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Antologia ARNM Poesias
Antologia ARNM Poemas
(Poema 1) De que matéria-prima é feita essa gente tenaz? Que resiste, que persiste, malgrado tanto dissabor?
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Trata-se de missão, vocação traçada em tempos imemoriais Que não foge, nem mesmo pode, a seu irrecusável destino.
De que material é tecida essa fibra altiva, vigorosa, audaz?
Que tempera e retempera a vida, malgrado a própria dor.
Legado advindo de outros povos, fortes e de ânimo voraz Trabalhado, e ainda burilado no labor cotidiano, severino.
Foi esse brasileiro que até de peitar a Amazônia foi capaz Lutando bravamente, para que o Acre visse o Brasil acolhedor.
Foi esse mesmo que para o Rio e São Paulo, indo atrás Mudou paisagens, anulou defasagens, e tudo repentino.
Ele, não outro, fez-se operário para construir – esforço primaz Metrópoles, megalópoles – pondo em tudo seu brilho, sua cor.
Esse mesmo que também se fez candango de garra pertinaz Erguendo a capital, fenomenal, no deserto – algo divino.
Ele, cuja identidade não me furtarei de citar – verás Não é estrangeiro, nem forasteiro, mas o bravo nordestino.
(Poema 2) Euclides, periodista de fora, resumiu, lapidar: “O sertanejo é antes de tudo um forte.” Quiçá seja isso destino, traçado ou sorte? Vocação precisa para a sobrevivência no lugar.
Foi metonímia, a parte pelo todo, a figura usada É o nordestino de qualquer latitude ou longitude Quem resiste, vencedor, quem persiste, amiúde Diz-se hoje que é resiliência, virtude azada.
Intempéries várias, sendo a seca, a mais temida E os meandros de políticas públicas desastrosas Expropriação, roubos, herança tomada, sumida.
Mas a região aí está e seu morador não desaparece Gana, pujança, criatividade fazem-se mais vistosas Espírito indômito que, inarredável, permanece.
autor André Ricardo Nunes Martins