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NÃO, SEU CELULAR NÃO ESTÁ TE OUVINDO

Tenho certeza de que você já passou pela seguinte situação: um familiar ou amigo seu comenta que comprou algum item – pode ser um utensílio de cozinha, um celular novo ou mesmo um novo sabor de chá – e vocês conversam um pouco sobre o assunto. Nos dias seguintes, sua vida digital é inundada por propagandas que têm muito a ver com a conversa que vocês tiveram. Anúncios no Instagram, resultados das pesquisas, banners em todos os sites que você visita. Todos falando sobre o produto mencionado ou produtos muito similares.

É nessa hora que surge aquela pulguinha atrás da orelha. “Será que meu celular está me espionando? Devo desligar a Alexa da tomada? Coloco fita na câmera do meu notebook?”.

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Calma, vim aqui para te tranquilizar. Ou não.

Primeiro, a boa notícia: é muito provável que não, seu celular, Alexa e notebook não ouçam todas as suas conversas sem a sua autorização.

Embora existam ocasiões em que alguém possa estar te espionando, essas situações são mais frequentes em casos de ataques por hackers ou programas maliciosos instalados nos dispositivos.

As grandes empresas da internet – como a Google, a Amazon e a Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp – seguem rigorosas legislações e códigos de conduta que as proíbem de acessar seus microfones e câmeras sem o seu consentimento. Além disso, o próprio sistema operacional possui limitações de segurança que impedem que aplicativos acessem essas funções quando estão fechados.

“Então, como as propagandas são tão precisas?”

É aqui que entra a má notícia. Essas companhias nem precisam ouvir suas conversas para saber quais são seus interesses nessa semana. Nossos celulares, computadores e smartwatches coletam milhares de dados sobre nós durante a utilização. Onde vamos, com que frequên- cia nos deslocamos, quais são nossos horários mais ativos no dia e até de quais outras pessoas – com seus dispositivos – estamos perto.

Além disso, nossos navegadores e redes sociais sabem de tudo o que fazemos neles. De que tipo de humor gostamos, quais influencers seguimos, quais estabelecimentos frequentamos e o nosso histórico de compras.

Juntando todas essas informações, é possível traçar um perfil demográfico surpreendentemente preciso. Assim, fica bem fácil deduzir qual tipo de anúncio mostrar para você. Se a sua amiga está experimentando um shampoo novo, e vocês têm gostos parecidos, existe uma grande chance de você ter interesse também.

Com essa quantidade gigantesca de informações, os algoritmos conseguem saber o que te chama a atenção antes mesmo de você saber disso. E depois que o anúncio é exibido, é só observar se ele foi efetivo – e você clicou nele – para centenas de outros anúncios do mesmo tipo passarem a te ver como público alvo.

*Rodrigo Cavichiolli – Entusiasta de inovação e experimentação, busca fazer a ponte entre a alta tecnologia e as relações humanas

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