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MODA
from Flash Vip 87
by Flash Vip
hora de RESETAR
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Moda pós-pandemia.
por BRUNO GERHARDT*
Já dizia Lulu Santos, “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia”. Seria ele um vanguardista ou um profeta? Isso não sabemos, e para falar a verdade, não interessa saber. A questão é que o mundo mudou, nós mudamos (ou deveríamos ter mudado) e a moda mudou ou pelo menos criou-se uma incerteza sobre a existência desse universo, já que é tratado como supérfluo. Será? A moda foi quem sempre marcou cada grande mudança ao longo das décadas. A calça feminina na década de 1920, por Gabrielle Chanel, e o uso do jeans no casual wear com o pós-guerra, são exemplos disso. E sim, a moda pode ser considerada um bem de consumo supérfluo, quando esta trabalha unicamente com o desejo, deixando de ser um bem de consumo essencial, como uma jaqueta para cobrir o corpo e se proteger do frio, uma roupa produzida ergonomicamente para uma pessoa com deficiência, para a segurança do trabalho. A moda sempre foi uma precursora de desejo, as fast fashion estão aí para provarem isso, “moda rápida e acessível”. Mas uma questão que veio mesmo antes da pandemia e perdura até o momento é a desaceleração do mercado e a preocupação com o meio ambiente e, consequentemente, com a cadeia produtiva sustentável, que cuida desde a escolha da matéria prima do fio até a comercialização final de um produto.
NADA NORMAL
É preocupante o que o novo coronavírus pode fazer com o mercado da moda? Sim e muito. Aproximadamente, o mercado estaria empregando 10 milhões de pessoas (grande parte mulheres) só no Brasil, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT). Ou seja, a moda pode não ser um item essencial para muitas pessoas, mas para quem sobrevive dela talvez seja a única opção e não perder seus empregos torna-se uma luta por sobrevivência. Desde que começou a era coronavírus, ações para fortalecer o mercado e a economia foram criadas como hashtags #euapoioamodanacional #compredopequeno #compredolocal. Consequentemente, estamos mais envolvidos do que nunca a valorizar o que é da terrinha e finalmente ter a chance de ser patriota. Semanas de moda foram canceladas, marcas como Giorgio Armani e Saint Laurent deixam de participar de desfiles que aceleram a cadeia produtiva e passam a repensar seus modelos de apresentações. O online está cada vez mais presente e crescendo a cada dia. Consequências do isolamento social.
@laurawolff @camilalach
Desfile Saint Laurent realizado em Paris, antes da pandemia Um fenômeno que está acontecendo na China e deve ocorrer em todos os países em escalas diferentes, é o do revenge buying, aquela aquisição que você vai revenge buyi n g fazer pra compensar todos os meses sem poder sair de casa. Como todas as compras por impulso, ela te garante satisfação imediata, mas talvez não passe disso.
@potterisabele designer e influencer com look combinadinho com máscara de confecção autoral
novo normal
Para a Vogue Brasil, por exemplo, o novo normal é ter o biótipo Gisele e vestir Prada e Chloé. Para falar a verdade, não era de se esperar menos de uma revista totalmente elitizada. Já para Marie Claire, o “novo normal” é destacar e enaltecer as mulheres que estão na linha de frente contra o novo coronavírus, como médicas. Ao meu ver, uma capa mais sensata e coerente para o que podemos chamar de “novo normal”.
PREVISÃO DO TEMPO
E o futuro ainda é incerto. Há especialistas que dizem que o consumo pós e durante a pandemia podem aumentar pelo fato de as pessoas “não estarem” consumindo em suas lojas físicas prediletas ou simplesmente agir por impulso por se sentirem desocupadas. Outros especialistas defendem a ideia de freio que o mercado precisava. Com toda certeza é um tempo que estamos repensando nossas compras e investimentos, que estamos vendo nossos guarda-roupas e percebendo que muito do que temos não serve para nada, pois temos em excesso. Posso estar enganado, mas vejo o mercado de aluguel de roupas, brechós (e lojas de desapego) com peças icônicas e o troca-troca entre amigos aumentar. Bem como profissões como personal shopper ou consultores de imagem, mostrando o que realmente precisamos para nos vestir. Mas como disse, ainda é um futuro incerto. Agora, uma coisa eu posso afirmar, a moda não poderá mais voltar como era antes. Se cuidem, usem máscara, valorize a moda nacional e aqueçam seus corações com energias positivas. Abraço impresso!