´ Diplomatica D BUSINESS & DIPLOMACY
Nº22 SETEMBRO 2015 €7 (Cont.)
Aniversário
DIPLOMÁTICA 22 • SETEMBRO 2015
Destaque
Kirsty Hayes Embaixadora do Reino Unido
Dossiers:
Philippe Lhuillier Embaixador das Filipinas
CPLP
Murade Murargy
Investir em Portugal
Secretário Geral CPLP
Embaixador do Brasil
Recebe Estátua da Verdade
1 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/JULHO 2008
Assuntos Summary
Diplomática comemora o seu 7.º aniversário no Palácio de Oeiras Diplomática celebrates its 7th birthday at Palácio de Oeiras
5
Kirsty Isobel Hayes, Embaixadora do Reino Unido em Portugal Kirsty Isobel Hayes, Ambassador of the United Kingdom in Portugal
16
Dia da Rainha Queen's Official Birthday
22
Espaço Diplomático Diplomatic Area Jean-François Blarel, Embaixador de França - Estabilidade ou plasticidade das instituições europeias Jean-François Blarel, Ambassador of France - Stability or plasticity of the European institutions Bronislaw Misztal, Embaixador da Polónia - As três lógicas da Europa Bronislaw Misztal, Ambassador of Poland - Three logics of Europe Paul Schmit, Embaixador do Luxemburgo - As prioridades da Presidência Luxemburguesa do Conselho da União Europeia Paul Schmit, Ambassador of Luxembourg - Priorities of Luxembourg Presidency of the Council of the European Union Karima Benyaich, Embaixadora de Marrocos - Um Africano ligado a África Karima Benyaich, Ambassador of Morocco - An African linked to Africa Johana Ruth Tablada de la Torre, Embajadora de Cuba en Portugal - Estados Unidos – Cuba en busca de una nueva relación Johana Ruth Tablada de la Torre, Ambassador of Cuba in Portugal - United States-Cuba looking for a new relationship
24 26 28
30 32
Missões comerciais para promoção das exportações: o papel da diplomacia Commercial missions to promote exportations: the role of diplomacy
36
Investir em Portugal - A escolha certa no momento certo Investing in Portugal - The right choice at the right time
39
Esperança e otimismo na celebração de Portugal Hope and optimism on the celebration of Portugal
44
Philippe Jones Lhuillier - Embaixador das Filipinas Philippe Jones Lhuillier - Ambassador of the Philippines
56
CPLP - Uma Comunidade virada para o Futuro CPLP - A Community focused for the Future
62
Embaixador Murade Murargy - A CPLP enfrenta diversos desafios e oportunidades Ambassador Murade Murargy - CPLP faces several challenges and opportunities
66
Presidente de Moçambique em Visita de Estado a Portugal President of Mozambique - State Visit to Portugal
71
Aníbal Cavaco Silva na Bulgária - Um futuro com mais cooperação Aníbal Cavaco Silva in Bulgaria - A future with more cooperation
74
Cavaco Silva na Roménia - Construindo pontes entre dois países latinos Cavaco Silva in Romania - Building bridges between two latin countries
76
Philipp Niemann - Director-Geral EMEA da Engel &Völkers Philipp Niemann - General Diretor EMEA of Engel & Völkers
78
Van Cleef & Arpels - As jóias das celebridades Van Cleef & Arpels - Celebrities' jewelry
82
Mala diplomática - Dia de França, Dia Luxemburgo, Dia Polónia e Dia Marrocos Diplomatic pouch - France's National Day, Luxembourg's National Day, Poland's National Day and Morocco's National Day
88
Agência EFE mostra 75 anos de história em fotografias Agencia EFE presents 75 years of History in photographies
96
Pedro Ferreira Lopes por Maria Bragança - Um empresário de referência Pedro Ferreira Lopes by Maria de Bragança - A businessman of reference
100
João Pestana Dias - Eventos de excelência com alma portuguesa João Pestana Dias - Excellence events with Portuguese soul
104
Textos em Inglês English texts
110 www.diplomaticaonline.com DIRECTOR: Maria de Bragança PRODUÇÃO: César Soares PROPRIEDADE: Maria da Luz de Bragança EDIÇÃO: Gabinete 1 Editor nº 211 326. Rua de São Bernardo, nº27 A – Lisboa. MARKETING & PUBLICIDADE: Gabinete 1 - e-mail:gabinete1@gabinete1.pt Tel.: 21 099 96 74 Fax: 21 096 49 72 IMPRESSÃO: Gabinete 1 DISTRIBUIÇÃO: Logista - Alcochete - Telefone: 21 926 78 00 Fax: 21 926 78 45 ISSN 1647-0060 – Depósito Legal nº 276750/08 – Publicação registada na Direcção Geral da Comunicação Social com o nº 125395
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 3
DIPLOMÁTICA comemora o seu 7.º aniversário no Palácio de Oeiras
Foi no final de junho de 2008 que o primeiro número da DIPLOMÁTICA saiu para as bancas. Passados sete anos, a revista continua a ser publicada, tentando merecer cada vez mais respeito e admiração por parte de Embaixadores, políticos e empresários. Faz sentido, desse modo, que se comemore a passagem destes anos e o sucesso que eles têm significado. ➤
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 5
Diplomática comemora o seu 7.º aniversário
O Palácio do Marquês de Pombal, em Oeiras, foi o belíssimo cenário onde se realizou a festa que assinalou os sete anos da DIPLOMÁTICA e os 34 anos da ELES&ELAS. Dezenas de personalidades das mais diversas áreas de atividade celebraram o êxito e a longevidade destas publicações. Embaixadores e empresários de sucesso, que são os protagonistas e a razão de ser da DIPLOMÁTICA, estiveram igualmente presentes para comemorar com a Diretora da revista, Maria da Luz de Bragança, e para conviver com os seus pares, num ambiente descontraído mas elegante. Primeiro, foi servido um cocktail no pátio, onde os convidados foram trocando as primeiras impressões e observando a decoração preparada pela equipa de João Pestana Dias, da FADUS Special Events. Seguidamente, e como acontece anualmente em todas as festas de aniversário, Maria da Luz de Bragança fez a atribuição da Estátua da Verdade. No discurso que antecedeu a entrega do troféu, a Diretora da revista explicou as razões que a levaram a fazer a escolha da personalidade. “Aqui há anos entreguei a Estátua da Verdade ao Embaixador Dário Castro Alves, que, depois de ter sido Ministro dos Negócios Estrangeiros do Brasil, foi colocado como Embaixador em Portugal. Hoje tenho o enorme prazer de entregar a Estátua da Verdade, que este ano é uma belíssima obra da Vista Alegre, ao Embaixador Mário Vilalva, Embaixador do Brasil em Portugal. Quem lê a DIPLOMÁTICA sabe bem o porquê desta nossa homenagem”, disse Maria de Bragança, antes de Mário Vilalva subir ao palco para receber o prémio. O Embaixador do Brasil, debaixo de uma onda de aplausos, mostrou-se ➤
6 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
Embaixadores do Brasil
Embaixadores do México
Embaixadora da Geórgia
Embaixadores do Luxemburgo
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 7
Diplomática comemora o seu 7.º aniversário
Ana Pope, José Mattos e Silva com Alexandra Figueiredo
Embaixadora da Irlanda
8 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
Bebé e José Mesquita
Isabel Medina
Teresa d' Arriaga
Vergínia D'Almeida Gerardo e Flávio Caramelo
Leila Nirop e Olivier Matieux
João de Castro e José António Campos e Matos
Paula Franzinni e Alexandre Mateus Ferreira
Teresa Pinto Coelho e António Villar
Maria João Gama
Jezica Ellen e Nuno Duarte Lopes
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 9
Diplomática comemora o seu 7.º aniversário
Patrick e Pia Siegler Lathrop
Claúdia Madur, Valeria Galizzi e Eduardo Burnay
Embaixadores do México e Maria de Bragança
Embaixadora da Geórgia e Maria João Gama
10 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
Maria de Bragança, Luís Freire Gameiro, Anne Taylor e João Pestana Dias
Teresa Guilherne e Nicolau Breyner duas personalidades portuguesas ligadas à arte e ao espectáculo!
Bruno Vaqueiro
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 11
Diplomática comemora o seu 7.º aniversário
➤
muito grato e emocionado com a
distinção, agradecendo à Diretora da revista, à sua mulher, Vânia Vilalva, bem como aos restantes elementos do corpo diplomático presente em Portugal, com quem o Embaixador tem mantido uma relação de amizade e cooperação. Depois desta homenagem, seguiu-se um excelente jantar preparado por Zulmira Sena no interior do Palácio. A beleza oitocentista dos
➤
12 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
➤
salões, decorados por belís-
simos azulejos, altos-relevos e estátuas, conferiu a grandiosidade adequada a esta noite, que prosseguiu num ambiente descontraído. Na oportunidade, a revista ELES&ELAS, também editada por esta empresa, premiou as carreiras de duas personalidades do teatro e da televisão: Teresa Guilherme, cujo percurso televisivo começou com o programa “O Eterno Feminino” e que desde aí não parou como produtora e grande apresentadora de programas populares, e Nicolau Breyner, que é produtor, realizador, autor e um dos maiores atores de Portugal.
➤
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 13
Diplomática comemora o seu 7.º aniversário
Mário Vilalva, o Embaixador do
O atual Embaixador já havia servido
tacado pelo seu espírito empreen-
Brasil
em Lisboa como conselheiro, entre
dedor e interventivo e pela sua
Mário Vilalva tem seguido
1991 e 1993. Em 2010, depois de
dedicação aos projetos em que está
os passos do saudoso Dário
ter representado o Brasil no Chile,
envolvido, como na promoção das
Castro Alves, que, mais do que
chegou a Portugal como o mais
exportações brasileiras e do inves-
Embaixador do Brasil em Portugal,
alto representante da República
timento externo no Brasil. Em 2003
foi um amante e defensor dos dois
Brasileira, na companhia da sua
foi agraciado pelo então Presidente
países, um admirador da literatura
mulher.
português, Jorge Sampaio, com o
portuguesa e da língua destes dois
Ao longo do seu percurso na Diplo-
Grande-Oficial da Ordem Infante D.
povos irmãos.
macia, Mário Vilalva tem-se des-
Henrique.
14 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
■
DIPLOMACIA NA 1ª PESSOA
Kirsty Isobel Hayes
por Maria de Bragança, fotos Maria Inês
Embaixadora do Reino Unido em Portugal Diplomata há 16 anos, Kirsty Hayes é a mais alta representante do Reino Unido em Portugal. Estudou arqueologia, mas acabou por enveredar pelo rumo da Diplomacia, que a levou à descoberta de Hong Kong e Washington. Casada, mãe de dois filhos e apaixonada por cavalos, aprecia a abertura e simpatia dos portugueses, o Fado e a nossa gastronomia. Nesta entrevista, na qual insistiu em falar português, mostra-se muito otimista quanto ao futuro de Portugal e reforça a importância da cooperação luso-britânica.
16 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
➤
Nasceu na Escócia, de onde é
uma influência enorme no Vinho do
necessário e também com piscina
natural a sua família. Quando tinha
Porto. Recentemente, três vinhos
e animais para as crianças. É muito
dois anos de idade, foi para Ingla-
portugueses ganharam grande
interessante e está quase concluí-
terra, o que explica a ausência de
destaque e dois deles têm ligações
do! Foi inteiramente feito graças ao
sotaque escocês. Representando o
britânicas.
trabalho de voluntários. Há também
Ministério dos Negócios Estrangei-
E há britânicos que ainda lideram
uma outra organização (Madrugada)
ros de Sua Majestade, serviu em
muitas casas de vinhos há séculos.
liderada por uma senhora britânica,
Hong Kong, nos Estados Unidos da
Penso que eles têm orgulho nas
que ajuda doentes que precisam de
América e em Londres, envolvendo-
suas raízes mas também estão
cuidados paliativos. Há muitos indi-
-se em áreas como a União Euro-
satisfeitos por estarem em Portugal
víduos que estão a dar de si para a
peia, política do meio ambiente,
a desenvolver os seus negócios.
comunidade portuguesa.
➤
recursos humanos e comunicação.
Gostaria de falar da grande im-
Vamos falar um pouco sobre a
Mais recentemente chefiou o Depar-
plantação de ingleses no Algarve
nossa Europa. Libra e Euro.
tamento das Organizações Inter-
e da grande ajuda que eles têm
Por toda a Europa estamos a assis-
nacionais no MNE Britânico, sendo
dado aos portugueses?
tir a movimentos novos e diferentes.
responsável pelas políticas britâni-
Existe claramente essa comunidade,
De um modo geral, muitos povos
cas no âmbito das Nações Unidas,
que é muito grande. Quando estou
estão cansados das políticas eu-
da Commonwealth e da OSCE.
no Algarve e falo com os britânicos
ropeias seguidas até agora, e por
Fale-me dos seus estudos em
que lá moram, alguns deles há 10,
isso o nosso Governo está a ten-
Arqueologia.
20 ou 30 anos, acho muito interes-
tar introduzir reformas na UE que
Os meus estudos focaram-se na
sante quando me dizem que têm
sejam vantajosas não apenas para os britânicos, mas também para
cultura Moche, que é pré-inca. Mas entretanto comecei a trabalhar no Ministério dos Negócios Estrangeiros. Tinha esperança de ser colocada na América do Sul mas ainda não será agora, talvez mais tarde… Talvez se apaixone por Portugal e acabe por cá, tal como muitos Em-
"
A DIPLOMACIA COMERCIAL É UMA PRIORIDADE PARA AS EMBAIXADAS DO REINO UNIDO.
"
os restantes cidadãos europeus. Pretendemos criar uma Europa mais competitiva, porque, como sabe, neste momento o crescimento está muito fraco. Precisamos de concluir o mercado único em serviços, na área digital e na área energética,
baixadores em fim de carreira…
já ligações muito profundas com
que é muito importante para Portu-
Estamos a tentar, dentro do Minis-
a região. E cada vez mais temos
gal e para muitos outros países. As
tério, fazer com que os diplomatas
novos residentes. É verdade que a
questões da emigração e imigração
usem mais o vosso idioma. De facto,
crise fez diminuir um pouco o seu
continuam a ser claramente uma
a língua portuguesa é uma das mais
número, mas também é interessan-
preocupação dentro do Reino Unido.
importantes do mundo. Comecei a
te ver que agora estão britânicos a
Os tratados garantem a livre circula-
aprendê-la no início do ano passa-
chegar ao centro de Portugal, que é
ção de pessoas - mas para trabalhar
do, primeiro em Londres e depois no
uma área geográfica nova neste fe-
ou estudar, não com o objectivo de
Porto.
nómeno. Em geral são familias mais
ter acesso aos benefícios sociais.
E o Porto?
jovens, que querem estabelecer
Esse é outro dos nossos objetivos
Gosto muito do Porto. Tento visitar
relações fortes com as comunidades
no âmbito da reforma da UE.
cidades além de Lisboa porque acho
portuguesas e integrar-se comple-
E os serviços médicos?
muito importante não ficar sempre
tamente. Algo que nem sempre
Os nossos serviços são muito bons
na capital. Temos tantas ligações
aconteçe em zonas onde há um nu-
e podemos orgulhar-nos disso. No
históricas com a cidade do Por-
mero elevado de residentes britâni-
entanto, temos problemas, nomea-
to, como também temos ligações
cos. Também no Algarve há vários
damente no que toca a pagamentos.
atuais. Por exemplo, visitei recente-
projetos muito interessantes. Por
Ainda temos custos elevados, espe-
mente uma empresa tecnologica bri-
exemplo, há um casal britânico que
cialmente porque, como acontece
tânica – a BLIP -, muito inovadora,
dirige um centro (Centre Algarve)
noutros países da Europa, a nossa
que reflecte bem o interesse dos
onde famílias com crianças com de-
população está a tornar-se mais
investidores britânicos pela inovação
ficiência profunda podem ter férias
velha. Tal como em Portugal, temos
em Portugal. Os britânicos têm tido
normais, com todo o equipamento
muitos idosos. E por isso é preciso
➤
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 17
Kirsty Isobel Hayes
➤
garantir serviços de saúde exce-
lentes e tentar remediar os custos. A nível comercial, como está a balança de pagamentos entre Portugal e Inglaterra? Em geral, o balanço das relações bilaterais é muito positivo para ambos os lados. Há muitos turistas aqui em Portugal e cada ano temos cerca de dois milhões de visitantes! E é interessante ver que são cada vez mais os turistas que vêm aqui para visitar mais locais que não o Algarve. Visitei recentemente Guimarães e Braga e adorei. Estamos muito satisfeitos com o relacionamento que há entre nós. Temos muitos investidores portugueses no Reino Unido em diversos setores, como a energia, o agro-alimentar, financeiro e mais recentemente empresas de base tecnológica. Aqui em Portugal temos por exemplo a Vodafone, que tem um programa de investimento de cerca de 500 milhões de euros em fibra ótica. Gostariamos de encorajar outros países a usarem mais estas plataformas. O que planeiam fazer com a Diplomacia no futuro? Durante este período de austeridade, os governos estão a avaliar os serviços diplomáticos e a ponderar
18 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
➤
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 19
Kirsty Isobel Hayes
mia está a crescer. Devo dizer que
Falamos da sua família?
é que, no Reino Unido, o Governo
nós também temos muitas expetati-
Sou casada, e o meu marido tam-
decidiu não reduzir a nossa rede
vas quanto a um futuro positivo aqui.
bém é diplomata. Temos dois filhos.
diplomática, mas sim expandi-la.
Na Embaixada, por exemplo, criá-
Para além disso, temos dois cavalos
O que foi diferente daquilo que os
mos um novo centro para recursos
e dois cães, que nos fazem muita
outros países fizeram. E há razões
humanos, que contratou quase 20
companhia.
que explicam isto. Uma delas é
pessoas, para prestar serviços às
Mensagem ao futuro?
o facto de o Governo e o nosso
restantes Embaixadas espalhadas
Como já disse, estamos otimistas
primeiro-ministro terem a opinião de
pela Europa, e também na Rússia e
quanto ao futuro de Portugal, e uma
➤
o seu futuro. O que é interessante
que o executivo tem um papel im-
na Ásia Central.
das razões para tal são os jovens.
portantíssimo no exterior, para criar
De que gosta mais em Portugal?
Embora seja um país pequeno, há
maiores oportunidades de negócio e
É muito difícil dizer, mas gosto da
muita tecnologia e os jovens dão-
investimento. Por isso abrimos mais
história e da cultura. É difícil porque
-lhe utilidade. E existem também
missões diplomáticas, por exemplo
há tantos sítios em Portugal que não
importantes projectos de investi-
na China, na Índia e noutros merca-
são conhecidos no Reino Unido mas
mento britânico em Portugal que
dos que estão a crescer rapidamen-
que nós adoramos… para além do
confirmam esse otimismo, dos quais
te. Claramente a nossa economia
Porto, Lisboa e Algarve…
eu gostaria de destacar por exemplo
não se iguala a novas economias,
temente visitei Tomar, que é uma
a empresa McFarlane que cultiva
mas temos uma história muito rica e
cidade incrível, lindíssima! E antes
papoilas no Alentejo para fazer
valores muito fortes que partilhamos
de chegar aqui nunca tinha ouvido
medicamentos, trabalhando com os
com outros países, como Portugal.
falar sobre este sítio extraordinário.
produtores locais. Gosto deste pro-
A Diplomacia comercial é uma priori-
Gosto muito da comida, penso que
jeto porque é um pouco diferente, é
dade para as Embaixadas do Reino
deveria ser muito mais conhecida
bonito e ajuda a população local.
Unido. Temos redes internacionais
fora do país! Aprecio muito o Fado,
Além disso, existem outros britâ-
que são quase únicas e continua-
que nunca tinha ouvido antes de
nicos que se têm mantido muito
mos a ter um papel muito ativo no
aprender português e é um estilo
activos em diversos sectores em
Conselho de Segurança da ONU.
de música lindo. Adoro cavalos
Portugal, como por exemplo o pro-
Acreditamos que o Reino Unido
lusitanos; são, na minha opinião, os
jecto de vela adaptada para pes-
possa ser uma força para um futuro
melhores do mundo. Essencialmen-
soas com deficiência em Cascais.
positivo, e a Diplomacia é vital para
te, os portugueses são tão abertos,
Estou sinceramente convencida que
isso. O serviço diplomatico precisa
tão prestáveis e amáveis que é um
Portugal terá um futuro promissor. E
de mudar um pouco, daí termos feito
prazer estar aqui, quer no contexto
penso que os portugueses merecem
um investimento significativo na área
pessoal quer no lado profissional.
o melhor.
das línguas. Temos mais diplomatas com experiência fora do serviço diplomático, temos mais diversidade entre os nossos Embaixadores, e os funcionários têm posições altas em Londres. Temos mais senhoras, mais pessoas de minorias étnicas, estamos a fazer um esforço para incluir as diferenças. Acredita num futuro feliz para Portugal? Sim, claro! O facto de várias empresas britânicas continuarem a investir e a expandir-se aqui em Portugal, e várias empresas portuguesas escolherem o Reino Unido como seu destino de investimento, é um sinal de otimismo. Mostra que a econo-
20 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
Recen-
n
MALA DIPLOMÁTICA
Dia da Rainha
A propósito da celebração do aniversário oficial da sua Rainha, a Embaixadora britânica em Portugal abriu as portas da sua residência oficial em Lisboa. Numa grande receção realizada nos jardins da sua habitação, Kirsty Hayes acolheu muitas figuras do corpo diplomático creditado em Portugal, bem como empresários dos dois países e políticos, de que se destaca a presença do Secretário de Estado da Cultura
com a permanência da Escócia na
Estados, muito importante perante
português, Jorge Barreto Xavier.
união.
todos os desafios políticos e econó-
Esta comemoração assinalou a lon-
No seu discurso, proferido nos idio-
micos que o futuro reserva.
gevidade de Sua Majestade Isabel
mas dos dois países, a Embaixado-
Embora Isabel II comemore verda-
II, que já soma 89 anos de vida. Foi
ra Kirsty Hayes lembrou a relação
deiramente o seu aniversário a 21
também a primeira celebração em
histórica que existe entre Portugal e
de abril, os festejos nacionais ocor-
honra da Rainha depois do referen-
o Reino Unido, os mais antigos alia-
rem sempre à entrada do verão,
do escocês, realizado em setembro
dos do mundo, e apelou à preserva-
onde o bom tempo permite que a
do ano passado, que culminou
ção desta proximidade entre os dois
festa se faça nas ruas.
n➤
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 21
Dia da Rainha
2
1
4
8
3
5
6
9
7
10
1. Maria da Luz de Bragança com a Embaixadora do Reino Unido 2. Paulo Cardoso e Luísa Prado 3. Embaixadores da Suíça com o Embaixador de Espanha 4. Embaixadores Cabo Verde 5. Maria da Luz de Bragança e a Sec. Embaixador EUA 6. Embaixadora Kirsty Hayes com Jorge Barreto Xavier e o artista Kenton 7. Maria da Luz de Bragança com o Embaixador de Itália 8. Maria de Bragança com Emma e Clive Gilbert 9. Embaixadores de França 10. Nuno Lopes, Jezica Ellen e Bruno Vaqueiro
22 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
Passaram vinte anos desde o lançamento de Pour Homme, a primeira fragrância Dolce&Gabbana para homem e a personificação do homem Dolce&Gabbana num aroma. Elegante e vibrante. Hoje Domenico Dolce e Stefano Gabbana apresentam uma moderna reinterpretação desse homem, acentuando a sua personalidade e intensidade na nova fragrância Intenso. Intenso é o instinto puro, o poder de uma emoção que é livremente expressa. É a força de um homem determinado, com um coração enraizado na tradição que, ainda assim, atua no mundo moderno. Intenso representa idealmente a nova geração do homem Dolce&Gabbana, que vive no presente e que expressa as suas emoções com naturalidade e intensidade. “Sinceridade é a chave da elegância do homem Dolce&Gabbana. Ele é forte embora seja capaz de revelar as suas fragilidades. É bonito, moderno e repleto de vida, tal como Intenso, a fragrância que lhe dedicamos”. Domenico Dolce e Stefano Gabbana. Intenso é uma fragrância aromática amadeirada que abre com luminosas notas aquáticas e verdes aromas de Manjericão e Lavanda. A sua profunda sedução é definida por uma nova descoberta no mundo do olfato: o acorde de Maçaranduba-Africana recriado a partir das flores e folhas da planta lenhosa Sapotácea da África do Sul através do uso da tecnologia Headspace. O acorde de Maçaranduba-Africana oferece a assinatura e o caracter à fragrância, envolvendo-a em luxuosos aromas florais, balsâmicos e de mel. A masculinidade do tabaco é adicionalmente definida através de suaves notas secas de Feno e Farelo. A sua intensidade e força surgem da profunda combinação de Labdanum (nome comum Esteva), Sândalo e Cipreste. Um contraste de fresco, quente e rico, que completa a composição da fragrância e enfatiza o seu charme amadeirado. ■
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 23
ESPAÇO DIPLOMÁTICO
Jean-François Blarel, Embaixador de França Estabilidade ou plasticidade das instituições europeias
"
É NECESSÁRIO FAZER MAIS PARA DAR À ZONA EURO – QUE É A SEGUNDA POTÊNCIA
ECONÓMICA MUNDIAL – UMA SOLIDEZ A TODA À PROVA
"
ção da organização europeia, das
assinatura do Tratado de Lisboa, no
forma vítima do seu sucesso, foi
reivindicações dos seus diferentes
dia 13 de Dezembro de 2007, a sua
obrigada a gerir simultaneamente
actores, das mudanças no ambien-
entrada em vigor no dia 1 de Janei-
dois processos indissociáveis: o
te geopolítico... e das crises que a
ro de 2010, abrem uma nova página
do alargamento a novos Estados-
Europa atravessa.
na história da Europa. Com uma
-membros, e o do aprofundamen-
As reformas principais dos tratados
Europa a 27 e depois 28 membros,
to das suas competências e dos
fundadores foram realizadas com a
e perante a amplitude dos desafios
seus procedimentos institucionais.
adopção sucessiva em
que os países europeus devem en-
Tratava-se – e ainda se trata – de
1986 do Acto Único Europeu, em
frentar em comum, quer seja a crise
satisfazer às expectativas legítimas
1992 do Tratado de Maastricht, em
financeira e económica, o desafio
dos Estados candidatos sem pre-
1997 do Tratado de
da competitividade, a recomposição
judicar a eficácia operacional das
Amesterdão, do Tratado de Nice
do ambiente geopolítico, marcado
instituições comuns. Consequente-
em 2001, e por fim do Tratado de
pelo rápido aumento do poder dos
mente, o acordo colectivo instituído
Lisboa (2007).
países emergentes, a luta contra as
pelos tratados fundadores evolui
Depois de cinco anos de incerteza
mudanças climáticas, ou as novas
ao longo do tempo de maneira
institucional, aberta pela rejeição
ameaças em termos de segurança
pragmática em função da composi-
da Constituição para a Europa, a
internacional, era necessário
1. A organização europeia, de certa
24 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
➤
➤
instituições mais adaptadas ao
novo contexto.
seio da União Económica e Mone-
incompleta. Subsistem importan-
tária ("Pacto Orçamental") ou então
tes divergências no seio da zona
Assim, o Tratado de Lisboa permi-
o tratado instituindo o Mecanismo
euro, cujas crises dos últimos anos
tiu tornar a Europa mais eficiente,
Europeu de Estabilidade (MEE), ou
colocaram em evidência as fraque-
mais democrática e mais forte. Mais
ainda a União Bancária, cuja cria-
zas. É necessário fazer mais para
eficiente: uma presidência estável,
ção está ligada aos ensinamentos
dar à zona euro – que é a segunda
confiada ao senhor Van Rompuy,
da crise da zona euro. A União Ban-
potência económica mundial – uma
e depois ao senhor Donald Tusk,
cária é vista como a maior etapa
solidez a toda à prova. Por conse-
novas regras de funcionamento,
para um federalismo europeu desde
guinte, propõem medidas concretas
mais decisões tomadas com maioria
a criação do euro. Trata-se de
a implementar em três fases: algu-
qualificada, a possibilidade para os
definir melhor os contornos de uma
mas das acções consideradas (tais
países mais determinados empe-
visão política de conjunto através
como a introdução de um sistema
nharem-se em cooperações reforça-
da qual deveriam ser concebidas as
europeu de garantia dos depósitos)
das. Mais democrática: uma repar-
próximas etapas institucionais.
serão implementadas rapidamen-
tição dos papéis melhor definida
A crise grega permitiu revelar que,
te nos próximos anos e serão
entre a União e os Estados-mem-
graças à existência destes tratados,
seguidas mais tarde por outras
bros, o reforço do papel legislativo e
e nomeadamente do MEE e União
medidas (tais como a criação de
orçamental do Parlamento Europeu,
bancária, a Europa, e principalmen-
um futuro Tesouro da zona euro)
uma voz mais activa dos parlamen-
te a zona euro, podia apoiar-se em
que irão mais longe em matéria
tos nacionais, sem esquecer uma
instituições sólidas, que lhe per-
de partilha de soberania entre
Carta dos Direitos Fundamentais e
mitem enfrentar de maneira mais
Estados-membros que adoptaram
uma faculdade de iniciativa popular
eficaz as crises monetárias que a
o euro. Estas medidas inscrevem-
em benefício dos cidadãos. Mais
atingem. A decisão de manter a
-se na visão dos cincos presidentes
forte: com a presidência estável, e
Grécia no euro é uma decisão tanto
segundo a qual convém passar de
as novas funções do Alto Represen-
política como económica.
um sistema de regras a um sistema
tante, agindo como um ministro dos
3. Assim, a Europa, num mundo
baseado nas instituições a fim de
negócios estrangeiros, a Euro-
globalizado, adapta as suas institui-
garantir que a UEM se apoia numa
pa pôde coordenar melhor as
ções e cria outras novas para res-
arquitectura transparente e robusta.
suas acções e defender os seus
ponder a um contexto económico,
O Presidente da República france-
interesses. Estes progressos eram
financeiro, social e político e cons-
sa, François Hollande, depois do
necessários para que a Europa
tante evolução. Os "cinco presi-
acordo alcançado entre a Grécia e
mantenha as suas hipóteses de ser
dentes" (o presidente da Comissão
os seus parceiros europeus, con-
o actor do seu próprio destino, num
europeia, Jean-Claude Junckers,
siderou que era necessário ir mais
século de explosão demográfica e
com o presidente da cimeira da
longe na consolidação do edifício
de mutações profundas na reparti-
zona euro, Donald Tusk, o presi-
europeu, e nomeadamente na zona
ção internacional do trabalho e das
dente do Eurogrupo, Jeroen Dijs-
euro, a fim de assegurar a estabi-
riquezas.
selbloem, o presidente do Banco
lidade, a prosperidade e a protec-
2. Com a prática assistimos a uma
Central Europeu, Mário Draghi, e o
ção. Anunciou, numa entrevista por
estabilização da articulação entre os
presidente do Parlamento Europeu,
ocasião da Festa Nacional do 14
grandes órgãos da União, o Con-
Martin Schulz) imaginaram medidas
de Julho, que iria estabelecer "um
selho, a Comissão e o Parlamento.
para um aprofundamento da União
documento" partilhado com os seus
Por outro lado, para enfrentar as
Económica e Monetária (UEM).
"amigos alemães" para fixar as
crises financeiras da zona euro, vá-
Segundo os cinco presidentes
bases de um "governo económico
rios tratados de dimensão governa-
europeus, não obstante os progres-
europeu" e evocou "um orçamen-
mental foram implementados, quer
sos realizados nos últimos anos,
to próprio para a zona euro assim
seja o tratado sobre a estabilidade,
em particular a implementação da
como a ideia de um Parlamento da
a coordenação e a governança no
União Bancária, a UEM continua
zona euro".
■
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 25
ESPAÇO DIPLOMÁTICO
Bronislaw Misztal, Embaixador da Polónia As três lógicas da Europa
"
A LÓGICA DAS INSTITUIÇÕES
CENTRAIS É ALTERNAR ENTRE PRESSIONAR O TRAVÃO E O ACELERADOR
Os acontecimentos do verão de
muns. O seu melhor exemplo
2015 têm demonstrado existên-
foi dado por Garret Hardin, que
cias diferenciais entre as expecta-
sugeriu que os atores individuais
tivas individuais dos estados-na-
percepcionam as instituições
ção, as expectativas coletivas da
comuns como pastos e que a
família dos 28 países membros e
lógica individual é mais suscetí-
as expectativas, institucionalmen-
vel de se envolver em tentativas
te articuladas, das instituições
do que ele chamou de “pastoreio
europeias que atuam centralmen-
excessivo”, ou seja, a tendência
te. É óbvio que estas três lógicas
do ator individual para negociar
são intrinsecamente diferentes e
uma isenção ou exceção, ou,
devemos reconhecer o facto da
na ausência da existência dos
sua separação.
mesmos, apenas para ter uma
A lógica dos estados-nação é
chance de começar um. O re-
ditada por aquilo que, na lite-
sultado da política de aprovação
ratura económica, é chamado
da presente lógica é: “por favor,
o dilema (ou tragédia) dos co-
conceda-me isenção, é mais
26 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
➤
"
➤
barato do que o pastoreio ex-
cessivo.” As expectativas coletivas da
Bronislaw Misztal Three logics of Europe
família dos 28 Estados membros são opostas: em vez de permitir
The events of summer 2015 have demonstrated that there
isenções, o grupo está interes-
is a differential between individual expectations of nation-
sado em não os permitir, inde-
states, collective expectations of the family of 28 member
pendentemente dos fundamentos
countries, and expectations, institutionally hinged, of the
reais e do raciocínio dos atores
European institutions that act centrally. It remains clear that
individuais. A lógica por trás disto
the three logics are intrinsically different and that we should
é eleitoral, portanto, de natureza
recognise the fact of their separateness.
política: cada autoridade teria
The logic of nation-states is dictated by what in the economic
de enfrentar os próprios eleito-
literature is called the dilemma (or the tragedy) of the
res e explicar por que existia ali
commons. Its best example was given by Garret Hardin,
um diferencial em tratamentos,
who suggested that individual actors perceive common
requisitos, ou seja: um diferencial
institutions as pastures and that individual logic is most
na magnitude das medidas da
likely to involve an attempt of what he called “overgrazing”,
austeridade considerada inevitá-
which means individual actor’s tendency to negotiate an
vel. Cada tentativa nesse sentido
exempt, or exception, or in absence of which, to just take a
seria considerada como causa
chance of getting one. The policy result of adoption of this
perdida politicamente, resultando
logic is:”please grant me exemption, it is cheaper than the
numa diminuição ou vazamento
overgrazing effect.”
de capital político. “Sem exce-
The collective expectations of the family of 28 member states
ções” é, portanto, a política dos
are opposite: rather than allowing exemptions, the group is
países membros apresentada
interested in disallowing them regardless of the actual pleas
tanto para o interior como para o
and reasoning of individual actors. The rationale behind them
exterior.
is of electoral, hence political nature: each authority would
As expectativas institucionais, no
have to confront own constituents and explain why was there
entanto, são de natureza dife-
a differential in treatments, requirements, read: a differential
rente, dizendo respeito à lógica
in the magnitude of austerity measures deemed unavoidable.
da sobrevivência e continuidade
Each such attempt would be considered lost cause politically,
organizacional da União. Pri-
as it woud result in diminishing or leaking of political capital.
meiro, têm de equilibrar o custo
“No exceptions” is thus a policy of member countries
entre a probabilidade de sobre-
presented both inwards and outwards.
vivência ou a falha dos Estados
The institutional expectations however, are different
membros. Caso haja a hipótese
in nature, as they pertain to the logic of survival and
de um estado não prevalecer, a
organizational continuation of the Union. First, it has to
lógica é aliviar pressões. Mas a
balance the cost between the likelihood of survival or failing
mesma lógica dita que se reforce
of member states. Should the chances of having a failing
e revalide as instituições centrais
state prevail, the logic is to relax pressures. But the same
assim que se evite a falência ime-
logic dictates to reinforce and revalidate central institutions
diata do estado. Assim, a lógica
as soon as the immediate failing of the state can be avoided.
das instituições centrais é alter-
Hence the logic of central institutions is to alternate between
nar entre pressionar o travão e o
pressing the brake and the accelerator intermittently. “We
acelerador de forma intermitente.
need to keep going” is the logic of the institution.
■
“Temos de continuar” é a lógica da instituição.
■
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 27
ESPAÇO DIPLOMÁTICO
Paul Schmit, Embaixador do Luxemburgo As prioridades da Presidência Luxemburguesa do Conselho da União Europeia
"
A CREDIBILIDADE DA UE DEPENDE DA
SUA CAPACIDADE EM DAR UM SEGUIMENTO APROPRIADO ÀS DECISÕES E AOS COMPROMISSOS ASSUMIDOS.
No segundo semestre de 2015,
Europeia, influenciam a nature-
o Luxemburgo assume pela 12ª
za do exercício da presidência.
vez a Presidência do Conselho
Tendo em conta as novas com-
da União Europeia, num con-
petências atribuídas à UE pelos
texto institucional que sofreu
Tratados, o exercício deste tipo
alterações significativas desde a
de presidência será uma estreia
entrada em vigor do Tratado de
para o Luxemburgo.
Lisboa. O papel de coordenação
O processo de nomeação do
e de dinamização da presidência
Presidente da Comissão e, em
semestral mantém-se inalterado
particular, o papel do Parlamen-
em diversos aspetos; contudo,
to Europeu neste contexto, con-
a Presidência Permanente do
tribuiram para a emergência de
Conselho Europeu e o papel da
novos equilíbrios institucionais,
Alta Representante da União Eu-
que trazem outras perspetivas
ropeia para os Negócios Estran-
em termos de cooperação entre
geiros e Política de Segurança
as instituições. A credibilidade
e Vice-Presidente da Comissão
da UE depende da sua
28 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
➤
"
capacidade em dar um segui-
legislativo transparente e eficaz.
mento apropriado às decisões e
Esforçar-se-á para aprofundar o
aos compromissos assumidos.
diálogo inter-institucional sobre
Nesse sentido, ela necessita
o conteudo dos programas de
de instituições fortes e deter-
trabalho anuais da Comissão.
minadas, com capacidade para
O programa estratégico para
alterar o curso dos eventos e dar
a União na Era da mudança,
prioridade aos grandes desafios,
adotado pelo Conselho Europeu
na Europa e fora dela.
de 26 e 27 de junho de 2014,
A Presidência Luxemburguesa,
retoma as prioridades princípais
muito ligada à construção euro-
para a UE para os próximos
peia, aos valores e princípios da
cinco anos e destina-se a orien-
União, comprometeu-se a assu-
tar os esforços de programação
➤
mir uma abordagem aberta: ouvir
das intituições. A Presidência
os cidadãos, apoiar as empre-
Luxemburguesa elaborou um
sas, cooperar com os parceiros e
programa com o objetivo de
as instituições para agir em prol
continuar a implementar esta
do interesse europeu.
agenda, tendo igualmente em
O cidadão é a prioridade do
conta as orientações políticas
projeto europeu. De acordo com
do Presidente da Comissão, do
as suas tradições e convicções,
Programa de Trabalho Anual da
a Presidência Luxemburgue-
Comissão e dos trabalhos do
sa esforçar-se-á para colocar
Trio.
o cidadão no centro das suas
Em resumo, as prioridades da
preocupações e trabalhará no
Presidência Luxemburguesa do
sentido de garantir a defesa
Conselho da União Europeia são
dos interesses dos mesmos no
as seguintes:
âmbito das decisões tomadas em
Disponibilizar investimento para
termos de políticas europeias.
contribuir para o crescimento e a
Nesse sentido, contribuirá para a
criação de emprego
aplicação correta dos princípios
Reforçar a dimensão social eu-
de subsidiariedade e de propor-
ropeia
cionalidade. A atualização do
Gerir a migração, aliar liberda-
acordo inter-institucional “Legis-
des, justiça e segurança
lar Melhor”, com base na propos-
Renovar a dinamica do mercado
ta apresentada pela Comissão,
interno apostando na era digital
insere-se nesse contexto; per-
Inserir a competitividade euro-
mitirá igualmente formalizar as
peia num quadro global e trans-
modalidades de uma melhor coo-
parente
peração inter-institucional. Em
Promover o desenvolvimento
função da disponibilidade das
sustentável
outras instituições que deverão
Reforçar a presença da União
participar no processo, a Presi-
Europeia no mundo
dência Luxemburguesa trabalha-
O programa da Presidência
rá no sentido de fazer avançar
Luxemburguesa, que não se
as negociações com vista a es-
pretende exaustivo, é também a
tabelecer as bases de um acordo
expressão da vontade do Luxem-
que assegurará uma legislação
burgo de contribuir plenamente
de qualidade, num contexto
para a nova dinâmica do pro-
de desenvolvimento sustentá-
cesso de integração europeia,
vel, resultante de um processo
iniciado no último ano.
■
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 29
ESPAÇO DIPLOMÁTICO
Karima Benyaich, Embaixadora de Marrocos Um Africano ligado a África
"
O PAPEL DE MARROCOS COMO
TRAÇO DE UNIÃO ENTRE O CONTINENTE AFRICANO E A EUROPA, O SEU PAPEL INDISCUTÍVEL PELA PAZ E SEGURANÇA
" Em maio-junho de 2015, Sua
dar o espirito da Conferência de
montam ao comércio das cara-
Majestade o Rei Mohammed VI
Casablanca quando o falecido
vanas e aos Almorávidas e que
efectuou a sua terceira tournée
Rei Mohammed V reuniu à sua
mergulha as suas raízes no Sul
africana, marcada por visitas de
volta, há mais de meio século,
saariano profundo, vêm também
trabalho e de amizade a 4 paí-
os líderes da Africa militante e
comprovar que Marrocos é, mais
ses : o Senegal, a Costa do Mar-
os heróis da liberdade e da inde-
do que nunca, uma potência afri-
fim, a Guiné-Bissau e o Gabão.
pendência.
cana com laços antigos e estrei-
A visita à Guiné Bissau, onde
Estas Tournées que dão segui-
tos com a Africa subsaariana.
foram assinados 19 acordos de
mento a numerosas Deslocações
O Périplo africano de 2015
parceria e de cooperação, é a
Reais, caracterizam-se pela sua
coloca na agenda a força do
primeira que dá um novo impulso
duração que lhes imprime uma
Discurso Real de Abidjan do ano
a uma relação de amizade e de
dimensão singular no contexto
passado, sobre a necessidade
entendimento sempre vivaz com
diplomático e estratégico actual.
para o Continente de libertar as
o conjunto dos países lusófo-
Estes périplos que prosseguem
sua energias. A este respeito,
nos. A homenagem prestada,
uma tradição politica constante
uma frase deste Discurso resu-
em Bissau, por Sua Majestade
da diplomacia marroquina, tecida
me toda a visão e a ambição que
a Amílcar Cabral e aos mártires
desde há séculos pelos laços
Sua Majestade o Rei nutre por
da libertação africana fez recor-
humanos e espirituais que re-
Africa : «A África tem menos
30 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
➤
necessidade de assistência e
e por África, Marrocos posicio-
sólida em matéria de reformas
precisa mais de parcerias que
na-se já como « hub » regional
políticas e religiosas.
sejam mútuamente benéficas”,
através de dois principais ac-
Isto explica os numerosos pedi-
relembrou.
tores : o grande centro finan-
dos formulados por países tais
No centro desta ambição está
ceiro Casa Finance City (CFC)
como o Mali, a Guiné Conakry,
um processo integrado de de-
e a companhia aérea Royal Air
a Costa do Marfim, a Nigéria,
senvolvimento sustentável que
Maroc. Esta última dispõe já de
o Gabão, a Líbia e a Tunísia
➤
coloca o elemento humano no
mais de 30 linhas aéreas aber-
para que os seus imames sejam
centro das preocupações com o
tas e escritórios de representa-
formados em Marrocos segundo
melhoramento das condições de
ção em 11 países do continente.
os preceitos do Islão moderado e
vida, do ambiente, da educação,
Um posicionamento que será
tolerante e para se impregnarem
da formação de estudantes e
reforçado pela negociação em
dos valores da moderação, do
da juventude, conferindo assim
curso dos parceiros estratégi-
diálogo intercultural e do respei-
um forte impulso aos diferentes
cos, incluindo a implementa-
to intereligioso de solidariedade,
aspectos de uma cooperação
ção progressiva de zonas de
reconhecidos no Reino.
Sul-Sul solidária e dinâmica.
comércio livre com a CEDEAO
Esta visão Real é reforçada
(Comunidade Económica dos
É nesta inspiração que intervêm
também por uma vontade de de-
Estados de África Ocidental) e a
as doações do Santo Corão e
senvolver a cooperação econó-
CEMAC (Comunidade Económi-
os donativos humanitários reali-
mica com os Estados da região
ca e Monetária dos Estados da
zados regularmente durante as
subsariana. Uma cooperação
Africa Central). Por outro lado, o
Deslocações Reais, e mais parti-
que associa os actores públicos,
Reino consolida a sua penetra-
cularmente a criação, este mês,
as empresas e os investidores
ção na África Ocidental desen-
da Fundação Mohammed VI dos
privados marroquinos que enten-
volvendo as suas relações com
Oulémas (Sábios e teólogos)
dem, no que lhes diz respeito,
a União económica e monetária
africanos. Fruto da criatividade
beneficiar, com uma parceria
ocidente-africana (UEMOA) que
marroquina, inabalável ao longo
vencedora-vencedora, com os
corresponde a um mercado de
dos tempos, esta nova estrutura
acordos concluídos para reforça-
mais ou menos 70 milhões de
terá como objectivo unificar e
rem a sua implantação. A partir
habitantes.
coordenar os esforços dos Oulé-
de agora grandes grupos tais
Nesta mesma lógica, a classifi-
mas muçulmanos, em Marrocos
como Maroc Telecom, o Oficio
cação da Conferência das Na-
e nos outros Estados africanos,
Nacional da Água e de Electrici-
ções Unidas sobre o Comércio
para dar a conhecer os valores
dade, ou ainda estabelecimentos
e Desenvolvimento (CNYCED),
do Islão tolerante, de os difundir
bancários (Attijariwafa Bank,
coloca Marrocos entre os primei-
e consolidar.
Banco marroquino do Comércio
ros investidores em África. É o
No total, estes Périplos Reais,
Externo), companhias de segu-
segundo investidor africano no
que associam ambições eco-
ros (CNIA-Saham), sociedades
continente depois da África do
nómicas e estratégicas a preo-
imobiliárias (Addoha, Alliance)
Sul e apresenta-se hoje como
cupações de desenvolvimento
estão implantadas em mais de
primeiro investidor na África
humano e espiritual, confirmam
uma vintena de países subsaria-
Ocidental.
a implantação de Marrocos em
nos.
A tudo isto acresce o empenha-
África. Explicam igualmente o
Tudo isto vem de uma metodolo-
mento constante de Sua Majes-
papel de Marrocos como tra-
gia bem definida : iniciar projec-
tade o Rei Mohammed VI, Amir
ço de união entre o continente
tos, voltar mais tarde para veri-
Al Mouminin (Comandante dos
africano e a Europa, o seu papel
ficar o andamento dos projectos
Crentes), para a promoção da
indiscutível pela paz e seguran-
iniciados durante as visitas pre-
imagem autêntica do Islão, o que
ça na região sahelo-sariana e na
cedentes e lançar novos projec-
suscita a estima e consideração
luta contra o terrorismo e ou-
tos. Esta abordagem, já aplicada
em vários destes países africa-
tras actividades que constituem
em Marrocos, dá os seus frutos
nos. Estes últimos vêem no Rei-
ameaças para a nossa estabili-
mesmo no estrangeiro.
no não só uma fonte de inspira-
dade e para o nosso desenvolvi-
Neste empenhamento em África
ção mas também uma referência
mento comum.
■
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 31
ESPAÇO DIPLOMÁTICO
Johana Ruth Tablada de la Torre, Embajadora de Cuba en Portugal Estados Unidos – Cuba en busca de una nueva relación
"
EL RESTABLECIMIENTO DE RELACIONES DIPLOMÁTICAS Y LA REAPERTURA DE EMBAJADAS DESPUÉS DE 54 AÑOS MARCAN UN PRIMER E IMPORTANTE PASO PARA ACORDAR HERRAMIENTAS Y
MECANISMOS QUE PERMITAN AVANZAR Y DESARROLLAR, SOBRE BASES DE IGUALDAD Y RESPETO MUTUO, UN DIÁLOGO BILATERAL
"
Muchos se sintieron testigos de un
prisioneros.
mejoramiento de las relaciones. Se
cambio de época cuando el pasado
Para la mayoría de los cubanos sin
han establecido nuevos instrumentos
17 de diciembre se produjo en simul-
embargo, el momento más emotivo
que permiten ampliar el diálogo y
táneo el anuncio de los presidentes
e inolvidable de aquella jornada fue
se han abierto embajadas sobre la
Raúl Castro y Barack Obama de la
la liberación y dramático retorno
base del compromiso mutuo de los
decisión de avanzar hacia el recono-
de Gerardo, Ramón y Antonio, los
respectivos Jefes de Estado de res-
cimiento mutuo, el restablecimiento
tres restantes jóvenes que junto a
petar los propósitos y principios de
de relaciones diplomáticas y embaja-
Fernando y Rene sufrieron más de
Derecho Internacional y las normas
das, y el fortalecimiento del dialogo
15 años de injusta prisión y eran
de la Convenciones de Viena de
bilateral en nuevas áreas de interés
conocidos mundialmente como “Los
Relaciones Diplomáticas y Consula-
común. Conocimos con sorpresa
Cinco”.
res. Estados Unidos reconoció que
que este proceso estuvo acompaña-
Desde esa fecha hasta hoy, se han
su política fracasó, Cuba fue sacada
do por la intervención oportuna del
registrado nuevos progresos siendo
oficialmente de la lista que EEUU
Papa Francisco, y la hospitalidad y
tal vez el más importante el hecho
elabora donde se incluyen Estados
discreción de Canadá como sede
de que ambos países demostraron,
que patrocinan el terrorismo inter-
de las conversaciones secretas y
con sus actos más recientes, que
nacional, a la que nunca en realidad
la secuencia de un intercambio de
tienen voluntad de avanzar hacia el
perteneció, y se anunciaron pocas,
32 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
➤
pero positivas medidas de flexi-
convertirse en “agentes del cambio”
desarrollar, sobre bases de igualdad
bilización en áreas específicas de
y llegar, alguna vez, a gobernar
y respeto mutuo, un diálogo bilateral
aplicación de las sanciones unilate-
nuestro país. En franca violación
que conduzca a un proceso hacia la
rales de EE.UU. contra la Isla como
del Derecho Internacional, Estados
normalización de relaciones, capaz
las telecomunicaciones, algunas
Unidos trata de justificar estas políti-
de solucionar toda una serie de
operaciones bancarias y la amplia-
cas, inaceptables para cualquier país
problemáticas sustanciales acumula-
ción de las categorías de los viajes,
soberano, utilizando un discurso que
das durante más de 5 décadas y que
que permitieron alcanzar a mitad del
desconoce la realidad de Cuba y en
están pendientes de solución.
año 2015 la cifra de 90 mil visitan-
particular ignora el desempeño real
Para comprender el proceso que
tes estadounidenses que viajaron a
del país en la protección y respeto a
transcurre y continuará en los pró-
Cuba en todo el 2014 sin contar los
los Derechos Humanos. Sobra decir
ximos meses, se debe recordar que
más de 300 mil cubanos emigrantes
que Cuba no tiene interés alguno
estas relaciones están profunda-
en EE.UU. que visitan cada año su
en intervenir en el ordenamiento
mente marcadas por hechos histó-
país de origen.
interno de Estados Unidos, aún
ricos como el no reconocimiento de
En este periodo Cuba y EE.UU han
cuando tiene serias diferencias y
los Estados Unidos a la soberanía
➤
sostenido diálogos sobre derechos humanos, trata de personas, seguridad aérea, asuntos migratorios, medio ambiente, protección contra derrames de hidrocarburos y de control epidemiológico entre otros. Sin embargo, el bloqueo económico comercial y financiero sigue en vigor, Estados Unidos continúa ocupando, contra la voluntad del pueblo y gobierno de Cuba, una parte de su territorio y están pendientes otros importantes problemas como las reclamaciones respectivas por los
de Cuba durante más de un siglo,
"
LOS CUBANOS SOMOS CELOSOS DE NUESTRA SOBERANÍA E INDEPENDENCIA, Y PERSISTENTES Y VALIENTES EN LA BÚSQUEDA DE SOLUCIONES PARA NUESTROS PROPIOS PROBLEMAS
"
expresada en la agresión en todos los órdenes (invasiones, aislamiento y terrorismo), el uso abusivo de sanciones unilaterales que, infelizmente, se mantienen en vigor tras la reapertura de las Embajadas. Aunque el Secretario de Estado pida a los cubanos confianza, no temer nada y afirme que desean ser buenos vecinos, todo lo anterior genera desconfianza o cuando menos cautela en nuestra población atenta a lo que viene. Los cubanos somos celosos
efectos de las nacionalizaciones
opiniones críticas en relación con el
de nuestra soberanía e independen-
cubanas a propiedades de Estados
ejercicio de los Derechos Humanos
cia, y persistentes y valientes en la
Unidos y el costo económico de las
y la democracia, con el sistema
búsqueda de soluciones para nues-
sanciones estadounidenses contra
estadounidense y sus políticas de
tros propios problemas. En consulta
Cuba, temas medulares que de no
salud y educación, con la exclusión
permanente con el pueblo se han
solucionarse serían suficientes para
social y la discriminación racial, con
realizado importantes transformacio-
obstaculizar o impedir cualquier
el uso extendido de armas de fuego
nes y será el pueblo el que continua-
avance en la normalización de las
que cobran miles de vidas cada año,
ra determinando los cambios de todo
relaciones bilaterales.
el uso y abuso de la pena de muerte
aquello que se deba cambiar para
Por la parte estadounidense, perma-
y con el sistema electoral que otorga
garantizar avanzar hacia un futuro
nece también la política de injeren-
mayor valor al dinero que a la demo-
próspero, sostenible y socialista.
cia y subversión que atenta contra
cracia y la voluntad popular, etc.
En las próximas semanas comenza-
el orden constitucional de Cuba y
El restablecimiento de relaciones
ra a sesionar una comisión bilateral
promueve artificialmente y financia
diplomáticas y la reapertura de
Cuba- EEUU en aras de continuar
a cubanos que mejor respondan a
embajadas después de 54 años
avanzando. Para Cuba, ese diálogo
sus intereses, con la esperanza de
marcan un primer e importante paso
supone lograr finalmente el cese del
que gracias a esa “ayuda” (más de
para acordar herramientas y me-
bloqueo, rechazado unánimemente
20 millones de USD al año) puedan
canismos que permitan avanzar y
por la comunidad internacional y la
➤
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 33
Johana Ruth Tablada de la Torre
so, dirigido a mostrar una supuesta
los principales instrumentos en los
del territorio y la Bahía Guantána-
fortaleza de carácter en política
que descansa la política hacia Cuba.
mo (117 km cuadrados) ilegalmente
exterior revela, cuando menos, una
Paradójicamente, de no hacerlo,
arrebatado a Cuba durante la ocu-
errada interpretación del sentir del
actuaría en aparente concordancia
pación del país por tropas estadou-
electorado, e ignora sucesivas en-
con su discurso político contrario a
nidenses entre 1898 y 1902, entre
cuestas en las que más de un 70%
las sanciones contra Cuba, pero el
otros asuntos.
de la opinión pública estadounidense
bloqueo se mantendría todavía ya
Sinceramente, me parece que
apoya el restablecimiento de relacio-
que esta política descansa también
existen condiciones diferentes para
nes con Cuba y más de un 50% el
en otros instrumentos legales que
avanzar en este proceso a partir de
levantamiento del bloqueo.
deben ser revocados o modificados.
la voluntad política que por primera
Son bien conocidas las tres declara-
A su vez, esta ley de 1917, utiliza-
vez expresa abiertamente un Pre-
ciones del presidente de los Estados
da hoy solo para Cuba, es la que
sidente de los Estados Unidos, que
Unidos pidiendo al Congreso el fin
otorga al Presidente las prerrogati-
ha solicitado al Congreso que ponga
del bloqueo contra Cuba. Aunque
vas presidenciales para modificar e
fin al bloqueo. También ayuda la
nuestros dirigentes lo han expre-
incluso invalidar la aplicación de las
creciente comprensión de la opinión
sado en múltiples ocasiones y en
sanciones del bloqueo como lo ha
➤
devolución de una parte importante
hecho hasta el momento,.
pública sobre aspectos muy relevantes de la política contra Cuba que no se sostienen ante la prueba del sentido común, la verdad y la reciprocidad. Me refiero concretamente al hecho de no existir ninguna medida semejante de Cuba como las que
"
aun EE.UU. aplica todavía contra nuestro país. - Cuba no tiene en vigor ni practica ninguna política discriminatoria contra ciudadanos o empresas estadounidenses; -Cuba no aplica ninguna medida coercitiva de ninguna naturaleza unilateral, económica
ESTADOS UNIDOS DEBERÁ MOSTRAR
SI ESTÁ PREPARADO PARA DEJAR ATRÁS LAS POLÍTICAS QUE PERSIGUEN AISLAR Y CASTIGAR A LOS PAÍSES QUE NO SE LE SUBORDINAN O DIFIEREN EN SU MODELO DE DESARROLLO
contra EE.UU; -Cuba no ocupa nin-
"
Cuba espera que en los próximos meses el Presidente haga amplio uso de esas facultades entre las cuales podría permitirle a Cuba, sin que medie acción congresional alguna, por ejemplo: utilizar el dólar en sus transacciones internacionales, y acceder a los créditos y servicios de organizaciones financieras internacionales en los que EEUU prohíbe la participación de Cuba como el Banco Mundial y el Banco Interamericano de Desarrollo. El presidente podría también permitir a Cuba exportar hacia e importar
guna porción de territorio de Estados
fórums bilaterales y multilaterales,
desde los EE.UU. todo aquello que
Unidos.
es menos conocida y comprendida
decida beneficie a su interés nacio-
No se le debe pedir a Cuba alguna
la existencia de una amplia gama de
nal, mediante licencias generales o
concesión a cambio de la eliminación
prerrogativas legales que le permiten
específicas. Estados Unidos puede
de tales prácticas y medidas coerciti-
al Presidente de los Estados Uni-
permitir que otros países exporten a
vas que son unilaterales y deben ser
dos vaciar de contenido el bloqueo
Cuba productos que contengan más
levantadas unilateralmente. Estados
contra Cuba en las próximas sema-
de un 25% de productos de EE.UU.
Unidos deberá mostrar si está pre-
nas y meses, con o sin apoyo del
y podría también permitir a terceros
parado para dejar atrás las políticas
Congreso. De hacerlo, ganaría en
exportar productos a Estados Unidos
que persiguen aislar y castigar a los
coherencia y acercaría mucho más
con componentes cubanos. En re-
países que no se le subordinan o
su discurso a la realidad. Dependerá
sumen hay solo cuatro aspectos que
difieren en su modelo de desarrollo.
de su voluntad política y capacidad
el Presidente no puede modificar sin
También pesan en muchos análisis
de utilizar dichas prerrogativas, el
una ley del Congreso y ellos son:
sobre este tema las promesas de los
alcance de este proceso.
- El presidente no puede decretar el
aspirantes republicanos a la Casa
Es posible que la próxima semana
fin del bloqueo. Solo puede hacerlo
Blanca más recalcitrantes que pro-
el Presidente Obama decida, por
el Congreso. El presidente sin em-
meten a sus contribuyentes, romper
primera vez, no extender por otro
bargo, puede desmontar el bloqueo
las relaciones con Cuba y revertir
año más la aplicación de “la Ley de
mediante sucesivos decretos presi-
todo el proceso iniciado. Este discur-
Comercio con el Enemigo”, uno de
denciales de manera que
34 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
➤
lo haga casi inefectivo y lo convier-
un empresario de Portugal, de Es-
ranza de que sea por última vez, el
paña, de Francia, de América Latina,
apoyo de la comunidad y la opinión
ejemplo, las medidas que anunció en
de China o de Canadá, que uno
pública internacional para la reso-
el área de las telecomunicaciones,
de los Estados Unidos por el sim-
lución cubana en favor del levanta-
se podrían imitar en muchos otras
ple hecho de que hasta ahora este
miento del bloqueo, noble causa sin
esferas que afectan y comprometen
último no cuenta con una decisión de
cuya solución perdería sentido lo que
el bienestar del pueblo de Cuba.
su gobierno y de su Congreso que
ha sido alcanzado hasta hoy.
- El presidente de Estados Unidos
le permita invertir en la economía
Un diálogo respetuoso y constructivo
no puede permitir inversiones en
cubana o comerciar con Cuba, más
nos trajo hasta aquí. Las rondas de
propiedades que están sujetas a
allá del estrecho y condicionado seg-
intercambios que culminaron en el
reclamaciones por empresas de
mento aprobado para las ventas de
restablecimiento de las relaciones
Estados Unidos por haber sido
alimentos desde hace 15 años. No
diplomáticas entre Cuba y Estados
nacionalizadas. En este tema es im-
es Cuba la que impide a los empre-
Unidos y la reapertura de las Em-
portante recordar que Cuba recono-
sarios participar de esas oportunida-
bajadas demostraron que se pudo
ce el derecho a que las compañías
des.
comenzar a alterar el curso de la
estadounidenses sean compensadas
El próximo otoño Cuba volverá a pre-
historia. Si Estados Unidos se sienta
y tiene leyes que respaldarían esta
sentar su resolución ante la Asam-
a la mesa con voluntad política, res-
negociación. Pocos conocen que
blea General de las Naciones Unidas
peto y enfrenta estas negociaciones
➤
ta en un cascarón sin contenido. Por
de buena fe, podrán superarse en
Cuba negoció hace más de 30 años acuerdos de compensación los cuales honró hasta el último centavo con otros países como España, Suiza, Holanda, Reino Unido, Canadá o Alemania algunas de cuyas empresas fueron nacionalizadas al inicio de la Revolución. Muchas de esas empresas hoy invierten en Cuba. - El presidente de Estados Unidos no puede permitir el turismo de esta-
"
los próximos meses algunos obstá-
POCOS CONOCEN QUE CUBA NEGOCIÓ
culos históricos y, por primera vez, ambos países podríamos comenzar
HACE MÁS DE 30 AÑOS ACUERDOS DE COMPENSACIÓN LOS CUALES HONRÓ HASTA EL ÚLTIMO CENTAVO CON OTROS PAÍSES
dounidenses a Cuba. Solo lo puede
a coexistir con nuestras profundas diferencias en una relación civilizada y de beneficio mutuo para nuestros pueblos. Estados Unidos y Cuba deben
"
enfrentarse al reto de construir una relación totalmente diferente que no deje espacio a la intromisión
hacer el Congreso y en este momen-
exigiendo el fin del bloqueo econó-
sin límites de Estados Unidos en
to avanzan proyectos bipartidistas
mico, comercial y financiero que, a
los asuntos internos de Cuba que
en la Cámara de Representantes y
diferencia de ediciones anteriores de
ha marcado nuestra historia desde
en el Senado para lograrlo. En este
esta votación, hoy lo aplica un país
muchos años antes del triunfo de la
aspecto ya se agotaron las faculta-
con el cual restableció relaciones
Revolución; una nueva relación que
des de Obama cuando convirtió en
diplomáticas, mientras le impide, con
debe dejar a un lado la pretensión de
licencias generales las 12 categorías
sanciones alucinantes, desarrollarse
tomar decisiones, que legítimamente
de viajeros establecidas por las leyes
a su máxima capacidad.
corresponde a los cubanos tomar,;
que impulsaron congresistas anticu-
Para llegar hasta aquí ha sido de-
una relación respetuosa que respon-
banos hace más de una década.
terminante la resistencia del noble y
da mejor a los vínculos históricos,
- Por último, el presidente de Esta-
heroico pueblo de Cuba, la sabiduría
culturales, profesionales y familiares
dos Unidos no puede permitir las
de sus líderes y el apoyo solidario
existentes entre ambos países. Si
ventas de alimentos a Cuba con
de la América Latina y el Caribe, y
por el contrario, Estados Unidos solo
créditos porque eso está regulado
de la inmensa mayoría de los países
pretende modificar la táctica y man-
e impedido por una ley congresional
del mundo, incluido Portugal y de
tiene como objetivo primordial derro-
ni el comercio de Cuba con subsi-
muchos estadounidenses y cubanos
car a la Revolución y buscar nuevas
diarias estadounidenses en terceros
residentes en Estados Unidos que
fórmulas de injerencia en los asuntos
países.
persistieron durante años en sus
internos de Cuba, volverá pronto a
Mientras muchos de estos aspectos
esfuerzos para que Cuba y Estados
sufrir el fracaso y el aislamiento. Esa
no se modifiquen,
Unidos tuvieran una mejor relación.
política que no funcionó a las malas,
Cuba pide nuevamente, con espe-
no va a funcionar a las buenas.
para Cuba será
más interesante y práctico recibir a
n
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 35
BUSINESS & DIPLOMACY
Ilustra Missões comerciais para promoção das exportações: o papel da diplomacia Gilberto DF António, Adelino AS Muxito, autores do livro “A internacionalização das empresas angolanas, o papel da diplomacia comercial”, a ser publicado em Outubro de 2015
Apesar dos vários dispositivos tecnológicos que
uma pré-condição para os empresários participarem
facilitam as comunicações internacionais, as inte-
nas missões comerciais .
racções face-a-face continuam a ser importantes
As missões comerciais dão acesso aos tomadores
para avaliar a complementaridade e a capacidade
de decisão dos sectores público e privado, que são
de parceiros de negócios. Elas facilitam a aquisição
difíceis de alcançar. Assim, podem ser vistas como
de conhecimento experimental e o desenvolvimento
uma ferramenta para estabelecer bases para futu-
negócios em novos mercados. Missões comerciais para promoçãoros das exportações: o papel da As empresas participam numa missão comercial As missões comerciais permitem aos participantes para encontrar parceiros e criar uma rede que irá obter conhecimento da cultura de um país diplomacia estrande relações duradouras .
geiro através do contacto directo com os empresá-
ajudá-las a fazer negócios no estrangeiro.
Gilberto DFeAntónio, Adelinodo ASgoverno Muxito,. autores do livro “A internacionalização dasmercado empresas Explorar as oportunidades de é uma das rios locais representantes Permitem angolanas, o papel da diplomacia comercial”, publicadorazões em Outubro de 2015 nas missões copara participar uma avaliação, em primeira mão, das oportunida-a ser principais des de mercado, o estabelecimento de contactos
merciais. Quando as empresas estão a considerar
a realização de negócios num mercado-alvo, muidirectos e ter uma visibilidade do mercado-alvo, Apesar dos vários dispositivos tecnológicos que facilitam as comunicações internacionais, as tas vezes precisam de experimentá-lo em primeira entre outros . interacções face-a-face continuam a ser importantes para avaliar a complementaridade e a mão. A missão comercial é, nesse caso, uma boa O objectivo das missões comerciais é o de incenticapacidade de parceiros de negócios. Elas facilitam a aquisição de conhecimento experimental oportunidade para ter especialistas e residentes a var os participantes, na maioria das vezes pequee o desenvolvimento de relações duradouras1. nas e médias empresas, a adquirir conhecimentos
guiá-los através das oportunidades e obstáculos do
As missões comerciais permitem aos participantes obter conhecimento da cultura de um país mercado, o que minimiza os custos de exploração sobre vários mercados estrangeiros - a maioria estrangeiro através do contacto directo com os empresários locais e representantes do governo2. de oportunidades de negócio num mercado-alvo . culturalmente distantes do mercado interno. Podem Permitem uma avaliação, em primeira mão, das oportunidades de mercado, o estabelecimento ajudar as empresas, que geralmente associam a de contactos directos e ter uma visibilidade do mercado-alvo, entre outros3. exportação com maior complexidade e dificulda-
missão comercial no exterior, onde os exportadores
As missões comerciais funcionam como um tutorial no local, pois permitem às empresas adquirir viajam para mercados externos . processo de exportação . Podem ser o meio preinformações e ampliar seus conhecimentos sobre o processo de exportação5. Podem ser o meio ferencial para incentivar as empresas que equapreferencial para incentivar as empresas que equacionam entrar em mercados externos a fazêSegundo o foco sectorial cionam entrar em mercados externos a fazê-lo. A lo. A existência de oportunidades de mercado parece ser uma pré-condição para os As missões comerciais diferem em seu foco. ➤ existência de oportunidades de mercado parece ser empresários participarem nas missões comerciais6. Ilustração 1: O que os exportadores aprendem participando nas missões comerciais
Como os negócios são conduzidos no exterior
Serviços e produtos disponíveis
Explo com alvo, caso opor opor
A. T
Tipo de missões comerciais
O das missões comerciais é o de incentivar os participantes, Segundo o destinona maioria das vezes de,objectivo a obterem informação crítica, dando-lhes uma pequenas e médias empresas, a adquirir conhecimentos sobre vários mercados De uma forma geral, existemestrangeiros dois grandes- a tipos de aprendizagem que seria dispendiosa e prolongada comerciais: as missões comerciais recebise feita sob sua iniciativa . maioria culturalmente distantes do mercado interno. missões Podem ajudar as empresas, que geralmente onde as a empresas um país estrangeiro visiAs missões como um tutorial e das, associam a comerciais exportaçãofuncionam com maior complexidade dificuldade, obteremde informação crítica, 4 tam o país de acolhimento; e o tipo mais utilizado, a no local, pois permitem às empresas adquirir indando-lhes uma aprendizagem que seria dispendiosa e prolongada se feita sob sua iniciativa . formações e ampliar seus conhecimentos sobre o
As em irá a
Receptividade dos potenciais compradores
Extensão do compromisso e recursos necessários para exportar
Conhecimento sobre os mercados estrangeiros e o processo de exportação
Fonte : Autor, a partir de Wilkinson T. J., Brouthers L. E., An evaluation of state sponsored promotion programs, Journal of Business Research 47 (3), 2000.
tomadores de decisão dos sectores público e privado, que são difíceis de alcançar. Assim, podem ser vistas como uma ferramenta para estabelecer bases para futuros negócios em novos mercados.
Segu
De u rece utiliza
Segu
As m dele eleva
As m estab negó
As m São é co
36As • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015aos missões comerciais dão acesso
Segu
Ilustração 2 : Missões comerciais externas e internas rante uma só missão comercial, aumentando o seu
Visitas de exportadores nacionais a mercados seleccionados ou constituídas por grupos de homens de negócio nacionais que viajam a mercados estrangeiros para recolher market intelligence e assinar contratos
Visita de empresas estrangeiras (potenciais compradores, clientes, importadores) aos exportadores nacionais, no país anfitrião.
Papel da diplomacia comercial Os programas de promoção das exportações são utilizados pelos países em desenvolvimento como Internas
Externas
valor e permitindo fazer um uso eficaz do tempo .
mecanismo de desenvolvimento económico, e pelos países industrializados como meio de reforçar a competitividade individual das empresas. São um conjunto de medidas públicas que visam o aumento das exportações e pretendem ser desenvolvidas numa lógica industrial e de empresa. Pretendem melhorar a performance exportadora
As empresas participam numa missão comercial para encontrar parceiros e criar uma rede queatravés da melhoria das capacidades, recursos e ➤ Podem ser muito gerais, como no caso de deestratégias das empresas e da sua competitividairá ajudá-las a fazer negócios no estrangeiro. legações empresariais que integram as visitas de de global . Estado e número deprincipais participantes elevado, Explorar as oportunidades decujo mercado é uma das razões para éparticipar nas missões Igualmente ajudam as empresas a superar as barou muito específicas e focadas num determinado comerciais. Quando as empresas estão a considerar a realização de negócios num mercado- reiras que enfrentam no processo de internacionalisector ou produto . zação. Ao fornecer-lhes uma série de actividades, a alvo, muitas vezes precisam de experimentá-lo em primeira mão. A missão comercial é, nesse As missões sectoriais são mais concentradas e promoção das exportações aumenta a rentabilidade caso, uma boaorientadas oportunidade para ter especialistas e residentes a guiá-los através das às empresas com objectivos já estabee reduz riscos. Assim, aumenta a probabilidade de lecidos em relação ao país de acolhimento. Servem sucesso de empresas nacionais nos mercados exoportunidades e obstáculos do mercado, o que minimiza os custos de exploração de para explorar oportunidades de negócio reais com ternos e contribui para a melhoria das exportações oportunidades de negócio num mercado-alvo7. resultados tangíveis, sendo mais eficazes do que as
de um país .
multi-sectoriais .
Globalmente, a promoção das exportações au-
As missões sem tema específico integram empre-
menta a propensão das empresas se envolverem
sas que pretendem explorar um novo mercado. São
nelas, pois justificam a sua importância. Uma
menos eficazes e menos bem-sucedidas, porque
atitude positiva em relação às exportações e a
A. Tipo de missões comerciais
Segundo o destino não têm o foco necessário. A falta de foco é com-
perspectiva de benefícios e os riscos associados
pensada no tamanho, escopo, publicidade (atrai
às operações internacionais são benéficas para a
As missões comerciais podem ser oficiais, patroci-
promoção constituem uma variedade de serviços
nadas pelos governos no planeamento, organização
que ajudam as empresas a superar os obstáculos
e financiamento, ou semioficiais, organizadas e
que enfrentam na expansão das suas actividades
De uma forma mais geral, existem dois grandes tiposde de missões comerciais: atenção no país origem), etc .as missões comerciais economia . recebidas, onde as empresas de um país estrangeiro visitam o país de acolhimento; e o tipo maisEm segundo lugar, a fim de aumentar as exportaSegundo os organizadores entre os exportadores actuais, os esforços de utilizado, a missão comercial no exterior, onde os exportadores viajam para mercados externos8ções .
Segundo o foco patrocinadas sectorial por associações industriais ou comerciais ou câmaras de comércio, podendo ser finan-
As missões comerciais diferem em governos seu foco. Podem ciadas pelos . ser muito gerais, como no caso de delegações empresariais que integram as visitas de Estado e cujo número de participantes é Segundo o foco geográfico elevado, ou muito específicas e focadas num determinado sector ou produto9. Uma missão comercial não precisa necessariamen-
te de um único país, em particular quandojáos As missões sectoriais sãovisitar mais concentradas e orientadas às empresas com objectivos potenciais mercados estão geograficamente disestabelecidos em relação ao país de acolhimento. Servem para explorar oportunidades de tantes e/ou possuem características comuns. Uma negócio reais com resultados tangíveis, sendo mais eficazes do que as multi-sectoriais 10. viagem para a Ásia daria aos participantes a oportu-
internacionais. De forma semelhante, podem incentivar os exportadores fracassados, fornecendo-lhes serviços personalizados que irão ajudá-los onde eles falharam no passado. A diplomacia comercial tem um papel fundamental na promoção das exportações, incluindo na organização de várias actividades que são geralmente muito dispendiosas para as empresas. Organizar e patrocinar missões comerciais e visitas ao mercado externo é fundamental para apoiar os negócios no
de visitar China,que Japão e Coreia do novo Sulmercado. du- exterior. ■ As missões semnidade tema específico integramaempresas pretendem explorar um São menos eficazes e menos bem-sucedidas, porque não têm o foco necessário. A falta de foco é compensada no tamanho, escopo, publicidade (atrai mais atenção no país de origem), etc11. JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 37
Segundo os organizadores
DOSSIER
Investir em Portugal A escolha certa no momento certo
P
ortugal, 2015. A escolha certa no momento certo. Um país na Europa voltado para a
América, com uma riquíssima Zona Económica Exclusiva e um sistema de ensino muito concorrido nas áreas da engenharia e produção. Portugal está, igualmente, de portas abertas para outros países do globo onde a Língua Portuguesa é o idioma oficial. Além disso, este pequeno Estado no sudoeste da Europa está, diz a OCDE, no 12º lugar na lista mundial de países com melhores infraestruturas de transportes. E além disso dá-se muito bem com tecnologias: com a Via Verde, que inventou, com a rede Multibanco, com a banda larga e com a fibra ótica.
➤
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 39
Investir em Portugal
Fontes: Governo de Portugal, INE, Banco de Portugal, Comissão Europeia, AICEP
➤
São indicadores que mostram
cer mais incentivos às empresas
tas de contribuir para a Segurança
como a crise, que chegou violenta-
a nível financeiro, tecnológico e
Social durante 36 meses, desde
mente em 2011 e trouxe inspeção
de recursos humanos. Através do
que assinem um contrato sem termo
internacional consigo, parece estar
IEFP, as companhias sediadas em
com jovens à procura do primeiro
cada vez mais distante. Nos últimos
Portugal podem contratar novos fun-
emprego ou com desempregados
anos, o Governo e outras organiza-
cionários entre os 18 e os 30 anos
inscritos nos centros de emprego há
ções têm-se empenhado em dotar
em regime de estágio, por um perío-
mais de um ano. No caso destes úl-
o país e a população de melhores
do de nove meses, recebendo em
timos, a sua contratação pode valer
condições de vida e trabalho, atra-
troca uma bolsa mensal do Estado.
à entidade empregadora um apoio
vés da implementação de cerca de
O valor a receber depende do grau
anual de mais de 5 500 euros.
500 medidas e reformas estruturais.
de instrução do trabalhador, o que
As novas reformas também têm em
E esse esforço parece já estar a dar
funciona também como incentivo à
consideração o talento de expatria-
frutos.
prossecução de estudos superiores.
dos qualificados. Uma vez inseridos
As mudanças passaram por ofere-
As empresas estão também isen-
em atividades com alto valor
Fontes: Governo de Portugal, INE, Banco de Portugal, Comissão Europeia, AICEP
40 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
➤
➤
acrescentado, em profissões
científicas, artísticas ou técnicas, ou sendo membros de quadros superiores, os estrangeiros residentes em Portugal usufruem de uma taxa fixa de tributação de 20% durante 10 anos. Estas novas possibilidades oferecidas às empresas ajudam Portugal a continuar o seu caminho de recuperação económica. Segundo dados que a AICEP reuniu, as exportações e o volume de investimento têm subido, ao mesmo tempo que o desemprego tem diminuído. A soma de todas estas variáveis resulta no crescimento económico do país, que já é uma realidade. Falamos de Portugal, aquele país à ➤ Fontes: OCDE
Fontes: Governo de Portugal, AICEP
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 41
Investir em Portugal
42 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
Fontes: Governo de Portugal, INE, Banco de Portugal, Comissão Europeia, AICEP
beira mar plantado que é hoje o
dores usufruem do apoio fornecido
O Presidente da AICEP, Miguel
36º país mais competitivo do mundo
pela AICEP. A agência tem pontes
Frasquilho, deixa uma mensagem
e o estado-membro da União Euro-
estabelecidas com países dos qua-
aos empresários: “Portugal está a
peia onde mais facilmente se criam
tro maiores continentes do mundo,
caminhar para se tornar um dos paí-
empresas. Vale a pena arriscar. E,
estando presente em todos os
ses com um ambiente de negócios
no momento de o fazer, os investi-
países que fazem parte da CPLP.
mais favorável do mundo”.
➤
n
Fontes: Governo de Portugal, INE, Banco de Portugal, Comissão Europeia, AICEP
Gonçalo Coelho DISCLAIMER: Este documento tem fins meramente informativos. Toda a informação nele contida foi elaborada de boa fé pela AICEP, utilizando fontes públicas, consideradas confiáveis. No entanto, a Agência não garante a exatidão dos conteúdos, declinando responsabilidade por quaisquer erros ou omissões. Embora esta apresentação reflita parcialmente a legislação que rege os incentivos ao investimento em Portugal, não a retrata na sua totalidade, nem substitui a necessidade da sua análise. A AICEP está disponível para avaliar planos de negócios específicos e para determinar de que forma determinado plano de investimento poderá ou não enquadrar-se num pacote de incentivos ao investimento. A divulgação ou cópia, total ou parcial, deste documento não é permitida sem autorização.
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 43
Esperança e otimismo na celebração de Portugal
O relógio marcava as 10 horas da manhã quando tiveram início as cerimónias comemorativas do Dia de Portugal. No Largo da Feira, em Lamego, Aníbal Cavaco Silva presidiu uma cerimónia militar onde entraram elementos representantes dos três ramos das Forças Armadas e também antigos combatentes. Neste primeiro evento do dia 10 de junho, o Presidente da República, que é simultaneamente o chefe supremo das Forças Armadas, lembrou a importância que os militares têm assumido ao longo de toda a história do país: “Portugal tem para com os seus combatentes uma dívida que não pode ser esquecida”, disse, acrescentando que, ainda assim, parece existir na sociedade portuguesa a ideia de que a utilidade das Forças Armadas é hoje quase inexistente. O Presidente lembrou as reformas de que elas têm sido alvo na sequência do programa de ajustamento, “sendo a área do Estado que mais se transformou nos últimos quarenta anos”. O setor passou por reduções de
44 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
➤
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 45
Esperança e otimismo na celebração de Portugal
➤
30% no orçamento e de 35% nos seus efetivos.
Na Sessão Solene Comemorativa do Dia de Portugal, que decorreu no Centro Multiusos de Lamego pelo meio dia, Cavaco Silva proferiu o seu último discurso de 10 de junho enquanto Presidente. Perante as mais altas figuras de Estado, mostrou-se muito otimista quanto ao futuro de Portugal, garantindo ter recebido sinais de confiança vindos de “empresários, trabalhadores e parceiros sociais, jovens empreendedores, cientistas e académicos, autarcas, instituições de solidariedade e comunidades portuguesas”. Os parceiros europeus, os investidores e o comportamento dos mercados atestam igualmente este otimismo que se tem verificado em torno da recuperação económica de Portugal. Cavaco Silva fez questão de afirmar que, para esta situação de retoma, em muito contribuiu o empenho de jovens agricultores, cientistas, investigadores, universidades e institutos politécnicos, salientando que “o futuro passa muito pela boa articulação entre a educação, a investigação e a inovação, por um lado, e a atividade das empresas, por outro”. Na mesma Sessão Solene, e como acontece todos os anos, o Chefe de Estado condecorou com graus das Ordens Honoríficas Portuguesas um vasto leque de personalidades, pessoas que “não se acomodaram nem se resignaram” e que se distinguiram nas mais diversas áreas. Para memória futura, foram estes os condecorados pelo Presidente: com a Ordem Militar de Cristo, o
46 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
➤
➤
Prof. Dr. Fernando Teixeira dos Santos e Prof. Dr.
José Mariano Gago; com a Ordem Militar de Avis, o Vice-Almirante José Alfredo Monteiro Montenegro e os tenentes-generais Frederico José Rovisco Duarte e António Afonso dos Santos Allen Revez; com a Ordem de Sant’Iago da Espada, o Mestre Querubim Lapa, a Dra. Fátima Cardoso, o Dr. Henrique Veiga-Fernandes, a Dra. Isabel Silveira Godinho, o Dr. Pedro Mexia, o Prof. Dr. Vítor Cardoso, a Dra. Zita Martins e Alexandre Farto (Vhils); com a Ordem do Infante D. Henrique, o Mestre António Lagarto, Júlio Pereira, António Zambujo, Carlos Gil, o Dr. João Diogo Pinto, o Dr. Felipe Oliveira Baptista, o Eng. Francisco Lopes, o Eng. Francisco Maria Pinto Balsemão, José Pracana, Nuno Baltazar, Nuno Gama, a Dra. Sara Pereira e Dinis Sousa; com a Ordem da
➤
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 47
➤
Liberdade, Bruno Neto e a Associação Portuguesa
de Apoio À Vítima; com a Ordem do Mérito Empresarial – Classe do Mérito Agrícola, o Dr. Arlindo Marques da Cunha, o Prof. Orlando da Costa Lourenço, o Dr. Filipe Cameirinha Ramos e o Eng. Luís Sabbo; com a Ordem do Mérito Empresarial – Classe do Mérito Industrial, a Dra. Ana Paula Rafael e Eurico Manuel da Silva Ferreira; com a Ordem da Instrução Pública, o Prof. Doutor Francisco Artur de Vaz Tomé Laranjo; com a Ordem do Mérito Empresarial – Classe do Mérito Comercial, o Dr. Miguel Neiva e o Mestre Miguel Pina Martins; por fim, com a Ordem do Mérito, o Dr. António Travassos, o Dr. João Pedro Mendes de Almeida Lopes, o Eng. António Manuel Leitão Borges, o Dr. Francisco José da Conceição Espadinha, Hernâni Almeida, o Dr. José Mário de Almeida Cardoso, a Dra. Maria Teresa Osório Mesquita Montes, o Dr. Miguel Pavão, a ANAFRE – Associação Nacional de Freguesias e o Centro Cultural “Os Serranos”. O Presidente da República também agraciou cidadãos estrangeiros e personalidades da diáspora portuguesa com condecorações. A respeito dos portugueses que se encontram fora do país, Cavaco Silva chamou-lhes “verdadeiros embaixadores da
48 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
➤
➤
portugalidade” e disse que constituem “uma das
grandes vantagens competitivas” de Portugal. “Conheci e contactei com portugueses notáveis, uma verdadeira comunidade de talentos que muito nos orgulha e enriquece como Nação”, confessou Cavaco Silva, numa declaração destinada precisamente aos emigrantes portugueses num dia que também os homenageia. Lamego, cidade com cerca de 27 mil habitantes que já fazia parte das fronteiras originais do Condado Portucalense, foi por um dia a capital de Portugal. Depois das cerimónias, Cavaco Silva acedeu ao convite do Presidente do município para um almoço na Quinta da Pacheca. O Presidente da República não deixou de falar na importância da redescoberta do interior, com o apoio do programa de fundos comunitários Portugal 2020: “devemos mapear os valores endógenos de cada lugar do interior, mobilizar empresários, fomentar o empreendedorismo e atrair investimento”, lembrou Cavaco Silva. No seu último 10 de junho enquanto Chefe de Estado e depois de ter passado um ano sobre a saída da Troika de Portugal, as comemorações deste ano tiveram um tom de esperança. O Presidente da República diz que há, hoje, “razões fundadas para encararmos o futuro com mais otimismo e mais confiança”.
n
Gonçalo Coelho
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 49
Esperança e otimismo na celebração de Portugal
Discurso do Presidente da República Sessão Solene das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas
Comemoramos hoje o Dia de Por-
juntos, todos, para comemorar
pela crítica destrutiva sem apre-
tugal, de Camões e das Comuni-
uma Pátria que existe devido a
sentar soluções ou alternativas,
dades Portuguesas.
uma razão: a vontade de vencer
devemos mostrar o exemplo do
Celebramos Portugal na nobre
do nosso povo.
nosso povo, que ao longo da
cidade de Lamego, cujas raízes
Somos um Estado soberano e
História sempre conseguiu vencer
milenares são bem testemunho
independente porque, mesmo nas
adversidades e encontrar cami-
da nossa identidade coletiva,
alturas mais difíceis, em tempos
nhos de futuro.
forjada durante séculos.
de graves crises, não nos deixá-
Se os nossos antepassados se
Celebramos Portugal neste ponto
mos abater pelo desânimo e pelo
tivessem deixado abater pelo
de observação privilegiado do
pessimismo.
pessimismo, teríamos baixado
que somos como nação europeia
Comemoramos o Dia de Portugal
os braços, voltando as costas
e como comunidade de destino
porque nunca perdemos a con-
ao Atlântico e aos mundos que
dispersa pelas sete partidas do
fiança num futuro melhor.
demos ao Mundo.
Mundo.
Alguns têm a tendência para não
Se nos tivéssemos resignado,
Ao longo da sua História multis-
acreditar no futuro, para duvidar
não teríamos resistido aos in-
secular, Portugal viveu tempos de
da capacidade e da força do nos-
vasores estrangeiros nem tería-
abundância e de acalmia que al-
so povo. Há mesmo quem faça da
mos conquistado a liberdade e a
ternaram com períodos de escas-
crítica inconsequente um modo
democracia.
sez e de convulsões profundas.
de vida, um triste modo de vida.
Mas aqui estamos hoje, neste
Aos que preferem dizer mal de
Portugueses,
Dia de Portugal. Aqui estamos,
tudo e de todos, aos que optam
Portugal viveu recentemente
50 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
➤
sociedade, posso, neste Dia de
para uma Economia Dinâmica»,
que tivemos de enfrentar deixou
Portugal, dar testemunho dos
tenho tido contacto com múltiplas
sequelas profundas em muitos
sinais de confiança no futuro que
empresas industriais de dimensão
Portugueses, algumas das quais
tenho encontrado junto de empre-
intermédia, empresas que soube-
ainda persistem. Os níveis de
sários, trabalhadores e parceiros
ram adaptar a sua produção às
desemprego mantêm-se dema-
sociais, jovens empreendedores,
exigências dos novos mercados,
siado elevados. Muitas famílias
cientistas e académicos, autar-
com um impacto muito positivo
continuam privadas de um nível
cas, instituições de solidarieda-
na criação de emprego local, na
de vida digno.
de e comunidades portuguesas
capacidade exportadora do País
Com o esforço e sacrifício de
dispersas pelo Mundo.
e no crescimento económico.
todos, ultrapassámos a situação
De igual modo, podem colher-se
Emergem também sinais de espe-
de quase bancarrota a que o
sinais de confiança no futuro do
rança da cultura de responsabili-
País chegou no início de 2011 e,
nosso País observando a nova
dade que impera na generalidade
nos últimos tempos, tem vindo
atitude dos nossos parceiros
dos parceiros sociais, um ativo da
a verificar-se uma recuperação
europeus e dos investidores e o
maior relevância para a realiza-
gradual da nossa economia e da
comportamento dos mercados
ção das reformas indispensáveis
criação de emprego.
financeiros.
ao reforço da coesão social e de
Os Portugueses foram exempla-
Os empresários e os agentes
competitividade das empresas
res na atitude, na coragem e no
económicos não se acomodaram
portuguesas.
sentido de responsabilidade.
nem se resignaram. Desde logo,
Aqui, junto ao Vale do Douro,
Portugal tem hoje motivos de es-
importa sublinhar o aumento de
onde se reúnem de forma parti-
perança num futuro melhor.
10 pontos percentuais do peso
cularmente frutuosa alguns dos
Se, para além da estabilidade
das exportações na produção
melhores vinhos do Mundo, uma
política e da governabilidade do
nacional, entre 2010 e 2014. Um
gastronomia de exceção e paisa-
País, forem asseguradas orienta-
valor como este atinge-se com
gens de ímpar beleza, não posso
ções de política económica que
trabalho e coragem, e não com
deixar de sublinhar o sucesso dos
permitam a realização de quatro
descrença ou conformismo.
operadores turísticos na melhoria
grandes objetivos, estou certo
Nos encontros que frequentemen-
e diversificação da oferta, que se
de que poderemos olhar o nosso
te mantenho com os nossos em-
tem traduzido em múltiplas dis-
futuro coletivo com confiança,
presários, tenho constatado a sua
tinções internacionais atribuídas
independentemente de quem
firme determinação em aumentar
ao nosso País e, sobretudo, no
governe. Esses quatro grandes
a produção de bens e serviços de
número recorde de visitantes que
objetivos são: em primeiro lugar,
qualidade, capazes de ombrear
procuram Portugal como destino.
o equilíbrio das contas do Estado
com os melhores do Mundo e de
Os empresários e os trabalhado-
e a sustentabilidade da dívida
conquistar novos mercados.
res, verdadeiros heróis a quem
pública; em segundo lugar, o
Destaco a aposta no conheci-
Portugal tanto deve na ultrapas-
equilíbrio das contas externas e
mento e na inovação que tem
sagem da recente crise, poderão
o controlo do endividamento para
sido realizada pelas empresas
agora olhar o futuro com melho-
com o estrangeiro; como terceiro
portuguesas, as quais, em alguns
res perspetivas.
grande objetivo, a competitivida-
sectores, são líderes europeias
Aumentou significativamente o
de da nossa economia face ao
na produção de bens e de tecno-
número de jovens empreende-
exterior; e finalmente, um nível
logias. Registo o extraordinário
dores que, nas mais diversas
de carga fiscal em linha com os
aumento do número de empre-
áreas, mostram a sua ambição e
nossos principais concorrentes.
sas que satisfazem os exigentes
vontade de vencer. São jovens de
Só desta forma será possível as-
critérios de seleção para integrar
coragem que, desafiando o risco,
segurar o crescimento económico
a rede PME Inovação da COTEC,
abraçam uma ideia inovadora
e a criação de emprego.
associação a cuja Assembleia
e procuram transformá-la numa
Pelos meus contactos com os
Geral tenho a honra de presidir.
atividade rentável, criadora de
mais diversos sectores da nossa
Através da iniciativa «Roteiros
emprego. São o fermento de uma
➤
tempos muito difíceis. A crise
➤
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 51
Esperança e otimismo na celebração de Portugal
dos laboratórios e dos centros
o papel essencial que as autar-
mica, orientada para o mercado
de investigação, e a qualificação
quias tiveram no apoio aos mais
global, que aposta na inovação
e o talento das novas gerações,
atingidos pela crise. O esforço do
e que sabe que o sucesso não
dão-nos motivos de confiança no
poder local juntou-se a uma rede
pode basear-se em subsídios
nosso futuro coletivo.
imensa de instituições e voluntá-
ou privilégios concedidos pelo
Sinais de confiança resultam
rios que, pela sua ação em prol
Estado.
também da ação desenvolvida
dos mais vulneráveis da socie-
Permitam-me que destaque os
pelos nossos autarcas, a quem é
dade, conquistaram a admiração
jovens agricultores que assumem
devida uma palavra de reconheci-
dos Portugueses. Posso testemu-
a gestão de empresas familiares
mento pelo trabalho feito.
nhar o trabalho verdadeiramente
e lhes dão novos rumos, aplican-
Pelos meus frequentes contactos
excecional que foi feito pelas
do técnicas inovadoras e conse-
com Presidentes de Câmara de
instituições de solidariedade e
guindo melhorias significativas da
todo o País, posso afirmar que
por milhares de cidadãos, com
produtividade. Devemos saudar
o poder local, uma das grandes
dedicação e generosidade exem-
e incentivar este sangue novo
conquistas do Portugal democrá-
plares.
que está a chegar às explorações
tico, dispõe hoje de uma nova ge-
Destaco ainda, a este propósito,
agrícolas e que contribui já, de
ração de autarcas que conhecem
os agentes económicos que, em
forma significativa, para o cresci-
os problemas das suas terras e
resposta a um apelo que lhes
mento das exportações do sector
das suas gentes, mas possuem
dirigi, se congregaram em torno
e para a redução do nosso défice
uma perspetiva mais abrangen-
da associação “Empresários para
alimentar.
te e integrada dos desafios que
a Inclusão Social” no combate ao
Noutro domínio, o do ensino
emergem no quadro da União Eu-
abandono e ao insucesso esco-
superior e da investigação cientí-
ropeia. O País possui atualmente
lar.
fica, temos assistido a um au-
um poder autárquico dinâmico,
As nossas comunidades disper-
mento significativo da quantidade
informado e motivado.
sas pelo Mundo, que saúdo com
e da qualidade da nossa produ-
Sou testemunha de que os au-
especial afeto, um dos ativos
ção académica. Ainda recente-
tarcas são hoje agentes ativos
estratégicos do País, são uma
mente, há poucos dias, cem mil
do desenvolvimento económico e
razão acrescida para termos con-
engenheiros químicos de toda
social do País. Empenhados no
fiança no futuro.
a Europa elegeram um jovem
fortalecimento da base produtiva
Nos encontros que tenho realiza-
português como o melhor inves-
dos seus municípios e na criação
do com os Portugueses e Luso-
tigador europeu na sua área de
de emprego, promovem a capta-
-descendentes da diáspora, tenho
especialização. Não se trata de
ção de investimento, o apoio à
constatado a sua firme vontade
um caso isolado; exemplos como
competitividade das empresas,
de contribuir para o desenvolvi-
este ocorrem frequentemente,
a difusão da cultura do em-
mento do País e para vencermos
sendo os cientistas nacionais dis-
preendedorismo e da inovação,
os desafios que temos à nossa
tinguidos pela excelência do seu
o aproveitamento dos recursos
frente.
trabalho e das suas pesquisas.
das suas regiões, a preservação
O Conselho da Diáspora Por-
Na economia global, onde impera
do ambiente e a recuperação do
tuguesa, constituído sob o meu
uma forte concorrência, o futuro
património histórico e cultural.
patrocínio e que reúne Portugue-
passa muito pela boa articulação
Cabe agora às autarquias desem-
ses que, nos países onde vivem,
entre a educação, a investiga-
penhar o papel catalisador indis-
se destacam pelo seu mérito nas
ção e a inovação, por um lado,
pensável ao bom aproveitamento
áreas da ciência, da cultura, da
e a atividade das empresas, por
dos recursos disponibilizados
economia e da cidadania, tem
outro. A esta prioridade nacio-
pelo programa “Portugal 2020”,
vindo a contribuir para a difusão
nal dediquei várias jornadas dos
contribuindo para a redução das
da imagem positiva de Portugal,
meus “Roteiros” pelo País.
assimetrias territoriais de desen-
dando a conhecer ao Mundo as
A ação das nossas universidades
volvimento.
realizações e as potencialidades
e institutos politécnicos, a par
Vale a pena lembrar, igualmente,
do nosso País.
➤
classe empresarial mais dinâ-
52 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
➤
todos os pontos do globo afluem
o caminho de solicitar o auxílio
e dos contactos que mantenho
notícias de dramas humanitários,
do exterior. E nem todos conse-
com governantes, representantes
alguns dos quais bem perto de
guiram, como Portugal, Irlanda e
de instituições internacionais e
nós, Portugal atravessou, sem
Espanha, ultrapassar as dificul-
investidores estrangeiros, posso
sobressaltos profundos, um dos
dades.
assegurar como se alterou, em
mais exigentes períodos da sua
Na aplicação do programa de
sentido positivo, a atitude em
História recente.
assistência financeira, fomos
relação a Portugal. Somos vistos
É certo que, no passado, na
obrigados a fazer grandes sacri-
como um destino atrativo e, aci-
primeira década da nossa demo-
fícios. A dado passo, foi neces-
ma de tudo, como um destino em
cracia, o Estado português se
sário alertar para a existência de
que se pode confiar.
vira já, por duas vezes, obriga-
limites aos sacrifícios impostos
Somos elogiados pela correção dos
do a recorrer ao auxílio externo
aos Portugueses. Por outro lado,
graves desequilíbrios económicos
de emergência. Na memória de
chegou a existir o risco de o País
e financeiros que quase levaram
muitos ainda existe a recordação
entrar numa espiral recessiva.
o País a uma situação de rutura,
da pesada fatura que tivemos de
Felizmente, conseguimos pôr-lhe
pelas reformas levadas a cabo para
suportar, quando à crise eco-
cobro.
a melhoria da competitividade das
nómica se associou uma crise
Nesse tempo, foi necessário dar
empresas, pelo caminho de cres-
social com fortes tensões e uma
voz aos que não tinham voz – aos
cimento económico e criação de
elevada conflitualidade, por vezes
desempregados, aos excluídos,
emprego que temos vindo a trilhar,
muito violenta.
aos reformados e pensionistas.
pelo cumprimento das regras de
Agora, diferentemente do que
É certo que ainda temos um
disciplina orçamental que aprová-
ocorreu nas intervenções exter-
longo caminho a percorrer. Mas
mos no âmbito da União Europeia.
nas do passado, a crise econó-
existem hoje razões fundadas
As taxas de juro dos títulos da dívida
mica e social surgiu num tempo
para encararmos o futuro com
pública portuguesa desceram muito
em que as expectativas de bem-
mais otimismo e mais confiança.
significativamente. Portugal é reco-
-estar são muito mais elevadas
Da mesma forma que nunca vendi
nhecido como um destino competi-
do que há trinta ou quarenta
ilusões ou promessas falsas aos
tivo para o investimento estrangeiro
anos. A qualidade de vida dos
Portugueses, digo claramente:
e os nossos recursos humanos são
portugueses aumentou de uma
não contem comigo para semear
procurados e valorizados. A quali-
forma significativa, os padrões
o desânimo e o pessimismo quan-
dade dos produtos portugueses é
e os hábitos de consumo altera-
to ao futuro do nosso País. Deixo
apreciada em mercados particular-
ram-se, as legítimas ambições
isso aos profissionais da descren-
mente exigentes.
dos cidadãos tornaram-se mais
ça e aos profetas do miserabilis-
Por outro lado, no âmbito da
vastas.
mo.
União Europeia, reforçada que
Foi neste contexto que, após uma
Se fizermos o que nos compete
foi a capacidade para enfrentar
década de reduzido crescimen-
– e ninguém o fará por nós –, se
crises financeiras e de supervi-
to económico, Portugal chegou
assegurarmos a estabilidade po-
são dos Estados-membros, existe
a uma situação que qualifiquei
lítica e a governabilidade, se de-
agora um claro empenho numa
como «explosiva». Em maio de
finirmos, num horizonte de médio
agenda de crescimento económi-
2011, fomos obrigados a recorrer
prazo, uma linha de ação favo-
co e de criação de emprego.
ao auxílio do exterior para satis-
rável ao crescimento económico,
São sinais positivos que nos che-
fazer as necessidades de finan-
à criação de emprego, à susten-
gam do exterior e que contribuem
ciamento do Estado e da eco-
tabilidade das finanças públicas
para reforçar a nossa confiança
nomia. Sem o apoio externo, o
e à promoção da justiça social,
no futuro de Portugal.
País teria entrado numa situação
poderemos festejar este dia que é
de rutura, com consequências
o nosso, o Dia de Portugal e dos
Portugueses,
sociais catastróficas. Aliás, não
Portugueses, com confiança no
Num tempo marcado por tantas
é por acaso que outros países
futuro.
incertezas, em que de quase
da zona euro também seguiram
Muito obrigado.
➤
Das minhas visitas ao exterior
n
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 53
Esperança e otimismo na celebração de Portugal
Discurso da Presidente da Comissão Organizadora das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, Prof.ª Doutora Elvira Fortunato Hoje faz precisamente 135 anos que foi comemorado pela primeira vez o dia 10 de Junho, como Dia de Portugal, celebrando-se a história da nação mais antiga da Europa e prestando simultaneamente homenagem ao príncipe de todos os poetas: Luís Vaz de Camões. No último ano do seu mandato, o Senhor Presidente da República quis homenagear e lembrar mais uma vez a riquíssima história de Portugal, tornando a cidade de Lamego testemunha viva do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Contam as lendas, e por vezes as lendas também são história, que se realizaram aqui as célebres cortes de Lamego que elegeram D. Afonso Henriques como Rei de Portugal. Se é verdade ou não, não sabemos, contudo sabemos que Lamego com o passar dos séculos foi ganhando cada vez mais importância para a qual muito contribuiu o incremento do comércio do vinho generoso do Douro, tendo sido criadas, pelo Marquês de Pombal, a Região Demarcada do Douro e a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do
inclusivamente resistido heroicamen-
últimos 41 anos. Podemos dizer que
Alto Douro.
te a uma cilada. D. Miguel de Portu-
o caminho percorrido ainda é curto,
Nesta ocasião, e porque estamos
gal morreu em Lisboa em 1644, com
mas os resultados já alcançados
em Lamego, não podíamos deixar
a consciência do dever cumprido e
demonstram que estamos no cami-
de lembrar uma das personagens
com a certeza de ser um Português
nho certo e um país que não aposte
mais importantes desta cidade e de
de um Portugal independente.
no conhecimento e desenvolvimento
Portugal: D. Miguel de Portugal. Foi
É com a grandeza destes homens
científico é um país que vai ficar
há precisamente 374 anos que D.
que se fez e se continua a fazer a
pobre para sempre!
Miguel de Portugal, Bispo de Lame-
história de um país e são eles que
E porque estamos a falar de Ciência,
go, foi nomeado “embaixador ex-
nos fazem unir num sentimento co-
não podia hoje deixar de recordar o
traordinário” e enviado a Roma por
mum da nossa diáspora, em particu-
Prof. José Mariano Gago, que nos
D. João IV com o objectivo de obter
lar no Dia de Portugal, de Camões e
deixou no passado dia 17 de Abril,
o reconhecimento do Papa Urbano
das Comunidades Portuguesas.
e que teve a visão e a ousadia de
VIII para a independência de Portu-
É para mim uma grande Honra po-
fazer uma aposta na área da Ciên-
gal, conseguida a 1 de Dezembro de
der estar hoje aqui, e se me é permi-
cia, como mola motora do desen-
1640. Muito embora não tenha con-
tido gostava de agradecer ao Senhor
volvimento e criadora de riqueza
seguido ter sido recebido pelo Papa
Presidente da República neste seu
substantiva. Se calhar, eu hoje estou
face a todos os problemas vividos
décimo 10 de Junho, ter querido
aqui devido a ele. Teve um papel in-
na altura com o Reino de Castela,
assinalar e reconhecer desta forma
terventivo e muito assertivo na área
sabe-se que enfrentou com grande
a Ciência e o Conhecimento, que se
da ciência, não só em Portugal mas
coragem vários obstáculos, tendo
foram alicerçando em Portugal nos
também na Europa. Esteve na
54 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
➤
tugal conseguiu nestes últimos anos
é sobretudo um incentivo a que
Europeu de Investigação, destinado
dar um salto quantitativo e qualita-
continuem o bom trabalho e a que
a apoiar a investigação de alto nível,
tivo na área da formação de jovens
continuem a ser relevantes na nossa
➤
génese da criação do Conselho
através da atribuição de bolsas a
recursos humanos extremamente
sociedade, dando o seu melhor e al-
cientistas de topo de qualquer nacio-
especializados e competentes, e que
mejando estar ao nível dos melhores
nalidade. Este movimento foi lidera-
muitos deles estão a ficar esquecidos.
que nos antecederam.
do pela Iniciativa para a Ciência na
Não podemos desperdiçar esta mais
O dia de Portugal, de Camões e das
Europa, dirigida então por Mariano
valia e há que tirar retorno do grande
Comunidades Portuguesas faz-nos
Gago.
investimento que foi feito, caso contrá-
sentir grandes e, acima de tudo,
Para além da política científica, Ma-
rio outros farão isso por nós. Não
transporta-nos até às memórias dos
riano Gago criou, na minha opinião,
podemos deixar que jovens altamente
nossos navegadores, que há 500
o que de melhor se fez em Portugal
especializados abandonem Portugal.
anos mostraram ao mundo a garra,
em prol da Divulgação Científica,
Podem fazê-lo por opção mas não
determinação e brio em chegar mais
que foi o Ciência Viva. Com o pro-
por obrigação. Mais, devemos saber
longe. Fomos os maiores empreen-
grama Ciência Viva, nas suas várias
cativa-los e fazer com que os cria-
dedores, assim como tivemos a
vertentes, foi e é possível levar a
dores e empreendedores potenciem
melhor escola de engenharia à data,
ciência à escola, levar a ciência aos
todo o seu dinamismo a construir um
descobrimos o mundo e mostrámos
cidadãos, levar a ciência à socieda-
Portugal de futuro que queremos e
ao mundo que mesmo sendo um
de. Por tudo isto, obrigada Mariano
ambicionamos para todos.
país pequeno, conseguimos ser
Gago, a Ciência ficou muito mais
A criação de valor através do Co-
grandes.
rica e agradece tudo o que conse-
nhecimento é hoje um dos ativos
Temos hoje, como tivemos no pas-
guiu fazer.
mais importantes do nosso País. O
sado, Portugueses que se destacam
Gostaria aqui de destacar algumas
nosso futuro passará pela transfe-
entre os melhores do mundo nas
áreas (e perdoem-me por não fazer
rência das qualificações dos nossos
mais distintas áreas. E devemos
referência a todas) em que investi-
jovens para as empresas, para que
sentir um orgulho sem limites nestas
gadores portugueses contribuíram
produzam resultados concretos na
gerações que marcam o nosso quoti-
de forma decisiva, quer em sectores
criação de técnicas e de produtos
diano, dando-lhes todas as oportuni-
mais emergentes como seja o caso
inovadores, estimulando a economia
dades para que possam alcançar o
das ciências farmacêuticas com o
e a criação de emprego.
sucesso.
desenvolvimento de novos produtos,
A nossa maior e quiçá única riqueza
E porque a poesia é o alimento da
ou na área dos materiais multi-fun-
são as pessoas. Não temos ouro,
alma, não posso deixar de invocar
cionais avançados para uma miríade
petróleo nem diamantes, mas temos
Fernando Pessoa, com este poema:
de aplicações trans-sectoriais, que
um legado para deixar às novas
Para ser grande, sê inteiro: nada
vão das tecnologias de informação
gerações, legado esse que pode
Teu exagera ou exclui.
à área da saúde, tornando possí-
ficar seriamente comprometido, pois
Sê todo em cada coisa. Põe quanto
vel muitas das aplicações que hoje
a universidade no seu todo está
és
conhecemos, como mostradores
demasiado envelhecida, não tem
No mínimo que fazes.
interactivos ou sistemas de teste e
havido rejuvenescimento nos últimos
Assim em cada lago a lua toda
diagnóstico avançados, ou mesmo
anos, e vai chegar uma altura em
Brilha, porque alta vive.
em sectores mais tradicionais onde
que grande parte do conhecimento
Portugal tem uma história da qual
a investigação e tecnologia tiveram
construído durante as últimas gera-
nos orgulhamos, e a história não se
um papel decisivo, como seja o caso
ções não será transmitido às futuras.
apaga, antes pelo contrário, faz-nos
da indústria do calçado, renascendo
Peço a quem de direito que não
recordar que nunca deixaremos de
uma outra indústria competitiva em
vacile nesta aposta de futuro: nos
ser Grandes no presente e no futuro.
termos internacionais, ou mesmo
jovens, nos portugueses!
Parafraseando João Bénard da
no caso da indústria do vinho, onde
Hoje o Senhor Presidente da Repú-
Costa:
para se manter a qualidade secular
blica vai distinguir um conjunto de
“Senhor Presidente: muito obrigada
adquirida há que recorrer à investi-
jovens que se destacaram em di-
por me ter dado a palavra
gação e tecnologia.
versas áreas: na Ciência, nas Artes,
Minhas Senhoras e Meus Senhores:
E porque estamos a falar de futuro,
na Agricultura e no Empreendedo-
muito obrigada por me terem escu-
não nos podemos esquecer que Por-
rismo Social. Este reconhecimento
tado.”
n
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 55
DIPLOMACIA NA 1ª PESSOA
Philippe Jones Lhuillier Embaixador das Filipinas por Maria de Bragança Diplomata e empresário Philippe Jones Lhuillier é o mais alto representante das Filipinas em Portugal. Geograficamente muito distantes mas unidos por uma história rica e pela viagem de Fernão de Magalhães à volta do mundo. Assume o seu papel com a mais apaixonada intenção de reestabelecer a ligação entre os dois países. Amante de ténis e detentor de uma contagiante boa disposição, é casado e pai de sete filhos igualmente bem-sucedidos.
56 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
Que diferenças encontra entre o
africanos de língua portuguesa.
pensamos nos vinhos franceses. É
trabalho que desempenhou na
Acha que as Filipinas são um bom
preciso, portanto, educar as pes-
Itália e aquele que está a realizar
país para viver?
soas e habituá-las a procurar outras
agora em Portugal?
Sim. As Filipinas são hoje um dos
opções no que respeita ao vinho.
Fui Embaixador em Itália durante 11
Novos Tigres Asiáticos. Desenvol-
Portugal precisa de promover agres-
anos. Era um cargo extremamente
vemo-nos imenso nos últimos anos,
sivamente a sua marca.
importante tendo em conta que é um
temos cerca de 100 milhões de
O que espera alcançar com esta
país com uma enorme comunidade
habitantes, e 15 milhões de filipinos
sua passagem por Portugal?
de filipinos, são mais de 200 mil. Em
que vivem fora do nosso país. Estas
Estou aqui para aprender. O anterior
Portugal há apenas cerca de dois mil
pessoas enviam cerca de 25 mil
Embaixador foi espetacular mas teve
filipinos. Os números são diferentes,
milhões de dólares em remessas.
de sair por estar próxima da idade de
mas a Diplomacia é a mesma. O
São pessoas que saem do país
reforma. Eu vim com a ideia de que
meu maior objetivo ao aceitar este
de origem, mudam-se para locais
não ficaria demasiado tempo por-
cargo era o de voltar a aproximar
longínquos à procura de trabalho e
que não sigo a habitual carreira de
Portugal e as Filipinas. Sinto que
depois enviam para as suas famílias
Embaixador. Não pertenço a nenhum
nos esquecemos um do outro, e
aquilo que ganham para as ajudar. E
partido político. Estou em serviço
temos uma ligação que remonta aos
este é um motivo de orgulho! Estou a
há 18 anos, e é muito interessante.
tempos de Fernão de Magalhães.
tentar abrir portas e estabelecer con-
Estou muito feliz por ter sido coloca-
Acredito que Portugal pode vir a ser
tactos para futuros negócios entre
do em Portugal. Estou a ensinar a
muito importante para as Filipinas
as Filipinas e os demais países. Aqui
minha Embaixada a pensar como eu
e vice-versa. Mas ainda existem
em Portugal, por exemplo, já falei
penso, porque só dessa forma será
desafios. O primeiro deles é que não há uma Embaixada portuguesa nas Filipinas, e isso dificulta o estabelecimento de relações e de contactos. Houve uma Embaixada portuguesa no meu país, mas foi encerrada. Da mesma forma que não havia Embaixada filipina em Portugal até dois anos antes de eu ter vindo. Houve
possível concretizarmos os nossos
"
QUERO ABRIR UM CAMINHO ENTRE OS DOIS PAÍSES PARA ESTABELECER UMA TROCA E RELAÇÃO QUE SEJAM MUTUAMENTE BENÉFICAS
"
sempre algum descrédito, mas eu
objetivos. Juntei-me ao Governo porque o apoio e porque, enquanto empresário, fui bem-sucedido. Quero oferecer o meu tempo ao Governo, quero fazer o possível para melhorar o meu país. Dezoito anos a representar e a ajudar um país, portanto acho que vai chegar o momento em que voltarei para casa para gerir os
disse “Enviem-me para Portugal e
com a Vista Alegre. Vou ter uma reu-
meus negócios.
mostrarei como pode ser importante
nião com eles para ver que produtos
Quando pensa retirar-se da sua
para as Filipinas”. E até agora tenho
poderemos vender nas Filipinas. Por
função de Embaixador?
provado que tinha razão. Não só por
vezes questionam-me por que razão
Mais um ano, em princípio. Estou de-
Portugal e pela sua importância, mas
promovo Portugal nas Filipinas tanto
pendente do resultado das próximas
pela importância de Portugal como
como as Filipinas em Portugal. Ape-
eleições [30 de junho de 2016] e da
porta de entrada para os países de
nas quero abrir um caminho entre os
vontade do próximo Presidente. Eu
língua oficial portuguesa. Estamos
dois países para estabelecer uma
acredito que a nossa vida se compõe
a trabalhar muito para estreitar as
troca e relação que sejam mutua-
por capítulos. Eu sou filho, marido,
relações entre os dois países. É
mente benéficas.
pai, empresário, e agora sou Embai-
necessário! Os filipinos conhecem e
E não pensa em apostar, por
xador.
adoram Fátima, por exemplo!
exemplo, no vinho português?
O que é que prefere em Portugal?
A CPLP. Já pensaram em ingres-
Infelizmente não temos um bom
Acho que o povo português é
sar na CPLP, como país observa-
distribuidor de vinhos nas Filipinas.
fantástico. As pessoas são muito
dor?
Estou à procura de um que seja
simpáticas. Sinto-me em casa. Nas
As autoridades filipinas estão a
bom. Ainda assim, há outro desafio.
Filipinas temos uma cultura latina,
discutir essa possibilidade. Estão
Quando pensamos em vinho, e mais
e eu estive em Itália, o berço dessa
também a discutir a possibilidade de
concretamente em vinho barato,
cultura, com milhares de filipinos
dar ao Embaixador em Portugal o
pensamos em Espanha ou no Chile.
que lá viviam. Tive de conhecê-los,
poder de lidar com alguns dos países
Quando pensamos em vinho caro,
falar com eles, viver como eles. E
➤
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 57
Philippe Jones Lhuillier
➤
por isso foi fácil adaptar-me cá. O
com Portugal e com a União Euro-
clima é maravilhoso. A gastronomia
peia para isso acontecer.
é também muito boa.
Portugal tem uma coisa que os ou-
E o que prefere nas Filipinas?
tros países da União Europeia não
Sou um Filipino, portanto adoro o
têm: o mar. Em Portugal fala-se
povo filipino! Toda a minha família
português, mas no Brasil também,
está lá. Estou a tentar impulsionar o
em Cabo Verde…
turismo nas duas direções e a fazer
Uma das primeiras coisas que
com que os filipinos vejam Portugal
fiz quando cheguei a Portugal foi
com maior interesse. Infelizmente,
concretizar uma parceria entre a vila
o nosso orçamento para este tipo
de Sabrosa, onde nasceu Fernão
de publicidade é muito reduzido. O
de Magalhães, e a cidade filipina de
parceiro de turismo nas Filipinas não
Cebu, onde ele morreu. Agora são
está tão focado na Europa pois pre-
cidades geminadas. O Presidente
fere apostar em destinos asiáticos,
de Sabrosa, o doutor José Manuel
que são mais próximos e baratos. É
de Carvalho Marques, está a or-
claro que se tivéssemos uma Phi-
ganizar uma celebração em forma
lippine Airlines ou uma TAP a voar
de roteiro pelos lugares por onde
diretamente para os dois lados seria
Magalhães passou (Brasil, Argentina,
muito melhor. Mas temos tempo para
entre outros tantos). Vai acontecer
mudar esta situação. Roma não foi
entre 2018 e 2022, porque Fernão
feita num dia… A minha filosofia de
de Magalhães morreu em 1521. Os
vida passa muito por conhecer novas
Presidentes dos municípios desses
pessoas e trocar ideias com elas.
lugares estão até reunidos numa
Aprende-se mais assim do que lendo
associação, a Rede Mundial das
um livro. Em outubro vou um mês e
Cidades Magalhânicas.
meio para as Filipinas e trarei comigo
Em Portugal parece que há um ví-
alguns produtos. Uma das minhas
cio pelas tecnologias. As pessoas
maiores ideias um ponto central de
compram constantemente novos
passagem dos produtos Filipinos
telefones e aparelhos. Nas Filipi-
para a Europa e para os países de
nas há também esta loucura?
língua portuguesa. Portugal será,
Nas Filipinas há onze empresas que
de facto, o nosso showroom perma-
são muito avançadas a esse nível, e
nente. Os outros países poderão ver
nós tentamos reuni-las para retirar o
quem somos e o que temos. Há 15
melhor de cada uma e exportar. Uma
anos desenvolvi esta ideia em Itália e
coisa que me impressionou em Por-
agora vou deslocá-la para Portugal.
tugal foi a incubação de tantas start-
Estou muito otimista!
-ups, aqui em Lisboa, Braga, Évora e
Como estão as Filipinas em ter-
Aveiro. Estou a tentar organizar start-
mos tecnológicos?
-ups filipinas para se juntarem às de
Estão muito bem! O nosso nível de
Lisboa. E também estou a trabalhar
tecnologias de informação tem subi-
em mais geminações: Lisboa com
do nos rankings e já ultrapassámos
Manila, Coimbra com Dumaguete, e
inclusivamente a Índia no que respei-
também quero ligar Braga a uma das
ta à indústria dos call centers. Temos
nossas cidades.
resorts de casinos que são, talvez,
As Filipinas não pensam em ex-
des. Faz roupas de grande qualidade
melhores do que os de Macau. Te-
portar tecnologia para Portugal,
e, só nas Filipinas, emprega oito mil
mos mais de sete mil ilhas. O turismo
além dos produtos manufaturados
pessoas. Um dia recebi uma chama-
está aberto ao investimento estran-
que enviam para aqui?
da deles a perguntar-me como era
geiro. Mas há ainda muita coisa que
Talvez não saiba, mas há uma em-
Portugal e se era um bom sítio para
podemos desenvolver. E contamos
presa filipina a funcionar em Pare-
investir. Respondi que era. E eles
58 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
➤
vieram para cá, procuraram um
que estão felizes e que planeiam
para tentar concretizar esse meu ob-
local em Paredes com o apoio da
aumentar o número de empregados.
jetivo. Os meus primeiros oito meses
Câmara e abriram a fábrica. Agora
Além disso, espero que possamos
cá foram passados a percorrer o país
empregam 200 funcionários. Tudo
fazer intercâmbios a nível escolar.
em encontros e reuniões.
isto em dois anos. Tornei-me amigo
Fazer troca de talentos. Já tive en-
Que relação mantem com os habi-
do dono da empresa e ele diz-me
contros com Presidentes de câmaras
tantes do seu país de origem?
➤
➤
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 59
Philippe Jones Lhuillier
Em Itália, ia todos os domingos
anos, era conhecido por “o filipino
No primeiro ano, tivemos apenas cer-
visitar pelo menos três comunidades,
mais feliz”. A cada dois anos, faze-
ca de 300 candidaturas. No segundo
para lhes agradecer. Davam-me
mos um concurso para procurar o
ano, 13.000 filipinos competiram pelo
sempre comida em troca. O típico
“Pinoy” (filipino) mais feliz. A Procu-
título de Happiest Pinoy e este ano,
filipino prepara uma refeição para as
ra do Filipino Mais Feliz (Search for
estou muito feliz por anunciar que
visitas poderem depois levar. O meu
the Happiest Pinoy) é uma campa-
recebemos mais de 280.000 candi-
motorista está sempre preparado
nha nacional de Cebuana Lhuillier
daturas.
➤
com uma mala de plástico. Este ano, decidi não abrir as comemorações do nosso Dia Nacional ao público. Quis ser diferente. Convidei os filipinos que estão em Portugal para passar algum tempo num bom hotel. Prefiro gastar o meu dinheiro e investir o orçamento de que disponho com eles. Afinal, este é o dia deles. Esse é um gesto muito bonito da sua parte.
"
Agora, tenho 35 mil a concorrer.
ESTOU A
O primeiro vencedor é hoje o meu
ENSINAR A MINHA EMBAIXADA A PENSAR
COMO EU PENSO, PORQUE SÓ DESSA FORMA SERÁ POSSÍVEL CONCRETIZARMOS OS NOSSOS OBJETIVOS
"
É porque eu amo o que faço. Faz-
porta-voz. E os seus filhos? Tenho sete filhos. É quase uma equipa de basquetebol, com treinador incluído. Um dos meus filhos é como eu, a 100%. Adora jogar ténis e é o responsável do Davis Cup nas Filipinas. Costuma convidar grandes nomes para irem lá jogar. Eu também jogo, mas a minha mulher
-me feliz. Se não estamos felizes,
que pretende promover os valores
é melhor do que eu! Mas desde que
só temos de esquecer aquilo que
do otimismo, resiliência, e o impacto
entrei na Diplomacia, deixei de jogar
estamos a fazer e seguir em frente.
positivo nos Filipinos no meio dos
devido ao pouco tempo que resta
Na minha empresa, há cerca de 10
diferentes desafios da vida.
para praticar.
60 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
n
DOSSIER
Uma Comunidade virada para o Futuro A Comunidade dos Países de
dos seus Estados-membros e de
rido no passado mês de junho,
Língua Portuguesa (CPLP) foi
um maior protagonismo na cena
em Maputo.
fundada a 17 de julho de 1996.
internacional.
No âmbito da atividade da Orga-
No próximo ano de 2016, por al-
O avanço da CPLP nos últimos
nização, a CPLP nasceu baseada
tura da XI Conferência de Chefes
anos tem-se pautado pelo ob-
na partilha de um passado históri-
de Estado, a realizar-se no Brasil,
jectivo de torná-la “mais sólida e
co comum e da afinidade cultural
vai comemorar o seu 20º aniver-
útil para os Estados-membros e
baseada na Língua Portuguesa.
sário. Passados dezanove anos
cidadãos, para posicionar a nossa
Foi um projecto pensado e so-
desde a sua criação, a CPLP tem
Comunidade ao nível das melho-
nhado por muitas personalidades,
vindo a ganhar protagonismo, fru-
res Organizações Internacionais”,
que ganhou um impulso defini-
to das actividades desenvolvidas,
afirmou o Secretário Executivo,
tivo nos anos oitenta através da
dos novos estágios de desen-
embaixador Murade Murargy,
articulação de José Aparecido de
volvimento económico e social
num encontro empresarial decor-
Oliveira, na altura ministro da
62 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
➤
Cultura da República Federati-
pelo estabelecimento de relações
va do Brasil. Depois dos sete paí-
com outras organizações interna-
ses fundadores – Angola, Brasil,
cionais, como a União Europeia,
Cabo Verde, Guiné-Bissau, Por-
União Africana, CEDEAO ou
tugal, Moçambique e São Tomé e
mesmo a OIF.
➤
Príncipe – acordarem, em 1989, a
Com especial significado ao nível
criação do Instituto Internacional
politico-diplomático, destaca-se
da Língua Portuguesa (IILP), a
também os convites endereçados,
CPLP ganha na cimeira de 1996,
desde a cimeira fundadora, à par-
em Lisboa, Portugal, formalizan-
ticipação da resistência timorense
do-se a criação da CPLP. No seu
antes da independência deste
acto constitutivo, os Chefes de
Estado-membro. Timor-Leste,
Estado declaram diversos prin-
independente, integra a Organi-
cípios, dando à CPLP um vasto
zação a 31 de Julho de 2002, na
leque de temas para poder atuar.
cimeira de Brasília.
Apesar de produzir anualmente
Nesta reunião de cúpula, mere-
um importante normativo institu-
cem ainda destaque os acordos
cional, de uma maneira muito sin-
assinados em matéria de circula-
tética podem-se destacar alguns
ção de determinadas categorias
momentos neste 19 anos de exis-
de pessoas, os quais tardam,
tência. Ao nível político-diplomáti-
ainda, em ser implementados na
co, desempenhou um papel deter-
sua plenitude, dificultado, desta
minante na crise na Guiné-Bissau
maneira, uma maior apropriação
em 1998/99 e, desde então, tem
do Espaço da Comunidade pelos
sido um ator internacional de
cidadãos dos seus Estados-mem-
relevo nas sucessivas situações
bros. Neste sentido, em julho de
de instabilidade verificadas neste
2015, a XX reunião de ministros
Estado-membro, pautando a sua
dos Negócios Estrangeiros e Re-
atuação pela defesa do Estado de
lações Exteriores, decorrida em
Direito e das instituições demo-
Díli, reiterou “a necessidade de
cráticas. A situação na Guiné-Bis-
acelerar a aplicação dos Acordos
sau justificou no passado e ainda
de Brasília e dos Acordos sobre
justifica, no presente, a presença
a Concessão de Visto para Estu-
de um Representante Especial
dantes Nacionais dos Estados-
da CPLP no terreno, enquanto
-membros da CPLP e sobre a
interlocutor privilegiado, com as
Cooperação Consular entre os
estruturas nacionais e outras
Estados-membros da CPLP, com
organizações internacionais igual-
vista a facilitar a circulação de
mente no país.
pessoas no Espaço da CPLP,
No plano da concertação, des-
etapa fundamental para tornar a
tacam-se ainda a permanente
Comunidade um espaço de afir-
defesa destes valores com o
mação da cidadania dos seus”.
envio de Missões de Observação Eleitoral às eleições nos Estados-
Uma Organização útil
-membros, a crescente capacidade de se fazer ouvir nos palcos
É neste caminho para tornar a
da ONU e de eleger altas perso-
Organização mais útil que surgem
nalidades dos seus países para
novos campos de atuação, recor-
cargos dirigentes do sistema das
rendo a uma postura mais espe-
Nações Unidas. De igual maneira,
cializada na Cooperação, traçando
tem também pautado a sua acção
nos últimos anos estratégias
´ Africa +
➤
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 63
Uma Comunidade virada para o Futuro
comuns para domínios de sobeja
zação de um estudo e reflexão
seus cidadãos. Tal facto ocor-
importância socioeconómica, como
sobre a Nova Visão Estratégica
re com o consenso gerado com
a Saúde, a Igualdade de Géne-
da CPLP. “Trata-se de uma nova
uma estratégia comum para a
ro ou os Oceanos, estes últimos
visão estratégica virada para o
Educação, realçando a formação
alavancadores de progresso pelos
futuro, que tenha em conta os
e a aquisição de competências
potenciais repositórios de recur-
paradigmas económicos, sociais,
como a base incontornável para o
sos marinhos e energéticos, pelo
culturais e tecnológicos contem-
Desenvolvimento, e um plano es-
turismo, transportes, investigação
porâneos neste mundo globaliza-
tratégico para o Ensino Superior,
científica e reforço de regiões
do”, afirmou o embaixador Murar-
Ciência e Tecnologia ambicionan-
costeiras.
gy. Assim, a CPLP coloca-se na
do a cooperação multilateral para
Por se vislumbrar uma CPLP que
busca de uma reforma institucio-
alcançar a comunidade acadé-
não é indiferente às tendências
nal que lhe permita ganhar corpo
mica e cientifica dos Estados-
de uma sociedade globalizada,
para consubstanciar os vastos
-membros, promovendo a inter-
tecnológica e exigente de susten-
preceitos da sua Declaração
nacionalização do Conhecimento
tabilidade ambiental e energética,
Constitutiva.
em Língua Portuguesa e alcançar
a presidência em exercício da
Nos últimos dois anos, a CPLP
um «Espaço de Ensino Superior,
Comunidade, timorense no biénio
consolidou a aposta na capacita-
Ciência e Tecnologia da CPLP».
até julho de 2016, fixou o lema
ção humana, quer seja aos níveis
No ano de 2015, a CPLP lançou
“CPLP e Globalização”, numa ci-
técnicos ou tecnológicos, ambi-
ainda uma nova dimensão de
meira realizada em Díli, a primei-
cionando o crescimento económi-
potencial influência: a Energia –
ra reunião de cúpula da CPLP na
co dos seus Estados-membros, a
dado o forte posicionamento dos
Ásia, onde foi decidida a reali-
melhoria do bem-estar social dos
seus países e o impacto que este
➤
64 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
➤
➤
domínio poderá ter em matéria
de sinergias empresariais e económicas. É, precisamente, no domínio da economia e dos negócios que a Organização parece ganhar um novo fôlego. Com os seus Estados-membros a integrarem diferentes blocos económicos regionais, podem-se observar inúmeros condicionalismos criados pelas políticas económicas regionais e sub-regionais. Neste sentido, após o Conselho de Ministros da CPLP, 2002, em Brasília, ter aprovado o Conselho Empresarial da CPLP - não tutelada pelos órgãos deliberativos da Comunidade - em 2010, verificou-se a sua evolução para uma Confederação Empresarial. Esta estrutura tem, nos últimos anos, sido um ator para o desenvolvimento da cooperação entre estruturas empresariais associativas dos Estados-membros da CPLP, procurando sinergias e circuitos de cooperação. Dezanove anos após a sua fundação, a CPLP protagoniza uma nova dinâmica na diplomacia entre espaços geograficamente descontínuos. Para tal, a Organização abriu-se a novos Estados e às Sociedades Civis desde 2006, concedendo estatutos de Observador Associado e Consultivo. Este alargamento tem sido constante, desde então, tendo sido à data
projectando-a no mundo e ambi-
de Guiné Equatorial tornou-se o
atribuido os estatutos de Obser-
cionando torná-la mais relevante
nono Estado-membro de pleno
vador Associado às Mauricias,
no plano global.
direito da CPLP, após acolher os
Senegal, Geórgia, Japão, Namí-
Aos factos sinteticamente enun-
princípios e valores da Comuni-
bia e Turquia, e de Observador
ciados anteriormente, junta-se
dade – onde se incluiu uma mo-
Consultivo a cerca de cinquenta
um outro sinal de abertura a
ratória sobre a pena de morte.
instituições das sociedades civis
novas perspetivas no processo
Um país onde já existe um noti-
dos Estados-membros.
de construção e permanente
ciário em português na televisão
Paralelamente a esta abertura,
consolidação da Organização.
nacional e para o qual estão em
desde 2008 que a CPLP tem pro-
Na X Conferência de Chefes de
curso definições e ações con-
movido conferências internacio-
Estado e de Governo, decorrida
juntas de promoção e difusão da
nais sobre a Língua Portuguesa,
em Díli, em 2014, a República
Língua Portuguesa.
´ Africa +
n
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 65
DIPLMOMACIA NA 1ª PESSOA
Embaixador Murade Murargy A CPLP enfrenta diversos desafios e oportunidades Dezanove anos após a fundação, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) está mais atuante. Quem o afirma é o embaixador Murade Murargy em entrevista à Diplomática. O diplomata moçambicano, à frente do executivo da Comunidade há três anos, considera existirem condições para uma evolução desta organização internacional, tornando-a mais útil para o desenvolvimento económico e social dos Estados-membros e populações.
Qual o balanço que pode fazer
verificada hoje em dia. Este quadro
mento social dos Estados-membros.
após três anos de mandato à
evoluiu e a CPLP, com a experiên-
A CPLP está, então, mais actuan-
frente da CPLP?
cia institucional adquirida nestes
te?
Quando assumi a função de Secre-
quase 19 anos, pretende vislum-
Sim, a CPLP está mais credível
tário Executivo, encontrei uma obra
brar novos espaços de actuação,
e, nos últimos três anos, foram
em progressão, com alicerces bas-
como a cooperação empresarial, o
adoptados Planos Estratégicos nas
tantes sólidos e que era preciso dar
reforço do potencial económico da
áreas da Segurança Alimentar e
continuidade. Porém as actividades
Língua Portuguesa e a criação de
Nutricional, na Cultura, no Ensino
desenvolvidas até à data permitem-
redes de conhecimento. Queremos
Superior, Ciência e Tecnologia,
-nos ambicionar mais. Na altura da
apostar na mobilidade de pessoas e
para além da Educação. Como
fundação da nossa organização,
na formação de recursos humanos
podemos verificar, sem capacitação
a situação nos nossos Estados-
qualificados para intervirem no cres-
do homem não temos desenvolvi-
-membros era muito diferente da
cimento económico e no desenvolvi-
mento.
66 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
➤
Para consolidar a cooperação,
diversas vertentes. Será, também,
a preocupação com a estabilidade,
institucionalizamos a dimensão
um espaço para eventos culturais e
com a Defesa da Democracia e do
da Energia e empenhamo-nos na
empresariais.
Estado de Direito, uma área onde
cooperação económica, estreitando
Com carácter de alguma maneira
a nossa actuação tem merecida
ainda mais os laços com a Confe-
mais pontual, por exemplo, temos
evidência, onde incluo as nossas
deração Empresarial da CPLP. Ao
um Representante Especial na
missões de observação eleitoral.
nível da concertação, onde somos
Guiné-Bissau, o qual acompanha a
A estabilidade é imprescindível para
ouvidos nos grandes palcos interna-
situação neste Estado-membro da
a consolidação das instituições e
cionais, desempenhámos um papel
CPLP junto das autoridade nacio-
para o desenvolvimento económico
relevante no apoio à estabilidade
nais e dos parceiros internacionais
e social. Também para um bom am-
na Guiné-Bissau, em conjunto com
com presença no terreno.
biente de negócios. Nesta matéria,
➤
os Estados-membros. Igualmente,
Temos a noção que para sermos
não esquecemos as atribuições de
admitimos um nono Estado-membro
atores globais de referência, temos
cooperar na Defesa e Segurança.
de pleno direito e mais quatro Es-
de nos posicionar localmente com
Neste campo, realço o papel da
tados como observadores associa-
maior proximidade. Está em cima
CPLP na relação desenvolvida com
dos. A nossa Organização posi-
da mesa a potencial abertura de ou-
os Estados-membros para garan-
ciona-se, cada vez mais, como um
tras Representações nos Estados-
tir o respeito pelas instituições, a
ator global: “CPLP e Globalização”
-membros…
independência nacional e a integri-
foi, precisamente, o lema eleito por Timor-Leste, pela presidência em exercício da nossa Comunidade. Sim, fala-se de uma CPLP global há já algum tempo. Porém, vemos também o reforço da presença nos Estados-membros… Efectivamente. No passado mês de julho, à margem do XX Conselho de Ministros, inaugurámos a Repre-
dade do território, a liberdade e a
"
segurança das populações. De igual
ESTOU SATISFEITO PELA CPLP SE TER
maneira, permito-me evidenciar o papel da CPLP enquanto actor
AFIRMADO SOB O LEMA DA GLOBALIZAÇÃO, COM A ACTUAL PRESIDÊNCIA EM EXERCÍCIO DE TIMOR-LESTE
"
sentação da CPLP em Timor-Leste,
de relevo na cena internacional, traduzida nos entendimentos com diversas organizações regionais e sub-regionais e no quadro do sistema das Nações Unidas, para além de outros sujeitos de direito internacional.
a qual reveste-se de uma significa-
A CPLP tem, assim, reforçado a
Referiu-se no início desta entre-
tiva importância estratégica. Tem
cooperação para o Desenvolvi-
vista à adesão da Guiné Equato-
uma dimensão extracomunitária ao
mento e a concertação político-
rial como membro de pleno direi-
estabelecer-se na Ásia, propiciando
-diplomática?
to. Como está esse processo?
maior proximidade para o desenvol-
No âmbito da cooperação para
A Guiné Equatorial foi admitida por
vimento intra-regional de relações
o desenvolvimento, temos dado
unanimidade, após um minucioso
culturais e socioeconómicas - ala-
passos sólidos e produzido um
processo de adesão iniciado em
vancando o potencial reforço das
importante normativo, ao longo
2010, recordando que a obtenção
sinergias entre as sociedades e
destes anos. Para além das aborda-
do Estatuto de Observador Consul-
economias no espaço de integração
gens estratégicas nos domínios já
tivo aconteceu em 2006. A Língua
económica em que Timor-Leste
referidos, sublinho ainda a rele-
Portuguesa é uma das três línguas
está naturalmente posicionado. Vai
vante cooperação que a CPLP tem
oficiais da Guiné Equatorial a par do
conferir maior visibilidade à CPLP
vindo a tentar erguer em matéria
Espanhol e do Francês. A efectiva e
no contexto nacional de Timor-
de Oceanos, Juventude ou Saúde,
generalizada utilização da nossa lín-
-Leste e no âmbito intracomunitário,
entre outras, existindo planos estra-
gua comum é um desafio na Guiné
assumindo-se como um ponto de
tégicos enquadradores.
Equatorial, tal como ainda é em al-
informação e educação sobre a
No campo da concertação, muito há
guns dos nossos Estados-membros.
CPLP junto da comunidade timo-
a destacar. Vou realçar a nossa ca-
São processos morosos, temos de
rense e estrangeira neste país,
pacidade mobilizadora para colocar
conceder um período para fomentar
exponenciando a curiosidade e
cidadãos dos nossos países em im-
o uso da língua porque é neces-
colmatando a prestação atempada
portantes cargos do Sistema Inter-
sário tempo de aprendizagem e
de conteúdos informativos nas suas
nacional. Naturalmente, partilhamos
prática de uso. Já foi firmado um
´ Africa +
➤
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 67
Embaixador Murade Murargy
Equatorial tem sido total.
conformação com os nossos objec-
ca entre a Guiné Equatorial e o
Estive na primeira semana em
tivos, refiro que a moratória da pena
Instituto Internacional da Língua
Malabo e na inauguração da nova
de morte também já foi ratificada
Portuguesa para a implementação
cidade administrativa de Djibló,
pelos parlamento e senado. O es-
de um Plano de Ação da difusão da
em Oyala. Pude constatar a actual
forço para falar português é visível,
Língua Portuguesa naquele país no
implementação do plano de desen-
sendo que já existe na televisão na-
período até 2020. Neste processo
volvimento nacional, com duração
cional um noticiário em português,
de adesão, o empenho da Guiné
prevista até 2020. Em matéria da
emitido em horário nobre. Em
➤
convénio de cooperação técni-
68 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
➤
matéria de disseminação da Língua Portuguesa e da Cultura dos nossos países nestes Estados. No passado mês de junho, por exemplo, o Japão participou e esteve muito empenhado na nossa conferência internacional sobre Energia. Os Estados que beneficiam do estatuto de Observador Associado têm participado nas Cimeiras de Chefes de Estado e de Governo, bem como no Conselho de Ministros, podendo ainda apresentar comunicações e ser ainda convidados para Reuniões de carácter técnico e outras actividades da Organização. Estamos cientes que podemos optimizar o seu papel. Após 19 anos da sua existência, a CPLP enfrenta a necessidade de munir a organização com instrumentos e mecanismos capazes de estimular uma actuação mais dinâmica no processo de desenvolvimento dos Estados-membros. As estruturas orgânicas e o posicionamento da CPLP têm beneficiado de alguma evolução desde a sua fundação, tendo-se verificado uma sólida abertura institucional ao exterior. Porém, consideramos que não chega. Na Nova Visão Estratégica da CPLP, uma reflexão aprofundada que está a decorrer internamente após incumbência da passada cimeira de Díli, vamos com certeza estar em condições de melhor compreender e enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades. Com os olhos postos no futuro, estamos a debater e reflectir sobre as imperfeições e as dificuldades encontraconjunto, vamos continuar a
como Israel, a Ucrânia, Marrocos ou
das ao longo deste percurso de cer-
trabalhar para a plena integração
o Uruguai, entre outros. Os nos-
ca de 19 anos. A nossa experiência
deste Estado-membro na CPLP.
sos observadores associados têm
colectiva, enquanto comunidade,
Falou, também, de países ob-
participado em parte dos trabalhos
deve permitir identificar e fortalecer
servadores associados, como
da CPLP: Em julho, Japão, Tur-
as áreas de maior debilidade, con-
a Turquia, Geórgia, Namíbia e o
quia e Geórgia participaram no XX
sensualizar e recentrar as nossas
Japão…
Conselho de Ministros, relatando os
atenções nos assuntos de maior
E temos alguns interessados tais
enormes avanções registados em
relevância e envidar esforços
➤
´ Africa +
➤
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 69
Embaixador Murade Murargy
numa agenda que valorize os
empresários estão mais próximos e
A CPLP é um sonho?
objectivos prioritários dos Estados
que estamos a trabalhar na melho-
É já uma realidade muito palpá-
membros.
ria do ambiente de negócios entre
vel que não inviabiliza o sonho
E, em matéria de economia e
os nossos países.
de sermos ainda mais atuantes e
negócios? A CPLP tem avançado
Como?
relevantes para os nossos Estados-
➤
para algo como uma União Eco-
Temos apostado em áreas impor-
-membros e seus cidadãos. Estou
nómica?
tantes: já realizámos a primeira
satisfeito pela CPLP se ter afirmado
A evolução da CPLP para outro for-
reunião de ministros da Energia,
sob o lema da Globalização, com
mato de Organização Internacional,
reunimos a ministerial das finanças
a actual presidência em exercício
nomeadamente, para uma Organi-
e voltámos a recordar a importância
a cargo de Timor-Leste. Por ser
zação Internacional de Integração
estratégica comum nas tutelas dos
uma Organização sólida e consa-
não parece plausível no curto/
Oceanos. Vamos reunir, em Outu-
grada pelos seus valores e pela
médio prazos, apesar de ser este o
bro próximo, em Díli, os ministros
sua acção, acredito que os nossos
modelo que de facto é mais “senti-
do Comércio e ver concretizado um
Estados vão ter um papel internacio-
do pelas pessoas”. Não temos um
fórum económico global.
nal de crescente relevância. Nesta
carácter supranacional, assente em
A Confederação Empresarial da
nova Ordem Internacional de certa
órgãos independentes para além
CPLP (CE-CPLP), organização
maneira indefinida, a integração
dos intergovernamentais, não temos
associativa autorizada mas não
dos Estados membros da CPLP em
poder normativo com repercussões
tutelada pelos nossos Estados-
Comunidades Regionais, com forte incidência económica, mas também
directas na ordem jurídica interna, não temos um poder jurisdicional obrigatório com a institucionalização de tribunais independentes que salvaguardem a ordem jurídica que rege o espaço da CPLP. A estes factos, acresce óbvia dificuldade da CPLP caminhar para um Tratado de Integração, onde iria completar as fases de integra-
"
A CIRCULAÇÃO DE PESSOAS, BENS E CAPITAIS SERÁ POSSÍVEL DESDE QUE HAJA UMA VONTADE POLÍTICA FIRME NESSE SENTIDO
"
ção económica para uma Zona de
politica, comporta um vasto conjunto de oportunidades para a CPLP, se soubermos ser complementares nos esforços de integração e um veículo de interligação entre as diversas Comunidades Regionais, potenciando a realização das suas políticas e ações de forma sinérgica com as medidas adotadas pela CPLP. São novos tempos?
Comércio Livre, depois para uma
-membros, tem-se revelado um
Estamos perante novos tempos, em
União Aduaneira, seguindo-se o
importante parceiro na procura de
constante mudança e interligação
Mercado Comum, após o qual se
sinergias e identificação de barrei-
mundial, catalisados pelo fenómeno
consolida a União Económica, onde
ras que urgem colmatar. Ainda no
da globalização e pela descoberta
verificamos a harmonização de
passado mês de julho, verificou-se
de novos repositórios de recursos.
outras políticas económicas nacio-
a constituição da União de Bancos,
Esta dinâmica contemporânea
nais. É muito difícil, sobretudo, se
Seguradoras e Instituições Finan-
permite ambicionar e atingir no-
pensarmos numa união económica
ceiras da Comunidade de Países de
vos níveis de crescimento, criando
total, com a harmonização global de
Língua Portuguesa (UBSIF-CPLP),
condições propícias para o desen-
políticas monetárias, fiscais, sociais
precedida pela criação da União de
volvimento económico e social dos
e anti cíclicas, a serem aplicadas ao
Exportadores da CPLP (UE-CPLP),
nossos Estados-membros e da
todo integrado por um Órgão central
destinada a desenvolver os laços
CPLP.
dominante.
institucionais e comerciais entre
Temos pela frente diversos desafios
No entanto, a circulação de pes-
este tipo de instituições como forma
e oportunidades. Estou confiante
soas, bens e capitais será possí-
de potenciar o desenvolvimento
que, juntos, vamos conseguir ala-
vel desde que haja uma vontade
económico, a partilhar as melhores
vancar as sinergias e obter com-
política firme nesse sentido. Acre-
práticas e a fomentar reflexões do
petitividade em múltiplos sectores,
dito que, no curto-prazo, vamos ter
sector financeiro. Uma constituição
posicionando a CPLP e os seus
a livre circulação de determinadas
que mereceu a aprovação prévia
Estados-membros no rumo ao de-
categorias profissionais de pessoas.
por parte do Comité de Concertação
senvolvimento socioeconómico e ao
Tenho a certeza que os nossos
Permanente da CPLP.
bem-estar dos cidadãos.
70 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
n
VISITAS DE ESTADO
Presidente de Moçambique em Visita de Estado a Portugal
No ano em que se assinala o 40.º aniversário da independência de Moçambique, o Presidente da República deste país, Filipe Jacinto Nyusi, realizou uma Visita de Estado a Portugal. Esta foi a sua primeira visita bilateral a um país fora do continente africano. Aníbal Cavaco Silva recebeu o Chefe de Estado moçambicano e a mulher deste, Isaura Nyusi, no Palácio de Belém, onde lhes foram prestadas honras militares. Seguiu-se uma reunião de trabalho entre os dois Presidentes e encontros com o Primeiro-ministro português e com a Presidente da Assembleia da República. Ao fim do primeiro dia de visita, o casal presidencial português ofereceu à delegação moçambicana um Jantar de Estado no Palácio Nacional da Ajuda. Por essa ocasião, Cavaco Silva proferiu um discurso onde sublinhou a “imprescindível vontade política para promover o aprofundamento do nosso relacionamento bilateral e para facilitar um contacto cada vez mais próximo” entre as instituições e os povos dos dois países.
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JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 71
Presidente de Moçambique em Visita de Estado a Portugal
➤
As relações entre Portugal e Moçambique ultra-
Retrospetiva de 40 Anos da Independência de Mo-
passam o domínio económico, pois fundem-se “na
çambique - Artistas Moçambicanos em Portugal”, na
amizade e no respeito mútuo”, como lembrou o Chefe
Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa.
de Estado português. Os dois países fazem parte
A última etapa desta visita foi um jantar oferecido
da CPLP e mantêm entre si negócios cada vez mais
pelo Chefe de Estado moçambicano a Cavaco Silva
volumosos – o investimento direto português já ultra-
e à Dra. Maria Cavaco Silva, que decorreu no Palácio
passou 1,7 mil milhões de euros e criou 42 mil postos
Nacional de Queluz. O Presidente português aprovei-
de trabalho.
tou a oportunidade para elogiar o empenho do líder
Estes três dias de contacto resultaram na assinatura
moçambicano no processo de reconciliação do seu
de um Memorando de Entendimento entre os go-
povo e mostrou a sua disponibilidade para auxiliar o
vernos das duas Repúblicas no domínio da Parceria
governo de Moçambique no processo de desenvolvi-
de Apoio Programático, que vai vigorar entre 2015
mento em que se encontra.
e 2019. Ficou igualmente decidida e agendada para
“É minha firme convicção de que o continuado apro-
2016 a realização da III Cimeira Bilateral entre Portu-
fundamento dos nossos laços de amizade e de coo-
gal e Moçambique.
peração será mutuamente benéfico para os nossos
O programa da visita oficial incluiu igualmente um
povos”, assinalou Cavaco Silva, convidando todos os
fórum de negócios, que reuniu empresários dos dois
presentes a celebrar, com um brinde, a cumplicidade
países, e uma passagem pela exposição “1975-2015 –
entre os dois países.
72 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
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MÊS/MÊS 2015 - DIPLOMÁTICA • 73
VIAGENS DE ESTADO
Aníbal Cavaco Silva na Bulgária Um futuro com mais cooperação
O Chefe de Estado português, Aníbal Cavaco Silva, realizou uma visita oficial de dois dias à cidade de Sofia, capital da Bulgária. Nesta viagem de Estado, o Presidente da República fez questão de levar um pouco de Portugal até aos Balcãs, viajando com alguns dos mais distintos empresários portugueses e presenteando o país anfitrião com um pouco de Fado.
Na sua chegada à Bulgária, Cavaco Silva foi recebido
do século XX, “está ainda muito aquém das potenciali-
com honras militares pelo seu homólogo, o Presidente
dades existentes”, em particular ao nível económico e
Rosen Plevneliev, numa cerimónia oficial que decorreu
comercial.
na Praça S. Al. Nevsky. De seguida, os dois Chefes
Na tentativa de estabelecer uma maior proximidade
de Estado e as respetivas delegações reuniram-se em
entre as duas nações, na comitiva portuguesa viajaram
privado, antes de o Ministro dos Negócios Estrangeiros
20 empresários de vários setores da economia nacio-
português, Rui Machete, e o Vice-Ministro dos Negó-
nal, que participaram no Fórum Empresarial Bulgária-
cios Estrangeiros búlgaro assinarem um programa de
-Portugal, um dos pontos mais importantes da agenda
cooperação cultural.
do segundo dia da visita oficial. “São empresas que
Numa declaração proferida durante um jantar na sede
ilustram bem o Portugal de hoje, um país moderno e
da Presidência da República da Bulgária, o Chefe de
acolhedor”, garantiu Cavaco Silva, que expressou a
Estado português reconheceu que o relacionamento
sua confiança em como as empresas portuguesas têm
bilateral entre os dois países, que remonta ao começo
muito a oferecer à Bulgária. ➤
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Cavaco Silva sublinhou igualmente a importância do conhecimento mútuo das línguas e das culturas para consolidar ainda mais a amizade entre os dois países. “É com emoção que registo o interesse pela língua portuguesa manifestado na Bulgária e apraz-me verificar o muito que já foi feito no ensino do português, quer a nível universitário, quer a nível do ensino secundário”, disse o Presidente. A delegação portuguesa teve a oportunidade de visitar dois liceus cujo programa de estudos inclui o ensino da língua portuguesa, bem como a Universidade de Sofia, onde se leciona a cadeira de Filologia Portuguesa. Nesta instituição, Cavaco Silva condecorou três professores búlgaros que ensinam a língua de Camões com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique. ➤
O Fórum pretendia divulgar oportunidades de negó-
O Presidente português também se reuniu com o
cio e de investimento que pudessem interessar aos
primeiro-ministro búlgaro, Boyko Borisov, e com a Pre-
empresários dos dois países. Foi igualmente assinado,
sidente da Assembleia Nacional da Bulgária, Tsetska
por esta ocasião, o acordo de constituição da Câmara
Tsacheva. A viagem de Estado à Bulgária, que desde
de Comércio Portugal-Bulgária. “Estou convicto de que
2007 faz parte da União Europeia, terminou com uma
Portugal e a Bulgária saberão apostar num futuro de
atuação de Ana Moura, que levou o Fado até àquele
mais cooperação”, manifestou o Presidente português.
país dos Balcãs.
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VIAGENS DE ESTADO
Cavaco Silva na Roménia Construindo pontes entre dois países latinos O Presidente da República Portuguesa prosseguiu a sua viagem pelos Balcãs com uma visita oficial à capital da Roménia, Bucareste. A estada de Aníbal Cavaco Silva durou dois dias, durante os quais o Chefe de Estado reforçou os laços culturais e económicos entre estes dois países com sangue latino, levando na sua delegação um conjunto de empresários e a fadista Ana Moura.
Foi com honras militares que o Presidente português
A nuvem negra que pairava sobre o Palácio do Parla-
foi recebido na capital da Roménia pelo Chefe de
mento não impediu que o Presidente português concre-
Estado deste país, Klaus Werner Iohannis. A cerimónia
tizasse todos os objetivos da sua agenda. Entre eles
oficial de boas-vindas decorreu no Palácio Cotroceni,
estavam encontros com os Presidentes do Senado e
onde Cavaco Silva se reuniu com o seu homólogo e
da Câmara dos Deputados, bem como com os líderes
onde, posteriormente, as delegações dos dois paí-
dos grupos parlamentares romenos e com o primeiro-
ses se juntaram. Começou assim a visita de Estado
-ministro em exercício, Gabriel Oprea. Cavaco Silva
portuguesa à Roménia, num momento em que este
deu também início ao Fórum Empresarial Roménia-
país se debatia com uma crise política provocada por
-Portugal, no qual participaram empresários e membros
acusações de corrupção, branqueamento de capitais
dos governos dos dois países. Este evento tinha como
e evasão fiscal sendo o principal suspeito o primeiro-
objetivo estreitar ainda mais as ligações económicas e
-ministro, Victor Ponta.
comerciais entre os dois Estados, ambos membros da
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➤
que tem o “estabelecimento de parcerias estratégias” entre as empresas dos dois países, para que o melhor de cada um deles possa ser aproveitado. A visita de Cavaco Silva também pretendia consolidar o papel da cultura portuguesa. Na Biblioteca Central Universitária, onde decorreu o colóquio “Portugal e Roménia: um eterno retorno”, o Chefe de Estado concedeu diplomas de mérito cultural a tradutores e editores romenos que se dedicam à publicação de livros ➤
União Europeia, uma vez que já existem mais de
na língua portuguesa, fazendo a ponte entre “os dois
100 empresas portuguesas com negócios estabeleci-
países latinos geograficamente mais distantes entre si,
dos na Roménia.
no espaço da Europa”, como proferiu o Presidente no
O Presidente fez questão de visitar os trabalhos de
discurso de encerramento da conferência.
construção do centro comercial Park Lake, em cujas
Aníbal Cavaco Silva despediu-se da Roménia ofere-
obras participa precisamente a empresa portuguesa
cendo ao seu homólogo um concerto de Ana Moura, a
Sonae Sierra. Nesse contexto, Cavaco Silva aprovei-
que se seguiu uma receção em sua honra. Neste seu
tou para elogiar as capacidades das empresas nacio-
último ato em solo romeno, o Presidente falou para os
nais: “as empresas portuguesas vivem uma fase sem
portugueses que residem no país e reuniu-se com três
precedentes de afirmação estratégica, sustentada
militares da Força Aérea destacados para uma missão
na inovação e na internacionalização”, garantiu. O
da NATO na região, a segunda mais pobre da União
Chefe de Estado expressou igualmente a importância
Europeia.
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GESTORES INTERNACIONAIS
Philipp Niemann Director-Geral EMEA da Engel &Völkers Um gestor entre continentes ➤
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➤
Philipp Niemann iniciou a sua carreira em Consultoria de Gestão, tendo seguidamente
ingressado na Engel & Völkers em 2008. Começou a trabalhar na Divisão Comercial e criou o sistema de franquia para a Alemanha, a Áustria e a Suíça. Em janeiro de 2014 passou a exercer o cargo de Diretor-Geral, com a missão de dar apoio aos franchisados nos setores Residencial e Comercial existentes nas regiões da EMEA (Europa, Médio Oriente e África), Ásia e América do Sul. Em 2015, o Sr. Niemann assumiu adicionalmente a responsabilidade das atividades de Expansão para essas regiões.
Fale-me da Engel & Volkers e
Institute (DKI) e a revista financei-
consultoria em leasing e vendas
do caminho seguido pela em-
ra “Euro am Sonntag”. Além disso,
constituem as principais compe-
presa.
a Engel & Völkers foi vencedo-
tências dos seus cerca de 5.900
A Engel & Völkers é uma das
ra na categoria “Best Company
colaboradores.
empresas de serviços líderes do
Brand”, no “Marken Awards der
A divisão Yachting é especializa-
mundo, especializada na venda
Immobilienbranche” (“Prémios de
da na compra e venda de iates
e arrendamento de imóveis resi-
Marca da Indústria Imobiliária”) or-
exclusivos, à vela e a motor, bem
denciais de luxo, imóveis comer-
ganizado pelo ImmobilienScout24.
como no comissionamento e re-
ciais, iates e aeronaves. Criada
Em que consiste a visão, a
conversão de novas embarcações
em 1977, e com mais de 35 anos
missão e os valores da Engel &
e no fretamento de iates.
de experiência, assenta princi-
Völkers?
A mais recente divisão de negó-
palmente na solidez da marca e
A nossa visão é satisfazer as as-
cios Engel & Völkers Aviation é
no seu sistema de prestação de serviços. A Engel & Völkers é uma das primeiras empresas alemãs a ter sucesso no desenvolvimento de um sistema de franquias, baseado no conceito de serviço de uma marca forte, que opera à nivel internacional. Na realidade,
especializada na venda e freta-
"
OS INVESTIDORES PROCURAM CADA VEZ MAIS IMÓVEIS DE LUXO, COMO UM INVESTIMENTO DE CAPITAL SEGURO
"
graças a este sistema a Engel &
mento de aeronaves particulares e comerciais. A carteira inclui desde pequenas aeronaves de hélices a grandes super jatos. Além da atividade de fretamento de aeronaves para viagens individuais e do comércio de aeronaves, a Engel & Völkers Aviation opera como
Völkers é a única empresa sedia-
pirações de pessoas exigentes em
mediadora no fretamento a longo
da na Alemanha que se classifica
todo o mundo – seja no contexto
prazo de aeronaves a empresas e
entre as 100 maiores empresas
privado seja no contexto comer-
particulares e através de regimes
de franquia mundiais (classifi-
cial – com total paixão.
de propriedade fracionada. Além
cação direta de Franquia 2011).
Quanto aos valores fundamentais
disso, a divisão comercial fornece
Atualmente opera em 39 países
da empresa são Competência,
serviços completos de consultoria
nos cinco continentes. Programas
Exclusividade e Paixão.
jurídica e fiscal, gestão de aero-
de formação intensivos na sua
Quais são os produtos e os
naves, financiamentos estrutura-
Academia e o elevado nível de
serviços que estão à disposição
dos, bem como gestão de riscos e
garantia de qualidade que rege a
dos clientes?
seguros.
sua prestação de serviços sis-
Cerca de 570 lojas de mediação
O que é que distingue a E& V
tematicamente estruturada são
de imóveis residenciais, especia-
dos seus concorrentes?
fatores essenciais que explicam o
lizadas em imóveis residenciais
Os nossos USP (Unique Selling
sucesso da empresa. Em 2014, a
de luxo e 65 lojas de mediação
Points/Pontos de Venda Exclusi-
Engel & Völkers foi nomeada “Top
de imóveis comerciais, espaços
vos) mais importantes situam-se
National Employer” pela revista
de retalho e industriais, blocos de
na nossa rede internacional. A En-
de notícias alemã “Focus”. No
apartamentos e escritórios multiu-
gel & Völkers está representada
mesmo ano, a empresa conquis-
sos e carteiras de propriedades
em mais de 600 localizações, em
tou a primeira posição nas listas
oferecem aos clientes privados e
39 países no mundo inteiro.
de classificação de mediadores,
institucionais uma gama de servi-
Como definiria o mercado na-
publicadas pelo German Customer
ços profissionais. Os serviços de
cional e global?
➤
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 79
Os diferentes mercados imobi-
sobretudo em localizações privi-
potenciais clientes.
liários em todo o mundo encon-
legiadas, classificam-se entre as
O primeiro MC foi inaugurado
tram-se em diferentes fases de
oportunidades de investimento
em Barcelona, em 2013. Foram
➤
desenvolvimento. No entanto,
mais estáveis.
criados outros Market Centers em
de um modo geral, assiste-se a
Na verdade, 2014 foi o ano de
Nova Iorque, Madrid, Bogotá, Vie-
uma enorme procura de imóveis
maior sucesso para o nosso
na, Valência, Dubai e Malta.
residenciais. Os investidores
Grupo. Aumentámos as nossas
Como são definidas as estra-
procuram cada vez mais imóveis
receitas em comissões do Grupo
tégias atuais do Grupo para
de luxo, como um investimento de
de 10,1%, para 300,3 milhões de
garantir um futuro sustentável?
capital seguro em regiões interna-
euros, estabelecendo mais uma
A Engel & Völkers prevê um forte
cionais interessantes. Atualmente
vez um novo recorde na história
crescimento adicional em todas
os mercados que registam o maior
da nossa empresa, que remonta
as divisões de negócios no resto
crescimento incluem Espanha,
há quase 40 anos. Este acen-
do ano 2015. A tendência positiva
Itália, Alemanha, Bélgica, França
tuado crescimento das receitas
nos mercados veio para ficar e a
e Portugal. O mercado imobiliá-
revela que estamos no caminho
nossa rede global vai continuar a
rio norte-americano também tem
certo com a nossa estratégia de
expandir-se.
beneficiado de um enorme nível de
expansão.
Está programada a abertura de
procura por parte dos compradores
Quais os projetos concretos em
mais Market Centers este ano,
internacionais, nos últimos anos.
que a empresa está a trabalhar
por exemplo, em Roma, entre
Em termos globais, a população
e projetos futuros?
outros locais. Juntamente com
mundial está a aumentar e a economia acompanha essa tendência de crescimento. Isto significa que cada vez mais pessoas ricas podem dar-se o luxo de adquirir e possuir imóveis em localizações cobiçadas, cuja oferta é, no entanto, limitada e não pode ser
este novo conceito, o sistema de
"
A POPULAÇÃO MUNDIAL ESTÁ A AUMENTAR E A ECONOMIA ACOMPANHA ESSA TENDÊNCIA DE CRESCIMENTO
"
ampliada nem reproduzida. É por
loja, que tem tido muito sucesso, continuará a contribuir para o forte crescimento do grupo. O nosso desenvolvimento empresarial envolve a procura de franchisados em todas as regiões do mundo e a colaboração eficiente com a nossa marca nos respetivos mercados.
isso que os mercados de imóveis
O foco atual da Engel & Völkers é
Este crescimento também se
residenciais de luxo continuam a
a expansão internacional. Além da
traduz numa necessidade muito
crescer, independentemente das
criação, com sucesso, do sistema
grande de trabalhadores qualifica-
flutuações económicas.Como é
de Licence Partner em 1998, a
dos. Portanto, procuramos 2000
que a empresa está a reagir a
Engel & Völkers introduziu, em
novos consultores imobiliários,
estes difíceis tempos económi-
2013, o conceito de Market Cen-
até ao final do ano, nos 39 países
cos e financeiros globais?
ter (MC). A licença para um MC
onde estamos presentes.
A nossa receita de sucesso
abrange toda a região geográfica
Como CEO de uma multina-
baseia-se no nosso sistema de
de uma metrópole. Isto significa
cional, o que pensa da relação
prestação de serviços e na nossa
que o seu volume de transações
entre o poder político e o poder
rede global. Na nossa experiên-
é equivalente ao conjunto de 10 a
económico?
cia, as turbulências nos merca-
20 lojas e escritórios tradicionais
No nosso negócio observa-se
dos financeiros e as dúvidas que
da Engel & Völkers.
uma correlação forte, e muitas
rodeiam a estabilidade de moedas
Além de um espaço de escritório
vezes decisões políticas influen-
como o Euro podem impulsionar
central com capacidade de rece-
ciam diretamente no nosso negó-
a procura no mercado imobiliário
ber até 300 consultores imobiliá-
cio. Acompanhamos de perto as
de luxo. Em tempos de incerteza
rios, o conceito prevê a abertura
tendências, dado que as decisões
económica, os investidores pri-
de vários Property Lounges, em
políticas e os regulamentos relati-
vados e institucionais estão mais
locais estrategicamente rele-
vos aos impostos sobre o patrimó-
dispostos a investir em ativos
vantes em toda a cidade. Estes
nio, ou a legislação aplicável aos
corpóreos estáveis como o imo-
espaços destinam-se a servir de
consultores imobiliários afetam
biliário. As propriedades de luxo,
pontos de contacto iniciais para
muito a nossa atividade diária.
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VALORES
As jóias das celebridades Tudo começou com a belíssima história de amor de Alfred Van Cleef e Estelle Arpels. A paixão que nutriam um pelo outro levou-os a dar asas ao sonho de abrir uma loja de joias em Paris. O sucesso foi quase imediato. Hoje, a marca Van Cleef & Arpels é das mais conceituadas na conceção e produção de peças de joalharia. A inovação e a criatividade são aquilo que a tornam única. ➤
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JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 83
Van Cleef & Arples
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A história de uma das mais prestigiadas casas de
joias do mundo começou graças ao amor. Este poderia ser o ponto de partida para um filme romântico ou para um conto de fadas, mas trata-se mesmo da vida real. Decorria o ano de 1896 quando Alfred Van Cleef se casou com Estelle Arpels. Ele, com 24 anos, descendia de uma família de artesãos holandeses habituados a talhar pedras preciosas. Ela, que ainda tinha 19 anos, era filha de um negociante que lidava com os mesmos minerais. Impossível celebrar-se a união de duas pessoas com mais a dar uma à outra: Estelle e os seus irmãos sabiam os maiores segredos destes minerais tão valiosos, e Alfred herdou do seu pai a arte da joalharia. As duas famílias juntaram esforços com a intenção de criar algo que permanecesse na História. Numa empreitada liderada por Alfred e na qual vieram a participar os cunhados Charles, Julien e Louis Arpels, foi criada a marca “Van Cleef & Arpels”, em 1906. Instalaram-se na Place Vendôme, em Paris, exatamente em frente ao magnânimo Hotel Ritz. A partir de então, começaram a criar e a vender peças de joalharia. A Cidade Luz foi o berço ideal deste projeto. Na capital francesa, crescia uma luxuosa elite política e económica. Ao mesmo tempo, cada vez mais turistas procuravam
➤
Alfred e Estelle Van Cleef, 1895
84 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
Duquesa de Windsor
Soraya, Rainha da Pérsia
As formas humanas fazem sempre lembrar fadas e bailarinas, figuras graciosas do universo dos sonhos. As influências da Arte Deco estão presentes na sobriedade e geometria das peças, que se tornam tão perfeitas que nem parecem ter sido esculpidas por graça humana. Além das pedras preciosas pormenorizadamente trabalhadas, Alfred também foi visionário ao inventar novos objetos e técnicas de trabalho. Ele percebeu, por exemplo, a necessidade que as senhoras tinham de possuir uma malinha onde pudessem arrumar os objetos que eram parte das suas vidas – o batom, o pó de arroz, o pente, o perfume – visto que os guardavam Paris para umas férias fausto-
em caixinhas de metal, nada prá-
sas. Neste ambiente de requinte, o
ticas nem elegantes. Surgiu assim
negócio de joalharia de Van Cleef e
a Minaudière, uma bolsinha feita
associados solidificou-se, e a pró-
de metais preciosos que depressa
pria Praça onde estavam localiza-
passou a ser um acessório obriga-
dos tornou-se símbolo de elegância
tório. Além de guardar vários obje-
e classe.
tos, possuía joias incrustadas que
Essa é a palavra certa para des-
poderiam ser removidas e utilizadas
crever as peças desenvolvidas
à parte. Essa polivalência é um
pela empresa. O design das joias
atributo comum das peças desta
muitas vezes representa flores,
marca, pois os elementos que as
plantas, flocos de neve ou animais.
compõem podem ser removidos da ➤
➤
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 85
Van Cleef & Arples
➤
peça original e usados à parte.
Outra das inovações trazidas pela empresa foi a técnica “Mystery Setting”, que consiste em colocar uma pedra de cada vez para criar uma joia com uma determinada forma, sem que seja possível ver a estrutura onde essas pedrinhas estão assentes. O império de Van Cleef & Arpels começou a ser construído com a abertura de outras boutiques em
86 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
➤
estâncias balneares, como Monte
do Mónaco, foi a famosa marca de
da empresa existe um momento
Carlo ou Nice. Hoje, 109 anos
Paris que criou muitas peças de joa-
curioso em que Portugal e França
depois do nascimento da marca,
lharia que abrilhantaram a cerimó-
se uniram. Em 1998, Manoel de
a loja mãe da Van Cleef & Arpels
nia. O sucesso das criações levou
Oliveira, um dos nomes maiores
mantém-se no número 22 da Place
a Van Cleef & Arpels a tornar-se a
do cinema português, gravou uma
Vendôme. Preserva ainda o sen-
fornecedora oficial do Principado do
cena do filme “La Lettre” na loja
tido de familiaridade que provem
Mónaco.
mãe, na Place Vendôme.
da união das famílias fundadoras
Há mais celebridades fiéis a estas
Há cerca de 500 anos, o autor italia-
e, nascida no seio de uma relação
criações, como Elizabeth Taylor,
no Baldassare Castiglione escreveu
amorosa, a empresa está muito
Sharon Stone, Brigitte Bardot, Céli-
que “a verdadeira arte é aquela que
presente em celebrações de casa-
ne Dion, Mariah Carey ou Jacqueli-
não parece arte de todo”. E os joa-
mentos reais. O último xá do Irão,
ne Kennedy. A marca está presente
lheiros da Van Cleef & Arpels sem-
Reza Pahlavi, casou-se três vezes
em muitos países do mundo e nas
pre levaram esta máxima à letra. As
com três belíssimas senhoras. A
cidades mais luxuosas e elegantes,
peças, que mesclam criatividade e
todas elas ofereceu frequentemente
como Genebra, Milão, Nova Iorque
requinte, parecem caídas do céu,
peças muito valiosas da Van Cleef
ou Dubai.
do reino dos Deuses. Provam como
& Arpels, carregadas com diaman-
A Van Cleef & Arpels não possui
os dedos humanos têm perícia para
tes e rubis. Quando Grace Kelly
ainda um espaço de venda em
fazer obras de outro mundo.
se casou com o Príncipe Rainier
território lusitano, mas na história
➤
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G.C. Arquivo Revista Eles & Elas
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MALA DIPLOMÁTICA
Festa Nacional de França
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A Festa Nacional francesa foi novamente comemorada com uma fantástica receção no Palácio de Santos. Cerca de mil personalidades, portuguesas e estrangeiras, foram convidadas pelos Embaixadores de França para marcarem presença nesta celebração. Na ocasião, o Embaixador Jean-François Blarel proferiu um discurso onde lembrou os desafios com os quais a França tem lidado nos últimos meses, nomeadamente os
1. Maria da Luz de Bragança com o Embaixador de França
“atentados perpetrados por terroris-
2. Embaixadores da Polónia e Sérvia
tas fanáticos”. Agradeceu igualmente
3. Pia Siegler e Maria de Bragança
aos portugueses a solidariedade e o
4. Emílio Rui Vilar e Carlos Monjardino
apoio demonstrados depois destes ataques e elogiou a cooperação entre os dois países: “as nossas relações políticas, económicas,
➤
88 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
5. Maria da Luz de Bragança e Maria de Belém 6. Marie France e Embaixatriz da Bélgica
Intervenção do Embaixador Jean-François Blarel Boa tarde a todos, a minha Mulher e eu agradecemos a vossa presença no Palácio de Santos para comemorar a festa nacional francesa. Agradeço também aos numerosos e generosos mecenas que permitiram fazer desta noite um sucesso e uma festa de excelência. Esta festa em honra dos nossos valores de liberdade, igualdade e fraternidade, acontece numa época conturbada e difícil. Em Janeiro e em Junho, a França foi alvo, à semelhança de outros países, de atentados perpetrados por terroristas fanáticos. Agradeço novamente às autoridades portuguesas e ao povo português a solidariedade demonstrada, nestas circunstâncias, para com o meu país. As nossas relações políticas, económicas, culturais e migratórias com Portugal reforçaram-se ainda mais. No passado mês de Abril, recebemos a visita do Primeiro-Ministro francês em Lisboa. Manuel Valls recordou nomeadamente que a França iria respeitar os seus compromissos enquanto país da zona euro e que iria prosseguir a redução das suas despesas públicas. Neste contexto de cortes orçamentais, perdemos muitos colaboradores da Embaixada e tivemos de fechar o nosso Consulado Geral no Porto em Abril. A França prepara-se para acolher no final do ano a Conferência de Paris sobre o clima. As nossas autoridades estão a fazer todos os esforços para mobilizar governos, empresas, cientistas, autoridades religiosas e a sociedade civil para chegar a um acordo. Em Portugal, um debate cidadão e uma Conferência-debate foram organizados com a nossa ajuda a 6 e a 24 de Junho. Esta recepção tem como tema o cinema francês, para anunciar a realização neste Outono, em Lisboa e em 20 outras cidades portuguesas, de uma nova edição da Festa do cinema francês.
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7. Afonso Loureiro e Katarzyna Mrozowska 8. Fernando Bessa e Naushad Kanji 9. Inês Mena Mendonça e Maria de Bragança 10. Embaixador do Japão com Maria da Luz de Bragança 11. Sérgio Godinho e Carlos do Carmo
te ano, e falou ainda da próxima
lares, em 1789, um dos primeiros
tugal reforçaram-se ainda mais”,
edição da Festa do Cinema Francês
momentos da Revolução Francesa.
salientou.
em Portugal, que, aliás, serviu de
A partir de então, a sociedade deste
➤
culturais e migratórias com Por-
Na sua intervenção, o Embaixador
tema para este final de tarde.
país firmou-se em torno de três va-
mencionou a Conferência de Paris
Este dia, também conhecido como
lores essenciais: liberdade, igualda-
sobre o clima, que vai acontecer
Dia da Bastilha, celebra o episódio
de e fraternidade, que têm inspirado
entre novembro e dezembro des-
da Tomada da Bastilha por popu-
muitos povos ao redor do mundo.
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JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 89
MALA DIPLOMÁTICA
Festa Nacional do Luxemburgo
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1. Maria da Luz de Bragança com o Embaixador do Luxemburgo 2. Embaixadores do Perú e do Chile 3. Anton Murphy com a Embaixadora da Irlanda 4. Embaixatriz Ana Rocha Páris, Embaixador
A Embaixada do Luxemburgo em
os convidados puderam apreciar o
Lisboa fez questão de assinalar a
talento e a sensibilidade do pianis-
Festa Nacional do Grão-Ducado
ta luxemburguês Francesco Tris-
com uma receção oficial. Paul Sch-
tano, que espalhou a sua música
mit, o Embaixador, abriu as portas
pelos jardins da Embaixada. O
da sua residência a dezenas de
artista interpretou os hinos do Lu-
convidados, entre os quais esta-
xemburgo, de Portugal e também
vam homólogos seus de outros
o da União Europeia, impressio-
países e também empresários.
nando os cerca de 350 convidados
Neste fim de tarde de celebração,
e abrindo o apetite para as suas
90 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
do Uruguai com Maria da Luz de Bragança 5. Teresa Guimarães e Diana Polignac 6. Maria de Bragança com a Embaixatriz do Luxemburgo 7. Filipa Castello Branco e José Soares de Albergaria
➤
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8. Pianista luxemburguês Francesco Tristano 9. Van Uden, Dom Duarte de Bragança e Miguel Horta e Costa 10. Teresa Guimarães e João de Castro 11. Condes de Nova Goa 12. Paula Taborda 14. Mira Amaral e Luís Queiró
➤
atuações seguintes. Francesco
um decreto assinado em 1961. O
Tristano tocou algumas das suas
atual monarca, Henrique de Lu-
próprias composições e homena-
xemburgo, nasceu a 16 de abril,
geou Bach ao interpretar algumas
mas as festividades continuam a
das suas árias.
realizar-se em junho, altura do ano
Esta comemoração realiza-se a
em que se verificam, no peque-
propósito do aniversário oficial de
no Estado, melhores condições
Sua Alteza Real o Grão-Duque. A
climatéricas que tornam possível o
celebração foi fixada para ocor-
festejo.
rer no dia 23 de junho graças a
n
Gonçalo Coelho
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 91
MALA DIPLOMÁTICA
Dia Nacional da Polónia
2
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4
1. Os convidados a assistir ao
5
concerto do conceituado pianista polaco Krzysztof Dutkiewicz 2. Condecorado Prof. João Carlos Espada 3. Condecorado Dr. Sebastião Francisco Seruca Emídio 4. Condecorado Prof. João Carlos Espada com convidados 5. Embaixador da Polónia, Prof. Bronisław Misztal; Embaixatriz Anna Kostrzewa Misztal com os condecorados: Prof. João Carlos Espada, Dr. Sebastião Francisco Seruca Emídio e Dr. José Mendes Bota
O Dia Nacional da Polónia foi assina-
co, o senhor Eugeniusz Grzeszczak,
e Polónia “nunca tiveram relações
lado em Portugal com uma receção
que, à semelhança do Embaixador,
tão próximas, tão intensas” como
oferecida pelo Embaixador do país,
proferiu um discurso. Grzeszczak
as que têm agora. Bronislaw Misztal
Bronislaw Misztal, no Palácio Foz,
elogiou as relações de amizade
lembrou ainda a importância de lutar
em Lisboa. Foram muitas as perso-
existentes entre os dois países e
sempre pelas liberdades dos dois
nalidades convidadas a marcar pre-
aplaudiu os três cidadãos portugue-
povos.
sença neste evento de celebração da
ses condecorados com Ordens de
A receção foi abrilhantada por um
República polaca, como representan-
Mérito polacas: José Mendes Bota,
recital de piano do conceituado
tes do Governo português, membros
deputado e antigo Presidente de
músico polaco Artur Dutkiewicz, na
do corpo diplomático creditado em
Loulé, o médico Sebastião Francisco
Sala dos Espelhos do Palácio Foz. O
Portugal, empresários e representan-
Seruca Emídio e o professor João
Dia Nacional da Polónia comemora o
tes de várias instituições nacionais.
Carlos Espada.
aniversário da constituição de 1791,
A receção contou com a presença do
O Embaixador também se dirigiu aos
considerada a primeira constituição
Vice-Presidente do Parlamento pola-
convidados afirmando que Portugal
moderna da Europa.
92 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
➤
Discurso do Embaixador da Polónia, Prof. Bronisław Misztal Por ocasião do aniversário da constituição polaca (“a Constituição de 3 de maio”) Reunimo-nos aqui para um momento de
nós, é tão importante que nos tornemos
recordação,para refletir sobre o papel da
embaixadores das nossas liberdades e
constituição na vida política e social de
das vossas. Era esse o lema de vários
uma nação. Nós, na Polónia, comemorá-
patriotas polacos: dos generais Tadeusz
mos na semana passada o 223º aniver-
Kosciuszko e Kazimierz Puławski que lu-
sário do que foi considerada o segundo
taram pela liberdade dos Estados Unidos.
regulamento constitucional moderno no
Essa foi a motivação do nosso famoso
mundo, a Constituição de 3 de maio de
emissário Jan Karski, cujo 101º aniversá-
1791.
rio de nascimento se comemorou há duas
No 25 de abril, a República de Portugal
semanas. Karski deu os seus melhores
celebrou o 39º aniversário da sua pró-
anos à luta contra o Holocausto e lutou
pria Constituição, que foi aprovada pela
por uma correta memória histórica. Esse
Assembleia Constituinte a 2 de abril de
foi também o destino de Lech Wałęsa, e
1976. A nossa foi uma constituição, que
na semana passada tivemos a mostra de
ofereceu uma conclusão a um determina-
um filme recente que falava da sua fé e
do período, concebida para consertar a
esperança, frequentemente envolvido em
estrutura social na Polónia do século 18,
ativismo político. Nós somos os últimos
com um sentido de realismo político. A
românticos da Europa. Mas também
vossa foi uma constituição, que iria abrir
somos realistas. Nós demos à Europa
um capítulo da história. A Constituição
uma nova liderança, na pessoa de Donald
polaca tinha 11 artigos, em comparação
Tusk, e demos à Europa sangue novo e
com os 296 do documento português. O
novo capital intelectual já que centenas de
co-autor da Constituição polaca, Hugo
milhares de nós, polacos, estão espa-
Kołłątaj, considerou-a um primeiro passo
lhados por todo o lado. Oferecemos à
para legislar as regras da operação de um
Europa, o nosso forte sentido de respon-
Estado moderno. Era suposto ter surgi-
sabilidade moral, solidariedade e visão.
do leite, indústria de hardware, indústria
do depois a Carta Económica e a Carta
E recebemos de João Paulo II um forte
marítima e representantes da indústria da
dos Direitos Morais. Estes acabaram por
sentido de justiça social.
defesa que estiveram aqui em Lisboa nos
nunca ter sido escritos, devido ao curso
Senhoras e senhores,
últimos meses. Notamos com satisfação
acelerado da história que fez com que,
À medida em que participo na comemo-
que a Polónia é um país que goza não só
alguns anos mais tarde Polónia, tivesse
ração dos dias nacionais de vários países
de sucesso económico, mas também da
sido vítima de divisões. Desde então, e
aqui em Lisboa, vou escutando os anún-
confiança dos investidores estrangeiros,
especialmente desde que recuperámos a
cios de visitas e eventos que marcam o
com o Português a ser um importante
nossa independência, em 1989, sofremos
vínculo de Portugal com os países estran-
segmento. Os nossos eventos culturais e
um síndrome muito forte de soberania
geiros. Ficamos orgulhosos por dizer que
eventos de diplomacia pública, e temos,
cívica. Nós, como nação, nunca fomos
Portugal e Polónia nunca tiveram relações
em média, um evento por semana, atraem
totalmente derrotados nem dominados, e
tão próximas, tão intensas e tão multidi-
grandes audiências. Vemos mais estu-
qualquer que tenha sido a administração
mensionalmente bilaterais como as que
dantes a irem de um sítio para o outro.
estrangeira implementada sobre nós, ela
temos experimentado ao longo dos quase
Não há melhor testemunho da qualidade
nunca vingou plenamente. Quase um
três anos do meu mandato aqui. Portugal
das nossas relações bilaterais.
ano depois de a Constituição ter sido
é considerado um sério ator internacio-
Hoje também acolhemos três excepcio-
aprovada, o embaixado russo na Poló-
nal, um responsável, e isso reflete-se
nais cidadãos de Portugal: o Sr. José
nia entregou uma nota ao ministro dos
no número e grau de visitas. Tivemos o
Mendes Bota, o Sr. Emidio Seruca e o
Negócios Estrangeiros polaco, acusando
Presidente, o Primeiro-Ministro, o Ministro
Prof. João Carlos Espada que, após a
o novo estado de alegadas perseguições
dos Negócios Estrangeiros, um grupo de
minha recomendação, receberam a mais
a grupos religiosos ortodoxos russos, e o
ministros constitucionais, parlamentares e
elevada Ordem de Mérito polaca pelo
exército da Rússia, com 90 mil pessoas,
empresários a visitar Portugal da Polónia.
Presidente da Polónia. O intercâmbio
entrou no país com o pretexto de prote-
Só hoje temos a sorte de ter connosco
de pessoas a nível individual é o melhor
ger a minoria russa. Junto vieram 20 mil
o Vice-Presidente do Parlamento da
indicador das nossas relações bilaterais.
separatistas, que assinaram o chamado
Polónia, Sr. Eugeniusz Grzeszczak, e
Não há melhor forma de apreciar o que
acordo confederação.
um grupo significativo que representa o
têm estado a fazer do que ter o vice-pre-
Minhas queridas senhoras e senhores,
Câmara de Comércio polaca portuguesa.
sidente do Parlamento polaco a entregar
Sem dúvida, reconhecerão que certos
Várias indústrias estão interessadas em
essas condecorações. Esta é a nossa
acontecimentos históricos se repetem
esforços comuns de mercado. Temos pro-
maneira de dizer “obrigado Portugal”. Viva
ao longo do tempo. É por isso que, para
dutores de têxteis e de vestuário, indústria
a Polonia. Viva Portugal. n
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 93
MALA DIPLOMÁTICA
Dia Nacional de Marrocos Celebrou-se a monarquia e a amizade com Portugal
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A Embaixadora de Marrocos em Portugal ofereceu uma receção oficial a propósito da Festa do Trono marroquino. Compareceram muitos políticos portugueses, bem como representantes do corpo diplomático creditado em Portugal, empresários e académicos dos dois países, entre outras personalidades que não recusaram o convite de Karima Benyaich. Na receção, a Embaixadora proferiu um discurso onde elogiou o esforço realizado pelo monarca marroquino, o Rei Mohammed VI, na modernização do país. Karima mostrou-se igualmente orgulhosa a respeito da relação de amizade que se mantem ➤
94 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
1. A Embaixadora de Marrocos proferindo o seu discurso 2. Karima Benyaich com Maria da Luz de Bragança 3. Maria de Belém e Maria do Rosário Braga da Cruz 4. Dom Duarte Pio
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10
há várias décadas entre Portugal
e Marrocos, atestada nesta ocasião pelo convívio saudável entre personalidades dos dois países. Os convidados tiveram a oportunidade de saborear pratos típicos deste país norte-africano e desfrutar de música tradicional, num fim de tarde agradável e bem-disposto. Este dia assinalou o 16.º aniver-
5. Embaixadores da Indonésia, Qatar, Países Baixos, Grécia e Palestina
sário da ascensão ao trono de
6. Embaixadores do Senegal, Major General Manuel Fernando Rafael Martins
Mohammed VI, acabando por ser,
e Esmeralda Martins 7. Nuno Crato e sua filha, Inês 8. Laila Dakir e Abderazzak Kadess 9. Embaixadores de Cabo Verde e Embaixadora da Argélia, Fatiha Selmane 10. Os músicos
desse modo, o Dia Nacional do Reino de Marrocos.
n
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 95
MEMÓRIA
Agência EFE mostra 75 anos de história em fotografias Pela primeira vez, os portugueses tiveram a oportunidade de apreciar as melhores fotografias do arquivo da agência de notícias EFE, numa exposição que, depois de visitar as principais cidades espanholas e a maioria dos países da América Latina, chegou a Lisboa uma recordação dos acontecimentos que marcaram a história dos últimos 75 anos.
Lisboa, 25-4-1974.- Aspeto das ruas da capital portuguesa depois do Golpe de Estado do chamado 'Movimento das Forças Armadas', que estabeleceu a Junta de Salvação Nacional, presidida pelo general António de Spínola. A revolução do 25 de abril derrubou o Presidente do Conselho de Ministros Marcello Caetano sem derramamento de sangue. EFE
Rostos familiares como o lendário jogador Eusébio,
dos com figuras, lugares e acontecimentos de todo
o escritor José Saramago, a fadista Amália Rodri-
o mundo, em fotografias igualmente carregadas de
gues ou o recentemente eleito melhor jogador do
história.
mundo Cristiano Ronaldo, acolhiam os visitantes da
Uma imagem do encontro entre Franco e Hitler em
Galeria dos Paços do Concelho.
Hendaye (França), em 1940, chama a atenção por
Das 75 fotografias da exposição, 25 delas tinham
se ter sido modificada, recorrendo a técnicas dispo-
Portugal como protagonista e testemunham ainda
níveis na altura para favorecer a figura de Franco e
momentos como a Revolução dos Cravos, a assina-
introduzir militares na fotografia.
tura da adesão de Portugal à Comunidade Econó-
Momentos raros, como aquele em que um raio
mica Europeia ou a última visita oficial dos reis de
acerta em cheio da mão da estátua do Cristo Re-
Espanha.
dentor no Rio de Janeiro e imagens inesperadas,
Na segunda sala, os espectadores eram confronta-
como a de um menino despido debaixo de uma
96 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
➤
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1. Espanha, 21-9-1939.- Dois meninos levantam os braços em saudação fascista perante um cartaz com a foto do chefe de Estado, Francisco Franco, pouco depois de terminar a guerra. EFE 2. Rio de Janeiro (Brasil), 2-7-1950.- O avançado da seleção espanhola de futebol Telmo Zarraonandía, "Zarra", marca o golo que deu a vitória a Espanha e a classificação para a quadrangular final do Mundial de 1950, no Estádio do Maracanã. EFE 3. Cascais (Portugal) 1-7-1948.- O infante Juan Carlos, filho dos Condes de Barcelona, visita o monólito erguido em honra do General Sanjurjo, falecido num acidente de aviação junto à Boca do Inferno, em Cascais. EFE 4. Madrid (Espanha), 6-10-1957.- A atriz Sara Montiel posa para promover o seu filme “O Último Couplet”, dirigido por Juan de Orduña. EFE 5. Madrid (Espanha), 3-9-1959.- O guerrilheiro argentino Ernesto "Che" Guevara assiste a uma
5
corrida de touros na praça de Las Ventas durante a sua visita a Madrid. EFE/Hermes Pato
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Agência EFE mostra 75 anos de história em fotografias
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6. Hendaye (França), 23-10-1940.- Fotografia “modificada” do encontro de Franco e Hitler em Hendaye. Franco levanta o braço em saudação, mas as figuras de ambos os ditadores foram retiradas de um ato anterior e coladas sobre o original de Hendaye. Os militares que aparecem atrás de Hitler também foram “colados”. EFE 7. Madrid (Espanha), 19-9-1964.- O ativista dos direitos civis Martin Luther King ensaia com a guitarra pouco depois da sua chegada ao aeroporto de Barajas, vindo de Roma, acompanhado pelo seu ajudante Ralph David Abernathy (d). EFE/Luis Alonso 8. Pedernales (República Dominicana), 19-8-2007.- Um menino despido debaixo da intensa chuva após a passagem do furacão 'Dean', no meio da estrada que une a localidade com a capital dominicana. EFE/Orlando Barría 9. Madrid (Espanha), 19-6-2014.- O Rei Felipe VI durante o seu discurso, na cerimónia de proclamação, perante as Cortes Gerais. EFE/J.J.Guillén
➤
intensa chuva, após a passagem do furacão
os seus 75 anos de existência poderá ser visitada
'Dean' pela República Dominicana, disputam o
gratuitamente até dia 17 de fevereiro, no edifício
olhar dos visitantes.
dos Paços do Concelho, em Lisboa.
Recordações de conflitos recentes, como o atentado
A Efe é a quarta agência de notícias mais importan-
do 11 de Setembro em Nova Iorque, os confrontos
te do mundo e a primeira em espanhol. Conta com
na Ucrânia e a tensão entre Israel e a Palestina,
mais de três mil profissionais distribuídos em mais
completavam a exposição “EFE: 75 anos em fotos”.
de 120 países, produzindo mais de cinco mil notí-
As imagens, escolhidas a partir do arquivo de mais
cias por dia em plataformas de texto, foto, áudio,
de 17 milhões de fotos recolhidas pela EFE durante
vídeo e multimédia.
98 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
n
Um surpreendente conhaque da Moldávia No séc. XVII os vinicultores de Charente descobriram a
da, sendo que apenas a bebida produzida na região
dupla destilação o que trouxe uma melhoria ao sabor
francesa Cognac, poderia ser denominada cognac.
da bebida. O conhaque seria amadurecido ao longo do
Em vários países é fabricado com o nome brandy. Na
tempo após ser reservado em barris de carvalho aos
República da Moldávia este utiliza o nome “Divin”, que
quais extrairia a cor de âmbar. Num curto período de
significa “Divino” – o nome da bebida fabricada confor-
tempo, o conhaque seria uma bebida muito apreciada
me a tecnologia clássica de produção do conhaque. Na
sendo considerada uma das mais finas bebidas des-
República da Moldávia, “Divin” exprime algo puro, ma-
tiladas do mundo. Em 1909, o governo francês emitiu
ravilhoso, o que valoriza cada singularidade dos cachos
um decreto que estipularia uma exclusividade à bebi-
de uva concentrados nesta fina bebida. ■ Atlantikdynamik – Tel.: 962 767 979
“LegendaMoldoveiVSOP” - Divin (brandy) Volume:500ml, 40%alc Castas: UgniBlanc,Aliquota Rkatseteli De cor âmbar. O sabor lentamente descoberto, agradável demonstra o tom suculento de fruta. Aroma brilhante multi-facetado, ao de leve um travo de baunilha, ameixas secas, mel e amêndoas.
Recomendado como digestivo e combina
bem com o café. Prémios:”Peterfood”2004, “WorldFoodUkraine”2004,”Prodexpo”2005.
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 99
WELNESS
Pedro Ferreira Lopes por Maria Bragança Um empresário de referência
Desde os dois anos que desejava ser dentista. Ainda não sabia pronunciar a palavra e já sonhava em oferecer sorrisos novos e brilhantes às pessoas. Pedro Ferreira Lopes, licenciado em Medicina Dentária e especialista em Implantologia, fundou a Prime Dental Clinic. É feliz a trabalhar em Portugal e não se imagina a estender o seu negócio a outros países, porque ele recebe clientes de todo o mundo. A sua experiência já o levou a Paris, onde discursou e foi aplaudido de pé.
100 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
➤
Nasceu em Lisboa, tendo família
outro lado do mundo, pessoas que
uma agenda para dois meses. Se
de todo o mundo. Tem origens fran-
vêm do Brasil, Angola, Moçambi-
fizer isso, torna-se insuportável e
cesas e inglesas, o que ajuda a ex-
que, França, Suíça, à procura do
não dá. As pessoas querem marcar
plicar, possivelmente, os olhos claros
meu trabalho, porque nessa busca
consulta e digo que só tem consul-
e o cabelo loiro. Sempre teve uma
constante da perfeição acabámos
ta para daqui a seis meses. Não
educação muito rígida, e mostra-se
por nos tornar uma referência in-
é confortável. A pessoa não pode
satisfeito por tal ter acontecido.
ternacional de qualidade. Então, as
querer ser ambiciosa e gananciosa
Onde estudou?
pessoas que procuram a qualidade
demais, e muitas vezes as pessoas
Nos Salesianos. Primeiro frequentei
e que podem, obviamente, vêm a
mandam-se para a frente porque
o colégio Pinheirinho, na Parede.
Portugal fazer os tratamentos, o que
têm uma ambição e uma ganância
Depois fui para os Salesianos.
acaba por ser curioso. No entanto,
desmesuradas e não percebem que
Estive ainda num colégio que era o
abrir fora, não! Porque as pessoas
melhor que o dinheiro é a pes-
Luísa Sigea, no Estoril, e mais tarde
têm a tendência da megalomania,
soa ganhar algo bem ganho, com
fui para o Colégio Portugal, até que
e a megalomania tem um efeito
honestidade, e dormir bem à noite.
tirei o curso de medicina dentária.
que pode ser negativo. Consigo
Saber que o que faz é bem feito.
Porquê a medicina dentária?
estes resultados porque sou eu que
O que é que gosta mais de fazer?
Sempre gostou disso?
faço grande parte dos trabalhos, e
É melhor perguntar-me o que é que
Sempre! Olhe, por incrível que
aqueles que não sou eu que faço
não gosto de fazer! Gosto imenso
pareça, e isto contam-me, porque
estão sob a minha alçada e eu
do que faço, e é muito difícil dizer
➤
não me lembro, desde os dois
aquilo que gosto mais de fazer. Há
anos e qualquer coisa que quero
coisas que, por uma questão de
ser dentista. Começou muito cedo. Porquê, não faço ideia… Não tenho ninguém na família dentista, não sei, não faço ideia. Quando perguntavam o que queria ser, eu nem dentista sabia dizer bem, dizia que
"
tempo, já não faço, como limpezas,
NA MINHA CLÍNICA TENHO PESSOAS QUE ME PROCURAM VINDAS DE TODO O MUNDO.
era “dentita”. E sempre passei todo o meu trajeto de vida com esse objetivo de ser dentista. Tenho o jeito
desvitalizar dentes… Tenho outros médicos que fazem esse tipo de trabalho. Tenho uma higienista, que
"
faz a parte da higiene oral, e tenho uma médica que faz a especialidade de endodontia, que são desvitalizações e restaurações. Estou mais vocacionado para aqueles
manual, toda a parte manual da
controlo aquilo que é feito. Quando
tratamentos mais complexos, como
dentária, e gosto muito de tudo por-
nós expandimos, não consigo estar
as coroas, os implantes, a ortodon-
que é sempre diferente, são sempre
em dois sítios ao mesmo tempo,
tia, que são os aparelhos dentá-
trabalhos diferentes, e acaba por
e então vou estar a desvirtualizar
rios. Quando comecei a trabalhar,
ser sempre um desafio constante.
aquilo pelo qual sou conhecido, que
dediquei-me essencialmente à parte
Claro que não há nenhuma boca
é o tipo de atendimento ao paciente
cirúrgica e estética e delegava a
igual…
e a qualidade que oferecemos. Para
ortodontia. Acontecia que muitas
Exatamente! E como sou muito
muitas pessoas acaba por ser um
vezes queria estruturar um trata-
perfecionista, pois procuro a perfei-
tiro no pé, porque depois estragam
mento e mandava para a ortodontia,
ção em tudo aquilo que faço, esse
a imagem que têm e pela qual são
e quando chegava não estava como
desafio acaba por ser maior a nível
conhecidos. Hoje em dia, e apesar
eu gostava. Assim, comecei tam-
técnico.
de haver a dita crise, tenho cada
bém a fazer ortodontia e consigo as
Por enquanto está em Portugal,
vez mais trabalho, cada vez mais as
coisas exatamente como quero.
um dentista, um profissional mui-
pessoas procuram qualidade, e isso
Às vezes as pessoas não enten-
to respeitado. Está a pensar em
mostra-me que estou no caminho
dem, mas os problemas dentários,
abrir ou já abriu algumas delega-
certo.
além dos problemas de saúde que
ções fora de Portugal?
Podia estar em Portugal e ir para
poderão ter, podem trazer riscos
Não. Na minha clínica tenho pes-
fora de vez em quando…
acrescidos, como doenças cardio-
soas que me procuram vindas de
Sim, poderia acontecer, mas repare:
vasculares, enfarte, AVC, doenças
todo o mundo. Tenho pessoas
estamos no fim de Fevereiro, só te-
autoimunes… Os problemas dentá-
vindas da Austrália, que fica do
nho vagas para o fim de Abril, tenho
rios agravam os problemas
➤
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 101
Pedro Ferreira Lopes
legas portugueses quer dos france-
zer um tratamento caro, decidiu que
vezes não sabem.
ses, porque fui mostrar abordagens
ia tratar deles, e fê-lo em boa hora.
Além de toda a parte social, a
diferentes e fui a única pessoa
Temos na clínica um tratamento
pessoa quando não tem dentes
aplaudida de pé.
One Day Solution. Pessoas que têm
sente-se diminuída, constrangida.
Consegue fazer um resumo do
poucos dentes, com indicação para
➤
autoimunes, e as pessoas muitas
Noto que, cada vez mais, as pes-
que apresentou nessa palestra?
extração, ou que não têm dentes
soas depois de chegarem ao fim do
Foi um caso de um senhor muito
vêm e nós colocamo-los todos no
tratamento dizem-me que mudei a
influente na nossa praça, não muito
mesmo dia. Entra sem dentes e sai
vida delas. E isso é curioso, como
conhecido mas muito influente, que
com dentes fixos a mastigar uma
mudar um sorriso muda a vida de
tinha uma deformação congénita.
maçã, por exemplo. As pessoas
uma pessoa. E isso acontece com
Não tinha articulação num dos lados
pensam que vão ter muitas dores.
grande frequência porque faço tra-
da mandibula. O maxilar dele não
Não vão. Até é engraçado, as pes-
tamentos muito grandes, de bocas
encaixava num dos lados em cima,
soas dizem “eu não tive dores, você
inteiras, e as pessoas sentem que
então tinha uma deformação facial
andou aqui a mexer e não tenho
mudámos a vida delas, o que é
dentária e maxilar muito grande de-
dores”, ou quando vêm dizem “eu
fantástico.
vido a essa deformação de nascen-
acho que vai doer” e chegam ao fim
Nunca sonhou criar uma escola
ça. Tinha os dentes muito estraga-
e dizem “não doeu”.
ou ser professor?
dos. Fizemos uma abordagem para
Que recado gostaria de dar aos jovens?
Sim, cheguei a dar aulas na faculdade, quando acabei o curso, o que me diferenciou das outras pessoas. Estive um ano e meio a dar aulas mas deixei por dois motivos. Primeiro, por uma questão de tempo, pois comecei logo a ter muito trabalho,
"
fruto da tal momentânea qualidade do trabalho que demonstrava aos pacientes. Depois, acabei por não
A prevenção é fundamental. Para
AS PESSOAS NÃO ENTENDERAM QUE
evitar problemas futuros, e a pre-
PARA USUFRUÍREM DE TRATAMENTO COM DIGNIDADE E COM QUALIDADE, NÃO EXISTE O LOW-COST
me enquadrar bem no sistema uni-
"
venção não chega, é preciso ir ao dentista de seis em seis meses e fazer higiene oral, e se se fizer isso primeiro é mais fácil evitar situações futuras. Quantas vezes devemos fazer higiene oral por ano? Duas vezes! A pessoa deverá fazer
versitário porque achei que era um
restabelecer a função, a estética e
de seis em seis meses. Existe muito
pouco desorganizado, e como sou
o equilíbrio funcional do lado que
a ideia de que o dentista é mui-
uma pessoa extremamente orga-
não tinha articulação. Corrigimos,
to caro. Um tratamento sim, mas
nizada e de pés na terra achei que
fizemos um estiramento muscu-
tratamentos pontuais não, até é em
não era bem aquilo que eu queria.
lar progressivo para restabelecer,
conta. Na clínica temos uma linha
Para dar aulas penso que deveria
como se fosse uma fisioterapia,
de crédito.
ser uma coisa mais à séria. Queria
para abrir o maxilar, e isso demorou
E a família?
mais e melhor, mais empenho de
oito meses. Nunca ninguém tinha
Sou casado com uma sul-africana.
ambas as partes, dos alunos e dos
feito esse tipo de abordagem para
Conheci-a em Portugal através
colegas. Acabei por deixar.
aquele tipo de situação, daí ter sido
de um amigo. Estava no Algarve,
Quando for mais velho não pensa
aplaudido. Depois disso colocámos
fomos jantar e foi amor à primeira
arranjar um querubim, chamar
implantes.
vista. No dia em que nos conhece-
um dentista e ficar perto dele só
O senhor ficou fantástico e deu um
mos começámos a namorar e oito
para ele aprender?
testemunho de agradecimento, pois
meses depois estávamos casados,
Acabo de alguma maneira por
andou 50 anos com esse proble-
faz quinze anos! Temos dois filhos.
fazer isso, de vez em quando dou
ma, que agora está resolvido. Ele
Sente que a vida lhe tem corrido
cursos. Ainda o ano passado em
próprio vivia bem com a situação,
bem?
Paris dei um curso de implantologia,
mas acabou por querer tratar-se
Tenho uma abordagem da vida um
num evento internacional onde fui
porque uma vez o filho perguntou-
pouco peculiar. Acho que acima de
convidado para dar uma palestra.
-lhe porque é que ele não tratava os
tudo temos de ser felizes, e a felici-
Foi muito interessante e tive uma
dentes. Sensibilizado, e até porque
dade passa por muita coisa. Vive-
aceitação fantástica, quer dos co-
não tinha qualquer problema em fa-
mos numa sociedade materialista
102 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
➤
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e as pessoas têm a ideia de que
a felicidade passa pelo material. Obviamente ter dinheiro e uma vida estável é importante, e até era um pouco ridículo dizer o contrário. Mas não é tudo! Importante é a saúde! Se uma pessoa não tiver saúde não tem nada! A saúde é a base da nossa felicidade, depois é a família, e o dinheiro é um complemento, pois ajuda-nos a ter acesso a coisas que não teríamos. Mas, como vivemos numa sociedade muito materialista, as pessoas muitas vezes fazem coisas de que não gostam só por razões financeiras. Era incapaz de fazer isso. Faço isto porque gosto, e sou feliz. Se não fizermos aquilo de que gostamos nunca vamos sentir o pleno de felicidade. É isso que digo aos meus filhos. Façam aquilo de que gostem. Em que países mais gostou de estar? Gosto muito de viajar e até à data gostei de todos os países em que estive. Já estive no Brasil, e acho que é um país que tem muito a ganhar com o turismo. Estive também nos EUA, que é um país
fazer. Acho é que existe um exces-
devido às nossas leis. Acabam por
interessantíssimo. Gosto muito de
so de dentistas, isto é, existem cer-
pagar fortunas.
Nova Iorque, mas gosto mais de
ca de nove mil dentistas para uma
Então ainda não fez tudo, certo?
Londres, pois é mais europeu. Gos-
população de 10 milhões em que
Tem mais algo a dizer?
to também imenso de Paris. E da
possivelmente apenas dois milhões
Na minha clínica, as pessoas
África do Sul, Indonésia, República
foram ao dentista. A África do Sul
quando aqui vêm têm tudo. Não
Dominicana…
tem 60 milhões de pessoas e exis-
precisam de sair dela. Tenho má-
Se tivesse de ir agora de férias ia
tem 4500 dentistas. Aqui em Portu-
quina de TAC, máquina de pano-
para onde?
gal, como existem muitos dentistas,
râmica, raio-x digital, no gabinete
Estou a pensar onde nunca fui,
entrou-se numa política de low-cost,
também. A maior parte das clíni-
e quando se tem filhos é sempre
o que fez surgir uma coisa chama-
cas não tem porque são máquinas
penoso ir para longe. Mas era para
da low quality, baixa qualidade. E
muito caras. Eu invisto nela. Todos
a Tailândia. O problema é que, nos
as pessoas ainda não entenderam
os anos invisto. Vou sempre a fei-
operadores turísticos, existe muito
que para usufruírem de tratamen-
ras internacionais, estou informado
pouca informação em relação à Tai-
tos com dignidade, com a mínima
de tudo o que é novo. O importan-
lândia. Mas gosto muito de comida
qualidade, não existe o low-cost. As
te é passar a palavra de que, em
tailandesa e oriental.
pessoas são mal servidas, andam
todo o mundo, quem quer quali-
Não ficou desiludido por ter sido
anos a pagar o tratamento e depois
dade é aqui que vem. Passando a
dentista, mas diga-me: vai fazer
não têm dinheiro para pagar outros.
palavra...
coisas novas? Está quase tudo
Há clínicas que abrem e depois
feito? Não está?
fecham, abrindo com outro nome,
Não, há sempre muita coisa para
e as pessoas perdem o dinheiro
■
Prime Clinic Tel.:213833444 www.primeclinic.net
JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 103
BUSINESS
João Pestana Dias Eventos de excelência com alma portuguesa
João Pestana Dias tomou as rédeas do seu próprio fado e fundou uma empresa que proporciona momentos e emoções inesquecíveis às pessoas. Com a Fadus Special Events, já trabalhou em vários países da Europa e do Médio Oriente. Tem levado a criatividade e a excelência que existe em Portugal além-fronteiras. A Eles & Elas deve-lhe a fantástica organização da nossa festa de aniversário.
104 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
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Estudou no Colégio Militar.
rava diferentes fados/destinos na
tir a sensação do “primeiro beijo”.
Por que razão a sua família o
área dos eventos.
É preciso viajar muito, conhecer
colocou nesta instituição?
Grande parte da sua clientela
muita gente interessante, ver
O meu pai era Ranger e Comando
não é de Portugal. O que tem a
eventos distintos, ouvir música
e na altura estava na Guerra, mas
sua empresa de extraordinário
diversa, para conseguir dizer “ex-
fui eu quem mostrou interesse
para atrair as atenções de es-
pect the unexpected”.
em ingressar no Colégio Militar.
trangeiros? O que a diferencia
O período de crise pelo qual
A quantidade e diversidade de
dos seus concorrentes?
Portugal e a Europa ainda estão
desportos era algo que me fasci-
Somos competitivos na excelên-
a passar está a prejudicar o
nava. Além dos populares Fute-
cia. Esse é também o ADN de
funcionamento da empresa?
bol, Andebol, Natação, Atletismo,
Portugal. Fazer bem, às vezes,
Penso que nos abalou a todos há
Ginástica, etc, existia Esgrima,
sem as condições, leia-se o orça-
cerca de dois anos. Obrigou-nos
Remo, Equitação, Tiro desportivo,
mento, para o fazer. Foi isso que
a reequacionar as prioridades e
Aeromodelismo e tantos outros
nos fez ganhar concursos em lo-
a concentrar-nos no que verda-
desportos que me encantaram.
cais extremamente competitivos,
deiramente é importante. Há um
De que forma o modelo de ensi-
como Paris, Londres, Antuérpia,
ditado que diz “se não nos mata,
no do Colégio Militar o marcou
Istambul, Barcelona, Amã, Doha
torna-nos mais fortes”, e foi exac-
enquanto pessoa?
ou Belfast, onde a preferência
tamente isso que aconteceu. Mas
O Colégio Militar é muito mais
seria pelas empresas locais.
tem a ver muito com a confiança
do que uma instituição de ensino
Com tantos trabalhos que acei-
que os clientes têm no nosso
académico. É uma Escola que
ta desempenhar no estrangeiro,
trabalho e as parcerias estabele-
tenta formar Homens e que exalta
nunca pensou em deslocar a
cidas.
as virtudes de Portugal, o tal país
sua empresa para fora do país
De todos os trabalhos que a
que Pessoa diz que hoje é “o
ou abrir delegações noutros
Fadus Special Events teve de
cansaço de uma alma forte”. Há
Estados?
concretizar, qual foi o mais de-
ex-alunos do Colégio que comba-
Temos parcerias estratégicas na
safiante e marcante?
teram contra Napoleão, há cinco
Bélgica, França e na Turquia e
Tivemos ao longo destes 16 anos
Presidentes da República e vultos
uma representação no Qatar. Não
vários eventos especiais para
de grande prestígio em todas as
é rentável hoje em dia abrir um
mim. Talvez o primeiro tivesse
áreas que, independentemente do
escritório fora de Portugal, tendo
sido a inauguração dos Armazéns
caminho que seguiram, a todos
em conta a estratégia internacio-
do Chiado, uma vez que assisti
unia o amor ao Colégio. É algo
nal que desenhámos.
ao incêndio e relatei-o, na altura
que não se explica por palavras…
A criatividade é uma peça fun-
como jornalista estagiário. De-
Quando era criança, que profis-
damental no modus operandi
pois o primeiro evento fora de
são desejava ter?
da sua empresa. De onde surge
Portugal, em Antuérpia. Logo a
Apresentador de televisão e
a criatividade para os vossos
seguir, eventos como o Euro2004,
jornalista, algo que mais tarde
trabalhos?
os Laureus Sport Awards, o
acabou por acontecer, em parte.
A criatividade tem muito a ver
America’s Cup, e o convite da
Como surgiu a ideia de fundar
com a forma como arrumamos as
Google americana para o lança-
a Fadus Special Events, em
nossas memórias e lhes damos
mento mundial do sistema An-
1998?
cor. A criatividade tem muitos
droid, em que a FADUS foi men-
Fui o responsável de uma casa de
nomes. Por vezes chama-se
cionada no Wall Street Journal. O
Fado em Cascais, o Amália Clube
trabalho, inspiração. Passa por
meu primeiro evento em Istambul
de Fado, onde cantava eu, Mafal-
escutar e olhar de modo diferente
e o casamento do filho do Emir do
da Arnauth, Rodrigo Costa Félix,
as coisas e aplicar a máxima de
Qatar foram inesquecíveis, mas,
Miguel Capucho, Pedro Moutinho,
Pessoa, que dizia que o verda-
utilizando um chavão, o mais mar-
entre outros. Quando essa aven-
deiro português é universal. Hoje
cante é o que está para vir!
tura terminou, e após dois anos
em dia, só qualidade não basta.
Como vai desenvolver a empre-
em horário nobre na SIC como
A maioria dos nossos clientes já
sa nos próximos anos? Planeia
cantor/actor, decidi enveredar por
viu tudo o que havia para ver. É
experimentar novas técnicas,
um caminho diferente, que mistu-
preciso criar algo único e transmi-
chegar a novos mercados,
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João Pestana Dias
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alargar o público a que a em-
presa se dirige…? Small is beautiful. Não tenho aspiração a ter uma empresa grande. Basta ser uma grande empresa. Fazer bem, de forma séria, criativa, inesquecível e fora do país, honrar o nome de Portugal nos mais pequenos detalhes. Procuramos sempre aquilo que está para vir. O espectáculo que vai directo ao coração, o detalhe que abre os olhos e o pormenor que nos faz tremer de emoção. A última experiência é a parceria com o departamento de investigação do Cirque du Soleil, relativamente a um novo e revolucionário espectáculo de drones, algo nunca visto! Afirmam-se como uma empresa que aposta no luxo como forma de oferecerem ao cliente o melhor possível. O que pensa de produtos e serviços de luxo em Portugal? Para nós, luxo tem a ver com exclusividade, nada mais. Há clientes que são tão “pobres” que só têm dinheiro. Hoje em dia temos a sorte de muitas vezes podermos escolher os nossos clientes, o que nos permite trabalhar os seus sonhos de forma única. Hoje em dia, mais do que o ROI (Return on Investment) estamos interessados no ROE (Return on Emotions) porque são as emoções que dizem onde vamos, com quem vamos e quanto dinheiro vamos gastar.
"
Falando concretamente da
A MAIORIA DOS NOSSOS CLIENTES JÁ
festa de aniversário da Eles &
VIU TUDO O QUE HAVIA PARA VER. É PRECISO CRIAR ALGO ÚNICO
"
Elas, que ideia definiu para a festa? A Eles & Elas é um marco incontornável das revistas sociais de prestígio em Portugal, por isso o conceito teria de ser algo com muito estilo, criatividade e exclusividade.
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João Pestana Dias
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Que avaliação faz da noite da
festa? Foi um evento único, cheio de glamour, e que ultrapassou a expectativa dos convidados. Continuou a perpetuar o nome da Eles & Elas. Tem família? Tenho, e é uma das razões principais pelas quais sou um homem de sorte. Uma mulher e mãe de sonho e três filhos que superaram tudo aquilo que podia imaginar. Quando pretende desligar-se do seu trabalho, em que é que se refugia? Tenho uma vida muito preenchida. Jogo ténis três vezes por semana, faço parte do board of directors do American Club e digamos que faço Filantropia de forma activa. Mas a minha grande paixão é Portugal. A nossa História e o nosso futuro, porque é lá que vamos passar o resto da nossa vida. Que balanço faz da sua vida até ao momento? Tem sido feliz? A felicidade é feita de momentos. A vida é a arte das escolhas. Eu tenho feito as escolhas certas e tenho tido muita sorte, porque tenho aprendido com os erros. O que espera do futuro de Portugal? Sou um otimista informado. Temos de correr mais riscos na inovação, cada país tem características distintas. Só seremos
"
NÃO TENHO ASPIRAÇÃO A TER UMA EMPRESA GRANDE. BASTA SER UMA GRANDE EMPRESA
grandes quando seguirmos o caminho da criatividade, determinação, excelência. Temos muitos portugueses de excelência. Falta um líder que os mereça. Acredito
"
do fundo do coração que a “hora” é criada por nós. D. Sebastião não irá aparecer no nevoeiro, e teremos de ser nós a reinventar-nos. Vamos ser um case study mundial!
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JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 109
English texts
Diplomatic Party - 5 DIPLOMÁTICA celebrated its seventh year in an elegant party hosted in Palácio Marquês de Pombal, in Oeiras, where we presented the Ambassador of Brasil, Mário Vilalva with the Statue of Truth. The event was attended by people from the Portuguese art world, businessmen and accredited members of the diplomatic corps.
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Kirsty Hayes, United Kingdom Ambassador - 16 Kirsty Hayes spoke to us about her work as an Ambassador, about Portugal and about the United Kingdom’s current situation. The Ambassador appears to be optimistic in regards to Portugal’s future and gave the example of British citizens that have been investing in the country.
■
United Kingdom Day - 22 The celebration of the Queen’s Day took place, not only in the streets of London, but also in Lisbon, with a reception hosted by the British Ambassador, in the gardens of her official residency.
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Diplomatic Area - France - 24 The French Ambassador in Portugal, Jean-François Blarel ponders about the management that the European Union must do to satisfy the expectations of the applying members without jeopardizing the functioning of the institutions. The new challenges that the Union has faced demand institutions that are better adapted, in order to give to the Eurozone the stability that it needs.
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Diplomatic Area - Poland - 26 Bronislaw Misztal, Polish Ambassador in Portugal, states that there are three logics in the midst of the Union: the one of the nation-states, the one of the collective family of the 28 member states and the one of the European institutions. This situation demands a balanced management of all these wills.
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Diplomatic Area - Luxembourg - 28 Seeing as, at the moment, Luxembourg takes on the presidency of the Council of the European Union, the Ambassador of the Grand Duchy in Portugal makes some considerations on the new challenges that Europe is trying to face. Paul Schmit advocates that the continent requires strong institutions that focus on the citizens’ needs.
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Diplomatic Area - Morocco - 30 The Ambassador of Morocco, Karima Benyaich, claims that her country is an African power, the second biggest investor in the continent and a country with tight connections with Sub-Saharan Africa. The Ambassador also praises the efforts made by Her Majesty and the King Mohammed VI in promoting a tolerant Islam.
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Investing In Portugal - 39 This dossier illustrates Portugal’s current situation through graphs and information useful for who runs a business and is in search of a country in which to develop or expand them. In 2015 Portugal is the right choice at the right moment.
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Portugal Day - 44 The celebration of Portugal National Day, with the speeches given by the participants and with individuals distinguished by the President.
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Philippe J. Lhuillier, Philippines Ambassador - 56 In this interview, the Ambassador of the Philippines presents himself as someone who is committed to building bridges between his country of origin and Portugal, previously connected by history. Philippe J. Lhuillier informed us that he has been contacting autarchies and companies in order to create partnerships that are beneficial to both countries.
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A Community dedicated to the future - 62 The Community of Portuguese Language Countries, marks in July of the next year, 20 years of existence.
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JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 111
English texts
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Throughout this period, the organization has earned some relevance and importance due to the activities
developed by them and to the concern with economic and social development of its member states. CPLP is a community that works more and more with a future-oriented goal.
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Interview with Ambassador Murade Murargy - 66 In this interview, the Ambassador Murade Murargy, Secretary-General of the Community of Portuguese Language Countries tells us that the CPLP is more and more active and has gained more credibility, but he reveals to us new areas in which the organizations should operate, such as the promotion of the economic potential of the Portuguese language and the development of knowledge networks. Murargy appears to be satisfied with the investment in globalization, the current presidency of Timor and the admission of Equatorial Guinea as a member with full rights.
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Portuguese President in Romania - 76 Aníbal Cavaco Silva paid a state visit to Bulgaria, where he had meetings with the highest political figures in the country. Within his committee traveled Portuguese businessmen.
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Philipp Niemann – E&V - 78 Philipp Niemann, the general director at Engels & Völkers, presents in this interview the companies’ products and its mission and recognizes that investors increasingly search for luxury properties, making this one an expanding market.
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France Day - 88 The French National Celebration, on the 14th of July, took place in Palácio de Santos with a reception hosted by the French Ambassador and was attended by an ample variety of personalities.
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Luxembourg Day - 90 The celebration of Luxembourg’s National Day brought together people from the culture, the diplomatic corps present in Portugal, businessmen and politicians, invited by the Ambassador Paul Schmit.
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Poland Day - 92 Celebration of Poland National Day, at Palácio da Foz. On this occasion, the Vice-President of the Lower House of the Polish Parliament, Eugeniusz Grzeszczak, attended by invitation of the Polish Ambassador.
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Morocco Day - 94 The Ambassador of Morocco, Karima Benyaich, invited dozens of personalities to a reception that celebrated the Throne Day, in honor of King Mohammed VI.
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Agency EFE shows 75 years of history in pictures - 96 The exhibition “EFE: 75 years in photographs” has arrived in Lisbon to present us with dozens of photographs captured in many outstanding moments throughout history, such as the Revolução dos Cravos, an encounter between Franco and Hitler or the attempt on September 11th. These are some of the images of the vast archive of the news agency EFE.
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Pedro Lopes - 100 In this interview, Pedro Ferreira Lopes, explains his work as a dentist and talks about his clinic, Prime Dental Clinic. He also sheds some light into his childhood and his personal life, leaving suggestions to a good oral hygiene.
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João Pestana Dias - 104 João Pestana Dias is the founder of FADUS Special Events, a Portuguese company that organizes events and that has earned the attention and confidence of foreign companies. In this interview, João Pestana Dias talks to us about his work and also about his private life.
112 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015
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ELES & ELAS | 1