´ Diplomatica
Nº18 JUNHO/AGOSTO 2014 €7 (Cont.)
BUSINESS & DIPLOMACY
With English Texts
DIPLOMÁTICA 18 • JUNHO/AGOSTO 2014
6
º ´ ANIVERSÁRIO
Entrevistas exclusivas: Embaixadores de França, Hungria, Iraque, México e Tunísia
Assuntos Summary
O dia em que o mundo celebra a Língua Portuguesa e a Cultura na CPLP The day when the world celebrates the Portuguese Language and Culture in CPLP
4
Espaço diplomático: Jorge Arguello, Embaixador da Argentina; Mansour Alsafi, Embaixador da Arábia Saudita; Anne Plunkett, Embaixadora da Austrália; Hikmat Ajjuri, Embaixador da Palestina
14
Saloua Bahri, Embaixadora da Tunísia - "A missão de diplomata é a minha paixão" Saloua Bahri, Ambassador of Tunisia - "The diplomatic mission is my passion"
22
Norbert Konkoly, Embaixador da Hungria Norbert Konkoly, Ambassador of Hungary
30
Hussain Sinjari, Embaixador do Iraque - "Tolerancy para a paz" Hussain Sinjari, Ambassador of Iraq - "Tolerancy for peace"
34
Benito Andión, Embaixador do México, - “Estou confiante que Portugal não só irá regressar aos bons tempos que teve, como irá más arriba, más adelante!” Andión Benito, Ambassador of Mexico - "I am confident that Portugal will not only return to the good times we had, as will más arriba, más adelante!"
42
Jean-François Blarel, Embaixador de França em Portugal - "Tenho muita admiração pelo povo português" Jean-François Blarel, Ambassador of France in Portugal - "I have great admiration for the Portuguese people"
48
Engel & Völkers - «Só se vive uma vez, nós mostramos-lhe onde» Engel & Völkers - “You only live once, we’ll show you where”
54
Alfredo Amaral, Director Geral da Peugeot Portugal - Entrevista Alfredo Amaral, CEO Peugeot Portugal - Interview
56
Dia da Paz celebrado em apoteose em Portugal Peace Day celebrated in apotheosis in Portugal
62
XXX Assembleia Geral da UCCLA XXX General Assembly UCCLA
64
O Presidente da República recebeu as cartas credenciais de novos Embaixadores em Portugal The President of the Republic received the credentials of new ambassadors in Portugal
70
Presidente Cavaco Silva recebeu Presidente de Singapura President Cavaco Silva received President of Singapore
72
Presidente de Portugal na China President of Portugal in China
74
O Chá na Embaixada da China Tea at the Chinese Embassy
80
Mala Diplomática. Festa do 53º Aniversário da Independência e 23º Aniversário da Libertação do Estado do Kuwait. Diplomatic pouch. 53 th Anniversary of Independence and 23 th Anniversary of the Liberation of Kuwait Celebtration.
84
Mala Diplomática. Dia Nacional da Polónia. Diplomatic pouch. Poland National Day.
86
Mala Diplomática. Dia Nacional da Tunísia. Diplomatic pouch. Tunisia National Day.
88
Mala Diplomática. Dia Nacional da Noruega Diplomatic pouch. Norway National Day.
90
Mala Diplomática. Dia do Paraguai. Diplomatic pouch. Paraguay National Day.
91
“Dias da Arábia Saudita” "Days of Saudi Arabia"
92
Livros: Catherine Merridale - A Fortaleza Vermelha e Hans Küng - Aquilo em que creio Books: A Fortaleza Vermelha by Catherine Merridale and Aquilo em que creio by Hans Küng
95
MULTITEL Organiza Jantar Conferência alusivo aos 15 anos MULTITEL Conference Dinner to commemorate 15 years
96
DIRECTOR: Maria de Bragança PRODUÇÃO: César Soares PROPRIEDADE: Maria da Luz de Bragança EDIÇÃO: Gabinete 1 Editor nº 211 326. Rua de São Bernardo, nº27 A – Lisboa. MARKETING & PUBLICIDADE: Gabinete 1 - e-mail:gabinete1@gabinete1.pt Tel.: 21 099 96 74 Fax: 21 096 49 72 IMPRESSÃO: Gabinete 1 DISTRIBUIÇÃO: Logista - Alcochete - Telefone: 21 926 78 00 Fax: 21 926 78 45 ISSN 1647-0060 – Depósito Legal nº 276750/08 – Publicação registada na Direcção Geral da Comunicação Social com o nº 125395
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O dia em que o mundo celebra a Língua Portuguesa e a Cultura na CPLP
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Quase 30 países em quatro continentes celebraram o Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a 5 de maio, através de múltiplos eventos alusivos a um idioma partilhado por cerca de 250 milhões de pessoas e que ganha cada vez maior expressão na internet e nas redes sociais. As iniciativas convocadas para assinalar esta data, organizadas ou apoiadas pelo Camões Instituto da Cooperação e da Língua, mobilizaram professores e estudantes da rede EPE (Ensino Português no Estrangeiro) e dinamizaram a programação de Centros Culturais e Centros de Língua. Em destaque nas comemorações de 2014 esteve a exposição Potencial Económico da Língua Portuguesa, que retoma os conteúdos de um estudo sobre o tema realizado, a pedido do Camões, IP, por investigadores do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE/IUL), sob a coordenação do professor Luís Reto. A pesquisa deu origem a um livro homónimo, publicado em 2012 pela Texto Editores. A mostra, organizada pelo Camões IP, foi inaugurada no Parlamento Europeu, em Bruxelas, em fevereiro de 2014, e desde então tem estado a circular pela rede de ensino, consular e diplomática portuguesa no mundo. Em Moscovo, Bruxelas, Buenos Aires, Praia, Jacarta e Goa, as atividades organizadas contemplaram a sua exibição, que tem como suporte um conjunto de cartazes. De acordo com o estudo do ISCTE, o português é a língua mais falada no hemisfério sul e a quarta no mundo - a seguir ao Chinês, Espanhol e Inglês. Paralelamente, é um idioma materno nos cinco continentes, o que só tem paralelo com o inglês. Na aprendizagem como língua estrangeira, na internet e nas redes sociais está em franco crescimento: é a quinta mais utilizada na World Wide Web e a terceira no Facebook. Dados desta investigação indicam ainda que “os 250 milhões de falantes do português representam cerca de 3,7% da população mundial e detêm aproximadamente 4% da riqueza total”. Numa outra perspetiva fica-se a saber que “os oito países de língua oficial portuguesa ocupam uma superfície de cerca de 10,8 milhões de quilómetros quadrados, representando 7,25% da superfície continental da Terra . Segundo a mesma pesquisa, a língua portuguesa afirma-se principalmente pelo número de falantes de língua materna, pelo número de países de língua oficial portuguesa, pela presença e crescimento na internet, pela cultura, sobretudo ao nível da tradução de originais produzidos noutros idiomas e, mais recentemente, através da ciência, devido ao forte crescimento da produção de artigos e revistas científicas. Este foi o quarto ano consecutivo que os países da CPLP comemoraram esta data, instituída a 20 de julho de 2009, por resolução da XIV Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da organização, realizada na Cidade da Praia, Cabo Verde. Esta decisão fundamenta-se no facto de a língua portuguesa constituir, entre os povos da comunidade, “um vínculo histórico e um património comum resultantes de uma convivência multissecular que deve ser valorizada”. Em diversas cidades onde o Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa foi assinalado, as celebrações, que assumiram expressões diversas, foram organizadas conjuntamente pelas embaixadas e representantes dos países da CPLP aí presentes.
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O dia em que o mundo celebra a Língua Portuguesa e a Cultura na CPLP
Em quatro continentes festejou-se a Língua Portuguesa e a Cultura na CPLP
Marrocos
Egito
Cabo Verde
Angola
África Angola
Egito
Um colóquio com o tema Problemas do Ensino-Aprendi-
A exibição do filme A Gaiola Dourada (2013), de Ru-
zagem da Língua Portuguesa na Província de Benguela
ben Alves, a 22 de abril, na Universidade Ain Shams,
assinalou em Benguela o Dia da Língua Portuguesa
assinalou em simultâneo os 40 anos do 25 de Abril e
por iniciativa do Centro de Língua Portuguesa (CLP)/
o Dia da Língua Portuguesa , tendo sido esta última
Camões, IP, da Universidade Katyavala Bwila, naquela
data também evocada a 6 de maio, com a exibição
cidade angolana.
do documentário Lisboetas (2004), de Sérgio Tréfaut, sobre a imigração em Portugal nos anos 80, e a 28 de
Cabo Verde
maio, com o filme Central do Brasil (1998), de Walter
Duas exposições a inauguração de Potencial Económi-
Salles, em cooperação com a Embaixada do Brasil no
co da Língua Portuguesa e a apresentação de Tempo
Cairo. Ambas as sessões decorreram na Embaixada de
da Língua, uma sessão informativa sobre a Nova Norma
Portugal.
Ortográfica, as Correntes de Poesia, o lançamento do selo comemorativo dos 800 Anos da Língua Portugue-
Marrocos
sa, Momentos Poéticos e música, com a participação de
A expansão marítima portuguesa, o património portu-
Amílcar Baptista (voz e violão), deram corpo às cele-
guês em Marrocos, a licenciatura em língua portuguesa
brações organizadas pelo Centro Cultural Português/
na Universidade Mohammed V-Agdal, em Rabat, e as
Camões, IP - Polo da Praia, pelo CLP/Camões, IP, pela
relações Marrocos-Portugal vistas pela arqueologia
Academia Cabo-Verdiana das Letras, pelos Correios de
constituíram temas do programa do Dia da Língua Por-
Cabo Verde e pela Universidade de Cabo Verde.
tuguesa assinalado na Faculdade de Letras da
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São Tomé e Príncipe
países da CPLP", e nele participaram vários grupos de estudantes, que tiveram que responder a questões e realizar provas sobre a CPLP e os países que compõem esta Comunidade. Namíbia A Coordenação do Ensino Português (EPE) na Namíbia, da responsabilidade do Camões, IP, comemorou o dia no auditório do Centro de Língua Portuguesa Diogo Cão, em Windhoek, a 9 de maio, convidando toda a comunidade portuguesa residente na capital da Namíbia e ainda os representantes das embaixadas de Angola, Brasil e Portugal, bem como todos os docentes que lecionam a língua portuguesa no país. As Palavras e a Música em Língua Portuguesa foram o
Tunísia
tópico sobre o qual se desenvolveram as celebrações, cujo programa incluiu uma récita de oito poemas de autores lusófonos, a entrega de diplomas aos alunos que concluíram os exames de certificação de aprendizagens EPE e ainda um concerto de música em língua portuguesa, com a participação do músico angolano Zé Beato e da cantora brasileira, Mara do Vale. São Tomé e Príncipe O Centro Cultural Português e o Centro de Língua Portuguesa em São Tomé e Príncipe elencaram várias atividades para a semana do Dia da Língua Portuguesa , com relevo para a exibição da exposição Potencial Económico da Língua Portuguesa. Uma atividade de formação, destinada a professores do Departamento de Línguas do Instituto Superior Politécnico (ISP) e a outros professores e alunos que se
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Universidade Chouaib Doukkali, em El Jadida, a 5 de
quisessem associar foi ministrada pelo académico uni-
maio, com a participação de académicos portugueses e
versitário João Veloso, professor agregado da Faculda-
marroquinos, e o patrocínio, entre outros, da Universi-
de de Letras da Universidade do Porto. Um concerto do
dade de Lisboa e do Camões, IP.
grupo português Real Companhia e a exibição do filme Contract completaram o programa, que compreendeu
Moçambique
ainda a 5 de maio a declamação de poesia e leituras
Um colóquio e um concurso marcaram a data nas duas
dramatizadas no anfiteatro do ISP.
principais universidades públicas moçambicanas, a Universidade Eduardo Mondlane (UEM) e a Univer-
Tunísia
sidade Pedagógica (UPM). O colóquio, a 7 de maio,
Os dias dos filmes dos países de língua portuguesa ini-
em Maputo, foi promovido pela cátedra de Português
ciaram, de 29 de abril a 2 de maio, as celebrações em
Língua Segunda e Língua Estrangeira (UEM), apoiada
diversos cinemas de Tunes, seguidos, a 3 de maio, do
pelo Camões, IP, e girou em torno dos temas ‘escrever,
concerto da nova formação da histórica banda guineen-
‘ensinar’ e ‘traduzir’.
se Orchestra Super Mama Djombo, no Acropolium de
O concurso da UPM, a 5 de maio, teve como tema "Os
Cartago.
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O dia em que o mundo celebra a Língua Portuguesa e a Cultura na CPLP
Américas
Argentina
Argentina Um Encontro de Narração, uma sessão performativa em que o narrador Carlos Marques - convidado da Embaixada de Portugal em Buenos Aires para participar da Feria del Libro - partilhou contos e cantos tradicionais com o público assistente no Centro de Língua Portuguesa/Camões, IP, de Buenos Aires, marcou o 5 de maio, dia a partir do qual ficou em patente a exposição Potencial Económico da Língua Portuguesa, no Hall Central do Instituto de Enseñanza Superior en Lenguas Vivas Juan Ramón Fernández. A exposição foi visitada entre 6 e 9 de maio por alunos do Instituto Los Ángeles - primeira instituição argentina para crian-
Canadá
ças, jovens e adultos com Necessidades Educativas Especiais, que confere habilitações a diversos níveis com o português como primeira língua estrangeira, numa iniciativa da leitora do Camões, IP, Irma Gonzalez. Canadá Angola, Brasil, Moçambique e Portugal, através das suas missões diplomáticas, juntaram-se em Otava para celebrar o Dia da Língua Portuguesa , organizando de 5 a 13 de maio, no Auditório da Biblioteca e Arquivos do Canadá, o III Festival do Filme de Língua Portuguesa, com o tema Cor-Ação, em colaboração com o Instituto Canadiano do Filme e a Seção de Português da Universidade de Otava. O programa do festival exibiu Amália (2010, Portugal), de João Ribeiro, Vai que dá certo (2013, Brasil), de Maurício Frias, Virgem Margarida (2013, Moçambique), de Licínio Azevedo, e
tuguesa junto das Nações Unidas realizou o espetácu-
I love kuduro (2013, Angola) de Mário Patrocínio.
lo Música pela Consolidação da Paz na Guiné-Bissau. O artista bissau-guineense Zé Manel Fortes, membro
Estados Unidos
fundador da lendária banda Super Mama Djombo, for-
A Conferência em Literatura Portuguesa, que teve
mada por crianças durante o processo de independên-
lugar a 25 de abril na UMass de Boston, no âmbito
cia do país nos anos 60, fez a apresentação musical.
da 9ª Edição do Boston Portuguese Festival, com o apoio do Camões, IP, e em colaboração com os
Uruguai
consulados-gerais do Brasil e de Cabo Verde naquela
Em Montevideu, o Dia da Língua Portuguesa ce-
cidade norte-americana, assinalou não só os 40 anos
lebrou-se com música e dança contemporânea. No
do fim do Estado Novo em Portugal, como o Dia da
âmbito do Festival Internacional de Dança Contempo-
Língua Portuguesa Participaram os três escritores
rânea do Uruguai, Rafael Alvarez apresentou, a 5 de
convidados, Valter Hugo Mãe, David Hopffer Almada e
maio, a obra Bosque, dirigida ao público infantil.
Francisco Alvim, moderados no painel pelo Professor
Para um público mais adulto, Andrés Stagnaro apre-
Onésimo Almeida, da Brown University.
sentou no espaço Kalima o recital Colores del Portu-
A 7 de maio, em Nova Iorque, por ocasião do Dia da
guês, combinando música e poesia do mundo lusófo-
Língua Portuguesa , na Dag Hammarskjold Library
no. O espetáculo contou com a participação especial
Penthouse, a Comunidade dos Países de Língua Por-
de Ana Montesdeoca.
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n➤
Coreia do Sul
mente, decorreu a exposição de cartazes Deslumbramentos do Olhar, que assinala os 400 anos da publicação da Peregrinação de Fernão Mendes Pinto. Coreia do Sul Um Festival de Cinema Lusófono, o primeiro exclusivamente dedicado à cinematografia dos países de língua portuguesa a ter lugar na Coreia do Sul, assinalou a 5 de maio o Dia da Língua Portuguesa naquele país asiático. Tratou-se de uma organização do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República da Coreia, com o apoio do Camões, IP, e das Embaixadas em Seul de Angola, Brasil, Portugal e Timor-Leste. A programação esteve a cargo da Cinemateca de Seul, em cuja sala tiveram lu-
China
gar as 18 sessões de projeção. No total, foram exibidos até 7 de maio nove filmes de seis países lusófonos. Índia A apresentação da exposição Potencial Económico da Língua Portuguesa integrou a ‘Noite da Lusofonia’ com que o CLP/leitorado do Camões, IP, em Goa, celebrou o dia e que, além da receção a alunos do Mestrado da Universidade de Goa e convidados, contemplou uma cerimónia de entrega dos certificados de conclusão dos cursos de Língua e Cultura Portuguesa aos alunos do CLP/Camões, IP, em Goa. Indonésia O Instituto Italiano de Cultura, o Instituto Cervantes e o Camões, IP juntaram-se em Jacarta para celebrar, a 5 de maio, as línguas e culturas românicas na Universidade Indonésia. O programa integrou a leitura de poemas em italiano, espanhol, português e bahasa indonésia e ainda
Ásia
dança e música, entre a qual Fado. A exposição Potencial Económico da Língua Portuguesa foi inaugurada durante
China
esta celebração. A 6 de maio exibiram-se filmes dos três
As celebrações na China tiveram lugar Pequim e Xangai.
países de língua românica, entre os quais Florbela (2012),
Na primeira cidade, a Universidade de Estudos Estrangeiros
de Vicente Alves do Ó. A História comum e a coopera-
organizou, a 24 de maio, um festival da canção lusófona,
ção entre Portugal e a Indonésia estiveram em foco num
em que puderam participar todos os estudantes chineses de
seminário a 12 e 13 de maio, organizado pela Embaixada
português das universidades de Pequim (10 instituições), em
de Portugal e a Universidade Indonésia.
grupo ou individualmente, com uma canção em língua portuguesa. Em Xangai, o Dia da Língua Portuguesa foi assina-
Vietname
lado pelo Departamento de Português da Universidade de
O leitorado de português da Universidade de Hanói
Estudos Internacionais e pelo leitorado de Língua e Cultura
promoveu na capital vietnamita, a 5 de maio, duas con-
Portuguesas do Camões, IP. Mariana Ramos, leitora brasilei-
ferências, com os temas A Importância do Passado nos
ra na Universidade Fudan, dinamizou um encontro dedicado
Romances Portugueses Contemporâneos, pela profes-
ao conto Peru de Natal, de Mário de Andrade, enquanto
sora Fátima Marinho, e Português, mudança e variação
Filipa Teles, leitora do Camões, IP, homenageou Urbano
- desafios para o ensino como Língua Estrangeira, pela
Tavares Rodrigues, apresentando os principais aspetos da
professora Isabel Margarida Duarte. Ambas as docentes
obra literária do escritor recentemente falecido. Simultanea-
são da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. n ➤
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O dia em que o mundo celebra a Língua Portuguesa e a Cultura na CPLP
França
Alemanhã
Russia
Itália
Europa Alemanha
Bélgica
A data foi assinalada em maio, em Hamburgo (dia
A abertura da exposição Potencial Económico da Lín-
8), Leipzig (7) e Berlim (6), com a presença de Cristi-
gua Portuguesa marcou, a 6 de maio, o arranque das
na Carvalho. A escritora, filha de Natália Nunes e de
comemorações da data, em Bruxelas, nas instalações
Rómulo de Carvalho/António Gedeão leu, em escolas
da Embaixada de Portugal, com um programa que
e universidades, passos de vários dos seus livros que
compreendeu uma palestra/debate sobre A originali-
integram o Plano Nacional de Leitura em Portugal, a
dade da Língua Portuguesa, pelo professor Fernando
convite do Centro de Língua Portuguesa de Hamburgo
Venâncio, música dos países da CPLP pelo cantor
e dos leitorados do Camões, IP, no país.
cabo verdiano Bita Nascimento e a apresentação dos
Na Universidade de Rostock, numa sessão aberta a
11 clássicos da literatura angolana. A 7 de maio teve
alunos e professores, foi exibido o filme Capitães de
também lugar uma evocação da data na Universidade
Abril, de Maria de Medeiros.
Livre de Bruxelas.
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➤
Turquia
de Zagreb duas conferências que visaram «a exploração histórica e literária de diferentes obras e autores». Iniciativas do CLP/Camões, IP de Zagreb. França O escritor e jornalista José Rodrigues do Santos teve um encontro a 5 de maio com os seus leitores na livraria Mollat, de Bordéus, numa iniciativa do leitorado do Camões, IP, na cidade, em colaboração com o Consulado-Geral de Portugal, destinada a assinalar o Dia da Língua Portuguesa... A 6 de maio, realizou-se na Casa da Europa de Bordéus a conferência A importância estratégica da língua portuguesa e o papel das novas tecnologias de informação na sua difusão. A Casa do Brasil em Paris acolheu, por seu lado, a 6 de maio, um recital de Canção Portuguesa da soprano Ana Paula Russo, acompanhada ao piano por Duarte
Luxemburgo
Pereira Martins, numa organização conjunta com a Casa de Portugal Residência André Gouveia, apoiada pelo Camões, IP. Itália O Centro de Estudos Lusófonos e a cátedra David Mourão-Ferreira da Università degli Studi di Bari Aldo Moro promoveram a 2ª edição do Prémio Dia da Língua Portuguesa, com o intuito de comemorar a ocorrência homónima. O Prémio foi dirigido a todos os estudantes inscritos nos cursos de língua portuguesa daquela universidade que responderam à pergunta «Porque é que escolhi estudar a língua portuguesa?», com um texto de 140 caracteres, escrito em português. Luxemburgo O papel que a língua portuguesa assume no contexto mundial, o seu caráter estratégico e a contribuição das comunidades da diáspora para a sua afirmação estiveram em debate numa conferência no âmbito do Dia da Língua Portuguesa , a 3 de maio, em Kirchberg. Da responsabilidade da Comissão Temática de
Croácia
Promoção e Difusão da Língua Portuguesa dos Ob-
Um breve momento musical a solo, pela fadista ama-
servadores Consultivos da CPLP, com o apoio, entre
dora Sandrina Azóia, acompanhado pela abertura
outros, da Embaixada de Portugal e do Centro Cultural
da exposição de cartazes sobre a História do Fado,
Português/Camões, IP, no Luxemburgo, a conferência
lançou a 5 de maio as celebrações na Universidade
contou, nomeadamente, com as intervenções das em-
croata de Zadar. A 7 de maio, o leitor brasileiro Mário
baixadoras de Angola e Portugal no país, e de outros
da Silva falou aos alunos sobre «10 coisas que não sa-
representantes da CPLP e dos seus países membros
bias sobre o Brasil», no ano em que este país acolhe
no Grão-Ducado.
o mundial de futebol. A 8 de maio foi a vez de o pro-
Ainda no âmbito das celebrações, o Centro Cultural
fessor da Universidade de Coimbra Pires Laranjeira,
Português organizou a exposição Never for Money
«um dos maiores especialistas na área das literaturas
Always for Love, com trabalhos da nova geração de
de língua portuguesa», proferir na Faculdade de Letras
designers portugueses e luxemburgueses, e promoveu
➤
JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 11
O dia em que o mundo celebra a Língua Portuguesa e a Cultura na CPLP
República Checa
países de língua portuguesa. No mesmo dia, no CLP/ Camões, IP, de Praga, houve uma conferência pela professora Alexandra Pinto, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Rússia As comemorações do Dia da Língua Portuguesa realizaram-se já a 29 de abril, na sala de conferências da Universidade de Relações Internacionais de Moscovo (MGIMO), devido à proximidade dos feriados nacionais russos. Representantes diplomáticos das embaixadas dos países da CPLP marcaram presença no evento, que pretendeu dar lugar às múltiplas manifestações culturais dos vários países da CPLP. Futuros diplomatas, jornalistas, relações-públicas, economistas, juristas, docentes russos da MGIMO, da Universidade Lomonossov (MGU), da Universidade Linguística (MGLU), e estudantes brasileiros e dos PALOP da Universidade da Amizade dos Povos apresentaram ao público um espetáculo que incluiu danças tradicionais, canções, declamação de poesia, teatro e pequenos filmes, com destaque para as celebrações dos 40 anos da Revolução dos Cravos. A exposição sobre o Potencial Económico da Língua Portuguesa integrou a programação. O núcleo de docentes de português da MGIMO é pioneiro, na Rússia, na promoção da língua portuguesa, e celebra pela mesma ocasião a 40ª edição do convívio
➤
a apresentação e entrega de obras escritas em
em torno da lusofonia.
português no Centro Nacional de Literatura do Luxemburgo.
Turquia O Dia da Língua Portuguesa foi assinalado a 5 de
Reino Unido
maio na Turquia, num evento organizado pelo MNE
A Coordenação do Ensino Português (EPE) celebrou
turco, em cooperação com as embaixadas dos três
o dia a 10 de maio quando os seus alunos subiram
países-membros da CPLP em Ancara - Angola, Bra-
ao palco do Town Hall para ler poemas de autores de
sil e Portugal. A sessão teve lugar no Palácio Ancara
língua portuguesa, coligidos numa Antologia que foi
(Ankara Palas), primeira residência oficial do primeiro
oferecida aos pais, durante a cerimónia. O ensemble
Presidente da República Turca e seu fundador, Musta-
da Luso Academy tocou algumas músicas de países
fa Kemal Ataturk.
de língua portuguesa.
A Turquia formalizou recentemente, através do ministro dos Negócios Estrangeiros, Ahmet Davutoglu,
República Checa
o desejo de se qualificar como membro observador-
Uma alocução feita pelo leitor do Camões, IP, em
-associado da CPLP.
Praga, Joaquim Ramos, seguida de um debate sobre
Depois da projeção de vídeos sobre os países de
o tema da língua portuguesa e das culturas dos países
língua oficial portuguesa com representação diplomáti-
da CPLP, realizaram-se no Ministério dos Negócios
ca, e de uma intervenção da responsabilidade do MNE
Estrangeiros (MNE) da República Checa, a 5 de maio.
turco, o programa compreendeu a apresentação de
Estiveram presentes os representantes diplomáticos/
música tradicional portuguesa e de Fado pelo duo de
chefes de missão das embaixadas de Portugal e Bra-
guitarristas portugueses Artur Caldeira e Daniel Pare-
sil, elementos do corpo diplomático checo e técnicos
des, seguida de uma performance de Capoeira, dança-
superiores daquele ministério com funções na área dos
-luta tradicional brasileira, de origem africana.
n
Camões. I.P.
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ESPAÇO DIPLOMÁTICO
Jorge Arguello, Embaixador da Argentina Diálogo inter-religioso "Te Deum"
"
DO VATICANO A JERUSALÉM,
DE BUENOS AIRES A LISBOA, TODOS PONTOS INTERLIGADOS NA HISTÓRIA DA INTEGRAÇÃO DO JOVEM POVO ARGENTINO
"
A Argentina é um país, como to-
marco distintivo dessa evolução foi
cimento do outro como tal, dando
dos, com defeitos e virtudes. Mas
a diversidade cultural. Enquanto a
origem a uma população nova que
se tivesse de apontar uma virtude
imigração foi, e é, encarada - em
não descendia maioritariamente de
que o distinguisse, seria a sua
muitos lugares - como invasão,
uma só cultura, como noutros paí-
capacidade de acolher e integrar a
ameaça ou problema grave, a
ses da América Latina, mas "dos
diversidade cultural expressa pelos
Argentina assumiu-a como uma
barcos".
milhões de pessoas que foram che-
contribuição para a sua economia,
Assim, todos foram obrigados em
gando ao nosso território e enrique-
para a sua demografia e, funda-
termos gerais a respeitar-se sem
cendo o nosso povo desde que nos
mentalmente, para a sua riqueza
deixarem de se falar, a reconhecer-
começámos a forjar como Nação,
cultural.
-se sem renunciarem à própria
há pouco mais de dois séculos.
Ondas de emigrantes chegaram
crença, a formar uma mesma
Como ocorreu no começo com
para povoar um vasto território
identidade nacional sem necessida-
povos muito mais antigos do que
aberto como poucos às ideias e ao
de nem obrigação de se fundirem
o nosso, a Argentina dedicou
trabalho, misturando-se entre si e
por isso numa só religião. Com as
boa parte da sua curta história à
com os crioulos nativos e povos
excepções inerentes a toda a so-
incessante construção de uma
indígenas tomando um ponto de
ciedade, esse diálogo intercultural
identidade. No nosso caso, um
partida muito preciso: o reconhe-
nunca exigiu sincretismo.
14 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
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Nesse contexto, explica-se que
recebeu na Sala Clementina do
dirigente islâmico convidado.
no Te Deum (Ação de Graças) de
Vaticano os representantes de 33
Como Francisco, o nosso impul-
cada 25 de maio, uma cerimónia do
confissões cristãs (anglicanos,
so natural é levar e exercer essa
Dia da Pátria que se celebra desde
luteranos, metodistas, ortodoxos) e
mesma interculturalidade que nos
a independência em 1810 com a
das comunidades judaica e mu-
distingue onde quer que esteja-
presença das máximas autoridades
çulmana e de outras religiões para
mos. Isso ocorreu também aqui
nacionais, participem todos os anos
promover a amizade e o respeito
em 21 de Maio, quando chamado
- em diversas igrejas do país - os
entre pessoas de diferentes práti-
a presidir os actos do nosso Dia
líderes e representantes locais de
cas religiosas. E foi mais além dos
Nacional como embaixador ar-
todas as religiões.
crentes: "Sentimos perto de nós
gentino em Portugal. Nesse dia, a
Hoje todos o conhecem como o
também todos aqueles homens e
Igreja Paroquial de São José, em
Papa Francisco, mas até há pouco
mulheres que, sem se identifica-
Lisboa, foi cenário de um Te Deum
tempo Jorge Bergoglio era ape-
rem com alguma prática religiosa,
inter-religioso no qual participa-
nas arcebispo de Buenos Aires e
encontram-se, no entanto, à pro-
ram – juntos – representantes das
cardeal-patriarca do país quando
cura da verdade, da bondade e da
comunidades judaica, protestante,
também decidiu incorporar outros
beleza", afirmou.
islâmica, ortodoxa, entre outros.
líderes religiosos na cerimónia de
Por isso, agora, nós argentinos
Do Vaticano a Jerusalém, de Bue-
cumprimentos protocolares ao che-
também não achamos estranho
nos Aires a Lisboa, todos pontos
fe de Estado, o então presidente
que Francisco na sua próxima
interligados na história da integra-
Néstor Kirchner e a atual Presiden-
viagem à Terra Santa tenha
ção do jovem povo argentino, nos
te Cristina Fernández de Kirchner.
convidado rabinos e dirigentes
animará o mesmo espírito: reivindi-
É o mesmo Francisco que uns anos
islâmicos argentinos amigos de
car o diálogo e a convivência como
antes de ser Papa pediu ao rabino
longa data a partilhar com ele
valor essencial da humanidade. O
Abraham Skorka, reitor do Semi-
o voo, "A realidade do diálogo
nosso Te Deum em Lisboa foi um
nário Rabínico Latino-Americano,
inter-religioso no país é hoje uma
modesto mas convincente contribu-
para escrever o prefácio de um
parte da nossa identidade na-
to para o qual todos foram convi-
livro seu sobre os jesuítas e com
cional", resumiu corretamente o
dados.
➤
n
quem terminou partilhando uma série de programas de televisão e publicando juntos um inédito e riquíssimo livro dos seus Diálogos. Francisco visitou algumas sinagogas para agradecer, da mesma maneira que convidou o mesmo rabino a expressar os seus pontos de vista perante seminaristas católicos. As igrejas evangélicas mereceram um gesto parecido quando Bergoglio as visitou numa multitudinária reunião que as congregou em Buenos Aires, e na qual todos os pastores e fiéis rezaram com o então cardeal. Já havia decorrido uma semana de papado quando Francisco
JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 15
ESPAÇO DIPLOMÁTICO
Mansour Alsafi, Embaixador da Arábia Saudita Os Firmes Princípios da Política Externa do Reino da Arábia Saudita e o Significado da Recusa Saudita do Assento no Conselho de Segurança da ONU
O Reino da Arábia Saudita é mem-
no quadro das organizações regio-
princípios estáveis e claros, dentre
bro fundador da ONU e principal
nais e internacionais.
eles:
actor na região Médio Oriente, com
A Arábia saudita orgulha-se da sua
O empenho da Arábia saudita em
um papel na cena internacional
qualidade de membro fundador da
interagir com a sociedade inter-
de extrema importância. A política
ONU em 1945 partindo da sua pro-
nacional mediante o cumprimento
externa saudita está assente em
funda fé de que a paz mundial é um
da Carta das Nações Unidas, das
princípios, fundamentos e dados
dos objectivos da política externa
convenções, tratados e acordos
geográficos, históricos, religiosos,
saudita. Sempre defendeu a aplica-
internacionais de que é signatária,
económicos, políticos e de seguran-
ção de regras mais transparentes
como também das regras da lei
ça agindo dentro de âmbitos princi-
para a justiça no tratamento entre
internacional que definam o âmbito
pais como a boa vizinhança; a não
os países nas áreas políticas, eco-
do comportamento geral dos países
ingerência nos assuntos internos de
nómicas, sociais e demais domínios
e sociedades civilizados.
outros países; o estreitamento das
como sendo o único caminho para
O empenho da Arábia saudita em
relações com os países do Golfo
o florescimento, o bem-estar e a es-
rejeitar o uso da força nas relações
e da Península Arábica; o reforço
tabilidade no mundo. Assim sendo,
internacionais; a não ingerência
dos laços com os países árabes e
a Arábia Saudita rejeita o recurso à
nos assuntos internos de outros
islâmicos de modo a servir os inte-
força como um dos instrumentos de
países e a condenação da violên-
resses comuns destes países e a
execução da política externa, mas,
cia e todos os meios que afetam a
defender as suas causas; a adop-
ao mesmo tempo, acredita na legí-
segurança e a paz no mundo e a
ção da politica de não alienamento;
tima autodefesa como sendo uma
afirmação do princípio do convívio
o estabelecimento de relações de
das regras da lei internacional.
pacífico entre os diversos países do
cooperação com os países amigos
Podemos dizer que a política exter-
mundo.
e o desempenho de um papel activo
na saudita alicerça-se em regras e
O empenho do Reino da Arábia
16 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
➤
➤
Saudita na estabilidade dos mer-
assegurar o apoio suficiente para
cados petrolíferos no mundo e a
respectiva eleição. De seguida veio
promoção do desenvolvimento do
a decisão da renúncia. Como foi a
comércio internacional com base em
primeira vez na história da ONU em
princípios justos e através das regras
que um Estado membro e fundador
das economias do mercado livre.
da organização internacional recusa
Tingir a política externa saudita de
o seu assento no Conselho de Se-
um traço moral mediante a adopção
gurança, tal atitude constituiu uma
do princípio de prestar auxílio às ví-
surpresa a vários níveis.
timas das catástrofes naturais, aos
A decisão da renúncia foi anunciada
sem-abrigo, deslocados e refugia-
num comunicado emitido pelo Mi-
dos em diversos países do mundo.
nistério dos Negócios Estrangeiros
Condenação e rejeição do terroris-
saudita acusando o Conselho de
"
A ARÁBIA SAUDITA ORGULHA-SE DA SUA
QUALIDADE DE MEMBRO FUNDADOR DA
ONU EM 1945 PARTINDO DA SUA PROFUNDA FÉ DE QUE A PAZ MUNDIAL É UM DOS OBJECTIVOS DA POLÍTICA EXTERNA SAUDITA
"
mo internacional em todas as suas
Segurança de impotência de tomar
formas e meios defendendo a total
decisões que resolvam os conflitos
inocência do Islão de todas as práti-
que ameaçem a paz e a estabili-
cas terroristas.
dade no mundo, nomeadamente
provoca, inúmeras consequências
O cumprimento das regras da lei
na região do Médio Oriente e que
negativas na segurança e estabili-
internacional, das convenções,
politica de dois pesos e duas me-
dade da região e nos direitos e na
tratados e Cartas internacionais e bi-
diadas, manifestada no recuso ao
vida dos seus povos. Esta tomada
laterais, quer no quadro das organi-
veto por parte de alguns membros
de posição por parte da do Reino
zações internacionais ou fora delas.
permanentes do Conselho de Segu-
Arábia Saudita reflecte a necessida-
A defesa das causas árabes e
rança para impor a sua presença,
de de alcançar uma decisão mun-
islâmicas nos organismos e fóruns
impede o Conselho de Segurança
dial para a necessária reforma dos
internacionais prestando apoio per-
de assumir as suas responsabi-
órgãos da ONU, nomeadamente o
manente com todos os meios políti-
lidades para preservar a paz e a
Conselho de Segurança, de modo
cos, diplomáticos e económicos.
segurança no mundo.
a reforçar a paz e segurança para
O não alinhamento e a rejeição dos
Tal ineficácia provocou, e ainda
toda a humanidade.
n
blocos e alianças que afectem a segurança e a paz mundiais, respeitando o direito dos povos à autodeterminação como também os seus direitos legítimos à autodefesa. Na 5ª-feira, 17 de Outubro de 2013, o Reino da Arábia Saudita foi eleito membro do Conselho de Segurança da ONU para um mandato de dois anos. Porém, poucas horas após o anúncio da sua eleição como membro não permanente no Conselho de Segurança, a Arábia Saudita anunciou a recusa do seu assento neste Conselho, embora se tivesse esforçado durante longo período trabalhado duma maneira bem organizada e profissional a fim de
JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 17
ESPAÇO DIPLOMÁTICO
Anne Plunkett, Embaixadora da Austrália Austrália: O nosso ano na presidência do G20
"
A AUSTRÁLIA BENEFICIOU DE
REFORMAS DIFÍCEIS NO PASSADO. TIVEMOS 22 ANOS CONSECUTIVOS DE CRESCIMENTO ECONÓMICO E UM
DOS DESEMPENHOS MAIS FORTES NA OCDE NA ÚLTIMA DÉCADA.
"
Em Dezembro de 2013, o
po que nos dá a possibilidade de
Primeiro-Ministro Tony Abbott
mostrar o melhor da Austrália. A
anunciou o início da presidência
cimeira do G20 será o encontro
australiana do G20, um grupo
de líderes mundiais mais im-
de economias* que representam
portante que a Austrália jamais
cerca de 85% do produto interno
organizou.
bruto global, mais de 75% do
Em 2014, o G20 tem 2 temas
comércio global e dois terços
como prioridade: a promoção de
da população mundial. Entre os
um crescimento forte da econo-
seus membros conta-se a União
mia e do emprego através da
Europeia, uma parceira signi-
capacitação do sector privado,
ficativa da Austrália a nível de
e tornar a economia global mais
comércio e investimento.
resistente a choques futuros.
Presidir ao G20 constitui simul-
A preparação para a cimeira de
taneamente uma oportunidade
líderes do G20 que terá lugar em
e uma grande responsabilidade
Brisbane, no estado de Queens-
para a Austrália. Permite-nos
land, de 15 a 16 de Novembro
ajudar a moldar a agenda eco-
de 2014, teve um começo forte.
nómica global em benefício de
O compromisso assumido por
todos os países, ao mesmo tem-
parte dos ministros das
18 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
➤
Finanças e governadores de
mento, diminuindo a carga sobre
bancos centrais quanto ao de-
o sector privado através da abo-
senvolvimento de novas medidas
lição de impostos e redução de
destinadas a aumentar o nível
regulamentação, impulsionando
de produção do G20 em pelo
a participação da força laboral e
menos 2 pontos percentuais
construindo os pilares para uma
acima do valor actualmente pro-
economia do século XXI.
jectado para os próximos 5 anos
A Austrália, em conjunto com os
cria o enquadramento para uma
outros membros do G20, quer
agenda ambiciosa de crescimen-
que as pessoas entendam cla-
to e emprego.
ramente a importância do G20
Para que este compromisso
e a sua capacidade de fazer a
colectivo se cumpra, a Austrália
diferença. O portal do G20 con-
está a pedir aos países que se
tém mais detalhes sobre a sua
concentrem nas reformas es-
agenda, bem como informações
truturais para melhorar o inves-
sobre sensibilização e envolvi-
timento, comércio, emprego e
mento durante a presidência da
concorrência – áreas críticas
Austrália: www.g20.org
onde o crescimento pode ser
*Os membros do G20 são:
alcançado. Até meados de 2014,
África do Sul, Alemanha, Arábia
os países terão identificado
Saudita, Argentina, Austrália,
medidas para cumprir a ambição
Brasil, Canadá, China, República
colectiva dos 2%. Estas medi-
da Coreia, Estados Unidos da
das, a serem apresentadas no
América, França, Índia, Indoné-
âmbito das estratégias de cres-
sia, Itália, Japão, México, Reino
cimento dos países-membros,
Unido, Rússia, Turquia, União
estarão no cerne do plano de
Europeia.
➤
n
acção que será analisado pelos líderes na cimeira de Brisbane. A Austrália beneficiou de reformas difíceis no passado. Tivemos 22 anos consecutivos de crescimento económico e um dos desempenhos mais fortes na OCDE na última década. A Austrália compreende também que a reforma é uma corrida que nunca está acabada e que temos que continuar a procurar formas de nos melhorarmos a nós próprios. Enquanto presidente do G20, a Austrália lidera por exemplo. A nossa agenda doméstica visa eliminar a burocracia e aumentar a produtividade. A Austrália está a remover obstáculos ao cresci-
JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 19
ESPAÇO DIPLOMÁTICO
Hikmat Ajjuri, Embaixador da Palestina Death of Two States Solution
"
I ACCORDINGLY CONCLUDE TO SAY THAT IT IS HIGH TIME FOR THE INTERNATIONAL COMMUNITY TO INTERFERE TO
ENFORCE THE TWO STATES SOLUTION, BASED ON THE RELEVANT UN RESOLUTIONS
On the 29th of November 2012,
self-determination. Resolution
the Palestinians were issued a
3236 states that the right of
long overdue birth certificate from
independence of Palestine
the UN with the realization of
is “inalienable” and that the
the State of Palestine. However,
Palestinian people have a right
in short of full recognition for
to a “sovereign and independent”
this state, we yet believe that
state. This recognition makes
recognizing of Palestine as a
this right fundamental and is not
non- member state of The UN
up for negotiations, nor can its
by 138 member states, including
implementation be subject to
Portugal, is a significant step
whims of Israel, the occupying
in the process of rectifying the
Power.
unprecedented historical injustice
On the other hand, various
inflicted on the Palestinian people
reports produced by international
since the creation of the state of
bodies, such as the EU, the UN,
Israel in 1948.
the World Bank and the IMF
The right of the Palestinian
have concluded that Palestine
people to self-determination has
has achieved the institutional
been universally recognized
development needed for the
by the UN Resolutions; 2649
state to function, including its
and 2672, confirming the right
economic component. All these
of the Palestinian people to
reports also concurred that
20 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
➤
"
debilitating economic and social
cover up for grabbing more of the
function to their full potential, the
effects.
land which is supposed to be the
Israeli 47 year old Israeli military
Regrettably, Israel and in spite of
future state of Palestine.
occupation has to come to an
being created by a UN resolution
Finally, I regret to say that the
end.
- (181), of 1947, which partitioned
so far outcome to twenty years
In 2011, the Palestine National
the land of historic Palestine into
of negotiations between Israel
Authority produced, for the first
two states-, Israel, on record
the occupying power and the
time, a study that calculated
has never respected or observed
occupied Palestine was the
the quantifiable cost of Israel’s
any of the tens of UN resolution
sad loss of the two leaders who
continued military occupation
calling on Israel to abide by the
initiated these negotiations.
of the Palestinian Territory,
International law and to reverse
Both removed at the hands of
amounted to 6.897, billion USD,
all its illegal actions particularly
the enemies of peace in Israel.
a staggering 93.3% of the total
its settlement enterprise on the
Rabin, the former Israeli prime
Palestinian GDP of year 2010.
Occupied Palestinian territories.
minister was assassinated on
➤
for Palestinian institutions to
In its latest report, “Stagnation
Negotiations with the Israelis
4th of November 1995 and the
or Revival”, the World Bank
since the Oslo agreement of
Palestinian leader Arafat was
report noted the effect of Israel’s
1993 is a story in which one
poisoned and died on the 11th of
control over the Occupied state
side makes proposals for nothing
November 2004.
of Palestine; “The present
in return; one side makes
I accordingly conclude to say that
situation severely handicaps
agreements that the other side
it is high time for the International
Palestinian economic activity
breaks; and one side keeps
community to interfere to enforce
in the Jordan Valley... thereby
commitments that the other
the two states solution, based
denying Palestinians a potential
side ignores. In other words,
on the relevant UN resolutions.
powerhouse of export-oriented
“negotiations” in the Israeli
The alternative, otherwise, is an
high value-added agriculture”.
dictionary is a code word for
apartheid bi national state in the
The World Bank then concluded
perpetuating their occupation of
Holy Land and instability of the
that ‘Israeli restrictions remain
the Palestinian territory and a
region.
■
the biggest constraint facing Palestinian private sector growth’ and referred to Israeli restrictions as impeding sustainable economic growth. In the same context, approximately 35% of the Palestinian economy is generated in the Metropolitan East Jerusalem area. Israel’s illegal annexation of occupied East Jerusalem, contrary to UN Security Council demands in resolutions 252, 267, 271, 298, 476 and 478 that it reverse this annexation, and obvious that its separation from the rest of the occupied state of Palestine has
JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 21
DIPLOMACIA NA 1ª PESSOA
Saloua Bahri
por Maria da Luz de Bragança, com J.U. Tavares-Rodrigues, fotos de Maria Inês
Embaixadora da Tunísia em Portugal "A missão de diplomata é a minha paixão"
Diplomata de carreira, há 33 anos no Ministério de Negócios Estrangeiros, ministra Plenipotenciária, casada, mãe de três filhos, Saloua Bahri é, desde Dezembro, o rosto aberto da “Revolução de Jasmim” em Portugal. Embaixadora de um país muçulmano, acredita no poder da convicção, - mas também na força de aceitar o outro – na essência da Diplomacia, que procura viver com arte, por amor e por paixão. “ A sinceridade sente-se” como perfume do seu olhar, tolerante, solidário, sobre um mundo em mutação. Uma Senhora, Diplomata.
22 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
➤
A primeira pergunta é directa.
É, de facto, a primeira vez que estou
tónico, porque souberam preservar
Como e quando chegou a Embai-
no vosso país, mas conheço Portugal
o património cultural mais antigo, em
xadora?
há muitos anos, através dos dos-
harmonia com o que têm de mais
Em primeiro lugar, agradeço a vossa
siers. Estive encarregada, no MNE,
moderno. Reparem por exemplo, no
visita à Embaixada. Estou feliz por
dos Assuntos Europeus e, entre
Parque das Nações e como a moder-
conhecê-los e terem estado presen-
eles, do dossier Portugal. Recordo
nidade se estende harmoniosamente
tes na recepção que assinalou, a 20
que o meu primeiro encontro com
até à majestosa Praça do Comércio.
de Março, o Dia Nacional da Tunísia.
portugueses foi com o senhor Dr.
Nós também fizemos a mesma coisa.
Como é que cheguei a embaixadora?
José Manuel Barroso, quando foi à
Uma outra boa impressão que tive
Sou, antes do mais, uma diplomata
Tunísia, em 1987. Ele era, então,
desde logo foi a qualidade da vossa
de carreira. Estou no Ministério dos
secretário de Estado dos Negócios
infraestrutura rodoviária. É notável,
Negócios Estrangeiros há mais de
Estrangeiros e tive oportunidade
felicito-vos!
30 anos. Isso não me rejuvenesce,
de acompanhá-lo, e à sua mulher,
Com fundos europeus… Um in-
mas é a realidade. Tenho 33 anos
durante toda a visita de três dias à
vestimento bem feito – e bem con-
de carreira no MNE e percorri todos
Tunísia. Encontro muitas semelhan-
trolado – quando era 1º ministro o
os escalões: após o concurso (…)
ças entre a Tunísia e Portugal…Têm
actual presidente da República.
tornei-me embaixadora em 2006.
superfícies muito parecidas (se des-
Recordo a propósito, que a Tunísia é
Passei 5 anos na Roménia, já como
contarmos os 40% do Sahara), so-
o primeiro país africano que fez um
➤
embaixadora, de 2006 a 2011, ano em que fui designada directora-geral da Carreira Diplomática, no MNE, para as áreas da Formação e Estudos Estratégicos. Depois, em Agosto de 2013, propuseram-me o posto
"
acordo de associação com a União Europeia. Mesmo sem falar dos anos
DAMOS PRIORIDADE À DIPLOMACIA ECONÓMICA
em Lisboa, que aceitei de imediato,
70 e 80, falando dos mais recentes, contemporâneos, o primeiro acordo de associação entre a Tunísia e
"
a União Europeia foi assinado em Julho de 1995 e foi o primeiro acordo
para servir o meu país no vosso belo
mos uma população de 11 milhões,
com um país árabe, um acordo de
país. Estou aqui desde Dezembro
quase a mesma que a vossa, temos
associação que abre perspectivas
de 2013, cumpridos os requisitos
grandes similitudes entre os nossos
nas relações tunisinas – União Euro-
de acreditação e todas as formali-
povos: a generosidade, o carácter
peia. Depois, em 2008, firmámos um
dades que conheceis. Apresentei
aberto a todos, a costela de bon
acordo comercial de livre circulação.
as credenciais de embaixadora ao
vivant, talvez tirada da proximidade
Mais recentemente, no ano passado,
presidente da República Portuguesa,
do mar; nós temos 1200 quilómetros
conquistámos o estatuto privilegiado,
Aníbal Cavaco Silva, em 15 de Ja-
de costa, de Mediterrâneo, a norte e
que consagra um nível superior, mais
neiro de 2014. E aqui está na revista
a leste.
estreito, de cooperação. 80% das
Diplomática a minha fotografia, com
Vizinhos da Itália…
nossas trocas comerciais são com a
o senhor presidente, vestida com
Entre a Tunísia e a Itália são prati-
Europa. É o nosso maior parceiro.
traje tradicional.
camente 50 minutos de voo. E vós,
Mas não pensam entrar na União
Enfim, é toda uma vida no MNE…
com essa enorme costa atlântica…
Europeia?
Tem filhos?
vejo, na verdade, muitas semelhan-
Como sabe (sorri), somos um país
Três: um farmacêutico, uma en-
ças.
árabe, africano, mediterrânico.
genheira financeira e o mais novo,
Este Inverno foi-nos especial-
Somos um país muçulmano. As
que tem 20 anos, está em Paris, na
mente rigoroso.
relações com a União Europeia são
Sorbonne a estudar Comunicação,
Sim, mas na Tunísia gostamos da
muito, muito importantes e se fôsse-
quer ser jornalista.
chuva. Porque é boa para a agricul-
mos negociar com a UE um acor-
Queremos agradecer a sua dispo-
tura e vista como sinal de prosperi-
do de adesão não deixaria de ser
nibilidade, felicitá-la pelo seu per-
dade.
bem-vindo, mas, na minha humilde
curso profissional e desejar-lhe as
De graça.
opinião, não será prioritário…
maiores felicidades aqui em Portu-
Justamente, uma dávida! Vemo-
Somos parceiros com laços privile-
gal. Sendo a sua primeira vez em
-la assim. E aqui encontrei um país
giados. Como sabem, a Tunísia foi
Portugal, não só como diplomata.
muito belo, que me fascinou imedia-
o país onde começou a primavera
Quais as primeiras impressões?
tamente do ponto de vista arquitec-
árabe, com a nossa revolução de
➤
JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 23
Saloua Bahri
"
É PRECISO LARGAR AS ARMAS E VOLTAR À DIPLOMACIA
2011. É um país vanguardista em
"
tos é muito importante. É a igualdade
dado o direito de voto às mulheres.
quase tudo e estamos no bom cami-
de oportunidades para todos, da
A Tunísia não fala de igualdade da
nho no que respeita ao processo de
primária à universidade. Medicina,
mulher, não fala de emancipação,
transição democrática: já cumprimos
artes, jornalismo… cumpridos, natu-
falamos de parceiros. A prova é
uma etapa fundamental, com a nova
ralmente, elementares padrões de
a mulher embaixadora, a mulher
constituição tunisina, que é não só
exigência.
comandante, a mulher militar, a
inovadora como soube preservar as
Basta ser bom aluno para não ter
médica, a engenheira, há corpos
conquistas modernas da Tunísia, o
qualquer custo na educação?
profissionais que estão cada vez
estado laico, os direitos do homem,
Só é mesmo necessário ser bom alu-
mais feminilizados – a medicina, a
as liberdades fundamentais e, como
no. Por exemplo, para medicina, para
farmácia, o jornalismo tem cada vez
sabem, a igualdade da mulher é
engenharia, para farmácia, é preci-
mais mulheres, a justiça também.
consagrada na Constituição, o que
so ter boas qualificações, porque é
O Estado mantém-se separado
só existe nos países nórdicos…
exigido um alto grau de competên-
da igreja. Mas 99% da população
É o primeiro país árabe não di-
cias, intelectuais e profissionais. E,
é constituída por muçulmanos
remos com a emancipação da
enfim, além do ensino e da saúde,
sunitas; o presidente Zine Ben Ali,
mulher, mas com quotas no parla-
investimos na mulher. A Tunísia é o
deposto na vossa revolução do
mento, desde o tempo do Presi-
primeiro país árabe, e não apenas
jasmim, dizia recear algum radica-
dente Bourguiba…
árabe, com debates abertos sobre a
lismo, um possível crescendo do
Desde a independência, em 1956,
mulher, anteriores a 1956, com obras
fundamentalismo islâmico. Como
investimos fortemente em três do-
de grandes pensadores como Talar
é que convivem, na Tunísia de
mínios: na educação – e é por isso
Haded, e, mais tarde, com Habib
2014, a religião e a política?
que temos um nível tão elevado – na
Bourguiba, no Código de Estatuto
Na Tunísia, não temos problemas
saúde. Saúde e educação sem cus-
Pessoal, foi abolida a poligamia e
religiosos, de facções ou de tribos. ➤
➤
24 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
É uma sociedade homogénea; há
na Roménia, que recebemos prati-
Como salientei, no discurso do Dia
praticantes e não praticantes mas
camente um turista por cada tunisi-
Nacional, é a Constituição da tole-
são (quase) todos muçulmanos e
no – por que é que os turistas nos
rância e do diálogo, ela representa e
não se coloca a questão de distinguir
visitam? É certo que querem ver a
espelha tudo isso.
entre verdadeiros e pretensamente
cultura, o património, querem des-
Um exemplo para o mundo ára-
falsos.
cobrir o país, mas é também porque
be…
Como aqui, com os cristãos.
querem sentir-se à vontade, sentir-
Não só para o mundo árabe: para o
Voilá. Entre nós, o problema da
-se bem, e o povo tunisino é aberto,
mundo inteiro. Onde quer que haja
religião nunca se pôs. É verdade que
muito caloroso, o que faz da Tunísia
dificuldades, há que manter a espe-
no mundo de hoje, de forma geral,
um país muito acolhedor. É todo um
rança acesa. Nós, os seres huma-
há um outro movimento, que se
carácter, que não muda como uma
nos, com diálogo, abertura e vontade
desenvolve, e que tenta posicionar
tendência qualquer. A personalidade
de falarmos, poderemos sempre
o islão em diferentes níveis: o islão
que triunfou na revolução de 2011
chegar a resolver os problemas.
light – mas é óbvio que não existe
fê-lo graças ao diálogo. Tivemos
A senhora embaixadora conhece a
um islão light – e um islão extremis-
dificuldades, e cada partido queria
história da Tunísia quase como a
ta… é um movimento geral, global,
impor os seus pontos de vista, os
de si mesma. Desde a independên-
e a Tunísia, com a sua abertura, não
islamistas, os partidos da direita, da
cia, em 1956, Bourguiba, Ben Ali…
escapou a esse fenómeno. É verda-
esquerda, e os independentes
É o meu país.
de que há actualmente na Tunísia
Quantos partidos estiveram envol-
Pensa que a evolução é favorável
alguns extremistas; o seu número
vidos?
e que tudo vai correr bem?
não é muito importante, mas existem.
Na altura da revolução chegaram a
País que estagna não avança. É a
No que respeita ao Partido Islamista
ser mais de 100 (sorri), mas hoje os
história. Vivemos etapas. Com Bour-
que, após a revolução, venceu com
partidos mais importantes são 10 ou
guiba foi uma etapa bem precisa:
maioria as eleições de 2011, é um
12. Os três que estiveram no poder
depois da colonização, a indepen-
partido moderado, que soube conci-
após as eleições de 23 de outubro
dência, como construir o país, como
➤
liar as diversas matizes da personalidade tunisina. Porque a personalidade tunisina não é dos dias de hoje, foi amadurecida em 3000 anos de história e outros tantos de civilização. Vem dos fenícios, em 814 antes de
"
balizar as instituições do estado, como trabalhar, foi um período impor-
ADMIREI MUITO
A FORÇA COM QUE OS PORTUGUESES VIVERAM A CRISE
Jesus Cristo, de Cartago, dos roma-
"
tante; não direi se foi melhor ou pior, foi um período. Com Ben Ali, que prosseguiu ao ritmo do primeiro presidente, a Tunísia investiu no desenvolvimento, na modernidade. Houve,
nos, dos bizantinos, de tantas ilustres
de 2011 são o partido islamista com
é certo, as questões da liberdade e
dinastias…
dois outros partidos – o Partido De-
dos direitos do homem; e agora é
E dos árabes…
mocrático e o CPR, partido do actual
outra etapa. É a história, a história
…a Tunísia soube gerir toda essa
presidente da República. São dois
evolutiva que dita cada etapa. Somos
influência de civilizações, incorporan-
partidos laicos que trabalharam direc-
um povo educado, intelectual, virado
do-a, como essência da sua cultura.
tamente com um partido islâmico…
para a modernidade. É agora tempo
E se se fala da Tunísia do diálogo, na
e, após a revolução, nem sempre
de progredirmos para um outro nível
Tunísia da tolerância, na Tunísia da
foi fácil retomar um ritmo digamos
de democracia, de liberdades fun-
abertura, isso não são palavras ocas,
normal. Mas, com o diálogo à escala
damentais. A história não faz coisas
são valores autênticos. Basta um
nacional, graças a um consenso a
más e, mesmo das menos boas, há
indicador: o que foram os fenícios?
que há que dar valor
que tirar lições positivas.
Comerciantes. Conhecem algum co-
Pelo que uniu, não pelo que divi-
Vemos aqui uma verdadeira Diplo-
merciante fechado sobre si mesmo?
de!
mata...
Quem diz comércio, diz abertura. Ou-
Justamente, isso uniu-nos e con-
Vejam o que aconteceu em 2011,
tro exemplo: o turismo. Se um país
seguimos forjar uma Constituição
com a revolução. Foi uma etapa –
de 10 milhões de habitantes recebe
verdadeiramente consensual. Não é
ninguém a previu ou preparou – uma
por ano quase 8 milhões de turistas
perfeita, e ninguém se revê integral-
convergência de circunstâncias (a
(são dados de 2009) – e lembro-me
mente, mas é uma Constituição que
corrupção da família do presidente, o
de notar, quando era embaixadora
reflecte a personalidade da Tunísia.
desemprego a subir cada vez
➤
JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 25
Saloua Bahri
mais, as liberdades não respeitadas
perspectivas aos nossos agentes
fina, as gentes acolhedoras, sem
por alguns partidos ou tendências).
económicos, aos nossos empresá-
esquecer a cozinha mediterrânica…
Era preciso que a Tunísia passasse
rios, aos nossos povos, aos nossos
Também nós temos forte influên-
para um novo patamar… a revolução
países. A minha missão essencial é
cia da cultura árabe…
aconteceu e foi o povo que a fez.
procurar prosseguir e desenvolver as
…e Portugal tem feito um trabalho
Agora é uma nova etapa, carregada
boas relações – também entre minis-
imenso, diversificando as relações
de… imensas coisas: cheia de dificul-
tros – sobre os interesses comuns, e
e parceiros exteriores, trabalhando
dades mas também de esperança,
trabalhar sobre o económico na sua
com todos os países. Estou optimista
de perspectivas, de coisas boas. E,
dimensão mais vasta. A economia,
de que Portugal vai ultrapassar a cri-
havendo uma sociedade civil, intelec-
os investimentos, o turismo, não
se, que não é, aliás, inerente a Por-
tual e aberta, é ela que vai fazer tudo.
apenas as trocas.
tugal e à Tunísia. É uma crise geral,
A Constituição foi feita assim, os 145
O turismo português tem trabalha-
com mudanças enormes nos planos
artigos, um por um: “este é bom, este
do bem, para trazer cá os vossos
político e diplomático. Nós, diploma-
não”, foi assim, até ao fim. A Tunísia
turistas?
tas, mas também os políticos e os
é um país com 3 mil anos de história
O turismo é uma prioridade. Partici-
povos, as sociedades civis, tentamos
e de cultura. Comprova-se em toda a
pámos na última BTL (Bolsa de Tu-
gerir a situação. É um momento da
parte o rigor intelectual dos tunisinos.
rismo de Lisboa) com um stand. Os
história, uma etapa de mudanças: de
É uma revolução tranquila, per-
nossos povos são ambos de trocas e
leste a oeste, nos países árabes, no
➤
fumada, e com essa esperança e serenidade regressamos agora a Portugal. Somos o vosso 4º ou 5º parceiro comercial. Qual a tendência actual? É uma pergunta para a embaixado-
"
sudeste asiático, em toda a parte, é um mundo em mutação.
QUANDO FAZEMOS O QUE AMAMOS,
A mundialização, fará a grande
OS RESULTADOS SÃO MUITO MELHORES
ra? (sorri). Que é que ela vos pode
"
diferença do passado? É altura de aprofundar a reflexão, para que o mundo se torne mais humanizado, mais solidário, mais
dizer? Como diplomata de carreira, o
de abertura. Não têm problemas em
tolerante, e para que partilhe as suas
que mais me importa é desenvolver,
viajar. Falta dar-lhes, agora, mais in-
riquezas por todos os países.
em primeiro lugar, as nossas rela-
formação, dinamizar o diálogo, para
Isso conduz-nos ao fim - ao Fim
ções económicas, para que estejam
que os povos se conheçam melhor.
em todos os sentidos, ao Fim
à altura das excelentes relações
É o nosso papel, fomentando reu-
como objectivo – à sua visível pai-
políticas e diplomáticas. Porque entre
niões, para os agentes económicos e
xão pela diplomacia. O que é que
a Tunísia e Portugal as relações
turísticos.
mais a apaixona, o que mais ama,
são extremamente privilegiadas:
Acha o nosso turismo bem promo-
como diplomata?
assinámos, primeiro, um acordo de
vido?
Vivo apaixonada pela minha pro-
Amizade e Boa Vizinhança, instituí-
Penso que o turismo português
fissão. É a profissão que escolhi
mos a comissão de Alto Nível entre
trabalha muito bem. Os turistas
e, quando a exerço, faço-o como
os nossos chefes de Governo, temos
querem e gostam de viajar. Há dois
uma artista…não como obrigação.
uma cooperação excelente em vários
aspectos a ter em conta: a revolução,
Amo muito o meu país! Não se
domínios. Portugal enfrentou anos
que concentrou as vontades a nível
pode comparar o amor do nosso
difíceis de crise económico-financeira
interno, e também a crise económica,
país a um outro amor qualquer.
e nós tivemos sérias dificuldades
que abrandou consideravelmente as
E acredito, mesmo, na missão do
logo após a revolução… em ambos
coisas. Mas agora, com o esforço de
diplomata. Muitos dizem que são
os países, as prioridades focaram-se
todos os operadores, tudo pode e vai
só recepções, etc… mas isso são
a nível interno. Agora que Portugal
correr cada vez melhor… já a partir
preconceitos. A missão de diplo-
faz progressos nos planos econó-
de Maio, passam a haver semanal-
mata é, por essência – e é a minha
mico e financeiro – pelos quais vos
mente 5 voos directos entre Portugal
paixão – a missão de aproximar
felicito – e que a Tunísia também
e a Tunísia – 3 da Tunisair e 2 ou 3
que, através do diálogo, nos traz a
partiu no bom caminho, damos prio-
charters. Todos os dias, portanto, vai
convicção. É a força da convicção,
ridade à diplomacia económica, na
haver voos entre Lisboa e Túnis.
da negociação, a força de aceitar o
Tunísia e em Portugal. Trabalhamos
Convido-vos a ir apreciar aquele mar
outro. Quando cheguei a Portugal,
em conjunto para darmos melhores
sempre suave, nunca frio, a areia
a 16 de Dezembro último, não
26 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
➤
JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 27
Saloua Bahri
"
NÃO VENHO MUDAR DE ARES, VENHO SERVIR O MEU PAÍS
conhecia ninguém… e viram a
"
sua extraordinária fachada atlântica
os nossos dois povos.
nossa recepção, três meses depois.
e um pouco de tudo o que é belo,
Desejamos-lhe as maiores felici-
Todo o nosso esforço é para unir as
nas gentes, nas coisas, na nature-
dades. E que seja por paixão, não
pessoas, políticos, parlamentares,
za. Confesso que também admirei
apenas por dever…
jornalistas, comunidade tunisina,
muito a força com que os portugue-
Acredito que quando fazemos o que
diferentes gerações. Que há de
ses viveram a crise. Bem sei que há
amamos, os resultados são muito me-
melhor que reunir as pessoas, os
situações nada confortáveis, mas
lhores. Quando é só por obrigação,
homens de negócios para que tra-
as pessoas continuam a gerir essa
tem o seu valor, mas não transporta a
balhem, as universidades para que
situação, porque há uma realidade
grande coisa. A sinceridade sente-se.
inventem, que encontrem soluções
que tem de ser vivida e vencida,
Quando falo, sente-se que sou since-
para os problemas, que tornem e
graças à capacidade de estar juntos,
ra, e tudo o que é sincero é mais forte,
vejam o mundo mais humano, utili-
na unidade que vale a pena viver,
porque investimos o que somos. Se
zando apenas a língua, mas alcan-
para ultrapassar as dificuldades.
formos desprendidos, podemos até
çando resultados extraordinários?
Tenho uma impressão muito, mui-
alcançar resultados, mas serão inevi-
Penso mesmo que é preciso largar
to positiva do vosso país e espero
tavelmente resultados sem cheiro…
as armas e voltar à diplomacia.
sinceramente que, durante a minha
Bela imagem.
De que é que está a gostar mais
missão, possa contribuir para unir os
É verdade, somos um país de
em Portugal?
nossos dois povos. Quando venho
aromas: do peixe, do jasmim, das
Em primeiro lugar, Portugal é muito
para um país, venho para trabalhar,
flores, do sol, do sal, da areia,
rico no seu povo. É um povo muito
para unir os povos, não venho por
somos um país de aromas, um
acolhedor, muito humano, muito ge-
razões pessoais. Estou muito bem no
país de…
neroso, muito simpático, e é a rique-
meu país, não venho mudar de ares.
…perfumes, um país de perfumes.
za humana que dá forma ao mundo.
Venho servir o meu país e, portanto,
E que Portugal seja, suave, a sua
Depois, é um país muito belo, com a
o meu país de acreditação e, assim,
segunda pele.
➤
28 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
n
DIPLOMACIA NA 1ª PESSOA
Norbert Konkoly Embaixador da Hungria, por Maria de Bragança, fotos Maria Inês Ao serviço diplomático da Hungria há 22 anos, com pós-graduação em Económicas pela Universidade de Budapeste, M.A. em Relações Internacionais pelo Instituto de Moscovo entre outras especializações em Nova York, Geneve e Viena, após ter sido Cônsul em Otava, Canada e Conselheiro em Londres veio para Portugal, há mais de três anos, ocupar o seu primeiro posto como Embaixador. Uma figura cativante que vale a pena conhecer, diz-nos que é o calor humano que lhe parece ser a característica mais marcante do povo português.
30 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
➤
Com a experiência que já tem
mulher em Budapeste. Ela vem cá
europeia, já que o reino húngaro foi
deste país, o que tem a dizer sobre
regularmente e faz um trabalho muito
estabelecido no ano 1000.
Portugal?
interessante na Hungria: é professora
É minha observação pessoal que a
Em primeiro lugar, quero dizer que
de história da música na Academia
alma portuguesa e a alma húngara
gosto muito de Portugal e dos portu-
de Dança em Budapeste e é uma
têm muito em comum. Nós sentimos
gueses e aprecio muito a sua simpa-
reconhecida crítica de música.
e identificamo-nos perfeitamente com
tia, afabilidade e tolerância. Gosto de
Já que tocou em música o que me
os três “F” mais poderosos da língua
tudo o que todos os outros Embai-
diz do Fado?
portuguesa: Fátima, Futebol e … o
xadores gostam: o sol, o fantástico
Gostamos muito de fado. Encontrei
FMI. (sorrisos)
clima, o mar e as praias, o património
pequeninas casas de fado onde vou
Em Fátima as famílias húngaras no
arquitectónico ímpar, a natureza
com os meus amigos que chegam
exílio, depois da 2ª guerra mundial,
maravilhosa, mas para mim o melhor
da Hungria e todos gostam muito,
construíram um Calvário, a Via Sacra
de Portugal é mesmo o calor humano
vou várias vezes à Casa da Mariqui-
de Fátima que termina na capela de
da sua gente. A aceitação tranquila
nhas, da Maria João Quadros. Nós
Sto. Estevão, dedicada ao nosso pri-
do diferente, a inexistência do racis-
na Hungria também temos canções
meiro Rei, onde encontramos todos
mo e da exclusão são valores que
populares muito sentidas e tristes.
os santos húngaros. O Calvário este
marcam muito a vida social de Lisboa
Sinto que a proximidade entre a alma
ano celebra 50 anos de existência.
e de Portugal em geral. Estou aqui
portuguesa e a húngara também se
Uma das coisas de que gostei muito
há mais de três anos e desde o início
reflecte na forma como apreciamos
de fazer foi ir a pé a Fátima em Maio
que tenho procurado conhecer por
e entendemos a música, os sabores
passado. Éramos uns quinze que
➤
dentro a vida e a cultura deste país, entendendo e, tanto quanto possível, partilhando as referências e paixões deste povo que tão bem me acolheu. Por exemplo: todos os sábados jogo futebol no Grupo Desportivo do Linhó,
"
caminhámos 80 quilómetros durante
TRÊS PALAVRAS COMUNS, DUAS ALMAS SEMELHANTES E UMA MALDIÇÃO
num campo de futebol que um grupo
"
3 dias. Todas as pessoas recebiam os peregrinos com abertura. Foi uma coisa fantástica! Três dias a caminhar! Há uma saudação diferente entre os peregrinos. Não dizem bom dia, boa tarde ou boa noite… dizem:
de amigos (homens de negócios,
e a cultura de ambos e, quanto aos
Boa caminhada! Fátima, cheia de
advogados, banqueiros etc.) arran-
sabores, devo dizer-lhe que há mes-
espiritualidade, deu-me a conhecer
jou há mais de 20 anos, tratando do
mo uma afinidade gastronómica. Os
melhor este país e a sua gente de
excelente relvado, drenagem e tudo o
pastéis de nata, bem como os vinhos
que gosto tanto.
que é necessário para a manutenção
portugueses, têm feito um enorme
E o futebol?
de um campo de futebol. Fica perto
sucesso na Hungria e o chefe de
Portugal e a Hungria partilham as
da prisão do Linhó e às vezes convi-
cozinha do melhor restaurante de Bu-
mesmas emoções e a mesma paixão
damos outras equipas para jogarem,
dapeste é português, o Chefe Vieira.
pelo futebol. Anos atrás a Hungria ex-
uma vez desafiámos os guardas para
Por outro lado, os nossos convidados
portava bons jogadores e treinadores
jogarem connosco. Para os presos
portugueses apreciam muito a sopa
para Portugal e hoje é Portugal que
oferecemos roupa e fazemos o que
“Gulyás”e o bolo “Dobos”. Desde o
exporta para a Hungria.
podemos. Como gosto muito do mar,
ano passado já se pode provar em
Quando cheguei, fui visitar o Benfica
faço surf em Carcavelos com outro
Portugal a excelente doçaria húnga-
onde me receberam calorosamen-
grupo de amigos. Não sou grande
ra, na pastelaria “Choco & Mousse”,
te, mostrando-me as instalações,
profissional, tento surfar em ondas
na Parede.
o relvado etc., mas disseram-me:
amigáveis porque como tenho três
A Hungria tem muitas semelhanças
“nós aqui temos um problema. É que
filhos não posso arriscar a Nazaré
com Portugal. A área geográfica e
trabalhou, nos anos sessenta, um
com ondas de 30 metros.
a população são idênticas, temos
treinador Húngaro, o Béla Guttmann,
Fale-me deles, da Sua Família. Está
igualmente 10 milhões de habitantes
que ganhou tudo para o Benfica.
em Portugal?
dentro do país e mais 4 a 5 milhões
Dizem que ele era um feiticeiro. Con-
Tenho um filho com 20 anos na uni-
em diáspora. Tal como Portugal, a
quistou duas Taças dos Campeões
versidade em Budapeste, outro com
Hungria tem uma longa história e
Europeus e numa das finais, estando
16 anos na secundária e uma filha
uma cultura rica. Tem mais de mil
a perder por 0 a 3 com o Real Madrid
de 15 anos que estão com a minha
anos de existência como nação
(golos, aliás, marcados por um
➤
JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 31
Norbert Konkoly
outro húngaro, Puskás), conseguiu
Benfica ganhou aos holandeses!
tar os impostos, optou por baixá-los.
animar os jogadores de tal forma que
Dos três F já os falou em Fátima e
Cortou o IRS (hoje é de 16%) e o IRC
o Benfica acabou por ganhar por 5 a
no Futebol e agora o que nos diz
pela metade, baixou o custo da ener-
3. Mas ao sair do clube, o feiticeiro
sobre o FMI?
gia apoiando assim a classe média.
deixou uma maldição: “o Benfica,
Esta terceira palavra está cheia de
Há três anos consecutivos, o défice
sem mim, não voltará a ganhar
tristeza e melancolia. A Hungria
mantêm-se abaixo dos 3%. Em 2012
➤
uma única taça europeia durante os próximos 100 anos!” Entretanto já passaram 52 anos e o Benfica jogou várias finais sem nunca ter conseguido ganhar. Eu sugeri então erguer uma estátua a esse treinador para trazer Béla Guttmann de volta
"
livrámo-nos do FMI e agora somos fi-
JÁ PODEMOS DIZER
QUE BÉLA GUTTMANN VOLTOU AO ESTÁDIO DA LUZ
"
nanciados pelos mercados. Os eleitores húngaros gostaram desta política e reelegeram o Governo de Centro Direita em Abril deste ano repetindo os dois terços de maioria. As pessoas gostam de pagar menos…
ao Estádio da Luz e assim quebrar
também tem a sua história com o
Como estão as relações bilaterais?
a maldição. No dia 28 de Fevereiro
FMI. Depois de uma década de má
Este ano é o ano das comemorações.
deste ano inaugurámos a estátua
governação económica, em 2008 a
Comemoramos o 40.º aniversário do
realizada por um escultor Húngaro.
Hungria ficou à beira da bancarrota e
estabelecimento das relações diplo-
Na entrada 18 do Estádio, lá está o
foi resgatada pelo FMI e pela União
máticas entre Portugal e a Hungria, o
Béla Guttmann com as duas taças
Europeia. Em 2010 chegou o novo
25.º aniversário da queda da cortina
que ganhou nos braços e agora já
Governo e começou a luta contra o
de ferro em que os Húngaros tiveram
podemos dizer que o treinador voltou
endividamento, optando por um cami-
um papel importante de pioneiros, o
ao estádio da Luz! Ontem (sorriu) o
nho mais criativo. Em vez de aumen-
15.º aniversário da nossa entrada
32 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
➤
na OTAN e o 10.º aniversário de
lugar no CCB um evento musical mui-
siástica nos meios intelectuais. Os
nos tornarmos membros da EU.
to interessante: um concerto de um
romances de José Saramago foram
O volume de negócios do comércio
grupo de músicos húngaros ciganos
traduzidas para húngaro quase na
bilateral é de 400 milhões de Euros.
que criam uma fusão entre a música
sua totalidade.
Em muitas áreas temos produtos
popular tradicional dos povos da Eu-
Por outro lado, a literatura húngara,
complementares e com fortes acor-
ropa Central e o Jazz, com a ajuda de
com uma presença regular embora
dos nos ajudamos mutuamente. Nos
um instrumento muito especial que
algo discreta no mercado português,
➤
orgulhamos da presença de uma grande multinacional farmacêutica, o Gedeon Richter. Na esfera política lutamos juntos em Bruxelas como bons aliados, colaborando em vários assuntos, por exemplo, dentro do do grupo Amigos de Coesão e pelo reforço da PAC etc. Os países da nossa dimensão têm que colaborar
nos últimos anos tem conhecido, através das traduções das obras de
"
PARA NOS LIVRARMOS DO FMI
OPTÁMOS POR BAIXAR OS IMPOSTOS PELA METADE.
"
Imre Kertész, prémio Nobel de literatura em 2002, e de Sándor Márai, um sucesso fora do comum. Aproveito para dizer que na Universidade de Budapeste funciona, desde 1977, um departamento de Filologia Portuguesa e que várias universidades ofere-
estreitamente para representarem os
é o cimbalom. Na literatura, existem
cem programas de língua e cultura
seus interesses com sucesso. Temos
também muitos pontos de contacto
portuguesa. Em Portugal existem
muito orgulho em que o Cônsul Geral
entre nós. Na Hungria, a primeira
cursos de língua húngara na Univer-
Honorário da Hungria seja o Comen-
referência importante foram os Lusía-
sidade Nova.
dador Américo Amorim.
das, cuja primeira tradução apareceu
Pode deixar-nos uma mensagem
Consideramos Portugal um bom
há mais de duzentos anos. Tanto a
para o futuro dos portugueses?
exemplo a nível de novas tecnologias
obra como a figura do poeta gozaram
Aprecio muito o esforço dos portu-
e estamos interessados no modelo
de uma popularidade significativa
gueses durante estes 4 anos em
português para implantarmos na
entre os húngaros, tendo sido forças
que tenho observado este país e
Hungria o cartão do cidadão e a loja
inspiradoras para os intelectuais hún-
este povo. Creia que fiquei com um
do cidadão; estas boas práticas são
garos ao longo do século XIX. Eça de
grande respeito pelos portugueses.
realmente vantajosas e gostaríamos
Queirós, publicado pela primeira vez
Sinto que Portugal está destinado ao
de utilizar esses modelos na Hungria.
em húngaro em finais do século XIX,
sucesso! Acho que esta gente com
Ao longo da história, os dois países
e Fernando Pessoa tiveram, a partir
esta atitude está mesmo destinada
foram pioneiros. Portugal com os
dos anos ’60 uma recepção entu-
ao sucesso!
n
descobrimentos que mudaram o mundo e a Hungria com as grandes invenções que mudaram o quotidiano (vitamina C, holograma, fósforos, etc.). Temos tido relações excelentes com relacionamentos entre casas reais e Luís de Camões, no canto III, verso 25, fala-nos da (fictícia) origem húngara da 1.ª dinastia portuguesa: Destes Anrique, dizem que segundo Filho de um Rei da Hungria experimentado, Portugal houve em sorte…”. O passado e a cultura são muito importantes para a construção do futuro. Gostamos mutuamente das nossas músicas. Os grandes cantores de fado são uma presença constante nos palcos húngaros e os músicos húngaros também têm vindo a Portugal. No dia 30 de Maio terá
JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 33
DIPLOMACIA NA 1ª PESSOA
Hussain Sinjari
por Maria de Bragança, com J.U. Tavares-Rodrigues, fotos de Maria Inês
Embaixador do Iraque em Portugal "Tolerancy para a paz" "Tem que haver separação entre a religião e o estado" Fundou, em 2007, a Tolerancy International, convicto de que o ódio, entre pessoas e países, pode ser vencido pela compaixão, devidamente organizada. Curdo, 65 anos, doutorado em Literaturas Comparadas, em Essex, Reino Unido, o Embaixador do Iraque em Lisboa aposta no respeito pelas minorias, por todos, por cada um. Casado, pai de uma menina, fluente em seis Línguas, este Homem de Babel, orgulha-se da Terra de Abraão, confiante de que a paz e a prosperidade voltarão a reinar no “mosaico” iraquiano e no Médio-Oriente. Como? Com boa educação! E uma corajosa Jihad de Tolerancy... www.tolerancy.org, keep on site. ➤
34 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
Porquê e para quê em Portugal?
“Terras Negras de bem. Porquê
esse ramo de flores, que deveria
Estou aqui porque sou o embaixa-
negro? Porque estava de tal modo
ser fonte de poder e de frescura,
dor do Iraque. Quando era estu-
coberto de floresta, principalmen-
tornou-se, devido aos extremis-
dante, em Londres, vim cá como
te palmeiras, que visto de longe
tas do fundamentalismo islâmico,
turista e gostei do país, achei-o
era muito escuro. Mas o Iraque
um ponto de fraqueza, porque
lindo. Quando fui nomeado Embai-
é também um país de diferentes
as pessoas se viraram umas
xador, referi ao primeiro-ministro e
climas, de linguagens diversas…o
contra as outras, o que é verda-
ao ministro dos Negócios Estran-
Iraque é um mosaico! Há árabes
deiramente catastrófico. Quando,
geiros que, se pudesse, escolhe-
(chitas e sunitas, que são diferen-
nesta diversidade, as pessoas se
ria Portugal. “Óptimo”, disseram
tes), há cristãos – e entre estes há
voltam umas contra as outras, há
eles, e aqui estou. Porque é um
assírios, caldeus, sírios, arménios
violência, banhos de sangue. Não
país lindo. E não falo das belezas
– é também onde viviam muitos
há estabilidade, e quando não há
naturais, do bom tempo, da boa
judeus até 1948, antes da criação
estabilidade não há progresso,
comida; falo de gente simpática,
do estado de Israel, para onde fo-
não há desenvolvimento, não há
mesmo muito simpática, como
ram; e há turcomanos. Há muitas
investimento. O Iraque é um país
a senhora, gente amiga. Quero,
expressões de fé diferentes, em
muito rico. No ano passado, o PIB
mesmo, estar aqui.
diferentes locais. E no norte, de
rondou as 150 dezenas de biliões
Sabemos que chegou há três
onde venho, há o povo curdo, que
de dólares. É muito dinheiro!
anos. Quando nos vai deixar?
fala uma língua própria, que nada
Grande parte vem do petróleo (a
É natural partirmos. Mas, prova-
tem que ver com o árabe. O curdo
segunda maior reserva mundial),
velmente, ficarei ainda este ano.
é uma Língua indo-germânica, o
mas o Iraque é também muito
➤
Habitualmente, os Embaixadores
rico pela sua agricultura (as suas
e os diplomatas queixam-se de
tâmaras são famosas), nas mar-
qualquer coisa, mas aqui não. Todos gostam imenso e sentem que é um privilégio estar em Portugal. Aliás, conheço muitos diplomatas que, depois de reformados, vêm viver para cá. Especialmente dos
"
gens férteis dos dois rios, e pelo
O IRAQUE É UM GRANDE MOSAICO, UM BOUQUET DE FLORES DIFERENTES.
países do norte da Europa, mas não só por causa do sol e porque
"
turismo: todos os anos, o Iraque recebe cerca de quatro milhões de turistas. É turismo religioso, como Fátima. Vêm pessoas de toda a parte para visitar os numerosos santuários do Iraque, lugares sagrados dedicados a santos, cali-
as pessoas são calorosas. Ainda
árabe é semítico. São tão diferen-
fas, líderes religiosos. Não apenas
ontem, uma pessoa minha ami-
tes como chinês e português! Em
no sul, mas também na bíblica
ga comprou casa em Cascais.
Janeiro, por exemplo, enquanto as
Nínive. Abraão, pai da humanida-
Eu próprio tenho familiares, dois
montanhas do Curdistão se ves-
de, era do Iraque, caldeu, de Ur.
primos, que já compraram pro-
tem de branco, cobertas de neve,
Esta é a terra de Abraão.
priedades em Portugal. E agora
em Basorá, no sul, fervilha gente
A quando remontam as relações
(ainda) é mais atraente, por causa
de T-shirt. E também temos deser-
diplomáticas entre o Iraque e
do “golden visa”…
to no Iraque, nas imensas regiões
Portugal? Acordos e Alianças?
Fale-nos agora do seu país e do
de fronteira, com a Arábia Saudi-
As relações diplomáticas iniciaram
seu percurso…
ta, com a Síria, com a Jordânia. É
em 1984, mas temos contactos
Venho do Iraque. Sei que leram
o Sahara, alguns beduínos, alguns
desde o início da década de 80.
história e, nos livros, o Iraque é
oásis… Estamos, portanto, a falar
Em 1982, o Iraque comprou esta
conhecido como berço da civili-
do Iraque como de um mosaico. O
casa. (um palacete, na Lapa, resi-
zação. Mesopotâmia, a terra do
meu presidente, o presidente Jalal
dência de um empresário e finan-
Tigre e do Eufrates. Babilónia,
Talabani diz que o Iraque é um
ceiro português, antes da “revolu-
no primeiro país que fez leis, o
ramo de flores, um bouquet de flo-
ção de Abril” – nota da redacção).
Código de Hamurabi. Em tem-
res diferentes, de cores diversas…
Também nós, portugueses,
pos, nas margens dos dois rios
Mas do mesmo jardim?
descobrimos grande parte do
era só floresta e uma terra boa. Em árabe, o Iraque era chamado
Sim, e isso torna o Iraque lindo. Porém, e lamento ter de dizê-lo,
mundo, no século XVI, e quando falamos de crise, os novos-ricos
➤
JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 35
Hussain Sinjari
não entendem que a história
Médio-Oriente, especialmente os
-Oriente é muito mais forte do que
nos grita, como desconhecem o
países muçulmanos, precisa disto:
era na Europa 300 anos atrás.
caleidoscópio que somos, por-
porque os focos de terrorismo, os
Mas a história demonstra que
tugueses e Portugal, uma espé-
fundamentalistas, são incapazes
essa separação é boa para ambas
cie de Arca de Noé, na cultura,
de aceitar os outros; pensam que
as partes.
na natureza, no povo, um pouco
a sua fé está certa e que, assim
E não passa, entre outros requi-
de Tudo, na devida escala. E o
sendo, os outros não têm direito
sitos, por uma nova constitui-
seu Iraque?... mosaico de civili-
a estar errados, nem sequer a
ção?
zações, de povos, de culturas…
existir… ora, nós respeitamos até
A religião tem as suas leis, mas
a guerra é uma pena…
os não crentes, que não têm ou
não podemos seguir, à letra,
É. Guerra é destruição. Lamento
professam qualquer religião.
disposições inscritas nos livros
imenso…
Há mais radicais chitas ou suni-
há 1600 anos. Temos, isso sim,
O que é que pensa que pode, e
tas?
que interpretar o livro de acordo
➤
deve, ser feito?
com novas circunstâncias, novas
As pessoas têm que chegar à
realidades .
compreensão de que ser diferente não é uma ameaça. A aceitação do outro é fundamental! Foi por isso que criei uma organização, uma fundação, chamada Toleran-
"
TOLERANCY É O PRIMADO DO QUE NOS UNE, NO RESPEITO PELO OUTRO.
"
cy Internacional. Visitem o site (www.tolerancy.org). Não existe
Quais os meios e as etapas para, paradoxalmente, impor a Tolerancy? Há muitos discursos de ódio, na religião. Designadamente, televisões por satélite controladas por extremistas, difundem à sexta–
tal palavra em inglês: tolerancy,
Há radicais dos dois lados mas, se
feira, aos milhões, discursos de
em vez de tolerance. Tolerance,
se refere à Al Qaeda, são sunitas.
líderes religiosos, os mullah, que
se eu for judeu e você muçulma-
Pensa que o desenvolvimento
incitam ao ódio entre chitas e
no, ou vice-versa, quer dizer que
prático da Tolerancy pode ser
sunitas, contra cristãos, judeus,
o tolero, digo que está errado mas
desenvolvido entre países, no
contra não-crentes, contra todos
digo que não faz mal, ninguém se
Médio-Oriente, havendo regimes
os que forem diferentes. Isto tem
preocupa… tolerancy é um con-
fortes em polos opostos e apa-
que acabar! E penso que temos
ceito essencialmente diferente.
rentemente inconciliáveis?
que começar pelas crianças, na
Na minha concepção, significa e
Penso que a religião deve ser
escola primária. Em vez de aí
implica a aceitação do outro, do
separada do estado. Devia haver
ensinarmos textos religiosos, as
que é diferente. É o primado do
direito a adorar qualquer Deus, a
crianças devem ser ensinadas a
que nos une, para além do que é
ir, ou não, adorar à igreja, à mes-
respeitar, educadas nos princípios
diverso…
quita, a qualquer templo: liberda-
da Tolerancy, no respeito pelo
Respeito activo? Um conceito
de de religião
outro, pela diferença, também de
ecuménico?
e liberdade de expressão, não
grupos étnicos.
Branco, preto, cristão, curdo, mu-
violamos os direitos das outras
Qual a flor do seu jardim?
çulmano, judeu… aceitarmo-nos
pessoas. Somos livres.
Lembro-me que, quando era pe-
todos uns aos outros. Quando isto
Acredita que no Islão, hoje, com
queno, era discriminado por ser
suceder, a paz instala-se. Tam-
o calor e a temperatura da fé
curdo. Inaceitável! O ensino era
bém, como diplomata, entendo
– mas também com a letra das
islâmico. Havia cristãos, pessoas
que os países devem aceitar-se
escrituras – é possível separar
que eram excluídas por “não
uns aos outros, devem aceitar os
os poderes?
serem boas”. Esta religião era
interesses dos outros, sem vio-
Acredito que a separação de
ensinada, a dos outros não. Isto é
lações. Assim poderá nascer a
poderes é possível, não é contra
discriminação. Quando fui para a
paz entre pessoas de etnias e fés
o Islão, é boa para o Islão e é boa
escola, fui ensinado em arábico,
diversas, e também entre países.
para os crentes. Não digo que
porque a minha língua era proi-
Por agora estou aqui, mas a orga-
imitemos experiências ou modelos
bida, o curdo era proibido. Isto
nização está no Iraque, trabalhan-
de desenvolvimento europeus.
é ódio, é discriminação. Quando
do diariamente para a paz. Todo o
Actualmente, a religião no Médio-
discriminamos odiamos!
36 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
,liberdade de fé
➤
E fazemos com que os outros
de compaixão, de amor pela
por causa das comunicações e
nos odeiem. Temos, portanto, que
humanidade, de paz. Por exemplo,
das televisões por satélite. Jesus
começar pela escola e, pelo ensi-
quando duas pessoas se encon-
Cristo tinha que ir de aldeia em
no, poderemos também educar os
tram, uma diz “salaam alikum
aldeia, de grupo em grupo… Hoje,
pais. Mais: com as televisões por
que significa “a paz esteja contigo”
com os meios actuais, podemos
satélite poderemos chegar a toda
– ao que a outra responde “sa-
alcançar milhões num segundo,
a gente, incluindo os pregado-
laam wa rahmat allah , ou seja “a
centenas de milhão…
res das sextas-feiras, os mullah.
paz e a compaixão de Alá(Deus)
Terá que haver leis e educação,
Temos que ensiná-los a respeitar
estejam contigo!” São estas as pa-
com a proibição de certas trans-
o respeito, a pregar, com respeito,
lavras de uma saudação. A paz é
missões, das transmissões violen-
o amor e não o ódio, para que não
a primeira palavra de uma sauda-
tas. As pessoas têm cabeça para
nos viremos uns contra os outros.
ção, a paz tem que vir em primeiro
pensar. Se lhes explicam que é no
Há dois mil anos, Jesus Cristo
lugar com a paixão e compaixão
seu interesse ter estabilidade, ter
pregou o Amor em vez do ódio.
do próximo e a solidariedade. A fé
paz, isso é bom. Se lhes explicar-
Podia ser hoje, no Iraque?
não pode ser a força .
mos que gastamos em violência
No Islão, com 1600 anos, pode-
É uma operação a médio, longo
e guerras a riqueza nacional, em
mos encontrar versículos belíssi-
prazo?
vez de investi-la no bem-estar da
mos do Corão, falando de paixão,
Não penso que leve tanto tempo,
população, as pessoas vão
➤
➤
JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 37
Hussain Sinjari
perceber… O necessário é expli-
ouvidos, seguem-nos. Não deve-
a Jihad no Islão, a “guerra santa”,
car e ensinar!
mos excluí-los, mas incluí-los e
pode ser interpretada e vivida num
Em política, uma mudança pode
dizer-lhes que, de forma diferente,
sentido muito destrutivo ou, antes,
mudar tudo. Onde está o exem-
cada um de nós tem o seu papel
de modo muito positivo. Jihad
plo, a força do exemplo?
mas todos trabalhamos para um
significa que lutamos contra o
A religião é forte, muito forte no
mesmo objectivo: a felicidade dos
lado negativo, dentro de cada um
Médio-Oriente. Os líderes reli-
Homens.
de nós, não que devamos partir,
giosos têm que desempenhar um
Acredita, mesmo, que os
e matar, os que não concordam
papel importante, não devemos
mullah vão abraçar esse desa-
connosco, temos miolos, temos
excluí-los, precipitadamente, em
fio?
cabeça para interpretá-los num
nome da separação de poderes.
Acredito que sim. Eu próprio tenho
sentido positivo.
Temos que trazê-los, incluí-los na
experiência dessa possibilidade:
Um código de conduta, um
mudança, transferindo e capita-
já vi que muitos líderes religio-
apostolado?
lizando a sua influência e capa-
sos são homens de boa-vontade
Jihad é aprender, é ajudar as pes-
cidade de persuasão, para bem
e estão dispostos a colaborar.
soas, os necessitados, os fracos,
da população. Os líderes religio-
Porque eles conhecem, de cor,
Jihad é defender a Justiça na
sos são muito respeitados. As
os versículos que nos falam de
sociedade, a igualdade de oportu-
pessoas escutam-nos, dão-lhes
paixão e compaixão. Por exemplo,
nidades. É esta a minha Jihad!
➤
38 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
➤
Eis como uma entrevista di-
as pós-graduações, do melhor
biente, água potável, pavimenta-
plomática se converte num diá-
nível internacional, são lecionadas
ção de ruas, limpeza, arquitectura
logo sobre a mudança, para a
em língua inglesa. Tenho falado
urbana, parques, jardins...
mudança. Quando nasceu a sua
cada vez mais regularmente com
É difícil não recordar “o fiel
Tolerancy? Está concentrada
responsáveis das universidades
jardineiro” de John Le Carré…
no Médio Oriente?
do Algarve, de Coimbra, de Avei-
Outras flores, outro jardim…
Fundei a organização em 2007,
ro, do Porto e do Instituto Superior
Está optimista sobre o futuro do
concentrada no Médio-Oriente ,
Técnico, encorajando-os a receber
Iraque?
Alguns dos meus amigos observa-
estudantes iraquianos. Quando
Estou, mas gostaria ainda de
ram que há boas perspectivas de
cheguei, há três anos, não havia
acrescentar que, na agricultu-
apresentarmos a Tolerancy cultu-
cá um único aluno do Iraque; ago-
ra, poderemos também cultivar,
ral nas mesquitas e entre a comu-
ra já são nove. Devagar, devagari-
para colher, uma excelente área
nidade muçulmana aqui.
nho, estamos a caminhar…
de cooperação entre os nossos
Como um regresso, ao espe-
Além do dinheiro, a vinda dos
países. Pode ser muito frutuosa a
lho, ao coração dos templários:
estudantes pode ser importante
vossa experiência em engenharia
dois cavaleiros sobre a mesma
para mudar mentalidades?
agrária.
montada, levando e trazen-
Justamente! Com esses cursos,
Cultura e agricultura, ambas pe-
do sabedoria e comunhão, do
não falo apenas das mais-valias
dem sementes e tempo, apren-
➤
cristianismo ao islão, do cristão
dem a dar-lhes valor… E que
ao muçulmano… para além das
mais vai ser?
aparências? Na Europa estão a crescer perigosamente tendências e movimentos contra quem vem de fora, contra pretos, árabes, contra os emigrantes de uma forma geral. E registam-se também novas, mas
"
Podemos fazer, juntos, muitas
TEMOS QUE COMEÇAR PELA ESCOLA EDUCANDO TAMBÉM OS PAIS
"
não menos agressivas, formas de anti-semitismo…
coisas boas. Quando aqui cheguei, quase não havia portugueses no Iraque. Agora, já concedemos 200 vistos e há 20 a 25 portugueses a trabalhar e viver no Iraque. É um começo. É claro que, não fora a insegurança, seriam muitos mais. Até porque
Concretamente, em Portugal, o
académicas, falo de aculturação,
algumas regiões do Iraque são
que é que pode melhorar nas
de abertura dos olhos, de conhe-
seguras: o Curdistão é muito se-
relações com o Iraque?
cimento da vossa cultura, dos vos-
guro, Basorá é Najaf é segura,
Penso que o meu bom país pode
sos gostos, do vosso vinho, tudo
há muitas zonas seguras.
ajudar muito. No Iraque temos
isso é bom. Depois vem o word of
Sente-se a sua paixão pelo Ira-
muito dinheiro, produzimos petró-
mouth, o passa-palavra: não é só
que, o orgulho na terra-mãe, a
leo, temos muita liquidez; Portu-
um estudante que vem amadure-
nostalgia de uma grande nação.
gal tem falta de liquidez. Como
cer; é a mãe que vem visitá-lo no
Mas a imagem, por focar, é de
trazer então para cá a liquidez
ano seguinte, é o pai, os amigos,
guerra, de instabilidade, de pós-
do Iraque? E é bom frisar que
as irmãs… todos trazem dinheiro,
-Saddam…
não doamos, fazemos, juntos,
instalam-se em hotéis, apreciam
Trinta anos de ditadura, de guer-
bons negócios. Começando, mais
restaurantes, compram presentes
ras internas e externas! Estamos,
uma vez, pelo ensino! No Iraque,
e recordações…é gradualmente
ainda, numa fase de transforma-
enviamos os nossos licenciados,
e de forma sustentável, um muito
ção…
e são muitos, para o estrangeiro,
bom campus de cooperação entre
Acredita que voltará a ver o
para pós-graduações, mestrados
o Iraque e Portugal. Graças, mais
“Grande Iraque”?
e doutoramentos. É mais de um
uma vez, à educação.
Tenho a certeza! O Iraque vai
bilião de dólares, por ano, em bol-
O Senhor Embaixador foi minis-
reerguer-se e tornar-se um bom
sas de estudo. Ora, por cada es-
tro, em fins dos anos 90. De que
país, respeitador dos direitos
tudante para o Reino Unido, que
pasta?
fundamentais, investindo e distri-
é muito caro, podemos enviar três
Das Municipalidades e Turismo.
buindo a riqueza nacional para o
para Portugal. Para mais, aqui,
Tudo o que dizia respeito ao am-
bem-estar do seu povo.
n➤
JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 39
Hussain Sinjari
Emel Sinjari Embaixatriz do Iraque
A Embaixatriz do Iraque, Srª Emel Sinjari é natural da cidade de Sinjar, uma região montanhosa perto da fronteira com a Síria. Conheceu o seu marido por intermédio de elementos da sua família sendo fruto do casal uma menina, de nome Stera, hoje com cinco anos. Nas suas palavras, o papel de Embaixatriz é uma honra muito importante que lhe possibilitou «conhecer outros países e outras culturas e participar em eventos sociais que permitem ajudar pessoas com necessidades». Estando cá
"
SINTO-ME MUITO BEM E TODOS OS LUGARES QUE
CONHECI SÃO MUITO AGRADÁVEIS E COM UM CLIMA PERFEITO
"
em Portugal há já quatro anos,
a Srª Sinjari diz-nos ter a melhor opinião possível sobre o nosso país. «Nunca me senti como uma estranha.», adiantou-nos. Chama também à atenção para a segurança, hospitalidade e simpatia do nosso povo e país. E conclui. «Sinto-me muito bem e todos os lugares que conheci são muito agradáveis e com um clima perfeito».
n
40 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
DIPLOMACIA NA 1ª PESSOA
Benito Andión, Embaixador do México,
por Maria de Bragança, fotos Maria Inês
“Estou confiante que Portugal não só irá regressar aos bons tempos que teve, como irá más arriba, más adelante!” Condecorado pelos governos de França, Espanha, Suécia, Honduras e El Salvador, e tendo completado 38 anos ao serviço do Ministério dos Negócios Estrangeiros, o Embaixador Benito Andión falou-nos da cultura mexicana e do seu grande empenho no desenvolvimento das relações económicas e comerciais entre o México e Portugal.
42 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
➤
Como chegou a Portugal?
há uma grande vontade de coo-
empregos e há possibilidade de
Nasci e vivi no belo Porto de
perar. Desde o 1º Ministro aos Mi-
gerarem muitos mais.
Acapulco, depois mudei-me para
nistros, à Assembleia , todos nos
A propósito, as trocas comer-
a cidade do México onde estudei e
escutam e estão dispostos a ter
ciais entre o México e Portugal
formei-me em Direito pela Univer-
relações para a cooperação entre
começaram há pouco tempo?
sidade de La Salle. Em 1976 entrei
os dois países e isso facilita muito.
Mais ou menos… nos últimos 10
no Ministério Negócios Estrangei-
Com Portugal nunca tive nenhum
anos dobrámos as relações co-
ros onde desempenhei funções
problema nas diferenças; não so-
merciais, umas cem vezes. Hoje
em 10 países: Japão, India, Qué-
mos concorrentes mas somos eco-
em dia temos um comércio apro-
nia, Suécia, El Salvador, Milão,
nomias complementares. México é
ximado de uns 600 milhões de
Miami, e como Embaixador em El
20 vezes maior do que Portugal e
euros. Compramos mais a Portu-
Salvador, Honduras e Jamaica,
toda a população de Portugal cabe
gal do que vendemos. Sobretudo
E como Embaixador?
na cidade do México e ainda sobra
desde 2008 com a crise, baixaram
Fui Chefe de Missão em Miami e
para outro Portugal, porque só a
as compras de Portugal mas o Mé-
Milão, como Cônsul Geral - que
Cidade do México tem 23 milhões
xico aumentou as suas compras
no México é o mesmo cargo - e
de habitantes. Mas não há dúvida
e a balança de pagamentos está
estive como Embaixador em El
que temos relações excelentes e
favorável a Portugal, digamos que
Salvador, Honduras, Jamaica e
creio que podemos avançar muito
é, mais ou menos, um 2 a 1.
➤
agora em Portugal. Isto sempre voltando a prestar serviço no Ministério do meu país, como é usual nos diplomatas, tendo sido Coordenador sobre Segurança Internacional para a América do Norte, Director para a América do Sul e Subdirector para a Europa Ocidental. Estou em Portugal com a minha
Somos o 3º sócio comercial de
"
Portugal na América Latina, por-
PORTUGAL É SEM DÚVIDA UM LUGAR
que a Venezuela, o ano passado
MARAVILHOSO A COMEÇAR PELOS PORTUGUESES QUE CREIO QUE É A MAIOR JÓIA QUE ESTE
mercadoria, o México, é o princi-
mulher e tenho quatro filhos já
PAÍS TEM
crescidos que andam pelo mundo a estudar e a trabalhar…
"
vendeu mais petróleo, mas em pal sócio de Portugal, depois do Brasil. No ano passado o 1º Ministro e o Ministro dos Negócios Estrangeiros visitaram o México e terá sido porque a balança de pagamentos cresceu particularmente nestes últimos anos, antes era muito
Com uma experiencia de vida
mais.
tão rica , o que me pode dizer
Quanto à Europa, o México é
sobre a Europa e Portugal?
o país da América Latina mais
portuguesas , calculamos que se-
Na Europa estive num triângulo mui-
próximo da Europa, tendo um
rão umas 35. Desde a Mota Engil
to interessante: na Suécia, em Milão
acordo de livre comércio mais
que tem uns 7 projectos em cons-
e agora em Lisboa, portanto tenho
amplo do que qualquer outro país
trução , a Ecochoice de energias
uma visão de três pontos de vista
do mundo. Com a U.E. temos
renováveis, a Martifer que termi-
diferentes, mas Portugal é sem dúvi-
colaboração e cooperação, par-
nou a fábrica fotovoltaica maior
da um lugar maravilhoso a começar
lamentar, em matéria de direitos
da América Latina e vai construir
pelos portugueses que creio que é a
humanos, em instâncias jurídicas
outra fábrica, a Colep que acaba
maior jóia que este país tem.
e investimentos comerciais. Há
de comprar uma fábrica no Méxi-
E o sol?
relações muito próximas com a
co, as empresas de componentes
Sol existe em muitos países… há
Europa e particularmente no caso
de automóveis de Leiria… a Volvo
quem diga que a cozinha é mui-
de Portugal é nos últimos anos
de Portugal está no México e creio
to boa, a música, o fado, gosto
que temos reforçado as nossas re-
que é a maior empresa portugue-
muitíssimo até tenho uma guitarra
lações. Quando aqui cheguei não
sa do México, a EDP Renováveis
portuguesa e vou ter lições, mas
havia empresas mexicanas em
assinou recentemente um contrato
sobretudo as gentes e a facilidade
Portugal, a não ser a Kidzania.
para construir um parque eólico de
para uma embaixada trabalhar, as
Hoje temos a Nobre ou a Bimbo e
180 mega watts (MW) de energia
instituições são muito receptivas,
a Avanza que têm gerado muitos
elétrica, etc.
limitada, agora com a presença no México de muito mais empresas
➤
JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 43
Benito Andión
O México que é uma beleza
quando vêm à Galiza ver a famí-
na. Podem ver-se na Cidade do
aposta muito no turismo?
lia é que baixam a Portugal. Em
México as pessoas vestidas com
Sim, claro. O turismo é uma das
contrapartida, apesar da crise que
os trajes do seu povo a vender
principais fontes de divisas, mas
surgiu em 2008, o turismo dos
artesanato, etc.
a primeira fonte de divisas são as
portugueses manteve-se em 40/
Relações Diplomáticas com Por-
exportações de manufacturas e
35mil visitas ao México, penso que
tugal. Quando o início?
somos também o 4º exportador
os operadores têm pacotes muito
O primeiro Embaixador chegou
mundial de automóveis.
interessantes.
a 20 de Outubro de 1864. O que
Que marcas?
O turismo cultural… as civili-
quer dizer que este ano cumpri-
Praticamente todas. Inclusive
zações Maia, Azteca e tantas
mos 150 anos de relações diplo-
a única fábrica da Audi fora da
outras…
máticas.
Alemanha está no México. Volks-
O México está a fazer algo para
Aqui na embaixada temos uma
wagen, Chrysler, Nissan, Ford,
preservar e ajudar a manter
galeria com as imagens de todos
Chevrolet, Mazda, Honda, Merce-
estas civilizações e culturas mi-
os Embaixadores. Durante este
des, BMW, Fiat… quase todas as
lenares? Evoluir sem perder?
ano estamos a comemorar os 150
marcas produzem-se no México
Temos uns 3 milhões de indíge-
anos com muitos acontecimentos.
e também exportamos as peças.
nas e alguns que ainda não falam
Em Outubro actuará, no Tivoli a
➤
espanhol; temos muitas línguas
nossa grande Orquestra Sinfónica
indígenas no México. É importante
do Sul, ciclos de escritores, de
COM PORTUGAL NUNCA TIVE NENHUM
manter essas diferentes culturas
cinema, cantores, etc., e comemo-
e que essas comunidades conser-
raremos também aqui os 100 anos
PROBLEMA NAS DIFERENÇAS; NÃO SOMOS CONCORRENTES MAS SOMOS ECONOMIAS COMPLEMENTARES
vem a sua identidade. Por exem-
de Octávio Paz, o nosso poeta
plo: os livros de texto obrigatórios
que recebeu o prémio nobel da
para a escola primária estão nos
literatura. Muitas actividades não
próprios idiomas das comunida-
só em Portugal como no México
des. Temos o Instituto Nacional
a assinalar esta data, mas o mais
Indígena que cuida e guarda a cul-
importante do ano penso que seja
tura, a língua, a tradição escrita,
a vinda do nosso Presidente, no
recolhe a tradição oral, os costu-
início de Junho. Vem também o
"
"
mes, a cozinha etc., Será interes-
nosso Ministro dos Negócios Es-
Somos o quinto produtor mundial
sante visitar o Museu de Antropo-
trangeiros.
e o quarto país exportador. Agora,
logia Maia que abriu, em Mérida
Muitos Empresários?
empresas portuguesas estão a
há um ano, perto de Cancun e,
Talvez grandes empresários
posicionar-se no México no sector
há muito tempo que na Cidade do
venham com o nosso Presidente
dos moldes para fornecer directa-
México existe o Museu Nacional
, e vejam oportunidades de inves-
mente e complementar as fábricas
de Antropologia, um dos melhores
timento e que tal como o grupo
do ramo automóvel.
museus do mundo. Temos preo-
Bimbo ou Avanza criem muitos
Quanto ao turismo, o problema é
cupação em que todo o povo se
empregos que é o que faz falta.
que os mexicanos não conhecem
integre também na cultura espa-
Há possibilidade de gerar mais
Portugal, mas 200 mil mexicanos
nhola conservando a sua própria
empregos em Portugal com o qual
vêm todos os anos a Espanha e
identidade. Há um grande desen-
também cooperamos nos organis-
há que trazer para Portugal uns
volvimento de museus, temos uns
mos multilaterais. Temos muitas
10%. Creio que se vierem um fim
300 museus na cidade do México,
posições similares em praticamen-
de semana, na próxima vez ficarão
e 60 teatros. No México há um
te todos os temas: em direitos do
uma semana, porque as nossas
grande cuidado com a cultura
mar, em direitos humanos… nos
gentes não conhecem este país.
Isso é maravilhoso.
temas mais importantes de hoje,
É exótico Portugal, e como não
Claro. Temos muitos lugares que
coincidimos geralmente com todos,
temos ainda um voo directo não
são património da humanidade. Os
e isso também ajuda porque não
há oportunidade tão fácil de o
Mariachi foram elevados a patri-
é um país com o qual seja difícil
conhecer. Praticamente só os
mónio intangível da humanidade
relacionarmo-nos. A minha opinião
galegos que vivem no México,
assim como a cozinha mexica-
é que tenho toda a confiança que
44 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
➤
Portugal não só vai
co superior enquanto que para
tuguesa, a maior fabrica fotovoltai-
regressar aos bons tempos que
os não preparados os salários
ca da América Latina, 75 milhões
teve como irá ainda mais arriba,
serão menores, porque ainda há
de dólares, e irá ser construída
más adelante!
muita mão de obra não especia-
ainda uma outra. Por exemplo a
Os jovens portugueses que es-
lizada no México. Há áreas em
Efacec também irá entrar no Mé-
➤
tão a trabalhar na América Lati-
xico o que lhe permitirá em breve
na têm grande aceitação e são
realizar muito capital, etc.
altamente classificados. O idioma não é nenhum problema e ao fim de duas, três semanas já se integraram e vão falando espanhol porque os idiomas são muito parecidos e isso ajuda muito a conhecermo-nos. As empresas portuguesas de tecnologias da
"
NOS ÚLTIMOS
10 ANOS DOBRÁMOS AS RELAÇÕES COMERCIAIS, UMAS CEM VEZES
"
Sobretudo gostamos muito de ser protagonistas, neste momento difícil para Portugal, em que as trocas comerciais têm crescido. Com os amigos há que estar nas boas e nas más ocasiões Noto que vários países estão a colaborar e ajudar Portugal.
informação que se estão a instalar
que Portugal é excelente, como
A Colômbia, por exemplo, o
também levam funcionários muito
por exemplo no software ou nas
Perú: há investimentos portugue-
especializados.
tecnologias da educação que o
ses de quase dois mil milhões de
Salários?
México já está a adquirir e a in-
euros só em três anos, é impres-
Penso que no México o salário
vestir. Nas energias renováveis foi
sionante! A Jerónimo Martins
para os especializados é um pou-
construída por uma empresa por-
está a abrir uma loja por semana.
➤
JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 45
Benito Andión
46 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
Evelyn de Andión, Embaixatriz do México, Nasceu na cidade de San Salvador, em El Salvador onde conheceu o seu marido que gosta de acompanhar na sua missão de representar o seu país o melhor possível, e preocupa-se em dar a conhecer a sua arte, gastronomia e artesanato. Sobre Portugal diz-nos: ” para além da sua beleza natural, da sua cultura, gastronomia e fascinante história, penso que o povo é o seu maior valor” e continua: ”a hospitalidade e o calor dos portugueses são para mim a sua marca mais distinta!”. Está em Portugal só com o seu marido, porque os seus quatro filhos já adultos, Manuel 35, Elizabeth 34, Benito 32 e Gerardo 31, encontram-se espalhados pelo mundo.
A Prebuild, que é uma empresa
n
na Aliança do Pacífico - Chile,
cultura e a sua poesia que é
nova muito grande, está a termi-
Perú, Colômbia e México - que
riquíssima! O mestre Nuno Júdi-
nar um projecto que vai dar cerca
representa metade do comércio
ce, certamente um dos maiores
de três mil empregos. Há casos
da América Latina, o que quer di-
poetas portugueses, que rece-
no Perú, no Chile e no México
zer que haverá grandes oportuni-
beu há uns dois meses o prémio
de empresas que se estão ago-
dades para Portugal, sem esque-
Cervantes-Rainha Sofia, esteve há
ra a instalar porque só o Méxi-
cer também os investimentos e a
semanas, no CCB, com três poe-
co representa 114 milhões de
presença mexicana em Portugal,
tas mexicanos dizendo poesia…
habitantes, é um mercado muito
tanto económica como cultural.
Um conselho
grande e com os nossos sócios
Terá mais alguma coisa que
Aos jovens digo-lhes que sigam os
da América do Norte, (com a
gostaria de acrescentar ?
seus sentimentos. Devem fazer o
NAFTA) somos 500 milhões,
Gostaria ainda de dizer para os
que gostam porque fazendo o que
para o comércio.
portugueses aproveitarem bem a
gostam serão muito bons naquilo
O México, agora, está também
beleza do país que têm , a sua
que fazem.
➤
n
JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 47
DIPLOMACIA NA 1ª PESSOA
Jean-François Blarel,
por Maria de Bragança, fotos Maria Inês
Embaixador de França em Portugal "Tenho muita admiração pelo povo português" Com uma carreira diplomática de grande relevo, iniciada em 1980, prestou serviço em Nova Deli, Buenos Aires, Washington e Madrid, foi Embaixador no Vietname e na Holanda, e Secretário-geral adjunto do Ministério dos Negócios Estrangeiros. É, hoje, o mais alto representante do seu país em Portugal.
48 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
➤
Licenciado em História, diplo-
actualmente umas 500 empre-
no futuro económico de Portugal.
mado pelo Instituto de Estudos
sas francesas estabelecidas em
A minha prioridade é, evidente-
Políticos e pela Escola Nacional
Portugal. É necessário continuar
mente, a de reforçar estas rela-
de Administração, condecorado
a obra iniciada pelo meu prede-
ções económicas entre a França
pelo Governo Francês com o
cessor para dar mais visibilidade
e Portugal e um dos nossos
grau de Oficial da Ordem Nacio-
a essas empresas francesas.
compromissos é seguramente o
nal do Mérito e com o de Cavalei-
Talvez os Portugueses tenham
de observar o que se passa ac-
ro da Legião de Honra, acredita
consciência de que as grandes
tualmente neste país oferecendo
profundamente na União Euro-
empresas de distribuição como,
aos nossos amigos portugueses
peia e no sucesso de Portugal.
por exemplo, Jumbo, Decathlon,
a nossa solidariedade neste pe-
Gostaria que nos falasse sobre
Leroy Merlin, Intermarché, Edou-
ríodo difícil. O Presidente francês
as relações económicas e de
ard Leclerc…, vêm de França,
considera necessário restaurar
amizade entre França e Portu-
assim como os seus automóveis
as contas públicas mas, parale-
gal
Renault, Citroën ou Peugeot. É
lamente, encontrar o caminho do
Temos relações muito especiais
visível que temos uma boa parte
crescimento, que é um caminho
com Portugal e eu próprio, por
do mercado automóvel em Por-
estreito.
ter estudado História, sempre
tugal. As relações económicas
Há anos que a língua francesa
fiquei fascinado com o facto dos
são importantes mas, na minha
deixou de ser uma disciplina
primeiros reis de Portugal serem
opinião, as relações comerciais
obrigatória no nosso segundo
➤
da família real francesa pela
ciclo. Que me pode dizer o Se-
linha dos Duques de Borgonha e
nhor Embaixador sobre isso?
de Portugal ter sido influenciado pela cultura francesa, especialmente pela arquitectura borgonhesa, como podemos verificar em Alcobaça ou Coimbra. Torna-se realmente muito emocionante e gratificante apreciar os laços históricos e culturais bilaterais
"
O FRANCÊS É UMA LÍNGUA QUE SERVE SOBREMANEIRA À ECONOMIA MUNDIAL
"
É triste para os Franceses, e frustrante para um Embaixador de França, verificar que este país, tão ligado à cultura francesa desde a sua fundação, está a abandoná-la pouco a pouco, apesar da sua influência. As gerações mais jovens já
existentes entre os nossos dois
devem ser reforçadas. A nível
não aprendem francês e um dos
países. Actualmente existem
comercial somos deficitários em
desafios que estamos a tentar
fortes relações humanas e o
relação a Portugal que, devido
vencer é o de transformar a ima-
meu predecessor, o Embaixador
à crise económica, reduziu muito
gem que os jovens portugueses
Pascal Teixeira da Silva, neto de
as suas importações de França,
eventualmente terão da língua
Portugueses, é a imagem e a in-
país que continua a ser o tercei-
francesa que não é apenas a
carnação de todas essas emigra-
ro maior parceiro comercial de
língua de Molière ou de Victor
ções portuguesas que recebemos
Portugal depois da Espanha e da
Hugo mas sim, uma língua que
e que têm sido muito importan-
Alemanha. Penso que devemos
serve sobremaneira à econo-
tes. Muitos Franceses, de origem
desenvolver o nosso comércio
mia mundial, se pensarmos na
portuguesa ou não, escolhem
bilateral, mas os investimentos
África francófona e nos países
Portugal para a sua reforma e
franceses em Portugal, já muito
do Magrebe. Também, há várias
cumpre-nos tratar de eleições,
significativos, permitem criar em-
semanas, no âmbito da Festa da
dos seus bilhetes de identidade,
prego o que, nas circunstâncias
Francofonia tentámos demonstrar
passaportes, etc. Esta comunida-
actuais, é bastante importante e,
o grande interesse económico e
de partilhada pelos nossos dois
nomeadamente por isso, estamos
profissional que os jovens portu-
países é mesmo muito importan-
a tentar ampliá-los. O ano passa-
gueses terão em aprender fran-
te e significativa.
do ficou marcado pela aquisição
cês não só pelo facto de haver
As relações económicas também
da ANA-Aeroportos pelo Grupo
muitas empresas francesas insta-
são muito importantes, porque as
Vinci que investiu 3.000 milhões
ladas em Portugal, mas também
empresas francesas estão aqui
de euros, o que demonstra que
pela sua aplicação no sector do
presentes há muito tempo. Há
as empresas francesas acreditam
turismo. Vêm imensos turistas
➤
JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 49
Jean-François Blarel
franceses a Portugal benefi-
ambos conhecem bem. Portu-
seja modernizado e adaptado a
ciando de muitos voos diários no
gal deu-nos a conhecer o seu
um método mais actual, o que é
Porto e em Lisboa e essa apren-
grande interesse em que parti-
complicado uma vez que, para
dizagem será certamente uma
cipássemos nas operações para
essa mudança de método, é
mais-valia para os jovens. Será
reforçar a segurança em África,
necessário formar professores,
necessário desenvolver também
no golfo da Guiné e depois no
elaborar novos manuais, etc...,
os intercâmbios universitários, as
Sahel, essa região que está ao
embora possa levar o seu tempo,
escolas de comércio ou de enge-
Sul do Saara que é o limite entre
tudo isso será feito.
nharia, assim como as formações
a África-Subsaariana e o deserto,
Gostaria de acrescentar que a
intermédias de quadros técni-
a Norte. É uma zona de contacto
evolução do francês também é
cos que temos em França e que
entre Árabes, Berberes e Africa-
possível através da informáti-
poderão interessar aos jovens
nos, uma zona muito complicada,
ca. É importante estar aí muito
portugueses.
onde as fronteiras são porosas
presente e que os textos sejam
Começando por explicar que a
e onde existe tráfico de armas,
traduzidos tanto em francês,
aprendizagem do francês tem
tráfico de seres humanos e de
como em inglês ou português.
um interesse profissional direc-
estupefacientes. Por se encon-
Não deve ver-se a internet como
to, gostaria igualmente de focar
trar quase às portas da Europa
uma desvantagem mas, antes,
os aspectos da cultura francesa
e por ser necessário reforçar a
como um desafio, sendo neces-
contemporânea, dos escrito-
segurança, estamos a trabalhar
sário que sejam inseridos cada
➤
res e da música, por exemplo:
vez mais conteúdos em francês
o grupo Daft Punk, constituído
ou português para evitar que
por dois jovens que venceram recentemente muitos prémios Grammy, é francês. No entanto, poderá mesmo dizer-se que é franco-português porque um dos jovens chama-se Guy Manuel de
"
O MUNDO ADERIU E ENTROU NA INTERNET, MAS A INTERNET TAMBÉM PODE DESTRUIR.
"
Homem-Christo! Veja como esta emigração portuguesa é impor-
sejamos formatados apenas por uma influência cultural. Com a globalização, como vê hoje a Diplomacia? Estou há trinta anos a servir como diplomata e vi realmente o nosso trabalho transformar-se bastante. A diplomacia tradicio-
tante!
com as autoridades portuguesas,
nal era a “grande política”, foi o
O Senhor Embaixador falou-
e outras, no sentido de fortale-
tempo da guerra-fria, a questão
-nos há pouco da importância
cer a nossa cooperação nesse
do desarmamento e da segu-
económica mundial da língua
domínio.
rança, mas tínhamos também
francesa. O que me diz da Gui-
A África é um continente em ple-
as questões culturais - a França
né Equatorial, um país fran-
no desenvolvimento económico.
sempre se preocupou com os
cófono, desejar fazer parte da
Era uma região pobre que está
assuntos culturais como sendo
CPLP?
a desenvolver-se imensamente
um factor de influência da diplo-
Sei que existem boas relações
devido à riqueza do seu subsolo.
macia - e tratávamos igualmen-
entre a OIF-Organização Inter-
Veja a Nigéria, Angola e Mo-
te dos assuntos consulares e,
nacional Francófona e a CPLP e
çambique. E o futuro das nossas
como os franceses começaram
por acreditarmos que a riqueza
línguas, tanto a portuguesa como
a trabalhar cada vez mais no
cultural advém da diversidade
a francesa, dependem muito de
estrangeiro, tratávamos dos
e que não devemos fechar-nos
África onde há países com um
dossiês económicos. Mas o que
numa concha, procuramos dei-
crescimento demográfico enor-
vi realmente explodir, foram os
xar as portas abertas a todas as
me e onde devemos dedicar-nos
assuntos globais: as fronteiras
alianças e a duas grandes lín-
a difundir as línguas francesa e
foram sendo sucessivamente
guas que são faladas em vários
portuguesa ao mesmo tempo que
abolidas e com o fim da cortina
continentes.
participamos no seu crescimento
de ferro e da guerra-fria come-
É muito importante que Portu-
e progresso.
çámos a viver numa aldeia global
gal e a França trabalhem em
Também temos feito um esforço
e é impressionante verificar que
conjunto por um continente que
para que o ensino do francês
assuntos que eram praticamente ➤
50 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 51
Jean-François Blarel
desconhecidos há 30 anos,
Ban Ki Moon, Secretário-geral da
uma central, térmica ou nuclear,
são agora assuntos diplomáti-
ONU e no próximo ano haverá
instalações de energia ou atacar
cos muito importantes. Digamos
em França uma grande reunião
o funcionamento de hospitais…
que pouco se falava da poluição
internacional sobre o futuro do
o mundo todo aderiu e entrou na
do mar ou dos rios e nunca se
clima do nosso planeta. Este
internet, mas a internet também
discutia sobre o futuro do plane-
problema é hoje uma preocupa-
pode destruir. Estes são, entre
ta, sobre o aquecimento global,
ção mundial. A tecnologia… a
outros, assuntos que temos que
a alimentação mundial, a ques-
internet traz-nos enormes benefí-
tratar para evitar que os bene-
tão da água ou dos refugiados,
cios culturais e económicos mas
fícios da internet sejam prejudi-
assuntos que têm agora muita
também pode comportar grandes
cados pelos riscos que ela pode
importância e sobre os quais fa-
riscos e problemas. Pode sofrer
correr.
zemos simpósios mundiais. Este
vírus e ataques graves em insta-
A verdade é que agora os Embai-
ano far-se-á uma reunião impul-
lações que podem pôr em perigo
xadores, para além da responsa-
sionada e organizada pelo Prof.
a economia de um país, destruir
bilidade de um comércio
➤
52 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
➤
da União Europeia
na U.E. com uma ideia e todos
cativo, têm que trabalhar cada
Nós acreditamos não só no do-
devemos tentar corresponder
vez mais sobre assuntos globais.
mínio económico e monetário, e
às esperanças de todos, porque
São estes os novos assuntos
no domínio social, mas igualmen-
nem todos têm a mesma concep-
sobre os quais os diplomatas
te numa união forte no domínio
ção da Europa. Não será fácil,
terão de debruçar-se para além
da segurança e da defesa. Não
mas tudo se fará naturalmente.
da área económica, de que sem-
devemos manter-nos divididos
Hoje a Europa é composta por
pre trataram. O Ministro Laurent
sobre certos assuntos, e não
28 países e, quanto mais cresce,
Fabius, confirmado no novo
podemos contar eternamente e
mais complexo se torna geri-
governo com a pasta adicional do
apenas com os nossos amigos
-la embora seja imprescindível
Comércio Externo, encoraja-nos
americanos. A recente crise da
chegar a acordos para encontrar
a trabalhar cada vez mais nesta
Ucrânia e muitos outros proble-
alianças e poder cumpri-las.
área.
mas fazem-nos ver a importáncia
Pode deixar-nos um conselho
E a União Europeia? O que me
de trabalhar em conjunto para
aos futuros diplomatas?
diz da globalização dos países
a nossa segurança, que tem de
É um trabalho muito belo e in-
europeus?
estar nas nossas mãos.
teressante. Se tivesse 20 anos,
Digo que fico desolado por sentir
O que pensa então o Senhor
penso que abraçaria este mesmo
os portugueses tão cépticos em
Embaixador do futuro?
caminho por dois motivos princi-
relação à Europa. Desde que
Penso que é preciso acreditar na
pais. O primeiro, porque é basea-
Portugal entrou na União em
União Europeia. Estamos num
do na abertura aos outros, nas
➤
externo cada vez mais signifi-
relações humanas e é aprazível
1986, a Europa proporcionou muitas coisas válidas a Portugal. É um país que beneficiou muito dos fundos estruturais para evoluir e construir vias de comunicação, equipamentos sociais etc... e, ao contrário da França ou de outros Estados-membros, ainda vai continuar a beneficiar porque há regiões ainda necessi-
conhecermos muitas pessoas
"
ACREDITAMOS NUMA UNIÃO FORTE NO DOMÍNIO DA SEGURANÇA E DA DEFESA
"
com quem dialogamos sendo essa troca de opiniões muito interessante e valiosa. Depois, porque é dialogar e tentar convencer o outro. Estas serão as duas facetas da diplomacia. Eu diria aos jovens que se apaixonam por esta abertura cultural ao mundo
tadas. A Europa certamente tem
mundo em mudança. Os Estados
e pelo diálogo, que ser diplomata
o seu ritmo, mas faz progressos
Unidos irão continuar a ser uma
é uma escolha fantástica!
ainda que possam ser impercep-
grande potência mundial, mas há
O que pensa de Portugal e da
tíveis ou mal compreendidos pela
outros países emergentes, não
nossa mentalidade?
opinião pública. Os cidadãos
só a China, mas há outros paí-
Eu tenho muita admiração pelo
europeus não entendem muito
ses como, por exemplo, a Índia,
povo português porque é capaz
bem o que se passa em Bruxelas
o Brasil, a Indonésia etc... que
de suportar com resignação o
e crêem que Bruxelas é mais um
são muito populosos e desejam
que lhe está a acontecer neste
elemento dessa mundialização
ter o seu papel na governança do
momento. Portugal é um país lin-
de que não gostam porque os
mundo. Por isso, os pequenos e
do que deverá proteger sempre a
privou do emprego, impondo-lhes
médios países da Europa devem
sua cultura, os seus monumentos
políticas, etc... No entanto, é
continuar unidos para manter um
e a sua paisagem. Que os Portu-
preciso ver que a Europa está a
equilíbrio global satisfatório.
gueses nunca tenham a ideia de
progredir se pensarmos na união
Sobre o plano económico, já
que Portugal é um pequeno país
bancária, na união económica em
somos um grande mercado com
no canto da Europa; devem, sim,
geral, que avança lentamente mas
um forte poder exportador, mas
ter orgulho no seu país, na sua
no bom sentido. Claro que, por
devemos igualmente pensar na
História e na História que estão a
vezes, há reticências de alguns
unidade do plano da segurança
fazer para reencontrar o caminho
países, mas estamos a avançar.
e da defesa e, a esse propósito,
do crescimento e da prosperida-
Vejo que o Senhor Embaixador
acredito que haverá um cami-
de, que desejamos fortemente
acredita muito nas vantagens
nho a fazer. Cada país entrou
que venham a conseguir.
n
JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 53
Engel & Völkers «Só se vive uma vez, nós mostramos-lhe onde»
Quem procura Lisboa para viver tem agora mais um ponto de referência onde encontrar a sua casa de sonho. A Engel & Völkers, um dos líderes mundiais do setor imobiliário de luxo, inaugurou uma nova loja no Restelo – a segunda em Lisboa (depois da loja do Parque das Nações) e quinta em território nacional. A marca fica assim mais próxima dos clientes e potenciais investidores que veem facilitada a possibilidade de usufruírem da longa experiência e competência da Engel & Völkers no setor imobiliário de prestígio. No Restelo, uma das zonas mais ilustres da capital – onde estão localizadas diversas embaixadas –, a nova loja oferece aos clientes um tratamento exclusivo e adequado ao seu perfil. Com um portefólio inicial de valor superior a 33,5 milhões de euros, conta com uma carteira de 30 imóveis ativos e 13 em processo de angariação. «Um leque perfeitamente adequado à procura de altos quadros de empresas e profissionais com cargos diplomáticos», afirma Manuel Neto, responsável pelas lojas Engel & Völkers do Restelo e do Parque das Nações, cujo lema comercial é «só se vive uma vez, nós mostramos-lhe onde». Presente em Portugal desde 2006 – mas com uma experiência internacional de mais de 35 anos – a marca alemã conta com lojas em Lisboa, Cascais, Estoril e Quinta do Lago (Algarve). O portefólio nacional ascende a mil imóveis, com valores de venda entre os 120 mil euros e os 10 milhões de euros. Um portefólio de exceção que contribui para o sucesso da marca e que lhe confere uma posição de destaque no mercado português de residências de gama alta. A Engel & Völkers é especializada em serviços de venda e arrendamento de propriedades residenciais premium, imóveis comerciais e iates. Está em 38 países, em todos os continentes, com mais de 500 lojas. Em Portugal, a marca tem em curso um plano de expansão que prevê alargar a rede até ao final de 2018.
54 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
“You live only once, we’ll show you where”
Those wishing to live in Lisbon can now depend on a world leader to assist them in searching for their dream home. Engel & Völkers, one of the world’s leading luxury real estate companies, inaugurated a new shop in Restelo – its second agency in Lisbon (the first is at Parque das Nações) and the fifth agency in Portugal. The brand is thus now closer to its clients and potential investors who may rely on the experience and expertise of Engel & Völkers in the high-end real estate segment. In Restelo, one of the capital’s most illustrious areas – where various embassies are located – the new shop offers its clients an exclusive service adapted to their profiles. With an initial portfolio exceeding 33.5 million euros, it has 30 available properties and another 13 in the
LOJA DO RESTELO
recruitment process. “A range perfectly suited to
Uma das mais recentes aberturas integrada no novo
upper staff of companies and professionals with
plano de expansão.
diplomatic positions,” says Manuel Neto who
Morada: Rua Duarte Pacheco Pereira, 30 A
manages the Engel & Völkers shops at Restelo
Contacto: 213 010 407
and Parque das Nações, whose sales motto is “you live only once, we’ll tell you where.” Operating in Portugal since 2006 – but with an international experience of over 35 years – the German company currently has shops in Lisbon,
RESTELO SHOP
One of the most recent openings which is part of the new expansion plan. Address: Rua Duarte Pacheco Pereira, 30 A Contact: 213 010 407
Cascais, Estoril and Quinta do Lago (Algarve). The national portfolio has reached one thousand properties, with a selling price from 120,000 euros to 10 million euros. This is an exceptional portfolio that contributes to the brand’s success and gives it a leading position in the Portuguese luxury home market. Engel & Völkers specialises in sale and rental services for premium residential properties, commercial properties and yachts. It operates in 38 countries, in all continents, with over 500 agencies. In Portugal, the brand has an expansion plan in progress to expand its network until the end of 2018.
JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 55
GESTORES INTERNACIONAIS
56 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
Alfredo Amaral Director Geral da Peugeot Portugal
Na Peugeot Portugal desde a sua fundação em 1994, onde assumiu diversas funções, e tendo iniciado a sua carreira internacional na Automobiles Peugeot em 2005, como responsável pelas operações comerciais da marca para a América do Sul: Brasil, Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai, regressa em 2008 como Director Comercial e exerce o cargo de Director Geral, desde Maio de 2012. Sendo uma referência no sector, a Diplomática foi conversar com este importante “player de mercado” para uma “visão ” da Peugeot e do sector automóvel em Portugal. ➤
JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 57
Alfredo Amaral
Qual é o histórico da Peugeot
buição – temos uma rede forte que
qualidade que só nos dá mais
desde que se encontra à frente
foi capaz de responder aos desa-
responsabilidade para continuar a
dos seus destinos?
fios de um mercado em contrac-
investir para a satisfação total dos
O trajecto da marca Peugeot em
ção, mantendo padrões de serviço
nossos clientes. Assim, faço um
Portugal tem sido seguro e consis-
aos nossos clientes ao melhor
balanço muito positivo dos últimos
tente com uma conquista de quota
nível, com uma proximidade vital
anos na liderança da equipa Peu-
de mercado desde 2009 - 8% para
para os clientes particulares, mas
geot, com muita satisfação pelos
um fecho de 2013 com 9,8%. Esta
ainda mais importante para as em-
nossos resultados.
progressão está assente em 3 pila-
presas (40% do mercado).
Neste momento como avalia o
➤
res muito sólidos, sempre com uma ambição de progredir a um ritmo que nos permita estar seguros de cada patamar que atingimos. O primeiro pilar: plano de produto – a Peugeot nos últimos 3 anos renovou toda a sua gama, bem como se apresentou em novos segmentos, caso dos Crossovers compactos, com o Peugeot 2008. Temos actualmente a gama mais jovem do mercado e recebemos
mercado automóvel português e global?
"
TEMOS ACTUALMENTE A
O mercado português sofreu um ajustamento extremo, com um
GAMA MAIS JOVEM DO MERCADO E RECEBEMOS O PRESTIGIADO PRÉMIO “CAR OF THE YEAR” COM O NOVO 308
"
desaparecimento de 2/3 do mercado, que teve impacto em toda a cadeia de valor que gira em torno do sector – combustíveis, reparação, seguros, impostos, portagens, emprego, etc. Neste momento, estamos numa situação de inversão, com sinais ainda muito fracos de
o prestigiado prémio “Car of the
O terceiro pilar: a qualidade – só é
recuperação. Um mercado regular
Year” com o Novo 308, em Março
possível sustentar os nossos resul-
antes da crise, de 270.000 unida-
de 2014. Não podemos estar mais
tados comerciais com a satisfação
des, ainda está muito longe de ser
confiantes com a nossa oferta de
dos nossos clientes ao mais alto
alcançado, não podendo deixar de
produto, que irá continuar com no-
nível – seja no caso das viaturas
referir 2012 com 111.000 e 2013
vidades e com novas motorizações
novas, viaturas de ocasião e ser-
com 124.000. As recuperações
gasolina turbo PureTech e diesel
viço após venda. A conquista do
percentuais identificadas no início
BlueHDi .
prémio “Escolha do Consumidor”
deste ano a 2 dígitos, têm de ser
O segundo pilar: a rede de distri-
em 2014 é o reconhecimento desta
interpretadas com uma base de
Peugeot RCZ R
58 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
➤
partida muito baixa e os canais
de evolução do mercado particular
consumos. A Peugeot consegue,
que neste momento estão a gerar
e empresas, bem como a velo-
já hoje, responder aos desafios de
este movimento ascendente - rent-
cidade que poderá ocorrer uma
mercado ao nível premium. Assim,
-a-car e empresas, em detrimento
recuperação para níveis anteriores
todos os projectos futuros vão no
dos particulares com o consequen-
à crise. Ao nível internacional, a
sentido de solidificar esta criação
te impacto em termos de rentabili-
estratégia está em implementação
de valor, imagem e notoriedade
dade.
com a crescente internacionaliza-
que permitam aumentar os níveis
O mercado global está em movi-
ção do grupo, reforçado com as
mento com um mercado Europeu
recentes alterações accionistas
a recuperar de mínimos históricos,
com um parceiro estratégico no
um mercado chinês a afirma-se
mercado chinês.
como o mais importante para todos
Em pleno cenário de crise, quais
os construtores, os Estados Unidos
os projectos em que o Grupo
em recuperação das dificuldades
Peugeot está envolvido e em que
económicas que também sentiu
consistem? E estratégias para
e a necessidade de acompanhar
garantir um futuro sustentado?
oportunidades em mercados na
Neste momento, temos um novo
América do Sul e Norte de África.
CEO do Grupo que apresentou
de qualidade percebida associados
Para a Peugeot, no âmbito nacio-
recentemente a estratégia para
aos nossos produtos, que trazem
nal, estamos confiantes que vamos
os próximos anos. A Peugeot tem
uma rentabilidade adicional asso-
continuar a progredir num mercado
o seu espaço futuro muito bem
ciada.
que se manterá nos níveis actuais
definido, centrado numa base de
Em termos de sustentabilidade,
por mais algum tempo. A política
produto muito forte e evoluções
para a Peugeot não é de agora o
fiscal – directa e indirecta – terá
tecnológicas/motorizações orien-
seu investimento em tecnologias
um papel central nas perspectivas
tadas para uma redução de CO2 e
amigas do ambiente – motores
➤
"
A CONQUISTA DO PRÉMIO “ESCOLHA DO CONSUMIDOR” EM 2014 É O RECONHECIMENTO DESTA QUALIDADE
"
HDi, introdução do Filtro Partículas até aos actuais motores Híbridos Diesel HYbrid4, Puretech e BlueHDi – tendo já apresentado para o futuro tecnologias como o
➤
Peugeot 508 RXH
Novo Peugeot 308 SW
JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 59
Alfredo Amaral
"
A MOBILIDADE ESTÁ NO ADN DA MARCA, COM UMA OFERTA DE BICICLETAS, MOTOCICLOS, VIATURAS ELÉCTRICAS, HÍBRIDAS E COMBUSTÃO,
PERMITINDO APRESENTAR UMA SOLUÇÃO INTEGRADA DE MOBILIDADE AOS NOSSOS CLIENTES EM TODAS AS SITUAÇÕES
Hybrid Air, demonstrando o
"
Neste momento, os desafios são
à cabeça. A Peugeot está na linha
empenho na tecnologia pragmáti-
a sustentabilidade ambiental e a
da frente em termos ambientais,
ca que pode chegar rapidamente
transformação gradual dos nossos
com os projectos já apresentados
aos nossos clientes com um custo
processos globais para garan-
que permitirão continuar a ser
comportável.
tir uma mobilidade permanente
uma das melhores referências
Como está a encarar o futuro da
aos nossos clientes em qualquer
no sector. A mobilidade está no
indústria e comércio automóvel
das suas necessidades. Assim,
ADN da marca, com uma oferta
em geral e da Peugeot em parti-
ao nível global, todos os grupos
de bicicletas, motociclos, viaturas
cular?
automóveis estão a fazer os seus
eléctricas, híbridas e combus-
A indústria automóvel tem con-
investimentos para se posicionar
tão, permitindo apresentar uma
seguido evoluir ao longo de mais
nos 2 aspectos atrás referidos,
solução integrada de mobilidade
de 100 anos e mudar de forma
sempre centrados nos principais
aos nossos clientes em todas as
marcante os hábitos do mundo.
mercados mundiais, com a China
situações.
➤
60 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
n
D Dossier
➤
Tratado de Lisboa
Presidente do CIEP Nascido a 28 de julho de
1948, miguel Horta e costa é licenciado em economia
Revista
anos haja uma capital federal
Foto: irina Quintela
´
2000, pela ciep em parceria com o ministério da economia e
meios aos empresários”.
o icep, é um bom exemplo de
mais: "Sem prejuízo do muito
como se podem valorizar expo-
importante papel de instrumen-
nencialmente e com minimiza-
to público são também eles que
ção de custos, conhecimentos e
devem investir em iniciativas
saberes indispensáveis à ca-
geradoras de emprego e de
pacitação dos interesses eco-
riqueza. mas temos que reco-
nómicos de portugal por esse
nhecer que fazê-lo nestas cir-
mundo fora.
cunstâncias é um desafio ainda
a ciep lançou este ano o
mais complexo".
portuguese business link –
o Governo e a aicep não se
pblink, que é uma rede social
têm poupado a esforços para
interactiva e tecnologicamente
promover a captação de in-
desenvolvida que pretende ser
vestimento directo estrangeiro
um instrumento fundamental
bem como o investimento portu-
de contactos de negócios e de
guês no mundo.
conhecimento de oportunidades
desde a génese da confede-
e de mercados, dos empresá-
ração internacional dos em-
rios e gestores portugueses
presários portugueses - ciep,
espalhados pelos vários conti-
iplomatica Currículo do
"É possível que daqui a muitos
Salv J. Stellini
a apresentação de soluções
que dêem esperança e novos
da União Europeia como a dos EUA em Washington"
Angola acaba de realizar as suas eleições num clima de paz e concórdia e apresenta o mais forte crescimento
económico a nível mundial. Investir neste país que alia o progresso aos recursos naturais é o objectivo dos grandes grupos empresariais
em 1991, que esteve presente
nentes.
pela Universidade técnica de
o conceito de rede, para unir
mi g u e l H o r t a e co s t a r e f e r i u
lisboa, sendo também pós-
e tornar mais profíqua a divul-
no fim da sua intervenção:
-graduado em organização e
gação da importância do papel
" nã o p o s s o d e i x a r d e d i r i g i r
Gestão de empresas, con-
dos muitos milhares de em-
u ma s e n t i d a p a l a v r a d e a g r a -
cluídas nas universidades de
presários portugueses ou luso
d e c i me n t o a t o d o s o s p r e s e n -
birmingham e navarra.
descendentes, que por esse
tes que se dispuseram a vir
na sua experiência profis-
mundo fora têm criado empre-
d e p a r a g e n s ma i s o u me n o s
sional conta com passagens
sas de sucesso. e não tinha
l o n g í n q u a s a li s b o a , c o m s a -
então, como agora tem, signi-
crifício das suas actividades
ficado e reconhecimento; mas
p e s s o a i s e p r o f i s s i o n a i s , ma s
foi-se acentuando a importân-
c o m o h a b i t u a l e n t u s i a s mo e
cia do conceito de rede, com
v o l u n t a r i s mo , p a r a p a r t i c i p a -
a globalização e a interdepen-
rem nestes trabalhos e serem
dência, à medida que o mundo
actores neste projecto. de
se foi tornando mais pequeno.
t o d o s e s p e r a mo s q u e c o mp l e -
do conselho de administra-
desde 2 0 0 4 , a l t u r a e m q u e ,
me n t e m o e s f o r ç o a g o r a f e i t o ,
ção da companhia portugue-
por ini c i a t i v a d a c i e p e c o m
sendo arautos e colaborantes
sa rádio marconi, S.a., e do
a colab o r a ç ã o d a S e c r e t a r i a
na divulgação e sensibilização
por prestigiados cargos
empresariais, tais como, pela
a partilha da língua e a história
produtos farmacêuticos oferecem
angola e para as relações comer-
comum são as vantagens competiti-
igualmente um grande potencial de
ciais entre portugal e angola: o
vas mais evidentes para os empre-
investimento.
volume de negócios ultrapassou os
sários portugueses que estão a in-
a aposta de portugal em angola e
400 milhões de euros. portugal foi
vestir num dos mercados de maior
as vantagens das relações econó-
também o país com mais projectos
so. aliás, em relação a recursos humanos, ter diplomatas pressupõe bastante tempo em
crescimento em todo o mundo.
micas entre os dois países foram
de investimento apresentados e
formação e preparação, bem como um alto nível de educação. um pequeno país como
portugal está entre os cinco maio-
debatidas na conferência “investi-
aprovados. para este ano, a previ-
o nosso não dispõe assim de tantos recursos humanos adequados ao desempenho
res investidores do mercado an-
mento público e privado – parce-
são aponta que angola venha a ser
desta função; por isso, temos que racionalizar o número de embaixadas: só em catorze
golano, com especial ênfase nos
rias e Financiamento em angola”,
o primeiro país extracomunitário de
conselho de administração
de est a d o , s e r e u n i r a m p e l a
d o s o u t r o s e mp r e s á r i o s e g e s -
Estados-membros, como a Grã-Bretanha, Dinamarca, itália, alemanha, Grécia... neste
sectores da construção e imobili-
organizada pela câmara de co-
destino das nossas exportações. a
da SibS – Sociedade inter-
1ª vez e m c o n g r e s s o e m li s -
tores, em relação ao prosse-
bancária de Serviços, S.a.;
boa, fo i f e i t o o b a l a n ç o d a s u a
g u i me n t o d e t o d a s a s v e r t e n t e s
pelas administrações da pGa
actuaçã o e o d i a g n ó s t i c o d a s
d o n e t i n v e s t e . Qu e r o , p a r a
– portugália airlaines, e beS
necessi d a d e s , s i n t e t i z a d o s
t e r mi n a r , r e i t e r a r a q u i p u b l i c a -
nas co n c l u s õ e s q u e a c i e p f o i
me n t e aAnt o o It a l d i s p o n i b i l i d a d e
manda t a d a p a r a a p r e s e n t a r e
d a c i e p p a200 ra ,8 c o m t o d a s a s 4
defend e r .
partes envolvidas, assegurar a
Embaixador de Malta
➤
Para Salv J. Stellini, Embaixador de malta, “o objectivo de ter embaixadas em vários
países da união Europeia tem a ver com proteger ou promover interesses nacionais. no nosso caso não temos embaixadas em todos os países, porque isso é muito dispendio-
e telecomunicações de
momento, Bruxelas, embora não lhe chamemos capital federal, é onde se encontra a
ário, turismo e banca. No entanto,
mércio e indústria portugal angola
qualidade dos produtos portugue-
maioria das instituições da união Europeia”. malta tem cinquenta diplomatas na embaixa-
outras áreas, como as telecomu-
(ccipa) e pelo banco de Fomento
ses é muito reconhecida, sendo o
da em Bruxelas, a maior do ministério dos negócios Estrangeiros, dado que se trata do
nicações e os serviços, também já
angola.
factor diferenciador perante todos
estão a ser exploradas. as activi-
o presidente da ccipa e repre-
os outros países que também estão
dades industriais associadas ao
sentante da Galp energia – carlos
a apostar em angola. No entanto, o
dos Eua em Washington com o seu corpo diplomático específico. mas... isso só daqui a
agro-alimentar, à produção de bens
bayan Ferreira – referiu que “o ano
país também tem vontade de produ-
muitos anos!
de consumo, ao equipamento e aos
de 2007 foi muito importante para
zir e de poder vir a exportar para
centro da uE, onde se debatem assuntos de grande importância para o futuro do país no
seio da Europa. no entanto, para Salv J. Stellini é possível que daqui a muitos anos, se a Europa se transformar em “Estados unidos da Europa”, haja uma capital federal como a
n
Diploma´ tic a
portugal (director Geral dos
correios); pelas presidências
– banco espírito Santo; entre outros postos relevantes; é
Vice-presidente executivo do
➤
beS e presidente da ciep.
n
Diplo
E
s u a mi s s ã o d e a p o i a r a i n t e r -
a internacionalização da eco-
a1• Junho
n
P
anés . de Esp anh a
Ânge
lo
Corr O Ho dezembro 2008/janeiro eia 2009 - diplomática • 45 mem das Ar ábia s
/Julho
Dossier África/Angola
A Europa dos partidos e a Europa dos cidadãos
Junho • Nº1
IBERn a c i o n a l i z a ç ã o d a s e mp r e s a s ISM Enem nomia portuguesa, criada as." riquep o r t u g u e sO a rede de conselheiros para
Emb
mátic
setembro/outubro 2008 - Diplomática • 23
Junho/Julho 2008 - Diplomática •
Dossier
direcção dos ctt – correios
Fran
ç
2008
a e T Emba urqu ixatriz es co ia nfessa m-se
2
1
Trata
Sul-africanos preparam-se para receber Mundial de 2010 e oferecer turismo de luxo
do d e Lis boa da
O futu ro
s em ba
ixad
as
Quanto à importância da Embaixada do chile em
portugal, diz-nos Samuel ossa Dietsch: “as relações chileno-portuguesas alcançaram um nível de exce-
With
lência e entendimento que se destaca pela notável
densidade do conjunto dos vínculos, com coincidên-
• Dip lom
cias estratégicas e critérios partilhados que criam
ática
Engli
- Jun ho/
Julho
uma comunidade de interesses, tanto no bilateral
2008
Foto: maria Branco
como no multilateral. o chile, num diálogo político permanente e fluído, está a trabalhar para criar uma
sh & Fren
3
rede de cooperação e aprendizagem recíproca com
4
ch T exts
5
países afins, “like minded countries”, como portugal, que em 20 anos conseguiram o desenvolvimento com o bem-estar para a sua população e alto pres-
Samuel Ossa Dietsch
tígio nos organismos multilaterais, e que hoje cons-
Encarregado de Negócios e 1º Secretário da Embaixada do Chile
tituem uma referência a observar". constata-se uma
Arrancou a corrida para o cam-
notória coincidência de posições frente à reforma
áreas desportivas, turísticas e de
to da população e da expansão
peonato mundial de Futebol da
exposições. tudo isto com um or-
urbana. a segurança e emergên-
das nações unidas e um sem-número de apoios em
FiFa 2010. a fase de qualificação
çamento a rondar os cerca de 740
cia é outra questão preocupante
egundo Samuel ossa Dietsch, Encarregado
diversas votações no âmbito multilateral.
começou agora, mas na áfrica
milhões de euros. pela primeira
neste tipo de eventos, mas que o
de negócios e 1º Secretário da Embaixada
“a ausência de contenciosos e a afinidade existen-
do sul há muito que o mundial
vez na história da áfrica do sul,
estado assegurará com uma forte
do chile, “portugal tem com a américa latina
te entre ambos os países conduz a que a relação
está a ser preparado. Desde a
o país terá estádios especialmen-
cobertura de forças policiais e
um vínculo muito especial. não somente está a rela-
bilateral seja fluída e propícia a acordos numa
escolha deste país africano para
te dedicados ao futebol, já que
paramédicas.
ção com o Brasil, mas também a relação com outros
ampla gama de assuntos. Destacam-se os esforços
a organização do maior evento
antes, no governo do apartheid,
Não será apenas a diversão mo-
países e especialmente com o meu. na Venezuela e
de ambos os governos por alcançar um alto grau
futebolístico do mundo e desde
os estádios eram criados sobre-
mentânea que o mundial prestará
na argentina há uma numerosa colónia portuguesa
de empatia à volta dos interesses de maior relevo
que terminou a última edição
tudo para a prática de râguebi
à população sul-africana. este
residente. com respeito ao chile podemos constatar
da contraparte. uma série de importantes acordos
desta competição, realizada na
e criquete. claro está que não
investimento do Governo na orga-
como, desde o regresso à democracia em 1990, os
confirmam a relevância da relação bilateral. Entre
alemanha, que os sul- -africanos
poderão apenas ser construídos
nização do campeonato 2010 traz
vínculos estreitaram-se de tal maneira que todos
eles, o convénio sobre Segurança Social, que se
começaram a encetar os primei-
estádios e complexos desportivos
outros benefícios aos cidadãos,
os presidentes portugueses efectuaram visitas ao
encontra em vigência desde 1999; o acordo sobre
ros projectos para assegurarem
para a realização de tamanho
assegurando-lhes cerca de 150
chile, e os presidentes chilenos também visitaram
protecção Recíproca de investimentos, vigente
a existência de infra-estruturas
evento. a construção de estradas,
mil empregos sustentáveis e uma
portugal. Esperamos que a presidente michelle Ba-
desde 1995; e o convénio para Evitar a Dupla tri-
necessárias para albergarem o
de acomodamentos e de outras
melhor qualidade de vida.
chellet também o faça num futuro próximo. partilha-
butação internacional, que se encontra em proces-
maior acontecimento desportivo
infra-estruturas são, de igual
o maior evento futebolístico do
mos ideais e objectivos. pertencemos à mesma co-
so de ratificação em ambos os países e que fôra
em 2010.
modo, importantes, estimando-se
planeta poderá ser também a
munidade ibero-americana. para nós, portugal tem
assinado por ocasião da visita de Estado do presi-
localizados em cidades-sede,
que o orçamento total gasto no
grande e a melhor ocasião para
sido um interlocutor privilegiado na nossa relação
dente Jorge Sampaio ao chile, em Julho de 2005.
cinco novos estádios estão a
mundial seja de 42 bilhões de eu-
unificar o país e todo o povo da
com a união Europeia. Esta relação tão estreita não
“nos aspectos comerciais, o facto mais relevante
ser construídos e outros tantos,
ros. está, ainda, a ser desenvolvi-
áfrica austral. o campeonato do
se pode manobrar desde Bruxelas. São relações
nesta esfera foi a vigência plena do acordo de
já existentes, estão a ser reno-
do um plano piloto para o melho-
mundo está a ser aguardado com
bilaterais privilegiadas directas, sem intermediários
associação entre o chile e a união Europeia, que
vados. as zonas contíguas aos
ramento da rede de transportes
enorme expectativa e entusiasti-
e daí que esse contacto seja insubstituível e assim
co-ajuda ao esforço".
recintos desportivos estão, tam-
públicos que, simultaneamente,
camente pela comunidade sul-
bém, a ser reconstruídas, com
terá de responder a um aumen-
africana e, como o presidente
S
Assinaturas n
continuará a ser”.
6
7
8
1. embaixador da Grécia Spyridon theocharopoulos e mulher 2. embaixatriz de moçambique Glória mkaima, embaixatriz da argélia Sabria boukadoum, paula roque, embaixatriz da tunísia, embaixatriz da Grécia e maria da luz de bragança 3. embaixa-
➤
triz da turquia nurdan turkmen e embaixatriz da argélia Sabria boukadoum 4. embaixatriz do iraque, embaixadora do paquistão Fauzia m. Sana e nadeem malik 5. embaixatriz da china li Feyue 6. embaixatriz da roménia ilena Gafita 7. embaixador do chile Francisco perez-Walker 8. maria da luz de bragança e maria cavaco Silva
30 • Diplomática - setembro/outubro 2008
18 • Diplomática - Junho/Julho 2008
6 Números 35
dezembro 2008/Janeiro 2009 - diplomática • 71
(oferta 1 entrevista revista)
Dossier
opinião
12 Números 70 A Europa dos partidos e a Europa dos cidadãos
(oferta 2 revistas)
Portugal sem Política Externa As consequências do Tratado de Lisboa
por antónio Vasconcelos Graça
envie nomes e moradas para:
Portugal inventou a política ex-
de cada país por si, reflectindo
financeiros ou o casamento de
terna tal como é entendida nos
a natureza e índole própria de
homossexuais, por exemplo?
tempos modernos e no sentido
cada estado. Gostaríamos que
toda a expansão portuguesa,
europeu. o primeiro grande tra-
acontecimentos do passado não
fora da europa, assentou no
balho sobre a matéria chama-se
tivessem ocorrido? sem dúvida.
estabelecimento de pontos de
“os lusíadas”. antes, em tor-
mas isso não é razão para com-
contacto que permitissem o
desilhas, assinámos o primeiro
plexo de culpa, até porque não
comércio e a troca de merca-
tratado de aplicação planetá-
há inocentes.
dorias. para assegurar o bom
ria. Vasco da Gama tinha um
em matéria de comportamen-
funcionamento desse sistema,
destino e estava incumbido de
tos vergonhosos no passado,
houve que conquistar pontos-
uma missão específica onde
é bom não esquecer que, para
-chave, fossem cidades do norte
a componente diplomática era
a mentalidade do tempo, não
de áfrica, o golfo pérsico, locais
primordial. Não foi um viajante
o eram. Que sabemos nós da
estratégicos na Índia ou no
errático como, por exemplo,
forma como vão ser julgados,
extremo oriente. para garantir a
marco polo.
no futuro, muitos dos nossos
segurança desse império a que
Num tempo em que certa “inte-
comportamentos actuais como
o prof. luís Filipe thomaz cha-
ligentzia” lusitana tem vergonha
a falta de valores, o império dos
ma, com lucidez, uma “rede de
de ser portuguesa e tudo faz
interesses materiais, a crise
ligações”. Não é exactamente o
para apagar qualquer vestígio
de autoridade, as calamidades
que se faz hoje? Houve cruelda-
"As 'embaixadas nacionais'
de portugalidade como coisa
desencadeadas pelos negócios
de e barbaridades? claro que
permanecerão e encontrarão
ou
Rua São Bernardo, nº 27 A 1200-823 LISBOA Telefones: 210 999 674 / 210 999 696 ➤
de maneira racional uma
Foto: maria Branco
nefasta, confundindo isso com
diplomatica@gabinete1.pt
“modernidade”, onde só merecem atenção os aspectos negativos do passado (escravatura, inquisição, crueldade, etc.), convém lembrar algumas realidades. porque portugal inven-
forma de cooperação com um serviço diplomático da UE"
Algimantas Rimkunas
tou o comércio global, apontado
Embaixador da Lituânia
hoje como a panaceia para todos os males. e, num planeta cada vez mais apertado para a
Vasco da Gama tinha um
população, o bom entendimento
destino e estava incumbido
entre as nações transforma-se
de uma missão específica
num factor de sobrevivência.
onde a componente
o que conta é o que nos une e
diplomática era primordial.
não o que nos separa. por isso, qualquer política externa tem de ser eficaz, sob o risco de se tornar inútil quer por fora de tempo, quer por inapropriada. por imposição do tratado de
Segundo o Embaixador da lituânia, algimantas Rimkunas, o tratado de
Modo de pagamento: lisboa prevê a criação de uma Europa de Relações Externas, para ac-
ções concretas, que de acordo com o tratado “trabalhará em cooperação com os serviços diplomáticos dos Estados-membros”. pensamos que as “embaixadas nacionais” permanecerão e encontrarão de maneira racio-
• Cheque à ordem de Gabinete1 • Vale dos Correios • Transferência bancária nal uma forma de cooperação com um serviço diplomático da uE.
a Embaixada da lituânia em portugal estabeleceu-se em lisboa há 10
anos – 1998. trata de todo o espectro de relações bilaterais entre os dois
Embaixador Fernando Neves
países: políticas económicas, culturais, etc. no trabalho da Embaixada
face a face com a Embaixatriz Nurdan Türkmen
todas as áreas são igualmente importantes. ambos, lituânia e portugal,
imprescindível leitura
lisboa, os países membros da
união europeia deixarão de ter
política externa própria. É complicado, porque aquilo que a
diplomacia europeia foi traçan-
do ao longo dos tempos foi obra
são membros da união Europeia e da nato, e este facto prova a im-
É um homem “cool”, como se costuma dizer, “uma
portância do aspecto político do nosso trabalho. a elevada importância
força tranquila”. Muito observador e de espírito fino.
da área económica é evidente: o comércio e os investimentos bilaterais
Parece brincar (e brinca mesmo), estar sempre bem
enriquecem países e nações. por último mas não menos importantes são
disposto e em festa, mas, num traço quase imper-
as relações culturais, que tornam as pessoas da lituânia e portugal mais próximas.
ceptível, deixa escapar algo que diz “O que estarei
n
eu a perder algures, neste momento?”
➤
16 • Diplomática - setembro/outubro 2008
10 • Diplomática - Junho/Julho 2008
www.gabinete1.pt
10 • Diplomática - Dezembro 2008/Janeiro 2009
Dia da Paz celebrado em apoteose em Portugal
Por ocasião das comemorações do 12º Aniversário do
Tratou-se de uma acto de massas, que teve como
Dia da Paz e da Reconciliação Nacional, assinalado a
finalidade o convívio e o incentivo à necessidade de
04 de Abril, a Embaixada da República de Angola pro-
preservação da Paz e a Reconciliação Nacional entre
moveu, este fim-de-semana, em Lisboa, o Acto Central
os angolanos e contou com a participação do Embaixa-
da efeméride, sob o Lema “Pela Paz e Unidade Nacio-
dor da República de Angola em Portugal, José Marcos
nal, Consolidemos a Democracia”.
Barrica, diplomatas, Autoridades Locais da Câmara
O evento teve lugar na Urbanização Terraços da Ponte,
Municipal de Loures, representantes de Partidos Polí-
Casa da Cultura (Quinta do Mocho), Sacavém – Lou-
ticos (UNITA e CASA-CE) e da comunidade angolana
res.
residente em Portugal.
62 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
➤
com cânticos e mensagens de ordem a favor da paz. Wilma Zombo, de 11 anos de idade, falando em representação das crianças angolanas radicadas em Portugal, realçou os esforços do executivo na preservação e defesa dos direitos das crianças, manifestando o seu, e o contentamento das demais crianças, pelo facto de apesar de viverem na diáspora não serem esquecidas. Por sua vez o representante dos jovens residentes em Portugal, Jaziel Silva, fez um apelo para que o executivo continue a apostar na juventude para o desenvolvimento do País. Já Maria José, representante das mulheres angolanas em Portugal, disse ser necessário preservar a Paz que tanto nos custou a ganhar. No encerramento da cerimónia o Embaixador José Marcos Barrica advogou da necessidade de preservação da paz que foi conquistada com muito sacrifício, ➤
destacou os benefícios que a mesma trouxe para
Durante o percurso pelo Bairro da Quinta do Mo-
cho, um bairro maioritariamente habitado por famílias
todos os filhos de Angola, e apelou aos jovens que
africanas e de etnia cigana, o Embaixador inteirou-se
continuem a edificar o bom nome Angola.
da situação dos angolanos que por lá residem. De
O acto Central, assistido por mais de seis centenas de
realçar que Sacavém a par de Setúbal, Linha de Sintra,
pessoas, foi abrilhantado com música de vários can-
e Algarve, são as zonas onde há um maior êxodo de
tores angolanos residentes na Quinta do Mocho e não
famílias angolanas em Portugal, apesar dessa distribui-
só. No final houve largada de balões para simbolizar a
ção geográfica ser ainda muito irregular.
Paz para júbilo dos petizes presentes.
A alegria dos angolanos presentes ao evento foi visível
´ Africa +
n
Texto: Embaixada de Angola
JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 63
XXX Assembleia Geral da UCCLA
Decorreu na Câmara Municipal de Coimbra, Portu-
Câmara Municipal de Coimbra, Manuel Machado.
gal, a reunião da XXX Assembleia Geral da UC-
Agradecendo a escolha da cidade de Coimbra em
CLA, dia 9 de maio. Muitos assuntos estiveram
promover a reunião desta organização, a vereadora
em cima de mesa, numa Assembleia que contou
apelou a todos os presentes em visitarem a cidade
com uma maioria significativa de municípios e em-
e em voltarem brevemente.
presas que constituem a organização.
David Simango agradecendo a “boa aderência” de
A Assembleia Geral da UCCLA foi presidida por
presenças, recordou a realização de eleições em
David Simango (presidente da Mesa da Assembleia
algumas das cidades presentes e solicitou a todos
Geral da UCCLA e presidente do Conselho Munici-
uma breve apresentação de nomes e cargos para
pal de Maputo, Moçambique), General José Tava-
todo o coletivo. Por fim, reconheceu o trabalho de-
res Ferreira (Administrador Municipal da cidade de
sempenhado pelo presidente da Comissão Executi-
Luanda, Angola) e Ekeneide Lima dos Santos (pre-
va, Ulisses Correia.
sidente da Câmara Distrital de Água Grande, São
A reunião teve vários pontos de análise e discussão.
Tomé e Príncipe).
“Uma palavra de reconhecimento pela forma urba-
Marcaram presença, também e pela primeira vez, re-
na, cortês, generosa e solidária com que a Câmara
presentantes da Confederação Empresarial da CPLP
Municipal de Coimbra nos recebeu, felizmente e
(Comunidades de Países de Língua Portuguesa), da
coincidentemente com uma festa que é historica-
UCCI (União das Cidades Capitais Ibero-america-
mente importante para Coimbra e para o povo por-
nas) e da Rede de Judiarias de Portugal.
tuguês e, de alguma maneira, também marcou todos
O presidente da Mesa deu as boas vindas a todos
os povos de expressão oficial portuguesa”, foram as
os presentes, dando a palavra à anfitriã vereadora
palavras do Secretário-Geral no início da sua inter-
Carina Gomes, em representação do presidente da
venção. Recordou o discurso de Manuel
64 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
➤
➤
Machado, presidente da autarquia anfitriã, no dia
seguintes aspetos:
anterior (no decorrer da Comissão Executiva), de
– Homenagem que a UCCLA pretende fazer aos
que em Coimbra “vultos incontornáveis da cultura
antigos alunos da Casa dos Estudantes do Império
dos nossos povos e países, e também da política,
(CEI). Casa para “onde vinham estudar os jovens
passaram pela cidade de Coimbra e foram projeta-
das ex-colónias, que não tinham universidades e
dos para a liderança dos movimentos e partidos de
queriam prosseguir os estudos superiores”, adian-
libertação e, mais tarde, para a direção dos respeti-
tando que nesta casa ergueram-se “referências e
vos países”.
obras em volumes” - como “O Boletim da Casa”
Agradecendo a presença de todos, neste que re-
e a “Mensagem” – e “onde nasceram os maiores
presentou um encontro de cidades e de empresas,
vultos da história dos nossos países e aí nasceram
afirmou ser uma “garantia para o futuro” da organi-
poetas e políticos, como Amílcar Cabral, Agostinho
zação “pioneira na lusofonia”, com
Neto, Francisco José Tenreiro, Alda do Espírito
29 anos de existência e predeces-
Santo e muitas mais personalida-
sora da CPLP, pela mobilização
des” que passaram pela Casa. “Em
que teve e “incontornável do ponto de vista da sua importância”. O Secretário-Geral enalteceu a parceria recentemente concretizada com os Serviços Sociais da Câmara Municipal de Lisboa, uma vez que a autarquia de Lisboa tem um “acervo importantíssimo do ponto de vista social,
"
VÍTOR RAMALHO FALOU DO
“AVANÇO PARA O DESENVOLVIMENTO” QUE A UCCLA TEM PROMOVIDO JUNTO DAS SUAS CIDADES ASSOCIADAS
"
de médicos e laboratórios que podem responder a exames clíni-
função de a UCCLA ser a instituição das cidades lusófonas a CEI ter sede em Lisboa e uma delegação em Coimbra”, e fazer este ano 70 anos da sua criação e para o ano 50 anos da sua extinção (pela polícia política, em 1965), “nós desafiámos o reitor da Universidade de Coimbra a promover uma sessão de homenagem” a estas personalidades vivas, que terá lugar no dia 21 de
cos necessários a todos”, salvaguardando o direito
outubro. Adiantou, ainda, que no dia 25 de maio de
de todos e das instituições a que “pertencemos” nos
2015, terá lugar na Fundação Calouste Gulbenkian,
socorrermos desse apoio e do trabalho profissional
a sessão de encerramento, trazendo “figuras proe-
dos Serviços Sociais.
minentes e que são incontornáveis na ação política
Referindo-se ao Relatório e Contas de 2013, Vítor
que tiveram”. Vítor Ramalho falou do apoio recolhi-
Ramalho falou do “avanço para o desenvolvimento”
do junto do Governo Português e das Embaixadas
que a UCCLA tem promovido junto das suas cida-
e que o jornal SOL irá fazer um encarte com os 22
des associadas. Falou das diversas iniciativas na
pequenos livros da CEI;
área da cultura – Encontro de Escritores de Língua
– No âmbito do protocolo que a UCCLA assinou com
Portuguesa, em Natal, apoio à Ópera de Pequim,
a UCCI (União das Cidades Capitais Ibero- america-
encontros vários com escritores de renome em
nas) – que tem como objetivo o aprofundamento e
certames e universidades – dos trabalhos de sa-
o reforço das relações entre as cidades de língua
neamento em São Tomé e Príncipe e Cabo Verde,
oficial portuguesa e as cidades ibero-americanas, as-
da formação de 200 apicultores na Guiné-Bissau, na
sociadas das duas instituições, bem como fomentar a
saúde e educação em Moçambique e Cabo Verde,
participação em atividades ou iniciativas promovidas
não esquecendo o reconhecimento que a UCCLA
por qualquer uma delas em benefício de ambas – as
tem vindo a ter por parte da União Europeia.
instituições irão promover, no dia 21 de maio, ativi-
No que se refere ao Programa de Atividades para
dades para assinalar o Dia Mundial da Diversidade
2014, o Secretário-Geral destacou diversos os
Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento,
´ Africa +
➤
JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 65
XXX Assembleia Geral da UCCLA
➤
data consagrada pelas Nações Unidas. O Secretá-
O presidente da Comissão Executiva da Confe-
rio-Geral fez o apelo a que todas as cidades façam
deração Empresarial da CPLP, Francisco Viana,
“declarações ou marcas simbólicas” para que esse
adiantou que a Confederação irá contribuir, e está
dia seja assinalado, invocando as duas instituições;
a trabalhar nesse sentido, para ajudar financeira-
– Outorgado o protocolo com a AICEP (Agência
mente a iniciativa de homenagem à CEI. Sugeriu,
para o Investimento e Comércio Externo de Portu-
ainda que, quando da realização das Assembleias
gal), onde “iremos ter representação nas feiras in-
Gerais da UCCLA, a Confederação possa realizar
ternacionais, desde já a FACIM (Moçambique) e FIL-
um “Fórum Económico” de modo a criar uma “inte-
DA (Angola)”, permitindo, deste modo, a participação
ratividade entre os empresários que poderão apoiar
de todas as cidades e empresas que compõem o
as cidades e os nossos líderes municipais”. Por fim,
universo da UCCLA. Vítor Ramalho deu conta, ain-
afiançou que irá propor a adesão da Confederação a
da, da realização
membro da UCCLA.
do evento que a
Américo de Abreu
AICEP está a pro-
Ferreira, Adminis-
mover, para os dias
trador das Águas
3 e 4 de junho, no
de Portugal, suge-
qual irão participar
riu que a UCCLA
representantes das
deveria “potenciar,
maiores instituições
para além do finan-
bancárias do espa-
ciamento com a
ço lusófono;
União Europeia e o
– Realização da
Instituto Camões,
reunião das re-
deveria arranjar
des temáticas da
uma forma de inte-
“Preservação dos
ragir com o Banco
Centros Históricos”,
Mundial, Banco
na cidade de
Africano e Banco
Angra do Heroís-
Europeu de Inves-
mo, e da “Proteção
timentos”.
Civil”, em Maputo;
No que concerne a Moções, foram apresentadas 3 e
– Criação do Gabinete de Cooperação Económica
todas aprovadas:
que “permitirá respostas mais céleres, sem compro-
– Moção 1 de “incondicional apoio das cidades
misso, quer no domínio da formação autárquica,
associadas da UCCLA à intenção das autoridades
como no domínio
de M’Banza Congo apresentarem uma proposta à
das próprias empresas”. Para
o Secretário - Geral este Gabinete representará
UNESCO para que esta seja reconhecida como
uma “ajuda multilateral das nossas empresas, não
Património Mundial da Humanidade”;
apenas das nossas associadas, mas também ou-
– Moção 2 de “Saudação pelas recentes eleições
tras”;
Democráticas na Guiné-Bissau”;
– Assinatura de diversos protocolos: Confederação
- Moção 3 de “Saudar a cidade de Díli, associada
Empresarial da CPLP, Serviços Sociais da Câma-
da UCCLA, como cidade anfitriã da Xª Conferência
ra Municipal de Lisboa, Rede de Judiarias de Portu-
de Chefes de Estado e de Governo que terá lugar no
gal, Centro de Estudos Judiciários da Universidade
dia 23 de julho de 2014”.
Lusófona.
Os pedidos de novas adesões mereceram uma
66 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
➤
XXX Assembleia Geral da UCCLA
➤
explicação mais detalhada por parte do Secretário-
UCCLA ficaram, igualmente, agendadas para os
Geral:
seguintes locais: 2.ª Comissão Executiva de 2014
- Candidatura da Câmara Municipal da Covilhã
na Guiné-Bissau; 1.ª Comissão Executiva de 2015 e
como Membro Observador da UCCLA. De acordo
XXXI Assembleia Geral em Maputo (Moçambique);
com Vitor Ramalho, a cidade da Covilhã (http://
2.ª Comissão Executiva de 2015 em Macau.
www.cm-covilha.pt/) tem uma “tradição relevantís-
No final dos trabalhos, o representante da UCCI,
sima do ponto de vista têxtil e, particularmente, dos
Fernando Rocafull, dirigiu à Assembleia palavras
lanifícios”. O responsável adiantou que outras cida-
de agradecimento pelo convite. Tendo a UCCI 29
des portuguesas manifestaram a sua intenção de
cidades todas capitais, existe um “forte vínculo entre
integrarem a UCCLA, como Ponta Delgada, Madeira
a Península Ibérica e a América Latina” e esta será
e Porto Santo;
uma “nova etapa para a relação entre a UCCLA e a
- Em
relação a
UCCI”.
empresas (Mem-
Antes
bros
nião, teve lugar
Apoiantes),
foram aceites
a
da reu-
a inauguração da
Diorama - “empre-
exposição “UCCLA
sa internaciona-
– Lusofonia
lizada em alguns
Desenvolvimento”,
países lusófonos e
que apresenta,
também na Argélia,
detalhadamente, a
e tem como princi-
UCCLA e o seu tra-
pal, para além de
balho, numa mostra
outras, atividade a
que ilustra a história,
resposta às linhas
o percurso e as me-
de caminho-de-fer-
tas alcançadas por
ro” -, Parques do
esta organização,
EDT do Tâmega
criada há 29 anos,
- associação que
e pensada para a
“agrupa várias em-
cooperação. Nela
em
presas e nichos de empresas” (http://www.tamega-
estão expostas as 39 cidades UCCLA, assim como os
park.pt/index.html) - COFACO Açores - “empresa de
principais projetos de cooperação nos últimos anos de
produtos alimentares, na área das conservas, com
atividade da instituição e as suas empresas.
grande dimensão internacional” (http://www.cofaco.
Exposição de grande sucesso, que esteve exposta
pt/) -, ANEPE- Associação Nacional de Empresas
em Díli, no Parlamento Nacional de Timor-Leste,
de Parques de Estacionamento (http://www.anepe.
pela ocasião das Comemorações do 10.º aniversário
pt/) e o CEAL/ISEC - Centro de Estudos da Admi-
da sua Independência, em maio de 2012. Esteve,
nistração Local do Instituto Superior de Educação
também, patente na cidade da Praia no âmbito da
e Ciências (http://www.isec.universitas.pt).
Assembleia Geral da UCCLA (maio de
– Foi, ainda, dado a conhecer o pedido de suspen-
2013), em Aveiro no âmbito do Festival da Lusofonia
são do CEFA - Centro de Estudos e Formação
(junho 2013), em Lisboa no âmbito do
Autárquica.
Festival Todos (setembro 2013) e da 2.ª Conferência
As datas para a realização das próximas reuniões da
"Língua Portuguesa no Sistema Mundial" na
Comissão Executiva e Assembleia-Geral da
Faculdade de Letras de Lisboa (outubro de 2013).
68 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
n
PROTOCOLO
O Presidente da República recebeu as cartas credenciais de novos Embaixadores em Portugal
1
2
3
4
5
6
1. Embaixador da República Checa, Stanislav Kazecky 2. Embaixador do Egipto, Amr Ahmed Ramadan 3. Embaixadora da Tunísia, Saloua Bahri
7
4. Embaixador da Alemanha,
8
Ulrich Brandenburg 5. Embaixador da Índia, Jitendra Nath Misra 6. Embaixador da Indonésia, Mulya Wirana 7. Embaixador da Croácia, Ivica Maricic 8. Embaixador de Moçambique, Fernanda Eugénio Moisés Lichale
O Presidente da República, Anibal
Tunísia, Saloua Bahri; da Alemanha,
Cavaco Silva recebeu as cartas cre-
Ulrich Brandenburg; da Índia, Jiten-
denciais de novos Embaixadores re-
dra Nath Misra; da Indonésia, Mulya
sidentes acreditados em Portugal: da
Wirana; da Croácia, Ivica Maricic; de
República Checa, Stanislav Kazecky;
Moçambique, Fernanda Eugénio Moi-
do Egipto, Amr Ahmed Ramadan; da
sés Lichale e da Venezuela, Fernando
70 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
➤
10
9
11
9. Embaixador da Venezuela, Fernando Teles Fazendeiro 10. Embaixadora do Uganda, Nimisha Jayant Madhvani; Presidente da República; Embaixador do Montenegro, Zeljko Perovic e Ministro dos Negócios Estrangeiro 11. Embaixador da Jordânia, Mekram Mustafa A. Queisi; Embaixador do Burkina Faso, Eric Yemdaogo Tiare; Embaixador Sudão, Nasreldin Ahmed Wali Abdeltif, Presidente da República; Embaixador da Malásia, Tan Sri Ismail Omar; Embaixador da Guatemala, Marco Tulio Chicas Sosa; Ministro dos Negócios Estrangeiro e o Embaixador do Burundi, Dieudonné Ndabarushimana
➤
Teles Fazendeiro
Sosa; do Burkina Faso, Eric Yemdao-
Também apresentaram credenciais os
go Tiare; da Malásia, Tan Sri Ismail
novos Embaixadores não residentes
Omar; da Jordânia, Mekram Mustafa
do Montenegro, Zeljko Perovic; do
A. Queisi; do Burundi, Dieudonné
Uganda, Nimisha Jayant Madhvani;
Ndabarushimana e do Sudão, Nasrel-
da Guatemala, Marco Tulio Chicas
din Ahmed Wali Abdeltif.
n
Fotos: Luís Filipe Catarino / P.R.
JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 71
VISITAS DE ESTADO
Presidente Cavaco Silva recebeu Presidente de Singapura
Na visita de Estado que realizou
Presidente da República de Sin-
início do qual o Presidente Aníbal
a Portugal no início do presente
gapura dirigiu-se ao Palácio de
Cavaco Silva e o seu homólogo
mês, o Presidente da República
Belém, onde lhe foram prestadas
singapurense proferiram inter-
de Singapura, Tony Tan Keng
honras militares. O Presidente da
venções.
Yam, reuniu-se, no Palácio de
República e a Dra. Maria Cavaco
Belém, com o Presidente Aníbal
Silva mantiveram um encontro
declarou: "Ficou claro nas con-
Cavaco Silva. Tony Tan Keng
com o Presidente singapurense
versações que acabámos de
Yam é um distinto banqueiro e
e Senhora, Mary Tan, o qual foi
ter que as relações entre Por-
eminente matemático tendo sido
seguido por uma reunião entre os
tugal e Singapura podem ainda
eleito como o sétimo presidente
dois Chefes de Estado acompa-
reforçar-se muito mais no futuro"
do seu país em 27 de agosto de
nhados das respectivas delega-
e relembrou a importância da
2011, e tomado posse a 1 de
ções.
renovação das ligações entre as
setembro do mesmo ano.
Presidente da República ofere-
duas nações.
Após uma deslocação ao Mos-
ceu um jantar em honra do seu
Destacando o apoio de Portugal
teiro dos Jerónimos, onde de-
homólogo de Singapura, por
às negociações que estão a ocor-
positou uma coroa de flores no
ocasião da visita de Estado, no
rer entre Singapura e a União
túmulo de Luiz Vaz Camões, o
Palácio Nacional da Ajuda, no
Europeia para a criação de uma
72 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
O chefe de Estado português
➤
zona de comércio livre, Cavaco
vontade das autoridades dos dois
colocadas em toda a península
Silva sublinhou que os empresá-
países em reforçar as relações e
ibérica.
rios portugueses têm interesse
sobretudo o desejo de alcançar
O seu homólogo singapurense
naquele país não apenas pelo
um ao reforço do dinamismo das
destacou o apoio de Portugal
seu mercado interno, mas tam-
relações empresariais.
à ratificação de um acordo de
bém como uma porta de entrada
Foi assinado um memorando
livre comércio entre Singapura e
para os mercados asiáticos. Lem-
de entendimento entre a admi-
a UE que permitirá estruturar o
brou ainda que: "Os contactos
nistração do Porto de Sines e a
comércio e investimentos entre o
entre os dois países aumentaram
empresa dos portos de Singapu-
bloco europeu e o país asiático.
significativamente nos anos mais
ra para a extensão do terminal
Tony Tan Keng Yam relembrou,
recentes, podemos dizer que nos
21 de contentores. Esse acordo
também, a importância dos
estamos a redescobrir um ao
abre possibilidades para o Porto
investimentos, em Portugal, de
outro."
de Sines vir a acolher navios de
empresas como a PSA (Port of
Esta visita vem em sequência
maior dimensão e, com a cons-
Singapore Authority), detentora
à realizada pelo Presidente da
trução da via rápida ferroviária
da concessão do terminal de con-
República Portuguesa a Singa-
para Espanha, as mercadorias
tentores de Sines, ou a cadeia de
pura, em 2012, atestando a forte
poderão mais facilmente ser
hotéis de luxo Aman Resorts.
➤
■
Fotos: Luís Filipe Catarino / P.R.
JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 73
VIAGENS DE ESTADO
Presidente de Portugal na China
Presidente da China, Xi Jinping com o Presidente de Portugal, Anibal Cavaco Silva
Iniciando o programa da sua visita à
No segundo dia da Sua estada em
onde ambos assinaram acordos
China, o Presidente Aníbal Cavaco
Xangai, o Presidente Cavaco Silva
bilaterais entre os governos e
Silva foi recebido, em Xangai, pelo
procedeu à abertura do Seminário
contractos entre empresas dos dois
Presidente do Município, reuniu-se
Económico Portugal-China, tendo-
países.
com um grupo de líderes de gran-
-se encontrado com os membros da
Mais tarde, o Presidente Xi Jinping
des empresas privadas chinesas.
mesa de honra do Seminário, líde-
ofereceu um banquete em honra do
Dois ministros que integravam a
res de grandes empresas chinesas,
Presidente da República Portugue-
comitiva presidencial – Negócios
fez uma visita à Universidade de
sa .
Estrangeiros e Economia - partici-
Estudos Estrangeiros onde proferiu
Ainda em Pequim, o Presidente da
param também no encontro junta-
o colóquio “O valor das Línguas” e
República portuguesa encontrou-
mente com o presidente da AICEP,
ao Instituto de Matéria Médica onde
-se com o Presidente do Congresso
Miguel Frasquilho. Em seguida
se procedeu à assinatura de um
Nacional da Povo Chinês e com
encontrou-se com quadros portu-
Protocolo de cooperação de investi-
Primeiro Ministro, Li Keqiang e, an-
gueses residentes na região de
gação científica entre este Instituto
tes de partir para Macau, e o Chefe
Xangai e fez uma visita ao Centro
e a Universidade do Minho.
de Estado Português presidiu ao
de Artes Orientais (SHOAC) onde,
Em Pequim, o Presidente deslocou-
encerramento do Seminário Eco-
com a sua mulher, assistiu a um
-se, com parte da comitiva, à Cida-
nómico Portugal-China que reuniu
espectáculo de Kátia Guerreiro e
de Proibida seguindo-se o encontro,
centenas de empresários de ambos
da mezzo-soprano Chinesa, Wang
com o seu homólogo Chinês, Xi
os países, tendo proferido a inter-
Weiqian.
Jinping, no Grande Palácio do Povo
venção que, pela importância,
74 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
➤
➤
transcrevemos: "Gostaria de
começar por felicitar as agências de promoção do investimento e do comércio externo de Portugal (a AICEP) e da China (o CCPIT), pela organização desta excelente iniciativa, que veio permitir o encontro e o debate entre empresários, fomentando parcerias e dando a conhecer as realidades económicas e o ambiente empresarial de ambos os países. Saúdo e agradeço a presença de todos os oradores, empresários e participantes. A China, país ancestral com fortes tradições e uma cultura milenar, tem um papel único na história do mundo. A China atual surpreende pela capacidade de conjugar as suas tradições multisseculares com um processo de mudança estrutural assente no desenvolvimento económico e empresarial e numa forte estratégia de internacionalização. A China é hoje uma economia de sucesso. Tenho acompanhado, com grande interesse, os esforços feitos e as soluções encontradas para afirmar a China como parceiro de sucesso na economia global. A China tem vindo a transformar-se muito rapidamente, pelo seu próprio mérito e vigor, num dos maiores ex-
Os casais presidenciais
poentes de crescimento económico a nível mundial.
namento económico e empresarial
cimento do que se faz atualmente na
A China está em voga. A sua energia
entre os dois países.
China e em Portugal.
e vitalidade, a sua dimensão, a au-
Nesse sentido, não posso deixar de
Os nossos países e as nossas
dácia e perseverança do seu tecido
sublinhar a oportunidade que este
economias têm dimensões muito
empresarial atraem, naturalmente, a
Seminário e os Encontros Empresa-
diferentes e estão, geograficamen-
atenção do Mundo e, por certo, tam-
riais representam para o aumento do
te, muito distantes. Contudo, se
bém de Portugal. É hoje um país de
investimento e de novas parcerias.
soubermos criar um bom clima de
interesse estratégico para as empre-
Desde logo, porque proporcionam
confiança entre as nossa empresas,
sas portuguesas.
um estreitamento dos contactos en-
com respeito pelas nossas culturas e
O potencial de cooperação é enorme
tre empresários e altos responsáveis
identidades, teremos condições para
e gostaria que esta minha Visita con-
portugueses e chineses. Contribuem,
estabelecer verdadeiras parcerias de
tribuísse para o reforço do relacio-
deste modo, para um melhor conhe-
interesse mútuo, de âmbito não
➤
JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 75
Presidente de Portugal na China
Presidente da República com o Presidente do Congresso Nacional do Povo chinês, Zhang Dejiang
Reunião dos empresários
76 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
Ministro dos Negócios Estranjeiros de Portugal, Rui Machete em cumprimentos
apenas bilateral mas também orien-
Na sequência da crise financeira
têm reconhecido e valorizado.
tado para terceiros mercados.
mundial de 2008, Portugal com-
Os sinais dos últimos doze meses
Para além da sua condição de
prometeu-se com um ambicioso e
têm sido, de facto, muito animadores.
Estado-membro da União Europeia
abrangente programa de ajustamento
Desde o 2º trimestre de 2013 que a
e da proximidade e do bom relacio-
económico, financeiro e orçamental.
economia está a crescer. O desem-
namento com os países do norte de
Passados exatamente três anos da
prego tem baixado. Nos mercados
África, Portugal sustenta ainda laços
sua aplicação e em fase de con-
externos, as empresas portuguesas
especiais com a África subsaariana
clusão, existem dois aspetos que
têm mostrado uma notável capa-
– onde países como Angola e Mo-
gostaria de salientar. Por um lado, os
cidade de adaptação, continuando
çambique falam português e mantém
objetivos estabelecidos e as medi-
a conquistar quotas de mercados,
ligações políticas, económicas e
das previstas foram, na sua grande
sobretudo fora do espaço europeu.
culturais fortes com o nosso País. O
maioria, cumpridos e implementados;
Atualmente, as exportações já repre-
mesmo se passa com a América do
e, por outro, o ajustamento orça-
sentam 40 por cento do PIB, contra
Sul, onde avultam as nossas parti-
mental e as alterações estruturais na
cerca de 30 por cento em 2010. O
culares ligações de amizade com o
economia portuguesa foram muito
saldo das nossas contas externas foi
Brasil e as fáceis relações com os
significativos.
positivo em 2013, situação que deve-
países do eixo atlântico.
Recuperámos a confiança dos
rá reforçar-se no ano em curso.
Portugal é hoje, também, uma
nossos parceiros e dos mercados
Desde meados de 2013 que as taxas
importante porta no Atlântico para a
financeiros internacionais.
de juro da dívida pública portuguesa
Europa. O porto de Sines é o primeiro
Os resultados da execução do
têm vindo a descer significativamente.
porto europeu de águas profundas
programa de ajustamento começam
O País tem vindo a retomar a emissão
no acesso pelas rotas do oriente,
agora a aparecer e a estimular a con-
de dívida de médio e longo prazo nos
venham elas por África ou através do
fiança interna, situação que tanto os
mercados internacionais, valendo a
canal do Panamá.
nossos parceiros como os mercados
pena sublinhar que as taxas de juro ➤
➤
JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 77
Presidente de Portugal na China
acumulada, souberam reinventar-se e ganharam uma posição comercial forte nos mercados internacionais. O sector do turismo merece uma particular referência. Portugal é um destino de reconhecida qualidade. O sol e a luminosidade sempre presentes, o agradável clima, a hospitalidade e a segurança, a par de uma extensa costa marítima de rara beleza, são pontos fortes da nossa oferta turística. As diferentes regiões, tanto na riqueza e diversidade do património construído como nas tradições, festas e romarias populares, fazem de Portugal um destino turístico único. A tudo isto acresce, ainda, uma forte capacidade de alojamento, tanto ao Presidente da República com o seu homólogo chinês
nível hoteleiro como em apartamentos para estadias de longa duração
empresariais o terão feito ou o farão
ou residenciais, complementada por
mente, em cerca de 3,5 por cento.
muito melhor do que eu.
uma rede de qualidade de apoio à
Sabemos que é essencial manter o
Portugal tem hoje uma nova geração
saúde, uma boa gastronomia e exce-
ritmo das reformas estruturais em
de empresas, com grande capacida-
lentes campos de golfe, que valerá a
curso e que o crescimento económico
de empreendedora, inovadora e tec-
pena conhecer e fruir. Neste particu-
terá de assentar fundamentalmente
nológica. Muitas estão a desenvolver
lar, devo sublinhar que, nos últimos
no investimento privado, nacional e
produtos e serviços diferenciadores
anos, muitos cidadãos chineses têm
estrangeiro, e nas exportações.
para novos segmentos de procura no
procurado residência em Portugal.
Estamos determinados a propor-
mercado mundial: na eletrónica, nas
Portugal situa-se hoje, em segmentos
cionar a quem investe em Portugal
tecnologias de informação, na área
de mercado específicos, numa po-
um ambiente empresarial estável e
das energias renováveis, na indústria
sição de vanguarda a nível mundial.
atrativo. Nesse sentido, estão em
farmacêutica, no sector automóvel
A China, por seu lado, encontra-se
curso reformas essenciais na área
e aeronáutico, ou nas aplicações de
numa imparável rota de desenvolvi-
das relações laborais, da Justiça, do
software para processos de fabrico
mento e pode encontrar em Portugal
licenciamento e da tributação das
ou de gestão.
parcerias estratégicas que acrescen-
empresas. Portugal beneficia também
Destaco as áreas das tecnologias de
tem massa crítica competitiva em
de um novo e interessante programa
gestão, da preservação e requalifica-
terceiros mercados.
europeu de apoio ao investimento,
ção ambiental, do ordenamento, da
Embora afastados, cada um do seu
especialmente dirigido para as PME e
valorização urbanística e da gestão
lado do Mundo, juntos podemos criar
para a inovação e competitividade.
das cidades, assim como da eficiên-
valor, com benefício mútuo.
As empresas que me acompanham
cia energética e das infraestruturas,
É com essa convicção que irei termi-
nesta Visita de Estado à República
áreas, todas elas, onde as empresas
nar. Mas não sem antes vos trans-
Popular da China representam muito
portuguesas já têm provas dadas
mitir a fundada esperança de que
do melhor e mais dinâmico de Portu-
mundo fora.
os trabalhos deste Seminário e os
gal e apresentam experiências bem-
Também me acompanham algumas
encontros que proporciona deem um
-sucedidas de internacionalização em
empresas das chamadas «indús-
contributo determinante para que os
várias geografias. Poderia falar com
trias tradicionais», como o calçado,
empresários chineses e portugueses
gosto sobre a qualidade individual de
a têxtil e vestuário, o mobiliário, a
possam reforçar o bom entendimento
cada uma das empresas aqui presen-
agroalimentar e os vinhos, entre
e a amizade entre a China e Portugal.
tes, mas sei que os senhores líderes
outras. Com uma enorme experiência
Muito obrigado."
➤ da
dívida a 10 anos se situam, atual-
n
Fotos: Luís Filipe Catarino / P.R.
78 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
ENCONTROS
1
O Chá na Embaixada da China A encantadora Embaixatriz da China, convidou algumas jornalistas, com a colaboração da Revista Diplomática, para um Chá na embaixada que decorreu num ambiente caloroso de franca amizade entre as convidadas. Durante a “cerimonia do Chá” puderam apreciar os pequenos bolos chineses e trocar impressões sobre ambos os países, que em breve irão comemorar os 35 anos de relações
80 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
➤
2
3
1. A Embaixatriz da China, Chang Dongzhen e a nossa directora rodeadas pelo Staff da embaixada e algumas das jornalistas convidadas 2. A Embaixatriz em conversa com a Filome-
➤
diplomáticas entre estas duas nações. Acreditamos
que todas apreciaram esta tarde bem passada, sorrindo por verem, na mesa , as marcações dos seus nomes em chinês e receberem as lições de medicina
na Martins, Paula Mateus, Luisa Meirelles,
oriental que a prof. Luzhenfu lhes propôs oferecendo-
Sofia Lucas e a nossa directora Maria de
-lhes também uma bonita ágata que aplicada da for-
Bragança 3. Antes de servirem o chá… ouvindo o Senhor Embaixador
ma correcta iria contribuir para o seu bem estar. Era para ser um chá apenas de Senhoras jornalistas,
➤
JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 81
O Chá na Embaixada da China
4
5
6
➤
7
mas o Embaixador não resistiu em aparecer para
dirigir uma palavras de apreço pelas convidadas (Luisa Meirelles - Sub-Directora do Expresso, Paula Barreiros- Sub-Directora do Público, Filomena Martins- Diário de Notícias, Paula Mateus-Directora da Vogue, Sofia Lucas- Directora da Máxima, Isabel Stilwell- Colunista de Prestígio em várias publicações e Maria da Luz de Bragança - Directora da Diplomática ) e respeito pelo jornalismo e pelas Mulheres jornalistas, em importantes postos que, vendo bem, não são muitas...
n
82 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
Fotos: Maria Inês
4. Filomena Martins e a medicina oriental… 5. Sofia Lucas, Paula Mateus, Isabel Stilwell e Luisa Meirelles 6. Servindo o Chá… 7. A Professora aplicando técnicas de auxílio ao bem estar a Paula Mateus
MALA DIPLOMÁTICA
Festa do 53º Aniversário da Independência e 23º Aniversário da Libertação do Estado do Kuwait
1
2
Pelo 53º Aniversário da Independência e 23º Aniversário da Libertação do Estado do Kuwait, o Embaixador em Portugal, Sulaiman Ibrahim Al-Murjan, comemorou o dia Nacional do seu país com uma recepção onde estiveram presentes relevantes figuras do corpo diplomático, políticos, empresários e outras personalidades dos mais diversos meios sociais que quiseram homenagear o Kuwait e o próprio Embaixador Sulaiman que, já entrevistado por esta revista DIPLOMÁTICA, pôde demonstrar a sua simpatia e apreço por Portugal e pelos portugueses.
■ ➤
84 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
3
4
5
6
7
8
9
10
1. Individualidades do Kuwait festejando o aniversário 2. Maria de Bragança com o Embaixadro do Kuwait 3. Maria de Bragança com o Embaixador Iraque, Hussain Sinjari 4. Embaixador Emirados Árabes Unidos e Abdulwahab Alsenan 5. Rawan Alodah 6. Abdool Vakil e sua Mulher 7. Maria de Bragança com a Embaixadora da Turquia 8. Embaixador do Qatar e Maria de Bragança 9. Maria de Bragança e Helena Costa 10. Princípe do Kuwait e Judite Justino
JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 85
MALA DIPLOMÁTICA
portugueses que nos mostraram
1
que as portas para a democracia podem de fato ser abertas de forma pacífica e tranquila. Nós prezamos e saudamos os portugueses que têm contribuído grandemente para a nossa compreensão da democracia moderna. Aprendemos como tornar os nossos instrumentos históricos mais duradouros. A Constituição original não durou mais de um ano. O nossa atual democracia tem estado viva e de boa saúde no último quarto de século, e assim vai continuar contra todos os desafios que surjam e possam surgir no futuro. A nossa Constituição emanou também, na época, para Leste, tornando-se a Constituição da Lituânia, uma nação soberana que hoje também se lembra e entende o papel histórico deste documento. Nós partilhamos livremente a nossa experiência. O mesmo sentido de 1. Embaixadores da Polonia
Dia Nacional da Polónia 25º Aniversário da Constituição
responsabilidade com que desenvolvemos a tarefa de legislar os direitos fundamentais em 1791 acompanha-nos hoje. Somos e continuaremos a ser cidadãos respon-
De assinalar a comemoração do
democrática mais importante de
sáveis da Europa, vamos contribuir
dia Nacional da Polónia, realizada
sempre. A 4 de junho vamos reviver
intelectual e conceptualmente para
nas varandas do Casino do Estoril
a alegria dos primeiros dias de liber-
a reconstrução e atualização da UE
onde os Embaixadores recebe-
dade. Convido-vos a todos a pas-
e vamos, tenho a certeza, fornecer
ram os convidados que desejaram
searem pelas ruas de Lisboa onde
o capital humano necessário para
homenagear o Embaixador, Bronis-
nos vão ver em todo o lado. Verão o
essa tarefa. Tudo o que está na
law Misztal e sua Mulher a Em-
que fez os muros caírem.
mente polaca vem desta ilumina-
baixatriz, Ana Kostrzewa, um dos
Mas este ano também celebramos,
ção, toda a fonte de ideias de pro-
casais mais estimados pelos meios
juntamente com os nossos amigos
gresso, tudo que articula a vontade
empresariais, culturais, políticos
portugueses, o 40º aniversário da
da nossa nação em viver como
e diplomáticos, estando presentes
Revolução dos Cravos.
gestora soberana do seu destino
praticamente todo o corpo diplomá-
Lembro-me do espanto com que
está incorporado na Constituição de
tico creditado em Portugal.
eu, na época um jovem dissidente
3 de maio, bem como nas nossas
Após os hinos, o Embaixador
intelectual da Polónia comunista,
obras contemporâneas na Europa.
dirigiu-se aos convidados com pa-
a viver em Paris – onde também
Vamos perseguir implacavelmente
lavras muito humanas, sobre os 25
estavam muitos portugueses – olhei
a nossa trajetória de responsabili-
anos da democracia polaca e os 40
para a famosa imagem de Sérgio
dade histórica, boa cidadania, boa
anos da revolução dos cravos que
Guimarães, com uma criança (Dio-
vizinhança e a boa governação.
transcrevemos parte.
go Bandeira Freire), a colocar um
Viva a soberania, a liberdade e a
"Este ano vamos também celebrar
cravo num cano de uma espingarda
democracia. Viva a Polónia! Viva
o 25º aniversário da transformação
G3. Aprendemos com os amigos
Portugal!"
86 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
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Fotos: Maria Inês
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2. Maria de Bragança com a Embaixadora de Israel 3. Embaixador de Itália 4. Embaixador da Georgia com os Embaixadores da Moldávia 5. Luisa Gouveia Pinto, Manuel Braga da Cruz e José Marques da Gama 6. Anita Mazurek e Carlos Pardal com os filhos dos Embaixadores, Marcel e Nadia 7. Embaixatriz da Suiça 8. Embaixador da Sérvia 9. Manuel e Maria do Rosário Braga da Cruz com o Núncio Apostólico, D. Rino Passigato 10. Maria Bragança com os Embaixadores da Alemanhã e Iraque 11. Vice-Reitor da Universidade do Algarve e o Embaixador do Congo
JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 87
MALA DIPLOMÁTICA
Festa do Dia Nacional da Tunísia
Por ocasião da comemoração do dia
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Nacional do seu país a Embaixadora da Tunísia, Saloua Bahri, convidou personalidades dos mais diversos meios políticos e socio-económicos para uma recepção no Mariott Hotel, em Lisboa. A declaração oficial ao inicio da receção decorreu num ambiente de grande convívio e simpatia, tendo sido sendo muito aplaudidas as palavras da Embaixadora que vos transcrevemos: “O ritual dos aniversários existe não só para nos 4
lembrar os símbolos da nossa vida como também os seus valores. A Nação não escapa a este fenómeno. Este ano, as comemorações da festa nacional, 58º aniversário da independência, tem um significado peculiar, no momento em que a Tunísia pioneira da Primavera Árabe em 2011, abre uma nova fase da
3
história contemporânea, acaba de ultrapassar uma etapa charneira da sua história pós-revolução com a adoção de uma Nova Constituição. A revolução alcançou desta forma a realização essencial do seu processo de transição democrático, testemunhando de uma vitalidade política que continua a interpelar o mundo inteiro e a apresentar-se como um
1. Embaixadora da Tunísia, Saloua Bahri 2. Mulamba Watema Shabendelo e a Embaixa-
exemplo de esperança, não somen-
dora África do Sul 3. Embaixadora da Tunísia, Saloua Bahri com Maria de Bragança
te para os tunisinos como também
4. Embaixadores da Sérvia
para todos os povos em dificuldade,
dividida, teve a sabedoria em dar a
o processo de transição democrática
que continuam as suas lutas para a
primazia ao interesse nacional ao
através da organização das próxi-
democracia ou para responder aos
escolher a aproximação da negocia-
mas eleições livres e transparentes.
desafios económicos e financeiros.
ção, do diálogo nacional e do con-
A constituição é agora um texto de
Devo lembrar que a principal per-
senso.
compromisso que veio preservar os
sonagem deste processo é o povo
O processo constituinte conseguiu,
principais adquiridos seculares da
tunisino:
assim, estabilizar a situação política
modernização tunisina mas também
Uma fusão de mulheres, homens,
e securitária, ao unificar o povo, e
reafirmar o carácter civil do Estado,
de várias gerações, implicados na
devolver a confiança aos tunisinos
garantir os princípios universais dos
dinâmica revolucionária e vigilantes
e aos seus parceiros, e afirmou de
Direitos Humanos, as liberdades
de cada etapa do processo.
novo a unanimidade de todas as
fundamentais como a liberdade de
Também, a classe política, embora
componentes políticas ao conseguir
consciência, de expressão; a
88 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
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5. Embaixadoras de Marrocos, Tunísia, Argélia e Turquia 6. Embaixador do Kuwait 7. Maria Bragança e Judite Justino 8. Pedro Pessoa e Costa com os Embaixadores da Suíça 9. Embaixadora da Tunísia, Marrocos e Arábia Saudita
paridade nas assembleias eleitas
bom caminho, o consenso nacional
e acatar o desafio socioeconómico
é, doravante, um princípio constitu-
obtido na designação de um novo
permanece crucial.
cional.
governo de competências nacionais
Além das vantagens fundamentais
A constituição tunisina representa
independentes para preparar as
da Tunísia, da sua tradição moder-
par os tunisinos também o pluralis-
próximas eleições que devem ter
nista, o momento é histórico, a sua
mo, a tolerância, o diálogo, o com-
lugar no final do ano, deram a força
carga simbólica não saberia neutrali-
promisso e equilíbrio: valores chaves
indispensável aos tunisinos para
zar os países amigos e os parceiros
que lhe conferiram, além de um texto
encarar os imensos desafios econó-
para que a esperança se mantenha
inovador, um estatuto inédito fruto de
micos que se apresentam.
viva e o modelo tunisino radioso, e
um laborioso consenso, de esforços
O apoio dos nossos parceiros irmãos
a Tunísia, farol democrático para o
e de sacrifícios.
e amigos aos esforços da Tunísia,
Mediterrâneo, A África e o Médio
A transição democrática está no
para consolidar a sua democracia
Oriente.”
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Fotos: Maria Inês
JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 89
MALA DIPLOMÁTICA
Dia Nacional da Noruega
O Embaixador Ove Thorsheim e sua Mulher a Embaixatriz Anne Egge Thorssheim celebraram o Dia Nacional da Noruega com uma recepção na sua residência oficial. O evento contou com a presença de S.A.R. Dom Duarte de Bragança, a Senhora Ministra da Agricultura, Conceição Cristas e o Secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, que entre outras personalidades dos mais diversos meios sociais, diplomáticos e políticos desejaram homenagear este país e os seus Embaixadores. O ambiente decorreu com grande simpatia pelos jardins e salões da embaixada, tendo o Embaixador dirigido umas palavras de apreço pela amizade e boa colaboração entre a Noruega e Portugal.
■
90 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
Embaixadores da Noruega
MALA DIPLOMÁTICA
Dia do Paraguai
O 203º aniversário da independência do Paraguai foi comemorado no Palácio Foz, em Lisboa, com um concerto de harpa pelo reconhecido arpista paraguaio, Ismael lendesma e o jovem pianista Chiara D’Odorico, que enchendo os salões de sons da terra Guarani , mereceram muitos aplausos. A comemoração teve início com os hinos de Portugal e do Paraguai, cantados pelo grupo coral da Telecom , seguido por um discurso do Embaixador do Paraguai, Luis A. Carreras Fretes , que proferiu palavras de agrade-
O evento contou com a presença
e cultural , assim como da comuni-
cimento aos presentes , realçan-
de figuras das mais diversas áreas
dade paraguaia em Portugal, que
do a crescente união e histórica
da sociedade, entre eles o corpo
após o concerto e uma alegre sau-
amizade entre o Paraguai e
diplomático, individualidades liga-
dação, degustaram pratos típicos
Portugal.
das ao sector empresarial, político
do Paraguai.
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JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 91
MALA DIPLOMÁTICA
“Dias da Arábia Saudita” O Reino da Arábia Saudita
acolher estes festejos dos “Dias
organiza, todos os anos, um
da Arábia Saudita”. Tendo como
destes eventos sempre num país
objectivo o reforço das relações
diferente. A capital portuguesa
culturais e sociais entre os dois
foi escolhida, este ano, para
povos amigos e o enriquecimento
92 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
➤
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1. Embaixador da Arábia Saudita 2. Maria de Bragança e o Príncipe Mohammed Bin Saud
➤ do
conhecimento dos países
diálogo e da aproximação entre
relativamente à cultura e patri-
povos, religiões e culturas. Tal
mónio saudita. O evento “Dias
como afirmou, o príncipe Moha-
da Arábia Saudita” constitui um
med Bin Saud, subsecretário do
dos aspectos de promoção do
Ministério dos Negócios
➤
JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 93
“Dias da Arábia Saudita”
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3. Jorge Sampaio e Maria de Bragança 4. Embaixadores dos Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita
➤
Estrangeiros, “daqui, do vos-
so país, procuramos a amizade do ser humano para com o ser humano”. A D i p l om á t i c a d á o s p a r a b é n s a e s t a i ni c i a t i v a d e a p r o x i m a ç ão e n t r e a A r á b i a S a u d i t a e P or t u g a l .
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Fotos: Maria Inês
94 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
LIVROS
Catherine Merridale A Fortaleza Vermelha Temas & Debates
O coração secreto da história da Rússia. Vencedora do Pushkin House Russian Book Prize 2014, esta crónica do Kremlin é na realidade a história fantástica da própria Rússia, desde os primeiros czares passando por Lenine e Estaline até Putin; quem desejar compreender a Rússia atual não só ficará a saber muito mas também apreciará cada página... Simon Sebag Montefiore Belo e profundamente ameaçador, o Kremlin domina Moscovo há muitos séculos. É um dos poucos edifícios de todo o mundo que ainda conserva a sua função original do fim da Idade Média: um palácio construído para intimidar os súbditos do monarca e assustar os emissários estrangeiros. Fortaleza Vermelha transmite, de uma forma brilhante, a ideia do Kremlin como um palco de acontecimentos cruciais, que mantém, na era de Vladimir Putin, a mesma importância do passado.
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Hans Küng Aquilo em que creio Temas e Debates
A confissão pessoal da fé de alguém que transformou de maneira profunda o pensamento teológico em todo o mundo. Hans Küng, presidente honorário para a comissão de ética mundial, escreve sobre a «confiança na vida», a «alegria de viver», o «sentido da vida» e o «sofrimento vital», oferecendo com isso uma summa da sua própria existência e da sua esperança mais íntima. Desde modo, a completa visão religiosa do mundo deste pensador e teólogo universal fica concentrada nas questões essenciais que assaltam todas as pessoas: em que devo acreditar? Em quem posso confiar? Que posso esperar? Como devo configurar a minha vida? Questões pertinentes para a vida e para carreira diplomática.
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JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 95
BUSINESS
MULTITEL Organiza Jantar Conferência alusivo aos 15 anos sobre “Corporate Governance” Os principais desafios da gestão corporativa em Angola
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Há 15 anos que a Multitel tem garantido serviços de telecomunicações de qualidade em Angola. A empresa de telecomunicações tem ligados na sua rede mais de 1600 centros empresariais em todo o País. Para celebrar esta trajetória que posiciona a Multitel na vanguarda do segmento, foi organizado um jantar conferência sobre os principais desafios do Corporate Governance no mercado Angolano. A noite comemorativa no Complexo Hoteleiro da Endia-
1. António Geirinhas, CEO da Multitel e Laura Moura da AICEP
ma decorreu no passado dia 20 de Maio, contou com
2. Eng.º Luís Todo Bom, PCA da MultitelPCA da MULTITEL
aproximadamente 80 pessoas entre eles entidades go-
3. Francisco Ferreira, CEO da NET ONE; Silvio Baptista,
vernamentais, clientes e parceiros da empresa. O CEO
Consultor da TPA; José Caetano, Partner na Talent Search;
da Multitel Dr. António Geirinhas, no discurso de boas
Jaime Fidalgo, Director da Revista Exame
vindas sublinhou “ de uma empresa inicialmente focada em redes e em acessos, evoluímos para uma empre-
Telecom - e grupos empresariais angolanos – Angola
sa focada nos colaboradores e no cliente para melhor
Telecom, BCI e accionistas individuais.
compreendermos as suas necessidades e apresentar
A razão deste sucesso é clara e objectiva: A Multitel
ao mercado soluções integradas e personalizadas de
adoptou desde a sua criação, os princípios básicos que
produtos e serviços com qualidade superior.
devem nortear a constituição e gestão de uma aliança
Foram 5479 dias e noites a garantir telecomunicações
estratégica de matriz multicultural, nomeadamente:
de qualidade em Angola e de Angola para o mundo”.
• A decisão estruturada, por parte da Portugal Telecom,
O presidente do Conselho de Administração da Multitel,
de utilização de uma parceria empresarial no seu pro-
Eng.º Luís Todo Bom, agradeceu, emocionado, a estas
cesso de internacionalização, para Angola, nesta área
pessoas que dão vida à empresa antes do início da
de negócio de serviços empresariais.
conferência abordou o tema das parcerias estratégicas
• O processo sistematizado e estruturado de análise, ava-
considerando que “a Multitel é uma parceria de suces-
liação e selecção dos parceiros, em função dos objectivos
so entre um grupo empresarial português – a Portugal
da aliança e das características do mercado angolano.
96 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/AGOSTO 2014
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4
• Os mecanismos de controlo e avaliação da perfor-
5
mance da aliança, com ajustamentos permanentes, de modo a garantir a sua sustentabilidade e a remuneração adequada dos recursos dos parceiros. Salientou ainda o orgulho pelo trabalho desenvolvido por todas as equipas de gestão ao longo destes 15 anos sublinhando que todos foram imprescindíveis para o sucesso da marca e que apesar dos desafios sempre apostaram firmemente na Multitel. Além da apresentação sobre os desafios da gover7
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nação corporativa em Angola, os convidados foram presenteados com uma recordação do aniversário. A noite ainda contou com uma exposição apoiada pela Multitel dos quadros dos “meninos pintores” um projecto de responsabilidade social do Centro de acolhimento Arnold Janssen. Histórico – Sediada em Luanda, e com representação em Benguela, Lubango e Huambo a MULTITEL Serviços de Telecomunicações, Lda, é uma empresa angolana, presente no mercado desde 1999, está
4. Sec. Executivo UCCLA, Vitor Ramalho com Eng.º Luís Todo Bom 5. José Godinho, PCA da Elta 6. Gabriel Chipuete Director Geral do ISUTIC e Walter Barros, administrador do BDA 7. José Gualberto de Matos, Administrador do EMIS
licenciada por um contrato de concessão para prestação do serviço de comunicação de dados de uso público outorgado pelo INACOM e tem como sócios principais a Portugal Telecom, a Angola Telecom e o BCI - Banco de Comércio e Indústria. É uma empresa cuja filosofia assenta numa relação
➤•
A construção do “business plan” da aliança, ten-
profunda com cada cliente, por forma a entender as
do em consideração as características diferenciado-
suas reais necessidades e de o apoiar na procura
ras do mercado angolano.
das soluções que melhor se adequam à evolução do
• O desenho, organização e estrutura da aliança,
seu negócio.
garantindo o equilíbrio dos direitos e deveres dos
Está fortemente empenhada na implementação de
vários parceiros, reduzindo os conflitos na gestão
soluções de redes que contribuam para o suces-
da aliança.
so dos seus Clientes posicionando-se no mercado
• A integração da aliança em redes de cooperação
Angolano como uma empresa de referência para
empresarial, englobando universidades e institutos
a concepção, desenho, fornecimento e gestão de
portugueses e angolanos.
soluções de telecomunicações empresariais em
• Os processos de transferência do conhecimento
Angola.
entre a Portugal Telecom e a Multitel, mantendo-a
Apoia-se numa equipa qualificada, dos quais 107
no topo da inovação tecnológica e da competitivida-
são nacionais e 3 estrangeiros com vasta expe-
de no mercado angolano, justificando a existência
riência no ramo e está organizada numa estrutura
do contrato de gestão.
flexível que permite um acesso fácil por parte dos
• O modelo de liderança e gestão da aliança dese-
clientes assim como uma capacidade de resposta
nhado de acordo com os objectivos e expectativas
rápida e eficiente. Em termos de desenvolvimento e
dos parceiros, procurando satisfazer as suas expec-
capacidade tecnológica está também suportada pelo
tativas, assegurando o respeito pelas respectivas
conhecimento, experiência dos seus sócios tecnoló-
identidades culturais e garantindo o equilíbrio e a
gicos, que apoiam quando necessário, na estratégia
eliminação dos conflitos na gestão das pessoas.
do negócio, na evolução e no suporte tecnológico.
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JUNHO/AGOSTO 2014 - DIPLOMÁTICA • 97
English texts
The day when the world celebrates the Portuguese Language and Culture in CPLP Almost 30 countries in four continents celebrated on May 5th the Day of Portuguese Language and Culture in the Community of Portuguese Language Countries (CPLP - Comunidade dos Países de Língua Portuguesa). Several events greated a language shared by about 250 million people, with increasing expression on the Internet and social networks. ■ Article by Ambassadors Jorge Arguello, Ambassador of Argentina, reflects on "Te Deum Interreligious Dialogue". Mansour Alsafi, Ambassador of Saudi Arabia - The Firm Principles of Kingdom of Saudi Arabia Foreign Policy and the meaning of the Saudi Arabia Refusal of a Seat in the UN Security Council. Australia's Ambassador, Anne Plunkett, writes about "Our year in G20 Presidency". Australia is to remove obstacles to growth decreasing the burden on the private sector. Anne Plunkett, Ambassador of Australia, talks about the challenges and duties of your country after assuming the presidency of the G20 group. Regarding the global crisis tells us that Australia has benefited from the difficult reforms of the past, with a steady growth in the last 22 years and one of the strongest performers in the OECD over the last decade. ■ Saloua Bahri, Ambassador of Tunisia - "The diplomatic mission is my passion" The essence of Diplomacy in jasmine perfume. A career diplomat, for 33 years in the Ministry of Foreign Affairs, Minister Plenipotentiary, married, mother of three grown up sons, Mrs. Saloua Bahri is, since last December, the charming face of "Jasmine Revolution" in Portugal. Being the first woman to be named ambassador of a Muslim country amongst us, this tunisin diplomat believes in the power of belief - but also in the strength to accept each other - the essence of diplomacy, which she seeks to live as an artist, with love and passion. "We can feel sincerity" throught the essence of her tolerant and supportive look, all around a changing world. A Lady. Diplomat. "We need to drop arms and return to diplomacy"; "I did not come to Portugal for a change of scenery, came to serve my country"; "The results are much better, when you do what you love". ■ Norbert Konkoly, Ambassador of Hungary "To get rid of the IMF, we opted for lower taxes by half." In the diplomatic service for 22 years, the Ambassador of Hungary in Portugal is a graduate in Economics from the Budapest University, M.A. in International Affairs from the Institute of Moscow, and has other specializations in New York, Geneva and Vienna. After being Consul in Ottawa, Canada, and Counsellor in London, Norbert Konkoly came to Lisbon three years ago to occupy his first post of Ambassador. A captivating figure that is worth knowing, the hungarian diplomat elects the warmth as the most striking feature of the portuguese people. ■ Hussain Sinjari, Ambassador of Iraq - "Tolerancy for peace" Tolerancy for peace, in Iraq and Middle East Hussain Sinjari founded "Tolerancy International", in 2007, convinced that hatred between people and countries can be overcome by compassion, properly organized. Kurd, 65, Ph.D. in Comparative Literature, Essex, UK, the Iraqi ambassador in Lisbon bet on respect for minorities, for everyone, for each other. Married, father of a beautiful young girl, fluent in six languages, this man of Babel is proud of the Land of Abraham, confident that peace and prosperity will return to reign in Iraqui "mosaic" and in the Middle East. How? With good education! And a bold Jihad based on Tolerancy ... www.tolerancy.org keep on site. "Iraq is a large mosaic, a bouquet of different flowers"; "Tolerancy is the primacy of what unites us, in respect for others"; "We have to start from school, also educating parents"; "Separation of powers is good for Islam, and good for the believers "; "How to Bring to Portugal the liquidity of Iraq? With education." ■ Andión Benito, Ambassador of Mexico - "I am confident that Portugal will not only return to the good times we had, as will más arriba, más adelante!" I am confident that Portugal will not only return to the good times we had, but will go further. Benito Andión told us about Mexican culture and its strong commitment to developing economic and trade relations between Mexico and Portugal. Informs us that trade between the two countries have risen exponentially in the last 10 years. Mexico buys more to Portugal, but there has been a large investment of several Portuguese companies in the country of America. ■ Jean-François Blarel, Ambassador of France in Portugal - "I have great admiration for the Portuguese people" Began 20 years ago his diplomatic career. Passed through New Delhi, Buenos Aires, Madrid and Washington. Was ambassador to Vietnam and the Netherlands. Speaks of the importance of the French language for the world economy and Portuguese immigration in France. Make proposals for a new understanding of the role of diplomacy. And tell us, though, the importance of a strong union especially the European Union in the field of security and defense. ■ Tea at the Chinese Embassy Mrs Ambassador of China, Chang Dongzen, in partnership with DIPLOMATIC Magazine, invited several Portuguese lady journalists to tea at the embassy. ■ Alfredo Amaral, CEO Peugeot Portugal - Interview The winning of the prize 'Consumer Choice' in 2014 is recognition of this quality. In an interview, Alfredo Amaral, Director General of Peugeout Portugal, discusses the challenges the brand for the year 2014. Peugeout opted for a new strategy that goes by, among other ways, by investment in new technologies and suatentabilidade.
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