Energy Security Insight Junho—2016
Canal do Panamá revoluciona rotas do GNL
Petróleo pode chegar aos $80 em 2017 Tecnologia Windfloat é resiliente Incerteza nos custos do solar
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Fonte: www.lngworldnews.com, 2016
Canal do Panamá revoluciona rotas do GNL
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Canal do Panamá completou no passado dia 26 de junho o seu processo de alargamento, que permitirá o tráfego de maiores navios. É a primeira expansão desde que o canal foi construído em 1914. Segundo a Agência Internacional de Energia, este aumento não terá grande impacto nos fluxos comerciais de petróleo e seus derivados, mas sim nos de gás natural liquefeito (GNL).
Com efeito, o «novo» Canal do Panamá terá capacidade para acomodar 88% da frota metaneira mundial, face aos anteriores escassos 8,6%. Ou seja, cerca de 538 navios de GNL vão poder transitar pelo Canal do Panamá e somente os modelos Q-max não o poderão fazer. Segundo a Panama Canal Authority, a entidade de gestão da infraestrutura de navegação, o primeiro trânsito de GNL ocorrerá logo no dia 27 de Junho, com o Linden Pride, um Very Large Gas Carrier (VLGC), de 78,000m³, agendado pela empresa japonesa Astomos Energy. De facto, a expansão do Canal do Panamá poderá ser um «game-changer» na geopolítica da segurança energética mundial, com potenciais implicações para Portugal. Isto porque tornará o comércio de GNL mais rápido, barato e seguro. E com os EUA a serem os primeiros beneficiários desta nova rota comercial. É que a nova rota ocidental de GNL para a Ásia, o grande mercado importador mundial depois da UE, não só é 8600 km mais curta via Panamá do que a rota oriental via canal do Suez, como também é geopoliticamente menos arriscada (ausência de pirataria e de zonas de elevada instabilidade política). E se a este factor acrescentarmos que a maior parte da infraestrutura de liquefação de gás dos EUA está na zona do Golfo e da faixa atlântica, ou seja, muito perto do Canal do Panamá, verifica-se que a matriz importadora de gás da Ásia irá mudar substancialmente, em favor dos Estados Unidos. O mercado já se está a alinhar nesta tendência. Segundo a revista LNG World Shipping, já foram celebrados de fornecimento de GNL dos EUA para o Japão no valor de 24,7 milhões de toneladas anuais (Mta) em 2018, quase metade da capacidade já licenciada para entrar em operação nesse ano (62,4 Mta). Atualmente este GNL é transportado através do Estreito de Magalhães. Com o Canal do Panamá expandido, serão poupados 6,3 dias em tempo de trânsito. Quanto a Portugal, esta mudança valoriza a sua posição geoestratégica como potencial hub de re-exportação de GNL de mercado spot para o mercado asiático. Isto porque o gás produzido em África poderá ser armazenado em Sines e vendido a preços de oportunidade, em momentos de picos de procura, em que os compradores estão mais dispostos a pagar um preço mais elevado pelo gás natural.
Fonte: Drilling Info Index, 2016
Petróleo pode chegar aos $80 em 2017
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s produtores de shale oil nos EUA começaram a completar os 4000 poços já perfurados, mas adiados devido à baixa de preço dos últimos 24 meses. Ou seja, irão começar a entrar no mercado mais de 2 mil milhões de reservas de petróleo. Segundo a Rystad Energy, consultora norueguesa em mercados petrolíferos e parceira do Programa Segurança Energética FLAD, mais de 90% do inventário norteamericano pode ser produzido ao preço atual de $50/bbl. O Drilling Info Index mostra que a produção de ptróleo dos EUA já começou a infletir em Maio, com a subida de 1%. É um sinal de que o mercado petrolífero está em retoma e que a fase de sobre-oferta está em final de ciclo? Para muitos analistas do mercado, o preço do barril está a reentrar num ciclo de subida que pode alcançar os $80/bbl (uma tendência previsto no FLAD Energy Security Perspectives 2015). Segundo uma recente nota da consultora Raymond James & Associates, a expectativa é que o preço chegue aos $80/bbl no final de 2017. Por sua vez, a previsão de Michael Rothman, um dos peritos mais reputados no trading de petróleo de Wall Street e um dos principais conselheiros da casa Saudita através da firma Cornerstone Analytics, perspetiva que os preços podem ultrapassar os $85/bbl. Quais as razões para este cenário? Primeiro, devido à situação da produção fora dos EUA. As previsões indicam que a queda abrupta no investimento resultará em menos 400 mil barris diários em 2017. Além disso, as outras situações de disrupção da produção causadas por instabilidade política –como o caso da Nigéria, por exemplo – faz que existam menos outros 300.000 bbl/d do abastecimento global. E por fim, a produção de shale oil dos EUA já referida só ficará online lá para o final de 2017. Isto significa que não haverá nova produção a tempo de colmatar o fim dos stocks de sobre-armazenamento criados nos últimos dois anos (equivalentes a 5 dias de fornecimento global). E mesmo mantendo o mesmo nível de procura de petróleo e dos seus derivados na economia mundial, não haverá matéria-prima em suficiente abundância para manter o preço na casa dos $35-$50/bbl. Portanto, é provável que 2017 seja marcado por um regresso do investimento da indústria da produção, mas não nos mesmos moldes da última década. Ou seja, os custos dos serviços de engenharia nunca serão tão elevados, mas também o preço não deverá chegar perto dos $100/bbl. Este deverá situar-se no intervalo de valor que permite a viabilidade financeira de novos poços e da rentabilização das infraestruturas, isto é, no intervalo entre $50 e os 80/bbl, cuja variação dependerá do nível de procura e da rapidez de resposta dos produtores shale dos EUA e não tanto dos movimentos de fecho e abertura da torneira da OPEP.
Windfloat da EDP resiste a ondas de 17 metros
Fonte: EDP Inovação 2016
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projecto WindFloat, liderado pelo Grupo EDP, resistiu a ondas de 17 metros e a ventos de mais de 100 quilómetros por hora durante cinco anos. Finalizada esta etapa de de testes ao largo da Póvoa do Varzim, a turbina eólica vai regressar a terra para mais tarde iniciar a segunda fase. Segundo a empresa, a eólica offshore flutuante gerou e injectou na rede eléctrica nacional mais de 17 gigawatts por hora durante este período. Este tipo de plataforma é particularmente indicada para zonas costeiras de média e grande profundidade. Outra das vantagens deste tipo de plataforma é sua facilidade de desmontagem, assim como os menores custos e impactes ambientais. Esta iniciativa de I&D está a ser desenvolvida por um consórcio liderado pela EDP, que conta com a Principle Power, a Repsol, a Portugal Ventures e a metalúrgica A. Silva Matos.
Corrida pelos preços baixos ameaça sustentabilidade da energia solar
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indústria solar corre o risco de estar a entrar numa corrida pelos preços baixos que a pode mergulhar numa crise profunda.
De acordo com a Bloomberg New Energy Finance (BNEF), o projeto solar mais baixo de 2015 desceu 50% face ao ano transato. A empresa saudita Acwa Power International ofereceu-se para construir uma central solar no Dubai ao preço de 5,85 cêntimos por Kwh, ou seja, $58,5 por Mwh (o custo de produção por carvão situase nos $50-60 Mwh). Este valor foi obtido depois dos valores obtidos no Peru e no México. O Dubai começou a promover-se como o local com a energia solar mais barata do mundo. Segundo a BNEF, este é um sinal de uma tendência indicadora de que os investidores estão dispostos a arriscar para se posicionarem como o desenvolvedor solar mais eficiente em custos. Com a falência da maior empresa de energias renováveis do mundo, a SunEdison, começou a instalar-se a dúvida sobre a rentabilidade de projetos com um nível de custo de produção tão baixo. Isto porque os leilões solares do México, Peru e Chile foram ganhos por empresas como a italiana Enel, cuja base de negócio é bastante diversificada e podem estar numa fase de conquista da quota de mercado e não de maximização dos lucros.
Energy Security Insight Junho—2016
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