FAVELAS x PERIFERIAS Segundo Loureiro, Medeiros e Guerreiro (2018, p.1-2), as dinâmicas internas da favela se comportam de maneira aproximada a sistemas urbanos completos e consolidados, partilhando lógicas comuns e transversais a regiões e culturasdistintas do mundo, o que reforça a sua auto - organização como potenciadora de qualidade espacial e característica essencial a seu desenvolvimento. Para os estudos da autora, entender então essa prática de auto - organização poderia revelar dinâmicas urbanas de sucesso. Entretanto para os autores, a forma - espaço da favela pode ser incompreensível devido à existência de regras espaciais que não podem ser lidas de forma simples, mas dentro de uma complexidade que é o próprio resultado do processo de autoconstrução e auto-organização vigente naquele espaço. Holanda (2010) citado por Loureiro, Medeiros e Guerreiro (2018, p. 2) também destaca algumas características configuracionais da favela como promotoras de qualidade urbana, estimulo para a presença humana e a diversidade. Isso se garante por elementos como noções claras de espaço, continuidade, densidade e relações tênues entre o público e o privado. Importante ressaltar a diferenciação entre o espaço da favela, localizada frequentemente no centro da cidade na forma de ocupações resultantes da necessidade das populações de baixa renda residirem próximas as oportunidades de trabalho e o assentamento ou loteamento ilegal na periferia. Valladares (1981) trata os loteamentos irregulares ou assentamentos informais regulados como um processo comum na América Latina. O simples fato de existir um custo inicial associado, aquele da compra do lote (Davis, 2006), e a organização prévia e global dos espaços, torna o processo aparentemente bastante diferenciado daquele da favela. (LOUREIRO; MEDEIROS; GUERREIRO, 2018, p.3) Jacques (2006, apud Loureiro, Medeiros e Guerreiro, 2018, p.7) “argumenta sobre a capacidade de adaptação do espaço de moradia à produção de renda na favela, dinâmica frequentemente incompatível com a legalidade e com o zoneamento engessado da cidade formal e claramente mais vantajosa que a tendência à homogeneização da periferia habitacional”. Apesar dessa diferenciação a autora ainda relata que podem existir sensos de comunidade comuns a essas duas formas de ocupação e que a autoconstrução é uma realidade nos dois casos.
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