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Nordestinidade

Ser nordestino Não é sorrir dos homens crus Nem gargalhar interminantemente Das mulheres de faces queimadas Ser nordestino É lançar fogo pelos olhos maquiados De sol a sol Ser nordestino Não é dizer a palavra pelas regras Mas dizer a coisa certa com voz de trovão Com prenúncio de chuva no sertão É falar naturalmente Seja criança, jovem ou ancião Sobre as coisas que aprendeu A duras penas no seu torrão De terra batida, de ave corrida Espingarda ativa

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No olho do furacão De seca, de fome , de tostão Ser nordestino É um ser de sedenta sede De repetir aquilo Que por herança foi determinado Sabe extravasar o sentido das coisas E encher os corações de esperança Quando uma nuvem engorda O pé de mandacuru fulora E o anum preto assovia Tudo transborda no vácuo absoluto Das coisas que virão Ao fim do dia,anunciação Ser nordestino É ser a inclinação do momento A deus, mesmo em tormento

Fala de vida e paixão Como se o presente fosse passado O futuro é de chuva, é agora Atravessa até a alma impura Dos atravessadores de plantão Que vivem sempre à espreita Oferecendo-lhe migalhas, um tostão O nordestino é rico, abastado Com chuva e rio perene Tem terra, gado, coragem Firmeza, força e fé Tem em deus a sua afirmação.

Oferecendo tostão

autora Silvana Alcântara

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