Energy Security Insight - PSE - Outubro 2016

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Energy Security Insight Outubro—2016

Petróleo: 4 sinais da nova geopolítica emergente Mercado de navios de transporte GNL cresce 6% ao ano até 2020 Investimento em tecnologias de energia limpa caiu 43% em 2016 Intensidade energética mundial melhora 1,8%

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Petróleo: 4 sinais da nova geopolítica emergente

A

exploraçao petrolífera em 2015 descobriu apenas 1/10 do crude face ao que tem sido descoberto em media desde 1960. E a tendencia devera manter-se em 2016. Esta e uma, entre outras, das maiores consequencias da persistencia dos preços baixos do barril.

adicional de 5 dias consumo mundial, segundo a Agencia Internacional de Energia (AIE) e sim o factor da alteraçao de equilíbrios da dinamica de poder em que assenta o mercado petrolífero. Seguem quatro sinais indicativos desta transformaçao.

Apenas foram descobertos novos 2,7 bilioes de barris Sinal 1: As novas (e exóticas) rotas (bbl) em 2015, o valor mais baixo desde 1947, segundo marítimas de comércio petrolífero os dados disponibilizados pela consultora Wood Mackenzie. E em 2016, foram apenas descobertos 736 milhoes bbl ate ao final de setembro.

As previsoes apontam para um crescimento anemico da procura. Segundo a Energy Information Administration, a agencia estatal de política energetica dos EUA, a procura mundial de petroleo vai crescer de 94,8 milhoes de barris em 2016 para 105,3 milhoes de barris em 2026. Isto porque os preços irao permanecer nos $50, tendencia ajudada pela produçao regular da nascente industria do shale nos EUA. De acordo com a Rystad Energy, consultora parceira do Programa Segurança Energetica FLAD, os produtores substituirao apenas um em 20 dos barris consumidos em 2016. Com efeito, o reserve-replacement ratio de fontes convencionais (racio de substituiçao da produçao por novas reservas) caiu de 30% em 2013 para apenas 6% em 2016. Por exemplo, a Exxon Mobil declarou em fevereiro deste ano que nao foi capaz de repor 100% da sua produçao atraves da descoberta ou aquisiçao de novas reservas, pela primeira vez em 22 anos.

A combinaçao de preços baixos do barril de petroleo combinados com as tambem baixas taxas de transporte marítimo presentemente praticadas, esta a abrir uma serie de novas rotas de comercio de petroleo. Os EUA tem liderado esta tendencia. Com o fim da proibiçao de 40 anos sobre as exportaçoes de petroleo, tem partido cargas para Curaçao, França e Israel nos ultimos meses, segundo os ultimos dados de importaçoes-exportaçoes da (AIE). Contudo, em tempo de «vacas magras» nas margens de lucro dos países produtores, a luta pela quota de mercado passa a ser primordial. E por isso, novas rotas de comercio petrolífero devido a situaçao de contango do mercado: ou seja, no curto prazo, os fornecimentos sao mais baratos do que aqueles previstos no futuro. Esta variavel combinada com a dos baixos custos de frete marítimo faz com que seja mais atrativo economicamente exportar crude para locais muito distantes, para refinaçao, do que manter o ativo em armazenado em navios, no meio do oceano, a aguardar data de entrega no futuro.

Os dados da AIE falam por si. A Arabia Saudita começou Mas este garrote na exploraçao nao se faz sentir para ja a fornecer petroleo a Polonia, lutando por uma fatia na arquitetura geopolítica que sustenta a estrutura da deste mercado tradicionalmente dominado pelo «urso segurança energetica mundial do petroleo. russo». Na mesma tendencia, os Emirados Arabes A relativa abundancia de crude (abastecimento Unidos começaram a exportar petroleo para a Romenia.


Por sua vez, a Argelia começou a enviar carregamentos para destinos como a Indonesia, Cuba e Australia. E a Noruega exportou para a Africa do Sul e as Bahamas.

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Sinal 2: China é o novo grande importador de crude mundial (e mais dependente)

A China mantem-se o país com maior dependencia externa de petroleo do mundo. Segundo dados da AIE, em setembro de 2016, as importaçoes subiram 18% face ao ano anterior, com cerca de 8,04 milhoes de barris diarios. Os EUA importaram ligeiramente abaixo, nos 7,98 milhoes de barris diarios. Foi a terceira vez que em 2016 a China comprou mais petroleo no mercado do que os EUA. Com efeito, o Imperio do Meio esta a aproveitar os preços baixos do barril para compor as suas reservas estrategicas.

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asiaticas A India triplicou as importaçoes da naçao persa em 2015 O Japao aumentou em 45% o consumo do crude iraniano A Coreia do Sul duplicou as compras E o fluxo mensal Irao-China atingiu por duas vezes o recorde de 22 milhoes de barris, ou seja, 9% das importaçoes diarias chinesas

E como e que isso e possível? Porque o Irao, membro da OPEP esta em guerra aberta com a Arabia Saudita para ganhar quota de mercado. De acordo com a JBC Energy, o Irao esta a vender o barril de crude $0,25 mais barato face ao preço saudita. E por isso que no ultimo acordo de tetos de produçao da OPEP alcançado no início de Outubro o Irao ficou de fora, a par da Líbia e da Nigeria.

Sinal 4: a aliança defensiva Rússia-OPEP

Neste sentido, aquele país tem vindo a reforçar a sua capacidade de armazenamento, segundo os ultimos dados da IHS energy, com uma nova infraestrutura de bunkering, com capacidade de 59 milhões de barris, o E e tambem por isso que a Russia, tambem no início de Outubro, concordou em alinhar com a Arabia Saudita no equivalente a 3 dias de importaçoes. congelamento da produçao petrolífera. Com o Irao a ritmo E provavel que o nível de importaçoes chinesas se galopante a ganhar quota no mercado petrolífero mais mantenha elevado devido a tres factores: queda da importante do mundo (o do Extremo Oriente), as duas produçao interna, continuidade da expansao da petropotencias nao tinham outra opçao senao usar o seu capacidade de armazenamento e a aproximaçao da poder produtivo para congelar a produçao a fim de fazer estaçao invernosa. subir os preços, para compor os seus orçamentos seriamente depauperados.

Sinal 3: o novo pivô energético da Ásia Mas como os produtores de shale norte-americanos demonstraram muita resiliencia e reagem muito Central é o Irão A voracidade energetica da China e o levantamento das sançoes contra o Irao esta a resultar em que os Persas recuperem o seu papel de pivo energetico da Asia Central, para ja na relaçao com o Extremo Oriente, concorrendo com a Russia e a Arabia Saudita.

rapidamente aos sinais de preço (um poço naoconvencional leva 3 meses, em media, a colocar em funcionamento), o congelamento da produçao OPEPRussia pode ser de impacto efemero na subida do preço e de impacto quase nulo em dirimir o processo de erosao de quota de mercado.

Com efeito, o levantamento das sançoes realizada pelo Ocidente, sob a batuta dos EUA, esta a gerar os seguintes , resultados, segundo os ultimos dados da BMI Research: 

O Irao representa 70% do total das importaçoes


Mercado de navios de transporte GNL cresce 6% ao ano até 2020

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mercado de metaneiros (navios de transporte oceanico de GNL) ira crescer 6% ao ano ate 2020. Esta e a principal conclusao do estudo «Global LNG Tanker Market 2016‑2020», elaborado pela consultora RnR Market Research. Atualmente, cerca de 88% destas embarcaçoes sao produzidas na regiao da Asia-Pacífico, dado os maiores consumidores se localizarem neste mercado. E os preços baixos estao a gerar um consumo ainda maior. Vejamos os numeros. As importaçoes de gas natural liquefeito da China cresceram 60% em agosto de 2016 em relaçao ao mesmo mes de 2015, atingindo o volume de 2,26 milhoes de toneladas, segundo os dados da AIE. O Japao, o maior consumidor de GNL no mercado global, importou 7,72 milhoes de toneladas, um aumento de 9%, mas com um custo 34% menor devido a diminuiçao de preço do gas. Portanto, o preço baixo do gas esta a dinamizar a construçao da infraestrutura de transporte e comercio de GNL. Segundo a analise da RnR Market Research, o principal factor de crescimento do mercado de GNL e a legislaçao restritiva em curso contra a poluiçao marítima, com a implementaçao, por exemplo, das Emission Control Areas (areas marítima com limites de emissoes de gases de efeito estufa) e as diversas diretivas europeias para a adoçao de combustíveis na mobilidade marítima. Se e verdade que o gas natural possui um poder calorífico ligeiramente menor do que o produzido a base de crude, o facto e que emite menos 50% de CO2. Por isso, o GNL esta a afirmar-se como uma alternativa de substituiçao nao so tecnicamente viavel, mas tambem economicamente atrativa, devido ao preço baixo da fonte energetica e a perspectiva de se manter assim pelo menos durante mais uma decada. Portanto, e expectavel o comercio global transoceanico de GNL vai crescer de forma significativa na proxima decada.

Gazprom esta a construir uma nova central flutuante de GNL no seu projeto Sakhalin II, com vista a aumentar as suas exportaçoes para o Japao, o maior mercado comprador do Extremo Oriente. A construçao começara em 2017 e devera estar operacional em 2022, segundo as informaçoes da empresa. Por sua vez, a Europa começa a dar sinais de reforço da infraestrutura regional de GNL, aos quais a Russia tambem esta particularmente atenta. No mes passado, o maior operador de portos alemao, o Lubecker HafenGesellschaft, assinou um acordo de intençoes com a empresa russa LNG Gorskaya. O mesmo preve a instalaçao, nos proximos 12 meses, de uma barcaça de armazenamento flutuante, ancorada no Porto de Lubeck. O sistema tambem inclui um segundo navio de armazenamento de GNL e de transporte por camiaocisterna. O porto de Lubeck e o centro de transhipment mais a sul no Baltico e funciona como hub nos corredores de transporte entre a Europa do Sul, Ocidental e Central e a Baltica. Entre os atores privados, a Shell, que no ano passado absorveu a britanica BG Group, cujo portfolio era maioritariamente constituído por ativos de gas natural, inaugurou no mes anterior um novo ponto de abastecimento no terminal de GNL de Roterdao. O objetivo e providenciar segurança de abastecimento para o transporte rodoviario e marítimo do noroeste europeu. A Shell tambem reservou parte da capacidade deste novo ponto de abastecimento para metaneiros de pequena escala, incluindo um navio proprio de bunkering de GNL em fase de construçao, baseado no porto de Roterdao. E em Moçambique, no presente mes, o consorcio liderado pela italiana ENI, e onde tambem se encontra a portuguesa Galp assinou um acordo com a empresa britanica BP Poseidon, que tem por finalidade a venda do GNL a ser produzido na futura fabrica flutuante no Campo de Coral Sul da Bacia do Rovuma em Cabo Delgado. Esta unidade fabril tera uma capacidade superior a 3,3 milhoes de toneladas por ano.

Os grandes atores no mercado de gas natural liquefeito (GNL) estao a posicionar-se para a conquista de quotas de mercado a medio-prazo, que se anteve bastante Alem disso, tambem e de esperar que a Exxon Mobil lucrativo quando os preços subirem. entre em negociaçoes para adquirir uma participaçao no A Russia, potencia energetica assente no poder consorcio liderado pela ENI na Area 4 da Bacia do continental dos pipelines, nao e exceçao. O gigante russo Rovuma, onde a petrolífera italiana descobriu mais de 85 trilioes de pes cubicos de gas natural.


Tecnologia e Estatísticas em foco Investimento em tecnologias de energia limpa caiu 43% em 2016 O investimento global em energias limpas caiu para o nível mais baixo em três anos, devido à queda da procura de novas fontes renováveis na China, Japão e Europa, segundo a Bloomberg New Energy Finance.

Fonte: BNEF,2016

O arrefecimento da Europa e Ásia reduziu os investimentos em 42,4 mil milhões de dólares, uma diminuição de 43% face ao período homólogo de 2015. O financiamento de grandes centrais solares e de parques eólicos afundou-se devido aos cortes de apoios estatais à energia limpa e à diminuição de custos.

Intensidade energética mundial melhora 1,8% A intensidade energética (a quantidade de energia consumida por cada unidade de PIB gerada) global melhorou 1,8% em 2015 e 1,5% em 2014. Ou seja, triplicou o valor médio de melhoria verificado entre 2003 e 2013, segundo o Energy Efficency Market Report da AIE. É de sublinhar que estas melhorias de intensidade energética foram alcançadas mesmo quando os preços do barril de crude estavam nos seus valores mais baixos – um indicador de que o incentivo para a introdução da eficiência energética vai para além do custo da energia. Só que apesar destes ganhos, para garantir o cenário de limitação a subida da temperatura a 2º C, a AIE aponta que é preciso uma melhoria anual de 2,6% até 2030. Fonte: Energy Efficency Market Report AIE 2016


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