Diário do Nordeste Fortaleza, Ceará Sábado e domingo, 4 e 5 de novembro de 2017
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Para além do entretenimento, as redes sociais se tornaram janelas abertas à prática da solidariedade e cidadania. Campanhas para tratamentos médicos, em prol de justiça e contra as drogas se destacam no Ceará CRISTINA PIONER Repórter
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edir ajuda para tratamentos, clamar por justiça, compartilhar a dor ou colocar em prática a solidariedade. Tudo isso ficou bem mais democrático com a chegada das redes sociais. Essas janelas abertas para o mundo estão de fato trazendo mais esperança às pessoas que buscam apoio ou mesmo para aquelas que desejam colaborar. Segundo a consultora de marketing Gal Kury, professora da Universidade de Fortaleza (Unifor), o advento das redes sociais, aliado à ampliação da mobilidade e conectividade, mudou definitivamente a nossa forma de se comunicar. As informa-
ções correm pela web em tempo real, e as pessoas, atualmente, são capazes de acompanhar ao vivo eventos do outro lado do mundo. Foi mais ou menos assim que aconteceu com o advogado Venício Guimarães. Ao perder o filho para as drogas, ele compartilhou uma publicação que viralizou no seu perfil do Facebook. Percebendo a velocidade e a força das redes sociais, decidiu ajudar outras pessoas nessa luta contra as drogas, criando assim a fanpage “Missão acorda juventude”. Desde 2012, já atingiu mais de 300 mil compartilhamentos, e, por meio deste canal, também troca informações e divulga o seu trabalho de palestras gratuitas. É por conta desse alcance e da agilidade que a família de
Talitha Pietra, vítima de atropelamento em Juazeiro do Norte, em 2015, também se apegou às redes sociais. Para lutar por justiça, lançou a campanha “Caso Talitha”, com site e uma fanpage com 21 mil seguidores. O caso de Gabriel é diferente. Ele precisa passar por uma intervenção médica, na Espanha, para diminuir a rigidez muscular. Aos 15 anos, não anda, não fala nem enxerga, apenas ouve e sente. Com a campanha “Sou amigo do Gabriel”, deve arrecadar R$ 30 mil reais para as despesas. A família está otimista. Mais entusiasmada ainda está a estudante Marília Tomáz que, por meio das redes sociais, vem conseguindo doações de cabelo com a campanha “Um pedacinho de amor não doi”. Os fios são transformados em peru-
cas para serem doadas a pacientes que perderam os cabelos no tratamento quimioterápico. Exemplos como esses, reunidos neste DOC, demonstram que as redes sociais não são utilizadas apenas para o entretenimento. Conforme a professora Gal Kury, o caráter utilitário é outra forte vertente e também como ferramenta de negócios. “O Marketing de Causas, como é chamado, encontra um cenário perfeito para se expandir no mundo online. A gente usa uma expressão – ativismo de sofá – para denominar pessoas que curtem, comentam, mas de fato não contribuem, não doam, não fazem a parte física do processo”, afirma. Entretanto, Gal destaca inúmeras campanhas nacionais que mobilizaram milhares de
pessoas. Como exemplos recentes cita a do bebê Joaquim, portador de Atrofia Muscular Espepinhal (Ame) cuja campanha arrecadou mais de R$ 3 milhões. A outra lembrada por Gal foi a da ativista animal Luisa Mell que comoveu as redes com o resgate de 135 cães em estado deplorável num canil clandestino. Os vídeos e imagens viralizaram e celebridades como Ivete Sangalo também se engajaram. Inclui ainda a #forçachape logo após a tragédia aérea com o time do Chapecoense que viralizou e gerou doações e benesses para o time. Mesmo diante das campanhas de sucesso, Gal Kury faz uma ressalva: “não basta dar o like. Tem que fazer a doação, participar fisicamente, enfim se engajar de verdade”.
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CONVERGÊNCIAS DO BEM
Tudo por um sorriso Campanha nas redes sociais visa obter recursos para Gabriel fazer procedimento na Espanha em dezembro
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Com paralisia cerebral, Gabriel precisa de R$ 30 mil para tratamento inovador no exterior. Segundo sua mãe, Sâmila Cavalcante, a fibrotomia gradual deve proporcionar mais qualidade de vida ao filho FOTO: KID JÚNIOR
abriel é presente do céu, é milagre, é risada solta, é nome de anjo. Nasceu saudável, mas ao deixar o hospital, com 43 dias de vida, levou consigo sequelas irreversíveis só confirmadas mais tarde. Hoje, aos 15 anos, ele não fala, não anda nem enxerga, apenas ouve e sente. E é para o garoto se sentir melhor que sua mãe, Sâmila Cavalcante, criou a campanha “Sou amigo do Gabriel”, lançada no Facebook, Instagram e, ainda, na Vakinha.com. A meta é angariar R$ 30 mil reais para Gabriel realizar um procedimento em Madri, na Espanha, visando melhorar a sua qualidade de vida. A fibrotomia gradual, uma técnica inovadora, deve proporcionar a diminuição da rigidez dos músculos do corpo. O método é feito de forma percutânea, ou seja, não tem corte nem pontos. O procedimento, orçado em 4 mil euros (fora as despesas de passagem e hospedagem e alimentação), está marcado para o dia 6 de dezembro próximo. A expectativa é grande para que o garotinho passe a ter menos rigidez, mais leveza e um pouco de autonomia nos movimentos, levando em conta que ele depende de ajuda para tudo. Mesmo com as limitações decorrentes da paralisia cerebral, provocada por uma infecção hospitalar contraída logo após o nascimento, Gabriel sorri, ouve e sente o "cheiro de amor" por parte da família e dos amigos. É mimado por todos, a começar pela mamãe que transborda emoção ao falar do filho, e também pelos irmãos, Rafael, 13, e Melissa, 5 anos.
Semlimites Pequenina e guerreira, a mãe não mede esforços para buscar alternativas que possam contribuir na saúde e no bemestar do filho e também da família. Encontrou nas redes sociais um espaço ilimitado para aprender e dividir o que sabe com outros pais que vivem situações semelhantes. “Foi por meio de um vídeo que eu postei do Gabriel durante a fisioterapia que um terapeuta de Portugal me contactou. Ele me informou sobre este médico russo, Dr. Ulzibat, que é especialista no assunto e que atua na Espanha”, explica. Sem falar uma só palavra em espanhol, Sâmila entrou em contato com a assistente do médico e, mais uma vez, recorreu à rede para fazer a
tradução da língua. Logo, ela já estava se comunicando com outras mães do Brasil cujos filhos também passaram pelo procedimento realizado pelo Dr. Ulzibat. “Eu não posso desistir jamais. Gabriel vai crescer, e eu vou envelhecer. Quero fazer o que for possível para o meu filho viver melhor", diz emocionada. Em 2011, quando ainda não tinha tanto acesso às redes sociais, Sâmila, por meio de outra campanha, foi à Alemanha em busca de um tratamento realizado com células tronco. Passou 29 dias no País e, por fim, descobriu que a clínica utilizava as células tronco dos pacientes saudáveis para outros fins, a exemplo do Gabriel, que nasceu perfeito. Apesar do desencanto e da viagem perdida, a mãe não desanima, alegando ter muita fé, sentimento que “ninguém poderá lhe roubar”.
Livro Todos os capítulos da vida de Gabriel serão contados em livro, com previsão de lançamento para o próximo ano. "Quero primeiro concluir mais esta etapa na Espanha, para depois revelar tudo. Acho que o livro contribuirá muito com as pessoas, assim como as redes sociais têm nos ajudado nesta luta”, compara. Sâmila diz ter recebido, recentemente, a mensagem de uma mãe, com filho especial, que falava o seguinte: “Eu não liguei para ajudar, mas para dizer que vocês estão me ajudando, pois eu já havia desistido de tudo”. São essas trocas de experiências pelas redes sociais que vão aproximando as pessoas e fortalecendo a luta de outras famílias. Afora o mundo virtual, Sâmila e Gabriel contam com vários apoiadores na campanha. Mas tem um grupo muito especial que ela faz questão de ressaltar: os humoristas cearenses. Eles farão o Show de Humor Solidário, no dia 11 de novembro, às 19 horas, na Barraca Chico do Caranguejo, cuja renda será revertida para a campanha “Sou amigo do Gabriel.” Em 2011, na arrecadação de fundos para a Alemanha, também colaboraram com outro show. Com toda a luta, Sâmila ainda arruma tempo para compor e cantar para os filhos. Cada um já ganhou a própria música com letra, melodia e voz. Para Gabriel, a mãe canta “Meu troféu”. Impossível não se emocionar com o amor puro e verdadeiro explícito em cada verso. O garoto ouve com atenção a voz doce de sua mãe. Seus olhinhos brilhantes parecem dizer: “obrigado mamãe!”
Em busca de justiça “O i!! Eu sou a Talitha Pietra e tenho 11 anos. Faleci numa manhã de domingo (18/10/2015), vítima de um atropelamento sem socorro. Veja como é irônico o meu caso. Fui atropelada e abandonada numa avenida próximo a minha residência, em Juazeiro do Norte, por um homem que teria a função de nos proteger: um policial militar”. Esse é apenas um trecho extraído da fanpage “Caso Talitha”, lançada no dia 21 de outubro de 2015, três dias após a morte da criança. Tudo o que a família deseja a partir da criação desta página, e
Talitha Pietra foi atropelada por um policial militar que não prestou socorro nem foi submetido ao exame do bafômetro
também de um site, é ampliar os canais de comunicação para não deixar o caso no esquecimento e garantir a justiça. Com quase 21 mil seguidores, a família utiliza a fanpage para compartilhar suas dores, atualizar o andamento do processo, e, principalmente, combater o corporativismo que se desenhou logo após o atropelamento da filha. Meyrele Garcia, tia de Talitha, cita como exemplo a falta do exame do bafômetro, elemento essencial que poderia ter caracterizado o crime como homicídio doloso, e não culposo como transcorre no processo. O fato é que a prisão do policial
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Aos 19 anos, a estudante Marília Tomáz comemora os bons resultados da campanha, que já conquistou mais de 5 mil seguidores na fanpage ¨Doi” e 1.376 no Instagram FOTO: J.L. ROSA
Campanha “#Um pedacinho de amor não doi” estimula doação de cabelos para quem faz quimioterapia
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s vésperas de prestar o Enem, a vida de Marília, 19 anos, anda bastante atribulada. Mal se alimenta, dorme pouco e não atende mais ao celular, entretanto, continua conectada ao Instagram, Facebook e WhatsApp. Costume de gente jovem? Sim, mas também de gente solidária e responsável com o bem-estar do próximo. Desde que lançou nas redes sociais a campanha “#Um pedacinho de amor não doi”, em 2014, a jovem não para de procurar doadoras de cabelos, transformá-los em perucas e destiná-los aos pacientes que perderam os fios com o tratamento quimioterápico. Com essa importante missão, Marília, que ainda se prepara para ingressar no curso de medicina, já vem aliviando a “dor” de muita gente. “A cada peruca doada, em torno de 150 desde o
Leonardo Lima Tavares ocorreu às 12 horas e o flagrante só foi registrado às 22 horas. Diante desse fato, ao longo do inquérito policial, a família se apegou às redes sociais para mobilizar a opinião pública, as autoridades e cobrar explicações. Leonardo continua em liberdade, mas foi demitido da corporação em novembro de 2016. “Atualmente estamos travados na rede jurídica brasileira, mas continuamos em busca de justiça e também para converter a sua caracterização em homicídio doloso”, diz Meyrele. Apesar de receber mensagens de apoio, força e esperança
início do projeto, é sempre uma emoção diferente, principalmente quando se trata de crianças”, avalia. Mas esse gesto de amor pode começar de forma simples: com o “desapego” das madeixas, o que ainda é muito difícil para algumas pessoas. Com Marília Karen Silva Tomáz não foi diferente, pelo menos até conhecer a realidade das meninas em tratamento quimioterápico no Lar Amigos de Jesus. “Elas brincavam com as pontas dos lenços como se fossem os seus cabelos”, recorda. Aquela cena ficou registrada no pensamento da adolescente, à época com 15 anos, que costumava acompanhar a mãe, Charliane Cruz, nos trabalhos voluntários. “Fiquei muito surpresa e feliz com a sua decisão, pois sabia do seu apego e da sua vaidade”, disse Charliane.
nio da internet, formou uma rede com mais de cinco mil seguidores na fanpage "Não doi", conectando-se com pessoas de várias regiões do Brasil e do exterior, inclusive do Japão. Para atingir um público ainda maior, criou a conta no Instagram “Não doi”, na qual divulga ações da campanha.
Aliados Desde então, a garota passou a incentivar amigas, familiares, conhecidos e, assim, também foi ganhando novos aliados, dentre eles, a tecnologia. Com amor no coração e domí-
Parceria Em três anos, Marília conquistou também parceiros que são determinantes para o sucesso da campanha. Uma delas é Adriza Andrade que atualmente confecciona as perucas para serem doadas. Dependendo do modelo, pode levar um dia inteiro de trabalho. É desse ofício, inclusive, que Adriza garante o sustento da família, contudo, destina algumas horas para atuar como voluntária. Quando vende, cobra entre R$ 500,00 e R$ 1.200,00. “Aprendi a fazer peruca com minha avó. Hoje
meus filhos também me ajudam neste trabalho. Juntos, podemos contribuir com o projeto e beneficiar algumas pessoas que não têm condições de comprar”, explica. Antes dessa parceria voluntária, Marília confessa que pensou em desistir, pois não estava conseguindo viabilizar a produção das perucas, apesar de ter os fios. “Adriza foi um presente de Deus”, ressalta Charliane. Hoje, os fios podem ser doados nos pontos de coleta do Hemoce, Hospital Waldemar Alcântara e da Associação Nossa Casa, todos parceiros da campanha. Lá também funcionam os bancos de perucas criados para organizar as demandas. Dessa forma, o projeto vem conseguindo atender não apenas pacientes do interior
pela maioria dos seguidores da página, existem também algumas críticas. “Tem pessoas que são contrárias ao fato de estarmos lutando por justiça, alegando que, no Brasil, ficará por isso mesmo e que devemos seguir em frente conformados”, disse a tia de Talitha. Entretanto, a família não pensa assim e, ao longo desta batalha, já sensibilizou muitas pessoas e ganhou o apoio de movimentos nacionais, a exemplo do “Não foi acidente”, criado por um grupo de amigos, dentre eles o publicitário Ava Gambel, que contribuiu muito com o caso da menina cearense.
Dois anos já se passaram da morte de Talitha, mas sua imagem permanece viva no coração da família, dos amigos, e também na fanpage e no site que continuam sendo atualizados. Meyrele diz que a ideia é manter estes canais, contudo, não sabe dizer o que vai acontecer no futuro. “Eles são uma forma de nos lembrarmos de Talitha e de apresentá-la a todos que não a conheciam. Reviver os fatos ou relembrar momentos como forma de apelo é apenas uma maneira que encontramos para lutar contra a impunidade e pedir o apoio da sociedade no Caso Talitha”.
Pais de Talitha, Joésia e Laécio utilizam as redes sociais como aliadas para que a morte da filha de 11 anos não fique impune. Há dois anos, a família mantém a fanpage e o blog “Caso Talitha”
do Ceará em tratamento na capital, mas, inclusive, de alguns estados da Região Nordeste, a exemplo do Maranhão. Para fazer a doação, não importa se os fios são pretos, loiros, ruivos, crespos, ondulados ou lisos, tudo é aproveitado para a confecção das perucas. O resultado deste gesto, de doar ao menos 15 centímetros de cabelos, “não dói nada”, segundo Marília e, a compensação virá estampada na alegria e no sorriso, seja de uma criança ou de um adulto acometidos pela doença. Graças ao uso da tecnologia, Marília consegue conciliar a vida pessoal e a campanha nas redes sociais. Na data da entrevista, realizada às 16 horas, no Centro de Fortaleza, a
jovem havia passado o dia estudando no cursinho preparatório para o Enem. Naquela correria, reclamava apenas da fome, entretanto continuava fortalecida pelo entusiasmo do trabalho voluntário. Após a entrevista, Marília seguiria para o bairro Papicu, onde faria a entrega de uma peruca a uma menininha de seis anos. São essas alegrias, de poder ajudar o próximo, que vão alimentando as esperanças de Marília. “Não precisamos ter um câncer para sabermos a importância de ajudar alguém”, ressalta.
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Fortaleza, CearĂĄ SĂĄbado e domingo, 4 e 5 de novembro de 2017
ƒ”ƒ ƒŽ‡”–ƒ” Œ‘˜‡Â?• …‘Â?–”ƒ ĥ †”‘‰ƒ• O assassinato do filho usuĂĄrio de crack levou VenĂcio GuimarĂŁes a criar a fanpage “MissĂŁo acorda juventudeâ€?
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astou publicar uma foto ao lado do filho para VenĂcio GuimarĂŁes sentir a força das redes sociais. A repercussĂŁo imediata nĂŁo foi apenas pela imagem, mas pelo teor do texto escrito pelo pai: “Perdi Tiago para as drogas...tudo começa com um ‘cigarrinho’ de maconha...Besteira, mas acabou tudo com o crackâ€?. A partir dessa revelação, publicada em seu perfil do Facebook, logo apĂłs a morte do filho, em 2012, o advogado e empresĂĄrio decidiu lançar a sua luta contra as drogas. O primeiro passo foi a criação da fanpage “MissĂŁo acorda juventudeâ€?, na qual jĂĄ sĂŁo mais de 300 mil compartilhamentos, 15 mil amigos e 70 milhĂľes de visualizaçþes. Nela, VenĂcio mostra a sua trajetĂłria como pai de um dependente quĂmico.
“Sou um especialista em dor. Sei que cometi muitos erros como pai, mas nĂŁo sabia como lidar com o problema. Sei que perder um filho assim ĂŠ uma pancada muito violenta. Agora quero dividir o que aprendi com outras pessoasâ€?, alerta. Tiago teria uma vida inteira pela frente se nĂŁo fosse o vĂcio. Aos 14 anos, jĂĄ consumia a “inofensivaâ€? maconha, depois foi para outros tipos de drogas atĂŠ chegar ao impiedoso crack. TĂŁo logo, jĂĄ havia se tornado refĂŠm do mundo do crime para sustentar a dependĂŞncia quĂmica. Neste caminho tortuoso, foi preso e condenado, passou alguns meses no presĂdio, sofreu e “adoeceuâ€? junto com toda a famĂlia. Ao deixar a prisĂŁo, rejeitou ser internado em uma clĂnica de reabilitação. Em 2012, com apenas 30 anos, Tiago, pai de duas crianças, morreu assassinado. Foi amarrado em um pneu de caminhĂŁo e jogado em um rio na cidade de Caxias, no MaranhĂŁo. Nunca encontraram seu corpo. “Quando soube, passei um dia e uma noite como um 'siri em
Criada em 2012 no Facebook, a pågina conta com mais de 300 mil compartilhamentos, 15 mil amigos e 70 milhþes de visualizaçþes
O advogado VenĂcio GuimarĂŁes utiliza as redes sociais e faz palestras gratuitas sobre os malefĂcios da dependĂŞncia quĂmica FOTOS: REINALDO JORGE
uma lata'. Gritando, chorando e tentando buscar explicaçþes para o que havia acontecido e como essa tragÊdia poderia ter sido evitada, mas não obtive respostas�, revelou o pai em uma de suas publicaçþes.
Palestras Mas VenĂcio preferiu transformar o luto em uma luta de prevenção Ă s drogas. Passou a usar a fanpage como ferramenta para compartilhar suas experiĂŞncias. “Se eu conseguir salvar uma vida que seja, jĂĄ terĂĄ valido a penaâ€?, diz. AlĂŠm de se fortalecer na missĂŁo, destaca o alcance das redes sociais que acabou sensibilizando internautas no Brasil inteiro e comunidades nacionais espalhadas pelo mundo afora. Para VenĂcio, ĂŠ muito importante trabalhar o assunto das drogas antes que elas batam Ă porta de suas casas. O consumo e, consequentemente, a destruição das famĂlias, ĂŠ um problema sĂŠrio e precisa ser discutido. Por meio das redes sociais, coloca-se Ă disposição de escolas, empresas, igrejas ou eventos relacionados ao tema para ministrar palestras gratuitas. “Sou um aprendiz da vida, mas catedrĂĄtico em dor. Por causa do crack quero salvar vidasâ€?. Com linguagem didĂĄtica, sem apelos polĂticos ou religiosos, procura tocar o coração de adolescentes, jovens e adultos. Divide a apresentação em dois momentos: primeiro vĂŞm as pancadas, depois, o relaxamento. Fala dos malefĂcios da droga, mas fala tambĂŠm do amor e do seu poder de transformar as pessoas, o mundo. “Tornei a morte do meu Tiago em uma bandeira em favor da vida!â€?, revela.
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ALGUÉMCONHECEALGUÉMQUE Umpapagaioencontradonobairro Benfica,umadolescente desaparecidonaLeste-Oeste,ajuda paraa compradeĂłcul os,indicação deuma boarezadeira, pedidodefraldas para umidoso, avisodedocumentos perdidosou encontrados.Esses sĂŁoapenas exemplosdetemas tratadosnogrupo fechado“AlguĂŠm conhece alguĂŠmqueâ€? (ACAQ),criado, em Fortaleza,hĂĄ trĂŞsanos. Com maisde 325milmembros, surgiunoFacebook com intuito deconectar pessoaspara tirar dĂşvidas,compartilharinformaçþes, conhecimentos,pedir ajudae resolver problemas,dentre outros assuntos.MashĂĄ regrasa seremobedecidas. Aspostagens devem sersempre pedindoalgopara queos membros possam oferecera soluçãonos comentĂĄrios.Entreas proibiçþes estĂŁopedir ou anunciar emprego,promoção e autopromoçãoevendas.
EUEMPREGADADOMÉSTICA Poetisa,cantorae professoradehistĂłria, apaulistaPretaRara criou, emjulho de2016,afanpage“Eu empregada domĂŠsticaâ€?.Aideia surgiuquandoela,no seuperfildo Facebook, contou algunscasos queaconteceramquandoera empregada domĂŠstica.ArepercussĂŁo foitĂŁopositiva quedecidiu, tambĂŠm, incentivaroutras pessoas a contaremsuashistĂłrias.“Recebi muitosrelatose resolvicriar essa pĂĄginapara divulgar.Quem sabe, juntos,podemos mudarasituação dessasmulheresquea patroadizque sĂŁocomose fossemda famĂlia, porĂŠmnĂŁo sĂŁotratadascomo seusentes queridosâ€?,justifica Preta Rara,cujo nome deregistroĂŠ JoyceFernandes. Dealcance nacional,a comunidadetem maisde150 milseguidores,e osrelatos, muitas vezesdenĂşncias deoferta detrabalhoabusivoou maus-tratos, sĂŁo postadosnoanonimato.
NĂƒO FOI ACIDENTE Emsetembrode2011, RafaelBaltresca perdeuamĂŁee airmĂŁ, vĂtimasdeum atropelamentoporumcarro em altavelocidade,em SĂŁoPaulo. O atropeladorse recusou afazeroexame dobafĂ´metro, masfez examedesangue. Testemunhas afirmaram,no B.O.,queo condutorestava completamenteembriagado.Frente aesta situação,Rafaele algunsamigoslançaram omovimento “NĂŁofoi acidenteâ€?,com oobjetivodemudaras leisbrasileiras queabrem tantasportas para aimpunidade. TambĂŠmdefende mais educação notrânsitoecampanhas deconscientização. Milharesdebrasileiros seuniram Ă causa.AlĂŠm do blog(www.naofoiacidente.com.br),criou apĂĄginahomĂ´nima no Facebookcom nada menosdo quemais um milhĂŁodecurtidas eabrangĂŞncia nacional.Nela, sĂŁorelatados centenasdecasosdeacidentes ocorridosemvĂĄrios estados.
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