´ Diplomatica Nº21 JUNHO 2015 €7 (Cont.)
BUSINESS & DIPLOMACY
DIPLOMÁTICA 21 • ABRIL / JUNHO 2015
Dossier
O Mar
em português
János Áder
Hungria fiel à mensagem
de Fátima Entrevista
Business:
Luxury Network Destaque
Conflitos e fundamentalismos
Embaixadora da Irlanda "Obrigada Europa!"
Embaixadores analisam causas e consequências:
Alemanha, Andorra, Arábia Saudita, Cuba, Emirados, Dinamarca, Egito, Eslováquia, Irlanda, Israel, Kuwait, Letónia, Palestina, Polónia, República Dominicana, Roménia, Tunísia 1 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/JULHO 2008
With English Texts
Assuntos Summary
O Mar da Lusofonia "o nosso maior recurso” The Sea of Lusophone "our greatest resource"
6
Espaço Diplomático: Diplomatic Area: Ulrich Brandenburg, Embaixador da Alemanha - Diálogo em tempos de conflito Ulrich Brandenburg, Ambassador of Germany - Dialogue in times of conflict Maria Ubach, Embaixadora de Andorra - A consolidação da abertura económica em Andorra Maria Ubach, Ambassador of Andorra - The consolidation of economic openness in Andorra Mansour bin Saleh Al-Safi, Embaixador da Arábia Saudita - Arábia Saudita e as oportunidades de investimento Mansour bin Saleh Al-Safi, Ambassador of Saudi Arabia - Saudi Arabia and investment opportunities Michael Suhr, Embaixador da Dinamarca - A política externa dinamarquesa centra-se nas pessoas Michael Suhr, Ambassador of Denmark - The Danish foreign policy focuses on people Ali Elashiry, Embaixador da República do Egito - Egito - O Futuro Ali Elashiry, Ambassador of the Arab Republic of Egypt - Egypt: The Future Alda Vanaga, Embaixadora da Letónia - Presidência da Letónia no Conselho da União Europeia Alda Vanaga, Ambassador of Latvia - Latvian Presidency in the Council of the European Union Hikmat Ajjuri, Embaixador da Palestina - A Terra Sagrada necessita da N.U. Hikmat Ajjuri, Ambassador of Palestine - Holy Land needs U.N. Jaime Durán Hernando, Embaixador da República Dominicana - O fundamentalismo Jaime Durán Hernando, Ambassador of the Dominican Republic - Fundamentalism Vasile Popovici, Embaixador da Roménia - O terrorismo gerado pelo radicalismo religioso Vasile Popovici, Ambassador of Romania - The terrorism generated by religious radicalism Saloua Bahri, Embaixadora da Tunísia - A luta contra o terrorismo: um desafio comum Saloua Bahri, Ambassador of Tunisia - The fight against terrorism: a common challenge Bronislaw Misztal, Embaixador da Polónia - Nós e os fundamentalismos religiosos Bronisław Misztal, Ambassador of Poland - Religious fundamentalisms and us Tzipora Rimon, Embaixadora de Israel - Palavras por ocasião do 67º Aniversário da Independência do Estado de Israel Tzipora Rimon, Ambassador of Israel - Words on the 67th anniversary of Israel's Independence
12 14 16 18 22 24 26 28 30 32 35 38
Miroslav Lajcák, M.N.E. e Assuntos Europeus da República Eslovaca Miroslav Lajcak, M.N.E. and European Affairs of the Slovak Republic
40
János Áder - Um Presidente "peregrino" János Áder - The "pilgrim" President
44
Colaboração - O milagre de boas ações Collaboration - The miracle of good deeds
46
Discurso do Presidente da República da Hungria, János Áder, Speech by President of the Republic of Hungary, János Áder,
50
Hungria Hungary
52
Anne Webster, Embaixadora da Irlanda em Portugal - "Obrigado Europa!" Anne Webster, Ambassador of Ireland in Portugal - "Thank you Europe!"
56
Anibal Cavaco Silva iniciou visita a Paris com encontros na OCDE Anibal Cavaco Silva started his vistit to Paris with meetings in the OECD
62
A convite da Presidente da Assembleia da República Portuguesa By invitation of the President of the Portuguese Republic Assembly
65
“Venham investir em França”, convida Manuel Valls "Come to invest in France", invites Manuel Valls
66
Na Procura dos Direitos Humanos In Search of Human Rights
68
Comemoração do Dia da Paz e da Reconciliação Commemoration of the Day of Peace and Reconciliation
72
Aníbal Cavaco Silva na investidura de Filipe Jacinto Nyusi Aníbal Cavaco Silva in the endowment of Filipe Jacinto Nyusi
74
A Diplomática - Business & Diplomacy - Uma parceira de luxo Diplomática - Business & Diplomacy A luxury partner
78
Nuno Duarte Lopes - CEO da Luxury Network Lisbon Nuno Duarte Lopes - CEO of The Luxury Network Lisbon
89
Os vinhos da Moldávia - Um segredo bem guardado Moldovan wines - A well-kept secret
91
A aura de Carlos Medeiros e Fabrice Marescaux The aura of Carlos Medeiros and Fabrice Marescaux
94
Mala Diplomática - Dias nacionais: Israel, Cuba, Emirados Árabe Unidos, Kuwait e Irlanda Diplomatic pouch - National days: Israel, Cuba, United Arab Emirates, Kuwait and Ireland
100
O futuro da língua portuguesa no contexto mundial The future of the Portuguese language in a global point of view
110
Textos em Inglês English textes
112
DIRECTOR: Maria de Bragança PRODUÇÃO: César Soares PROPRIEDADE: Maria da Luz de Bragança EDIÇÃO: Gabinete 1 Editor nº 211 326. Rua de São Bernardo, nº27 A – Lisboa. MARKETING & PUBLICIDADE: Gabinete 1 - e-mail:gabinete1@gabinete1.pt Tel.: 21 099 96 74 Fax: 21 096 49 72 IMPRESSÃO: Gabinete 1 DISTRIBUIÇÃO: Logista - Alcochete - Telefone: 21 926 78 00 Fax: 21 926 78 45 ISSN 1647-0060 – Depósito Legal nº 276750/08 – Publicação registada na Direcção Geral da Comunicação Social com o nº 125395
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 3
ESPAÇO DIPLOMÁTICO
F
undamentalismos religiosos e conflitos. Que
causas? Que consequências? Qual o seu enquadramento num mundo global, na emaranhada teia de relações políticas, económicas e estratégicas entre nações e organizações internacionais?... Quisemos escutar o parecer de Embaixadores acreditados em Portugal. E, assim, ler para crer, convidámos a escrever... ... sem esquecer o Mar e a vocação de Portugal.
Religious fundamentalism and conflicts. What causes? What consequences? What is their framework in a global world, the tangled web of political, economic and strategic relations between nations and international organizations?... We wanted to hear the opinion of Ambassadors accredited in Portugal. Helpfull texts from each country point of view. ... not forgetting the Sea and the future of Portugal.
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 5
O Mar da Lusofonia "o nosso maior recurso”
A teoria do comércio internacional, que assenta nas teorias dos autores clássicos Adam Smith - teoria das vantagens absolutas (1776) - e David Ricardo - teoria das vantagens comparativas (1820) - está amplamente estudada e é conhecida por qualquer economista ou empresário. Muitos anos depois, a base continua a mesma, mas com algumas evoluções, a principal sendo, diria eu, a evolução para a teoria das vantagens competitivas, que resulta essencialmente do aumento global da concorrência. Um País já não se pode “comparar” apenas com outro País, mas tem que produzir e afirmar-se no seio de um mercado global, altamente concorrencial e com uma forte capacidade de em pouco tempo “imitar” e mesmo fazer melhor do que nós. A variável fundamental que, diria eu, temos que adicionar para pensarmos a estratégia de um País (ou mesmo de uma empresa) é a procura. Uma estratégia de crescimento deve ter em conta, muito resumidamente, estes dois factores: 1) as vantagens competitivas - aquilo em que é diferente, os recursos de que dispõe, aquilo que sabe fazer bem e 2) aquilo que o mercado procura. O segredo estará algures no cruzamento destas duas premissas. Podemos até ser muito bons em determinada arte ou ter elevados recursos de determinada matéria, mas se o mercado não procurar esse produto, provavelmente não deve ser o caminho a escolher ou, pelo menos, o investimento não deve estar aí concentrado. O raciocínio ➤
6 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
n
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 7
O Mar da Lusofonia
➤
de construir estradas e depois os automobilis-
tas aparecem, já não cola. Pelo menos, não no estado em que Portugal está. A escolha tem que ser acertada e tem que ser consensual. Guardei para sempre a conversa de circunstância que tive com um empresário americano num avião, que me dizia que o problema de Portugal era que queria à força exportar os produtos que os portugueses gostavam e não aquilo que os países de destino procuravam. De facto, aquilo de que gostamos, que só nós sabemos fazer, e que até muitos estrangeiros também gostam, deve servir para atrair turistas, não necessariamente para exportar. Alguma coisa devemos estar a fazer mal. A verdade é que o País não consegue crescer a taxas que sustentem as nossas necessidades e a modernização do nosso tecido empresarial tarda em afirmar-se. A discussão politica nacional gira, invariavelmente, em torno do numerador dos rácios que medem o desempenho económico e esquece recorrentemente o denominador comum, o PIB. Se formos capazes de alinhar os objectivos em torno do crescimento do denominador, em vez de sublinhar as discórdias sobre a gestão do numerador, automaticamente este último deixará de ser tão relevante. E o denominador, só vamos conseguir altera-lo significativamente se tivermos em conta as nossas vantagens competitivas e o que o mercado global procura. Comecemos pela segunda, a procura. Um ensaio sobre aquilo que irá influenciar a procura no séc. XXI daria para encher estas páginas, mas se tivesse que resumir a um principal factor de influência na procura mundial, escolhia a evolução demográfica – até meados deste século vamos ser mais 2 mil milhões de pessoas no mundo! Em consequência deste aumento demográfico, há algumas áreas que terão, obrigatoriamente, de dar resposta e satisfazer o aumento consequente do consumo: A procura de proteína; A procura de energia; A procura de transporte (sobretudo de mercadorias); A procura de tecnologia (como denominador comum a todas as outras).
8 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
Se olharmos então para as vantagens competitivas de Portugal e para os recursos de que dispõe, temos a sorte, talvez única nas últimas décadas, de o nosso principal recurso, aquilo que nos distingue dos restantes países, até geograficamente, o Mar, estar perfeitamente alinhado com as grandes tendências deste século. De facto, é no mar que está grande parte da resposta a esta procura. Por várias razões, pela dimensão incomparavelmente superior do mar em relação à terra, pela sobreexploração e exaustão dos recursos existentes em terra e pelo facto de um novo conhecimento científico e novas tecnologias no permitirem explorar recursos naturais antes inacessíveis. Se olharmos para o mapa de Portugal, é dema-
siado óbvio que o Mar faz parte da nossa geo-
procura no século XXI
grafia. Se tivermos em conta o Mar no mapa de
E temos uma enorme fonte de recursos – o Mar.
Portugal, facto que foi sistematicamente esque-
O leito marinho, as ondas, o vento, as caracterís-
cido até há poucos anos, chegamos à conclusão
ticas biofísicas únicas das nossas águas, quer
que Portugal é, afinal, um país grande, central e
em termos geológicos, quer minerais, a nossa
com um enorme recurso.
biodiversidade marinha, etc, etc...
Somos a maior Zona Económica Exclusiva da
Cruzemos então as duas premissas.
Europa e, com o aumento da nossa plataforma
A procura de proteína
continental, passamos a estar entre os 10 maio-
A FAO (Food and Agriculture Organization) es-
res países do mundo!
tima que, devido ao aumento demográfico, até
Estamos no centro das principais rotas de co-
meados deste século, vamos ter que produzir
mércio mundial e na fronteira entre o Atlântico
mais 70% dos alimentos que produzimos hoje. A
norte e o Atlântico sul, gozando de uma posição
crescente preocupação com temas como a saúde
estratégica na triangulação com o continente afri-
e o bem estar e o surgimento de novas classes
cano e sul americano (e já agora, com os países
médias em países emergentes, representam uma
lusófonos), espaço onde estará uma boa parte da
oportunidade muita clara para a produção de
➤
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 9
O Mar da Lusofonia
➤
pescado, por outras palavras, para a aquacul-
congelado, nas empresas de bacalhau.
tura, já que o peixe que existe no mar não será
A procura de transporte
suficiente para dar resposta a esta procura. An-
Globalização e comércio internacional significa
tes pelo contrário, a tendência a que assistimos
transporte de mercadorias. Ainda mais desde a
é uma redução constante nas quotas de pesca.
descoberta do “ovo de colombo” do transpor-
A hesitação a que assistimos na sociedade de
te - o contentor. 90% do comércio internacional
hoje na aceitação do pescado de aquacultura irá
é feito por mar e este número vai aumentar com
rapidamente desaparecer. Aliás, deixe-me dar-
o crescimento do comércio mundial, influencia-
-lhe uma novidade – o salmão que consumiu este
do também pelo aumento das importações dos
mês era produzido em aquacultura! Mas além da
países emergentes. A União Europeia elegeu o
aquacultura, o aumento do consumo de peixe
transporte marítimo (de curta distância) como o
representa também uma oportunidade para a
meio preferencial para o transporte de mercado-
indústria do processamento. 80% do pescado
rias na Europa. O transporte por navio ainda é o
que consumimos é de alguma forma processado.
meio mais barato e menos poluente das alterna-
Ora, esta é uma tendência com influência directa
tivas que conhecemos e, com o desenvolvimento
nas nossas conserveiras, nas empresas de peixe
da tecnologia, continuará certamente a ser.
10 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
➤
a procura por energias mais limpas, questões como a segurança energética e segurança do abastecimento, estão a influenciar a procura por energias renováveis. Veja-se o caso do Japão, por exemplo, ou mesmo do Reino Unido. E o mar é uma enorme fonte de energia renovável. Energia das ondas, energia das marés e energia do vento. As duas primeiras estão ainda numa fase muito embrionária de investigação, não existindo ainda uma tecnologia fiável que as sustente, mas o mesmo não é verdade com a energia do vento. A tecnologia existe e funciona. O vento offshore é uma realidade! E Portugal teve um papel fundamental na fase de teste e prova de conceito da tecnologia flutuante. No mar temos mais vento e este é mais constante. A dimensão do Mar de Portugal pode ser um activo único na geografia energética do futuro. A procura de tecnologia A tecnologia é o elemento agregador e transversal a todas estas tendências. É a tecnologia que nos dá as ferramentas de acesso ao Mar e que nos permite gerar valor com o Mar. É com tecnologia que desenvolvemos energia mais limpa, que teremos motores menos poluentes, que retiramos mais valor do pescado (através da biotecnologia marinha), que seremos mais eficazes na produção de alimentos. Também aqui, Portugal está bem posicionado. Desde a Expo 98 que o País investiu bastante na investigação e conhecimento do Mar. Hoje temos mais de 50 centros ➤
Todas estas tendências representam uma opor-
de investigação e conhecimento dedicados às
tunidade para os nossos portos e comunidades
temáticas do Mar, o que nos permite antecipar
portuárias (operadores portuários, estivadores),
o surgimento de novas empresas e novos pro-
para as empresas de Shipping, mas também para
dutos. Se devidamente apoiados e incentivados,
as indústrias navais, no caso português mais
estes centros de conhecimento podem ser o
concretamente para a manutenção naval e servi-
Pinhal de Leiria do Séc.XXI e o que nos permitirá
ços associados.
de novo explorar o nosso Mar.
A procura de energia
Portugal tem uma oportunidade única para voltar
A procura por energia não é novidade. O ele-
a ter um papel de relevo na economia mundial.
mento novo neste caso é o mar. O esgotamento
Nesta revolução, pela primeira vez, temos o
dos recursos terrestres está a empurrar a in-
recurso principal. É preciso apenas um plano
dústria de oil&gas para o offshore. A maior fatia
consensual que implemente esta visão (que é de
de investimento (capex) desta indústria está na
longo prazo!) e começaremos a ver os resultados
exploração offshore. O número de descober-
no denominador comum muito em breve.
n
tas de poços no offshore tem dobrado a cada 5 anos desde o início do século. Por outro lado,
Miguel Herédia é sócio fundador da Ocean Vision Business and Investment Advisory – mh@oceanvision.pt
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 11
ESPAÇO DIPLOMÁTICO
Ulrich Brandenburg, Embaixador da Alemanha Diálogo em tempos de conflito
"
A GLOBALIZAÇÃO ECONÓMICA,
TECNOLÓGICA E DIGITAL NÃO É POR SI SÓ UM GARANTE PARA UMA MAIOR APROXIMAÇÃO POLÍTICA,
NEM MESMO PARA UMA CONTINUIDADE ORGANIZACIONAL.
"
Qualquer analista político cons-
existem demais demagogos no
divergentes, existe um deno-
tata que o mundo em 2015 está
mundo, que nos querem vender
minador comum para todos os
repleto de profunda instabilidade:
respostas fáceis como supostos
demagogos: todos culpabilizam
desde a Líbia, a Síria e o Ira-
antídotos para estes fatores de
os “outros”. Criam símbolos de
que, e não esquecendo o próprio
incerteza. Alguns reclamam que
hostilidade, tão erróneos como
continente europeu. O conflito
a culpa reside na classe de po-
perigosos. Inimizades são res-
na Ucrânia suspende a respira-
líticos no poder; outros que está
quícios de mundos passados.
ção na Europa e os atentados
na comunicação social dominan-
Constatamos que num mundo
de fundamentalistas islâmicos
te; outros ainda que culpabili-
cada vez mais interconectado, os
em solo europeu trazem até bem
zam os crentes religiosos. Estas
opostos colidem. A globalização
perto de nós as problemáticas
receitas fáceis só servem para
económica, tecnológica e digital
globais, que até há bem pouco
radicalizar ainda mais o discur-
não é por si só um garante para
tempo eram-nos geograficamente
so mundial, subsequentemente
uma maior aproximação política,
distantes.
conduzindo a uma escalada da
nem mesmo para uma continui-
A política internacional é a ten-
violência.
dade organizacional. Até dentro
tativa de racionalizar a incerte-
Contudo, apesar de originarem
da Europa cresce a tendência de
za sobre o futuro. Infelizmente
em mundos supostamente tão
culpabilizar o “outro” pelos
12 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
➤
ódio?; e como conseguimos
partilha de um projeto comum
A religião acaba por ser um
reintegrar estes jovens na nossa
e na agência social que molda
instrumento abusado para le-
sociedade? As respostas a estas
um mundo melhor para as novas
var à polarização da sociedade,
perguntas serão geradas no tão
gerações.
quando deveria ser exatamente
precioso diálogo intercultural
O desenvolvimento das insta-
o oposto, nomeadamente um
e inter-religioso, bem como no
bilidades mundiais gera graves
instrumento para nos ensinar a
esforço redobrado de integra-
repercussões na perceção mútua
tolerar o desconhecido e o outro.
ção nas nossas sociedades. Tal
entre as populações. Repercus-
O ataque à redação do Charlie
pressupõe a disponibilidade das
sões essas, que os decisores
Hebdo em Paris demonstrou
próprias comunidades imigrantes
políticos e a sociedade civil
que nenhum sítio no mundo está
em se integrar – paradoxalmente
devem combater. Um estudo re-
imune à ameaça terrorista. Mas
é a precisa comunicação global
cente da Fundação Bertelsmann
não nos devemos esquecer que
que favorece uma tendência à
trouxe um dado bastante preocu-
nenhuma região do mundo sofre
criação de “sociedades para-
pante: mais de 60% dos alemães
tanto às mãos do terrorismo
lelas”. Mas simultaneamente
consideram que o Islão não é
fundamentalista, como o próprio
também é necessário que as
compatível com o mundo ociden-
mundo islâmico. Estudos referem
sociedades maioritárias nos Es-
tal. Certamente que as imagens
que mais de 80% das pessoas
tados em questão estejam cons-
de conflito do Médio Oriente mol-
vítimas do fundamentalismo islâ-
cientes do facto que a imigração
daram essa perceção num deba-
mico nos últimos anos são elas
não só é uma realidade, como é
te demasiado polarizado. Con-
próprias muçulmanas. Ou seja,
do interesse de todos nós que a
tudo, há que sublinhar, tal como
os estados europeus, ocidentais
integração seja um sucesso.
o Ministro federal das Relações
e árabes têm que trabalhar em
Em 2014, a Alemanha apresen-
Externas, Frank-Walter Stein-
conjunto para combater esta
tava o segundo valor mais eleva-
meier, o afirmou num recente
ameaça.
do do mundo em imigração. Em
discurso perante uma plateia de
Neste domínio não existem res-
matéria de asilo político, saliento
universitários na Tunísia, “Existe
postas nem simples nem rápidas.
que no ano transato foram co-
democracia que dá espaço ao
Afinal de contas, a segurança de
locados 202.834 novos pedidos
Islão e existe um Islão que dá
uma sociedade depende do grau
ao Estado alemão. Só em Ja-
espaço à democracia”.
de estabilidade interna do qual
neiro de 2015, 25.042 pessoas
O dia-a-dia da democracia não
pode usufruir. Os cidadãos têm
solicitaram asilo à Alemanha.
só é compatível com a religião,
que poder confiar nos agentes de
Estas estatísticas evidenciam os
como esta acaba por contribuir
segurança – polícias, militares e
desafios nesta matéria que se
para o próprio desenvolvimento
justiça – para que esta estabili-
colocam tanto à Alemanha como
da democracia. Uma mesquita,
dade seja realmente sustentável.
a outros países parceiros, que
uma igreja ou uma sinagoga
Independentemente da quantia
partilham esta realidade.
– em Frankfurt, Túnis ou Lis-
de dinheiro e esforço injetado, a
É impossível debater a questão
boa – existe não só para a sua
verdade é que será impossível
da segurança sem tocar no
comunidade, como faz parte do
a qualquer Estado monitorizar
cerne das nossas sociedades:
património democrático de to-
todos os seus cidadãos passí-
democracia e sociedade civil. As
dos. Desta forma, a religião que
veis à radicalização. Por isso é
estruturas formais da democracia
não exclui nem se fecha sobre
essencial que nos coloquemos
– parlamento, governo e admi-
si mesma acaba por fortalecer
as seguintes duas questões:
nistrações públicas – formam o
toda a sociedade. Eis o terreno
como é possível que tantos
esqueleto do nosso sistema so-
fértil onde religião e democracia
jovens que cresceram no nosso
ciopolítico. A vivência da demo-
se encontram: na atribuição da
seio se sentem atraídos pela
cracia reside na confiança dos
liberdade ao ser humano para
mensagem dos pregadores de
seus cidadãos, no sentimento de
fazer o bem.
➤
problemas endógenos.
n
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 13
ESPAÇO DIPLOMÁTICO
Maria Ubach, Embaixadora de Andorra A consolidação da abertura económica em Andorra
"
ANDORRA ASSUMIU UM FORTE COMPROMISSO DE ABERTURA ECONÓMICA E DE TRANSPARÊNCIA
"
Andorra decidiu, em 2012, avançar
cia. Este facto é muito importante
andorrano, o IRS, o modelo fiscal
determinadamente para a abertu-
para os mais de 10.000 portugueses
está completo, estando sujeitos a
ra económica e competitividade,
residentes no país, o segundo país
tributação os lucros das empresas,
através da adopção da Lei sobre o
do mundo com maior percentagem
os salários dos trabalhadores, as
Investimento Estrangeiro. Esta lei fa-
de residentes portugueses depois do
pensões, os rendimentos de activida-
cilita, desde então, aos investidores
Luxemburgo.
des económicas e profissionais, e os
estrangeiros investirem directamente
A política de abertura económica faz
rendimentos de capital.
em Andorra.
parte de um projecto nacional que
O país fez uma aposta colectiva
Até Junho de 2012, um investidor
visa consolidar Andorra como um
para abrir a sua economia, facilitar a
estrangeiro apenas podia deter no
país com uma carga tributária mode-
instalação de empresas estrangeiras
máximo 49% de uma sociedade em
rada, com uma economia centrada
em Andorra, criando novos sectores
Andorra. Actualmente, pode deter
na inovação e no valor acrescido e
de actividade e novos postos de
100% do capital das empresas, ao
plenamente integrada nos mercados
trabalho. Foi um esforço colectivo
mesmo tempo que os direitos eco-
internacionais. Agora já podemos
para estabelecer um novo modelo
nómicos dos residentes são equipa-
afirmar que, com a entrada em vigor
fiscal homologável, sanear as contas
rados aos dos andorranos desde o
a 1 de Janeiro de 2015 do último
públicas, e iniciar o caminho para a
primeiro dia da obtenção da residên-
imposto aprovado pelo Parlamento
diversificação económica.
14 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
➤
Paralelamente, nestes últimos
de euros, dos quais 60 milhões,
ranos, profissionais e empresas de
anos, realizou-se um trabalho de de-
que correspondem a 2,4% do PIB,
Andorra aceder sem limitações ao
senvolvimento de uma rede de acor-
tornaram-se efectivos. Dos investi-
mercado interno europeu, tal como
dos para evitar a dupla tributação e,
mentos estrangeiros autorizados, 1%
o fazem actualmente os membros
deste modo, favorecer a internacio-
são de origem portuguesa.
não per-tencentes à UE do Espaço
nalização da economia andorrana.
Andorra assumiu um forte compro-
Económico Europeu (EEE). Andorra
Andorra assinou o primeiro acordo
misso de abertura económica e de
espera que este acordo respeite as
para evitar a dupla tributação com
transparência. Doravante, a nossa
espe-cificidades do país, tal como
França em Abril de 2013, o segundo
prioridade é dar a conhecer aos
consta na Declaração 3 do artigo 8
com o Luxemburgo em Junho de
agentes económicos internacionais
do Tratado de Lisboa , e que seja a
2014, e o terceiro com Espanha em
esta importante evolução do nosso
con-firmação da aposta de Andorra
Janeiro de 2015. Durante a Cimeira
enquadramento fiscal e jurídico.
na abertura e competitividade.
Ibero-americana que teve lugar em
Por esta razão, realizaram-se vinte
Com mais 8 milhões de visitantes
Veracruz em Dezembro de 2014, o
missões económicas e apresen-
por ano, o turismo continua a ser a
Chefe de Governo de Andorra, Dr.
tações em vários países, entre os
principal alavanca para a construção
Antoni Martí, e o Primeiro-Ministro
quais Emirados Árabes Unidos,
de novos sectores económicos. Com
português, Dr. Pedro Passos Coelho,
França, Espanha, Colômbia, Brasil,
efeito, Andorra pretende melhorar
acordaram lançar as negociações de
Chile, Rús-sia e China. Em Maio de
a sua oferta turística através do
uma Convenção para Evitar a Dupla
2014, a Iniciativa ACTUA e a AICEP
turismo de saúde e bem-estar, e da
Tributação entre Portugal e Andorra,
(Agência para a Inovação e Comér-
criação de experiências únicas na
com o objectivo de assinar esta Con-
cio Externo de Portugal) organizaram
vertente do lazer e das compras. O
venção por ocasião de uma visita a
uma missão económica em Lisboa,
Cirque du Soleil apresentou o Scala-
Andorra do Primeiro-Ministro portu-
que contou com uma participação
da, um espectáculo exclusivo exibido
guês antes do Verão de 2015. Neste
expressiva de empresários portugue-
em Andorra nos Verões de 2013
sentido, nos passados dias 26 e 27
ses e andorranos. Nesta ocasião,
e de 2014. Devido ao grande êxito
de Fevereiro teve lugar a primeira
o Ministro de Assuntos Exteriores
deste evento, o Governo andorrano
ronda de negociações.
de Andorra e outros membros do
decidiu renovar a sua parceria com a
A Iniciativa ACTUA é o programa
Governo andorrano e da Iniciativa
empresa canadense, que vai realizar
responsável por coordenar todas as
ACTUA fizeram uma apresentação
um novo espectáculo exclusivo no
acções voltadas para a diversifica-
sobre o processo de abertura econó-
Verão de 2015.
ção da economia de Andorra, dando
mica do país. Outras iniciativas priva-
O número de turistas portugueses
apoio ao empresário andorrano e
das estão a aprofundar as trocas
tem aumentado ao longo dos anos,
aos investidores estrangeiros. A
comerciais entre Portugal e Andorra.
e o mais recente estudo de mercado
diversificação da economia realiza-
Neste âmbito, destaca-se a inicia-
realizado revela que os portugueses
-se através dos clusters nos sectores
tiva conjunta da Portugal Foods e
vêem Andorra principalmente como
da tecnologia e inovação, da saúde
de um centro co-mercial andorrano,
um destino de Inverno que tem uma
e bem-estar social, de e-health, da
que já organizaram duas edições de
vasta oferta para a prática do esqui;
cosmética e produtos de beleza, e
“Sabores de Portugal” com o objecti-
e como um país que combina as ac-
da educação, que reúnem mais de
vo de dar a conhecer ainda mais os
tividades de Inverno, a Natu-reza e
320 empresas e mais de 550 profis-
produtos portugueses em Andorra.
as belas paisagens com as compras.
sionais de Andorra e do estrangeiro.
Neste momento, está-se a traba-
Com as reformas já iniciadas, a aber-
Os clusters constituem uma ferra-
lhar no futuro enquadramento das
tura da nossa economia, o sanea-
menta para criar as sinergias ne-
relações entre Andorra e a União
mento das contas públicas, o forta-
cessárias entre o sector público e o
Europeia. O Conselho da União
lecimento dos sectores tradicionais,
sector privado, entre os empresários
Europeia adoptou, em Dezembro de
juntamente com o caminho da diver-
andorranos e os empresários estran-
2014, um mandato de negociação
sificação, estamos confiantes de que
geiros, de maneira que a diversifica-
para um ou mais Acordos de Asso-
a economia de Andorra continuará
ção se torne uma realidade. Desde
ciação entre a UE, Andorra, Mónaco
a recuperar como nos dois últimos
a adopção da Lei sobre o Investi-
e São Marinho. Uma relação estável
anos, e assim reforçaremos também
mento Estrangeiro, foi autorizado um
entre a União Europeia e Andorra
os vínculos com os outros países e,
investimento inicial de 152 milhões
deverá permitir aos cidadãos andor-
em particular, com Portugal.
➤
■
1 Nesta declaração especifica-se que a “A União terá em conta a situação especial dos países de reduzida dimensão territorial que com ela mantenham relações específicas de proximidade”.
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 15
ESPAÇO DIPLOMÁTICO
Mansour bin Saleh Al-Safi, Embaixador da Arábia Saudita Arábia Saudita e as oportunidades de investimento
"
A SAGIA ADOTOU UM CONJUNTO DE
MEDIDAS QUE CONTRIBUAM PARA A MELHORIA DO CLIMA DE
INVESTIMENTO LOCAL TORNANDO-O MAIS COMPETITIVO, MELHORANDO, ASSIM, A CLASSIFICAÇÃO DA ARÁBIA SAUDITA NOS INDICADORES ECONÓMICOS INTERNACIONAIS
A economia considera-se, hoje
país é uma das economias emer-
em dia, o principal motor das re-
gentes no mundo, com os seus
lações internacionais, e as trocas
enormes recursos financeiros,
comerciais, entre dois países,
elevadas reservas monetárias,
constituem uma base de extrema
economia forte e diversas oportu-
importância para o desenvolvi-
nidades de investimento. Todos
mento das relações bilaterais. A
os países que têm relações di-
seguir a isso, vêm os dossiês po-
plomáticas com a Arábia Saudita
líticos e de segurança. Partindo
procuram aproveitar essas opor-
deste princípio, o Reino da Ará-
tunidades e desenvolver as suas
bia Saudita tem vindo a dar inte-
relações económicas com o país.
resse ao desenvolvimento eco-
Por outro lado, a Arábia Saudita
nómico e aos investimentos com
tem grandes investimentos em
os diversos países do mundo,
diversas regiões do mundo, de
nomeadamente atendendo à sua
leste a oeste, e tem um conjunto
qualidade de membro do G 20. O
de gigantescas
16 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
➤
"
➤
empresas classificadas den-
lamento Executivo do Regime do
tre as maiores empresas a nível
Investimento Estrangeiro, cujos
mundial, nomeadamente no setor
detalhes podem ser consultados
das indústrias petroquímicas e
no portal da Autoridade Geral
petrolíferas, para além de enor-
para o Investimento na Arábia
mes cidades industriais que
Saudita (www.sagia.gov.sa). A
albergam mais de 6400 fábricas.
consulta de tais critérios corrige
Partindo destes factos, a Auto-
muitos conceitos errados sobre o
ridade Geral para o Investimen-
exercício da atividade de investi-
to na Arábia Saudita (SAGIA)
mento no Reino da Arábia Sau-
empenha-se para incrementar as
dita que representa um mercado
oportunidades de investimento
aberto aos investidores estran-
nos diversos setores, nomeada-
geiros que podem começar as
mente os setores do transporte e
suas atividades de investimento
da saúde que têm uma elevada
com uma taxa de propriedade de
atração, enquanto oportunidades
100% na maioria dos setores e
de investimento, para os es-
sem necessidade de um parcei-
trangeiros. O valor dos projetos
ro local como algumas pessoas
nestes setores, para os próximos
pensam. Os investidores estran-
cinco anos, atinge cerca de 140
geiros podem comunicar-se di-
mil milhões de dólares america-
retamente com a SAGIA e sem a
nos. A SAGIA adotou um conjun-
mediação de um advogado, uma
to de medidas que contribuam
vez que este organismo foi criado
para a melhoria do clima de in-
principalmente para fornecer as
vestimento local tornando-o mais
informações necessárias e guiar
competitivo, melhorando, assim,
os investidores para as áreas e
a classificação da Arábia Saudita
as oportunidades do investimen-
nos indicadores económicos in-
to no Reino sem intermediários.
ternacionais, particularmente, nos
Tais facilidades estão ao alcance
setores não petrolíferos, visan-
de todas as empresas, grandes
do aumentar a diversidade dos
ou pequenas, e não se destinam
investimentos locais. Para tal, a
apenas às grandes multinacionais
Autoridade Geral para o Investi-
como muitas pessoas pensam.
mento na Arábia Saudita adotou
A Autoridade Geral para o Inves-
critérios e regulamentos para o
timento na Arábia Saudita aspira
investimento no Reino anuncian-
a atrair investimentos qualifica-
do que os investimentos estran-
tivos que contribuam para um
geiros contribuem, de uma forma
desenvolvimento sustentável num
concreta, para o desenvolvimento
mundo a viver a completividade,
da economia Saudita, tendo sido
oferecendo os seus serviços a
elaborados os critérios respeitan-
todos aqueles que pretendam
tes às condições de concessão
investir no Reino e destacando os
de licenças para o investimento.
sectores-alvo para os investido-
Estes critérios constam no Regu-
res estrangeiros.
"
A AUTORIDADE GERAL PARA O
INVESTIMENTO NA ARÁBIA SAUDITA ASPIRA A ATRAIR INVESTIMENTOS QUALIFICATIVOS QUE CONTRIBUAM PARA UM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
"
n
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 17
ESPAÇO DIPLOMÁTICO
Michael Suhr, Embaixador da Dinamarca A política externa dinamarquesa centra-se nas pessoas
"
É DIFÍCIL PARA O HOMEM CONTEMPORÂNEO E DA SOCIEDADE ACTUAL LIDAR COM A CRUELDADE IMPLACÁVEL DA IDADE DAS TREVAS POR PESSOAS DESPROVIDAS DE RAZÃO E DE COMPAIXÃO
"
O novo ano começou mal com os
mortas ou feridas por se levanta-
confiança e não na desconfiança.
ataques inimagináveis e cruéis a
rem em defesa desses mesmos
Devemos reagir, mas não exage-
pessoas inocentes em Paris, na
valores.
rar.
Nigéria, em Copenhaga e noutros
No entanto, por muito horríveis
É claro que o extremismo violento
locais do mundo. Os ataques em
que esses actos sejam, é fun-
deve ser abordado a partir de um
Paris e Copenhaga foram ataques
damental que a nossa reacção
ponto de vista holístico e com um
contra os nossos valores, espe-
seja de viver de acordo com os
amplo número de ferramentas,
cialmente a liberdade de expres-
próprios valores que estamos a
em casa e no exterior. Temos de
são. Isto influenciará o ano de
defender. Este é um desafio que
nos concentrar em como podemos
2015.
não devemos subestimar. É difícil
impedir as pessoas de se irem
Em Copenhaga foram mortas duas
para o homem contemporâneo e
transformando em terroristas, em
pessoas inocentes e cinco polícias
da sociedade actual lidar com a
primeiro lugar. E como podemos
ficaram feridos enquanto defen-
crueldade implacável da idade das
levá-los de volta ao caminho certo,
diam a liberdade de expressão e a
trevas por pessoas desprovidas de
uma vez que foram atraídos para
tolerância da religião. Nos ataques
razão e de compaixão. Contudo,
uma mentalidade de extremismo
atrozes do mês passado em Paris,
é imperativo para nós. A nossa
violento.
muitas pessoas inocentes foram
resposta deve ser baseada na
É por isso que precisamos de tratar
18 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
➤
A nossa segurança não é um dado
porque a Dinamarca e a Europa
social em todos os nossos países,
adquirido. Isso mesmo nos mos-
não podem dar-se ao luxo de se
abordando eficazmente o fenó-
tra os conflitos na Ucrânia, a luta
fecharem em si próprias.
meno de combatentes terroristas
contra o terrorismo e o extremis-
Ao mesmo tempo, o ano de 2014
estrangeiros. Esta é verdadeira-
mo violento. Mas os conflitos são
também trouxe novas perspecti-
mente uma área onde nós precisa-
exemplos da forma como vamos
vas para a política externa dina-
mos de fazer mais colectivamente
lutar pelos nossos valores num
marquesa. Pode dizer-se que o
e com urgência. E eu gostaria de
mundo onde a União Europeia
desenvolvimento no mundo ao
usar esta ocasião para instar a
(UE) se está a tornar relativamen-
nosso redor foi de tal forma rápido
uma cooperação internacional ain-
te mais pequena, quer em termos
e tem exigido um esforço tão
da mais forte de forma a enfrentar
de habitantes, quer economica-
global que, mais do que nunca,
este desafio em conjunto.
mente, e desta forma, devemos
está claro que a responsabilidade
O ano de 2014 foi um ano dramáti-
bater-nos pela nossa prosperida-
da política externa não pode ser
co. Não me recordo de um ano na
de. As nossas três medidas de
suportada apenas pelo Ministério
história recente do mundo com tan-
política externa são mais atuais do
dos Negócios Estrangeiros.
tos conflitos profundos. Foi um ano
que nunca. E não serão realizadas
2014 lançou uma nova luz sobre
terrível para a humanidade e um
por si só.
os actores da política externa
➤
de gangues e marginalização
dinamarquesa e mostrou com
ano difícil para as regras internacionais e os valores universais. O conflito na Ucrânia e o crescimento do extremismo violento sem precedentes foram e são ainda acontecimentos que irão definir os próximos tempos. Acrescentemos o Ébola e os múltiplos conflitos armados em África e na faixa de Gaza. Depois de um ano tão violento, os ministros dinamarqueses dos Negócios Estrangeiros e do
"
O ANO DE 2014 FOI UM ANO DRAMÁTICO. NÃO ME RECORDO DE UM ANO NA
HISTÓRIA RECENTE DO MUNDO COM TANTOS CONFLITOS PROFUNDOS
Comércio e Desenvolvimento
"
clareza que muitos dinamarqueses, hoje em dia, participam nela directa e indirectamente. Políticos, oficiais do governo, diplomatas, militares, especialistas em desenvolvimento, trabalhadores humanitários, associações, empresas, fundações, investigadores e grupos de interesse. Todos fazem um trabalho activo pela Dinamarca e todos ajudam a fortalecer e a aumentar a reputa-
apresentaram as seguintes visões,
Muitas das crises em 2014 vol-
ção da Dinamarca no mundo.
objectivos e prioridades de política
taram a salientar a força e a
2014 mostrou que a política exter-
externa:
importância das nossas alianças
na da Dinamarca é baseada em
A política externa dinamarquesa
transatlânticas. E como é crucial
pessoas, nos valores e experiên-
irá reforçar a nossa segurança, a
trabalhar em conjunto com organi-
cias que elas trazem ao mundo.
nossa prosperidade e promover os
zações multilaterais como a UE, a
Dinamarqueses que trabalham,
nossos valores - para nós mes-
NATO, a ONU e a OSCE. A diplo-
moram ou estudam fora da Dina-
mos e para melhorar o mundo.
macia e a cooperação não serão
marca espelham a nossa história,
A ferramenta transversal para a
menos importantes.
democracia e sociedade e podem
futura política externa bilateral da
A Dinamarca foca-se em ser
ser o nosso melhor activo exter-
Dinamarca deve ser a cooperação
activa nos locais e nos temas
no – um activo que devemos usar
das autoridades com um número
onde somos participantes e onde
mais.
de países seleccionados sobre
podemos fazer a diferença. É do
A defesa dinamarquesa - e de
as escolhas estratégicas entre os
nosso interesse deixar a nossa im-
outros países - teve um grande
diferentes modelos da sociedade e
pressão digital no grande desen-
impacto em 2014. Como tem tido
as melhores soluções em diversos
volvimento no mundo. Devemos
há muito tempo e vai continuar a
sectores.
e temos de ter um papel activo
ter no futuro. Estes países não
➤
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 19
Michael Suhr, Embaixador da Dinamarca
estão sozinhos e os seus esfor-
vezes, 28 países mantiveram-se
Uma outra prioridade principal da
ços não podem ficar isolados. As
firmes sobre as sanções - mes-
Dinamarca é a luta contra o ISIS
intervenções militares podem ser
mo que isso nos tenha afectado.
e o extremismo violento. Vamos
uma necessidade e foram uma
Ao mesmo tempo, apoiamos os
continuar o envolvimento militar
necessidade no Iraque, mas isso
nossos vizinhos e aliados no leste
e os treinos como parte de uma
não constitui uma solução por si
por meio da NATO e de acordos
vasta aliança internacional. O es-
própria, mesmo que a reacção au-
bilaterais.
forço militar significou muito, mas
tomática no debate político e nas
As acções dinamarquesas vão
há um longo caminho a percorrer.
notícias nos períodos de crise exi-
envolver muitos domínios diferen-
O corpo diplomático tem que ser
ja com demasiada frequência por
tes com uma grande variedade
apoiado por acções políticas para
uma resposta forte – com navios,
de participantes. Vamos facilitar a
garantir um Iraque unificado e uma
aviões e tropas de combate.
nossa cooperação para a conver-
solução política na Síria. A Dina-
Quando se pretende alcançar a
são da Política Energética Ucra-
marca apoia totalmente os esfor-
paz são sempre os esforços civis
niana, entre elas, um novo centro
ços da UN.
e os ativistas que são essenciais
energético. A Política Energética é
Será importante, em 2015, refor-
➤
para criar soluções duradouras e avançar durante e depois do conflito. E são os heróis civis dinamarqueses que ajudam outros civis que fazem a diferença. Mesmo que não sejam tão visíveis nem tão atraentes como as nossas forças armadas. É uma grande força para a Dinamarca, para a nossa política externa, que tenhamos tantas medidas, tantos participantes heróicos, e que eles saibam como cooperar
"
SERÁ IMPORTANTE, EM 2015, REFORÇAR
O TRABALHO DE PREVENÇÃO CONTRA OS EXTREMISMOS E
PARAR A ABORDAGEM DE “FOREIGN FIGHTERS” – PARA O NOSSO BEM E O DA REGIÃO
"
çar o trabalho de prevenção contra os extremismos e parar a abordagem de “foreign fighters” – para o nosso bem e o da região. Vai exigir alianças diplomáticas entre a UE, o Médio Oriente e a parte norte da África, em cooperação com muitos outros participantes. A UE tem que desenvolver o apoio às políticas, à educação e melhorar as condições socioecónomicas nas regiões envolvidas. Também é muito importante envolver a so-
entre eles. Isto significa que a
uma área central para o fortaleci-
nossa política pode especialmente
mento da nova Ucrânia.
ter base na sociedade dinamar-
Na Dinamarca focamo-nos na polí-
quesa e parcialmente por meio da
tica e na diplomacia para apoiar a
nossa cooperação, mostrando que
luta contra a propaganda russa e
As acções dinamarquesas apli-
somos uma sociedade forte. Desta
a sua guerra nos meios de comu-
cam-se às autoridades e à socie-
forma, gostaríamos de obter o
nicação social. E uma das grandes
dade civil. Em 2015 focalizamos
respeito e a influência que normal-
prioridades é a nossa presidência
a execução dos planos contra a
mente seria impossível para um
no Conselho Nórdico e na coope-
radicalização e melhoria do novo
país tão pequeno.
ração Nórdico-Báltica neste novo
programa para apoiar a oposição
Para a Dinamarca, os vizinhos do
ano, em conjunto com um peque-
moderada na Síria, reforçar a luta
leste vão ser muito importantes
no círculo de países afins pedimos
não militar contra o ISIS. Também
em 2015. Para a Dinamarca e a
um número de propostas à UE.
vamos tentar espalhar o nosso co-
UE, é importante reforçar um me-
Finalmente, apoiamos as reformas
nhecimento na luta contra a lava-
lhor progresso da Ucrânia e, espe-
políticas na Ucrânia e o contacto
gem de dinheiro e o financiamento
rançosamente, uma melhor rela-
entre as pessoas de Leste e os di-
de terror no Corno de África.
ção com a Rússia, que também
namarqueses. Devemos fazer com
O resto do Médio Oriente também
é muito importante para a nossa
que os países e o seu povo fiquem
vai ser um foco da Dinamarca.
economia. A política da UE tem
mais próximos de nós, nestes es-
Os enormes números de refugia-
muitas vezes encontrado o equi-
forços envolveremos especialistas
dos, a Libéria que não atravessa
líbrio certo. Pare por um segundo
dinamarqueses nas regras legais
um bom período e não apresenta
para pensar sobre a unidade espe-
e diferentes partes da sociedade
sinais de melhoramento num curto
cial que mostrámos na UE. Por 16
civil.
espaço de tempo, e a situação
20 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
ciedade civil na Europa e no nosso país. Também se aplica aos nossos compromissos humanitários.
➤
em Gaza não tem esperança, e
na região Ártica não é uma op-
reservas que a Dinamarca tem na
não podemos esperar paz entre
ção, mas uma necessidade para
cooperação europeia, a reserva
os israelitas e palestinianos. É
a Dinamarca. Por isso, o governo
legal.
importante que a UE esteja pronta
dinamarquês quer melhorar a coo-
A política externa dinamarquesa
para assumir um papel maior se o
peração entre a Gronelândia e as
tem como primeira prioridade
trabalho dos americanos não tiver
Ilhas Faroé sobre o Ártico, particu-
zelar pelos interesses dinamar-
sucesso.
larmente para a futura presidência
queses e contribuir para a segu-
Será um ano crucial na luta pelo
dos EUA no Conselho Ártico. A
rança, prosperidade e valores no
meio ambiente e a transição ver-
gestão do Ártico é uma área-
mundo, mas também se centra
de, num mundo com grandes pro-
-chave e uma prioridade dinamar-
nas pessoas. Os dinamarque-
blemas económicos e com queda
quesa: assegurar que o Ártico fica
ses que podem contribuir e que
dos preços do petróleo, é tentador
numa área sem conflitos, onde os
querem fazer a diferença – é isso
usar cada vez mais petróleo e
estados coexistem em paz. Inde-
que faz da Dinamarca um país
não investigar os recursos alter-
pendentemente das divergências
valioso para os nossos aliados,
➤
nativos. Nós que lutamos por uma
países emergentes e países em
transformação sustentável neces-
crescimento.
sária temos nos empenhar mais para fazer a diferença em 2015 – e trabalhar mais para assegurar um bom resultado na COP21 em Paris. Isto aplica-se aos governos, às organizações, aos líderes empresariais, académicos e líderes de opinião. Numa perspetiva bilateral, a Dina-
"
A NOSSA POLÍTICA ESTÁ LIGADA AOS NOSSOS ESFORÇOS PARA A SEGURANÇA ENERGÉTICA E PREVENÇÃO DE CONFLITOS
"
marca quer continuar o trabalho de cooperação com a China na
Vamos continuar a desenvolver o nosso projeto - nas zonas de confronto mas não menos importante no trabalho em curso e nas mudanças difíceis. Os esforços mais importantes da política externa dinamarquesa acontecem realmente dentro e fora das crises mundiais. Na nossa ajuda ao desenvolvimento, nos nossos esforços nos estados mais frágeis, nas nossas
área da energia e 20 especialistas
sobre a Ucrânia com a Rússia de-
políticas verdes e ecológicas, na
dinamarqueses viajaram para a
veremos continuar a cooperação
nossa pragmática mas clara apro-
China. Na Turquia trabalhamos
pacífica no Ártico, como previa-
ximação para reforçar os direitos
na urbanização sustentável, ali-
mente acordámos. Pessoalmente,
humanos, na nossa política ativa
mentos na Colômbia, a saúde no
vou trabalhar para incluir cada vez
no Ártico, na nossa cooperação
Brasil, e as condições de trabalho
mais a UE no caso Ártico.
com empresas dinamarquesas e
no Bangladesh. Focamo-nos mais
A quinta prioridade é a UE, que é
muito mais.
do que nunca na diplomacia eco-
uma cooperação onde nós preci-
O desenvolvimento global reen-
nómica.
samos de obter as competências
força que a política externa se
Ao mesmo tempo, a Dinamarca
dinamarquesas e os participantes
tornou demasiado grande para
tem uma política muito activa rela-
para trabalhar juntos. Um dos de-
os diplomatas isolados. A política
tivamente ao meio ambiente antes
safios mais importantes, como ci-
externa da Dinamarca tem que
da reunião COP21, com foco,
tado antes, envolve a UE e requer
estar enraizada no parlamento
entre outras coisas, na criação de
quer soluções dinamarquesas,
dinamarquês, na administração
uma aliança entre os países do
quer europeias. As novas institui-
central e em toda a sociedade
norte e os países do sul. Continua-
ções começaram bem e também
dinamarquesa. É importante para
mos a trabalhar por uma transição
com alguns projetos ambiciosos
nós, diplomatas, chegar a todas
verde ambiciosa, bilateral e na
nas áreas do crescimento, energia
as frentes mobilizadas fora da
UE. A nossa política está ligada
e uma UE mais efetiva. É impor-
Dinamarca, com todos os espe-
aos nossos esforços para a segu-
tante que nós influenciemos o
cialistas, todas as empresas e
rança energética e prevenção de
resto da UE com os nossos co-
todos os líderes de opinião no
conflitos.
nhecimentos, valores e posições.
esforço para promover as priori-
Para nós, o Ártico é a quarta
Ao mesmo tempo vai ser um ano
dades dinamarquesas no domínio
grande prioridade. A cooperação
onde tentaremos alterar uma das
da política externa.
n
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 21
ESPAÇO DIPLOMÁTICO
Ali Elashiry, Ambassador of the Arab Republic of Egypt Egypt: The Future
"
EGYPTIANS ARE ALSO COGNIZANT THAT A HEALTHY DEMOCRACY MUST BE BASED ON SUSTAINABLE ECONOMIC AND SOCIAL DEVELOPMENT, AND ON SOCIAL JUSTICE
"
The Egyptian people have demons-
remains aware that as it undertakes
efforts we seize the opportunity of
trated, through the revolution of
its political transformation, and pur-
building on the special partnership we
January 25, 2011, and June 30, 2013,
sues economic and social develop-
have with the Kingdom of Saudi Ara-
that they are determined to work
ment it does so in a turbulent regional
bia and the United Arab Emirates, to
towards establishing the democratic
context suffering from considerable
convene the “Egypt Economic Deve-
system they aspire to. In this regard,
security challenges.
lopment Conference”. The conference
the political road map, announced in
Egypt has for many decades assu-
will launch Egypt’s macroeconomic
the wake of June 30, has achieved
med a special responsibility in brin-
reform program, affirm the goal of
the adoption of the new constitution,
ging about peace and stability in the
achieving inclusive economic and
the holding of presidential elections,
Arab World and Middle East. Egypt
social prosperity for all Egyptians, and
and will culminate in Parliamentary
firmly believes in its responsibility to
open up big possibilities of coopera-
elections due to be held in the near
the region and recognizes that the
tion with our partners for the prosperi-
future.
sustainable economic and social
ty and stability of our region.
In parallel to this effort, Egyptians are
prosperity of all its countries lies on
The invitation to participate in this
also cognizant that a healthy demo-
peace and stability, as well as on
conference was extended to lea-
cracy must be based on sustainable
Egypt’s assumption of its responsibili-
ders of many countries including the
economic and social development,
ty in this regard.
leaders of the 28 European Union
and on social justice. Likewise, Egypt
As we drive towards achieving these
countries.
22 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
➤
The economic conference will be
waterway to 97 ships/day in 2023 up
increasingly inspired by ISIS. These
held in Sharm el Sheik from 13th to
from 49 ships/day at present; dee-
groups are waging a lethal campaign
15th March 2015. The conference
pen and widen the Canal in order to
against the Egyptian people, security
agenda has been formulated to in-
accommodate vessels with 66 feet
and military forces and threaten to
clude two main themes; First with the
draft in both directions; encouraging
undermine progress toward prosperity
participation of leaders and senior offi-
national, Arab and foreign capital
and democracy.
cials from government, and interna-
investment to participate in the imple-
Egypt’s military and security forces
tional and regional development and
mentation of the master plan of the
have made significant progress
financing institutions, deals with deve-
project. The general framework inclu-
against transnational militant groups.
lopment policies, encompassing: the
des: car assembly plants, electronics,
Over the past several months,
announcement of the comprehensive
manufacture and repair of containers,
Egyptian military and security forces
development vision of the Egyptian
oil and refining industries, petroche-
have arrested or killed thousands of
government; the requisite develop-
mical industries, light metal industries,
terrorists, seized thousands of wea-
ment programs for its implementation;
distribution and redistribution logistics
pons and confiscated tons of explo-
the funding needs for their execution
centres and bunkering.
sives. Additionally, Egypt destroyed
in the coming years; the contributions
Besides the Suez Canal, the gover-
thousands smuggling tunnels that
of development partners therein,
nment of Egypt has launched also a
had operated for years with impunity,
whether direct or indirect as well as
series of mega development projects,
supplying weapons, resources and
legislative reforms to be adopted in
among which is the project to esta-
personnel to terrorist groups targeting
the coming period to improve the
blish the Logistic Centre for Trade,
Egypt and neighbouring countries.
investment climate, and investor pro-
Handling and Processing of Cereals
Under President El Sisi, Egypt conti-
tection. Second; wherein participation
and Grains in Damietta. The master
nues to build an effective democratic
is focused on leading local , regional
plan is set for the logistic Centre in
political system that will provide a bet-
and international investors, deals
Damietta over a land area of 3 million
ter future for all Egyptians. In a short
with the investment and business
square meters with a total storage
period of time, the country has moved
sector, where available investment
capacity of 65 million tons, the Centre
forward significantly, approving via
and business opportunities in priority
will serve for receiving and handling
referendum an amended constitution
sectors will be showcased along with
grains and cereals, unrefined sugar,
that affords Egyptian citizens with
the national mega-projects, the diffe-
oil and other food commodities; esta-
unprecedented guarantees for indivi-
rent opportunities for public-private
blishing state of the art silos and fiber
dual freedoms and gender equality,
partnerships, as well as providing an
glass domes with the latest ventilation
establishes a political system based
opportunity for exploring investment
systems to store the grains; Re-ex-
on accountability for political leaders,
and cooperation prospects among
porting grains, cereals and processed
and provides additional civilian oversi-
business attendees.
food commodities.
ght of Egypt’s military. The amended
The government has already laun-
Damietta has been chosen to host the
charter also ensures the separation
ched a number of megaprojects that
Centre due to the great advantage
and balance of powers, enumerating
will transform the Egyptian economic
it enjoys mainly being connected by
powers for a strong parliament with
landscape including the expansion of
road, by railroad and by river of 15
significant oversight over executive
the Suez Canal project with the cost
Governorates producers of grains;
actions.
of US$8.5Billion. The Egyptians have
and by being connected to the majo-
We look forward to the active parti-
raised EGP64Billion Pounds which
rity of Mediterranean, Black Sea and
cipation of Portugal in the upcoming
exceed US$8.5Billion in eight days to
North America ports of grain major
“Egypt Economic Development
fund the mega project which reflects
producers and consumers.
Conference” and the contribution of
the full confidence in the leadership
A golden triangle industry/mining/
Portuguese business or investors
and its vision. The objectives of the
commercial and tourism centre be-
communities to support Egypt’s deve-
Suez Canal development project are
tween Qena and the Red Sea, and
lopment initiatives in order to enhance
creating well developed industrial
the investment of US$1 Billion in new
the bilateral relations between the two
zones and international logistics and
renewable energy projects.
countries, especially trade relations
commercial centre; increasing the
Egypt is fighting a war on terrorism,
that do not reflect the excellent his-
doubled parts of the waterway by
battling extremist groups such as An-
toric and political relations between
50%; increasing the capacity of the
sar Bayt al-Maqdis, whose tactics are
Egypt and Portugal.
➤
n
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 23
Alda Vanaga, Embaixadora da Letónia Presidência da Letónia no Conselho da União Europeia
Europa competitiva, digital e empenhada No dia 1 de Janeiro de 2015, pela
Enquanto a UE ainda se recupera
primeira vez, a Letónia assu-
da crise e novos desafios surgem,
me a Presidência do Conselho
a Presidência da Letónia vai conti-
da União Europeia. O objetivo,
nuar o trabalho intensivo na pro-
durante os próximos seis meses,
moção do crescimento, para criar
estará centrado na construção
empregos e fomentar a competi-
de uma Europa mais competitiva,
tividade para garantir e promover
digital e empenhada. O caminho é
a posição da Europa na economia
a estreita colaboração com todos
global. A Presidência da Letónia
os Estados-Membros. A Presidên-
também irá trabalhar na constru-
cia da Letónia está pronta para
ção de uma base industrial forte
realizar os objectivos fixados pelo
e internamente competitiva para
programa do Trio de Presidências
colocar a indústria da Europa ou-
(Itália, Letónia e Luxemburgo) e
tra vez no caminho do crescimen-
continuar o trabalho iniciado pela
to. Para garantir um crescimento
Presidência Italiana.
sustentável, a Presidência vai
24 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
➤
concentrar-se na elaboração e
promover o seu papel como um
a celebração de novos acordos
conclusão do programa de facili-
actor global – o objectivo será o
comerciais estratégicos que pode-
tação do investimento, no forta-
de facilitar a estabilidade, segu-
rão trazer-nos novos empregos e
lecimento do mercado único da
rança e desenvolvimento. Uma
crescimento.
UE e na promoção da segurança
parte importante do programa da
Ao mesmo tempo, a Presidência
energética.
Presidência será dedicada a áreas
de Letónia está empenhada em
Durante a Presidência da Letónia,
cruciais da política da EU como
lidar com outros problemas no
as questões da Agenda Digital
a vizinhança, desenvolvimento,
âmbito das políticas da UE, em
serão umas das principais priori-
migração, comércio, segurança e
busca duma abordagem equili-
dades. O objetivo da Presidência
defesa e políticas de alargamento.
brada e de soluções aceitáveis e
letã será explorar ao máximo o
Portanto, a Presidência da Letó-
apoiadas por todos os Estados-
potencial de avanço tecnológico e
nia irá facilitar as avaliações da
-Membros.
trabalhar para aproveitar as opor-
política europeia de vizinhança e
O logotipo da Presidência Letã
tunidades do mercado único digi-
a actualização da estratégia da
baseia-se na mó dos moinhos
tal. Será dada especial atenção
UE para a Ásia Central. A Presi-
que, nos tempos passados, foi
à promoção da confiabilidade do
dência da Letónia também acolher
uma inovação significativa e um
mercado único digital e à seguran-
a Cimeira da Parceria Oriental em
gatilho de mudança nos lares de
ça no ambiente digital. A Presi-
Riga, em Maio de 2015.
toda a Europa. De forma seme-
dência da Letónia está a organizar
Em termos de comércio a Presi-
lhante, a Presidência da Letónia
a Assembleia da Agenda Digital
dência da Letónia vai trabalhar
vai continuar o trabalho e realizar
em Riga em Junho de 2015.
para o benefício de todos os
novas iniciativas focadas no cres-
Tendo em conta a prioridade da
Estados-Membros, no sentido de
cimento económico que possam
Presidência – apoiar a construção
garantir a competitividade da UE,
trazer novas perspectivas e con-
duma Europa mais empenhada e
a abertura do nosso mercado e
fiança aos cidadãos europeus.
➤
n
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 25
ESPAÇO DIPLOMÁTICO
Hikmat Ajjuri, Ambassador of Palestine Holy Land needs UN
"
TWENTY YEARS OF VAIN
NEGOTIATIONS, HAVE SO FAR BEEN ELAPSED, SINCE THE EXCHANGE OF THE LETTERS OF RECOGNITION
"
Israel has constantly and gravely
Winston S. Churchill III;
breached international law, inclu-
"We’ll make a pastrami sandwich
ding
of them. We’ll insert a strip of
humanitarian and human
rights law, flagrantly violated
Jewish settlements in between
United Nations resolutions and
the Palestinians, and then ano-
arrogantly ignored the interna-
ther strip of Jewish settlements
tional will and demands. Israel´s
right across the West Bank, so
continued settlement coloniza-
that in 25 years, neither the Uni-
tion schemes in the Occupied
ted Nations, nor the U.S.A, nobo-
Palestinian Territories, including
dy, will be able to tear it apart”.
East Jerusalem, over the goal of
Until today, Israel has built more
peace and security. Settlements´
than 550 settlements and trans-
construction is an Israeli strategy
ferred illegally to them more than
to thwart any possibility of esta-
600 thousand of its citizens.
blishing a Palestinian state. For-
It does not matter when the deci-
mer Israeli Prime Minister Sharon
sions were taken or acts perpe-
Ariel Sharon in 1973 wrote to
trated by successive Israeli
26 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
➤
Governments, whether in 2015,
1996 Netanyahu was elected
Clinton´s said in 2011 “Netanya-
or 1973, settlement activities in
prime minister of Israel, three
hu is not interested in Middle
the Palestinian Territories, occu-
times on a manifesto to destroy
East peace deal”.
pied since 1967, including East
the Oslo agreement. Ehud Barak
The Palestinians in November
Jerusalem, are internationally
has never approved the Oslo
1988, recognized Israel on the
illegal and constitute the major
agreement. Sharon in addition
pre- 1967 borders, a rather 78%
obstacle to peace. The Fourth
to been the master of the settle-
of historic Palestine. All Arab and
Geneva Convention, namely
ments activities, he was found un
Muslim countries offer to norma-
Article 49 (6), is clear about this,
fit for public office by an Israeli
lize relations with Israel in return
as are Additional Protocol I to
commission due to his respon-
for the land it has taken by force
the Geneva Conventions, Article
sibility of the Sabra and Shatilla
in 1967 (Arab initiative 2002).
85 (4), and the Rome Statute of
Massacre in Lebanon in 1982.
The Palestinians´ commitments
the International Criminal Court,
Most of influential world leaders
to non-violent means, in their
Article 8(2) (b)(viii).
if not all know that Netanyahu is
quest, to end the Israeli 47 year’s
Indeed, the confiscation and co-
not interested in peace and acts
military occupation of their terri-
lonization of the land of another
against it.
tories, have no choice, but to go
➤
people and their forced displa-
to the UN and its agencies and
cement and transfer from that
The Israeli political analyst
of course to return to the Secu-
land constitute war crimes under
Amira Hass, commenting on
rity Council, to uphold its duties
international law and cannot be
Netanyahu’s speeches; “The
vis-a-vis the Palestine question
justified or excused under any
mouth speaks peace while the
and to contribute genuinely to
pretext.
hand drives the bulldozer - the
the efforts, to resolve the Israeli-
Ironically, Israel continues de-
essence of Israeli policy”. (Hair-
-Palestinian conflict and forge a
fying the International community
nets Newspaper)
credible path for peace.
and its laws, despite the fact that
Former Shin Bet (Israel Security
Based on the aforementioned
the United Nations Organization
Agency) chief, Yaakov Peri, says
narrative and the fact that that
created Israel based on 56% of
in an interview with The Jeru-
neither Netanyahu the expected
historic Palestine to the Jews
salem Post on Monday 26 Jan
in coming Prime minister nor any
and the rest for the Palestinians.
2015. “There will be no peace
of his opponents are expressing
(Resolution 181)
agreement with the Palestinians,
in their election campaigns any
Twenty years of vain negotia-
whether regional or bilateral, if
realistic peaceful plan. The Inter-
tions, have so far been elapsed,
Benjamin Netanyahu remains
national community
since the exchange of the letters
prime minister”.
represented by the UN. must
of recognition, in 1993 between
Regrettably, the Security Council
have the courage to enforce its
the late leaders Arafat and Ra-
and upon pressure from the Ame-
endorsed two states solution un-
bin.
rican administration was unable
der chapter 7 of the UN charter.
Since the assassination of late,
on the 30th of December,2014, to
It is the only effectual means to
Rabin, in 1995, negotiations,
rise to the occasion, to uphold its
end the histor-ic injustice inflicted
have lost their values and failed
duties towards world peace and
on the Palestinians since the es-
to deliver any favourable end to
security, to resolve the Israeli-
tablishment of the state of Israel.
the Israeli Palestinian, conflict
-Palestinian conflict and forge a
It is as well an effectual means to
and became a smoke screen
credible path for peace. All In an
dry up resources for terrorism. .
to perpetrate the current status
utter contradiction of both Presi-
President Clinton said on the
quo. It is because all elected
dent Obama´s convictions, ”the
21st of Sep. 2010 “Solving the
Israeli Prime, ministers who
world will be more just with two
Israeli Palestinian conflict would
succeeded Rabin until this date
states living side by side ,in pea-
take away much of the motivation
are not ready for peace. Since
ce and security” . and President
for terrorism around the world”.
n
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 27
ESPAÇO DIPLOMÁTICO
Jaime Durán Hernando, Embaixador da República Dominicana O fundamentalismo
"
OS PIORES ATOS DE VIOLÊNCIA QUE
DIRIGEM HOJE AS GRANDES POTÊNCIAS, SÃO TAMBÉM EXPRESSÕES DE FUNDAMENTALISMO
POLÍTICO, A GUERRA EM AFEGANISTÃO, IRAQUE, LÍBIA E SÍRIA SÃO EXEMPLO
"
Dá-se o nome de fundamentalismo
ram a sua mais intensa operação
foi iniciada a 8 de Julho de 2014,
aos movimentos de caráter religio-
militar contra um território palesti-
enquanto as primeiras incursões
so, étnico, económico e político. É
no desde a Guerra dos Seis Dias,
terrestres contra Gaza acontece-
a estrita aderência a um conjunto
em 1967.
ram a partir do dia 17 do mesmo
específico de doutrinas. Está pre-
Operação Pilar Defensivo, também
mês. A 26 de Agosto, os comba-
sente nos atos de extrema violên-
conhecida como Operação Coluna
tes se encerraram depois de sete
cia, como as ofensivas militares
de Nuvem foi uma operação de
semanas.
das Forças de Defesa de Israel
ataque à Faixa de Gaza, realizada
As operações são expressões de
contra a Faixa de Gaza.
pelas Forças de Defesa de Israel
fundamentalismo político mais do
A Operação Chumbo Fundido é
(FDI) entre 14 e 21 de Novembro
que religioso. Depois de 50 anos
uma grande ofensiva militar das
de 2012.
de guerra, Palestina é hoje ape-
Forças de Defesa de Israel, rea-
A chamada Operação Margem
nas a Faixa de Gaza e Cisjordâ-
lizada na Faixa de Gaza, a partir
Protetora também chamada,
nia.
do dia 27 de Dezembro de 2008.
Guerra em Gaza de 2014, foi uma
Os piores atos de violência que
Todavia, na maior parte do mundo
campanha militar lançada pelas
dirigem hoje as grandes potências,
árabe, a ação israelense é referida
Forças Armadas de Israel contra a
são também expressões de funda-
como Massacre de Gaza. Inicia-
Faixa de Gaza. A operação aérea
mentalismo político, a guerra em
28 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
➤
➤
Afeganistão, Iraque, Líbia e Síria
rias com a Ásia. Perante os sécu-
são exemplo.
los XVI a XVIII, o vértice europeu
Não são os atos de guerra arma-
deste imenso conjunto de cadeias
da, são também os atos económi-
de trocas comerciais assenta nas
cos de expropriação ilegal de bens
principais potências navais e polí-
de um pais ou de um Estado por
ticas, Portugal, Espanha, França,
outro Estado, como é o caso das
Inglaterra, e Holanda.
chamadas Sanções Económicas.
Europa, explorou, conquistou e co-
As organizações mais conhecidas
lonizou África e América. Extraiu
assinaladas como fundamentalis-
em seu benéficio todas as suas
tas são :
riquezas materiais e humanas.
Al-Qaeda, também Al-Qaida, é
O sistema esclavista foi imposto
assinalada a organização fun-
desde o principio até o fim.
damentalista islâmica mais co-
O comércio de hoje é pelo menos
nhecida. Foi considerada como
quadrangular e planetário. Não
promotora principal do terrorismo
para benéficio de uns a custa
internacional, responsável dos ata-
dos demais, mas para beneficio
ques de 11 de Setembro de 2001.
equilibrado de tudos. Sempre
Perseguida foi debilitada e disgre-
serão possiveis associações tri ou
gada. Seu líder Osama Bin Laden
bilaterais.
foi eliminado. A sua força hoje é
Nos séculos XVIII e XIX o colo-
muito fraca, sem chefe.
nialismo entrou em crise. América
O chamado Estado Islamico de
atingiu a sua independência.
Iraque e do Levante, EIIL, tam-
O mundo hoje tem mudado muito.
bén chamado Estado Islamico,
A diferença entre a América do
IES, é considerado seu substituto
Norte e Latinoamérica e Caraibas
e descendente. A sua força mi-
é notável. A diferença entre os
litar é notável, surgida e armada
Estados da Europa não é tanta. O
ao serviço de potências estran-
poder da China determina que a
geiras para fazer a guerra a Síria
Ásia não seja secundária mas uma
em primeiro lugar, e depois a
das primeiras.
Iraque. Seus promotores e chefes
Algumas comparações podem ser
teriam perdido o dominio sobre
úteis.
eles. São a principal organiza-
PBI Continente Território População 731 10 32.7 Europa 30 1.7 Africa 100 21 6.9 A.L. Caraibas 600 9.37 17,400 T Estados U. 308.7 9.6 17,600 T China 1,338
ção terrorista e fundamentalista de hoje. As relações económicas e políticas entre as Américas, Europa,
"
EUROPA, EXPLOROU, CONQUISTOU E COLONIZOU ÁFRICA E AMÉRICA. EXTRAIU EM SEU BENÉFICIO TODAS AS SUAS RIQUEZAS MATERIAIS E HUMANAS
"
Países 50 54 33
África e Ásia.
Respeito e benefício mútuo, fluxo
O Comércio Triangular do Atlân-
tão livre como possível continuam
tico é a expressão utilizada para
a ser regras imprescindíveis. Um
designar um conjunto de relações
elemento perturbador são as cha-
comerciais dirigidas por Europa
madas sanções económicas por
entre as metrópoles e os vários
razões políticas, impostas por uns
domínios ultramarinos, em África
estados contra outros unilateral-
e América, com relações secundá-
mente e fora da lei.
n
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 29
ESPAÇO DIPLOMÁTICO
Vasile Popovici, Embaixador da Roménia O terrorismo gerado pelo radicalismo religioso
"
EM VEZ DE LEVAR A UM PROCESSO DEMOCRÁTICO, A PRIMAVERA ÁRABE FALHOU, COM A
EXCEPÇÃO DA TUNÍSIA, GERANDO EXCESSOS, CAOS OU NOVAS FORMAS DE DITADURA
"
A Primavera árabe deveria ter
a um processo democrático, a
são desastrosos para o mundo
reduzido a tensão no que respei-
Primavera árabe falhou – com a
civilizado. De certo modo sur-
ta à situação dos países árabes
excepção da Tunísia – em ex-
preendente, a Europa parece
e ter trazido no palco político
cessos, caos ou novas formas
ocupar o lugar dos EUA, como
de Maghreb, Mashreq e Médio
de ditadura. Hoje, a Líbia, a Síria
alvo principal para os islamitas.
Oriente as forças políticas perse-
e o Iémen encontram-se num
A proximidade para com as zo-
guidas pelos regimes ditatoriais
estado muito mais grave do que
nas que se encontram sob o con-
da Tunísia, do Egipto, da Líbia,
antes da eclosão das revoltas
trolo dos islamitas radicalistas
da Síria si do Iémen no âmbito
populares. No terreno aberto pe-
como também o recrutamento de
de um processo de normalização
los movimentos populares rapi-
jihadistas europeus via Internet
progressiva das respectivas so-
damente se instalaram as redes
são fenómenos para os quais a
ciedades. A situação não decor-
jiadistas, que transformaram o
Europa deve encontrar soluções
reu minimamente como podía-
Iémen numa base Al-Qaida, a
comuns. É pois claro que estas
mos esperar. As forças islamitas,
Líbia num espaço de prolifera-
soluções não podem ser apenas
perseguidas por muito tempo nos
ção da AQMI, a Síria (Iraque) no
soluções de segurança: o reforço
seus países, passaram por sua
Estado Islâmico.
do controlo fronteiriço, a unifica-
vez a perseguir. Em vez de levar
Os efeitos destas evoluções
ção das informações sobre os
30 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
➤
fluxos de passageiros, a coo-
países empobrecidos, apesar de
territorial da Ucrânia, quando a
peração estreita dos serviços de
ricos em recursos, saíram quase
Ucrânia consentiu ao seu de-
informação dos países-membros,
completamente do circuito eco-
sarmamento nuclear, em 1994,
a aplicação de penas mais du-
nómico internacional. A África
após a implosão da URSS. A in-
ras no que respeita aos crimes
subsaariana e toda uma área
vasão da Ucrânia não é apenas
ligados à actividade terrorista
geográfica situada nas rotas do
um problema russo-ucraniano,
etc. É preciso identificar mais
contrabando do Golfo da Guiné
mas sim europeu, que o recen-
profundamente as causas que
até ao Mediterrâneo estão tam-
te acordo Minsk não solucio-
gerem o fenómeno islamita. As
bém fora de qualquer controlo, o
na, apenas o torna crónico, na
mesmas são tanto de ordem ge-
que representa um grande obs-
melhor das hipóteses, segundo
ral – a ignorância e o ignorar dos
táculo para a cooperação eco-
o modelo da Transnístria, e isso
preceitos do Islão, religião do
nómica e para os investimentos.
no caso dos territórios do Leste
amor e também do cristianismo;
Todos estes factores encarecem
da Ucrânia, porque a situação
a exploração dos sentimentos
a factura da crise económica
na Crimeia é ainda mais grave.
de frustração para com a opu-
actual. Politicamente, a recru-
Se a Geórgia foi um motivo in-
lência da civilização ocidental,
descência do terrorismo islamita
centivante para a intervenção na
a leitura à letra do Corão etc. –,
serve os interesses dos partidos
Ucrânia, a pergunta que teremos
como também de ordem local,
extremistas, antieuropeus, das
que responder é a seguinte: que
tendo cada país europeu a sua
democracias ocidentais. Eis um
outra nova agressão russa nos
própria comunidade muçulmana,
muito rápido panorama das con-
espera, amanhã ou depois, a
mais ou menos integrada, mais
sequências da intensificação do
actual intervenção na Ucrânia,
ou menos a viver em guetos. Um
fenómeno islamita que vivemos
que ficou sem uma resposta
problema que tem que encontrar
hoje.
conforme?
➤
n
uma solução, que tenha também em conta os interesses palesti-
A invasão russa da ucrânia
nianos é o problema israeliano-
É um erro enorme acreditar
-palestiniana. O adiamento de
que a anexação de territórios à
uma solução representa uma das
Ucrânia por parte da Federação
causas profundas de frustração
Russa representa um problema
popular no mundo árabe, sendo
afastado e ainda por cima um
um preço demasiado alto, que
problema limitado do ponto de
a comunidade judia no mundo
vista geográfico. A invasão da
paga no âmbito de um conflito
Geórgia pelas forças militares
generalizado. O preço deste
russas, de Agosto de 2008, que
conflito prolongado é demasiado
teve lugar na ausência de qual-
alto inclusive para o Ocidente. A
quer medida significativa por
resolução da situação do Médio
parte do Ocidente, foi um motivo
Oriente não pode ficar apenas à
incentivante para a anexação
consideração dos radicais israe-
da Crimeia e para a invasão das
litas e palestinianos, caso quei-
forças militares russas no Leste
ramos eliminar uma das causas
da Ucrânia, pois é isso que se
do terrorismo que ameaça os
passa verdadeiramente naquela
interesses mundiais.
zona, às fronteiras da Europa.
É evidente que, o mundo inse-
Digamos ainda, como uma enor-
guro no qual vivemos tem custos
me ironia, que a Rússia é, con-
altíssimos, económicos e polí-
juntamente com os EUA e o Rei-
ticos. A Líbia, o Iraque, o Irão,
no Unido, o fiador da integridade
"
QUE OUTRA NOVA AGRESSÃO RUSSA
NOS ESPERA, AMANHÃ OU DEPOIS, A ACTUAL INTERVENÇÃO NA UCRÂNIA, QUE FICOU SEM UMA RESPOSTA CONFORME?
"
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 31
ESPAÇO DIPLOMÁTICO
Saloua Bahri, Embaixadora da Tunísia A luta contra o terrorismo: um desafio comum
"
O EXTREMISMO ISLAMITA AFIRMA-SE
CADA VEZ MAIS COMO UM ÚLTIMO REFÚGIO FACE ÀS FRUSTRAÇÕES ECONÓMICAS, SOCIAIS E POLÍTICAS
"
A subida galopante do terrorismo e
Aqmi, Boko-Haram, EI, EL Qaeda.
dos seus efeitos adversos sobre a
A erupção do islamismo radical e
paz social, a segurança e o de-
do Jihadismo, mobilizando milha-
senvolvimento económico é cada
res de jovens na maioria dos casos
vez mais um tema de importante
sem perspetivas de futuro e usan-
preocupação para os Estados.
do a instrumentalização do islão
A frequência e a natureza mortí-
para fins políticos, o que alimentou
fera dos ataques nos países alvos
a amálgama entre Islão e terroris-
(carros armadilhados, bombas nos
mo, fazendo dos muçulmanos, a
locais públicos, ataques de institui-
sua principal vítima, como bem o
ções, tomada de reféns, violações
descreveu Paul Balta no seu livro
de mulheres, massacres coletivos,
« Islão e islamismo »: cuidado com
decapitações), são indicações da
as amálgamas ».
sofisticação dos grupos terroristas,
O extremismo islamita afirma-se
cujo número é cada vez mais im-
cada vez mais como um último re-
portante sob diferentes apelações:
fúgio face às frustrações económi-
o movimento de Ansar Acharia,
cas, sociais e políticas. As seitas
32 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
➤
islamitas fundamentalistas apare-
zamento de elementos jihadistas
dicalização assim como aos meios
cem como refúgios naturais face à
recorrendo ao terrorismo :
para dar um impulso ao reforço da
ausência de perspetivas.
- Uma ordem regional fragmentada
cooperação regional e internacio-
O Sahel tornou-se a placa giratória
marcada por desigualdades nas
nal, da confiança mútua, da troca
do terrorismo internacional desig-
etapas do processo democrático.
de informações entre todos os
nado « arco integrista do Saara »
- A ameaça salafista no Sahel com
atores envolvidos e as medidas a
e servindo de base de retaguarda
os tráficos de todo o género.
tomar nomeadamente em matéria
às redes de grupos terroristas ; as
- O enfraquecimento da coopera-
de controlo de conteúdo ilegal dos
fronteiras não sendo nem mate-
ção entre os parceiros chaves à
sites internet pelos ativistas radica-
rializadas, nem controladas, o que
escala regional e internacional.
listas.
favorece os tráficos ilícitos: armas,
- A degradação da situação eco-
Também o todo securitário para o
droga, cigarros, resgates, extorsão,
nómica e social aumentando as
securitário tem as suas limitações.
branqueamento de dinheiro… e
capacidades dos grupos terroristas
É imperativo atacar a essência do
rende fortunas aos grupos mafio-
em termos de doutrinação e de
problema que é o co-desenvolvi-
sos.
recrutamento.
mento, e não as aparências, como
Também, a Líbia erigiu-se enquan-
- A pobreza e o crescimento do de-
o mostrou um recente estudo do fó-
to refúgio terrorista, entregue à
semprego atingindo principalmente
rum Económico Mundial que alerta
lei das milícias em rivalidade pelo
os jovens.
contra as desigualdades em maté-
controlo das armas e dos tráficos.
- A dispersão dos meios e a ausên-
ria de riquezas, de educação, de
Representando uma ínfima minoria
cia de estratégia coerente e global
saúde e de mobilidade social assim
em relação aos cerca de 1,5 mil
de luta contra o terrorismo, fede-
como as perniciosas consequên-
milhões de muçulmanos, esses
rando os meios securitários mas
cias do desemprego especialmente
radicalistas, pelos seus clamo-
também económicos e sociais com
nos jovens.
res e pelas suas violências, têm
o objectivo de implementar ume
Face a esta situação dá-se a
deformado a religião muçulmana
estratégia de segurança global e
urgência de adaptação das es-
e a civilização arabo-islâmica e
humana.
tratégias de desenvolvimento, de
os seus múltiplos contributos em
- O claro enfraquecimento dos Es-
cooperação regional e internacional
todas as áreas de conhecimento:
tados na luta contra o terrorismo
na base de uma verdadeira parce-
matemáticas, medicina, filosofia,
Face à complexidade da ameaça
ria em benefício de todos para agir
física e química… nomeadamente
terrorista, ameaçando a segurança
eficazmente sobre os eventos de
durante o período do século VIII ao
nacional e regional e acentuando o
maior importância e enfrentar os
século XIII.
fosso e as amálgamas, a resposta
futuros desafios.
O agravamento dos desequilíbrios,
ao problema deste flagelo está in-
A revisão em curso dos instru-
as injustiças sociais, a ausência de
dubitavelmente ligado à tomada de
mentos da política de vizinhança
progressos económicos e sociais,
consciência do perigo deste fenó-
e de apoio à realização concreta
favorecem os comanditários e o
meno, à valorização da cooperação
dos programas económicos, e de
desenvolvimento do terrorismo,
coletiva, cultural e humana sobre
cooperação securitária, é chamada
conjugadas à estigmatização dos
bases convergentes e determi-
a dar uma resposta; a luta entre o
muçulmanos, ao racismo e à xe-
nadas nomeadamente no espaço
terrorismo na sua dimensão securi-
nofobia no ocidente alimentando o
euro-mediterrânico, implementando
tária, cultural, económica e preven-
choque ocidente-islão e favorecen-
uma nova abordagem global que
tiva constitui um desafio comum,
do a doutrinação e o recrutamento
tem em conta as duas dimensões:
como bem o anunciou a Senhora
dos executantes.
segurança e desenvolvimento sus-
Federica Mogherini, Alta Represen-
Também importa salientar vários
tentável e equilibrado.
tante da União Europeia para a Po-
fatores internos aos países que
Neste contexto, uma atenção
lítica Externa e Segurança aquan-
passam por processos revolucio-
particular deve ser dada ao desafio
do da sua primeira visita à Tunísia
nários, que favorecem um enrai-
que representa a luta contra a ra-
a 13 de fevereiro de 2015.
➤
n
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 33
Saloua Bahri, Ambassadeur Tunisie La lutte contre le terrorisme: un défi commun La montée galopante du terrorisme et de
la religion musulmane et la civilisation
collective, culturelle et humaine sur des
ses effets néfastes sur la paix sociale, la
arabo-islamique et ses multiples ap-
bases convergentes et déterminées no-
sécurité et le développement économi-
ports dans tous les domaines du savoir:
tamment dans l’espace euro-méditerra-
que devient de plus en plus un sujet de
mathématiques, médecine, philosophie,
néen, en mettant en place une nouvelle
préoccupation majeure pour les Etats.
physique, chimie... notamment durant la
approche globale qui tient compte des
La fréquence et la nature meurtrière des
période du VIII au XIIIème siècle.
deux dimensions : sécurité et développe-
attaques dans les pays cibles (voitures
L’aggravation des déséquilibres, les
ment durable et équilibré.
piégées, bombes dans les lieux publics,
injustices sociales, l’absence de progrès
Dans ce contexte, une attention parti-
attaques d’institutions, prise d’otages,
économiques et sociaux, jouent en fa-
culière doit être accordée au défi que
viols des femmes, massacres collectifs,
veur des commanditaires et du dévelo-
représente la lutte contre la radicalisation
décapitages), sont des indications de la
ppement du terrorisme, conjuguées à
ainsi qu’aux moyens pour donner une
sophistication des groupes terroristes,
la stigmatisation des musulmans, à la
forte impulsion au renforcement de la
dont le nombre devient de plus en plus
montée du racisme et de la xénophobie
coopération régionale et internationale,
important sous différentes appellations :
en occident, alimentant le choc occident-
de la confiance mutuelle, de l’échange
le mouvement de Ansar Acharia, Aqmi,
-islam et favorisant l’endoctrinement et le
d’informations entre tous les acteurs
Boko-Haram, EI, EL Qaeda...
recrutement des exécutants.
concernés et les mesures à prendre
La percée de l’islamisme radical et
Aussi, force est de constater que divers
notamment en matière de contrôle du
du Jihadisme, mobilisant des milliers
facteurs internes aux pays qui connais-
contenu illégal des sites internet par les
de jeunes dans la plupart des cas
sent des processus révolutionnaires,
activistes radicalistes.
sans perspectives d’avenir et utilisant
favorisent un enracinement d’éléments
Aussi, le tout sécuritaire pour le sécu-
l’instrumentalisation de l‘Islam à des fins
jihadistes ayant recours au terrorisme,
ritaire a des limites. Il devient impératif
politiques, ce qui a alimenté l’amalgame
Un ordre régional fragmenté marqué par
de s’attaquer à l’essence du problème
entre Islam et terrorisme, faisant des
des inégalités aux étapes du processus
qu’est le co-développement, et non aux
musulmans, leur principale victime, com-
démocratique.
apparences, comme l’a montré une
me l’a bien décrit Paul Balta dans son
La menace salafiste au Sahel avec les
récente étude du Forum Economique
livre « Islam et islamisme » : gare aux
trafics en tous genres.
Mondial qui met en garde contre les iné-
amalgames ».
L’affaiblissement de la coopération entre
galités en matière de richesses, d’éduca-
L’extrémisme islamiste s’affirme de plus
partenaires clefs à l’échelle régionale et
tion, de santé et de mobilité sociale ainsi
en plus comme ultime refuge face aux
internationale.
que les conséquences pernicieuses du
frustrations économiques, sociales et po-
La dégradation de la situation écono-
chômage spécialement parmi les jeunes.
litiques. Les sectes islamistes fondamen-
mique et sociale amplifiant des capaci-
Face à cette situation se pose l’urgence
talistes apparaissent comme des refuges
tés des groupes terroristes en termes
d’adaptation des stratégies de dévelop-
naturels face à l’absence de perspectives
d’endoctrinement et de recrutement.
pement, de la coopération régionale et
d’avenir.
La pauvreté et la croissance du chômage
internationale sur la base d’un vrai parte-
Le Sahel est devenu la plaque tournante
touchant principalement les jeunes.
nariat «gagnant gagnant» afin d’agir effi-
du terrorisme international appelé « arc
La dispersion des moyens et l’absence
cacement sur les évènements majeurs et
intégriste du Sahara » et servant de
de stratégie cohérente et globale de
relever les défis qui se posent.
base arrière aux réseaux des graou-
lutte contre le terrorisme, fédérant les
La révision en cours des instruments de
pes terroristes ; les frontières n’étant ni
moyens sécuritaires mais également
la politique du voisinage et l’appui à la
matérialisés, ni contrôlés, ce qui favorise
économiques et sociaux afin de mettre
réalisation concrète des programmes
les trafics illicites : armes, drogue, ciga-
en œuvre une stratégie de sécurité glo-
économiques, et de la coopération
rettes, rançonnage, racket, blanchiment
bale et humaine.
sécuritaire, est appelée à donner une
d’argent… et rapporte des fortunes aux
Le net affaiblissement des Etats pour
réponse ; la lutte contre le terrorisme
groupes mafieux.
lutter contre le terrorisme.
dans sa dimension sécuritaire, culturelle,
Aussi, la Libye s’est érigée en foyer terro-
Face à la complexité de la menace
économique et préventive constitue un
riste, livrée à la loi des milices en rivalité
terroriste, menaçant la sécurité nationale
défi commun, comme l’a bien annoncé
pour le contrôle des armes et des trafics.
et régionale et creusant le fossé et les
Madame Federica Magherini, Haute Re-
Ne représentant qu’une infime minorité
amalgames, la réponse au problème de
présentante de l’Union Européenne pour
par rapport à environ 1,5 milliard de
ce fléau tient incontestablement à la prise
les Affaires Etrangères et la politique de
musulmans, ces radicalistes ont par leurs
de conscience du danger de ce phéno-
sécurité lors de sa première visite en
clameurs et leurs violences, déformé
mène, à la valorisation de la coopération
Tunisie le 13 février 2015. n
34 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
ESPAÇO DIPLOMÁTICO
Bronisław Misztal, Ambassador of Poland Religious fundamentalisms and us
"
FUNDAMENTALIST PHENOMENA RESULT FROM EXCLUSION AND INSULAR
SOCIAL POSITION OF VARIOUS, FREQUENTLY NUMEROUS, MINORITY GROUPS
"
In many ways the now prevalent
rights or entitlements. The decaying
forms of denominational
moral authority and –relatively and
fundamentalisms across the world
subjectively- declining legitimation
surprise observers, politicians,
of Western democratic regimes
governments and public opinion.
has encouraged various forms of
Emergent fundamentalisms rest on
contention.
several important pilars. Let us look
Second, fundamentalist
at some of them.
phenomena result from exclusion
First, they result from the civic
and insular social position of
disobedience and, most of all, from
various, frequently numerous,
the growing disrespect to the social
minority groups. Allowing large-
order and to public good. Social
scale migrations, whether resulting
contract, in the way most Western
from political violence or from
societies have implemented this
economic impoverishment across
Hobbesian idea, was meant to be
the large swaths of the world was
a form of self-limitation, of auto-
not tantamount to merging those
control and responsibility vis a vis
groups with established indigenous
legal order and universal human
societies. In fact, ethnic ghettos
➤
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 35
Bronisław Misztal, Ambassador of Poland
➤
have emerged and transformed
Christianity--which is considered
suburbs and regions in most
to be a carrier of liberal values,
Western societies into areas of
including citizenship rights, or
hereditary deprivation. It has
against the affluent socio-economic
created the world of two speeds, or,
orders--which are considered to
in fact, produced a part of society
be the menace to traditional and
that is immobilized, while another
insular societies. The classical,
part is enjoying the fast progress.
Popperian dilemma of non-
Third, the protracted temporality
tolerance that wins over tolerance,
and peripheralization that resulted
or of self-defeating democracy and
from the breakdown of colonnial
liberal philosophy has suddenly
political and moral order has
become a reality of the 21st
created a cognitive vacuum
century.
amongst peoples and tribes
The most common error is to
inhabiting Southern and Eastern
believe that fundamentalist
hemispheres that remained
violence can be fought and
suspended in development and
eradicated with sheer force.
growth. Whith the 20th century
Likewise, the belief that millions of
project of secularization of
people who live in insular bubbles
identity coming undone, identities
can be rapidly reprogrammed
of millions of people became
to accept the core values of the
fragilized, fragmented and
West is probably structurally
fractured, and thus exposed to
and historically wrong. Hence,
some forms of resacralization,
the strategies of dealing with the
frequently only formal, that
21st century’s fundamentalisms
validate violence in the name of
have to be diversified and to
restoring some form of centrality.
include: containment, i.e. physical
In fact, most forms of action and
protection of the Western world
social struggle by fundamentalist
against spreading violence;
groups has been aimed at gaining
engagement, i.e. overcoming
notoriety and central position in
the civilizational backwardness
the social consciousness of the
and non-belonginess of those
West, frequently at the expense of
populations and groups that
violence and bloodshed.
have been left behind when the
The combined effect of those
colonial order was breaking up;
three groups of factors not only
re-signification, i.e. improving the
has rendered several societies
way people build their imaginary
susceptible to the fundamentalist
social worlds, and peaceful
ideologies and mobilization, but
transformation, i.e. defusing now
also has left Western societies
established hatreds and cultural
basically helpless vis a vis
prejudices through long term social
repeated, conspicuous acts of
programs. This is a task for the
violence skewed either against
remainder of the century.
36 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
n
"
THE MOST COMMON ERROR IS TO BELIEVE THAT FUNDAMENTALIST VIOLENCE CAN BE FOUGHT AND ERADICATED WITH SHEER FORCE
"
Bronislaw Misztal, Embaixador da Polónia Nós e os fundamentalismos religiosos
As atuais formas predominantes de
tantes da rutura da ordem política
fundamentalismos denominacionais
e moral colonial criaram um vácuo
do mundo inteiro surpreendem, de
cognitivo entre os povos e tribos
muitas maneiras, observadores, po-
que habitam os hemisférios Sul e
líticos, governos e a opinião pública.
Leste, que permaneceram suspen-
Os fundamentalismos emergentes
sas no desenvolvimento e cresci-
assentam em vários pilares impor-
mento. Com o projeto do século XX
tantes. Vejamos alguns deles.
de secularização da identidade por
Primeiro, resultam da desobediên-
terminar, as identidades de milhões
cia civil e, sobretudo, do crescente
de pessoas tornaram-se fragiliza-
desrespeito pela ordem social e o
das, fragmentados e fraturadas, e,
bem público. O contrato social, na
portanto, expostas a algumas for-
forma como a maioria das socieda-
mas de ressacralização, frequente-
des ocidentais têm implementado
mente apenas formais, que validam
esta idéia hobbesiana, era suposto
a violência em nome da restauração
ser uma forma de auto-limitação, de
de alguma forma de centralidade.
auto-controlo e responsabilidade a
Na verdade, a maioria das formas
par da ordem jurídica, dos direitos
de ação e de luta social por grupos
humanos universais e soberanias.
fundamentalistas foi destinada a
A autoridade moral decadente e
conquistar notoriedade e uma posi-
o – relativo e subjetivo - declínio
ção central na consciência social do
da pura força. Da mesma forma, a
da legitimação dos regimes demo-
Ocidente, frequentemente à custa
crença de que milhões de pessoas
cráticos ocidentais têm incentivado
de violência e do derramamento de
que vivem em bolhas insulares
várias formas de contenção.
sangue.
podem ser rapidamente repro-
Em segundo lugar, os fenóme-
O efeito combinado destes três
gramadas para aceitar os valores
nos fundamentalistas resultam da
grupos de fatores não só tornou
fundamentais do Ocidente é prova-
exclusão e da posição social insular
várias sociedades suscetíveis às
velmente estrutural e historicamente
de vários, frequentemente nume-
ideologias fundamentalistas e à mo-
errada. Assim, as estratégias para
rosos, grupos minoritários. Permitir
bilização, como também deixou as
lidar com os fundamentalismos do
as migrações em larga escala,
sociedades ocidentais, basicamente
século XXI têm que ser diversifica-
resultantes seja da violência política
desprotegidas face aos repetidos
das e incluir: contenção, ou seja, a
ou do empobrecimento económico
atos visíveis de violência tanto
proteção física do mundo ocidental
de grandes áreas do mundo, não
contra o Cristianismo – considera-
contra a violência que se espalha;
significa a fusão desses grupos com
do o portador dos valores liberais,
compromisso, ou seja, ultrapassar o
as sociedades indígenas estabele-
incluindo os direitos de cidadania,
atraso civilizacional e a não perten-
cidas. Na verdade, guetos étnicos
como contra as ordens socioeco-
ça destas populações e grupos que
apareceram e transformaram os
nómicos afluentes – considerados
foram deixados para trás quando
subúrbios e as regiões da maioria
como ameaça para as sociedades
a ordem colonial chegou ao fim;
das sociedades ocidentais em áreas
tradicionais e insulares. O dilema
re-definição, ou seja, melhorar a for-
de privação hereditária. Criou-se
clássico popperiano da não-tolerân-
ma como as pessoas constroem os
um mundo a duas velocidades, ou,
cia que ganha sobre a tolerância, ou
seus mundos sociais imaginários;
de fato, produziu-se uma parte da
da democracia auto-destrutiva e da
e transformação pacífica, ou seja,
sociedade imobilizado, enquanto
filosofia liberal de repente tornou-se
desarmar ódios agora estabelecidos
a outra parte aprecia o progresso
uma realidade do século XXI.
e preconceitos culturais, através de
rápido.
O erro mais comum é acreditar que
programas sociais de longo prazo.
Em terceiro lugar, a temporalidade
a violência fundamentalista pode
Esta é uma tarefa para o que resta
prolongada e periferização resul-
ser combatida e erradicada através
do século.
"
OS FENÓMENOS FUNDAMENTALISTAS RESULTAM DA EXCLUSÃO E DA POSIÇÃO SOCIAL
INSULAR DE VÁRIOS, FREQUENTEMENTE NUMEROSOS, GRUPOS MINORITÁRIOS
"
n
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 37
ESPAÇO DIPLOMÁTICO
Tzipora Rimon,, Embaixadora de Israel Palavras por ocasião do 67º Aniversário da Independência do Estado de Israel
Foto Maria Inês
"Celebramos hoje o 67º Aniversá-
nologia, incluindo as tecnologias
rio da Independência do Estado de
de informação, a agrotecnologia
Israel.
avançada, a medicina e a biotec-
O país é próspero e moderno,
nologia, para mencionar apenas
dotado de um amplo espectro de
algumas.
culturas e de tradições, e beneficia
Todas essas inovações contribuí-
de uma natureza exuberante de
ram para que Israel expandisse,
características excepcionais.
cada vez mais, a sua cooperação
Durante os 67 anos da sua exis-
e o intercâmbio com vários paí-
tência, Israel tem vindo a mani-
ses em todo o mundo. Ao mesmo
festar uma cultura de inovação e
tempo, Israel partilha a sua expe-
de criatividade coroada de êxitos,
riência na arena internacional e
liderando uma extensa actividade
nas Nações Unidas, participando
de investigação e desenvolvimen-
na agenda global dos desafios e
to, com excelentes resultados
esforços nas áreas da segurança
produtivos nas áreas da alta tec-
alimentar, no combate à pobreza,
38 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
➤
➤
no confronto perante os desas-
aprofundamento do ensino do
tres naturais e muito mais. Israel,
Holocausto nas escolas, donde se
por exemplo, levou por diante
retiram lições valiosas na negação
algumas das suas iniciativas, que
do racismo, do preconceito e do
resultaram na adopção de reso-
anti-semitismo.
luções da ONU, cujos objectivos
Há cerca de uma semana entre-
são: a promoção dos investi-
gámos uma medalha e um certifi-
mentos no sector da água e da
cado de honra do “Yad Vashem” à
agrotecnologia, da inovação e do
família do Padre Joaquim Carreira,
empreendedorismo nos países
que salvou judeus em Roma du-
subdesenvolvidos.
rante a Segunda Guerra Mundial,
No que concerne às relações
tornando-se no quarto “Justo entre
bilaterais entre Israel e Portugal,
as Nações” português.
as partes continuam a desenvolver
Israel é uma democracia situa-
uma actividade conjunta ligada
da na vanguarda da luta contra
à agricultura e à Economia Azul,
o terrorismo, que irá continuar
como é o caso dos campos de
a defender-se a si própria e aos
tratamento de água e a promoção
seus cidadãos respeitando a lei in-
de empreendimentos ligados à
ternacional. Nos últimos anos, em
biotecnologia marítima. Para além
várias ocasiões, Israel confrontou-
disso, a cooperação científica e
-se com milhares de lançamentos
na área das Start-ups tem vindo a
de mísseis contra a sua popula-
truição do património cultural da
progredir positivamente e estamos
ção civil, como sucedeu no verão
humanidade.
também a estudar as oportunida-
passado, lançados pelo Hamas
Israel, tal como outros Estados,
des de cooperação no campo da
e outras organizações terroristas
preocupa-se com o programa e
Cibersegurança.
que controlam a Faixa de Gaza.
as infraestruturas nucleares do
Por outro lado, o turismo continua
Em todo o Médio Oriente a vio-
Irão e, apesar das negociações
a ser um grande desafio por parte
lência e o fanatismo alastram,
em curso nesta área, persiste um
de ambos os nossos Estados, no
enquanto as forças islamistas
grande medo de que, num ponto
sentido de aumentar o volume de
radicais inundam a região. Os
ou noutro, o Irão consiga atingir
turistas visitantes.
jihadistas estão a envenenar os
a capacidade de produzir armas
Não queria ainda deixar de referir
espíritos dos jovens, ensinando-
nucleares.
que temos levado a cabo variadas
-os a odiar e a actuar de formas
Israel quer alcançar uma paz
actividades, expondo a vibrante
brutais.
genuína com os Palestinianos e é
e rica cultura de Israel. Exemplo
Presenciamos a deterioração da
óbvio que a única forma de insta-
disso foi a exposição «Out of the
segurança de muitas comunidades
lar a paz entre os dois lados é à
Box» do Design Museum de Holon,
civis espalhadas pela região, onde
mesa de negociações – em diálo-
que apresentámos recentemente
existem graves crises humanitá-
go directo. A nossa esperança é
no Palácio Nacional da Ajuda.
rias.
a de que a liderança palestiniana
Em breve, a Europa assinalará
O Daesh – o Estado Islâmico e
escolha o caminho das negocia-
os 70 anos do final da Segunda
outros grupos extremistas buscam
ções, em vez de actuar, como até
Guerra Mundial e é neste contexto
a hegemonia, a limpeza étnica e o
aqui, junto das organizações inter-
que gostaria de enfatizar a impor-
desmantelamento da presença da
nacionais, procurando o reconhe-
tância dos Actos de Recordação
comunidade cristã, dando origem a
cimento, no intuito de fugir dessas
das Vítimas do Holocausto e do
multidões de refugiados e à des-
mesmas negociações."
"
ISRAEL É UMA DEMOCRACIA SITUADA NA VANGUARDA DA LUTA CONTRA O TERRORISMO, QUE IRÁ CONTINUAR A DEFENDER-SE A SI PRÓPRIA E AOS SEUS CIDADÃOS RESPEITANDO A LEI INTERNACIONAL
"
n
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 39
OPINIÃO
Miroslav Lajcák, M.N.E. e Assuntos Europeus da República Eslovaca Não tenhamos medo da reforma do sector de segurança Tal como a maioria dos navegadores raramente vê mais do que um sexto do iceberg saliente à superfície, também certos temas da política externa permanecem ocultos para a maioria das pessoas na enchente de notícias de conflitos armados, catástrofes, desmoronamento das velhas e formação de novas alianças. Não obstante, muitos dos temas menos visíveis atravessam continentes, países desenvolvendo-se em contextos históricos. Um exemplo típico é a reforma do sector de segurança (Security Sector Reform – SSR)), que na sua definição mais simples significa reforma ou criação das estruturas de segurança e justiça eficazes e financeiramente acessíveis, subor-
imediatamente após o descarre-
há problemas e é necessário falar
dinadas ao Estado de direito, que
gamento ou ao longo do caminho
abertamente sobre eles para os
respeitam direitos humanos, com o
é roubada por homens armados e
resolver. Mas ao mesmo tempo
reconhecimento de que as forças
corruptos.
é de realçar, que a nossa própria
de segurança e justiça têm um
Em todos estes lugares a SSR é
experiência transformadora com
efeito directo e significativo sobre
necessária.
a mudança do regime depois de
todas as outras reformas (econó-
Há oito anos atrás submetemos
1989, é apreciada internacio-
mica, social e de democratização).
aos fóruns mundiais, ideias sobre
nalmente como uma história de
Em todos os lugares, onde os agri-
a reforma do sector da segurança,
sucesso, no início da qual foi a
cultores não podem cultivar e criar
quando a escolhemos como um
reforma do exército, da polícia, dos
porque os ladrões lhes roubam as
dos principais pilares da nos-
serviços secretos e a sua sub-
colheitas e o gado nas quintas ou
sa Presidência do Conselho de
missão ao controlo democrático
a caminho do mercado.
Segurança da ONU. Levou-nos
cívico. E temos muitos exemplos
Em todos os lugares, onde as
a esta escolha o conhecimento
no passado e nos dias de hoje,
raparigas com medo de serem rap-
da incapacidade de muitos paí-
que demonstram ao que nos leva
tadas ou violadas preferem ficar
ses em garantir a segurança dos
quando as forças armadas e de se-
em casa e não ir à escola.
seus próprios cidadãos, prevenir o
gurança tomam o poder.
Em todos os lugares, onde os
derramamento de sangue, afastar
Na ONU a Eslováquia tem cons-
investidores estrangeiros reconsi-
uma queda em espiral de conflitos
truído a sua liderança: somos co-
deram a sua presença porque no
que tenham como consequência a
-presidentes do Grupo de Amigos
país há conflitos armados, a força
desestabilização posterior de toda
da SSR, que fundámos em 2007 e
da lei não funciona e os seus in-
a região.
lideramos um grupo analógico tam-
vestimentos – ou até as sua vidas
Muitos leitores dirão agora que:
bém na OSCE. Em Julho de 2014,
– estariam em perigo.
a Eslováquia deseja ser sábia,
organizámos uma conferência em
Em todos os lugares, onde a ajuda
ensinar e orientar, quando em
Viena, juntamente com a Suiça,
humanitária não pode ser entre-
casa tem problemas de corrupção
sobre as possibilidades de coope-
gue aos seus destinatários, porque
e atrasos na justiça? Sim, houve e
ração entre a ONU e a OSCE
40 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
➤
especificidades do país em ques-
nutrida e medo do futuro, geram
vários eventos internacionais de
tão) e onde as principais decisões
o desespero, impasse e violência
sucesso ao mais alto nível sobre o
estão nas mãos dos líderes polí-
consequentes, então é nosso
desenvolvimento das abordagens
ticos – são eles que devem fazer
dever fazer tudo o que pudermos
regionais ligados à SSR (Cidade
as mudanças e investir os meios
para evitar os conflitos. SSR é
do Cabo, Jacarta, Buenos Aires,
necessários à reforma, envolver o
uma corrida de longa distância, as
Nairobi); dedicámos um painel
sector não-governamental, ganhar
mudanças ocorrem lenta e gra-
especial a este tema na Conferên-
o apoio da opinião pública; nós só
dualmente. Contudo, é importante
cia GLOBSEC 2014 em Bratislava,
oferecemos o nosso know-how, a
perceber, o sector da segurança
com a participação de represen-
nossa experiência. Tal como na
eficaz e sob controlo cívico como
tantes da ONU, UE, OSCE e da
Sérvia, Montenegro, Bósnia-Her-
instrumento de manutenção da
União Africana. Em Novembro do
zegovina, tal como oferecemos à
paz, não apenas como um meio
ano passado em Adis Abeba, eu
Ucrânia e Moldávia auxiliando na
de compensação dos desequíli-
co-presidi ao Fórum Africano sobre
formação das forças de segurança
brios do passado, mas também
a SSR que preparámos em coo-
locais, polícias, gestão do controlo
como uma das respostas para os
peração com a União Africana; em
e protecção das fronteiras, transfe-
desafios de segurança do futuro,
Fevereiro realizou-se a reunião do
rindo a nossa experiência.
incluindo a pobreza, desemprego,
Grupo de Amigos SSR na sede da
O sentido desta ajuda é inques-
criminalidade ou os conflitos.
ONU em Nova Iorque.
tionável: se reconhecermos que a
Neste sentido a Eslováquia de-
Em geral sobre o “sector da se-
incerteza económica e social com-
seja levar este compromisso ao
gurança” entende-se o exército, a
binada com uma economia sub-
máximo.
➤
na área da SSR; co-organizámos
n
polícia, as autoridades prisionais, os serviços de informação, a protecção das fronteiras, os serviços aduaneiros, o Ministério Público e a justiça. O sector da segurança também compreende os actores de segurança não governamentais, pessoas que legislam sobre segurança ou supervisionam orgãos de segurança, como por exemplo os comités parlamentares e ministérios, mas também elementos da sociedade civil que acompanham as actividade do sector da segurança (ONGs, média, grupos de interesse). Não existe apenas um modelo de reforma unificado aplicado universalmente: as condições de cada país são específicas e diferentes. Por isso no caso da SSR, deve valer incondicionalmente o princípio da voluntariedade e da “propriedade” (i.e. a identificação de um amplo espectro político da sociedade política e civil com o modelo das reformas, baseado nas
Com o Secretário-Geral da ONU
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 41
CAPA
János Áder Um Presidente "peregrino" "O mal só poderá triunfar se os homens bons nada fizerem!!!". A verdade é simples e humilde, como o foi a recente vinda a Portugal do presidente da Hungria. Em Fátima, casa da Mãe, como um filho que vem rezar pelo irmão que já partiu. János Áder, chefe de Estado magiar, veio agradecer e prestar homenagem à vida e obra de Luís Kondor, seu compatriota, missionário do Verbo Divino, defensor e das mensagens de Fátima, vice-postulador da Causa de Canonização de Francisco e Jacinta Marto até ao dia em que fechou os olhos, em 2009.
De passagem por Lisboa, o presidente
pelo benemérito sacerdote da Hungria e de
húngaro, advogado e sociólogo, eleito
Portugal", convidando "quantos o conhece-
pelo Parlamento em 2012, cumprimentou
ram e amaram a seguir o rasto por ele deixa-
primeiro o seu homólogo português, Aníbal
do no seu multiforme, jubiloso e incansável
Cavaco Silva, com quem esteve reunido no
serviço à difusão da mensagem de Fátima". A
palácio de Belém, e de quem recebeu, com
celebração foi presidida pelo cardeal D. Péter
sua mulher, testemunhos do maior apreço
Erdo, primaz da Hungria, ladeado pelo Núncio
pelo legado do "bondoso padre Kondor".
Apostólico, D. Rino Passigato, por D. António
Também o Papa Francisco fez questão de
Marto, bispo de Leiria-Fátima e pelo padre
unir-se "de bom grado à Eucaristia de sufrágio
Carlos Cabecinhas, Reitor do Santuário. ➤
44 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
➤
Chegado a Portugal em 1954, nomeado
as estações do exílio, flagelados pela noite
vice-prefeito da sua congregação, o padre
escura do comunismo anticristão.
Kondor "uniu a diáspora húngara no Oci-
Durante mais de meio século, Fátima, a
dente, através da definição de uma missão"
sua Mensagem e as suas gentes foram
e "teve um papel fundamental na constru-
acarinhadas pela "aparição" de um sacer-
ção (há 50 anos, em Fátima) da Capela
dote húngaro de visita à Mãe do Céu. Nes-
de Santo Estevão e do Calvário Húngaro -
sa terra fez seu lar e aí, agora, repousa em
uma Via Sacra erguida no "Altar do Mundo"
bronze, firme como o exemplo, boa praça
com os donativos e devoção de milhares
de seu nome. ■
e milhares de húngaros que percorreram
Fotos: Luís Filipe Catarino / P.R.
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 45
Collaboration the miracle of good deeds
While many people believe that diplomats’ life is about sipping champagne at cocktails all day long, ordinary diplomatic life can be a lot of dull office work. Ambassadors are therefore all the happier if they can do something outside the daily routine. It is especially true if this concerns the legacy of their countryman whose work was appreciated in the country of their posting. As the Ambassador of Hungary I had the good fortune to work on such a project in the past couple of months while I learned a lot about the history of the Hungarian community in Portugal as well as about Fatima, a community that is so important in this country. The connecting person was a Hungarian priest called Padre Luís Kondor or Kondor Lajos atya as we Hungarians would call him – a priest who left the war-torn and Soviet-occupied Hungary and through Germany and Austria came to Portugal in 1954 on the orders of
Descerramento da estátua do Padre Kondor na Praça Luís Kondor, Fátima Presidente
his order, the Verbo Divino. The
da Hungria, János Áder, Presidente da Câmara Municipal de Ourém, Paulo Fonseca
➤
46 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
➤
Hungarian community in Portugal,
tiny village of Hungary, only wanted
particularly the Associação Portugal
to be a priest, never sought to be a
– Hungria para a Cooperação,
famous person whose statute would
and their many Portuguese friends
stand on one of the main squares
wished to commemorate him with
of Fátima. However I believe he
a statute and I felt I had to support
became a “celebrity” in Fátima
this project.
because he stayed what he was – a
Padre Kondor died five years ago
priest, a priest who was dedicated
and since March 7th, 2015 his
to his task and to his community,
statute stands on the square named
his beloved Fátima. If one asks the
after him in Fátima. The significance
local people about him they start
of his lifetime work was honoured
mentioning that their children were
by the presence of the President
christened or married by him. For
➤
of Hungary, János Áder and the Cardinal Primate of Hungary, Péter Erdő. All those who were there at the unveiling of the statute of the prominent sculptor and painter, Arquitecto Sousa Araujo felt that they were taking part in a beautiful Portuguese-Hungarian feast. One could think that it was a bit of overrepresentation to have two such high standing personalities from Hungary at the ceremony. I disagree. I strongly feel that we need such civil moments outside politics. The young Kondor, coming from a Miguel de Pape, Presidente da Associação Portugal-Hungria com o Arquitecto Sousa Araújo, autor da estátua do Padre Kondor
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 47
➤
fifty years he was part of Fatima’s
daily life. But he did much more. He became the vice-postulator of the Pastorinhos during the process of their beatification and was instrumental in bringing the ceremony of beatification to Fátima. From a Hungarian point of view it is equally important that he became the engine of the creation of the Calvário Húngaro just outside Fátima. This beautiful way of the cross was finished just 50 years ago, in 1964. Taken the fact that
Calvário Húngaro - a caminho da Capela Santo Estávão
roman catholic tradition has it that our founding king, King Saint Stephen I offered Hungary to the Holly Virgin, it is not surprising that in 1956 émigré Hungarian roman catholic priests started a movement in Fátima to create a Calvary to help liberate Hungary from Soviet occupation. This was done with the donations of Hungarians all over the world. Walking along the Calvário Húngaro, one can see plaques with the names of those Hungarians, who actually donated the money for that given station of the Calvary. Where did these Hungarians live then? They lived in Calgary, or in Ohio, or in London, all over the world – without the hope of ever being able to go back to Hungary.
Calvário Húngaro, Capela de Santo Estêvão-Presidente János Áder e Primeira Dama Anita Herczeg, Embaixadora Klára Breuer
So for them, Fátima became a symbolic home. In his inaugural speech President János Áder reminded us that Padre Kondor did a lot to make Fátima a well-known place of pilgrimage and for the beatification of the Pastorinhos. But he did a lot of good for us, Hungarians, too. He always welcomed the Hungarian pilgrims as his brothers, and he considered himself a Hungarian. He helped the Hungarians living outside Hungary by putting a task for them. He knew that the Calvary would be a common
➤
48 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
Missa na Capela de Santo Estévão, Calvário Húngaro - com D. Péter Erdõ, Presidente János Áder, Primeira Dama Anita Herczeg, Américo Amorim, Cônsul-Geral Honorário da Hungria
➤
place of worship for all those
who had to live far away from their country. President Áder added that the Calvary could only be built with the miracle of good deeds and collaboration. Cardinal Erdő said that after the defeat of the revolution in 1956, many among the émigré Hungarians felt that finally the Hungarians can only trust the help of the Holly Virgin. As Primate of the Hungarian Roman Catholic Church stressed that the motherly Pál Rudas; Cardeal-Primaz da Hungria, D. Péter Erdõ; Bispo de Leiria-Fátima, D. António
love of the Holly Virgin was not a
Mato; Primeira Dama da Hungria, Anita Herczeg; Presidente da Hungria, János Áder;
weak support, but a quiet, however
Embaixadora da Hungria, Klá
history forming, irresistible power. Who would have thought that for what many sacrificed their blood would succeed in a peaceful way many decades later, he asked. Cardinal Erdő added that we should be grateful for Padre Kondor that he made us taste the secret of Fatima. I believe that Padre Kondor once again made us work together. Such a small embassy as the Hungarian in Lisbon could not have succeeded alone in staging this one day long Portuguese-Hungarian celebration. The Portuguese-Hungarian
Oferta da Associação Portugal-Hungria ao Museu de Arte Sacra de Esztergom cópia do
Association for Collaboration
baixo-relevo da 15ª estação do Calvário Húngaro
could not have succeeded alone either. The local civil and church organisations as well the local community backed the project all the way through. Whenever I went to have talks in Fátima before the event, I always felt that this community is returning to us the friendship, the love that Padre Kondor gave to very many in Fátima. Lajos Kondor has helped us bring the two counties closer to each other and I am convinced that many more research, touristic, church or other programs can stem from his legacy in the future. I am very grateful to him.
Almoço comemorativo – Américo Amorim, Cônsul-Geral Honorário da Hungria com
n
Klára Breuer, Embaixadora da Hungria
Dom Duarte Pio de Bragança
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 49
Discurso do Presidente da República da Hungria, János Áder, na cerimónia de inauguração da estátua de homenagem ao padre Luís Kondor O poeta húngaro János Pilinszky escreveu assim: As boas ações são praticadas, sobretudo, em segredo. Nenhum instrumento as deteta, nenhum aparelho estatístico elabora gráficos sobre elas. Mas a sua presença é tanto mais real e verdadeira. Poucas palavras se escreveram sobre a bondade nos livros da história. Mas se as ações de bondade deixassem de fazer parte da nossa vida na Terra, isso seria um flagelo, uma calamidade tão grave e insuportável como se o nosso Globo perdesse, de um momento para o outro, a sua atmosfera. A presença da bondade faz lembrar o milagre das madrugadas, o sol invisível que embora ainda encoberto pela escuridão, já está presente com uma força inigualável. Luís Kondor, caros presentes, amava “o milagre das madrugadas”. Aqueles que o conheceram, sabem que muitas vezes, ainda antes do nascer do dia se apressava em direção à colina do calvário. Gostava de saudar os primeiros raios de sol com uma missa na Capela dos Húngaros. Quem sabe se nesses momentos se lembrava da sua infância, da sua humilde aldeia de nascimento, Csíkvánd, onde, na ausência de uma igreja edificada, apenas a igreja da alma se lhe abria as portas. Aos domingos, na companhia dos seus pais e irmãos fazia longas caminhadas através da floresta, para chegar à terra vizinha, Gyarmat, para poderem ouvir a missa. Poderão ter sido esses longos quilómetros percorridos que fizeram dele um peregrino eterno de espírito missionário. De qualquer modo, uma coisa parece certa: a dedicação à construção de igrejas foi uma herança que recebeu dos seus pais. A família Kondor deu tudo para conseguir que a minúscula aldeia que habitavam viesse ter uma igreja. Foi essa dedicação que tornou possível a construção da igreja de Csíkvánd, dedicada a Santo Estevão, primeiro Rei da Hungria. Luís Kondor tinha, nessa altura, 16 anos. Foi com esta lição que a sua família e comunidade o prepararam para a vida. E bem precisou dessa bagagem cheia de fé, amor e esperança para enfrentar o longo e difícil caminho que se estendi à sua frente. Comprometeu-se a servir Deus e as pessoas numa época em que os representantes húngaros da ditadura comunista consideravam inimigos do povo a todos aqueles que escapavam ao seu controlo. Mas quem é que pode ficar acima de Deus? Qual é o poder temporal capaz de controlar o espírito da fé, a voz da consciência e aqueles que seguem as leis da moral? A sombra da ditadura comunista que encobriu a Europa Central não conseguiu vedar a luz matinal dos olhos do Padre Kondor, essa luz que o chamava todos os dias. Assim, indiferente ao espírito da época, tomou a decisão de seguir o caminho do amor e do serviço ao próximo. Em 1946, com 16 anos de idade, entrou na Congregação do
50 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
Verbo Divino na cidade húngara de Kõszeg. Fez os primeiros
vam que valia a pena orar pelo futuro da humanidade.
votos passados dois anos, mas quando se tornou evidente o
Passados 13 anos, as autoridades eclesiásticas reconhece-
destino que estava reservado para a Hungria, ocupada mes-
ram como dignas de crédito as aparições de Fátima. Nessa
mo depois da guerra, o seu superior mandou-o para a Áustria.
altura dois dos videntes já tinham sucumbido à gripe espa-
Lá, estudou filosofia, primeiro em Mödling, a seguir em Salz-
nhola. Mas Lúcia sobreviveu. Professou como Doroteia e
burgo e, já na Alemanha, teologia. Foi ordenado sacerdote na
dedicou a sua longa vida à reparação.
cidade de Bona.
Foi em 1956 que o Padre Kondor conheceu a Irmã Lúcia que
Corria o ano de 1953. No ano seguinte foi enviado para Por-
mais tarde teve um encontro com o Papa João Paulo II que
tugal e em Fátima foi nomeado vice-prefeito da sua congrega-
divulgaria ao mundo a terceiro segredo de Fátima. Nas suas
ção. Nessa altura provavelmente nem suspeitava que Fátima
revelações a Virgem partilhou uma visão de grande sofrimen-
se viria a tornar a sua casa, o seu lar para o resto da sua
to, de perseguição à Igreja, aludindo aos horrores do século
vida, mantendo, ao mesmo tempo, a sua identidade de padre
XX, causados pelos pecados da humanidade e pelo seu
húngaro.
desvio do caminho da paz.
Ao longo de toda a sua vida, o Padre Kondor seguiu e trans-
A mensagem de Fátima foi lentamente encontrando o seu ca-
mitiu para os seus próximos o princípio da bondade. Fez o
minho até aos corações – veiculada através do resplendor da
bem através do seu trabalho relacionado com as aparições.
pureza dessas crianças e da humildade das suas condições.
Devemos-lhe a ele também o facto de as mensagens de paz
No fundo, as mensagens e os segredos transmitiram-nos a
transmitidas pelos três pastorinhos terem chegado a todas
mesma verdade: Que através da fé e perseverança e das
as partes do mundo, tornando Fátima num centro de peregri-
orações pela paz podemos acabar com as guerras. Que o
nação cada vez mais procurado. Fez o bem através do seu
mal só poderá triunfar se os homens bons nada fizerem. Que
trabalho dedicado aos peregrinos: ano após ano, milhares e
o nosso planeta poderá ser salva da destruição do mesmo
milhares de pessoas que falam línguas diferentes mas procu-
modo que podemos salvar as nossas almas das chamas do
ram as mesmas verdades eternas encontram a fonte do seu
inferno e da perdição.
fortalecimento espiritual em Fátima.
Não é fácil falar de milagres. Depende da fé de cada um
Luís Kondor fez o bem através do seu trabalho dedicado a
de nós até que ponto os deixamos de se aproximarem de
nós, húngaros, considerando-se nosso irmão e compatriota.
nós. Um dos segredos de Fátima só poderá ser entendido e
Uniu a diáspora húngara no Ocidente, através da definição de
assimilado através da nossa alma, da nossa fé. Mas Fátima
uma missão para eles. Teve um papel fundamental na cons-
revela um outro segredo também, esse acessível a todos.
trução da Capela de Santo Estevão e do Calvário Húngaro.
Quem chegar aqui, levará consigo um pedaço desse segre-
Sabia que as estações do calvário representarão um lugar de
do, independentemente das suas convicções. Porque aqui
oração partilhado mesmo para aqueles que viviam afastados
encontramos também o milagre de um Gólgota erguido por
da sua pátria.E quis dar o exemplo de como um húngaro, filho
húngaros a milhares de quilómetros da sua pátria. O milagre
de uma nação pequena mas que aspira o bem poderá dar o
da união, das vidas vividas com dignidade, do bem praticado
seu contributo ao enriquecimento do nosso mundo.
pelos homens. E a vida digna de admiração do Padre Kon-
Luís Kondor fez muito pela beatificação dos pastorinhos de
dor que trabalhou incansavelmente para que a indiferença e
Fátima. Até ao fim da sua vida foi um arauto dos milagres de
implacabilidade do mundo que nos rodeia não nos sufoque.
Fátima, das mensagens que Nossa Senhora nos enviou em
Na sua mensagem para o Quaresma, o Papa Francisco pede-
1917.
-nos para superarmos a vertigem da indiferença.
Em 1917, ano em que os povos da Europa derramavam
O padre Kondor nunca ficou indiferente aos seus próximos.
sangue num massacre que já durava havia três anos. Foi
Foi um bom homem, foi um bom pastor. Foi um daqueles que
nessa altura que Jacinta, Francisco e Lúcia tiveram a visão
souberam estabelecer laços de compreensão e amor nas
de uma Senhora vestida de branco e brilhante que lhes pediu
comunidades.
orações pela paz e reparação dos pecados. Ao princípio a
Nós, húngaros, constatamos com os nossos corações cheios
notícia não foi bem recebida, nem pelos próprios pais dos
de gratidão que o Padre Kondor encontrou uma casa aqui em
pastorinhos. Por terem insistido na verdade das suas visões e
Fátima onde viveu a sua vida rodeado de respeito, trabalhan-
na promessa da Senhora de os visitar no dia 13 de cada mês,
do no Secretariado dos Pastorinhos. Devemos-lhe muito.
até tiveram que passar pelo cativeiro. Seguiram em tudo as
Muito mais do que as palavras poderão alcançar. A partir de
recomendações e pedidos da Senhora que acabou por lhes
agora, esta estátua fará uma homenagem eterna à sua obra.
revelar ser a Virgem Santíssima, Mãe de Jesus. Na última
Abençoada seja a sua memória e que o seu exemplo encon-
aparição foram muitos milhares que presenciaram o milagre
tre muitos seguidores. n
do sol e acreditavam terem testemunhado uma advertência vinda do céu. Acreditavam no milagre. E, sobretudo, acredita-
János Áder, Presidente da República da Hungria Fátima, 7 de março de 2015
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 51
Hungria A Hungria (Magyarország, em húngaro) é um país encravado na planície da Panónia, na Europa Central. Rodeado pela Áustria, Eslováquia, Roménia, Ucrânia, Sérvia, Croácia e Eslovénia, é um país com uma longa e complexa história e muitas maravilhas artísticas e naturais.
A seguir aos períodos de ocupação céltica (após 450 a.C.) e romana (de 9 a.C. até o século IV), considera-se que as bases da fundação do Estado húngaro foram estabelecidas no século IX, pelo chefe magiar Árpád, cujo bisneto Estêvão I ascendeu ao trono com uma coroa enviada por Roma em 1000. O Reino da Hungria existiu sem interrupções por 946 anos e, em diversos momentos, foi visto como um dos centros culturais do mundo ocidental. Uma potência significativa até os anos de 1910, a Hungria perdeu mais de dois terços de seu território (e 3,3 milhões de húngaros étnicos) devido ao tratado de Trianon, de 1920. Sucedeu ao reino um regime comunista (19471989) durante o qual o país recebeu ampla atenção da comunidade internacional por conta da Revolução de 1956 e, posteriormente, a abertura de sua fronteira com a Áustria (em 1989), que acelerou o colapso
52 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
➤
Palácio Keszthely, perto do lago Balaton
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 53
Hungria
Basilica Santo Estevão
➤
do Bloco Oriental. Desde aquele ano, o país é uma
fronteira e até adopta o húngaro como língua oficial.
república parlamentarista. Em 1 de janeiro de 2004,
Durante o Império Austro-Húngaro, a Hungria foi o
a Hungria ingressou formalmente na União Europeia.
principal território utilizado para a agricultura. As vas-
Até 31 de dezembro de 2011 chamava-se oficialmente
tas planícies que cobrem 90% do país e as terras fér-
República da Hungria (Magyar Köztársaság). Com a
teis em abundância, comuns nessa parte da Europa,
entrada em vigor da nova constituição, seu nome pas-
favoreceram a intensivo uso da agricultura em toda a
sou a ser apenas "Hungria". O país é também membro
sua história. Durante o período socialista, a agricultu-
da OCDE, OTAN, UE e do Grupo de Visegrád, e é um
ra foi mecanizada e modernizada. Mas com o fim da
Estado Schengen.
URSS, a agricultura húngara perdeu o apoio que tinha
Com 93 000 km², a Hungria é um dos maiores países
do estado e sofreu de uma crise, só igualando a sua
da Europa Central mans não é densamente populado.
produção de 16 milhões de toneladas de grãos no sé-
A sua população é estimada em cerca de 10 milhões
culo XXI. Durante o regime socialista, a Hungria pas-
de habitantes, ou seja, sensivelmente o mesmo núme-
sou também por uma forte industrialização, através de
ro que Portugal. A maior cidade é a capital Budapeste,
projetos que usufruíam melhor dos abundantes recur-
que na sua região metropolitana tem 2,5 Milhões de
sos naturais do país. Na década de 1980, a Hungria
habitantes; e a segunda maior, com apenas 200 mil
foi considerada o país mais moderno industrialmente,
habitantes, é a cidade universitária Debrecen, em
exportando bens de consumo até para grandes países
Hajdú-Bihar. A população é muito uniforme e a língua
industrializados como Alemanha e Estados Unidos. O
oficial é o húngaro, uma língua fino-úgrica, relaciona-
crescimento da economia húngara entre 1996-2006
da com o finlandês e o estónio. Devido à sua história,
que se manteve constante, na média de 4,3%.
quando países vizinhos faziam parte do mesmo país,
Depois da queda do regime socialista, com o fim da
existem minorias húngaras significativas em países
União Soviética, o país sofreu um revés com a entra-
vizinhos como Romênia (na Transilvânia), Eslováquia,
da e adaptação ao regime capitalista. No entanto, de-
Sérvia (em Voivodina), Ucrânia, Croácia (na Eslavô-
vido à sua economia já ser voltada para a exportação,
nia) e Áustria. A Eslovénia, no entanto, tem um núme-
o país sofreu um menor viés na sua economia do que
ro muito grande de húngaros nas cidades próximas à
os outros países ex-soviéticos. Entre 1990 e 1993, a
54 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
➤
comités parlamentares e tem de ser formalmente aprovado pelo presidente. A Assembleia Nacional, uni-cameral e com 386 membros (o Országgyűlés), é o mais alto órgão de autoridade do estado e propõe e aprova legislação com o aval do primeiro-ministro. Um partido tem de conquistar pelo menos 5% dos voSzéchenyi Gyógyfürd - Spa termal em Budapeste
tos para poder formar um grupo parlamentar e existe um Tribunal Constitucional de 12 membros com poder de contestar a legislação com base em inconstitucionalidades. As eleições parlamentares nacionais acontecem de quatro em quatro anos. O actual presidente da república é o advogado János Áder. Casado, de formação católica, foi criado na pequena cidade de Csorna em Györ-Moson-Sopron. A partir de 1978, estudou direito na Faculdade de Direito e Ciências Políticas da Universidade Eötvös Loránd (ELTE) em Budapeste. De 1986 a 1990, trabalhou como investigador no Instituto de Investigações Sociológicas da Academia de Ciências da Hungria. Foi co-fundador da Fidesz, no momento de uma coa-ligação liberal dos democratas (ainda que tenha se deslocado para o centro-direita
Castelo de Budapeste
a partir de 2012). Em 1987, János Áder participou da "reunião Lakitelek" (lakiteleki találkozó), a primeira
➤
economia húngara recuou 18%, frente à, por exem-
plo, 40% da Bulgária. Em 1994, após algumas reformas económicas reagiu e, desde 1996 a taxa média de crescimento do PIB é de 4,3%. Em 2006, o PIB fechou em 197,1 Mil Milhões de dólares, sendo 80% vindo de capital privado e fortemente influenciado pelas altas taxas de capital estrangeiro aplicada no país. Actualmen-
reunião da oposição húngara para pedir um sistema multipartidário. Participa da Mesa Redonda (Ellenzéki Kerekasztal) da oposição, que representa toda a oposição nas conversas com o Partido Comunista Húngaro em 1989, nas quais negociou o final do sistema de um só partido na Hungria. Ainda foi membro da Comissão Eleitoral Nacional e membro do Parlamento húngaro (Országgyűlés) de 1990 a 2009,
te, a maior parte do PIB da Hungria vem da área de
assim como presidente da Assembleia Nacional da
serviços, que sofreu um forte crescimento na década
Hungria e líder da Fidesz, na oposição de 2002 a
de 1990, com a capitalização da economia. A inflação
2006. Em 2011, teve um importante papel na elabo-
e o desemprego diminuíram substancialmente desde
ração do projeto-lei que mudou o papel do Judiciário
1998 - era de 13%, hoje é 7,4%. As medidas de refor-
húngaro junto da Comissão Europeia. Na eleição
ma económica, tais como a reforma da saúde, tributária
do Parlamento Europeu de 2009, tornou-se membro
e do financiamento da administração local, ainda não
do Parlamento Europeu e eleito vice-presidente da
foram postas em prática pelo atual governo. Em 1º de
Comissão do Ambiente, da Saúde Pública e da Se-
janeiro de 2004, junto com outros países do leste, a
gurança Alimentar em 2012. A 16 de abril de 2012,
Hungria entrou na União Europeia e o país prepara a
Áder foi eleito pelo Fidesz e pelo primeiro-ministro
economia para a adoção do euro, facto que se previa
Viktor Orbán, para tornar-se o novo presidente da
inicialmente ocorrer entre 2010 e 2014.
Hungria após a renúncia de Pál Schmitt. Foi final-
Na Hungria, o Presidente da República, eleito pelo
mente eleito a 2 de maio para um mandato de cinco
parlamento de quatro em quatro anos, tem um papel
anos com 262 votos a favor e 40 contra. Apenas
sobretudo cerimonial, mas os seus poderes incluem
votou a seu favor seu partido e contra Jobbik. O
a nomeação do primeiro-ministro. O primeiro-ministro
resto dos partidos não participaram na votação como
escolhe os membros do governo e tem o direito exclu-
forma de protestar pela eleição unilateral da Fidesz.
sivo de os dispensar. Cada um dos nomeados para
Esteve recentemente em Portugal, numa visita de
o governo deve apresentar-se perante um ou mais
Estado ao santuário de Fátima.
n
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 55
DIPLOMACIA NA 1ª PESSOA
Anne Webster
por Maria de Bragança e J.U.Tavares-Rodrigues, fotos Maria Inês
Embaixadora da Irlanda em Portugal "Obrigado Europa!" Anne Webster, a Embaixadora da Irlanda em Portugal, tem um percurso bastante incomum: antes de ter abraçado o Serviço Diplomático Irlandês, especializou-se em Biologia Marinha, o que pode, de facto, ter beneficiado a sua subsequente carreira diplomática, ao proporcionar-lhe uma perspectiva azul-marinho e um mar verde de soluções perante os muitos desafios e oportunidades que encontrou ao longo dos anos! Um exemplo flagrante é o seu olhar positivo sobre o "velho continente" e a adesão da Irlanda à União Europeia que, acredita, trouxe importantes benefícios ao seu país.
56 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
➤
➤ Anne
nomeações em Paris, Sydney e
pelo que depressa aprendi a
filhos adultos. Adora viajar e
na Missão Permanente da Ir-
reservar bilhetes para espectácu-
as suas missões ao serviço da
landa junto das Nações Unidas,
los com antecedência!
diplomacia irlandesa deram-lhe
em Nova Iorque. Posteriormen-
Os seus filhos vivem consigo?
uma extraordinária oportunida-
te, servi como Embaixadora no
Não, mas vêm visitar-me fre-
de de viver e trabalhar em mui-
Uganda, com segunda acredita-
quentemente. Já são adultos: o
tos países e cidades, incluindo
ção no Ruanda, até 2013, quan-
Greg leciona na Universidade de
Madrid, São Francisco, Pequim,
do fui nomeada Embaixadora
Wuhan, na China (sim, voltou a
Paris, Sydney, Nova Iorque e
em Lisboa - certamente uma das
China!), o Geoff trabalha para
Kampala, antes de, em Setembro
mais belas cidades do mundo.
uma multinacional americana - e
de 2013, ter chegado a Lisboa
Também estou acreditada junto
minha mais nova, a Laura, vive
como Embaixadora da Irlanda
do Reino de Marrocos. Todos os
na Irlanda, onde é professora
em Portugal - um país que ama
que me conhecem podem con-
do método pedagógico de Maria
de verdade...
firmar que adoro Portugal e sou
Montessori, apostado na forma-
Primeiro capítulo: Origens
muito feliz aqui!
ção da auto-confiança.
Nasci na costa sudeste da Ir-
O que mais gosta em Portugal?
Há quanto tempo está em Lis-
landa, no Condado de Wexford,
Em primeiro lugar, as pessoas.
boa?
e desde a mais tenra infância
Todos os que visitam Portugal
Moro aqui há já um ano e meio,
desejava viajar. Mas, como diplo-
podem atestar que os portugue-
mas o tempo voa. Gostaria que
mata, tive um percurso pouco
ses são as pessoas mais ami-
passasse mais lentamente, para
ortodoxo: formei-me em Biologia
gáveis e calorosas do mundo.
melhor desfrutar cada momen-
Webster é mãe de três
to...
Marinha e, nesse âmbito, trabalhei no Museu de História Natural de Londres, seguindo-se uma pós-graduação na Universidade Nacional da Irlanda, em Galway, antes de me juntar o Ministério
"
OS PORTUGUESES SÃO O POVO MAIS CALOROSO DO MUNDO!
dos Negócios Estrangeiros irlan-
"
Falemos agora sobre a crise europeia. Quais são as semelhanças entre os nossos dois países? Tanto a Irlanda como Portugal viveram crises económicas sem
dês, como Terceira Secretária.
Como sabe, tenho viajado muito
precedentes - no caso da Irlan-
Desde então, passei a maior
e, mal aqui chegue, pensei: "Es-
da, desencadeou uma grave e
parte da minha vida profissio-
tou em casa!"
longa recessão, que se prolon-
nal fora do meu país. A minha
Muitos embaixadores em final
gou por três anos, de 2010 a
primeira missão no estrangeiro
de carreira escolhem viver em
2013. Para resolver a crise foi
foi como delegada irlandesa ao
Lisboa, no Estoril ou no Algar-
necessário, não só, que am-
Basket 3, da então Conferência
ve...
bos os Governos tomassem
de Segurança e Cooperação na
E não admira - Portugal tem,
difíceis decisões políticas, mas
Europa [actual OSCE], que le-
realmente, muito a oferecer –
exigiu também firmeza e de-
vava a cabo a revisão dos Acor-
É, de facto, país maravilhoso.
terminação aos nossos povos.
dos de Helsínquia, em Madrid.
Adoro a cidade de Lisboa: o seu
Essencialmente, acredito que
Seguiu-se a nomeação como
charme, a sua história, a cultu-
tanto a Irlanda como Portugal
Vice-Cônsul [e, posteriormente,
ra, as artes... O Teatro de São
responderam à crise de forma
Cônsul Geral em Exercício] no
Carlos, a Gulbenkian, o Centro
eficaz, o que, por sua vez, teve
Consulado Geral da Irlanda em
Cultural de Belém, o Museu do
como resultado a saída limpa
San Francisco, abrangendo treze
Oriente, o Museu de Arte Antiga,
dos dois países do programa da
Estados do Oeste dos EUA.
o Jardim da Estrela - para citar
Troika - no caso da Irlanda, em
Após cinco fascinantes anos,
apenas alguns: tal riqueza de
Dezembro de 2013 e, em Maio
regressei a Dublin, à Divisão
teatros, galerias, museus... É
de 2014, Portugal. As reformas
Económica do Ministério, durante
realmente maravilhoso. Também
permitiram, também, a ambos os
três anos. Seguiram a nomeação
constatei o enorme interesse dos
nossos países, o resgate anteci-
como Vice-Chefe de Missão na
portugueses em participarem e
pado dos empréstimos do Fundo
Embaixada em Pequim - e outras
assistirem a eventos culturais,
Monetário Internacional. Isso tem
➤
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 57
Anne Webster
➤ fortalecido
a confiança interna-
cional na economia da Irlanda e de Portugal, o que, entre outros benefícios importantes, resultou em baixas taxas de juro sobre a dívida, sem precedentes, permitindo economizar milhares de milhões de Euros em taxas de reembolso. Diz-se, agora, que foram cometidos erros... É verdade que a austeridade que se seguiu às reformas em ambos os países foi particularmente dolorosa. Mas não posso afirmar que houve erros: as medidas implementadas por meio dos programas de ajustamento vieram beneficiar as economias dos nossos países. A União Europeia tem sido um parceiro essencial no apoio aos países em dificuldades económicas. Medidas como a União Bancária são muito importantes na prevenção de novas crises, e em conter quaisquer crises que possam ocorrer no futuro. A economia irlandesa recuperou após a profunda recessão, com um aumento significativo do PIB, da produção industrial, do crescimento das exportações, da confiança dos consumidores; o desemprego caiu e estamos a exportar mais do que nunca. Provámos que apesar da dor - e além da dor - e num intervalo de tempo relativamente curto, fortalecemos as nossas economias, reduzimos os nossos custos e mantivemo-nos atractivos para os investidores. Tal como o
Então, a dor é transformada
num sólido crescimento e criação
vosso grande poeta Fernando
em sucesso, em felicidade?
de emprego. A nossa economia
Pessoa disse:
Sim, acredito que a dor da
teve o crescimento mais rápido
“Valeu a pena?
austeridade foi transformada
da União Europeia em 2014, com
Tudo vale a pena,
através do relançamento de uma
um aumento do PIB de 5%, e
Se a alma não é pequena.
economia mais forte. No caso
esperamos manter esta posição
Quem quer passar além do Bo-
da Irlanda, a recuperação eco-
de liderança em 2015. A taxa de
jador
nómica ganhou um forte impulso
desemprego caiu, rondando ago-
Tem que passar além da dor.”
nos últimos 12 meses, com base
ra os 10%, depois de ter atingido
58 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
um pico máximo de 15,1%, e
de juros sem precedentes. Os
Tal como a Irlanda, que também
continua a baixar de forma cons-
consumidores, empresas, inves-
enfrenta o vasto Oceano Atlânti-
tante. Os níveis de exportação
tidores e os mercados mundiais
co, Portugal tem uma ligação ao
são agora mais altos que antes
renovaram a confiança no nosso
mundo de valor inestimável. E,
da crise. As finanças públicas
futuro económico.
pelas suas ligações históricas, e
encontram-se numa base estável
Com a ligação ao mar e à CPLP,
proximidade aos países lusófo-
e duradoura e temos acesso ao
Portugal tem armas que a Euro-
nos, através da CPLP, Portugal
financiamento normal no merca-
pa não valoriza... Muitas possi-
tem um acesso privilegiado a
do financeiro, com baixas taxas
bilidades a explorar, não acha?
muitas das economias e
➤
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 59
Anne Webster
O que acha da Europa, desta
Sim, acredito na Europa. Teste-
crescimento no mundo, com
nova Europa?
munhei, em primeira mão, como
enormes e prósperos mercados
Com 28 países membros da
a integração europeia contribuiu
que representam o futuro.
União Europeia, acredito que o
para a transformação do meu
Devo acrescentar, que considero
mais importante é concentrarmo-
próprio país. Isso não nos impe-
que o povo português é extraor-
-nos em construirmos os valores
de de sermos irlandeses, com as
dinariamente modesto, se con-
que nos unem como Europeus.
nossas próprias características,
siderarmos a sua história e as
Quando fui nomeada delegada
as nossas tradições, a nossa
extraordinárias e fortes parcerias
à Conferência de Segurança e
língua, a nossa história... Antes,
e amizades que Portugal tem
Cooperação na Europa, no início
éramos uma pequena ilha, ao
construído ao longo dos anos – e
dos anos oitenta, havia uma con-
lado de outra, muito maior; am-
que continuam a florescer.
figuração política e económica
bas geograficamente separadas
Acha que esta crise poderá
muito diferente na Europa: por
do continente Europeu. Des-
fazer-nos bem?
um lado, havia a União Soviética
de que entrámos para a União
Gostaria que nunca tivesse
e os países do Pacto de Varsóvia
Europeia, já não estamos tão
acontecido, quero deixar isso
e, por outro, a NATO e a Europa
isolados, partilhamos um patri-
bem claro. Mas aconteceu, e
democrática: a Irlanda, membro
mónio comum, somos uma parte
➤
populações de mais rápido
sim, na nossa determinação para enfrentarmos a crise, acredito que conseguimos resultados fortes, que devem proteger-nos de uma repetição dos horrores com que fomos confrontados
intrínseca de um projecto único,
"
PENSO QUE, DE FACTO, SAÍMOS DA CRISE MAIS FORTES!
na sequência das crises econó-
"
que é a NOSSA União Europeia. E isso melhorou a vida do povo irlandês. Por essa razão, tenho que dizer: Obrigado, Europa! Quais são as ligações entre Portugal e Irlanda?
micas. Mencionei a criação da
da então Comunidade Europeia,
Temos laços históricos muito for-
União Bancária como uma con-
era militarmente neutra. É fácil
tes. Agora, que é possível avaliar
quista fundamental do processo
esquecer que, há apenas 25
a origem dos povos através de
de reforma; outras medidas, tais
anos atrás, muitos dos países
testes de ADN, veio a descobrir-
como testes de stress, também
que hoje fazem parte da União
-se que grande parte da base
trouxeram importantes reforços
Europeia estavam do outro lado
genética do povo irlandês tem
à Zona Euro. Dito isto, é por
do muro, na zona da "cortina de
origem nas comunidades celti-
demais evidente que a Irlanda e
ferro". Pense em países como a
béricas, portanto em Portugal
Portugal sofreram com o impacto
Polónia, a Hungria, as Repúbli-
e Espanha. Até há pouco tem-
das medidas de austeridade e o
cas Bálticas, a então Checoslo-
po, acreditava-se que os celtas
grave desemprego dos últimos
váquia, a Bulgária, a Roménia...
gaélico-irlandeses provinham
anos.
Na época dos trabalhos da
do Médio Oriente. Além disso,
As coisas vão estabilizar?
CSCE, em Madrid, não imaginá-
ao longo dos anos houve uma
Sim, não há dúvida que a Irlan-
vamos que esses Estados, num
importante actividade comer-
da estabilizou economicamente,
período de tempo relativamente
cial entre a Irlanda e Portugal.
mas há toda uma geração que
curto, viriam a integrar a nova
Vínhamos aqui comprar prata,
ficará marcada para sempre:
Europa. É uma extraordinária
vinho, especiarias. Também, ao
as pessoas na faixa dos 30 e
transformação e algo que valo-
decorrer dos séculos, Portugal
40 anos compraram casas que
rizamos ainda mais ao testemu-
foi o porto seguro, uma nova
valem, hoje, uma fracção do
nharmos o que está a acontecer
casa, para muitos refugiados
que pagaram no auge do boom,
na Ucrânia. Espero, portanto,
irlandeses, perseguidas por mo-
muitas perderam os empregos,
que as novas gerações de jovens
tivos religiosos, principalmente a
muitas outras viram-se forçadas
europeus continuem firmes na
nobreza e o clero.
a emigrar... Felizmente, há indí-
construção dos sólidos alicerces
E, mais recentemente?
cios credíveis de que estamos a
que temos estabelecido na nossa
Tradicionalmente, a 17 de Mar-
entrar numa nova, e mais susten-
União Europeia.
ço, Dia de São Patrício, celebra-
tável, fase da nossa caminhada.
Vejo que acredita na Europa!
mos o nosso Dia Nacional
60 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
➤
➤ em
todo o mundo. Nos últimos
estabeleceram seus negócios.
São Patrício, o belo espetáculo
anos, as celebrações incluíram
A cor verde tem uma grande im-
do “Greening” de emblemáticos
o “Greening” de alguns dos mais
portância sentimental e histórica
monumentos em Portugal foi
belos monumentos, em mais de
para a Irlanda – pode dizer-se
transmitido a muitos milhões
120 países do mundo: “inundam-
que é a nossa cor nacional. Não
de pessoas a nível internacio-
-se” de verde, entre outros, o
é por acaso que a Irlanda é co-
nal - via televisão e os media
Empire State Building, o London
nhecida como a Ilha Esmeralda.
sociais - num momento em que
Eye, as Pirâmides do Egipto, a
Como foi isso conseguido?
muitos planeiam activamente os
Grande Muralha da China, as
É fácil trabalhar quando há boa
seus destinos de férias. Além
Cataratas do Niágara, a Ópera
vontade, e se for por uma boa
disso, vários artigos sobre o
de Sydney. Em Portugal, co-
causa.
“Greening” em Portugal foram
meçámos no ano passado. O
Trabalhámos em estreita cola-
publicados em sites e lidos por
Palácio Museu dos Condes de
boração com a Câmara Munici-
milhares entre a importante
Castro Guimarães, em Cascais,
pal de Lisboa; com o Reitor do
diáspora portuguesa, recebendo
foi o primeiro edifício a iluminar
Santuário de Cristo Rei, e, com
níveis recordes de "Gosto". Por
os céus de verde. Este magní-
já havia acontecido em 2014,
isso, a parceria luso-irlandesa
fico palácio evoca uma ligação
com o Director do Museu Con-
do “Greening” teve um resultado
histórica particularmente impor-
des de Castro de Guimarães e
muito positivo e construtivo este
tante para a Irlanda: foi cons-
o Município de Cascais - para
ano - e esperamos perpetuar a
truído, no final do século XIX,
transformar estes belos monu-
tradição em anos futuros.
por Jorge O'Neill, descendente
mentos.
Voltando à balança comer-
dos Príncipes de Tyrone e Clan-
As excelentes relações que, fe-
cial...
-Boy. Este ano, além do Palácio
lizmente, existem entre Portugal
No ano passado, 2014, o volume
Museu, também foram ilumina-
e a Irlanda, foram um importante
total das trocas comerciais entre
dos o Santuário de Cristo Rei e
factor adicional. Mas existem,
os nossos dois países atingiu
a estátua do Duque de Terceira,
também, outras vantagens que
€598,401,000. A Irlanda importa
no Cais do Sodré - a zona onde,
vale a pena mencionar, incluindo
de Portugal sobretudo vinhos
originalmente, os comerciantes
uma ampla promoção de Portu-
finos, vestuário e calçado. Qua-
irlandeses radicados em Lisboa
gal: durante as celebrações de
se metade das exportações da Irlanda para Portugal são produtos médicos e farmacêuticos. Outras exportações incluem carne e preparados de carne, componentes de máquinas e óleos essenciais. Em que proporção? A Irlanda mantém uma vantagem significativa nas trocas comerciais com Portugal, cerca de 2.5 para 1. Mas temos vindo a trabalhar em conjunto para aumentar e equilibrar esses números. No turismo, por exemplo, Portugal é o segundo destino preferido dos irlandeses. E - com apenas quatro milhões de habitantes – a Irlanda está em quinto lugar em termos de dormidas em Portugal. Damos, assim, damos uma contribuição significativa para o turismo de Portugal.
n
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 61
VIAGENS DE ESTADO
Anibal Cavaco Silva iniciou visita a Paris com encontros na OCDE
O Presidente da República deslo-
trou-se com o Secretário-Geral da
guesa em França.
cou-se a 16 e 17 de março a Paris,
OCDE, Angel Gurría, participou
No dia seguinte,Cavaco Silva reu-
numa visita que teve por objetivo
num seminário com peritos desta
niu com duas dezenas de empre-
o estreitamento das relações entre
organização e numa reunião com
sários e investidores franceses e
Portugal e França, país onde resi-
membros do conselho, o órgão
com o homólogo francês, François
dem mais de 1,1 milhão de portu-
mais importante da OCDE.
Hollande, no Palácio do Eliseu, em
gueses e lusodescendentes. Uma
No final, o Presidente da Repúbli-
Paris.
comunidade que Aníbal Cavaco
ca e o Secretário-Geral da OCDE
Cavaco Silva levou a França um
Silva apresentou como “dinâmica,
fizeram declarações conjuntas à
discurso centrado na recuperação
bem integrada na sociedade” e
imprensa.
de Portugal e nos esforços de Por-
que “ganhou influência e visibilida-
O chefe de Estado encontrou-se
tugal em sair da crise e esforçan-
de nos mais variados domínios”.
com alguns portugueses residen-
do-se para passar a imagem de
Aníbal Cavaco Silva deslocou-
tes em França, com presidentes
um país com a economia a crescer
-se à sede da Organização para
de associações empresariais,
e a criar empregos e no qual é
a Cooperação e Desenvolvimento
deputados eleitos pelo círculo da
seguro investir.
Económico (OCDE), naquela que
Europa, com Paulo Pisco (PS) e
A visita a França do Presiden-
será a primeira visita oficial de
Carlos Alberto Gonçalves (PSD).
te Português teve por objetivo o
um chefe de Estado português à
Cavaco Silva fez uma intervenção
estreitamento das relações entre
OCDE.
durante o encontro com os repre-
Portugal e França onde têm ativi-
sentantes da comunidade portu-
dade mais de 40 mil empresas
O Presidente português encon-
62 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
➤
detidas ou geridas por portugue-
ca disse que Portugal “está a fazer
cresceu. Modificou-se, mas acima
ses.
tudo o que lhe compete” para sair
de tudo, ganhou influência, visibili-
Por outro lado, cerca de 600 em-
da crise, nomeadamente desenvol-
dade nos mais variados domínios.
presas francesas têm investimen-
vendo “políticas de crescimento e
Desde logo na política, na vida
tos em Portugal, sendo a França
de criação de emprego”. Mas de-
cívica, mas ganhou influência na
já o segundo parceiro comercial
fendeu que o quadro europeu tem
economia e também na cultura.
português, a seguir à Espanha.
que “acompanhar” o país nesse
Mas nunca perdeu a sua ligação
Em cada um dos encontros, Aníbal
esforço, sob pena deste “não ser
a Portugal, até os de segunda
Cavaco Silva - que esteve acom-
suficiente”.
e terceira gerações e isso é um
panhado pelo secretário de Estado
“O que depende de Portugal e dos
motivo de orgulho para todos nós”,
das Comunidades Portuguesas,
portugueses continuará a ser feito,
elogiou o Chefe de Estado.
José Cesário, e pelo secretário
cumprindo os nossos compro-
Num discurso para uma sala com
de Estado das Finanças, Manuel
missos”, prometeu Cavaco Silva,
algumas centenas de pessoas,
Rodrigues - não se cansou de
pedindo à OCDE que se mantenha
Cavaco Silva pediu para não
referir que Portugal está a sair da
ao lado do país “como parceiro
deixarem de apoiar com o voto
crise, com a economia a crescer e
estratégico”.
aqueles que se candidatam a um
a criar empregos.
O otimismo do Chefe de Estado
lugar na vida política francesa e
A todos, o Presidente da Repúbli-
português assenta na recente
destacou a importância do elevado
ca afirmou que o país equilibrou
quebra do preço do petróleo e na
número de empresários portu-
as suas contas externas, baixou o
depreciação do euro que pode-
gueses e lusodescendentes pelo
défice das contas públicas e au-
rão levar a uma revisão em alta
contributo que dão ao “crescimen-
mentou as exportações, passando
da taxa de crescimento para este
to económico e social” de França.
a mensagem que Portugal recupe-
ano.
As associações, clubes e coletivi-
rou a credibilidade dos mercados
E apesar de deixar a promessa
dades de raiz portuguesa existen-
externos e de que é seguro inves-
que Portugal continuará a cumprir
tes naquele país foram também
tir no país.
os seus compromissos, deixou no
lembradas pelo Presidente no seu
A deslocação começou na sede da
ar um recado: “O nosso sucesso
discurso, pelo trabalho desenvol-
OCDE, naquela que foi a primeira
só poderá ser efetivo e completo
vido nas áreas social, cultural, do
visita oficial de um Chefe de Esta-
se a Europa, a União Europeia, a
desporto e da língua portuguesa
do português à organização.
Zona Euro, e de alguma forma, a
e por manterem “as ligações a
Cavaco Silva encontrou-se tam-
comunidade internacional, com o
Portugal”.
bém com o Secretário-Geral,
G20 à cabeça, também fizerem a
O Presidente da República ates-
Angel Gurría, participou num semi-
sua parte de reformas estruturais
tou o seu apreço, às autoridades
nário com peritos da organização
para uma prosperidade partilha-
francesas, “pela hospitalidade que
e discursou para os membros do
da”.
têm demonstrado em relação aos
Conselho da OCDE, num deba-
O segundo ponto da agenda de
portugueses”, fruto também da
te que se centrou em temas da
Cavaco Silva levou-o até à re-
imagem que estes têm passado
atualidade económica mundial e
sidência do Representante Per-
ao longo dos anos, de uma comu-
portuguesa.
manente de Portugal junto da
nidade de gente “séria, honrada,
Fonte da Presidência da Repú-
OCDE, Embaixador Paulo Vizeu
trabalhadora”. “A vossa reputação
blica referiu que esta visita à
Pinheiro, para um encontro com
em França é enorme e isso tem
OCDE teve em conta não apenas
os altos funcionários portugueses
ajudado Portugal”, elogiou Cavaco
a importância que a organização
na OCDE, entre os quais Álvaro
Silva.
tem vindo a adquirir, mas ainda o
Santos Pereira, ex-ministro da
Cavaco Silva visitou a delegação
estreitamento das suas relações
Economia e atualmente diretor no
da Fundação Calouste Gulbenkian
com Portugal.
Departamento Económico daquela
em Paris estando para o receber
Portugal a “fazer tudo” para sair
organização internacional.
personalidades portuguesas da
da crise
Comunidade ganhou influência e
cultura, ciência e investigação que
No discurso aos representantes
visibilidade.
residem na capital francesa. Duran-
dos países membros do Conselho
“Nos últimos 50 anos, esta nos-
te a visita, o Presidente percorreu a
da OCDE o Presidente da Repúbli-
sa comunidade mudou bastante:
exposição ali patente dedicada ao
➤
➤
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 63
Anibal Cavaco Silva iniciou visita a Paris com encontros na OCDE
livro e à sua relação com a arte.
François Hollande, o Presidente
país que “conheceu uma auste-
A fechar a agenda, Cavaco Silva
referiu um Portugal que mantém
ridade muito dura”, mas está “no
reuniu-se na parte da tarde, no
com a França, relações “sólidas e
caminho do crescimento”. E ainda
Palácio do Eliseu, com o presiden-
amigas”, mas defendeu que ainda
uma afirmação de que as relações
te da República francês, naquele
é possível tirar mais partido do
económicas entre os dois países
que foi o primeiro encontro entre
potencial dessas relações.
mantêm-se de ‘saúde’. “Queremos
os dois chefes de Estado e que
De Hollande, Cavaco Silva ouviu
juntos desenvolver a perspetiva
se centrou em assuntos da agen-
um elogio ao percurso feito por
de crescimento”, concluiu François
da bilateral e internacional. Com
Portugal nestes últimos anos: um
Hollande.
➤
n
Fotos: Luís Filipe Catarino / P.R.
64 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
VISITA OFICIAL
A convite da Presidente da Assembleia da República Portuguesa
O Presidente da Câmara dos De-
mónia de Boas Vindas e revista
dias, o Senhor Mars di Bartolo-
putados do Luxemburgo, Mars di
à Guarda de Honra, o Presiden-
meo teve oportunidade de se reu-
Bartolomeo, efectuou uma visita
te da Câmara dos Deputados
nir com alguns dos representan-
oficial a Lisboa nos dias 5 e 6 de
do Luxemburgo se reuniu com
tes da vida política portuguesa,
Fevereiro de 2015, a convite da
a Presidente da Assembleia da
entre os quais o Primeiro Ministro
sua homologa portuguesa, Maria
República Portuguesa. No almo-
de Portugal, Pedro Passos Coe-
da Assunção Esteves.
ço que se seguiu, participaram
lho, o Secretário Geral do Parti-
O Presidente da Câmara dos
os dois presidentes e respectivas
do Socialista, António Costa e o
Deputados fez-se acompanhar
comitivas, tendo o Presidente di
Secretário Geral da UGT, Carlos
pelo deputado Claude Wiseler,
Bartolomeo assisitido depois à
Silva.
por Inês Luna do Departamento
Sessão Plenária.
Um almoço oferecido pelo Presi-
de Relações Internacionais da
No primeiro dia da sua visita, o
dente da Comissão de Negócios
Câmara dos Deputados e pelo
Presidente da Câmara dos Depu-
Estrangeiros e Comunidades
Embaixador do Luxemburgo em
tados participou ainda num jantar
Portuguesas da Assembleia da
Portugal, Paul Schmit.
oferecido pelo Presidente do
República encerrou a visita oficial
A visita oficial começou com
Grupo Parlamentar de Amizade
do Presidente da Câmara dos
uma deslocação à Assembleia
Portugal – Luxemburgo.
Deputados do Luxemburgo a
da República onde, após a ceri-
Durante esta visita oficial de dois
Lisboa.
n
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 65
VISITA OFICIAL
“Venham investir em França”, convida Manuel Valls
O primeiro-ministro de França, Manuel Valls, perante uma sala cheia de empresários portugueses e franceses, diz sempre “umas palavras” na língua dos países que visita. No encontro organizado pela Confederação Empresarial de Portugal (CIP), a mensagem que deixou foi clara: “Venham investir em França!”.
Porquê? Porque não só França será o país “mais
neficia da confiança dos investidores”, assegurou
povoado da União Europeia”, como está a desenvol-
o primeiro-ministro francês, notando que Portugal
ver medidas para “tirar todos os freios e obstáculos”
tem sido uma escolha das empresas francesas. São
à competitividade, capacidade de contratação e
cerca de 750 instaladas no país, que garantem 58
investimento das empresas, com destaque para as
mil empregos e um volume de vendas de 9,5 mil
pequenas e médias empresas, “que são aquelas que
milhões de euros por ano, disse o primeiro-ministro,
podem criar emprego”. E é da criação de emprego
destacando o investimento da Vinci na ANA e o da
que a Europa precisa para não sucumbir ao “cep-
Altice na PT Portugal. “Outros investimentos são
ticismo” e ao “populismo” sublinhou Manuel Valls:
possíveis nos processos de privatização de empre-
“Se não fizermos com que o desemprego diminua,
sas públicas ou concessão de serviços públicos”,
nomeadamente o desemprego jovem, não consegui-
adiantou, dizendo-se favorável “a uma presença ain-
remos que o projeto europeu sobreviva”, afirmou. A
da mais forte de França em Portugal”. Mas no cená-
Europa não pode limitar-se a políticas orçamentais,
rio oposto haverá ainda muito a fazer. Destacando o
porque é também um projeto civilizacional e econó-
exemplo da Renova, que vai construir, em Auvergne,
mico e vive um momento crucial em que deve apos-
a primeira fábrica fora de Portugal, Valls notou que
tar todas as fichas na promoção do investimento
em França há apenas 200 empresas portuguesas,
e do emprego. Nesta estratégia, Portugal também
que empregam 3500 pessoas. França está a fazer a
deve fazer parte. “Os olhares de fora” conseguem
sua parte para facilitar a vida às empresas: aumentar
ver que, em Portugal, a “economia está a crescer”,
a flexibilidade nas regras da contratação, tornar mais
as “finanças públicas melhoram” e Portugal “be-
fluído o diálogo social com um projecto-lei que
66 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
➤
➤
deverá ser conhecido antes do Verão, reduzir os
cimeira de Madrid, em Março, onde Portugal, Espa-
custos do trabalho e o impacto da carga fiscal em
nha e França debateram projetos para reforçar as
cerca de 40 mil milhões de euros em três anos,
interconexões energéticas, Valls sublinhou que os
sem esquecer a diminuição dos impostos da clas-
países devem “intensificar os seus esforços” neste
se média, que abarcará nove milhões de famílias a
domínio. Projectos como o cabo submarino no Golfo
partir de Setembro, a redução do défice para os 3%
da Biscaia, os cabos de alta tensão para atravessar
exigidos pela UE … tudo isto sem pôr em causa os
os Pirenéus e o gasoduto entre Espanha e Fran-
compromissos com o saneamento das contas públi-
ça “devem ser abrangidos pelo Plano Juncker” - o
cas, assegurou o governante.
plano da Comissão Europeia para mobilizar investi-
Lutar contra a quebra do crescimento
mentos públicos e privados num montante de 315 mil
“Disse-o em Bruxelas e digo-o em Lisboa: não
milhões de euros em grandes programas de infraes-
aceitaremos medidas orçamentais que venham
truturas, nos próximos três anos. E ainda na área
quebrar o crescimento”, afirmou o primeiro-ministro
de energia, a propósito da Cimeira do Clima, que se
da segunda maior economia do euro, que espera um
realizará em Dezembro, em Paris, lembrou que “o
aumento do Produto Interno Bruto (PIB) 1,5% este
crescimento verde” é uma oportunidade que a econo-
ano. É preciso “vigilância, vontade e firmeza”, mas
mia e as empresas “devem aproveitar plenamente”,
em França não estão em cima da mesa medidas
quer pelo potencial das energias renováveis, quer
como reduções do salário dos funcionários públicos,
pelo desenvolvimento e inovação tecnológicas que
garantiu. E sectores como a educação (onde está a
estão associados ao sector. “Cidades conectadas,
prevista a criação de 60 mil lugares de professores)
redes inteligentes”… a Europa “tem de liderar estes
e as forças de segurança “são uma prioridade”. “As
movimentos” de investimento, disse. E tudo isto deve
medidas de austeridade aplicadas em Portugal não
interessar aos jovens, porque só se conseguirá “vol-
têm nada a ver com as de França”, reconheceu.
tar a dar sentido ao projecto europeu se a juventude
“Isso pode afastar as nossas populações”, na medi-
acreditar nele”. Para isso é preciso que “a Europa
da em que a diferença de situações na Europa “favo-
reaja e fale ao coração dos europeus”, que aposte
rece o eurocepticismo, o egocentrismo e a afirmação
na economia, mas também na preservação da sua
dos populismos”.
cultura e identidade, porque a Europa “também é um
Uma mensagem de amor
modo de vida que deve ser preservado”, conclui.
“Os destinos de Portugal e França estão intimamen-
n
Fotos: Luís Filipe Catarino / P.R.
te ligados”, um milhão de franceses são os filhos e os netos dos emigrantes portugueses e “Portugal e França sabem que podem contar um com o outro em caso de dificuldades”, disse Valls, que veio a Lisboa trazer “uma mensagem de amor e amizade”. Há vínculos fortes e próximos que devem ser reforçados e há, também, a responsabilidade comum de preservar o tesouro europeu. Se o custo da energia é um dos trunfos franceses na atração de investimento (graças à aposta no nuclear que continua a ser um sector com futuro), é também na energia que Portugal e França têm outro interesse comum. Recordando a
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 67
ATUALIDADE
Na Procura dos Direitos Humanos
Num mundo global, como o nosso, sair, regressar ou permanecer noutro país deveria ser um ato comum, mas não é assim. A Europa é uma fortaleza, os conflitos armados intensificam-se e, inimaginavelmente, em pleno século XXI trava-se uma luta desesperada pela sobrevivência em demasiados pontos do globo.
Um grupo de amigos está sentado nos bancos do
sabe falar português porque esteve três anos em
jardim da Gulbenkian, riem, conversam animada-
Angola, era dono de um restaurante. Várias vezes
mente, aproveitam o inverno ameno que se faz
assaltado e ameaçado de morte pediu asilo a Por-
sentir. É a primeira vez que vêm a este jardim.
tugal. “Em Angola eram muito racistas para com os
Este grupo de jovens está alojado no Conselho
estrangeiros.” Aqui queria aprender melhor a língua,
Português para Refugiados (CPR) da Bobadela,
conhecer melhor o país, ter a sua própria casa,
são refugiados e vieram assistir ao 11.º Congresso
trabalhar e fazer amigos. “Tenho medo porque não
Internacional sobre o tema “Mediterrâneo, Última
sei se os portugueses querem falar comigo, não sei
Fronteira”, na Fundação Calouste Gulbenkian em
como são… No CPR da Bobadela em contacto uns
Lisboa.
com os outros usamos muito os nossos dialetos;
Abdulah (nome fictício) é um jovem da Guiné Co-
assim, não praticamos português”, desabafa No audi-
nacri, de sorriso fácil, o mais expansivo do grupo,
tório, Pedro Calado, Alto Comissário para
68 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
➤
➤
as Migrações, inicia a sua intervenção com alguns
A maioria que regressa está em idade ativa (18-60
dados estatísticos: “mais de “3000 mortos regista-
anos). A crise que Portugal vive é uma das explica-
dos no mar Mediterrâneo, só em 2014, mais de 165
ções, a par do desenvolvimento económico regista-
mil refugiados cruzaram o Mediterrâneo, mais 100
do no Brasil e o incentivo monetário que é atribuído
mil do que em 2013, segundo dados do ACNUR, e
nalguns casos.
os números não param de aumentar.” Pedro Cala-
Luís Carrasquinho acrescenta que o Programa
do defende que “a situação é ainda mais dramática
apoia com o regresso ao país de origem e, quan-
quando não há nenhum país na Europa que possa
do possível, com um apoio à reintegração:“Após
dispensar a imigração. O problema da Europa não
uma análise profunda da situação de cada caso,
é só económico, mas também demográfico. Em Por-
faz-se uma avaliação para saber se é dado ou
tugal, desde 2007, 600 mil portugueses deixaram o
não um subsídio de ajuda para que a pessoa que
país e nos próximos anos o país perderá cerca de
retorna possa começar de novo. Os casos, que
dois milhões de habitantes”. O alto comissário para
foram apoiados desde 2009, com planos de negócio
as migrações ressalva ainda que “em Portugal 61%
implementados, têm uma taxa de sucesso de cerca
dos imigrantes são população ativa, contra 47% da
de 90 a 95%.”
população residente, 5,2% dos empregadores em
Arnaldo (nome fictício) decidiu recorrer ao retor-
Portugal são imigrantes, contra 3,8% de empre-
no voluntário. Este Brasileiro foi na sua terra um
gadores residentes e o saldo líquido dos descon-
empresário de sucesso, com 42 pessoas a trabalhar
tos para a segurança social feito por estrangeiros
por sua conta. Mas, ao fim de quase vinte anos,
mantém-se positivo em cerca de 253 milhões de
todo o império veio abaixo: ficou sem casa, mulher
euros. No entanto, “Portugal, a par da Finlândia, é o
e família, vítima de perseguição de agiotas, chegou
país que recebe menos refugiados na Europa.”
até a ser mendigo. Em 2010, vem para a Europa,
Luís Carrasquinho presta aconselhamento na
chega a Itália mas, numa operação rotineira, é apa-
Organização Internacional para as Migrações
nhado sem documentos pelas autoridades italianas
(OIM), em Lisboa. Uma organização intergover-
e obrigado a regressar ao Brasil.
namental que tem sede em Genebra e várias mis-
A três dias da viagem de regresso volta para Por-
sões espalhadas por vários países. Em Portugal,
tugal e, desde aí, tem trabalhado na construção
a OIM trabalha principalmente na área do retorno
civil. Dorme em casas em construção, no arero-
assistido. Luís Carrasquinho explica-nos que as
porto, em albergues, até ao relento. No sítio onde
pessoas que ali recorrem são nacionais de paí-
vive atualmente, “não tenho gás, água canalizada e
ses terceiros, “que querem regressar aos seus
eletricidade. Ainda por cima o Inverno está a chegar
países de origem por uma situação migratória
e, provavelmente, vou ficar sem trabalho…” Nesta
que correu mal. São, muitas delas, pessoas em
altura quer voltar para o Brasil. “Mas se não tiver
situação desesperante que não têm rendimentos,
apoio financeiro, não vale a pena regressar…”
nem emprego; e, quando tudo o resto falha, vol-
Para Delmar Gonçalves, escritor, poeta, professor
tar ao país de origem é a última alternativa, mas
e, atual presidente do Círculo de Escritores Mo-
não têm posses nem meios para o fazer.” Dados
çambicanos na Diáspora (CEMD), “o mundo global
fornecidos pela OIM sobre o Programa de Apoio
não está a funcionar. A Europa não se pode fechar
ao Retorno Voluntário e à Reintegração mostram
sob pena de outros países africanos em retaliação
que só em 2013, regressaram ao país de origem
fecharem também as suas fronteiras.” Considera
692 pessoas sendo que cerca de 86% eram cida-
que é necessário haver uma desconstrução do mito:
dãos de origem brasileira, os que mais recorrem
“os imigrantes que chegam de países completa-
ao retorno voluntário. A maioria (358 pessoas –
mente destruídos pela guerra vêem a Europa como
52%) estava em situação irregular, aquando do
um El Dourado, porque há paz. Não pensam em ter
retorno, contudo, o número de pessoas em situa-
uma vida de luxo, querem sentir-se seguros.” Como
ção regular que quer voltar tem também aumen-
homem das artes que é, sente que a cultura tem um
tado (312 pessoas – 45%).
papel muito importante na vida do migrante.
➤
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 69
Na Procura dos Direitos Humanos
Maria Teresa Tito Morais, Presidente da Direcção do Conselho Português para Refugiados
➤
Os moçambicanos, por exemplo, para onde quer
patrulha e salvamento no mar mediterrâneo e a
que vão levam a sua cultura, aquilo que marca a
destruição dos barcos de traficantes antes desses
sua nacionalidade. Ainda há muito trabalho a fazer
serem usados, naquela que é uma decisão inédita
na área da cultura e literatura, áreas fundamentais
no combate à emigração clandestina.
de inclusão. “Em Moçambique, os artistas, espe-
No entanto, de fora ficou a ideia de imposição de quo-
cialmente os escritores, não têm oportunidade de
tas migratórias para a distribuição proporcional dos
mostrar o seu trabalho, então, têm de sair do seu
refugiados, proposta apresentada por Jean Claude
país para, a partir do exterior, tentarem ser reconhe-
Juncker que lamentou a falta de ambição dos 28.
cidos”. Em Portugal, sente-se como um diplomata
O primeiro Ministro britânico, David Cameron,
da cultura moçambicana.
anunciou ainda o envio de um navio almirante com
O mundo atual é um lugar de múltiplas fraturas;
três helicópteros, mais dois navios patrulha para
desde o choque entre regimes autoritários ou demo-
ajudar nas operações. François Hollande por sua
cráticos, ricos ou pobres, muçulmanos ou judeus,
vez afirmou que é preciso corrigir os persistentes
curdos ou turcos. Há, por isso, números que não po-
erros do passado, já a chanceler alemã Angela
dem ser ignorados. Os conflitos armados no Iraque,
Merkel, defendeu que, no imediato o mais importan-
Síria, Líbia e Egito desde 2003 já vitimaram entre
te é salvar vidas. Para Donal Tusk um dos grandes
150 a 200 mil pessoas.
problemas será abdicar de interesses nacionais a
No passado dia 23 de Abril, na sequência do naufrá-
favor da política de imigração, por isso alerta que
gio que vitimou cerca de 800 imigrantes no mediter-
sera necessário o reforço da solidariedade europeia
râneo, Donal Tusk Presidente do Conselho Europeu
e a responsabilidade comum de todos . No Segundo
convocou uma reunião extraordinária com os líde-
semestre do ano, Malta será palco de uma cimeira
res da União Europeia, entre as decisões saídas
organizada pela União Europeia e União Africana
do conselho Europeu está o reforço do orçamento
para tratar das causas da emigração clandestina.
da missão Tritão, responsável pelas operações de
70 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
n
Ana Maria Brás Gonçalves
ÁFRICA +
Comemoração do Dia da Paz e da Reconciliação Embaixador Marcos Barrica apela à defesa da identidade e cultura angolanas
Embaixador José Marcos Barrica
O embaixador angolano em Portugal, José Marcos
dos êxitos alcançados pelo país nos 13 anos de paz,
Barrica, apelou, neste sábado, na Moita, arredores de
Cecília Baptista reconheceu algumas dificuldades, mas
Setúbal, à comunidade angolana para “continuar a de-
disse que o Consulado Geral de Angola em Lisboa
fender a identidade e cultura angolanas, em honra aos
“está pronto a trabalhar para a resolução da situação
heróicos combatentes angolanos”.
dos cidadãos indocumentados”.
No acto central do 13º aniversário da Paz e da Re-
Entre as tarefas levadas a cabo pelo Consulado Ge-
conciliação Nacional, junto da comunidade angolana,
ral de Angola em Lisboa junto da diáspora angolana,
Marcos Barrica defendeu ainda a unidade e a solidarie-
destacou a realização periódica de visitas domiciliária
dade, “que podem se resumir em pequenos gestos no
e carcerária, com destaque para o apoio judicial, assim
dia-a-dia, porque a paz está dentro de nós”.
como a “ajuda pontual dada aos cidadãos desprovidos
“Sendo a guerra um passado que não podemos repetir,
de condições de regresso ao país”.
devemos todos lutar para preservar a paz”, assim como
“Sempre que somos solicitados, estamos atentos a
“defendermos o bom nome e a imagem de Angola,
todos os problemas”, disse Cecília Baptista, que apro-
através do civismo”, adiantou Marcos Barrica, perante
veitou a ocasião para apelar aos jovens estudantes a
cerca de duas mil pessoas vindas de diferentes pontos
se dedicarem aos estudos e regressarem “imediata-
de Portugal.
mente” à Angola para contribuírem no desenvolvimento
O pronunciamento do diplomata angolano foi precedido
do país.
da leitura de mensagens de crianças, jovens e mulhe-
A responsável declarou que o cidadão só pode bene-
res da comunidade angolana em Portugal, expondo
ficiar do estatuto de imigrante em Portugal se estiver
algumas preocupações com que se deparam e respon-
legalizado, lembrando a realização, uma vez por mês,
didas “prontamente” pela cônsul-geral de Angola em
de actos consulares gratuitos para permitir a renovação
Lisboa, Cecília Baptista.
ou emissão de passaporte nacional.
Na sua intervenção, depois de fazer uma retrospectiva
Na sua mensagem, as crianças angolanas em Portugal ➤
72 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
"
ACREDITAMOS QUE O PRESIDEN-
TE JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS, COM A VISÃO ESTRATÉGICA QUE LHE É CARACTERIZADA, SABERÁ LEVAR A BOM TERMO AS NOSSAS INQUIETAÇÕES
Embaixador de Angola e Presidente da Camara municipal da Moita
"
Tenente-coronel Francisco da Cruz, Presidente da Junta de Freguesia da Baixa da Banheira, funcionário camarário, Ministra Conselheira Isabel Godinho, Presidente da Camara municipal da Moita, Embaixador José Marcos Barrica ➤ manifestaram-se
preocupadas com a situação de de-
do, acreditamos que o Presidente José Eduardo dos
sempregado de muitos dos seus progenitores, que se
Santos, com a visão estratégica que lhe é caracteriza-
encontram desprovidos de recursos financeiros, o que
da, saberá levar a bom termo as nossas inquietações”,
os limita não só na aquisição do título de viagem para
auguraram os jovens.
Angola, a fim de actualizarem a sua documentação,
Já as mulheres angolanas em Portugal, encorajam
como agrava o risco dos seus descendentes coabita-
“o empenho de todos no trabalho comum em prol da
rem em situação monoparental.
união, coesão, tolerância e concórdia entre os angola-
Por sua vez, a Juventude angolana em Portugal pe-
nos, visando garantir a consolidação da paz, da demo-
diu a concessão de bolsas de estudo para o ensino
cracia, reconciliação e bem-estar social”.
superior, devido o facto de a crise económica no país
Assistido também pelo presidente da Câmara Municipal
de acolhimento ter provocado “inúmeras disfunções
da Moita, Rui Garcia, e por diferentes entidades reli-
familiares”.
giosas, o acto central foi animado com momentos de
“É sabido que actualmente existem constrangimentos
música, dança, teatro e mostra de pintura e demonstra-
provocados pela queda do preço de petróleo. Contu-
ção pictórica.
n
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 73
VIAGENS DE ESTADO
Aníbal Cavaco Silva na investidura de Filipe Jacinto Nyusi, o novo Presidente de Moçambique
O Presidente da República Portu-
mos apenas chefes de Estado e de
ciclo de Moçambique, um ciclo de
guesa, Aníbal Cavaco Silva, reali-
Governo da SADC (Comunidade de
crescimento económico, de justiça
zou uma visita oficial de três dias
Desenvolvimento da África Austral)
e de combate a pobreza,” frisou. Já
a Moçambique, sendo convidado
e CPLP (Comunidade dos Países
antes, a anteceder esta cerimónia,
para a cerimónia de investidura do
de Língua Portuguesa) e antigos
Cavaco Silva tinha manifestado o
novo Chefe de Estado moçambica-
chefes de Estado e de Governo das
desejo de reforçar os laços entre os
no, Filipe Jacinto Nyusi, realizada
mesmas organizações", avançou
dois países. A presença de Portugal
na Praça da Independência em
à comunicação social o Chefe da
na cerimónia solene de investidura
Maputo. Eleito a 14 de Outubro
diplomacia moçambicana, Oldemiro
de Filipe Nyusi, é “um testemunho
último, Nyusi entra na história como
Baloi, fundamentando que “esta não
da importância atribuída às relações
o quarto presidente de Moçambi-
é uma festa mundial, mas restrita”
com Moçambique, relações de ami-
que, em 40 anos de independência
àquelas áreas políticas. Após a
zade que podem ser mais aprofun-
do país, e sucessor de Armando
investidura e a reunião com o novo
dadas”, referiu, após o encontro no
Guebuza. No acto solene da to-
Presidente moçambicano, Cavaco
primeiro dia da sua visita oficial em
mada de posse do novo Presidente
Silva ressaltou o interesse em apro-
Maputo com o presidente cessante
de Moçambique, foram poucos os
fundar as relações entre Portugal e
moçambicano, Armando Guebuza.
chefes de Estado convidados. “Não
Moçambique. “Portugal está interes-
As relações entre os dois Estados
convidámos todo o mundo, convidá-
sado e aberto a colaborar no novo
transpareceram ainda no encontro
74 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
➤
➤ entre
Cavaco Silva com empre-
Ainda nesse encontro, Cavaco Silva
Mozambique Cotton Manufacturers
sários portugueses estabelecidos
frisou a existência de uma trajectó-
(MCM) situada nos arredores de
naquele país. Segundo o Presi-
ria de grande abertura não só para
Maputo, em Marracuene. “MCM
dente português: “Moçambique é
o desenvolvimento das relações
é o resultado de uma parceria de
uma prioridade da política externa
políticas, mas também das “rela-
empresários do norte do país com
(portuguesa)” e “as relações polí-
ções económicas e comerciais, de
empresários moçambicanos e que
ticas são excelentes e conhecem
investimento e de constituição de
ira empregar milhares de moçam-
um dinamismo bastante forte”.
parcerias”, ressaltando a importân-
bicanos”. Na intervenção proferida
Quanto à política externa, Cavaco
cia dos empresários portugueses
o Presidente português apelou às
Silva adianta que “Portugal apoia
para o desenvolvimento econó-
empresas maiores para que funcio-
fortemente a consolidação da
mico e social do país. “Portugal
nem como “portas de entrada para
Paz em Moçambique”, inclusive o
encontra-se entre os três maiores
novas empresas portuguesas, mais
“acordo assinado (entre o Governo
investidores em Moçambique e os
pequenas” nesse mercado, quer
moçambicano e a Renamo no 5 de
investimentos de empresários portu-
através de parcerias para novos
Setembro de 2014) para a cessão
gueses são aqueles que criam mais
investimentos ou através de sub-
das hostilidades” e que faz parte
empregos para moçambicanos”.
contratações, contribuindo assim
da “equipa militar que acompanha
Argumentou, e deu como exemplo
para uma maior internacionalização
a implementação desse acordo”.
a empresa luso-moçambicana,
das empresas lusas.
n
Fotos: Luís Filipe Catarino / P.R.
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 75
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76 • DIPLOMÁTICA - MÊS/MÊS 2015
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BUSINESS
A Diplomática - Business & Diplomacy Uma parceira de luxo
A residência oficial da Embaixadora Britânica em Portugal, Kirsty Isabel Hayes, foi palco de um explendoroso e exclusivo evento: O TLN- The Luxury Network, liderado nos países de Língua Portuguesa por Nuno Duarte Lopes. Embaixadores e figuras de topo, da sociedade económica e industrial, nacionais e internacionais, estiveram presentes na residência e no jardim coberto por uma tenda feérica onde foi apresentado este consórcio privado de empresas premium de nível mundial.
78 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
➤
The official residence of the British Ambassador to Portugal, Kirsty Isobel Hayes, was the scene of a magnificent and super exclusive event: TLN - The Luxury Network, led in Portuguese language countries by Nuno Duarte Lopes. Ambassadors and top individuals, economic and industrial, national and international society attended in the residence and in the garden covered by a fairy-like tent where was introduced this worldwide private consortium of premium companies.
➤
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 79
Maria da Luz de Bragança e Embaixadora do Reino Unido, Kirsty Isabel Hayes ➤
A rede The Luxury Network l existe para criar
relacionamentos de negócio extraordinários, poderosos e bem-sucedidos, entre muitas das marcas mais luxuosas do mundo. Uma sinergia que permite aos membros, conseguir acesso inigualável a valiosos clientes privados, pré-qualificados e de património elevado, em todo o mundo. Gera e desenvolve notoriedade de marca, bem como novas oportunidades de negócios, que as empresas no segmento alto, por sua própria conta, não conseguiriam alcançar. A rede The Luxury Network é um grupo líder mundial de marketing de afinidade, parcerias e eventos, direcionados para o mercado empresarial e para o consumidor final, sendo descrita pela comunicação social britânica como “a próxima geração de marketing para marcas de luxo”. Consórcio privado de empresas premium, em cada capital do luxo a nível mundial, trabalhando em conjunto com diretores sénior, visando o mútuo desenvolvimento de negócios e clientes.
80 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
n ➤
Fabrice Marescaux (Partner Owner of Challenge Concept & Aura Restaurant), José Branco (CEO at Hotel Cascais Miragem), Mário Diniz Lucas (Partner Owner of The Ambassador Golf Cup), Jean-François Collobert (CEO at Pernod Ricard Portugal), Bernardo Encarnação Jorge (Comercial Department at Maserati), Luis Ferreira dos Santos (Partner Owner of The Ambassador Golf Cup), Miguel Costa (General Manager at Tridente Maserati & Aston Martin), Humberto Barbosa (D.G. do Grupo Clinica do Tempo), Marta De La Rocha (Vice-President at Netjets Portugal), João Esteves (Marketing & Comercial Director at Trident – Maserati), Her Majesty´s Ambassador to Portugal, Her Excellency Ms. Kirsty Isobel Hayes, Nuno Duarte Lopes (Chairman CEO at The Luxury Network Lisbon), Miguel Standley (Owner of White Clinic By Miguel Stanley), Chris Barton (CEO of BPCC – British Portuguese Chamber of Commerce), Mark Wilson (President & Chief Operation Officer at Netjets Europe), Nuno Courela (CEO of Prime Yate - WWM), Luis Igreja (CEO of LEV – Logística e Gestão Técnica)
The Luxury Network exists to create extraordinary,
level for mutual business and client development. Nuno
powerful and successful business relationships be-
Duarte Lopes, is the Chairman CEO of The Luxury
tween many of the world’s most luxurious brands. A
Network Lisbon.
synergy that enables our members to gain unparalleled
The Luxury Network was launched in London in 2007,
access to valuable, pre-qualified, high net-worth private
covers all areas of the top-end market including:
clients from around the globe. Generates and develop
Marine • Finance • Motoring • Concierge • Health &
brand awareness and exciting new business develop-
Beauty • Wealth Management • Aviation • Property •
ment opportunities in ways high-end companies cannot
Travel • Sports • Events • Jewellery & Watches • Enter-
achieve on their own. Described by the British media
tainment • Media • Fashion • Arts & Antiques • Hotels &
as “the next generation of marketing for luxury brands,”
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The Luxury Network is the world’s leading business-
Expanded rapidly throughout The United States, South
-to-business and business-to-consumer luxury affinity
America, across Europe, The Middle East, Africa, and
marketing, partnerships and events group. A private
even The Asia Pacific region is now firmly established
consortium of premium companies in each luxury
as the worlds’ leading luxury affinity marketing group,
capital of the world working together at senior director
with 33 offices and over 500 luxury brand members.
n ➤
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 81
Maria da Luz de Bragança Fabrice Marescaux (Partner Owner of Challenge Concept & Aura Restaurant)
José Branco (CEO at Hotel Cascais Miragem)
Embaixadora Kirsty Isobel Hayes com Nuno Duarte Lopes
António Paraíso (Marketing and Luxury expert)
Nuno Courela (CEO of Prime Yate -WWN)
Entre Chris Barton e Cátia Bouval, António Comprido (Administrador e Presidente BCPP)
João Esteves (Marketing & Comercial Director at Trident – Maserati) e Bernardo Encarnação Jorge (Comercial Department at Maserati)
Miguel Standley (Owner of White Clinic By Miguel Stanley)
82 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
Chris Barton (CEO of BPCC – British Portuguese Chamber of Commerce)
Chrystal Fall (Owner Public Relations & Company)
Team TLN - Nelson Soares Ferreira, Nuno Duarte Lopes, Deodato Avelar, e Miguel Ferreira
Maria da Luz de Bragança e Nuno Duarte Lopes
Cátia Bouval (Vila Vita Park Resort & Spa)
Luis Ferreira dos Santos (Partner Owner of The Ambassador Golf Cup) e Mário Diniz Lucas (Partner Owner of The Ambassador Golf Cup) Jean-François Collobert (CEO at Pernod Ricard Portugal),
Manuel Neto (CEO ENGEL &WOLKERS)
Miguel Costa (General Manager at 83 2015 - DIPLOMÁTICA Mark Wilson (President & •Chief Tridente Maserati & Aston Martin)ABRIL/JUNHO Operation Officer at Netjets Europe)
Maria da Luz de Bragança com a Embaixadora da Irlanda
Embaixadores do Perú
Embaixador da Georgia
84 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
Embaixadores da França e da Noruega
Embaixadora da Noruega
com a
Embaixadores do Brasil Embaixador da Polónia
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 85
Maria da Luz de Bragança e Mário Ferreira (CEO Grupo Nau)
Carlos Sousa (CEO Prime Yate), Cátia Bouval e Nuno Courela Mafalda Baena entre dois amigos Choi Man Hin - Admn. Casino Lisboa e Estoril e sua Mulher (Grupo Estoril Sol)
Parceiros em amena conversa Nuno Duarte Lopes e Jean-François Collobert
Emilia Miranda e Hernani Ferreira Mark Wilson com a Embaixadora do Reino Unido
Bárbara (Repórter WTV) com Alexandre Alves Ferreira Lúcia Fernandes e Maria Amélia Caldeira (Office Manager Marketing e Consulta Imobiliária Engels & Völkers)
86 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
José Branco (Hotel Miragem Cascais), Inês Sotelino e Embaixadora do Reino Unido Tomás e Miguel Abrantes (CEO do Grupo Clinica do Tempo) com Humberto Barbosa e filho
e au)
Hugo Ribeiro da Silva (Adm. Porsche Norte), Marta De La Rocha (Vice-President Netjets Portugal) e Mark Wilson
Catherine Cabral, Filipa Rebelo de Andrade e assistente
As misses que recepcionaram o evento
Pedro Ferreira Lopes (Owner CEO Prime Dental Clinic) e Sylvia Ferreira Lopes
Maria João Bahia
Maria da Luz de Bragança e Eduardo Burnay
Vânia Rangel (Owner Diamond Magazine) e Sónia Ruivo (Technical Sales Manager Altec)
Rosário Pinto Correia Joana2015 Sommer de Andrade e•Salvador 87 ABRIL/JUNHO - DIPLOMÁTICA (CEO Topázio) Cardoso de Menezes (Director Sports by TLC)
Miguel Horta e Costa com a Embaixadora do Reino Unido
Anabela Candeias, Miguel Costa, Mark Wilson, Marta De La Rocha e Bernardo Encarnação Jorge
Nuno Courela e Natacha (Prime Yate)
João Salvador, Yolanda Lobo e Alexandre Elias
Joana Pessoa e Alexandre Ribeiro (Torres Joalheiros)
Ana Pessoa
Afonso Coruche e João Rufina (JRI Holdings)
88 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
Alexandre Alves Ferreira e Rita Ibérico Nogueira (Editora Diário Económico)
Fernando Lopez (CEO Mapfre) e Lara Trasobares (dir. Adjunta Cartier)
BUSINESS
Nuno Duarte Lopes CEO of The Luxury Network Lisbon
Nuno Duarte Lopes, as the
marketing for luxury brands,” The
The Luxury Network was launched in
Chairman CEO of The Luxury
Luxury Network is the world’s leading
London in 2007, covers all areas of
Network Lisbon, can you please
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ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 89
Nuno Duarte Lopes CEO of The Luxury Network Lisbon
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their team with other Luxury Network
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member senior brand directors,
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quarterly business development
activities, Co branded products and
comprehensive activity plan.
seminars are held to allow them
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present their marketing objectives
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partnership and event marketing
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relationships never get off the ground
will send them regular email updates
partnership pages, Private clients
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90 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
n
Os vinhos da Moldávia Um segredo bem guardado
A Moldávia é um antigo produtor de vinhos.
diversos países, incluindo França, que sofria
Foi fornecedor exclusivo do mercado sovié-
com a Phylloxera. A grande qualidade dos
tico e recentemente teve autorização para
vinhos foi reconhecida com medalha de ouro
exportar livremente para a União Europeia.
na International Parisian Exhibition em 1878.
A Moldávia foi considerada em 2005 o séti-
Durante todo o século XIX, o vinho Negru
mo exportador mundial de vinhos. Há 2.500
de Purcari foi enviado para o Reino Unido.
anos os colonizadores gregos inundaram
A qualidade do vinho tornou-o conhecido e
a região com a cultura do vinho, atividade
enviado para outros tronos europeus. Uma
chave na economia da antiga Grécia. Houve
escola de vitivinicultura foi aberta em 1842
grande impulso de evolução da vitivinicultu-
tendo sido a primeira instituição a lecionar
ra durante o Império Romano que ocupou o
sobre o tema, na Moldávia.
território Moldavo. Na Idade Média já havia
Em 1950 as sociedades vinícolas começaram
regras que regiam os vinhedos para garantir
a ser restauradas e as adegas e caves foram
a qualidade do vinho e no século 14 vendiam
unidas e ampliadas. Atualmente, Cricova,
vinhos para a Polônia, Rússia, Turquia e
Milestii e Mici são os maiores produtores da
Ucrânia, criando a tradição de exportador de
república. Existem cidades inteiras com caves
vinhos e uvas. Um novo estágio na vitivini-
espalhadas por muitos quilómetros, onde mi-
cultura começou após a anexação da Mol-
lhões de garrafas de outras safras são guar-
dávia à Rússia em 1812, quando a nobreza
dadas. No começo da década de 60 iniciou-se
russa começou a importar videiras de Fran-
a produção de vinhos demi-sec e doces, com
ça. Com isso a Moldávia tornou-se a maior
grande sucesso. Para satisfazer a demanda
produtora de vinhos da Rússia, com 50% da
dos seus vizinhos mais próximos, novos vinhe-
produção. Os vinhos foram exportados para
dos e vinhos foram desenvolvidos, tendo
➤
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 91
Os vinhos da Moldávia
➤
rapidamente conquistado o mer-
cado russo e a demanda tem sido
ICE WINE
grande, desde então. O sucesso vem do moderado teor de álcool e açúcar,
Desert wine original do grupo :
que dá aos vinhos leveza e frescor.
Qualitätswein mit Prädikat (classificação
A uns 80 metros debaixo de Cricóva,
alemã de vinhos de qualidade, também
que é um subúrbio de Chisinau, ca-
designados "Vinhos de gelo"). Estes
pital da Moldávia, há um labirinto de
vinhos extraordinários são preparados
túneis de 120 quilómetros, feitos pelo
por tecnologia especial a partir de castas
homem. Antigamente, retirava-se cal-
Riesling. A vindima é feita na época
cário dessas escuras cavernas. Mas,
fria do ano, e muitas vezes de noite
nos últimos 50 anos, essas frias ga-
com temperaturas que rondam -6o/-10o
lerias subterrâneas tornaram-se um
C, como o processo de preparação
lugar ideal para guardar os melhores
deste vinho único. O “Ice Wine” é um
vinhos da Europa. Fileiras de barris e
vinho equilibrado e surpreende com
garrafas ocupam mais de 60 quiló-
aromas ricos de frutas exóticas e com
metros de túneis nessa antiga mina.
muitas nuances. Deve servir-se como
Com capacidade para armazenar 350
sobremesa e refrescado. A quantidade
milhões de litros de vinho, é conside-
destes vinhos nobres é limitada. Castas:
rada a maior adega de vinho da Euro-
Riesling, Muscatel e Ottonel, Açúcar: 210
pa. A Moldávia é um país ideal para
g/dm3, álcool 10%, Volume: 375 ml
o cultivo de uvas. Situa-se no mesmo paralelo da famosa província vinícola de Borgonha, em França, e goza de um clima temperado que aquece o seu solo fértil. A produção de vinho na Moldávia data do ano 300 A.C., quando comerciantes gregos levaram videiras a essa terra. Nos séculos que se seguiram, continuou a tradição de produzir vinho, mesmo quando o país foi conquistado por godos, hunos e diversos senhores feudais. ATLANTIKDYNAMIK importação e exportação unip.lda representa os melhores produtores moldavos, em Portugal e nos países da língua portuguesa. Os nossos produtores como maior adega subterrânea da Europa, e também com a maior colecção de vinhos do mundo inscrita no livro dos recordes com o prémio “Guinnes World Records 2007”, os nossos vinhos completam portfólio da mais antigo e de prestigio distribuidor de vinhos do Reino Unido como Berry Bros&Rudd entre outros.
➤
92 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
“Taraboste” - Cabernet Sauvignon Colecção “Taraboste” inclui os vinhos de alta qualidade da gama premium. Os vinhos foram feitos a partir de uvas intensamente saborosas e extremamente maduras. Amadurecidos 24 meses, em barricas de carvalho, que complementam com nuances suaves. Vintage: 2011, Dry, Região: Valul lui Traian, Bugeac. Castas: Cabernet-Sauvignon 100%, Solo: Cernoziom (Black soil) Açúcar, álcool: 3,9 g/dm3; 15,00% vol. Volume: 0,75 L Os vinhos da gama “Taraboste” ganharam a medalha de prata no ”Mundus Vini 2013”.
à venda no El Corte Inglés
“Legenda MoldoveiVSOP” - Divin (brandy) Volume: 500ml, 40% álcool Castas: UgniBlanc, Aliquota Rkatseteli De cor âmbar. O sabor lentamente descoberto, agradável demonstra o tom suculento de fruta. Aroma brilhante multi-facetado, ao de leve um travo de baunilha, ameixas secas, mel e amêndoas. Recomendado como digestivo e combina bem com o café. Prémios: “Peterfood” 2004, “WorldFoodUkraine” 2004, “Prodexpo” 2005.
➤
No séc. XVII os vinicultores de Charente
da produzida na região francesa Cognac,
descobriram a dupla destilação, o que trouxe
poderia ser denominada cognac. Em vários
uma melhoria ao sabor da bebida. O conha-
países é fabricado com o nome de Bran-
que seria amadurecido ao longo do tempo
dy. Na República da Moldávia este utiliza o
após ser reservado em barris de carvalho
nome “Divin”, que significa “Divino” – o nome
aos quais extrairia a cor de âmbar. Num cur-
da bebida fabricada conforme a tecnolo-
to período de tempo, o conhaque seria uma
gia clássica de produção do conhaque. Na
bebida muito apreciada sendo considerada
República da Moldávia, “Divin” exprime algo
uma das mais finas bebidas destiladas do
puro, maravilhoso, o que valoriza cada sin-
mundo. Em 1909, o governo francês emitiu
gularidade dos cachos de uva concentrados
um decreto que estipularia uma exclusivi-
nesta fina bebida.
dade à bebida, sendo que apenas a bebi-
n
Atlantikdynamik – Tel.: 962 767 979
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 93
BUSINESS
A aura de Carlos Medeiros e Fabrice Marescaux, fotos Maria Inês Diz o dicionário que “aura” significa “brisa agradável” ou, em sentido figurado, “boa aceitação, aplauso”. Pois melhor descrição não se poderia fazer deste deslumbrante restaurante da dupla Carlos Medeiros e Fabrice Marescaux.
Com a muito bem-vinda reformu-
Já tudo é igual em todo o lado e
pudemos, por exemplo colocar o
lação da Praça do Comércio e a
facilmente se pode arranjar os mes-
lustre que o Fabrice tanto desejava.
abertura do Páteo da Galé a activi-
mos materiais para trabalhar. Por
Todavia, aos poucos foi ganhando
dades culturais e lúdicas, era impres-
exemplo, no projecto que fizemos em
forma e ao manter a possibilidade,
cindível trazer ao convívio tanto dos
África, levámos alguma coisa de cá,
que desde o início tínhamos decidido
portugueses quanto daqueles que
mas como há muitos europeus a tra-
que tinha de ter, de ser um espa-
nos visitam o esplendor e capacida-
balhar lá foi fácil manter os mesmos
ço que pudesse ser alterado, para
des desta que é a “nossa” praça de
conceitos.»
tanto contemplar um jantar de 200
São Marcos – embora considerada
Quanto ao restaurante em si, «tudo
pessoas ou diversos de grupos mais
por muitos ainda mais bela que a
foi pensado ao pormenor. Do nome
pequenos com a simples mudança
original veneziana. Para Carlos
do espaço - que transmite positivi-
do espaço, transformar-se em pista
Medeiros, especialista em restauração e catering, tudo começou há muitos anos atrás com uma viagem a Inglaterra em que por mero acaso se viu ligado à restauração e começou aí uma paixão que dura até aos nossos dias. O seu primeiro êxito foi a Cateri e depois surge a Chalenge Concept. Explica Carlos Medeiros que: «Basicamente, o Aura tem como background a Chalenge Concept que é a nossa empresa de eventos. E a nossa formação são os eventos. Temos feito, ao longo de 30 anos, vários eventos internacionais. Por exemplo, agora há muito pouco tempo fizemos na Tanzânia e, ainda mais recentemente, no Chile, onde fizemos um magnífico jantar no deserto de Atacama. Vamos ainda
de dança, etc., soubemos que estava
"
PENSO QUE CONSEGUIMOS
perfeito!”» A pedra de toque é a portugalidade. Houve, por parte dos
MATERIALIZAR NESTE PERÍODO AQUILO QUE TÍNHAMOS PREVISTO QUE ERA NOS POSICIONARMOS NO MERCADO COMO MARCA E COMO BRAND DA RESTAURAÇÃO COM COZINHA PORTUGUESÍSSIMA, COM TUDO O QUE ENALTECE A ALMA PORTUGUESA
"
donos, um desejo de dar importância ao que nos faz ser portugueses em todos os pormenores: «Convidámos o Nuno Gama para desenhar as nossas fardas. Pela portugalidade do seu estilo. O tema das fardas é a azulejaria portuguesa, os anjos,.. e cada vez mais estamos mais portugueses. E Portugal está cada vez mais orgulhoso de si e saltou para a coqueluche da Europa. Penso que conseguimos materializar neste período aquilo que tínhamos previsto que era nos posicionarmos no mercado como marca e como brand da restauração com cozinha portuguesíssima, com tudo o que enaltece
fazer um em Berlim e um outro na
dade - à decoração, à escolha do
a alma portuguesa. Estamos numa
Birmânia. Estamos com uma agenda
menu e claro está do chef.» Já a
das praças mais emblemáticas da
muito preenchida de projectos inter-
decoração, «é fruto de uma mistura
Europa e não queríamos, de todo,
nacionais. Não está fora dos nossos
de peças únicas e escolhidas a dedo
abrir um restaurante para turistas,
planos abrir um projecto em Miami,
tanto por mim quanto pelo Fabrice e
mas sim um restaurante onde os
com um parceiro local, na área da
que vieram tanto de lojas portugue-
turistas pudessem vir cá jantar com
restauração. Isto porque ao longo
sas, quanto de feiras internacionais.
os portugueses e sentissem que es-
destes 30 anos de carreira identificá-
O mais engraçado é que não havia
tavam num restaurante, com toques
mos que o planeta Terra é um bairro
um plano definido, a única coisa
gourmets, mas com gastronomia
e podemos saltar daqui para acolá
que sabíamos é que havia regras
definitivamente portuguesa.»
com algumas horas de voo e fazer-
relativas ao facto de se tratar de um
A beleza da praça faz com que os
mos coisas absolutamente fantásti-
espaço protegido e que não podia
momentos na esplanada se tornem
cas como se estivéssemos em casa.
sofrer determinadas alterações – não
experiências únicas. Com a
94 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
➤
➤
chegada do bom tempo é o local
ses mais portugueses do nosso país,
mais apetecido. A dupla sabe disso
e é a ele que cabe ser o anfitrião
tem algo preparado: «Nós todos os
mais presente e multifacetado da
anos abrimos a “Champagneria” em
nossa Lisboa e em particular do
Junho, onde servimos champagne e
restaurante Aura. Há cerca de três
ostras. Sendo que é também a altura
décadas em Portugal, Fabrice con-
em que abrimos a esplanada a que
tinua a considerar que “lhe parecem
chamamos Aura Lounge Terrace e
umas longas férias, pese embora o
que se mantém até Outubro e onde
facto de que desde a sua chegada
dispomos o menu do restaurante.
se tenha tornado um elemento muito
É super agradável poder desfrutar
presente no universo da restaura-
daquela vista soberba. Começámos
ção no nosso país. Depois de sair
a “Champagneria” há 3 anos e já é
de França o seu destino inicial não
um must.»
foi Lisboa, antes viajou e praticou a
Por último procurámos saber como é
sua arte um pouco por todo o mundo
que Carlos Medeiros consegue coor-
com especial referência para várias
denar o trabalho da sua empresa
colocações na cadeia Sofitel. Uma
de catering com o restaurante Aura:
vez chegado a terras lusas, rapida-
«é fácil - trabalhando muito, fazen-
mente se apaixonou por Cascais.
do férias curtas, como aliás gosto,
Como grande comunicador que é,
pois três ou quatro dias vividos com
publicou vários livros, sobre a sua
intensidade são melhores que um
arte culinária ao mesmo tempo que
mês sem nada para fazer, e fazendo
dava a conhecer ao paladar portu-
questão de que todos os dias este-
guês a versatilidade das quiches,
jamos aqui ou eu ou o Fabrice para
na sua loja denominada Casa das
receber os nossos convidados, que
Quiches. Conhecedor requintado de
hoje já quase todos são amigos! Por
todas as vertentes que estão envol-
último há que confessar que é uma
vidas neste tipo de negócio, é perito
honra e um prazer poder trabalhar
em dar atenção aos mais ínfimos
numa das praças mais bonitas do
pormenores, o que se revela uma
mundo!»,conclui. Carlos não se
considerável mais-valia para este
cansa de elogiar e chamar à atenção
tipo de espaço – em caso de dúvi-
para a beleza e importância do Ter-
da, basta passar um agradável final
reiro do Paço: «Com o novo terminal
de tarde na esplanada do Aura e
que vai abrir de cruzeiros, Lisboa
aproveitar ao máximo os requintados
vai ser mais uma vez bafejada pela
petiscos ao som do piano de meia
visita de uma enorme quantidade de
cauda tocado por Fabrice Mares-
pessoas. O Terreiro do Paço está
caux. Fazendo suas as palavras de
cada vez mais vibrante. E isto acon-
Carlos Medeiros, no que toca ao
teceu como resultado de um esforço
privilégio que é trabalhar num espaço
comum: abriram vários restaurantes
tão especial, Fabrice acrescenta que
com piada, uns tantos hotéis de 5
«cada dia é um desafio e um prazer,
estrelas,... Houve agora a preocu-
surgindo sempre a necessidade de
pação de colocarem uma pousada
ultrapassar algumas dificuldades, de
lindíssima com tudo o que é genuíno.
conseguir vencer novos desafios!»
E tudo isto fez com que o Terreiro
O próximo desafio da dupla será a tão
do Paço, que durante anos esteve
esperada festa de comemoração do
esquecido como um parque de esta-
quarto aniversário do Aura. Os prepa-
cionamento, se transformasse num
rativos já começaram e demi-monde
bairro vivo de cultura portuguesa.»
estará presente neste que será, certa-
Fabrice Marescaux é um dos france-
mente, mais um grande sucesso. n
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 95
Officially the world’s best Estate Agency Marketing
Five Years, Five Stars, Five Awards
A Fine & Country Portugal é especializada na promoção e venda de imóveis de luxo para um público internacional e tem o orgulho de ser uma das principais agências imobiliárias neste segmento. Desde 2013 tornou-se também um dos principais agentes que promovem o inovador Programa “Golden Residency” de Portugal e Regime Fiscal para Residentes Não Habituais. A nossa equipa de profissionais tem um profundo conhecimento do sector imobiliário local e internacional para vos orientar, estando sempre empenhada a encontrar o imóvel ideal e específico para cada cliente, quaisquer que sejam as suas exigências individuais. E a pensar em si, para além de dispormos de um vasto portefólio de propriedades, que incluí apartamentos, moradias e oportunidades exclusivas, através do nosso profundo conhecimento local encontraremos sempre a solução ideal. A Fine & Country está localizada nas zonas mais privilegiadas na Grande Lisboa e Costa Azul, com lojas o Chiado, Estoril e Comporta.
COMPORTA – PORTUGAL Fantástica quartos,
Moradia
uma
com
3
deslumbrante
piscina e 2138 m2 de terreno Na e
tranquilidade ao
lado
da
da praia,
aldeia, estas
moradias estão inseridas num condomínio privado, Casas de Encosta, na Comporta, e são caracterizadas pelos materiais naturais da região à qual fazem uso e excelentes acabamentos, oferecendo toda a comodidade e a possibilidade de desfrutar da beleza natural. Com uma vista fabulosa sobre os campos agrícolas, avistam no horizonte as dunas e o mar. Estas moradias são uma escolha excelente para disfrutar momentos de lazer durante todo o ano, a minutos da vida cosmopolita da cidade.
96 • DIPLOMÁTICA - MÊS/MÊS 2015
CASCAIS – PORTUGAL Luxuosa moradia com 5 quartos, vistas únicas e uma piscina fantástica Esta moradia de 1100m², de arquitectura arrojada está virada para sul e tem vistas panorâmicas sobre o jardim, piscina, campo de golfe e o mar. A casa respira bem estar e harmonia, proporcionando todo o conforto necessário a quem tem uma vida urbana intensa, mas que deseja dela escapar diariamente, beneficiando das vantagens de um mergulho na natureza. A Quinta da Marinha é uma das mais privilegiadas zonas residenciais de Cascais. Com uma localização excepcional, tanto em termos de paisagem como de acessos proporciona e induz a associação perfeita entre uma requintada qualidade de vida e a serenidade de espírito de quem parece viver eternamente de férias.
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LISBOA – PORTUGAL
TROIA – PORTUGAL
Luxuosos apartamentos
Magnificas moradias com piscina
Castilho 15 é um dos mais conceituados novos projetos em Lisboa,
Troia é o destino paradisíaco de Portugal, ideal para aproveitar a
com mais de 25 apartamentos, este empreendimento tem um traço
natureza e toda a sua envolvência, praticar inúmeras atividades
arquitetónico clássico, mas ao mesmo tempo um modernismo e
ao ar livre, fazer passeios de barco, observar os golfinhos ou
sofisticação em cada espaço interior do edifício.
simplesmente observar o pôr do sol numa praia deserta.
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MALA DIPLOMÁTICA
Aniversário da Independência do Estado de Israel
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1. Maria de Bragança com a Embaixadora de Israel, Tzipora Rimon 2. Lénia Godinho Lopes, Per Ljostrom, Hermínio Matos e seu filho 3. Embaixadora da Suiça, Ana Pessoa, Luisa Bastos de Almeida (acessora diplomática do Presidente de Portugal), Madalena Fischer (chefe do gabinete do vice-primeiro-ministo) e Margarida Ruas dos Santos 4. Embaixatriz da Sérvia e Pia Hylen
O Estado de Israel comemorou
lições que partem da negação
o seu 67º Aniversário da sua
ao racismo, ao preconceito e ao
independência nas instalações de
antissemitismo numa alusão às
um luxuoso hotel no coração da
vítimas do Holocausto manifes-
capital, a senhora embaixadora,
tando a sua posição de Paz.
Tzipora Rimon, citou as valiosas
98 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
n➤
Fotos de Maria Inês
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5. Embaixatriz da Georgia 6. Embaixadores do México 7. Embaixadores do Chile 8. Embaixadores da Polónia e Sérvia 9. Embaixadores da Moldávia com Maria de Bragança 10. John Olson (ministro conselheiro emb. EUA), Núncio Apostólico e Embaixadora da África do Sul 11. Embaixadora de Israel, Tzipora Rimon
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 99
MALA DIPLOMATICA
Dia Nacional de Cuba
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1. Johana Ruth Tablada de la Torre, Embaixadora de Cuba 2. Maria da Luz de Bragança, Embaixador do Brasil, Embaixadores do Perú e Embaixatriz da Argentina 3. Embaixadora da Tunísia e seu Marido 4. Embaixadora de Timor e seu Marido 5. Embaixadores do México e da Colombia 6. Maria da Luz de Bragança com a Embaixadora de Cuba
O aniversário do nascimento de
aniversário da Revolução Cubana de
se situa junto a países desenvolvidos
José Martí y Pérez, Herói Nacional
1959.
nos seus níveis de educação, saúde,
de Cuba, político, pensador, filósofo,
Durante o seu discurso, a Embaixa-
desporto, e qualidade de vida. Não é
poeta revolucionário do século XIX,
dora expressou que na obra de Mar-
uma estadística vazia. Isto quer dizer
marca o Dia Nacional de Cuba. A
tí, está a raiz da Revolução e fez um
que apesar de múltiplas insuficiên-
sua vasta obra literária é fundadora
balanço da actual realidade cubana,
cias próprias e desafios, em Cuba
do modernismo latino-americano. O
que aqui transcrevemos:
avançou-se muito na protecção dos
seu pensamento tem sido e continua
"Nessa procura do desenvolvimento
direitos humanos, que morrem me-
a ser um referente cívico e ético fun-
com justiça social, Cuba chega a
nos pessoas por doenças curáveis;
damental e por essa razão foi esco-
2015 com muito por celebrar, uma
que sobrevivem mais as mulheres
lhido esse dia para celebrar a Data
obra sólida, um lugar em que o
nos partos; que mais crianças che-
Nacional que marca, igualmente, o
índice de desenvolvimento humano
gam ao primeiro ano de vida e a
100 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
➤
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6. Maria da Luz de Bragança com o Embaixador do Luxemburgo 7. Embaixadora de Cuba com, Vítor Aleixo, Presidente de la Câmara Municipal de Loulé 8. Embaixadores da Suíça com o Embaixador de Espanha 9. Embaixadores da Bulgária e do Japão 10. Bernardo Pereira, Bernardo Pereira assessor diplomático do Secretário de Estado com a Embaixadora de Cuba 11. Jerónimo de Sousa 12. Embaixadora de Cuba com Liliana Carralero e Raisa Rivero 13. Luís Represas 14. Maria da Luz de Bragança e António Ferreira de Carvalho
vida adulta; que é maior a esperan-
cia, da repressão e da morte por
Câmaras Municipais, deputados e
ça e a qualidade de vida; que nenhu-
dizer o que se pensa ou por o crime
outros membros do Grupo Parlamen-
ma criança cubana tem que trabalhar
organizado; que não há a miséria, os
tar de Amizade, dezenas de cuba-
para comer; que menos pessoas
fundamentalismos, o extremismo, a
nos residentes em Portugal, figuras
ficam abandonadas à sua sorte; que
ignorância, a desigualdade extrema
destacadas da cultura e amigos
em Cuba mais pessoas têm acesso
e a barbárie. Não é pouco, mas há
da Embaixada de Cuba. Também
à educação e ao desfrute da arte e
muito mais que fazer e o faremos."
participaram assessores diplomáticos
da cultura em todas as suas manifes-
Participaram da actividade mais de
da Presidência e do Gabinete do vice
tações, incluindo o ensino artístico e
400 convidados entre os quais a
primeiro ministro.
que uma Pessoa que vive em Cuba
Secretária de Estado, a Dra. Ana
A alegria da Embaixadora contagiou
está mais protegida que em muitos
Martinho, o Secretário da Educação,
os convidados que com ela foram co-
outros países do mundo da violên-
Embaixadores, Presidentes das
memorar o dia Nacional de Cuba.
➤
n
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 101
MALA DIPLOMATICA
Dia Nacional dos Emirados Árabes Unidos
2
1
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1.Najla Al-Qassimi, Embaixadora dos Emirados Árabes Unidos 2. Embaixadora de Marrocos e a Embaixadora dos Emirados Árabes Unidos 3. Embaixadora com Artur Santos Silva 4. Fatiha Selmane, Embaixadora da República da Argélia com Embaixadora Najla Al-Qassimi
Sheikha Najla Al Qassimi, Embai-
tou com a presença de elementos
xadora dos Emirados Árabes Uni-
da cultura, economia e sociedade
dos em Lisboa, deu uma recepção
portuguesa, além da presença do
por ocasião do quadragésimo ter-
corpo diplomático árabe e estran-
ceiro dia nacional. A cerimónia foi
geiro acreditados em Lisboa.
um grande encontro de personali-
Os convidados, agradecidos pela
dades portuguesas, lideradas por
hospitalidade e o ambiente árabe
Sua Excelência Miguel de Castro
que se viveu, tiveram a possibili-
Neto, Secretário de Estado do
dade, através do discurso que a
Ordenamento do Território e da
Embaixadora proferiu, de ter uma
Conservação da Natureza e con-
ideia sobre a evolução das
102 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
➤
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5. Leena Salim Moazzam, Embaixadora do Paquistão com a Embaixadora Najla Al-Qassimi 6. Embaixadora ladeada por Salah Alhemeiri, Primeiro Secretario e Abdullah Salem Alshemeli, Adido administrativo 7. Núncio Apostólico; Miguel de Castro Neto; Embaixadora Najla Al-Qassimi; Fathi Elmawilhi, Encarregado de Negócios e a.i. da Embaixada da Líbia e Adel Ali Al Khal, Embaixador do Qatar
➤ relações
bilaterais entre Portu-
Portugal, aproveitou a ocasião
gal e os Emirados Árabes Unidos
para agradecer a presença dos
nos últimos anos, sendo a visita
convidados, e para dar uma pers-
de Aníbal Cavaco Silva, presi-
pectiva da realidade que se vive
dente da Republica Portuguesa,
nos Emirados Árabes Unidos: a
a consolidação do processo de
dinâmica e o desenvolvimento sob
reforço das relações.
a liderança de Sua Alteza Shei-
A Embaixadora Sheikha Najla Al
kh Khalifa bin Zayed Al Nahyan,
Qassimi, primeira mulher emira-
presidente dos Emirados Árabes
dense a representar a diplomacia
Unidos e seus irmãos governan-
do seu pais e recém-chegada a
tes dos Emirados.
n
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 103
MALA DIPLOMATICA
Kuwait celebrou 54º Aniversário do Dia Nacional e 24º Aniversário da Libertação
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3
1. Embaixador do Kuwait com a nossa directora Maria de Bragança 2. Embaixadora da Turquia com Pedro Pessoa e Costa 3. Embaixadora da Argélia e Ângelo Correia
O estado do Kuwait comemorou
Tradicionalmente o Kuwait come-
uma população de 4 milhões.
o 54 º aniversário do Dia Nacional
mora este evento em fevereiro com
O Kuwait tem a quinta maior reser-
e 24 º aniversário do Dia da Liber-
festas públicas e concentrações
va de petróleo, um recurso natural
tação. Notavelmente, a razão para
populares, bem como a oferta de
que atualmente é responsável por
o Dia Nacional do Kuwait, é para
descontos sobre os preços dos pro-
87% das exportações e representa
comemorar a chegada ao trono,
dutos em lojas e pontos de venda.
75% da receita do governo. O Ban-
como emir, a 25 de fevereiro de
Durante as festividades são mais de
co Mundial classifica o Kuwait como
1950, o Xeique Abdullah Al-salim
18 mil turistas e artistas de outras
um estado de alto rendimento e os
Al-Sabbah. A sua independência foi
latitudes.
Estados Unidos designaram aliado
declarada em 19 de junho de 1961
Localizado a noroeste do Golfo
não-NATO.
com o fim do protectorado britâ-
Pérsico o Kuwait onde compar-
Este estado soberano do Médio
nico. Depois da morte do Xeique
tilha fronteiras com o Iraque a
Oriente, é uma das economias mais
Abdullah Al-salim Al-Sabbah (em
norte, e da Arábia Saudita para
prósperas do mundo, com reser-
1965) começou-se a celebrar este
o sul. O nome do Kuwait é um
vas de crude de cerca de 94.000
dia como “Dia Nacional” em que
diminutivo árabe que significa
milhões de barris de petróleo, que
também foi tocado pela primeira vez
“fortaleza”. O país tem uma área
representam 10% das reservas
o hino nacional.
de 17.820 km² e tem atualmente
mundiais. O Kuwait com um
104 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015
➤
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7
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9 ➤ rendimento
per capita de aproxi-
madamente 4 400 dólares por mês e com mais a ajuda que o governo oferece aos seus habitantes, o nível de rendimento pode chegar aos 5 500 mil dólares por mês, o que se traduz em US $ 50.000 por ano. Isto significa que a população do Kuwait desfruta de um alto nível de qualidade de vida, em comparação com outros países. Fontes do governo informaram que foi criado um Fundo de Desenvolvimento para os próximos cinco 5. Embaixador da Palestina, Maria de Bragança, Embaixador do Reino da Arábia
anos de mais de 220 mil milhões de
Saudita e Pedro Pessoa e Costa 6. Embaixadores de Marrocos, dos Estados Unidos
dólares a pensar no futuro dos seus
e da Turquia 7. Mhamed Ould Ahmad e sua Mulher com Mohamad Mhallel 8. Maria de Bragança com o Embaixador da Polónia 9. Ana Martinho, Secretária-Geral do MNE;
cidadões.
n
Embaixador do Kuwait; Embaixadora de Marrocos e Embaixador António Almeida
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 105
MALA DIPLOMATICA
Dia Nacional da Irlanda St. Patrick’s Day
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4
1. Anne Webster, Embaixadora da Irlanda com o Embaixador do Brasil 2. A Embaixadora com a sua filha, Laura Clarke; Catherine Cotter; John Duggan e Desmond Green 3. Embaixador da Servia, Embaixador da Palestina, Nuncio Apostólico e Embaixador de Itália 4. A Embaixadora com Siobhán Willy-Furth, Siobhán Keating, Simon Webb e Aidan Mac Mahon
Um dos provérbios mais popula-
Patrick's Day - Dia de São Patrício,
res na Irlanda diz que, o dia 17 de
conhecido por ter trazido a religião
Março, é um momento encantado
católica para a Irlanda. Há mais de
- um dia para começar a transfor-
mil anos os irlandeses consideram
mar sonhos de inverno em magia
este dia - suposta data da morte de
de verão. O moneto é representado
St. Patrick - um dia de festa religio-
pela cor verde: a cor da natureza,
sa, que cai no período cristão da
da primavera e de Irlanda. É um dia
Quaresma. As famílias irlandesas
muito importante na Irlanda, em que
aproveitam o feriado para ir à igreja
se celebra o seu Santo Padroeiro.
pela manhã e comemorar durante a
Os Irlandeses e seus descendentes
tarde. O Saint Patrick's Day, colo-
em todo o mundo comemoram o St.
quialmente St. Paddy's Day ou
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➤
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5. A Embaixadora ladeada pelos Embaixadores do Luxemburgo 6. Embaixadora da Irlanda ladeada por Michael e Cora Flaherty e Patricia O’Keefe Hsu e seu Marido 7. Embaixadora da Irlanda com o Nuncio Apostolico 8. A Embaixadora com Lenia Lopes e Per Sjöström 9. Hugh O'neill com a Embaixadora Anne Webster
➤
Paddy's Day, foi celebrado tam-
pessoas vestem-se sempre de ver-
bém em Portugal tendo a Embai-
de e pintam trevos no rosto, porque
xadora da Irlanda convidado Diplo-
o trevo é o símbolo da sorte e da
matas, personalidades portuguesas
Irlanda. Existem muitas histórias ou
e estrangeiras, representantes da
fatos sobre este símbolo. St Patrick
comunidade irlandesa para passa-
usava-o como uma metáfora para
rem a tarde na residência de Embai-
explicar o conceito da Santíssima
xadora.
Trindade (Pai, Filho e Espírito San-
Este dia especial é comemorado
to). Entre as crianças, há a tradição
pelo irlandeses como se fosse um
de beliscar os amigos que não ves-
Carnaval. Nas grandes cidades
tem verde neste dia.
organizam-se desfiles nas ruas. As
Lisboa assinalou, pela primeira vez, ➤
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 107
Dia Nacional da Irlanda
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10. Embaixadora da Letónia, Alda Vanaga; Embaixadora de Cabo Verde, Madalena Neves; Embaixadora da Irlanda e o Encarregado de Negocios de Malta 11. Embaixadores da Suiça com os Embaixadores da Austria 12. Embaixador da Alemanha, Ulrich Brandenburg com a Embaixadora Anne Webster 13. Embaixador do Canada, Jeffrey Marder; Juan-Pablo Valdes e sua Mulher, Cati com Kataryna Mrozowska 14. Embaixadora de Israel e Embaixador da República Popular do Bangladesh, Imtiaz Ahmed
Palácio Museu dos Condes de Castro Guimarães
➤o
Dia de São Patrício, associan-
do-se às comemorações do histórico padroeiro irlandês, através da iluminação dos nossos monumentos mais importantes de cor verde, como a Estátua do Santuário do Cristo Rei, sobre o rio Tejo, o Palácio Museu dos Condes de Castro Guimarães, em Cascais, e a Estátua do Duque da Terceira, no Cais do Sodré, em Lisboa. Deste modo, a capital portuguesa passa Estátua do Santuário do Cristo Rei Estátua do Duque da Terceira
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a fazer parte do roteiro mundial das cidades que celebram o popular “St. Patrick’s Day”.
n
CULTURA
O futuro da língua portuguesa no contexto mundial
Enquanto Instituto Público responsável pela polí-
No contexto do ensino básico e secundário, tem
tica de divulgação da língua portuguesa (LP) no
uma estreita articulação com o Ministério da Edu-
estrangeiro, é frequente questionar o Camões
cação e Ciência; ao nível do ensino superior, com
– Instituto da Cooperação e da Língua (Camões
universidades portuguesas. Articula com departa-
IP) sobre as instituições com que se articula no
mentos da Secretaria de Estado da Cultura na área
processo de internacionalização da língua portu-
da promoção cultural; ainda, articula com progra-
guesa (LP), as políticas que promove e executa
mas de outros Ministérios com homónimos estran-
nesse processo à luz da diversidade linguística dos
geiros, contanto que promovam a aprendizagem da
públicos com que trabalha e a análise que faz às
LP, celebrando protocolos, como com os Ministé-
dimensões política, diplomática, educativa e cultu-
rios da Defesa, da Saúde…
ral desse processo. Aproveitamos este espaço para responder de forma sintética a essas questões. Para a prossecução da divulgação da LP, a rede externa do Camões IP
Alia-se à sociedade civil, protocolarmente, conforme projetos específicos quer da área da língua quer da cultura ─ programadores, criadores, artistas, fundações, ordens profissionais (dos arquitetos, a Associação Portuguesa
conta com o apoio de e/
de Escritores…), a título
ou integra diferentes
ilustrativo, por um lado;
atores como sejam as
por outro, com grupos
Embaixadas e Consula-
editoriais, com o Grupo de
dos de Portugal que (i)
Fala e Linguagem Natural
representam o Camões
(NLX)…
IP, promovendo as respetivas políticas de língua, (ii) apresentam propostas de atuação, (iii) levam a efeito negociações em nome do Camões IP e avaliam a ação da rede; também, os
A nível internacional, através de memorandos de entendimento, articula-se com Ministérios da Educação, da Ciência, da Cultura, com Instituições de Ensino Superior, com Organizações
Centros Culturais, as Coordenações de Ensino de
Internacionais, com Escolas oficiais e associativas.
LP (em países com fortes diásporas de portugueses
Integra a Comissão Nacional do IILP – CPLP; é
e de LP), Leitores e Docentes ao abrigo de protoco-
membro fundador da Associação das Universidades
los de cooperação em Instituições de Ensino Supe-
de Língua Portuguesa, da Associação Internacional
rior e Organizações Internacionais ─ Rede de Ensino
de Lusitanistas, da European Federation of National
Superior, Professores da Educação Pré-Escolar,
Institutions for Language e é membro associado da
Ensino Básico e Secundário, os Centros de Língua
Association of Language Testers in Europe) e da
Portuguesa e os Diretores e Investigadores das
Evaluation and Accreditation of Quality in Language
Cátedras criadas em articulação com o Camões IP.
Services. Articula com a Direção Geral de Interpre-
Sendo o Camões IP um instituto tutelado pelo
tação de Conferência da Comissão Europeia para
Ministério dos Negócios Estrangeiros, a nível na-
projetos desta área ─ neste âmbito, o Camões IP
cional, articula com todos os departamentos deste
integra o comité estratégico do Pan African Mas-
Ministério, incluindo com o Instituto Diplomático,
ters Consortium in Interpretation and Translation,
contribuindo, com este departamento, para a for-
que conta com o apoio da Comissão Europeia e
mação em LP do corpo diplomático de países que
da Organização das Nações Unidas, delegação de
convocam a nossa cooperação ─ países europeus,
Nairobi. É membro fundador da European Union
africanos e asiáticos.
Nation Institutes for Culture (EUNIC),
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integrando núcleos em 92 países. Ao nível cultu-
procuram ajustar-se às dimensões locais de forma-
ral, articula a sua programação com organizações
ção e de produção educativa, artística e cultural.
públicas e privadas, fundações, museus…
Para ilustrar este modus operandi, apresentaría-
Com vista à internacionalização do português
mos 2 casos de boas práticas, o 1º em contexto de
nas suas diferentes valências no mundo atual, os
Português Língua de Herança, o 2ª em contexto
programas, projetos e ações desenvolvidas são
de Português Língua Segunda, ao mesmo tempo
perspetivados sobre as seguintes dimensões da
que reforçaríamos, por essa mesma ilustração, a
LP como: (i) meio de comunicação internacional,
resposta à questão sobre políticas à luz da diversi-
num mundo global; (ii) língua oficial e de trabalho
dade linguística ou do multilinguismo.
em organizações regionais, continentais, globais;
1º. Nas parcerias que o Camões IP vem construin-
(iii) língua de ciência, retomando um objetivo tra-
do com ministérios ou departamentos de educa-
çado desde o início da instituição e associando,
ção estrangeiros, com associações que operam
no entanto, a inovação; (iv) dimensão identitária
na área da educação, nomeadamente nos países
das nossas Diásporas, das Diásporas de LP; (v)
de significativas diásporas portuguesas, fá-las no
expressão da cultura portuguesa e das culturas de
sentido de impulsionar o ensino bilingue – língua
língua portuguesa; (vi) ativo económico, no reforço
de acolhimento e LP, em níveis de escolaridade
do empreendedorismo e da economia criativa.
obrigatória (básico e secundário), bem como de
Estas dimensões estão também contempladas no
promover a qualificação do ensino, através da
designado Plano de Ação de Lisboa (PALis) da
definição de programas e sua monitorização, cujas
CPLP, em cuja introdução dedicada ao “Enquadra-
metodologias de ensino sejam adequadas à he-
mento da II Conferência sobre o Futuro da Língua
terogeneidade de perfis linguísticos e culturais da
Portuguesa no Sistema Mundial”, promovida pelo
população estudantil.
Camões IP, em articulação com um consórcio de 4
2º. A Cátedra “Português Língua Segunda e Es-
universidades portuguesas e com o apoio do Insti-
trangeira” criada por parceria entre a Universidade
tuto Internacional de Língua Portuguesa, sublinha-
Eduardo Mondlane, de Moçambique, e o Camões
-se, ainda: “Nos EM da CPLP, as línguas nacionais
IP, apresenta, entre os seus projetos de investiga-
que convivem com o português são língua materna
ção, o “Observatório de Neologismos do Português
de parte da população, que ou não fala português
de Moçambique”, cuja apresentação reza: “A ex-
ou o usa apenas como língua veicular. Tanto nesse
pansão da rede escolar e a implantação do ensino
espaço como nas diásporas e noutras comunida-
superior em todo o país tem reflexos notórios no
des, a língua portuguesa beneficia desse convívio
desenvolvimento da língua portuguesa em Mo-
e enriquece-se com o multilinguismo. (…) Estas
çambique, língua segunda para cerca de 40% dos
características e circunstâncias contribuem para
falantes. No domínio lexical em particular, assiste-
tornar a língua portuguesa atrativa para falantes de
-se ao aparecimento de unidades lexicais novas
outros idiomas, que a estudam e adquirem como
quer ao nível da língua geral como das línguas
língua segunda ou língua estrangeira. Daí resulta
de especialidade. Neste contexto, é de particular
considerável incremento para o seu papel como
importância a criação de um organismo que se
língua internacional.”
ocupe da deteção, recolha e sistematização destas
Politicamente, é pressuposto do Camões IP que,
formas neológicas de Moçambique”.
nos espaços em que está representado e atua,
Um outro programa, designado “Didática do Portu-
construir e proteger um quadro inclusivo das dife-
guês L2”, desenvolve um conjunto de projetos de
renças e transformá-lo em matéria suscetível de
pesquisa destinados a apoiar o ensino da LP no
disseminação de boas práticas e de cooperação
contexto pré-universitário e universitário moçam-
com os meios de contacto no terreno.
bicano, tendo em conta a aquisição do português
Os seus programas, projetos e ações colocam-se
como L2 e o aperfeiçoamento das competências de
como leituras originais dos espaços de contacto e
literacia.
n
Camões, IP
ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 111
English texts
6. "The Sea of Lusophone - our greatest resource." Miguel Heredia invites the plunge - and sail - the sea of the future. In Portuguese. Food, transport, energy, technology. The identification and the search for competitive advantage. An ocean of opportunity. Not to be missed. 12. Ulrich Brandenburg, Germany "The economic, technological and digital globalization is not in itself a guarantor of greater political approach, not even an organizational continuity". 16. Mansour bin Saleh Al-Safi, Saudi Arabia "The SAGIA adopted a set of measures that contribute to improving the local investment climate, making it more competitive, thus improving the classification of Saudi Arabia in international economic indicators" 18. Michael Suhr, Danemark "It is difficult for modern man and modern society deal with the relentless cruelty of the Dark Ages, practiced by people devoid of reason and compassion". 22. Ali Elashiry, Egipto "Egyptians are also cognizant that a healthy democracy must be based on sustainable economic and social devevelopment, and on social justice". 24. Alda Vanaga, Ambassador of Letonia commments the «Latvian Presidency of the Uninion Council»; Maria Ubach, Ambassador of Andorra rites abouth «the consolidation of economic openness in Andorra». 26. Hikmat Ajjury, Palestina "Twenty years of vain negotiations, have so far been elapsed, since the exchange of the letters of recognition". 30. Vasile Popovici, Roménia "Rather than lead to a democratic process, the Arab Spring has failed - with the exception of Tunisia - generating excess, chaos or new forms of dictatorship". 32. Saloua Bahri, Tunísia "The Islamist extremism asserts itself increasingly as a last refuge against the economic frustrations, social and political". 35. Bronislaw Misztal, Polónia "Fundamentalist phenomena result from exclusion and insular position of various, frequently numerous, minority groups (...) The most common error is to believe that fundamentalist violence can be fought and erradicated with sheer force". 56. Anne Webster, Ambassador of Ireland in Portugal - " Thank you Europe! " Anne Webster , Ambassador of Ireland in Portugal , has a very unusual career : Before she embraced the Irish Diplomatic Service, she specialized in Marine Biology , which may indeed have benefited from a subsequent Diplomatic career , providing her with a different perspective to find solutions for the many challenges and opportunities found along the years! A flagrant example is her positive view of the " Old Continent " and the accession of Ireland to the European Union that, she believes , brought Iimportant benefits for her country. 68. Searching for the Human Rights Never before have we lived in such a globalized society, however, multiple conflicts alongside the european economic crysis are leading to a closing of the frontiers and consequently thousands of people are risking their lives to enter Europe. Portugal, together with Finland, is the country which takes in the lowest number of refugees and at the same time, because of current demographic policies, in the next few years Portugal might lose around 2 million habitants. Recently, after the sinking that killed about 800 immigrants in the Mediterranean, Donal Tusk, President of the European Council, called an emergency meeting of this Institution, where it was agreed to strengthen the budget allocated to the Triton Mission. In the second half of the year, Malta will be the scene of an European Union Summit on the issue of refugees. 72. Marcos Barrica, Ambassador of Angola Calls for "defense of the Angolan culture and identity" in speech to the 13th anniversary of Peace and National Reconciliation. 74. Cavaco Silva in Maputo The investiture of the new head of the Mozambican state, Filipe Jacinto Nyusi; Assunção Esteves received the President of Chamber of Deputies of the Luxembourg, Mars di Bartolomeo. 100. Irlanda,Cuba, Kuwait and United Arab Emirates celebrate their National day
112 • DIPLOMÁTICA - DEZ. 2014 / FEVEREIRO 2015
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CM
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