizia respeito ao am-

bem-estar do seu povo.

n➤

JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 39


Hussain Sinjari

Emel Sinjari Embaixatriz do Iraque

A Embaixatriz do Iraque, Srª Emel Sinjari é natural da cidade de Sinjar, uma região montanhosa perto da fronteira com a Síria. Conheceu o seu marido por intermédio de elementos da sua família sendo fruto do casal uma menina, de nome Stera, hoje com cinco anos. Nas suas palavras, o papel de Embaixatriz é uma honra muito importante que lhe possibilitou «conhecer outros países e outras culturas e participar em eventos sociais que permitem ajudar pessoas com necessidades». Estando cá

"

SINTO-ME MUITO BEM E TODOS OS LUGARES QUE

CONHECI SÃO MUITO AGRADÁVEIS E COM UM CLIMA PERFEITO

"

em Portugal há já quatro anos,

a Srª Sinjari diz-nos ter a melhor opinião possível sobre o nosso país. «Nunca me senti como uma estranha.», adiantou-nos. Chama também à atenção para a segurança, hospitalidade e simpatia do nosso povo e país. E conclui. «Sinto-me muito bem e todos os lugares que conheci são muito agradáveis e com um clima perfeito».

n

40 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014



DIPLOMACIA NA 1ª PESSOA

Benito Andión, Embaixador do México,

por Maria de Bragança, fotos Maria Inês

“Estou confiante que Portugal não só irá regressar aos bons tempos que teve, como irá más arriba, más adelante!” Condecorado pelos governos de França, Espanha, Suécia, Honduras e El Salvador, e tendo completado 38 anos ao serviço do Ministério dos Negócios Estrangeiros, o Embaixador Benito Andión falou-nos da cultura mexicana e do seu grande empenho no desenvolvimento das relações económicas e comerciais entre o México e Portugal.

42 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014


Como chegou a Portugal?

há uma grande vontade de coo-

empregos e há possibilidade de

Nasci e vivi no belo Porto de

perar. Desde o 1º Ministro aos Mi-

gerarem muitos mais.

Acapulco, depois mudei-me para

nistros, à Assembleia , todos nos

A propósito, as trocas comer-

a cidade do México onde estudei e

escutam e estão dispostos a ter

ciais entre o México e Portugal

formei-me em Direito pela Univer-

relações para a cooperação entre

começaram há pouco tempo?

sidade de La Salle. Em 1976 entrei

os dois países e isso facilita muito.

Mais ou menos… nos últimos 10

no Ministério Negócios Estrangei-

Com Portugal nunca tive nenhum

anos dobrámos as relações co-

ros onde desempenhei funções

problema nas diferenças; não so-

merciais, umas cem vezes. Hoje

em 10 países: Japão, India, Qué-

mos concorrentes mas somos eco-

em dia temos um comércio apro-

nia, Suécia, El Salvador, Milão,

nomias complementares. México é

ximado de uns 600 milhões de

Miami, e como Embaixador em El

20 vezes maior do que Portugal e

euros. Compramos mais a Portu-

Salvador, Honduras e Jamaica,

toda a população de Portugal cabe

gal do que vendemos. Sobretudo

E como Embaixador?

na cidade do México e ainda sobra

desde 2008 com a crise, baixaram

Fui Chefe de Missão em Miami e

para outro Portugal, porque só a

as compras de Portugal mas o Mé-

Milão, como Cônsul Geral - que

Cidade do México tem 23 milhões

xico aumentou as suas compras

no México é o mesmo cargo - e

de habitantes. Mas não há dúvida

e a balança de pagamentos está

estive como Embaixador em El

que temos relações excelentes e

favorável a Portugal, digamos que

Salvador, Honduras, Jamaica e

creio que podemos avançar muito

é, mais ou menos, um 2 a 1.

agora em Portugal. Isto sempre voltando a prestar serviço no Ministério do meu país, como é usual nos diplomatas, tendo sido Coordenador sobre Segurança Internacional para a América do Norte, Director para a América do Sul e Subdirector para a Europa Ocidental. Estou em Portugal com a minha

Somos o 3º sócio comercial de

"

Portugal na América Latina, por-

PORTUGAL É SEM DÚVIDA UM LUGAR

que a Venezuela, o ano passado

MARAVILHOSO A COMEÇAR PELOS PORTUGUESES QUE CREIO QUE É A MAIOR JÓIA QUE ESTE

mercadoria, o México, é o princi-

mulher e tenho quatro filhos já

PAÍS TEM

crescidos que andam pelo mundo a estudar e a trabalhar…

"

vendeu mais petróleo, mas em pal sócio de Portugal, depois do Brasil. No ano passado o 1º Ministro e o Ministro dos Negócios Estrangeiros visitaram o México e terá sido porque a balança de pagamentos cresceu particularmente nestes últimos anos, antes era muito

Com uma experiencia de vida

mais.

tão rica , o que me pode dizer

Quanto à Europa, o México é

sobre a Europa e Portugal?

o país da América Latina mais

portuguesas , calculamos que se-

Na Europa estive num triângulo mui-

próximo da Europa, tendo um

rão umas 35. Desde a Mota Engil

to interessante: na Suécia, em Milão

acordo de livre comércio mais

que tem uns 7 projectos em cons-

e agora em Lisboa, portanto tenho

amplo do que qualquer outro país

trução , a Ecochoice de energias

uma visão de três pontos de vista

do mundo. Com a U.E. temos

renováveis, a Martifer que termi-

diferentes, mas Portugal é sem dúvi-

colaboração e cooperação, par-

nou a fábrica fotovoltaica maior

da um lugar maravilhoso a começar

lamentar, em matéria de direitos

da América Latina e vai construir

pelos portugueses que creio que é a

humanos, em instâncias jurídicas

outra fábrica, a Colep que acaba

maior jóia que este país tem.

e investimentos comerciais. Há

de comprar uma fábrica no Méxi-

E o sol?

relações muito próximas com a

co, as empresas de componentes

Sol existe em muitos países… há

Europa e particularmente no caso

de automóveis de Leiria… a Volvo

quem diga que a cozinha é mui-

de Portugal é nos últimos anos

de Portugal está no México e creio

to boa, a música, o fado, gosto

que temos reforçado as nossas re-

que é a maior empresa portugue-

muitíssimo até tenho uma guitarra

lações. Quando aqui cheguei não

sa do México, a EDP Renováveis

portuguesa e vou ter lições, mas

havia empresas mexicanas em

assinou recentemente um contrato

sobretudo as gentes e a facilidade

Portugal, a não ser a Kidzania.

para construir um parque eólico de

para uma embaixada trabalhar, as

Hoje temos a Nobre ou a Bimbo e

180 mega watts (MW) de energia

instituições são muito receptivas,

a Avanza que têm gerado muitos

elétrica, etc.

limitada, agora com a presença no México de muito mais empresas

JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 43


Benito Andión

O México que é uma beleza

quando vêm à Galiza ver a famí-

na. Podem ver-se na Cidade do

aposta muito no turismo?

lia é que baixam a Portugal. Em

México as pessoas vestidas com

Sim, claro. O turismo é uma das

contrapartida, apesar da crise que

os trajes do seu povo a vender

principais fontes de divisas, mas

surgiu em 2008, o turismo dos

artesanato, etc.

a primeira fonte de divisas são as

portugueses manteve-se em 40/

Relações Diplomáticas com Por-

exportações de manufacturas e

35mil visitas ao México, penso que

tugal. Quando o início?

somos também o 4º exportador

os operadores têm pacotes muito

O primeiro Embaixador chegou

mundial de automóveis.

interessantes.

a 20 de Outubro de 1864. O que

Que marcas?

O turismo cultural… as civili-

quer dizer que este ano cumpri-

Praticamente todas. Inclusive

zações Maia, Azteca e tantas

mos 150 anos de relações diplo-

a única fábrica da Audi fora da

outras…

máticas.

Alemanha está no México. Volks-

O México está a fazer algo para

Aqui na embaixada temos uma

wagen, Chrysler, Nissan, Ford,

preservar e ajudar a manter

galeria com as imagens de todos

Chevrolet, Mazda, Honda, Merce-

estas civilizações e culturas mi-

os Embaixadores. Durante este

des, BMW, Fiat… quase todas as

lenares? Evoluir sem perder?

ano estamos a comemorar os 150

marcas produzem-se no México

Temos uns 3 milhões de indíge-

anos com muitos acontecimentos.

e também exportamos as peças.

nas e alguns que ainda não falam

Em Outubro actuará, no Tivoli a

espanhol; temos muitas línguas

nossa grande Orquestra Sinfónica

indígenas no México. É importante

do Sul, ciclos de escritores, de

COM PORTUGAL NUNCA TIVE NENHUM

manter essas diferentes culturas

cinema, cantores, etc., e comemo-

e que essas comunidades conser-

raremos também aqui os 100 anos

PROBLEMA NAS DIFERENÇAS; NÃO SOMOS CONCORRENTES MAS SOMOS ECONOMIAS COMPLEMENTARES

vem a sua identidade. Por exem-

de Octávio Paz, o nosso poeta

plo: os livros de texto obrigatórios

que recebeu o prémio nobel da

para a escola primária estão nos

literatura. Muitas actividades não

próprios idiomas das comunida-

só em Portugal como no México

des. Temos o Instituto Nacional

a assinalar esta data, mas o mais

Indígena que cuida e guarda a cul-

importante do ano penso que seja

tura, a língua, a tradição escrita,

a vinda do nosso Presidente, no

recolhe a tradição oral, os costu-

início de Junho. Vem também o

"

"

mes, a cozinha etc., Será interes-

nosso Ministro dos Negócios Es-

Somos o quinto produtor mundial

sante visitar o Museu de Antropo-

trangeiros.

e o quarto país exportador. Agora,

logia Maia que abriu, em Mérida

Muitos Empresários?

empresas portuguesas estão a

há um ano, perto de Cancun e,

Talvez grandes empresários

posicionar-se no México no sector

há muito tempo que na Cidade do

venham com o nosso Presidente

dos moldes para fornecer directa-

México existe o Museu Nacional

, e vejam oportunidades de inves-

mente e complementar as fábricas

de Antropologia, um dos melhores

timento e que tal como o grupo

do ramo automóvel.

museus do mundo. Temos preo-

Bimbo ou Avanza criem muitos

Quanto ao turismo, o problema é

cupação em que todo o povo se

empregos que é o que faz falta.

que os mexicanos não conhecem

integre também na cultura espa-

Há possibilidade de gerar mais

Portugal, mas 200 mil mexicanos

nhola conservando a sua própria

empregos em Portugal com o qual

vêm todos os anos a Espanha e

identidade. Há um grande desen-

também cooperamos nos organis-

há que trazer para Portugal uns

volvimento de museus, temos uns

mos multilaterais. Temos muitas

10%. Creio que se vierem um fim

300 museus na cidade do México,

posições similares em praticamen-

de semana, na próxima vez ficarão

e 60 teatros. No México há um

te todos os temas: em direitos do

uma semana, porque as nossas

grande cuidado com a cultura

mar, em direitos humanos… nos

gentes não conhecem este país.

Isso é maravilhoso.

temas mais importantes de hoje,

É exótico Portugal, e como não

Claro. Temos muitos lugares que

coincidimos geralmente com todos,

temos ainda um voo directo não

são património da humanidade. Os

e isso também ajuda porque não

há oportunidade tão fácil de o

Mariachi foram elevados a patri-

é um país com o qual seja difícil

conhecer. Praticamente só os

mónio intangível da humanidade

relacionarmo-nos. A minha opinião

galegos que vivem no México,

assim como a cozinha mexica-

é que tenho toda a confiança que

44 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014


Portugal não só vai

co superior enquanto que para

tuguesa, a maior fabrica fotovoltai-

regressar aos bons tempos que

os não preparados os salários

ca da América Latina, 75 milhões

teve como irá ainda mais arriba,

serão menores, porque ainda há

de dólares, e irá ser construída

más adelante!

muita mão de obra não especia-

ainda uma outra. Por exemplo a

Os jovens portugueses que es-

lizada no México. Há áreas em

Efacec também irá entrar no Mé-

tão a trabalhar na América Lati-

xico o que lhe permitirá em breve

na têm grande aceitação e são

realizar muito capital, etc.

altamente classificados. O idioma não é nenhum problema e ao fim de duas, três semanas já se integraram e vão falando espanhol porque os idiomas são muito parecidos e isso ajuda muito a conhecermo-nos. As empresas portuguesas de tecnologias da

"

NOS ÚLTIMOS

10 ANOS DOBRÁMOS AS RELAÇÕES COMERCIAIS, UMAS CEM VEZES

"

Sobretudo gostamos muito de ser protagonistas, neste momento difícil para Portugal, em que as trocas comerciais têm crescido. Com os amigos há que estar nas boas e nas más ocasiões Noto que vários países estão a colaborar e ajudar Portugal.

informação que se estão a instalar

que Portugal é excelente, como

A Colômbia, por exemplo, o

também levam funcionários muito

por exemplo no software ou nas

Perú: há investimentos portugue-

especializados.

tecnologias da educação que o

ses de quase dois mil milhões de

Salários?

México já está a adquirir e a in-

euros só em três anos, é impres-

Penso que no México o salário

vestir. Nas energias renováveis foi

sionante! A Jerónimo Martins

para os especializados é um pou-

construída por uma empresa por-

está a abrir uma loja por semana.

JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 45


Benito Andión

46 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014


Evelyn de Andión, Embaixatriz do México, Nasceu na cidade de San Salvador, em El Salvador onde conheceu o seu marido que gosta de acompanhar na sua missão de representar o seu país o melhor possível, e preocupa-se em dar a conhecer a sua arte, gastronomia e artesanato. Sobre Portugal diz-nos: ” para além da sua beleza natural, da sua cultura, gastronomia e fascinante história, penso que o povo é o seu maior valor” e continua: ”a hospitalidade e o calor dos portugueses são para mim a sua marca mais distinta!”. Está em Portugal só com o seu marido, porque os seus quatro filhos já adultos, Manuel 35, Elizabeth 34, Benito 32 e Gerardo 31, encontram-se espalhados pelo mundo.

A Prebuild, que é uma empresa

n

na Aliança do Pacífico - Chile,

cultura e a sua poesia que é

nova muito grande, está a termi-

Perú, Colômbia e México - que

riquíssima! O mestre Nuno Júdi-

nar um projecto que vai dar cerca

representa metade do comércio

ce, certamente um dos maiores

de três mil empregos. Há casos

da América Latina, o que quer di-

poetas portugueses, que rece-

no Perú, no Chile e no México

zer que haverá grandes oportuni-

beu há uns dois meses o prémio

de empresas que se estão ago-

dades para Portugal, sem esque-

Cervantes-Rainha Sofia, esteve há

ra a instalar porque só o Méxi-

cer também os investimentos e a

semanas, no CCB, com três poe-

co representa 114 milhões de

presença mexicana em Portugal,

tas mexicanos dizendo poesia…

habitantes, é um mercado muito

tanto económica como cultural.

Um conselho

grande e com os nossos sócios

Terá mais alguma coisa que

Aos jovens digo-lhes que sigam os

da América do Norte, (com a

gostaria de acrescentar ?

seus sentimentos. Devem fazer o

NAFTA) somos 500 milhões,

Gostaria ainda de dizer para os

que gostam porque fazendo o que

para o comércio.

portugueses aproveitarem bem a

gostam serão muito bons naquilo

O México, agora, está também

beleza do país que têm , a sua

que fazem.

n

JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 47


DIPLOMACIA NA 1ª PESSOA

Jean-François Blarel,

por Maria de Bragança, fotos Maria Inês

Embaixador de França em Portugal "Tenho muita admiração pelo povo português" Com uma carreira diplomática de grande relevo, iniciada em 1980, prestou serviço em Nova Deli, Buenos Aires, Washington e Madrid, foi Embaixador no Vietname e na Holanda, e Secretário-geral adjunto do Ministério dos Negócios Estrangeiros. É, hoje, o mais alto representante do seu país em Portugal.

48 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014


Licenciado em História, diplo-

actualmente umas 500 empre-

no futuro económico de Portugal.

mado pelo Instituto de Estudos

sas francesas estabelecidas em

A minha prioridade é, evidente-

Políticos e pela Escola Nacional

Portugal. É necessário continuar

mente, a de reforçar estas rela-

de Administração, condecorado

a obra iniciada pelo meu prede-

ções económicas entre a França

pelo Governo Francês com o

cessor para dar mais visibilidade

e Portugal e um dos nossos

grau de Oficial da Ordem Nacio-

a essas empresas francesas.

compromissos é seguramente o

nal do Mérito e com o de Cavalei-

Talvez os Portugueses tenham

de observar o que se passa ac-

ro da Legião de Honra, acredita

consciência de que as grandes

tualmente neste país oferecendo

profundamente na União Euro-

empresas de distribuição como,

aos nossos amigos portugueses

peia e no sucesso de Portugal.

por exemplo, Jumbo, Decathlon,

a nossa solidariedade neste pe-

Gostaria que nos falasse sobre

Leroy Merlin, Intermarché, Edou-

ríodo difícil. O Presidente francês

as relações económicas e de

ard Leclerc…, vêm de França,

considera necessário restaurar

amizade entre França e Portu-

assim como os seus automóveis

as contas públicas mas, parale-

gal

Renault, Citroën ou Peugeot. É

lamente, encontrar o caminho do

Temos relações muito especiais

visível que temos uma boa parte

crescimento, que é um caminho

com Portugal e eu próprio, por

do mercado automóvel em Por-

estreito.

ter estudado História, sempre

tugal. As relações económicas

Há anos que a língua francesa

fiquei fascinado com o facto dos

são importantes mas, na minha

deixou de ser uma disciplina

primeiros reis de Portugal serem

opinião, as relações comerciais

obrigatória no nosso segundo

da família real francesa pela

ciclo. Que me pode dizer o Se-

linha dos Duques de Borgonha e

nhor Embaixador sobre isso?

de Portugal ter sido influenciado pela cultura francesa, especialmente pela arquitectura borgonhesa, como podemos verificar em Alcobaça ou Coimbra. Torna-se realmente muito emocionante e gratificante apreciar os laços históricos e culturais bilaterais

"

O FRANCÊS É UMA LÍNGUA QUE SERVE SOBREMANEIRA À ECONOMIA MUNDIAL

"

É triste para os Franceses, e frustrante para um Embaixador de França, verificar que este país, tão ligado à cultura francesa desde a sua fundação, está a abandoná-la pouco a pouco, apesar da sua influência. As gerações mais jovens já

existentes entre os nossos dois

devem ser reforçadas. A nível

não aprendem francês e um dos

países. Actualmente existem

comercial somos deficitários em

desafios que estamos a tentar

fortes relações humanas e o

relação a Portugal que, devido

vencer é o de transformar a ima-

meu predecessor, o Embaixador

à crise económica, reduziu muito

gem que os jovens portugueses

Pascal Teixeira da Silva, neto de

as suas importações de França,

eventualmente terão da língua

Portugueses, é a imagem e a in-

país que continua a ser o tercei-

francesa que não é apenas a

carnação de todas essas emigra-

ro maior parceiro comercial de

língua de Molière ou de Victor

ções portuguesas que recebemos

Portugal depois da Espanha e da

Hugo mas sim, uma língua que

e que têm sido muito importan-

Alemanha. Penso que devemos

serve sobremaneira à econo-

tes. Muitos Franceses, de origem

desenvolver o nosso comércio

mia mundial, se pensarmos na

portuguesa ou não, escolhem

bilateral, mas os investimentos

África francófona e nos países

Portugal para a sua reforma e

franceses em Portugal, já muito

do Magrebe. Também, há várias

cumpre-nos tratar de eleições,

significativos, permitem criar em-

semanas, no âmbito da Festa da

dos seus bilhetes de identidade,

prego o que, nas circunstâncias

Francofonia tentámos demonstrar

passaportes, etc. Esta comunida-

actuais, é bastante importante e,

o grande interesse económico e

de partilhada pelos nossos dois

nomeadamente por isso, estamos

profissional que os jovens portu-

países é mesmo muito importan-

a tentar ampliá-los. O ano passa-

gueses terão em aprender fran-

te e significativa.

do ficou marcado pela aquisição

cês não só pelo facto de haver

As relações económicas também

da ANA-Aeroportos pelo Grupo

muitas empresas francesas insta-

são muito importantes, porque as

Vinci que investiu 3.000 milhões

ladas em Portugal, mas também

empresas francesas estão aqui

de euros, o que demonstra que

pela sua aplicação no sector do

presentes há muito tempo. Há

as empresas francesas acreditam

turismo. Vêm imensos turistas

JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 49


Jean-François Blarel

franceses a Portugal benefi-

ambos conhecem bem. Portu-

seja modernizado e adaptado a

ciando de muitos voos diários no

gal deu-nos a conhecer o seu

um método mais actual, o que é

Porto e em Lisboa e essa apren-

grande interesse em que parti-

complicado uma vez que, para

dizagem será certamente uma

cipássemos nas operações para

essa mudança de método, é

mais-valia para os jovens. Será

reforçar a segurança em África,

necessário formar professores,

necessário desenvolver também

no golfo da Guiné e depois no

elaborar novos manuais, etc...,

os intercâmbios universitários, as

Sahel, essa região que está ao

embora possa levar o seu tempo,

escolas de comércio ou de enge-

Sul do Saara que é o limite entre

tudo isso será feito.

nharia, assim como as formações

a África-Subsaariana e o deserto,

Gostaria de acrescentar que a

intermédias de quadros técni-

a Norte. É uma zona de contacto

evolução do francês também é

cos que temos em França e que

entre Árabes, Berberes e Africa-

possível através da informáti-

poderão interessar aos jovens

nos, uma zona muito complicada,

ca. É importante estar aí muito

portugueses.

onde as fronteiras são porosas

presente e que os textos sejam

Começando por explicar que a

e onde existe tráfico de armas,

traduzidos tanto em francês,

aprendizagem do francês tem

tráfico de seres humanos e de

como em inglês ou português.

um interesse profissional direc-

estupefacientes. Por se encon-

Não deve ver-se a internet como

to, gostaria igualmente de focar

trar quase às portas da Europa

uma desvantagem mas, antes,

os aspectos da cultura francesa

e por ser necessário reforçar a

como um desafio, sendo neces-

contemporânea, dos escrito-

segurança, estamos a trabalhar

sário que sejam inseridos cada

res e da música, por exemplo:

vez mais conteúdos em francês

o grupo Daft Punk, constituído

ou português para evitar que

por dois jovens que venceram recentemente muitos prémios Grammy, é francês. No entanto, poderá mesmo dizer-se que é franco-português porque um dos jovens chama-se Guy Manuel de

"

O MUNDO ADERIU E ENTROU NA INTERNET, MAS A INTERNET TAMBÉM PODE DESTRUIR.

"

Homem-Christo! Veja como esta emigração portuguesa é impor-

sejamos formatados apenas por uma influência cultural. Com a globalização, como vê hoje a Diplomacia? Estou há trinta anos a servir como diplomata e vi realmente o nosso trabalho transformar-se bastante. A diplomacia tradicio-

tante!

com as autoridades portuguesas,

nal era a “grande política”, foi o

O Senhor Embaixador falou-

e outras, no sentido de fortale-

tempo da guerra-fria, a questão

-nos há pouco da importância

cer a nossa cooperação nesse

do desarmamento e da segu-

económica mundial da língua

domínio.

rança, mas tínhamos também

francesa. O que me diz da Gui-

A África é um continente em ple-

as questões culturais - a França

né Equatorial, um país fran-

no desenvolvimento económico.

sempre se preocupou com os

cófono, desejar fazer parte da

Era uma região pobre que está

assuntos culturais como sendo

CPLP?

a desenvolver-se imensamente

um factor de influência da diplo-

Sei que existem boas relações

devido à riqueza do seu subsolo.

macia - e tratávamos igualmen-

entre a OIF-Organização Inter-

Veja a Nigéria, Angola e Mo-

te dos assuntos consulares e,

nacional Francófona e a CPLP e

çambique. E o futuro das nossas

como os franceses começaram

por acreditarmos que a riqueza

línguas, tanto a portuguesa como

a trabalhar cada vez mais no

cultural advém da diversidade

a francesa, dependem muito de

estrangeiro, tratávamos dos

e que não devemos fechar-nos

África onde há países com um

dossiês económicos. Mas o que

numa concha, procuramos dei-

crescimento demográfico enor-

vi realmente explodir, foram os

xar as portas abertas a todas as

me e onde devemos dedicar-nos

assuntos globais: as fronteiras

alianças e a duas grandes lín-

a difundir as línguas francesa e

foram sendo sucessivamente

guas que são faladas em vários

portuguesa ao mesmo tempo que

abolidas e com o fim da cortina

continentes.

participamos no seu crescimento

de ferro e da guerra-fria come-

É muito importante que Portu-

e progresso.

çámos a viver numa aldeia global

gal e a França trabalhem em

Também temos feito um esforço

e é impressionante verificar que

conjunto por um continente que

para que o ensino do francês

assuntos que eram praticamente ➤

50 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014


JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 51


Jean-François Blarel

desconhecidos há 30 anos,

Ban Ki Moon, Secretário-geral da

uma central, térmica ou nuclear,

são agora assuntos diplomáti-

ONU e no próximo ano haverá

instalações de energia ou atacar

cos muito importantes. Digamos

em França uma grande reunião

o funcionamento de hospitais…

que pouco se falava da poluição

internacional sobre o futuro do

o mundo todo aderiu e entrou na

do mar ou dos rios e nunca se

clima do nosso planeta. Este

internet, mas a internet também

discutia sobre o futuro do plane-

problema é hoje uma preocupa-

pode destruir. Estes são, entre

ta, sobre o aquecimento global,

ção mundial. A tecnologia… a

outros, assuntos que temos que

a alimentação mundial, a ques-

internet traz-nos enormes benefí-

tratar para evitar que os bene-

tão da água ou dos refugiados,

cios culturais e económicos mas

fícios da internet sejam prejudi-

assuntos que têm agora muita

também pode comportar grandes

cados pelos riscos que ela pode

importância e sobre os quais fa-

riscos e problemas. Pode sofrer

correr.

zemos simpósios mundiais. Este

vírus e ataques graves em insta-

A verdade é que agora os Embai-

ano far-se-á uma reunião impul-

lações que podem pôr em perigo

xadores, para além da responsa-

sionada e organizada pelo Prof.

a economia de um país, destruir

bilidade de um comércio

52 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014


da União Europeia

na U.E. com uma ideia e todos

cativo, têm que trabalhar cada

Nós acreditamos não só no do-

devemos tentar corresponder

vez mais sobre assuntos globais.

mínio económico e monetário, e

às esperanças de todos, porque

São estes os novos assuntos

no domínio social, mas igualmen-

nem todos têm a mesma concep-

sobre os quais os diplomatas

te numa união forte no domínio

ção da Europa. Não será fácil,

terão de debruçar-se para além

da segurança e da defesa. Não

mas tudo se fará naturalmente.

da área económica, de que sem-

devemos manter-nos divididos

Hoje a Europa é composta por

pre trataram. O Ministro Laurent

sobre certos assuntos, e não

28 países e, quanto mais cresce,

Fabius, confirmado no novo

podemos contar eternamente e

mais complexo se torna geri-

governo com a pasta adicional do

apenas com os nossos amigos

-la embora seja imprescindível

Comércio Externo, encoraja-nos

americanos. A recente crise da

chegar a acordos para encontrar

a trabalhar cada vez mais nesta

Ucrânia e muitos outros proble-

alianças e poder cumpri-las.

área.

mas fazem-nos ver a importáncia

Pode deixar-nos um conselho

E a União Europeia? O que me

de trabalhar em conjunto para

aos futuros diplomatas?

diz da globalização dos países

a nossa segurança, que tem de

É um trabalho muito belo e in-

europeus?

estar nas nossas mãos.

teressante. Se tivesse 20 anos,

Digo que fico desolado por sentir

O que pensa então o Senhor

penso que abraçaria este mesmo

os portugueses tão cépticos em

Embaixador do futuro?

caminho por dois motivos princi-

relação à Europa. Desde que

Penso que é preciso acreditar na

pais. O primeiro, porque é basea-

Portugal entrou na União em

União Europeia. Estamos num

do na abertura aos outros, nas

externo cada vez mais signifi-

relações humanas e é aprazível

1986, a Europa proporcionou muitas coisas válidas a Portugal. É um país que beneficiou muito dos fundos estruturais para evoluir e construir vias de comunicação, equipamentos sociais etc... e, ao contrário da França ou de outros Estados-membros, ainda vai continuar a beneficiar porque há regiões ainda necessi-

conhecermos muitas pessoas

"

ACREDITAMOS NUMA UNIÃO FORTE NO DOMÍNIO DA SEGURANÇA E DA DEFESA

"

com quem dialogamos sendo essa troca de opiniões muito interessante e valiosa. Depois, porque é dialogar e tentar convencer o outro. Estas serão as duas facetas da diplomacia. Eu diria aos jovens que se apaixonam por esta abertura cultural ao mundo

tadas. A Europa certamente tem

mundo em mudança. Os Estados

e pelo diálogo, que ser diplomata

o seu ritmo, mas faz progressos

Unidos irão continuar a ser uma

é uma escolha fantástica!

ainda que possam ser impercep-

grande potência mundial, mas há

O que pensa de Portugal e da

tíveis ou mal compreendidos pela

outros países emergentes, não

nossa mentalidade?

opinião pública. Os cidadãos

só a China, mas há outros paí-

Eu tenho muita admiração pelo

europeus não entendem muito

ses como, por exemplo, a Índia,

povo português porque é capaz

bem o que se passa em Bruxelas

o Brasil, a Indonésia etc... que

de suportar com resignação o

e crêem que Bruxelas é mais um

são muito populosos e desejam

que lhe está a acontecer neste

elemento dessa mundialização

ter o seu papel na governança do

momento. Portugal é um país lin-

de que não gostam porque os

mundo. Por isso, os pequenos e

do que deverá proteger sempre a

privou do emprego, impondo-lhes

médios países da Europa devem

sua cultura, os seus monumentos

políticas, etc... No entanto, é

continuar unidos para manter um

e a sua paisagem. Que os Portu-

preciso ver que a Europa está a

equilíbrio global satisfatório.

gueses nunca tenham a ideia de

progredir se pensarmos na união

Sobre o plano económico, já

que Portugal é um pequeno país

bancária, na união económica em

somos um grande mercado com

no canto da Europa; devem, sim,

geral, que avança lentamente mas

um forte poder exportador, mas

ter orgulho no seu país, na sua

no bom sentido. Claro que, por

devemos igualmente pensar na

História e na História que estão a

vezes, há reticências de alguns

unidade do plano da segurança

fazer para reencontrar o caminho

países, mas estamos a avançar.

e da defesa e, a esse propósito,

do crescimento e da prosperida-

Vejo que o Senhor Embaixador

acredito que haverá um cami-

de, que desejamos fortemente

acredita muito nas vantagens

nho a fazer. Cada país entrou

que venham a conseguir.

n

JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 53


Engel & Völkers «Só se vive uma vez, nós mostramos-lhe onde»

Quem procura Lisboa para viver tem agora mais um ponto de referência onde encontrar a sua casa de sonho. A Engel & Völkers, um dos líderes mundiais do setor imobiliário de luxo, inaugurou uma nova loja no Restelo – a segunda em Lisboa (depois da loja do Parque das Nações) e quinta em território nacional. A marca fica assim mais próxima dos clientes e potenciais investidores que veem facilitada a possibilidade de usufruírem da longa experiência e competência da Engel & Völkers no setor imobiliário de prestígio. No Restelo, uma das zonas mais ilustres da capital – onde estão localizadas diversas embaixadas –, a nova loja oferece aos clientes um tratamento exclusivo e adequado ao seu perfil. Com um portefólio inicial de valor superior a 33,5 milhões de euros, conta com uma carteira de 30 imóveis ativos e 13 em processo de angariação. «Um leque perfeitamente adequado à procura de altos quadros de empresas e profissionais com cargos diplomáticos», afirma Manuel Neto, responsável pelas lojas Engel & Völkers do Restelo e do Parque das Nações, cujo lema comercial é «só se vive uma vez, nós mostramos-lhe onde». Presente em Portugal desde 2006 – mas com uma experiência internacional de mais de 35 anos – a marca alemã conta com lojas em Lisboa, Cascais, Estoril e Quinta do Lago (Algarve). O portefólio nacional ascende a mil imóveis, com valores de venda entre os 120 mil euros e os 10 milhões de euros. Um portefólio de exceção que contribui para o sucesso da marca e que lhe confere uma posição de destaque no mercado português de residências de gama alta. A Engel & Völkers é especializada em serviços de venda e arrendamento de propriedades residenciais premium, imóveis comerciais e iates. Está em 38 países, em todos os continentes, com mais de 500 lojas. Em Portugal, a marca tem em curso um plano de expansão que prevê alargar a rede até ao final de 2018.

54 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014


“You live only once, we’ll show you where”

Those wishing to live in Lisbon can now depend on a world leader to assist them in searching for their dream home. Engel & Völkers, one of the world’s leading luxury real estate companies, inaugurated a new shop in Restelo – its second agency in Lisbon (the first is at Parque das Nações) and the fifth agency in Portugal. The brand is thus now closer to its clients and potential investors who may rely on the experience and expertise of Engel & Völkers in the high-end real estate segment. In Restelo, one of the capital’s most illustrious areas – where various embassies are located – the new shop offers its clients an exclusive service adapted to their profiles. With an initial portfolio exceeding 33.5 million euros, it has 30 available properties and another 13 in the

LOJA DO RESTELO

recruitment process. “A range perfectly suited to

Uma das mais recentes aberturas integrada no novo

upper staff of companies and professionals with

plano de expansão.

diplomatic positions,” says Manuel Neto who

Morada: Rua Duarte Pacheco Pereira, 30 A

manages the Engel & Völkers shops at Restelo

Contacto: 213 010 407

and Parque das Nações, whose sales motto is “you live only once, we’ll tell you where.” Operating in Portugal since 2006 – but with an international experience of over 35 years – the German company currently has shops in Lisbon,

RESTELO SHOP

One of the most recent openings which is part of the new expansion plan. Address: Rua Duarte Pacheco Pereira, 30 A Contact: 213 010 407

Cascais, Estoril and Quinta do Lago (Algarve). The national portfolio has reached one thousand properties, with a selling price from 120,000 euros to 10 million euros. This is an exceptional portfolio that contributes to the brand’s success and gives it a leading position in the Portuguese luxury home market. Engel & Völkers specialises in sale and rental services for premium residential properties, commercial properties and yachts. It operates in 38 countries, in all continents, with over 500 agencies. In Portugal, the brand has an expansion plan in progress to expand its network until the end of 2018.

JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 55


GESTORES INTERNACIONAIS

56 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014


Alfredo Amaral Director Geral da Peugeot Portugal

Na Peugeot Portugal desde a sua fundação em 1994, onde assumiu diversas funções, e tendo iniciado a sua carreira internacional na Automobiles Peugeot em 2005, como responsável pelas operações comerciais da marca para a América do Sul: Brasil, Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai, regressa em 2008 como Director Comercial e exerce o cargo de Director Geral, desde Maio de 2012. Sendo uma referência no sector, a Diplomática foi conversar com este importante “player de mercado” para uma “visão ” da Peugeot e do sector automóvel em Portugal. ➤

JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 57


Alfredo Amaral

Qual é o histórico da Peugeot

buição – temos uma rede forte que

qualidade que só nos dá mais

desde que se encontra à frente

foi capaz de responder aos desa-

responsabilidade para continuar a

dos seus destinos?

fios de um mercado em contrac-

investir para a satisfação total dos

O trajecto da marca Peugeot em

ção, mantendo padrões de serviço

nossos clientes. Assim, faço um

Portugal tem sido seguro e consis-

aos nossos clientes ao melhor

balanço muito positivo dos últimos

tente com uma conquista de quota

nível, com uma proximidade vital

anos na liderança da equipa Peu-

de mercado desde 2009 - 8% para

para os clientes particulares, mas

geot, com muita satisfação pelos

um fecho de 2013 com 9,8%. Esta

ainda mais importante para as em-

nossos resultados.

progressão está assente em 3 pila-

presas (40% do mercado).

Neste momento como avalia o

res muito sólidos, sempre com uma ambição de progredir a um ritmo que nos permita estar seguros de cada patamar que atingimos. O primeiro pilar: plano de produto – a Peugeot nos últimos 3 anos renovou toda a sua gama, bem como se apresentou em novos segmentos, caso dos Crossovers compactos, com o Peugeot 2008. Temos actualmente a gama mais jovem do mercado e recebemos

mercado automóvel português e global?

"

TEMOS ACTUALMENTE A

O mercado português sofreu um ajustamento extremo, com um

GAMA MAIS JOVEM DO MERCADO E RECEBEMOS O PRESTIGIADO PRÉMIO “CAR OF THE YEAR” COM O NOVO 308

"

desaparecimento de 2/3 do mercado, que teve impacto em toda a cadeia de valor que gira em torno do sector – combustíveis, reparação, seguros, impostos, portagens, emprego, etc. Neste momento, estamos numa situação de inversão, com sinais ainda muito fracos de

o prestigiado prémio “Car of the

O terceiro pilar: a qualidade – só é

recuperação. Um mercado regular

Year” com o Novo 308, em Março

possível sustentar os nossos resul-

antes da crise, de 270.000 unida-

de 2014. Não podemos estar mais

tados comerciais com a satisfação

des, ainda está muito longe de ser

confiantes com a nossa oferta de

dos nossos clientes ao mais alto

alcançado, não podendo deixar de

produto, que irá continuar com no-

nível – seja no caso das viaturas

referir 2012 com 111.000 e 2013

vidades e com novas motorizações

novas, viaturas de ocasião e ser-

com 124.000. As recuperações

gasolina turbo PureTech e diesel

viço após venda. A conquista do

percentuais identificadas no início

BlueHDi .

prémio “Escolha do Consumidor”

deste ano a 2 dígitos, têm de ser

O segundo pilar: a rede de distri-

em 2014 é o reconhecimento desta

interpretadas com uma base de

Peugeot RCZ R

58 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014


partida muito baixa e os canais

de evolução do mercado particular

consumos. A Peugeot consegue,

que neste momento estão a gerar

e empresas, bem como a velo-

já hoje, responder aos desafios de

este movimento ascendente - rent-

cidade que poderá ocorrer uma

mercado ao nível premium. Assim,

-a-car e empresas, em detrimento

recuperação para níveis anteriores

todos os projectos futuros vão no

dos particulares com o consequen-

à crise. Ao nível internacional, a

sentido de solidificar esta criação

te impacto em termos de rentabili-

estratégia está em implementação

de valor, imagem e notoriedade

dade.

com a crescente internacionaliza-

que permitam aumentar os níveis

O mercado global está em movi-

ção do grupo, reforçado com as

mento com um mercado Europeu

recentes alterações accionistas

a recuperar de mínimos históricos,

com um parceiro estratégico no

um mercado chinês a afirma-se

mercado chinês.

como o mais importante para todos

Em pleno cenário de crise, quais

os construtores, os Estados Unidos

os projectos em que o Grupo

em recuperação das dificuldades

Peugeot está envolvido e em que

económicas que também sentiu

consistem? E estratégias para

e a necessidade de acompanhar

garantir um futuro sustentado?

oportunidades em mercados na

Neste momento, temos um novo

América do Sul e Norte de África.

CEO do Grupo que apresentou

de qualidade percebida associados

Para a Peugeot, no âmbito nacio-

recentemente a estratégia para

aos nossos produtos, que trazem

nal, estamos confiantes que vamos

os próximos anos. A Peugeot tem

uma rentabilidade adicional asso-

continuar a progredir num mercado

o seu espaço futuro muito bem

ciada.

que se manterá nos níveis actuais

definido, centrado numa base de

Em termos de sustentabilidade,

por mais algum tempo. A política

produto muito forte e evoluções

para a Peugeot não é de agora o

fiscal – directa e indirecta – terá

tecnológicas/motorizações orien-

seu investimento em tecnologias

um papel central nas perspectivas

tadas para uma redução de CO2 e

amigas do ambiente – motores

"

A CONQUISTA DO PRÉMIO “ESCOLHA DO CONSUMIDOR” EM 2014 É O RECONHECIMENTO DESTA QUALIDADE

"

HDi, introdução do Filtro Partículas até aos actuais motores Híbridos Diesel HYbrid4, Puretech e BlueHDi – tendo já apresentado para o futuro tecnologias como o

Peugeot 508 RXH

Novo Peugeot 308 SW

JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 59


Alfredo Amaral

"

A MOBILIDADE ESTÁ NO ADN DA MARCA, COM UMA OFERTA DE BICICLETAS, MOTOCICLOS, VIATURAS ELÉCTRICAS, HÍBRIDAS E COMBUSTÃO,

PERMITINDO APRESENTAR UMA SOLUÇÃO INTEGRADA DE MOBILIDADE AOS NOSSOS CLIENTES EM TODAS AS SITUAÇÕES

Hybrid Air, demonstrando o

"

Neste momento, os desafios são

à cabeça. A Peugeot está na linha

empenho na tecnologia pragmáti-

a sustentabilidade ambiental e a

da frente em termos ambientais,

ca que pode chegar rapidamente

transformação gradual dos nossos

com os projectos já apresentados

aos nossos clientes com um custo

processos globais para garan-

que permitirão continuar a ser

comportável.

tir uma mobilidade permanente

uma das melhores referências

Como está a encarar o futuro da

aos nossos clientes em qualquer

no sector. A mobilidade está no

indústria e comércio automóvel

das suas necessidades. Assim,

ADN da marca, com uma oferta

em geral e da Peugeot em parti-

ao nível global, todos os grupos

de bicicletas, motociclos, viaturas

cular?

automóveis estão a fazer os seus

eléctricas, híbridas e combus-

A indústria automóvel tem con-

investimentos para se posicionar

tão, permitindo apresentar uma

seguido evoluir ao longo de mais

nos 2 aspectos atrás referidos,

solução integrada de mobilidade

de 100 anos e mudar de forma

sempre centrados nos principais

aos nossos clientes em todas as

marcante os hábitos do mundo.

mercados mundiais, com a China

situações.

60 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014

n


D Dossier

Tratado de Lisboa

Presidente do CIEP Nascido a 28 de julho de

1948, miguel Horta e costa é licenciado em economia

Revista

anos haja uma capital federal

Foto: irina Quintela

´

2000, pela ciep em parceria com o ministério da economia e

meios aos empresários”.

o icep, é um bom exemplo de

mais: "Sem prejuízo do muito

como se podem valorizar expo-

importante papel de instrumen-

nencialmente e com minimiza-

to público são também eles que

ção de custos, conhecimentos e

devem investir em iniciativas

saberes indispensáveis à ca-

geradoras de emprego e de

pacitação dos interesses eco-

riqueza. mas temos que reco-

nómicos de portugal por esse

nhecer que fazê-lo nestas cir-

mundo fora.

cunstâncias é um desafio ainda

a ciep lançou este ano o

mais complexo".

portuguese business link –

o Governo e a aicep não se

pblink, que é uma rede social

têm poupado a esforços para

interactiva e tecnologicamente

promover a captação de in-

desenvolvida que pretende ser

vestimento directo estrangeiro

um instrumento fundamental

bem como o investimento portu-

de contactos de negócios e de

guês no mundo.

conhecimento de oportunidades

desde a génese da confede-

e de mercados, dos empresá-

ração internacional dos em-

rios e gestores portugueses

presários portugueses - ciep,

espalhados pelos vários conti-

iplomatica Currículo do

"É possível que daqui a muitos

Salv J. Stellini

a apresentação de soluções

que dêem esperança e novos

da União Europeia como a dos EUA em Washington"

Angola acaba de realizar as suas eleições num clima de paz e concórdia e apresenta o mais forte crescimento

económico a nível mundial. Investir neste país que alia o progresso aos recursos naturais é o objectivo dos grandes grupos empresariais

em 1991, que esteve presente

nentes.

pela Universidade técnica de

o conceito de rede, para unir

mi g u e l H o r t a e co s t a r e f e r i u

lisboa, sendo também pós-

e tornar mais profíqua a divul-

no fim da sua intervenção:

-graduado em organização e

gação da importância do papel

" nã o p o s s o d e i x a r d e d i r i g i r

Gestão de empresas, con-

dos muitos milhares de em-

u ma s e n t i d a p a l a v r a d e a g r a -

cluídas nas universidades de

presários portugueses ou luso

d e c i me n t o a t o d o s o s p r e s e n -

birmingham e navarra.

descendentes, que por esse

tes que se dispuseram a vir

na sua experiência profis-

mundo fora têm criado empre-

d e p a r a g e n s ma i s o u me n o s

sional conta com passagens

sas de sucesso. e não tinha

l o n g í n q u a s a li s b o a , c o m s a -

então, como agora tem, signi-

crifício das suas actividades

ficado e reconhecimento; mas

p e s s o a i s e p r o f i s s i o n a i s , ma s

foi-se acentuando a importân-

c o m o h a b i t u a l e n t u s i a s mo e

cia do conceito de rede, com

v o l u n t a r i s mo , p a r a p a r t i c i p a -

a globalização e a interdepen-

rem nestes trabalhos e serem

dência, à medida que o mundo

actores neste projecto. de

se foi tornando mais pequeno.

t o d o s e s p e r a mo s q u e c o mp l e -

do conselho de administra-

desde 2 0 0 4 , a l t u r a e m q u e ,

me n t e m o e s f o r ç o a g o r a f e i t o ,

ção da companhia portugue-

por ini c i a t i v a d a c i e p e c o m

sendo arautos e colaborantes

sa rádio marconi, S.a., e do

a colab o r a ç ã o d a S e c r e t a r i a

na divulgação e sensibilização

por prestigiados cargos

empresariais, tais como, pela

a partilha da língua e a história

produtos farmacêuticos oferecem

angola e para as relações comer-

comum são as vantagens competiti-

igualmente um grande potencial de

ciais entre portugal e angola: o

vas mais evidentes para os empre-

investimento.

volume de negócios ultrapassou os

sários portugueses que estão a in-

a aposta de portugal em angola e

400 milhões de euros. portugal foi

vestir num dos mercados de maior

as vantagens das relações econó-

também o país com mais projectos

so. aliás, em relação a recursos humanos, ter diplomatas pressupõe bastante tempo em

crescimento em todo o mundo.

micas entre os dois países foram

de investimento apresentados e

formação e preparação, bem como um alto nível de educação. um pequeno país como

portugal está entre os cinco maio-

debatidas na conferência “investi-

aprovados. para este ano, a previ-

o nosso não dispõe assim de tantos recursos humanos adequados ao desempenho

res investidores do mercado an-

mento público e privado – parce-

são aponta que angola venha a ser

desta função; por isso, temos que racionalizar o número de embaixadas: só em catorze

golano, com especial ênfase nos

rias e Financiamento em angola”,

o primeiro país extracomunitário de

conselho de administração

de est a d o , s e r e u n i r a m p e l a

d o s o u t r o s e mp r e s á r i o s e g e s -

Estados-membros, como a Grã-Bretanha, Dinamarca, itália, alemanha, Grécia... neste

sectores da construção e imobili-

organizada pela câmara de co-

destino das nossas exportações. a

da SibS – Sociedade inter-

1ª vez e m c o n g r e s s o e m li s -

tores, em relação ao prosse-

bancária de Serviços, S.a.;

boa, fo i f e i t o o b a l a n ç o d a s u a

g u i me n t o d e t o d a s a s v e r t e n t e s

pelas administrações da pGa

actuaçã o e o d i a g n ó s t i c o d a s

d o n e t i n v e s t e . Qu e r o , p a r a

– portugália airlaines, e beS

necessi d a d e s , s i n t e t i z a d o s

t e r mi n a r , r e i t e r a r a q u i p u b l i c a -

nas co n c l u s õ e s q u e a c i e p f o i

me n t e aAnt o o It a l d i s p o n i b i l i d a d e

manda t a d a p a r a a p r e s e n t a r e

d a c i e p p a200 ra ,8 c o m t o d a s a s 4

defend e r .

partes envolvidas, assegurar a

Embaixador de Malta

Para Salv J. Stellini, Embaixador de malta, “o objectivo de ter embaixadas em vários

países da união Europeia tem a ver com proteger ou promover interesses nacionais. no nosso caso não temos embaixadas em todos os países, porque isso é muito dispendio-

e telecomunicações de

momento, Bruxelas, embora não lhe chamemos capital federal, é onde se encontra a

ário, turismo e banca. No entanto,

mércio e indústria portugal angola

qualidade dos produtos portugue-

maioria das instituições da união Europeia”. malta tem cinquenta diplomatas na embaixa-

outras áreas, como as telecomu-

(ccipa) e pelo banco de Fomento

ses é muito reconhecida, sendo o

da em Bruxelas, a maior do ministério dos negócios Estrangeiros, dado que se trata do

nicações e os serviços, também já

angola.

factor diferenciador perante todos

estão a ser exploradas. as activi-

o presidente da ccipa e repre-

os outros países que também estão

dades industriais associadas ao

sentante da Galp energia – carlos

a apostar em angola. No entanto, o

dos Eua em Washington com o seu corpo diplomático específico. mas... isso só daqui a

agro-alimentar, à produção de bens

bayan Ferreira – referiu que “o ano

país também tem vontade de produ-

muitos anos!

de consumo, ao equipamento e aos

de 2007 foi muito importante para

zir e de poder vir a exportar para

centro da uE, onde se debatem assuntos de grande importância para o futuro do país no

seio da Europa. no entanto, para Salv J. Stellini é possível que daqui a muitos anos, se a Europa se transformar em “Estados unidos da Europa”, haja uma capital federal como a

n

Diploma´ tic a

portugal (director Geral dos

correios); pelas presidências

– banco espírito Santo; entre outros postos relevantes; é

Vice-presidente executivo do

beS e presidente da ciep.

n

Diplo

E

s u a mi s s ã o d e a p o i a r a i n t e r -

a internacionalização da eco-

a1• Junho

n

P

anés . de Esp anh a

Ânge

lo

Corr O Ho dezembro 2008/janeiro eia 2009 - diplomática • 45 mem das Ar ábia s

/Julho

Dossier África/Angola

A Europa dos partidos e a Europa dos cidadãos

Junho • Nº1

IBERn a c i o n a l i z a ç ã o d a s e mp r e s a s ISM Enem nomia portuguesa, criada as." riquep o r t u g u e sO a rede de conselheiros para

Emb

mátic

setembro/outubro 2008 - Diplomática • 23

Junho/Julho 2008 - Diplomática •

Dossier

direcção dos ctt – correios

Fran

ç

2008

a e T Emba urqu ixatriz es co ia nfessa m-se

2

1

Trata

Sul-africanos preparam-se para receber Mundial de 2010 e oferecer turismo de luxo

do d e Lis boa da

O futu ro

s em ba

ixad

as

Quanto à importância da Embaixada do chile em

portugal, diz-nos Samuel ossa Dietsch: “as relações chileno-portuguesas alcançaram um nível de exce-

With

lência e entendimento que se destaca pela notável

densidade do conjunto dos vínculos, com coincidên-

• Dip lom

cias estratégicas e critérios partilhados que criam

ática

Engli

- Jun ho/

Julho

uma comunidade de interesses, tanto no bilateral

2008

Foto: maria Branco

como no multilateral. o chile, num diálogo político permanente e fluído, está a trabalhar para criar uma

sh & Fren

3

rede de cooperação e aprendizagem recíproca com

4

ch T exts

5

países afins, “like minded countries”, como portugal, que em 20 anos conseguiram o desenvolvimento com o bem-estar para a sua população e alto pres-

Samuel Ossa Dietsch

tígio nos organismos multilaterais, e que hoje cons-

Encarregado de Negócios e 1º Secretário da Embaixada do Chile

tituem uma referência a observar". constata-se uma

Arrancou a corrida para o cam-

notória coincidência de posições frente à reforma

áreas desportivas, turísticas e de

to da população e da expansão

peonato mundial de Futebol da

exposições. tudo isto com um or-

urbana. a segurança e emergên-

das nações unidas e um sem-número de apoios em

FiFa 2010. a fase de qualificação

çamento a rondar os cerca de 740

cia é outra questão preocupante

egundo Samuel ossa Dietsch, Encarregado

diversas votações no âmbito multilateral.

começou agora, mas na áfrica

milhões de euros. pela primeira

neste tipo de eventos, mas que o

de negócios e 1º Secretário da Embaixada

“a ausência de contenciosos e a afinidade existen-

do sul há muito que o mundial

vez na história da áfrica do sul,

estado assegurará com uma forte

do chile, “portugal tem com a américa latina

te entre ambos os países conduz a que a relação

está a ser preparado. Desde a

o país terá estádios especialmen-

cobertura de forças policiais e

um vínculo muito especial. não somente está a rela-

bilateral seja fluída e propícia a acordos numa

escolha deste país africano para

te dedicados ao futebol, já que

paramédicas.

ção com o Brasil, mas também a relação com outros

ampla gama de assuntos. Destacam-se os esforços

a organização do maior evento

antes, no governo do apartheid,

Não será apenas a diversão mo-

países e especialmente com o meu. na Venezuela e

de ambos os governos por alcançar um alto grau

futebolístico do mundo e desde

os estádios eram criados sobre-

mentânea que o mundial prestará

na argentina há uma numerosa colónia portuguesa

de empatia à volta dos interesses de maior relevo

que terminou a última edição

tudo para a prática de râguebi

à população sul-africana. este

residente. com respeito ao chile podemos constatar

da contraparte. uma série de importantes acordos

desta competição, realizada na

e criquete. claro está que não

investimento do Governo na orga-

como, desde o regresso à democracia em 1990, os

confirmam a relevância da relação bilateral. Entre

alemanha, que os sul- -africanos

poderão apenas ser construídos

nização do campeonato 2010 traz

vínculos estreitaram-se de tal maneira que todos

eles, o convénio sobre Segurança Social, que se

começaram a encetar os primei-

estádios e complexos desportivos

outros benefícios aos cidadãos,

os presidentes portugueses efectuaram visitas ao

encontra em vigência desde 1999; o acordo sobre

ros projectos para assegurarem

para a realização de tamanho

assegurando-lhes cerca de 150

chile, e os presidentes chilenos também visitaram

protecção Recíproca de investimentos, vigente

a existência de infra-estruturas

evento. a construção de estradas,

mil empregos sustentáveis e uma

portugal. Esperamos que a presidente michelle Ba-

desde 1995; e o convénio para Evitar a Dupla tri-

necessárias para albergarem o

de acomodamentos e de outras

melhor qualidade de vida.

chellet também o faça num futuro próximo. partilha-

butação internacional, que se encontra em proces-

maior acontecimento desportivo

infra-estruturas são, de igual

o maior evento futebolístico do

mos ideais e objectivos. pertencemos à mesma co-

so de ratificação em ambos os países e que fôra

em 2010.

modo, importantes, estimando-se

planeta poderá ser também a

munidade ibero-americana. para nós, portugal tem

assinado por ocasião da visita de Estado do presi-

localizados em cidades-sede,

que o orçamento total gasto no

grande e a melhor ocasião para

sido um interlocutor privilegiado na nossa relação

dente Jorge Sampaio ao chile, em Julho de 2005.

cinco novos estádios estão a

mundial seja de 42 bilhões de eu-

unificar o país e todo o povo da

com a união Europeia. Esta relação tão estreita não

“nos aspectos comerciais, o facto mais relevante

ser construídos e outros tantos,

ros. está, ainda, a ser desenvolvi-

áfrica austral. o campeonato do

se pode manobrar desde Bruxelas. São relações

nesta esfera foi a vigência plena do acordo de

já existentes, estão a ser reno-

do um plano piloto para o melho-

mundo está a ser aguardado com

bilaterais privilegiadas directas, sem intermediários

associação entre o chile e a união Europeia, que

vados. as zonas contíguas aos

ramento da rede de transportes

enorme expectativa e entusiasti-

e daí que esse contacto seja insubstituível e assim

co-ajuda ao esforço".

recintos desportivos estão, tam-

públicos que, simultaneamente,

camente pela comunidade sul-

bém, a ser reconstruídas, com

terá de responder a um aumen-

africana e, como o presidente

S

Assinaturas n

continuará a ser”.

6

7

8

1. embaixador da Grécia Spyridon theocharopoulos e mulher 2. embaixatriz de moçambique Glória mkaima, embaixatriz da argélia Sabria boukadoum, paula roque, embaixatriz da tunísia, embaixatriz da Grécia e maria da luz de bragança 3. embaixa-

triz da turquia nurdan turkmen e embaixatriz da argélia Sabria boukadoum 4. embaixatriz do iraque, embaixadora do paquistão Fauzia m. Sana e nadeem malik 5. embaixatriz da china li Feyue 6. embaixatriz da roménia ilena Gafita 7. embaixador do chile Francisco perez-Walker 8. maria da luz de bragança e maria cavaco Silva

30 • Diplomática - setembro/outubro 2008

18 • Diplomática - Junho/Julho 2008

6 Números 35

dezembro 2008/Janeiro 2009 - diplomática • 71

(oferta 1 entrevista revista)

Dossier

opinião

12 Números 70 A Europa dos partidos e a Europa dos cidadãos

(oferta 2 revistas)

Portugal sem Política Externa As consequências do Tratado de Lisboa

por antónio Vasconcelos Graça

envie nomes e moradas para:

Portugal inventou a política ex-

de cada país por si, reflectindo

financeiros ou o casamento de

terna tal como é entendida nos

a natureza e índole própria de

homossexuais, por exemplo?

tempos modernos e no sentido

cada estado. Gostaríamos que

toda a expansão portuguesa,

europeu. o primeiro grande tra-

acontecimentos do passado não

fora da europa, assentou no

balho sobre a matéria chama-se

tivessem ocorrido? sem dúvida.

estabelecimento de pontos de

“os lusíadas”. antes, em tor-

mas isso não é razão para com-

contacto que permitissem o

desilhas, assinámos o primeiro

plexo de culpa, até porque não

comércio e a troca de merca-

tratado de aplicação planetá-

há inocentes.

dorias. para assegurar o bom

ria. Vasco da Gama tinha um

em matéria de comportamen-

funcionamento desse sistema,

destino e estava incumbido de

tos vergonhosos no passado,

houve que conquistar pontos-

uma missão específica onde

é bom não esquecer que, para

-chave, fossem cidades do norte

a componente diplomática era

a mentalidade do tempo, não

de áfrica, o golfo pérsico, locais

primordial. Não foi um viajante

o eram. Que sabemos nós da

estratégicos na Índia ou no

errático como, por exemplo,

forma como vão ser julgados,

extremo oriente. para garantir a

marco polo.

no futuro, muitos dos nossos

segurança desse império a que

Num tempo em que certa “inte-

comportamentos actuais como

o prof. luís Filipe thomaz cha-

ligentzia” lusitana tem vergonha

a falta de valores, o império dos

ma, com lucidez, uma “rede de

de ser portuguesa e tudo faz

interesses materiais, a crise

ligações”. Não é exactamente o

para apagar qualquer vestígio

de autoridade, as calamidades

que se faz hoje? Houve cruelda-

"As 'embaixadas nacionais'

de portugalidade como coisa

desencadeadas pelos negócios

de e barbaridades? claro que

permanecerão e encontrarão

ou

Rua São Bernardo, nº 27 A 1200-823 LISBOA Telefones: 210 999 674 / 210 999 696 ➤

de maneira racional uma

Foto: maria Branco

nefasta, confundindo isso com

diplomatica@gabinete1.pt

“modernidade”, onde só merecem atenção os aspectos negativos do passado (escravatura, inquisição, crueldade, etc.), convém lembrar algumas realidades. porque portugal inven-

forma de cooperação com um serviço diplomático da UE"

Algimantas Rimkunas

tou o comércio global, apontado

Embaixador da Lituânia

hoje como a panaceia para todos os males. e, num planeta cada vez mais apertado para a

Vasco da Gama tinha um

população, o bom entendimento

destino e estava incumbido

entre as nações transforma-se

de uma missão específica

num factor de sobrevivência.

onde a componente

o que conta é o que nos une e

diplomática era primordial.

não o que nos separa. por isso, qualquer política externa tem de ser eficaz, sob o risco de se tornar inútil quer por fora de tempo, quer por inapropriada. por imposição do tratado de

Segundo o Embaixador da lituânia, algimantas Rimkunas, o tratado de

Modo de pagamento: lisboa prevê a criação de uma Europa de Relações Externas, para ac-

ções concretas, que de acordo com o tratado “trabalhará em cooperação com os serviços diplomáticos dos Estados-membros”. pensamos que as “embaixadas nacionais” permanecerão e encontrarão de maneira racio-

• Cheque à ordem de Gabinete1 • Vale dos Correios • Transferência bancária nal uma forma de cooperação com um serviço diplomático da uE.

a Embaixada da lituânia em portugal estabeleceu-se em lisboa há 10

anos – 1998. trata de todo o espectro de relações bilaterais entre os dois

Embaixador Fernando Neves

países: políticas económicas, culturais, etc. no trabalho da Embaixada

face a face com a Embaixatriz Nurdan Türkmen

todas as áreas são igualmente importantes. ambos, lituânia e portugal,

imprescindível leitura

lisboa, os países membros da

união europeia deixarão de ter

política externa própria. É complicado, porque aquilo que a

diplomacia europeia foi traçan-

do ao longo dos tempos foi obra

são membros da união Europeia e da nato, e este facto prova a im-

É um homem “cool”, como se costuma dizer, “uma

portância do aspecto político do nosso trabalho. a elevada importância

força tranquila”. Muito observador e de espírito fino.

da área económica é evidente: o comércio e os investimentos bilaterais

Parece brincar (e brinca mesmo), estar sempre bem

enriquecem países e nações. por último mas não menos importantes são

disposto e em festa, mas, num traço quase imper-

as relações culturais, que tornam as pessoas da lituânia e portugal mais próximas.

ceptível, deixa escapar algo que diz “O que estarei

n

eu a perder algures, neste momento?”

16 • Diplomática - setembro/outubro 2008

10 • Diplomática - Junho/Julho 2008

www.gabinete1.pt

10 • Diplomática - Dezembro 2008/Janeiro 2009


Dia da Paz celebrado em apoteose em Portugal

Por ocasião das comemorações do 12º Aniversário do

Tratou-se de uma acto de massas, que teve como

Dia da Paz e da Reconciliação Nacional, assinalado a

finalidade o convívio e o incentivo à necessidade de

04 de Abril, a Embaixada da República de Angola pro-

preservação da Paz e a Reconciliação Nacional entre

moveu, este fim-de-semana, em Lisboa, o Acto Central

os angolanos e contou com a participação do Embaixa-

da efeméride, sob o Lema “Pela Paz e Unidade Nacio-

dor da República de Angola em Portugal, José Marcos

nal, Consolidemos a Democracia”.

Barrica, diplomatas, Autoridades Locais da Câmara

O evento teve lugar na Urbanização Terraços da Ponte,

Municipal de Loures, representantes de Partidos Polí-

Casa da Cultura (Quinta do Mocho), Sacavém – Lou-

ticos (UNITA e CASA-CE) e da comunidade angolana

res.

residente em Portugal.

62 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014


com cânticos e mensagens de ordem a favor da paz. Wilma Zombo, de 11 anos de idade, falando em representação das crianças angolanas radicadas em Portugal, realçou os esforços do executivo na preservação e defesa dos direitos das crianças, manifestando o seu, e o contentamento das demais crianças, pelo facto de apesar de viverem na diáspora não serem esquecidas. Por sua vez o representante dos jovens residentes em Portugal, Jaziel Silva, fez um apelo para que o executivo continue a apostar na juventude para o desenvolvimento do País. Já Maria José, representante das mulheres angolanas em Portugal, disse ser necessário preservar a Paz que tanto nos custou a ganhar. No encerramento da cerimónia o Embaixador José Marcos Barrica advogou da necessidade de preservação da paz que foi conquistada com muito sacrifício, ➤

destacou os benefícios que a mesma trouxe para

Durante o percurso pelo Bairro da Quinta do Mo-

cho, um bairro maioritariamente habitado por famílias

todos os filhos de Angola, e apelou aos jovens que

africanas e de etnia cigana, o Embaixador inteirou-se

continuem a edificar o bom nome Angola.

da situação dos angolanos que por lá residem. De

O acto Central, assistido por mais de seis centenas de

realçar que Sacavém a par de Setúbal, Linha de Sintra,

pessoas, foi abrilhantado com música de vários can-

e Algarve, são as zonas onde há um maior êxodo de

tores angolanos residentes na Quinta do Mocho e não

famílias angolanas em Portugal, apesar dessa distribui-

só. No final houve largada de balões para simbolizar a

ção geográfica ser ainda muito irregular.

Paz para júbilo dos petizes presentes.

A alegria dos angolanos presentes ao evento foi visível

´ Africa +

n

Texto: Embaixada de Angola

JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 63


XXX Assembleia Geral da UCCLA

Decorreu na Câmara Municipal de Coimbra, Portu-

Câmara Municipal de Coimbra, Manuel Machado.

gal, a reunião da XXX Assembleia Geral da UC-

Agradecendo a escolha da cidade de Coimbra em

CLA, dia 9 de maio. Muitos assuntos estiveram

promover a reunião desta organização, a vereadora

em cima de mesa, numa Assembleia que contou

apelou a todos os presentes em visitarem a cidade

com uma maioria significativa de municípios e em-

e em voltarem brevemente.

presas que constituem a organização.

David Simango agradecendo a “boa aderência” de

A Assembleia Geral da UCCLA foi presidida por

presenças, recordou a realização de eleições em

David Simango (presidente da Mesa da Assembleia

algumas das cidades presentes e solicitou a todos

Geral da UCCLA e presidente do Conselho Munici-

uma breve apresentação de nomes e cargos para

pal de Maputo, Moçambique), General José Tava-

todo o coletivo. Por fim, reconheceu o trabalho de-

res Ferreira (Administrador Municipal da cidade de

sempenhado pelo presidente da Comissão Executi-

Luanda, Angola) e Ekeneide Lima dos Santos (pre-

va, Ulisses Correia.

sidente da Câmara Distrital de Água Grande, São

A reunião teve vários pontos de análise e discussão.

Tomé e Príncipe).

“Uma palavra de reconhecimento pela forma urba-

Marcaram presença, também e pela primeira vez, re-

na, cortês, generosa e solidária com que a Câmara

presentantes da Confederação Empresarial da CPLP

Municipal de Coimbra nos recebeu, felizmente e

(Comunidades de Países de Língua Portuguesa), da

coincidentemente com uma festa que é historica-

UCCI (União das Cidades Capitais Ibero-america-

mente importante para Coimbra e para o povo por-

nas) e da Rede de Judiarias de Portugal.

tuguês e, de alguma maneira, também marcou todos

O presidente da Mesa deu as boas vindas a todos

os povos de expressão oficial portuguesa”, foram as

os presentes, dando a palavra à anfitriã vereadora

palavras do Secretário-Geral no início da sua inter-

Carina Gomes, em representação do presidente da

venção. Recordou o discurso de Manuel

64 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014


Machado, presidente da autarquia anfitriã, no dia

seguintes aspetos:

anterior (no decorrer da Comissão Executiva), de

– Homenagem que a UCCLA pretende fazer aos

que em Coimbra “vultos incontornáveis da cultura

antigos alunos da Casa dos Estudantes do Império

dos nossos povos e países, e também da política,

(CEI). Casa para “onde vinham estudar os jovens

passaram pela cidade de Coimbra e foram projeta-

das ex-colónias, que não tinham universidades e

dos para a liderança dos movimentos e partidos de

queriam prosseguir os estudos superiores”, adian-

libertação e, mais tarde, para a direção dos respeti-

tando que nesta casa ergueram-se “referências e

vos países”.

obras em volumes” - como “O Boletim da Casa”

Agradecendo a presença de todos, neste que re-

e a “Mensagem” – e “onde nasceram os maiores

presentou um encontro de cidades e de empresas,

vultos da história dos nossos países e aí nasceram

afirmou ser uma “garantia para o futuro” da organi-

poetas e políticos, como Amílcar Cabral, Agostinho

zação “pioneira na lusofonia”, com

Neto, Francisco José Tenreiro, Alda do Espírito

29 anos de existência e predeces-

Santo e muitas mais personalida-

sora da CPLP, pela mobilização

des” que passaram pela Casa. “Em

que teve e “incontornável do ponto de vista da sua importância”. O Secretário-Geral enalteceu a parceria recentemente concretizada com os Serviços Sociais da Câmara Municipal de Lisboa, uma vez que a autarquia de Lisboa tem um “acervo importantíssimo do ponto de vista social,

"

VÍTOR RAMALHO FALOU DO

“AVANÇO PARA O DESENVOLVIMENTO” QUE A UCCLA TEM PROMOVIDO JUNTO DAS SUAS CIDADES ASSOCIADAS

"

de médicos e laboratórios que podem responder a exames clíni-

função de a UCCLA ser a instituição das cidades lusófonas a CEI ter sede em Lisboa e uma delegação em Coimbra”, e fazer este ano 70 anos da sua criação e para o ano 50 anos da sua extinção (pela polícia política, em 1965), “nós desafiámos o reitor da Universidade de Coimbra a promover uma sessão de homenagem” a estas personalidades vivas, que terá lugar no dia 21 de

cos necessários a todos”, salvaguardando o direito

outubro. Adiantou, ainda, que no dia 25 de maio de

de todos e das instituições a que “pertencemos” nos

2015, terá lugar na Fundação Calouste Gulbenkian,

socorrermos desse apoio e do trabalho profissional

a sessão de encerramento, trazendo “figuras proe-

dos Serviços Sociais.

minentes e que são incontornáveis na ação política

Referindo-se ao Relatório e Contas de 2013, Vítor

que tiveram”. Vítor Ramalho falou do apoio recolhi-

Ramalho falou do “avanço para o desenvolvimento”

do junto do Governo Português e das Embaixadas

que a UCCLA tem promovido junto das suas cida-

e que o jornal SOL irá fazer um encarte com os 22

des associadas. Falou das diversas iniciativas na

pequenos livros da CEI;

área da cultura – Encontro de Escritores de Língua

– No âmbito do protocolo que a UCCLA assinou com

Portuguesa, em Natal, apoio à Ópera de Pequim,

a UCCI (União das Cidades Capitais Ibero- america-

encontros vários com escritores de renome em

nas) – que tem como objetivo o aprofundamento e

certames e universidades – dos trabalhos de sa-

o reforço das relações entre as cidades de língua

neamento em São Tomé e Príncipe e Cabo Verde,

oficial portuguesa e as cidades ibero-americanas, as-

da formação de 200 apicultores na Guiné-Bissau, na

sociadas das duas instituições, bem como fomentar a

saúde e educação em Moçambique e Cabo Verde,

participação em atividades ou iniciativas promovidas

não esquecendo o reconhecimento que a UCCLA

por qualquer uma delas em benefício de ambas – as

tem vindo a ter por parte da União Europeia.

instituições irão promover, no dia 21 de maio, ativi-

No que se refere ao Programa de Atividades para

dades para assinalar o Dia Mundial da Diversidade

2014, o Secretário-Geral destacou diversos os

Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento,

´ Africa +

JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 65


XXX Assembleia Geral da UCCLA

data consagrada pelas Nações Unidas. O Secretá-

O presidente da Comissão Executiva da Confe-

rio-Geral fez o apelo a que todas as cidades façam

deração Empresarial da CPLP, Francisco Viana,

“declarações ou marcas simbólicas” para que esse

adiantou que a Confederação irá contribuir, e está

dia seja assinalado, invocando as duas instituições;

a trabalhar nesse sentido, para ajudar financeira-

– Outorgado o protocolo com a AICEP (Agência

mente a iniciativa de homenagem à CEI. Sugeriu,

para o Investimento e Comércio Externo de Portu-

ainda que, quando da realização das Assembleias

gal), onde “iremos ter representação nas feiras in-

Gerais da UCCLA, a Confederação possa realizar

ternacionais, desde já a FACIM (Moçambique) e FIL-

um “Fórum Económico” de modo a criar uma “inte-

DA (Angola)”, permitindo, deste modo, a participação

ratividade entre os empresários que poderão apoiar

de todas as cidades e empresas que compõem o

as cidades e os nossos líderes municipais”. Por fim,

universo da UCCLA. Vítor Ramalho deu conta, ain-

afiançou que irá propor a adesão da Confederação a

da, da realização

membro da UCCLA.

do evento que a

Américo de Abreu

AICEP está a pro-

Ferreira, Adminis-

mover, para os dias

trador das Águas

3 e 4 de junho, no

de Portugal, suge-

qual irão participar

riu que a UCCLA

representantes das

deveria “potenciar,

maiores instituições

para além do finan-

bancárias do espa-

ciamento com a

ço lusófono;

União Europeia e o

– Realização da

Instituto Camões,

reunião das re-

deveria arranjar

des temáticas da

uma forma de inte-

“Preservação dos

ragir com o Banco

Centros Históricos”,

Mundial, Banco

na cidade de

Africano e Banco

Angra do Heroís-

Europeu de Inves-

mo, e da “Proteção

timentos”.

Civil”, em Maputo;

No que concerne a Moções, foram apresentadas 3 e

– Criação do Gabinete de Cooperação Económica

todas aprovadas:

que “permitirá respostas mais céleres, sem compro-

– Moção 1 de “incondicional apoio das cidades

misso, quer no domínio da formação autárquica,

associadas da UCCLA à intenção das autoridades

como no domínio

de M’Banza Congo apresentarem uma proposta à

das próprias empresas”. Para

o Secretário - Geral este Gabinete representará

UNESCO para que esta seja reconhecida como

uma “ajuda multilateral das nossas empresas, não

Património Mundial da Humanidade”;

apenas das nossas associadas, mas também ou-

– Moção 2 de “Saudação pelas recentes eleições

tras”;

Democráticas na Guiné-Bissau”;

– Assinatura de diversos protocolos: Confederação

- Moção 3 de “Saudar a cidade de Díli, associada

Empresarial da CPLP, Serviços Sociais da Câma-

da UCCLA, como cidade anfitriã da Xª Conferência

ra Municipal de Lisboa, Rede de Judiarias de Portu-

de Chefes de Estado e de Governo que terá lugar no

gal, Centro de Estudos Judiciários da Universidade

dia 23 de julho de 2014”.

Lusófona.

Os pedidos de novas adesões mereceram uma

66 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014



XXX Assembleia Geral da UCCLA

explicação mais detalhada por parte do Secretário-

UCCLA ficaram, igualmente, agendadas para os

Geral:

seguintes locais: 2.ª Comissão Executiva de 2014

- Candidatura da Câmara Municipal da Covilhã

na Guiné-Bissau; 1.ª Comissão Executiva de 2015 e

como Membro Observador da UCCLA. De acordo

XXXI Assembleia Geral em Maputo (Moçambique);

com Vitor Ramalho, a cidade da Covilhã (http://

2.ª Comissão Executiva de 2015 em Macau.

www.cm-covilha.pt/) tem uma “tradição relevantís-

No final dos trabalhos, o representante da UCCI,

sima do ponto de vista têxtil e, particularmente, dos

Fernando Rocafull, dirigiu à Assembleia palavras

lanifícios”. O responsável adiantou que outras cida-

de agradecimento pelo convite. Tendo a UCCI 29

des portuguesas manifestaram a sua intenção de

cidades todas capitais, existe um “forte vínculo entre

integrarem a UCCLA, como Ponta Delgada, Madeira

a Península Ibérica e a América Latina” e esta será

e Porto Santo;

uma “nova etapa para a relação entre a UCCLA e a

- Em

relação a

UCCI”.

empresas (Mem-

Antes

bros

nião, teve lugar

Apoiantes),

foram aceites

a

da reu-

a inauguração da

Diorama - “empre-

exposição “UCCLA

sa internaciona-

– Lusofonia

lizada em alguns

Desenvolvimento”,

países lusófonos e

que apresenta,

também na Argélia,

detalhadamente, a

e tem como princi-

UCCLA e o seu tra-

pal, para além de

balho, numa mostra

outras, atividade a

que ilustra a história,

resposta às linhas

o percurso e as me-

de caminho-de-fer-

tas alcançadas por

ro” -, Parques do

esta organização,

EDT do Tâmega

criada há 29 anos,

- associação que

e pensada para a

“agrupa várias em-

cooperação. Nela

em

presas e nichos de empresas” (http://www.tamega-

estão expostas as 39 cidades UCCLA, assim como os

park.pt/index.html) - COFACO Açores - “empresa de

principais projetos de cooperação nos últimos anos de

produtos alimentares, na área das conservas, com

atividade da instituição e as suas empresas.

grande dimensão internacional” (http://www.cofaco.

Exposição de grande sucesso, que esteve exposta

pt/) -, ANEPE- Associação Nacional de Empresas

em Díli, no Parlamento Nacional de Timor-Leste,

de Parques de Estacionamento (http://www.anepe.

pela ocasião das Comemorações do 10.º aniversário

pt/) e o CEAL/ISEC - Centro de Estudos da Admi-

da sua Independência, em maio de 2012. Esteve,

nistração Local do Instituto Superior de Educação

também, patente na cidade da Praia no âmbito da

e Ciências (http://www.isec.universitas.pt).

Assembleia Geral da UCCLA (maio de

– Foi, ainda, dado a conhecer o pedido de suspen-

2013), em Aveiro no âmbito do Festival da Lusofonia

são do CEFA - Centro de Estudos e Formação

(junho 2013), em Lisboa no âmbito do

Autárquica.

Festival Todos (setembro 2013) e da 2.ª Conferência

As datas para a realização das próximas reuniões da

"Língua Portuguesa no Sistema Mundial" na

Comissão Executiva e Assembleia-Geral da

Faculdade de Letras de Lisboa (outubro de 2013).

68 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014

n



PROTOCOLO

O Presidente da República recebeu as cartas credenciais de novos Embaixadores em Portugal

1

2

3

4

5

6

1. Embaixador da República Checa, Stanislav Kazecky 2. Embaixador do Egipto, Amr Ahmed Ramadan 3. Embaixadora da Tunísia, Saloua Bahri

7

4. Embaixador da Alemanha,

8

Ulrich Brandenburg 5. Embaixador da Índia, Jitendra Nath Misra 6. Embaixador da Indonésia, Mulya Wirana 7. Embaixador da Croácia, Ivica Maricic 8. Embaixador de Moçambique, Fernanda Eugénio Moisés Lichale

O Presidente da República, Anibal

Tunísia, Saloua Bahri; da Alemanha,

Cavaco Silva recebeu as cartas cre-

Ulrich Brandenburg; da Índia, Jiten-

denciais de novos Embaixadores re-

dra Nath Misra; da Indonésia, Mulya

sidentes acreditados em Portugal: da

Wirana; da Croácia, Ivica Maricic; de

República Checa, Stanislav Kazecky;

Moçambique, Fernanda Eugénio Moi-

do Egipto, Amr Ahmed Ramadan; da

sés Lichale e da Venezuela, Fernando

70 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014


10

9

11

9. Embaixador da Venezuela, Fernando Teles Fazendeiro 10. Embaixadora do Uganda, Nimisha Jayant Madhvani; Presidente da República; Embaixador do Montenegro, Zeljko Perovic e Ministro dos Negócios Estrangeiro 11. Embaixador da Jordânia, Mekram Mustafa A. Queisi; Embaixador do Burkina Faso, Eric Yemdaogo Tiare; Embaixador Sudão, Nasreldin Ahmed Wali Abdeltif, Presidente da República; Embaixador da Malásia, Tan Sri Ismail Omar; Embaixador da Guatemala, Marco Tulio Chicas Sosa; Ministro dos Negócios Estrangeiro e o Embaixador do Burundi, Dieudonné Ndabarushimana

Teles Fazendeiro

Sosa; do Burkina Faso, Eric Yemdao-

Também apresentaram credenciais os

go Tiare; da Malásia, Tan Sri Ismail

novos Embaixadores não residentes

Omar; da Jordânia, Mekram Mustafa

do Montenegro, Zeljko Perovic; do

A. Queisi; do Burundi, Dieudonné

Uganda, Nimisha Jayant Madhvani;

Ndabarushimana e do Sudão, Nasrel-

da Guatemala, Marco Tulio Chicas

din Ahmed Wali Abdeltif.

n

Fotos: Luís Filipe Catarino / P.R.

JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 71


VISITAS DE ESTADO

Presidente Cavaco Silva recebeu Presidente de Singapura

Na visita de Estado que realizou

Presidente da República de Sin-

início do qual o Presidente Aníbal

a Portugal no início do presente

gapura dirigiu-se ao Palácio de

Cavaco Silva e o seu homólogo

mês, o Presidente da República

Belém, onde lhe foram prestadas

singapurense proferiram inter-

de Singapura, Tony Tan Keng

honras militares. O Presidente da

venções.

Yam, reuniu-se, no Palácio de

República e a Dra. Maria Cavaco

Belém, com o Presidente Aníbal

Silva mantiveram um encontro

declarou: "Ficou claro nas con-

Cavaco Silva. Tony Tan Keng

com o Presidente singapurense

versações que acabámos de

Yam é um distinto banqueiro e

e Senhora, Mary Tan, o qual foi

ter que as relações entre Por-

eminente matemático tendo sido

seguido por uma reunião entre os

tugal e Singapura podem ainda

eleito como o sétimo presidente

dois Chefes de Estado acompa-

reforçar-se muito mais no futuro"

do seu país em 27 de agosto de

nhados das respectivas delega-

e relembrou a importância da

2011, e tomado posse a 1 de

ções.

renovação das ligações entre as

setembro do mesmo ano.

Presidente da República ofere-

duas nações.

Após uma deslocação ao Mos-

ceu um jantar em honra do seu

Destacando o apoio de Portugal

teiro dos Jerónimos, onde de-

homólogo de Singapura, por

às negociações que estão a ocor-

positou uma coroa de flores no

ocasião da visita de Estado, no

rer entre Singapura e a União

túmulo de Luiz Vaz Camões, o

Palácio Nacional da Ajuda, no

Europeia para a criação de uma

72 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014

O chefe de Estado português


zona de comércio livre, Cavaco

vontade das autoridades dos dois

colocadas em toda a península

Silva sublinhou que os empresá-

países em reforçar as relações e

ibérica.

rios portugueses têm interesse

sobretudo o desejo de alcançar

O seu homólogo singapurense

naquele país não apenas pelo

um ao reforço do dinamismo das

destacou o apoio de Portugal

seu mercado interno, mas tam-

relações empresariais.

à ratificação de um acordo de

bém como uma porta de entrada

Foi assinado um memorando

livre comércio entre Singapura e

para os mercados asiáticos. Lem-

de entendimento entre a admi-

a UE que permitirá estruturar o

brou ainda que: "Os contactos

nistração do Porto de Sines e a

comércio e investimentos entre o

entre os dois países aumentaram

empresa dos portos de Singapu-

bloco europeu e o país asiático.

significativamente nos anos mais

ra para a extensão do terminal

Tony Tan Keng Yam relembrou,

recentes, podemos dizer que nos

21 de contentores. Esse acordo

também, a importância dos

estamos a redescobrir um ao

abre possibilidades para o Porto

investimentos, em Portugal, de

outro."

de Sines vir a acolher navios de

empresas como a PSA (Port of

Esta visita vem em sequência

maior dimensão e, com a cons-

Singapore Authority), detentora

à realizada pelo Presidente da

trução da via rápida ferroviária

da concessão do terminal de con-

República Portuguesa a Singa-

para Espanha, as mercadorias

tentores de Sines, ou a cadeia de

pura, em 2012, atestando a forte

poderão mais facilmente ser

hotéis de luxo Aman Resorts.

Fotos: Luís Filipe Catarino / P.R.

JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 73


VIAGENS DE ESTADO

Presidente de Portugal na China

Presidente da China, Xi Jinping com o Presidente de Portugal, Anibal Cavaco Silva

Iniciando o programa da sua visita à

No segundo dia da Sua estada em

onde ambos assinaram acordos

China, o Presidente Aníbal Cavaco

Xangai, o Presidente Cavaco Silva

bilaterais entre os governos e

Silva foi recebido, em Xangai, pelo

procedeu à abertura do Seminário

contractos entre empresas dos dois

Presidente do Município, reuniu-se

Económico Portugal-China, tendo-

países.

com um grupo de líderes de gran-

-se encontrado com os membros da

Mais tarde, o Presidente Xi Jinping

des empresas privadas chinesas.

mesa de honra do Seminário, líde-

ofereceu um banquete em honra do

Dois ministros que integravam a

res de grandes empresas chinesas,

Presidente da República Portugue-

comitiva presidencial – Negócios

fez uma visita à Universidade de

sa .

Estrangeiros e Economia - partici-

Estudos Estrangeiros onde proferiu

Ainda em Pequim, o Presidente da

param também no encontro junta-

o colóquio “O valor das Línguas” e

República portuguesa encontrou-

mente com o presidente da AICEP,

ao Instituto de Matéria Médica onde

-se com o Presidente do Congresso

Miguel Frasquilho. Em seguida

se procedeu à assinatura de um

Nacional da Povo Chinês e com

encontrou-se com quadros portu-

Protocolo de cooperação de investi-

Primeiro Ministro, Li Keqiang e, an-

gueses residentes na região de

gação científica entre este Instituto

tes de partir para Macau, e o Chefe

Xangai e fez uma visita ao Centro

e a Universidade do Minho.

de Estado Português presidiu ao

de Artes Orientais (SHOAC) onde,

Em Pequim, o Presidente deslocou-

encerramento do Seminário Eco-

com a sua mulher, assistiu a um

-se, com parte da comitiva, à Cida-

nómico Portugal-China que reuniu

espectáculo de Kátia Guerreiro e

de Proibida seguindo-se o encontro,

centenas de empresários de ambos

da mezzo-soprano Chinesa, Wang

com o seu homólogo Chinês, Xi

os países, tendo proferido a inter-

Weiqian.

Jinping, no Grande Palácio do Povo

venção que, pela importância,

74 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014


transcrevemos: "Gostaria de

começar por felicitar as agências de promoção do investimento e do comércio externo de Portugal (a AICEP) e da China (o CCPIT), pela organização desta excelente iniciativa, que veio permitir o encontro e o debate entre empresários, fomentando parcerias e dando a conhecer as realidades económicas e o ambiente empresarial de ambos os países. Saúdo e agradeço a presença de todos os oradores, empresários e participantes. A China, país ancestral com fortes tradições e uma cultura milenar, tem um papel único na história do mundo. A China atual surpreende pela capacidade de conjugar as suas tradições multisseculares com um processo de mudança estrutural assente no desenvolvimento económico e empresarial e numa forte estratégia de internacionalização. A China é hoje uma economia de sucesso. Tenho acompanhado, com grande interesse, os esforços feitos e as soluções encontradas para afirmar a China como parceiro de sucesso na economia global. A China tem vindo a transformar-se muito rapidamente, pelo seu próprio mérito e vigor, num dos maiores ex-

Os casais presidenciais

poentes de crescimento económico a nível mundial.

namento económico e empresarial

cimento do que se faz atualmente na

A China está em voga. A sua energia

entre os dois países.

China e em Portugal.

e vitalidade, a sua dimensão, a au-

Nesse sentido, não posso deixar de

Os nossos países e as nossas

dácia e perseverança do seu tecido

sublinhar a oportunidade que este

economias têm dimensões muito

empresarial atraem, naturalmente, a

Seminário e os Encontros Empresa-

diferentes e estão, geograficamen-

atenção do Mundo e, por certo, tam-

riais representam para o aumento do

te, muito distantes. Contudo, se

bém de Portugal. É hoje um país de

investimento e de novas parcerias.

soubermos criar um bom clima de

interesse estratégico para as empre-

Desde logo, porque proporcionam

confiança entre as nossa empresas,

sas portuguesas.

um estreitamento dos contactos en-

com respeito pelas nossas culturas e

O potencial de cooperação é enorme

tre empresários e altos responsáveis

identidades, teremos condições para

e gostaria que esta minha Visita con-

portugueses e chineses. Contribuem,

estabelecer verdadeiras parcerias de

tribuísse para o reforço do relacio-

deste modo, para um melhor conhe-

interesse mútuo, de âmbito não

JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 75


Presidente de Portugal na China

Presidente da República com o Presidente do Congresso Nacional do Povo chinês, Zhang Dejiang

Reunião dos empresários

76 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014


Ministro dos Negócios Estranjeiros de Portugal, Rui Machete em cumprimentos

apenas bilateral mas também orien-

Na sequência da crise financeira

têm reconhecido e valorizado.

tado para terceiros mercados.

mundial de 2008, Portugal com-

Os sinais dos últimos doze meses

Para além da sua condição de

prometeu-se com um ambicioso e

têm sido, de facto, muito animadores.

Estado-membro da União Europeia

abrangente programa de ajustamento

Desde o 2º trimestre de 2013 que a

e da proximidade e do bom relacio-

económico, financeiro e orçamental.

economia está a crescer. O desem-

namento com os países do norte de

Passados exatamente três anos da

prego tem baixado. Nos mercados

África, Portugal sustenta ainda laços

sua aplicação e em fase de con-

externos, as empresas portuguesas

especiais com a África subsaariana

clusão, existem dois aspetos que

têm mostrado uma notável capa-

– onde países como Angola e Mo-

gostaria de salientar. Por um lado, os

cidade de adaptação, continuando

çambique falam português e mantém

objetivos estabelecidos e as medi-

a conquistar quotas de mercados,

ligações políticas, económicas e

das previstas foram, na sua grande

sobretudo fora do espaço europeu.

culturais fortes com o nosso País. O

maioria, cumpridos e implementados;

Atualmente, as exportações já repre-

mesmo se passa com a América do

e, por outro, o ajustamento orça-

sentam 40 por cento do PIB, contra

Sul, onde avultam as nossas parti-

mental e as alterações estruturais na

cerca de 30 por cento em 2010. O

culares ligações de amizade com o

economia portuguesa foram muito

saldo das nossas contas externas foi

Brasil e as fáceis relações com os

significativos.

positivo em 2013, situação que deve-

países do eixo atlântico.

Recuperámos a confiança dos

rá reforçar-se no ano em curso.

Portugal é hoje, também, uma

nossos parceiros e dos mercados

Desde meados de 2013 que as taxas

importante porta no Atlântico para a

financeiros internacionais.

de juro da dívida pública portuguesa

Europa. O porto de Sines é o primeiro

Os resultados da execução do

têm vindo a descer significativamente.

porto europeu de águas profundas

programa de ajustamento começam

O País tem vindo a retomar a emissão

no acesso pelas rotas do oriente,

agora a aparecer e a estimular a con-

de dívida de médio e longo prazo nos

venham elas por África ou através do

fiança interna, situação que tanto os

mercados internacionais, valendo a

canal do Panamá.

nossos parceiros como os mercados

pena sublinhar que as taxas de juro ➤

JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 77


Presidente de Portugal na China

acumulada, souberam reinventar-se e ganharam uma posição comercial forte nos mercados internacionais. O sector do turismo merece uma particular referência. Portugal é um destino de reconhecida qualidade. O sol e a luminosidade sempre presentes, o agradável clima, a hospitalidade e a segurança, a par de uma extensa costa marítima de rara beleza, são pontos fortes da nossa oferta turística. As diferentes regiões, tanto na riqueza e diversidade do património construído como nas tradições, festas e romarias populares, fazem de Portugal um destino turístico único. A tudo isto acresce, ainda, uma forte capacidade de alojamento, tanto ao Presidente da República com o seu homólogo chinês

nível hoteleiro como em apartamentos para estadias de longa duração

empresariais o terão feito ou o farão

ou residenciais, complementada por

mente, em cerca de 3,5 por cento.

muito melhor do que eu.

uma rede de qualidade de apoio à

Sabemos que é essencial manter o

Portugal tem hoje uma nova geração

saúde, uma boa gastronomia e exce-

ritmo das reformas estruturais em

de empresas, com grande capacida-

lentes campos de golfe, que valerá a

curso e que o crescimento económico

de empreendedora, inovadora e tec-

pena conhecer e fruir. Neste particu-

terá de assentar fundamentalmente

nológica. Muitas estão a desenvolver

lar, devo sublinhar que, nos últimos

no investimento privado, nacional e

produtos e serviços diferenciadores

anos, muitos cidadãos chineses têm

estrangeiro, e nas exportações.

para novos segmentos de procura no

procurado residência em Portugal.

Estamos determinados a propor-

mercado mundial: na eletrónica, nas

Portugal situa-se hoje, em segmentos

cionar a quem investe em Portugal

tecnologias de informação, na área

de mercado específicos, numa po-

um ambiente empresarial estável e

das energias renováveis, na indústria

sição de vanguarda a nível mundial.

atrativo. Nesse sentido, estão em

farmacêutica, no sector automóvel

A China, por seu lado, encontra-se

curso reformas essenciais na área

e aeronáutico, ou nas aplicações de

numa imparável rota de desenvolvi-

das relações laborais, da Justiça, do

software para processos de fabrico

mento e pode encontrar em Portugal

licenciamento e da tributação das

ou de gestão.

parcerias estratégicas que acrescen-

empresas. Portugal beneficia também

Destaco as áreas das tecnologias de

tem massa crítica competitiva em

de um novo e interessante programa

gestão, da preservação e requalifica-

terceiros mercados.

europeu de apoio ao investimento,

ção ambiental, do ordenamento, da

Embora afastados, cada um do seu

especialmente dirigido para as PME e

valorização urbanística e da gestão

lado do Mundo, juntos podemos criar

para a inovação e competitividade.

das cidades, assim como da eficiên-

valor, com benefício mútuo.

As empresas que me acompanham

cia energética e das infraestruturas,

É com essa convicção que irei termi-

nesta Visita de Estado à República

áreas, todas elas, onde as empresas

nar. Mas não sem antes vos trans-

Popular da China representam muito

portuguesas já têm provas dadas

mitir a fundada esperança de que

do melhor e mais dinâmico de Portu-

mundo fora.

os trabalhos deste Seminário e os

gal e apresentam experiências bem-

Também me acompanham algumas

encontros que proporciona deem um

-sucedidas de internacionalização em

empresas das chamadas «indús-

contributo determinante para que os

várias geografias. Poderia falar com

trias tradicionais», como o calçado,

empresários chineses e portugueses

gosto sobre a qualidade individual de

a têxtil e vestuário, o mobiliário, a

possam reforçar o bom entendimento

cada uma das empresas aqui presen-

agroalimentar e os vinhos, entre

e a amizade entre a China e Portugal.

tes, mas sei que os senhores líderes

outras. Com uma enorme experiência

Muito obrigado."

➤ da

dívida a 10 anos se situam, atual-

n

Fotos: Luís Filipe Catarino / P.R.

78 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014



ENCONTROS

1

O Chá na Embaixada da China A encantadora Embaixatriz da China, convidou algumas jornalistas, com a colaboração da Revista Diplomática, para um Chá na embaixada que decorreu num ambiente caloroso de franca amizade entre as convidadas. Durante a “cerimonia do Chá” puderam apreciar os pequenos bolos chineses e trocar impressões sobre ambos os países, que em breve irão comemorar os 35 anos de relações

80 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014


2

3

1. A Embaixatriz da China, Chang Dongzhen e a nossa directora rodeadas pelo Staff da embaixada e algumas das jornalistas convidadas 2. A Embaixatriz em conversa com a Filome-

diplomáticas entre estas duas nações. Acreditamos

que todas apreciaram esta tarde bem passada, sorrindo por verem, na mesa , as marcações dos seus nomes em chinês e receberem as lições de medicina

na Martins, Paula Mateus, Luisa Meirelles,

oriental que a prof. Luzhenfu lhes propôs oferecendo-

Sofia Lucas e a nossa directora Maria de

-lhes também uma bonita ágata que aplicada da for-

Bragança 3. Antes de servirem o chá… ouvindo o Senhor Embaixador

ma correcta iria contribuir para o seu bem estar. Era para ser um chá apenas de Senhoras jornalistas,

JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 81


O Chá na Embaixada da China

4

5

6

7

mas o Embaixador não resistiu em aparecer para

dirigir uma palavras de apreço pelas convidadas (Luisa Meirelles - Sub-Directora do Expresso, Paula Barreiros- Sub-Directora do Público, Filomena Martins- Diário de Notícias, Paula Mateus-Directora da Vogue, Sofia Lucas- Directora da Máxima, Isabel Stilwell- Colunista de Prestígio em várias publicações e Maria da Luz de Bragança - Directora da Diplomática ) e respeito pelo jornalismo e pelas Mulheres jornalistas, em importantes postos que, vendo bem, não são muitas...

n

82 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014

Fotos: Maria Inês

4. Filomena Martins e a medicina oriental… 5. Sofia Lucas, Paula Mateus, Isabel Stilwell e Luisa Meirelles 6. Servindo o Chá… 7. A Professora aplicando técnicas de auxílio ao bem estar a Paula Mateus



MALA DIPLOMÁTICA

Festa do 53º Aniversário da Independência e 23º Aniversário da Libertação do Estado do Kuwait

1

2

Pelo 53º Aniversário da Independência e 23º Aniversário da Libertação do Estado do Kuwait, o Embaixador em Portugal, Sulaiman Ibrahim Al-Murjan, comemorou o dia Nacional do seu país com uma recepção onde estiveram presentes relevantes figuras do corpo diplomático, políticos, empresários e outras personalidades dos mais diversos meios sociais que quiseram homenagear o Kuwait e o próprio Embaixador Sulaiman que, já entrevistado por esta revista DIPLOMÁTICA, pôde demonstrar a sua simpatia e apreço por Portugal e pelos portugueses.

■ ➤

84 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014


3

4

5

6

7

8

9

10

1. Individualidades do Kuwait festejando o aniversário 2. Maria de Bragança com o Embaixadro do Kuwait 3. Maria de Bragança com o Embaixador Iraque, Hussain Sinjari 4. Embaixador Emirados Árabes Unidos e Abdulwahab Alsenan 5. Rawan Alodah 6. Abdool Vakil e sua Mulher 7. Maria de Bragança com a Embaixadora da Turquia 8. Embaixador do Qatar e Maria de Bragança 9. Maria de Bragança e Helena Costa 10. Princípe do Kuwait e Judite Justino

JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 85


MALA DIPLOMÁTICA

portugueses que nos mostraram

1

que as portas para a democracia podem de fato ser abertas de forma pacífica e tranquila. Nós prezamos e saudamos os portugueses que têm contribuído grandemente para a nossa compreensão da democracia moderna. Aprendemos como tornar os nossos instrumentos históricos mais duradouros. A Constituição original não durou mais de um ano. O nossa atual democracia tem estado viva e de boa saúde no último quarto de século, e assim vai continuar contra todos os desafios que surjam e possam surgir no futuro. A nossa Constituição emanou também, na época, para Leste, tornando-se a Constituição da Lituânia, uma nação soberana que hoje também se lembra e entende o papel histórico deste documento. Nós partilhamos livremente a nossa experiência. O mesmo sentido de 1. Embaixadores da Polonia

Dia Nacional da Polónia 25º Aniversário da Constituição

responsabilidade com que desenvolvemos a tarefa de legislar os direitos fundamentais em 1791 acompanha-nos hoje. Somos e continuaremos a ser cidadãos respon-

De assinalar a comemoração do

democrática mais importante de

sáveis da Europa, vamos contribuir

dia Nacional da Polónia, realizada

sempre. A 4 de junho vamos reviver

intelectual e conceptualmente para

nas varandas do Casino do Estoril

a alegria dos primeiros dias de liber-

a reconstrução e atualização da UE

onde os Embaixadores recebe-

dade. Convido-vos a todos a pas-

e vamos, tenho a certeza, fornecer

ram os convidados que desejaram

searem pelas ruas de Lisboa onde

o capital humano necessário para

homenagear o Embaixador, Bronis-

nos vão ver em todo o lado. Verão o

essa tarefa. Tudo o que está na

law Misztal e sua Mulher a Em-

que fez os muros caírem.

mente polaca vem desta ilumina-

baixatriz, Ana Kostrzewa, um dos

Mas este ano também celebramos,

ção, toda a fonte de ideias de pro-

casais mais estimados pelos meios

juntamente com os nossos amigos

gresso, tudo que articula a vontade

empresariais, culturais, políticos

portugueses, o 40º aniversário da

da nossa nação em viver como

e diplomáticos, estando presentes

Revolução dos Cravos.

gestora soberana do seu destino

praticamente todo o corpo diplomá-

Lembro-me do espanto com que

está incorporado na Constituição de

tico creditado em Portugal.

eu, na época um jovem dissidente

3 de maio, bem como nas nossas

Após os hinos, o Embaixador

intelectual da Polónia comunista,

obras contemporâneas na Europa.

dirigiu-se aos convidados com pa-

a viver em Paris – onde também

Vamos perseguir implacavelmente

lavras muito humanas, sobre os 25

estavam muitos portugueses – olhei

a nossa trajetória de responsabili-

anos da democracia polaca e os 40

para a famosa imagem de Sérgio

dade histórica, boa cidadania, boa

anos da revolução dos cravos que

Guimarães, com uma criança (Dio-

vizinhança e a boa governação.

transcrevemos parte.

go Bandeira Freire), a colocar um

Viva a soberania, a liberdade e a

"Este ano vamos também celebrar

cravo num cano de uma espingarda

democracia. Viva a Polónia! Viva

o 25º aniversário da transformação

G3. Aprendemos com os amigos

Portugal!"

86 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014

n➤


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5

6

7

8

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11

Fotos: Maria Inês

10

2. Maria de Bragança com a Embaixadora de Israel 3. Embaixador de Itália 4. Embaixador da Georgia com os Embaixadores da Moldávia 5. Luisa Gouveia Pinto, Manuel Braga da Cruz e José Marques da Gama 6. Anita Mazurek e Carlos Pardal com os filhos dos Embaixadores, Marcel e Nadia 7. Embaixatriz da Suiça 8. Embaixador da Sérvia 9. Manuel e Maria do Rosário Braga da Cruz com o Núncio Apostólico, D. Rino Passigato 10. Maria Bragança com os Embaixadores da Alemanhã e Iraque 11. Vice-Reitor da Universidade do Algarve e o Embaixador do Congo

JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 87


MALA DIPLOMÁTICA

Festa do Dia Nacional da Tunísia

Por ocasião da comemoração do dia

1

2

Nacional do seu país a Embaixadora da Tunísia, Saloua Bahri, convidou personalidades dos mais diversos meios políticos e socio-económicos para uma recepção no Mariott Hotel, em Lisboa. A declaração oficial ao inicio da receção decorreu num ambiente de grande convívio e simpatia, tendo sido sendo muito aplaudidas as palavras da Embaixadora que vos transcrevemos: “O ritual dos aniversários existe não só para nos 4

lembrar os símbolos da nossa vida como também os seus valores. A Nação não escapa a este fenómeno. Este ano, as comemorações da festa nacional, 58º aniversário da independência, tem um significado peculiar, no momento em que a Tunísia pioneira da Primavera Árabe em 2011, abre uma nova fase da

3

história contemporânea, acaba de ultrapassar uma etapa charneira da sua história pós-revolução com a adoção de uma Nova Constituição. A revolução alcançou desta forma a realização essencial do seu processo de transição democrático, testemunhando de uma vitalidade política que continua a interpelar o mundo inteiro e a apresentar-se como um

1. Embaixadora da Tunísia, Saloua Bahri 2. Mulamba Watema Shabendelo e a Embaixa-

exemplo de esperança, não somen-

dora África do Sul 3. Embaixadora da Tunísia, Saloua Bahri com Maria de Bragança

te para os tunisinos como também

4. Embaixadores da Sérvia

para todos os povos em dificuldade,

dividida, teve a sabedoria em dar a

o processo de transição democrática

que continuam as suas lutas para a

primazia ao interesse nacional ao

através da organização das próxi-

democracia ou para responder aos

escolher a aproximação da negocia-

mas eleições livres e transparentes.

desafios económicos e financeiros.

ção, do diálogo nacional e do con-

A constituição é agora um texto de

Devo lembrar que a principal per-

senso.

compromisso que veio preservar os

sonagem deste processo é o povo

O processo constituinte conseguiu,

principais adquiridos seculares da

tunisino:

assim, estabilizar a situação política

modernização tunisina mas também

Uma fusão de mulheres, homens,

e securitária, ao unificar o povo, e

reafirmar o carácter civil do Estado,

de várias gerações, implicados na

devolver a confiança aos tunisinos

garantir os princípios universais dos

dinâmica revolucionária e vigilantes

e aos seus parceiros, e afirmou de

Direitos Humanos, as liberdades

de cada etapa do processo.

novo a unanimidade de todas as

fundamentais como a liberdade de

Também, a classe política, embora

componentes políticas ao conseguir

consciência, de expressão; a

88 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014


7

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6

8

9

5. Embaixadoras de Marrocos, Tunísia, Argélia e Turquia 6. Embaixador do Kuwait 7. Maria Bragança e Judite Justino 8. Pedro Pessoa e Costa com os Embaixadores da Suíça 9. Embaixadora da Tunísia, Marrocos e Arábia Saudita

paridade nas assembleias eleitas

bom caminho, o consenso nacional

e acatar o desafio socioeconómico

é, doravante, um princípio constitu-

obtido na designação de um novo

permanece crucial.

cional.

governo de competências nacionais

Além das vantagens fundamentais

A constituição tunisina representa

independentes para preparar as

da Tunísia, da sua tradição moder-

par os tunisinos também o pluralis-

próximas eleições que devem ter

nista, o momento é histórico, a sua

mo, a tolerância, o diálogo, o com-

lugar no final do ano, deram a força

carga simbólica não saberia neutrali-

promisso e equilíbrio: valores chaves

indispensável aos tunisinos para

zar os países amigos e os parceiros

que lhe conferiram, além de um texto

encarar os imensos desafios econó-

para que a esperança se mantenha

inovador, um estatuto inédito fruto de

micos que se apresentam.

viva e o modelo tunisino radioso, e

um laborioso consenso, de esforços

O apoio dos nossos parceiros irmãos

a Tunísia, farol democrático para o

e de sacrifícios.

e amigos aos esforços da Tunísia,

Mediterrâneo, A África e o Médio

A transição democrática está no

para consolidar a sua democracia

Oriente.”

n

Fotos: Maria Inês

JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 89


MALA DIPLOMÁTICA

Dia Nacional da Noruega

O Embaixador Ove Thorsheim e sua Mulher a Embaixatriz Anne Egge Thorssheim celebraram o Dia Nacional da Noruega com uma recepção na sua residência oficial. O evento contou com a presença de S.A.R. Dom Duarte de Bragança, a Senhora Ministra da Agricultura, Conceição Cristas e o Secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, que entre outras personalidades dos mais diversos meios sociais, diplomáticos e políticos desejaram homenagear este país e os seus Embaixadores. O ambiente decorreu com grande simpatia pelos jardins e salões da embaixada, tendo o Embaixador dirigido umas palavras de apreço pela amizade e boa colaboração entre a Noruega e Portugal.

90 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014

Embaixadores da Noruega


MALA DIPLOMÁTICA

Dia do Paraguai

O 203º aniversário da independência do Paraguai foi comemorado no Palácio Foz, em Lisboa, com um concerto de harpa pelo reconhecido arpista paraguaio, Ismael lendesma e o jovem pianista Chiara D’Odorico, que enchendo os salões de sons da terra Guarani , mereceram muitos aplausos. A comemoração teve início com os hinos de Portugal e do Paraguai, cantados pelo grupo coral da Telecom , seguido por um discurso do Embaixador do Paraguai, Luis A. Carreras Fretes , que proferiu palavras de agrade-

O evento contou com a presença

e cultural , assim como da comuni-

cimento aos presentes , realçan-

de figuras das mais diversas áreas

dade paraguaia em Portugal, que

do a crescente união e histórica

da sociedade, entre eles o corpo

após o concerto e uma alegre sau-

amizade entre o Paraguai e

diplomático, individualidades liga-

dação, degustaram pratos típicos

Portugal.

das ao sector empresarial, político

do Paraguai.

JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 91


MALA DIPLOMÁTICA

“Dias da Arábia Saudita” O Reino da Arábia Saudita

acolher estes festejos dos “Dias

organiza, todos os anos, um

da Arábia Saudita”. Tendo como

destes eventos sempre num país

objectivo o reforço das relações

diferente. A capital portuguesa

culturais e sociais entre os dois

foi escolhida, este ano, para

povos amigos e o enriquecimento

92 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014


1

1. Embaixador da Arábia Saudita 2. Maria de Bragança e o Príncipe Mohammed Bin Saud

➤ do

conhecimento dos países

diálogo e da aproximação entre

relativamente à cultura e patri-

povos, religiões e culturas. Tal

mónio saudita. O evento “Dias

como afirmou, o príncipe Moha-

da Arábia Saudita” constitui um

med Bin Saud, subsecretário do

dos aspectos de promoção do

Ministério dos Negócios

JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 93


“Dias da Arábia Saudita”

4

3

6

3. Jorge Sampaio e Maria de Bragança 4. Embaixadores dos Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita

Estrangeiros, “daqui, do vos-

so país, procuramos a amizade do ser humano para com o ser humano”. A D i p l om á t i c a d á o s p a r a b é n s a e s t a i ni c i a t i v a d e a p r o x i m a ç ão e n t r e a A r á b i a S a u d i t a e P or t u g a l .

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Fotos: Maria Inês

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LIVROS

Catherine Merridale A Fortaleza Vermelha Temas & Debates

O coração secreto da história da Rússia. Vencedora do Pushkin House Russian Book Prize 2014, esta crónica do Kremlin é na realidade a história fantástica da própria Rússia, desde os primeiros czares passando por Lenine e Estaline até Putin; quem desejar compreender a Rússia atual não só ficará a saber muito mas também apreciará cada página... Simon Sebag Montefiore Belo e profundamente ameaçador, o Kremlin domina Moscovo há muitos séculos. É um dos poucos edifícios de todo o mundo que ainda conserva a sua função original do fim da Idade Média: um palácio construído para intimidar os súbditos do monarca e assustar os emissários estrangeiros. Fortaleza Vermelha transmite, de uma forma brilhante, a ideia do Kremlin como um palco de acontecimentos cruciais, que mantém, na era de Vladimir Putin, a mesma importância do passado.

Hans Küng Aquilo em que creio Temas e Debates

A confissão pessoal da fé de alguém que transformou de maneira profunda o pensamento teológico em todo o mundo. Hans Küng, presidente honorário para a comissão de ética mundial, escreve sobre a «confiança na vida», a «alegria de viver», o «sentido da vida» e o «sofrimento vital», oferecendo com isso uma summa da sua própria existência e da sua esperança mais íntima. Desde modo, a completa visão religiosa do mundo deste pensador e teólogo universal fica concentrada nas questões essenciais que assaltam todas as pessoas: em que devo acreditar? Em quem posso confiar? Que posso esperar? Como devo configurar a minha vida? Questões pertinentes para a vida e para carreira diplomática.

JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 95


BUSINESS

MULTITEL Organiza Jantar Conferência alusivo aos 15 anos sobre “Corporate Governance” Os principais desafios da gestão corporativa em Angola

1

2

3

Há 15 anos que a Multitel tem garantido serviços de telecomunicações de qualidade em Angola. A empresa de telecomunicações tem ligados na sua rede mais de 1600 centros empresariais em todo o País. Para celebrar esta trajetória que posiciona a Multitel na vanguarda do segmento, foi organizado um jantar conferência sobre os principais desafios do Corporate Governance no mercado Angolano. A noite comemorativa no Complexo Hoteleiro da Endia-

1. António Geirinhas, CEO da Multitel e Laura Moura da AICEP

ma decorreu no passado dia 20 de Maio, contou com

2. Eng.º Luís Todo Bom, PCA da MultitelPCA da MULTITEL

aproximadamente 80 pessoas entre eles entidades go-

3. Francisco Ferreira, CEO da NET ONE; Silvio Baptista,

vernamentais, clientes e parceiros da empresa. O CEO

Consultor da TPA; José Caetano, Partner na Talent Search;

da Multitel Dr. António Geirinhas, no discurso de boas

Jaime Fidalgo, Director da Revista Exame

vindas sublinhou “ de uma empresa inicialmente focada em redes e em acessos, evoluímos para uma empre-

Telecom - e grupos empresariais angolanos – Angola

sa focada nos colaboradores e no cliente para melhor

Telecom, BCI e accionistas individuais.

compreendermos as suas necessidades e apresentar

A razão deste sucesso é clara e objectiva: A Multitel

ao mercado soluções integradas e personalizadas de

adoptou desde a sua criação, os princípios básicos que

produtos e serviços com qualidade superior.

devem nortear a constituição e gestão de uma aliança

Foram 5479 dias e noites a garantir telecomunicações

estratégica de matriz multicultural, nomeadamente:

de qualidade em Angola e de Angola para o mundo”.

• A decisão estruturada, por parte da Portugal Telecom,

O presidente do Conselho de Administração da Multitel,

de utilização de uma parceria empresarial no seu pro-

Eng.º Luís Todo Bom, agradeceu, emocionado, a estas

cesso de internacionalização, para Angola, nesta área

pessoas que dão vida à empresa antes do início da

de negócio de serviços empresariais.

conferência abordou o tema das parcerias estratégicas

• O processo sistematizado e estruturado de análise, ava-

considerando que “a Multitel é uma parceria de suces-

liação e selecção dos parceiros, em função dos objectivos

so entre um grupo empresarial português – a Portugal

da aliança e das características do mercado angolano.

96 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014


4

• Os mecanismos de controlo e avaliação da perfor-

5

mance da aliança, com ajustamentos permanentes, de modo a garantir a sua sustentabilidade e a remuneração adequada dos recursos dos parceiros. Salientou ainda o orgulho pelo trabalho desenvolvido por todas as equipas de gestão ao longo destes 15 anos sublinhando que todos foram imprescindíveis para o sucesso da marca e que apesar dos desafios sempre apostaram firmemente na Multitel. Além da apresentação sobre os desafios da gover7

6

nação corporativa em Angola, os convidados foram presenteados com uma recordação do aniversário. A noite ainda contou com uma exposição apoiada pela Multitel dos quadros dos “meninos pintores” um projecto de responsabilidade social do Centro de acolhimento Arnold Janssen. Histórico – Sediada em Luanda, e com representação em Benguela, Lubango e Huambo a MULTITEL Serviços de Telecomunicações, Lda, é uma empresa angolana, presente no mercado desde 1999, está

4. Sec. Executivo UCCLA, Vitor Ramalho com Eng.º Luís Todo Bom 5. José Godinho, PCA da Elta 6. Gabriel Chipuete Director Geral do ISUTIC e Walter Barros, administrador do BDA 7. José Gualberto de Matos, Administrador do EMIS

licenciada por um contrato de concessão para prestação do serviço de comunicação de dados de uso público outorgado pelo INACOM e tem como sócios principais a Portugal Telecom, a Angola Telecom e o BCI - Banco de Comércio e Indústria. É uma empresa cuja filosofia assenta numa relação

➤•

A construção do “business plan” da aliança, ten-

profunda com cada cliente, por forma a entender as

do em consideração as características diferenciado-

suas reais necessidades e de o apoiar na procura

ras do mercado angolano.

das soluções que melhor se adequam à evolução do

• O desenho, organização e estrutura da aliança,

seu negócio.

garantindo o equilíbrio dos direitos e deveres dos

Está fortemente empenhada na implementação de

vários parceiros, reduzindo os conflitos na gestão

soluções de redes que contribuam para o suces-

da aliança.

so dos seus Clientes posicionando-se no mercado

• A integração da aliança em redes de cooperação

Angolano como uma empresa de referência para

empresarial, englobando universidades e institutos

a concepção, desenho, fornecimento e gestão de

portugueses e angolanos.

soluções de telecomunicações empresariais em

• Os processos de transferência do conhecimento

Angola.

entre a Portugal Telecom e a Multitel, mantendo-a

Apoia-se numa equipa qualificada, dos quais 107

no topo da inovação tecnológica e da competitivida-

são nacionais e 3 estrangeiros com vasta expe-

de no mercado angolano, justificando a existência

riência no ramo e está organizada numa estrutura

do contrato de gestão.

flexível que permite um acesso fácil por parte dos

• O modelo de liderança e gestão da aliança dese-

clientes assim como uma capacidade de resposta

nhado de acordo com os objectivos e expectativas

rápida e eficiente. Em termos de desenvolvimento e

dos parceiros, procurando satisfazer as suas expec-

capacidade tecnológica está também suportada pelo

tativas, assegurando o respeito pelas respectivas

conhecimento, experiência dos seus sócios tecnoló-

identidades culturais e garantindo o equilíbrio e a

gicos, que apoiam quando necessário, na estratégia

eliminação dos conflitos na gestão das pessoas.

do negócio, na evolução e no suporte tecnológico.

n

JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 97


English texts

The day when the world celebrates the Portuguese Language and Culture in CPLP Almost 30 countries in four continents celebrated on May 5th the Day of Portuguese Language and Culture in the Community of Portuguese Language Countries (CPLP - Comunidade dos Países de Língua Portuguesa). Several events greated a language shared by about 250 million people, with increasing expression on the Internet and social networks. ■ Article by Ambassadors Jorge Arguello, Ambassador of Argentina, reflects on "Te Deum Interreligious Dialogue". Mansour Alsafi, Ambassador of Saudi Arabia - The Firm Principles of Kingdom of Saudi Arabia Foreign Policy and the meaning of the Saudi Arabia Refusal of a Seat in the UN Security Council. Australia's Ambassador, Anne Plunkett, writes about "Our year in G20 Presidency". Australia is to remove obstacles to growth decreasing the burden on the private sector. Anne Plunkett, Ambassador of Australia, talks about the challenges and duties of your country after assuming the presidency of the G20 group. Regarding the global crisis tells us that Australia has benefited from the difficult reforms of the past, with a steady growth in the last 22 years and one of the strongest performers in the OECD over the last decade. ■ Saloua Bahri, Ambassador of Tunisia - "The diplomatic mission is my passion" The essence of Diplomacy in jasmine perfume. A career diplomat, for 33 years in the Ministry of Foreign Affairs, Minister Plenipotentiary, married, mother of three grown up sons, Mrs. Saloua Bahri is, since last December, the charming face of "Jasmine Revolution" in Portugal. Being the first woman to be named ambassador of a Muslim country amongst us, this tunisin diplomat believes in the power of belief - but also in the strength to accept each other - the essence of diplomacy, which she seeks to live as an artist, with love and passion. "We can feel sincerity" throught the essence of her tolerant and supportive look, all around a changing world. A Lady. Diplomat. "We need to drop arms and return to diplomacy"; "I did not come to Portugal for a change of scenery, came to serve my country"; "The results are much better, when you do what you love". ■ Norbert Konkoly, Ambassador of Hungary "To get rid of the IMF, we opted for lower taxes by half." In the diplomatic service for 22 years, the Ambassador of Hungary in Portugal is a graduate in Economics from the Budapest University, M.A. in International Affairs from the Institute of Moscow, and has other specializations in New York, Geneva and Vienna. After being Consul in Ottawa, Canada, and Counsellor in London, Norbert Konkoly came to Lisbon three years ago to occupy his first post of Ambassador. A captivating figure that is worth knowing, the hungarian diplomat elects the warmth as the most striking feature of the portuguese people. ■ Hussain Sinjari, Ambassador of Iraq - "Tolerancy for peace" Tolerancy for peace, in Iraq and Middle East Hussain Sinjari founded "Tolerancy International", in 2007, convinced that hatred between people and countries can be overcome by compassion, properly organized. Kurd, 65, Ph.D. in Comparative Literature, Essex, UK, the Iraqi ambassador in Lisbon bet on respect for minorities, for everyone, for each other. Married, father of a beautiful young girl, fluent in six languages, this man of Babel is proud of the Land of Abraham, confident that peace and prosperity will return to reign in Iraqui "mosaic" and in the Middle East. How? With good education! And a bold Jihad based on Tolerancy ... www.tolerancy.org keep on site. "Iraq is a large mosaic, a bouquet of different flowers"; "Tolerancy is the primacy of what unites us, in respect for others"; "We have to start from school, also educating parents"; "Separation of powers is good for Islam, and good for the believers "; "How to Bring to Portugal the liquidity of Iraq? With education." ■ Andión Benito, Ambassador of Mexico - "I am confident that Portugal will not only return to the good times we had, as will más arriba, más adelante!" I am confident that Portugal will not only return to the good times we had, but will go further. Benito Andión told us about Mexican culture and its strong commitment to developing economic and trade relations between Mexico and Portugal. Informs us that trade between the two countries have risen exponentially in the last 10 years. Mexico buys more to Portugal, but there has been a large investment of several Portuguese companies in the country of America. ■ Jean-François Blarel, Ambassador of France in Portugal - "I have great admiration for the Portuguese people" Began 20 years ago his diplomatic career. Passed through New Delhi, Buenos Aires, Madrid and Washington. Was ambassador to Vietnam and the Netherlands. Speaks of the importance of the French language for the world economy and Portuguese immigration in France. Make proposals for a new understanding of the role of diplomacy. And tell us, though, the importance of a strong union especially the European Union in the field of security and defense. ■ Tea at the Chinese Embassy Mrs Ambassador of China, Chang Dongzen, in partnership with DIPLOMATIC Magazine, invited several Portuguese lady journalists to tea at the embassy. ■ Alfredo Amaral, CEO Peugeot Portugal - Interview The winning of the prize 'Consumer Choice' in 2014 is recognition of this quality. In an interview, Alfredo Amaral, Director General of Peugeout Portugal, discusses the challenges the brand for the year 2014. Peugeout opted for a new strategy that goes by, among other ways, by investment in new technologies and suatentabilidade.

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